Relato de Caso Síndrome do Aqueduto Vestibular Alargado: Relato de 3 Casos e Revisão de Literatura The Enlar^ed Vestibular Aqueduct Syndrome: Report of3 Cases and Review of the Literature Bento, R. F.\ Professor Associado da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da LJni\'ersidade de São Paulo. Lessã, M. M.\ Médico Residente da Divisão de Clínica Otorrinolaringológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Castilho, A. M.\ Médico Residente da Divisão de Clínica Otorrinolaringológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Sanchez, T. G.; Médica Assistente Doutora da Divisão de Clínica Otorrinolaringológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Gebrim, E. M. 5.; Médica Assistente Doutora do Setor de Tomografia Computadorizada do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Brito Neto, R. V.\ Médico Assistente e Pós-Graduando em Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Miniti, A.-, Professor Titular da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Trabalho realizado na Divi.são de Clínica Otorrinolaringológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Trabalho apre.sentado no 35° Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia, realizado de 16 a 20 de Outubro de 2000, em Natal /RN. Endereço para correspondência: Prof. Dr. Ricardo F. Bento - Rua Pedro.so Alvarenga, 1255, cj.22 — Cep: 04531-012 - São Paulo /SP - Telefone: (11) 3167-6556 — Fax: (11) 3079-6769 - E-mail: [email protected] Artigo recebido em 30 de outubro de 2000. Artigt) aceito em 4 de dezembro de 2000. Resumo A síndrome do aqueduto ve.stibular alargado (SAVA) ca racteriza-se pelo alargamento do aqueduto ve.stibular, síndrome. A conduta conservadora anomalia mais comum da orelha interna, as.sociado ã perda auditiva principalmente neuro.ssen.sorial. O quadro clínico é geralmente muitcí variável. A di.sacusia pode .ser congênita ou adquirida na infância, puramente neuro.ssen.sorial ou barotrauma e amplificação .sonora .se nece.s.sãrio. Porém, a despeito das medidas con.seiA adoras, uma grande parte algumas vezes mi.sta. Pode \ ariar de moderada a profunda, podendo ser flutuante, lentamente progre.s.si\ a ou súbita. Sintomas vestibulares poclem estar presentes. Cd objetivo eficácia em melhorar tanto a percepção auditiva como a fala em crianças com surdez congênita ou adquirida por deste estudo é relatar três casos de SA\ A rev isando a serv iço, além do tratamento con.servador, estão sendo literatura. Dois pat ienies eram do sexo feminino e um elo acompanhados pelo grupo de implante coclear para procedimento cirúrgico oportuno. sfxo masculino, sendo que a idade variou de 3 a 32 anos. tem sido a base do tratamento e inclui evitar traumatismo de crânio ou dos pacientes afetados continuam a apresentar perda auditiva progre.ssiva. O implante coclear tem mostrado diversas causas. Todos os três ca.sos atendidos em no.s.so Vertigem foi relatada em apenas um paciente, assim como a otorrénc ia de malformação as.sot iada da orelha intertia. () manejo da disac usia neuro.ssen.sorial que acompanha a SA\ .A tem sido Irustrante de.sde a primeira descrição da 26 Unitermos: aqueduto vestibular alargado; ouvido interno; malformação congênita; di.sacusia. Arq. Fund. OtorrinolaringoL, 5 (í), 2001 SUMMARY Thc large vestibular aqueduct syncirome (LVAS) is characterized by the presence of a enlarged vestibular syndrome was first described. Conseivative management aqueduct,the most common form of inner ear abnormality, and the association with a sensorineural hearing loss. It barotrauma and amplification as necessary. However, despite conser\ ative measures, a large portion of affected patients continue to experience progressi\'e hearing loss. was first named by Valvassori and Clemis in 1978, when they described radiographic findings in congenitally malfonned inner ears.The clinicai picture is usually variable. Hearing loss ranges from profound to mild, vaiying from fluctuating to stepwise progressivo or sudden. Vestibular disturbances may be associated. The purpose of this study is report three cases of LVAS and review lhe literature. Two patients were female and one male. The age varied form 3 to 32 years. Vertigo was referred in only one patient, just like the association of inner ear abnormality. Management of the sensorineural hearing loss that accompanies the LVAS has been frustrating since the Introdução o alargamento do aqueduto vestibular (AAV) é a anomalia mais comum da orelha interna' Sua associação com disacLisia neurossensorial(DNS)tem sido reconhecida há mais de duas décadasL has been advocated and includes avoidance of head or Cochlear implantation has proven to be effective in increasing both auditory perception and speech production in children with congenital and acquired deafness from di\'erse causes. Ali the three cases reported in our study, besides the conservative management, have been followed by the cochlea implantation group of our department for a opportune surgical procedure. Uniterms: enlarged vestibular aqueduct; inner ear; congenital abnormality; hearing loss. O quadro clínico na SAVA é geralmente muito variável. A disacusia pode ser congênita ou adquirida na infância, puramente neurossensorial ou algumas vezes mista. Pode variar de moderada a profunda, podendo ser flutuante, lentamente progressiva ou súbita. Sintomas vestibulares podem estar presentes em alguns casos ' Na avaliação da DNS progre.ssiva na infância, o A síndrome do aqueduto vestibular alargado(SAVA) foi inicialmente denominada por Valva.ssori e Clemis' em diagnóstico diferencial deve ser feito com as principais etiologias en\ ol\'idas, que podem ser divididas em cau.sa 1978,quando descreveram achados radiológicos de malfor mações congênitas da orelha interna atra\ és da a\ aliaçào hereditária (sindrômica cíu não sindrômica), do de.senvolvimento, infecciosa, metabólica, tóxica, auto-imune, politomográfica convencional do osso temporal de 3.700 pacientes com DNS. Eles identificaram 30 pacientes(1,5%) com alargamento do aqueduto vestibular, isto é, com diâmetro ântero-posterior maior que 1,5 mm. Observ aram traumática e vascular"'. O mesmo deve ser realizado através da anamnese (história familiar detalhada, história da gestação, condições do parto e hi.stória pós-natal), exame físico, te.stes audiológicos, exames laboratoriais e métodos que 60% desses pacientes também apre.sentavam outras de imagem. Contudo, a origem do distúrbio auditivo muitas anomalias da orelha interna, principalmente o alargamento do canal semicircular lateral. Emmett\ em 1985, realizando um estudo similar de politomografia em 2.683 pacientes vezes ainda pennanece desconhecida'". com queixas auditivas ou vestibulares, encontrou prevalência semelhante (1%). A primeira descrição sobre a avaliação do aqueduto vestibular através de coite axial de tomografia computa dorizada foi realizada por Swaitz" em 1985. De.sde então, vários relatos de AAV têm sido pui')licados. Em 1995, Os autores descrevem 3 casos de SAVA, atendidos na Divisão de Clínica Otorrinolaringológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo (HC-EMl^SP) no período de junho de 1998 a junho de 2000, discutindo a anatomia, patogênese. história clínica, resultados audiológicos, achados radiológicos e a conduta diante de.s.ses pacientes. Okumura e cols." avaliaram 327 orelhas de 181 pacientes Relato de Casos com DNS de etiologia desconhecida realizando tomografia computadorizada de alta re.solução e encontraram 7% de Caso 1 prevalência de AAV. Em 1989. Levin.son e cols.'^ definiram ti M. E. A. F.. ^ anos, .sexo feminino, natural e AAV como uma entidade distinta em crianças. O e.studo procedente de São Paulo - SP, com histciria de hipoaeusia realizado pelos autores consi.stia de 12 crianças com DNS flutuante há 3 anos. .sem otalgia. otcíiréia ou tontura. Sem progre.ssiva a.ssociada exclusivamente ao AAV evidenciado antecedentes de surdez na família. Hi.stória da gestaçãt). em coite axial de tomografia computadorizada. Eles con do parto e piis-natal sem intercorrêneias. At)exame físico, apre.sentava oto.scopia normal. Realizou várias audiometrias cluíram que a perda auditiva era adquirida durante a infância. Arq. Fiind. OtorrinolariiigoL, 5 (/), 2001 27 Ouvido Esquerdo Ouvido Direito 2K o 3K 4K 6K 8K Hz 230 / ' /■ —2/ ) 10 300 IK 2K 3K 4K 6K tK Hz O 10 — 30 20 30 30 40 40 30 30 / «O 70 80 90 s / > >< f" f c 90 100 100 110 110 120 120 dB dB AUDIOMETRIA AUDIOMETRIA TONAL TONAL SOO UC 3IC 4K AUDIOMETRIA TONAL 6K eK 500 c ( y- F A- r - ■ Q- t y A . / ^ ' ftX J ; — ( t) >/ \ \ 1 1 4 ) A T r 6K ) ^ y ( "A L\ 3K -h A. "tc Ai t 1K A 1 ( A; 1, Y Ç' f' -í^ 6 (\ T B Figura 1. Caso 1: audiometrias tonais seriadas mostrando a flutuação da audição ÍA em 21/07/98; B em 10/09/98; C em 03/12/98; D em 12/08/99). tonais prospectivas durante o seu acompanhamento que evidenciaram: à esquerda - DNS inicialmente flutuante e com um componente misto em freqüências graves (gap de lOdB em 500 e 1000 Hz), progredindo para uma DNS profunda e constante (Figura 1); à direita - DNS flutuante, que atualmente encontra-se variando de moderada à severa (Figura 1), apresentando também por algumas vezes um componente misto em freqüências graves (gap de 10 dB em 500 e 1000 Hz). Há cerca de 2 meses, após queda de uma gangorra, cursou com DNS profunda à Caso 2 M. A. V. M., 32 anos, .sexo feminino, natural e procedente de Juazeiro - BA, com história de hipoacusia bilateral, principalmente à direita, desde a infância, sem otalgia ou otorréia. Cursou com progressão da hipoacusia à esquerda nos últimos 10 anos. Apresentava também zumbido bilateral .semelhante a um apito e tontura rota tória esporádica. Sem antecedentes de surdez na família. História da gestação, do parto e pós-natal sem intercor- direita, a qual nunca tinha apresentado antes, imediata ao rências. Ao exame físico, a otoscopia encontrava-.se normal. A audiometria tonai mostrou uma DNS severa à esquerda trauma e que durou aproximadamente duas semanas, e profunda à direita, apre.sentando também um compo voltando novamente à característica flutuante. Os testes nente mi.sto bilateral, com gap de 25 dB em 500 Hz (Figura laboratí^riais (sc:)rologias para Citomegalovírus, Mononucleose, Rubéola, Sífilis e Toxoplasmose / pesqui.sa inespecífica de auto-imunidade: VHS, complemento total, fração C3 e C4 do complemento, fator reumatóide, fatores anti- 3). Contudo, a paciente não po.ssuía nenhuma audiometria nucleares, anti-DNA nativo, anti-SM, anti-RNP. anti-S,SA( Ro). anti-SSB (La), anti-JOl, anti-SCd.-70. proteína C reativa, anticorpo anti-iireoperoxidase e pesqui.sa de células LK) foram normais. A tomografia computadorizada (TC) de prévia, o que dificulta a comprovação audiométiica de flutuação ou do ritmo de progre.s.sào da di.sacusia. A TC de O.S.SOS temporais evidenciou os aquedutos vestibulares alargados (Tabela 1), principalmente ã e.squerda, com aspecto normal das cócleas e ve.stíl")ulos (Figuia 4). Caso 3 o.s.sos temporais evidenciou os aquedutos ve.stibulares Cl. R. S.. 3 anos, .sexo ma.sculino. natural e procedente acentuadamente alargados bilateralmente (Tabela 1). além de São Paulo - SP, com história de deterioração progressiva do alargamento dos vestíbulos (Figura 2). da linguagem falada e distúrbio do comportamento há (i 28 Arq. Fund. OtorrinolaringoL, 5(1), 2001 OUVIDO DIRETO Figura 2. Caso 1; toiiiografia de ossos temporais em cone axial evidenciando alargamento do aqueduto \ esiihiilar e do \ estíbiilo à esquerda. OUVIDO ESQUERDO nieses,deixando de responder gradualmente às solicitações dos familiares. Sem oialgia, otorréia ou antecedentes de surdez na família. História da gestação, do parto e pósnaial .sem intercorrências. Ao exame físico, apresenta\a otoscopia normal. Realizou audiometria de tronco cerebral que foi compatí\"el com DNS profunda bilateral (Figura S). Os testes laboratoriais foram normais. A TC de ossos temporais evidenciou o alargamento dos aquedutos vestibulares (Tabela 1) e a presença de buli^os jugulares altos, porém nào deiscentes, .sem alterações das demais e.struturas anali.sadas (Figura 6). Figura 3. Ca.so 2: audiometria tonai (iunho/99). Discussão O aqueduto vestibular, um canal ósseo na cápsula ótica, contém o dueto endolinfático que faz a conexão entre ti saco endolinfático e o \'estíl")ulo. O aqueduto surge da parede mediai do x-estíluilo e estende-se posteriormente por aproximadamente 1 cm. abrindo-se na porção po.sterior da pirâmide petrosa dentro da fo.s.sa cranitina posterior. Como a fo.s.sa craniana posterior expande-se durante o de.senvoKimento, o aqueduto \estibular e o saco endo linfático não totalmente desen\-ol\idos ao nascimento, expandem-se rapidamente e geralmente alcançam as suas dimensões finais por solta dos 4 anos de i(.lade\ Wilbrand e cols.'' descre\"ei am que o diâmetro do ac|ueduto s estibular. em ossos temporais normais, \'aria de 0,4 a 1.0 mm. .A medida do aquedutt)\ estibular foi obtida no ponto intennediário entre a abenura externa e a cruz comum. H.ssa técnica A SAVA caracteriza-se pelo alargamento do aque duto vestibular, associado ã perda auditisai principalmen te neuro.ssensorial. Les^enson e cols.^ propuseram que a dilatação anormal do aqueduto s-estibular prejudicam a homeostasia da circulação endolinfática pelo refluxo do ccaiteüdti hiperosmolar do saco endolinfático atras^és do dueto endolinfático extremamente patente. O refluxo des.se conteiklo hiperosmolar do saco para dentro do dueto coclear poderia causar contaminação da circulação endolinfática. com subsequente dano ao neuroepilélio coclear e DN.S. Eles laitibém sugerem que mudanças súbitas no fluido cerebrospinal. como sásto no traunta de crânio, podem comprimir a dura-máter e precipitar um (.leslocamento do fliiido hiperosmolar do saco pai"a elentro da cóclea. Alguns autores sugerem uma pt)ssís'el fraqueza de medição toi posteriormente utilizada por Valva.ssori e Clemis'. que definiram o alargamento do aqueduto ve.stibular congênita das membranas da C(k-lea membranosa que como tendo um diâmetro ântero-po.sterior maior do que l.S resultando em uma mistura de en(.lolinfa com perilinhi e conse(.|üenie DNS-. Outra teoria é a coexistência de uma mm.Outro parâmetro também pode.ser utilizado; o tamanho do acjueduto ve.stibular (.lese se aproximar ao t.lo canal .semicircular adjacente'^ Arq. Fund. OtorrinolaringoL 5 (/). 2001 poderiam romper-se com mudanças súbitas i.le pressão, listula perilinfática. a qual e comumenle vista em orelhas com malformações congênitas^ Belenky e cols.' relataram cr rarcM sittos HiSfiiJ U: lOta rtoi|i <Us Clinica* ini»' MMA Af Vi I DIA cm f 3»Ji3iAan iul 2J n S*:l 3 bl2 r» i s 1 - Direita - 120 dB SPI. Figura 4. Caso 2: tomografia compuiaciorizatia cie ossos temporais em corte axia! e\ iclencianclo alargamento clc3 aciuecinlo eestibiilar à esquerda. 2 - Binaural - 120 clB SPL 2 - Fsquerda - 12üdB SPL Figura 5- Caso 3: audiometria de tronco cerebral suge.sti\'a de disacLisia neurossensorial profunda bilateral, nào excluindo restos auditivos em frecjüências graves. rHuA Hc irasp CAIUn R r J UA^lV^ DA SIIVA 332STO» k 132Í.MÍ Ir !»■ IS3 00 ím 17 2000 Jan 17 2000 lirov i&.Ooi BCME k* 140 . iri Figura 6. Caso 3: tomcígrafia de ossos temporais evidenciando alargamento dos aquedutos vestibulares bilateralmente. cjue o AAV pode estar associado a anormalidades da Hsta análise genética confirma que mutaqòes no gene janela redonda, podendo predispttr o paciente a urna PD.S, responsável pela síndrome de Pendred (.SP), podem le\'ar a um espectro de fenótipos mais amplo do cjue ,se imaginava, variando desde a clássica SP (perda auditiva neurossen.sorial. bócio palpavei e teste do perclorato positivo) até perda auditiva nào sindrômica associada a AAV. De qualc|Lier maneira, o autor re.s.salta ne.ste e.studo ciue as mutações no gene PDS de um modo geral levam a algum grau de malformação de orelha interna, ao pa.s.so (|ue nem todas as mutações levam a doença da tireóide. fiSlLila perilinfática traumática e/ou e.spontánea. A ocorrência familiar da SAVA foi reportada por Abe e cols.. c-m 1997'\ descre\endf) uma perda auditixa recessiva as.sociada ao AA\' em b gêmeos de três famílias distintas, indicando uma transmissão autossómica reces- si\:i. Km esiLidí) sul)se([uenie. sugeriram cjue f) gene respcjnsável pela hei"anca autossómica i"ecessi\a estaiaa locali/.ado na região cromo.s.sómica ~().31 ' . rsami e cols." estudaram 9 indivícluos de b lamílias c'on! A.A\ scaii características sin-drtanicas e deim)nstraram (|ue duas mutações eni onlradas sao as mesmas de pacientes c'om sindronie de- Pendrc-d (das ií) j/i descritas nesta síndrome). I',m no.sso relato, nenhum dos três ca.sos apre.sentou história familiar suge.siiva, /a/al e cols.-, em e.studo realizado com JS ciaancas (2b orelhas) com AA\'. encontraram (|ue a idade média no Arg. Fiind. Otorrinolaringol, 5 (I), 200/ Sexo Idade Tipo Perda auditiva Diâmetro do AV (mm) Vertigem Malformações associadas da OI CASO 1 F 7 anos D DNS profunda 2,06 Ausente Alargamento dos vestíbulos E 3,20 CASO 2 F 32 anos D DNS profunda 2,58 Presente Nenhuma E DNS severa 4,62 CASO 3 M 3 anos D DNS profunda E DNS profunda Ausente Nenhuma 4,58 DNS flutuante 3,10 Tabela 1 - Quadro clínico dos pacientes com a Síndrome do Aqueduto Vestibular Alargado (AV = aqueduto vestibular; OI = orelha interna). momento do diagnóstico era de 4,9 anos. Revisando outros seis trabalhos da literatura, constataram que na maioria das vezes o diagnóstico era feito na infância. Encontraram uma di.screta predominância feminina (1,1:1) também vista nas outras séries e obser\'aram que o AAV bilateral é mais comum do que o unilateral. Em nossa casuística, apenas o CASO 02 não foi diagnosticado dentro de.sta fai.xa etária e acreditamos que isso foi devido à queixa .ser principalmente unilateral durante a infância e adolescência, além da dificuldade de acesso a uma avaliação especializada mais precoce. Também encontra mos uma predominância feminina(2 casos em 3), embora no.ssa casuística .seja pequena pela raridade da doença. O acometimento foi bilateral em todos os casos (Tabela 1). O quadro clínico na SAVA é muito variá\el em estudos publicados na literatura. A disacusia pode ser Perda súbita da audição em pacientes com AAV já x'em .sendo relatada desde 1984". Várias causas têm sido especuladas como responsáveis por esta queda súbita, entre elas o refluxo de fluido hiperosmolar do saco endolinfático para a orelha interna (como já descrito anteriomiente) e a ruptura do labirinto membranoso ou fístula perilinfática dex ido à transmi.ssào direta da pressão intracraniana para a orelha interna atrax^és do aqueduto vestibular alargado". Os episódios de perda súbita da audição são normalmente acompanhados de fatores desencadeantes como pequenos traumas cranianos, longa exposição ao sol ou exercícit:)S radicai.s". Esses pacientes, portanto, devem ser orientados a ex itar esses fatt:)res para a profilaxia da perda súbita da audição e de uma maior deterioração da audição. Em nosso relato, o caso 1 exoluiu com queda súbita da audição à direita após queda congênita ou adquirida na infância, puramente de uma gangorra. A audiometria tonai evidenciou uma neurossensorial ou algumas vezes mista. Pode \ariar de 19NS profunda, a qual nunca tinha apresentado antes, que moderada a profunda, podendo .ser flutuante, lentamente persistiu por aproximadamente duas semanas e x oltou ã progressiva ou súbita'". Apesar de todos os estudos característica flutuante anterior. demon.strarem que a DNS é o principal achado na síndrome, a instalação e o grau da perda auditiva, a configuração da endolinfático, pode ser respon.sável pela rápida deterio CLirx a audiométrica e a pre.sença ou ausência de progressão na perda auditix a não .são con.stante.s-. Abe e cí)1.'^ obserx aram a presença de um compo nente condutivo nas freqüências graves em 9 das 10 orelhas anali.sadas em seu estudo. Em no.s.so estudo, apenas no ca.so 3 não fí)i possíx el demonstrar e.s.se componente, já cjue o paciente só fez a audiometria de tronco cerebral e, portanto, a axaliação das freqüências graves ficou prejudicada. De acordo com Val\'a.s.sori'\ como nenhum achado anormal é encí)ntrado pela exploração da orelha média, o componente conduti\'o é pro\ avelmente cau.sado por uma diminuição na mobilidade do e.stribo devido a O bulbo da jugular alto, em contato com o saco ração da audição dex ido ã transmi.ssão de mudanças na pre.ssao do fluido cerebrospinal para o sistema perilinfático pelo AAV. Em no.sso relato, o ca.so 3 foi o que apresentou a menor idade no momento do diagnó.stico e a mais rápida progressão,sendo que, como achado de TC apresentax a os bulbos jugulares altcis. embcíra não deiscentes (Figura 7). O tamanho do aqueduto x e.stibular. a.ssim ccíino a coexistência de hipoplasia coclear ou displasia em grau lex e. parecem não ter correlação com a .sex eridade ou a rapidez da progressão da perda auditixa-. Em no.s.so relato, os casos 1 e 2 apresentaram piores níx eis auditixos nas orelhas onde o diâmetro do aqueduto x e.stibular era uma elevaçàt) na pre.s.sào perilinfática ou endolinlática. Segundo Abe e col.'\ um dos achados caracterústicos da audiometria dos pacientes com AAV seria uma DNS flutuante principalmente em altas freqüências, nao .se o menor (Tabela 1). as.semelhando às mudanças nas freqüências graves lares, encontraram alterações em muitos ca.sos -. Em no.s.so características da síndrome de .Ménière . Em no.sso relato relato, sintoma xe.stibular foi apenas referido no ca.so 2. de ca.so, a história sugestix a de flutuação foi ex idenciada porém nenhum dos pacientes realizou te.stes x estibulares. apenas noca.st) 1, tendo sitio comprox iida poraudiometrias O \A\' pode ser um achado ocasicMial (.le exame .seriadas (Figura 1). Arq. Fiind. Otoiriiwlaringol., 5 (l), 2001 Sintomas xe.stibulares a.s.sociados são raramente relatados. Contudo, alguns estudos que realizaram te.stes xe.stibulares mesmo em pacientes .sem sintomas xe.stibu radiokígico em pacientes com audição normal, porém estes 31 3^ PH TEC. 08 . 1 Figura 7. Caso 3: tomografia compuiactorizada de ossos temporais Figura 8. Caso 1: tomograna computadorizada de ossos tempo- em corte coronais apresentandcj bulbo jugular alto, porém não deiscenie à esquerda. rais em corte coronais apresentando alargamento do vestíloulo à direita. pacientes são propensos a desenvolver perda auditiva'^ Emmett'' relatou que apenas 3 em 2500 pessoas analisadas por TC de ossos temporais tinham audiçào normal. O AAV algumas vezes pode estar associado a outros significativo AAV em todos os casos, tornou-se dispensável a realização de RM. O manejo da DNvS que acompanha a SAVA tem sido frustrante desde a primeira de.scriçào da síndrome em 1978 tipos de malformações da orelha interna. Emmett''encontrou por Valvassori e Clemi.s'. A conduta consei-\'adora tem sido 88% de associação com outras anomalias, principalmente o alargamento do vestíbulo e canal semicircular lateral(63%) a base do tratamento e inclui evitar traumatismo de crânio e hipoplasia da cóclea (28%). Em nos.so relato, apenas o caso 1 apresentou associação com outra malformação que foi o alargamento dos vestíbulos (Figura 8). (ex.: esportes com contato físico) ou barotrauma, além de amplificação sonora .se nece.ssário. Porém, a despeito das medidas con.servadoras, uma grande paite dos pacientes afetados continua a apre.sentar perda auditiva progres.siva'N Ressonância magnética(RM)em cortes finos de alta O shunt endolinfático subaracnoídeo foi fortemente re.solução pela técnica de .seqüências rápidas (fast spinecho) tem sido considerada ctjmo método de imagem de.sencorajado por jackíer e De La Crtiz''-' quando quatro de supericM" quando comparada ã TC de os.sos temporais na sete pacientes evoluíram com uma severa perda neuro.ssen.sorial no pós-operatório. Hm estudo realizado avaliação da SAVA'". A TC é adequada para detectar o alargamento ósseo do aqueduio vestibular, porém não trada entre a oclusão do dueto endolinfático via intra- por Welling-", nenhuma diferença significativa foi demons consegue mostrar o labirinto membranoso. Alguns poucos luminal ou extraluminal. Nenhum dos dois procedimentos casos de resultados falsopositivos e falso-negativos à TC obteve suce.sso, sendo que a perda auditiva substancial de ossos temporais já foram relatados Dahlen e col."' relataram um caso no qual a TC evidenciou a presença de a!-)andonarem os mesmos. AAV. enquanto a RM mostrou o dueto e saco endolinfático de tamanho normal. Porém, como esse paciente apresentava déficit auditivo, esses autores relataram a dificuldade de precisar qual método e.sia\a correto. Na RM, nas imagens ponderadas em T2. o hipersinal do fluido no labirinto membranoso permite a visualização do dueto e saco endolinfaticcj,()alargamentf) do saco endolinfático associada a esses procedimentos levaram cjs autores a O implante coclear tem mo.strado eficácia em melho rar tanto a percepção auditiva como a fala em crianças com sLirclez congênita ou adc]uii-ida por di\ er,sas causas-L Vários estudos em pacientes tanto com SAVA quanto com malformações cocleares (ex.: displasia de Mondini) mostra ram resultados favoráveis com o implante coclear-'-L A.schendoiff e cols.-' sugeriram que crianças com AAV teriam evolução semelhante a outros pacientes submetidos é usualmente lacil de ser detectá\ei em imagens de I^M. mesmcj para f)s ob.servadores menos experientes. Além ao implante ccjclear e .sem alterações na orelha interna. Au disso, reconstruções tridimensionais são sempre úteis na e (iib.son-- anaii,saram retrospectivamente os resultados do \'isualizacao da anatomia da orelha interna e estnituras adjacentes. Na pre.sente casuística, como a TC; evidenciou implante coclear em 10 crianças com disacusia profunda e AAV. Além de concluírem (jue e.stas crianças podem obter Arq. Fund. Otorrinolaringol, 5 (I), 2001 benefício considerável com o implante coclear, observaram que a única intercorrência cirúrgica foi a presença de um pequeno "gushing" de perilinfa a partir da cocleostomia e que foi associado com vertigem transitória no pós-operatório. O centro de implante coclear na infância em Sidney, Austrália, considera uma criança com SAVA como candidata ao implante coclear se a audição deteriorar para uma disturbance in patients with large vestibular aqueduct syndrome (LVAS). Acta Otolarvngol. (Stockh). 119: 641646, 1999. 10. BERRETTINI,S.; RAVECCA,F.;SELLARI-FRANCESCHINI, S.; MATTEUCCI,F.;SICILIANO,G.;URSINO,F.-Progressive sensorineural hearing loss in childhooh. Pediatr Neurol.. 20: 130-136, 1999. discriminação de sentenças menor que 40% apesar do uso de aparelho de amplificação sonora adequado.Se a audição flutuar e subseqüentemente melhorar, a criança fica sob observação. Todos os três casos atendidos em nosso D. - The vestibular aqueduct and para-vestibular canal. Acta Radiol. Diagn.. 15: 337-355, 1974. serviço, além do tratamento conservador, estão sendo acompanhados pelo grupo de implante coclear para procedimento cirúrgico oportuno. diagnóstico? Radiol Bras.. 33(2): IX-X, 2000. Comentários 11. WILBRAND, H. F.; RASK-ANDERSEN, H.; GILSTRING, 12. RODRIGUES, M. B.; GOMES, R. L; GEBRIM, E. M. S.; BARROS, M.; ROCHA, M. S.; CERRI, G. G. - Qual o seu 13. ABE, S.; USAME, S.; SHINKAWA, H. - Three familial cases of hearing loss associated with enlargement of the vestibular aqueduct. Ann Otol LaryngoL. 106: 1063-1069, 1997. o otorrinolaringologista é freqüentemente solici tado a avaliar crianças com disacusia neurossensorial de etiologia desconhecida. A síndrome do Aqueduto Vesti bular Alargado deve ser lembrada no diagnóstico dife rencial das disacusias neurossensoriais na infância, sendo fundamental a realização de uma anamnese detalhada, exame físico cuidadoso e métodos de imagem apro 14. USAMI, S.; ABE, S.; WESTON, M.D.; SHINKAWA, H.; CAMP,G.V.; KLIMBERLING,W.J.-Non-syndromic hearing loss associated with enlarged vestibular aqueduct is caused by PDS mutations. Human Genetics. 104: 188-92, 1999. 15. VALVASSORI, G. E. - The large vestibular aqueduct and associated anomalies of the inner ear. Otolarvngol Clin North Am.. l6: 95-101, 1983. 16. DAHLEN, R. T.; HARNSBERGER, H. R.; GRAY, S. D.; priados. SHELTON, C.; ALLEN, R.; PARKIN, J.L.; SCALZO, D. - Referências Bibliográficas Overlapping thin-section fast spin-echo MR of the large vestibular aqueduct syndrome. 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