Aluno:_____________________________________________________________ Série/ano: 9° Turma:_____Turno: _________Professor: ____________ Data: ___/___/___ FILOSOFIA: O UNIVERSO DO FILOSOFAR Quando iniciamos o estudo da filosofia, nos deparamos com muitos conceitos. Não podemos esquecer que conceitos são ideias elaboradas sobre um determinado assunto. Por isso fazem-se necessárias a análise, a reflexão e a síntese. A filosofia nos ensina a elaborar conceitos sobre todas as coisas e sobre o mundo que nos cerca, e o mais importante de tudo, ela nos ensina a investigar sobre o que realmente é. Quando perguntamos: O que é útil? O que é inútil? Estamos querendo saber sobre a utilidade de determinada coisa. Do mesmo modo que desejamos saber qual a utilidade da Filosofia. Mas a pergunta acerca da utilidade ou inutilidade de algo nos leva a outras interrogações. Quando perguntamos se algo é útil, temos de perguntar em seguida: útil para quê ou para quem? E se algo é inútil, teríamos de perguntar: sendo inútil, por que existe? Para que serve a Filosofia e para quem ela serve? Será que a filosofia é útil ou viveríamos muito bem sem ela? Para que a filosofia existe? A filosofia é o estudo da sabedoria e por sabedoria não se aprende apenas a prudência nos negócios, mas um perfeito conhecimento de todas as coisas que o homem pode saber, tanto para a conduta de sua vida quanto para a conservação de sua saúde e invenção de todas as artes. Mas no que diz respeito à utilidade da filosofia, ela não pode está ligada a nada que diga respeito a conquista do poder, de fama ou de riqueza. A utilidade da Filosofia só pode está ligada à conquista da sabedoria. A Filosofia nos ajuda a entender melhor o mundo e a entendermos a nós mesmos. PARA REFLETIR FILOSOFIA, O QUE É ISSO AFINAL? A Filosofia é um modo de pensar, é uma postura diante do mundo. A Filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. Ela é, antes de tudo, um modo de se colocar diante da realidade, procurando refletir sobre os acontecimentos a partir de certas posições teóricas. Essa reflexão permite ir além da pura aparência dos fenômenos, em busca de suas raízes e de sua contextualização em um horizonte amplo, que abrange os valores sociais, históricos, econômicos, políticos, éticos e estéticos. Por essa razão ela pode se voltar para qualquer objeto. Pode pensar a ciência, seus valores, seus métodos, seus mitos, pode pensar a religião, pode pensar a arte, pode pensar o próprio homem em sua vida cotidiana. Uma história em quadrinhos ou uma música popular podem ser objetos de reflexão filosófica. A Filosofia é um jogo irreverente, que parte do que existe, critica, coloca em dúvida, faz perguntas importunas, abre a porta das possibilidades, faz-nos entrever outros mundos e outros modos de compreender a vida. A Filosofia incomoda porque questiona o modo de ser das pessoas, das culturas, do mundo. Questiona as práticas politicas, cientifica, técnica, ética, econômica, cultural e artística. Não há área em que ela não se meta, não indague, não perturbe. E, nesse sentido, a Filosofia é perigosa, subversiva, pois vira a ordem estabelecida de cabeça para baixo. O QUE É O FILOSOFAR? 1.1 Conceitos de Filosofar: Você já parou pra pensar sobre o significado do verbo filosofar? Pois bem, o verbo filosofar apresenta três significados distintos: O primeiro apresenta-se como sinônimo de “pensar”. Mas o que é pensar? Não esqueça! Pensar é exercer uma atividade do espirito; imaginar; planejar; refletir; meditar; raciocinar. O segundo significado de filosofar se apresenta como sinônimo se “saber”. Mas o que é o saber? Ora, saber significa experimentar, conhecer mediante a demonstração de um objeto. O terceiro significado de filosofar se apresenta como sinônimo de “razão”. Mas o que é razão? Pois bem, razão é a faculdade de raciocinar, de calcular, é juízo, inteligência. É por meio da razão que o homem chega averdade e interpreta a sua realidade. Se alguém pergunta: qual a capital do Brasil? Estamos diante de uma pergunta que, como sabemos, não admite discordância, uma vez que não há porque duvidarmos que a capital do Brasil é Brasília. Mas se perguntarmos: qual o sentido de nossa existência? Ou então: em que consiste a felicidade? Ou então: por que existem guerras? Tais perguntas nós só conseguimos responder se pensarmos um pouco. Elas não podem ser respondidas de imediato, porque são perguntas filosóficas, isto é, perguntas que exigem um esforço de reflexão. Esse esforço de reflexão é o que chamamos de filosofar. Se por um lado, as perguntas filosóficas não são tão simples de responder, por outro, suas respostas não são tão bem aceitas por todos. Uma pessoa pode falar que a felicidade consiste em poder fazer o que quiser, outro pode achar que a felicidade consiste em fazer o bem, ou então a felicidade consiste em amar e ser correspondido. Aqui temos três respostas para definir a felicidade, mas poderia ser bem mais. Note que buscamos dentro de nós mesmo uma verdade, como uma convicção pessoal. O que é importante compreender é que, em se tratando de filosofia, o que é verdade para um não pode ser para o outro. 1.2 O mito: Antes do surgimento da Filosofia, as perguntas dos homens eram respondidas por diferentes religiões. As explicações religiosas eram repassadas de geração em geração através dos mitos. O mito consistia no saber que a tradição popular mantinha a respeito das questões relativas ao mundo, à vida e aos deuses. Era um saber irrefletido, ingênuo, sem reflexão e sem qualquer justificativa racional. Por meio do mito, o homem primitivo procurava entender o mundo, afugentar o medo e a insegurança. Visto ser uma forma ingênua e fantasiosa de entender o mundo, o mito preenchia o desejo do homem de querer que as coisas acontecessem de forma que pudessem satisfazer seus anseios e suas ambições. O objetivo do mito era fornecer aos homens uma resposta e uma explicação satisfatória aos seus questionamentos acerca do mundo. O Mito de Prometeu 1.3 O que fez a Filosofia surgir? A filosofia ocidental nasceu na Grécia antiga por volta do século VI antes de Cristo. O povo Grego foi na antiguidade, o mais sábio de todos os povos. Foram os Gregos que criaram a democracia e os jogos olímpicos. Foram também pioneiros no desenvolvimento da Aritmética, da Geometria, da astronomia, da Medicina, da lógica, da Poesia, do Teatro e, sobretudo, da Filosofia. Tendo surgido aproximadamente seiscentos anos antes de Cristo, numa época em que todas as coisas eram explicadas através das crenças mitológicas, dá para imaginar que o conhecimento dos homens a cerca da natureza naquela época era muito pequeno em relação ao conhecimento que temos hoje. Tudo naquela época ainda era muito estranho e misterioso. Podemos lembrar, por exemplo, que naquela época não se sabia que a terra era redonda e ela gira em torno do sol. A Filosofia nasceu da necessidade de o homem descobrir uma explicação para tudo o que no mundo lhe parecia misterioso. Ela nasceu da necessidade de responder perguntas como, por exemplo: por que se nasce e se morre? Por que de coisas semelhantes surgem coisas semelhantes? Por que tudo muda e torna-se o seu oposto – o dia a noite, o frio o quente, o molhado o seco? Como é que nós sabemos que as coisas existem? A Filosofia é o que podemos chamar de o primeiro e grande esforço do homem para explicar de forma racional a realidade que nos cerca sem ter de apelar para realidades sobrenaturais. PARA REFLETIR - O ATO DE FILOSOFAR: O homem é um animal diferente. Só ele tem consciência de si próprio e da realidade, pode refletir sobre isto e, também, agir sobre si, transformando-se e sobre a realidade exterior, criando cultura e mudando as circunstâncias. Não é apenas o fato de racionar, de ter um sistema nervoso mais complexo, mas, principalmente, o fato de poder opor o polegar e ser capaz de manipular os objetos que os levam a se perceber como algo separado do mundo, embora inserido nele. Isso conduz a uma série de consequências, inclusive ao ato de filosofar. Já que ele não se mistura com a natureza, embora faça parte dela e só se realize nela, ele levanta questões como: “quem sou eu?”, “qual a minha origem?”, qual o meu destino? “como devo agir?” etc. A investigação filosófica, pois, consiste em tomar como objetivo da consciência o próprio ato de consciência das coisas, é uma busca do significado imutável das coisas em si. Ela é uma atitude, um ato de reflexão e apreensão, metodicamente controlado. Se ela é uma apreensão de algo que está além das aparências e do nível aparente do que é dito, consiste, portanto, em: - Um esforço intelectual do pensamento para a obtenção de uma resposta; - Uma análise metódica; - Uma interpretação teórica; - Uma reflexão sobre as possibilidades de certeza ou não dessa interpretação. A Filosofia busca, então, respostas, elevar-se, desenvolver-se, refletir-se, retoma, ao considerar respostas anteriores. Ela não é uma conclusão a respeito de nada, mas apropriadamente, uma colocação, um debate. O filosofar é, portanto, próprio da natureza humana. O que é isto? E o que é o homem? Qual a sua humanidade? O que é o ente? Qual é a sua entidade? A Criança, logo que toma consciência de si e da realidade exterior (por volta dos 2 ou 3 anos), já começa a “atormentar” o adulto com uma série de perguntas: há as fases do “o que”, do “para que” e do “por quê”. Entretanto, uma coisa é certa: a Filosofia, como um sistema de leis, de conclusões, não existe e nem pode existir. Se existisse, não haveria mas Filósofos. Qual a filosofia a aprender? O legitimo filosofar é a tentativa de responder pessoalmente a uma pergunta pessoal, sobre algo experienciado. Em 25 séculos de filosofia, temos inumeráveis doutrinas contraditórias. Não há, se quer um reduzido número de proposições sobre as quais os filósofos estejam de acordo. Os filósofos e todos nós se enredamos em suas próprias elucubrações. Estão sempre insatisfeitos. A verdade é que buscam soluções, da mesma maneira desesperada que todos nós. A meta final é a realização, mas alguém consegue alcança-la? Eles vão e nós também... só atendem aonde a inteligência pode ir e ela é limitada e o que alcança não nos satisfaz... O que é a realidade? Somente o que é palpável? Já sabemos que não. O homem sofreu ou é infeliz por meios de formas invisíveis (amor, ódio) que, no entanto, não são menos reais do que aquilo que é palpável. No final do século XX, o ato de filosofar é, essencialmente um ato de alto reflexão sobre o que constitui a própria filosofia. Seu lugar é, pois, hoje, o da meta. Linguagem da cultura, ou da compreensão dos símbolos existentes no meio em que vivemos. Por falar em metalinguagem, não podemos nos esquecer de que seria impossível o ato de filosofar sem a linguagem. Não há sentido sem palavras, nem mundo sem linguagem. O falar consuma a essência do homem. Parafraseando Heidegger: “a linguagem é a casa do ser”. Pensar sem linguagem é impossível, e a linguagem está repleta de sentidos. Na filosofia, pois, aprendemos a analisar os elementos que compõem a existência do ser no mundo, isto porque a em nós uma inquietação existencial congênita. Ao filosofar, avivamos nossa própria luz interior, fazemos um exercício de aproximação e de encontro com o que é buscado. Há, pois, o descobrimento e o dialogo, em busca do conhecimento. Por isso, a filosofia é o conhecimento do conhecimento. Aí está a sua diferença com relação à ciência. Enquanto esta trata dos dados experimentais da realidade, a filosofia trata das ideias, conceitos ou representações mentais daquela mesma realidade. De uma certa forma, a filosofia se ocupa dos mesmos objetos da ciência. Mas, aí está a grande diferença: de certa forma. Para a filosofia o que importa é a natureza do conhecimento, o seu processamento: o que vem a ser? Como se realiza? Para que se dirige e em que se torna? Pondera o seu valor e dar-lhe uma expressão conveniente ordenando e sistematizando a conceituação que o compõem: aí está o seu objetivo. O ser racional é plenamente consciente do seu saber, o que lhe permite utiliza-lo de modo intencional. Ele transcende a natureza e constrói a se próprio. É, pois, um fator determinante daquilo de que participa. É uma existência dialética, porque se relaciona com a natureza e as pessoas, por sua vez têm influencia sobre ele próprio. E é isto que cabe à filosofia considerar e compreender. FILOSOFIA E VERDADE Você já se defrontou com a questão da mentira e da verdade? Na época anterior ao surgimento da Filosofia, a verdade aceita era aquela ditada pela tradição, pelas autoridades e pelos deuses. Os primeiros filósofos buscaram um novo conceito de verdade. Uma liberdade que visse libertar o homem da autoridade arbitrária dos deuses, de reis e de tiranos. Uma verdade que fosse ditada unicamente pela razão. A Filosofia surgiu para libertar o homem do estado de insegurança, de incerteza e temor a que estava submetido na época em que a verdade era ditada pela tradição. O filosofo desempenhou um importante papel no tocante ao conhecimento da verdade universal por meio da razão. O propósito da Filosofia, desde suas origens, é o de ser um discurso que expresse a verdade, mas uma verdade em conformidade com o real. Uma expressão racional do real. Compete a Filosofia desvelar a verdade, ou seja, mostra-la como ela é, sem subterfúgios, sem disfarces. Combatendo os preconceitos, as ideologias e as diversas superstições, a Filosofia aceita como verdadeiro apenas o pensamento que nasce de uma consciência crítica. O Filósofo Sócrates Candido Portinari, Retirantes - 1944 dizia que obedecia a um deus único, sua consciência. 2.1 O que é a verdade? Quando estamos diante de algo que desperta em nós admiração e espanto, desejamos saber aquilo que não sabíamos, passamos, então, a perceber nossa própria ignorância diante do novo. Daí nasce em nós o desejo de alcançar a verdade. Mas, afinal, o que é a verdade? Será verdade aquilo que acreditamos ser verdadeiro? Ou será uma verdade que criamos a partir daquilo que julgamos ser certo? Como já vimos, a Filosofia nasceu na Grécia. Na língua grega a palavra que corresponde a verdade é aletheia, que significa aquilo que é. No sentido de aletheia, portanto, verdade quer dizer: as coisas como elas são. Para os antigos gregos, a verdade estava na própria realidade, na forma como as coisas se nos apresentam. A verdade é o que se mostra e, assim, a mentira seria o contrário, ou seja, o ocultamento da verdade. A palavra que corresponde a verdade é latim é veritas, que significa: descrição precisa, fiel da realidade. Verdade, então, é a adequação entre o que se pensa ou se diz e o que de fato ocorre. A mentira aqui corresponde a não adequação entre o dito e o que realmente se dá. Temos, portanto, duas formas de se entender a verdade: algo é verdadeiro porque corresponde ao real ou algo corresponde ao real porque é verdadeiro. 2.2 “Mentiras sinceras me interessam...” Você concorda com a afirmação acima do cantor e compositor cazuza quando diz se interessar por mentiras sinceras? É possível a existências de mentiras sinceras? Alguns filósofos definem a mentira como sendo o contrário da verdade. Agora pense um pouco nos povos da antiguidade, que viviam em função da tradição. Será que a verdade conhecida por eles era uma ilusão? Suas crenças e conceitos acerca do mundo e do homem eram pura falsidade ou resultado de sua imaginação? PARA REFLETIR IGNORÂNCIA E VERDADE Quando uma criança ouve uma história, inventa uma brincadeira ou um brinquedo, quando joga, vê um filme ou uma peça teatral, está sempre atenta para saber se “é de verdade ou de mentira”, está sempre atenta para a diferença entre o “de mentir” e a mentira propriamente dita, isto é, para a diferença entre brincar, jogar, fingir e faltar à confiança. Quando uma criança brinca, joga e finge, está criando um outro mundo, mais rico e mais belo, mais cheio de possibilidades e invenções do que o mundo onde, de fato, vive. Mas sabe, mesmo que não formule explicitamente tal saber, que há uma diferença entre imaginação e percepção, ainda que, no caso infantil, essa diferença seja muito tênue, muito leve, quase imperceptível, tanto assim que a criança acredita em mundos e seres maravilhosos como parte do mundo real de sua vida. Por isso mesmo, a criança é muito sensível à mentira dos adultos, pois a mentira é diferente do “de mentira” isto é, a mentira é diferente da imaginação e a criança se sente ferida, magoada, angustiada quando um adulto lhe diz uma mentira, porque, ao fazê-lo, quebra a relação de segurança e a confiança infantil. Quando crianças, estamos sujeitos a duas decepções: a de que os seres, as coisas, os mundos maravilhosos não existem “de verdade” e a de que os adultos podem dizer-nos falsidades e nos enganar. Essa dupla decepção pode acarretar dois resultados opostos: ou a criança se recusa a sair do mundo imaginário e sofre com a realidade como alguma coisa ruim e hostil a ela; ou, dolorosamente, aceita a distinção, mas também se torna muito atenta e desconfiada diante da palavra dos adultos. Nesse segundo caso, a criança também se coloca na disposição da busca da verdade. Nessa busca, a criança pode desejar um mundo melhor e mais belo do que aquele em que vive e encontra a verdade nas obras de arte, desejando ser artista também. Ou pode desejar saber como e porque o mundo em que vive é tal como é e se ele poderia ser diferente ou melhor do que é. Nesse caso, é despertado nele o desejo de conhecimento intelectual e o da ação transformadora. A criança não se decepciona nem se desilude com o “faz de conta”. Ela se decepciona ou se desilude quando descobrem que querem que acredite como sendo “de verdade” alguma coisa que ela sabe ou que ela suponha que fosse “de faz de conta”, isto é, decepciona-se e desilude-se quando descobre a mentira. Os jovens se decepcionam e se desiludem quando descobrem que o que lhes foi ensinado e lhes foi exigido oculta a realidade, reprime sua liberdade, diminui sua capacidade de compreensão e de ação. Os adultos se desiludem ou se decepcionam quando enfrentam situações para quais o saber adquirido, as opiniões estabelecidas e as crenças enraizadas em suas consciências não são suficientes para que compreendam o que se passa nem para que possam agir ou fazer alguma coisa. Assim, seja na criança, seja nos jovens ou nos adultos, a busca da verdade está sempre ligada a uma decepção, a uma desilusão, a uma dúvida, a uma perplexidade a uma insegurança ou, então a um espanto e uma admiração diante algo novo e insólito. (CHAUÍ, Marilena- Convite a filosofia- São Paulo: Ática, 1995.) FILOSOFAR É PENSAR O ser Humano é o único ser que aprende apensar. E esse aprendizado está no pensamento. Por ser dotado dessa coisa extraordinária que é o pensamento, o homem torna-se único. Mas o que significa pensar? E o que é o pensamento? Será verdade mesmo que somos os únicos capazes de pensar? Pensar é exercer uma atividade intelectual ou racional. Através do pensamento nossa imaginação voa para os lugares mais distantes. Nossa mente é capaz de imaginar lugares, seres e coisas fantásticas jamais vistas. O pensamento parece algo sem limites, como uma coisa mágica, uma espécie de dom sobrenatural que possuímos. O que sabemos é que nós pensamos na verdade, a coisa mais Rembrandt, “Filósofo lendo” 1831 misteriosa que existe no mundo. De fato, até hoje, a ciência não é capaz de descobrir porque pensamos e, de certa forma, só sabemos o que os outros também pensam porque eles nos dizem, senão não teríamos como saber. O pensamento é algo abstrato, ou melhor, algo que não se pode sentir, tocar ou ver. O pensamento é imaterial, ele não é constituído por nenhuma partícula, átomo ou coisa desse tipo, que possa ser visto por um microscópio ou outro instrumento qualquer. Do ponto de vista da ciência, o pensamento é uma atividade cerebral, algo relacionado a conexões eletroquímicas entre neurônios. Muita coisa hoje se sabe sobre o funcionamento do cérebro humano, mas o avanço das pesquisas no campo da neurociência e a sofisticação crescente dos instrumentos de medição e registro são ainda completamente insuficientes para nos dar pistas concretas sobre esse mistério. A medida que o ser humano aprende a pensar, seu pensamento acaba ingressando no conhecimento e na linguagem. Será a linguagem apenas um instrumento de comunicação? O pensamento independe da linguagem? O filósofo grego Platão dizia que o pensamento é um diálogo silencioso da alma consigo mesma. De acordo com o entendimento de Platão, as palavras seriam apenas instrumentos do pensar. Elas seriam úteis apenas para a comunicação. Só no momento de se dizer o que se pensa é que utilizaríamos a linguagem. Para ele, o pensamento seria independente da linguagem. Ora, seria muito difícil sustentarmos hoje essa tese de Platão. Filósofos como o austríaco Ludwig Wittgenstein, uma das mentes mais brilhantes do século XX, entre outros, argumenta que a linguagem é a parte essencial do pensamento, ou seja, o pensamento é, desde o seu nascimento, um ato linguístico, o que quer dizer que é com a linguagem que pensamos, sem a linguagem não teríamos pensamento. É por meio da linguagem que o pensamento se efetiva, é por meio dela que nossas percepções e nossa memória se articulam, é a linguagem que permite a interligação das ideias. É por meio dela que compreendemos e damos valor a tudo que nos rodeia. Por meio da linguagem podemos entender melhor o que somos e porque somos tão diferentes dos outros animais. A invenção da linguagem foi determinante para que o homem “se descobrisse” como ser racional. O conhecimento e a linguagem acabam se tornando as luzes e o som da realidade. É por meio de variações das luzes do conhecimento e de escala dos sons da linguagem que o pensamento é estimulado a pensar. O conhecimento é uma forma de posse, de domínio sobre algo. Quando temos posse de informações objetivas capazes de dominar a realidade a nossa volta nos sentimos mais seguros. O pensamento produz conhecimento e esse conhecimento produz o filosofar. E filosofar é nada mais que pensar de forma radical, critica e de conjunto.