Displasia da anca canina - Hospital Veterinário Montenegro

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Edição nº 36
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Displasia da anca canina
Carlos Adrega e Daniel Gonçalves
A displasia da anca é uma doença que afeta a articulação
coxofemoral, também denominada de anca. Esta
articulação é formada pela cavidade acetabular e a cabeça
do fémur, e é responsável pela transmissão das forças da
coluna vertebral pelo membro posterior até ao solo quando
o animal anda ou corre.
Para que esta articulação funcione corretamente é
necessário que exista uma coaptação (“encaixe”) perfeito
das duas superfícies ósseas (redonda da cabeça do fémur e
côncava do acetábulo), mas também resistência dos tecidos
moles envolventes como a cápsula articular, ligamento
redondo (liga a cabeça do fémur ao acetábulo, tal como a
cápsula articular), músculos e tendões que envolvem a
articulação.
A displasia da anca não é uma doença, é uma
predisposição hereditária
- O que é a displasia da anca?
A displasia da anca é definida como uma deformação óssea
da articulação coxofemoral. Esta patologia ortopédica
ocorre durante o desenvolvimento esquelético do animal. O
animal não nasce com displasia da anca. Esta pode vir a
desenvolver-se durante o crescimento, se os pais possuírem
genes específicos. A sua incidência é sobretudo bilateral,
não existindo predileção sexual para a sua manifestação.
Os sinais clínicos desta patologia são devidos a uma
instabilidade articular coxofemoral levando a uma
subluxação ou luxação da articulação da anca e
subsequente formação de doença articular degenerativa
(conhecida por artrose) e dor.
- Qual é a causa da displasia da anca?
A displasia da anca é uma patologia complexa para a qual
existem ainda questões sem uma resposta absoluta, sendo o
fator genético apontado como causa principal para a
manifestação desta patologia.
No entanto, outras causas podem influenciar o
desenvolvimento e/ou severidade desta anomalia. Entre
estas, os fatores ambientais desempenham um papel
importante.
A displasia da anca é hereditária, mas a sua expressão
genética é condicionada por diversos fatores ambientais
- Devemos controlar os fatores ambientais para
minimizar o seu desenvolvimento?
Evite alguns fatores ambientais que podem contribuir para
uma maior expressão da doença em animais com genes
para a displasia da anca: excesso de peso, ração
hipercalórica, curva de crescimento muito acentuada, chão
escorregadio e liso, excesso de minerais como o cálcio,
excesso de exercício. Estes fatores contribuem para
exacerbar as alterações mas não são a causa da doença.
Para um melhor desempenho destas medidas, aconselhe-se
com o seu Médico Veterinário.
- Quais as raças predispostas?
Todos os cães, independentemente da raça podem ser
afetados pela displasia da anca. Esta é, no entanto, mais
frequente em cães de raça média, grande, gigante e de
crescimento rápido – ex: Labrador e Golden Retriever,
Rottweiler, Doberman, Cão Serra da Estrela, Pastor
Alemão, São Bernardo, entre outras.
A claudicação do membro posterior pode ser o sinal
mais frequente desta patologia articular
- Quais os sintomas da displasia da anca?
Não há sintomas característicos de displasia da anca. No
entanto, os proprietários devem estar vigilantes para certos
sinais: dificuldade em se levantar, subir escadas, saltar,
intolerância ao exercício, claudicação intermitente ou
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persistente de um ou dos dois membros posteriores após
um período de repouso ou exercício, corrida em “salto de
coelho”.
Em cachorros dos 2 aos 5 meses, há reações
comportamentais que podem indiciar suspeita de laxitude /
displasia coxofemoral: dificuldade em se levantar apos
algum tempo sentado, recusa em brincar e tendência a
permanecer um longo período de tempo sentados, morder a
região das ancas durante o andamento, andamento
saltitante e diminuição da amplitude do movimento dos
membros posteriores.
A displasia da anca pode ser classificada
radiograficamente em diferentes categorias de acordo
com sua gravidade – A a E
Federação Cinológica Internacional (FCI)
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Em raças predispostas, a realização de exames
radiográficos preliminares a partir dos 3 - 4 meses de
idade é fundamental para diagnostico precoce da
patologia
- Como podemos prevenir a displasia da anca?
O controlo rigoroso dos animais reprodutores é o pontochave na prevenção e irradicação desta patologia. Torna-se
portanto imperativo e primordial o conhecimento prévio do
estatuto radiográfico das ancas de cada reprodutor, assim
como dos seus ancestrais diretos antes da realização de um
cruzamento.
Um cachorro com displasia coxofemoral pode viver
uma vida normal, mas não deve ser utilizado para
reprodução
- Como podemos confirmar se um cão sofre de displasia
da anca?
Um exame ortopédico do animal realizado pelo Médico
Veterinario permitirá detetar dor ou desconforto à
manipulação de uma ou das duas articulações
coxofemorais. A radiografia poderá confirmar o
diagnóstico de displasia da anca.
- Porquê anestesiar o animal para realizar o exame
radiográfico?
A anestesia geral permite um relaxamento muscular total e
dessa forma conseguir posicionar corretamente o animal
para o exame.
O relaxamento muscular permite observar a laxitude da
articulação com maior facilidade e dessa forma tornar a
avaliação mais precisa e objetiva.
Sem um posicionamento correto é impossível atribuir uma
classificação radiográfica.
O exame radiográfico para confirmação de ausência de
displasia da anca é realizado apos os 12 meses de idade
Nas raças gigantes este exame deve ser feito após os 18
meses
Legenda: A: articulação coxofemoral normal (sem displasia nem artrose)
B: articulação coxofemoral displásica (com artrose severa)
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Tratamento: o tratamento de eleição é estabilização do
animal com fluidos (soro) e antibióticos intravenosos e,
logo que possível realizar a ovário-histerectomia (excisão
dos ovários e útero) ou seja remoção do foco de infeção.
Piómetra
Na cadela a patologia mais comum do aparelho reprodutor
é a piómetra. Esta patologia ocorre geralmente em cadelas
de meia-idade com 6 a 9 anos de idade. Quando surgem em
idades mais jovens geralmente são consequência do uso de
tratamentos hormonais com progestagénios e estrogénios.
A doença surge normalmente no período de metaestro, isto
é, cerca de dois meses depois da ocorrência do cio. Esta
fase é sujeita à influência hormonal da progesterona. A
progesterona causa hiperplasia quística do endométrio que
de forma cumulativa ao longo dos sucessivos ciclos da
cadela vai predispor á produção de uma secreção pelo
endométrio e a uma redução das defesas a nível uterino.
Estes fatores predispõem a que as bactérias que ascendam
ao útero na fase de estro (cio), altura em que o cérvix se
encontra aberto, encontrem as condições ideais para
desenvolver um processo séptico (infeção) a nível útero
que se designa de piómetra.
A piómetra pode ser aberta (o que significa que o cérvix
não se encontra encerrado e vai existir corrimento vaginal,
usualmente mucopurolento sanguinolento) ou fechada
(cérvix fechado e com o pús acumulado no interior do
útero, logo com sintomatologia de toxemia e septicemia
mais marcada).
Sintomatologia: aumento da ingestão de água e da
produção urinária, febre, anorexia (não comem), apatia e
dependendo se é piómetra fechada ou aberta, corrimento
vaginal. Os sinais no decurso da doença podem agravar
surgindo vómitos, em consequência da elevação dos níveis
de creatinina e ureia pela afeção renal (as bactérias que
estão no útero tem tropismo para o tecido renal causando
insuficiência renal aguda), prostração, coma e morte
devido a septicémia.
As opções de tratamento médico têm vindo a desenvolverse e, atualmente, a comunidade veterinária é unânime em
aceitar o desafio do tratamento médico em cadelas jovens
até aos 5-6 anos, desde que apresentem um elevado
interesse reprodutivo. O tratamento é baseado no
sinergismo de fármacos que eliminam a ação da
progesterona e antibióticos. Estas cadelas quando bemsucedidas no tratamento médico, devem ser cruzadas no
cio seguinte, pois esta patologia normalmente recorre num
dos pós-cios seguintes, pelo que a cadela irá
obrigatoriamente ser ovário-histerectomizada (castrada).
Um útero grávido é mais saudável pois apresenta mais
defesas (uma capacidade leucocitária superior).
Para prevenir esta patologia é aconselhada a
esterilização, isto é, a ovário-histerectomia. No
nosso hospital aconselhamos a sua realização 2
meses após o primeiro cio.
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Intoxicação por Palmeira
Cica
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tóxica. É palatável e os cães geralmente ingerem as
sementes.
Os sinais clínicos mais comuns em cães são os distúrbios
gastrointestinais, hepáticos e neurológicos. Os sinais
podem durar de um a nove dias. Surgem vômitos, diarreia e
dor abdominal persistentes nas 12 primeiras horas após a
ingestão das sementes. Pode ocorrer icterícia (coloração
amarelada das mucosas), coagulopatias (alterações de
coagulação) e encefalopatia. A bioquímica sanguínea
revela aumento dos níveis séricos das enzimas hepáticas.
Cerca de 50% dos cães intoxicados também desenvolvem
sinais neurológicos como ataxia, défices propriocetivos e
convulsões. O hemograma pode revelar linfocitopenia,
trombocitopenia e leucocitose.
A intoxicação é diagnosticada com base numa história de
exposição à planta e com os sinais clínicos.
O tratamento da intoxicação é sintomático e de suporte.
Não há antídoto para qualquer toxina derivada da
palmeira.
As plantas do gênero Cycas, família cicadaceae são
plantas rústicas, que crescem em regiões quentes. Estas
palmeiras são plantas ornamentais que existem na maioria
das vossas casas.
A palmeira Cycas revoluta produz três toxinas: cicasina,
beta-metilamino-Lalanina, e uma toxina não identificada.
A Cicasina é convertida à metilazoximetanol, podendo
causar necrose (morte das células) hepática, distúrbios de
coagulação e irritação gastrointestinal. É atribuída à
Cicasina ação cancerígena, mutagênica e teratogênica. A
toxina não identificada, pode causar paralisia dos membros
posteriores em bovinos por causa da degeneração axonal
no sistema nervoso central. Todas as partes da
O prognóstico é favorável se o tratamento for instituído
logo após a ingestão. No entanto, se o apresenta sinais
clínicos, o prognóstico é reservado.
A taxa de mortalidade relatada em cães com sinais clínicos
é de 32,1%.
Se tem esta planta ornamental em sua casa e tem um cão,
tenha cuidado e em caso de ingestão contacto de imediato o
seu Médico Veterinário.
planta são tóxicas, sendo que as sementes apresentam
maiores concentrações de cicasina. Toda a planta é
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