ALESSANDRO LUIZ BATSCHAUER PROJETO DE REATORES ELETRÔNICOS PARA LÂMPADAS DE VAPOR DE SÓDIO DE ALTA PRESSÃO DE 250W E 400W FLORIANÓPOLIS 2002 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA PROJETO DE REATORES ELETRÔNICOS PARA LÂMPADAS DE VAPOR DE SÓDIO DE ALTA PRESSÃO DE 250W E 400W Dissertação submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica. ALESSANDRO LUIZ BATSCHAUER Florianópolis, Março de 2002 PROJETO DE REATORES ELETRÔNICOS PARA LÂMPADAS DE VAPOR DE SÓDIO DE ALTA PRESSÃO DE 250W E 400W Alessandro Luiz Batschauer ‘Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Engenharia, Área de Concentração em Eletrônica de Potência, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Santa Catarina’ _____________________________ Prof. Ivo Barbi, Dr. Ing. _____________________________ Prof. Edson Roberto de Pieri Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica BANCA EXAMINADORA: _____________________________ Prof. Ivo Barbi, Dr. Ing. _____________________________ Prof. Arnaldo José Perin, Dr. Ing. _____________________________ Prof. Enio Valmor Kassick, Dr. _____________________________ René Pastor Torrico Bascopé, Dr. Agradecimentos A Deus por ter me dado forças e a saúde necessária durante esta longa jornada. A minha mãe, Ivonete Albrecht, pelo incentivo, apoio, carinho e por não medir esforços para que eu pudesse atingir meus sonhos e objetivos. A minha noiva, Carolina Maria Costa, pelo amor, compreensão, paciência e companheirismo durante a minha graduação e meu mestrado. Aos meus professores da graduação e da pós-graduação que foram verdadeiros mestres e contribuíram para meu crescimento pessoal e profissional. Ao professor Arnaldo José Perin que me orientou durante o curso de graduação e me incentivou a ingressar no curso de mestrado. Ao amigo Anderson Soares André com contribuiu muito com seu conhecimento científico e sua amizade. Ao professor Ivo Barbi pela orientação, paciência e amizade no desenvolvimento deste trabalho. Ao Eng. Vicente que confiou no meu potencial para o desenvolvimento deste projeto. Aos técnicos Antônio Luís Schalata Pacheco, Luiz Marcelius Coelho e Thiago colaboração e amizade demonstradas nestes anos de convívio. Aos companheiros da minha turma de mestrado: Anderson Alves, Anis, Claudenei, Clóvis Petri, Deivis, Denise, Fabiana, Jair, Luiz Cláudio, Mauro Peraça e Victor. Aos meus amigos: Deivis, Luiz Tomaselli e Sérgio Vidal que dividiram a sala comigo durante a composição desta dissertação. Ao amigo Luiz Cláudio que dividiu moradia comigo nos últimos anos de graduação e durante o mestrado. Aos amigos Jaime e Marcos pelo incentivo. A Universidade Federal de Santa Catarina e a CAPES pelo apoio financeiro durante parte da graduação e durante todo o mestrado. Ao povo brasileiro que paga seus impostos e me proporcionaram uma educação acessível e de qualidade. Resumo da Dissertação apresentada à UFSC como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica. PROJETO DE REATORES ELETRÔNICOS PARA LÂMPADAS DE VAPOR DE SÓDIO DE ALTA PRESSÃO DE 250W E 400W Alessandro Luiz Batschauer Julho/2002 Orientador: Ivo Barbi, Dr. Ing. Área de Concentração: Eletrônica de Potência. Palavras-chave: Lâmpadas, sódio, HID, reatores. Números de Páginas: 143 Este trabalho apresenta o projeto de quatro reatores eletrônicos para lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão de 250W e 400W. Os reatores eletrônicos desenvolvidos apresentam um elevado rendimento, um alto fator de potência, e alimentam das lâmpadas em alta freqüência. Com o objetivo de oferecer mais de uma solução para a iluminação com lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão, foram desenvolvidos dois reatores para cada potência de lâmpadas. Portanto, tanto para a lâmpada de 250W quanto para a de 400W, projetou-se um reator utilizando estágio ativo de correção do fator de potência e uma segunda opção, cujo estágio de entrada baseia-se em um conversor passivo de elevado fator de potência. O estágio que fornece energia à lâmpada é composto pelo inversor, que é responsável pela aplicação de uma tensão em alta freqüência à lâmpada, por um elemento chamado “ballast”, cuja função é limitar a corrente após a ignição da lâmpada, e pelo ignitor. Incluiu-se neste trabalho análises teóricas, equacionamentos matemáticos, procedimentos de projeto, detalhes construtivos e resultados experimentais dos quatro reatores desenvolvidos. Abstract of Dissertation presented to UFSC as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master in Electrical Engineering. PROJETO DE REATORES ELETRÔNICOS PARA LÂMPADAS DE VAPOR DE SÓDIO DE ALTA PRESSÃO DE 250W E 400W Alessandro Luiz Batschauer Julho/2002 Advisor: Ivo Barbi, Dr. Ing. Area of Concentration: Power Electronics’. Keywords: Lamps, sodium, HID, ballast. Number of Pages: 143 This work presents a design of four electronic ballasts for high pressure sodium lamps of 250W and 400W. The ballasts developed try to offer high efficiency, energy in high frequency for lamps and a high power factor without an excessive cost. Objecting to offer more then one solution for the lighting, using high pressure sodium lamps, two ballasts were developed for each lamp’s power. So, as to the 250W lamp as the 400W lamp, were designed one ballast using active stage of correction of the power factor and one second option, when the input stage based on a passive converter with higher power factor. The stage that provides energy to the lamps is composed of an inverter, which is responsible for applying a high frequency voltage to the lamp, of an element called ballast, whose function is to limit the current after the lamp ignition, and an ignitor. In the scope of this work’s theoretical analysis, mathematical models, design procedures, building details and experimental results of the four proposed ballasts are included. Sumário 1 Capítulo ____________________________________________________ 1 1.1 Introdução_________________________________________________ 1 1.2 Radiação Eletromagnética e a Geração de Luz ____________________ 2 1.3 Espectro Eletromagnético [4] __________________________________ 2 1.4 As Grandezas e Unidades em Iluminação ________________________ 3 1.5 A Lâmpada de Vapor de Sódio de Alta Pressão____________________ 4 1.5.1 Fenômeno da Ressonância Acústica _________________________ 6 1.5.2 Os Circuitos de Ignição ___________________________________ 8 1.6 O Reator Eletrônico _________________________________________ 9 1.7 Conclusão ________________________________________________ 10 2 Capítulo ___________________________________________________ 11 2.1 Introdução________________________________________________ 11 2.2 Descrição das Etapas de Operação e Formas de Onda Relevantes ____ 13 2.2.1 Primeira Etapa ( 0 ≤ t ≤ t0 ) ________________________________ 13 ______________________________ 13 ( 2) Terceira Etapa (T ≤ t ≤ t ) _______________________________ 14 2 2.2.2 Segunda Etapa t0 ≤ t ≤ T 2.2.3 1 2.2.4 Quarta Etapa ( t1 ≤ t ≤ T ) _________________________________ 14 2.3 Metodologia de Projeto _____________________________________ 15 2.4 Conclusão ________________________________________________ 20 3 Capítulo ___________________________________________________ 21 3.1 Introdução________________________________________________ 21 3.2 O Conversor Elevador ______________________________________ 22 3.2.1 Etapas de Funcionamento_________________________________ 22 3.2.2 Primeira Etapa ( t0 ≤ t ≤ t1 ) : _______________________________ 23 3.2.3 Segunda Etapa ( t1 ≤ t ≤ T ) : _______________________________ 23 3.3 Metodologia de Projeto do Estágio de Potência___________________ 24 3.3.1 Especificações de Projeto_________________________________ 24 3.3.2 Cálculo do Indutor Lb ____________________________________ 25 3.3.3 Dimensionamento Físico do Indutor Lb ______________________ 26 3.3.4 Cálculo do Capacitor de Saída _____________________________ 27 3.3.5 Dimensionamento dos Semicondutores de Potência ____________ 27 3.4 O Circuito Integrado UC3854 ________________________________ 28 3.5 Metodologia de Projeto do Estágio de Controle___________________ 29 3.5.1 Cálculo do Resistor Shunt e da Proteção Contra Sobrecorrente ___ 30 3.5.2 Cálculo Freqüência dos Resistores R1, R2 e Definição da de Comutação __________________________________________ 30 3.5.3 Cálculo da Malha de Corrente _____________________________ 31 3.5.4 Cálculo da Malha de Tensão ______________________________ 33 3.5.5 Cálculo da Malha Direta de Controle da Tensão de Entrada (feedforward) _______________________________________________ 34 3.5.6 Amostra da Tensão da Rede_______________________________ 35 3.5.7 Definição do Tempo de Partida Progressiva __________________ 36 3.6 Projeto do circuito de pré-carga _______________________________ 36 3.7 Metodologia de Projeto da Fonte Auxiliar _______________________ 38 3.7.1 Cálculo do Primeiro Estágio_______________________________ 38 3.7.2 Cálculo do Segundo Estágio_______________________________ 39 3.8 4 Conclusão ________________________________________________ 40 Capítulo ___________________________________________________ 41 4.1 Introdução________________________________________________ 41 4.2 O Inversor Meia-Ponte ______________________________________ 43 4.2.1 Etapas de Funcionamento_________________________________ 43 4.2.2 1ª Etapa de Operação ( t0 ≤ t ≤ t1 ) __________________________ 43 _________________________ 44 ( 2) 3ª Etapa de Operação (T ≤ t ≤ t ) _________________________ 44 2 4.2.3 2ª Etapa de Operação t1 ≤ t ≤ T 4.2.4 2 4.2.5 4ª Etapa de Operação ( t2 ≤ t ≤ T ) __________________________ 44 4.2.6 Formas de Onda do Inversor Meia-Ponte_____________________ 45 4.3 O Circuito de Comando _____________________________________ 46 4.4 Metodologia de Projeto do Indutor “Ballast” _____________________ 49 4.5 Metodologia de Projeto do Autotransformador T3 _________________ 53 4.5.1 Cálculo do Número de Condutores em Paralelo _______________ 55 4.6 O Circuito de Ignição _______________________________________ 56 4.7 Dimensionamento dos Interruptores____________________________ 57 4.7.1 Perda por Condução em Cada IGBT ________________________ 58 4.7.2 Perda por Comutação em Cada IGBT _______________________ 58 4.7.3 Perda Total em Cada IGBT _______________________________ 59 4.7.4 Dimensionamento do Dissipador ___________________________ 59 4.8 5 Conclusão ________________________________________________ 60 Capítulo ___________________________________________________ 61 5.1 Introdução________________________________________________ 61 5.2 Projeto do Estágio Passivo de Correção do Fator de Potência ________ 61 5.2.1 Estudo Via Simulação do Retificador Passivo de Elevado Fator de Potência _________________________________________ 63 5.2.2 Estudo Fator Experimental do Retificador Passivo de Elevado de Potência _________________________________________________ 65 5.3 Projeto do Inversor Meia-Ponte _______________________________ 69 5.3.1 Cálculo do indutor “Ballast” ______________________________ 69 5.3.2 Dimensionamento dos Interruptores ________________________ 71 5.3.3 Dimensionamento do Dissipador ___________________________ 72 5.3.4 Estudo Via Simulação do Inversor Meia-Ponte ________________ 73 5.3.5 Estudo Experimental do Inversor Meia-Ponte _________________ 74 5.4 Projeto do Estágio Ativo de Correção do Fator de Potência _________ 77 5.4.1 Cálculo do Indutor Lb ____________________________________ 77 5.4.2 Dimensionamento Físico do Indutor Lb ______________________ 78 5.4.3 Cálculo do Capacitor de Saída _____________________________ 79 5.4.4 Dimensionamento dos Semicondutores de Potência ____________ 79 5.4.5 Cálculo do Resistor Shunt e da Proteção Contra Sobrecorrente ___ 80 5.4.6 Cálculo Freqüência dos Resistores R1, R2 e Definição da de Comutação __________________________________________ 81 5.4.7 Cálculo da Malha de Corrente _____________________________ 81 5.4.8 Cálculo da Malha de Tensão ______________________________ 85 5.4.9 Cálculo da Malha Direta de Controle da Tensão de Entrada (feedforward) _______________________________________________ 85 5.4.10 Amostra da Tensão da Rede______________________________ 85 5.4.11 Definição do Tempo de Partida Progressiva _________________ 86 5.4.12 Definição dos Componentes C8, C9, R15, Rg e Dg _____________ 86 5.4.13 Cálculo da Potência da Fonte Auxiliar______________________ 86 5.4.14 Cálculo do Primeiro Estágio da Fonte Auxiliar _______________ 87 5.4.15 Cálculo do Segundo Estágio______________________________ 87 5.4.16 Estudo via simulação do retificador elevador ________________ 88 5.4.17 Estudo Fator Experimental do Retificador Elevador de Alto de Potência _________________________________________________ 91 5.5 Alteração do Projeto do Inversor Meia-Ponte ____________________ 95 5.5.1 Cálculo do Número de Condutores em Paralelo _______________ 96 5.5.2 Estudo Experimental do Inversor Meia-Ponte _________________ 97 5.6 6 Conclusão ________________________________________________ 98 Capítulo __________________________________________________ 100 6.1 Introdução_______________________________________________ 100 6.2 Projeto do Estágio Passivo de Correção do Fator de Potência _______ 100 6.2.1 Estudo Via Simulação do Retificador Passivo de Elevado Fator de Potência ________________________________________ 101 6.2.2 Estudo Fator Experimental do Retificador Passivo de Elevado de Potência ________________________________________________ 104 6.3 Projeto do Inversor Meia-Ponte ______________________________ 106 6.3.1 Estudo Via Simulação do Inversor Meia-Ponte _______________ 107 6.3.2 Estudo Experimental do Inversor Meia-Ponte ________________ 108 6.3.3 Estudo Estágio de 6.4 do Desempenho do Reator Eletrônico com Entrada Passivo _______________________________________ 110 Projeto do Estágio Ativo de Correção do Fator de Potência ________ 112 6.4.1 Projeto do Circuito de Pré-carga __________________________ 112 6.4.2 Estudo Fator de Simulação do Retificador Elevador de Alto Potência ________________________________________________ 112 6.4.3 Estudo Fator Via Experimental do Retificador Elevador de Alto de Potência ________________________________________________ 116 6.5 Alteração do Projeto do Inversor Meia-Ponte ___________________ 121 6.5.1 Estudo Via Simulação do Inversor Meia-Ponte _______________ 122 6.5.2 Estudo Experimental do Inversor Meia-Ponte ________________ 123 6.6 Conclusão _______________________________________________ 127 7 Capítulo __________________________________________________ 128 8 Referências _______________________________________________ 131 1 1 Capítulo Introdução Geral 1.1 Introdução Desde há descoberta do fogo, a milhares de anos atrás, a humanidade tem utilizado iluminação artificial. A busca por novas fontes de luz data do século dezessete, quando, foram inventados os métodos de remoção de ar dos tubos. Nesta mesma época Pacard observou o fenômeno da luz devido ao movimento do mercúrio no vácuo de Torricelli. A descoberta de Pacard motivou muitos pesquisadores a estudar as fontes de luz baseadas em descargas elétricas. Outra forma de gerar luz artificialmente é através da incandescência de algum material. A lâmpada incandescente foi descoberta por Joseph Swan na Inglaterra, mas tornou-se conhecida mundialmente após ter sido patenteada por Thomas Edison [19]. Em 1920, quando foi construída a primeira lâmpada de vapor de sódio de baixa pressão, já se sabia que com o aumento da pressão do gás a luz amarela emitida pela lâmpada seria melhorada. Um dos problemas para se construir a lâmpada de vapor de sódio de alta pressão era obter um material para o tubo de descarga que fosse resistente ao ataque do sódio e as altas temperaturas envolvidas. A primeira publicação, envolvendo lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão, foi em 1965 [2]. Seus autores desenvolveram a lâmpada utilizando um material especial de cerâmica para o tubo que contém o arco. Existem hoje mais de seis mil tipos diferentes de lâmpadas disponíveis, sendo que a mais importante e recente descoberta foi o surgimento da lâmpada sem eletrodo em 1990. Atualmente as indústrias continuam pesquisando novas alternativas para melhorar algumas características das lâmpadas como: eficiência, índice de reprodução de cores e temperatura de cor. Este ritmo acelerado de pesquisa cria a expectativa de que novas formas de geração de luz sejam apresentadas em um futuro próximo. A pesquisa por conversores eletrônicos para lâmpadas de alta pressão não seguiu o mesmo ritmo das mesmas. Porém espera-se que, em breve, ocorra um grande avanço nesta área como aconteceu com as lâmpadas fluorescentes. Busca-se, portanto, neste trabalho, contribuir para o desenvolvimento desta tecnologia. 2 1.2 Radiação Eletromagnética e a Geração de Luz A luz é uma forma de energia que pode passar de um corpo para o outro sem a necessidade de qualquer substância material entre estes corpos. Tal transferência é chamada de radiação. Pode-se dividir as fontes de geração de luz em dois grupos: Incandescente – Neste tipo de lâmpada a emissão de luz é resultado da incandescência de um filamento espiralado devido à passagem de corrente elétrica. A oxidação deste filamento é evitada com a geração de vácuo ou a presença de um gás inerte dentro do bulbo da lâmpada. Este tipo de lâmpada possui baixa eficiência luminosa pois, parte da energia entregue à lâmpada é perdida por efeito Joule (transferência de calor para o ambiente). Vácuo ou Gás Inerte Bulbo Filamento Haste Refletor Suporte Tubos de Exaustão Base Isolante Fig. 1.1 – Estrutura da lâmpada incandescente. Luminescente – A geração de luz é efetuada pela passagem de corrente elétrica em um gás ou uma mistura de gases. Uma descarga elétrica é estabilizada entre os eletrodos que ficam alojados em um invólucro refratário. Nas lâmpadas fluorescentes, o invólucro possui uma cobertura de fósforo, que transforma a radiação ultravioleta da descarga elétrica em luz visível. 1.3 Espectro Eletromagnético [4] O espectro eletromagnético é composto por uma vasta gama de radiações. Estas radiações são fenômenos vibratórios que possuem velocidade de propagação constante e ( igual à velocidade da luz v = 300.000 km s ) . A divisão do espectro eletromagnético é 3 realizada através do comprimento de onda de cada radiação, conforme está apresentado na Fig. 1.2. 100km 1m 1mm Ondas Radioelétricas Ondas Hertzianas Radiação Infravermelha 100nm Radiação Visível 10nm Radiação Ultravioleta 0,1nm Raios X Raios Cósmicos Fig. 1.2 – Divisão do espectro eletromagnético. Em iluminação há grande interesse no grupo de radiações que possui comprimento de onda de 380nm a 780nm, pois esta é a faixa do espectro eletromagnético que é visível ao olho humano. 1.4 As Grandezas e Unidades em Iluminação Apresenta-se, nesta seção, as principais grandezas utilizadas em iluminação e suas respectivas unidades. Fluxo Luminoso: é a grandeza característica de um fluxo energético. Expressa sua capacidade de reproduzir uma sensação luminosa. Sua unidade é o lúmen ( lm ) . Eficiência Luminosa: é a relação entre o fluxo luminoso total emitido pela fonte ( e a potência por ela absorvida. Sua unidade é lm W ). Luminância: é o limite da relação entre a intensidade luminosa com a qual irradia, em uma direção determinada, uma superfície elementar contendo um ponto dado e a área aparente dessa superfície para uma direção considerada, quando esta área tende para ( zero. Sua unidade é o candela por metro ao quadrado cd m2 ) Iluminamento: é a relação entre o fluxo luminoso incidente por unidade de área iluminada. O iluminamento é expresso em Lux ( lux ) . 4 Intensidade Luminosa: é o limite da relação entre o fluxo luminoso em um ângulo sólido em torno de uma mesma dada direção e o valor desse ângulo sólido, quando este ângulo tende para zero. A unidade da intensidade luminosa é o candela ( cd ) . Temperatura de Cor: Esta grandeza não possui relação com o calor físico da lâmpada. A temperatura de cor da lâmpada expressa o tom de cor que a lâmpada proporciona. Sua unidade de medida é o Kelvin ( K ) . Quanto maior a temperatura de cor da lâmpada mais fria é esta cor. Lâmpadas com menor temperatura de cor induzem a uma maior atividade, sendo recomendadas para áreas de trabalho, enquanto as com temperatura de cor elevada são atrativas para os ambientes de relaxamento. Índice de Reprodução de Cores (IRC): A reprodução de cores de uma lâmpada é medida por uma escala chamada índice de reprodução de cores ( IRC ) . Esta escala varia de zero a cem. O valor cem é atribuído ao sol e quanto mais próximo o ICR da lâmpada estiver de cem, mais fielmente esta reproduz as cores. Vale salientar que o índice de reprodução de cores é independente da temperatura de cor. Sendo assim existem tipos de lâmpadas com três temperaturas de cor diferentes e o mesmo IRC [3]. 1.5 A Lâmpada de Vapor de Sódio de Alta Pressão A lâmpada de vapor de sódio possui uma grande vida útil, aproximadamente ( 24.000h, elevada eficiência luminosa 120 lm W ) e baixo índice de reprodução de cores ( 30 ) . Esta proporciona uma cor amarelada, o que pode causar desconforto, porém é nesta faixa do espectro que a visão do ser humano apresenta melhor acuidade. Estas características tornam a lâmpada de vapor de sódio de alta pressão adequada à iluminação de exteriores, locais que exigem baixa manutenção e não necessitam de elevada reprodução de cores, como por exemplo, estacionamentos, rodovias, praças, iluminação de monumentos e outros. Quando operada em alta freqüência, devido ao seu comportamento quase linear, a lâmpada de vapor de sódio de alta pressão pode ser modelada por uma resistência. Sendo este o modelo adotado neste trabalho para realizar as simulações do reator. O valor de resistência depende da potência da lâmpada, portanto, para cada lâmpada será calculada sua resistência equivalente. 5 A luz é produzida pela passagem de corrente através do vapor de sódio. Os elétrons de valência excitam os átomos de sódio que por sua vez emitem luz amarela nas linhas-D e outras linhas características do sódio. A lâmpada é constituída por dois bulbos. O bulbo interno, que deve ser resistente a altas temperaturas e ao ataque químico do sódio, é fabricado com óxido de alumínio sinterizado. Neste tubo há uma pequena quantidade de amálgama de sódio mercúrio, que é parcialmente vaporizado quando a lâmpada atinge a temperatura de operação, e xenônio que auxilia na ignição. O bulbo externo, que auxilia a manutenção da temperatura do tubo de descarga, é composto de borosilicato (vidro duro) e no seu interior é gerado o vácuo. Este ainda evita ataques químicos ao tubo de descarga e partes metálicas. Na Fig. 1.3 pode-se visualizar o aspecto físico de uma lâmpada de vapor de sódio de alta pressão. [4] Bulbo externo Bulbo interno Suporte do tubo de descarga Vácuo Reservatório de amálgama com sódio e mercurio Eletrodos Conexão elétrica flexível Base Conexões elétricas Fig. 1.3 – Lâmpada de vapor de sódio de alta pressão [4]. Devido ao pequeno comprimento do tubo de descarga, o arco elétrico não pode sofrer grandes distorções, fazendo com que esta lâmpada possa ser operada em qualquer posição sem perda de eficiência e luminosidade. Na Fig. 1.4 é apresentada a curva característica de um reator e os limites de tensão e potência que podem ser aplicados à lâmpada. Estes limites formam o trapézio de potência e devem ser respeitados pelo reator. 6 Máxima potência na lâmpada 475 Curva característica do reator Mínima tensão na lâmpada 400 Potência na Lâmpada [W] Máxima tensão na lâmpada Mínima potência na lâmpada 280 67 84 95 101 122 Tensão na lâmpada [V] 140 151 Fig. 1.4 – Trapézio de potência. 1.5.1 Fenômeno da Ressonância Acústica A ressonância acústica é o grande problema da operação de lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão, em alta freqüência. Ainda não há um consenso, na comunidade científica, sobre a melhor técnica para evitar o seu surgimento. Ressonância acústica é o nome dado as instabilidades que podem surgir devido à injeção de potência pulsada na lâmpada. Se a freqüência da potência entregue à lâmpada for igual à freqüência de ressonância acústica particular da lâmpada, ondas estacionárias de pressão no gás, são geradas. Estas ondas estacionárias de pressão podem ocasionar distorções visíveis no formato do arco elétrico. Se a distorção for muito intensa pode resultar na extinção do arco ou até na destruição da lâmpada devido ao aumento de temperatura no local. Os principais fatores que influenciam na freqüência de ressonância acústica particular de uma lâmpada são: a dimensão interna e a geometria do tubo de descarga, a velocidade do som e a pressão do gás. As formas visíveis de ressonância acústica são distorções nas extremidades do arco elétrico, deslocamento do arco em direção a parede do tubo de descarga, compressão parcial do arco e instabilidades com flutuações na luz. Pode-se verificar a presença de ressonância através das medidas de tensão e corrente na lâmpada, com estas medidas podese calcular o valor da impedância da lâmpada, que é alterado quando o fenômeno da ressonância se manifesta. Nas Fig. 1.5 e Fig. 1.6 são apresentados exemplos de ressonância acústica. 7 Fig. 1.5 – Forma de manifestação da ressonância acústica. [4] Fig. 1.6 – Forma de manifestação da ressonância acústica. [4] Várias técnicas são encontradas na literatura [1], [4] e [5], para evitar a ressonância acústica. Estas podem ser distribuídas em três grandes grupos: Operação em faixas de freqüência onde o fenômeno da ressonância acústica não é pronunciado – Esta técnica é utilizada em três tipos de reatores: Operação com corrente contínua – A aplicação de corrente contínua na lâmpada garante imunidade ao fenômeno da ressonância acústica, porém produz o fenômeno chamado de cataforese. A cataforese diminui o tempo de vida útil devido à diferença de temperatura dos eletrodos e o seu consumo desigual. Provoca o deslocamento de parte do vapor de sódio para os eletrodos gerando deformações no arco e alterações de cor. Operação em freqüências acima da máxima freqüência de ressonância da lâmpada – As dificuldades da aplicação desta técnica estão na obtenção de um reator que possua reduzidas perdas em freqüências tão elevadas (centenas de kilohertz) e na determinação desta freqüência limite da ressonância. 8 Operação em faixas de freqüência teoricamente livres da ressonância – Para a aplicação desta técnica é necessário que se conheça a faixa de freqüência livre de ressonância. Devido à dependência da freqüência de ressonância com a geometria do tubo, comprimento e pressão do gás, esta faixa livre pode variar de uma lâmpada para outra, ou até mesmo, devido ao desgaste da lâmpada. Esta técnica é uma tendência atual nas pesquisas e será a técnica aplicada neste trabalho. Injeção de potência em várias freqüências simultaneamente – Consiste no espalhamento do espectro de potência. Uso de um sistema de controle em tempo real – Com o emprego de um microprocessador pode-se medir a impedância na lâmpada e, detectando-se a manifestação da ressonância, atuar na modulação da potência aplicada à lâmpada. 1.5.2 Os Circuitos de Ignição A lâmpada de vapor de sódio requer a aplicação de pulsos de alta tensão e alta freqüência para realizar sua ignição. Os circuitos que realizam tal tarefa são chamados de circuito de ignição e estes não devem interferir no comportamento do reator após a ignição da lâmpada. Neste trabalho será utilizado um circuito de ignição que tem seu funcionamento baseado no disparo de um sidac, que aplica um pulso de tensão no enrolamento auxiliar do indutor “ballast” e através da relação de transformação, este pulso é transferido para a lâmpada. Outros exemplos de circuito utilizando centelhadores, ressonância e um capacitor auxiliar são apresentados com detalhes por André [4]. Nas Fig. 1.7 e Fig. 1.8 são mostrados, respectivamente, um circuito utilizando centelhador e um exemplo de circuito que faz uso do princípio da ressonância. + V S1 R1 C1 S2 Lâmpada L D R2 C2 Centelhador Fig. 1.7 – Exemplo de circuito de ignição utilizando centelhador. 9 V S1 + L - CS S2 CP Lâmpada Fig. 1.8 – Exemplo de circuito ressonante de ignição. Na Fig. 1.9 apresenta-se o circuito de ignição utilizado. Este circuito será detalhado na seção 4.6. + - R1 + - D3 R3 V/2 D1 S1 C1 D2 C2 V/2 Lâmpada Sidac C3 L Aux S2 R2 L Ballast Fig. 1.9 – Circuito de ignição utilizando sidac. 1.6 O Reator Eletrônico Na Fig. 1.10 é mostrado o diagrama esquemático do reator eletrônico proposto. Rede CA Conversor CA-CC Inversor e Circuito de Ignição Lâmpada Fonte Auxiliar Fig. 1.10 – Diagrama de blocos do reator. O reator será composto pelos blocos mencionados na Fig. 1.10. O conversor CACC deve proporcionar elevado fator de potência. Serão propostos dois conversores CACC, sendo um ativo: que possui custo mais elevado, uma regulação da potência de saída e maior fator de potência; e um passivo: que tem como vantagens à robustez e a simplicidade. Objetiva-se apresentar duas opções de reatores eletrônicos para lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão com as seguintes características: 10 Elevado fator de potência; Elevado rendimento; Operação da lâmpada em alta freqüência; Reduzido peso e volume. 1.7 Conclusão Neste capítulo foram apresentadas as formas de geração artificial de luz e algumas das grandezas utilizadas em iluminação destacando-se suas respectivas unidades. Fez-se uma abordagem das principais características das lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão, ressaltando o grande problema da sua operação em alta freqüência, a ressonância acústica. Um breve comentário sobre as técnicas encontradas na literatura para evitar a ressonância acústica, também, foi apresentado. Comentou-se a respeito da necessidade de um circuito auxiliar para realizar a ignição de forma segura da lâmpada e foram mostrados exemplos dos mesmos. Finalmente apresentou-se o diagrama esquemático do reator proposto e suas características desejáveis. 11 2 Capítulo Análise e Metodologia de Projeto do Retificador com Filtro Passivo com Elevado Fator de Potência 2.1 Introdução Em uma rede de distribuição de energia elétrica, o fator de potência é definido como a razão entre a potência ativa (watts) e a potência aparente (volt-ampéres). O valor ótimo para esta relação é a unidade, valor que é obtido somente quando a corrente na rede tem a forma de uma senóide e está em fase com a tensão da rede, considerando-se, naturalmente, que esta também tem a forma de uma senóide. Sabe-se que, somente as componentes de corrente que satisfazem este requisito, transferem energia à carga, logo, componentes de corrente que estejam defasadas da tensão da rede ou possuam uma freqüência distinta da freqüência da rede, não transferem energia à carga, contribuindo para as perdas totais de energia no sistema. Atualmente, com o crescimento da indústria eletrônica, o enorme incremento do número de computadores e outros equipamentos incorporando retificadores com filtro capacitivos, o problema, nos sistemas de distribuição de energia, tem se agravado. A corrente exigida por esse circuito é tipicamente não-senoidal, como pode-se ver na Fig. 2.2. D1 D2 Vin + - D3 C + - Carga D4 Fig. 2.1 – Retificador com filtro capacitivo. Vin Iin Fig. 2.2 – Formas de onda de tensão e corrente de entrada do retificador com filtro capacitivo. 12 Pode-se verificar que a corrente drenada da rede por um retificador com filtro capacitivo é a soma de muitas componentes de diferentes freqüências, sendo que a única responsável pela transferência de energia à carga é a componente fundamental. O fator de potência desta estrutura é bastante baixo, estando na ordem de 0,6, tendendo a piorar a medida que se aumenta a capacitância do capacitor de filtro; por este motivo, outras formas de solucionar este problema devem ser estudadas. Na Fig. 2.3 é apresentado o circuito completo do conversor PFC passivo com alto fator de potência e o sentido adotado para as tensões e a corrente do circuito. Conversor CA-CC L1 Vac + I L1 _ + VC1 _ D1 D3 C1 D2 + VCC C2 _ RL D4 Fig. 2.3 – Circuito completo do retificador passivo de alto fator de potência. Este circuito apresenta várias características desejáveis para o estágio de entrada de um reator eletrônico, das quais destacam-se: Elevado fator de potência; Alto rendimento; Boa regulação de carga; Limitação da máxima corrente na carga através do indutor L1; Baixo nível de interferência eletromagnética conduzida; Sistema passivo; Baixo número de componentes; Simplicidade; Robustez. O projeto do circuito é simples, consiste na determinação de apenas três componentes ( L1 , C1 e C2 ) . Mas não se pode dizer o mesmo do equacionamento, devido à dependência das condições iniciais de cada etapa com a tensão de saída, resultando em um processo interativo. Portanto optou-se por gerar ábacos, para serem utilizados na fase de 13 projeto, através de simulações numéricas. Uma metodologia de projeto semelhante e outros ábacos podem ser encontrados em [6]. 2.2 Descrição das Etapas de Operação e Formas de Onda Relevantes São quatro as etapas de funcionamento, sendo duas para cada semiciclo da tensão de alimentação, pois o circuito opera de modo simétrico. Durante a descrição das etapas de funcionamento consideram-se todos os componentes ideais e que não haja ondulação na tensão de barramento ( ∆VCC = 0V ) . 2.2.1 Primeira Etapa ( 0 ≤ t ≤ t0 ) Esta etapa de funcionamento inicia com a passagem por zero da tensão de alimentação, quando esta se torna positiva. A corrente no indutor L1 parte do valor zero e cresce de forma senoidal e com freqüência dada pela relação entre L1 e C1 . A tensão no capacitor VC1 é negativa, igual a −VCC no início da etapa, e evolui até atingir +VCC . Quando este patamar é alcançado a ponte de diodo entra em condução marcando o encerramento desta etapa. Nesta etapa de funcionamento não há transferência de energia da rede de alimentação para a carga, que é alimentada pelo capacitor C2 . A Fig. 2.4 apresenta o estado do circuito durante a primeira etapa de funcionamento. L1 D1 Vac D3 C1 C2 D2 RL D4 Fig. 2.4 – Primeira etapa de funcionamento. 2.2.2 ( Segunda Etapa t0 ≤ t ≤ T 2 ) A condução dos diodos D1 e D4 coloca o capacitor C1 em paralelo com a carga grampeando sua tensão na tensão de barramento. Não há circulação de corrente no capacitor C1 pois considerou-se nula a ondulação de tensão na carga. A fonte de alimentação fornece energia para a carga e para o capacitor C2 . A corrente no indutor L1 14 decresce até zero quando os diodos param de conduzir e se encerra esta etapa. O circuito que representa a segunda etapa é visualizado na Fig. 2.5. L1 D1 Vac D3 C1 C2 D2 RL D4 Fig. 2.5 – Segunda etapa de funcionamento. 2.2.3 ( ) Terceira Etapa T ≤ t ≤ t1 2 A terceira etapa é quase idêntica à primeira, apresentando apenas inversão no sentido das correntes e tensões envolvidas do lado CA. A Fig. 2.6 mostra o circuito referente à terceira etapa de funcionamento. L1 D1 Vac D3 C1 C2 D2 RL D4 Fig. 2.6 – Terceira etapa de funcionamento. 2.2.4 Quarta Etapa ( t1 ≤ t ≤ T ) A última etapa de funcionamento é semelhante à segunda etapa, portanto apenas apresenta-se na Fig. 2.7 o circuito e o sentido das correntes. L1 D1 Vac D3 C1 C2 D2 D4 Fig. 2.7 – Quarta etapa de funcionamento. RL 15 As formas de onda relevantes encontram-se na Fig. 2.8. Vac (t) I D1 (t) I L1 (t) VC2 (t) +Vcc VC1 (t) -Vcc t0 T/2 t1 T 2T Fig. 2.8 – Formas de onda do PFC passivo. 2.3 Metodologia de Projeto O projeto é realizado com o auxílio de ábacos obtidos via simulação numérica. As simulações foram realizadas no programa PSpice 9. Algumas especificações do conversor são necessárias para a execução do projeto, como: Vin _ ef ⇒ Tensão eficaz de entrada; f rede ª Freqüência da rede de alimentação; 16 VO ª Tensão de barramento; PL ª Potência na lâmpada; ηinv ª Rendimento estimado do inversor; η pfc ª Rendimento estimado do PFC passivo. Os ábacos são parametrizados em função das seguintes variáveis: Fator de tensão: o fator de tensão é ganho de tensão do conversor. É expresso pela relação (2.1): FV = VO Vin _ ef ⋅ 2 (2.1) Corrente média de curto circuito: é o valor da corrente média de saída quando a resistência de carga é nula. Seu valor é dado pela expressão (2.2). I CC _ med = Vin _ ef ⋅ 2 π 2 ⋅ f rede ⋅ L1 (2.2) Corrente eficaz de curto circuito: é o valor da corrente eficaz de entrada quando a resistência de carga é nula. Em (2.3) pode-se visualizar a expressão que define a corrente eficaz de curto circuito. I CC _ ef = Vin _ ef 2 ⋅ π ⋅ f rede ⋅ L1 (2.3) Potência parametrizada: é o valor da potência de saída parametrizada em função da potência de entrada. A equação (2.4) mostra a parametrização adotada para a potência de saída. Pot ' = VO ⋅ I O Vin _ ef 2 (2.4) π ⋅ f rede ⋅ L1 Relação de freqüências: é a relação entre a freqüência de ressonância do par L1C1 e a freqüência da rede de alimentação. Esta pode ser calculada através da expressão (2.5). a= 1 2 ⋅ π ⋅ f rede ⋅ L1 ⋅ C1 (2.5) Na Fig. 2.9 é apresentada a característica de saída do conversor. São mostradas quatro curvas, para diferentes valores de relação de freqüências. Pode-se verificar que há 17 uma pequena faixa plana, ou seja, região onde a tensão de saída praticamente não varia com a alteração da carga. Portanto, este será um dos critérios adotados no projeto: que o ponto de máxima potência do conversor esteja no final da faixa, de modo que variações de carga não produzam modificações significativas na tensão de saída. Uma análise do inversor se faz necessária, pois é importante, nesta fase do projeto, saber qual a tensão de barramento desejada na potência nominal. Com esta informação é calculado o FV do conversor. Apenas com o FV desejado e utilizando o critério acima é possível escolher o ponto de operação do filtro mas, dependendo das prioridades do projetista, outros critérios podem ser adotados. Portanto, neste projeto, também serão considerados os ábacos das Fig. 2.10 e Fig. 2.11 para a escolha do ponto de operação do conversor e o projeto do capacitor e do indutor. 1,6 Característica de Saída 1,4 1,2 a=2 FV 1 a=2,3 0,8 a=2,5 a=3 0,6 0,4 0,2 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Io/Icc_med Fig. 2.9 – Característica de saída do PFC passivo. 18 a=2 a=2,3 a=2,5 a=3 1,2 Fator de Potência 1 FP 0,8 0,6 0,4 0,2 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Io/Icc_med Fig. 2.10 – Fator de potência em função da corrente de saída parametrizada em função da corrente média de curto circuito. Potência de Saída Normalizada 0,5 a=2 0,45 a=2,3 0,4 a=2,5 a=3 0,35 Po' 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Io/Icc_med Fig. 2.11 – Potência de saída normalizada. A Fig. 2.10 comprova que o fator de potência do conversor é dependente da carga, portanto não pode ser negligenciado no período de projeto. E a Fig. 2.11 apresenta a potência normalizada do conversor. Desta forma, verifica-se que os fatores relevantes para o projeto do retificador passivo de elevado fator de potência são: 19 Fator de tensão desejado; Operação na faixa plana (ábaco da característica de saída); Potência de saída. A ponderação destes fatores através do uso dos ábacos possibilita ao projetista definir o ponto de operação do conversor, fixando assim, os valores da relação de freqüências ( a ) e de IO I CC _ med . Sabendo que o valor de I O é calculado com o auxílio da expressão (2.6). IO = PL ηinv ⋅VO (2.6) Tem-se o valor da corrente média de curto circuito com o emprego da equação (2.7). I CC _ med = IO Valor obtido do gra′fico (2.7) A corrente eficaz de curto circuito é obtida da equação (2.8). I CC _ ef = I CC _ med 0,9 (2.8) Pode-se encontrar o valor de L1 através da equação (2.9). L1 = Vin _ ef 2 ⋅ π ⋅ f rede ⋅ I CC _ ef (2.9) Com o valor de L1 e da relação entre a freqüência de ressonância do par LC e a freqüência da rede, é possível se empregar a (2.10) e obter o valor de C1 . C1 = 1 2 4 ⋅ π ⋅ a ⋅ f rede ⋅ L1 2 2 (2.10) Para o dimensionamento dos diodos da ponte retificadora considera-se que cada diodo conduz durante meio ciclo da rede e que a corrente de entrada possui o formato 20 muito próximo ao de uma senóide. Considerando as simplificações, obtém-se a expressão (2.11) que define a corrente média em cada diodo da ponte retificadora. I D _ med = PL ⋅ 2 η pfc ⋅ηinv ⋅Vin _ ef ⋅ FPest ⋅ π (2.11) Onde, FPest é o fator de potência estimado da estrutura, que é um dos fatores considerados na escolha do ponto de operação. A máxima tensão reversa sobre os diodos da ponte retificadora é igual à tensão de saída. O cálculo do capacitor C2 pode ser efetuado através da expressão (2.12). C2 = η pfc ⋅ηinv ⋅ f rede ⋅ ( PL 2 ⋅ Vin _ ef ) 2 2 − VC min (2.12) Onde VC min é a tensão mínima no capacitor. 2.4 Conclusão Apresentou-se nesta seção uma estrutura retificadora passiva que oferece elevado fator de potência. Explicitou-se suas principais características destacando-se sua robustez e simplicidade. Etapas de operação e formas de onda relevantes fizeram-se presentes no intuito de auxiliar na compreensão do funcionamento do circuito. Uma metodologia de projeto, baseada em ábacos obtidos via simulação numérica, também foi apresentada. 21 3 Capítulo Análise e Metodologia de Projeto do Conversor Elevador de Alto Fator de Potência 3.1 Introdução Este capítulo apresenta outra opção para o estágio de entrada do reator eletrônico, que pode ser utilizada em substituição ao conversor do capítulo 2, dependendo apenas das prioridades adotadas pelo projetista. Trata-se de um pré-regulador ativo, o conversor elevador, com controle por valores médios instantâneos. Este conversor é amplamente conhecido na comunidade científica, sendo empregado em projetos que visam manter a tensão de saída regulada e alta qualidade da corrente de entrada. A versão monofásica, aqui apresentada, é empregada em projetos com potência de entrada de até 3,5kW. O controle por valores médios instantâneos é baseado no circuito integrado UC3854, reunindo em apenas um componente três malhas de controle. A primeira faz a corrente de entrada seguir uma referência senoidal, garantindo fator de potência próximo à unidade e baixa distorção harmônica na entrada. A segunda regula a tensão de saída (barramento) frente a variações da rede de alimentação. A manutenção da tensão de barramento constante, mesmo sob variações de carga, é efetuada pela terceira malha. São apresentadas as etapas de funcionamento do conversor elevador, metodologias de projeto do estágio de potência e das malhas de corrente e de tensão. O método utilizado para o dimensionamento dos elementos magnéticos e dos dissipadores, também é apresentado. Em projetos onde a minimização do volume é um requisito, o projeto da fonte auxiliar deve ser cuidadoso. O circuito escolhido, cuja metodologia de projeto é demonstrada, atende à demanda de energia exigida, sem comprometer o volume e o rendimento do conversor. 22 3.2 O Conversor Elevador Na Fig. 3.1 pode-se observar o circuito completo do conversor elevador que realiza a correção do fator de potência (PFC) e estabilização da tensão de saída (barramento). Dinrush A Vret B Laux Db Lb D1 - D4 Ra1 Sb Vg Cf + Co P1 - ILb Ra2 Rsh - R4 R1 Vsh + R2 Relé C2 R6 R7 R3 C3 R8 C1 C 14 5 R5 4 C13 3 11 7 2 C9 R9 C8 R10 Dzg 9 Rb Rc UC3854 6 R12 8 C6 1 terra R13 DZb R14 15 10 13 14 12 R15 C7 C10 C4 C5 R16 Rs D5 B D6 Rg R11 Taux A Vg 16 +Vcc C11 Caux DZ2 C12 Fig. 3.1 – Diagrama esquemático do conversor elevador. 3.2.1 Etapas de Funcionamento De modo a facilitar a análise, será considerado o conversor elevador em sua configuração CC-CC durante a descrição das etapas de funcionamento. Na Fig. 1.1 mostra-se o diagrama elétrico do conversor elevador CC-CC. Db Lb Vin Sb + VSb _ + VDb _ Co Ro Fig. 3.2 – Conversor elevador na sua configuração CC-CC. + Vo _ 23 3.2.2 Primeira Etapa ( t0 ≤ t ≤ t1 ) : No instante t0 o interruptor Sb entra em condução. Durante esta etapa o indutor Lb armazena energia recebida da fonte Vin . A corrente cresce linearmente até atingir o seu valor de pico, em t = t1 . Neste instante o interruptor é comandado a bloquear. A corrente da carga nesta etapa de funcionamento é fornecida pelo capacitor CO . Na Fig. 3.3 mostrase o circuito do conversor para a primeira etapa de funcionamento. O tempo de duração desta etapa é determinado pelo circuito de controle e comando, em função da tensão de saída, do valor médio da tensão de entrada e da amostra de corrente no indutor Lb . Lb + Vin Db Sb Co _ Ro + Vo _ Fig. 3.3 – Conversor elevador durante a primeira etapa de funcionamento. 3.2.3 Segunda Etapa ( t1 ≤ t ≤ T ) : No instante de abertura do interruptor Sb em t = t1 , o diodo Db entra em condução. Durante esta etapa, o indutor Lb e a fonte Vin fornecem energia para a carga, desmagnetizando parcialmente o indutor Lb . A corrente no indutor decresce linearmente até o instante t = T , quando o interruptor é comandado a conduzir novamente, retorna-se a primeira etapa de operação. Na Fig. 3.4 mostra-se o circuito do conversor elevador para a segunda etapa de funcionamento. Db Lb + Vin _ Sb Co Ro Fig. 3.4 - Conversor elevador durante a segunda etapa de funcionamento. + Vo _ 24 Na Fig. 3.5 são apresentadas as principais formas de onda do conversor elevador. VG t Vo VSb t I Sb t I Lb t I Db t VDb t1 t0 T t -Vo Fig. 3.5 – Principais formas de onda para o conversor elevador CC-CC. 3.3 Metodologia de Projeto do Estágio de Potência O projeto dos componentes de potência é baseado no Aplication Note U134 da Unitrode [7]. 3.3.1 Especificações de Projeto O procedimento de projeto exige algumas especificações: 25 Vin _ min ⇒ Tensão mínima de alimentação; Vin _ max ª Tensão máxima de alimentação; f rede ª Freqüência da tensão de alimentação; VO ª Tensão de saída do conversor; ∆VO ª Ondulação da tensão de saída do conversor; PO ª Potência de saída do conversor; fS ª Freqüência de comutação; ηBoost ª Rendimento esperado; Tamb ª Temperatura ambiente adotada; T j _ ad ª Máxima temperatura de junção admitida; I in _ cc ª Máxima corrente na entrada do conversor elevador, utilizada para o cálculo da proteção de corrente. 3.3.2 Cálculo do Indutor Lb A corrente máxima na entrada do conversor é calculada com o auxílio da equação (3.1). I in _ max = 2 ⋅ PO ηBoost ⋅ Vin _ min (3.1) A ondulação de corrente no indutor Lb , cujo valor é escolhido pelo projetista, pode ser obtido utilizando a expressão (3.2). Vale salientar que foi adotado um fator de ondulação de 10% da máxima corrente de entrada. ∆iLb = 0,1⋅ I in _ max (3.2) A máxima corrente no indutor é a soma da corrente de pico de entrada com metade da ondulação de corrente no indutor, conforme mostra a equação (3.3). I Lb _ max = I in _ max + ∆iLb 2 (3.3) A razão cíclica mínima de operação do conversor ocorre quando a tensão de entrada passa pelo seu valor máximo e pode ser obtida utilizando a equação (3.4). 26 D= VO − Vin _ min ⋅ 2 (3.4) VO A indutância Lb é calculada através da expressão (3.5). Lb = 3.3.3 2 ⋅ Vin _ min ⋅ D (3.5) f S ⋅ ∆iLb Dimensionamento Físico do Indutor Lb A escolha do núcleo a ser utilizado é realizada com base no cálculo do produto de áreas ( AeAw ) , definido na expressão (3.6). AeAw = Lb ⋅ I in _ max 2 Bmax ⋅ J max ⋅ kew (3.6) Onde: kew ⇒ Fator de ocupação do indutor; Bmax ª Máxima densidade de fluxo magnético; J max ª Máxima densidade de corrente; Após a escolha do núcleo a ser utilizado alguns parâmetros tornam-se conhecidos: Ae ⇒ Área da seção transversal do núcleo; Aw ª Área da janela do núcleo; AeAw ª Produto de áreas; lt ª Comprimento médio de uma espira; Ve ª Volume do núcleo. Pode-se determinar o número de espiras do indutor Lb com o emprego da equação (3.7). N Lb = Lb ⋅ I in _ max Bmax ⋅ Ae (3.7) A freqüência da componente fundamental da corrente que circula pelo indutor é 120Hz, portando não há problemas devido ao efeito pelicular. Conseqüentemente pode-se calcular a bitola do fio a ser utilizado através da equação (3.8). S Lb = I in _ max J max ⋅ 2 (3.8) 27 A expressão (3.9) permite determinar o valor do entreferro. N Lb ⋅ µ o ⋅ Ae Lb 2 lg = 3.3.4 Cálculo do Capacitor de Saída O capacitor CO pode ser obtido utilizando a expressão (3.10). CO = 3.3.5 (3.9) PO 4 ⋅ π ⋅ f rede ⋅ VO ⋅ ∆VO (3.10) Dimensionamento dos Semicondutores de Potência A corrente média no diodo Db é dada pela equação (3.11). I Db _ med = PO VO (3.11) A tensão de bloqueio do diodo Db é a própria tensão de barramento (400V), visto que a ondulação de tensão na saída é muito pequena. A metodologia de cálculo do interruptor mostrada, considera que será utilizado um interruptor do tipo MOSFET. O cálculo da corrente eficaz no interruptor principal é realizado através da expressão (3.12). I Sb _ ef = I in _ ef 2 3 2 ⋅ Vin _ min ⋅ I in _ ef − ⋅ 8 Vo 2 (3.12) Sabendo que: I in _ ef = I in _ max 2 ⇒ Corrente eficaz de entrada. A máxima tensão sobre o interruptor principal é igual à máxima tensão no diodo Db e pode ser obtida utilizando a equação (3.13). VSb _ max ≅ VO (3.13) O dimensionamento do dissipador depende de algumas características do interruptor escolhido como: rDS _ on ⇒ tf ª Resistência de condução; Tempo de descida da tensão; 28 tr ª Tempo de subida da tensão; Tj ª Máxima temperatura de junção; R jc ª Resistência térmica entre a junção e a cápsula; Rcd ª Resistência térmica entre a cápsula e o dissipador; R ja ª Resistência térmica entre a junção e o ambiente. A perda por comutação no MOSFET é dada pela expressão (3.14). PSb _ com = fS ⋅ ( trv + t f ) ⋅ Vo ⋅ I in _ max 2 (3.14) A perda em condução pode ser obtida através da expressão (3.15). O fator “2” da equação realiza a adaptação da resistência de condução do interruptor para a temperatura de 100ºC. PSb _ cond = 2 ⋅ rDS _ on ⋅ I Sb _ ef 2 (3.15) A perda total no interruptor principal, mostrada em (3.16), é a soma da perda por comutação (3.14) com a perda por condução (3.15). PSb = PSb _ com + PSb _ cond (3.16) Para facilitar a transferência de calor e manter a temperatura do interruptor dentro da faixa limite de operação, deve-se colocá-lo em um dissipador com resistência térmica menor ou igual à fornecida em (3.17). Rda = T j _ ad − Tamb PSb − R jc − Rcd (3.17) 3.4 O Circuito Integrado UC3854 O UC3854 é um circuito integrado dedicado, de 16 pinos, fabricado pela Texas Instruments, que reúne todas as funções de controle, supervisão e proteção necessárias para comandar o conversor elevador. A função de cada pino do CI é descrita a seguir: Pino 1 – Terra: é a referência de todo o circuito de controle e de potência. Pino 2 – Proteção contra sobrecorrente: este pino, através de um circuito lógico interno ao CI, possibilita ao projetista realizar uma proteção contra sobrecorrente. Quando a tensão sobre este pino é menor ou igual a zero o comando do interruptor é desabilitado. 29 Pino 3 – Saída do compensador de corrente: é a saída do amplificador operacional destinado ao controle de corrente. Pino 4 – Entrada inversora do regulador de corrente: é a entrada inversora do amplificador operacional que realiza o controle de corrente. Pino 5 – Saída do multiplicador de corrente: é a saída do multiplicador de corrente (referência de corrente) e a entrada não inversora do compensador de corrente. Este pino é de alta impedância. Pino 6 – Entrada do multiplicador de corrente: este pino informa o formato desejado da corrente de entrada. Pino 7 – Saída do regulador de tensão: é a saída do regulador de tensão. Pino 8 – Entrada da malha direta de controle de tensão: fornece ao circuito de controle uma tensão proporcional ao valor eficaz da tensão da rede. Pino 9 – Fonte interna: fornece uma tensão de 7,5V estabilizada internamente. Pino 10 – Pino de habilitação: desabilita a fonte de tensão interna, os pulsos de saída e o oscilador interno do CI quando está em nível baixo. Pino 11 – Entrada do compensador de tensão: é a entrada inversora do compensador de tensão. Pinos 12 e 14 – Definem a freqüência de comutação. Pino 13 – Partida progressiva: neste pino é conectado um capacitor cujo valor determina o tempo da partida suave. Pino 15 – Alimentação: é a entrada da tensão de alimentação do CI. Pino 16 – Saída: é a saída dos pulsos de comando do interruptor principal. 3.5 Metodologia de Projeto do Estágio de Controle O conversor elevador realiza a correção do fator de potência e mantém a tensão de barramento regulada frente a variações de carga e da rede de alimentação. Este opera no modo de condução contínua e o controle é realizado pelo CI 3854. O projeto do conversor elevador utilizando este circuito integrado dedicado já foi alvo de vários estudos [7], [8], [9], portanto, demonstra-se aqui, apenas a metodologia de projeto. 30 3.5.1 Cálculo do Resistor Shunt e da Proteção Contra Sobrecorrente O valor do resistor deve proporcionar uma queda de tensão de aproximadamente 1V de pico, conforme apresentado em (3.18). Isto garante boa imunidade a ruídos e evita perdas excessivas. RSh = VSh I in _ max (3.18) A queda de tensão sobre o resistor shunt durante uma sobre-corrente será obtida utilizando (3.19). VSh _ max = I in _ cc .RSh (3.19) Sabendo que a tensão de referência (Vref ) do CI 3854 é 7,5V e adotando-se um valor para o resistor R9 , obtém-se a expressão (3.20) que determina o valor do resistor de sobre corrente. R8 = VSh _ max ⋅ R9 Vref (3.20) O valor do capacitor C9 é fornecido pelo catálogo do CI: C9 = 470 pF 3.5.2 Cálculo dos Resistores R1, R2 e Definição da Freqüência de Comutação A freqüência de comutação é uma especificação de projeto. Na prática, esta é definida pela expressão (3.21). fS = 1, 25 R16 ⋅ C5 (3.21) O resistor R16 influi na máxima corrente de saída do multiplicador de corrente. Esta corrente não deve ultrapassar 600µA e é definida por (3.22). I mult = 3, 75V ≤ 600 µ A R16 (3.22) Definindo o valor de R16 , tem-se o valor da saída de corrente do multiplicador de corrente. Pode-se, através da equação (3.21), obter o valor do capacitor C5 com o emprego da expressão (3.23). 31 C5 = 1, 25 R16 ⋅ f S (3.23) O valor do resistor R1 é igual ao do resistor R2 e este é dado pela relação (3.24). R1 = R2 = 3.5.3 VSh _ max (3.24) I mult Cálculo da Malha de Corrente Apresenta-se na equação (3.25) a função de transferência simplificada do controlador de corrente. Esta função foi obtida considerando a tensão de saída constante e isenta de ondulação. GPc ( s ) = VSh ( s ) Ve ( s ) = RSh ⋅ Vo s ⋅ VT ⋅ LB (3.25) Verifica-se que esta é uma função de primeira ordem, sendo assim, o sistema, em malha fechada, é inerentemente estável. Apresenta um pólo na origem, conferindo ao conversor um decréscimo no ganho de 20dB/dec e fase de -90º. A função de transferência completa é estudada em [8]. Segundo Souza, pode-se utilizar a função simplificada para a região próxima à freqüência de cruzamento e para o estudo da estabilidade. Souza sugere o uso de um controlador de corrente do tipo avanço-atraso de fase. Este regulador possui um pólo na origem, o que garante elevado ganho em baixas freqüências. O ganho elevado em baixas freqüências é necessário para garantir boa reprodutibilidade da senóide de referência durante a passagem por zero. O zero do controlador é alocado antes da freqüência de cruzamento, garantindo boa margem de fase e o cruzamento, por zero, com derivada de 20dB/dec (estabilidade). O segundo pólo é responsável pela filtragem da ondulação de corrente de alta freqüência do indutor de entrada na saída do regulador. A presença desta ondulação na saída do regulador produz oscilações na corrente de entrada. A função de transferência do controlador avanço-atraso de fase é mostrada em (3.26). Ri ( s ) = Ki s + ω z ⋅ s s +ωp (3.26) Os critérios sugeridos por Souza para ajuste do ganho, alocação do pólo e do zero do controlador são: 32 fC ≤ fS 4 ⇒ Adotar-se-á: fC = fS 6 ª Freqüência de cruzamento; ωp = 2 ⋅π ⋅ fS 2 ª Freqüência do pólo; 2 ⋅π ⋅ fS ª 20 Freqüência do zero. ωz = ωp 10 = Do ponto de vista elétrico, tem-se o circuito de compensador avanço-atraso de fase na Fig. 3.6. C1 R3 RSh R1 _ R2 + C2 Iref Seno Retificado Fig. 3.6 – Circuito regulador de corrente. A função de transferência é expressa em (3.27). Ri ( s ) = − (1 + s ⋅ R3 ⋅ C1 ) R ⋅C ⋅C s ⋅ R2 ⋅ ( C1 + C2 ) ⋅ 1 + s ⋅ 3 1 2 C1 + C2 (3.27) Relacionando a função de transferência do circuito elétrico com os critérios de alocação do pólo, zero e definição do ganho, obtém-se as equações (3.28), (3.29), (3.30) e (3.31). RSh ⋅ Vo GPc (ωC ) = 20 ⋅ log 2 ⋅ π ⋅ f S ⋅ VT ⋅ Lin 6 R3 = R2 ⋅10 C1 = − GPc (ωC ) 20 1 1 = π R3 ⋅ ω z R ⋅ ⋅ f S 3 10 (3.28) (3.29) (3.30) 33 C2 = 3.5.4 C1 R3 ⋅ C1 ⋅ π ⋅ f S − 1 (3.31) Cálculo da Malha de Tensão A função de transferência entre a tensão de saída e a corrente de entrada, apresentada na expressão (3.32), é de primeira ordem, caracterizando este, como um sistema estável. Observando a função de transferência, verifica-se a presença de um pólo, porém este não está na origem, gerando um erro estático. VO ( s ) I Lb ( s ) = RO ⋅ (1 − D ) (3.32) 1 + s ⋅ CO ⋅ RO O controlador de tensão deve minimizar o erro estático sem tornar o sistema instável e possuir uma resposta lenta para não provocar distorções na corrente de entrada. Na Fig. 3.7 apresenta-se o controlador de tensão adotado. Vo Ra1 P1 Ra2 R7 Vin R 6 Vref C3 + Vout Fig. 3.7– Controlador de tensão adotado. A função de transferência do controlador é dada pela equação (3.33). Vout ( s) −(1 + s ⋅ R7 ⋅ C3 ) = Vin ( s ) s ⋅ R6 ⋅ C3 (3.33) A alocação do zero e a escolha do ganho de faixa plana seguem os critérios: O zero deve estar alocado abaixo da freqüência de corte para garantir a passagem por zero com uma inclinação de 20dB/dec. Geralmente aloca-se o zero uma década abaixo da freqüência de 120Hz; Ajusta-se o ganho em faixa plana para um valor negativo. Considera-se -10dB um valor adequado. Conciliando as informações da função de transferência e os critérios supracitados e adotando-se um valor para o capacitor C3 , têm-se as expressões (3.34), (3.35) e (3.36) R7 = 1 1 = ω z ⋅ C3 2 ⋅ π ⋅12 ⋅ C3 (3.34) 34 R GCt ( dB ) = 20 ⋅ log 7 = −10dB R6 R6 = Ganho de faixa plana. R7 10−0,5 (3.35) (3.36) Arbitrando-se um valor para o resistor Ra1 e com o auxílio da equação (3.37) temse o valor de Ra 2 + P1 . Ra 2 + P1 = Vref ⋅ Ra1 (3.37) VO − Vref Portanto, adota-se um valor para o resistor Ra 2 e para o potenciômetro P1 visando obter um ajuste da tensão de saída com grande precisão. 3.5.5 Cálculo da Malha Direta de Controle da Tensão de Entrada (feedforward) O controle da tensão de entrada minimiza os efeitos da variação da tensão da rede na tensão de saída. Este controle torna a malha de tensão responsável por corrigir apenas as variações de carga, conferindo ao sistema uma resposta melhor a variações da rede. A forma mais utilizada desta malha é filtro passa-baixa de pólo duplo. Este filtro transforma a tensão retificada da rede em uma tensão contínua de valor proporcional à tensão eficaz de entrada. Na Fig. 3.8 apresenta-se a malha direta de controle da tensão de entrada. Vret R12 R 13 C6 R 14 C7 Fig. 3.8– Malha de controle da tensão de entrada. 35 O cálculo dos componentes da malha de tensão segue o roteiro: Vin _ med _ min = 0,9 ⋅ Vin _ min (3.38) Adotando-se o valor do resistor R12 pode-se empregar as expressões (3.39) e (3.40). R13 = R14 = (V ref − 1, 414V ) ⋅ R12 Vin _ med _ min − Vref R13 ⋅1, 414V Vref − 1, 414V (3.39) (3.40) A função deste filtro passa-baixa é atenuar a ondulação de 120Hz na medição do valor eficaz de tensão da rede. A presença de ondulação, nesta tensão de controle, deforma a corrente de entrada aumentando a taxa de distorção harmônica. A freqüência de corte do filtro e os capacitores C6 e C7 podem ser obtidos através das expressões (3.41), (3.42) e (3.43). 120 = 12 Hz 10 (3.41) C6 = 1 2 ⋅ π ⋅ f corte ⋅ R13 (3.42) C7 = 1 2 ⋅ π ⋅ f corte ⋅ R14 (3.43) f corte = 3.5.6 Amostra da Tensão da Rede O circuito de amostragem da tensão da rede informa ao controlador de corrente a forma de onda desejada na entrada. Este circuito é formado pelos resistores ( R10 e R11 ) , que seguem as relações (3.44) e (3.45). R11 = R10 = Vin _ max ⋅ 2 I mult R11 4 (3.44) (3.45) 36 3.5.7 Definição do Tempo de Partida Progressiva Adotando-se o tempo desejado para realizar a partida progressiva, pode-se calcular o capacitor C4 utilizando (3.46). C4 = 7 ⋅10−6 ⋅ ton 7,5 (3.46) 3.6 Projeto do circuito de pré-carga O conversor elevador, devido ao interruptor estar em paralelo com a fonte de entrada, não possibilita uma carga de forma suave do capacitor de saída. O capacitor de saída, no instante que o conversor é energizado, é visto como um curto-circuito pela rede de alimentação. Devido a esta característica do conversor, é necessário adicionar um circuito que limite esta corrente inicial de carga do capacitor de saída. Escolheu-se o circuito da Fig. 3.9 para realizar a pré-carga. O circuito é composto por dois resistores, um capacitor e um relé. Quando o conversor é energizado o relé encontra-se aberto. Desta forma a corrente de carga do capacitor de saída é limitada pelo resistor R4 . O relé será fechado, retirando o resistor R4 do circuito, quando a tensão no capacitor C14 atingir a tensão nominal do relé. Antes de iniciar o roteiro de cálculo deve-se especificar o relé que será utilizado e a máxima corrente de pico admitida para a carga do capacitor CO . I in _ pre ⇒ Máxima corrente de pico admitida; RRele ª Resistência interna da bobina do relé; VRele ª Tensão nominal do relé; I Rele ª Corrente na bobina do relé; 37 D1 - D4 R4 Relé C 14 R5 +Vcc Fig. 3.9 – Circuito de pré-carga. O valor do resistor R4 pode ser definido com o auxilio da equação (3.47). R4 = Vin _ max ⋅ 2 I in _ pre (3.47) O tempo de carga do capacitor de saída é dado pela relação (3.48). tc arg a = 5 ⋅ R4 ⋅ CO (3.48) A constante de tempo do circuito RC que aciona o relé deve ser maior que tcarga para o correto funcionamento do circuito, portanto define-se a expressão (3.49). ( R5 + RRe le ) ⋅ C14 = 4 ⋅ tc arg a (3.49) Sabendo que o valor do resistor pode ser obtido utilizando a equação (3.50). R5 = Vcc − RRe le I Re le (3.50) Portanto, o capacitor C14 é calculado empregando-se (3.51). C14 = 4 ⋅ tc arg a ( R5 + RRe le ) (3.51) 38 3.7 Metodologia de Projeto da Fonte Auxiliar A fonte auxiliar deve prover a alimentação para o circuito integrado 3854, seus componentes externos e comando do interruptor. A fonte auxiliar deve apresentar as seguintes características: Pequeno volume – para não aumentar o volume do conversor elevador; Baixa perda – para não comprometer o rendimento do conversor; Ampla faixa de operação – a fonte deve funcionar desde Vin _ min até Vin _ max ; Tensão de saída regulada – a tensão de saída da fonte deve permanecer em 18V. Uma configuração de fonte auxiliar, que visa atingir as características supra citadas, é apresentada na Fig. 3.10. Vret Estágio 1 Rc Rb T1 D Zb Estágio 2 D5 A D6 B Rs +18V C 11 C 12 C aux D Zc Fig. 3.10 – Diagrama da fonte auxiliar adotada. Pode-se verificar que a fonte auxiliar é composta por dois estágios. O primeiro estágio fornece a energia apenas na partida do conversor, enquanto o mesmo está operando como retificador passivo. Logo que o conversor inicia sua operação como elevador, o segundo estágio assume o fornecimento de energia e o primeiro estágio é desligado. 3.7.1 Cálculo do Primeiro Estágio O primeiro estágio é formado pelo transistor bipolar T1 , pelos resistores Rb , Rc e pelo diodo zener DZb . O resistor Rc pode ser calculado utilizando a expressão (3.52). 39 2 ⋅ Vin _ max − VDZb − VBE Rc = I CP (3.52) Onde: Vin _ max ⇒ Máxima tensão eficaz da rede de alimentação; VDZb ª Tensão do diodo zener conectado na base do transistor VBE ª Queda de tensão entre a base e o emissor do transistor T1 ; I CP = 2 ⋅ I aux ª Corrente de partida da fonte (para diminuir o tempo de T1 ; funcionamento do estágio 1); ª I aux Corrente que deve ser fornecida pela fonte. Considerando que o ganho do transistor T1 é igual a um valor β , tem-se o valor do resistor de base na equação (3.53). Rb = Rc ⋅ β (3.53) A potência dissipada em cada resistor pode ser calculada através das relações (3.54) e (3.55). PRb ( = 2 ⋅ Vin _ max − VDZb PRc = Rc ⋅ I aux ) 2 Rb 2 (3.54) (3.55) A potência dissipada no diodo zener DZb é obtida em (3.56). PDZb 3.7.2 2 ⋅ 2 ⋅ Vin _ max − VDZb π = VDZb ⋅ Rb (3.56) Cálculo do Segundo Estágio A tensão na saída do enrolamento auxiliar deve ser um pouco superior a tensão de saída da fonte. Adotando-se o valor de Vaux tem-se a equação (3.57) que define a relação entre o número de espiras do indutor e do enrolamento auxiliar. 40 RT = N ind VO = N aux Vaux (3.57) Pode-se calcular o valor necessário para o resistor Rs com o uso da expressão (3.58). RS = Vaux − VDZ 2 2 ⋅ I aux (3.58) A potência dissipada no resistor Rs é apresentada em (3.59). PRs (V − VDZ 2 ) = aux 2 Rs (3.59) A máxima potência dissipada no diodo zener DZ 2 será obtida empregando-se a relação (3.60). PDZ 2 = VDZ 2 ⋅ I aux (3.60) 3.8 Conclusão Este capítulo apresenta uma breve análise do conversor elevador operando no modo de condução contínua com controle por valores médios instantâneos. Este conversor, que pode ser utilizado como estágio de entrada do reator eletrônico, caracteriza-se pelo elevado fator de potência e pela independência do mesmo frente a variações de rede e de carga. Descreveram-se as etapas de operação, destacando-se as formas de onda relevantes, e a função de cada pino do circuito integrado. Foram apresentadas metodologias de projeto para o estágio de potência, malhas de controle de corrente e tensão, fonte auxiliar e circuito de pré-carga do capacitor de saída. 41 4 Capítulo Metodologia de Projeto do Inversor Meia-Ponte 4.1 Introdução Neste capítulo é apresentada a metodologia de projeto do inversor utilizado. Trata-se de um inversor meia-ponte operando em alta freqüência. A operação em alta freqüência proporciona um menor volume do elemento “ballast”, que será abordado na seção 4.4. Ao contrário das lâmpadas fluorescentes, onde o aumento da eficiência luminosa devido à operação em alta freqüência é comprovado, as lâmpadas do vapor de sódio de alta pressão não possuem esta vantagem. Alguns autores afirmam haver uma pequena melhora na eficiência, porém ainda não há um consenso sobre o assunto na comunidade científica. A verificação deste fato não faz parte do escopo do trabalho, impossibilitando ao autor opinar sobre o assunto. Apresenta-se as etapas de operação do inversor e suas formas de onda relevantes, o circuito de comando, a metodologia de cálculo do elemento “ballast” e o roteiro de cálculo dos interruptores e de seus dissipadores. Na Fig. 4.1 pode ser visualizado o diagrama esquemático do reator eletrônico. Vale salientar que a lâmpada de vapor de sódio é conectada aos pontos X e Y do circuito. O circuito completo do inversor meia-ponte encontra-se na Fig. 4.2. Reator Eletrônico Barramento Fase Neutro Conversor CA-CC e fonte auxiliar +15V Inversor Meia-Ponte X Y Fig. 4.1 – Diagrama esquemático do reator eletrônico. Lâmpada 42 Barramento X R20 D18 R18 120K D17 2 100nF/400V D19 R10 MKP3 SIDAC C15 C13 100nF/400V 1N4936 +15V Q1 C14 1N4936 C9 1,5nF/400V 1N4936 47K 15R 1,5uF/400V IRG4PC - 40UD C11 1uF/400V D6 1N4744A 1 JUMP TPX1 3 R19 T4 1 D7 1N 4936 4 Va 2 Y 120K Vb T3 R9 10R Q2 R11 15R VCC_15V R4 C7 10uF/50V 2k2 1 R2 1 2 3k9 3 4 5 R3 R3_1 1k5 6 7 12k C3 1,5nF/63V 8 + OSCOUT +SENSE -SENSE RT CT IR2110 VREF VIN EB CB CA EA SHTDWN GND SG3524/SO_3 + U2 2 U8 VV+ D12 1N4744A COMP 16 15 9 14 13 10 11 12 11 10 12 14 13 R07 10K 9 1 7 LO VDD HO VCC HIN 3 6 VB SD LIN Z VSS 10uF/50V + C8 5 VS COM C6 220uF/16V + 4 C3_1 + 1.5nF/63V GND 8 2 GND Fig. 4.2 – Circuito completo do inversor meia-ponte. C10 1uF/400V 43 4.2 O Inversor Meia-Ponte O inversor meia-ponte é composto por dois interruptores controlados. Estes interruptores conduzem complementarmente com razão cíclica igual a 0,5. 4.2.1 Etapas de Funcionamento Para a descrição das etapas de operação são realizadas algumas simplificações: Considera-se os interruptores ideais; Os capacitores C10 e C11 são considerados fontes de tensão; Os tempos de comutação são desprezados; O autotransformador T3 é retirado do circuito. Na Fig. 4.3 é apresentado o inversor meia-ponte em sua configuração básica. + E/2 0 Lâmpada - A S1 T4 D1 B + - E/2 B S2 D2 Fig. 4.3 – O inversor meia-ponte. Para as etapas de operação mostradas a seguir considera-se como carga a associação série composta pelo indutor T4 e a lâmpada de vapor de sódio. 4.2.2 1ª Etapa de Operação ( t0 ≤ t ≤ t1 ) Na primeira etapa o interruptor S1 encontra-se conduzindo a corrente de carga. A corrente assume o sentido indicado e evolui de forma exponencial desde zero até o seu valor máximo I Lpico . A tensão de carga neste intervalo é + E . No instante t = t1 o 2 interruptor S1 é comandado a bloquear. 44 + E/2 Lâmpada - S1 D1 S2 D2 T4 + 0 - E/2 Fig. 4.4 – Primeira etapa de operação. 4.2.3 ( 2ª Etapa de Operação t1 ≤ t ≤ T 2 ) O início da segunda etapa de operação é caracterizado pelo bloqueio do interruptor S1 . Neste instante o diodo D2 entra em condução assumindo a corrente de carga que, devido a sua característica indutiva, possui o mesmo sentido da etapa anterior. A corrente de carga diminui exponencialmente do seu valor máximo até zero. A passagem por zero da corrente caracteriza o final desta etapa. Durante esta etapa a tensão na carga é − E . O interruptor S 2 recebe ordem de comando, ao longo desta etapa, sob tensão e 2 corrente nula caracterizando assim uma comutação suave. A passagem de corrente pelo interruptor só ocorre na etapa seguinte com a inversão de sentido da corrente de carga. + E/2 0 Lâmpada - S1 D1 S2 D2 T4 + - E/2 Fig. 4.5 – Segunda etapa de operação. 4.2.4 ( 3ª Etapa de Operação T 2 ≤ t ≤ t2 ) Esta etapa ocorre de forma análoga a primeira etapa, diferenciando apenas pela inversão de polaridade da tensão e da corrente na carga e que agora quem conduz é o interruptor S 2 . 4.2.5 4ª Etapa de Operação ( t2 ≤ t ≤ T ) A quarta etapa de operação é semelhante à segunda etapa, com exceção da polaridade da tensão e da corrente na carga e a condução do diodo D2 no lugar de D1 . O interruptor S1 , a exemplo de S 2 na segunda etapa, recebe ordem de comando ao longo 45 desta etapa sob tensão e corrente nula. Ao final desta etapa o ciclo é reiniciado retornado a primeira etapa de operação. 4.2.6 Formas de Onda do Inversor Meia-Ponte As formas de onda relevantes do inversor meia-ponte são apresentadas na Fig. 4.6. Apresentam-se respectivamente as tensões de comando de S1 e S 2 , tensões e correntes em S1 , S2 , D1 , D2 e na carga. VGS1 Comando de S1 VGS2 VS1 I S1 VS2 I S2 t Comando de S2 Tensão de S1 t Corrente de S1 t Tensão de S2 Corrente de S2 t Corrente de D1 VD1 I D1 t Tensão de D1 VD2 I D2 Corrente de D2 t Tensão de D2 VCarga I Carga Corrente de Carga t Tensão de Carga t0 t1 T/2 t2 T Fig. 4.6 – Formas de onda para o inversor meia-ponte. 46 4.3 O Circuito de Comando O comando dos interruptores é realizado pelo circuito integrado UC3524. O UC3524 é um regulador PWM amplamente conhecido e utilizado pela indústria devido ao grande número de funções que encontram-se disponíveis. Pode-se citar: Duas saídas complementares (com coletor aberto), oscilador programável, amplificador de erro, fonte de referência, operação com freqüência fixa e modulação por largura de pulso. Na Fig. 4.7 pode-se observar um diagrama esquemático do CI UC3524. 16 15 14 13 12 11 Fonte Regulada Amp _ Erro + 01 02 03 10 09 S/D _ Lim Corr OSCILADOR + 04 05 06 07 08 Fig. 4.7 – Circuito interno do CI UC3524. Segue abaixo a descrição de cada pino deste circuito integrado: Pino 1 – Entrada inversora do amplificador de erro: é a entrada inversora do amplificador operacional de erro. Pino 2 – Entrada não inversora do amplificador de erro: é a entrada não inversora do amplificador operacional supracitado. Este amplificador pode ser utilizado para fazer a realimentação do circuito e o controle da largura de pulso de saída. Pino 3 – Saída do oscilador: é a saída do oscilador. Neste pino pode-se verificar a forma de onda, tipo dente de serra, que define a freqüência dos pulsos de saída. Pino 4 – Entrada inversora do limitador de corrente: é a entrada inversora do amplificador operacional realiza limitação de corrente da fonte. A limitação da razão cíclica de saída ocorre caso a tensão entre as entradas ultrapasse 200mV. Pino 5 – Entrada não inversora do limitador de corrente de corrente: é a entrada não inversora do amplificador operacional que realiza a limitação de corrente da fonte. Pinos 6 e 7 – Entrada do Oscilador: nestes pinos são conectados o resistor e o capacitor que definem a freqüência de oscilação. Pino 8 – Terra: é a referência de tensão de todo o circuito. 47 Pino 9 – Saída do amplificador de erro: esta é a tensão que será comparada com o sinal do oscilador. O resultado desta comparação fornece a razão cíclica dos pulsos de saída. Pino 10 – Shut Down: desabilita os pulsos de comando quando o nível é alto. Pino 11 e 12 – Emissor e coletor da saída “A”: respectivamente, pino emissor e coletor do transistor bipolar da saída “A”. Pino 13 e 14 – Coletor e emissor da saída “B”: respectivamente, o coletor e o emissor do transistor bipolar da saída “B”. Pinos 15 – Alimentação: é o pino de alimentação do circuito integrado. Pino 16 – Fonte regulada: fornece uma tensão de 5V estabilizada internamente. O inversor meia-ponte irá operar em malha aberta, facilitando o trabalho do projetista que deve apenas calcular o valor do resistor e do capacitor que definem a freqüência de comutação. Este cálculo é efetuado com o auxílio da expressão (4.1). fS = 1,18 R3 ⋅ C3 (4.1) O circuito integrado UC3524 não possui saídas isoladas para o comando dos interruptores, assim sendo, faz-se necessário o emprego de um circuito que propicie um sinal de comando adequado para o interruptor superior do braço. Há vários circuitos, conhecidos pela comunidade cientifica de eletrônica de potência, que realizam esta tarefa. Pode-se citar os transformadores de pulso e os optoacopladores, que isolam o circuito de comando do circuito de potência; os “bootstrap’s”, que propiciam o comando adequado para o braço superior, mas não provém isolação entre o comando e o estágio de potência; e outros. Optou-se pelo uso do circuito integrado IR2110, um “bootstrap” disponibilizado pela Internacional Rectifier [11]. Este tipo de circuito gera uma fonte flutuante com o auxílio de um capacitor (o capacitor “bootstrap”) e um diodo (o diodo “bootstrap”), proporcionando o comando adequado ao interruptor superior do braço. 48 O esquema típico de conexão do CI2110 é mostrado na Fig. 4.8, onde pode-se verificar a ligação do capacitor “bootstrap” ( CB ) , do diodo “bootstrap” ( DB ) , do interruptor inferior e do interruptor superior do braço. +500V Rg Interruptor Superior HO VDD VB HIN VS SD IR2110 CB DB Carga LIN VCC VSS COM LO Rg Interruptor Inferior Fig. 4.8 – Esquema típico de conexão do CI2110. A função de cada pino do CI2110 pode ser sumarizada: Pino VDD – Alimentação lógica: este CI pode operar com níveis lógicos diferentes entre a entrada e a saída. Este pino é a entrada de alimentação do lado da entrada dos pulsos de comando. Pino HIN – Entrada do sinal de comando do interruptor superior: é a entrada dos pulsos de comando do interruptor superior do braço. Este pino está sincronizado com o pino HO . Pino SD – Proteção: desabilita a saída caso este pino esteja em nível lógico alto. Pino LIN – Entrada do sinal de comando do interruptor inferior: é a entrada dos pulsos de comando do interruptor inferior do braço. Este pino está sincronizado com o pino LO . Pino VSS – Referência lógica: é a referência de tensão do lado de entrada do circuito. Pino HO – Saída do sinal de comando do interruptor superior: é a saída do sinal de comando do interruptor superior do braço. Este CI proporciona alta capacidade de corrente na saída, 2A de pico em cada saída. Pino VB – Fonte de tensão flutuante: é a fonte de tensão flutuante. Fornece a tensão necessária para comandar o interruptor superior do braço. 49 Pino VS – Referência da fonte flutuante: é a referência da fonte flutuante. Pino VCC – Alimentação do lado de saída: é a entrada da alimentação do lado de saída. Pino COM – Referência: é a referência da fonte de alimentação do lado da saída. Também é a referência da tensão de comando do interruptor inferior do braço. Pino LO – Saída do sinal de comando do interruptor inferior: é a saída do sinal de comando do interruptor inferior do braço. Este pino também possui a capacidade de fornecer 2A de pico. 4.4 Metodologia de Projeto do Indutor “Ballast” As lâmpadas de descarga, devido à sua característica de resistência negativa, necessitam de um elemento ou circuito capaz de limitar e estabilizar sua corrente após a ignição. O componente que realiza esta função é chamado de elemento “ballast”. Optou-se pelo uso de uma impedância indutiva em série com a lâmpada vapor de sódio para alcançar o objetivo de estabilização da corrente. O uso de um indutor como elemento “ballast” proporciona algumas vantagens quando comparado com uma impedância capacitiva: Forma de onda praticamente senoidal na lâmpada – o indutor realiza uma filtragem aplicando uma tensão praticamente senoidal a lâmpada. Esta característica é desejável pois, a injeção de potência à lâmpada com elevado conteúdo harmônico, pode excitar o fenômeno da ressonância acústica; Comutação suave na entrada em condução – a presença de um elemento indutivo no caminho da corrente da lâmpada, faz com que a corrente dos interruptores seja atrasada em relação à tensão, proporcionando a entrada em condução suave dos interruptores. Faz-se o uso de gráficos para realizar o cálculo do indutor “ballast”, porém vale salientar que estes gráficos são dependentes de algumas variáveis: VL ⇒ Tensão eficaz na lâmpada; IL ª Corrente eficaz na lâmpada; ª Resistência equivalente da lâmpada; RL = VL IL 50 ª fS Freqüência de comutação do inversor. O cálculo do indutor “ballast” (T4 ) , que encontra-se em série com a lâmpada de vapor de sódio de alta pressão, segue o seguinte roteiro. Adotar um ângulo φ e encontrar a indutância T4 no gráfico 1. Se o ponto de máxima potência do conversor é obtido com uma resistência menor que a nominal, deve-se aumentar o ângulo φ, caso contrário deve-se diminuir o φ. Encontrar, no gráfico 2, a tensão VAB necessária para obter potência nominal na lâmpada. Não. Verificar, com o auxílio do gráfico 3, se o ponto de máxima potência do conversor encontra-se na resistência nominal da lâmpada. Sim. Projeto concluído. Fig. 4.9 – Roteiro de projeto do indutor T4. Devido à dependência dos gráficos com os parâmetros já citados, será utilizado um exemplo para explicar o funcionamento do roteiro de cálculo. Será calculado o indutor “ballast” (T4 ) para a lâmpada de 400W . A referida lâmpada apresenta as seguintes características: VLef = 100V ⇒ Tensão eficaz da lâmpada; I Lef = 4 A ⇒ Corrente eficaz na lâmpada; RL = 25Ω ⇒ Resistência equivalente da lâmpada. O gráfico 1 apresenta o ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente nos terminais AB . A equação (4.2) mostra a expressão que gera o gráfico 1. − RL 2⋅ f S ⋅T4 −T 1+ e φ (T4 ) = 4 ⋅ ln RL 2 ⋅ 360 ⋅ f S (4.2) 51 Seguindo o primeiro passo do roteiro de cálculo, adotou-se φ = 37,82º e obteve-se no gráfico 1 o valor da indutância T4 de 150µH. 50 40 37,82º 30 φ ( T4 ) [ º ] 20 10 0 150µ H 0 50 100 T4 [µ H ] 150 200 Fig. 4.10 – Gráfico 1: variação do ângulo de defasagem entre tensão e corrente nos terminais AB versus indutância de filtro. O segundo gráfico apresenta a variação de potência na lâmpada em função da tensão eficaz nos terminais AB. Este ábaco é válido para f S = 27 kHz , RL = 25Ω e T4 = 150 µ H . A representação matemática deste gráfico está na equação (4.3). 1 PL (VAB ) = 2 ⋅ f S ⋅ RL ⋅ 2⋅ f S ∫ 0 VAB R L ⋅ 1 − e R − L ⋅t T4 − 2 RL 2⋅ f S ⋅T4 V 1− e ⋅e − AB ⋅ RL RL − f T 2 ⋅ ⋅ 1+ e S 4 R − L ⋅t T4 700 600 500 PL (VAB ) 400 [W] 400,043W 300 200 156,45V 100 100 120 140 160 VAB [V] 180 200 Fig. 4.11 – Gráfico 2: potência na lâmpada versus tensão VAB eficaz. dt (4.3) 52 Com o auxilio do gráfico 2 pode-se verificar que é necessária uma tensão eficaz de 156,45V no ponto VAB para se obter potência nominal na lâmpada. No gráfico 3 pode-se verificar se o ponto de máxima transferência de potência do conversor encontra-se na resistência nominal da lâmpada. Essa verificação é importante pois com o envelhecimento da lâmpada sua resistência equivalente sofre um aumento e, se o conversor entregar potência acima da nominal, a lâmpada terá sua vida útil diminuída. Observa-se que os valores de tensão eficaz na lâmpada e na indutância de filtro são aceitáveis, portanto não é necessário retornar ao início do projeto e ajustar o ângulo de defasagem entre a tensão no ponto VAB e a corrente na lâmpada. Tem-se o ponto de máxima potência na lâmpada (400,4W) quando a lâmpada atinge a resistência equivalente de 26,3Ω. 410 400 400,043W 390 380 PL ( RL ) [W] 370 360 350 25Ω 340 15 20 25 30 RL [Ω ] 35 40 Fig. 4.12 – Gráfico 3: potência na lâmpada versus resistência da lâmpada. Na Fig. 4.13 é mostrada a forma de onda de corrente na lâmpada. Devido ao uso do modelo resistivo sabe-se que sua tensão possui o mesmo formato. 53 10 5 I L(t) 0 -5 -10 t Fig. 4.13 – Forma de onda da corrente na lâmpada. 4.5 Metodologia de Projeto do Autotransformador T3 A metodologia de projeto do indutor “ballast” prova que a tensão VAB influencia diretamente na potência entregue à lâmpada. Caso a tensão de barramento não possua o valor adequado, duas vezes o valor de VAB , deve-se fazer a adaptação desta tensão VAB antes dela ser aplicada ao filtro. Sugere-se o emprego de um autotransformador, entre os terminais AB e a entrada do filtro, para garantir a injeção de potência nominal na lâmpada. O projeto deste autotransformador resulta da união da técnica empregada no projeto de autotransformadores de baixa freqüência (50Hz, 60Hz) [12] com a metodologia utilizada no projeto de transformadores de alta freqüência [13]. O modelo elétrico do autotransformador é apresentado na Fig. 4.14. A vista superior do autotransformador pode ser visualizada na Fig. 4.15. É obrigatório que a bobinagem dos enrolamentos que compõe o primário seja realizada no mesmo sentido. Pr1 C Primário Sc1 Secundário Pr2 Sc2 Fig. 4.14 – Modelo elétrico do autotransformador. 54 Pr1 Primário Sc1 Secundário Pr2 Sc2 Fig. 4.15 – Vista superior do autotransformador. O valor da tensão no secundário do autotransformador, obtido durante o cálculo do indutor “ballast”, juntamente com a tensão aplicada ao primário, proveniente do conversor CA-CC, definem a relação de transformação conforme apresentado em (4.4). a= VS _ ef VAB = 0,5 ⋅ VBarramento VP _ ef (4.4) A potência aparente transformada é mostrada na equação (4.5). St = I P _ ef ⋅ (VP _ ef − VS _ ef ) = I Lef ⋅ a ⋅ (VP _ ef − VS _ ef ) (4.5) O cálculo do produto das áreas ( AeAw ) é dependente dos fatores: kp ⇒ Fator de enrolamento; ku ª Fator de utilização; J max ª Máxima densidade de corrente; ∆Bmax ª Máxima excursão de fluxo magnético. Tem-se o produto das ares na equação (4.6). AeAw = St 2 ⋅ ku ⋅ kp ⋅ J max ⋅ ∆Bmax ⋅ f S (4.6) O cálculo do produto AeAw possibilita escolher o núcleo a ser utilizado. A definição do núcleo fixa as seguintes características: Ae ⇒ Aw ª Área efetiva; Área da janela; Vn ª Volume do núcleo; lm ª Comprimento médio de uma espira. O número de espiras dos enrolamentos primário e secundário pode ser obtido com as expressões (4.7) e (4.8). 55 NP = VP 2 ⋅ Ae ⋅ ∆Bmax ⋅ f S (4.7) NS = a ⋅ NP 4.5.1 (4.8) Cálculo do Número de Condutores em Paralelo A corrente eficaz que circula no enrolamento “c” é igual à corrente eficaz na lâmpada multiplicada pela relação de transformação. A corrente indicada é expressada em (4.9). I c _ ef = a ⋅ I Lef (4.9) Para minimizar as perdas por efeito pelicular, o diâmetro do condutor a ser utilizado deve ser menor ou igual a duas vezes à profundidade de penetração dada pela equação (4.10). ∆= 7,5 fS (4.10) Onde o fator “7,5” é o coeficiente de penetração definido para a temperatura de 100ºC. A área de cobre necessária para o enrolamento “c” é definida pela expressão (4.11). Scu _ c = I c _ ef (4.11) J max O número de fios em paralelo do enrolamento “c” é facilmente calculado dividindo a área de cobre necessária pela área de cobre do condutor elementar, conforme mostrado em (4.12). Num fios _ c = Scu _ c (4.12) Scu _ elementar De forma análoga tem-se para o enrolamento secundário as expressões (4.13) e (4.14). Scu _ sec = I c _ ef − I ef _ sec Num fios _ sec = J max = Scu _ sec Scu _ elementar I c _ ef ⋅ (1 − a ) J max (4.13) (4.14) 56 4.6 O Circuito de Ignição Nesta seção é mostrado o circuito de ignição utilizado. Segundo [15] é necessário aplicar um pulso de tensão de 2.500V para realizar a ignição de lâmpadas de vapor de sódio de 250W e 400W. O circuito da Fig. 4.16 aplica pulsos de tensão a lâmpada para prover sua ignição. O seu funcionamento é baseado em um componente chamado SIDAC. O SIDAC é um componente bilateral em tensão e em corrente. Seu modo de operação é semelhante ao de um diac, mas com maior capacidade de tensão e corrente. + - R 18 + - D18 R 20 V/2 D17 D19 V/2 Lâmpada S1 C 14 C 13 Sidac C 15 Aux T4 S2 R 19 T4 Fig. 4.16 – Circuito de ignição. O princípio de funcionamento deste circuito é simples. A tensão alternada proveniente do circuito do inversor meia-ponte é retificada pelo retificador dobrador de tensão composto por R18 , R19 , D17 , D19 , C13 e C14 . A tensão retificada, que está aplicada sobre os capacitores do dobrador de tensão, carrega o capacitor C15 através do resistor R20 . Quando a tensão do capacitor C15 atinge o valor da tensão de ruptura do SIDAC, este entra em condução e a tensão de C15 é aplicada ao enrolamento auxiliar ( AuxT 4 ) do indutor T4 . A escolha adequada da relação de transformação entre o indutor de filtro (T4 ) e o seu enrolamento auxiliar ( AuxT 4 ) , faz com que a lâmpada, através do indutor, receba o pulso de ignição no valor apropriado. Na Fig. 4.17 é apresentada uma forma de onda do pulso de ignição, obtida em laboratório, com este circuito. A escala de tensão é de 1.000V por divisão. Pode-se verificar que a tensão obtida é 2.460V, muito próxima dos 2.500V que eram esperados. 57 1 kV/Div k k k Fig. 4.17 – Pulso de ignição. 4.7 Dimensionamento dos Interruptores Nesta seção faz-se a escolha dos interruptores utilizados e o cálculo do dissipador exigido [14]. Vale salientar que o cálculo apresentado considera o uso de interruptores do tipo IGBT. Sabendo que a forma de onda de corrente na lâmpada é aproximadamente senoidal, que a razão cíclica máxima de operação do conversor é 0,5 e que a relação de transformação do autotransformador T3 é “a”, pode-se calcular as correntes média, eficaz e de pico no interruptor através das expressões (4.15), (4.16) e (4.17) respectivamente. I CEef = I Lef ⋅ a I CEmed = 2 I Lef ⋅ 2 ⋅ a π I CEPico = I Lef ⋅ a ⋅ 2 (4.15) (4.16) (4.17) 58 Neste instante faz-se a escolha do interruptor definindo as propriedades: 4.7.1 VCE max ⇒ Máxima tensão de bloqueio; VCE ( on ) ⇒ Tensão entre coletor e emissor durante a condução; tf ⇒ Tempo de descida da tensão; Tj ⇒ Máxima temperatura de junção; RJC ⇒ Resistência térmica entre a junção e a cápsula; RCA ⇒ Resistência térmica entre a cápsula e o ambiente. Perda por Condução em Cada IGBT No IGBT a perda em condução, apresentada na expressão (4.18), é o produto da tensão coletor-emissor pela corrente média do componente. PcondIGBT = VCE ( on ) ⋅ I CEmed 4.7.2 (4.18) Perda por Comutação em Cada IGBT Entrada em condução: Devido à característica indutiva da carga, a entrada em condução do interruptor é efetuada sob corrente e tensão nula, assim pode-se considerar que só existe perda de comutação durante o bloqueio do interruptor. Bloqueio do interruptor: O tempo de subida da tensão coletor-emissor pode ser obtido através da equação (4.19). trv = 2 ⋅ t f 5 (4.19) A máxima potência instantânea dissipada durante a comutação é mostrada em (4.20). PMAX = Vcc ⋅ I CEPico (4.20) 59 A perda durante o bloqueio é calculada empregando-se a expressão (4.21). ( ) PoffIGBT = 1 ⋅ PMAX ⋅ trv + ξ ⋅ PMAX ⋅ fs 2 (4.21) Onde a constante ξ é obtida através da relação (4.22). ξ= 4.7.3 tf ln ( PMAX ) − ln ( 0,1 ⋅ PMAX ) (4.22) Perda Total em Cada IGBT A perda total em cada IGBT é dada pela soma da perda em condução com a perda por comutação, conforme informa a expressão (4.23). PIGBT = PIGBTcond + PIGBToff 4.7.4 (4.23) Dimensionamento do Dissipador Vale salientar que o cálculo apresentado considera os dois interruptores no mesmo dissipador. A verificação da necessidade do uso de um dissipador para o inversor meiaponte exige que o projetista especifique alguns parâmetros: Tamb ⇒ Temperatura ambiente; TJ max ª Máxima temperatura de junção segundo restrições do componente. A máxima elevação de temperatura no componente é calculada utilizando a equação (4.24). ∆T = TJ max − Tamb = 50º C (4.24) A máxima resistência térmica admitida entre a junção e o ambiente pode ser encontrada usando (4.25). RJA = ∆T 2 ⋅ PIGBT (4.25) A resistência térmica do dissipador é expressa por (4.26). RDA = RJA − RJC + RCA 2 (4.26) 60 4.8 Conclusão No capítulo 4 foram apresentados o circuito inversor meia-ponte, o circuito de comando dos interruptores e o circuito de ignição da lâmpada de vapor de sódio. Foram descritas as etapas de operação, destacando que a entrada em condução dos interruptores é suave enquanto o bloqueio é dissipativo. Uma metodologia de cálculo do indutor “ballast”, que realiza a filtragem e a estabilização da corrente da lâmpada, também foi explorada. O circuito de comando proposto, usando o circuito integrado UC3524, fornece razão cíclica fixa e igual a 0,5. Sendo que a tarefa de adequar os pulsos do interruptor superior do braço é realizada pelo circuito “bootstrap” IR2110. Para garantir potência nominal na lâmpada, quando utilizando o conversor elevador no estágio de entrada, sugeriu-se o emprego de um autotransformador e gerou-se uma metodologia de projeto para o mesmo. Mostrou-se o circuito de ignição da lâmpada e o seu princípio de funcionamento. E o projeto dos interruptores de potência, bem como do dissipador adequado para limitar a sua elevação de temperatura também foi apresentado. 61 5 Capítulo Projeto, Simulação e Experimentação dos Reatores de 250W 5.1 Introdução No presente capítulo são mostrados o projeto, a simulação e os resultados experimentais, de dois reatores eletrônicos para lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão de 250W. Os projetos são realizados seguindo as metodologias apresentadas nos Capítulos 2, 3 e 4. As simulações, quando possível, são efetuadas com os modelos reais dos componentes, visando uma maior aproximação destes resultados com a experimentação prática. A montagem dos protótipos valida os resultados obtidos no projeto e via simulação numérica. Primeiramente faz-se o projeto do reator com o estágio passivo de correção de potência e apresentam-se os seus resultados. O projeto do estágio ativo de correção do fator de potência e as adaptações necessárias no circuito inversor, são demonstrados na seqüência, bem como as simulações e os ensaios de bancada do reator eletrônico operando com o conversor elevador. 5.2 Projeto do Estágio Passivo de Correção do Fator de Potência Conforme foi comprovado no Capítulo 2 algumas variáveis devem ser especificadas no início do projeto. Vin _ ef = 220V ⇒ Tensão eficaz de entrada; f rede = 60 Hz ª Freqüência da rede de alimentação; VO = 300V ª Tensão de barramento; PL = 250W ª Potência na lâmpada; ηinv = 95% ª Rendimento estimado do inversor; η pfc = 95% ª Rendimento estimado do PFC passivo. O primeiro passo é calcular o fator de tensão (5.1) e a corrente de saída (5.2). 62 VO 300 = = 0,965 2 ⋅ Vin _ ef 311 (5.1) PL 250 = = 0,877 A ηinv ⋅VO 0,95 ⋅ 300 (5.2) FV = IO = Seguindo os critérios adotados obtém-se, na curva de característica de saída Fig. 2.9, a relação entre a corrente média de curto-circuito e a corrente de saída de 0,44 para uma relação de freqüências de 2,5. Pode-se portanto, empregar a relação (5.3). I CC _ med = IO = 1,994 A 0, 44 (5.3) Utilizando este valor, na equação (5.4) tem-se a corrente eficaz de curto circuito. I CC _ ef = I CC _ med 0,9 = 1,994 = 2, 225 0,9 (5.4) Pode-se encontrar os valores de L1 e C1 através das equações (2.9) e (2.10). L1 = C1 = Vin _ ef 2 ⋅ π ⋅ f rede ⋅ I CC _ ef = 220 ≅ 265mH 2 ⋅ π ⋅ 60 ⋅ 2, 225 1 1 = ≅ 4, 2 µ F 2 2 2 2 −3 4 ⋅ π ⋅ a ⋅ f rede ⋅ L1 4 ⋅ π ⋅ 2,5 ⋅ 60 ⋅ 265 ⋅10 2 2 (5.5) (5.6) Na Fig. 2.10 verifica-se que o fator de potência esperado é 0,96. Assim pode-se calcular a corrente média nos diodos da ponte retificadora utilizando a expressão (5.7). I D _ med = PL ⋅ 2 250 ⋅ 2 = = 0,59 A 2 η pfc ⋅ηinv ⋅Vin _ ef ⋅ FPest ⋅ π 0,95 ⋅ 220 ⋅ 0,96 ⋅ π (5.7) Especifica-se para a ponte retificadora de entrada o diodo 1N4004. Este diodo tem como características: I 4004 _ med = 1A ⇒ Corrente média suportada, para excitação senoidal de 60Hz; VRRM = 400V ª Máxima tensão reversa. 63 5.2.1 Estudo Via Simulação do Retificador Passivo de Elevado Fator de Potência Na Fig. 5.1 é mostrado o circuito do retificador passivo simulado. 265mH 311*sen(wt) 4 x 1N4004 + 220uF 4,0uF _ 342ohm Fig. 5.1 – Retificador passivo simulado. Na Fig. 5.2 são apresentadas as formas de onda de tensão e corrente de entrada do retificador. 400 V(Vac) 200 I(Vac)*100 0 -200 -400 Time Fig. 5.2 – Tensão e corrente de entrada para potência nominal de saída. A forma de onda de corrente foi multiplicada por cem (100 ) para facilitar a visualização. Como se pode observar apresenta um formato aproximadamente senoidal e está em fase com a tensão, o que garante elevado fator de potência. A ondulação da tensão de saída é menor que 5%, como é mostrado na Fig. 5.3. 64 302V Tensão de saída 300V 298V 296V 294V 292V 290V Time Fig. 5.3 – Tensão de barramento com carga nominal. Este sistema passivo opera em malha aberta, ou seja não regula a tensão de barramento ou a corrente de entrada. Nas Fig. 5.4, Fig. 5.5 e Fig. 5.6 são mostradas respectivamente a variação da tensão de saída, a variação do ângulo de deslocamento entre a tensão e a corrente de entrada e a taxa de distorção harmônica da corrente de entrada quando a carga é variada de zero ao valor nominal. 380 362 344 Vout 326 308 290 0 60 120 Pout 180 240 300 Fig. 5.4 – Tensão de saída versus potência de saída. -100 -80 -60 φ -40 -20 0 0 60 120 Pout 180 240 300 Fig. 5.5 – Ângulo de defasagem entre a corrente e a tensão de entrada versus potência de saída. 65 40 32 24 THD 16 8 0 0 60 120 Pout 180 240 300 Fig. 5.6 – Taxa de distorção harmônica da corrente de entrada versus potência de saída. A curva do fator de potência em função da potência mostra, conforme analisado no estudo teórico, que o fator de potência é elevado para uma potência de saída próxima da nominal. Esta curva pode ser visualizada na Fig. 5.7. 1 0.8 0.6 FP 0.4 0.2 0 0 60 120 Pout 180 240 300 Fig. 5.7 – Fator de potência versus potência de saída. 5.2.2 Estudo Experimental do Retificador Passivo de Elevado Fator de Potência Efetuou-se a montagem de um protótipo de laboratório, com os valores de componentes obtidos na seção 5.2, para verificar a validade do projeto. A Fig. 5.8 mostra a corrente e a tensão de entrada na condição de potência nominal. 66 100V/Div 1A/Div Fig. 5.8 – Tensão e corrente de entrada do retificador passivo. Observa-se que a forma de onda da corrente de entrada é bem próxima daquela obtida anteriormente. Na Tabela 1 são apresentados alguns dados obtidos. Um fator que merece ser destacado é o elevado fator de potência obtido. Tabela 1 – Resultados experimentais obtidos. Ensaio com o retificador passivo Tensão Corrente Potência de entrada THD da tensão THD da corrente Fator de potência Ângulo de deslocamento 213V 1,3A 273W 3,06% 19,03% 0,983 2,37º A decomposição da corrente de entrada em termos de suas componentes harmônicas é mostrada na Fig. 5.9. 67 18,5% 16,6% 14,8% 12,9% 11,1% 9,2% 7,4% 5,5% 3,7% 1,8% 0,0% 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 283032343638404244464850 Magnitude das harmônicas como porcentagem da componente fundamental. Fig. 5.9 – Componentes harmônicas da corrente de entrada. Verifica-se que a terceira harmônica é a principal componente que contribui para a distorção da corrente. Na Fig. 5.10 observa-se a tensão de barramento do reator. 100V/Div Fig. 5.10 – Tensão de barramento. A diferença entre o valor obtido ( 280V ) e o valor esperado ( 300V ) se deve a aproximação no cálculo do capacitor C1 para um valor comercial. 68 A variação da tensão de saída em função da potência fornecida é apresentada na Fig. 5.11. Verifica-se que o comportamento é semelhante ao obtido via simulação numérica. Tensão de Saída Versus Potência de Saída 305 Tensão de Saída [V] 300 295 290 285 280 275 100 150 200 250 Potência da Saída [W] Fig. 5.11 – Tensão de saída em função da potência fornecida. O conversor obteve rendimento superior quando operado com potência um pouco abaixo da nominal, este fato é comprovado na Fig. 5.12. Rendimento Versus Potência de Saída 95,9 95,8 Rendimento [%] 95,7 95,6 95,5 95,4 95,3 95,2 95,1 95 94,9 100 150 200 250 Potência da Saída [W] Fig. 5.12 – Rendimento em função da potência fornecida. 69 5.3 Projeto do Inversor Meia-Ponte 5.3.1 Cálculo do indutor “Ballast” Faz-se o uso de três gráficos para realizar o cálculo do indutor “ballast”. É importante salientar que estes gráficos são dependentes das seguintes variáveis: VLef = 90,8V ⇒ Tensão eficaz na lâmpada; I Lef = 2,75 A ª Corrente eficaz na lâmpada; RL = 90,8 = 33, 02Ω ª 2, 75 f S = 27 kHz ª Resistência equivalente da lâmpada; Freqüência de comutação do inversor. Iniciando o roteiro de cálculo, adotou-se φ = 38,1º e obteve-se no gráfico da Fig. 5.13 o valor da indutância T4 de 200µH. 50 38,1º 40 φ ( T4 ) [ º ] 30 20 200 µH 10 0 0 50 100 150 200 250 T4 [µ H ] Fig. 5.13 – Gráfico 1: variação do ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente nos terminais AB versus indutância de filtro. 70 500 400 PL (VAB ) 300 250,6W [W] 200 100 100 143,0V 120 140 160 VAB [V] 180 200 Fig. 5.14 – Gráfico 2: potência na lâmpada versus tensão VAB eficaz. Dando seqüência ao roteiro de projeto do indutor “ballast”, com o auxílio do gráfico da Fig. 5.14, fica estabelecido o valor eficaz da tensão VAB . No gráfico 3 é verificado que o ponto de máxima transferência de potência do conversor encontra-se na resistência nominal da lâmpada. O ponto de máxima potência na lâmpada ( 250,85W ) ocorre para uma resistência equivalente de 34,9Ω . 260 250,6W 240 PL ( RL ) [W] 220 200 180 33,2Ω 10 20 30 40 50 RL [ Ω ] Fig. 5.15 – Gráfico 3: potência na lâmpada versus resistência da lâmpada. 60 71 5.3.2 Dimensionamento dos Interruptores O reator eletrônico com o estágio passivo de correção de fator de potência não necessita do autotransformador para adaptar a tensão entregue a lâmpada. Portanto a relação de transformação é unitária ( a = 1) . As equações (5.8), (5.9) e (5.10) permitem calcular a corrente eficaz, média e de pico nos IGBT’s. I CEef = I Lef ⋅ a 2 = 2, 75 = 1,945 A 2 I Lef ⋅ 2 ⋅ a I CEmed = π = 2, 75 ⋅ 2 π (5.8) = 1, 238 A I CEPico = I Lef ⋅ a ⋅ 2 = 2, 75 ⋅ 2 = 3,889 A (5.9) (5.10) Escolheu-se o interruptor do tipo IGBT modelo IRG4PC40UD produzido pela International Rectifier. Este IGBT tem como características: VCE max = 600V ⇒ Máxima tensão de bloqueio; VCE ( on ) = 1, 0V ª Tensão entre coletor e emissor durante a condução; t f = 130ns ª Tempo de descida da tensão; T j = 150º C ª Temperatura de junção máxima; ª Resistência térmica entre a junção e a cápsula; ª Resistência térmica entre a cápsula e o ambiente. RJC = 1, 7 º C W RCA = 0, 24 º C W Perda por Condução em Cada IGBT A perda em condução é obtida através da equação (4.18). PcondIGBT = VCE ( on ) ⋅ I CEmed = 1⋅1, 238 = 1, 238W (5.11) Perda no bloqueio do interruptor: Tem-se o tempo de subida da tensão coletor-emissor em (5.12). trv = 2 ⋅ t f = 52ns 5 (5.12) A máxima potência instantânea dissipada durante a comutação é dada pela expressão (4.20), onde Vcc é a tensão de barramento obtida no protótipo de laboratório Vcc = 280V . 72 PMAX = Vcc ⋅ I CEPico = 280 ⋅ 3,889 = 1.089W (5.13) A constante ξ é função da máxima potência instantânea. Seu valor é mostrado em (5.14) ξ= tf ln ( PMAX ) − ln ( 0,1 ⋅ PMAX ) = 56, 458ns (5.14) A perda durante o bloqueio é calculada empregando-se a expressão (5.15). ( ) PoffIGBT = 1 ⋅ PMAX ⋅ trv + ξ ⋅ PMAX ⋅ fs = 2, 424W 2 (5.15) Perda Total em Cada IGBT A perda total em cada IGBT é apresentada na equação (5.16). PIGBT = PIGBTcond + PIGBToff = 1, 238 + 2, 424 = 3, 662W 5.3.3 (5.16) Dimensionamento do Dissipador Para o dimensionamento são especificadas as seguintes temperaturas: Tamb = 50º C ⇒ Temperatura ambiente; TJ max = 100C º ª Máxima temperatura de junção (segundo recomendações do fabricante). Portanto, a máxima elevação de temperatura admitida fica definida em (5.17). ∆T = TJ max − Tamb = 50º C (5.17) A resistência térmica do dissipador deve ser menor ou igual ao valor obtido em (5.18). RDA = ∆T R + RCA − JC = 5,857 º C W 2 ⋅ PIGBT 2 (5.18) 73 O dissipador da versão final do reator será o próprio invólucro do mesmo. Sendo que não se conhece a forma definitiva do invólucro, apenas indica-se que a massa aproximada desse dissipador deve ser de 100g . Estudo Via Simulação do Inversor Meia-Ponte O circuito inversor simulado está mostrado na Fig. 5.16. 5.3.4 15ohm 1uF IRG4PC40UD 200uH 1N4744A 33,02ohm T4 15ohm 280V R Lampada IRG4PC40UD 1uF 1N4744A Fig. 5.16 – Circuito inversor simulado. As formas de onda de corrente e tensão em um IGBT, para um período de comutação, estão apresentados na Fig. 5.17. Observa-se que a entrada em condução é suave, devido ao uso de um indutor de elemento “ballast”, e que não há problemas de sobre-tensão durante o bloqueio do interruptor, apesar desta comutação ser dissipativa. 500 Tensão no IGBT Corrente no IGBT x 100 0 -500 430us 440us 450us 460us Time 470us 480us 490us 500us Fig. 5.17 – Tensão e corrente em um dos IGBT’s. A forma de onda de tensão na lâmpada, mostrada na Fig. 5.18, confirma a metodologia de projeto, já que a tensão entregue é muito próxima da nominal. Devido ao 74 emprego de um modelo resistivo para a lâmpada sabe-se que a corrente e a potência também se encontram no valor nominal. 150V Tensão na lâmpada 100V Valor eficaz = 90,75V 0V -100V -150V 430us 440us 450us 460us Time 470us 480us 490us 500us Fig. 5.18 – Tensão na lâmpada. 5.3.5 Estudo Experimental do Inversor Meia-Ponte Nesta seção são mostrados os resultados experimentais do reator eletrônico projetado. Alimentou-se uma lâmpada de vapor de sódio de 250W com o inversor meiaponte projetado e o retificador passivo já testado. As tensões de comando dos interruptores são apresentadas na Fig. 5.19. 5V/Div 5V/Div Fig. 5.19 – Tensões de comando de ambos os interruptores. Verifica-se que o circuito “bootstrap” fornece uma tensão de comando adequada para ambos os interruptores. 75 A tensão e a corrente de um dos interruptores é visualizada na Fig. 5.20. 100V/Div 2A/Div Fig. 5.20 – Tensão e corrente no interruptor IGBT. A entrada em condução do IGBT é suave, ocorre sob tensão e corrente nulas, e pode ser confirmada na Fig. 5.21. 100V/Div 2A/Div Fig. 5.21 – Detalhe da entrada em condução do IGBT. Na Fig. 5.22 é comprovado que o bloqueio do interruptor é dissipativo, conforme havia sido previsto no estudo teórico. Vale ressaltar que o bloqueio apesar de dissipativo é bem comportado, ou seja, não ocorrem sobre-tensões ou oscilações durante o mesmo. 76 100V/Div 2A/Div Fig. 5.22 – Detalhe do bloqueio do IGBT. A tensão e corrente na lâmpada são apresentadas na Fig. 5.23. 50V/Div 2A/Div Fig. 5.23 – Tensão e corrente na lâmpada. As formas de onda da Fig. 5.23 são muito próximas, tanto em sua forma como no seu valor eficaz, dos resultados desejados, validando o projeto realizado. Verifica-se que a inclusão do circuito de ignição da lâmpada não altera a operação do circuito em regime 77 permanente. Fica comprovado experimentalmente a validade do modelo resistivo, sendo que a resistência equivalente da lâmpada pode ser calculada através da relação (5.19). Req = Vef I ef = 90,5 = 32, 047Ω 2,824 (5.19) O reator para lâmpadas de vapor de sódio, com o estágio passivo de correção do fator de potência, obteve rendimento de 90,6% operando com tensão nominal na entrada e com a lâmpada de vapor de sódio como carga. 5.4 Projeto do Estágio Ativo de Correção do Fator de Potência O procedimento de projeto exige algumas especificações: Vin _ min = 180V ⇒ Mínima tensão eficaz de alimentação; Vin _ max = 264V ª Máxima tensão eficaz de alimentação; f rede = 60 Hz ª Freqüência da tensão de alimentação; VO = 400V ª Tensão de saída do conversor; ∆VO = 2% ª Ondulação da tensão de saída do conversor; PO = 250W ª Potência de saída do conversor; f S = 70kHz ª Freqüência de comutação; ηBoost = 95% ª Rendimento esperado; Tamb = 50º C ª Temperatura ambiente adotada; T j _ ad = 100º C ª Máxima temperatura de junção admitida; I in _ cc = 7 A ª Máxima corrente na entrada do conversor elevador, utilizada para o cálculo da proteção de corrente. Vale observar que neste projeto não foram consideradas as perdas do inversor meia-ponte, porém recomenda-se fortemente que estas sejam incluídas em projetos futuros. 5.4.1 Cálculo do Indutor Lb A máxima corrente na entrada do conversor é calculada com o auxílio da equação (3.1). I in _ max = 2 ⋅ PO 2 ⋅ 250 = = 2, 068 A ηBoost ⋅Vin _ min 0,95 ⋅180 (5.20) 78 Pode-se calcular a ondulação de corrente no indutor Lb empregando a expressão (5.21). ∆iLb = 0, 25 ⋅ I in _ max = 0, 25 ⋅ 2, 068 = 0,517 A (5.21) A máxima corrente de pico no indutor (5.22) é a soma da máxima corrente de pico de entrada a com metade da ondulação de corrente no indutor. I Lb _ max = I in _ max + ∆iLb 0,517 = 2, 068 + ≅ 2, 4 A 2 2 (5.22) O valor da mínima razão cíclica de operação é mostrado na equação (5.23). D= VO − Vin _ min ⋅ 2 VO 400 − 180 ⋅ 2 = 0,364 400 = (5.23) A indutância Lb é obtida com o auxílio da equação (3.5). Lb = 5.4.2 2 ⋅Vin _ min ⋅ D f S ⋅ ∆iLb = 2 ⋅180 ⋅ 0,364 ≅ 2,5mH 70 ⋅103 ⋅ 0,517 (5.24) Dimensionamento Físico do Indutor Lb Para dar seqüência a metodologia apresentada, define-se as seguintes variáveis: kew = 0,5 ⇒ Fator de ocupação do indutor; Bmax = 0,3T ª Máxima densidade de fluxo magnético; ª Máxima densidade de corrente. J max = 250 A cm 2 O produto AeAw é obtido com a expressão (5.25). AeAw = Lb ⋅ I in _ max 2 Bmax ⋅ J max ⋅ kew = 2,5 ⋅10−3 ⋅ 2, 0682 = 2,85cm 4 0,3 ⋅ 250 ⋅ 0,5 (5.25) O núcleo escolhido é o EE42/20, de material IP12, fabricado pela Thornton. As características deste núcleo são: Ae = 2, 4cm 2 ⇒ Área da seção transversal do núcleo; Aw = 1, 75cm 2 ª Área da janela do núcleo; AeAw = 3,87cm 4 ª Fator AeAw; lt = 10,5cm ª Comprimento médio de uma espira; Ve = 23,3cm3 ª Volume do núcleo. O número de espiras do indutor Lb é calculado utilizando a equação (5.26). 79 N Lb = LB ⋅ I in _ max Bmax ⋅ Ae = 2,5 ⋅10−3 ⋅ 2, 068 ≅ 72 espiras 0,3 ⋅ 2, 4 (5.26) A seção de cobre necessária para o/os condutor/es do indutor Lb é calculada em (5.27). S Lb = I in _ max J max ⋅ 2 = 2, 068 A = 5,848 ⋅10−3 cm 2 A 250 ⋅ 2 cm 2 (5.27) Serão utilizados 6 condutores de bitola 27AWG, o resultado é expressado em (5.28). 6 ⋅ S 27 AWG = 6 ⋅1, 021 ⋅10−3 = 6,127 ⋅10−3 cm 2 (5.28) O entreferro é obtido com a relação (5.29). N Lb ⋅ µ o ⋅ Ae = 0, 625mm Lb 2 lg = 5.4.3 (5.29) Cálculo do Capacitor de Saída O capacitor CO pode ser obtido utilizando a expressão (5.30). CO = PO 250 = ≅ 105µ F 4 ⋅ π ⋅ f rede ⋅ VO ⋅ ∆VO 4 ⋅ π ⋅ 60 ⋅ 400 ⋅ 8 (5.30) Apesar da expressão (5.30) sugerir um capacitor de 105µ F será adotado um capacitor de 220µ F , seguindo a regra prática de 1µ F 5.4.4 W . Dimensionamento dos Semicondutores de Potência A corrente média no diodo Db é obtida em (5.31). I Db _ med = PO 250 = = 0, 625 A VO 400 (5.31) A tensão de bloqueio do diodo Db é a própria tensão de barramento ( 400V ) , visto que a ondulação de tensão na saída é muito pequena. Para satisfazer estes critérios especifica-se o diodo MUR460 que possui como características: I MUR 460 _ med = 4 A ⇒ Corrente média; VMUR 460 _ RRM = 600V ª Tensão máxima de bloqueio. A corrente eficaz no interruptor principal é calculada em (5.32). 80 2 2 I Sb _ ef = 2, 068 3 2 ⋅180 ⋅1, 462 − ⋅ = 1, 22 A 2 8 400 (5.32) O interruptor escolhido é o IRFP460 fabricado pela Intenational Rectifier que tem os seguintes dados em seu catálogo: VDS _ max = 500V ⇒ Máxima tensão de bloqueio; rDS _ on = 0, 27Ω ª Resistência de condução @ 20ºC; t f = 58ns ª Tempo de descida da tensão; tr = 59ns ª Tempo de subida da tensão; T j = 150º C ª Máxima temperatura de junção; ª Resistência térmica entre a junção e a cápsula; ª Resistência térmica entre a cápsula e o ª Resistência térmica entre a junção e o R jc = 0, 45 º C W Rcd = 0, 24 º C W dissipador; R ja = 40 º C W ambiente. A perdas por comutação e por condução no IRFP460 são dadas pelas equações (5.33) e (5.34). PSb _ com = 70 ⋅103 ⋅ ( 59 + 58 ) ⋅10−9 ⋅ 400 ⋅ 2, 068 = 3,387W 2 PSb _ cond = 2 ⋅ 0, 27 ⋅1, 222 = 0,804W (5.33) (5.34) A resistência térmica do dissipador é calculada através da expressão (3.17). Rda = 100 − 50 − 0, 45 − 0, 24 = 11, 242 º C W 3,387 + 0,804 (5.35) Portanto há a necessidade do emprego de um dissipador de aproximadamente 50 g de massa. 5.4.5 Cálculo do Resistor Shunt e da Proteção Contra Sobrecorrente A equação (3.18) permite o cálculo do resistor shunt. RSh = VSh 1 = = 0, 484Ω I in _ max 2, 068 (5.36) 81 Serão utilizados quatro resistores de 1Ω /1W em paralelo, resultando na resistência equivalente apresentada em (5.37). RSh = 0, 25Ω / 4W (5.37) A máxima queda de tensão sobre o resistor shunt é mostrada na equação (5.38). VSh _ max = I in _ cc .RSh = 7 ⋅ 0, 25 = 1, 75V (5.38) Adotando-se R9 = 10k Ω , tem-se, com a expressão (5.39), o valor do resistor de sobrecorrente. R8 = 5.4.6 VSh _ max ⋅ R9 Vref = 1, 75 ⋅10 ≅ 2, 2k Ω 7,5 (5.39) Cálculo dos Resistores R1, R2 e Definição da Freqüência de Comutação Escolhendo R16 = 10k Ω tem-se o máximo valor de corrente na saída do multiplicador de corrente empregando a equação (5.40). I mult = 3, 75V = 375µ A 10 ⋅103 (5.40) Lembrando que a freqüência de comutação é 70kHz , pode-se obter o valor do capacitor C5 em (5.41). C5 = 1, 25 ≅ 1,8nF 10 ⋅103 ⋅ 70 ⋅103 (5.41) O valor dos resistores R1 e R2 é dado pela relação (5.42). R1 = R2 = 5.4.7 VSh _ max I mult = 1, 75 ≅ 4, 7 k Ω 375 ⋅10−6 (5.42) Cálculo da Malha de Corrente Baseado nos critérios de posicionamento de pólos e zeros sugerido por Souza [8] tem-se: fC = f S 70 ⋅103 = = 11, 667 kHz 6 6 ª Freqüência de cruzamento; ωp = 2 ⋅π ⋅ fS ≅ 220 ⋅103 rad s 2 ª Freqüência do pólo; ª Freqüência do zero. ωz = ωp 10 = 22 ⋅103 rad s 82 O ganho da planta na freqüência de corte desejada pode ser encontrado utilizando a expressão (5.43). 0, 25 ⋅ 400 = −19,909dB GPc (ωC ) = 20 ⋅ log 2 ⋅ π ⋅ 70 ⋅ 5, 4 ⋅ 2,5 6 (5.43) Os gráficos de módulo e fase da malha de corrente do conversor elevador são apresentados na Fig. 5.24. Os diagramas confirmam que o sistema é estável, quando operado em malha fechada, porém a freqüência de cruzamento é menor que a desejada, o que comprova a necessidade de um regulador de corrente com ganho adequado. Módulo da Planta 100 50 G mod_planta ( f ) 0 50 100 1 10 100 3 10 f [Hz] 10 4 10 5 10 6 Fase da Planta 89.9 89.95 G fas_planta( f ) 90 90.05 90.1 1 10 100 3 10 f [Hz] 10 4 10 5 Fig. 5.24 – Diagramas de módulo e fase do conversor elevador. 10 6 83 Desta maneira, tem-se os componentes que compõem o regulador de corrente definidos nas equações (5.44), (5.45) e (5.46). R3 = R2 ⋅10 19,909 20 ≅ 47 k Ω (5.44) C1 = 1 1 = ≅ 1nF 3 R3 ⋅ ω z 47 ⋅10 ⋅ 22 ⋅103 (5.45) C2 = C1 ≅ 100 pF R3 ⋅ C1 ⋅ π ⋅ f S − 1 (5.46) Os diagramas de módulo e fase, do regulador de corrente e da função de transferência de malha aberta, são mostrados respectivamente nas Fig. 5.25, Fig. 5.26, Fig. 5.27. Módulo do controlador de corrente 100 80 60 G mod_cont( f ) 40 20 0 20 1 10 100 3 10 f [Hz] 10 4 5 10 10 6 Fase do controlador de corrente 20 40 G fas_cont( f ) 60 80 100 1 10 100 3 10 f [Hz] 10 4 10 5 Fig. 5.25 – Diagramas de módulo e fase do regulador de corrente. 10 6 84 Módulo da FTMA 200 150 100 G mod_tot ( f ) 50 10,8kHz 0 50 100 1 10 100 3 10 f [Hz] 4 10 10 5 10 6 Fig. 5.26 – Diagrama de módulo da função de transferência de laço aberto. Fase da FTMA 120 -123,58º 140 G fas_tot( f ) 160 10,8kHz 180 1 10 100 3 10 f [Hz] 10 4 10 5 10 6 Fig. 5.27 – Diagrama de fase da função de transferência de laço aberto. Os gráficos de módulo e fase do regulador de corrente foram traçados com base nos componentes reais, portanto verifica-se uma pequena diferença entre a freqüência de corte desejada 11, 667kHz e a obtida 10,8kHz . Através do gráfico que representa a fase do sistema em malha aberta é possível obter a margem de fase do sistema de 56, 42º , lembrando que nos projetos de eletrônica de potência usualmente admite-se uma margem de fase mínima de 45º . 85 5.4.8 Cálculo da Malha de Tensão Adotando o valor do capacitor C3 = 100nF , têm-se o resistor R7 em (5.47). 1 1 = ≅ 150k Ω ω z ⋅ C3 2 ⋅ π ⋅12 ⋅100 ⋅10−9 R7 = (5.47) O resistor R6 pode ser determinado utilizando a equação (5.48). R6 = R7 150k Ω = = 470k Ω −0,5 10 10−0,5 (5.48) Para o cálculo do divisor de tensão, que atua como sensor da tensão de saída, arbitra-se o valor do resistor Ra1 = 100k Ω e se obtém, com o auxílio da expressão (5.49), o valor de Ra 2 + P1 . Ra 2 + P1 = 5.4.9 Vref ⋅ Ra1 VO − Vref = 7,5 ⋅100 ⋅103 = 1,911k Ω 400 − 7,5 (5.49) Cálculo da Malha Direta de Controle da Tensão de Entrada (feedforward) A tensão média mínima na entrada do filtro passa baixa é determinada através da equação (5.50). Vin _ med _ min = 0,9 ⋅ Vin _ min = 0,9 ⋅180 = 162V (5.50) Adotando-se o valor do resistor R12 = 1M Ω pode-se efetuar o cálculo de todos os componentes do filtro com as expressões (5.51), (5.52), (5.53) e (5.54). R13 = (V ref − 1, 414V ) ⋅ R12 Vin _ med _ min − Vref = ( 7,5 − 1, 414V ) ⋅106 162V − 7,5V ≅ 39k Ω (5.51) R14 = R13 ⋅1, 414V 39 ⋅103 ⋅1, 414V = ≅ 10k Ω Vref − 1, 414V 7,5V − 1, 414V (5.52) C6 = 1 1 = ≅ 330nF 2 ⋅ π ⋅ f corte ⋅ R13 2 ⋅ π ⋅12 ⋅ 39 ⋅103 (5.53) C7 = 1 ≅ 1, 2 µ F 2 ⋅ π ⋅12 ⋅10k Ω (5.54) 5.4.10 Amostra da Tensão da Rede Este circuito é formado apenas por dois resistores, que podem ser determinados com o emprego das relações (5.55) e (5.56). 86 R11 = R10 = Vin _ max ⋅ 2 I mult = 264 ⋅ 2 ≅ 1M Ω 375 ⋅10−6 R11 106 = ≅ 220k Ω 4 4 (5.55) (5.56) 5.4.11 Definição do Tempo de Partida Progressiva Adotando-se o tempo de 1 segundo para realizar a partida progressiva (5.57), obtém-se com a equação (5.58) o valor do capacitor C4 . ton = 1s C4 = (5.57) 7 ⋅10−6 ⋅1 ≅ 1µ F 7,5 (5.58) 5.4.12 Definição dos Componentes C8, C9, R15, Rg e Dg Segundo o catálogo do fabricante: C8 = C10 = 100nF R15 = 22k Ω Rg = 15Ω Dg = D1N 5820 5.4.13 Cálculo da Potência da Fonte Auxiliar Torna-se necessário, para a correta especificação dos componentes, o cálculo da corrente exigida da fonte auxiliar. Esta corrente pode ser obtida com o emprego da expressão apresentada em (5.59). I aux = I CI _ in + I CI _ ext + I Gate + I Re le (5.59) Onde: I CI _ in = 16mA ⇒ Consumo interno do CI 3854 (valor definido pelo fabricante); I CI _ ext = 10mA ª Consumo dos componentes externos do CI 3854. O valor é definido pelo fabricante e corresponde a máxima corrente que pode ser extraída da fonte regulada em 7,5V interna ao CI; I Gate = 10mA ª Valor estipulado com base nos dados de catálogo (capacitância de entrada do IGBT) e freqüência de comutação do interruptor. 87 I Re le = 0mA ª Corrente necessária para acionar o rele que atua no circuito de pré-carga. Para o conversor elevador de 250W não foi utilizado circuito de pré-carga, portanto essa corrente só influi no cálculo da fonte para o reator de 400W . Tem-se: I aux = 16 + 10 + 10 + 0 = 36mA 5.4.14 Cálculo do Primeiro Estágio da Fonte Auxiliar Sabendo que: VDZb = 18V ª Tensão do diodo zener conectado entre a base do ª Queda de tensão entre a base e o emissor; TIP50; VBE = 0,7V I CP = 100mA ª Corrente de partida da fonte (para diminuir o tempo de funcionamento do estágio 1). Pode-se calcular o valor do resistor de coletor com base na expressão (5.60). RC = 2 ⋅ Vin _ max − VDZb − VBE I CP = 373 − 18 − 0, 7 ≅ 3,9k Ω 0,1 (5.60) Considerando para o TIP50 um ganho de 50, tem-se o resistor de base em (5.61). RB = RC ⋅ β = 3,9 ⋅ 50 ≅ 180kΩ (5.61) A potência dissipada em cada resistor pode ser calculada com as equações (5.62) e (5.63). PRb ( = 2 ⋅ Vin _ max − VDZb RB ) 2 ( 373 − 18) = 180 ⋅103 2 = 700mW 2 PRc = RC ⋅ I aux = 5,05W (5.62) (5.63) A potência dissipada no diodo zener Dzb é obtida em (5.64). 2 ⋅ Vin _ max − VDZb PDZb = VDZb ⋅ = 35mW R B (5.64) 5.4.15 Cálculo do Segundo Estágio • Os diodos D5 e D6 devem suportar uma corrente aproximadamente igual à da fonte e a tensão do enrolamento auxiliar. A tensão do enrolamento auxiliar ( 28V ) é um pouco superior à tensão de saída da fonte ( 20V ) . 88 Portanto, adota-se para D5 ( I med = 200mA ,VRRM • e D6 dois diodos de sinal 1N 4148 = 75V ) ; Os capacitores C11 e C12 são especificados em [16] para um conversor com características semelhantes. Especificou-se dois capacitores de poliéster de 100nF / 62V ; • Um valor comercial admissível, para o capacitor auxiliar, que proporciona baixa ondulação na saída da fonte é de 100 µ F / 35V . A tensão na saída do enrolamento auxiliar deve ser um pouco superior à tensão de saída da fonte. Adotando-se Vaux = 27V tem-se em (5.65) a relação entre o número de espiras do indutor e do enrolamento auxiliar. V 400V N ind = 1 = = 14, 286 N aux Vaux 28V RT = (5.65) O número de espiras do enrolamento auxiliar é calculado em (5.66). N aux = N ind 70 = ≅ 5 espiras RT 14,815 (5.66) Pode-se calcular, com a expressão (5.67), o valor necessário para o resistor RS . RS = Vaux − VDZ 2 28V − 20V = ≅ 100Ω 2 ⋅ I aux 2 ⋅ 36m (5.67) A potência dissipada no resistor RS é apresentada em (5.68). PRs = (Vaux − VDz 2 ) RS 2 = ( 28 − 20 ) 100 2 = 640mW (5.68) A máxima potência dissipada no diodo zener DZ2 é obtida em (5.69). PDZ 2 = VDZ 2 ⋅ I aux = 20 ⋅ 36 ⋅10−3 = 720mW 5.4.16 Estudo via simulação do retificador elevador Algumas simulações numéricas foram (5.69) realizadas para comprovar o funcionamento do circuito e os valores obtidos no estudo teórico. Utilizou-se o programa PSpice 9 para efetuar tais simulações. Devido à inexistência do modelo do circuito integrado UC3854 no programa de simulação, emulou-se sua lógica de controle com componentes conhecidos. Portanto, o circuito simulado apresenta apenas as malhas de tensão e de corrente. 89 Lb 2,5mH 4 x D1N5404 Rg Vin Vcc + 18V - MUR460 IRFP460 Vg 15 Vcc + -18V G=0,1 +- E=274,862E-8 ++ - - R1 4,7k Ra1 100k Ro 640 Ra2 1,91k Rsh 0,25 R2 4,7k -Vcc Co 220uF + lm741 -Vcc C1=100pF 47k 2,7nF R3 C2 133,33333e-3 Vcc d1n752 + V7 - 1k E =1 ++ - e + lm311 - Vg 100nF 150k C3 -Vcc R7 lm741 + 470k R6 100k Rref Vcc + - Vref 7,5V Fig. 5.28 – Circuito do retificador elevador simulado. As malhas de tensão e de corrente foram emuladas através do uso de dois amplificadores operacionais (lm741). O amplificador operacional lm311 realiza a comparação entre o sinal de referência desejado e a onda dente de serra fornecida pela fonte V7, fornecendo em sua saída a tensão de comando do interruptor principal. Vale salientar que serão apresentados apenas os resultados de simulação para as condições nominais de tensão de entrada (Vin _ ef = 220V ) e potência de saída ( 250W ) . Na Fig. 5.29 pode-se visualizar as formas de onda de tensão e corrente de entrada obtidas. 400 Vin 200 0 Iin*100 -200 -400 20.0ms 30.0ms 40.0ms Time 50.0ms Fig. 5.29 – Tensão e corrente de entrada. 60.0ms 90 A eficácia do conversor elevador, como corretor do fator de potência, fica evidenciada na Fig. 5.29. Onde se verifica que a forma de onda de corrente é aproximadamente senoidal e que esta encontra-se em fase com a tensão de entrada. A Fig. 5.30 mostra a comutação do interruptor principal. Para facilitar a visualização da corrente fez-se a ampliação da mesma por um fator de 50. V(Mosfet) 400 200 I(Mosfet)*50 0 Time Fig. 5.30 – Tensão e corrente do interruptor principal. Através das simulações observou-se um pico de corrente de aproximadamente 7,0A na entrada em condução do interruptor. Este fenômeno já era aguardado, haja visto que não se empregou nenhum recurso para atenuar os efeitos da recuperação reversa do diodo Db . A tensão de barramento para o conversor elevador operando com carga nominal é mostrada na Fig. 5.31. 400V V(Barramento) 200V 0V 0s 10ms 20ms 30ms 40ms 50ms Time 60ms 70ms 80ms 90ms 100ms Fig. 5.31 – Tensão de saída do conversor elevador de alto fator de potência. 91 Verifica-se que o objetivo de obter uma tensão de saída de 400V com elevado fator de potência é alcançado. 5.4.17 Estudo Experimental do Retificador Elevador de Alto Fator de Potência Visando a comprovação prática dos resultados obtidos no simulador, efetuou-se a montagem de um protótipo em laboratório com os valores obtidos através do estudo teórico. Na Fig. 5.32 são apresentadas as formas de onda de tensão e corrente de entrada para o conversor elevador operando com tensão nominal de entrada e potência nominal de saída. T T 21 > 1) CH1: 2) CH2: 100 Volt 5 ms Amp 5 ms 1 Volt Fig. 5.32 – Tensão e corrente de entrada do conversor elevador. A Tabela 2 mostra uma comparação, entre os resultados obtidos através de experimentação e simulação, da análise harmônica da tensão e da corrente de entrada. Observa-se que o resultado prático é muito próximo ao simulado, diferindo apenas na taxa de distorção harmônica da tensão de entrada, porém isso já era esperado. 92 Tabela 2 – Resultados da análise harmônica. VARIÁVEL SIMULAÇÃO PRÁTICA 220 213 1,19E-5 2,58 Valor eficaz da componente fundamental da corrente de entrada [A] 1,251 1,280 Taxa de distorção harmônica da corrente de entrada [%] 2,28 3,32 Ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente de entrada [º] 1,1 -1,19 0,999 0,999 Valor eficaz da tensão de entrada [V] Taxa de distorção harmônica da tensão de entrada [%] Fator de potência Abaixo se observa a tensão e a corrente no interruptor principal durante um período de comutação. 100V/Div 2A/Div Fig. 5.33 – Tensão e corrente no interruptor principal. Na Fig. 5.34 são mostradas, em detalhe, as formas de onda de corrente e tensão no interruptor principal durante a entrada em condução. Verificou-se um pico de corrente de aproximadamente 5A durante a entrada em condução do MOSFET, sendo este valor um 93 pouco inferior ao obtido na simulação. Vale salientar que este pico de corrente verificado não está apresentado nas figuras. 100V/Div 1A/Div Fig. 5.34 – Detalhe da entrada em condução do interruptor principal. Observa-se na Fig. 5.35 a tensão e a corrente no interruptor principal durante o bloqueio. 100V/Div 1A/Div Fig. 5.35 - Detalhe do bloqueio do interruptor principal. 94 A tensão de saída com o conversor, operando sob potência nominal, é visualizada na Fig. 5.36. Verifica-se que, devido ao ajuste da referência, a tensão é bem próxima a nominal. 100V/Div Fig. 5.36 – Tensão de barramento. A comutação dissipativa no interruptor principal elevou as perdas do conversor, mas o rendimento obtido pode ser considerado satisfatório. A curva de rendimento em função da potência de saída do conversor é apresentada na Fig. 5.37. Curva de Rendimento 98 Rendimento [%] 97 96 95 94 93 92 75 125 175 225 Potência da saída [W] Fig. 5.37 – Rendimento em função da potência de saída. 275 95 5.5 Alteração do Projeto do Inversor Meia-Ponte Conforme já foi explicado no item 4.5, a tensão entregue ao filtro da lâmpada deve estar no valor adequado para que a potência nominal na lâmpada seja atingida. Como a tensão de saída do conversor é mais elevada faz-se o uso de um autotransformador para adequar o valor de tensão entregue à lâmpada. A relação de transformação pode ser obtida efetuando-se o cálculo da expressão (5.70). a= VS _ ef 140 VAB = = = 0, 7 0,5 ⋅ VBarramento VP _ ef 200 (5.70) A potência aparente transformada é expressada em (5.71). St = I Lef ⋅ a ⋅ (VP _ ef − VS _ ef ) = 2, 75 ⋅ 0, 7 ⋅ ( 200 − 140 ) = 115,5W (5.71) Adotando-se: k p = 0, 4 ⇒ Fator de enrolamento; ku = 0,5 ª Fator de utilização; ª Máxima densidade de corrente; ª Máxima excursão de fluxo magnético. J max = 200 A cm 2 ∆Bmax = 0,144T O produto das áreas, AeAw , é calculado com a equação (5.72). AeAw = St 2 ⋅ ku ⋅ kp ⋅ J max ⋅ ∆Bmax ⋅ f S = 3, 713cm 4 (5.72) Especifica-se para o autotransformador o núcleo EE42/20, de material IP12, fabricado pela Thornton, com as seguintes características: Ae = 2, 4cm 2 ⇒ Área efetiva; Aw = 1,57cm 2 ª Área da janela; AeAw = 3, 77cm 4 ª Produto AeAw ; Vn = 23,30cm3 ª Volume do núcleo; lm = 10,5cm ª Comprimento médio de uma espira. O número de espiras dos enrolamentos primário e secundário pode ser obtido com as expressões (4.7) e (4.8). NP = VP = 107 espiras 2 ⋅ Ae ⋅ ∆Bmax ⋅ f S (5.73) 96 N S = a ⋅ N P = 0, 7 ⋅107 = 75 espiras 5.5.1 (5.74) Cálculo do Número de Condutores em Paralelo A corrente eficaz que circula no enrolamento “c” pode ser calculada por (5.75). I c _ ef = a ⋅ I Lef = 0, 7 ⋅ 2, 75 = 1,925 A (5.75) Através do cálculo da máxima profundidade de penetração de corrente no condutor elementar, expressão (5.76), pode-se determinar a bitola máxima do mesmo. ∆= 7,5 = 0, 091cm 27 ⋅103 (5.76) Verifica-se que o condutor elementar que proporcionaria a menor perda joule, devido ao efeito pelicular, é o de 19AWG. Porém neste projeto adotou-se um condutor elementar de 27AWG, cuja perda deverá estar acima do valor mínimo (valor obtido com o fio 19AWG). Mas, com uma melhor acomodação dos condutores pelo uso deste fio mais fino, a resistência térmica do enrolamento será reduzida, facilitando a evacuação de calor e resultando em menor elevação de temperatura. Deve-se tomar o cuidado de não diminuir demasiadamente a bitola do condutor elementar pois, como as perdas aumentam, ao afastar-se da bitola ótima do condutor, pode-se chegar ao ponto onde a melhora da transferência de calor não mais compensará positivamente o aumento das perdas joule ocasionando o aumento da temperatura no elemento magnético. A área de cobre necessária para o enrolamento “c” é definida na equação (5.77). Scu _ c = I c _ ef J max = 1,925 = 9, 625 ⋅10−3 cm 2 200 (5.77) Sendo a área de cobre do condutor elementar o valor apresentado em (5.78). Scu _ elementar = Scu _ 27 AWG = 1, 021⋅10−3 cm 2 (5.78) Tem-se na expressão (5.79) o número de fios em paralelo do enrolamento “c”. Num fios _ c = Scu _ c Scu _ elementar = 9, 625 ≅9 1, 021 (5.79) De forma análoga tem-se para o enrolamento secundário as equações (5.80) e (5.81). Scu _ sec = I c _ ef ⋅ (1 − a) J max = 1,925 ⋅ (1 − 0, 7) = 4,125 ⋅10−3 cm 2 200 (5.80) 97 Num fios _ sec = 5.5.2 Scu _ sec Scu _ elementar = 4,125 ≅4 1, 021 (5.81) Estudo Experimental do Inversor Meia-Ponte Pode-se verificar que o emprego do autotransformador para adaptar a tensão na entrada do filtro não afetou o funcionamento do inversor meia-ponte. As formas de onda de tensão e corrente do interruptor superior do braço são apresentadas na Fig. 5.38. 100V/Div 2A/Div Fig. 5.38 – Tensão e corrente no IGBT superior. A forma de onda de tensão e corrente na carga, apresentada na Fig. 5.39, confirma que esta opera com tensão e corrente nominais. 50V/Div 2A/Div Fig. 5.39 – Tensão e corrente na carga. 98 5.6 Conclusão No primeiro item deste capítulo, efetuou-se o projeto do estágio passivo de correção do fator de potência do reator eletrônico para lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão de 250W. Foram realizadas algumas simulações numéricas no programa PSpice 9, utilizando os modelos reais dos componentes. Para completar o estudo deste conversor, comprovou-se suas características através da montagem de um protótipo em laboratório. Na seqüência foi demonstrada a metodologia de cálculo do inversor meia-ponte. Após o cálculo dos componentes de potência e do indutor “ballast”, efetuou-se várias simulações utilizando um modelo resistivo para emular a lâmpada de vapor de sódio de alta pressão. A validação do modelo resistivo foi comprovada após a montagem do protótipo em laboratório. Onde, com o auxílio do osciloscópio, pôde-se verificar o formato da corrente e da tensão na lâmpada e calcular a sua resistência equivalente. O reator eletrônico com o estágio passivo de correção de fator de potência obteve um bom desempenho, sendo válido destacar que: A experimentação comprovou o estudo teórico e a simulação da estrutura; A comutação dos interruptores do inversor meia-ponte é suave na entrada em condução e dissipativa no bloqueio; Alto rendimento da estrutura, aproximadamente 90,6%; Elevado fator de potência, 0,983; Circuito robusto, simples e com baixo número de componentes; O estágio passivo de correção do fator de potência é protegido contra curto-circuito na saída, através do indutor L1 , que limita a corrente de entrada. O estudo do conversor elevador, opção ativa para a correção do fator de potência, envolveu a demonstração da metodologia de projeto do Capítulo 3. Explicitando o cálculo dos componentes do estágio de potência, malhas de controle, dissipadores, fonte auxiliar e dimensionamento dos magnéticos. Foram realizadas várias simulações numéricas, com o auxílio do programa PSpice 9, e verificado o comportamento das malhas de controle e da comutação no interruptor principal. A comprovação prática dos estudos foi novamente resultado da montagem de um protótipo. 99 O correto funcionamento do reator eletrônico, com o estágio ativo de correção de fator de potência, só foi possível com o emprego de um autotransformador para adaptar a tensão entregue a lâmpada. Algumas das características do reator, com o estágio ativo de correção do fator de potência, podem ser resumidas: Potência na lâmpada constante para tensão de alimentação de 180V a 264V; Fator de potência próximo à unidade em toda faixa de operação; Comutação dissipativa no conversor elevador; Rendimento de 92% para tensão de entrada de 220V; O rendimento da estrutura pode ser melhorado com a adição de um “snubber” passivo, por exemplo [9]. Tornando a comutação do interruptor principal suave na entrada em condução e minimizando o pico de corrente de recuperação reversa do diodo Db . Porém, neste projeto, admitiu-se a comutação dissipativa no interruptor principal em prol de um circuito mais simples. 100 6 Capítulo Projeto, Simulação e Experimentação dos Reatores de 400W 6.1 Introdução Este capítulo apresenta mais dois projetos de reatores eletrônicos para lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão. Os projetos encontram-se na mesma seqüência dos projetos demonstrados no Capítulo 5. A metodologia de projeto, tanto da versão passiva quanto da versão ativa do reator, é similar à apresentada para a lâmpada de 250W , portanto mostrar-se-á apenas o estudo via simulação numérica e os resultados experimentais. 6.2 Projeto do Estágio Passivo de Correção do Fator de Potência Nas Fig. 6.1 e Fig. 6.2 pode-se observar o diagrama de blocos do reator e o esquemático do retificador com correção passiva do fator de potência. Reator Eletrônico Fase Neutro Conversor CA-CC com correção passiva do fator de potência e fonte auxiliar Barramento +15V X Inversor Meia-Ponte Y Lâmpada Fig. 6.1 – Diagrama de blocos do reator eletrônico. 215mH Fase L1 4 x 1N5404 D1 D3 C2 6uF/400Vac C1 Neutro Barramento D2 330uF/450V D4 Fig. 6.2 – Conversor CA-CC com correção passiva do fator de potência. 101 6.2.1 Estudo Via Simulação do Retificador Passivo de Elevado Fator de Potência Utilizou-se o software PSpice 9.0 para realizar as simulações com os seguintes parâmetros: Vac = 220V ⇒ Tensão de entrada (nominal) Pout = 420W ⇒ Potência de saída (nominal); Vout = 311V ⇒ Tensão do barramento CC; L1 = 215mH ⇒ Indutor de filtro; C1 = 6,0µF ⇒ Capacitor de filtro; C2 = 330µF ⇒ Capacitor de barramento. Apresenta-se na Fig. 6.3 a tensão e a corrente de entrada do conversor para tensão de entrada nominal e potência de saída nominal. 400 V(Entrada) 200 I(Entrada)*100 0 -200 -400 Time Fig. 6.3 – Tensão e corrente de entrada para potência de saída nominal. Na Fig. 6.4 apresenta-se a tensão de barramento para potência de saída nominal e tensão de entrada nominal. 102 312V Tensão de Saída 308V 304V 300V 296V Time Fig. 6.4 – Tensão de saída para potência de saída nominal e tensão de entrada nominal. Variando-se a carga do conversor desde zero até potência nominal obteve-se as seguintes curvas: 400 375 350 Vout 325 300 275 0 90 180 Pout 270 360 450 Fig. 6.5 – Tensão de saída versus potência de saída. 5 14 33 φ 52 71 90 0 90 180 Pout 270 360 450 Fig. 6.6 – Ângulo de defasagem entre a corrente e a tensão de entrada versus potência de saída. 103 30 25 20 THD [%] 15 10 5 0 90 180 Pout 270 360 450 Fig. 6.7 – Taxa de distorção harmônica da corrente de entrada versus potência de saída. 1 0,8 0,6 FP 0,4 0,2 0 0 90 180 Pout 270 360 450 Fig. 6.8 – Fator de potência versus potência de saída. 3 2,5 2 I1 1,5 1 0,5 0 90 180 Pout 270 360 450 Fig. 6.9 – Componente fundamental da corrente de entrada versus potência de saída. 0,5 0,4 I3 I5 I7 0,3 0,2 0,1 0 0 90 180 Pout 270 360 450 Fig. 6.10 – Componentes harmônicas de terceira, quinta e sétima ordem da corrente de entrada versus potência de saída. 104 0,01 0,008 I9 I 11 0,006 I 13 0,004 0,002 0 0 90 180 Pout 270 360 450 Fig. 6.11 – Componentes harmônicas de 9ª, 11ª e 13ª ordem da corrente de entrada versus potência de saída. 6.2.2 Estudo Experimental do Retificador Passivo de Elevado Fator de Potência Após alguns ensaios observou-se a necessidade de aumentar o capacitor de filtro ( C1 ) , portanto adicionou-se um capacitor de 470nF / 400Vac . A capacitância C1 resultante foi de 6, 470µ F / 400Vac . Tabela 3 – Componentes utilizados no protótipo. Componente Valor de projeto Valor utilizado C1 6µF/400Vac 6 x 1µF/400Vac + 1 x 0,470µF/400Vac = 6,47µF/400Vac A tensão e a corrente de entrada, do reator eletrônico conectado a rede elétrica operando com a lâmpada de vapor de sódio, são apresentadas na Fig. 6.12. 100V/Div 1A/Div Fig. 6.12 – Tensão e corrente de entrada do reator eletrônico. 105 Observa-se que a forma de onda da corrente de entrada é aproximadamente senoidal e em fase com a tensão, conforme já havia sido visualizado através das simulações numéricas. Na Tabela 4 são apresentados alguns dados obtidos da análise realizada com o programa WaveStar. Tabela 4 – Resultados experimentais obtidos. Ensaio com o reator eletrônico Tensão Corrente Potência de entrada THD da tensão THD da corrente Fator de potência Ângulo de deslocamento 220V 1,84A 405W 3,98% 17,16% 0,983 -3,39º A decomposição da corrente de entrada do reator eletrônico nas suas componentes harmônicas é mostrada na Fig. 6.13. Vale salientar que neste ensaio o reator operava com a lâmpada de vapor de sódio e conectado à rede elétrica. 18,5% 16,8% 15,2% 13,5% 11,8% 10,1% 8,4% 6,7% 5,1% 3,4% 1,7% 0,0% 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 Magnitude das harmônicas como porcentagem da componente fundamental. Fig. 6.13 – Componentes harmônicas da corrente de entrada. Na Fig. 6.14 observa-se a tensão de barramento do reator. 106 100V/Div Fig. 6.14 – Tensão de barramento do reator. A tensão média de barramento é 306V, ou seja 5V a menos que o esperado. 6.3 Projeto do Inversor Meia-Ponte Este circuito é semelhante ao do reator de 250W , diferindo apenas pelos valores do indutor “ballast” e da resistência da lâmpada. Destaca-se que o indutor “ballast” teve seu projeto demonstrado na seção 4.4. Vale relembrar as características da lâmpada de vapor de sódio de 400W : VLef = 100V ⇒ Tensão eficaz na lâmpada; I Lef = 4 A ª Corrente eficaz na lâmpada; ª Resistência equivalente da lâmpada; RL = 100 = 25Ω 4 107 6.3.1 Estudo Via Simulação do Inversor Meia-Ponte Mostra-se na Fig. 6.15 o circuito inversor meia-ponte simulado. 15ohm 1uF IRG4PC40UD 1N4744A 15ohm A 150µH 25ohm B 310V R Lâmpada T4 IRG4PC40UD 1uF 1N4744A Fig. 6.15 – Circuito inversor meia-ponte simulado. A tensão na entrada do filtro VAB e a tensão sobre a lâmpada são mostradas na Fig. 6.16. 200V VAB V_Lamp 100V 0V -100V -200V 200us 220us 240us 260us 280us 300us Time Fig. 6.16 – Tensão VAB e a tensão sobre a lâmpada. A potência na lâmpada, obtida em simulação, foi um pouco superior a nominal conforme pode-se verificar na Fig. 6.17. 400W Potência na lâmpada 410,027W 300W 200W 100W 0W 300us 350us 400us Time 450us Fig. 6.17 – Potência na lâmpada. 500us 108 6.3.2 Estudo Experimental do Inversor Meia-Ponte A montagem de um protótipo foi realizada no intuito de comprovar experimentalmente os resultados obtidos na simulação numérica. A tensão VAB e a corrente na carga estão apresentadas na Fig. 6.18. 50V/Div 2A/Div Fig. 6.18 – Tensão e corrente nos terminais AB. Pode-se verificar a defasagem entre a tensão e a corrente nos terminais AB. Na Fig. 6.19 são apresentadas as formas de onda de corrente e tensão em um dos IGBT’s. 100V/Div 2A/Div Fig. 6.19 – Tensão e corrente no IBGT. 109 Observa-se na Fig. 6.20, em detalhe, o bloqueio de um dos IGBT’s. 100V/Div 2A/Div Fig. 6.20 – Detalhe do bloqueio do IGBT. Nos dois interruptores a entrada em condução é suave e o bloqueio é dissipativo. Observa-se que não ocorreu sobre-tensão nos interruptores. A tensão e corrente na lâmpada são apresentadas na Fig. 6.21. 50V/Div 2A/Div Fig. 6.21 – Tensão e corrente na lâmpada. 110 6.3.3 Estudo do Desempenho do Reator Eletrônico com Estágio de Entrada Passivo Na Tabela 5 apresenta-se alguns dados sobre o desempenho do reator eletrônico para lâmpadas de vapor de sódio de 400W com o estágio passivo de correção do fator de potência. Tabela 5 – Desempenho do reator eletrônico. Tensão de Entrada: 220V Corrente de Entrada 1,84A Tensão de Saída 101,7V Corrente de Saída 3,67A Potência de Entrada 404,8W Potência de Saída 373,2W Rendimento 92,2% Fator de Potência 0,983 Com a finalidade de verificar o comportamento dinâmico do conversor, foram realizados ensaios para determinar a corrente de pico na indutância L1 e a tensão de pico nos capacitores C1 e C2. Vale relembrar que a corrente em L1 é a mesma da fonte de entrada e um pouco maior que a dos diodos D1 à D4. A tensão de pico no capacitor C1 é praticamente a mesma do capacitor C2 sendo apenas um pouco inferior devido à queda de tensão dos diodos da ponte retificadora. O reator encontra-se com os capacitores C1 e C2 descarregados e com a lâmpada de vapor de sódio conectada ao circuito quando energizado. Observa-se que a tensão sobre o capacitor C1 atinge 400V e a corrente de entrada apresenta um pico de aproximadamente 15A. As aquisições realizadas encontram-se nas Fig. 6.22 e Fig. 6.23. 111 100V/Div Fig. 6.22 –Tensão sobre C1 quando o reator é energizado. Pode-se observar que quando a lâmpada encontra-se desligada a tensão sobre os capacitores C1 e C2 é de 400V, justificando a escolha dos capacitores (C1 = 6,47µF/400Vac; C2 = 330µF/450V). 5A/Div Fig. 6.23 – Corrente no indutor de entrada quando o reator é energizado. É verificado um pico de aproximadamente 15A no estágio de entrada durante a energização do reator. Este valor não traz problemas para o estágio de entrada pois, este é composto apenas por componentes passivos, que suportam a corrente exigida. 112 6.4 Projeto do Estágio Ativo de Correção do Fator de Potência O projeto do retificador de alto fator de potência de 400W segue o mesmo roteiro utilizado no reator eletrônico de 250W , portanto será demonstrado apenas o projeto do circuito de pré-carga visto que este não foi necessário no projeto do PFC de menor potência. 6.4.1 Projeto do Circuito de Pré-carga O relé adotado é o modelo A1RC2 fabricado pela Metaltex devido à disponibilidade do mesmo no laboratório. Abaixo são listadas algumas características do relé adotado e a máxima corrente de pico admitida durante a carga do capacitor de saída: I in _ pre = 12 A ⇒ Máxima corrente de pico admitida; RRe le = 300Ω ª Resistência interna da bobina do relé; VRe le = 250V Tensão nominal do relé; ª I Re le = 40mA ª Corrente na bobina do relé; O valor do resistor R4 pode ser definido na com auxílio da expressão (6.1). R4 = 264 ⋅ 2 = 31 ≅ 27Ω 12 (6.1) O tempo de carga do capacitor de saída é dado pela equação (6.2). tc arg a = 5 ⋅ R4 ⋅ Co = 5 ⋅ 27 ⋅ 330µ = 44,55ms (6.2) Portanto, tem-se as expressões (6.3) e (6.4). ( R5 + RRe le ) ⋅ C14 = 4 ⋅ tc arg a = 178, 2ms R5 = Vcc 20 − RRe le = − 300Ω ≅ 180Ω I Re le 40mA (6.3) (6.4) O capacitor C14 é obtido com o emprego da equação (6.5). C14 = 6.4.2 178, 2ms 178, 2ms = = 371, 25µ F ≅ 470µ F ( R5 + RRe le ) 480Ω (6.5) Estudo Via Simulação do Retificador Elevador de Alto Fator de Potência De modo análogo ao efetuado para o reator de 250W , as simulações do conversor elevador foram realizadas emulando-se o circuito integrado UC3854. A Fig. 6.24 mostra a estrutura simulada. 113 Lb 4mH d1n5404 MUR460 d1n5404 Vin Vg Rg 15 Co 330uF IRFP460 Ra1 100k Ro 400 Ra2 1,91k d1n5404 d1n5404 Vcc + 18V - R1 4,7k -Vcc Rsh 0,25 Vcc + -18V G2 E1 + -+ - R2 4,7k + lm741 -Vcc C2 56pF 82k 1,5nF R3 C1 133,33333e-3 d1n752 + V7 - Vcc 1k + lm311 - 100nF 150k C3 -Vcc R7 lm741 + Vcc E2 ++ - - Vg 470k R6 100k Rref + - Vref 7,5V Fig. 6.24 – Circuito simulado. Na Fig. 6.25 é mostrada a corrente e a tensão de entrada. 400 Vin 200 Iin 0 -200 -400 Time Fig. 6.25 – Tensão e corrente de entrada. Realizando a análise harmônica da tensão e da corrente de entrada, tem-se os resultados da Tabela 6: 114 Tabela 6 – Resultados da análise harmônica. VALOR MEDIDO VARIÁVEL Valor eficaz da tensão de entrada [V] 220 Taxa de distorção harmônica da tensão de entrada [%] ≅0 Valor eficaz da corrente de entrada [A] 1,86 Taxa de distorção harmônica da corrente de entrada [%] 0,91 Ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente de entrada [º] 0,9 Fator de potência 0,9998 Vale salientar que o resultado apresentado é para o conversor operando sem a malha direta de controle da tensão de entrada (feedforward). A inclusão desta malha aumenta a taxa de distorção harmônica da corrente de entrada degradando o fator de potência. Observa-se que a referência de tensão utilizada é isenta de harmônicos, o que não ocorre na prática. A ondulação de tensão no capacitor de saída ( Co ) do conversor elevador pode ser visualizada na Fig. 6.26. 400V ∆V = 8,2V 396V VCo 392V 388V Time Fig. 6.26 – Tensão de saída do conversor elevador. Nota-se que o valor de tensão encontra-se abaixo do valor estipulado no projeto ( 400V ) , porém na prática este valor é ajustado com o auxilio de um potenciômetro, portanto, não há necessidade de ajustá-lo na simulação. 115 A tensão e a corrente no interruptor principal são mostradas na Fig. 6.27. 8,95 Vds/50 7,50 5,00 Ids 2,50 0 Time Fig. 6.27 – Tensão e corrente no interruptor principal. A potência média dissipada pelo interruptor principal é apresentada na Fig. 6.28. Atenta-se que o valor obtido através de simulação numérica é maior que o valor obtido no estudo teórico. Isto está relacionado ao aumento do tempo de entrada em condução e bloqueio do interruptor e ao pico de corrente da recuperação reversa do diodo Db . A equação (6.6) apresenta o cálculo da resistência térmica do dissipador. O valor de potência (dissipada pelo MOSFET) utilizado no cálculo foi obtido por simulação. Rda = 100º C − 50º C − 0, 45 º C − 0, 24 º C = 3, 041 º C W W W 13, 4W (6.6) De acordo com [17] verifica-se que será necessário o uso de um dissipador de aproximadamente 0,2kg de massa. 16W 13,390W Pmed(Sb) 12W 8W 4W 0W 0s 10ms 20ms 30ms 40ms 50ms Time 60ms 70ms 80ms 90ms 100ms Fig. 6.28 – Potência média dissipada no interruptor principal. 116 6.4.3 Estudo Experimental do Retificador Elevador de Alto Fator de Potência O protótipo de laboratório, montado com o intuito de comprovar os resultados de simulação, apresentou as seguintes formas de onda. Na Fig. 6.29 apresenta-se a tensão e a corrente de entrada para a condição de tensão mínima de entrada e potência nominal de saída. 100V/Div 2A/Div Fig. 6.29 – Tensão e corrente de entrada para potência de saída nominal e tensão mínima de entrada. As mesmas formas de onda, para a condição de tensão de entrada nominal ( 220V ) e potência de saída nominal ( 400W ) , são mostradas na Fig. 6.30. 100V/Div 2A/Div Fig. 6.30 – Tensão e corrente de entrada para potência de saída nominal e tensão nominal de entrada. 117 Realizando a análise harmônica da tensão e da corrente de entrada com o programa WaveStar, obteve-se os resultados mostrados na Tabela 7. Tabela 7 – Resultados da análise harmônica. PARA TENSÃO MÍNIMA DE ENTRADA PARA TENSÃO NOMINAL DE ENTRADA Valor eficaz da tensão de entrada [V] 158 223 Taxa de distorção harmônica da tensão de entrada [%] 3,04 2,96 Valor eficaz da corrente de entrada [A] 2,72 1,89 Taxa de distorção harmônica da corrente de entrada [%] 3,43 3,78 Ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente de entrada [º] -1,34 -2,44 Fator de potência 0,998 0,997 VARIÁVEL Conforme já havia sido prevista, a taxa de distorção harmônica da corrente de entrada é maior que na simulação. Porém, vale relembrar que a referência para a forma de onda da corrente utilizada, é a própria forma de onda da tensão de entrada, que por sua vez não é isenta de componentes harmônicas. Portanto, são considerados adequados os valores de taxa de distorção harmônica e fator de potência obtidos. A tensão de barramento e a sua ondulação encontram-se nas Fig. 6.31 e Fig. 6.32 respectivamente. 100V/Div Fig. 6.31 – Tensão de barramento. 118 2V/Div Fig. 6.32 – Ondulação da tensão de barramento. De acordo com o resultado de simulação a ondulação de 120Hz na tensão de barramento é de aproximadamente 8,5V de pico a pico. Nas Fig. 6.33, Fig. 6.34 e Fig. 6.35 apresentam-se, respectivamente, a tensão “dreno-source” do interruptor principal, o detalhe da entrada em condução e do bloqueio do interruptor. 100V/Div Fig. 6.33 – Tensão “dreno-source” do interruptor principal. 119 100V/Div Fig. 6.34 – Detalhe da tensão “dreno-source” do interruptor principal durante a entrada em condução. 100V/Div Fig. 6.35 – Detalhe da tensão “dreno-source” do interruptor principal durante o bloqueio. Realizou-se o ensaio de transitório. O conversor foi energizado com tensão nominal de entrada ( 220V ) e potência nominal de saída. Na Fig. 6.36 pode-se verificar o comportamento da tensão de saída durante o transitório. 120 100V/Div Fig. 6.36 – Transitório da tensão de saída durante a partida do conversor. Observa-se uma sobre-tensão na tensão de saída de aproximadamente 50V . Este problema pode ser resolvido aumentando a freqüência de cruzamento do controlador de tensão ou utilizando um controlador do tipo avanço-atraso que, segundo [18], apresenta resultados melhores. Porém, neste caso, não há necessidade de efetuar este tipo de correção, pois a sobre-tensão gerada durante a energização do conversor é pequena e as variações de carga, devido à característica das lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão, possuem uma constante de tempo bem mais lenta que a malha de tensão. A corrente de partida do conversor é visualizada na Fig. 6.37. 5A/Div Fig. 6.37 – Corrente de partida do conversor com o circuito de pré-carga. 121 Observa-se que a corrente de partida do conversor é limitada pelo circuito de précarga, demonstrando o bom funcionamento do circuito. 6.5 Alteração do Projeto do Inversor Meia-Ponte Devido à elevação da tensão de barramento, pelo uso do estágio ativo, o inversor meia-ponte deve sofrer uma pequena alteração. A adição de um autotransformador proporciona a adequação da potência entregue a lâmpada. A Fig. 6.38 apresenta o modelo elétrico do autotransformador. Pr1 C Sc1 Primário Secundário Pr2 Sc2 Fig. 6.38 – Modelo elétrico do autotransformador. Na Tabela 8 são explicitadas as características do autotransformador. Tabela 8 – Características do autotransformador T3 . Autotransformador T3 Relação de transformação Núcleo (Material IP12) 0,78 Thornton EE42/20 Número de espiras do primário 129 Número de espiras do secundário 101 Número de fios do enrolamento “c” 10 x 27AWG Número de fios do enrolamento secundário 3 x 27AWG 122 6.5.1 Estudo Via Simulação do Inversor Meia-Ponte O circuito utilizado para simular o inversor meia-ponte com a presença do autotransformador é apresentado na Fig. 6.39. Rg1 C11 IRG4PC40UD A 1N4744A B Rg2 400V T3 sec T3 prim IRG4PC40UD C10 T4 R Lamp 1N4744A Fig. 6.39 – Circuito inversor simulado. Apresenta-se na Fig. 6.40 a tensão nos terminais AB e a tensão na lâmpada. Podese confirmar que o autotransformador proporciona a adequação do valor eficaz da tensão sobre a lâmpada. 200V VAB V_Lamp 0V -200V 200us 210us 220us 230us 240us 250us 260us 270us Time Fig. 6.40 – Tensão VAB e tensão na lâmpada. 280us 290us 300us 123 A potência na lâmpada, obtida em simulação, foi muito próxima da nominal conforme pode-se verificar na Fig. 6.41. 400W 402,923W Potência na lâmpada 200W 0W 300us 320us 340us 360us 380us 400us Time 420us 440us 460us 480us 500us Fig. 6.41 – Potência na lâmpada. 6.5.2 Estudo Experimental do Inversor Meia-Ponte Na Fig. 6.42 são apresentadas as formas de onda de corrente e tensão em um dos IGBT’s. 100V/Div 2A/Div Fig. 6.42 – Tensão e corrente de um IGBT. A entrada em condução dos interruptores é suave, sob tensão e corrente nula, conforme apresentado na Fig. 6.43. 124 100V/Div 2A/Div Fig. 6.43 – Detalhe da entrada em condução de um dos IGBT’s. Observa-se na Fig. 6.44, em detalhe, o bloqueio de um dos IGBT’s. 100V/Div 2A/Div Fig. 6.44 – Detalhe do bloqueio do IGBT. 125 As Fig. 6.43 e Fig. 6.44 mostram que entrada em condução é suave e o bloqueio dissipativo, porém não ocorre sobre-tensão nos interruptores. A tensão e corrente na lâmpada são apresentadas na Fig. 6.45. 50V/Div 5A/Div Fig. 6.45 – Tensão e corrente na lâmpada. Na Tabela 9 apresenta-se alguns dados sobre o desempenho do conversor: Tabela 9 – Desempenho do inversor meia-ponte. Tensão de Saída 105,7V Corrente de Saída 3,586A Potência de Entrada 393W Potência de Saída 379W Rendimento 96,3% Temperatura do Autotransformador T3 44ºC Temperatura do Indutor T4 41ºC 126 Alguns esclarecimentos são necessários para evitar interpretações incorretas dos dados da Tabela 9. A temperatura dos elementos magnéticos é a sua temperatura externa (no ponto mais quente do núcleo); Os valores de potência de entrada e de saída bem como a corrente e a tensão na lâmpada foram medidos após a estabilização térmica do conversor (aproximadamente 180 minutos); O inversor foi alimentado através do conversor elevador, ou seja, os resultados apresentados foram obtidos com o reator eletrônico completo. 127 6.6 Conclusão Neste capítulo foram mostrados os resultados da implementação de dois reatores eletrônicos para lâmpadas de vapor de sódio de 400W. O projeto de ambos seguiu a metodologia apresentada nos capítulos anteriores, especialmente a do capítulo 5, onde foram realizados exemplos de projeto dos reatores para lâmpadas de 250W. Primeiramente foram mostrados os resultados do reator com o estágio passivo de correção do fator de potência, do qual pode-se destacar: Sistema passivo de correção do fator de potência; Elevado rendimento, 92,2%; Elevado fator de potência, 0,983; Robusto; Baixa interferência eletromagnética; Metodologia de projeto simples e eficiente; Fácil implementação. Na seqüência abordou-se os resultados experimentais e de simulação do reator eletrônico com o estágio ativo de correção do fator de potência. Demonstrou-se a metodologia de projeto do circuito de pré-carga, necessário neste reator. Dentre os resultados obtidos para este reator vale ressaltar: Fator de potência próximo à unidade em toda faixa de operação; Tensão de barramento regulada para uma tensão de alimentação de 160V a 264V e carga de 0% a 100%; Baixa ondulação da tensão de barramento, aproximadamente 2%; Comutação dissipativa no conversor elevador; Potência na lâmpada um pouco abaixo do valor nominal, porém num valor aceitável PL ≅ 380W ; Rendimento de 91,5% para a tensão de entrada de 220V. 128 7 Capítulo Conclusão Neste trabalho apresentou-se a metodologia de projeto, o projeto e os resultados experimentais de quatro reatores eletrônicos para lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão. Destes, desenvolveu-se dois reatores para lâmpadas de 250W (um ativo e um passivo) e dois para lâmpadas de 400W (ativo e passivo). No primeiro capítulo foram apresentados os princípios de geração de luz artificial, as grandezas utilizadas em iluminação e suas unidades. As principais características das lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão, o problema da sua operação em alta freqüência, a ressonância acústica e as técnicas encontradas na literatura para evitar a ressonância acústica também foram apresentadas. Comentou-se a respeito da necessidade de um circuito auxiliar para realizar a ignição de forma segura da lâmpada e exemplos de circuito foram mostrados. Finalmente apresentou-se o diagrama esquemático do reator proposto e suas características desejáveis. O segundo capítulo trouxe um exemplo de estrutura retificadora passiva de elevado fator de potência. Explicitou-se suas principais características destacando-se: sua robustez, simplicidade, as etapas de operação e formas de onda relevantes. Uma metodologia de projeto, baseada em ábacos obtidos via simulação numérica, também foi formulada. No terceiro capítulo fez-se uma breve análise do conversor elevador de alto fator de potência, operando em condução contínua, com controle por valores médios instantâneos. Este conversor caracteriza-se pelo elevado fator de potência e, pela independência do mesmo, frente a variações de rede e de carga. Descreveu-se as etapas de operação, destacando-se as formas de onda relevantes. Também foram apresentadas metodologias de projeto para o estágio de potência, malhas de controle de corrente e tensão, fonte auxiliar e circuito de pré-carga do capacitor de saída. No quarto capítulo foram apresentados: o circuito inversor meia-ponte, o circuito de comando dos interruptores e o circuito de ignição da lâmpada de vapor de sódio. Foram descritas as etapas de operação, destacando que a entrada em condução dos interruptores é suave enquanto o bloqueio é dissipativo. Desenvolveu-se uma metodologia de cálculo do indutor “ballast”, que realiza a filtragem e a estabilização da corrente da lâmpada. Sugeriu- 129 se o emprego de um autotransformador para adaptar a tensão entregue a lâmpada caso o conversor elevador seja adotado no estágio de entrada. Mostrou-se o circuito de ignição da lâmpada e o seu princípio de funcionamento. Também foi apresentado o projeto dos interruptores de potência, bem como do dissipador adequado para limitar a sua elevação de temperatura. O quinto e o sexto capítulo foram dedicados à aplicação das metodologias de projeto demonstradas nos capítulos anteriores. O projeto teve seus resultados confirmados através de simulações numéricas e através da montagem de quatro reatores eletrônicos cujas características podem ser sumarizadas: Para os reatores eletrônicos com o estágio passivo de correção de fator de potência: A experimentação comprovou o estudo teórico e a simulação da estrutura; A comutação dos interruptores do inversor meia-ponte é suave na entrada em condução e dissipativa no bloqueio; Alto rendimento da estrutura, aproximadamente 90,6% (250W) e 92,2% (400W); Elevado fator de potência, 0,983 para ambos os reatores; Circuito robusto, simples e com baixo número de componentes; Proteção contra curto-circuito no barramento CC. Para os reatores eletrônicos com o estágio ativo de correção de fator de potência: Fator de potência próximo à unidade em toda faixa de operação; Tensão de barramento regulada para uma tensão de alimentação de 160V a 264V e carga de 0% a 100%; Baixa ondulação da tensão de barramento, aproximadamente 2%; Comutação dissipativa no conversor elevador; Rendimento de 92% (250W) e 91,5% (400W) para tensão de entrada de 220V. Podem ser citadas como contribuições deste trabalho: Apresentação de metodologias simples para o projeto de reatores eletrônicos ativos e passivos; 130 O estágio passivo sugerido pode ser utilizado em outras estruturas devido a sua robustez, facilidade de implementação, rendimento e fator de potência obtidos; Desenvolvimento de uma metodologia de projeto do indutor “ballast” que garante que a máxima potência transferida à lâmpada não seja superior a nominal; Comprovação de que é viável o emprego de reatores eletrônicos em lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão; Como seqüência deste trabalho pode-se sugerir: Teste do reator com diferentes marcas de lâmpadas em diversas fases de sua vida útil para confirmar a eficiência da técnica adotada para evitar a ressonância acústica; Estudo de novos materiais para a confecção do indutor do estágio passivo de correção de fator de potência, visando minimização do volume e/ou das perdas. 131 8 Referências [1] ANDRÉ, Anderson S.; PERIN, Arnaldo J. 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