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A MOEDA ÚNICA MUNDIAL
Luiz Carlos Barnabé de Almeida
Os países que adotaram, a partir destes últimos dez anos, a política
monetária frouxa exercida por seus Bancos Centrais, tiveram como remédio
para seus descaminhos a recessão. É a primeira vez que a recessão acontece
no mesmo período na maioria dos países, gerando um pânico global, mas a
necessidade de sobrevivência criou um sentimento de união mundial em busca
de soluções mais duradouras. Um instrumento importante foi a criação da
Moeda Única, emitido pelo FMI – Fundo Monetário Internacional.
Mas para que este instrumento de troca internacional venha a tornarse realidade, os países terão de quebrar um dos mais velhos paradigmas
nacionais – a crença de que a moeda é um símbolo nacional – e aceitar em
seu lugar uma Moeda Mundial.
A razão primeira que justifica esta mudança é que, hoje, os emissores
das moedas nacionais são os governos, que ao mesmo tempo exercem a
função de gestores de despesas e pagamentos, fundamental para a produção
de bens e serviços coletivos como educação, segurança e saúde, mas que, por
si só, é incompatível com a função de emitir moeda.
Com o fim do padrão ouro, consolidou-se a teoria da escola
monetarista em que o desequilíbrio do fluxo real da economia, composta por
bens e serviços e do fluxo monetário composto por M1, M2, M3 e M4, gera
inflação, quando este último é maior que o fluxo real. A permanência desta
política monetária frouxa pelos Bancos Centrais leva à hiperinflação, condição
de instabilidade política, terror de qualquer governante.
Uma política monetária rígida para obter estabilidade econômica e a
necessidade de gerar poupança para o desenvolvimento sustentado, que é um
sacrifício de consumo no presente para um melhor bem-estar no futuro, produz
um grande custo social e político. Os governantes têm dificuldades em pagar
este custo, pois cria uma antipatia política em curto prazo, dificultando a
continuidade do grupo governante no poder.
O sonho de consumo de qualquer governo é poder gerar uma
satisfação geral no presente com uma distribuição de renda abundante para
todas as classes sociais, o que só é possível através da emissão de moeda.
Sem inflação, com mais moeda em circulação e estabilidade de
preços, a sociedade terá a sensação de um crescimento de poder aquisitivo, de
aumento de dinheiro em seu poder, como também de crédito.
Com a globalização dos fluxos real e monetário, a política econômica
da poupança compulsória imposta ao povo chinês de 40% e a mão de obra
abundante com uma remuneração abusivamente baixa, combinado com uma
política cambial artificialmente administrada para exportação, os produtos
chineses são transformados em lastro do fluxo monetário internacional.
Esta realidade exportada da China para o resto do mundo oportunizou,
principalmente para os governos do mundo ocidental, iniciando-se no Governo
Bill Clinton, nos EUA, até o Governo Lula, nestes últimos cinco anos, a emissão
da moeda nacional como gerador de um crescimento artificial. Todos os países
que adotaram esta frouxa política monetária pagaram com recessão.
O preço desta ação artificial tem como marco “a crise” com o fim do
crescimento artificial gerado pelo excesso de moeda e o início da recessão,
que, ao contrário do que as pessoas pensam, é a parte boa do ciclo
econômico, pois acontece para recuperar os erros cometidos no período
artificial.
Claro que os governos podem continuar emitindo moeda e
estimulando o crédito, como políticas anticíclicas para segurar a recessão, mas
terão que parar em um ponto para não gerar a hiperinflação – e é então que a
recessão voltará em uma proporção maior na altura, largura e no tempo, com
um custo social muito maior. Estamos vivendo este momento histórico, e quem
duvida que a escola econômica austríaca está errada, e só viver que verá.
É importante deixar claro que os ciclos econômicos não passam de
país a país como uma gripe, cada país cria o seu, em intensidade e
profundidade. Aqueles que se utilizaram desta forma artificial, em menos tempo
sairão e em menor tempo, também, o inverso é verdadeiro. Como os países
que continuaram a manter a política monetária artificial para abrandar ou
antecipar o fim da recessão, como o caso dos EUA e do Brasil, pagarão caro
em um futuro próximo.
O crescimento, a estabilidade e a distribuição equitativa da riqueza
mundial passa pela consolidação da moeda única criada em abril de 2009 pelo
G-20 , denominada de DEGs – Direito Especial de Giro, que já representa 0,3%
do PIB.M – Produto Interno Bruto Mundial.
Em futuro próximo, para o bem da humanidade, os governos deixarão
de emitir moeda, para serem gestores na produção de bens e recursos
coletivos.
Bom lembrar que as leis da natureza são harmônicas e justas.
LUIZ CARLOS BARNABÉ DE ALMEIDA é Economista-Chefe do Clube de
Vienna, Jornalista e Professor das Universidades Estácio de Sá e Nove de
Julho (Uninove).
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