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CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
ROBERTO DAVI MIRANDA DA COSTA
GESTÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO: Uma análise do fluxo de
caixa da empresa Morjunior Autopeças e Serviços Ltda
NATAL/RN
2010
1
ROBERTO DAVI MIRANDA DA COSTA
GESTÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO: Uma análise do fluxo de
caixa da empresa Morjunior Autopeças e Serviços Ltda
Monografia apresentada ao curso de
Administração de Empresas da Faculdade
Câmara Cascudo como requisito para a
obtenção do título de bacharel, sob a
orientação do Professor Esp. Ítalo frança de
Queiroz.
NATAL/RN
2010
2
TERMO DE APROVAÇÃO
GESTÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO: Uma análise do fluxo de
caixa da empresa Morjunior Autopeças e Serviços Ltda
Por
ROBERTO DAVI MIRANDA DA COSTA
Este estudo monográfico foi apresentado no
dia 18 de junho de 2010, como requisito
parcial para a obtenção do grau de bacharel
em Administração de Empresas da Faculdade
Câmara Cascudo, tendo sido aprovado pela
Banca
Examinadora
composta
pelos
professores:
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Prof. Esp. Ítalo França de Queiroz
Orientador - FCC
__________________________________
Prof. Esp. Frederico França de Queiroz
Examinador – FCC
__________________________________
Prof. M.Sc. Marcelo de Santana Porte
Examinador – FCC
3
Dedico aos meus pais, que desde cedo
incutiram em mim a importância do estudo
e do trabalho árduo, e que assim como
meus irmãos, são eternas fontes de
inspiração.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar aos meus pais, Roberto Davi Oliveira da Costa,
Djarina Silvia Miranda da Costa e aos meus irmãos, Rafael Miranda da Costa e
Natália Silvia Miranda da Costa, por me apoiarem em todas as decisões tomadas na
minha vida, incluindo mais essa etapa imprescindível para minha auto-realização.
À minha namorada, Rosimery Lemos dos Santos, pelo apoio, pela paciência e
compreensão da importância da realização desse trabalho na minha vida
acadêmica.
Ao meu caro amigo, professor e orientador, o Prof. Esp. Ítalo França de
Queiroz, cuja dedicação e atenção desprendida foram decisivas no processo de
estímulo para a realização deste trabalho.
À empresa objeto do presente trabalho, Morjunior Autopeças e Serviços Ltda.,
que aceitou a proposta de se fazer um estudo a respeito de seu funcionamento
operacional e possibilitou a realização do mesmo com as atribulações da sua rotina
diária.
Aos meus colegas e amigos que porventura eu tenha deixado de visitar ou
prestar a atenção por estar dedicado exclusivamente à realização do trabalho.
E por último, mas não menos importante, a todos os professores e
funcionários ligados ao funcionamento da instituição de ensino denominada
Faculdade Câmara Cascudo, que sempre estiveram dispostos a contribuir para o
enriquecimento cultural de seus clientes.
5
O general que domina a arte da guerra é o
árbitro do destino do povo e dos rumos da
vitória.
Sun Tzu
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RESUMO
É pertinente afirmar que o crescimento do consumo mundial impulsiona cada vez
mais a produção de bens de alta demanda, como exemplo jóias, eletrônicos e
automóveis. Estes têm apresentado números expressivos relacionados à quantidade
de bens comercializados, gerando entrada de maior número de empresas
relacionadas a comércio de mercadorias e serviços voltados ao setor. O crescimento
na quantidade de concorrentes faz com que empresas do mesmo ramo tomem
medidas de melhoria com o intuito de manterem-se competitivamente no mercado e
assim continuar a atender a demanda existente no seu segmento. A presente
monografia tem como objetivo central a análise financeira de uma empresa, visando
a sua permanência competitiva no setor em que atua baseando-se nas
demonstrações financeiras e em cálculos de índices financeiros de liquidez,
atividade, endividamento e rentabilidade. Para a realização da análise, foi utilizado o
método de levantamento de documentos financeiros fornecidos pela empresa
estudada e realizada uma pesquisa com clientes da mesma, com o propósito de
conhecer o seu perfil e possíveis estratégias de vendas. Após o levantamento de
dados, constatou-se que a empresa realizava um grande montante de vendas cujos
pagamentos não eram recebidos, o que gerava problemas financeiros à mesma.
Portanto, propôs-se uma melhoria no seu processo de vendas, verificando mediante
pesquisa que a maioria de seus clientes que compravam e não pagavam possui
cartão de crédito, o que dá chances de a empresa canalizar suas vendas para
recebimentos em cartão de crédito. Sendo assim, as probabilidades de a empresa
manter-se competitiva no mercado se ampliam e podem contribuir para um possível
acompanhamento do crescimento do mercado automobilístico, setor em que está
inserida.
Palavras-chave: Administração financeira. Análise financeira. Índices financeiros.
7
ABSTRACT
Is pertinent to say that the increase of the world´s consumption upswings more and
more the production of high demand items, for example jewelry, electronics, and
automobiles. These ones have been presented expressive numbers related to the
quantity of traded items, generating the entrance of a higher number of companies
that sell services and items related to this trade line. The increase of quantity of
competitors makes that companies of the same trade line takes actions of improve
with the objective of keep itselves competitive at the trade and then continuous to
attend the existent demand at their trade line. The present monograph´s most
important objective is a company´s financial analysis, taking aim at keep it
competitive at its trade line considering financial demonstrations and calculating
financial indicators of liquidness, activity, indebtedness and lucrativeness. To realize
this analysis, it was taken the financial documents survey method, provided by the
company in analysis and made a costumer research taking aim at know the
costumer´s profile and new possible sales strategies. After the information survey, it
was discovered that the company used to sell a lot of items without taking in cash,
what generated financial problems to this company. Therefore, it was proposed an
improve on its sales process, verifying through the research that most of its
costumers that used to buy and don´t pay, were owner of credit cards, what gives the
company more chances of selling using credit cards as way of payment. Doing this
way, the probabilities of the company keep itself competitive at the trade line, are
improved and can contribute to a possible automobilist improve attendance, which is
the company trade line and purpose.
Key-words: Financial management. Financial analysis. Financial indicators.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Balanço Patrimonial...................................................................................21
Quadro 2: Demonstração do Resultado do Exercício................................................23
Quadro 3: Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido...............................24
Quadro 4: Demonstração de Fluxo de Caixa.............................................................26
Quadro 5: Demonstração de Valor Adicionado..........................................................28
Quadro 6: Balanço Patrimonial Morjunior...................................................................44
Quadro 7: Orçamento gerencial de despesas Morjunior............................................45
Quadro 8: Relação de faturamento Morjunior............................................................46
Quadro 9: Custos de mercadorias Morjunior..............................................................46
Quadro 10: Demonstração do resultado do exercício Morjunior................................47
Quadro 11: Índices financeiros Morjunior...................................................................48
Quadro 12: Fluxo de caixa relativo ao PMR e PMP Morjunior...................................53
9
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Índices de Liquidez Morjunior....................................................................49
Gráfico 2: Capital de Giro Líquido Morjunior..............................................................50
Gráfico 3: Índices de atividade Morjunior...................................................................51
Gráfico 4: Índices de atividade prazos médios Morjunior...........................................52
Gráfico 5: Vendas à vista e vendas no vale Morjunior..............................................53
Gráfico 6: Profissão de clientes Morjunior..................................................................54
Gráfico 7: Tipo de cartão de crédito clientes Morjunior..............................................55
Gráfico 8: Preferência de pagamento clientes Morjunior...........................................55
Gráfico 9: Endividamento geral Morjunior..................................................................56
Gráfico 10: Índices de rentabilidade Morjunior...........................................................57
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................11
2 ANÁLISE FINANCEIRA DE EMPRESAS..............................................................16
3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................44
4 CONSIDERAÇÕES GERAIS..................................................................................58
REFERÊNCIAS..........................................................................................................61
APÊNDICE.................................................................................................................63
11
1 INTRODUÇÃO
Na atualidade, percebe-se no mundo um aumento do consumo por
ostentação, o que faz com que haja um estímulo considerável na produção de bens
de alta demanda, como por exemplo eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos, jóias e
automóveis. Com o advento da internet, o acesso a informações de tais produtos
torna-se cada vez mais fácil e simples, ampliando a demanda e a oferta dos
mesmos. Deste modo, o mercado consumidor torna-se cada vez mais crítico e
exigente, distinguindo esses produtos por detalhes ínfimos que os diferenciam entre
si e preferindo os produtos que mais se adéqüem às suas necessidades e ao seu
gosto, forçando a indústria a conhecer cada vez mais seu público-alvo e se adequar
às suas exigências.
Desde o período de explosão da indústria, os profissionais de marketing
trabalham com afinco para mensurar a demanda desses produtos e gerir metas de
produção a fim de atender a essas demandas e ao mesmo tempo ampliá-las,
criando uma nova realidade, a de que os produtos não mais sejam feitos para
durarem longos anos, e assim possam ser trocados mais rapidamente, permitindo
que eles os vendam novamente e os produzam mais.
Na indústria automobilística, embora exista certa preocupação com questões
ambientais, o ritmo de produção é intenso, pois a demanda por veículos cresce cada
vez mais. De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos
Automotores (FENABRAVE 2010A), no ano de 2008, o número de veículos vendidos
e emplacados no Brasil foi de 2.671.316, um aumento de 14,98% em relação ao ano
anterior, que foi de 2.323.192, o que transferiu o país de 9º para 6º colocado no
ranking mundial de vendas de automóveis, ainda assim tendo o maior índice de
crescimento do ranking, o qual é liderado pelos Estados Unidos, com 13.221.150
vendas apesar da queda no crescimento de 17,99% nesse período. Existe um leque
de modelos diferentes de veículos, adequados a cada tipo de consumidor, seja ele
um empresário, que necessite ampliar sua frota, ou um simples usuário para
passeio. O aumento da facilidade de acesso a crédito pessoal ofertado por
instituições financeiras no país faz com que o consumidor esteja sempre estimulado
a comprar veículos novos. Com base em relatórios do Banco Central (BACEN 2010)
e da Associação Brasileira de Bancos de Crédito (ABBC 2010), no ano de 2008, a
12
inserção de novas empresas de concessão de crédito no Brasil obteve um
crescimento de 10% em relação ao ano de 2007, gerando um maior consumo de
bens e conseqüentemente uma maior produção dos mesmos. Esse aumento do
consumo, que foi de 5,6%, gerou um acréscimo ao PIB de 5,1%, que em valores
monetários equivale a R$ 2,8 trilhões de reais. Ou seja, com o crédito mais fácil, o
consumidor se estimula a comprar mais, a indústria para atender à demanda produz
mais e o mercado fica abarrotado de novos produtos, no caso da indústria
automobilística, novos automóveis.
Com isso, criam-se novas empresas nos setores envolvidos, novas empresas
especializadas em manutenção de veículos e venda de peças de reposição, que são
concorrentes das concessionárias. Segundo dados estatísticos do Sindicato
Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (SINDIPEÇAS), o
crescimento do mercado de automóveis impulsiona cada vez mais o mercado de
autopeças e serviços especializados em automóveis no Brasil e no mundo. Até
2012, estima-se que a produção de veículos no Brasil seja da ordem de 4,62
milhões, e um total de motores de 5,07 milhões. De acordo com o SINDIPEÇAS, o
setor de autopeças movimentou R$ 57,2 bilhões no ano de 2009, contra R$ 54,9
bilhões registrados em 2008, um aumento de 4,19% na produção.
Com o lançamento de novos motores que equipam novos veículos, os
fabricantes de peças produzem mais para os segmentos de montagem, que são a
maior demanda do segmento, com 69% do faturamento, seguido pelo de
exportação, com 14%, o de reposição de peças, em que o foco da venda é para
empresas prestadoras de serviços automotivos, concorrentes das concessionárias
com 12% e o intersetorial, em que o fabricante vende para outro fabricante, com 5%
do faturamento. O setor de reposição, concorrente das concessionárias, encerrou o
ano de 2009 com crescimento de 4% em relação ao ano de 2008. Para 2010 o
SINDIPEÇAS prevê um faturamento total do segmento de autopeças da ordem de
R$ 62,6 bilhões, um aumento de 9,5% em relação ao ano de 2009.
Ou seja, com a maior facilidade de crédito, aumenta-se a demanda por
veículos, a produção de motores e consequentemente a produção de autopeças,
impulsionando a economia do país cada vez mais, gerando maior produção interna
(PIB) e estimulando a entrada de novas empresas no segmento.
Sendo assim, devido a uma maior concorrência, as empresas especializadas
em comercialização de peças e manutenção automotiva procuram cada vez mais
13
destacarem-se competitivamente no mercado, buscando melhoria contínua de
qualidade de seus produtos e serviços, e também nos seus processos de gestão.
Na cidade de Parelhas, interior do estado do Rio Grande do Norte, a empresa
do segmento citado, Morjunior Autopeças e Serviços Ltda., não diferente da
realidade do mercado, busca manter-se competitiva e perdurar na comercialização
de autopeças e serviços automotivos.
Criada em 1990, a Morjunior Autopeças e Serviços Ltda., que por ora será
mencionada apenas como Morjunior, iniciou suas atividades no ramo de comércio
de autopeças em varejo, e logo expandiu suas atividades para a prestação de
serviços automotivos de mecânica, abrangendo manutenção de sistemas de freio,
motor, suspensão, injeção eletrônica, ar-condicionado, trocas de óleo, correias e
filtros.
A empresa é considerada de pequeno porte, e dispõe de um enxuto quadro
de funcionários, o qual é composto por um gerente, um auxiliar administrativo e dois
mecânicos, além do sócio-proprietário. Sua administração traçou como objetivos
estratégicos para os próximos 5 (cinco) anos a ampliação de seus negócios
possivelmente com a abertura de uma filial, e pra isso tem como preocupação a sua
permanência no mercado, visto que o setor em que atua tem apresentado
crescimento no aspecto relativo a concorrentes, também adotou uma política de
reinvestimento dos lucros obtidos nos exercícios operacionais para a realização de
seus objetivos.
Operacionalmente, a Morjunior recebe os pagamentos de suas vendas à vista
ou a prazo em cartões de crédito, cheques e faturamentos em boletos para clientes
previamente cadastrados na empresa.
Por questões culturais de seus clientes e do município onde se encontra, é de
costume da empresa a venda a prazo sem garantias, popularmente conhecida como
“venda fiada”, ou seja, em que os clientes adquirem a mercadoria sem pagamento
no ato, apenas depois de certo prazo, gerando um float, que em português significa
flutuação de recebimento, para seu fluxo de caixa. Com o passar dos anos,
verificou-se através de análise de documentos da empresa, que essa prática tem
prejudicado a capacidade da empresa de pagar seus fornecedores nos prazos
acordados e também seu crédito perante os mesmos, tendo que recorrer muitas
vezes a instituições financeiras como forma de levantar recursos para pagamento de
dívidas.
14
Diante destes problemas de liquidez a empresa não dispõe de recursos
próprios para reinvestimentos, se fazendo necessário entender e analisar: Quais os
principais problemas de ordem financeira presentes no fluxo de caixa da
empresa Morjunior Autopeças e Serviços Ltda.?
Por isso se propôs um estudo na forma de pesquisa diagnóstico, visto que se
pretende explorar o ambiente, diagnosticar as lacunas existentes e propor sugestões
de melhoria para possíveis falhas de gerenciamento no que diz respeito ao
provimento de recursos financeiros provenientes do processo operacional da
empresa.
Delineou-se como objetivo geral da pesquisa entender e analisar como se
comporta o fluxo de caixa da empresa Morjunior Autopeças e Serviços Ltda., e os
objetivos específicos como: levantar e organizar documentos financeiros e contábeis
da empresa referida; calcular índices financeiros; analisá-los e compará-los com
índices anteriores; entrevistar clientes, representantes e administradores da
empresa a respeito de seu processo operacional; e por último sugerir melhorias.
Para que o estudo fosse viável, se fez necessária a verificação de índices
financeiros com base em dados contábeis e financeiros dos 02 (dois) últimos
exercícios da empresa, analisando-se profundamente, através de técnicas de
análise vertical e análise horizontal, a liquidez da empresa, seu faturamento, seu giro
de estoque, seus custos e como ela se comportou financeiramente nesse período, o
que proporcionou uma maior solidez e consistência ao estudo.
É válido salientar que esta pesquisa auxiliará a Morjunior Autopeças e
Serviços Ltda. a manter uma maior liquidez e capacidade de reinvestimento, bem
como proporcionará à empresa um maior conhecimento a respeito de seu
funcionamento operacional e como ele interfere no provimento de recursos
financeiros, mantendo-se por mais tempo competitiva no mercado. A pesquisa
também servirá como subsídio para outros estudos acadêmicos e para a melhoria
da gestão financeira de empresários interessados no assunto, pelo fato de ter-se
utilizado bibliografia específica para análises financeiras de empresas e ter
contribuído para o legado científico, o qual é amplamente utilizado por diversos
pesquisadores.
Deste modo, a presente monografia tem por área de conhecimento a
administração financeira, por subárea planejamento financeiro e por tema de
15
investigação a administração financeira de curto prazo com base em demonstrações
contábeis, financeiras e indicadores econômicos.
Está estruturada em quatro partes, iniciado por este seu primeiro capítulo
como introdução, no qual é explanada a contextualização, a problemática do estudo,
assim como os objetivos que se pretendia alcançar, seguido do segundo capítulo,
onde será demonstrado o referencial teórico, no qual foram explicitados conceitos e
abordagens de autores especializados sobre o tema estudado. Em seguida,
apresenta-se o terceiro capítulo, em que é abordada a metodologia aplicada à
pesquisa e a maneira em que o estudo se desenvolveu, mostrando e identificando
dados coletados e como foram utilizados para o atingimento do objetivo geral. Por
último, no quarto capítulo foram explicitadas as considerações gerais a respeito do
estudo e apresentadas sugestões de melhoria para a empresa estudada,
condizendo com os objetivos delineados anteriormente.
16
2 ANÁLISE FINANCEIRA DE EMPRESAS
Na atualidade, o mundo tem se tornado cada vez mais globalizado, as
informações estão cada vez mais acessíveis às pessoas, e os consumidores se
tornam cada vez mais exigentes em relação aos produtos e serviços disponíveis no
mercado. Estes se diferenciam entre si por pequenos detalhes, sejam eles de
natureza intrínseca ou extrínseca, ou seja, os detalhes podem ser oriundos de seu
processo de fabricação ou de influências externas do mercado, como modismos ou
necessidades mercadológicas. Os atributos desses produtos ou serviços estão
atrelados diretamente à sua aceitação no mercado consumidor, isso faz com que se
criem novas maneiras de diferenciação no mercado, e se busque constantemente
inovações por parte de empresas com o propósito de conseguir competitividade
perante as outras e manter-se por mais tempo no mercado.
Com o aumento da busca pela competitividade, faz-se necessária a gestão
estratégica das empresas, procurando-se gerir com maior eficiência os recursos a
fim de diferenciar-se de outras empresas concorrentes.
Autores como Bateman e Snell (1998, p. 35) dizem:
Para sobreviver e vencer, é preciso obter vantagem competitiva sobre os
concorrentes. É necessário ser melhor que os concorrentes em fazer coisas
de valor para os consumidores. Obtém-se vantagem competitiva pela
adoção de abordagens de administração que satisfaçam às pessoas (tanto
dentro quanto fora da empresa) por meio de competitividade em custos,
produtos de alta qualidade, velocidade e inovação.
Kotler (2000, p. 132) complementa dizendo:
O empreendedor deverá perseguir um conjunto de ferramentas ou
estratégias visando obter sucesso num ambiente competitivo. Alta
qualidade, bom serviço, inovação e preço são certamente os fatores chaves
para garantir resultados satisfatórios à empresa. No entanto sem esses
atributos a empresa está fadada ao fracasso, e com eles a empresa entra
no caminho do sucesso.
Para se tornar competitiva, uma empresa deve buscar um diferencial perante
seus concorrentes, deve orientar-se e seguir objetivos ligados a esse diferencial,
através de planejamento, organização, direção e controle, etapas do ciclo de
17
administração de uma empresa. Essas etapas estão dispostas segundo Bateman e
Snell (1998, p. 28) da seguinte maneira:
As atividades de planejamento incluem a análise da situação atual, a
antecipação do futuro, a determinação de objetivos, a decisão sobre em
que tipos de atividades a organização deverá se engajar, a escolha de
estratégias corporativas e de negócios, e a determinação dos recursos
necessários para atingir as metas da organização. Organizar é reunir e
coordenar os recursos humanos, financeiros, físicos de informação e outros
necessários ao atingimento dos objetivos. Liderar é estimular as pessoas a
serem grandes executores. É dirigir, motivar e comunicar-se com os
funcionários, individualmente e em grupos. A quarta função, controlar,
monitora o progresso e implementa as mudanças necessárias.
Já na visão de Silva (2010, p. 28), elas se conceituam da seguinte maneira:
O planejamento envolve decisões em relação ao futuro, visando identificar
e avaliar as melhores alternativas e suas conseqüências, incluindo os
riscos. [...] O conceito de organização abrange a própria estrutura
organizacional que tem como objetivo permitir que os planos possam ser
executados. [...] na função controle, é fundamental o uso da informação.
Daí a necessidade de confrontar os resultados atingidos com as metas
estabelecidas, de modo que permitam a ação gerencial sobre as causas
que eventualmente tenham inibido ou dificultado o alcance dos objetivos
preestabelecidos. [...] a coordenação desse ambiente interno é tarefa de
extrema importância na geração de valor para os acionistas. [...] O
planejamento, a organização, o controle e a coordenação possibilitam à
administração superior dirigir a empresa, tomando as decisões com maior
segurança, à medida que as informações são de melhor qualidade.
Utilizando
eficientemente
essas
etapas
do
ciclo
administrativo,
o
administrador pode atingir o objetivo principal de uma empresa: maximizar a riqueza
dos proprietários.
Isso é o que afirma Gitman (2004, p. 13) em suas palavras: “O objetivo da
empresa e, portanto, de todos os seus administradores e funcionários é maximizar a
riqueza de seus proprietários, em nome dos quais ela é gerida.”
Pode-se perceber que a finalidade de uma empresa é criar valor para seu
proprietário.
Silva (2010, p. 13) mostra que: “O objetivo da administração financeira é
frequentemente citado na bibliografia especializada, como a maximização da riqueza
do acionista”, o que remete à conclusão de que para se atingir o objetivo principal da
empresa, que é maximizar a riqueza de seus proprietários, a administração da
mesma deve ater-se em gerar bons resultados, assim como analisá-los também.
18
Ou seja, é de fundamental importância que a administração da empresa se
preocupe em maximizar a riqueza dos proprietários da mesma, direcionando seu
foco para a realização de tal proeza eficientemente, aproveitando da melhor maneira
possível todos os recursos disponíveis, e comparando seus resultados com os
alcançados em períodos anteriores, buscando sempre a melhoria e permanência no
mercado.
Vários fatores influenciam no processo de administração de uma empresa,
tais como fatores externos (decisões governamentais, economia, concorrência) e
fatores internos (nível de tecnologia da empresa, recursos, capacidade de
gerenciamento). Antes de se planejar objetivos estratégicos para uma empresa é
necessário se fazer uma análise estruturada de mercado e da própria empresa. As
razões mais freqüentes que levam a uma análise de empresa envolvem dados
econômico-financeiros, por isso se faz necessária impreterivelmente a utilização de
uma análise financeira.
Como Silva (2010, p. 28) afirma:
A alta direção da empresa precisa de informações resumidas que
possibilitem tomadas de decisões mais rápidas e eficazes, enquanto as
gerências intermediárias necessitarão de informações detalhadas sobre as
áreas que estão sob sua responsabilidade.
Olhando por esse viés, Gitman (2004, p. 9) complementa:
Os administradores financeiros precisam compreender o arcabouço
econômico e estar atentos para as conseqüências da variação dos níveis
de atividade econômica e das mudanças de política econômica. Também
devem estar preparados para usar as teorias econômicas como diretrizes
para o funcionamento eficiente da empresa.
Uma análise financeira deve levar em consideração todos os fatores que
envolvem a empresa, isso inclui os externos e os internos. É necessário se ter
conhecimento de todas as variáveis envolvidas no processo.
Segundo Silva (2010, p. 04), “A análise financeira precisa ter um enfoque
holístico, abrangendo a estratégia da empresa, suas decisões de investimento e de
financiamento e suas operações.”.
Assaf Neto e Silva (2002, p. 39) complementam dizendo, “Contextos
econômicos modernos de concorrência de mercado exigem das empresas maior
19
eficiência na gestão financeira de seus recursos, não cabendo indecisões sobre o
que fazer com eles.”.
Na visão de Assaf Neto (2008, p. 44), “Uma empresa é avaliada pelo todo, por
seu potencial de lucro, tecnologia absorvida, qualidade de seus produtos, estratégias
financeiras, preços, imagem, participação de mercado etc., e não somente por um
único componente.”.
Por isso, não se pode analisar financeiramente uma empresa apenas com
base em um único componente, é necessária uma visão global, estratégica, que
esteja de acordo com os objetivos de seus sócios. Um dos principais objetivos da
análise financeira é o fornecimento de informações necessárias a tomadas de
decisões, e o uso de índices financeiros calculados com base em demonstrações
contábeis é a técnica mais comumente utilizada na análise financeira de empresas.
Esta técnica permite conhecer como a empresa se comportou segundo decisões
tomadas e quais aspectos podem ser melhorados para que haja melhoria no
aumento de seu valor.
A análise das demonstrações financeiras visa fundamentalmente ao estudo
do desempenho econômico-financeiro de uma empresa em determinado
período do passado, para diagnosticar, em conseqüência, sua posição atual
e produzir resultados que sirvam de base para a previsão de tendências
futuras. (ASSAF NETO, 2008, p.109)
Para Silva (2010, p. 03), “A análise financeira é uma ferramenta que nos
auxilia na avaliação da empresa. A contabilidade é a linguagem dos negócios e as
demonstrações contábeis são os canais de comunicação que nos fornecem dados e
informações para diagnosticarmos o desempenho e a saúde financeira da
empresa.”.
Matarazzo (2003, p. 17) complementa e diz:
O analista de balanços preocupa-se com as demonstrações financeiras que,
por sua vez, precisam ser transformadas em informações que permitam
concluir se a empresa merece ou não crédito, se vem sendo bem ou mal
administrada, se tem ou não condições de pagar suas dívidas, se é ou não
lucrativa, se vem evoluindo ou regredindo, se é eficiente ou ineficiente, se
irá falir ou se continuará operando.
No Brasil, o Código Civil convencionou, utilizando-se da lei que dispõe sobre
as sociedades por ações, de n° 6.404 de 15 de dezembro de 1976, em seu capítulo
XV, seção II, 176° artigo, que as demonstrações contábeis a serem cobradas para
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fins de divulgação aos acionistas de empresas abertas fossem quatro: Balanço
Patrimonial (BP); Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA);
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e Demonstração de Fluxos de
Caixa (DFC).
Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na
escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações
financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da
companhia e as mutações ocorridas no exercício:
I – balanço patrimonial;
II – demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;
III – demonstração do resultado do exercício; e
IV – demonstração dos fluxos de caixa; e
V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. (LEI n°
6.404/76, Cap.XV, seção II, art.176)
São essas as demonstrações mais utilizadas para efeitos de análise
financeira de uma empresa. Conforme a lei n° 6.404/76, para as empresas abertas,
ou Sociedade Anônimas (S.A), em que seu capital é dividido em partes iguais
(ações) para vários acionistas, essas demonstrações são obrigatoriamente
divulgadas em diário oficial, como meio de manter a transparência na divulgação de
seus dados contábeis e financeiros, a fim de que seus acionistas estejam sempre
cientes de suas atividades.
Porém, para empresas de capital fechado (Ltda.), em que seu capital é
dividido em quotas para um número restrito de sócios ou quotistas, a lei n° 6.404/76
prevê que essas demonstrações não são obrigatoriamente divulgadas em diário
oficial, apenas servem como instrumento para apresentação à receita federal como
meio de declarar imposto de renda, e para a análise e administração das mesmas.
Marion (2004, p. 44) explica que:
O tratamento destas demonstrações financeiras varia de acordo com o tipo
de constituição da sociedade empresarial. Há dois tipos principais: as
sociedades anônimas (S.A.) e as sociedades por quota de responsabilidade
limitada (Ltda.).
A S.A. (ou companhia), que se caracteriza por seu capital dividido em partes
iguais chamadas ações (os proprietários, geralmente em grande número,
são denominados acionistas), deverá publicar as Demonstrações
Financeiras no Diário Oficial e em outro jornal de grande circulação editado
na localidade onde se situa a empresa.
A Ltda., que se caracteriza por seu capital dividido em quotas (os
proprietários, geralmente em pequeno número, são denominados sócios ou
quotistas), não precisa publicar em jornal, mas deverá apresentar as
demonstrações financeiras junto ao Imposto de Renda ou para atender ao
novo Código Civil.
21
No mesmo contexto Silva (2010, p. 52) afirma:
As sociedades anônimas, conforme já foi dito, são obrigadas a publicar
anualmente suas demonstrações contábeis, de forma comparativa, isto é,
referente aos dois últimos exercícios. As empresas de capital aberto têm
outras obrigações: (a) semestralmente elaboram e publicam demonstrações
contábeis e (b) trimestralmente elaboram informações resumidas (ITR), que
são destinadas ao mercado de capitais. De certo modo, isso já representa
boa freqüência no fornecimento de informações aos seus usuários.
E continua dizendo:
Por outro lado, à medida que trabalhamos com empresas que não sejam de
capital aberto (e nem sociedades de grande porte), a tendência passa a ser
de que muitas empresas orientam a freqüência e a estruturação das
informações contábeis para atender às exigências de ordem tributária.
(SILVA, 2010, p.53)
Ou seja, a obrigatoriedade da divulgação das demonstrações contábeis fica
destinada apenas às Sociedades Anônimas (S.A.), ficando as Limitadas (Ltda.)
obrigadas apenas a apresentá-las à Receita Federal.
Para se dar início ao conhecimento das demonstrações contábeis relatadas
anteriormente, pode-se falar do balanço patrimonial, no qual estão dispostas
informações a respeito dos direitos e das obrigações da organização. Que como
citado por Silva (2010), deve ser apresentado de forma comparativa, explicitando os
dois últimos exercícios.
Em $ mil
ATIVO
PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
31/12/X1 31/12/X2
31/12/X1 31/12/X2
Circulante
Circulante
Disponível
Fornecedores
Duplicatas a Receber
Salários a Pagar
Estoque
Impostos a Pagar
Total do Circulante
Encargos a Pagar
Realizável a Longo Prazo
Empréstimos a Pagar
Empréstimo a Coligadas
Empréstimos Bancos
Títulos a Receber
Contas a Pagar
Total do Realizável a L. Prazo
Quadro 1 – Balanço Patrimonial
Fonte: Adaptado de (MARION, 2004, p. 68).
Total do Circulante
22
Permanente
Exigível a Longo Prazo
Investimentos
Financiamentos
Ações Outras Companhias
Terrenos p. Expansão
Patrimônio Líquido
Capital
Imobilizado
Lucros Acumulados
Total do Patrimônio
Líquido
Prédios
Veículos
Móveis e Utensílios
Máquinas e Equipamentos
Diferido
Gastos pré-operacionais
Total do Permanente
TOTAL
TOTAL
Quadro 1 – Balanço Patrimonial (Continuação)
Fonte: Adaptado de MARION, 2004, p. 68).
Silva (2010, p. 73) descreve:
Resumindo, o balanço retrata a posição patrimonial da empresa em
determinado momento, composta por bens, direitos e obrigações. O ativo
mostra onde a empresa aplicou os recursos, ou seja, os bens e direitos que
possui. O passivo mostra de onde vieram os recursos, isto é, os recursos
provenientes de terceiros e os próprios. Os recursos próprios podem ser
originários de capital colocado na empresa pelos sócios ou de lucro gerado
pela empresa.
E Matarazzo (2003, p. 41) complementa:
É a demonstração que apresenta todos os bens e direitos da empresa –
Ativo -, assim como as obrigações – Passivo Exigível – em determinada
data. A diferença entre Ativo e Passivo é chamada Patrimônio Líquido e
representa o capital investido pelos proprietários da empresa, quer através
de recursos trazidos de fora da empresa, quer gerados por esta em suas
operações e retidos internamente.
Nesta demonstração contábil, pode se visualizar de onde vêm os recursos
que financiam a empresa, através do Passivo e Patrimônio Líquido, e como esses
recursos estão sendo utilizados, no Ativo, onde se encontram os bens da empresa.
A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) consiste na síntese de
dados sobre as operações da empresa. Nela constam dados a respeito de seu
faturamento, suas despesas, incluindo impostos e contribuições, além do lucro
obtido por suas operações.
23
Marion (2004, p. 91) explica:
A demonstração do resultado do exercício é um resumo ordenado das
receitas e despesas da empresa em determinado período, normalmente 12
meses. É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas
subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou
prejuízo)
Com outras palavras Gitman (2004, p. 36) diz:
A demonstração do resultado do exercício fornece uma síntese financeira
dos resultados operacionais da empresa durante certo período. São mais
comuns aquelas que cobrem o período de um ano, com encerramento em
uma data especificada, geralmente 31 de dezembro do ano civil.
Numa retórica mais abrangente Matarazzo (2003, p. 45) expõe:
A Demonstração do Resultado Exercício é uma demonstração dos
aumentos e reduções causados no Patrimônio Líquido pelas operações da
empresa. As receitas representam normalmente aumento do ativo, através
de ingresso de novos elementos, como duplicatas a receber ou dinheiro
proveniente das transações. Aumentando o Ativo, aumenta o Patrimônio
Líquido. As despesas representam redução do Patrimônio líquido, através
de um entre dois caminhos possíveis: redução do Ativo ou aumento do
Passivo Exigível. Enfim, todas as receitas e despesas se acham
compreendidas na Demonstração do Resultado, segundo uma forma de
apresentação que as ordena de acordo com a sua natureza; fornecendo
informações significativas sobre a empresa. A Demonstração do Resultado
é, pois, o resumo do movimento de certas entradas e saídas no balanço,
entre duas datas. Por isso, há autores clássicos americanos que chamam a
demonstração do resultado de Fluxo (movimento) de Renda.
Como exemplo pode-se estudar o quadro a seguir:
Exercício findo em
31/12/X1
31/12/X2
Receita
(-) Custo Mercadorias
Vendidas
Lucro Bruto
(-) Despesas Operacionais
De Vendas
Administrativas
Financeiras
Lucro Operacional
Quadro 2 – Demonstração do Resultado do Exercício
Fonte: Adaptado de (MARION, 2004, p. 106).
24
(-) Imposto de
Renda/Contribuição Social
Lucro Líquido
Quadro 2 – Demonstração do Resultado do Exercício (Continuação)
Fonte: Adaptado de (MARION, 2004, p. 106).
É importante perceber que enquanto o Balanço Patrimonial demonstra a
posição da empresa em certo período comparando com o período anterior, a
Demonstração do Resultado do Exercício compara a mudança nesses períodos da
receita, das despesas e do lucro.
Na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, também chamada
por alguns autores de Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados,
evidencia-se a distribuição do lucro obtido pela empresa e como ele está sendo
canalizado para alcance dos seus objetivos. Nessa demonstração fica clara a
alteração em contas contábeis como a de reservas de capital, dividendos e capital
social, pode se visualizar no modelo a seguir:
Reservas de Capital
Capital
Realizado
Correção
Monetária
do capital
Ágio na
Emissão
de Ações
Reservas de Lucro
Incentivos
Fiscais
Reserva
Legal
Saldos em 31/12/X1
Correção Monetária
Aumentos de Capital
com Lucros e Reservas
por Subscrições Realizadas
Lucro líquido do Exercício
Destinação do Lucro Líquido
Reserva Legal
Reserva Estatutária
Dividendos
Saldo em 31/12/X2
Quadro 3 – Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Fonte: MATARAZZO, (2003, p. 47).
Reserva
Estatutária
Lucros
Acumulados
Total
25
Essa demonstração contábil é explicada por Silva (2010, p. 75) da seguinte
maneira:
A demonstração das mutações do patrimônio líquido mostra as
movimentações ocorridas com os lucros ou prejuízos acumulados e as
movimentações ocorridas nas demais contas que integram o patrimônio
líquido.
Marion (2004, p. 100) ressalta:
Evidencia o “destino” do lucro, a canalização, a distribuição do lucro do
exercício. Havendo sobras (saldos) de lucros de exercícios anteriores não
distribuídos, estas sobras são adicionadas ao lucro do exercício atual. Daí
a expressão Lucros Acumulados.
Complementando o raciocínio de ambos os autores, Matarazzo (2003, p. 46)
redige da seguinte maneira:
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido apresenta as
variações de todas as contas do Patrimônio Líquido ocorridas entre dois
balanços, independentemente da origem da variação, seja ela proveniente
da correção monetária, de aumento de capital, de reavaliação de
elementos do ativo, de lucro ou de simples transferência entre contas,
dentro do próprio Patrimônio Líquido.
Percebe-se que enquanto a Demonstração do Resultado do Exercício mostra
como se chegou ao aumento ou diminuição do Patrimônio Líquido de uma empresa,
a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido transparece todas as contas
do Patrimônio Líquido que foram alteradas, em virtude disso, pode-se dizer que essa
demonstração contábil serve mais como complemento a uma análise financeira do
que como item imprescindível para tomadas de decisões.
Dentro desse contexto de demonstrações contábeis complementares se
encaixa a Demonstração de Fluxos de Caixa, na qual estão dispostas as entradas e
as saídas dos recursos disponíveis no caixa de uma empresa, definidas por Ross,
Westerfield e Jaffe (2008) como uma demonstração que “ajuda a explicar a variação
dos saldos de caixa e aplicações financeiras”.
Matarazzo (2003, p. 363) explica a Demonstração de Fluxos de Caixa dizendo
que “Fluxo significa movimento. Assim, fluxo de caixa pode ser definido como
movimento de caixa”. O mesmo autor segue afirmando que:
26
A Demonstração do Fluxo de Caixa é peça imprescindível na mais
elementar atividade empresarial e mesmo para pessoas físicas que se
dedicam a algum negócio. Quase sempre os problemas de insolvência ou
iliquidez ocorrem por falta de adequada administração do fluxo de caixa;
daí a importância de sua análise. (MATARAZZO, 2003, p. 363)
Silva (2010, p. 447) explicita que “A expressão fluxo de caixa, portanto, deve
ter uma amplitude maior, envolvendo os pagamentos e os recebimentos em geral. A
análise do fluxo de caixa examina a origem e aplicação do dinheiro que transitou
pela empresa.”. Seguindo esse raciocínio, Marion (2004, p. 110) afirma:
Sem um fluxo de caixa projetado a empresa não sabe antecipadamente
quando precisará de um financiamento (e normalmente sai desesperada,
quando seu caixa estoura, fazendo as piores operações que existem:
cheque especial, desconto de duplicatas...) ou quando terá, ainda que
temporariamente, sobra de recursos para aplicar no mercado financeiro
(ganhando juros, reduzindo o custo do capital de terceiros emprestado).
Daí os insucessos financeiros.
Pode-se visualizar uma Demonstração de Fluxos de Caixa no quadro em
destaque a seguir:
31/12/X1 31/12/X2
Atividades operacionais
Receita recebida
(-) Despesas pagas
(=) Caixa gerado
Financiamentos
Empréstimos obtidos
Investimentos
(-) Aquisição de
imobilizado
(=) Resultado
Quadro 4 – Demonstração de Fluxo de Caixa
Fonte: Adaptado de MARION, 2004, p.112.
27
Silva (2010, p. 447) justifica a utilização da Demonstração de Fluxos de Caixa
da seguinte maneira:
A análise do fluxo de caixa auxiliará no entendimento da proveniência e do
uso do dinheiro na empresa e poderá levar a medidas administrativas de
correção de rota no gerenciamento dos negócios da empresa.
E defende que:
A expressão fluxo de caixa, portanto, deve ter uma amplitude maior,
envolvendo os pagamentos e os recebimentos em geral. A análise do fluxo
de caixa examina a origem e aplicação do dinheiro que transitou pela
empresa. (SILVA, 2010, p. 447)
Na visão de Gitman (2004, p. 89):
A demonstração de fluxos de caixa permite ao administrador financeiro e a
outros interessados fazer uma análise do fluxo de caixa da empresa. Ele
deve prestar especial atenção tanto nas principais categorias do fluxo de
caixa quanto nas entradas e saídas individuais para verificar se aconteceu
algo que seja contrário às políticas financeiras da empresa. Além disso, a
demonstração pode ser usada para aferir o progresso alcançado em
termos de metas projetadas, ou para identificar situações de ineficiência.
Embora não seja muito divulgada por empresas, por informar o faturamento e
as despesas do processo operacional, a Demonstração de Fluxos de Caixa é de
suma importância ao administrador da empresa, pois com essa demonstração, fica
mais fácil de visualizar o comportamento operacional da empresa, se houve algo
que seja diferente das metas anteriormente estipuladas pela administração da
mesma.
O Código Civil brasileiro, em sua lei nº 6.404/76, como exposto anteriormente,
prevê o uso de mais uma demonstração contábil, a Demonstração de Valor
Adicionado (DVA), porém é cobrada a sua confecção e publicação apenas de
empresas de capital aberto ou as S.A., como forma de esclarecer seus acionistas a
respeito do seu andamento, e da alteração de seu valor de mercado, ou seja, o valor
de sua ação.
Segundo Silva (2010, p. 80):
Adicionalmente, a CVM, através de seu Ofício-Circular CVM/SCN/SEP nº
01/00 recomenda que a DVA seja elaborada e publicada em caráter
opcional. Na prática, algumas empresas já a estão divulgando em caráter
complementar.
28
Silva (2010, p. 80) também explica a Demonstração de Valor Adicionado
dizendo:
A DVA mostra a geração de valor e sua distribuição, para pagamento de
insumos, para pagamento de salários aos empregados, impostos ao
governo, dividendos e juros sobre o capital próprio aos acionistas e
reinvestimento na empresa.
A Demonstração de Valor Adicionado (DVA) mostra a geração de riqueza e a
forma como foi distribuída. Diferentemente da Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE), que informa o resultado do período, se houve lucro ou se houve
prejuízo, e detalha seus componentes.
Pode-se tomar como exemplo da DVA o quadro exposto em seguida:
31/12/X1 31/12/X2
Receitas
(-) Provisão devedores duvidosos
(-) Resultado não operacional
(-) Insumos adquiridos de terceiros
(=) Valor Adicionado Bruto
Retenções
(-) Depreciações
Valor Adicionado Líquido
(+) Equivalência patrimonial
Valor Adicionado a Distribuir
(-) Remuneração do trabalho
(-) Remuneração do Governo
(-) Remuneração dos Acionistas
(-) Remuneração de Financiamentos
(-) Reinvestimento de Lucros
(=) Total Valor Adicionado
Distribuído
Quadro 5 – Demonstração de Valor Adicionado
Fonte: Adaptado de (SILVA, 2010, p. 81)
29
Pode-se dizer resumidamente, que as demonstrações contábeis mostram o
andamento de uma empresa, como se comportam os seus gastos e investimentos,
assim como a sua fonte de recursos e como seu processo operacional contribui para
o resultado final, auxiliando a administração da mesma a tomar decisões que
condigam com os objetivos estratégicos traçados.
Porém, essas decisões condizentes com os objetivos estratégicos de uma
empresa devem estar embasadas não apenas no conhecimento das suas
demonstrações contábeis, mas também no conhecimento de índices-padrões de
análise de demonstrações contábeis. Índices estes, que com o passar dos anos vêm
sendo aprimorado e auxiliando cada vez mais administradores e analistas de
empresas a tomar decisões concisas e sólidas para melhor geri-las e mantê-las
competitivas no mercado. É de suma importância não só o conhecimento por parte
desses administradores e analistas de empresas dos índices utilizados para análise
gerencial de demonstrações contábeis, mas também de acionistas e possíveis
clientes dessas empresas, para se conhecer o andamento econômico-financeiro das
mesmas e utilização desses indicadores para tomadas de decisões de investimento,
além de possíveis credores, fontes de recursos, com o propósito de concessão de
crédito para investimentos. Por isso se fazem necessárias a demonstração desses
índices e suas devidas explicações.
Os índices financeiros podem ser classificados em cinco modalidades
básicas: liquidez, atividade, endividamento, rentabilidade e valor de mercado.
A liquidez de uma empresa é a capacidade de a empresa honrar seus
compromissos de curto prazo. Segundo Silva (2010, p. 283):
Os índices de liquidez visam fornecer um indicador da capacidade da
empresa de pagar suas dívidas, a partir da comparação entre os direitos
realizáveis e as exigibilidades. No geral, a liquidez decorre da capacidade
de a empresa ser lucrativa, da administração de seu ciclo financeiro e de
suas decisões estratégicas de investimento e financiamento.
Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 46) complementam:
Os índices de solvência a curto prazo medem a capacidade da empresa
para saldar obrigações financeiras repetitivas (ou seja, pagar suas contas).
Na medida em que uma empresa conta com fluxo de caixa suficiente, ela
tende a ser capaz de evitar o descumprimento de suas obrigações
financeiras e, com isso, evitar dificuldades financeiras. A liquidez contábil
mede a solvência a curto prazo e é freqüentemente associada ao capital de
30
giro líquido, ou seja, a diferença entre ativos circulantes e passivos
circulantes.
Para Gitman (2004, p. 46):
A liquidez de uma empresa é medida por sua capacidade de cumprir as
obrigações de curto prazo à medida que vencem. Corresponde à solvência
da posição financeira geral da empresa – a facilidade com que pode pagar
suas contas.
Numa retórica mais sucinta a respeito de índices de liquidez, Lemes Junior,
Miessa Rigo e Mussi Szabo Cherobim (2005, p. 74) afirmam que “medem a
capacidade da empresa saldar seus compromissos no curto prazo. Evidenciam a
solvência geral da empresa.
O Índice de Liquidez Corrente (LC) é igual ao Ativo Circulante (AC) dividido
pelo Passivo Circulante (PC).
LC = AC / PC
Em geral utiliza-se como parâmetro para esse índice, o valor de 1 a 1,5 como
boa liquidez. Segundo Gitman (2004, p. 46):
Em geral, quanto mais alto o valor do índice de liquidez corrente, mais a
empresa é considerada líquida. Um índice de liquidez corrente igual a 2 é
ocasionalmente aceitável, mas a aceitação de um valor depende do setor
no qual a empresa atua.
Na visão de Silva (2010, p. 288):
Alguns autores mencionam que o índice tem de ser maior que 1 (um),
outros consideram que acima de 1,5 (um e meio) já é muito bom. Nosso
entendimento é de que o índice de liquidez corrente tem sua validade como
instrumento comparativo entre empresas do mesmo porte, da mesma
atividade e da mesma região geográfica, porém, como medida isolada, não
se pode afirmar que a liquidez corrente é boa ou ruim, acima ou abaixo de 1
ou 1,5; tudo dependerá do tipo de atividade da empresa, especialmente de
seu ciclo financeiro, que deve considerar os prazos de rotação dos
estoques, recebimento das vendas e pagamento das compras.
O índice de liquidez corrente indica a capacidade de honrar suas dívidas de
curto prazo.
31
Já o índice de liquidez seca, se distingue desse por não considerar o valor de
estoques juntamente com o ativo circulante. Mede a capacidade de a empresa
converter seus ativos em dinheiro.
Segundo Gitman (2004, p. 46):
O índice de liquidez seca é semelhante ao índice de liquidez corrente,
exceto pelo fato de que exclui os estoques, geralmente os ativos circulantes
menos líquidos de todos.
Complementando, Silva (2010, p. 289) redige:
O índice de liquidez seca (acid test) indica quanto a empresa possui em
disponibilidades (dinheiro, depósitos bancários a vista e aplicações
financeiras de liquidez imediata), aplicações financeiras a curto prazo e
duplicatas a receber, para fazer face a seu passivo circulante.
O Índice de Liquidez Seca (LS) é igual ao Ativo Circulante (AC) menos o
Estoque (E) dividido pelo Passivo Circulante (PC).
LS = AC – E / PC
Segundo Gitman (2004, p. 46):
Um índice de liquidez seca de pelo menos 1 é ocasionalmente
recomendado, mas, tal como no caso do índice de liquidez corrente, o valor
considerado aceitável depende muito do setor.
Para Silva (2010, p. 289):
A interpretação do índice de liquidez seca segue o mesmo raciocínio dos
índices de liquidez geral e corrente, isto é, do ponto de vista de capacidade
de pagamento, quanto maior, melhor, mantidos constantes os demais
fatores.
Utiliza-se também o índice de liquidez geral, que mede a capacidade de a
empresa honrar seus compromissos de curto e longo prazo.
Silva (2010, p. 283) afirma que:
O índice de Liquidez Geral (Current and long term assets to liabilities) indica
quanto a empresa possui em dinheiro, bens e direitos realizáveis a curto e
longo prazo, para fazer face às suas dívidas totais.
32
O Índice de Liquidez Geral é igual à soma do Ativo Circulante (AC) com o
Realizável a Longo Prazo (RLP) divida pela soma do Passivo Circulante (PC) com o
Exigível a Longo Prazo (ELP).
LG = AC + RLP / PC + ELP
O Capital de Giro Líquido (CGL) também constitui um indicador financeiro de
liquidez da empresa, proveniente da diferença entre o ativo circulante (AC) e o
passivo circulante (PC), é definido por Sanvicente (1987, p. 178) da seguinte
maneira:
Esta relação, que fornece um valor monetário absoluto, corresponde à
mesma noção subjacente ao índice de liquidez corrente, ou seja, à
proporção de ativos transformáveis em dinheiro da empresa para saldar os
compromissos com vencimentos em curto prazo.
Para Silva (2010, p. 374) a qualidade da liquidez, tomando como base o CGL
dependerá do segmento em que a empresa atua.
O cálculo do Capital de Giro Líquido se dá da seguinte maneira:
CGL = AC – PC
Também são utilizados na análise de empresas os índices financeiros de
atividade, que medem o quão utilizados são os ativos da mesma. Na visão de
Gitman (2004, p. 47):
Os índices de atividade medem a velocidade com que as várias contas são
convertidas em vendas ou caixa – entradas ou saídas. No que se refere a
contas de ativo ou passivo circulante, as medidas de liquidez são
geralmente inadequadas, porque as diferenças na composição dos ativos e
passivos circulantes de uma empresa geral e aferir a atividade (liquidez) de
contas específicas.
O Giro do Ativo Total é um desses índices, e indica com que eficácia a
empresa está utilizando seus ativos. Segundo ROSS, WESTERFIELD e JAFFE
(2008, p. 47):
Esse índice visa indicar com que eficácia uma empresa está utilizando
todos os seus ativos. Se o índice de giro de ativos for elevado, a empresa
33
presumivelmente estará usando seus ativos eficazmente em termos de
geração de vendas. Se o valor do índice for baixo, a empresa não estará
utilizando todos os seus ativos no limite de sua capacidade, devendo
aumentar as vendas ou desfazer-se de alguns dos ativos.
Para Silva (2010, p. 235):
O giro do ativo (turnover asset) é um dos principais indicadores da atividade
da empresa. Estabelece relação entre as vendas do período e os
investimentos totais efetuados na empresa, que estão representados pelo
ativo total médio.
O Giro do Ativo Total (GAT) é igual ao quociente entre o total das Receitas
Operacionais (RO) e o Ativo Total Médio (ATm).
GAT = RO / ATm
Vale ressaltar que o Ativo Total Médio é encontrado calculando-se a soma do
Ativo Total do exercício atual com o Ativo Total do exercício anterior e dividindo por
dois.
Para Gitman (2004, p. 49):
Em geral, quanto mais alto o giro do ativo total de uma empresa, mais
eficientemente seus ativos estão sendo usados. Essa medida interessa
principalmente à administração da própria empresa porque indica se suas
operações têm sido eficientes ou não.
Outro índice de atividade é o Giro de Contas a Receber, que mede a eficácia
da gerência do Contas a Receber. Para ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (2008, p.
47):
O índice giro de contas a receber e o prazo médio de recebimento oferecem
alguma informação a respeito do êxito com o qual a empresa está gerindo
seu investimento em contas a receber. O valor efetivo desses índices reflete
a política de crédito adotada pela empresa. Se uma empresa estiver usando
uma política de crédito liberal, o saldo de suas contas a receber será mais
elevado. Uma regra prática comum usada pelos analistas financeiros diz
que o prazo médio de recebimento de uma empresa não deve superar em
mais de 10 dias o prazo determinado para pagamento.
O Giro do Contas a Receber (GCR) é igual ao quociente entre as Receitas
Operacionais (RO) e o Contas a Receber (CR).
34
GCR = RO / CR
Também se utiliza o Giro de Estoques, que mede a capacidade de a empresa
girar as mercadorias presentes no seu estoque através de seu ciclo operacional.
Como Gitman (2004, p. 47) diz: “O giro de estoques mede a atividade ou liquidez do
estoque de uma empresa.”
O Giro de Estoques (GE) é o quociente entre o Custo de Mercadorias
Vendidas (CMV) e o Estoque (E).
GE = CMV / E
Gitman (2004, p. 47) complementa o pensamento afirmando:
O giro resultante só tem algum significado se comparado ao de outras
empresas pertencentes ao mesmo setor ou então ao valor passado do giro
de estoques da própria empresa. Um giro de 20 não seria incomum para um
supermercado, ao passo que um giro comum de estoques de uma empresa
fabricante de aeronaves poderia ser igual a 4. O giro de estoques pode ser
facilmente convertido em um índice de idade média dos estoques ao ser
dividido por 360 – supondo ser esse o número de dias num ano.
Para Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 47): “Os índices de giro de estoque
medem quão rapidamente o estoque é produzido e vendido. São significativamente
afetados pela tecnologia de produção dos bens fabricados.”
Silva (2010, p. 255) ressalta que:
Do ponto de vista de análise de risco, prazo médio de rotação de estoques
é um índice do tipo “quanto maior, pior”, mantidos constantes os demais
fatores. Por outro lado, convém analisá-lo também juntamente com os
prazos de recebimento e pagamento, para termos idéia do ciclo financeiro
da empresa.
O Prazo Médio de Recebimento (PMR) também é utilizado na análise de
índices de atividade, e consiste no quociente entre o saldo médio do Contas a
Receber (CR) e Vendas Diárias Médias (VDm).
PMR = CR / 360 / VDm
35
Segundo Gitman (2004, p. 47):
O prazo médio de recebimento, ou idade média das contas a receber, é útil
na avaliação das políticas de crédito e cobrança. Chega-se ao seu valor
dividindo-se o valor diário médio das vendas pelo saldo de contas a receber.
Para Silva (2010, p. 256): “O prazo médio de recebimento das vendas (Days
Sales Outstanding – DSO) indica quantos dias, em média, a empresa leva para
receber suas vendas.
Há ainda o Prazo de Pagamento de Contas (PPC), que informa a média de
dias que a empresa leva para pagar suas dívidas. Pode-se calculá-lo encontrando o
quociente entre o total do saldo médio do Contas a Pagar (CP) e o total de Compras
Diárias Médias (CDm).
PPC = CP /360 / CDm
Na visão de Gitman (2004, p. 48) “O prazo médio de pagamento, ou idade
média das contas a pagar, é calculado da mesma maneira que o prazo médio de
recebimento.”
E continua complementando:
Os possíveis fornecedores de recursos financeiros, produtos e serviços
estão interessados no prazo médio de pagamento principalmente porque
ele lhes dá uma noção dos padrões de pagamento de contas. (GITMAN,
2004, p. 48)
Na visão de Silva (2010, p. 257): “O prazo médio de pagamento das compras
(Days’ Purchases in Accounts Payable) indica quantos dias, em média, a empresa
demora para pagar seus fornecedores.
O autor segue complementando:
O prazo médio de pagamento das compras é um índice do tipo “quanto
maior, melhor”, mantidos constantes os demais fatores e desde que o seu
volume de fornecedores não se mantenha alto por atraso nos pagamentos.
(SILVA, 2010, p. 260)
Complementando o assunto de índices financeiros, demonstram-se os índices
de alavancagem financeira, ou endividamento, que apontam o nível de
endividamento da empresa perante seus recursos.
36
Para Gitman (2004, p. 49):
O índice de endividamento de uma empresa indica o volume de dinheiro de
terceiros usado para gerar lucros. Em geral, o analista financeiro preocupase mais com as dívidas de longo prazo porque elas comprometem a
empresa com uma série de pagamentos por muitos anos. Como é
necessário saldar as obrigações com os credores antes de distribuir lucros
aos acionistas, os acionistas atuais e futuros prestam muito atenção na
capacidade de pagamento de dívidas da empresa. Os fornecedores de
recursos financeiros se interessam pelo endividamento da empresa, e os
administradores, obviamente, também devem se preocupar com ele. Em
geral, quanto mais capital de terceiros é usado por uma empresa em
relação a seus ativos totais, maior sua alavancagem financeira, isto é, a
ampliação do risco e do retorno introduzida pelo uso de financiamento a
custo fixo, como o obtido com a emissão de títulos de dívida e ações
preferenciais. Quanto mais uma empresa servir-se de dívidas a custo fixo,
maiores serão o risco e o retorno dela esperados.
Na visão de Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 48):
A alavancagem financeira está associada à intensidade com a qual a
empresa utiliza recursos de terceiros, em lugar de recursos próprios. As
medidas de alavancagem financeira representam ferramentas de
determinação da probabilidade de que a empresa deixe de saldar as dívidas
contraídas. Quanto mais endividada estiver uma empresa, mais provável é
que se torne incapaz de cumprir suas obrigações contratuais. Em outras
palavras, muita dívida pode levar a uma probabilidade maior de insolvência
e dificuldades financeiras.
Um índice muito utilizado para medir alavancagem financeira é o Índice de
Endividamento Geral (EG), que pode ser encontrado calculando-se o quociente
entre o Passivo Total (PT) e o Ativo Total (AT).
EG = PT / AT
Gitman (2004, p. 50) afirma que:
O índice de endividamento geral mede a proporção dos ativos totais
financiada pelos credores da empresa. Quanto mais alto o valor desse
índice, maior o volume relativo de outros investidores usado para gerar
lucros na empresa.
37
Na visão de Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 48):
Os índices de endividamento fornecem informação referente à proteção dos
credores contra insolvência e à capacidade de obtenção de financiamento
adicional pelas empresas, tendo em vista o aproveitamento de
oportunidades de investimento potencialmente atraentes.
Silva (2010, p. 274) diz que:
Esse índice indica a participação do passivo financeiro (PF) no
financiamento do ativo da empresa (financial debt to total asset), mostrando
a dependência da empresa junto a instituições financeiras. O ativo total
representa a totalidade dos recursos aplicados na empresa, enquanto a
dívida financeira representa os recursos provenientes de bancos ou outras
fontes financeiras com semelhante impacto atual ou futuro.
Outro índice de endividamento ou alavancagem financeira é o Índice de
Cobertura de Juros (ICJ) que pode ser encontrado através do quociente entre Lucro
Antes do Imposto de Renda (LAIR) e os Juros (J) pagos pela empresa.
ICJ = LAIR / J
Gitman (2004, p. 51) diz que:
O índice de cobertura de juros mede a capacidade de efetuar os
pagamentos de juros previstos em contratos. Quanto mais alto o valor
desse índice, maior a capacidade de pagamento de juros da empresa.
Para Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 49) “Esse índice destaca a
capacidade da empresa de gerar lucro suficiente para cobrir os pagamentos de juros
devidos.”
Os índices de rentabilidade definem a relação entre o lucro obtido e a sua
atividade operacional.
Um índice muito utilizado é a Margem de Lucro Líquido (ML), que se calcula
através do quociente entre o Lucro Líquido (LL) e as Receitas Operacionais (RO)
vezes 100.
MLL = LL / RO x 100
38
Gitman (2004, p. 53) define como:
A margem de lucro líquido representa a proporção de cada unidade
monetária de receita de vendas restante após a dedução de todos os custos
e despesas, incluindo juros, impostos e dividendos de ações preferenciais.
Quanto mais alta a margem de lucro líquido, melhor.
Na visão de Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 49):
Em geral, as margens de lucro refletem a capacidade de uma empresa de
fazer um produto ou prestar um serviço a custo baixo ou a preço elevado.
As margens de lucro não são medidas diretas de rentabilidade porque
baseiam-se na receita operacional total, e não no investimento efetuado em
ativos pela empresa ou pelos acionistas. As empresas comerciais tendem a
ter margens estreitas e as empresas prestadoras de serviços tendem a
apresentar margens elevadas.
Para Silva (2010, p. 238) “A interpretação do índice de retorno sobre as
vendas é no sentido de que “quanto maior, melhor”.”
Outra medida de desempenho de rentabilidade é o Retorno sobre o Ativo
(ROA), que pode ser encontrado dividindo-se o Lucro Líquido (LL) pelo Ativo Total
(AT).
ROA = LL / AT
Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 49) comentam:
Um dos aspectos mais interessantes do retorno sobre os ativos (ROA) é o
de que seu cálculo permite a ligação de alguns índices financeiros. Uma
dessas relações é geralmente chamada de Sistema Dupont de controle
financeiro. Esse sistema realça o fato de que o ROA pode ser expresso em
termos da margem de lucro e do giro do ativo. Os componentes básicos do
sistema são: ROA = Margem de Lucro x Giro do Ativo.
No entendimento de Gitman (2004, p. 55):
O retorno do ativo total (returno n total assets – ROA), freqüentemente
chamado de retorno do investimento (returno on investiment – ROI), mede a
eficácia geral da administração de uma empresa em termos de geração de
lucros com os ativos disponíveis. Quanto mais alto for, melhor.
39
Silva (2010, p. 239) diz:
O índice de retorno sobre o ativo (Return on Asset - ROA) indica a
lucratividade que a empresa propicia em relação aos investimentos totais
representados pelo ativo total médio.
E complementa dizendo que “A interpretação do retorno sobre o ativo é no
sentido de que “quanto maior, melhor”.
Na seqüencia, um índice de rentabilidade também muito utilizado é o Retorno
sobre o Capital próprio, ou Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), encontrado
através do quociente entre Lucro Líquido (LL) e Patrimônio Líquido (PL) vezes 100.
ROE = LL / PL x 100
Gitman (2004, p. 55) o define como:
O retorno do capital próprio (return on common equity – ROE) mede o
retorno obtido no investimento do capital dos acionistas ordinários da
empresa. Em geral, quanto mais alto o ROE, melhor para os acionistas.
Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 50) dizem que “A diferença mais
importante entre o ROA e o ROE deve-se à alavancagem financeira.
Para Silva (2010, p. 245):
O índice de retorno sobre o patrimônio líquido (Return on Equity – ROE)
indica quanto de prêmio os acionistas ou proprietários da empresa estão
obtendo em relação a seus investimentos no empreendimento. O lucro,
portanto, é o prêmio do investidor pelo risco de seu negócio.
Ainda no contexto de índices financeiros, podem-se relacionar os índices de
valor de mercado, que apontam a valorização da empresa no mercado, ou seja, a
intenção dos investidores perante a empresa, quanto “custa” sua ação.
Na visão de Gitman (2004, p. 56):
Os índices de valor de mercado relacionam o valor de mercado da empresa,
medido pelo preço corrente da ação, a certos valores contábeis. Esses
índices mostram quão bem os investidores acham que a empresa está
funcionando, em termos de risco e retorno.
40
Para Ross, Westerfield e Jaffe (2008, p. 50):
Podemos aprender muita coisa com um exame atento dos balanços e das
demonstrações de resultado. Entretanto, uma característica importante de
uma empresa, que não pode ser encontrada em uma demonstração
contábil, é seu valor de mercado. O preço de mercado de uma ação
ordinária é a cotação que os compradores e vendedores estabelecem
quando negociam a ação.
Um índice utilizado para a avaliação do valor de mercado de uma empresa é
o Índice Preço/Lucro (P/L), encontrado a partir do quociente entre o Preço de
mercado da ação ordinária (PA) e o Lucro por Ação (LPA).
P/L = PA / LPA
Gitman (2004, p. 56) diz:
O índice preço/lucro (P/L) é comumente utilizado para medir a opinião dos
investidores quanto ao valor da ação. Esse índice representa o montante
que os investidores estão dispostos a pagar por dólar de lucro da empresa.
Ele denota confiança que os investidores depositam no desempenho futuro
da empresa. Quanto mais alto o P/L, maior a confiança.
Vistos os índices financeiros, podem-se utilizar métodos de avaliação de
empresas como ferramentas de gestão empresarial.
Dois dos métodos de análise financeira de empresas são os métodos de
análise vertical e horizontal dos seus índices.
Na análise vertical, cada item das demonstrações contábeis é confrontado
com o total, a fim de se conhecer porcentagens relativas ao total.
Segundo Silva (2010, p. 204):
O primeiro propósito da análise vertical (AV) é mostrar a participação
relativa de cada item de uma demonstração contábil em relação a
determinado referencial. No balanço, por exemplo, é comum determinarmos
quanto por cento representa cada rubrica (e grupo de rubricas) em relação
ao ativo total.
Para Matarazzo (2003, p. 243):
Análise vertical baseia-se em valores percentuais das demonstrações
financeiras. Para isso se calcula o percentual de cada conta em relação a
41
um valor-base. Por exemplo, na Análise Vertical do Balanço calcula-se o
percentual de cada conta em relação ao total do Ativo.
Na análise horizontal, os percentuais encontrados são confrontados com os
mesmos percentuais de exercícios anteriores da mesma empresa.
Segundo Silva (2010, p. 210) “O propósito da análise horizontal (AH) é
permitir o exame da evolução histórica de cada uma das contas que compõe as
demonstrações contábeis.”
Para Matarazzo (2003, p. 245):
Baseia-se na evolução de cada conta de uma série de demonstrações
financeiras em relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma
demonstração financeira básica, geralmente a mais antiga da série.
Pode-se também avaliar uma empresa através do método chamado de
Sistema Dupont de controle de empresas. Que Gitman (2004, p. 60) define como:
O sistema Dupont de análise é utilizado para dissecar as demonstrações
financeiras da empresa e avaliar sua situação financeira. Ele funde a
demonstração de resultado e o balanço patrimonial em duas medidas
sintéticas de rentabilidade: retorno do ativo total (ROA) e retorno do capital
próprio (ROE).
O assunto relativo ao sistema Dupont de controle de empresas pode ser
melhor explicado, uma vez que auxilia em muito o processo de análise financeira de
empresas, conforme o mesmo autor continua explicando:
O sistema Dupont reúne, inicialmente, a margem de lucro líquido, que mede
a rentabilidade das vendas da empresa, com seu giro do ativo total, que
indica a eficiência com que ela tem usado seus ativos para gerar vendas.
Na fórmula Dupont, o produto desses dois índices resulta no retorno do
ativo total (ROA). ROA = Margem de Lucro Líquido x Giro do Ativo Total.
(GITMAN, 2004, p. 60)
Em complemento ao pensamento de Gitman (2004), surge a visão de Lemes
Junior, Miessa Rigo e Mussi Szabo Cherobim (2005, p. 77) a respeito:
A análise por meio do Sistema Du Pont procura identificar, no conjunto dos
dados da Demonstração do Resultado e do Balanço Patrimonial, as
chamadas áreas-chave do desempenho financeiro da empresa.
42
Quando se analisa financeiramente uma empresa, deve-se considerar seu
fluxo de caixa, ou seja, as entradas e as saídas de recursos da empresa. É preciso
se conhecer pra quem a empresa concede crédito, porque isto reflete diretamente
nas entradas de recursos do seu fluxo de caixa. Uma política de crédito bem gerida
pode levar a empresa a altos índices de liquidez e rentabilidade, fatores que podem
ser imprescindíveis no momento em que esta precise captar recursos de terceiros
para fins de reinvestimentos. Sanvicente (1987, p. 153) entende política de crédito
como exposto a seguir:
O que entendemos como política de crédito de uma empresa possui
diversos elementos: os prazos concedidos para pagamento, os critérios de
aceitação de pedidos de crédito e os critérios para a fixação de limites
(montantes) de crédito.
Uma política de crédito deve levar em consideração o perfil de cliente a ser
aceito, para poder se ter um bom giro de contas a receber e para não se ter
problemas de inadimplência, o que poderia prejudicar a liquidez da empresa. Após
se levar em consideração o perfil do cliente, é necessário se estipular o prazo para o
mesmo pagar as contas feitas na empresa, considerando que o não cumprimento
desta implicaria em problemas de entradas de recursos no fluxo de caixa, visto que
a empresa tem obrigações a pagar junto a seus credores e necessita de recursos
anteriormente ao vencimento das mesmas para não ficar inadimplente.
A política de crédito pode servir também como forma de facilitar a geração de
vendas, conforme Sanvicente (1987, p. 153) afirma:
É evidente, porém, que a concessão de crédito para estimular a procura dos
produtos e serviços oferecidos pela empresa encontra limites na capacidade
que uma dada firma pode ter para ser liberal nesta área. Assim, tendem a
ter políticas de crédito menos liberais e, conseqüentemente, a usá-las
menos satisfatoriamente como arma de concorrência as empresas (1) cujo
capital próprio não permite sustentar grandes investimentos em contas a
receber pela limitação de seu endividamento para financiá-los, e (2) que não
possam assumir riscos muito grandes com a concessão de crédito, por
exemplo, quando possuem poucos clientes, suas próprias necessidades de
capital de giro são prementes, suas vendas são pouco numerosas e de
elevado custo direto por unidade etc.
Porém é preciso que se tenha uma cobrança das vendas realizadas efetiva,
pois se deve fazer receber os valores das vendas que foram realizadas. Em resumo,
deve-se ter como atividade regular a administração do fluxo de caixa da empresa
43
não apenas considerando as saídas (pagamentos), mas também as entradas
(recebimentos) que são necessariamente importantes para um bom funcionamento
do fluxo de caixa, proporcionando uma boa liquidez, antecedendo o prazo de
recebimento de vendas em relação ao prazo de pagamento de contas, mantendo a
empresa em boa situação financeira perante seus fornecedores e permitindo que a
empresa seja bem vista junto aos mesmos e consiga obter recursos de terceiros
para investimentos em seu processo operacional.
Diante dessas demonstrações financeiras, índices financeiros e métodos de
análise financeira de empresas expostos, pode-se dar início ao estudo científico
conforme proposto no primeiro capítulo.
44
3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS
Primeiramente, diante da problemática exposta na introdução desta pesquisa,
levantaram-se documentos contábeis e financeiros da empresa Morjunior Autopeças
e Serviços Ltda., tais como planilhas de custos e despesas, balanço patrimonial e
demonstração do resultado do exercício dos anos de 2008 e 2009 no dia 19 de
março de 2010, como subsídio para uma análise horizontal dos dados, em que os
dados de períodos diferentes são comparados. Como resultado obteve-se os
seguintes documentos:
Balanço Patrimonial
Em $ mil
ATIVO
PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
31/12/2008 31/12/2009
31/12/2008 31/12/2009
Circulante
Disponibilidades
Circulante
5.320,00
7.456,50
Fornecedores
Duplicatas a Receber
264.406,00 359.132,50
Estoque
126.000,00 182.000,00 Duplicatas a Pagar
Total do Circulante
395.726,00 548.589,00
Realizável a Longo Prazo
Total do Realizável a L. Prazo
Empréstimos Bancos
Total do Circulante
-
-
-
-
-
-
Permanente
Investimentos
Salários a Pagar
179.665,14
250.681,07
29.880,00
32.868,00
224.747,86
303.480,93
17.000,00
25.723,47
451.293,00
612.753,47
-
-
Exigível a Longo Prazo
Financiamentos
Patrimônio Líquido
Imobilizado
Prédios
Móveis e Utensílios
Máquinas e Equipamentos
Capital
Lucros Acumulados
75.000,00
75.000,00 Total do Patrimônio Líquido
5.397,47
5.397,47
7.500,00
16.500,00
87.897,47
96.897,47
87.897,47
96.897,47
30.000,00
30.000,00
2.330,47
2.733,00
32.330,47
32.733,00
483.623,47
645.486,47
Diferido
Total do Permanente
TOTAL ATIVO
483.623,47 645.486,47 TOTAL PASSIVO
Quadro 6: Balanço patrimonial Morjunior
Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010
O quadro 6 detalha o balanço patrimonial da empresa Morjunior, o qual retrata
a sua disposição financeira nos dois exercícios estudados de 2008 e 2009, em que a
empresa demonstra todas os seus bens e direitos na coluna da esquerda (Ativo) e
suas dívidas e obrigações na coluna da direita (Passivo).
45
Orçamento Gerencial de Despesas
CÓD
CONTA
1.00
1.01
1.02
1.03
1.04
1.05
1.06
1.07
1.08
1.09
1.10
1.11
DESCRIÇÃO DE DESPESAS
DESPESAS ADMINISTRATIVAS
Contador
Telefone
Água
Energia Elétrica
Internet
Material de Limpeza
Material de Escritório
Lanches e refeições
Combustível
Taxas diversas
IPTU
TOTAL DESPESAS ADMINISTRATIVAS
2.0
DESPESAS COM PESSOAL
2.1
Salários
2.2
Rescisões de contrato
2.3
Horas Extras
2.4
Indenizações
2.5
Comissões sobre vendas
2.6
Cursos e treinamentos
TOTAL DESPESAS COM PESSOAL
3.0
DESPESAS COMERCIAIS
3.1
Promoções
3.2
Publicidade e propaganda
3.3
Fretes e carretos
3.4
Embalagens
3.5
Brindes e ofertas promocionais
3.6
Armazenamento
3.7
Avarias e perdas
3.8
Outros comerciais
TOTAL DESPESAS COMERCIAIS
4.0
DESPESAS TRIBUTÁRIAS
4.1
SIMPLES
TOTAL DESPESAS TRIBUTÁRIAS
5.0
DESPESAS FINANCEIRAS
5.1
Juros sobre duplicatas
5.2
Despesas bancárias
5.3
Juros sobre empréstimos
5.4
IOF
TOTAL DESPESAS FINANCEIRAS
6.0
GASTOS EM INVESTIMENTOS
6.1
Material de construção
6.2
Compra de máquinas e equipamentos
6.3
Compra de móveis e utensílios
TOTAL GASTOS EM INVESTIMENTOS
TOTAL DESPESAS
Quadro 7: Orçamento gerencial de despesas Morjunior
Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010
2008
2009
2.400,00
3.924,56
456,57
1.560,48
1.440,00
543,00
346,00
7.200,00
11.161,94
9.324,45
9.000,00
47.357,00
2.400,00
5.424,23
542,34
2.324,46
1.440,00
457,23
482,00
8.234,00
19.985,74
12.456,00
9.000,00
62.746,00
29.880,00
32.868,00
2.579,00
5.029,00
32.459,00
37.897,00
8.954,00
13.773,45
25.124,46
17.534,00
24.789,47
33.023,10
197,09
48.049,00
75.346,57
1.440,00
1.440,00
1.440,00
1.440,00
1.357,00
2.459,00
2.690,00
7.152,55
4.047,00
9.611,55
5.746,00
750,00
6.603,74
2.345,00
6.496,00
139.848,00
8.948,74
195.989,86
46
No quadro 7 estão apresentadas as despesas da empresa relacionadas e
organizadas em despesas administrativas, com pessoal, comerciais, tributárias,
financeiras, e gastos em investimentos, nos períodos de 2008 e 2009.
Relação de faturamento
2008
Tipo
Total
A vista
Fichário
Master
Visa
Vale
Cheque
Duplicata
Duplicata a receber
Total Anual
Total (%)
58.686,92
147.363,55
9.516,00
0,00
50.416,00
53.872,50
303,88
3.238,40
323.397,25
18,15%
45,57%
2,94%
0,00%
15,59%
16,66%
0,09%
1,00%
100,00%
2009
Tipo
A vista
Fichário
Master
Visa
Vale
Cheque
Duplicata
Duplicata a receber
Total Anual
Total
Total (%)
92.093,25
116.407,00
8.104,00
2.880,30
141.266,50
41.514,51
44.738,59
4.221,78
451.225,93
20,41%
25,80%
1,80%
0,64%
31,31%
9,20%
9,91%
0,94%
100,00%
Quadro 8: Relação de faturamento Morjunior
Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010
Custos de Mercadorias
Relação total de compra de peças 2008
179.665,14
Relação total de compra de peças 2009
250.681,07
Quadro 9: Custos de mercadorias Morjunior
Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010
47
Nos quadros 8 e 9 estão apresentadas a relação de faturamento da empresa,
em que a mesma demonstra o total vendido, assim como as modalidades de venda
da mesma com seus respectivos valores e a relação total de compras de
mercadorias para os exercícios de 2008 e 2009.
Demonstração do Resultado do Exercício
(-)
=
(-)
=
(-)
=
(-)
=
(-)
RECEITAS OPERACIONAIS
CUSTOS DE MERCADORIAS VENDIDAS
LUCRO BRUTO
DESPESAS
DESPESAS ADMINISTRATIVAS
DESPESAS COM PESSOAL
DESPESAS COMERCIAIS
DESPESAS TRIBUTÁRIAS
DESPESAS FINANCEIRAS
GASTOS EM INVESTIMENTOS
LUCRO LIQUIDO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA
IMPOSTO DE RENDA/CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
LUCRO LIQUIDO DEPOIS DO IMPOSTO DE RENDA
RETIRADA DE PRO-LABORE
LUCRO LÍQUIDO
REINVESTIMENTOS
2008
323.397,25
179.665,14
143.732,11
139.848,00
47.357,00
32.459,00
48.049,00
1.440,00
4.047,00
6.496,00
3.884,11
1.553,64
2.330,47
0,00
2.330,47
2.330,47
2009
451.225,93
250.681,07
200.544,86
195.989,86
62.746,00
37.897,00
75.346,57
1.440,00
9.611,55
8.948,74
4.555,00
1.822,00
2.733,00
0,00
2.733,00
2.733,00
Quadro 10: Demonstração do resultado do exercício Morjunior
Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010
A demonstração do resultado do exercício da Morjunior dos dois períodos
estudados, 2008 e 2009, está representada no quadro 10, no qual estão descritas as
receitas operacionais, provenientes de suas vendas, o total de custos de
mercadorias vendidas, as despesas e o lucro.
Com o objetivo de se conhecer o perfil dos clientes da empresa estudada e
qual a contribuição que isso traz para seus resultados financeiros, realizou-se no
local uma pesquisa com 14 (quatorze) pessoas utilizando-se o método do formulário,
em que o pesquisador colhe as respostas de perguntas realizadas por ele mesmo,
nos dias 19, 20 e 22 de março de 2010.
Diante das informações colhidas e das demonstrações financeiras obtidas, foi
dado prosseguimento à pesquisa utilizando-se o cálculo de índices financeiros como
forma de mensurar e analisar financeiramente o comportamento da empresa. Com o
auxílio do programa Excel® da Microsoft® foi possível a tabulação de dados e a
48
confecção de gráficos para o auxílio na visualização dos seguintes resultados para
os índices de liquidez, atividade, endividamento e rentabilidade:
Índices Financeiros
Liquidez Corrente (LC)
Liquidez Seca (LS)
Liquidez
Liquidez Geral (LG)
Capital e Giro Líquido (CGL)
Giro do Ativo Total (GAT)
Giro do Contas a Receber (GCR)
Atividade
Giro de Estoques (GE)
Prazo Médio de Recebimento (PMR) (dias)
Prazo Médio de Pagamento (PMP) (dias)
Endividamento Endividamento Geral (EG)
Margem de Lucro Líquido (MLL) (%)
Rentabilidade Retorno sobre Ativo (ROA) (%)
Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) (%)
2008
0,88
0,60
0,88
(55.567,00)
0,57
1,22
1,43
37
24
0,93
0,72
0,48
7,21
2009
0,90
0,60
0,90
(64.164,47)
0,80
1,26
1,38
38
25
0,95
0,61
0,42
8,35
Quadro 11: Índices financeiros Morjunior
Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010
É importante destacar que a interpretação de tais índices foi realizada com
parâmetros de análise baseados em índices de empresas do mesmo setor em que
atua a empresa em estudo, o que deu um maior teor de confiabilidade nos
resultados obtidos.
A respeito dos índices de liquidez, é válido ressaltar que são indicadores da
capacidade que a empresa tem de honrar seus compromissos financeiros, sejam
eles de curto ou longo prazo. Sua administração consiste em equiparar os prazos de
suas obrigações com os prazos de seus direitos, a fim de reduzir sua solvência e
melhorar sua liquidez.
Após os cálculos, anteriormente demonstrados no capítulo anterior, detectase que em ambos os exercícios analisados a empresa demonstrou índices de
liquidez corrente, liquidez seca e liquidez geral abaixo dos parâmetros tidos como
recomendáveis para empresas do mesmo setor, da ordem de 1,20, ou seja, para
cada R$ 1,00 de dívida, a empresa deve ter R$ 1,20 disponível para pagá-la,
embora tenha apresentado um leve aumento de um ano para o outro. Como ilustra o
gráfico a seguir, a empresa apresentou índices de Liquidez Corrente e Liquidez
Geral respectivamente de 0,88 e 0,90, e um índice de Liquidez Seca, no qual se
considera os ativos circulantes excetuando-se os estoques, de 0,60 em ambos os
49
exercícios, abaixo do recomendável, constatando-se uma deficiência da empresa
em relação à manutenção de sua solvência.
1,20
1,20
1,20
0,90
0,88
0,90
0,88
Liquidez 2008
0,60 0,60
Liquidez 2009
Parâmetro
recomendável
Liquidez Corrente Liquidez Seca (LS)
(LC)
Liquidez Geral
(LG)
Gráfico 1: Índices de Liquidez Morjunior
Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010
A análise das informações obtidas levou ao cálculo do Capital de Giro Líquido
(CGL) da empresa, obtido subtraindo-se o Passivo Circulante (PC) do Ativo
Circulante (AC), de valor negativo nos dois exercícios analisados e com uma piora
expressiva de um exercício para o outro. É válido salientar que o Capital de Giro
Líquido (CGL) pode ser um indicador de liquidez de uma empresa, dependendo do
setor em que a mesma atua, ou seja, o valor do CGL pode ser negativo e ao mesmo
tempo a empresa apresentar bons índices de liquidez, assim como o contrário
também pode acontecer, de uma empresa ter um CGL positivo e índices de liquidez
abaixo do recomendado. No caso da empresa em análise, do ramo de comércio de
serviços e autopeças, o Capital de Giro Líquido negativo apresenta-se como sendo
atípico, devido ao seu valor representar uma grande concentração de obrigações de
curto prazo, o que pode prejudicar muito uma empresa do porte da analisada.
50
50.000,00
Capital Giro Líquido 2008
Capital Giro Líquido 2009
Parâmetro recomendável
-55.567,00
-64.164,47
Gráfico 2: Capital de Giro Líquido Morjunior
Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010
Cabe frisar que para uma empresa desse setor é salutar que o valor dos seus
Ativos Circulantes seja superior ao valor de seus Passivos Circulantes, obtendo-se
um Capital de Giro Líquido positivo e possibilitando um maior poder de barganha
com fornecedores, já que sua capacidade de liquidez se torna maior.
Referindo-se aos índices de atividade, os mesmos correlacionam vendas com
contas do ativo, indicando a velocidade com que cada item é convertido em venda,
assim como a quantidade de vezes que cada ativo é utilizado para tal. O Giro do
Ativo Total (GAT) mede a eficiência com que a empresa usa seus ativos para gerar
vendas, em geral, quanto mais alto o GAT de uma empresa, mais eficientemente
seus ativos estão sendo usados, o GAT indica se as operações da empresa estão
sendo eficientes ou não. O Giro do Contas a Receber (GCR) mede a eficiência da
política de crédito de uma empresa, se ela está sendo rigorosa ou liberal demais.
Indica o número de vezes em que o saldo médio de vendas a crédito está contido no
volume de vendas dessa maneira em um determinado período. O Giro de Estoques
(GE) indica a quantidade de vezes que o estoque da empresa foi utilizado para gerar
receita, um valor maior que 1 (um) indica que a empresa utilizou o estoque completo
por pelo menos uma vez, para poder gerar suas receitas operacionais.
A análise feita na Morjunior proporcionou a obtenção dos índices de atividade
conforme exposto no gráfico a seguir:
51
Gráfico 3: Índices de atividade Morjunior
Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010
Verifica-se que no que diz respeito ao GAT, a empresa esteve aquém do
recomendável em ambos os exercícios, demonstrando que não esteve utilizando
totalmente seus ativos de forma eficiente para gerar suas receitas, fica patente que
em vista de o Giro de Estoques (GE) ter sido abaixo do recomendável para o setor,
o GAT foi diretamente afetado, por se utilizar também do valor de estoque para seu
cálculo, o que reforça a idéia de a empresa buscar gerir mais eficientemente seu
estoque a fim de aumentar o índice de GE, que numa empresa que vende
mercadorias (autopeças) é de cunho fundamental para a saúde financeira de suas
operações. Percebe-se que o recomendado para uma empresa desse setor no que
diz respeito ao GE, é o valor de 2,6, que está 1,19 acima da média obtida pela
empresa que foi de 1,41 nos dois períodos. Percebe-se também que a empresa
necessita rever sua política de crédito com o intuito de melhorar seu índice de Giro
do Contas a Receber (GCR), que deve ser de no mínimo 2,0 para o setor em que a
empresa atua, deste modo, a empresa mostra-se deficiente em manipular suas
vendas a crédito relativas ao total.
Ainda verificando os índices de atividade, identificam-se duas outras
deficiências na empresa, os prazos médios de pagamento e de recebimento. Esses
índices medem o tempo médio em que a empresa leva para receber o pagamento
de suas vendas (PMR), e o tempo que a mesma leva para pagar as obrigações junto
a seus fornecedores (PMP) dentro do período operacional. Vale salientar que é
recomendável que de uma maneira salutar, uma empresa tenha seus prazos de
52
recebimento de vendas menor do que seus prazos de pagamento de fornecedores,
pois, desta maneira se tem maior liquidez e maior poder de compra perante os
fornecedores.
No caso da empresa analisada, esses prazos foram invertidos, visto que o
Prazo Médio de Recebimento (PMR) foi de 37 e 38 dias respectivamente nos dois
períodos analisados, onde o recomendável seria de 15 dias em média, e o Prazo
Médio de Pagamento (PMP) foi respectivamente de 24 e 25 dias nos exercícios de
2008 e 2009, abaixo do recomendável que seria de 36 dias.
37
38
36
25
24
Atividade 2008
Atividade 2009
15
Parâmetro
recomendável
Prazo Médio de
Recebimento (PMR) (dias)
Prazo Médio de Pagamento
(PMP) (dias)
Gráfico 4: Índices de atividade prazos médios Morjunior
Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010
Pode-se verificar graficamente na figura abaixo como se comportou o fluxo de
caixa de recebimentos de vendas e pagamentos de fornecedores nos períodos
estudados, onde se evidencia uma grande deficiência na gestão desses processos.
É importante salientar que a gestão eficiente da política de crédito de uma empresa
é fundamental para se manter a liquidez necessária ao cumprimento de seus
compromissos financeiros. No quadro a seguir pode-se perceber que os valores
recomendáveis foram representados graficamente pela cor amarela.
53
15 dias
37 dias
38 dias
Recebimentos
momento da
venda
tempo
24 dias
25 dias
Pagamentos
36 dias
Legenda:
2008
2009
Recomendável
Quadro 12: Fluxo de caixa relativo ao PMR e PMP da Morjunior
Fonte: Elaborado pelo pesquisador
Diante dessas informações infere-se uma liberalidade na forma em que a
empresa gere sua política de crédito, ficando em média 13 dias sem recursos
necessários ao pagamento de fornecedores, fator que fere uma premissa
importantíssima sobre o assunto, que é a credibilidade de uma empresa perante
seus fornecedores. Sem confiabilidade na capacidade de pagamento a um
fornecedor, este se vê obrigado a não mais fornecer mercadorias para uma
empresa, prejudicando completamente esta por não dispor de um estoque digno de
se gerar vendas.
31,31%
20,41%
18,15%
Vendas à Vista
15,59%
Vendas no Vale
(Fiado)
2008
2009
Gráfico 5: Vendas à vista e vendas no vale Morjunior
Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010
54
Como se pode observar no gráfico acima, o percentual de vendas a prazo
sem garantias, que a empresa denomina “Vendas no Vale” ou “Venda fiada”,
apresenta um aumento expressivo em relação ao ano anterior, reflexo de sua gestão
da política de crédito. Fator esse que poderia ser evitado e/ou reduzido se a
empresa eliminasse o uso de práticas de vendas sem garantias, o que tornaria a
empresa mais líquida e com maior capacidade de honrar seus compromissos
financeiros. Segundo pesquisa realizada com clientes da empresa, o perfil dos
mesmos é de em sua maioria pessoas com profissões públicas, o que garante a sua
capacidade de pagamento de contas, e detentores de cartões de crédito, o que
poderia ser uma saída melhor para a empresa estudada, visto que depois de
realizada a venda, o pagamento para a empresa seria realizado pela administradora
do cartão, tendo o problema de inadimplência por parte dos clientes sendo
transferido para a mesma. Foi constatado também mediante pesquisa, que os
clientes têm preferência por efetuarem os pagamentos de suas contas à vista,
podendo ser mais bem explorado pela empresa.
Podem-se verificar esses dados nos gráficos a seguir:
Outros
7,14%
Funcionário
público
42,86%
Funcionário
privado
21,43%
Estudante
14,29%
Autônomo
14,29%
Gráfico 6: Profissão de clientes Morjunior
Fonte: Pesquisa com clientes realizada em 19, 20 e 22/03/2010
55
Vi
sa
/V
is
a
El
ec
tro
n
14,29%
N
ão
te
m
28,57%
ip
er
14,29%
H
M
as
te
r/D
in
er
s
/R
ed
es
ho
p
42,86%
Gráfico 7: Tipo de cartão de crédito clientes Morjunior
Fonte: Pesquisa com clientes realizada em 19, 20 e 22/03/2010
Vale (Fiado)
7,14%
Cartão de
crédito
Boleto a prazo
21,43%
7,14%
À vista
64,29%
Gráfico 8: Preferência de pagamento clientes Morjunior
Fonte: Pesquisa com clientes realizada em 19, 20 e 22/03/2010
Com base nesses dados coletados, a empresa poderia melhorar o tipo de sua
venda, direcionado-a para as formas de à vista e cartão de crédito, reduzindo suas
perdas e melhorando seus índices de liquidez e atividade.
É pertinente dizer que um fornecedor ou credor utiliza-se de análise de
índices financeiros também para aprovar ou não o crédito de um possível cliente
(empresas), é checado se a empresa possui boa liquidez, se suas atividades estão
condizentes com o setor em que atua e também seu endividamento, fatores que
podem ser cruciais em uma análise deste tipo. É com base nessas informações que
o fornecedor tem a segurança e a confiança em seu novo cliente.
56
Com a análise feita na empresa Morjunior, constatou-se que seu nível de
endividamento, que era de 0,93 em 2008, sofreu um leve aumento em 2009
passando à ordem de 0,95, acima do normal para uma empresa do mesmo setor,
cujo valor recomendável seria de 0,45, conforme exposto no gráfico a seguir.
0,93
0,95
Endividamento 2008
0,45
Endividamento 2009
Parâmetro
recomendável
Endividamento Geral (EG) (%)
Gráfico 9: Endividamento geral Morjunior
Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010
A empresa analisada demonstrou que para cada R$ 1,00 de capital utilizado
pela empresa, em média nos dois períodos a empresa utilizou R$ 0,94 de capital de
terceiros, evidenciando uma alavancagem financeira exacerbada em vista do
recomendável para o setor. Isso pode ser um agravante no momento em que a
mesma solicitar crédito a um novo fornecedor ou credor, já que aumenta o risco de
inadimplência por parte da empresa estudada, servindo como subsídio para estes
negarem qualquer tipo de negócio para com a mesma.
57
22,00
10,00
10,00
8,35
7,21
0,72
0,48
0,61
0,42
Margem de Lucro
Líquido (MLL) (%)
Retorno sobre
Ativo (ROA) (%)
Rentabilidade
2008
Rentabilidade
2009
Parâmetro
recomendável
Retorno sobre
Patrimônio
Líquido (ROE) (%)
Gráfico 10: Índices de rentabilidade Morjunior
Fonte: Coleta de dados realizada em 19/03/2010
A Margem de Lucro Líquido (MLL) apresentada pela Morjunior nos períodos
analisados mostrou-se muito baixa em relação ao parâmetro recomendável, isso
pode ser reflexo de um alto valor declarado como despesas que em relação ao lucro
bruto representam um total de 97,30% em 2008 e 97,73% em 2009, calculados
utilizando-se o método da análise vertical, em que os valores das contas contábeis
são relacionados com um referencial, neste caso o lucro bruto, grande parte delas
comerciais, representando 34,36% em 2008 e 38,44% em 2009 em relação ao total
de despesas, seguidas por um alto valor de despesas administrativas, da ordem de
33,86% em 2008 e 32,01% em 2009. Fatores esses que prejudicaram o valor de seu
lucro líquido e consequentemente da sua Margem de Lucro Líquido (MLL). Outro
índice que mostrou grau baixo foi o Retorno sobre Ativo (ROA), que indica a
lucratividade em relação aos investimentos totais representados pelo Ativo Médio
(Atm), assim como o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), que devido a um
baixo lucro líquido, apresentou grau inferior ao recomendado. O lucro líquido
apurado foi reinvestido na empresa, como se pode verificar no balanço patrimonial,
não se percebendo nenhum investimento nas contas do ativo exigível a longo prazo.
58
4 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Com o levantamento de informações obtidas no capítulo anterior, pôde-se
entender o funcionamento operacional da empresa Morjunior Autopeças e Serviços
Ltda., constatando-se níveis baixos de liquidez, atividade e rentabilidade, e alto nível
de endividamento em relação ao recomendável para o setor econômico em que
atua. Considerando-se que a empresa tem como objetivos estratégicos traçados
para os próximos 5 (cinco) anos a ampliação de sua sede, assim como a abertura de
uma filial, o que ampliaria a sua atividade, a mesma deveria rever conceitos a
respeito de sua política de crédito a clientes, que na atualidade apresenta-se de
forma muito liberal em relação a seus concorrentes. Isso foi evidenciado no
processo de análise das informações financeiras obtidas junto a Morjunior, conforme
mostra o capítulo anterior. É de total relevância que a empresa reduza o prazo
médio de recebimento de vendas, e amplie o prazo médio de pagamento de
fornecedores, pois do contrário, a empresa poderia perder crédito com seus
fornecedores e deixar de comprar mercadorias importantes a seu processo
operacional.
No que diz respeito à política de crédito adotada pela empresa, percebeu-se
um alto valor de vendas de mercadorias sem garantias de recebimento, ou seja, um
alto valor de vendas fiadas, que prejudicou muito o seu fluxo de caixa e sua liquidez,
gerando problemas para o atendimento de suas obrigações financeiras junto a seus
fornecedores e credores. Como medida corretiva a esse problema, a pesquisa
sugere de uma forma sucinta a adoção de uma política voltada para as vendas à
vista, se for o caso com um desconto no seu pagamento como meio de atrair e
convencer seus clientes, que como foi verificado na coleta de dados, prefere em sua
maioria pagar suas contas à vista, e nos casos em que não for possível esse tipo de
venda, sugere-se como alternativa a venda a prazo mediante cartão de crédito, o
que reduz consideravelmente o risco de não obter receita das vendas realizadas,
uma vez que tal risco é assumido pela administradora do cartão no momento em
que é selado o contrato de utilização do cartão junto ao cliente. É importante a
adoção da empresa de uma política de cobrança mais efetiva dos títulos não
recebidos, intensificando o recebimento de vendas realizadas anteriormente,
tomando como medidas a prática de protestos de títulos e negativação de clientes
59
junto a instituições responsáveis por fornecer informações financeiras de pessoas
físicas, como exemplo o SERASA® e o SPC®, como formas de coagir o pagamento
dos títulos.
Pode-se tomar como sugestão também a negociação junto a fornecedores de
maiores prazos de pagamento de contas, melhorando e ampliando sua liquidez no
período entre o recebimento de vendas e o pagamento de contas. Com uma melhor
liquidez e um bom capital de giro líquido pode-se obter maior poder de barganha
com seus credores e assim garantir uma maior confiabilidade por parte dos mesmos
à empresa estudada, garantindo uma operacionalidade mais eficiente e podendo
manter-se competitiva no mercado em que atua.
É de grande importância que a empresa consiga melhor gerir suas despesas
comerciais, principalmente as denominadas como “Fretes e carretos”, assim como
as despesas administrativas denominadas como “Combustível” e “Lanches e
refeições” cujos valores apresentados na fase de coleta de dados foram
exacerbadamente prejudiciais à saúde financeira da empresa, pois prejudicaram
muito o seu lucro líquido, produzindo-se pouco montante disponível para
reinvestimento, prática que a empresa adota como tratamento de seus lucros.
Quanto a essa prática, pode-se tomar como sugestão a utilização de parte dos
lucros obtidos para aplicações financeiras de médio e curto prazo, que atualmente
no mercado financeiro se fazem presentes em diversas modalidades, com o objetivo
de se formar um montante maior para reinvestimentos na atividade operacional da
empresa e assim poder atingir objetivos estratégicos traçados pela empresa, como é
o caso de uma ampliação de sua sede e uma possível abertura de filial.
Em vista de o crescimento do mercado automobilístico ser fato consolidado, o
ramo de autopeças e serviços tem obtido números cada vez mais consistentes e se
mostrado cada vez mais promissor, uma vez que o consumo de veículos tem
aumentado e sido seguido proporcionalmente por setores atrelados a ele, como é o
caso de autopeças e serviços, seguros de veículos, acessórios para veículos,
financiamentos de veículos, entre outros. Dessa forma o aumento no contingente de
empresas desses setores se faz presente de forma exponencial.
A Morjunior Autopeças e Serviços Ltda. está inserida no setor de reposição de
peças automotivas, que detém 12% da demanda total das fábricas, setor este que
no ano de 2009 apresentou um crescimento de 4% em relação a 2008 e que para
2010 tem uma projeção de faturamento de R$ 62,6 bilhões e de crescimento de
60
9,5% em relação ao ano de 2009. Esses dados mostram que a empresa faz parte de
um mercado promissor e que está cada vez mais em crescimento, evidenciando que
a empresa detém um grande mercado a ser explorado, para que a mesma
mantenha-se competitiva em seu segmento, se faz necessário o cumprimento de
mudanças em seu processo produtivo, adotando estrategicamente as sugestões
contidas nessa pesquisa e assim melhorando e ampliando cada vez mais suas
operações, solidificando cada vez mais sua marca e o conceito que a mesma
apresenta diante do mercado.
61
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<http://www.abbc.org.br/IMAGENS/DESTAQUES/relatorio_2008_final.pdf>
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Disponível em:
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LEMES JUNIOR, Antonio Barbosa; MIESSA RIGO, Cláudio; MUSSI SZABO
CHEROBIM, Ana Paula. Administração financeira: princípios, fundamentos e
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MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
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JAFFE,
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SANVICENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas,
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62
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<http://www.sindipecas.org.br/paginas_NETCDM/modelo_detalhe_generico.asp?sub
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SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
63
APÊNDICE
64
FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DO PERFIL DE CLIENTES MORJUNIOR AUTOPEÇAS E
SERVIÇOS LTDA.
1 Gênero
1. Masculino
2. Feminino
2 Qual a sua Idade?
1. Até 20 anos
2. De 21 a 30 anos
3. De 31 a 40 anos
4. De 41 a 50 anos
5. De 51 a 60 anos
6. Acima de 61 anos
3 Qual a sua profissão?
1. Estudante
2. Funcionário público
3. Funcionário privado
4. Autônomo
5. outros
4 Mora em residência
1. Própria
2. Alugada
3. Mora com parentes
4. Outra
5 Cidade onde reside?
1. Parelhas
2. Cidade próxima
6 O seu veículo é:
1. Quitado
2. Financiado
7 Possui cartão de crédito?
1. Hiper
2. Visa/Visa Electron
3. Master/Diners/RedeShop
4. American Express
5. Não tem
65
8 Qual a sua preferência no pagamento?
1. A vista
2. Boleto a prazo
3. Cheque pré
4. Cartão de crédito
5. Fiado
9 Porque compra na empresa?
1. Atendimento
2. Qualidade
3. Preço
4. Empatia pela empresa
5. Prazo de pagamento
6. Tecnologia utilizada
10 O que pode melhorar na empresa?
1. Atendimento
2. Qualidade
3. Preço
4. Ambiente/Instalações
5. Prazo de pagamento
6. Tecnologia utilizada
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