CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS ROBERTO DAVI MIRANDA DA COSTA GESTÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO: Uma análise do fluxo de caixa da empresa Morjunior Autopeças e Serviços Ltda NATAL/RN 2010 1 ROBERTO DAVI MIRANDA DA COSTA GESTÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO: Uma análise do fluxo de caixa da empresa Morjunior Autopeças e Serviços Ltda Monografia apresentada ao curso de Administração de Empresas da Faculdade Câmara Cascudo como requisito para a obtenção do título de bacharel, sob a orientação do Professor Esp. Ítalo frança de Queiroz. NATAL/RN 2010 2 TERMO DE APROVAÇÃO GESTÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO: Uma análise do fluxo de caixa da empresa Morjunior Autopeças e Serviços Ltda Por ROBERTO DAVI MIRANDA DA COSTA Este estudo monográfico foi apresentado no dia 18 de junho de 2010, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Administração de Empresas da Faculdade Câmara Cascudo, tendo sido aprovado pela Banca Examinadora composta pelos professores: BANCA EXAMINADORA __________________________________ Prof. Esp. Ítalo França de Queiroz Orientador - FCC __________________________________ Prof. Esp. Frederico França de Queiroz Examinador – FCC __________________________________ Prof. M.Sc. Marcelo de Santana Porte Examinador – FCC 3 Dedico aos meus pais, que desde cedo incutiram em mim a importância do estudo e do trabalho árduo, e que assim como meus irmãos, são eternas fontes de inspiração. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar aos meus pais, Roberto Davi Oliveira da Costa, Djarina Silvia Miranda da Costa e aos meus irmãos, Rafael Miranda da Costa e Natália Silvia Miranda da Costa, por me apoiarem em todas as decisões tomadas na minha vida, incluindo mais essa etapa imprescindível para minha auto-realização. À minha namorada, Rosimery Lemos dos Santos, pelo apoio, pela paciência e compreensão da importância da realização desse trabalho na minha vida acadêmica. Ao meu caro amigo, professor e orientador, o Prof. Esp. Ítalo França de Queiroz, cuja dedicação e atenção desprendida foram decisivas no processo de estímulo para a realização deste trabalho. À empresa objeto do presente trabalho, Morjunior Autopeças e Serviços Ltda., que aceitou a proposta de se fazer um estudo a respeito de seu funcionamento operacional e possibilitou a realização do mesmo com as atribulações da sua rotina diária. Aos meus colegas e amigos que porventura eu tenha deixado de visitar ou prestar a atenção por estar dedicado exclusivamente à realização do trabalho. E por último, mas não menos importante, a todos os professores e funcionários ligados ao funcionamento da instituição de ensino denominada Faculdade Câmara Cascudo, que sempre estiveram dispostos a contribuir para o enriquecimento cultural de seus clientes. 5 O general que domina a arte da guerra é o árbitro do destino do povo e dos rumos da vitória. Sun Tzu 6 RESUMO É pertinente afirmar que o crescimento do consumo mundial impulsiona cada vez mais a produção de bens de alta demanda, como exemplo jóias, eletrônicos e automóveis. Estes têm apresentado números expressivos relacionados à quantidade de bens comercializados, gerando entrada de maior número de empresas relacionadas a comércio de mercadorias e serviços voltados ao setor. O crescimento na quantidade de concorrentes faz com que empresas do mesmo ramo tomem medidas de melhoria com o intuito de manterem-se competitivamente no mercado e assim continuar a atender a demanda existente no seu segmento. A presente monografia tem como objetivo central a análise financeira de uma empresa, visando a sua permanência competitiva no setor em que atua baseando-se nas demonstrações financeiras e em cálculos de índices financeiros de liquidez, atividade, endividamento e rentabilidade. Para a realização da análise, foi utilizado o método de levantamento de documentos financeiros fornecidos pela empresa estudada e realizada uma pesquisa com clientes da mesma, com o propósito de conhecer o seu perfil e possíveis estratégias de vendas. Após o levantamento de dados, constatou-se que a empresa realizava um grande montante de vendas cujos pagamentos não eram recebidos, o que gerava problemas financeiros à mesma. Portanto, propôs-se uma melhoria no seu processo de vendas, verificando mediante pesquisa que a maioria de seus clientes que compravam e não pagavam possui cartão de crédito, o que dá chances de a empresa canalizar suas vendas para recebimentos em cartão de crédito. Sendo assim, as probabilidades de a empresa manter-se competitiva no mercado se ampliam e podem contribuir para um possível acompanhamento do crescimento do mercado automobilístico, setor em que está inserida. Palavras-chave: Administração financeira. Análise financeira. Índices financeiros. 7 ABSTRACT Is pertinent to say that the increase of the world´s consumption upswings more and more the production of high demand items, for example jewelry, electronics, and automobiles. These ones have been presented expressive numbers related to the quantity of traded items, generating the entrance of a higher number of companies that sell services and items related to this trade line. The increase of quantity of competitors makes that companies of the same trade line takes actions of improve with the objective of keep itselves competitive at the trade and then continuous to attend the existent demand at their trade line. The present monograph´s most important objective is a company´s financial analysis, taking aim at keep it competitive at its trade line considering financial demonstrations and calculating financial indicators of liquidness, activity, indebtedness and lucrativeness. To realize this analysis, it was taken the financial documents survey method, provided by the company in analysis and made a costumer research taking aim at know the costumer´s profile and new possible sales strategies. After the information survey, it was discovered that the company used to sell a lot of items without taking in cash, what generated financial problems to this company. Therefore, it was proposed an improve on its sales process, verifying through the research that most of its costumers that used to buy and don´t pay, were owner of credit cards, what gives the company more chances of selling using credit cards as way of payment. Doing this way, the probabilities of the company keep itself competitive at the trade line, are improved and can contribute to a possible automobilist improve attendance, which is the company trade line and purpose. Key-words: Financial management. Financial analysis. Financial indicators. 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Balanço Patrimonial...................................................................................21 Quadro 2: Demonstração do Resultado do Exercício................................................23 Quadro 3: Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido...............................24 Quadro 4: Demonstração de Fluxo de Caixa.............................................................26 Quadro 5: Demonstração de Valor Adicionado..........................................................28 Quadro 6: Balanço Patrimonial Morjunior...................................................................44 Quadro 7: Orçamento gerencial de despesas Morjunior............................................45 Quadro 8: Relação de faturamento Morjunior............................................................46 Quadro 9: Custos de mercadorias Morjunior..............................................................46 Quadro 10: Demonstração do resultado do exercício Morjunior................................47 Quadro 11: Índices financeiros Morjunior...................................................................48 Quadro 12: Fluxo de caixa relativo ao PMR e PMP Morjunior...................................53 9 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Índices de Liquidez Morjunior....................................................................49 Gráfico 2: Capital de Giro Líquido Morjunior..............................................................50 Gráfico 3: Índices de atividade Morjunior...................................................................51 Gráfico 4: Índices de atividade prazos médios Morjunior...........................................52 Gráfico 5: Vendas à vista e vendas no vale Morjunior..............................................53 Gráfico 6: Profissão de clientes Morjunior..................................................................54 Gráfico 7: Tipo de cartão de crédito clientes Morjunior..............................................55 Gráfico 8: Preferência de pagamento clientes Morjunior...........................................55 Gráfico 9: Endividamento geral Morjunior..................................................................56 Gráfico 10: Índices de rentabilidade Morjunior...........................................................57 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................11 2 ANÁLISE FINANCEIRA DE EMPRESAS..............................................................16 3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................44 4 CONSIDERAÇÕES GERAIS..................................................................................58 REFERÊNCIAS..........................................................................................................61 APÊNDICE.................................................................................................................63 11 1 INTRODUÇÃO Na atualidade, percebe-se no mundo um aumento do consumo por ostentação, o que faz com que haja um estímulo considerável na produção de bens de alta demanda, como por exemplo eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos, jóias e automóveis. Com o advento da internet, o acesso a informações de tais produtos torna-se cada vez mais fácil e simples, ampliando a demanda e a oferta dos mesmos. Deste modo, o mercado consumidor torna-se cada vez mais crítico e exigente, distinguindo esses produtos por detalhes ínfimos que os diferenciam entre si e preferindo os produtos que mais se adéqüem às suas necessidades e ao seu gosto, forçando a indústria a conhecer cada vez mais seu público-alvo e se adequar às suas exigências. Desde o período de explosão da indústria, os profissionais de marketing trabalham com afinco para mensurar a demanda desses produtos e gerir metas de produção a fim de atender a essas demandas e ao mesmo tempo ampliá-las, criando uma nova realidade, a de que os produtos não mais sejam feitos para durarem longos anos, e assim possam ser trocados mais rapidamente, permitindo que eles os vendam novamente e os produzam mais. Na indústria automobilística, embora exista certa preocupação com questões ambientais, o ritmo de produção é intenso, pois a demanda por veículos cresce cada vez mais. De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (FENABRAVE 2010A), no ano de 2008, o número de veículos vendidos e emplacados no Brasil foi de 2.671.316, um aumento de 14,98% em relação ao ano anterior, que foi de 2.323.192, o que transferiu o país de 9º para 6º colocado no ranking mundial de vendas de automóveis, ainda assim tendo o maior índice de crescimento do ranking, o qual é liderado pelos Estados Unidos, com 13.221.150 vendas apesar da queda no crescimento de 17,99% nesse período. Existe um leque de modelos diferentes de veículos, adequados a cada tipo de consumidor, seja ele um empresário, que necessite ampliar sua frota, ou um simples usuário para passeio. O aumento da facilidade de acesso a crédito pessoal ofertado por instituições financeiras no país faz com que o consumidor esteja sempre estimulado a comprar veículos novos. Com base em relatórios do Banco Central (BACEN 2010) e da Associação Brasileira de Bancos de Crédito (ABBC 2010), no ano de 2008, a 12 inserção de novas empresas de concessão de crédito no Brasil obteve um crescimento de 10% em relação ao ano de 2007, gerando um maior consumo de bens e conseqüentemente uma maior produção dos mesmos. Esse aumento do consumo, que foi de 5,6%, gerou um acréscimo ao PIB de 5,1%, que em valores monetários equivale a R$ 2,8 trilhões de reais. Ou seja, com o crédito mais fácil, o consumidor se estimula a comprar mais, a indústria para atender à demanda produz mais e o mercado fica abarrotado de novos produtos, no caso da indústria automobilística, novos automóveis. Com isso, criam-se novas empresas nos setores envolvidos, novas empresas especializadas em manutenção de veículos e venda de peças de reposição, que são concorrentes das concessionárias. Segundo dados estatísticos do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (SINDIPEÇAS), o crescimento do mercado de automóveis impulsiona cada vez mais o mercado de autopeças e serviços especializados em automóveis no Brasil e no mundo. Até 2012, estima-se que a produção de veículos no Brasil seja da ordem de 4,62 milhões, e um total de motores de 5,07 milhões. De acordo com o SINDIPEÇAS, o setor de autopeças movimentou R$ 57,2 bilhões no ano de 2009, contra R$ 54,9 bilhões registrados em 2008, um aumento de 4,19% na produção. Com o lançamento de novos motores que equipam novos veículos, os fabricantes de peças produzem mais para os segmentos de montagem, que são a maior demanda do segmento, com 69% do faturamento, seguido pelo de exportação, com 14%, o de reposição de peças, em que o foco da venda é para empresas prestadoras de serviços automotivos, concorrentes das concessionárias com 12% e o intersetorial, em que o fabricante vende para outro fabricante, com 5% do faturamento. O setor de reposição, concorrente das concessionárias, encerrou o ano de 2009 com crescimento de 4% em relação ao ano de 2008. Para 2010 o SINDIPEÇAS prevê um faturamento total do segmento de autopeças da ordem de R$ 62,6 bilhões, um aumento de 9,5% em relação ao ano de 2009. Ou seja, com a maior facilidade de crédito, aumenta-se a demanda por veículos, a produção de motores e consequentemente a produção de autopeças, impulsionando a economia do país cada vez mais, gerando maior produção interna (PIB) e estimulando a entrada de novas empresas no segmento. Sendo assim, devido a uma maior concorrência, as empresas especializadas em comercialização de peças e manutenção automotiva procuram cada vez mais 13 destacarem-se competitivamente no mercado, buscando melhoria contínua de qualidade de seus produtos e serviços, e também nos seus processos de gestão. Na cidade de Parelhas, interior do estado do Rio Grande do Norte, a empresa do segmento citado, Morjunior Autopeças e Serviços Ltda., não diferente da realidade do mercado, busca manter-se competitiva e perdurar na comercialização de autopeças e serviços automotivos. Criada em 1990, a Morjunior Autopeças e Serviços Ltda., que por ora será mencionada apenas como Morjunior, iniciou suas atividades no ramo de comércio de autopeças em varejo, e logo expandiu suas atividades para a prestação de serviços automotivos de mecânica, abrangendo manutenção de sistemas de freio, motor, suspensão, injeção eletrônica, ar-condicionado, trocas de óleo, correias e filtros. A empresa é considerada de pequeno porte, e dispõe de um enxuto quadro de funcionários, o qual é composto por um gerente, um auxiliar administrativo e dois mecânicos, além do sócio-proprietário. Sua administração traçou como objetivos estratégicos para os próximos 5 (cinco) anos a ampliação de seus negócios possivelmente com a abertura de uma filial, e pra isso tem como preocupação a sua permanência no mercado, visto que o setor em que atua tem apresentado crescimento no aspecto relativo a concorrentes, também adotou uma política de reinvestimento dos lucros obtidos nos exercícios operacionais para a realização de seus objetivos. Operacionalmente, a Morjunior recebe os pagamentos de suas vendas à vista ou a prazo em cartões de crédito, cheques e faturamentos em boletos para clientes previamente cadastrados na empresa. Por questões culturais de seus clientes e do município onde se encontra, é de costume da empresa a venda a prazo sem garantias, popularmente conhecida como “venda fiada”, ou seja, em que os clientes adquirem a mercadoria sem pagamento no ato, apenas depois de certo prazo, gerando um float, que em português significa flutuação de recebimento, para seu fluxo de caixa. Com o passar dos anos, verificou-se através de análise de documentos da empresa, que essa prática tem prejudicado a capacidade da empresa de pagar seus fornecedores nos prazos acordados e também seu crédito perante os mesmos, tendo que recorrer muitas vezes a instituições financeiras como forma de levantar recursos para pagamento de dívidas. 14 Diante destes problemas de liquidez a empresa não dispõe de recursos próprios para reinvestimentos, se fazendo necessário entender e analisar: Quais os principais problemas de ordem financeira presentes no fluxo de caixa da empresa Morjunior Autopeças e Serviços Ltda.? Por isso se propôs um estudo na forma de pesquisa diagnóstico, visto que se pretende explorar o ambiente, diagnosticar as lacunas existentes e propor sugestões de melhoria para possíveis falhas de gerenciamento no que diz respeito ao provimento de recursos financeiros provenientes do processo operacional da empresa. Delineou-se como objetivo geral da pesquisa entender e analisar como se comporta o fluxo de caixa da empresa Morjunior Autopeças e Serviços Ltda., e os objetivos específicos como: levantar e organizar documentos financeiros e contábeis da empresa referida; calcular índices financeiros; analisá-los e compará-los com índices anteriores; entrevistar clientes, representantes e administradores da empresa a respeito de seu processo operacional; e por último sugerir melhorias. Para que o estudo fosse viável, se fez necessária a verificação de índices financeiros com base em dados contábeis e financeiros dos 02 (dois) últimos exercícios da empresa, analisando-se profundamente, através de técnicas de análise vertical e análise horizontal, a liquidez da empresa, seu faturamento, seu giro de estoque, seus custos e como ela se comportou financeiramente nesse período, o que proporcionou uma maior solidez e consistência ao estudo. É válido salientar que esta pesquisa auxiliará a Morjunior Autopeças e Serviços Ltda. a manter uma maior liquidez e capacidade de reinvestimento, bem como proporcionará à empresa um maior conhecimento a respeito de seu funcionamento operacional e como ele interfere no provimento de recursos financeiros, mantendo-se por mais tempo competitiva no mercado. A pesquisa também servirá como subsídio para outros estudos acadêmicos e para a melhoria da gestão financeira de empresários interessados no assunto, pelo fato de ter-se utilizado bibliografia específica para análises financeiras de empresas e ter contribuído para o legado científico, o qual é amplamente utilizado por diversos pesquisadores. Deste modo, a presente monografia tem por área de conhecimento a administração financeira, por subárea planejamento financeiro e por tema de 15 investigação a administração financeira de curto prazo com base em demonstrações contábeis, financeiras e indicadores econômicos. Está estruturada em quatro partes, iniciado por este seu primeiro capítulo como introdução, no qual é explanada a contextualização, a problemática do estudo, assim como os objetivos que se pretendia alcançar, seguido do segundo capítulo, onde será demonstrado o referencial teórico, no qual foram explicitados conceitos e abordagens de autores especializados sobre o tema estudado. Em seguida, apresenta-se o terceiro capítulo, em que é abordada a metodologia aplicada à pesquisa e a maneira em que o estudo se desenvolveu, mostrando e identificando dados coletados e como foram utilizados para o atingimento do objetivo geral. Por último, no quarto capítulo foram explicitadas as considerações gerais a respeito do estudo e apresentadas sugestões de melhoria para a empresa estudada, condizendo com os objetivos delineados anteriormente. 16 2 ANÁLISE FINANCEIRA DE EMPRESAS Na atualidade, o mundo tem se tornado cada vez mais globalizado, as informações estão cada vez mais acessíveis às pessoas, e os consumidores se tornam cada vez mais exigentes em relação aos produtos e serviços disponíveis no mercado. Estes se diferenciam entre si por pequenos detalhes, sejam eles de natureza intrínseca ou extrínseca, ou seja, os detalhes podem ser oriundos de seu processo de fabricação ou de influências externas do mercado, como modismos ou necessidades mercadológicas. Os atributos desses produtos ou serviços estão atrelados diretamente à sua aceitação no mercado consumidor, isso faz com que se criem novas maneiras de diferenciação no mercado, e se busque constantemente inovações por parte de empresas com o propósito de conseguir competitividade perante as outras e manter-se por mais tempo no mercado. Com o aumento da busca pela competitividade, faz-se necessária a gestão estratégica das empresas, procurando-se gerir com maior eficiência os recursos a fim de diferenciar-se de outras empresas concorrentes. Autores como Bateman e Snell (1998, p. 35) dizem: Para sobreviver e vencer, é preciso obter vantagem competitiva sobre os concorrentes. É necessário ser melhor que os concorrentes em fazer coisas de valor para os consumidores. Obtém-se vantagem competitiva pela adoção de abordagens de administração que satisfaçam às pessoas (tanto dentro quanto fora da empresa) por meio de competitividade em custos, produtos de alta qualidade, velocidade e inovação. Kotler (2000, p. 132) complementa dizendo: O empreendedor deverá perseguir um conjunto de ferramentas ou estratégias visando obter sucesso num ambiente competitivo. Alta qualidade, bom serviço, inovação e preço são certamente os fatores chaves para garantir resultados satisfatórios à empresa. No entanto sem esses atributos a empresa está fadada ao fracasso, e com eles a empresa entra no caminho do sucesso. Para se tornar competitiva, uma empresa deve buscar um diferencial perante seus concorrentes, deve orientar-se e seguir objetivos ligados a esse diferencial, através de planejamento, organização, direção e controle, etapas do ciclo de 17 administração de uma empresa. Essas etapas estão dispostas segundo Bateman e Snell (1998, p. 28) da seguinte maneira: As atividades de planejamento incluem a análise da situação atual, a antecipação do futuro, a determinação de objetivos, a decisão sobre em que tipos de atividades a organização deverá se engajar, a escolha de estratégias corporativas e de negócios, e a determinação dos recursos necessários para atingir as metas da organização. Organizar é reunir e coordenar os recursos humanos, financeiros, físicos de informação e outros necessários ao atingimento dos objetivos. Liderar é estimular as pessoas a serem grandes executores. É dirigir, motivar e comunicar-se com os funcionários, individualmente e em grupos. A quarta função, controlar, monitora o progresso e implementa as mudanças necessárias. Já na visão de Silva (2010, p. 28), elas se conceituam da seguinte maneira: O planejamento envolve decisões em relação ao futuro, visando identificar e avaliar as melhores alternativas e suas conseqüências, incluindo os riscos. [...] O conceito de organização abrange a própria estrutura organizacional que tem como objetivo permitir que os planos possam ser executados. [...] na função controle, é fundamental o uso da informação. Daí a necessidade de confrontar os resultados atingidos com as metas estabelecidas, de modo que permitam a ação gerencial sobre as causas que eventualmente tenham inibido ou dificultado o alcance dos objetivos preestabelecidos. [...] a coordenação desse ambiente interno é tarefa de extrema importância na geração de valor para os acionistas. [...] O planejamento, a organização, o controle e a coordenação possibilitam à administração superior dirigir a empresa, tomando as decisões com maior segurança, à medida que as informações são de melhor qualidade. Utilizando eficientemente essas etapas do ciclo administrativo, o administrador pode atingir o objetivo principal de uma empresa: maximizar a riqueza dos proprietários. Isso é o que afirma Gitman (2004, p. 13) em suas palavras: “O objetivo da empresa e, portanto, de todos os seus administradores e funcionários é maximizar a riqueza de seus proprietários, em nome dos quais ela é gerida.” Pode-se perceber que a finalidade de uma empresa é criar valor para seu proprietário. Silva (2010, p. 13) mostra que: “O objetivo da administração financeira é frequentemente citado na bibliografia especializada, como a maximização da riqueza do acionista”, o que remete à conclusão de que para se atingir o objetivo principal da empresa, que é maximizar a riqueza de seus proprietários, a administração da mesma deve ater-se em gerar bons resultados, assim como analisá-los também. 18 Ou seja, é de fundamental importância que a administração da empresa se preocupe em maximizar a riqueza dos proprietários da mesma, direcionando seu foco para a realização de tal proeza eficientemente, aproveitando da melhor maneira possível todos os recursos disponíveis, e comparando seus resultados com os alcançados em períodos anteriores, buscando sempre a melhoria e permanência no mercado. Vários fatores influenciam no processo de administração de uma empresa, tais como fatores externos (decisões governamentais, economia, concorrência) e fatores internos (nível de tecnologia da empresa, recursos, capacidade de gerenciamento). Antes de se planejar objetivos estratégicos para uma empresa é necessário se fazer uma análise estruturada de mercado e da própria empresa. As razões mais freqüentes que levam a uma análise de empresa envolvem dados econômico-financeiros, por isso se faz necessária impreterivelmente a utilização de uma análise financeira. Como Silva (2010, p. 28) afirma: A alta direção da empresa precisa de informações resumidas que possibilitem tomadas de decisões mais rápidas e eficazes, enquanto as gerências intermediárias necessitarão de informações detalhadas sobre as áreas que estão sob sua responsabilidade. Olhando por esse viés, Gitman (2004, p. 9) complementa: Os administradores financeiros precisam compreender o arcabouço econômico e estar atentos para as conseqüências da variação dos níveis de atividade econômica e das mudanças de política econômica. Também devem estar preparados para usar as teorias econômicas como diretrizes para o funcionamento eficiente da empresa. Uma análise financeira deve levar em consideração todos os fatores que envolvem a empresa, isso inclui os externos e os internos. É necessário se ter conhecimento de todas as variáveis envolvidas no processo. Segundo Silva (2010, p. 04), “A análise financeira precisa ter um enfoque holístico, abrangendo a estratégia da empresa, suas decisões de investimento e de financiamento e suas operações.”. Assaf Neto e Silva (2002, p. 39) complementam dizendo, “Contextos econômicos modernos de concorrência de mercado exigem das empresas maior 19 eficiência na gestão financeira de seus recursos, não cabendo indecisões sobre o que fazer com eles.”. Na visão de Assaf Neto (2008, p. 44), “Uma empresa é avaliada pelo todo, por seu potencial de lucro, tecnologia absorvida, qualidade de seus produtos, estratégias financeiras, preços, imagem, participação de mercado etc., e não somente por um único componente.”. Por isso, não se pode analisar financeiramente uma empresa apenas com base em um único componente, é necessária uma visão global, estratégica, que esteja de acordo com os objetivos de seus sócios. Um dos principais objetivos da análise financeira é o fornecimento de informações necessárias a tomadas de decisões, e o uso de índices financeiros calculados com base em demonstrações contábeis é a técnica mais comumente utilizada na análise financeira de empresas. Esta técnica permite conhecer como a empresa se comportou segundo decisões tomadas e quais aspectos podem ser melhorados para que haja melhoria no aumento de seu valor. A análise das demonstrações financeiras visa fundamentalmente ao estudo do desempenho econômico-financeiro de uma empresa em determinado período do passado, para diagnosticar, em conseqüência, sua posição atual e produzir resultados que sirvam de base para a previsão de tendências futuras. (ASSAF NETO, 2008, p.109) Para Silva (2010, p. 03), “A análise financeira é uma ferramenta que nos auxilia na avaliação da empresa. A contabilidade é a linguagem dos negócios e as demonstrações contábeis são os canais de comunicação que nos fornecem dados e informações para diagnosticarmos o desempenho e a saúde financeira da empresa.”. Matarazzo (2003, p. 17) complementa e diz: O analista de balanços preocupa-se com as demonstrações financeiras que, por sua vez, precisam ser transformadas em informações que permitam concluir se a empresa merece ou não crédito, se vem sendo bem ou mal administrada, se tem ou não condições de pagar suas dívidas, se é ou não lucrativa, se vem evoluindo ou regredindo, se é eficiente ou ineficiente, se irá falir ou se continuará operando. No Brasil, o Código Civil convencionou, utilizando-se da lei que dispõe sobre as sociedades por ações, de n° 6.404 de 15 de dezembro de 1976, em seu capítulo XV, seção II, 176° artigo, que as demonstrações contábeis a serem cobradas para 20 fins de divulgação aos acionistas de empresas abertas fossem quatro: Balanço Patrimonial (BP); Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA); Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e Demonstração de Fluxos de Caixa (DFC). Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I – balanço patrimonial; II – demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III – demonstração do resultado do exercício; e IV – demonstração dos fluxos de caixa; e V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (LEI n° 6.404/76, Cap.XV, seção II, art.176) São essas as demonstrações mais utilizadas para efeitos de análise financeira de uma empresa. Conforme a lei n° 6.404/76, para as empresas abertas, ou Sociedade Anônimas (S.A), em que seu capital é dividido em partes iguais (ações) para vários acionistas, essas demonstrações são obrigatoriamente divulgadas em diário oficial, como meio de manter a transparência na divulgação de seus dados contábeis e financeiros, a fim de que seus acionistas estejam sempre cientes de suas atividades. Porém, para empresas de capital fechado (Ltda.), em que seu capital é dividido em quotas para um número restrito de sócios ou quotistas, a lei n° 6.404/76 prevê que essas demonstrações não são obrigatoriamente divulgadas em diário oficial, apenas servem como instrumento para apresentação à receita federal como meio de declarar imposto de renda, e para a análise e administração das mesmas. Marion (2004, p. 44) explica que: O tratamento destas demonstrações financeiras varia de acordo com o tipo de constituição da sociedade empresarial. Há dois tipos principais: as sociedades anônimas (S.A.) e as sociedades por quota de responsabilidade limitada (Ltda.). A S.A. (ou companhia), que se caracteriza por seu capital dividido em partes iguais chamadas ações (os proprietários, geralmente em grande número, são denominados acionistas), deverá publicar as Demonstrações Financeiras no Diário Oficial e em outro jornal de grande circulação editado na localidade onde se situa a empresa. A Ltda., que se caracteriza por seu capital dividido em quotas (os proprietários, geralmente em pequeno número, são denominados sócios ou quotistas), não precisa publicar em jornal, mas deverá apresentar as demonstrações financeiras junto ao Imposto de Renda ou para atender ao novo Código Civil. 21 No mesmo contexto Silva (2010, p. 52) afirma: As sociedades anônimas, conforme já foi dito, são obrigadas a publicar anualmente suas demonstrações contábeis, de forma comparativa, isto é, referente aos dois últimos exercícios. As empresas de capital aberto têm outras obrigações: (a) semestralmente elaboram e publicam demonstrações contábeis e (b) trimestralmente elaboram informações resumidas (ITR), que são destinadas ao mercado de capitais. De certo modo, isso já representa boa freqüência no fornecimento de informações aos seus usuários. E continua dizendo: Por outro lado, à medida que trabalhamos com empresas que não sejam de capital aberto (e nem sociedades de grande porte), a tendência passa a ser de que muitas empresas orientam a freqüência e a estruturação das informações contábeis para atender às exigências de ordem tributária. (SILVA, 2010, p.53) Ou seja, a obrigatoriedade da divulgação das demonstrações contábeis fica destinada apenas às Sociedades Anônimas (S.A.), ficando as Limitadas (Ltda.) obrigadas apenas a apresentá-las à Receita Federal. Para se dar início ao conhecimento das demonstrações contábeis relatadas anteriormente, pode-se falar do balanço patrimonial, no qual estão dispostas informações a respeito dos direitos e das obrigações da organização. Que como citado por Silva (2010), deve ser apresentado de forma comparativa, explicitando os dois últimos exercícios. Em $ mil ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 31/12/X1 31/12/X2 31/12/X1 31/12/X2 Circulante Circulante Disponível Fornecedores Duplicatas a Receber Salários a Pagar Estoque Impostos a Pagar Total do Circulante Encargos a Pagar Realizável a Longo Prazo Empréstimos a Pagar Empréstimo a Coligadas Empréstimos Bancos Títulos a Receber Contas a Pagar Total do Realizável a L. Prazo Quadro 1 – Balanço Patrimonial Fonte: Adaptado de (MARION, 2004, p. 68). Total do Circulante 22 Permanente Exigível a Longo Prazo Investimentos Financiamentos Ações Outras Companhias Terrenos p. Expansão Patrimônio Líquido Capital Imobilizado Lucros Acumulados Total do Patrimônio Líquido Prédios Veículos Móveis e Utensílios Máquinas e Equipamentos Diferido Gastos pré-operacionais Total do Permanente TOTAL TOTAL Quadro 1 – Balanço Patrimonial (Continuação) Fonte: Adaptado de MARION, 2004, p. 68). Silva (2010, p. 73) descreve: Resumindo, o balanço retrata a posição patrimonial da empresa em determinado momento, composta por bens, direitos e obrigações. O ativo mostra onde a empresa aplicou os recursos, ou seja, os bens e direitos que possui. O passivo mostra de onde vieram os recursos, isto é, os recursos provenientes de terceiros e os próprios. Os recursos próprios podem ser originários de capital colocado na empresa pelos sócios ou de lucro gerado pela empresa. E Matarazzo (2003, p. 41) complementa: É a demonstração que apresenta todos os bens e direitos da empresa – Ativo -, assim como as obrigações – Passivo Exigível – em determinada data. A diferença entre Ativo e Passivo é chamada Patrimônio Líquido e representa o capital investido pelos proprietários da empresa, quer através de recursos trazidos de fora da empresa, quer gerados por esta em suas operações e retidos internamente. Nesta demonstração contábil, pode se visualizar de onde vêm os recursos que financiam a empresa, através do Passivo e Patrimônio Líquido, e como esses recursos estão sendo utilizados, no Ativo, onde se encontram os bens da empresa. A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) consiste na síntese de dados sobre as operações da empresa. Nela constam dados a respeito de seu faturamento, suas despesas, incluindo impostos e contribuições, além do lucro obtido por suas operações. 23 Marion (2004, p. 91) explica: A demonstração do resultado do exercício é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período, normalmente 12 meses. É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo) Com outras palavras Gitman (2004, p. 36) diz: A demonstração do resultado do exercício fornece uma síntese financeira dos resultados operacionais da empresa durante certo período. São mais comuns aquelas que cobrem o período de um ano, com encerramento em uma data especificada, geralmente 31 de dezembro do ano civil. Numa retórica mais abrangente Matarazzo (2003, p. 45) expõe: A Demonstração do Resultado Exercício é uma demonstração dos aumentos e reduções causados no Patrimônio Líquido pelas operações da empresa. As receitas representam normalmente aumento do ativo, através de ingresso de novos elementos, como duplicatas a receber ou dinheiro proveniente das transações. Aumentando o Ativo, aumenta o Patrimônio Líquido. As despesas representam redução do Patrimônio líquido, através de um entre dois caminhos possíveis: redução do Ativo ou aumento do Passivo Exigível. Enfim, todas as receitas e despesas se acham compreendidas na Demonstração do Resultado, segundo uma forma de apresentação que as ordena de acordo com a sua natureza; fornecendo informações significativas sobre a empresa. A Demonstração do Resultado é, pois, o resumo do movimento de certas entradas e saídas no balanço, entre duas datas. Por isso, há autores clássicos americanos que chamam a demonstração do resultado de Fluxo (movimento) de Renda. Como exemplo pode-se estudar o quadro a seguir: Exercício findo em 31/12/X1 31/12/X2 Receita (-) Custo Mercadorias Vendidas Lucro Bruto (-) Despesas Operacionais De Vendas Administrativas Financeiras Lucro Operacional Quadro 2 – Demonstração do Resultado do Exercício Fonte: Adaptado de (MARION, 2004, p. 106). 24 (-) Imposto de Renda/Contribuição Social Lucro Líquido Quadro 2 – Demonstração do Resultado do Exercício (Continuação) Fonte: Adaptado de (MARION, 2004, p. 106). É importante perceber que enquanto o Balanço Patrimonial demonstra a posição da empresa em certo período comparando com o período anterior, a Demonstração do Resultado do Exercício compara a mudança nesses períodos da receita, das despesas e do lucro. Na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, também chamada por alguns autores de Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, evidencia-se a distribuição do lucro obtido pela empresa e como ele está sendo canalizado para alcance dos seus objetivos. Nessa demonstração fica clara a alteração em contas contábeis como a de reservas de capital, dividendos e capital social, pode se visualizar no modelo a seguir: Reservas de Capital Capital Realizado Correção Monetária do capital Ágio na Emissão de Ações Reservas de Lucro Incentivos Fiscais Reserva Legal Saldos em 31/12/X1 Correção Monetária Aumentos de Capital com Lucros e Reservas por Subscrições Realizadas Lucro líquido do Exercício Destinação do Lucro Líquido Reserva Legal Reserva Estatutária Dividendos Saldo em 31/12/X2 Quadro 3 – Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Fonte: MATARAZZO, (2003, p. 47). Reserva Estatutária Lucros Acumulados Total 25 Essa demonstração contábil é explicada por Silva (2010, p. 75) da seguinte maneira: A demonstração das mutações do patrimônio líquido mostra as movimentações ocorridas com os lucros ou prejuízos acumulados e as movimentações ocorridas nas demais contas que integram o patrimônio líquido. Marion (2004, p. 100) ressalta: Evidencia o “destino” do lucro, a canalização, a distribuição do lucro do exercício. Havendo sobras (saldos) de lucros de exercícios anteriores não distribuídos, estas sobras são adicionadas ao lucro do exercício atual. Daí a expressão Lucros Acumulados. Complementando o raciocínio de ambos os autores, Matarazzo (2003, p. 46) redige da seguinte maneira: A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido apresenta as variações de todas as contas do Patrimônio Líquido ocorridas entre dois balanços, independentemente da origem da variação, seja ela proveniente da correção monetária, de aumento de capital, de reavaliação de elementos do ativo, de lucro ou de simples transferência entre contas, dentro do próprio Patrimônio Líquido. Percebe-se que enquanto a Demonstração do Resultado do Exercício mostra como se chegou ao aumento ou diminuição do Patrimônio Líquido de uma empresa, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido transparece todas as contas do Patrimônio Líquido que foram alteradas, em virtude disso, pode-se dizer que essa demonstração contábil serve mais como complemento a uma análise financeira do que como item imprescindível para tomadas de decisões. Dentro desse contexto de demonstrações contábeis complementares se encaixa a Demonstração de Fluxos de Caixa, na qual estão dispostas as entradas e as saídas dos recursos disponíveis no caixa de uma empresa, definidas por Ross, Westerfield e Jaffe (2008) como uma demonstração que “ajuda a explicar a variação dos saldos de caixa e aplicações financeiras”. Matarazzo (2003, p. 363) explica a Demonstração de Fluxos de Caixa dizendo que “Fluxo significa movimento. Assim, fluxo de caixa pode ser definido como movimento de caixa”. O mesmo autor segue afirmando que: 26 A Demonstração do Fluxo de Caixa é peça imprescindível na mais elementar atividade empresarial e mesmo para pessoas físicas que se dedicam a algum negócio. Quase sempre os problemas de insolvência ou iliquidez ocorrem por falta de adequada administração do fluxo de caixa; daí a importância de sua análise. (MATARAZZO, 2003, p. 363) Silva (2010, p. 447) explicita que “A expressão fluxo de caixa, portanto, deve ter uma amplitude maior, envolvendo os pagamentos e os recebimentos em geral. A análise do fluxo de caixa examina a origem e aplicação do dinheiro que transitou pela empresa.”. Seguindo esse raciocínio, Marion (2004, p. 110) afirma: Sem um fluxo de caixa projetado a empresa não sabe antecipadamente quando precisará de um financiamento (e normalmente sai desesperada, quando seu caixa estoura, fazendo as piores operações que existem: cheque especial, desconto de duplicatas...) ou quando terá, ainda que temporariamente, sobra de recursos para aplicar no mercado financeiro (ganhando juros, reduzindo o custo do capital de terceiros emprestado). Daí os insucessos financeiros. Pode-se visualizar uma Demonstração de Fluxos de Caixa no quadro em destaque a seguir: 31/12/X1 31/12/X2 Atividades operacionais Receita recebida (-) Despesas pagas (=) Caixa gerado Financiamentos Empréstimos obtidos Investimentos (-) Aquisição de imobilizado (=) Resultado Quadro 4 – Demonstração de Fluxo de Caixa Fonte: Adaptado de MARION, 2004, p.112. 27 Silva (2010, p. 447) justifica a utilização da Demonstração de Fluxos de Caixa da seguinte maneira: A análise do fluxo de caixa auxiliará no entendimento da proveniência e do uso do dinheiro na empresa e poderá levar a medidas administrativas de correção de rota no gerenciamento dos negócios da empresa. E defende que: A expressão fluxo de caixa, portanto, deve ter uma amplitude maior, envolvendo os pagamentos e os recebimentos em geral. A análise do fluxo de caixa examina a origem e aplicação do dinheiro que transitou pela empresa. (SILVA, 2010, p. 447) Na visão de Gitman (2004, p. 89): A demonstração de fluxos de caixa permite ao administrador financeiro e a outros interessados fazer uma análise do fluxo de caixa da empresa. Ele deve prestar especial atenção tanto nas principais categorias do fluxo de caixa quanto nas entradas e saídas individuais para verificar se aconteceu algo que seja contrário às políticas financeiras da empresa. Além disso, a demonstração pode ser usada para aferir o progresso alcançado em termos de metas projetadas, ou para identificar situações de ineficiência. Embora não seja muito divulgada por empresas, por informar o faturamento e as despesas do processo operacional, a Demonstração de Fluxos de Caixa é de suma importância ao administrador da empresa, pois com essa demonstração, fica mais fácil de visualizar o comportamento operacional da empresa, se houve algo que seja diferente das metas anteriormente estipuladas pela administração da mesma. O Código Civil brasileiro, em sua lei nº 6.404/76, como exposto anteriormente, prevê o uso de mais uma demonstração contábil, a Demonstração de Valor Adicionado (DVA), porém é cobrada a sua confecção e publicação apenas de empresas de capital aberto ou as S.A., como forma de esclarecer seus acionistas a respeito do seu andamento, e da alteração de seu valor de mercado, ou seja, o valor de sua ação. Segundo Silva (2010, p. 80): Adicionalmente, a CVM, através de seu Ofício-Circular CVM/SCN/SEP nº 01/00 recomenda que a DVA seja elaborada e publicada em caráter opcional. Na prática, algumas empresas já a estão divulgando em caráter complementar. 28 Silva (2010, p. 80) também explica a Demonstração de Valor Adicionado dizendo: A DVA mostra a geração de valor e sua distribuição, para pagamento de insumos, para pagamento de salários aos empregados, impostos ao governo, dividendos e juros sobre o capital próprio aos acionistas e reinvestimento na empresa. A Demonstração de Valor Adicionado (DVA) mostra a geração de riqueza e a forma como foi distribuída. Diferentemente da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), que informa o resultado do período, se houve lucro ou se houve prejuízo, e detalha seus componentes. Pode-se tomar como exemplo da DVA o quadro exposto em seguida: 31/12/X1 31/12/X2 Receitas (-) Provisão devedores duvidosos (-) Resultado não operacional (-) Insumos adquiridos de terceiros (=) Valor Adicionado Bruto Retenções (-) Depreciações Valor Adicionado Líquido (+) Equivalência patrimonial Valor Adicionado a Distribuir (-) Remuneração do trabalho (-) Remuneração do Governo (-) Remuneração dos Acionistas (-) Remuneração de Financiamentos (-) Reinvestimento de Lucros (=) Total Valor Adicionado Distribuído Quadro 5 – Demonstração de Valor Adicionado Fonte: Adaptado de (SILVA, 2010, p. 81) 29 Pode-se dizer resumidamente, que as demonstrações contábeis mostram o andamento de uma empresa, como se comportam os seus gastos e investimentos, assim como a sua fonte de recursos e como seu processo operacional contribui para o resultado final, auxiliando a administração da mesma a tomar decisões que condigam com os objetivos estratégicos traçados. Porém, essas decisões condizentes com os objetivos estratégicos de uma empresa devem estar embasadas não apenas no conhecimento das suas demonstrações contábeis, mas também no conhecimento de índices-padrões de análise de demonstrações contábeis. Índices estes, que com o passar dos anos vêm sendo aprimorado e auxiliando cada vez mais administradores e analistas de empresas a tomar decisões concisas e sólidas para melhor geri-las e mantê-las competitivas no mercado. É de suma importância não só o conhecimento por parte desses administradores e analistas de empresas dos índices utilizados para análise gerencial de demonstrações contábeis, mas também de acionistas e possíveis clientes dessas empresas, para se conhecer o andamento econômico-financeiro das mesmas e utilização desses indicadores para tomadas de decisões de investimento, além de possíveis credores, fontes de recursos, com o propósito de concessão de crédito para investimentos. Por isso se fazem necessárias a demonstração desses índices e suas devidas explicações. Os índices financeiros podem ser classificados em cinco modalidades básicas: liquidez, atividade, endividamento, rentabilidade e valor de mercado. A liquidez de uma empresa é a capacidade de a empresa honrar seus compromissos de curto prazo. Segundo Silva (2010, p. 283): Os índices de liquidez visam fornecer um indicador da capacidade da empresa de pagar suas dívidas, a partir da comparação entre os direitos realizáveis e as exigibilidades. No geral, a liquidez decorre da capacidade de a empresa ser lucrativa, da administração de seu ciclo financeiro e de suas decisões estratégicas de investimento e financiamento. Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 46) complementam: Os índices de solvência a curto prazo medem a capacidade da empresa para saldar obrigações financeiras repetitivas (ou seja, pagar suas contas). Na medida em que uma empresa conta com fluxo de caixa suficiente, ela tende a ser capaz de evitar o descumprimento de suas obrigações financeiras e, com isso, evitar dificuldades financeiras. A liquidez contábil mede a solvência a curto prazo e é freqüentemente associada ao capital de 30 giro líquido, ou seja, a diferença entre ativos circulantes e passivos circulantes. Para Gitman (2004, p. 46): A liquidez de uma empresa é medida por sua capacidade de cumprir as obrigações de curto prazo à medida que vencem. Corresponde à solvência da posição financeira geral da empresa – a facilidade com que pode pagar suas contas. Numa retórica mais sucinta a respeito de índices de liquidez, Lemes Junior, Miessa Rigo e Mussi Szabo Cherobim (2005, p. 74) afirmam que “medem a capacidade da empresa saldar seus compromissos no curto prazo. Evidenciam a solvência geral da empresa. O Índice de Liquidez Corrente (LC) é igual ao Ativo Circulante (AC) dividido pelo Passivo Circulante (PC). LC = AC / PC Em geral utiliza-se como parâmetro para esse índice, o valor de 1 a 1,5 como boa liquidez. Segundo Gitman (2004, p. 46): Em geral, quanto mais alto o valor do índice de liquidez corrente, mais a empresa é considerada líquida. Um índice de liquidez corrente igual a 2 é ocasionalmente aceitável, mas a aceitação de um valor depende do setor no qual a empresa atua. Na visão de Silva (2010, p. 288): Alguns autores mencionam que o índice tem de ser maior que 1 (um), outros consideram que acima de 1,5 (um e meio) já é muito bom. Nosso entendimento é de que o índice de liquidez corrente tem sua validade como instrumento comparativo entre empresas do mesmo porte, da mesma atividade e da mesma região geográfica, porém, como medida isolada, não se pode afirmar que a liquidez corrente é boa ou ruim, acima ou abaixo de 1 ou 1,5; tudo dependerá do tipo de atividade da empresa, especialmente de seu ciclo financeiro, que deve considerar os prazos de rotação dos estoques, recebimento das vendas e pagamento das compras. O índice de liquidez corrente indica a capacidade de honrar suas dívidas de curto prazo. 31 Já o índice de liquidez seca, se distingue desse por não considerar o valor de estoques juntamente com o ativo circulante. Mede a capacidade de a empresa converter seus ativos em dinheiro. Segundo Gitman (2004, p. 46): O índice de liquidez seca é semelhante ao índice de liquidez corrente, exceto pelo fato de que exclui os estoques, geralmente os ativos circulantes menos líquidos de todos. Complementando, Silva (2010, p. 289) redige: O índice de liquidez seca (acid test) indica quanto a empresa possui em disponibilidades (dinheiro, depósitos bancários a vista e aplicações financeiras de liquidez imediata), aplicações financeiras a curto prazo e duplicatas a receber, para fazer face a seu passivo circulante. O Índice de Liquidez Seca (LS) é igual ao Ativo Circulante (AC) menos o Estoque (E) dividido pelo Passivo Circulante (PC). LS = AC – E / PC Segundo Gitman (2004, p. 46): Um índice de liquidez seca de pelo menos 1 é ocasionalmente recomendado, mas, tal como no caso do índice de liquidez corrente, o valor considerado aceitável depende muito do setor. Para Silva (2010, p. 289): A interpretação do índice de liquidez seca segue o mesmo raciocínio dos índices de liquidez geral e corrente, isto é, do ponto de vista de capacidade de pagamento, quanto maior, melhor, mantidos constantes os demais fatores. Utiliza-se também o índice de liquidez geral, que mede a capacidade de a empresa honrar seus compromissos de curto e longo prazo. Silva (2010, p. 283) afirma que: O índice de Liquidez Geral (Current and long term assets to liabilities) indica quanto a empresa possui em dinheiro, bens e direitos realizáveis a curto e longo prazo, para fazer face às suas dívidas totais. 32 O Índice de Liquidez Geral é igual à soma do Ativo Circulante (AC) com o Realizável a Longo Prazo (RLP) divida pela soma do Passivo Circulante (PC) com o Exigível a Longo Prazo (ELP). LG = AC + RLP / PC + ELP O Capital de Giro Líquido (CGL) também constitui um indicador financeiro de liquidez da empresa, proveniente da diferença entre o ativo circulante (AC) e o passivo circulante (PC), é definido por Sanvicente (1987, p. 178) da seguinte maneira: Esta relação, que fornece um valor monetário absoluto, corresponde à mesma noção subjacente ao índice de liquidez corrente, ou seja, à proporção de ativos transformáveis em dinheiro da empresa para saldar os compromissos com vencimentos em curto prazo. Para Silva (2010, p. 374) a qualidade da liquidez, tomando como base o CGL dependerá do segmento em que a empresa atua. O cálculo do Capital de Giro Líquido se dá da seguinte maneira: CGL = AC – PC Também são utilizados na análise de empresas os índices financeiros de atividade, que medem o quão utilizados são os ativos da mesma. Na visão de Gitman (2004, p. 47): Os índices de atividade medem a velocidade com que as várias contas são convertidas em vendas ou caixa – entradas ou saídas. No que se refere a contas de ativo ou passivo circulante, as medidas de liquidez são geralmente inadequadas, porque as diferenças na composição dos ativos e passivos circulantes de uma empresa geral e aferir a atividade (liquidez) de contas específicas. O Giro do Ativo Total é um desses índices, e indica com que eficácia a empresa está utilizando seus ativos. Segundo ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (2008, p. 47): Esse índice visa indicar com que eficácia uma empresa está utilizando todos os seus ativos. Se o índice de giro de ativos for elevado, a empresa 33 presumivelmente estará usando seus ativos eficazmente em termos de geração de vendas. Se o valor do índice for baixo, a empresa não estará utilizando todos os seus ativos no limite de sua capacidade, devendo aumentar as vendas ou desfazer-se de alguns dos ativos. Para Silva (2010, p. 235): O giro do ativo (turnover asset) é um dos principais indicadores da atividade da empresa. Estabelece relação entre as vendas do período e os investimentos totais efetuados na empresa, que estão representados pelo ativo total médio. O Giro do Ativo Total (GAT) é igual ao quociente entre o total das Receitas Operacionais (RO) e o Ativo Total Médio (ATm). GAT = RO / ATm Vale ressaltar que o Ativo Total Médio é encontrado calculando-se a soma do Ativo Total do exercício atual com o Ativo Total do exercício anterior e dividindo por dois. Para Gitman (2004, p. 49): Em geral, quanto mais alto o giro do ativo total de uma empresa, mais eficientemente seus ativos estão sendo usados. Essa medida interessa principalmente à administração da própria empresa porque indica se suas operações têm sido eficientes ou não. Outro índice de atividade é o Giro de Contas a Receber, que mede a eficácia da gerência do Contas a Receber. Para ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (2008, p. 47): O índice giro de contas a receber e o prazo médio de recebimento oferecem alguma informação a respeito do êxito com o qual a empresa está gerindo seu investimento em contas a receber. O valor efetivo desses índices reflete a política de crédito adotada pela empresa. Se uma empresa estiver usando uma política de crédito liberal, o saldo de suas contas a receber será mais elevado. Uma regra prática comum usada pelos analistas financeiros diz que o prazo médio de recebimento de uma empresa não deve superar em mais de 10 dias o prazo determinado para pagamento. O Giro do Contas a Receber (GCR) é igual ao quociente entre as Receitas Operacionais (RO) e o Contas a Receber (CR). 34 GCR = RO / CR Também se utiliza o Giro de Estoques, que mede a capacidade de a empresa girar as mercadorias presentes no seu estoque através de seu ciclo operacional. Como Gitman (2004, p. 47) diz: “O giro de estoques mede a atividade ou liquidez do estoque de uma empresa.” O Giro de Estoques (GE) é o quociente entre o Custo de Mercadorias Vendidas (CMV) e o Estoque (E). GE = CMV / E Gitman (2004, p. 47) complementa o pensamento afirmando: O giro resultante só tem algum significado se comparado ao de outras empresas pertencentes ao mesmo setor ou então ao valor passado do giro de estoques da própria empresa. Um giro de 20 não seria incomum para um supermercado, ao passo que um giro comum de estoques de uma empresa fabricante de aeronaves poderia ser igual a 4. O giro de estoques pode ser facilmente convertido em um índice de idade média dos estoques ao ser dividido por 360 – supondo ser esse o número de dias num ano. Para Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 47): “Os índices de giro de estoque medem quão rapidamente o estoque é produzido e vendido. São significativamente afetados pela tecnologia de produção dos bens fabricados.” Silva (2010, p. 255) ressalta que: Do ponto de vista de análise de risco, prazo médio de rotação de estoques é um índice do tipo “quanto maior, pior”, mantidos constantes os demais fatores. Por outro lado, convém analisá-lo também juntamente com os prazos de recebimento e pagamento, para termos idéia do ciclo financeiro da empresa. O Prazo Médio de Recebimento (PMR) também é utilizado na análise de índices de atividade, e consiste no quociente entre o saldo médio do Contas a Receber (CR) e Vendas Diárias Médias (VDm). PMR = CR / 360 / VDm 35 Segundo Gitman (2004, p. 47): O prazo médio de recebimento, ou idade média das contas a receber, é útil na avaliação das políticas de crédito e cobrança. Chega-se ao seu valor dividindo-se o valor diário médio das vendas pelo saldo de contas a receber. Para Silva (2010, p. 256): “O prazo médio de recebimento das vendas (Days Sales Outstanding – DSO) indica quantos dias, em média, a empresa leva para receber suas vendas. Há ainda o Prazo de Pagamento de Contas (PPC), que informa a média de dias que a empresa leva para pagar suas dívidas. Pode-se calculá-lo encontrando o quociente entre o total do saldo médio do Contas a Pagar (CP) e o total de Compras Diárias Médias (CDm). PPC = CP /360 / CDm Na visão de Gitman (2004, p. 48) “O prazo médio de pagamento, ou idade média das contas a pagar, é calculado da mesma maneira que o prazo médio de recebimento.” E continua complementando: Os possíveis fornecedores de recursos financeiros, produtos e serviços estão interessados no prazo médio de pagamento principalmente porque ele lhes dá uma noção dos padrões de pagamento de contas. (GITMAN, 2004, p. 48) Na visão de Silva (2010, p. 257): “O prazo médio de pagamento das compras (Days’ Purchases in Accounts Payable) indica quantos dias, em média, a empresa demora para pagar seus fornecedores. O autor segue complementando: O prazo médio de pagamento das compras é um índice do tipo “quanto maior, melhor”, mantidos constantes os demais fatores e desde que o seu volume de fornecedores não se mantenha alto por atraso nos pagamentos. (SILVA, 2010, p. 260) Complementando o assunto de índices financeiros, demonstram-se os índices de alavancagem financeira, ou endividamento, que apontam o nível de endividamento da empresa perante seus recursos. 36 Para Gitman (2004, p. 49): O índice de endividamento de uma empresa indica o volume de dinheiro de terceiros usado para gerar lucros. Em geral, o analista financeiro preocupase mais com as dívidas de longo prazo porque elas comprometem a empresa com uma série de pagamentos por muitos anos. Como é necessário saldar as obrigações com os credores antes de distribuir lucros aos acionistas, os acionistas atuais e futuros prestam muito atenção na capacidade de pagamento de dívidas da empresa. Os fornecedores de recursos financeiros se interessam pelo endividamento da empresa, e os administradores, obviamente, também devem se preocupar com ele. Em geral, quanto mais capital de terceiros é usado por uma empresa em relação a seus ativos totais, maior sua alavancagem financeira, isto é, a ampliação do risco e do retorno introduzida pelo uso de financiamento a custo fixo, como o obtido com a emissão de títulos de dívida e ações preferenciais. Quanto mais uma empresa servir-se de dívidas a custo fixo, maiores serão o risco e o retorno dela esperados. Na visão de Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 48): A alavancagem financeira está associada à intensidade com a qual a empresa utiliza recursos de terceiros, em lugar de recursos próprios. As medidas de alavancagem financeira representam ferramentas de determinação da probabilidade de que a empresa deixe de saldar as dívidas contraídas. Quanto mais endividada estiver uma empresa, mais provável é que se torne incapaz de cumprir suas obrigações contratuais. Em outras palavras, muita dívida pode levar a uma probabilidade maior de insolvência e dificuldades financeiras. Um índice muito utilizado para medir alavancagem financeira é o Índice de Endividamento Geral (EG), que pode ser encontrado calculando-se o quociente entre o Passivo Total (PT) e o Ativo Total (AT). EG = PT / AT Gitman (2004, p. 50) afirma que: O índice de endividamento geral mede a proporção dos ativos totais financiada pelos credores da empresa. Quanto mais alto o valor desse índice, maior o volume relativo de outros investidores usado para gerar lucros na empresa. 37 Na visão de Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 48): Os índices de endividamento fornecem informação referente à proteção dos credores contra insolvência e à capacidade de obtenção de financiamento adicional pelas empresas, tendo em vista o aproveitamento de oportunidades de investimento potencialmente atraentes. Silva (2010, p. 274) diz que: Esse índice indica a participação do passivo financeiro (PF) no financiamento do ativo da empresa (financial debt to total asset), mostrando a dependência da empresa junto a instituições financeiras. O ativo total representa a totalidade dos recursos aplicados na empresa, enquanto a dívida financeira representa os recursos provenientes de bancos ou outras fontes financeiras com semelhante impacto atual ou futuro. Outro índice de endividamento ou alavancagem financeira é o Índice de Cobertura de Juros (ICJ) que pode ser encontrado através do quociente entre Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) e os Juros (J) pagos pela empresa. ICJ = LAIR / J Gitman (2004, p. 51) diz que: O índice de cobertura de juros mede a capacidade de efetuar os pagamentos de juros previstos em contratos. Quanto mais alto o valor desse índice, maior a capacidade de pagamento de juros da empresa. Para Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 49) “Esse índice destaca a capacidade da empresa de gerar lucro suficiente para cobrir os pagamentos de juros devidos.” Os índices de rentabilidade definem a relação entre o lucro obtido e a sua atividade operacional. Um índice muito utilizado é a Margem de Lucro Líquido (ML), que se calcula através do quociente entre o Lucro Líquido (LL) e as Receitas Operacionais (RO) vezes 100. MLL = LL / RO x 100 38 Gitman (2004, p. 53) define como: A margem de lucro líquido representa a proporção de cada unidade monetária de receita de vendas restante após a dedução de todos os custos e despesas, incluindo juros, impostos e dividendos de ações preferenciais. Quanto mais alta a margem de lucro líquido, melhor. Na visão de Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 49): Em geral, as margens de lucro refletem a capacidade de uma empresa de fazer um produto ou prestar um serviço a custo baixo ou a preço elevado. As margens de lucro não são medidas diretas de rentabilidade porque baseiam-se na receita operacional total, e não no investimento efetuado em ativos pela empresa ou pelos acionistas. As empresas comerciais tendem a ter margens estreitas e as empresas prestadoras de serviços tendem a apresentar margens elevadas. Para Silva (2010, p. 238) “A interpretação do índice de retorno sobre as vendas é no sentido de que “quanto maior, melhor”.” Outra medida de desempenho de rentabilidade é o Retorno sobre o Ativo (ROA), que pode ser encontrado dividindo-se o Lucro Líquido (LL) pelo Ativo Total (AT). ROA = LL / AT Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 49) comentam: Um dos aspectos mais interessantes do retorno sobre os ativos (ROA) é o de que seu cálculo permite a ligação de alguns índices financeiros. Uma dessas relações é geralmente chamada de Sistema Dupont de controle financeiro. Esse sistema realça o fato de que o ROA pode ser expresso em termos da margem de lucro e do giro do ativo. Os componentes básicos do sistema são: ROA = Margem de Lucro x Giro do Ativo. No entendimento de Gitman (2004, p. 55): O retorno do ativo total (returno n total assets – ROA), freqüentemente chamado de retorno do investimento (returno on investiment – ROI), mede a eficácia geral da administração de uma empresa em termos de geração de lucros com os ativos disponíveis. Quanto mais alto for, melhor. 39 Silva (2010, p. 239) diz: O índice de retorno sobre o ativo (Return on Asset - ROA) indica a lucratividade que a empresa propicia em relação aos investimentos totais representados pelo ativo total médio. E complementa dizendo que “A interpretação do retorno sobre o ativo é no sentido de que “quanto maior, melhor”. Na seqüencia, um índice de rentabilidade também muito utilizado é o Retorno sobre o Capital próprio, ou Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), encontrado através do quociente entre Lucro Líquido (LL) e Patrimônio Líquido (PL) vezes 100. ROE = LL / PL x 100 Gitman (2004, p. 55) o define como: O retorno do capital próprio (return on common equity – ROE) mede o retorno obtido no investimento do capital dos acionistas ordinários da empresa. Em geral, quanto mais alto o ROE, melhor para os acionistas. Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 50) dizem que “A diferença mais importante entre o ROA e o ROE deve-se à alavancagem financeira. Para Silva (2010, p. 245): O índice de retorno sobre o patrimônio líquido (Return on Equity – ROE) indica quanto de prêmio os acionistas ou proprietários da empresa estão obtendo em relação a seus investimentos no empreendimento. O lucro, portanto, é o prêmio do investidor pelo risco de seu negócio. Ainda no contexto de índices financeiros, podem-se relacionar os índices de valor de mercado, que apontam a valorização da empresa no mercado, ou seja, a intenção dos investidores perante a empresa, quanto “custa” sua ação. Na visão de Gitman (2004, p. 56): Os índices de valor de mercado relacionam o valor de mercado da empresa, medido pelo preço corrente da ação, a certos valores contábeis. Esses índices mostram quão bem os investidores acham que a empresa está funcionando, em termos de risco e retorno. 40 Para Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 50): Podemos aprender muita coisa com um exame atento dos balanços e das demonstrações de resultado. Entretanto, uma característica importante de uma empresa, que não pode ser encontrada em uma demonstração contábil, é seu valor de mercado. O preço de mercado de uma ação ordinária é a cotação que os compradores e vendedores estabelecem quando negociam a ação. Um índice utilizado para a avaliação do valor de mercado de uma empresa é o Índice Preço/Lucro (P/L), encontrado a partir do quociente entre o Preço de mercado da ação ordinária (PA) e o Lucro por Ação (LPA). P/L = PA / LPA Gitman (2004, p. 56) diz: O índice preço/lucro (P/L) é comumente utilizado para medir a opinião dos investidores quanto ao valor da ação. Esse índice representa o montante que os investidores estão dispostos a pagar por dólar de lucro da empresa. Ele denota confiança que os investidores depositam no desempenho futuro da empresa. Quanto mais alto o P/L, maior a confiança. Vistos os índices financeiros, podem-se utilizar métodos de avaliação de empresas como ferramentas de gestão empresarial. Dois dos métodos de análise financeira de empresas são os métodos de análise vertical e horizontal dos seus índices. Na análise vertical, cada item das demonstrações contábeis é confrontado com o total, a fim de se conhecer porcentagens relativas ao total. Segundo Silva (2010, p. 204): O primeiro propósito da análise vertical (AV) é mostrar a participação relativa de cada item de uma demonstração contábil em relação a determinado referencial. No balanço, por exemplo, é comum determinarmos quanto por cento representa cada rubrica (e grupo de rubricas) em relação ao ativo total. Para Matarazzo (2003, p. 243): Análise vertical baseia-se em valores percentuais das demonstrações financeiras. Para isso se calcula o percentual de cada conta em relação a 41 um valor-base. Por exemplo, na Análise Vertical do Balanço calcula-se o percentual de cada conta em relação ao total do Ativo. Na análise horizontal, os percentuais encontrados são confrontados com os mesmos percentuais de exercícios anteriores da mesma empresa. Segundo Silva (2010, p. 210) “O propósito da análise horizontal (AH) é permitir o exame da evolução histórica de cada uma das contas que compõe as demonstrações contábeis.” Para Matarazzo (2003, p. 245): Baseia-se na evolução de cada conta de uma série de demonstrações financeiras em relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma demonstração financeira básica, geralmente a mais antiga da série. Pode-se também avaliar uma empresa através do método chamado de Sistema Dupont de controle de empresas. Que Gitman (2004, p. 60) define como: O sistema Dupont de análise é utilizado para dissecar as demonstrações financeiras da empresa e avaliar sua situação financeira. Ele funde a demonstração de resultado e o balanço patrimonial em duas medidas sintéticas de rentabilidade: retorno do ativo total (ROA) e retorno do capital próprio (ROE). O assunto relativo ao sistema Dupont de controle de empresas pode ser melhor explicado, uma vez que auxilia em muito o processo de análise financeira de empresas, conforme o mesmo autor continua explicando: O sistema Dupont reúne, inicialmente, a margem de lucro líquido, que mede a rentabilidade das vendas da empresa, com seu giro do ativo total, que indica a eficiência com que ela tem usado seus ativos para gerar vendas. Na fórmula Dupont, o produto desses dois índices resulta no retorno do ativo total (ROA). ROA = Margem de Lucro Líquido x Giro do Ativo Total. (GITMAN, 2004, p. 60) Em complemento ao pensamento de Gitman (2004), surge a visão de Lemes Junior, Miessa Rigo e Mussi Szabo Cherobim (2005, p. 77) a respeito: A análise por meio do Sistema Du Pont procura identificar, no conjunto dos dados da Demonstração do Resultado e do Balanço Patrimonial, as chamadas áreas-chave do desempenho financeiro da empresa. 42 Quando se analisa financeiramente uma empresa, deve-se considerar seu fluxo de caixa, ou seja, as entradas e as saídas de recursos da empresa. É preciso se conhecer pra quem a empresa concede crédito, porque isto reflete diretamente nas entradas de recursos do seu fluxo de caixa. Uma política de crédito bem gerida pode levar a empresa a altos índices de liquidez e rentabilidade, fatores que podem ser imprescindíveis no momento em que esta precise captar recursos de terceiros para fins de reinvestimentos. Sanvicente (1987, p. 153) entende política de crédito como exposto a seguir: O que entendemos como política de crédito de uma empresa possui diversos elementos: os prazos concedidos para pagamento, os critérios de aceitação de pedidos de crédito e os critérios para a fixação de limites (montantes) de crédito. Uma política de crédito deve levar em consideração o perfil de cliente a ser aceito, para poder se ter um bom giro de contas a receber e para não se ter problemas de inadimplência, o que poderia prejudicar a liquidez da empresa. Após se levar em consideração o perfil do cliente, é necessário se estipular o prazo para o mesmo pagar as contas feitas na empresa, considerando que o não cumprimento desta implicaria em problemas de entradas de recursos no fluxo de caixa, visto que a empresa tem obrigações a pagar junto a seus credores e necessita de recursos anteriormente ao vencimento das mesmas para não ficar inadimplente. A política de crédito pode servir também como forma de facilitar a geração de vendas, conforme Sanvicente (1987, p. 153) afirma: É evidente, porém, que a concessão de crédito para estimular a procura dos produtos e serviços oferecidos pela empresa encontra limites na capacidade que uma dada firma pode ter para ser liberal nesta área. Assim, tendem a ter políticas de crédito menos liberais e, conseqüentemente, a usá-las menos satisfatoriamente como arma de concorrência as empresas (1) cujo capital próprio não permite sustentar grandes investimentos em contas a receber pela limitação de seu endividamento para financiá-los, e (2) que não possam assumir riscos muito grandes com a concessão de crédito, por exemplo, quando possuem poucos clientes, suas próprias necessidades de capital de giro são prementes, suas vendas são pouco numerosas e de elevado custo direto por unidade etc. Porém é preciso que se tenha uma cobrança das vendas realizadas efetiva, pois se deve fazer receber os valores das vendas que foram realizadas. Em resumo, deve-se ter como atividade regular a administração do fluxo de caixa da empresa 43 não apenas considerando as saídas (pagamentos), mas também as entradas (recebimentos) que são necessariamente importantes para um bom funcionamento do fluxo de caixa, proporcionando uma boa liquidez, antecedendo o prazo de recebimento de vendas em relação ao prazo de pagamento de contas, mantendo a empresa em boa situação financeira perante seus fornecedores e permitindo que a empresa seja bem vista junto aos mesmos e consiga obter recursos de terceiros para investimentos em seu processo operacional. Diante dessas demonstrações financeiras, índices financeiros e métodos de análise financeira de empresas expostos, pode-se dar início ao estudo científico conforme proposto no primeiro capítulo. 44 3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS Primeiramente, diante da problemática exposta na introdução desta pesquisa, levantaram-se documentos contábeis e financeiros da empresa Morjunior Autopeças e Serviços Ltda., tais como planilhas de custos e despesas, balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício dos anos de 2008 e 2009 no dia 19 de março de 2010, como subsídio para uma análise horizontal dos dados, em que os dados de períodos diferentes são comparados. Como resultado obteve-se os seguintes documentos: Balanço Patrimonial Em $ mil ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO 31/12/2008 31/12/2009 31/12/2008 31/12/2009 Circulante Disponibilidades Circulante 5.320,00 7.456,50 Fornecedores Duplicatas a Receber 264.406,00 359.132,50 Estoque 126.000,00 182.000,00 Duplicatas a Pagar Total do Circulante 395.726,00 548.589,00 Realizável a Longo Prazo Total do Realizável a L. Prazo Empréstimos Bancos Total do Circulante - - - - - - Permanente Investimentos Salários a Pagar 179.665,14 250.681,07 29.880,00 32.868,00 224.747,86 303.480,93 17.000,00 25.723,47 451.293,00 612.753,47 - - Exigível a Longo Prazo Financiamentos Patrimônio Líquido Imobilizado Prédios Móveis e Utensílios Máquinas e Equipamentos Capital Lucros Acumulados 75.000,00 75.000,00 Total do Patrimônio Líquido 5.397,47 5.397,47 7.500,00 16.500,00 87.897,47 96.897,47 87.897,47 96.897,47 30.000,00 30.000,00 2.330,47 2.733,00 32.330,47 32.733,00 483.623,47 645.486,47 Diferido Total do Permanente TOTAL ATIVO 483.623,47 645.486,47 TOTAL PASSIVO Quadro 6: Balanço patrimonial Morjunior Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010 O quadro 6 detalha o balanço patrimonial da empresa Morjunior, o qual retrata a sua disposição financeira nos dois exercícios estudados de 2008 e 2009, em que a empresa demonstra todas os seus bens e direitos na coluna da esquerda (Ativo) e suas dívidas e obrigações na coluna da direita (Passivo). 45 Orçamento Gerencial de Despesas CÓD CONTA 1.00 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07 1.08 1.09 1.10 1.11 DESCRIÇÃO DE DESPESAS DESPESAS ADMINISTRATIVAS Contador Telefone Água Energia Elétrica Internet Material de Limpeza Material de Escritório Lanches e refeições Combustível Taxas diversas IPTU TOTAL DESPESAS ADMINISTRATIVAS 2.0 DESPESAS COM PESSOAL 2.1 Salários 2.2 Rescisões de contrato 2.3 Horas Extras 2.4 Indenizações 2.5 Comissões sobre vendas 2.6 Cursos e treinamentos TOTAL DESPESAS COM PESSOAL 3.0 DESPESAS COMERCIAIS 3.1 Promoções 3.2 Publicidade e propaganda 3.3 Fretes e carretos 3.4 Embalagens 3.5 Brindes e ofertas promocionais 3.6 Armazenamento 3.7 Avarias e perdas 3.8 Outros comerciais TOTAL DESPESAS COMERCIAIS 4.0 DESPESAS TRIBUTÁRIAS 4.1 SIMPLES TOTAL DESPESAS TRIBUTÁRIAS 5.0 DESPESAS FINANCEIRAS 5.1 Juros sobre duplicatas 5.2 Despesas bancárias 5.3 Juros sobre empréstimos 5.4 IOF TOTAL DESPESAS FINANCEIRAS 6.0 GASTOS EM INVESTIMENTOS 6.1 Material de construção 6.2 Compra de máquinas e equipamentos 6.3 Compra de móveis e utensílios TOTAL GASTOS EM INVESTIMENTOS TOTAL DESPESAS Quadro 7: Orçamento gerencial de despesas Morjunior Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010 2008 2009 2.400,00 3.924,56 456,57 1.560,48 1.440,00 543,00 346,00 7.200,00 11.161,94 9.324,45 9.000,00 47.357,00 2.400,00 5.424,23 542,34 2.324,46 1.440,00 457,23 482,00 8.234,00 19.985,74 12.456,00 9.000,00 62.746,00 29.880,00 32.868,00 2.579,00 5.029,00 32.459,00 37.897,00 8.954,00 13.773,45 25.124,46 17.534,00 24.789,47 33.023,10 197,09 48.049,00 75.346,57 1.440,00 1.440,00 1.440,00 1.440,00 1.357,00 2.459,00 2.690,00 7.152,55 4.047,00 9.611,55 5.746,00 750,00 6.603,74 2.345,00 6.496,00 139.848,00 8.948,74 195.989,86 46 No quadro 7 estão apresentadas as despesas da empresa relacionadas e organizadas em despesas administrativas, com pessoal, comerciais, tributárias, financeiras, e gastos em investimentos, nos períodos de 2008 e 2009. Relação de faturamento 2008 Tipo Total A vista Fichário Master Visa Vale Cheque Duplicata Duplicata a receber Total Anual Total (%) 58.686,92 147.363,55 9.516,00 0,00 50.416,00 53.872,50 303,88 3.238,40 323.397,25 18,15% 45,57% 2,94% 0,00% 15,59% 16,66% 0,09% 1,00% 100,00% 2009 Tipo A vista Fichário Master Visa Vale Cheque Duplicata Duplicata a receber Total Anual Total Total (%) 92.093,25 116.407,00 8.104,00 2.880,30 141.266,50 41.514,51 44.738,59 4.221,78 451.225,93 20,41% 25,80% 1,80% 0,64% 31,31% 9,20% 9,91% 0,94% 100,00% Quadro 8: Relação de faturamento Morjunior Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010 Custos de Mercadorias Relação total de compra de peças 2008 179.665,14 Relação total de compra de peças 2009 250.681,07 Quadro 9: Custos de mercadorias Morjunior Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010 47 Nos quadros 8 e 9 estão apresentadas a relação de faturamento da empresa, em que a mesma demonstra o total vendido, assim como as modalidades de venda da mesma com seus respectivos valores e a relação total de compras de mercadorias para os exercícios de 2008 e 2009. Demonstração do Resultado do Exercício (-) = (-) = (-) = (-) = (-) RECEITAS OPERACIONAIS CUSTOS DE MERCADORIAS VENDIDAS LUCRO BRUTO DESPESAS DESPESAS ADMINISTRATIVAS DESPESAS COM PESSOAL DESPESAS COMERCIAIS DESPESAS TRIBUTÁRIAS DESPESAS FINANCEIRAS GASTOS EM INVESTIMENTOS LUCRO LIQUIDO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA IMPOSTO DE RENDA/CONTRIBUIÇÃO SOCIAL LUCRO LIQUIDO DEPOIS DO IMPOSTO DE RENDA RETIRADA DE PRO-LABORE LUCRO LÍQUIDO REINVESTIMENTOS 2008 323.397,25 179.665,14 143.732,11 139.848,00 47.357,00 32.459,00 48.049,00 1.440,00 4.047,00 6.496,00 3.884,11 1.553,64 2.330,47 0,00 2.330,47 2.330,47 2009 451.225,93 250.681,07 200.544,86 195.989,86 62.746,00 37.897,00 75.346,57 1.440,00 9.611,55 8.948,74 4.555,00 1.822,00 2.733,00 0,00 2.733,00 2.733,00 Quadro 10: Demonstração do resultado do exercício Morjunior Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010 A demonstração do resultado do exercício da Morjunior dos dois períodos estudados, 2008 e 2009, está representada no quadro 10, no qual estão descritas as receitas operacionais, provenientes de suas vendas, o total de custos de mercadorias vendidas, as despesas e o lucro. Com o objetivo de se conhecer o perfil dos clientes da empresa estudada e qual a contribuição que isso traz para seus resultados financeiros, realizou-se no local uma pesquisa com 14 (quatorze) pessoas utilizando-se o método do formulário, em que o pesquisador colhe as respostas de perguntas realizadas por ele mesmo, nos dias 19, 20 e 22 de março de 2010. Diante das informações colhidas e das demonstrações financeiras obtidas, foi dado prosseguimento à pesquisa utilizando-se o cálculo de índices financeiros como forma de mensurar e analisar financeiramente o comportamento da empresa. Com o auxílio do programa Excel® da Microsoft® foi possível a tabulação de dados e a 48 confecção de gráficos para o auxílio na visualização dos seguintes resultados para os índices de liquidez, atividade, endividamento e rentabilidade: Índices Financeiros Liquidez Corrente (LC) Liquidez Seca (LS) Liquidez Liquidez Geral (LG) Capital e Giro Líquido (CGL) Giro do Ativo Total (GAT) Giro do Contas a Receber (GCR) Atividade Giro de Estoques (GE) Prazo Médio de Recebimento (PMR) (dias) Prazo Médio de Pagamento (PMP) (dias) Endividamento Endividamento Geral (EG) Margem de Lucro Líquido (MLL) (%) Rentabilidade Retorno sobre Ativo (ROA) (%) Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) (%) 2008 0,88 0,60 0,88 (55.567,00) 0,57 1,22 1,43 37 24 0,93 0,72 0,48 7,21 2009 0,90 0,60 0,90 (64.164,47) 0,80 1,26 1,38 38 25 0,95 0,61 0,42 8,35 Quadro 11: Índices financeiros Morjunior Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010 É importante destacar que a interpretação de tais índices foi realizada com parâmetros de análise baseados em índices de empresas do mesmo setor em que atua a empresa em estudo, o que deu um maior teor de confiabilidade nos resultados obtidos. A respeito dos índices de liquidez, é válido ressaltar que são indicadores da capacidade que a empresa tem de honrar seus compromissos financeiros, sejam eles de curto ou longo prazo. Sua administração consiste em equiparar os prazos de suas obrigações com os prazos de seus direitos, a fim de reduzir sua solvência e melhorar sua liquidez. Após os cálculos, anteriormente demonstrados no capítulo anterior, detectase que em ambos os exercícios analisados a empresa demonstrou índices de liquidez corrente, liquidez seca e liquidez geral abaixo dos parâmetros tidos como recomendáveis para empresas do mesmo setor, da ordem de 1,20, ou seja, para cada R$ 1,00 de dívida, a empresa deve ter R$ 1,20 disponível para pagá-la, embora tenha apresentado um leve aumento de um ano para o outro. Como ilustra o gráfico a seguir, a empresa apresentou índices de Liquidez Corrente e Liquidez Geral respectivamente de 0,88 e 0,90, e um índice de Liquidez Seca, no qual se considera os ativos circulantes excetuando-se os estoques, de 0,60 em ambos os 49 exercícios, abaixo do recomendável, constatando-se uma deficiência da empresa em relação à manutenção de sua solvência. 1,20 1,20 1,20 0,90 0,88 0,90 0,88 Liquidez 2008 0,60 0,60 Liquidez 2009 Parâmetro recomendável Liquidez Corrente Liquidez Seca (LS) (LC) Liquidez Geral (LG) Gráfico 1: Índices de Liquidez Morjunior Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010 A análise das informações obtidas levou ao cálculo do Capital de Giro Líquido (CGL) da empresa, obtido subtraindo-se o Passivo Circulante (PC) do Ativo Circulante (AC), de valor negativo nos dois exercícios analisados e com uma piora expressiva de um exercício para o outro. É válido salientar que o Capital de Giro Líquido (CGL) pode ser um indicador de liquidez de uma empresa, dependendo do setor em que a mesma atua, ou seja, o valor do CGL pode ser negativo e ao mesmo tempo a empresa apresentar bons índices de liquidez, assim como o contrário também pode acontecer, de uma empresa ter um CGL positivo e índices de liquidez abaixo do recomendado. No caso da empresa em análise, do ramo de comércio de serviços e autopeças, o Capital de Giro Líquido negativo apresenta-se como sendo atípico, devido ao seu valor representar uma grande concentração de obrigações de curto prazo, o que pode prejudicar muito uma empresa do porte da analisada. 50 50.000,00 Capital Giro Líquido 2008 Capital Giro Líquido 2009 Parâmetro recomendável -55.567,00 -64.164,47 Gráfico 2: Capital de Giro Líquido Morjunior Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010 Cabe frisar que para uma empresa desse setor é salutar que o valor dos seus Ativos Circulantes seja superior ao valor de seus Passivos Circulantes, obtendo-se um Capital de Giro Líquido positivo e possibilitando um maior poder de barganha com fornecedores, já que sua capacidade de liquidez se torna maior. Referindo-se aos índices de atividade, os mesmos correlacionam vendas com contas do ativo, indicando a velocidade com que cada item é convertido em venda, assim como a quantidade de vezes que cada ativo é utilizado para tal. O Giro do Ativo Total (GAT) mede a eficiência com que a empresa usa seus ativos para gerar vendas, em geral, quanto mais alto o GAT de uma empresa, mais eficientemente seus ativos estão sendo usados, o GAT indica se as operações da empresa estão sendo eficientes ou não. O Giro do Contas a Receber (GCR) mede a eficiência da política de crédito de uma empresa, se ela está sendo rigorosa ou liberal demais. Indica o número de vezes em que o saldo médio de vendas a crédito está contido no volume de vendas dessa maneira em um determinado período. O Giro de Estoques (GE) indica a quantidade de vezes que o estoque da empresa foi utilizado para gerar receita, um valor maior que 1 (um) indica que a empresa utilizou o estoque completo por pelo menos uma vez, para poder gerar suas receitas operacionais. A análise feita na Morjunior proporcionou a obtenção dos índices de atividade conforme exposto no gráfico a seguir: 51 Gráfico 3: Índices de atividade Morjunior Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010 Verifica-se que no que diz respeito ao GAT, a empresa esteve aquém do recomendável em ambos os exercícios, demonstrando que não esteve utilizando totalmente seus ativos de forma eficiente para gerar suas receitas, fica patente que em vista de o Giro de Estoques (GE) ter sido abaixo do recomendável para o setor, o GAT foi diretamente afetado, por se utilizar também do valor de estoque para seu cálculo, o que reforça a idéia de a empresa buscar gerir mais eficientemente seu estoque a fim de aumentar o índice de GE, que numa empresa que vende mercadorias (autopeças) é de cunho fundamental para a saúde financeira de suas operações. Percebe-se que o recomendado para uma empresa desse setor no que diz respeito ao GE, é o valor de 2,6, que está 1,19 acima da média obtida pela empresa que foi de 1,41 nos dois períodos. Percebe-se também que a empresa necessita rever sua política de crédito com o intuito de melhorar seu índice de Giro do Contas a Receber (GCR), que deve ser de no mínimo 2,0 para o setor em que a empresa atua, deste modo, a empresa mostra-se deficiente em manipular suas vendas a crédito relativas ao total. Ainda verificando os índices de atividade, identificam-se duas outras deficiências na empresa, os prazos médios de pagamento e de recebimento. Esses índices medem o tempo médio em que a empresa leva para receber o pagamento de suas vendas (PMR), e o tempo que a mesma leva para pagar as obrigações junto a seus fornecedores (PMP) dentro do período operacional. Vale salientar que é recomendável que de uma maneira salutar, uma empresa tenha seus prazos de 52 recebimento de vendas menor do que seus prazos de pagamento de fornecedores, pois, desta maneira se tem maior liquidez e maior poder de compra perante os fornecedores. No caso da empresa analisada, esses prazos foram invertidos, visto que o Prazo Médio de Recebimento (PMR) foi de 37 e 38 dias respectivamente nos dois períodos analisados, onde o recomendável seria de 15 dias em média, e o Prazo Médio de Pagamento (PMP) foi respectivamente de 24 e 25 dias nos exercícios de 2008 e 2009, abaixo do recomendável que seria de 36 dias. 37 38 36 25 24 Atividade 2008 Atividade 2009 15 Parâmetro recomendável Prazo Médio de Recebimento (PMR) (dias) Prazo Médio de Pagamento (PMP) (dias) Gráfico 4: Índices de atividade prazos médios Morjunior Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010 Pode-se verificar graficamente na figura abaixo como se comportou o fluxo de caixa de recebimentos de vendas e pagamentos de fornecedores nos períodos estudados, onde se evidencia uma grande deficiência na gestão desses processos. É importante salientar que a gestão eficiente da política de crédito de uma empresa é fundamental para se manter a liquidez necessária ao cumprimento de seus compromissos financeiros. No quadro a seguir pode-se perceber que os valores recomendáveis foram representados graficamente pela cor amarela. 53 15 dias 37 dias 38 dias Recebimentos momento da venda tempo 24 dias 25 dias Pagamentos 36 dias Legenda: 2008 2009 Recomendável Quadro 12: Fluxo de caixa relativo ao PMR e PMP da Morjunior Fonte: Elaborado pelo pesquisador Diante dessas informações infere-se uma liberalidade na forma em que a empresa gere sua política de crédito, ficando em média 13 dias sem recursos necessários ao pagamento de fornecedores, fator que fere uma premissa importantíssima sobre o assunto, que é a credibilidade de uma empresa perante seus fornecedores. Sem confiabilidade na capacidade de pagamento a um fornecedor, este se vê obrigado a não mais fornecer mercadorias para uma empresa, prejudicando completamente esta por não dispor de um estoque digno de se gerar vendas. 31,31% 20,41% 18,15% Vendas à Vista 15,59% Vendas no Vale (Fiado) 2008 2009 Gráfico 5: Vendas à vista e vendas no vale Morjunior Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010 54 Como se pode observar no gráfico acima, o percentual de vendas a prazo sem garantias, que a empresa denomina “Vendas no Vale” ou “Venda fiada”, apresenta um aumento expressivo em relação ao ano anterior, reflexo de sua gestão da política de crédito. Fator esse que poderia ser evitado e/ou reduzido se a empresa eliminasse o uso de práticas de vendas sem garantias, o que tornaria a empresa mais líquida e com maior capacidade de honrar seus compromissos financeiros. Segundo pesquisa realizada com clientes da empresa, o perfil dos mesmos é de em sua maioria pessoas com profissões públicas, o que garante a sua capacidade de pagamento de contas, e detentores de cartões de crédito, o que poderia ser uma saída melhor para a empresa estudada, visto que depois de realizada a venda, o pagamento para a empresa seria realizado pela administradora do cartão, tendo o problema de inadimplência por parte dos clientes sendo transferido para a mesma. Foi constatado também mediante pesquisa, que os clientes têm preferência por efetuarem os pagamentos de suas contas à vista, podendo ser mais bem explorado pela empresa. Podem-se verificar esses dados nos gráficos a seguir: Outros 7,14% Funcionário público 42,86% Funcionário privado 21,43% Estudante 14,29% Autônomo 14,29% Gráfico 6: Profissão de clientes Morjunior Fonte: Pesquisa com clientes realizada em 19, 20 e 22/03/2010 55 Vi sa /V is a El ec tro n 14,29% N ão te m 28,57% ip er 14,29% H M as te r/D in er s /R ed es ho p 42,86% Gráfico 7: Tipo de cartão de crédito clientes Morjunior Fonte: Pesquisa com clientes realizada em 19, 20 e 22/03/2010 Vale (Fiado) 7,14% Cartão de crédito Boleto a prazo 21,43% 7,14% À vista 64,29% Gráfico 8: Preferência de pagamento clientes Morjunior Fonte: Pesquisa com clientes realizada em 19, 20 e 22/03/2010 Com base nesses dados coletados, a empresa poderia melhorar o tipo de sua venda, direcionado-a para as formas de à vista e cartão de crédito, reduzindo suas perdas e melhorando seus índices de liquidez e atividade. É pertinente dizer que um fornecedor ou credor utiliza-se de análise de índices financeiros também para aprovar ou não o crédito de um possível cliente (empresas), é checado se a empresa possui boa liquidez, se suas atividades estão condizentes com o setor em que atua e também seu endividamento, fatores que podem ser cruciais em uma análise deste tipo. É com base nessas informações que o fornecedor tem a segurança e a confiança em seu novo cliente. 56 Com a análise feita na empresa Morjunior, constatou-se que seu nível de endividamento, que era de 0,93 em 2008, sofreu um leve aumento em 2009 passando à ordem de 0,95, acima do normal para uma empresa do mesmo setor, cujo valor recomendável seria de 0,45, conforme exposto no gráfico a seguir. 0,93 0,95 Endividamento 2008 0,45 Endividamento 2009 Parâmetro recomendável Endividamento Geral (EG) (%) Gráfico 9: Endividamento geral Morjunior Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010 A empresa analisada demonstrou que para cada R$ 1,00 de capital utilizado pela empresa, em média nos dois períodos a empresa utilizou R$ 0,94 de capital de terceiros, evidenciando uma alavancagem financeira exacerbada em vista do recomendável para o setor. Isso pode ser um agravante no momento em que a mesma solicitar crédito a um novo fornecedor ou credor, já que aumenta o risco de inadimplência por parte da empresa estudada, servindo como subsídio para estes negarem qualquer tipo de negócio para com a mesma. 57 22,00 10,00 10,00 8,35 7,21 0,72 0,48 0,61 0,42 Margem de Lucro Líquido (MLL) (%) Retorno sobre Ativo (ROA) (%) Rentabilidade 2008 Rentabilidade 2009 Parâmetro recomendável Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) (%) Gráfico 10: Índices de rentabilidade Morjunior Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010 A Margem de Lucro Líquido (MLL) apresentada pela Morjunior nos períodos analisados mostrou-se muito baixa em relação ao parâmetro recomendável, isso pode ser reflexo de um alto valor declarado como despesas que em relação ao lucro bruto representam um total de 97,30% em 2008 e 97,73% em 2009, calculados utilizando-se o método da análise vertical, em que os valores das contas contábeis são relacionados com um referencial, neste caso o lucro bruto, grande parte delas comerciais, representando 34,36% em 2008 e 38,44% em 2009 em relação ao total de despesas, seguidas por um alto valor de despesas administrativas, da ordem de 33,86% em 2008 e 32,01% em 2009. Fatores esses que prejudicaram o valor de seu lucro líquido e consequentemente da sua Margem de Lucro Líquido (MLL). Outro índice que mostrou grau baixo foi o Retorno sobre Ativo (ROA), que indica a lucratividade em relação aos investimentos totais representados pelo Ativo Médio (Atm), assim como o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), que devido a um baixo lucro líquido, apresentou grau inferior ao recomendado. O lucro líquido apurado foi reinvestido na empresa, como se pode verificar no balanço patrimonial, não se percebendo nenhum investimento nas contas do ativo exigível a longo prazo. 58 4 CONSIDERAÇÕES GERAIS Com o levantamento de informações obtidas no capítulo anterior, pôde-se entender o funcionamento operacional da empresa Morjunior Autopeças e Serviços Ltda., constatando-se níveis baixos de liquidez, atividade e rentabilidade, e alto nível de endividamento em relação ao recomendável para o setor econômico em que atua. Considerando-se que a empresa tem como objetivos estratégicos traçados para os próximos 5 (cinco) anos a ampliação de sua sede, assim como a abertura de uma filial, o que ampliaria a sua atividade, a mesma deveria rever conceitos a respeito de sua política de crédito a clientes, que na atualidade apresenta-se de forma muito liberal em relação a seus concorrentes. Isso foi evidenciado no processo de análise das informações financeiras obtidas junto a Morjunior, conforme mostra o capítulo anterior. É de total relevância que a empresa reduza o prazo médio de recebimento de vendas, e amplie o prazo médio de pagamento de fornecedores, pois do contrário, a empresa poderia perder crédito com seus fornecedores e deixar de comprar mercadorias importantes a seu processo operacional. No que diz respeito à política de crédito adotada pela empresa, percebeu-se um alto valor de vendas de mercadorias sem garantias de recebimento, ou seja, um alto valor de vendas fiadas, que prejudicou muito o seu fluxo de caixa e sua liquidez, gerando problemas para o atendimento de suas obrigações financeiras junto a seus fornecedores e credores. Como medida corretiva a esse problema, a pesquisa sugere de uma forma sucinta a adoção de uma política voltada para as vendas à vista, se for o caso com um desconto no seu pagamento como meio de atrair e convencer seus clientes, que como foi verificado na coleta de dados, prefere em sua maioria pagar suas contas à vista, e nos casos em que não for possível esse tipo de venda, sugere-se como alternativa a venda a prazo mediante cartão de crédito, o que reduz consideravelmente o risco de não obter receita das vendas realizadas, uma vez que tal risco é assumido pela administradora do cartão no momento em que é selado o contrato de utilização do cartão junto ao cliente. É importante a adoção da empresa de uma política de cobrança mais efetiva dos títulos não recebidos, intensificando o recebimento de vendas realizadas anteriormente, tomando como medidas a prática de protestos de títulos e negativação de clientes 59 junto a instituições responsáveis por fornecer informações financeiras de pessoas físicas, como exemplo o SERASA® e o SPC®, como formas de coagir o pagamento dos títulos. Pode-se tomar como sugestão também a negociação junto a fornecedores de maiores prazos de pagamento de contas, melhorando e ampliando sua liquidez no período entre o recebimento de vendas e o pagamento de contas. Com uma melhor liquidez e um bom capital de giro líquido pode-se obter maior poder de barganha com seus credores e assim garantir uma maior confiabilidade por parte dos mesmos à empresa estudada, garantindo uma operacionalidade mais eficiente e podendo manter-se competitiva no mercado em que atua. É de grande importância que a empresa consiga melhor gerir suas despesas comerciais, principalmente as denominadas como “Fretes e carretos”, assim como as despesas administrativas denominadas como “Combustível” e “Lanches e refeições” cujos valores apresentados na fase de coleta de dados foram exacerbadamente prejudiciais à saúde financeira da empresa, pois prejudicaram muito o seu lucro líquido, produzindo-se pouco montante disponível para reinvestimento, prática que a empresa adota como tratamento de seus lucros. Quanto a essa prática, pode-se tomar como sugestão a utilização de parte dos lucros obtidos para aplicações financeiras de médio e curto prazo, que atualmente no mercado financeiro se fazem presentes em diversas modalidades, com o objetivo de se formar um montante maior para reinvestimentos na atividade operacional da empresa e assim poder atingir objetivos estratégicos traçados pela empresa, como é o caso de uma ampliação de sua sede e uma possível abertura de filial. Em vista de o crescimento do mercado automobilístico ser fato consolidado, o ramo de autopeças e serviços tem obtido números cada vez mais consistentes e se mostrado cada vez mais promissor, uma vez que o consumo de veículos tem aumentado e sido seguido proporcionalmente por setores atrelados a ele, como é o caso de autopeças e serviços, seguros de veículos, acessórios para veículos, financiamentos de veículos, entre outros. Dessa forma o aumento no contingente de empresas desses setores se faz presente de forma exponencial. A Morjunior Autopeças e Serviços Ltda. está inserida no setor de reposição de peças automotivas, que detém 12% da demanda total das fábricas, setor este que no ano de 2009 apresentou um crescimento de 4% em relação a 2008 e que para 2010 tem uma projeção de faturamento de R$ 62,6 bilhões e de crescimento de 60 9,5% em relação ao ano de 2009. Esses dados mostram que a empresa faz parte de um mercado promissor e que está cada vez mais em crescimento, evidenciando que a empresa detém um grande mercado a ser explorado, para que a mesma mantenha-se competitiva em seu segmento, se faz necessário o cumprimento de mudanças em seu processo produtivo, adotando estrategicamente as sugestões contidas nessa pesquisa e assim melhorando e ampliando cada vez mais suas operações, solidificando cada vez mais sua marca e o conceito que a mesma apresenta diante do mercado. 61 REFERÊNCIAS ABBC (Associação Brasileira de Bancos de Crédito). Disponível em: <http://www.abbc.org.br/IMAGENS/DESTAQUES/relatorio_2008_final.pdf> em: 10 mar. 2010. Acesso ASSAF NETO, Alexandre; TIBURCIO SILVA, César Augusto. Administração do capital de giro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002 ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. BACEN (Banco Central). 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Estudante 2. Funcionário público 3. Funcionário privado 4. Autônomo 5. outros 4 Mora em residência 1. Própria 2. Alugada 3. Mora com parentes 4. Outra 5 Cidade onde reside? 1. Parelhas 2. Cidade próxima 6 O seu veículo é: 1. Quitado 2. Financiado 7 Possui cartão de crédito? 1. Hiper 2. Visa/Visa Electron 3. Master/Diners/RedeShop 4. American Express 5. Não tem 65 8 Qual a sua preferência no pagamento? 1. A vista 2. Boleto a prazo 3. Cheque pré 4. Cartão de crédito 5. Fiado 9 Porque compra na empresa? 1. Atendimento 2. Qualidade 3. Preço 4. Empatia pela empresa 5. Prazo de pagamento 6. Tecnologia utilizada 10 O que pode melhorar na empresa? 1. Atendimento 2. Qualidade 3. Preço 4. Ambiente/Instalações 5. Prazo de pagamento 6. Tecnologia utilizada