XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 14 SABERES, PRÁTICAS E EXPERIÊNCIAS DE AUTORIA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE HISTÓRIA. Mônica Martins da Silva (UFSC) Neste texto apresentam-se alguns resultados do projeto de pesquisa “Saber Escolar e Conhecimento Histórico: itinerários para uma nova configuração da história ensinada” desenvolvido no Departamento de Metodologia de Ensino do Centro de Ciências da Educação da UFSC entre os anos de 2009 e 2012. O objeto central foi a formação de professores de história articulada à produção de materiais didáticos para a educação básica, com novas abordagens acerca da história dos povos africanos, afrodescendentes e indígenas, em diálogo com as leis 10639/03 e 11645/08. Tal articulação é construída por meio da interrelação teórica e metodológica entre conhecimento histórico escolar e produção historiográfica. Dos diversos elementos que singularizam o trabalho, destaca-se a mobilização de diferentes saberes no decorrer do processo formativo, orientada por uma metodologia de trabalho que articulou os conhecimentos pedagógicos prévios, os conhecimentos específicos do campo disciplinar da formação e elementos do currículo e da cultura escolar do Colégio de Aplicação da UFSC, que participou da construção da proposta e abrigou o projeto nas suas diferentes fases. A produção dos materiais didáticos foi um eixo importante para a construção da proposta de docência e possibilitou a experiência da pesquisa, bem como orientou a autoria dos (as) alunos (as) na construção de projetos de ensino, planos de aula, materiais didáticos, assim como no desenvolvimento da própria prática docente. Acredita-se que a pesquisa trouxe grandes contribuições ao estimular a inserção da escrita no processo de construção dos saberes desses (as) novos (as) professores (as), incentivando-os (as) a tornarem-se protagonistas das suas experiências na docência. Além disso, a pesquisa colaborou com o Programa de Consolidação das LicenciaturasProdocência ao fortalecer a universidade como espaço de formação inicial, ao mesmo tempo em que aprimorou a relação com o Colégio de Aplicação da UFSC, que é parte da rede pública de ensino de Florianópolis. Palavras-Chave: Ensino de História, Saberes Docentes, Saber Histórico Escolar, Práticas de Pesquisa, autoria. Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004037 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 15 Introdução Este texto tem como objetivo apresentar alguns resultados da pesquisa “Saber escolar e conhecimento histórico: itinerários para novas configurações da história escolar”, desenvolvida por professoras do Departamento de Metodologia do Ensino da UFSC que atuam na formação disciplinar e pedagógica de alunos (as) do curso de História, por professores (as) que atuam na educação básica do Colégio de Aplicação da UFSC e alunos (as) do curso de História da instituição, que realizaram as disciplinas Estágio Supervisionado em História, ministradas pelas professoras integrantes do projeto entre os anos de 2009 e 2012, período de vigência da pesquisa. Um dos objetivos centrais do trabalho foi incorporar a dimensão da pesquisa na formação inicial de professores (as) de história, articulada à produção de materiais didáticos para a educação básica, com novas abordagens acerca da história dos povos africanos, afrodescendentes e indígenas, em diálogo com as leis 10639/03 e 11645/08, construídos a partir da inter-relação teórica e metodológica entre conhecimento histórico escolar e produção historiográfica. Essa perspectiva de trabalho possibilitou o constante exercício da autoria dos (as) alunos (as) /pesquisadores (as) que foram estimulados, em diferentes momentos, a construir propostas de trabalho que mobilizassem os diferentes saberes constituídos no decorrer do seu processo formativo, orientadas por uma metodologia de trabalho que articulou os conhecimentos pedagógicos prévios, os conhecimentos específicos do campo disciplinar da formação e os diversos elementos constitutivos do currículo e da cultura escolar do Colégio de Aplicação da UFSC, instituição que participou da construção da proposta e abrigou o projeto nas suas diferentes fases. A primeira etapa do trabalho consistiu na inserção dos alunos/pesquisadores no cotidiano do Colégio de Aplicação por meio de um conjunto de procedimentos de investigação que deveriam apontar os diversos elementos constitutivos da cultura escolar como: as características gerais do trabalho pedagógico; as especificidades do currículo da disciplina História e a prática pedagógica dos professores na sala de aula; as diversas interações dos alunos com o espaço físico da escola e a construção de seus projetos culturais e políticos; as características do trabalho de inclusão de alunos com necessidades especiais, entre outros temas. Já nessa etapa inicial de identificação dos múltiplos sujeitos e diversas práticas da instituição escolar, os (as) alunos(as)/pesquisadores(as) eram orientados a definir os procedimentos de pesquisa que iriam estruturar a investigação e, nesse sentido, produziram um planejamento do qual fazia parte: a seleção de documentos considerados Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004038 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 16 importantes para o trabalho; a definição de sujeitos para a realização de entrevistas; a produção de fotografias ou vídeos como forma de registros das práticas observadas, entre outros. Como parte do trabalho, os alunos deveriam analisar os dados e construir uma sistematização que incorporasse o conjunto das reflexões construídas em sala de aula acerca das investigações realizadas, em diálogo com a bibliografia previamente apresentada e que possibilitava a inserção de categorias de análise como cultura escolar, cultura da escola, saberes docentes e saber/conhecimento escolar (CANDAU, 2000; TARDIF, 2002a e 2002b; GAUTHIER,1998; LOPES,1997a e 1997b; MONTEIRO, 2007). O exercício da autoria foi estimulado no decorrer do processo de elaboração da escrita dos textos, ao longo do qual os estagiários deveriam analisar os dados levantados dialogando com a bibliografia estudada, ao mesmo tempo em que eram instigados a construir interpretações próprias mediante o conjunto das discussões realizadas em sala de aula. Além disso, em vários momentos, esses alunos foram incentivados a produzir escritas autobiográficas que introduziam a sua subjetividade como componente fundamental para a reflexão construída, dada a compreensão de que no processo de investigação as percepções, impressões, inquietações e expectativas dos (as) alunos (as)/pesquisadores(as) constituíam elementos problematizadores da prática observada e orientavam a construção de um conjunto de referências prévias que poderiam ser acionadas em momentos posteriores. No decorrer do projeto, mais especificamente durante a disciplina Estágio Supervisionado de História II, que ocorre no semestre seguinte, procurou-se delinear uma metodologia de ensino de história que fundamentasse a mediação didática realizada no processo de elaboração dos materiais didáticos e nas experiências de uso construídas em salas de aula da educação básica. Numa primeira etapa, envolvemos os alunos pesquisadores em investigações bibliográficas que contemplaram os seguintes temas: a produção historiográfica sobre a história da África e da escravidão e pós-emancipação; a história indígena no Brasil; a produção acerca do ensino-aprendizagem do conhecimento histórico escolar, a produção que problematiza o currículo. A intenção foi, a partir dos objetivos dessa pesquisa, promover a inter-relação entre as discussões teóricas e metodológicas específicas de cada um desses campos. Em outro momento, procurou-se analisar como essas diferentes abordagens foram incorporadas por livros didáticos de história produzidos para o ensino fundamental e médio nos últimos anos, com base na contribuição de alguns autores como FONSECA (2003) e OLIVA (2003). Esses pressupostos auxiliaram na compreensão de que, Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004039 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 17 mais do que adição de conteúdos no currículo formal, precisamos intervir no currículo em ação e nas práticas pedagógicas de ensino da História escolar. Propôs-se, assim, o diálogo efetivo entre dois campos de pesquisa - aquele de produção do conhecimento histórico e o campo do ensino de história - mediado pela História ensinada na instituição escolar, passou a ser responsabilidade dos estagiários. Por meio desse movimento de reorganização e mediação didática dos temas e conteúdos, os (as) alunos (as) /pesquisadores (as) tornavam-se autores(as) de seus projetos de ensino e planos de aula, nos quais deveriam estabelecer conexões coerentes entre o saber do campo disciplinar da história e os objetivos definidos como fundamentais para a faixa etária destinada, buscando também articular os conhecimentos prévios dos alunos e inter-relacioná-los com determinadas problematizações sobre o passado. A concepção central que fundamentou a pesquisa “Saber escolar e conhecimento histórico: itinerários para novas configurações da história escolar” compreende que a história ensinada opera com um conhecimento que é específico e não é mera simplificação ou adaptação do conhecimento histórico produzido pelos historiadores nas instituições acadêmicas, pois tem um estatuto epistemológico próprio e resulta tanto do processo de construção da história como disciplina escolar (currículos, políticas públicas, metodologias, etc) quanto da dinâmica cotidiana da sala de aula, visto que, em última instância, o saber ensinado resulta da interação entre professores (as) a alunos (as) (MONTEIRO, 2007). A construção do conhecimento histórico escolar é o pressuposto que orientou a proposta de investigar a produção recente sobre História da África, dos afrodescendentes e indígenas a fim de produzir materiais didáticos para a educação básica, constituindo, assim, uma estratégia de incorporação da renovação historiográfica no ensino escolar de história. A intenção não era simplesmente propor ingenuamente a inserção de novos conteúdos no currículo escolar. Em consonância com a produção no campo dos estudos da sociologia da educação acerca do currículo, o primeiro movimento foi evidenciar as relações de saberpoder presentes na seleção e tratamentos dos conteúdos curriculares e a posição estratégica que ocupam na produção dos processos de discriminação e desigualdades culturais e sociais (SILVA, 1995). No tocante ao objeto da pesquisa, procuramos problematizar as conseqüências do silêncio e do ocultamento das experiências sociais de homens e mulheres africanos, afro-descendentes e indígenas na história ensinada nas escolas brasileiras e discutimos objetivos, conteúdos e metodologias para a construção da abordagem de temáticas que correspondam às diretrizes da legislação. Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004040 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 18 Ao enfatizar a relação entre materiais didáticos e conteúdos escolares nos posicionamos na discussão sobre a utilização desses recursos em sala de aula. Diferente daqueles que atribuem ao simples uso de materiais didáticos a função de promover inovações nas práticas educativas, nos preocupou a concepção teórica e metodológica de ensino-aprendizagem do conhecimento histórico escolar que orienta a elaboração desses materiais e o agenciamento na prática pedagógica. Compreende-se que na atuação em sala de aula, os professores estão mobilizando os saberes disciplinares, os saberes da formação pedagógica, os saberes curriculares e os saberes experienciais que, amalgamados, constituem os saberes docentes. Na proposta desenvolvida, os (as) alunos (as)/pesquisadores(as) também mobilizaram seus saberes docentes ao produzirem os materiais didáticos que utilizaram, transformando-se em autores da mediação didática (Lopes, 1997a; 1997b), ao converter o conhecimento histórico em conhecimento histórico escolar. Vale ressaltar que a proposta de incorporar a renovação na produção de materiais didáticos não se pauta pela compreensão que a História escolar deve reproduzir o mais fielmente possível o conhecimento histórico acadêmico. Fundamentados na dimensão educativa que, de acordo com nossa concepção, orienta a discussão dos currículos e da prática pedagógica escolar, nos interessa incorporar as experiências sociais de homens e mulheres africanos e afro-descendentes na história ensinada nas escolas brasileiras. A elaboração dos materiais didáticos propriamente ditos orientou-se, preliminarmente, por meio de eixos metodológicos, que foram problematizados no decorrer da pesquisa, no diálogo com a produção acadêmica acerca da história ensinada: São eles: a) a construção de problemáticas para abordagem dos conteúdos, a partir da relação presente-passado-presente, elaboradas no diálogo com a experiência social dos alunos; b) a indissociabilidade entre textos didáticos, fontes históricas e atividades no processo de ensino-aprendizagem do conhecimento histórico escolar; c) a incorporação da construção do conhecimento histórico como objeto do ensino de história, discutindo diferentes abordagens historiográficas dos temas em discussão; d) a utilização de fontes históricas no ensino de história, como instrumento privilegiado para problematizar procedimentos próprios do ofício do historiador; e) uso de diferentes linguagens na produção dos materiais didáticos, respeitando as especificidades de cada uma e discutindo suas potencialidades para o ensino de história (DELGADO, 2009, p. 26) Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004041 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 19 A orientação desses alunos (as)/pesquisadores(as) obedeceu a diferentes dinâmicas: num primeiro momento, cada docente acompanhou seus orientandos(as) na produção das primeiras versões do material, posteriormente discutidas e analisadas em reuniões individuais e coletivas. Com isso, procurou-se respeitar ritmos e especificidades de trabalho de cada docente e de seus orientandos, ao mesmo tempo em que se preservou o espaço para compartilhar experiências, nosso objetivo principal ao propor um grupo de pesquisa, assim como o incentivo à experiências de autoria constituídas no decorrer do processo. Nos múltiplos itinerários de pesquisa dos alunos emergiram temas específicos e problemáticas que orientaram a elaboração dos projetos de ensino e dos planos de aula produzidos como parte das atividades da disciplina Estágio Supervisionado em História II, a partir de um conjunto de aulas previamente definidos com os professores co-orientadores do Colégio de Aplicação. Durante a prática pedagógica, com a participação dos professores (as) do Colégio de Aplicação, avaliamos constantemente a problematização construída para cada tema e os usos dos materiais didáticos produzidos: os textos, o trabalho com as fontes, a incorporação de outras linguagens e o conjunto de atividades. No decorrer do processo de preparação, regência das aulas e da constante avaliação e redefinição das estratégias didáticas ocorridas durante as reuniões realizadas com as professoras orientadoras e co-orientadores do estágio, os alunos foram estimulados a produzir escritas autobiográficas em “diários de aula”, que, na acepção de Miguel Zabalza (2004, p. 13): “são os documentos em que professores e professoras anotam suas impressões sobre o que vai acontecendo em suas aulas”. Ou seja, os (as) alunos (as) /pesquisadores (as) produziram Diários de Aula, trabalhando a experiência da prática de ensino por meio de uma escrita descritiva, analítica, reflexiva e marcada pela subjetividade, responsável pela construção de sentidos e significações da prática pedagógica vivenciada. Essas produções foram fundamentais para a reflexão do trabalho desenvolvido e ofereceram elementos significativos para a análise das experiências. Posteriormente, durante o Estágio III, os alunos/pesquisadores se envolveram amplamente na reflexão das etapas percorridas e desenvolveram diversos outros textos decorrentes dessa reflexão. Nessa etapa, recorreram aos outros textos produzidos em momentos anteriores como os relatórios de investigação do cotidiano escolar do Colégio de Aplicação, o relatório de observação das aulas, os projetos de ensino, os planos de aula e os materiais didáticos decorrentes e os diários de aula. Sendo assim, atuaram na construção de Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004042 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 20 uma escrita que buscava, de forma reflexiva, reelaborar as concepções da experiência docente. No decorrer desse trabalho, os alunos incorporaram a análise de temas suscitados durante a prática pedagógica e que se relacionavam com o currículo em ação. Desse conjunto, destacam-se as discussões acerca das interações estabelecidas com os alunos e que estavam relacionadas às formas de recepção do trabalho desenvolvido (com os textos, as atividades, a análise de fontes históricas e as diferentes linguagens e as problematizações acerca do passado-presente-passado); as interações verbais e não verbais decorrentes da própria dinâmica cotidiana da sala de aula e do desenvolvimento de um saber da experiência dos (as) alunos (as) /pesquisadores (as); a construção das regras e a disciplina no cotidiano da sala de aula; as interações com os alunos com necessidades especiais; as diversas formas de gestão do tempo da sala de aula e da escola; a avaliação como componente do processo de ensino aprendizagem, entre outros temas. Paralelamente, produziram novas versões dos materiais didáticos que incorporaram as questões apresentadas no decorrer da docência e que compõem um Cd-Room com o objetivo de divulgar o produto final do trabalho junto ao Colégio de Aplicação da UFSC e outras instituições de ensino da rede pública de Florianópolis. Para compartilhar as experiências desenvolvidas com um público ampliado, também foram produzidos trabalhos para apresentação em congressos e artigos, que compõem duas publicações. A primeira intitulada Experiências de Ensino de História no Estágio Supervisionado publicado em 2011 (SILVA, et. al. 2011), da qual faz parte um texto da professora Andréa Ferreira Delgado que sistematiza parte do trabalho desenvolvido no primeiro ano do projeto de pesquisa, assim como artigos dos alunos que concluíram o Estágio Supervisionado em História III no segundo semestre de 2010 sob a sua orientação, além de outros textos de reflexões sobre o ensino de história e experiências de Estágio Supervisionado de alunos da UDESC. Neste ano de 2012 foi publicado o segundo volume deste livro, que recebeu o mesmo título do primeiro (ROSSATO, et. al. 2012) e dele fazem parte um artigo da professora Mônica Martins da Silva que apresenta as linhas gerais que estruturou o seu trabalho, além de três artigos que correspondem às reflexões de três grupos de alunos que, sob a sua orientação, concluíram a disciplina Estágio Supervisionado de História III no segundo semestre de 2011, além de textos de experiências de Estágio Supervisionado de outros projetos. Essas publicações consolidam a experiência de autoria desses alunos, estimulada no decorrer do projeto. Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004043 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 21 Conclusão No desenvolvimento da pesquisa “Saber Escolar e conhecimento histórico: itinerários para novas configurações da história ensinada” procuramos contribuir com a formação inicial de professores de história introduzindo a autoria como componente fundamental do seu processo formativo. Compreendemos que o desenvolvimento da escrita no decorrer da formação dos alunos, associada a práticas de pesquisa, colaborou para que esses alunos desenvolvessem habilidades importantes para a sua prática profissional, pois tais atividades inserem o professor como sujeito da sua prática pedagógica, ao capacitá-lo a refletir e construir os caminhos teóricos e metodológicos do seu trabalho. Ao mesmo tempo, compreendemos que as escritas produzidas no decorrer do estágio supervisionado possibilitaram aos alunos a construção de uma “consciência de si”, dos limites e possibilidades do ofício da docência, refletindo e reconstruindo valores, concepções e representações de si e da prática profissional. Por fim, destaca-se que essa pesquisa procurou colaborar no desenvolvimento dos objetivos do Programa de Consolidação das Licenciaturas-Prodocência, ao fortalecer a UFSC como instituição que atua com compromisso e seriedade na formação inicial de professores, além de consolidar a relação do estágio com a rede pública de ensino de Florianópolis, por meio da parceria estabelecida com o Colégio de Aplicação/UFSC. Referências Bibliográficas CANDAU, V. M. (org.). Reinventar a escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. DELGADO, A. F. Saber escolar e conhecimento histórico: itinerários para novas configurações da história escolar. Projeto de Pesquisa (Universidade Federal de Santa Catarina/Centro de Ciências da Educação/Departamento de Metodologia de Ensino), Florianópolis, 2009. FONSECA, T. N. de L. e. História e Ensino de História. Belo Horizonte, Autêntica, 2003, p. 15-89. GAUTHIER, C. Por uma teoria da pedagogia. Pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Ijuí, RS: Editora Unijuí, 1998. LOPES, A. C. Conhecimento escolar: inter-relações com conhecimentos científicos e cotidianos. Contexto e Educação. Ijuí – RS, no. 45, jan/mar. 1997a, p. 40-59. LOPES, A. C. Conhecimento escolar: processos de seleção cultural e de mediação didática. Educação & Realidade. Porto Alegre, no. 22, jan./jun. 1997b, p. 95-111. Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004044 XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012 22 MONTEIRO, A. M. Professores de História: entre saberes e práticas. Rio de Janeiro: Mauad, X, 2007. MOREIRA, A. F. B. e SILVA, T. T. da Sociologia e teoria crítica do currículo: uma introdução. In MOREIRA, A. F. B. e SILVA, T. T. da (orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1995, p. 7-37. MOREIRA, A. F. B. Currículo, utopia e pós-modernidade. In MOREIRA, A. F. B. (org.). Currículo: questões atuais. Campinas, SP: Papirus, 2003, p. 9-28. OLIVA, A. A História da África nos bancos escolares. Representações e Imprecisões na Literatura Didática. Estudos Afro-Asiáticos, n. 25, n. 3, 2003, p. 421-461. ROSSATO, L. et. al.(org.) Experiências de Ensino de História no Estágio Supervisionado (Volume II). Florianópolis, Editora UDESC, 2012. SANTOS, L. L. de C. P. História das disciplinas escolares: perspectivas de análise. Teoria & Educação. Porto Alegre, n. 2, 1990, p.21-29. SILVA, C. B. et.al. Experiências de Ensino de História no Estágio Supervisionado. Florianópolis, Editora UDESC, 2011. SILVA, T. T da. Os mapas culturais e o lugar do currículo numa paisagem pós-moderna. In T; T. e MOREIRA, A. F. (orgs.). Territórios contestados: o currículo e os novos mapas políticos e culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995, p. 184-202. TARDIF, M. e LESSARD, C. O trabalho docente. Elementos para uma teoria da docência como profissão das interações humanas. Petrópolis-RJ: Vozes, 2005. TARDIF, M. Os professores enquanto sujeitos do conhecimento: subjetividade, prática e saberes no magistério. In CANDAU, V. (org.). Didática, currículo e saberes escolares. Rio de Janeiro: DP&A, 2002b, p. 112-128. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002a. ZABALZA, M. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional. Porto Alegre. Artmed, 2004. Junqueira&Marin Editores Livro 2 - p.004045