O Transtorno Afetivo Bipolar do Humor: Que doença é esta? Como se manifesta? Autoria: Evelyn Vieira Miranda RESUMO O Transtorno Bipolar é um transtorno afetivo do humor caracterizado pela alternância de suas fases, oscilando entre a mania e a depressão. A tônica deste trabalho é aprofundar o estudo desta patologia num enfoque psiquiátrico, psicológico e existencial. Este transtorno se subdivide em alguns tipos, segundo o DSM IV, Transtorno Bipolar tipo I e tipo II. O transtorno Bipolar tipo I é caracterizado por um ou mais episódios de mania ou mistos, e um ou mais episódios de depressão maior. Já o Transtorno Bipolar tipo II é caracterizado por pelo menos um episódio maníaco, e um ou mais episódios de depressão maior. Este transtorno possui difícil diagnóstico, podendo ser confundido com outros distúrbios como uma depressão unipolar, já que o indivíduo pode apresentar durante anos apenas episódios de depressão. Este transtorno não possui uma causa única, mas é freqüentemente herdado, e pode se manifestar por eventos estressores da vida do indivíduo. A sociedade vê o Transtorno Bipolar muitas vezes de forma preconceituosa e estigmatizante, por essa razão, o indivíduo bipolar as vezes se isola do convívio social, podendo estar diante de sintomas ou de sofrimentos que, em alguns casos, pode trazer danos irreparáveis à vida do indivíduo. Palavras-chave: Depressão, mania, transtorno do humor, Psicoterapia. INTRODUÇÃO O Transtorno Bipolar é uma doença em que ocorrem alterações do humor, caracterizando-se por períodos de um quadro de depressão e quadros opostos de mania. Este quadro diagnóstico apresenta uma vulnerabilidade genética e biológica que se manifesta quando um indivíduo é submetido a estressores físicos, sociais ou psicológicos. A alternância destes estados é a tônica dessa patologia. Esta doença não é incomum, porém dar um diagnóstico preciso não é uma tarefa tão fácil, havendo muitas vezes confusão com uma depressão unipolar, um quadro de esquizofrenia, transtornos de personalidade, entre outros. Irei descrevê-lo melhor no decorrer deste trabalho. O transtorno afetivo Bipolar do Humor (TABH), antigamente apresentava outra denominação: Psicose maníaco-depressiva, porém achou-se mais adequada a terminologia, transtorno bipolar, já que os pacientes oscilam entre dois pólos, a mania e a depressão, ou seja, apresentam sintomas de euforia, e apatia, descontentamento. E só os casos mais graves apresentam sintomas psicóticos. Quanto à incidência do transtorno, Em média 1,6% da população mundial é acometida por este transtorno, nas crianças em média 1% apresentam o mesmo. Sabe-se que este transtorno não possui uma causa única, mas é freqüentemente herdado, e pode se manifestar por eventos estressores da vida do indivíduo. Na visão de Goodwin e Jamison (1990) em relação ao transtorno afetivo bipolar, a despeito de sua base biológica e dos sintomas físicos que apresenta, sua manifestação é psicológica e comportamental, e se faz por meio de temperamentos, [e suas] flutuações, pensamentos, percepções, linguagem, comportamentos, sentimentos, padrão intelectual (vide fig.1) Na fase maníaca da doença, o individuo pensa: “Eu posso tudo!, “Sou o dono do mundo, o paciente apresenta-se irritável, o famoso “pavio curto”, apresenta pensamento acelerado (tagalerice) falta de senso crítico, gastos excessivos, está exaltado, fora de si. Já na frase depressiva, o paciente apresenta como sintoma principal o humor deprimido, apatia, “nada tem sentido”, “tudo é da cor cinza”, apresenta baixa auto-estima, alteração no apetite tendendo ao isolamento. Este transtorno possui difícil diagnóstico, podendo ser confundido com outros distúrbios como uma depressão unipolar, já que o indivíduo pode apresentar durante anos apenas episódios de depressão. Nas crianças o diagnostico tem que ser feito de forma criteriosa, já que elas não manifestam a doença oscilando entre a mania e depressão, e sim agressividade e depressão, diferente do adulto, podendo ser confundido com Déficit de Atenção e Hiperatividade . A depressão é a perturbação mais comum entre os transtornos de humor que afeta principalmente os adultos. Segundo Kaplan & Sadock (1981), estudos epidemiológicos indicam que de 15 a 30% dos adultos experimentaram episódios depressivos clínicos de gravidade moderada ao longo de suas vidas. Entretanto deste grupo, apenas 25% das pessoas procuram atendimento médico, psiquiátrico ou junto a profissionais da saúde mental. O tratamento do transtorno bipolar para ser eficaz exige a combinação da Psiquiatria (com a instituição dos estabilizadores do humor, tais como lítio, carbamazepina , dentre outros ) e Psicoterapia que se faz fundamental no decorrer do tratamento. A combinação de estratégias de tratamento costuma ser vantajosa para o sucesso do apoio junto aos portadores de transtorno bipolar. Mesmo quando episódios de mania ou depressão estão quimicamente sob controle, do ponto de vista psiquiátrico, o tratamento psicológico pode ser necessário para ajudar o paciente a lidar com as conseqüências secundárias de sua doença, ajudar a lidar com fatores estressores que possam disparar reações sintomáticas ou a lidar com diagnósticos de patologias secundárias que estejam associadas ao transtorno primário, no caso o transtorno bipolar. De acordo com Kaplan & Sadock (1981), mesmo diante de uma causalidade de natureza endógena e fisiológica, há de se cuidar também dos efeitos psicológicos da mesma. Embora haja pacientes que irão se beneficiar apenas de uma acompanhamento medicamentoso, haverá aqueles que irão necessitar de um apoio psicológico em virtude de causas primárias (como meio de aprender a lidar melhor com estressores e seus efeitos) e em virtude de causas secundárias (aprender a lidar com os efeitos adversos de causas orgânicas, aprender a lidar com perdas psicológicas, ou aprender a lidar com sintomas advindos de diagnósticos secundários ao transtorno bipolar). CONCLUSÃO O Transtorno Bipolar é uma doença que hoje em dia acomete muitas pessoas, um transtorno psicopatológico, que merece um tratamento interdisciplinar, onde a Psiquiatria e Psicologia atuam diretamente na doença, sem o devido acompanhamento por estes profissionais torna-se difícil a reabilitação psicossocial e atenuação dos sintomas dos mesmos. Infelizmente, a sociedade vê o Transtorno Bipolar muitas vezes de forma preconceituosa e estigmatizante, por essa razão, o indivíduo bipolar às vezes se isola do convívio social, podendo estar diante de sintomas ou de sofrimentos que, em alguns casos, pode trazer danos irreparáveis à vida do indivíduo. “Eu também creio que o homem pode alcançar a totalidade. Não acredito que muitas pessoas alcancem um estado contínuo de totalidade dentro de si próprio, mas acho que é possível todas as pessoas conseguirem isto de momento em momento. De fato, penso que atingir a totalidade, a harmonia interna do corpo mente e espírito, pode ser a tarefa mais importante do homem.” Stephen Tobin REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BALLONE, GJ - Tratamento do Transtorno Bipolar do Humor – 2001. revisto em 2003- disponível em: http://www.psiqweb.med.br/trats/bipolar.html KAPLAN, Harold. Compêndio de Psiquiatria. Ciência do comportamento e psiquiatria clínica. Benjamim J. Sadock e Virginia A. Sadock.