Artigo Original/Original Article/Artículo Original USO DE APLICATIVO DE IPHONE PARA ÂNGULO DE COBB NA ESCOLIOSE IDIOPÁTICA DO ADOLESCENTE: É APLICÁVEL? IPHONE APP USE TO COBB ANGLE IN ADOLESCENT IDIOPATHIC SCOLIOSIS: DOES THIS APPLY? USO DE APLICACIONES MÓVILES PARA IPHONE PARA EL ÁNGULO DE COBB EN LA ESCOLIOSIS IDIOPÁTICA DEL ADOLESCENTE: ¿ES APLICABLE? Antenor Rafael de Oliveira Mazzuia1, Diógenes Rodrigues Machado1, Denis Kiyoshi Fukumothi1, Luccas Franco Bettencourt Nunes1, Carlos Tucci Neto1, Henrique Menucci de Haidar Jorge1, Rafael Tormin Ortiz1, Carlos Augusto de Mattos1 RESUMO Objetivo: Validar um novo método de medida do ângulo de Cobb para escoliose a partir do aplicativo para aparelho telefônico celular CobbMeter para facilitar a avaliação e medição na prática clínica. Métodos: Cinco observadores com experiência mínima de dois anos na área realizaram medições radiográficas do ângulo em 24 radiografias de pacientes com escoliose idiopática do adolescente com o CobbMeter. Os observadores realizaram medidas em série nas imagens com o aplicativo, as quais foram repetidas após um mês. O avaliador mais experiente do grupo, após as medições feitas com o aplicativo, determinou em cada radiografia o ângulo pelo modo tradicional. Resultados: A média do desvio padrão na comparação dos ângulos medidos eletrônica e manualmente não foi clinicamente significativa. Apesar de 40% das medições eletrônicas estarem fora do intervalo de confiança ao serem comparadas às medições manuais, essa diferença se mostrou insignificante na prática clínica. Conclusões: O CobbMeter é mais uma alternativa para a medição do ângulo de Cobb na escoliose. Descritores: Escoliose/diagnóstico; Coluna vertebral/anormalidades; Validação de programas de computador; Aplicativos móveis. ABSTRACT Objective: To validate a new method of measuring the Cobb angle for scoliosis from the mobile app CobbMeter to facilitate the evaluation and measurement in clinical practice. Methods: Five observers with minimum experience of two years in the field performed radiographic measurements of Cobb angle in 24 radiographs of patients with adolescent idiopathic scoliosis through the CobbMeter. Observers performed serial measures on the images with the application, which were repeated after one month. The most experienced appraiser of the group, after measurements were made through the application, determined the Cobb angle in each radiography by the traditional method. Results: The mean standard deviation by comparing the angles electronically and manually measured had no clinical significance. Although 40% of electronic measurements are outside the confidence interval when compared to manual measurements, this difference was insignificant in clinical practice. Conclusions: The CobbMeter is another alternative for measuring Cobb angle in scoliosis. Keywords: Scoliosis/diagnosis; Spine/abnormalities; Software validation; Mobile applications. RESUMEN Objetivo: Validar un nuevo método de medición del ángulo de Cobb para la escoliosis a partir de la aplicación móvil CobbMeter, para facilitar la evaluación y la medición en la práctica clínica. Métodos: Cinco observadores con experiencia mínima de dos años en el área llevaron a cabo mediciones radiográficas del ángulo en 24 radiografías de pacientes con escoliosis idiopática juvenil mediante la aplicación móvil CobbMeter. Los observadores realizaron mediciones seriadas en las imágenes con la aplicación, que se repitieron después de un mes. El observador más experimentado del grupo, después de las mediciones realizadas con la aplicación, determinó en cada radiografía el ángulo de Cobb de la manera tradicional. Resultados: La desviación estándar de la media en la comparación de los ángulos medidos por el método electrónico y manual no fue clínicamente significativa. Aunque el 40% de las mediciones electrónicas están fuera del intervalo de confianza en comparación con las mediciones manuales, esta diferencia fue insignificante en la práctica clínica. Conclusiones: La aplicación CobbMeter es otra alternativa para medir el ángulo de Cobb en la escoliosis. Descriptores: Escoliosis/diagnóstico; Columna vertebral/anomalías; Validación de programas de computación; Aplicaciones móviles. INTRODUÇÃO A escoliose idiopática do adolescente (EIA)1 pode ser definida como desvio lateral da coluna no plano frontal. Na prática, entretanto, constata-se que o desvio é tridimensional. O paciente apresenta desnivelamentos nos ombros, assimetria no triângulo de Talhe e Giba costal. A EIA acomete principalmente adolescentes do sexo feminino na idade entre dez e 18 anos e sua etiologia é idiopática. As avaliações radiográficas de pacientes com escoliose são feitas a partir da medida do ângulo de Cobb,2 que permite analisar a progressão da doença, determinar o prognóstico e tratamento. Essa aferição é realizada delimitando-se nas radiografias da coluna total em anteroposterior as vértebras mais cranial e mais caudal em determinada curva. Então, traça-se linha paralela ao platô superior da vértebra mais cranial e outra linha paralela ao platô inferior da vértebra mais caudal da curva. Na intersecção dessas linhas forma-se o ângulo de Cobb. Tradicionalmente essa medida manual é feita com lápis e goniômetro. 1. Hospital e Maternidade Celso Pierro (PUC/Campinas), Campinas, SP, Brasil. Trabalho realizado no Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital e Maternidade Celso Pierro (PUC/Campinas), Campinas, SP, Brasil. Correspondência: Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital e Maternidade Celso Pierro (PUC-Campinas) - Av. John Boyd Dunlop, s/n – Jd. Ipaussurama, Campinas, SP, Brasil. 13012-970. [email protected] http://dx.doi.org/10.1590/S1808-185120151402145324 Coluna/Columna. 2015;14(2):101-4 Recebido em 27/01/2015, aceito em 29/04/2015. 102 Este método, adotado como padrão pela Sociedade de Pesquisa de Escoliose desde 1966, é o mais usado na prática médica, pois é um método simples e rápido capaz de analisar o grau de evolução da doença e sua gravidade. Kotwick3 avalia que a obtenção radiográfica pelo angulo de Cobb ainda é o método mais eficaz para pacientes portadores de escoliose. Vrtovec et al.4 avaliaram a curvatura em mais de cem radiografias 2D e 3D computadorizadas e concluíram que muitos métodos computadorizados permaneceram complexos e não eram adequados para a avaliação clínica diária devido ao alto custo, dificuldade de acesso universal a essa tecnologia e por não serem móveis, dificultando seu uso fora de hospitais e centros médicos. Com o surgimento dos smartphones,5 softwares para celulares conhecidos como aplicativos ou APP vêm contribuindo em diversas áreas para facilitar os profissionais da Saúde em cálculos, medições de ângulos, doses de medicamentos, entre outras funções. CobbMeter é um aplicativo restrito a profissionais que possuem Iphones, sendo um programa vendido livremente e que não necessita autorização prévia pelo fabricante. O aplicativo CobbMeter foi elaborado com o objetivo de facilitar a medição do ângulo de Cobb em pacientes com escoliose para otimizar a prática clínica. O objetivo deste trabalho é validar o método de aferição do ângulo de Cobb através do uso do aplicativo para Iphone denominado CobbMeter. MÉTODOS Foram selecionadas aleatoriamente 24 tele radiografias panorâmicas pré-operatórias em AP (anteroposterior) de pacientes com diagnóstico de EIA em tratamento no ambulatório de coluna de um hospital universitário. Os critérios de inclusão do estudo contemplaram médicos ortopedistas titulados e residentes em ortopedia com no mínimo dois e no máximo dez anos de experiência. Com relação às radiografias, foram incluídas na avaliação tele radiografias ou radiografias panorâmicas posteroanterior de coluna em pacientes com diagnóstico de EIA, autorizado pelos mesmos através de Termo de Consentimento Livre e Informado. Trabalho aceito pelo Comitê de Ética, da nossa Instituição sob o número 735.967. Previamente à coleta de dados, todas as radiografias foram analisadas pelo grupo que determinou os níveis das curvas a serem medidas. No caso de paciente com dupla curva foi preestabelecido que seria medida aquela de maior angulação. Cinco observadores médicos, sendo três ortopedistas membros da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), especialistas em Cirurgia da Coluna pela Sociedade Brasileira de Coluna com até dez anos de formados, um ortopedista da SBOT com especialização em Cirurgia da Coluna (R4) e um residente em Ortopedia e Traumatologia com no mínimo dois anos de experiência, realizaram duas coletas de dados utilizando o aplicativo CobbMeter. Através do uso do sensor de angulação disponível no Iphone (micro-electro-mechanical-system accelerometer), o CobbMeter é capaz de aferir o ângulo de Cobb nas radiografias. Primeiramente a parte superior do aparelho é alinhada com o platô vertebral da vértebra mais cranial da curva a ser medida e um “clic” é feito na tela. Em seguida, o examinador posiciona a parte inferior do aparelho alinhada ao platô inferior da vértebra mais caudal da curva a ser medida, e outro toque é feito na tela. No visor do Iphone aparece então a medição realizada pelo sensor do aparelho, que indica o ângulo de Cobb medido. (Figura 1) Um único aparelho telefônico celular Iphone (modelo 4S) com o aplicativo CobbMeter instalado, fornecido pelo responsável pela pesquisa, foi usado por todos os observadores que tiveram instrução prévia da utilização do aparelho para a correta medição dos ângulos. As radiografias foram analisadas de forma independente e sem contato entre os avaliadores, em condições idênticas por todos os observadores. Não houve limite de tempo para estabelecer as medições. Figura 1. Medição pelo CobbMeter. Após um mês, os mesmos observadores avaliaram as mesmas radiografias com o aplicativo, sem qualquer ciência das respostas assinaladas previamente, tampouco sobre os dados dos outros avaliadores em questão. Após as medições com o aplicativo, aferição única do ângulo de Cobb pelo método tradicional (manual) foi efeuada pelo observador mais graduado. Este estudo transversal teve análise das variações intra e inter observador através do Software SPSS 13.0 utilizando o método estatístico de Kappa, que avalia a concordância entre observadores através de análise pareada, comparando a proporção observada de concordância entre os observadores (Po) e intra-observadores (Pe). Seus valores podem variar de resultado -1,0 (discordância total) a +1,0 (concordância total). RESULTADOS Nas análises intra-observadores não identificamos diferenças significativas entre as primeiras e segundas medições com o aplicativo, conforme mostra a Tabela 1. Quando as medições do aplicativo foram comparadas com a medição manual identificamos diferenças significativas a 95% de confiança em três dos cinco avaliadores. (Tabelas 2 e 3) Tais resultados também podem ser observados na Tabela 4. O desvio padrão entre as medidas dos ângulos realizadas manualmente e a media das medidas realizadas por todos os observadores com o aplicativo pode ser visto na Tabela 5. DISCUSSÃO A expansão tecnológica tem proporcionado muitas facilidades para nosso dia a dia. O crescimento de aparelhos telefônicos celulares ultramodernos equipados com dispositivos chamados MEMS (“micro-electro-mechanical-system accelerometer”) capazes de realizar aferições angulares é prova disso. O desenvolvimento de aplicativos que utilizam esses dispositivos e sua facilidade no uso rotineiro vem se tornando uma alternativa tentadora na prática clínica diária, como na aferição de ângulos nas deformidades da coluna vertebral.6,7 Mas até que ponto esses aplicativos são confiáveis? No presente estudo comparamos a performance do aplicativo “CobbMeter” com a aferição convencional na medida dos ângulos de Cobb em radiografias de pacientes com escoliose. Coluna/Columna. 2015;14(2):101-4 USO DE APP DE IPHONE PARA ANGULO DE COBB NA ESCOLIOSE IDIOPATICA DO ADOLESCENTE: É APLICÁVEL? Tabela 1. Primeira e segunda medidas (A e B) com o aplicativo em graus dos ângulos de Cobb realizadas por cada observador (1 a 5). Observador Medida Paciente 1 Paciente 2 Paciente 3 Paciente 4 Paciente 5 Paciente 6 Paciente 7 Paciente 8 Paciente 9 Paciente 10 Paciente 11 Paciente 12 Paciente 13 Paciente 14 Paciente 15 Paciente 16 Paciente 17 Paciente 18 Paciente 19 Paciente 20 Paciente 21 Paciente 22 Paciente 23 Paciente 24 Média DP 1 2 3 4 5 A B A B A B A B A B 82 84 84 85 83 88 89 91 86 85 34 35 35 38 32 33 31 36 34 31 43 45 45 43 47 48 48 48 41 41 76 76 76 78 83 79 82 83 78 78 80 79 79 85 83 80 87 81 83 85 58 55 55 55 56 57 55 59 54 57 49 48 48 50 48 46 48 51 48 47 50 48 48 50 45 46 45 48 47 47 68 71 69 70 71 71 70 68 70 67 49 51 47 50 49 49 55 49 49 51 52 51 56 57 52 56 54 52 54 58 74 75 75 73 76 74 72 76 71 73 16 17 15 22 18 14 17 14 15 20 18 15 14 13 16 14 14 16 15 15 51 53 56 49 53 52 54 53 53 51 54 56 55 56 57 57 57 60 59 54 44 45 45 50 43 46 46 47 46 45 102 99 98 94 98 102 99 99 99 98 94 93 89 90 91 91 91 90 93 88 50 49 48 47 49 52 52 48 52 50 43 43 40 40 41 40 41 43 40 42 75 75 73 74 74 75 75 73 75 76 36 36 31 34 33 38 33 32 30 30 45 45 45 49 43 43 40 38 43 43 55.96 56.00 55.25 56.33 55.88 56.29 56.46 56.46 55.63 55.50 21.66 21.56 21.65 20.99 22.09 22.49 22.75 22.50 22.47 21.87 Tabela 2. Medidas feitas com o aplicativo, em que 1A corresponde ao observador 1 realizando a primeira medição (A), 1B sendo sua segunda medição e assim sucessivamente (2A, 2B, 3A, 3B, 4A, 4B, 5A e 5B) e valores da medida manual (M). Paciente 1 Paciente 2 Paciente 3 Paciente 4 Paciente 5 Paciente 6 Paciente 7 Paciente 8 Paciente 9 Paciente 10 Paciente 11 Paciente 12 Paciente 13 Paciente 14 Paciente 15 Paciente 16 Paciente 17 Paciente 18 Paciente 19 Paciente 20 Paciente 21 Paciente 22 Paciente 23 Paciente 24 Méd DP 1A 1B 2A 2B 3A 3B 4A 4B 5A 5B M 82 84 84 85 83 88 89 91 86 85 94 34 35 35 38 32 33 31 36 34 31 33 43 45 45 43 47 48 48 48 41 41 42 76 76 76 78 83 79 82 83 78 78 82 80 79 79 85 83 80 87 81 83 85 88 58 55 55 55 56 57 55 59 54 57 55 49 48 48 50 48 46 48 51 48 47 50 50 48 48 50 45 46 45 48 47 47 49 68 71 69 70 71 71 70 68 70 67 73 49 51 47 50 49 49 55 49 49 51 50 52 51 56 57 52 56 54 52 54 58 56 74 75 75 73 76 74 72 76 71 73 75 16 17 15 22 18 14 17 14 15 20 18 18 15 14 13 16 14 14 16 15 15 14 51 53 56 49 53 52 54 53 53 51 52 54 56 55 56 57 57 57 60 59 54 58 44 45 45 50 43 46 46 47 46 45 50 102 99 98 94 98 102 99 99 99 98 96 94 93 89 90 91 91 91 90 93 88 92 50 49 48 47 49 52 52 48 52 50 50 43 43 40 40 41 40 41 43 40 42 44 75 75 73 74 74 75 75 73 75 76 76 36 36 31 34 33 38 33 32 30 30 32 45 45 45 49 43 43 40 38 43 43 46 55.96 56.00 55.25 56.33 55.88 56.29 56.46 56.46 55.63 55.50 57.29 21.66 21.56 21.65 20.99 22.09 22.49 22.75 22.50 22.47 21.87 22.86 Coluna/Columna. 2015;14(2):101-4 103 Tabela 3. Resultados dos testes pareados entre as duas medidas com o aplicativo realizadas por cada observador (1 A e B, 2 A e B, 3 A e B, 4 A e B, 5 A e B). Medida 1 (A e B) 2 (A e B) 3 (A e B) 4 (A e B) 5 (A e B) p-valor 0.907 0.098 0.441 1.000 0.811 Significativo (95% confiança) Não Não Não Não Não Tabela 4. Resultados dos testes pareados entre cada medida realizadas com o aplicativo por cada observador (1 A e B, 2 A e B, 3 A e B, 4 A e B, 5 A e B) em comparação com as medidas manuais (M). Medida 1A-M 2A-M 3A-M 4A-M 5A-M 1B-M 2B-M 3B-M 4B-M 5B-M p-valor 0.126 0.007 0.047 0.179 0.004 0.086 0.129 0.182 0.248 0.005 Significativo (95% confiança) Não Sim Sim Não Sim Não Não Não Não Sim Tabela 5. Desvio padrão Cobb (em graus) entre as medições manual e média das medições de todos os observadores com o aplicativo em cada paciente. Paciente 1 Paciente 2 Paciente 3 Paciente 4 Paciente 5 Paciente 6 Paciente 7 Paciente 8 Paciente 9 Paciente 10 Paciente 11 Paciente 12 Paciente 13 Paciente 14 Paciente 15 Paciente 16 Paciente 17 Paciente 18 Paciente 19 Paciente 20 Paciente 21 Paciente 22 Paciente 23 Paciente 24 Cobb Manual 94 33 42 82 88 55 50 49 73 50 56 75 18 14 52 58 50 96 92 50 44 76 32 46 Média Cobb APP Desvio padrão Cobb 85,7 2,83 33,9 2,37 44,9 2,81 78,9 2,81 82,2 2,82 56,1 1,60 48,3 1,42 47,4 1,78 69,5 1,43 49,9 2,13 54,2 2,44 73,9 1,66 16,8 2,62 15,0 1,41 52,5 1,90 56,5 1,96 45,7 1,89 98,8 2,25 91,0 1,89 49,7 1,83 41,3 1,34 74,5 0,97 33,3 2,71 43,4 2,99 Média DP Cobb: 2,08 Cinco observadores experientes avaliaram 24 radiografias com o “CobbMeter” em duas oportunidades distintas, sem qualquer identificação nos exames que pudesse comprometer a aferição, com a segunda medida realizada um mês após a primeira. As radiografias foram então medidas com lápis e goniômetro pelo avaliador mais experiente do grupo, que determinou os ângulos de Cobb a serem interpretados como padrões. Essas medidas foram compiladas e analisadas através do Software SPSS 13.0 utilizando o método estatístico de Kappa. Comparações entre as medidas inter e intra-observadores do aplicativo e dessas com a medição padrão manual foram feitas. 104 Nesse estudo, as diferenças entre as duas medições intra-observadores com o CobbMeter realizadas por cada observador com o aplicativo não foram significativas. No entanto, ao compararmos as medições eletrônicas com a medição manual, apenas as avaliações feitas por dois examinadores demonstraram 95% de confiança no teste pareado. (Tabelas 1 a 4) Isso significa que a medição eletrônica pelo aplicativo CobbMeter foi estatisticamente confiável para todos os avaliadores. Os desvios encontrados não são clinicamente um empecilho no diagnóstico, estabelecimento do prognóstico e definição do tratamento nesses casos. Levando-se em conta examinadores diferentes, o aplicativo mantém-se calibrado na medida dos ângulos de Cobb nas radiografias. Todavia, ao compararmos as medições do CobbMeter com a medição manual, 60% delas apresentavam pelo menos 95% de confiança. Pode-se concluir que 40% das medições estariam fora do intervalo de confiança estabelecido na análise estatístico. CONCLUSÕES Na prática, 2,08° de diferença para mais ou menos (4,16° em absoluto) na medição de uma curva de escoliose não traduz significado preocupante que venha a causar erros interpretativos para diagnóstico, estabelecimento de prognóstico ou definição do tratamento. Esses desvios são obtidos mesmo intra ou interobservadores na aferição manual rotineira. Desse modo, o uso do aplicativo CobbMeter para aferição de ângulos de radiografias em estudo de escoliose idiopática do adolescente pode ser considerado seguro e aplicável na prática clínica. Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo. REFERÊNCIAS 1. Hebert SK, Barros Filho EP, Xavier R, Pardini Junior AG. Ortopedia e traumatologia: princípios e práticas. 4a ed. Porto Alegre: Artmed; 2009. 2. Cobb JR. Outline for the study of scoliosis. Instr Course Lect. 1948;5:261-75. 3. Kotwicki T. Evaluation of scoliosis today: examination, X-rays and beyond. Disabil Rehabil. 2008;30(10):742-51. 4. Vrtovec T, Pernus F, Likar B. A review of methods for quantitative evaluation of spinal curvature. Eur Spine J. 2009;18(5):593-607. 5. Shaw M, Adam CJ, Izatt MT, Licina P, Askin GN. Use of the iPhone for Cobb angle measurement in scoliosis. Eur Spine J. 2012;21(6):1062-8. 6. 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