476 Trabalho 105 - 1/5 PROTEÇÃO INEFIZAZ RELACIONADA COM HEPARINIZAÇÃO ENDOVENOSA: CONSTRUÇÃO DE UM PROTOCOLO DE ENFERMAGEM Ana Carolina Lici Monteiro Maria Selma Pacheco Peixoto Denise Viana Rodrigues de Oliveira Andrea Cotait Ayoub Márcia Viana de Oliveira Klassen Introdução: A heparina não fracionada endovenosa é um anticoagulante que tem início de ação imediato, porém, de curta duração. É indicada em baixas doses na prevenção de trombose venosa profunda, síndrome coronariana aguda, tromboembolismo pulmonar, entre outras doenças vasculares1,2. Seu uso é contra-indicado em casos de sangramentos, plaquetopenia grave, coagulopatias, idade avançada, hipertensão arterial refratária ao tratamento e endocardite bacteriana. Em altas doses é indicada para fins terapêuticos quando se pretende prevenir a ocorrência de um segundo episódio tromboembólico em pacientes com trombose venosa profunda, embolia pulmonar, cateterismos ou angioplastias, hemodiálise e cirurgia cardiovascular com circulação extracorpórea 2. A principal complicação do uso da heparina endovenosa é o risco de sangramento quando o paciente não atinge o valor do TTPA desejado. O TTPA – tempo de tromboplastina parcial ativada é um teste que avalia o tempo necessário para formação de um coágulo de fibrina em uma amostra de plasma. De acordo com a indicação do uso da heparina endovenosa há um valor de TTPA que se denomina faixa ideal que se deseja atingir. Este valor varia de acordo com a patologia3. Diante da problemática levantada, para o risco de sangramento, a partir do paciente em uso da heparina endovenosa, o enfermeiro elabora o diagnóstico de enfermagem Proteção Ineficaz. Os diagnósticos de Enfermagem fazem parte da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Através da Resolução nº 272 do COFEN instituiu-se que a SAE deva ser aplicada nas Instituições de Saúde Brasileira, pública e privada. No pronto socorro da instituição do estudo que tem como filosofia a integração entra a assistência, ensino e pesquisa, Enfermeira, especialista em Enfermagem Cardiovascular pelo Insttuto Dante Pazzanese de Cardiologia, Rua Humberto I, 173, ap 13, Vila Mariana, São Paulo – SP, CEP: 04018030, [email protected] 477 Trabalho 105 - 2/5 utiliza-se a SAE contemplando todas as etapas desde 1990. A SAE é um dos principais instrumentos que o enfermeiro dispõe para prestar assistência, sendo de real importância que o processo seja documentado e registrado, condizente com a Lei do Exercício Profissional. A realização da SAE é um processo dividido em fases: levantamento de problemas, diagnósticos de enfermagem, intervenções de enfermagem e evolução de enfermagem. Sua realização desde que elaborada de acordo com o julgamento clínico e crítico do enfermeiro aumenta a qualidade da assistência 3. Neste artigo, o problema levantado, é o uso da heparina não fracionada endovenosa, a partir do qual é elaborado o diagnóstico Proteção Inefizam que é definido segundo a Taxonomia II de Diagnósticos da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA), como a diminuição na capacidade de proteger-se de ameaças internas ou externas, como doenças ou lesões. Apresenta como características definidoras: agitação, alteração da coagulação, alteração neurossensorial, anorexia, calafrios, deficiência na imunidade, desorientação, dispnéia, fadiga, fraqueza, imobilidade, insônia, perspiração, prejuízo na cicatrização, prurido, resposta mal-adaptada ao estresse, tosse e úlcera de pressão. Apresenta como fatores relacionados: abuso de álcool, câncer, distúrbios imunológicos, extremos de idade, nutrição inadequada, perfis sanguíneos anormais, terapias com medicamentos (antineoplásicos, corticosteróides, imunossupressores, anticoagulantes, trombolíticos) e tratamentos (cirurgia, radioterapia) 4. A característica definidora evidenciada neste artigo é a alteração da coagulação e o fator relacionado terapia com medicamento: anticoagulante (heparina não fracionada endovenosa). Objetivo: Elaborar protocolo assistencial de enfermagem no uso da Heparina não fracionada endovenosa. Metodologia: trata-se de um estudo descritivo, baseado no levantamento de literatura e experiência prática das autoras. Inicialmente foi feita busca em literatura através da base de dados Bireme, utilizando as palavras heparina e enfermagem e foram encontrados 179 artigos, dos quais 37 foram selecionados de acordo com a relevância para o estudo. Após a análise dos artigos selecionados teve início a construção do protocolo e do fluxograma do uso da heparina não fracionada endovenosa. Resultados: Intervenções de enfermagem são definidas como o tratamento, baseado no julgamento clínico e conhecimento, realizado por uma enfermeira para aumentar resultados obtidos pelo paciente/cliente5. Para o diagnóstico de enfermagem proteção ineficaz relacionada Enfermeira, especialista em Enfermagem Cardiovascular pelo Insttuto Dante Pazzanese de Cardiologia, Rua Humberto I, 173, ap 13, Vila Mariana, São Paulo – SP, CEP: 04018030, [email protected] 478 Trabalho 105 - 3/5 com o uso de heparina endovenosa a meta proposta é: garantir assistência segura, no preparo, na administração, manutenção da heparina endovenosa e a prevenção de sangramentos. O protocolo assistencial de enfermagem é constituído das seguintes intervenções: 1 Administração de medicamentos: por via endovenosa (EV) que deve levar em consideração a intervenção de preparo e a administração de medicamentos através de via endovenosa. As atividades envolvidas são: preparo da medicação, observar a data de validade dos medicamentos e das soluções, preparar a solução padrão, preencher o rótulo com o nome do paciente, solução, gotejamento, data, hora, rubrica e carimbo e colá-lo ao frasco da solução, reunir os materiais adequados para administração da medicação, administração da solução de heparina, verificar a posição e a permeabilidade do cateter endovenoso dentro da veia, colocar a solução em bomba de infusão e administrar na velocidade apropriada de acordo com o protocolo institucional, Monitorar o sistema endovenoso, a velocidade do fluxo e a solução, a intervalos regulares, conforme o protocolo institucional, monitorar sinais de infiltração e flebite no local da infusão, registrar a administração da solução e a resposta do paciente no impresso de anotação de enfermagem, registrar no impresso de protocolo de heparina o início ou evolução da rotina; os valores de TTPA (prévio e atual) e o horário do próximo controle de TTPA, 2 Precauções contra sangramento: definida pela NIC como redução de estímulos que possam causar sangramento ou hemorragia em pacientes de risco. Tem como atividades: monitorar os exames de coagulação (tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) e índice de normatização internacional (INR). Ajustar a infusão da solução de acordo com o resultado do TTPA estabelecido no protocolo de heparina). O gotejamento da heparina conforme prescrição médica e protocolo da instituição inicia-se a 20ml/h precedido de um bolus de heparina não fracionada endovenosa cuja dosagem é calculada segundo o peso do paciente tendo como dosagem máxima 25 mil UI e monitorar o paciente buscando sinais e sintomas de sangramento através de exame físico dirigido5. Através do desenvolvimento da sistematização foi elaborado um fluxograma de atendimento para instrumentalizar a equipe de enfermagem em suas ações diárias e reformulado o impresso de protocolo de heparina. Conclusão: o desenvolvimento de protocolos de enfermagem auxilia a determinar e a padronizar as ações de enfermagem em um objetivo comum. Neste caso, a elaboração do protocolo da Enfermeira, especialista em Enfermagem Cardiovascular pelo Insttuto Dante Pazzanese de Cardiologia, Rua Humberto I, 173, ap 13, Vila Mariana, São Paulo – SP, CEP: 04018030, [email protected] 479 Trabalho 105 - 4/5 heparina endovenosa assegura a administração correta da heparina, bem como o controle do seu gotejamento para que seja atingida a faixa ideal do TTPA, minimizando ocorrências como sangramentos. O diagnóstico de enfermagem Proteção ineficaz aplica-se a todos os pacientes sob esta terapêutica com a característica definidora alteração da coagulação e fator relacionado: anticoagulante (heparina não fracionada endovenosa). Referências 1 Timerman, A Heparinas de Baixo Peso Molecular (HBPM) nas Síndromes Coronárias Agudas (SCA). Federacíon Argentina de Cardiologia. 2º Congresso virtual em Saúde. Disponível em: < http://www.fac.org.ar/scvc/llave/epi/timerma/timermap.html>, acesso 01 jun 2010. 2 Wannmacher, L. Heparinas de Baixo-Peso Molecular: evidências que fundamentam indicações. vol 4, nº 2, Brasília, jan 2002. Disponível em:http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/v4n2_heparinas.pdf, acesso 01 jun 2010. 3 Conselho federal de enfermagem (COFEN). Resolução 272 de 27 de agosto de 2002. 4 Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: definições e classificação 2009-2011 / NANDA Internacional; tradução Regina machado Garcez. – Porto Alegre: Artimed, 2010. 5 Dochterman, JM, Bulechek, GM. Classificação das intervenções de enfermagem (NIC), 4ª ed, Porto Alegre: Artmed, 2008. Palavras chave: heparina, proteção ineficaz, protocolo de enfermagem Área temática: Sistematização de assistência de enfermagem na atenção a saúde ao indivíduo em diferentes fases da vida. Enfermeira, especialista em Enfermagem Cardiovascular pelo Insttuto Dante Pazzanese de Cardiologia, Rua Humberto I, 173, ap 13, Vila Mariana, São Paulo – SP, CEP: 04018030, [email protected] 480 Trabalho 105 - 5/5 Enfermeira, especialista em Enfermagem Cardiovascular pelo Insttuto Dante Pazzanese de Cardiologia, Rua Humberto I, 173, ap 13, Vila Mariana, São Paulo – SP, CEP: 04018030, [email protected]