IDENTIFICAÇÃO: Sebastiana Xavier da Silva, 61 anos, Feminino, Doméstica, Jaboatão dos Guararapes, Pavilhão Amaury de Medeiros C2 QP: Massa abdominal percebida em maio/07, associada à piora da constipação e empachamento HDA: Paciente refere constipação de longa data associada à pirose e empachamento que a levaram a procurar um médico há quatro anos. Nessa ocasião, foi submetida a uma colecistectomia devido à presença de cálculos e na esperança de melhorar os sintomas citados. Refere, porém, que não obteve melhora após a cirurgia e que em maio/07 notou uma massa na fossa ilíaca direita, móvel, de consistência endurecida e que doía com compressão e decúbito lateral direito. Diz que a constipação e o empachamento pioraram muito (chegou a passar 10 dias sem evacuar) nesse período. Procurou serviço médico, sendo posteriormente encaminhada para o HUOC, onde chegou dia 03/07 com uma USG e uma TC de abdômen realizadas em outro serviço. Refere que concomitante a essa massa, começou a sentir distensão abdominal mais dor em pontada em abdômen superior e que melhorava quando conseguia arrotar. Refere três episódios de vômito alimentar desde maio e perda de peso (não sabe quantificar). Nega hemorragia anal e não sabe informar sobre melena (paciente com deficiência visual devido a glaucoma). IS: Anorexia, tonturas, azia, boca seca. AP: Nega HAS, DM, hemotransfusão e alergia. Tabagismo (parou há 10 anos), etilismo social. Epidemiologia positiva para esquistossomose e para Doença de Chagas. Glaucoma Bilateral. Cirurgias: colecistectomia há 4 anos e 02 cesáreas. AF: Nega HAS e DM. Câncer (?). EXAME FÍSICO: EGB, eupnéica, consciente, orientada, afebril, sem edemas, anictérica, acianótica, corada, sem gânglios/tireóide palpáveis. ACV: RCR 2T BNF S/S AR: MV + em AHT s/ RA Abdômen: cicatriz de colecistectomia em HD e cicatriz mediana para retirada da massa abdominal. Abdômen flácido, depressível, indolor à palpação. RHA+. Sem visceromegalia/circulação colateral. EXAMES COMPLEMENTARES: Hemograma: sem alterações Coagulograma: sem alterações Função hpática: GGT alterada CEA, Ca125, alfafetoproteína: nos limites da normalidade Colonoscopia: lesão vegetante, irregular, friável, coloração avermelhada medindo cerca de 5,0 cm. Localizada na junção íleo-cecal. USG de Abdome Total (22/05/07) Resultado: - Fígado: volume normal, contornos regulares, ecotextura alterada, área sólida dimensões 1,9 x 2,4 x 1,7 cm no lobo direito. - Vesícula Biliar: não visualizada, pois a paciente é colecistomizada. - Hepatocolédoco: ecograficamente normal. - Grandes Vasos: ecograficamente normal - Pâncreas: ecograficamente normal. - Rim Direito: tópico, ecotextura e arquitetura renal preservada. - Rim Esquerdo: tópico, ecotextura e arquitetura renal preservada. - Bexiga Urinária: normal. Tomografia Axial Computadorizada de Abdome (10/08/2007). Resultado: - Intestino: Lesão expansiva sólida e hipervascularizada de +/- 3 cm de diâmetro, na junção íleo-cecal. Linfonodomegalias pericecais hipervascularizadas de +/- 2 cm de diâmetro. - Fígado: Lesões nodulares hipervascularizadas (5 no lobo direito e 1 no lobo esquerdo), a maior de todas medindo 1,8 cm no lobo direito. - Vias Biliares: sem alterações. - Ausência de ascite ou pneumoperitônio - Baço: formação de aspecto cístico de +/- 2,0 cm de diâmetro na margem hilar. - Rins: pequeno cálculo calicinal direito, cisto simples no pólo superior do Rim direito. - Doença ateromatosa aorto / ilíaca. - Apendicolito: com o apêndice apresentando espessura mais proeminente que o normal (0,8 cm de espessura). Raio X de tórax: sem alterações HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS: 1) Neoplasia íleo-cecal 2) lesão hepática secundária EVOLUÇÃO: Paciente submetida a uma Hemicolectomia Direita dia 12/09 OBS: Durante a cirurgia (12.09) foi diagnosticado que o tumor não era na junção íleo-cecal e sim no íleo terminal, portanto um tumor de intestino delgado. ACHADO DA DADOS DA CIRURGIA: 1. Não palpado, nem visualizado nódulos metastáticos hepáticos referidos em Tomografia. 2. Tumor de íleo terminal que se estendia à válvula íleo-cecal, linfonodomegalia pericólica. BIÓPSIA: Tumor Carcinóide de íleo terminal com invasão de ceco TUMORES DE INTESTINO DELGADO: No caso de tumores de intestino delgado, o tratamento se baseia no tamanho e na localização do tumor e na presença ou ausência de metástase. Frequentemente a ressecção cirúrgica curativa não é possível, portanto a ressecção paliativa deve ser realizada para evitar sangramentos, perfuração e obstrução. Os adenocarcinomas não respondem bem à RT ou QT. Nos linfomas, a RT e a QT associada à cirurgia melhoram a sobrevida. No tumor carcinóide primário < 1cm de diâmetro sem meta para LN: ressecção segmentar do intestino. No casos de tumores maiores do que 1cm, com múltiplos tumores ou metástase para LN regionais, independente do tamanho do tumor primário, indica-se incisão ampla do intestino e mesentério. Para lesões do íleo terminal, o tratamento mais adequado é a Hemicolectomia Direita. Em pacientes com tumor carcinóide e doença metastática, a cirurgia ainda está indicada. Por isso, que mesmo com metástase hepática a paciente foi submetida à cirurgia. EVOLUÇÃO: Paciente recebeu alta hospitalar dia 18/09/07 e voltou a ser internada dia 13/10 para investigação e tratamento dos nódulos hepáticos.