Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra 2009-2010 Apontamentos de Motivação e Emoção 2º ano – 2º semestre INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MOTIVAÇÃO E EMOÇÃO RELEVÂNCIA DO ESTUDO DA MOTIVAÇÃO E EMOÇÃO Usamos com muita frequência teorias implícitas da motivação para prever e analisar o comportamento. Por outro lado, só sabendo quais os principais aspectos no estudo da ME, é possível saber como aumentar comportamentos motivados. 1) Do ponto de vista teórico-conceptual -Compreensão do processo de funcionamento da motivação e da emoção; -PORQUÊ? (e.g. porque é que praticamos exercício físico, reciclamos?) 2) Do ponto de vista prático -Conhecimento das condições facilitadoras e inibidoras do alcance de objectivos -COMO? (e.g. como fomentar a prática do exercício físico, reciclagem?) OBJECTO DO ESTUDO DA MOTIVAÇÃO E EMOÇÃO O que é a Motivação? • O que inicia o comportamento - iniciação? • Como é que o comportamento é mantido ao longo do tempo - persistência? • Porque é que o comportamento é dirigido para algumas metas e não outras - direcção? • Porque é que o comportamento muda de direcção - mudança? • Porque é que o comportamento pára - cessação? ⇒ Conjunto de processos associados à mobilização e direcção do comportamento. • Porque é que o comportamento varia de intensidade? ◦ Em função do tempo (variação intra-individual) ◦ Em função do sujeito (variação inter-individual) – mais estudado! Definição de Reeve (2009) • Envolve processos que dão ao comportamento: a) Energia – intensidade, persistência comportamental; b) Direcção – o comportamento é dirigido para objectivos ou metas. • Tende a ser vista como um conceito unidimensional que é operacionalizado em termos de quantidade (quanto?). Mas é, na verdade, um conceito multidimensional que é operacionalizado em termos de quantidade (quanto?) e de qualidade (porquê?). Ex. O jogador está muito motivado porque vai ganhar um prémio. FONTES DA MOTIVAÇÃO (Reeve, 2009) Os processos que fornecem ao comportamento a sua energia e direcção são: 1) Necessidades 2) Cognição Motivos Internos 3) Emoções 4) Acontecimentos externos Motivos Externos 1 • • • • Acontecimentos externos: incentivos ambientais, consequências, contextos, situações sociais e culturais; Necessidades: condições internas que são necessárias à sobrevivência, ao desenvolvimento e bem-estar; 3 tipos - fisiológicas, psicológicas e sociais; comuns a todos os sujeitos; Abordagens Organísmicas da Motivação; Cognições: padrões pessoais de pensamento - objectivos e sistemas de objectivos, crenças/expectativas e estruturas de expectativas; Emoções: fenómenos subjectivos de curta duração organizadores dos sentimentos, fisiologia, finalidade/função e expressos num padrão coerente e adaptativo de resposta. A motivação é um processo preparatório para melhorar a adaptação do meio. Ford tem uma perspectiva mais cognitiva: As fontes de motivação são sempre internas! ⇓ DELIMITAÇÃO DAS VARIÁVEIS MOTIVACIONAIS (Ford, 1992) • Não são traços estáveis, mas processos pessoais (internos) organizados na interacção com o contexto → Importância da interacção sujeito-situação; • São orientadas para o futuro, sendo a motivação um processo antecipatório e preparatório → Antecipação de acontecimentos futuros desejados ou temidos; • São avaliativas, não instrumentais → Escolha da direcção, manutenção, cessação da situação actual, mas não dos meios. Ex. “Estou interessado em jogar”, mas a motivação não me diz os movimentos que devo fazer para jogar melhor. Componentes do Sistema Motivacional (Ford, 1992) 1) Processos cognitivos directivos (objectivos pessoais) – principal fonte motivacional 2) Crenças de agência pessoal • Capacidade/auto-eficácia • Contexto/responsividade 3) Processos de activação emocional • Emoções • Estados afectivos não emocionais (dor, fadiga) Nota: não inclui factores externos ou ambientais Papel da Motivação na Efectivação do Comportamento (Ford, 1992) Comportamento = Motivação x Competências x Responsividade do meio • • Caso algum dos elementos falte, não há comportamento; Ex. Para haver bons resultados a bons resultados a matemática, não basta que haja motivação e competência, é importante que haja responsividade do meio; As 1ªs Teorias procuraram explicar todo o comportamento com base na existência de motivação. Actualmente, os autores das mini-teorias consideram que a motivação explica apenas uma parte (25-30%) da efectividade comportamental comportamento. 2 EXPRESSÕES DA MOTIVAÇÃO (Reeve, 2009) • Comportamento • Envolvimento + fidedignas • Indicadores fisiológicos • Auto-relato Desvalorizado por Reeve, mas muito populares no estudo das n. psicológicas e sociais! FORMAS DE AVALIAÇÃO - QUANTIDADE E QUALIDADE 1) Antecedentes conhecidos – nem sempre os podemos usar, porque podem não ser os mais correctos. 2) Comportamento Manifesto ◦ Foco da atenção ◦ Esforço ◦ Latência (baixa - > motivação) ◦ Persistência ◦ Escolha ◦ Probabilidade de resposta ◦ Expressões faciais ◦ Expressões corporais • 4 Aspectos Interrelacionados do Envolvimento (Reeve, 2009) 1) Comportamental – atenção, esforço e persistência; 2) Emocional – emoções + (interesse), sem emoções - (frustração); 3) Cognitivo – utilização de estratégias de aprendizagem, auto-regulação; 4) Expressivo – sugestões, iniciativas, questões; ⇓ O envolvimento é um indicador comportamental observável. 3) Indicadores Fisiológicos (estudo da emoção) ◦ Actividade cerebral ◦ Actividade hormonal ◦ Actividade cardiovascular ◦ Actividade ocular ◦ Actividade electrodinâmica da pele ◦ Actividade muscúlo-esquelética 4) Instrumentos de Avaliação Psicológica (menos fiáveis) ◦ Entrevistas (auto-relato) ◦ Questionários (auto-relato) – mais utilizados ◦ Métodos de indução motivacional – medida de carácter mais projectivo; ex. Prancha T.A.T. – teste de percepção temática que permite avaliar aspectos/qualidades da motivação (Teoria das Necessidades Sociais). ⇓ Medidas desvalorizadas por Reeve, mas extremamente populares. 3 TEMAS UNIFICADORES NO ESTUDO DA MOTIVAÇÃO (Reeve, 2009) A motivação… • Possibilita a adaptação às circunstâncias contextuais (a nível biológico, cognitivo e social); • Dirige a atenção; • Permite compreender o que as pessoas querem ou evitam para si próprias, ou na relação com os seus contextos – Importância do conteúdo (o quê?); • Varia ao longo do tempo e influencia o curso do comportamento (intensidade, concomitância de diversos motivos); • Diferentes tipos de qualidade motivacional ◦ Motivação intrínseca vs extrínseca; ◦ Motivação para a aprendizagem vs resultado; ◦ Motivação para o sucesso vs evitamento do fracasso; • Abarca tendências de aproximação e de evitamento; • Necessita de apoios contextuais para florescer. Curso do Comportamento em função das Mudanças na Intensidade dos Motivos (Reeve, 2009) A motivação é um processo complexo e dinâmico, uma vez que, ≠ tipos de motivos vão interagindo entre si, evoluindo e mudando de intensidade. As teorias motivacionais… • Estabelecem relações entre variáveis e geram hipóteses testáveis; • Funcionam como grelhas conceptuais para a interpretação do comportamento; • Funcionam como guias para a resolução de problemas. “Não há melhor prática do que uma boa teoria” (Kurt Lewin) Uso das Teorias para Resolver Problemas Práticos (Reeve, 2009) 1) Problema prático -ex. Abandono escolar 2) A partir do meu conhecimento sobre motivação e emoção -Teorias -Evidência empírica -Experiência prática 3) Solução ou intervenção proposta -Trará benefícios? -Não será prejudicial? 4 Grelha para a Compreensão do Estudo da Motivação • Condições antecedentes • Funcionamento motivacional ◦ Necessidades Podem explicar a aproximação ou evitamento ◦ Cognições ◦ Emoções • Tendência de acção • Expressões do comportamento intencional ◦ Comportamento ◦ Indicadores fisiológicos ◦ Instrumentos de avaliação psicológica A motivação é um factor importante no desenvolvimento da resiliência comportamental, isto é, no desenvolvimento de competências (sociais, educacionais, relacionais, etc.) e de comportamentos de “coping” (Alderman, 2004) • Factor de promoção (actua de forma compensatória); • Factor de protecção (atenuante dos factores de risco). 5 REAVALIAÇÃO DA TEORIA DE A. MASLOW • • • • A CONCEPÇÃO HUMANISTA DE MASLOW As necessidades estão organizadas de forma hierárquica. As necessidades de ordem superior (de crescimento): ◦ Só podem ser alcançadas depois de as necessidades de ordem inferior terem sido satisfeitas; ◦ Manifestam-se + tarde; ◦ São - necessárias para a sobrevivência; ◦ A sua satisfação envolve melhores condições ambientais e uma > complexidade comportamental. As necessidades inferiores determinam o comportamento até alcançarem a satisfação; Uma vez satisfeitas, são as necessidades dos níveis superiores que permitem compreender o funcionamento comportamental. Auto-actualização B-Needs A sua satisfação produz redução da tensão e retorna o organismo a um estado de equilíbrio Necessidades de realização potencial Estima Necessidades de confiança, sentimentos de valor pessoal e competência, auto-estima e respeito pelos outros Pertença D-Needs Necessidades de pertença, afiliação, amar e ser amado Organizam uma motivação de crescimento e assentam no mecanismo de persistência da tensão Segurança Necessidades de segurança, conforto, tranquilidade Biológicas Necessidades de alimento, água, oxigénio, descanso, expressão sexual, descarga das tensões • • • • RESUMO DO ARTIGO Análise crítica das leituras simplistas da teoria das necessidades de Maslow, as quais atribuem funcionamentos motivacionais diferenciados consoante a localização das necessidades na pirâmide de Maslow (sendo este o único critério). Embora dominantes na literatura motivacional, nomeadamente de índole humanista, estas leituras são redutoras para a compreensão do comportamento humano. Os dois tipos de motivação (deficitária e reactiva vs de crescimento e proactiva) representam duas formas de adaptação ao mundo, sendo que o estudo do funcionamento homeostático (reactivo) da motivação tem sido privilegiado na literatura psicológica por diversas ordens de razões quer de natureza conceptual (atribuição de conotações mecanicistas a conceitos teleológicos e de índole cognitivista), quer de natureza metodológica (ex. precisão nas medidas). No entanto, outras leituras são mais adaptadas à compreensão da complexidade comportamental dos seres humanos enquanto organismos fundamentalmente caracterizados pela persistência da tensão ou pela motivação de crescimento; Efectivamente, mesmo emoções classicamente associadas ao funcionamento reactivo da motivação, como o stress, podem ter uma leitura proactiva: é o caso do “eustress”, uma emoção activamente procurada e com resultados comportamentais positivos; 6 • Assim sendo, os dois tipos de funcionamento motivacional podem ser encontrados em todos os níveis da estrutura das necessidades definida por Maslow, havendo motivação de crescimento ou proactiva ao nível das necessidades fisiológicas e na actividade comportamental de crianças muito jovens; Do mesmo modo, podemos encontrar motivação reactiva ou homeostática ao nível das necessidades de auto-actualização: é o caso da busca de experiências de “pico” através da ingestão de substâncias psicotrópicas, como o LSD. • De acordo Rowan, todas as necessidades podem ser concebidas como comportando dois modos de funcionamento distintos: ◦ Ascendente (homeoquinésico) ◦ Descendente (homeostático) ◦ Ex. Como porque tenho fome. Mas posso comer por prazer, e neste caso não estou a satisfazer uma necessidade fisiológica. A compreensão cabal do comportamento humano só pode ser alcançada através da valorização da motivação proactiva ou de crescimento: o modo de funcionamento homeostático, embora sempre presente e actuante, vai sendo progressivamente integrado na dinâmica do crescimento que descreve o trajecto dos sujeitos ao longo do seu ciclo de vida. Esta compreensão pode ser aplicada a diversos domínios da intervenção psicológica, nomeadamente em contextos organizacionais (aplicação à gestão de recursos humanos). Conforme diz Rowan “…at every point, we have choice between safety and growth”. • • 7 PESPECTIVA HISTÓRICA DO ESTUDO DA MOTIVAÇÃO A MOTIVAÇÃO NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICA (Reeve, 2009) Uma visão histórica da Motivação ajuda-nos a compreender… • Como o conceito de motivação se tornou proeminente? • Como se foi modificando e desenvolvendo? • Como as ideias foram sendo desafiadas e substituídas? • Como o campo tem vindo a reemergir e a ser trabalhado em vários domínios da Ψ aplicada? PRINCIPAIS PROBLEMAS SURGIDOS NO ESTUDO DA MOTIVAÇÃO (Ford, 1992) • Ênfase em modelos mecanicistas e no estudo dos mecanismos biológicos do comportamento → Análise epistemológica; • Confusão terminológica e conceptual → Usam-se os mesmos termos para descrever fenómenos distintos; • Ausência de delimitação do campo da motivação → Nos 1ºs anos do estudo da motivação, tudo era explicado pela motivação. No entanto, para Reeve isto é visto como um ponto forte; • Estreiteza conceptual (actualidade). ORIGENS FILOSÓFICAS DE CONCEITOS MOTIVACIONAIS • A concepção tripartida da alma/psique (Platão e Aristóteles) (≈ Freud) ◦ Aspecto básico – apetites, desejos do corpo ◦ Aspecto competitivo – normas sociais ◦ Componente deliberativa – processos nobres, valores • A concepção dualista da alma/psique (Descartes) ◦ Paixões do corpo (irracional, impulsivo, biológico) e razão da mente (não material, racional, inteligente, espiritual); ◦ Dicotomias motivacionais - Aspectos passivos vs activos da motivação. Corpo = agente motivacional passivo e mecânico – R através dos sentidos, reflexos e da fisiologia. Vontade = agente motivacional activo, imaterial e espiritual – controlar e governar os desejos corporais. 1º SISTEMA MOTIVACIONAL COMPREENSIVO: A VONTADE • Muito breve e sem grande influência no estudo da motivação - Actualmente, a Ψ interessa-se mais pelas razões pelas quais eu passo da intenção à acção; • Actos da vontade – o que surge na nossa mente que nos leva a escolher (agir ou não agir), esforço voluntário (criar impulsos para agir), resistir (auto-disciplina, resistir à tentação); • Problemas: Como emerge a vontade (capacidades inatas, sensações, associações, experiências)? De que forma se reveste de intenções, objectivos? Como se passa da intenção à acção? 8 ◦ ◦ Incapacidade de caracterizar a sua natureza e as leis através das quais opera; Não conseguiram explicar de onde surge a vontade. Ex. Muitas vezes decidimos fazer algumas coisas que acabamos por não fazer (ex. deixar de fumar); A tradição do dualismo cartesiano influenciou este momento de cientificação da Ψ (fundação do 1º Laboratório de Ψ Experimental por Wundt), através da sua vertente intelectualista. 2º SISTEMA MOTIVACIONAL COMPREENSIVO: O INSTINTO • Influência dos estudos de Darwin; • Primazia do conceito de adaptação ⇒ determinismo biológico; • Repúdio de conceitos motivacionais mentalistas em detrimento de conceitos genéticos e mecanicistas; • Ausência de distinção entre processos motivacionais animais e humanos. Mas, ≠ espécies têm ≠ reportórios comportamentais que fazem parte da sua herança genética e que são desencadeados por condições do meio; A principal razão para a ocorrência destes reportórios comportamentais é a de que a sobrevivência do organismo (a sua adaptação às condições do meio) depende da sua realização. • • • • • Instintos – Sequências de movimentos ou de actos motores inatos executados de forma automática a partir da acção de um estímulo desencadeador (Abreu) ⇒ substância física; Os instintos são responsáveis pela activação e direcção do comportamento; W. James e W. McDougall elaboraram listas de instintos que explicavam todos os tipos de comportamentos, simples e complexos; W. James – Os seres humanos têm mais instintos que os animais (biológicos e sociais – simpatia, modéstia, amor, etc.), e estes expressam-se em padrões comportamentais mais flexíveis; Problema da Lógica Circular: as variáveis causais definidas independentemente do comportamento que pretendem explicar (ex: instinto de agressão) são, na verdade, inseparáveis do comportamento (ex: comportamento agressivo). A causa explica o efeito e este justifica a causa (é-se agressivo porque se tem um instinto e a existência deste demonstra-se pela existência do comportamento agressivo); “Se vai com os seus semelhantes é o ‘instinto gregário’ que o activa; se vai sozinho é o ‘instinto anti-social’, se morde a unha é o ‘instinto de morder a unha’. Assim, tudo se explica com uma facilidade mágica, a magia da palavra” Holt (1931, 428) • O único critério utilizado para comprovar a existência de instintos é o julgamento dos investigadores acerca da sua existência (listagens de milhares de instintos). 3º SISTEMA MOTIVACIONAL COMPREENSIVO: O IMPULSO (“Drive”) O comportamento visa a satisfação das Necessidades Fisiológicas → Adaptação (funcionamento homeostática) ⇓ Sistemas motivacionais organizados em torno da noção de Redução da Tensão ⇒ Respostas mais eficazes na explicação da passagem do repouso à acção. 9 i. ii. iii. A Teoria Pulsional de S. Freud A Teoria do Impulso de C. Hull O Declínio das Teorias do Impulso I - A TEORIA PULSIONAL DE S. FREUD O sistema nervoso (ou aparelho psíquico) tem uma tendência inata para manter um nível constante e baixo de energia. energia O estado ideal é o repouso ou inércia (= prazer). ⇓ Aparelho psíquico (estrutura mental ou organização da vida psíquica) = Sistema de forças que tendem a permanecer em equilíbrio (sistema energético fechado) Qualquer estimulação provoca no aparelho psíquico um aumento da tensão,, que se traduz em afectos de desprazer e de ódio em relação à fonte de estimulação. Assim, a atitude originária (tendência primária) do organismo perante o mundo externo e os seus objectos de investimento é a de recusa, fuga,, evitamento ou ódio. ⇓ LEI PRIMÁRIA de funcionamento do aparelho psíquico Afastamento em relação à fonte de estimulação • No entanto, os seres humanos experienciam estados de aumento da estimulação originados pelas forças pulsionais de natureza biológica (vida – fome, sede, sexo e morte – agressão), das quais não podem fugir, e que dirigem a energia psíquica (desejo – manifestação de uma pulsão) para a satisfação das necessidades orgânicas. • As Pulsões têm 4 características principais: • Origem orgânica; orgânica • Força ou energia causadora de estimulação interna e consequente aumento da tensão, desconforto psicológico, expressão psíquica de desejo;; • Meta ou finalidade – satisfação resultante da descarga da tensão e redução da estimulação; • Objectos de investimento energético não estabelecidos geneticamente genetic – indeterminação objectal. objectal Ao procurar reduzir a ansiedade, a tensão,o sujeito procura um objecto consumatório (e.g., comida). Objecto de investimento A intensidade da deficiência orgânica emerge na consciência como um desconforto psicológico, a ansiedade. Finalidade Ocorre um estado de deficiência orgânica (e.g., queda do nível de acúcar e emergência da sensação de fome) Força Origem ulsional de Freud (Reeve, 2009) Síntese da Teoria Pulsional Se o objecto reduz a tensão, há um estado de satisfação orgânica que elimina a ansiedade, pelo menos temporariamente. PULSÕES = os determinantes da iniciação, direcção e manutenção do comportamento. comportamento 10 No sentido de descarregar a energia acumulada pelas forças pulsionais (perigo para a saúde e fonte de desprazer), o aparelho psíquico efectua uma viragem para o mundo exterior, investindo em objectos através de respostas de descarga motora susceptíveis de restabelecerem o nível anterior de ausência de tensão (prazer). ⇓ LEI SECUNDÁRIA de funcionamento do aparelho psíquico Aproximação do objecto consumatório MODELOS COMPLEMENTARES (Weiner, 1989) • Modelo Primário da Acção ◦ Inicialmente valorizado por Freud ◦ Lei secundária – a energia acumulada deve ser libertada através de respostas motoras. • Modelo Primário de Pensamento ◦ Todos os processos de pensamento (ex. sonhos e fantasias – pensamento ilógico e atemporal) são derivados das necessidades básicas, isto é, servem para satisfazer as necessidades libidinais ou agressivas → satisfação imediata com ausência de processos intermediários; ◦ Energia pulsional acumulada > Energia pulsional libertada • Modelo Secundário de Acção ◦ O ego intervém entre as pulsões e o comportamento, impondo adiamentos das gratificações e/ou alterando a sua direcção. • Modelo Secundário de Pensamento ◦ Todos os processos cognitivos superiores estão ao serviço do funcionamento das necessidades primárias, da manutenção do repouso (= afastamento da fonte de estimulação); ◦ Desenvolvimento das funções cognitivas centradas na antecipação e permitindo o planeamento (o objecto de satisfação está ausente e há adiamento). • Só nos modelos secundários é que o ego intervém entre a activação da pulsão e a expressão comportamental (impondo adiamentos); Nos modelos de acção há um enfoque no comportamento “aberto”, enquanto os modelos de pensamento se centram nos processos cognitivos dirigidos para o alcance dos objectivos. • 11 Conflito (leitura mecanicista) – Resulta da oposição entre a tendência à descarga directa de energia acumulada e as forças (geridas pelo ego) e que se lhe opõem (adiamentos), (adiamentos) mas que, indirectamente, se encontram ao seu serviço. serviço S Freud ⇒ “Despersonalização” da motivação (Nuttin, 1978) Concepção Psicanalíticaa de S. ⇓ Todas as forças dinâmicas do comportamento são concebidas como “quantidades impessoais de energia”. energia” II - A TEORIA DO IMPULSO DE C. HULL O impacto da motivação no comportamento é explicado através das noções: 1) “Tissue-need” (necessidade orgânica); orgânica) 2) “Drive” (impulso). Estas noções explicam porque é que o mesmo organismo se comporta de maneira ≠ em ≠s ocasiões, perante os mesmos estímulos. estímulos O Impulso produz-se se devido a uma alteração das Necessidades Orgânicas (fome, sede, sexo, sono...), que são activadas quando o organismo se encontra num estado de privação ou de carência (contracções do estômago, secura da boca...), produzindo um aumento da tensão ⇒ O impulso tem uma base puramente fisiológica. ológica. Alteração das necessidades orgânicas • Estado de privação • Aumento da tensão Iniciação do comportamento Impulso O impulso inicia ou activa o comportamento, mas não determina a sua direcção. A direcção do comportamento é fruto da aprendizagem que ocorre como consequência do reforço. r • Redução edução do impulso (comer, beber, dormir...) → R reforçadas = R consumató consumatórias (aprendizagem rendizagem de novos hábitos); hábitos • Não há redução do impulso → R não são reforçadas (não há novas aprendizagens). aprendizagens Carência orgânica Padrão de R aprendidas COMPORTAMENTO = IMPULSO x HÁBITO Nota: Nega a ideia de expectativa As R consumatórias restabelecem o equilíbrio homeostático do organismo e este cessa a sua actividade. ⇒ Tal como a concepção pulsional de S. Freud, também esta perspectiva considera a relação com o mundo como secundária, como forma de restabelecer o equilíbrio homeostático. homeostático 12 Necessidade Fisiológica - Impulso mpulso Psicológico - Processo de Acção Comportamental (Reeve, 2009) Estado de saciação Aumento progressivo da carência fisiológica O impulso é reduzido Ocorrência do comportamento consumatório Uma situação prolongada de privação produz uma necessidade fisiológica Comportamentos dirigidos para a gratificação do impulso A necessidade intensificase e dá origem ao impulso psicológico Necessidades orgânicas (fome, sede, sono, sexo, fuga de tudo o que é prejudicial ou nocivo) • Necessidades primárias – inatas, não aprendidas; Necessidades cognitivas, sociais, etc., • Necessidades secundárias ou derivadas – adquiridas ou aprendidas a partir da satisfação das necessidades primárias, por um processo de socialização ou de condicionamento (vinculação afectiva à figura materna). materna) Reformulação da teoria ⇒ O valor de incentivo de um objecto (estimulação externa) também contribui para iniciar ou activar o comportamento. comportamento COMPORTAMENTO = IMPULSO x INCENTIVO x HÁBITO Propriedades do E que reforçam a redução da tensão ASPECTOS COMUNS MUNS ENTRE AS TEORIAS DE FREUD E DE HULL (Weiner, 1989) • Determinismo – explica todo o comportamento; • Complementaridade de entre as leis fisiológicas e psicológicas – valorização das leis biológicas e subvalorização das psicológicas; • Redução da tensão em função funçã de um objectivo básico do comportamento – adaptação; • Busca do significado funcional da acção (Darwin) – adaptação. 13 DIFERENÇAS ENTRE OS MODELOS DE FREUD E HULL (Weiner, 1989) FREUD HULL Método Clínico Método Experimental -As As pulsões são responsáveis pela mobilização e direcção do comportamento; -Consideração Consideração do pensamento como gerador de acção; -O O impulso mobiliza mas não é responsável pela direcção do comportamento -Negação Negação da influência da cognição sobre a acção – as reacções orgânicas/biofisiológicas orgânicas/biofisiológic estão na origem da acção LIMITAÇÕES DAS CONCEPÇÕES MECANICISTAS E HOMEOSTÁTICAS DA MOTIVAÇÃO (Abreu, 2002; Ford, 1992; Nuttin, 1978; Weiner, 1989) Metáfora do “homem-máquina” máquina” ⇒ Organismo passivo e reactivo que se pode “puxar” (através dos incentivos) e “empurrar” (através das necessidades). • Nem todo o tipo de motivação assenta no modelo de redução da tensão, mesmo ao nível das próprias necessidades fisiológicas. fisiológicas (Ex.: Expcia.. de Harlow sobre o comportamento de manipulação dos macacos; procura de novas sensações que implicam uma persistência da tensão; distúrbios alimentares); • Nem sempre as necessidades biofisiológicas se podem conceber como acumulações de energia a reduzir por uma descarga motora (ex.: exp. de Kohn e de Bellows); Bellows) • Necessidade de contacto com os objectos na ausência de qualquer busca de satisfação de outras necessidades (ex.: exp. de Hebb, exp. de privação sensorial) e importância das fontes externas de motivação, motivação o contacto com o mundo não é secundário (ex.: publicidade); publici • Carácter primário das necessidades psicológicas (cognitivas, (cognitivas, sociais, afectivas, etc.) (Ex. casos das “crianças selvagens”, observações de Spitz e de Bowlby, experiências de Harlow sobre a “natureza do amor”). III - DECLÍNIO DOS SISTEMAS MOTIVACIONAIS MOTIVACIONAIS COMPREENSIVOS (Reeve, 2009) VONTADE • Contribuiu muito pouco para a explicação da motivação; • Foram mais as questões que colocou do que aquelas a que respondeu. respondeu INSTINTO •Contribuiu muito pouco para a explicação da motivação; •Tornou evidente que rotular não é a mesma coisa que explicar. IMPULSO •Abordagem limitada; limitada •Levou à contestação dos sistemas motivacionais compreensivos, embora tivessem entretanto surgido alguns princípios motivacionais bem sucedidos, casos do incentivo e da activação. 14 NECESSIDADE (Reeve, 2009) ⇓ Condição da pessoa essencial e necessária para a sobrevivência, o crescimento, e o bem-estar. bem • • Necessidades nutridas e satisfeitas → bem-estar estar é mantido e aumentado; aumentado Satisfação das necessidades negligenciada ou frustrada → perturbaç perturbação do bem-estar físico e psicológico. ⇓ Os estados motivacionais possibilitam a realização de acções antes que haja dano para o bembem estar físico e psicológico do organismo. Estrutura das Necessidades (Reeve, 2009) NECESSIDADES Fisiológicas •Sede •Fome •Sexo Inerentes ao funcionamento dos sistemas biológicos Psicológicas •Autonomia •Competência •Relacionamento Inscritas nas finalidades do funcionamento humano saudável Sociais •Realização •Afiliação •Intimidade •Poder Internalizadas ou aprendidas a partir das histórias de socialização NECESSIDADES FISIOLÓGICAS (Reeve, 2009) O padrão cíclico de aumento e diminuição do impulso psicológico envolve 7 processos básicos: • Necessidade (fisiológica) • Impulso (psicológico) • Homeostasia • Feedback negativo • Múltiplos “inputs”/Múltiplos “outputs” • Mecanismos intra-organísmicos organísmicos • Mecanismos extra-organísmicos organísmicos SEDE • Estado motivacional que prepara a pessoa para realizar um conjunto de comportamentos dirigidos para a remediação do déficit de água. FOME • A fome e a alimentação envolvem um complexo sistema regulatório, com mecanismos de regulação a curto prazo (teoria glicoestática – níveis de acúcar no sangue) e a longo prazo (alterações do tecido adiposo). SEXO •A motivação sexual aumenta e decresce em resposta a um conjunto de factores - hormonais, indicadores externos (métrica facial), scripts cognitivos, e processos evolucionários evolucionários. 15 Razões do Fracasso na Auto-regulação das Necessidades Fisiológicas: 1) As pessoas subestimam a força das necessidades fisiológicas quando não as estão a experienciar; 2) Ausência de critérios ou a utilização de critérios inconsistentes, conflituosos ou inapropriados; 3) Fracasso na monitorização do comportamento por motivos de distracção, preocupação, exaustão emocional ou intoxicação. O DESENVOLVIMENTO DAS MINI-TEORIAS Os 2 mais importantes Princípios Motivacionais após as Teorias do Impulso: 1) Incentivo • Aproximação aos incentivos + e afastamento dos incentivos -. A motivação principal consiste em aumentar e manter o contacto com estímulos atractivos e não em reduzir a tensão produzida pelas necessidades fisiológicas; • Através da aprendizagem os sujeitos formam expectativas relativamente aos objectos do meio que são gratificantes ou não – dinâmica do comportamento. 2) Activação • Características (novidade, etc.) do meio influenciam o nível de activação do cérebro; • Variações no nível de activação têm uma relação curvilinear com o comportamento (aborrecimento, interesse, medo). Procuram explicar… • Fenómenos motivacionais específicos (ex.: fluxo); • Circunstâncias que afectam a motivação (ex.: uma experiência de fracasso); • Grupos de pessoas (ex.: trabalhadores, fumadores); • Questões teóricas particulares (ex.: qual a relação entre cognição e emoção). Anos 60/70 • • • • • • • • Teoria da motivação de realização (Atkinson, 1964) Teoria atribucional da motivação (Weiner, 1972) Teoria da expectativa x valor (Vroom, 1964) Teoria do fluxo (Csikszentmihalyi, 1975) Teoria da motivação intrínseca (Deci, 1975) Teoria do estabelecimento de objectivos (Locke, 1968) Teoria do desânimo aprendido (Seligman, 1975) Teoria da auto-eficácia (Bandura, 1977) Natureza activa dos sujeitos: • Os organismos são activos e orientados para o crescimento (criatividade, competência, eus possíveis, auto-actualização, auto-determinação). Revolução cognitiva: • Ênfase nos processos mentais internos (planos, objectivos, estratégias, crenças, expectativas, atribuições); • “Theories of motivation: From mechanisms to cognition” (Weiner, 1972) • Foco do estudo nos seres humanos em complemento à corrente humanística (Maslow) 16 Investigação aplicada e socialmente relevante: relevante • Resolver os problemas motivacionais que as pessoas enfrentam nas suas vidas (escola, saúde, aúde, trabalho, relações interpesoais, etc.) – relações com diferentes áreas da Ψ (fome como fonte de impulso vs factores motivacionais otivacionais subjacentes aos distúrbios alimentares ou ao bem-estar bem físico). Relações do Estudo da Motivação com Áreas de Especialização da Psicologia (Reeve, 2004) R específicas às questões: O que causa o comportamento? Porque é que o comportamento varia de intensidade? • • • • • Desenvolvimento Educação Cognitiva Psicofisiologia Saúde • • • • • Aconselhamento Clínica Personalidade Organizacional/trabalho Social AS ABORDAGENS CONTEMPORÂNEAS DA MOTIVAÇÃO • Os sujeitos são organismos activos, com capacidade de regular a sua interacção com os contextos; • Os sujeitos tendem para o desenvolvimento, o crescimento, o funcionamento integrado e organizado e com um nível de complexidade crescente nos planos intra e interinter individual; • Esta tendência para o desenvolvimento é idealmente regulada pelo núcleo funcional do eu (“self”),, embora os contextos possam facilitar ou inibir esta dinâmica de desenvolvimento. Abordagens predominantemente Organísmicas Abordagens predominantemente Sócio-Cognitivas Cognitivas Necessidades comuns a todos os sujeitos, em todas as culturas, cujo grau de "satisfação" permite um > ou < grau de “funcionamento optimal” Processos cognitivo-motivacionais motivacionais que explicam o organização do comportamento em função das suas metas ou finalidades ⇒A auto-regulação e interacção sujeito-meio são guiados pelas necessidades psicológicas que são inatas ⇒O que explica a organização do comportamento é a forma como se constrói metas ou finalidades ABORDAGENS ORGANÍSMICAS DA MOTIVAÇÃO A PRIMAZIA DAS NECESSIDADES PSICOLÓGICAS Todos os organismos estão equipados de forma a iniciarem relações e a efectuarem trocas com o meio, tendo em consideração ração que possuem competências e a motivação para exercerem essas competências ⇒ os organismos são flexíveis devendo ajustar-se e acomodar-se acomodar às mudanças contextuais. ⇓ 17 FOCO: a) Forma como os organismos iniciam interacções com o meio; b) Modo como se adaptam, mudam e crescem em função dessas transacções com o meio. Base Teórica das Concepções Organísmicas da Motivação (Nuttin, Deci & Ryan) Cada uma das formas principais de funcionamento da unidade funcional organismo-mundo possui um certo dinamismo intrínseco. A Concepção Organísmica da Motivação identifica várias necessidades psicológicas específicas: • Necessidade de ser a causa dos acontecimentos (“personal causation”, De Charms) • Necessidade de produzir efeitos (“effectance motivation”, White e Harter) • Necessidade de se confrontar com desafios (“optimal experience theory”, Csikszentmihalyi) • Necessidade de perceber (Woodworth) • Necessidade de valor pessoal (“self-worth”, Covington) • Curiosidade (Berlyne) • Prazer da causalidade (Nuttin) … Dinâmica da Relação Eu-Mundo no Estudo da Satisfação (Reeve, 2005) Sujeito Mundo Unidade funcional com 2 pólos inseparáveis O indivíduo tem necessidade de interagir eficazmente com o meio e de o utilizar como forma de expressão das suas necessidades psicológicas e dos seus interesses e valores. INDIVÍDUO Necessidades psicológicas Autonomia Competência Relacionamento CONTEXTO Interesses e valores Meios de “satisfação” Actividades interessantes Desafios Feedback Escolhas Incentivos Recompensas Interesses Preferências Valores Relações Infl. Sóciocultural Prescrições Interditos Aspirações bem-estar Prioridades Objectivos Climas interpessoais O meio por vezes é capaz de nutrir os recursos internos do indivíduo, mas frequentemente negligencia ou impede essa nutrição (passividade e alienação). Motivos – esboços de relações sujeito-situação requeridos para o funcionamento e desenvolvimento das potencialidades do organismo. 18 AS NECESSIDADES PSICOLÓGICAS • A nutrição das necessidades básicas é fundamental para o desenvolvimento e o bemestar, embora os factores contextuais, culturais e desenvolvimentais que influenciam os seus modos de expressão e os seus meios de satisfação possam variar amplamente; • A disponibilização de condições (por parte dos contextos sociais) que permitem a nutrição destas necessidades é fundamental para que os sujeitos com problemas ou dificuldades desenvolvimentais e comportamentais consigam sustentar as mudanças esperadas (alienação vs envolvimento). AUTONOMIA (Importante na regulação intrínseca do comportamento) ⇓ Exercício da livre vontade, da agência, da escolha, sem muita regulação ou controlo externo • Necessidade + importante das teorias organísmicas; • Implica a minimização do controlo externo. Autonomia percebida: 1) Locus de causalidade interna – Não sou peão! → Eu…..Outros 2) Volição – ausência de constrangimentos, livre vontade → Quero…..Tenho que 3) Percepção de escolha nas acções pessoais → Opções…..Ausência de opções ⇓ ⇓ Contexto que nutre a necessidade de autonomia (vs contexto controlador) Aspectos que funcionam como um contínuo bipolar Contextos Promotores da Autonomia ou Contextos Controladores: A necessidade de autonomia é promovida pelo contexto. Existem estilos motivacionais exercidos em certos contextos que apoiam +/- a necessidade de autonomia • Meios • Acontecimentos externos • Contextos sociais Estilos motivacionais • Relações interpessoais Estratégias de Apoio à Autonomia • Nutrição dos recursos internos - identificação e promoção da expressão de interesses, preferências, aspirações pessoais e competências; • Utilização de linguagem informativa e não impositiva – “Já reparei que tem tido mais dificuldade em…porquê?” vs “Tem que se esforçar mais!”; • Comunicação do valor, sentido, utilidade, importância do envolvimento em determinadas acções, sobretudo na realização de tarefas desinteressantes, embora relevantes – “É importante…porque” vs “Faça porque é memo assim”; • Reconhecimento e aceitação do afecto negativo - reacções válidas que podem ser utilizadas para resolver o problema vs negação da reacção para obtenção de obediência; • Utilização de questões abertas e não de questões fechadas no aconselhamento e na psicoterapia. 19 Existem escolhas que não promovem a autonomia Do tipo “esta ou aquela” alternativa – escolha entre opções fornecidas pelos outros ⇒ Não há promoção da autonomia ≠ Verdadeira escolha entre acções – é dada a oportunidade de escolha significativa que reflecte os valores e os interesses pessoais ⇒ Promoção de condições que satisfazem a necessidade de autonomia ⇒ Aumento do esforço, criatividade, preferência pelo desafio e desempenho Estratégias motivacionais (Reeve, 2005) APOIO DA AUTONOMIA CONTROLO Ouvir atentamente Reter materiais de aprendizagem Permitir que os outros falem, dêem sugestões Mostrar as respostas correctas Providenciar um “rationale” Dizer as respostas correctas Encorajar o esforço Dar directivas, ordens Elogiar o progresso, aperfeiçoamento Afirmações do tipo “deves”, “tens que”… Perguntar aos outros o que querem fazer Perguntas controladoras Responder efectivamente às perguntas Colocar continuamente exigências Reconhecer que há perspectivas diferentes … Benefícios do Apoio à Autonomia (Reeve, 2009) • Motivação - motivação intrínseca, percepção de controlo, curiosidade, etc. • Envolvimento - comportamental, emoções positivas, decréscimo das emoções negativas, persistência, etc. • Desenvolvimento - percepção do valor pessoal, criatividade, preferência por tarefas desafiantes, etc. • Aprendizagem - utilização de estratégias profundas vs superfície, processamento activo da informação, utilização de estratégias de auto-regulação, etc. • Realização - notas, nível de desempenho nas tarefas, etc. • Bem-estar psicológico - vitalidade, satisfação, etc. COMPETÊNCIA (Mihaly Csikszentmihalyi) ⇓ Experiência de percepções de eficácia pessoal e de mestria na realização de actividades e no estabelecimento de objectivos com grau óptimo de desafio. Competência percebida: • Grau óptimo de desafio – equilíbrio entre competências e dificuldade da tarefa; • Grau óptimo de estrutura – comunicação não ambígua acerca das expectativas do meio e dos resultados desejados; • Feedback positivo – que confirme que o nível de competência é > ao desafio da tarefa; 20 Grau óptimo de desafio ⇓ FLOW” (fluxo) ⇒ Nutrição da necessidade de competência EXPERIÊNCIA DE “FLOW • Estado psicológico de grande prazer que se refere a: ◦ Estado de compromisso ompromisso, concentração e envolvimento nvolvimento total numa actividade desafiante; o fluxo é mais comum em contextos de trabalho do que de lazer; • Não está associada ao alcance de um resultado final, de uma meta ou recompensa, mas ao processo global de realização da tarefa (motivação puramente ente intrínseca) e tem propriedades “aditivas” “aditivas (procura constante de fluxo); • Nem sempre está associado a actividades positivas, mas está sempre associado a comportamentos “activos” que requerem muita “energia de activação””: ◦ Constante regulação egulação do nível de dificuldade → grau óptimo de desafio desafio. Características da “Experiência Experiência Óptima”: Óptima • Existência xistência de um equilíbrio entre o grau de competência percebido e o grau de dificuldade da tarefa: ◦ Aborrecimento – competência > dificuldade; ◦ Ansiedade – competência < dificuldade; • Realização ealização da actividade livremente aceite; aceite • Fusão da acção e da consciência; consciência • Existência de objectivos claros e desafiadores (comportamento activo); activo) • Existência de feedback imediato - que confirme competência > desafio; • Intensa concentração na tarefa; tarefa • Percepção de auto-controlo controlo e de controlo do meio; meio • Perca de consciência de si e Sentimento de transcendência (fusão pessoa-tarefa); pessoa • Transformação do tempo (viver no imediato, no momento); • Experiência agradável, que permite intenso prazer (emoções + muito fortes). fortes) Marujo et. al., 2001 21 Como promover Experiências de Fluxo? 1) Manipular a Dificuldade da tarefa: • Preocupação ou ansiedade – diminuir a dificuldade da tarefa (níveis inferiores nos jogos, solicitar ajuda, alterar prazos e as regras do jogo….); • Aborrecimento ou apatia – aumentar a dificuldade da tarefa (níveis superiores nos jogos, impor prazos mais curtos, realizar sozinho/a uma tarefa, utilizar a fantasia….); 2) Manipular as Competências necessárias para a realização da tarefa: • Preocupação ou ansiedade – treinar para adquirir as competências necessárias; • Aborrecimento ou apatia – impor limitações à utilização das capacidades pessoais (jogar com a mão esquerda, fazer de olhos fechados, não estudar…). Estratégias de apoio à Competência: • Feedback positivo – aumenta a percepção de competência; 4 fontes: tarefa, comparação da realização actual com realizações anteriores (feedback intrapessoal), comparação social (feedback interpessoal), avaliação de outros; • Tarefas com um grau óptimo de desafio – o feedback positivo produz + prazer e satisfação nestas condições (ex.: exp. de S. Harter). RELACIONAMENTO (Importante na regulação extrínseca do comportamento) ⇓ Necessidade de estabelecer relações interpessoais significativas em contextos específicos, percepção de pertença e de apoio na realização de actividades e no estabelecimento de objectivos; Relacionamento percebido: 1) Estabelecimento de ligações e de vínculos afectivos 2) Estabelecimento de relações sociais alargadas 3) Interacções emocionalmente positivas Estratégias que satisfazem a Necessidade de Relacionamento • Estabelecimento de relações sociais – cuidar, gostar, aceitar, valorizar, intimidade (não a quantidade, mas a qualidade das relações); • Estabelecimento de relações de comunidade vs de troca - diferentes regras implícitas relacionadas com dar e receber “valores” sociais ou, pelo contrário, tangíveis; • Internalização – transformação de uma regulação ou valor externo numa regulação ou valor interno (adopção e integração no self de valores ou prescrições externas ou sociais) - contexto social imediato e contexto de desenvolvimento; 22 Modelo Motivacional do Envolvimento baseado na Satisfação das Necessidades Psicológicas (Reeve, 2009) Caos ou confusão ≠ Coerção ou controlo ≠ Rejeição ou negligência ≠ Alguns exemplos (saúde, educação, trabalho, desporto, religião e psicoterapia): La Guardia et al. (2000): Ass relações de vinculação segura promovem o bem-estar, bem em grande parte porque representam relações em que os sujeitos têm amplas oportunidades para a satisfação das suas necessidades básicas; básicas 23 Ryan & La Guardia (2000): Modelo do bem-estar psicológico (“eudaimonia”, felicidade + atribuição de sentido) vs modelo do bem-estar subjectivo (“hedonismo”, felicidade) Ryan et al. (1995): Os contextos sociais que não permitem a satisfação de todas as necessidades psicológicas, ocasionam um empobrecimento do bem-estar; a criação de condições para a alienação e a psicopatologia pode ser observada quando os contextos sociais promovem conflitos na satisfação das necessidades básicas (ex.: quando os pais impõem grandes restrições à autonomia para que a criança se sinta amada). Fábula Judaica – Modificação do Contexto de Motivação 1. Comportamento intrinsecamente motivado ⇒ 2. Comportamento extrinsecamente motivado ⇒ Retirada das contingências Comportamento mantém-se Retirada das contingências Comportamento cessa -As razões intrínsecas desapareceram; -O locus de causalidade tornou-se exclusivamente externo. TEORIA DA AUTO-DETERMINAÇÃO (SDT) (E. Deci & R. Ryan) Motivação Intrínseca • Estado de funcionamento tipicamente auto-determinado; • Base natural para a aprendizagem e o desenvolvimento, pois assenta na tendência inata para ser a causa dos acontecimentos – explorar, procurar a novidade, buscar desafios, produzir efeitos, utilizar e promover as competências pessoais → é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e social; • Quando intrinsecamente motivadas as pessoas envolvem-se nas actividades por interesse, prazer ou satisfação e experienciam graus elevados de vitalidade (possibilidade de experiências de “fluxo”) – a actividade é um fim em si mesma. Características das actividades que facilitam a Activação da Motivação Intrínseca • Complexidade, novidade e imprevisibilidade → interesse, curiosidade → exploração; • Feedback claro e imediato (dimensão informativa → autonomia); • Auto-percepções de competência, autonomia e relacionamento. Principais Vantagens do Comportamento Intrinsecamente Motivado • Não desaparece quando não estão presentes os reforços externos; • Não apresenta “custos escondidos dos reforços” - desmotivação subsequente ao reforço externo de uma actividade previamente intrinsecamente motivada e diminuição da motivação intrínseca futura. No entanto, a maioria das actividades que realizamos não são intrinsecamente motivantes. Sobretudo depois da infância, a existência de numerosas regulações sociais, bem como a assunção de novas responsabilidades requerem o envolvimento em actividades instrumentais que permitem o alcance de resultados socialmente valorizados, diferentes da actividade em si mesma. ⇓ 24 Motivação Extrínseca (Reeve, 2009) Uma razão contextual (e.g.,., incentivos, incentivos recompensas ou consequências) para o envolvimento imento numa acção ou numa actividade. “Faz isto de forma a obter aquilo” ↓ ↓ Comportamentos requerido Incentivo ou consequência extrínseca “Qual o benefício que isto me pode trazer?” As punições funcionam? Suprimem o comportamento indesejado? (Reeve, 2009) EFEITOS SECUNDÁRIOS DAS PUNIÇÕES Emocionalidade negativa -chorar -gritar -ter medo Danos na relação punidor/punido Modelação negativa do modo como lidar com um comportamentos indesejável O “Custo Escondido das Recompensas” Recompensas (Reeve, 2009) Uso das recompensas para envolver alguém numa actividade Efeitos secundários não desejados -Mina Mina a motivação intrínseca; -Interfere Interfere na qualidade do processo de aprendizagem; -Interfere Interfere com a capacidade de autoauto regulação autónoma. Efeito primário desejado -Promove o cumprimento de uma disposição, norma, regra (envolvimento comportamental na actividade) actividade); -Efeito controlador. RELAÇÕES ENTRE MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA E EXTRÍNSECA (Deci et al., 2001) Investigações de Lepper et al. com crianças • Efeitos negativos da orientação motivacional extrínseca na satisfação ão e interesse por actividades ⇒ Diminuição iminuição da autonomia e da competência percebidas idas; • Replicadas eplicadas com adultos, com diferentes tarefas e recompensas. recompensas Este efeito negativo é mediado por alguns factores: • Tipo de recompensa ◦ Verbal – mais importante na motivação intrínseca in ◦ Tangível • Carácter não esperado (> autonomia) e carácter esperado (< autonomia) ◦ R não contingentes às tarefas – não esperados ◦ R contingentes às tarefas – mina + a motivação intrínseca ◦ R contingentes ngentes ao nível dos resultados – pode nutrir a nec. de competência 25 • • Impacto no “locus” percebido de causalidade ◦ Dimensão informativa – locus interno → motivação intrínseca ◦ Dimensão de controlo – locus externo → motivação extrínseca Tipo de contexto interpessoal no qual as recompensas foram administradas ◦ Competição/Controlo ◦ Apoio à autonomia e à competência Eficácia das Recompensas Verbais no Aumento da Motivação Intrínseca • Contingência à realização das actividades recompensadas; • Especificidade: que características das actividades permitiram o alcance do resultado (Competências, esforço, estratégia, ajuda...)? • Sinceridade/credibilidade/variedade TEORIA DA AVALIAÇÃO COGNITIVA (Reeve, 2009) Previsões relativamente ao modo como as contingências externas afectam a motivação; ⇑ Qualquer contingência externa (e.g., dinheiro, notas, prazos) afecta a motivação intrínseca e extrínseca, através do seu efeito nas necessidades psicológicas de autonomia e de competência. Funções das Contingências Externas (Acontecimentos Externos): 1) Controlo - Controlar o comportamento “Se fizeres X alcanças Y” a. Mina a motivação intrínseca; b. Interfere na qualidade da aprendizagem; c. Aumenta a regulação externa; mina a auto-regulação autónoma. 2) Informativa - Informar sobre a competência percebida “Porque foste capaz de fazer X, és eficaz e competente” a. Aumenta a motivação intrínseca; b. Promove a qualidade da aprendizagem; c. Facilita a auto-regulação. NOTA: A maior saliência de uma ou outra função determina o efeito do acontecimento na motivação intrínseca e extrínseca. a. As contingências externas afectam a motivação intrínseca sempre que influenciam o “locus” percebido de causalidade. Acontecimentos que favorecem um “locus” percebido como externo diminuem a m. intrínseca e aumentam a m. extrínseca. Pelo contrário, os acontecimentos que promovem um “locus” percebido como interno aumentam a m. intrínseca e diminuem a m. extrínseca. b. Acontecimentos externos afectam a motivação intrínseca para uma actividade optimal quando influenciam a competência percebida. Acontecimentos que promovem maior grau de competência percebida aumentam a m. intrínseca, enquanto os que inibem o grau de competência percebida diminuem a m. intrínseca. 26 c. Acontecimentos determinantes determinante na iniciação e regulação do comportamento têm 3 aspectos potenciais, cada um com um significado funcional. O aspecto informativo facilita o “locus” de causalidade percebido como interno e grau de competência, aumentando assim a motiv. intrínseca. O aspecto controlador favorece o “locus” externo (não há percepção de competência), competê , minando a m. intrínseca e promovendo a m. extrínseca. O aspecto desmotivante promove o grau de incompetência percebida, diminuindo a m. intrínseca e promovendo a amotivação. Os acontecimentos exteriores afectam a motivação intrínseca mediados pelas pela percepções de autonomia e de competência. ⇓ O feedback positivo (percepção de competência) só promove a motivação intrínseca se ocorrer num contexto de autonomia percebida p (dimensão informativa). Ass acções que veiculem controlo levam a uma percepção de externalidade xternalidade e diminuem a motivação intrínseca. intrínseca A orientação motivacional extrínseca tem um impacto negativo no processo de aprendizagem e no bem-estar. estar. O objectivo da educação deve ser o de ajudar ao estabelecimento de múltiplos objectivos auto-definidos, definidos, com valor intrínseco, capazes de satisfazerem diversos motivos, consolidarem o valor pessoal e facilitarem o envolvimento envolvimento no processo de aprendizagem. Contudo, a activação extrínseca pode ser uma opção quando a motivação intrínseca inicial é muito baixa. 27 TEORIA DA INTEGRAÇÃO ORGANÍSMICA A Motivação Extrínseca não permite o funcionamento auto-determinado? ⇓ Depende do Tipo de Regulação Comportamental que promover (Lens et al., 2009) 1. Regulação Externa: O comportamento é regulado através de meios externos como recompensas, punições, avaliações, prazos, etc. (contingências externas). O locus da iniciação é externo ao self (controlo interpessoal); 2. Regulação Introjectada: O comportamento é realizado para evitar a ansiedade, a culpa, ou para manter percepções de valor pessoal. O locus de iniciação é parcialmente externo ao self (controlo intrapessoal). Regulação externa, que se tornou interna, mas que não foi internalizada; ex. Faço X para agradar aos outros! 3. Regulação Identificada: O comportamento é visto como instrumental para o alcance de objectivos valorizados. O sujeito identifica-se com a actividade e o locus de iniciação é percebido como fundamentalmente interno (Regulação Interna); 4. Regulação Integrada: O comportamento é realizado de forma a harmonizar e a trazer coerência a diferentes aspectos do self e em função dos interesses e valores pessoais. O locus de iniciação está completamente internalizado (Regulação Interna); ⇓ ≠ Motivação Intrínseca – não há envolvimento em actividades por prazer, interesse e satisfação. Ausência de autodeterminação Comportamento autodeterminado a) b) c) A motivação é um plano contínuo em função da autodeterminação. Este continuum pode ser atravessado nos dois sentidos. 28 Qualidade da motivação: a) Amotivação – ausência de intencionalidade comportamental, não valorização das actividades, ausência de percepções de competência, ausência de expectativas de resultado; b) Motivação Controlada – regulação externa e regulação introjectada; c) Motivação Autónoma – regulação identificada, regulação integrada, regulação intrínseca. Intencionalidade comportamental MOTIVAÇÃO AUTÓNOMA MOTIVAÇÃO CONTROLADA -Auto-regulação com base em interesses e -Regulação externa ou parcialmente interna; valores pessoais; -Não integrada no núcleo funcional do eu. -Integrada no núcleo funcional do eu. Podem não diferir em quantidade, mas diferem em qualidade, ou seja, produzem diferenças na qualidade comportamental. Resultados de diversos trabalhos de investigação – contextos educativos, tratamento do alcoolismo, programas de dieta, adesão ao exercício físico, relacionamento conjugal, participação política, participação religiosa, etc. Depoimento de um Estudante Universitário 1. “Disseram-me para o fazer” – regulação externa 2. “Desafio” – regulação intrínseca 3. “Pensava que precisava” – regulação identificada 4. “Fonte de realização” – regulação integrada ESTUDO DAS NECESSIDADES SOCIAIS NECESSIDADES SOCIAIS – NECESSIDADES ADQUIRIDAS Processo psicológico adquirido que é progressivamente resultante da história pessoal de socialização (ex. experiências precoces, influências cognitivas e influências desenvolvimentais) e que activa respostas comportamentais e emocionais a incentivos que são particularmente relevantes para esse tipo de necessidade → Importância das diferenças individuais. São necessidades que têm uma forma de funcionamento mais complexo que as necessidades psicofisiológicas e psicológicas: ⇒ Mecanismo de deficiência (homeostático); ⇒ Mecanismo de crescimento (homeoquinésico). Estão sempre presentes mas não estão sempre visíveis, precisam de algo que as estimule. Exemplos: Realização – + estudada! Afiliação/intimidade Poder 29 Incentivos Activadores de cada uma das Necessidades (Reeve) Incentivo que activa a necessidade Necessidade social REALIZAÇÃO -Fazer uma coisa bem para demonstrar competência. -Oportunidade para agradar aos outros e obter a sua aprovação; AFILIAÇÃO/INTIMIDADE -Oportunidade para estabelecer relações interpessoais de proximidade. PODER -Ter impacto, controlo e influência nos outros. NECESSIDADE SOCIAL DE REALIZAÇÃO Formulação inicial de Atkinson A necessidade de realização pode resultar do tipo de necessidades individuais a nível da realização para actividades específicas: 1. Necessidade de Realização (“need for achievement”) e da tendência de acção associada, que considera igualmente a probabilidade de sucesso e o valor de incentivo do sucesso; 2. Necessidade de Evitar o Fracasso (“need to avoid failure”) e da tendência de acção associada, que considera igualmente a probabilidade de fracasso e o valor de incentivo negativo do fracasso. Probabilidade de sucesso – tendência que tem que ver com a competência percebida para a realização da tarefa → Necessidade de realização = Escolha entre a aproximação e o evitamento, e essa escolha é feita em função das características de personalidade Formulação contemporânea de Dweck Pode resultar das Teorias Implícitas das Qualidades Individuais (e.g. inteligência) 1. Teoria da Entidade (“Entity theory”) – objectivo de realização é resultado ou eu; 2. Teoria Incremental (“Incremental theory”) – objectivo de realização é a mestria ou aprendizagem. Modelo de J.Atkinson Modelo de Dweck -Melhor previsão do comportamento em situações específicas através do estudo dos objectivos -Fraca capacidade preditiva -Explica o comportamento em geral De onde vem as Teorias Implícitas e o tipo de objectivos de realização? ⇓ Decorrem das características individuais. Atkinson → As 2 teorias complementam-se! 30 Necessidade de realização - Desejo de fazer bem, tendo em conta uma norma de excelência. Norma de excelência - Qualquer mudança na percepção pessoal de competência em função de um resultado objectivo de sucesso ou fracasso. O comportamento é avaliado em termos de sucesso e de fracasso em função de 3 critérios: • Competição com a tarefa; • Competição intra-pessoal; • Competição interpessoal. Sujeitos com nível elevado de realização – Emoções de aproximação (gostam de competir); Sujeitos com nível baixo de realização - Emoções de evitamento (evitam a competição porque lhes causa ansiedade e frustração). ⇓ ≠ na escolha, latência, esforço, persistência e na assunção pessoal de responsabilidades relativamente aos sucessos e fracassos. MODELO DE J. ATKINSON - Resultado das Tendências para o Sucesso e para o Fracasso (Reeve, 2009) Motivação de realização = Tendência para a sucesso (Ts) - Tendência para evitar o fracasso (Tf) Ta = (Ms x Ps x Is) - (Maf x Pf x If) Ms – motivo para o sucesso; Ps – probabilidade percebida de sucesso; Is – valor de incentivo do sucesso (1-Ps). Maf – motivo para evitar o fracasso; Pf – probabilidade percebida de fracasso (1-Ps); If – valor de incentivo negativo do fracasso (1-Is). - Quanto > Ts e quanto < Tf ⇒ > Motivação de realização - Quanto > Ps ⇒ < Is Condições de Activação e Satisfação das Necessidade de Realização (Normas de excelência): • Tarefas moderadamente difíceis - tarefas que satisfazem a realização; • Competição – pessoas que tem necessidade de realização elevada, gostam da competição (competem consigo próprios ou com outras pessoas); • Empreendedorismo - sujeitos com motivação de realização mais elevada estão mais em profissões de empreendorismo elevado. TEORIAS IMPLÍCITAS ACERCA DA INTELIGÊNCIA (C. Dweck) ≠s situações com ≠s normas de excelência → ≠ Teorias Implícitas acerca das nossas capacidades pessoais, que podem ser de 2 tipos: 1. Entidade – Objectivo de realização = resultado ou eu; 2. Incremental – Objectivo de realização = mestria ou aprendizagem. 31 Inteligência como ENTIDADE Inteligência como INCREMENTAL Fixa e incontrolável Maleável Insegurança quanto à capacidade para resolver problemas em que houve sucesso anterior O sujeito antecipa pouca dificuldade em resolver problemas nos quais houve sucesso anterior. O nível de realização reflecte o esforço e o tipo de estratégia utilizada. O nível de realização reflecte a capacidade Se a inteligência for elevada haverá sucesso independentemente da dificuldade da tarefa ou do esforço A inteligência está associada à capacidade para “dominar” algo difícil ou novo Os obstáculos representam desafios e oportunidades para a mestria A crítica transmite informação que é útil para melhorar a realização Os obstáculos revelam falta de capacidade A crítica reflecte uma avaliação pessoal OBJECTIVOS DE REALIZAÇÃO (Dweck) 1. Orientação para o Eu, Resultado → Demonstrar as Competências possuídas • Orientação para o nível dos resultados obtidos; • Os erros são percebidos como fracassos; • O fracasso expressa a falta de capacidades; • Na avaliação, o critério de comparação é social (comparação dos resultados pessoais com os resultados do grupo de referência); • Preferência por tarefas fáceis ou rotineiras. Abordagem de superfície do material de aprendizagem • Utilização de estratégias cognitivas menos elaboradas (reprodução); • Consideração do material de aprendizagem como uma acumulação de factos isolados; • Realização da tarefa o mais depressa e com o menor esforço possível. Orientação para o eu: a) Aproximação – obtenção de apreciações de competência pessoal (necessidade de realização, critérios positivos de desempenho); Ex. “Tirar boa nota na cadeira!” b) Evitamento – evitar apreciações desfavoráveis da competência pessoal (necessidade de evitar o fracasso, baixa auto-estima, vitalidade e bem-estar psicológico). Ex. “O que interessa é fazer a cadeira!”; copiar, estudar pouco,… 2. Orientação para a Tarefa, Aprendizagem ou Mestria → Aprender novas competências • Desejo de aprender e de aumentar os seus conhecimentos e competências; • Os erros constituem oportunidades de aprendizagem; • Na avaliação, o critério de comparação é individual (comparação entre os resultados actuais e os resultados anteriores); • Preferência por tarefas novas e desafiantes (> envolvimento). 32 Abordagem profunda do material de aprendizagem • Utilização de estratégias cognitivas mais elaboradas; • Utilização de estratégias meta-cognitivas visando a apreensão do sentido do material de aprendizagem. Orientação para a mestria ⇒ Elevadas expectativas de competência na realização de tarefas moderadamente difíceis e desafiantes. É mais fácil pedir ajuda quando estamos orientados para a mestria. Predominância da Orientação para o Eu/Resultado ⇒ Evitamento (Covington, 1998) Quando os contextos são mais externalizados, tendemos a usar estratégias que dificultam o alcance de níveis de excelência e sabotam a vontade de aprender [Orientação Resultado/Evitamento]: • Auto-destrutivas: procrastinação/adiamento, estabelecer objectivos inatingíveis, persistir em não tentar, fazer falsos esforços, dar respostas vagas, etc. • Garantia de sucesso: Trabalhar de forma compulsiva, estabelecer objectivos excessivamente baixos, fazer “batota”, etc. NECESSIDADE SOCIAL DE AFILIAÇÃO • Condições de activação: Privação da interacção social (isolamento social e medo de rejeição); • Condições de satisfação: Aceitação e aprovação social. NECESSIDADE SOCIAL DE INTIMIDADE • Condições de activação: Estabelecimento e manutenção de redes interpessoais, nomeadamente ao nível das díades; • Condições de satisfação: Proximidade e “calor” nas relações interpessoais. NECESSIDADE SOCIAL DE PODER • Condições de activação: Liderança Agressividade Profissões influentes Sinais exteriores de prestígio ⇓ Activa as tendências de aproximação ⇒ Uma necessidade de poder elevada está associada a uma > facilidade no alcance de objectivos. Padrão motivacional de liderança (variante da necessidade de poder) • Elevada necessidade de poder • Baixa necessidade de afiliação Líder eficaz • Elevado autocontrolo 33 ABORDAGEM COGNITIVA DA MOTIVAÇÃO FACTORES COGNITIVOS QUE PROMOVEM A REGULAÇÃO AUTÓNOMA AUTÓ DO COMPORTAMENTO 1. Tipo de Atribuições Causais feitas para os resultados dos comportamentos pessoais em contextos sociais e/ou de realização; realização 2. Tipo de expectativas (auto-eficácia, (auto orientação para resultados); 3. Estabelecimento, implementação e avaliação de objectivos objec pessoais (“goal setting”, “implementation intentions” e “goal striving”) st MODELO TOTE - O Impacto da Planificação na Acção (Miller, Galanter & Pribram, 1960) ⇓ Resolução da “incongruência” (que se reveste de propriedades motivacionais) cionais) entre o estado actual e o estado ideal através do d comportamento de planificação. • • A incongruência causa desconforto e mobiliza para a acção. Os planos são as ferramentas cognitivas que dirigem o comportamento. Críticas ao Modelo TOTE Mecanicista – a redução da discrepância era feita à custa da repetição dos planos. Mas os planos são ajustáveis e sujeitos a revisão. revisão Se houver incongruência: • Desenvolver um conjunto de acções (“operar”) para alcançar o estado ideal; ideal • Mudar, rever e/ou abandonar um plano de acção ineficaz; mudar o comportamento (e.g., aumentar o esforço). ⇓ Motivação Correctiva O que posso fazer para Aumentar a Motivação? Estado actual Estado ideal Existência de DISCREPÂNCIA entre o estado actual e o estado ideal Redução da discrepância (motivação correctiva) – reactiva, redução da tensão Criação de discrepância (processo de estabelecimento de objectivos) objectivos – tende para o crescimento, projectiva, proactiva ⇓ Actuação de processos de feedback que informam acerca da discrepância entre o estado actual e o estado ideal ⇓ Sistema de feed-forward em que o sujeito proactivamente estabelece um objectivo num futuro mais ou menos distante 34 ESTUDO DOS OBJECTIVOS Representações cognitivas de acontecimentos futuros I - PROCESSO DE ESTABELECIMENTO DE OBJECTIVOS (“goal setting”) Modalidades Preferenciais de Codificação dos Objectivos (Kuhl, 1986) O sistema motivacional opera na realidade através da estruturação de acções que são codificadas com ≠s graus de intensidade: • Desejo; • Preocupação; • Intenção. Método de Indução Motivacional (J. Nuttin & W. Lens) 1. Eu espero... 2. Proponho-me... 3. Eu desejo... 4. Desejo ardentemente... 5. Eu tento... 6. Faço os possíveis por... 7. Esforço-me por... 8. Estou decidido(a) a... ... 1. Eu desejo que... 2. Eu tento evitar que... 3. Eu receio que... 4. Não quero que... 5. Tenho medo que... 6. Opor-me-ia a que... 7. Eu lamentaria muito se... ... Componentes da Codificação dos Objectivos que facilitam a passagem da Representação à Acção (Kuhl, 1986) 1. Componente subjectiva - agente da acção; 2. Componente contextual - dimensões temporais e espaciais associadas ao objectivo; 3. Componente objectiva - plano de acção para realizar o objectivo; 4. Componente relacional - integração no self. Se todas as componentes forem codificadas, tenho uma intenção. Caso não estejam presentes todas as componentes, tenho uma intenção, mas não faço nada para a concretizar. A. ESTRUTURA Relação com os níveis de realização comportamental A Dimensão Temporal dos Objectivos 1) Dimensão temporal de Longo Prazo – extensão, densidade, coerência; 2) Dimensão temporal de Curto Prazo – estabelecimento de objectivos específicos, proximais e moderadamente difíceis. A medida da P.T.F. - Perspectiva Temporal Futura (Nuttin & Lens, 1985) Os objectivos distais (longo prazo) promovem a motivação intrínseca quando estão associados à realização de tarefas interessantes, relevantes e significativas, e fornecem dinamismo aos objectivos proximais e instrumentais (curto prazo) ao seu alcance. a) Extensão – profundidade do espectro temporal prospectivo; b) Densidade – quantidade de objectivos e sua distribuição relativa pelos diferentes períodos temporais; c) Coerência – a probabilidade de alcance do objectivo final aumenta à medida da realização com sucesso dos objectivos instrumentais. 35 Impacto comportamental da P.T.F. extensa Sujeitos com P.T.F. extensas… • Percebem as distâncias temporais objectivas como mais curtas; • Antecipam melhor as consequências a longo prazo das suas acções actuais, atribuem mais valor aos objectivos distantes e são mais persistentes no seu alcance; • O grau de satisfação na realização de uma tarefa instrumental e o esforço despendido no seu prosseguimento são mais intensos; • São mais capazes de transformarem os seus desejos vagos em intenções comportamentais. Problemas com o estabelecimento de Objectivos a Longo Prazo (Reeve, 2009) 1) Existência de períodos longos em que há ausência de reforço das realizações → o compromisso para com os objectivos pode diminuir; 2) Estes objectivos não providenciam reforços imediatos. ⇓ Há benefícios na tradução de um objectivo longo prazo numa série de objectivos a curto prazo. Esta solução é sobretudo necessária se o objectivo a longo prazo consistir numa tarefa ambígua e complexa. Impacto Comportamental dos Objectivos Proximais (Locke & Latham; Bandura) • Fornecem feedback imediato - permitem a consolidação de percepções de competência, contribuem para a criação de discrepância (emoções +) ou redução da discrepância (emoções -); • Promovem a mobilização e direcção do comportamento – os objectivos específicos e moderadamente difíceis mobilizam mais esforço e persistência, reduzem a ambiguidade no pensamento e a variabilidade nos níveis de realização, promovem a atenção e o planeamento estratégico. O impacto de objectivos específicos e moderadamente difíceis no comportamento depende da sua interacção com factores não motivacionais. • Sempre que externamente propostos precisam de ser aceites - nível de dificuldade, participação, credibilidade de quem propõe, motivação extrínseca; ⇓ Devem estar integrados em sistemas de meios-fins Limitações do Estudo do Processo de Estabelecimento de Objectivos • Está mais relacionado com a tentativa de aumentar os níveis de realização do que com a tentativa de promover o comportamento motivado; • Funciona melhor quando as tarefas a realizar são desinteressantes e não excessivamente complexas (na ausência de factores de motivação intrínseca); • Não deve gerar um controlo excessivo nem facilitar as condições para a geração de emoções negativas (stress, ansiedade associada ao medo do fracasso). 36 Goal-Setting Process II – PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE OBJECTIVOS PESSOAIS (“goal striving”) B. CONTEÚDO Relação com o crescimento pessoal e com o bem-estar subjectivo Implicações para a compreensão do desenvolvimento pessoal e para a consulta psicológica Impacto a longo prazo e na organização da vida quotidiana 1) Tipo de relações requeridas com determinadas categorias de objectos – diversas taxonomias; 2) Inserção contextual – carácter idiossincrático dos objectivos com implicações no seu modo de estudo e avaliação (nomotético vs ideográfico); 3) Organização hierárquica – do nível mais molecular ou inferior ao nível mais molar ou superior (preocupações, temas, projectos pessoais….); integração vs conflito (intrínsecos vs extrínsecos). Taxonomia dos objectivos pessoais (Ford & Nichols, 1987) – EXEMPLO não é para saber! a) Desired within-person consequences • Afectivos: entretenimento, tranquilidade, felicidade, sensações físicas, bem-estar físico • Cognitivos: exploração, compreensão, criatividade intelectual e autoavaliações positivas • Organização subjectiva: unidade e transcendência b) Desired person-environment consequences • Relacionamento social autoassertivo: individualidade, auto-determinação, superioridade e aquisição de recursos • Relacionamento social de integração: pertença, responsabilidade social, equidade e provisão de recursos • Realização de tarefas: mestria, criatividade, manutenção, ganho material e segurança 37 Propriedades Motivacionais dos Esquemas de Representação de Si (“personal strivings”) (Reeve, 2009) 1) Eu consistente – Esquemas de representação de si que dirigem o comportamento para confirmarem a visão existente e para prevenirem episódios que gerem feedback que possa desconfirmar essa visão; 2) Eu possível – Esquemas de representação de si que geram motivação para dirigir o eu actual relativamente a um eu futuro desejado. “Personal strivings” = nível superior ou mais molar na hierarquia de objectivos A concepção dos “EUS POSSÍVEIS” (possible selves) (H. Markus e cols.) • Componentes do sistema do eu orientadas para o futuro - ideias, imagens ou cenários do que desejamos ser (“eu possível” positivo”) e do que não queremos ser ou do que tememos vir a ser (“eu possível” negativo); • Servem de ligação entre o auto-conceito e o comportamento. • Os “eus possíveis” globais permitem a construção de “eus possíveis” mais específicos e orientados para tarefas também elas específicas (representações orientadas para a acção). • • Quanto + elaborado é o “eu possível” (> nº de auto-representações) > a sua influência na mobilização e organização da acção, nos planos cognitivo, afectivo e somático; O equilíbrio entre “eus possíveis” positivos e negativos em domínios nucleares intensifica a motivação e regula a orientação e manutenção do comportamento (> eficácia na monitorização do processo); • Multidimensionalidade do auto-conceito ou da identidade; as avaliações nos domínios que contêm os “eus possíveis” contribuem de um modo mais decisivo para as autoavaliações globais (auto-estima); • Os jovens geram mais “eus possíveis” que os sujeitos mais velhos, em mais categorias, embora sejam menos capazes de definirem acções instrumentais para a concretização desses “eus possíveis”(Cross & Markus, 1991); • Equilíbrio entre “eus possíveis” positivos e negativos no mesmo domínio de inserção comportamental e sua relação com o comportamento delinquente em adolescentes (+ eus negativos) (Oyserman & Markus, 1988); • Diferenças de género nos “eus possíveis” ao longo da adolescência – as raparigas constroem “eus possíveis” em mais domínios de vida e com maior probabilidade subjectiva de concretização dos “eus possíveis” negativos (Knox et. al., 1998, 2000). 38 Elaboração e Avaliação dee Objectivos Pessoais noo Aconselhamento Motivacional (Cox & Klinger, 2004) Investigações de Little ⇒ Equilíbrio quilíbrio desejável entre as diferentes diferentes categorias de objectivos • • • • • Nº de objectivos – muitos (ansiosos) vs poucos (deprimidos); Frequência das ≠s categorias - situação dos sujeitos que não têm objectivos relacionados com as suas tarefas t de vida ouu com os seus problemas actuais; actuais Sequenciação e ordenação temporal de categorias Análise linguística dos objectivos e da sua sintaxe - objectivos formulados na negativa e como “tentativa”; Categorias problemáticas - a preponderância da categoria intrapessoal. intrapessoal III – OS PROCESSOS VOLITIVOS A Implementação das Intenções (Reeve, 2009) a) Iniciar a acção, apesar dos distractores c) Retomar a acção depois de interrompida b) Persistir, apesar das dificuldades e obstáculos Funções Básicas dos Processos Volitivos (Kuhl, 1992) 1. Facilitação do planeamento - ligar o objectivo a componentes situacionais situacion (contingências meio-comp comportamento); 2. Promoçãoo da iniciativa comportamental - iniciar a acção; 3. Manutenção das intenções activadas activa - persistir face a obstáculos, contrariedades; retomar após uma interrupção; interrupção 4. Desactivação de intenções irrealistas ou inadequadas. inadequadas tivação de Objectivos Situacionalmente Apropriados e Socialmente Critérios para a Activação Relevantes (Ford, 1992) O.T.I.U.M Oportunidade Tempo Importância 39 Urgência Meios Disponíveis Princípio dos Objectivos Múltiplos e do Alinhamento dos Objectivos (Ford, 1992) 1. Providenciar a possibilidade de satisfazer o > número de objectivos ⇒ “Seguro motivacional” 2. Harmonização entre objectivos conflituantes – quando uns objectivos facilitam os outros (não há conflito), há > eficácia e bem-estar. • Intra-pessoal • Inter-pessoal • Temporal CRENÇAS DE CONTROLO PESSOAL Motivação para exercer controlo pessoal: Os sujeitos tentam exercer controlo sobre os aspectos previsíveis do seu meio • Tornar + prováveis os acontecimentos positivos • Tornar - prováveis os acontecimentos negativos Quando os sujeitos acreditam que podem desenvolver um curso de acção ou alcançar os resultados desejáveis: • Estão motivados para exercer controlo pessoal; • A intensidade das suas tentativas, em diversos planos comportamentais, corresponde a intensidade das suas expectativas. TIPOS DE CRENÇAS OU EXPECTATIVAS Crenças/Expectativas de Auto-eficácia e Crenças quanto ao Resultado (Reeve) Sujeito Comportamento CRENÇAS DE AUTO-EFICÁCIA Consigo fazer isto? Crenças de um sujeito sobre a sua capacidade para mobilizar os recursos cognitivos, afectivos e comportamentais necessários para lidar eficazmente com as situações/tarefas. Ex. Se for simpática para o polícia… Resultado CRENÇAS QUANTO AOS RESULTADOS Serei bem sucedido? Crenças de que o comportamento produzirá resultados positivos ou prevenirá a ocorrência de resultados negativos. …talvez consiga evitar uma multa. Os dois tipos de expectativas /crenças exercem influências distintas na iniciação e regulação do comportamento, mas ambas têm que ser relativamente elevadas para que o comportamento seja energético e dirigido para objectivos. A análise das crenças de auto-eficácia e das crenças quanto aos resultados permitirá compreender a relutância das pessoas em participar em certas actividades. 40 Crenças de Agência Pessoal (Ford, 1992) a) Crenças acerca da Capacidade Pessoal (“capability beliefs”) ≈ crenças de auto-eficácia b) Crenças acerca da Responsividade do Contexto (“context beliefs”) ≈ crenças quanto aos resultados NOTA: Qualquer padrão pode ser adaptativo. O MODELO DE AUTO-EFICÁCIA DE BANDURA Modelo mais importante no âmbito do estudo das percepções de competência ou eficácia pessoal. Expectativas ou Crenças de Auto-Eficácia são específicas relativamente a determinadas tarefas ou situações (são o oposto da Dúvida – geradora de ansiedade): ⇒ Dimensão individual ⇒ Dimensão colectiva 41 Fontes das Expectativas de Auto-eficácia A + influentes - influentes Realizações passadas Aprendizagem vicariante Persuasão verbal Índices fisiológicos Impacto das Expectativas de Auto Eficácia no Comportamento 1. Comportamento portamento de escolha - aproximação vs evitamento; 2. Esforço despendido e persistência face a existência de obstáculos - fortes expectativas de auto-eficácia eficácia produzem um esforço persistente para ultrapassar contratempos e dificuldades. A dúvida leva as pessoas pesso a diminuir os seus esforços; 3. Padrões de pensamento ensamento e reacções emocionais - estudo de Collins: ollins: utilização de estratégias mais adequadas em crianças com expectativas mais positivas de autoauto eficácia; as pessoas com um grande sentido de auto-eficácia auto eficácia tendem a visualizar cenários competentes e a nutrir entusiasmo, optimismo e interesse pela tarefa e as suas dificuldades. As Expectativas de Auto-eficácia eficácia devem ser avaliadas quanto a: • Nível – nº de passos que o sujeito acredita ser capaz de dar ou de tarefas que julga ser capaz de desempenhar; desempenhar • Força - grau de confiança no desempenho com sucesso; sucesso • Generalidade - conjunto de situações em que o sujeito se considera eficaz. eficaz ⇓ Bandura argumenta contra a utilização de medidas descontextualizadas de avaliação autoauto eficácia, que transformem estas expectativas num traço de personalidade e não em julgamentos específicos a situações ou tarefas. Áreas em que as Expectativas e Auto-eficácia são consistentemente Negativas Ex. Desempenho em matemática ⇓ Impacto considerável nas escolhas es educativas e de carreira Nota: O comportamento (nos planos cognitivo afectivo e accional) é optimal quando as a crenças/ expectativas de auto-eficácia eficácia excedem ligeira/moderadamente as capacidades objectivas associadas ao desempenho de tarefas específicas. Estratégias de Incremento das Expectativas de Auto-eficácia (“empowerment empowerment”) a) Promotoras do Desempenho na tarefa: • Estabelecimento de objectivos; objectivos • Feedback; • Recompensas verbais; verbais • Auto-instrução; b) Promotoras da Aprendizagem Vicariante - Modelação • Utilização preferencial de pares e peritos; peritos • Utilização preferencial de modelos de “coping” “ ” e modelos de excelência; excelência 42 Expectativas de Eficácia Expectativas de Resultado ⇓ ⇓ -Orientação para a mestria ou desânimo -Desânimo aprendido -Crenças de auto-eficácia eficácia Orientação para a Mestria Orientação para o Desânimo Aprendido ATRIBUIÇÃO CAUSAL DOS SUCESSOS E DOS FRACASSOS Principais Dimensões da Atribuição Causal • Locus de controlo (externo e interno); interno) • Estabilidade e instabilidade; instabilidade • Controlabilidade e incontrolabilidade. incontrolabilidade Impacto dos Processos Atribucionais na Motivação e Comportamento 1) Diferentes interpretações das realizações passadas e do sentimento de valor pessoal; pessoal 2) Diferentes expectativas ectativas quanto aos resultados futuros (relação forte ou fraca entre as acções pessoais e os resultados alcançados). alcançados) É mais adaptativo atribuir o sucesso a: CAUSAS INTERNAS Instáveis, mas controláveis Estáveis Capacidades Competências Esforço 43 Estratégia É mais adaptativo atribuir o fracasso a: CAUSAS INSTÁVEIS Internas e controláveis Incontroláveis e externas Esforço Sorte (acaso) As orientações motivacionais na RESPOSTA AO FRACASSO devem ser de confiança pessoal no controlo dos acontecimentos e resultados. Os Estilos Atribucionais - Padrões de Resposta ao Fracasso (C.Dweck) 1) Estilo ilo de orientação para a Mestria → Melhorar a competência • O fracasso e atribuído a causas instáveis; • Sucessos atribuídos a causas internas; • Auto- imagem e afectos positivos; positivos • Persistência perante o fracasso, fracasso foco nas soluções para ultrapassar; • Utilização de auto-instruções auto para resolução dos problemas. 2) Estilo de orientação para o Desânimo → Evitar vitar percepções de incompetência • Fracasso atribuído a causas internas e estáveis,, impossível de controlar e superar (desistência); • Sucesso atribuído a causas externas, há sub-estimação dos êxitos; • Desistência perante o fracasso; fracasso • Auto-imagem e afectos negativos. Verbalizações acompanhando a resolução de uma tarefa difícil Estilo orientado para o Desânimo Estilo orientado para a Mestria Auto-instruções instruções no sentido da melhoria dos níveis de realização ("à medida que isto se torna mais difícil tenho que me esforçar mais") Afirmações expressando auto automonitorização ("vou-me me concentrar bastante agora ") Afirmações expressando um "fim" positivo para a situação ("estou quase a conseguir") Atribuições do fracasso a si próprio ("estou a ficar confuso", "não sou esperto", nunca tive boa memória") Afirmações irrelevantes para a resolução do problema ("vou a uma festa este fim de semana") Afirmações expressando afecto negativo ("isto já não está a ter piada", "vou desistir") Afirmações expressando afecto positivo ("gosto de um desafio") 44 Os Estilos de Atribuição Causal Cada um dos estilos aparece associado ao estabelecimento preferencial de um dos 2 tipos de objectivos de realização: 1) Objectivos de aprendizagem → estilo de orientação para a mestria (melhorar a competência) 2) Objectivos de resultado → estilo de orientação para desânimo (“passar” nos testes á capacidade pessoal e evitar percepções de incompetência) Procedimento e Resultados de um Estudo Típico de Desânimo Aprendido 45 QUADRO DE DESÂNIMO APRENDIDO • Contingência - Expectativa subjectivamente percebida de incapacidade para controlar eficazmente os acontecimentos (expectativa de independência R-Resultado). Refere-se à relação objectiva entre o comportamento de uma pessoa e os resultados do meio. A contingência existe num continuum que vai desde resultados controláveis até incontroláveis; • Cognição - As exposições repetidas a acontecimentos traumáticos percebidos como incontroláveis determinam a formação desta expectativa, bem como as atribuições usadas para interpretar os resultados. Refere-se à cognição entre as contingências reais do meio e a compreensão subjectiva da pessoa sobre o controlo que tem nesse meio; • Comportamento - O quadro de “desânimo aprendido” surge quando os sujeitos acreditam que não podem controlar os acontecimentos e os resultados, sendo essas crenças muito persistentes e o seu impacto assinalável nas R de “coping”. Este quadro dá origem a 3 Tipos de “Deficits”: a) Motivacionais: diminuição na emissão de respostas voluntárias e intencionais, impacto negativo na aprendizagem; b) Cognitivos: a capacidade para apreender a percepção de contingências entre acções pessoais /resultados em tarefas futuras diminui drasticamente; c) Emocionais: comportamento apático e deprimido. 46 CONCEITO DE OPTIMISMO APRENDIDO (Seligman) Relacionado com o tipo de atribuições causais a) Estilo explicativo optimista: causas temporárias, especificas, externas e/ou controláveis para os acontecimentos negativos • Mais motivação • Niveis de realização mais elevados • Maior bem-estar fisico e menos sintomas depressivos. b) Estilo explicativo optimista: causas internas, estáveis e globais para os acontecimentos positivos. • Mais motivação • Niveis de realização mais elevados • Maior bem-estar fisico e menos sintomas depressivos. c) Estilo explicativo pessimista: causas estáveis, globais, internas e incontroláveis para os acontecimentos negativos. • Menos motivação • Níveis de realização mais baixos • Menor bem-estar físico e mais sintomas depressivos. d) Estilo explicativo - optimista vs pessimista ⇒ Diferentes expectativas acerca do futuro • Optimistas: controlabilidade e resiliência • Pessimistas: incontrolabilidade e desânimo e) Estilo explicativo ⇒ > probabilidade de depressão após um acontecimento negativo: • Atribuições a causas estáveis e globais • Consequências negativas ou catastróficas • Inferência de características acerca do eu ⇓ Expectativas de desânimo (capacidade do eu) e do resultado negativas TEORIA DA REACTÂNCIA (reactance) (Brehm) vs DESÂNIMO APRENDIDO (expectativas de resultado) Persiste enquanto o comportamento de “coping” activo for considerado adequado e eficaz para reestabelecer o controlo pessoal ameaçado ou perdido → quando a independência R-resultado for percebida surge o desânimo aprendido Tentativa psicológica e comportamento de reestabelecer (reagir contra) uma situação de liberdade (de controlo pessoal) eliminada ou ameaçada, h sobretudo quando tem um grau médio ou elevado de importância – maior grau de actividade, hostilidade, agressividade. A “reactância” precede o desânimo aprendido e promove o desempenho 47 ESPERANÇA - UM CONCEITO INTEGRADOR DOS 2 TIPOS DE EXPECTATIVAS Esperança = conceito cognitivo e afectivo ( Snyder) a) Cognições instrumentais - produção de caminhos alternativos, bem como o dialogo interno positivo que persiste em os encontrar ( “hei-de encontrar uma maneira de resolver isto”)-optimismo b) Pensamento agencial - mobilização dos recursos dinâmicos, envolvendo igualmente em dialogo interno positivo (“não vou deisitir”) - auto eficácia c) Barreiras e stressores - as emoções positivas ou negativas resultam das percepções de sucesso relativamente ao alcance dos objectivos valorizados. • • • As pessoas com um nível elevado de esperança tendem a interpretar as barreiras como desafios, procurando caminhos alternativos e mobilizando os recursos motivacionais nesse sentido ( as emoções positivas reforçam este processo) As pessoas com um nível baixo de esperança ficam presas em ruminações pessimistas (“self –doubt”) tendendo a desistir do alcance dos objectivos valorizados. Os acontecimentos – surpresa activam emoções que mobilizam os recursos motivacionais , que actuam no sentido da ligação a um objectivo. Porque que os sujeito com mais esperança têm desempenhos superiores? • Estabelecem objectivos específicos e proximais em vez de objectivos vagos e distais • Estabelecem preferencialmente objectivos de orientação para a mestria • Preferem objectivos auto-propostos a objectivos externamente propostos • Promovem a regulação intrínseca em detrimento da regulação extrínseca do comportamento. • São menos “distraídos”pelos obstáculos externos , por cognições irrelevantes para a tarefa e por sentimentos negativos. • Geram múltiplas cadeias de meios-fins em vez de se fixarem num único caminho • São auto-determinados • Atribuem mais sentido á sua vida quando do reflectem sobre o progresso na construção e alcance de objectivos valorizados. 48