A Aspectos relacionados à disfagia orofaríngea e às condições de saúde em portadores da doença de Huntington em um município da Zona da Mata mineira Artigo Original Aspectos relacionados à disfagia orofaríngea e às condições de saúde em portadores da doença de Huntington em um município da Zona da Mata mineira Oropharyngeal dysphagia related aspects and health conditions in patients with Huntington’s disease in one city of Zona da Mata of Minas Gerais Breno da Silva Lozi1 Mirella Martins Oliveira1 Marília Catarina Martins de Paiva1 Carmen Lúcia Antão Paiva2 Luciana de Andrade Agostinho3 Marilene Guimarães4 Denise Félix Quintão5 Unitermos: Transtornos de Deglutição. Degeneração Neural. Doença de Huntington. Keywords: Deglutition Disorders. Nerve Degeneration. Huntington Disease. Endereço para correspondência: Breno da Silva Lozi Av. Machado de Assis, 37 – Triângulo – Carangola, MG, Brasil – CEP: 36800-000 E-mail: [email protected] Submissão: 4 de julho de 2014 Aceito para publicação: 15 de setembro de 2014 1. 2. 3. 4. 5. RESUMO Objetivo: O estudo teve como objetivo analisar a presença de possíveis fatores causais relacionadas à disfagia orofaríngea e às condições de saúde em pacientes portadores da Doença de Huntington. Método: Participaram da pesquisa seis pacientes de um município da Zona da Mata mineira. Foram aplicados aos cuidadores três questionários. Resultados: Com relação à evolução da doença, 50% dos pacientes encontram-se no estágio intermediário e os outros 50%, no estágio avançado. Ao avaliar a saúde e a qualidade de vida, observou-se que cinco dos sete domínios apresentavam escores menores que 50. E em relação aos problemas em consequência das dificuldades ao engolir, 50% dos pacientes apresentam tosses ocasionadas ao ingerir; 66,7% às vezes engasgam ao comer alimentos e 33,4% dos indivíduos frequentemente engasgam ao beberem líquidos. Conclusão: As condições de saúde e bem-estar desses pacientes se encontram bastante afetadas e ainda se notam alguns sinais físicos frequentes em consequência da disfagia orofaríngea, o que irá requerer um acompanhamento profissional multidisciplinar especializado. ABSTRACT Objective: The study aimed to analyze the presence of possible causal factors related to oropharyngeal dysphagia and health conditions in patients with Huntington’s disease. Methods: Six patients participated in the research of a municipality Zona da Mata of Minas Gerais. Questionnaires were applied to three caregivers. Results: Regarding the evolution of the disease, 50% of the patients are in the intermediate stage and the other 50% are in the advanced stage. When evaluating the health and quality of life, it was observed that five of the seven domains had scores lower than 50. And in relation to problems as a result of the difficulty when swallowing, 50% of the patients have coughs caused by ingesting; 66.7% sometimes choke while eating food and 33.4% of individuals often choke when drinking liquids. Conclusion: The conditions of health and wellbeing of these patients are very affected and still show some physical signs are frequent as a result of oropharyngeal dysphagia, what will require a specialized multidisciplinary professional supervision. Graduação em Nutrição pela Faculdade de Minas (FAMINAS), Muriaé, MG, Brasil. Professora de Genética e Biologia Molecular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Coordenadora e Professora de Biomedicina da Faculdade de Minas (FAMINAS), Muriaé, MG, Brasil. Professora de Nutrição da Faculdade de Minas (FAMINAS), Muriaé, MG, Brasil. Coordenadora e Professora de Nutrição da Faculdade de Minas (FAMINAS), Muriaé, MG, Brasil. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 209-13 209 Lozi BS et al. INTRODUÇÃO A Doença de Huntington (DH), também conhecida popularmente como coreia de Huntington, tem esse epônimo em homenagem ao Dr. George Huntington, autor da primeira publicação científica da síndrome clínica, que foi apresentada em abril de 1872, na revista norteamericana “The Medical and Surgery Reporter” com o nome de Coreia Hereditária. O termo “coreia”, derivado do grego, significa dança e é uma designação muito apropriada para as alterações motoras presentes nessa doença, semelhantes a alguns passos de dança1. A DH é transmitida hereditariamente, de caráter autossômico dominante. Essa doença é causada por uma mutação no gene HTT, localizado no braço curto do cromossomo 4 (4p16.3). A mutação responsável pela doença consiste em expansões trinucleotídicas CAG acima de 35 repetições. O número de repetições CAG considerado normal situa-se entre 9 e 34; entre 36 e 39 repetições, os alelos são considerados de penetrância reduzida e, acima de 39, penetrância completa. Sendo assim, todos os indivíduos que possuírem o genótipo para DH com mais de 39 CAG irão apresentar sinais e sintomas em algum momento da sua vida1,2. As manifestações iniciam-se na idade adulta, entre a terceira e a quarta década de vida, e o tempo de sobrevida é de 15 a 20 anos3. É caracterizada por movimentos involuntários, declínio cognitivo e perturbações comportamentais4, além de disfagia, perda de peso, instabilidade postural e incontinência urinária. Tais sinais e sintomas psiquiátricos podem ocorrer antes, durante ou após as manifestações neurológicas5. Um dos sinais precoces da doença é a incapacidade de realizar, corretamente, movimentos sequenciais ou de executar, de maneira rápida e harmônica, movimentos simples repetidos. Inicialmente, há um leve distúrbio na pronúncia, que é agravado com o tempo pelas mudanças de padrão e de ritmo da fala1. Para a deglutição adequada, é necessária a coordenação perfeita de diferentes nervos e músculos, respeitando a seguinte fisiologia: mastigação do alimento, seguida pela transferência do bolo alimentar para a faringe, fechamento da laringe a da velofaringe, evitando aspiração e refluxo nasal. Qualquer alteração nesse processo pode impedir uma ingestão oral segura, eficiente e confortável, distúrbio definido como disfagia. Esse é um dos sintomas que ocorre tardiamente nos pacientes com DH1,6,7. A American Speech and Hearing Association define a disfagia como uma desordem na deglutição, caracterizada por dificuldades tanto na preparação oral da deglutição quanto no ato de levar o alimento ou a saliva da boca até o estômago8. A asfixia e/ou a aspiração decorrente da disfagia ou do mau controle respiratório são consideradas causas comuns de comorbidades entre os doentes portadores da doença1,3. Por ser a disfagia um complexo problema clínico e que requer um adequado suporte nutricional, é imprescindível a presença do profissional nutricionista na equipe multidisciplinar. É de sua competência a avaliação dietética e nutricional do paciente, bem como a prescrição dietoterápica individualizada de acordo com as características do paciente e se o mesmo apresenta diabetes, hipertensão ou outras características que devam ser consideradas no momento do planejamento9. Considerando, portanto, o nutricionista como integrante da equipe multidisciplinar e a disfagia orofaríngea como um dos fatores de risco para o comprometimento da deglutição na DH, o presente estudo teve como objetivo analisar a presença dos fatores causais relacionados à disfagia orofaríngea e às condições de saúde em pacientes portadores da Doença de Huntington em uma cidade da Zona da Mata mineira. MÉTODO Estudo do tipo transversal prospectivo ocorreu entre os meses de abril e maio de 2012, envolvendo seis indivíduos portadores da DH, geneticamente testados por Agostinho10, sendo três do sexo feminino e três do masculino. O estudo foi elaborado segundo padrões vigentes de ética em pesquisa com seres humanos, conforme a resolução 196/96 da Convenção de Helsinki. Todos os sujeitos objeto de estudo foram totalmente esclarecidos sobre a pesquisa realizada e os responsáveis legais do paciente assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da FAMINAS (CEP-FAMINAS), com o parecer de número 038/2010. O levantamento dos dados foi obtido pelos relatos dos cuidadores e seus familiares. Para isso, foram utilizados três instrumentos específicos, visando à respectiva caracterização dos pacientes. Foi aplicado o primeiro Questionário ao cuidador, sobre os dados pessoais do paciente e doenças presentes, para classificar o paciente de acordo com o estágio de evolução da doença. Em seguida, foi aplicado o segundo Questionário, composto por sete perguntas que avaliam a saúde e a qualidade de vida dos pacientes, no qual os escores variam de 0 a 100. Um escore mais alto indica melhor qualidade de vida; em contrapartida, um escore mais baixo indica que a qualidade de vida do paciente encontra-se comprometida. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 209-13 210 Aspectos relacionados à disfagia orofaríngea e às condições de saúde em portadores da doença de Huntington em um município da Zona da Mata mineira Cada domínio foi avaliado da seguinte forma: para atividade foi considerada nível zero quando o indivíduo não sai de casa; para a recreação foi questionado ao cuidador se o paciente possui algum momento de lazer fora de casa; a deglutição e a mastigação foram consideradas de acordo com a alimentação diária do paciente; a fala foi considerada de acordo com a habilidade de entendimento do cuidador; já o sono foi considerado se o paciente utiliza ou não medicamentos para dormir e o comportamento foi relatado de acordo com o cuidador, as reações que o paciente apresenta. doença, conforme a Associação Brasil Huntington11: 50% dospacientes se encontram no estágio intermediário, ou seja, apresentam mudanças sutis na coordenação e alguns movimentos involuntários e os outros 50% no estágio avançado, nos quais os movimentos involuntários são mais acentuados, além disso, a locomoção e a fala estão prejudicadas, com dependência total dos cuidadores. E, posteriormente, foi aplicado um terceiro Questionário, composto por quatro perguntas específicas sobre a disfagia orofaríngea, no qual cada questão possui três possíveis respostas (concordo, sem opinião e discordo). Incluindo, também, uma tabela com alguns distúrbios físicos observados por pessoas com problemas ao engolir, sendo pontuadas de 1 a 5. Assim, a pontuação final de cada domínio variou de 0 a 100, e quanto menor a pontuação, pior o efeito da disfagia orofaríngea na qualidade de vida do paciente. Assim, constatou-se que 66,6% da amostra apresentavam atividade diária comprometida, pois são dependentes do leito ou de cadeira e já não possuem autonomia para sair do domicílio. Em 50% dos casos, os pacientes não apresentam recreação. Em relação à deglutição e à mastigação: 33,4% dos pacientes consomem alimentos líquidos e 66,6% não podem mastigar nem mesmo alimentos leves. Em relação à fala, segundo relato dos cuidadores, 50% dos pacientes têm dificuldade para dizer algumas palavras, mas pode ser entendido por meio de gestos e expressões faciais. Além disso, 66,6% precisam utilizar algum medicamento para o sono e, em 66,6% dos casos, os indivíduos apresentam um comportamento calmo. A Tabela 1 apresenta os resultados relacionados à saúde e à qualidade de vida dos pacientes. O escore e a qualidade de vida são fatores diretamente proporcionais. Os Questionários 2 e 3 foram construídos a partir do trabalho de Guedes7, o qual estudou as condições de saúde, a qualidade de vida e habilidade de engolir dos portadores de câncer de cabeça e pescoço. Assim, esse instrumento foi adaptado para a Doença de Huntington. Sobre a habilidade de deglutição, 50% dos pacientes realizam um grande esforço para executá-la, devido a isso, há limitação na dieta. E, ainda, os cuidadores relataram ter dificuldade para preparar as refeições dos pacientes. RESULTADOS A Tabela 2 representa os problemas causados em consequência da má deglutição. Verificou-se que, em 50% dos casos, o paciente tem tosses ocasionais ao ingerir algum tipo de alimento; 66,7% às vezes engasgam ao comer alimentos, 33,4% frequentemente engasgam ao beberem líquidos. Contudo, 66,7% dos casos nunca sentem vontade de vomitar; 33,3% nunca apresentam excesso de salivação e 50% quase nunca ficam com alimento retido na boca. A idade dos seis indivíduos com DH investigados variou de 46 a 78 anos, com valor médio de 62,5 anos ±12,3. O valor médio da idade de início da doença nesses indivíduos foi de 47,33 anos ±8,9. Os cuidadores e familiares relataram que esses pacientes visitam raramente médicos especializados em distúrbio dos movimentos e não atualizam os medicamentos prescritos com a frequência adequada. Os pacientes foram nomeados como pacientes A, B e C por sexo. A paciente A realizou a última visita médica há 15 dias, por ter começado a apresentar os sintomas de diabetes; a paciente B visitou há cinco anos, para retirada total das mamas e a paciente C visitou o médico em torno de dois anos atrás. O paciente A não visita o médico há cerca de dois meses; o paciente B em torno de seis meses e o paciente C visitou o médico há dois anos, para tratamento com homeopatia. Além disso, 66,6% já vêm apresentando outros tipos de doenças associadas: 33,4% apresentam diabetes mellitus do tipo 2, 16,6% hipertensão e 16,6% diabetes mellitus do tipo 2 e hipertensão. De acordo com os dados obtidos em entrevista ao cuidador, foi possível classificar os estágios em que os pacientes se encontravam em relação à evolução da Tabela 1 – Análise da saúde e da qualidade de vida de pacientes portadores da Doença de Huntington de um município da Zona da Mata mineira, 2012. Domínios Escores 0 25 50 75 100 Atividade 66,6% 16,7% - 16,7% - Recreação 50% 33,3% - - 16,7% Deglutição - 33,4% 33,3% 33,3% - Mastigação 66,6% - 33,4% - - Fala 16,7% 16,7% 16,6% 50% - Sono 66,6% - - - 33,4% Comportamento 33,4% - - - 66,6% Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 209-13 211 Lozi BS et al. Tabela 2 – Sinais físicos relatados pelos cuidadores em consequência da disfagia orofaríngea de pacientes portadores da Doença de Huntington de um município da Zona da Mata mineira, 2012. Quase Sempre Frequentemente Algumas vezes Quase nunca Nunca Tosse - 16,7% 50% 16,7% 16,6% Engasga ao comer alimentos - - 66,7% - 33,3% Engasga ao beber líquidos - 33,4% 33,3% - 33,3% Vontade de vomitar - - 16,7% 16,6% 66,7% 16,7% 16,7% 16,7% 16,6% 33,3% Fica com comida presa na boca - 16,7% - 50% 33,3% Tosse a comida ou líquidos pela boca quando ficam presos - - - - 100% Tem muita saliva DISCUSSÃO Apesar de serem precárias as evidências científicas atualmente disponíveis em relação ao aconselhamento nutricional dos pacientes com DH, acredita-se que essa intervenção possa gerar um efeito benéfico na qualidade de vida dos pacientes. Além disso, o conhecimento precário da população em relação à DH dificulta os estudos sobre esse tema. Segundo Otaviano12, a DH é altamente incapacitante, depois da fase inicial, e as mudanças na vida do paciente e de sua família não são poucas e tampouco suaves, necessitando acompanhamento profissional especializado. Caso não seja possível a consulta médica de um profissional de saúde capacitado, como médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, entre outros, o quadro desse paciente pode vir a se agravar, surgindo, futuramente, as comorbidades. Gil-Mohapel & Rego13 descrevem que os primeiros sinais da doença são sutis. Numa fase inicial, podem ser observadas alterações moderadas na execução dos movimentos, emagrecimento, dificuldades na resolução de problemas, irritabilidade e depressão. Já as alterações motoras, associadas à perda de coordenação dos movimentos voluntários, progridem de forma lenta. O aparecimento desses sinais e sintomas, depois de uma determinada evolução da doença, limita o paciente de realizar atividades básicas diárias, como locomoção, conversação e deglutição. Dessa forma, avaliar a saúde e a qualidade de vida desses pacientes propicia aos pesquisadores, profissionais e acadêmicos da área da saúde um maior conhecimento sobre a DH e sua alta variabilidade clínica. Ximenes & Teixeira5 relataram um caso em que a paciente procurou atendimento com queixa de movimentos involuntários na boca, nos pés, nas mãos e disfagia orofaríngea havia três anos. Essa paciente apresentava movimentos involuntários nos lábios, língua, mãos e pé esquerdo, associados a sintomas depressivos, com comprometimento de funções cognitivas de pequena a média gravidade. No decorrer do acompanhamento clínico, foi realizada uma avaliação genética e foi constatada a presença de alelos em heterozigose com 26 e 44 repetições trinucleotídicas CAG (um normal e um expandido), confirmando a DH. A DH é uma desordem neurodegenerativa e não existe tratamento que retarde ou previna seu início e progressão, por isso, causa grande ônus para as famílias e para a sociedade. A variabilidade clínica da doença exige uma investigação genética precisa em nível molecular para que seja feito o diagnóstico definitivo, uma vez que os primeiros sintomas da DH podem ser semelhantes aos de outras doenças com melhor prognóstico10. A maior parte dos pacientes apresenta também caquexia, com emaciação a nível muscular e perda de peso13, o que é comum em todos os estágios da doença e contornável com o ajuste da dieta e manutenção do apetite14. Mas, sintomas graves no motor, psicose e demência são características sintomáticas da progressão de HD, que resultam da disfunção e morte de neurônios do gânglio basal15. Devido às grandes perdas calóricas frente aos movimentos involuntários incessantes, nesses pacientes ocorre perda de peso e risco de desidratação, sendo necessária a ingestão de grande quantidade de líquidos. Algumas vezes, a água deve ser espessada com aditivos comerciais para que fique com consistência de xarope, facilitando sua deglutição14; porém, o que se notou, é que boa parte (33,4%) dos pacientes frequentemente engasga ao beber líquidos, o que torna um fator limitante para converter a perda de peso e o quadro de desidratação. Alterações endócrinas têm sido também descritas em doentes de DH com o avançar da idade e das condições neurodegenerativas, incluindo aumento dos níveis de corticosteroides e diminuição dos níveis de testosterona circulantes. Além disso, 10% a 25% dos pacientes de Huntington têm diabetes mellitus13,16. No presente estudo, foi possível observar que metade dos pacientes já apresenta diabetes mellitus. O portador da DH com a evolução da doença apresenta disfagia, portanto, a avaliação desse distúrbio relacionado Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (3): 209-13 212 Aspectos relacionados à disfagia orofaríngea e às condições de saúde em portadores da doença de Huntington em um município da Zona da Mata mineira à ingestão se torna muito importante para que o paciente possa ter melhor qualidade de vida em relação ao seu estado nutricional3, pois muitos dos pacientes (66,7%) vêm apresentando um quadro de engasgo ao comer alimentos, o que é também um fator prejudicial para contornar a situação. Por fim, foi possível observar que as famílias não possuem esclarecimentos suficientes para lidar com a evolução dessa doença. Muitas delas deixam de aproveitar a vida para se dedicar apenas e somente aos pacientes, trazendo, assim, uma sobrecarga emocional e física constante. Walter et al.17 relatam que o convívio com outras pessoas, mesmo que despreparadas para cuidar do paciente, contribui para uma melhora perceptível no estado psicológico do paciente, atenuando os sintomas depressivos e tornando-o ativo no processo de reabilitação, conforme observado neste projeto desenvolvido. Os familiares e cuidadores, sendo parte fundamental desse processo de assistência ao portador da DH, também devem receber cuidados, apoio e orientações de saúde para que possam continuar a cuidar dos pacientes12. Além do cuidado com o paciente, deve-se trabalhar com os membros da família, pela consequente sobrecarga de tarefas, podendo inclusive levar ao adoecimento do cuidador. O interessante é passar para essas famílias mais informações sobre essa doença, a fim de suavizar a aflição deles e, além disso, criar uma rede de familiares e cuidadores para que estes possam trocar experiências relacionados ao convívio diário com a DH. CONCLUSÕES Observou-se, por meio deste estudo, que as condições de saúde e bem-estar desses pacientes se encontram bastante afetadas e ainda se notam alguns sinais físicos frequentes em consequência da disfagia, o que vai requerer um acompanhamento profissional multidisciplinar especializado para que possa ser oferecido um melhor aconselhamento, para alcançar uma melhor qualidade de vida. Esse aconselhamento, é dificultado devido aos diferentes estágios da doença e à variabilidade clínica de cada indivíduo. O profissional nutricionista poderá atuar de forma direta na prescrição da composição e consistência da alimentação, amenizando possíveis complicações e assegurando a saúde e a nutrição desses pacientes. REFERÊNCIAS 1.Chemale FA, Bassols GF, Ferreira MT, Rocha RS, Antonello J. Doença de Huntington. 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