UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL RODRIGO BARROS ROCHA Metamasius spp. Horn (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) EM HELICÔNIAS (ZINGIBERALES: HELICONIACEAE): monitoramento, organismos associados e táticas de controle com Beauveria bassiana e inseticidas a base de nim ILHÉUS BAHIA – BRASIL 2012 ii RODRIGO BARROS ROCHA Metamasius spp. Horn (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) EM HELICÔNIAS (ZINGIBERALES: HELICONIACEAE): monitoramento, organismos associados e táticas de controle com Beauveria bassiana e inseticidas a base de nim Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal, à Universidade Estadual de Santa Cruz. Área de concentração: Proteção de Plantas Orientadora: Profª. Maria Aparecida Leão Bittencourt Co-orientadora: Profª. Arlete José da Silveira ILHÉUS BAHIA – BRASIL 2012 iii RODRIGO BARROS ROCHA Metamasius spp. Horn (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) EM HELICÔNIAS (ZINGIBERALES: HELICONIACEAE): monitoramento, organismos associados e táticas de controle com Beauveria bassiana e inseticidas a base de nim Ilhéus, 22/08/2012. ____________________________________________ Maria Aparecida Leão Bittencourt – DS UESC/DCAA (Orientadora) ____________________________________________ Arlete José da Silveira – DS UESC/DCAA ____________________________________________ Aníbal Ramadan Oliveira – DS PRODOC/FAPESB – UESC/DCAA ____________________________________________ José Inácio Lacerda Moura CEPLAC iv Dedico a todos que amo fez e faz parte da minha vida. v AGRADECIMENTO Ao todo superando DEUS, em que tenho fé e creio na sua justiça e pela força espiritual. Aos meus pais, Maria José Barros Rocha e Urany Humbelino Rocha, por ter me gerado e pela educação. Minha irmã querida Lidiany Barros Rocha e a toda família que de alguma maneira ajudou. A minha noiva, companheira, namorada, amante e amiga, Joelma Bezerra Sousa pelo seu amor, por acreditar da minha capacidade e pelo apoio fundamental em todos os momentos que passamos longe. Aos professores Maria Aparecida Leão Bittencourt, Arlete José da Silveira e a todos educadores do mestrado da Produção Vegetal pela orientação, apoio, incentivo, broncas e conhecimentos compartilhados. Os companheiros de laboratório que conheci Adriano Murielle, Daniel Alves, Elisângela Melo, Francinne Ribeiro, Joelma Oliveira, Leonardo Câmara, Mírian Santos, Pedro Andrade e Olívia Santos. Aos amigos que fiz dentro e fora da universidade, pelos momentos bons, ruins, inesquecíveis que passamos juntos e que sempre estarão na minha memória. Aos colegas da pós-graduação pelo convívio durante as aulas do curso de mestrado, experiência e ensinamentos trocados. A Universidade Estadual Santa Cruz pela estrutura existente e por estar sempre aberta para o desenvolvimento da pesquisa. Ao Seu Helvécio e Sérgio por disponibilizarem suas fazendas para a instalação e desenvolvimento dos experimentos. A empresa Itaforte BioProdutos por ter fornecido o Boveril®. Ao Prof. Dr. Sérgio Antônio Vanin, do Museu de Zoologia do Instituto de Biociências, e pesquisadores do laboratório de Patologia de Insetos da ESALQ da Universidade de São Paulo (USP) pela identificação do material. A Fazenda Paineiras e a Fazenda Leão de Ouro por disponibilizarem os dados pluviométricos. A CAPES pela concessão da bolsa. Muito obrigado a todos. vi SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ................................................................................................viii LISTA DE TABELAS ................................................................................................ x RESUMO ................................................................................................................ xii ABSTRACT ............................................................................................................ xiii 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 4 2.1 Flores tropicais ................................................................................................ 4 2.2 Pragas associadas as flores tropicais ........................................................... 4 2.2.1 Insetos e ácaros .............................................................................................. 5 2.2.2 Espécies de Metamasius ................................................................................ 7 2.2.3 Nematóides fitoparasitas e entomopatogênicos ............................................. 9 2.3 Monitoramento de pragas ............................................................................. 11 2.3.1 Feromônios e atrativos para os insetos ....................................................... 12 2.4 Táticas de controle de pragas ....................................................................... 16 2.4.1 Controle biológico – microbiano .................................................................... 17 2.4.2 Inimigos naturais predadores ........................................................................ 20 2.4.3 Plantas inseticidas ......................................................................................... 21 2.4.4 Interações entre fungos entomopatogênicos e inseticidas botânicos ........... 23 3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 25 3.1 Áreas de estudo ............................................................................................. 25 3.2 Levantamento populacional de Metamasius spp. ....................................... 25 3.3 Nematóides associados a adultos de Metamasius ..................................... 27 3.4 Ciclo biológico de Metamasius hemipterus ................................................ 28 3.5 Bioensaios com produtos comerciais a base de nim ................................. 29 vii 3.6 Testes de patogenicidade sobre adultos de M. hemipterus ...................... 30 3.7 Compatibilidade entre os produtos comerciais à base de nim e Beauveria bassiana ................................................................................................................. 31 3.8 Análise estatística .......................................................................................... 32 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 34 4.1 Levantamento populacional de Metamasius spp. ....................................... 34 4.1.1 Espécies de Metamasius identificadas na região Sul da Bahia .................... 40 4.1.2 Outros coleópteros capturados ..................................................................... 42 4.1.3 Razão sexual dos espécimes de Metamasius spp. ...................................... 45 4.2 Nematóides associados a adultos de Metamasius ..................................... 46 4.3 Ciclo biológico de Metamasius hemipterus ................................................ 47 4.4 Bioensaios com produtos comerciais a base de nim ................................. 49 4.5 Testes de patogenicidade – controle microbiano ....................................... 52 4.5.1 Identificação dos fungos associados a Metamasius hemipterus e bioensaios em laboratório ......................................................................................................... 52 4.6 Compatibilidade entre os produtos comerciais à base de nim e Beauveria bassiana ................................................................................................................. 54 5 CONCLUSÕES ................................................................................................... 60 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 61 ANEXO .................................................................................................................... 77 viii LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Armadilha ‘tipo Pet’ (A), caixa do feromônio RMD-1® (B), sache do feromônio (C) e armadilha na área de cultivo de helicônia (D) ................................ 26 Figura 2 – Dimorfismo sexual em Metamasius: macho (A) e fêmea (B) .................. 27 Figura 3 – Número total de espécimes de Metamasius coletados nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012 ..................................................................... 36 Figura 4 – Flutuação populacional de Metamasius spp. coletados em armadilha com o atrativo cana-de-açúcar + feromônio em comparação com a pluviosidade mensal em municípios da região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012 ................. 37 Figura 5 – Número de Metamasius infectados por fungos entomopatogênicos coletados nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012 ........................ 39 Figura 6 – Adultos de Metamasius hemipterus infectados com o fungo entomopatogênicos Beauveria bassiana, coletados nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012 ........................................................................................... 40 Figura 7 – Espécies do gênero Metamasius ocorrentes em áreas de helicônias. Exemplar da espécie M. bisbisignatus (A), M. canalipes (B), M. distortus (C), M. hemipterus (D) .......................................................................................................... 42 Figura 8 – Coleópteros capturados nas armadilhas em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Rhynchophorus palmarum (A), Hololepta spp. (B), Omalodes sp. (C), Deltochilum sp. (D), Eurysternus sp. (E) ................................... 44 Figura 9 – Predação de Omalodes sp. em larva de Metamasius ............................. 44 ix Figura 10 – Razão sexual de Metamasius spp. coletados em armadilhas com diferentes tratamentos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012 ................................................................................ 45 Figura 11 – Fases do ciclo biológico de Metamasius hemipterus. Tamanho do ovo (A), ovo (B), larva (C), pupa (C), casulo da pupa (D), emergência do adulto (E) ..... 48 Figura 12 – Injúrias provocadas pelo Metamasius em helicônias. Corte transversal no rizoma com a larva (A), corte transversal no pseudocaule broqueado, corte longitudinal no pseudocaule com a larva (C) ........................................................... 49 Figura 13 – Mortalidade acumulada (%) de adultos de Metamasius hemipterus em diferentes concentrações em função dos produtos Azamax ® e Neemseto© (26 ± 1ºC e fotofase de 12h) ..................................................................................................... 51 Figura 14 – Mortalidade acumulada (%) de adultos de Metamasius hemipterus em diferentes concentrações em função dos métodos de aplicação pulverização e ingestão (26 ± 1ºC e fotofase de 12h) ...................................................................... 52 x LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Registros de espécies de fitonematóides associados às espécies de helicônias em diferentes regiões de cultivo ........................................................ 10 Tabela 2 – Número total e percentual de Metamasius spp. capturados nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012 .................................... 34 Tabela 3 – Adultos de Metamasius spp. infectados por fungos entomopatogênicos (%) capturados nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em área comercial de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012 ............................... 38 Tabela 4 – Espécies do gênero Metamasius capturadas nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012 ................................................................ 41 Tabela 5 – Número total de coleópteros capturados (exceto Metamasius) nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012 .................................... 43 Tabela 6 – Período médio (± DP) das fases do ciclo biológico de Metamasius hemipterus (25 ± 1°C e fotofase de 12h) ............................................................ 47 Tabela 7 – Número total e tamanho médio (± DP) de ovos de Metamasius hemipterus (25 ± 1°C e fotofase de 12h) ............................................................ 48 Tabela 8 – Mortalidade média (%) de adultos de Metamasius hemipterus pelo método de pulverização e ingestão com os produtos comerciais Azamax ® e Neemseto© (26 ± 1ºC e fotofase de 12h) ............................................................ 50 Tabela 9 – Isolados, espécie, origem e hospedeiros dos fungos entomopatogênicos identificados ........................................................................ 53 xi Tabela 10 – Mortalidade total e confirmada (%) de adultos de Metamasius hemipterus por Boveril® e isolados de Beauveria bassiana (107 conídios mL-1) (26 ± 2 °C e fotofase de 12h) .................................................................................... 54 Tabela 11 – Efeito do produto Neemseto© sobre o crescimento vegetativo (média ± DP), número de conídios (107 conídios mL-1) (média ± DP) e germinação (média ± DP) de Beauveria bassiana (26 ± 1ºC e fotofase de 12h) .................... 57 Tabela 12 – Efeito de Azamax ® sobre o crescimento vegetativo (média ± DP), número de conídios (107 conídios mL-1) (média ± DP) e germinação (média ± DP) de Beauveria bassiana (26 ± 1ºC e fotofase de 12h) .......................................... 58 Tabela 13 – Classificação de compatibilidade dos isolados UESC-1, UESC-11 e UESC-38, e o Boveril®, na concentração de 107 conídios mL-1, com emulsão de óleo de Nim (Neemseto© e Azamax®) ................................................................. 59 xii Metamasius spp. Horn (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) EM HELICÔNIAS (ZINGIBERALES: HELICONIACEAE): monitoramento, organismos associados e táticas de controle com Beauveria bassiana e inseticidas a base de nim RESUMO O cultivo de helicônias na região Nordeste vem crescendo a cada ano, mas a expansão e o manejo inadequado realizados pelos produtores favorecem o aparecimento de pragas. Os objetivos deste estudo foram: 1) avaliar atrativos no monitoramento da praga, 2) avaliar a patogenicidade de fungos entomopatogênicos e de produtos comerciais à base de nim, 3) avaliar a compatibilidade in vitro de isolados de fungos sobre os produtos comerciais à base de nim, 4) identificar espécies de Metamasius que ocorrem na região, e 5) verificar a presença de nematóides nos insetos coletados. Foram instaladas cinco armadilhas ‘tipo Pet’ em áreas comerciais de helicônias, para avaliar o efeito de atrativos na captura de coleópteros, sendo os seguintes tratamentos: 1) cana-açúcar, 2) pseudocaule de helicônia, 3) feromônio, 4) feromônio + cana-de-açúcar, e 5) feromônio + pseudocaule de helicônia. Foi avaliada a mortalidade (%) de Metamasius hemipterus Linnaeus pela pulverização e ingestão dos produtos Azamax ® e Neemseto©, a base de óleo de nim, em diferentes concentrações, o produto Boveril® à base de Beauveria bassiana e três isolados deste fungo (107 conídios mL-1). Verificou-se a compatibilidade dos produtos a base de nim com os fungos entomopatogênicos, usados nos teste de patogenicidade. A interação cana-de-açúcar e o feromônio foram eficientes na captura de insetos do gênero Metamasius, com a identificação de: Metamasius bisbisignatus Gyllenhal, M. canalipes Gyllenhal, M. distortus Gemminger, M. ensirostris Germar, e M. hemipterus. O Azamax® causou maior mortalidade de M. hemipterus por pulverização, não diferindo do Neemseto©, com as melhores concentrações entre 0,625% e 1,25%. O Boveril® e os isolados UESC-11 e UESC-38, causaram mortalidade confirmada de 24% a 50% de adultos M. hemipterus. Os produtos comerciais Azamax ® e Neemseto©, foram compatíveis com os isolados UESC-1, UESC-11, UESC-38 e com o produto Boveril®, exceto o Azamax ® a 2,5% que foi moderadamente tóxico para o isolado UESC-1. Palavras-chaves: integrado. bioinseticidas, controle biológico, flores tropicais, manejo xiii Metamasius spp. Horn (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) ON HELICONIAS (ZINGIBERALES: HELICONIACEAE): monitoring, associated organisms, and control strategies with Beauveria bassiana and neem based insectices ABSTRACT Commercial production of heliconias in Northeast Brazil is expanding every year; however this increase and inadequate management strategies promote the appearance of insect pests. The objectives of this study were: 1) assess the effect of attractants on insect monitoring traps, 2) evaluate the pathogenicity of entomopathogenic fungi and commercial neem products, 3) evaluate the in vitro compatibility of fungal isolates on commercial neem products, 4) identify species of Metamasius that occur in the region, and 5) verify the presence of entomopathogenic nematodes in the insects collected. Five 'PET' type traps were installed in commercial heliconia fields to evaluate the effect of attractants in beetle traps, with the following treatments: 1) cane sugar, 2) pseudostem of heliconia, 3) pheromone, 4) pheromone + cane sugar, and 5) pheromone + pseudostem of heliconia. Mortality (%) of Metamasius hemipterus Linnaeus was evaluated by spraying and by ingestion of two neem oil products (Azamax® and Neemseto©) in different concentrations, the product Boveril® based on Beauveria bassiana, and three isolates of this fungus (107 conidia mL-1). The compatibility of neem based products was determined against the entomopathogenic fungi used in the pathogenicity tests. The interaction between cane sugar and pheromone were efficient at trapping insects of the genus Metamasius, with the identification of M. bisbisignatus Gyllenhal, M. canalipes Gyllenhal, M. distortus Gemminger, M. ensirostris Germar and M. hemipterus. The product Azamax ® caused higher mortality of M. hemipterus by spraying and did not differ from Neemseto©, with the best concentrations being between 0.625% and 1.25%. The product Boveril® and isolates UESC-11 and UESC-38 caused mortality of 24% to 50% of M. hemipterus adults. The products Azamax ® and Neemseto© were compatible with the fungal isolates UESC-1, UESC-11, UESC-38 and product Boveril®. Azamax ® 2.5% was moderately toxic to isolated UESC- 1. Keywords: biopesticides, biological control, tropical flowers, integrated pest management 1 1 INTRODUÇÃO A floricultura brasileira vem adquirindo notável desenvolvimento e é um dos setores agrícolas mais promissores no campo do agronegócio. No primeiro semestre de 2010, o mercado de flores do Brasil exportou cerca de US$ 14 milhões, representando um acréscimo de 1,64%. Apesar de ter ocorrido quedas de vendas para as flores de corte, em relação a Portugal (- 63,06%), Estados Unidos (- 60,38%), Canadá (- 37,23%) e Holanda (- 29,65%), principais países importadores. A crise econômica e financeira nos Estados Unidos, a partir de setembro de 2008, com posterior alastramento pela Europa e Ásia, foi o fator responsável pela redução neste setor, com a redução nos volumes embarcados (KIYUNA; ANGELO; COELHO, 2011; JUNQUEIRA; PEETZ, 2008, 2010). No Brasil, o setor de flores e plantas ornamentais, vem registrando aumento do consumo interno a cada ano. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), este incremento é resultado da logística e do novo poder aquisitivo dos brasileiros (MAPA, 2010). No período de janeiro a maio de 2011, a balança comercial da floricultura brasileira mostrou saldo negativo de US$ 7,38 milhões, sendo que as importações equivaleram praticamente ao dobro dos valores exportados. Esse fenômeno é devido a dois fatores basicamente, a valorização da moeda nacional e a demanda interna ser maior do que a produção (JUNQUEIRA; PEETZ, 2011). No agronegócio de flores e plantas ornamentais, estima-se que cinco mil hectares são cultivados anualmente em 304 municípios brasileiros. O estado de São Paulo ainda concentra a maior produção e comercialização, com 74,5% da produção nacional, porém outros estados começam a ganhar espaço com a consolidação dos pólos florícolas (JUNQUEIRA; PEETZ, 2005; MAPA, 2007; SEBRAE, 2012). A região Nordeste possui clima favorável para o cultivo de grande variedade de plantas ornamentais, especialmente de flores tropicais, como as helicônias, antúrios, alpínias, abacaxizeiro ornamental, costus, e entre outras. Os estados de Alagoas, Bahia, Ceará e Pernambuco se destacam na produção de diferentes espécies de flores e plantas ornamentais, devido às condições climáticas favoráveis 2 (ALVES; SIMÕES, 2003; ASSIS; ANDRADE, 2007; BRAINER; OLIVEIRA, 2006; LAMAS, 2002). Na região Sul do estado da Bahia as flores tropicais, como as espécies de helicônias, alpínias, bastão-do-imperador, tapeinóquilos, antúrios, além de outras, são exploradas por produtores da associação dos produtores de flores tropicais FloraSulba (Ilhéus) e Bahiaflora (Ituberá) (BRAINER; OLIVEIRA, 2006; OLIVEIRA, 2007; SCHERER, 2006; SEAGRI, 2007, 2010a,b). Espécies e cultivares das famílias Araceae, Heliconiaceae, Musaceae e Zingiberaceae destacam-se na floricultura tropical. As helicônias podem ser utilizadas na ornamentação de jardins e arranjos florais. Espécies destas flores de corte são adquiridas pelos consumidores por possuirem algumas características como a variedade e intensidade de cores, pela rusticidade, exotismo, e uma característica importante para a comercialização, que é maior durabilidade na póscolheita e resistência ao transporte (BRAINER; OLIVEIRA, 2006; LOGES et al., 2005; CASTRO; MAY; GONÇALVES, 2007a; MATTOS SOBRINHO, 2008). São poucos os estudos sobre a fitossanidade de plantas ornamentais, mas as pragas (insetos, doenças e fitonematóides) constituem um dos fatores que contribuem para a redução da produção. Várias espécies de patógenos e insetos estão associadas aos plantios de helicônias, embora não exista produtos registrados pelo MAPA para o controle de pragas (MAPA, 2011). Não existe uma solução única para o controle de pragas na floricultura e o melhor enfoque baseia-se na integração de diferentes estratégias de manejo (RODRIGUES; MENDONÇA JÚNIOR; MESQUITA, 2010). Torna importante buscar alternativas para o controle das pragas, priorizando por práticas que não tragam riscos para o ambiente e ao ser humano. Representantes do gênero Metamasius Horn são relatados como pragas de importância econômica no estado da Florida, Estados Unidos, causando perdas tanto em cultivos agrícolas (abacaxi, banana e cana-de-açúcar) como em espécies de bromélias nativas, orquídeas e palmeiras ornamentais (FRANK; CAVE, 2005; FRANK; THOMAS, 2004; O’BRIEN; THOMAS, 1990; THOMAS, 2004). A ocorrência deste gênero foi relatada em várias espécies de Heliconia na região Sul da Bahia, Brasil (MATTOS SOBRINHO, 2008). O uso de agrotóxicos, muitas vezes utilizado de forma indiscriminada, vem sendo adotado como única opção no controle de pragas, porém a utilização de 3 fungos entomopatogênicos têm se mostrado viável na redução de população de pragas agrícolas, principalmente em programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP). Por isso o conhecimento dos entomopatógenos de ocorrência natural em uma região é fundamental, sendo um fator importante na redução das pragas agrícolas, contribuindo no manejo de cultivos (ALVES, 1998; GIUSTOLIN et al., 2001; OLIVEIRA; NEVES; KAWAZOE, 2003; RODRÍGUEZ; GERDING; FRANCE, 2006a,b). O fungo Beauveria bassiana (Balsamo) Vuillemin é um dos mais estudados e utilizados no controle biológico, com a capacidade de mortalidade elevada para pragas de diferentes ordens de insetos, com destaque para Coleoptera, Hemiptera e Lepidoptera. Além de minimizar o impacto provocado pelos inseticidas convencionais, B. bassiana pode ser facilmente produzido a um custo relativamente baixo. No mercado mundial agrícola, existem alguns produtos comerciais à base de B. bassiana. Devido à variabilidade genética, variação na patogenicidade e as condições climáticas necessárias para ação do fungo, a seleção de cepas adaptadas à região é fundamental em estudos de controle biológico de pragas (ALVES, 1998; FANCELLI et al., 2004; LEITE et al., 2003). Os inseticidas botânicos têm sido alvo de muitas pesquisas e, dentre as espécies botânicas utilizadas como inseticida, o nim (Azadirachta indica A. Juss.) é a espécie mais estudada. Seu espectro de ação é amplo, com seu efeito comprovado sobre aproximadamente 300 espécies de insetos (ARAUJO JÚNIOR, 2008; MARTINEZ, 2008). Visando contribuir no manejo de pragas em plantio de flores tropicais, os objetivos desse estudo foram: (1) avaliar atrativos no monitoramento da praga, (2) avaliar a patogenicidade de fungos entomopatogênicos e de produtos comerciais à base de nim, (3) avaliar a compatibilidade in vitro de isolados de fungos sobre os produtos comerciais à base de nim, (4) identificar espécies de Metamasius que ocorrem na região, e (5) verificar a presença de nematóides nos insetos coletados. 4 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Flores tropicais As espécies de flores tropicais, representantes de Araceae, Heliconiaceae, Musaceae e Zingiberaceae, são plantas herbáceas, rizomatosas, perenes de reduzido porte ou arborescentes, caracterizadas por suas brácteas de cores e formas variadas, maior durabilidade pós-colheita, de grande beleza, utilizadas para ornamentação de ambientes (ASSIS; ANDRADE, 2007; LINS; COELHO, 2004). Entre as espécies cultivadas destaca-se o gênero Heliconia L., único representante da família Heliconiaceae (Zingiberales). Há registro de 176 espécies deste gênero na região Neotropical e apenas seis nas Ilhas do Pacífico. No Brasil, 37 espécies e subespécies são de ocorrência natural, e têm sido exploradas tanto no mercado nacional como internacional. A maioria das espécies se encontra em ambientes úmidos e chuvosos. São mais abundantes em altitudes inferiores a 500m, porém a maior diversidade de espécies está entre 500 a 1.400 m, com temperatura de 23 a 30ºC e precipitação de 1.500 a 2.000 mm/ano (CASTRO; MAY; GONÇALVES, 2007a; HENAO; OSPINA, 2008; KRESS et al., 1993). As inflorescências as quais apresentam interesse comercial são terminais, constituídas de um pedúnculo alongado, onde ficam inseridas as brácteas, que são vistosas, de coloração intensa e exuberante, de variadas formas e tipos. Devido à sua rusticidade e durabilidade pós-colheita, a aceitação das inflorescências pelo consumidor é favorecida. (CASTRO, 1995; LAMAS, 2002; MATTOS SOBRINHO, 2008). 2.2 Pragas associadas às flores tropicais O clima quente e úmido que favorece o agronegócio de flores tropicais, a não utilização de mudas certificadas e de práticas culturais específicas, contribuem para 5 o aumento de problemas fitossanitários, acarretando danos significativos, como a limitação da produção e baixa qualidade das inflorescências. A propagação vegetativa e o intercâmbio indiscriminado de germoplasma, principalmente sem a quarentena necessária, propiciam o aumento na ocorrência de pragas e a disseminação na área cultivada e entre os plantios comerciais (BALA; HOSEIN, 1996; SPECHT; BORGES; PALUCH, 2011). As helicônias não diferentemente de outras culturas estão sujeitas ao ataque de diversos insetos e doenças (fungos e nematóides) e podem provocar diversos danos quando não tomada às devidas medidas de controle. 2.2.1 Insetos e ácaros Há poucos trabalhos com relatos de insetos associados a cultivos de flores tropicais. No Pará, em áreas de plantio de flores tropicais foi constada a presença de representantes da família Chrysomelidae (Coleoptera), de insetos sugadores (Aphididae, Aleyrodidae, Cicadellidae e Thripidae), de Cornops frenatum frenatum Marschall (Orthoptera: Acrididae), de Tracides phidon Cramer (Lepidoptera: Hesperiidae) além de ácaros (Tetranychidae) (LEMOS et al., 2010; RIBEIRO et al., 2006). No estado de São Paulo foi observada a infestação de lagartas de Antichloris eriphia Fabricius (Lepidoptera: Arctiidae) e Caligo illioneus Cramer (Lepidoptera: Nymphalidae), pragas da bananeira, em plantas de Heliconia latispatha Benth (WATANABE, 2007). No estado de Alagoas o complexo da entomofauna (n = 1.328) em plantios de helicônias foi distribuído em seis ordens e 22 famílias de insetos. A maior diversidade de espécies foi encontrada na ordem Lepidoptera, com 13 espécies identificadas (BROGLIO-MICHELETTI et al., 2009). No estado de Pernambuco foi relatada pela primeira vez à ocorrência de cinco espécies de Lepidoptera, C. illioneus, C. teucer L., Opsiphanes cassiae Linnaeus (Nymphalidae), T. phidon e Saliana longirostris Sepp. (Hesperiidae), que utilizaram a Heliconia velloziana (Linnaeus) Emygidio como hospedeira (SPECHT; BORGES; PALUCH, 2011). 6 Na região Sul da Bahia em um levantamento de ocorrência de pragas associadas aos cultivos de helicônias, foi observada a ocorrência de 45 famílias de insetos distribuídas em oito ordens, sendo 21,85% dos exemplares pertencendo a ordem Coleoptera (MATTOS SOBRINHO, 2008). Santos (2010) constatou a presença de 22 famílias de ácaros (Arachnida: Acari) associados a plantas ornamentais tropicais na região Litoral Sul da Bahia. Mais de 50% dos ácaros pertenceu à famílias predominantemente predadoras, com destaque para Phytoseiidae. Em relação aos fitófagos, espécimes de Tetranychidae (Tetranychus aff. abacae Baker & Pritchard) foram registrados em: Heliconia latispatha, H. rivularis L. Emygd. & E. Santos, H. rostrata Ruiz & Pavon, H. wagneriana Petersen e nos cultivares e variedades ‘Nappi Yellow’, ‘Jacquinii’, ‘She’, ‘Golden Torch’, ‘Red Opal’, ‘Alan Carle’, ‘Fire Bird’ e ‘Nappi Red’. Representantes da família Curculionidae (Coleoptera), com aproximadamente 4.500 gêneros descritos, são pragas de diferentes cultivos agrícolas. Estes insetos apresentam a cabeça prolongada diante dos olhos, com a distinção do rostro mais ou menos alongado, reto ou curvo, porém geralmente cilíndrico e voltado para baixo, onde estão articuladas as antenas (COSTA LIMA, 1956; GALLO et al., 2002 GILLOTT, 2005; VANIN; IDE, 2002). Os gorgulhos, nome comum dos coleópteros dessa família, ocorrem principalmente nas regiões tropicais, onde há maior diversidade de fauna e flora. Estão associados principalmente a plantios de Arecaceae, Bromeliaceae, Cannaceae, Cyperaceae, Graminaceae, Leguminoseae, Malvaceae, Musaceae e Orchidaceae (ANDERSON, 2002; FRANK; THOMAS, 2000; VAURIE, 1966). Algumas das espécies de importância agrícolas são: a broca-do-rizoma ou moleque-da-bananeira (Cosmopolites sordidus Germar), que fazem galerias no rizoma, deixando as plantas susceptíveis ao tombamento, além de favorecer a entrada de patógenos; a broca-do-olho-do-coqueiro (Rhynchophorus palmarum Linnaeus), que se alimenta do meristema apical facilitando a entrada de microorganismos, é também relatada como vetor do nematóide Bursaphelenchus cocophilus (Cobb.) Baujard, que transmite a doença anel-vermelho-do-coqueiro; a broca-do-pedúnculo-floral (Homalinotus coriaceus Gyllenhal), cujas larvas fazem galerias no pedúnculo floral interrompendo o fluxo de seiva e promovendo a queda de flores e frutos; a broca-da-ráquis-foliar (Amerrhinus ynca Sahlberg), com as larvas 7 que se alimentam do interior da ráquis foliar do coqueiro, tornando as folhas amarelas com formação de uma mistura resinosa na base do pecíolo (BATISTA FILHO et al., 1990; FERREIRA et al., 1998; GALLO et al., 2002; MOURA; VILELA, 1998; MOURA; FANTON; MESQUITA, 2002; NAVARRO et al., 2002). 2.2.2 Espécies de Metamasius As espécies do gênero Metamasius (Coleoptera: Curculionidae) são encontradas em todos os continentes, principalmente na região tropical das Américas. Existem aproximadamente 110 espécies descritas no mundo, associadas a várias plantas hospedeiras como arecáceas, bromeliáceas, cana-de-açúcar, musáceas, entre outras. Várias espécies de Metamasius são relatadas como pragas de importância econômica no estado da Florida, Estados Unidos, causando perdas em cultivos de abacaxi, banana e cana-de-açúcar, bem como atacando espécies de bromélias nativas, orquídeas e palmeiras ornamentais (FRANK; CAVE, 2005; FRANK; THOMAS, 2004; SOLIMAN et al., 2009; O’BRIEN; THOMAS, 1990; THOMAS, 2004; ZORZENON; BERGMANM; BICUDO, 2000). Seu comprimento varia de 10 a 20 mm, e geralmente são de coloração vermelha e preta ou laranja e preta. Tem hábitos diurnos e grande habilidade no voo. Representantes deste gênero são relatados como pragas secundárias, geralmente encontradas em troncos e caules de plantas deteriorados, mas podem atacar plantas sadias ou aproveitar as aberturas realizadas por outras pragas para se alimentar ou realizar oviposição no local. As fêmeas raspam o tecido do caule com o rostro e colocam os ovos, deixando protegidos. As injúrias são causadas pelas larvas, que ao se alimentarem do tecido vegetativo da planta, formam galerias ao longo do caule (FRANK; THOMAS, 2000; VAURIE, 1966). Essas aberturas facilitam a entrada de patógenos que prejudicam as plantas (WEISSLING et al., 2003). A espécie Metamasius hemipterus Linnaeus, comumente denominada de ‘broca-rajada’, depositam ovos de coloração branco-leitosa, com forma elíptica, e cerca de 2 mm de comprimento. As larvas são ápodes, de coloração branco-leitosa, com a cápsula cefálica de coloração amarela a marrom, podendo alcançar mais de 8 10 mm de comprimento nos últimos instares. As pupas ficam protegidas dentro de um casulo confeccionado, pela própria larva, com fibras da planta hospedeira. Em condições de laboratório (27ºC e UR 75%) o período médio da fase embrionária é de 4,1 dias, da fase larval de 42,5 dias e da fase de pupa de 15,3 dias, sendo o ciclo biológico (ovo a adulto) de 62 dias (ESTEBAN-DURÁN et al, 1998; LEÓN-BRITO et al., 2005; ZORZENON; BERGMANN; BICUDO, 2000). Outros autores relataram que o período embrionário teve duração de quatro dias, o período larval de 49 dias e o período pupal de 10 dias (WEISSLING; GIBLIN-DAVIS, 1998; WOODRUFF; BARANOWSKI, 1985). A ‘broca-rajada’ foi relatada atacando diversas plantas como a pupunha (Bactris gasipaes Kunth) na Costa Rica (MEXZÓN, 1997; OQUENDO; MEXZÓN; URPÍ, 2004), e no estado da Florida dos Estados Unidos, na Venezuela e na Colômbia foi capturada em armadilhas em plantios de bananeira (GIBLIN-DAVIS; PEÑA; DUNCAN, 1994; SEPÚLVEDA-CANO; RUBIO-GÓMEZ, 2009; VERGARA; RAMÍREZ, 2000). Na Nicarágua foi encontrada em algodão (Gossypium Linnaeus), café (Coffea Linnaeus) e milho (Zea mays Linnaeus) (MAES; O'BRIEN, 1990; MAES, 2004). Em várias regiões do mundo é encontrada associada a vários hospedeiros, tanto de importância agrícola como ornamental, por exemplo, em coqueiro (Cocos nucifera Linnaeus), dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.), palmeira-real (Roystonea regia Kunth) e raramente, atacando frutos de abacaxi (ESTEBAN-DURÁN et al, 1998; FRANK; CAVE, 2005; PUCHE et al., 2005). No Brasil, está associada a vários hospedeiros: açaizeiro (Euterpe oleracea Martius), coqueiro, dendezeiro, palmito-juçara (Euterpe edulis Martius), pupunheira, tamareira (Phoenix dactylifera), palmeira-real-da-austrália (Archontophoenix spp.) todos pertencente à família Arecaceae (Arecales), além da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum Linnaeus) e bananeira (Musa spp. – Musaceae) (GOMES, 2008; YASUDA, 2005; ZORZENON; BERGMANM; BICUDO, 2000). Espécies de Metamasius foram observadas causando o broqueamento de H. rostrata, H. wagneriana, H. stricta Huber cv. ‘Fire Bird’ e na var. ‘Alan Carle’ (H. psittacorum L. x H. spathocircinata Aristeguieta) (MATTOS SOBRINHO, 2008). Outras espécies, não menos importantes, também são descritas associadas a várias plantas hospedeiras de importância agrícola, como Metamasius bisbisignatus Gyllenhal, M. canalipes Gyllenhal, M. distortus Gemminger & Harold e M. ensirostris 9 Germar, encontrados em cana-de-açúcar, Musa sp. e várias espécies de da família Arecaceae (BULGARELLI; CHINCHILLA; OEHLSCHLAGER, 1998; VAURIE, 1966; YASUDA, 2005; ZORZENON; BERGMANM; BICUDO, 2000). Como injúria e danos causados tanto pelas larvas como adultos de Metamasius, foi observado o broqueamento do caule das plantas, causando a redução do perfilho e abertura de orifícios, que podem favorecer a entrada de fitopatógenos. Devido à sua distribuição e à mobilidade dessas espécies, associadas aos nematóides, esse inseto pode ser um importante disseminador de doenças em diversas culturas (BULGARELLI; CHINCHILLA; OEHLSCHLAGER, 1998; LEÓNBRITO, et al., 2005; ZORZENON; BERGMANM; BICUDO, 2000). 2.2.3 Nematóides fitoparasitas e entomopatogênicos Com o aumento da área plantada com ornamentais tropicais, consequentemente os problemas fitossanitários também tem aumentado, podendose destacar as fitonematoses, apesar dos poucos registros em espécies ornamentais tropicais (ASSIS; ANDRADE, 2007). Os nematóides fitoparasitos associados às plantas ornamentais são encontrados nas raízes, rizomas, tubérculos e bulbos, mas também podem parasitar a parte aérea, como caules e folhas, causando prejuízo na produção e depreciando o produto a ser comercializado (OLIVEIRA et al., 2007). Os nematóides podem ser disseminados dentro dos cultivos pelo vento, água, ferramentas agrícolas, materiais vegetais contaminados, pelo próprio homem e também por insetos. Poucos trabalhos registraram as espécies de fitonematóides associados às helicônias (Tabela 1). 10 Tabela 1 – Registros de espécies de fitonematóides associados às espécies de helicônias em diferentes regiões de cultivo Fitonematóides Hospedeiros Locais Referências Helicotylenchus dihystera (Cobb) Sher H. multicinctus (Cobb) Golden H. pseudorobustus (Steiner) Golden H. erythrinae (Zimmermann) Golden Heliconia sp. Trindade e Tobago Bahia - Brasil Bala e Hosein, 1996 Mattos Sobrinho, 2008 Heliconia sp. Bahia - Brasil Zem e Lordello, 1983ª Heliconia sp. Trindade e Tobago Bala eHosein, 1996 Heliconia spp. Bahia - Brasil Mattos Sobrinho, 2008 Havaí - USA Trindade e Tobago Pernambuco-Brasil Colômbia Sewake e Uchida, 1995 Bala e Hosein, 1996 Lins e Coelho, 2004 Restrepo, 2007 Trindade e Tobago Pernambuco-Brasil Ceará- Brasil Havaí - USA Colômbia Bahia - Brasil Bala e Hosein, 1996 Lins e Coelho, 2004 Freire e Mosca, 2009 Sewake e Uchida, 1995 Restrepo, 2007 Mattos Sobrinho, 2008 Havaí - USA Trindade e Tobago Sewake e Uchida, 1995 Bala e Hosein, 1996 H. stricta cv. Bucky Heliconia sp. Havaí – USA Trindade e Tobago Sewake e Uchida, 1995 Bala e Hosein, 1996 H. bihai Colômbia Restrepo, 2007 Heliconia sp. Trindade e Tobago Bala e Hosein, 1996 Heliconia bihai Heliconia sp. H. rostrata Heliconia sp. H. Chartaceae cv. Sexy Pink Colômbia Trindade e Tobago Pernambuco-Brasil Restrepo, 2007 Bala e Hosein, 1996 Lins e Coelho, 2004 Bahia – Brasil Havaí - USA Zem e Lordello, 1983a Sewake e Uchida, 1995 Helicotylenchus sp. Meloidogyne incognita (Kofoid & White) Chitwood Meloidogyne spp. Pratylenchus sp. Rotylenchulus reniformis Linford & Oliveira Rotylenchulus sp. Tylenchorhynchus annulatus (Cassidy) Golden Tylenchus sp. Xiphinema sp. Radopholus similis (Cobb) Thorne Heliconia sp. H. rostrata H. bihai H. psittacorum Golden Torch, Andromeda Heliconia spp. H. rostrata Heliconia spp. H. farinosa cv. Rio H. bihai Heliconia spp. H. caribeae cv. Purpúrea Heliconia sp. Os nematóides Rhabdites sp. e Praecocilenchus sp. foram encontrados associados à M. hemipterus na cultura de dendezeiro (MORALES; CHINCHILLA, 1990). Existem relatos de espécies M. hemipterus e M. distortus podem ser vetores do nematóide causador da doença do anel-vermelho em plantios de dendezeiro (BULGARELLI; CHINCHILLA; OEHLSCHLAGER, 1998; SILVA; MARTINS-SILVA, 11 1991). Os nematóides Aphelenchus sp., Helicotylenchus sp., Meloidogyne sp., B. cocophilus, R. reniformes, foram encontrados associadas ao M. hemipterus em área de bananicultura (ZEM; LORDELLO, 1983b). Essa espécie também foi relatada como transmissora de doenças como o Fusarium sp. e Pantoea stewartii (Smith) Mergaert em cultivos de pupunha (B. gasipaes) (SÁNCHEZ et al., 2005). Além dos nematóides fitoparasitas são encontrados outros grupos de nematóides associados aos insetos como os entomopatogênicos, que são agentes de controle biológico, com grande potencial na redução das pragas agrícolas (FERRAZ et al., 2008). As famílias Heterorhabiditidae e Steinernematidae são as mais pesquisadas para serem utilizadas como alternativas aos produtos fitossanitários químicos (NEGRISOLI JÚNIOR; BARBOSA; MOINO JÚNIOR, 2008). Os nematóides entomopatogênicos foram testados para diversas espécies de curculionídeos, com alta eficiência à forma larval e adulta (SHAPIRO-ILAN; GOUGE; KOPPENHÖFER, 2002). Esses nematóides possuem a capacidade de buscar seu hospedeiro no solo e em ambientes crípticos, invade-o e mata-o no prazo de 24 a 72 horas após liberarem uma bactéria altamente virulenta ao inseto, que se localiza no trato digestivo do agente (FERRAZ, 1998). No Brasil, nematóides entomopatogênicos foram avaliados contra larvas do bicudo da cana-de-açúcar Sphenophorus levis Vaurie (Coleoptera: Curculionidae) em teste de laboratório, sendo bastante virulentos para o inseto (TAVARES et al., 2007). Em laboratório, Giometti et al. (2011) avaliou a virulência dos isolados de nematóides entomopatogênicos do gênero Steinernema e Heterorhabditis contra adultos de S. levis. Na concentração de 240 juvenis infectivos (JI)/inseto tiveram mortalidade do inseto variando de 20 a 45% e na maior dose avaliada (1200 JI/inseto) variou de 60 a 74% de mortalidade diferida da testemunha. 2.3 Monitoramento de pragas A distribuição e quantidade de espécies de insetos estão vinculadas a diversos fatores abióticos como a temperatura, umidade relativa do ar, radiação solar, precipitação pluviométrica, quantidade de alimento disponível, entre outros. Os 12 fatores ambientais podem influenciar o ciclo de vida dos insetos, interferindo na flutuação populacional (GALLO et al., 2002; MOREIRA et al., 2008). No manejo integrado de pragas, o monitoramento dos insetos-praga deve ser realizado antes de qualquer tipo de medida de controle, com objetivo de verificar o nível populacional e as espécies presentes na cultura. As amostragens periódicas são importantes para determinar o nível de controle (NC) ou nível de dano (ND), e a partir daí estabelecer qual o método de controle a ser utilizado para redução dos prejuízos na lavoura (GALLO et al., 2002). Para a captura de insetos no campo, podem-se utilizar armadilhas tanto para o monitoramento como para o controle das pragas. Existem diversos modelos e tipos de armadilha que podem ser usados, sendo confeccionadas com diferentes materiais, e até reaproveitando de diversos recipientes plásticos para essa finalidade. Para a captura de R. palmarum e M. hemipterus em plantios de coqueiro e dendezeiro, as armadilhas do tipo balde, tanque ou feixe são as mais utilizadas, embora haja desvantagens do elevado custo do recipiente e dos atrativos, além da possibilidade de quebra e de ressecamento (MOURA; VILELA, 1998). Na Embrapa Tabuleiros Costeiros foi desenvolvida uma armadilha, feita com material reciclável, denominada de armadilha ‘tipo Pet’, que utiliza na sua confecção três garrafas plásticas de 2L, sendo que este modelo é de baixo custo, eficiente, prático e sem atrativo para roubo (EMBRAPA, 2007). A coleta massal de insetos com o uso de armadilhas e atrativos semioquímicos é uma forma de controle de pragas agrícolas bastante utilizadas em diversas culturas. Oehlschlager et al. (2002) verificaram que houve a diminuição de R. palmarum em duas áreas de dendê na Costa Rica com a utilização de armadilha plástica 4L, sendo observada também a redução, significativa de 80% de plantas com o anel-vermelho. 2.3.1 Feromônios e atrativos para os insetos Os insetos exercem suas relações ecológicas com o ambiente e com os outros organismos de várias maneiras, sendo uma das mais importantes a 13 comunicação por meio de compostos químicos. Certos insetos sequestram ou adquirem compostos da planta hospedeira e os usam como feromônios sexuais ou precursores de feromônios sexuais. Outros insetos produzem ou liberam feromônios sexuais em resposta a estímulos específicos de plantas hospedeiras. Os compostos químicos que estão presentes nos vegetais, muitas vezes sinérgicos, aumentam a resposta dos insetos a feromônios sexuais. Entre os insetos, diferentes tipos de feromônio são detectados e emitidos, gerando comportamento de atração de indivíduos do sexo oposto para acasalamento, de agregação de indivíduos de ambos os sexos para um local específico para alimentação, demarcação de espaço, a formação de trilhas, a organização das atividades na colônia, entre outros (LANDOLT; PHILLIPS, 1997; ZARBIN; RODRIGUES, 2009). O uso de feromônios pode ser uma técnica utilizada no manejo integrado, para auxiliar no monitoramento das pragas e na tomada de decisão para o efetivo controle dos insetos. Alguns feromônios já vêm sendo produzidos comercialmente e utilizados na agricultura com eficiência, seja para a detecção da praga ou da coleta massal de adultos (AMBROGI et al. 2009). O uso de espécies vegetais como atrativos têm como base as atrações exercidas por substâncias voláteis presentes nos vegetais, denominadas de cairomônios. Estes voláteis são classificados como semioquímicos/aleloquímicos, considerados preponderantes na comunicação química dos Curculionidae. Além do uso em estudos na estimativa populacional, os atrativos têm sido largamente usados nas práticas de controle dos insetos (MESQUITA, 2003; VIANA; VILELA, 1996). Os insetos adultos como o R. palmarum e M. hemipterus são atraídos pelos odores das plantas recém cortadas, e este tipo de comportamento vem sendo explorado para atrair os insetos em armadilhas contendo atrativo vegetal, sendo a cana-de-açúcar o mais utilizado. Porem, a captura dos mesmos pode ser significamente maior quando também é adicionado nas armadilhas o feromônio de agregação, que é produzido pelo macho da espécie (CHINCHILLA; OESHLSCHLAGER; BULGARELLI, 1996). Em duas áreas de dendê na Costa Rica foram instaladas armadilhas plásticas de 10L com cana-de-açúcar e dois feromônios de agregação, o Meta-Lure® e o Rhynko-Lure®. Amostras dos insetos de cada espécie foram observadas em relação à presença ou não do nematóide B. cocophilus. As espécies e o número total de 14 insetos capturado foram: Metamasius hemipterus (n=3.523), M. distortus (n=912) e R. palmarum (n=284). Verificou-se também que houve a diminuição no número de insetos capturados com o início da estação chuvosa, com total de 538 insetos por armadilha na primeira área (Meta-Lure®) e 488 insetos na segunda área (Meta-Lure® e Rhynko-Lure®); na estação da seca, houve o aumento da população, com captura média de 1.280 e 1.150 insetos na 1ª e 2ª área, respectivamente. Foi observada uma correlação negativa entre a pluviosidade e o número de insetos/mês, nas duas áreas. A média de capturas de R. palmarum foi muito baixa durante todo o período de estudo, embora somente nesta espécie tenha sido detectado o nematóide (BULGARELLI; CHINCHILLA; OEHLSCHLAGER, 1998). Em duas áreas com plantio de pupunha, foi avaliado nas armadilhas o atrativo alimentar (cana-de-açúcar) + o feromônio Combolure®, e apenas o atrativo alimentar na captura de M. hemipterus. Foi observado que os picos populacionais ocorreram no período mais seco, e que houve uma redução de 90% dos danos provocados pela praga, com aumento de 70% na produção do palmito (ALPÍZAR et al., 1999). Em laboratório, Cerda et al. (1999) avaliaram a atratividade de pseudocaule e rizoma de bananeira, abacaxi e cana-de-açúcar para M. hemipterus, e no campo a eficiência destes atrativos foi avaliada juntamente com feromônio em plantio de banana. Foi constatado que a cana-de-açúcar foi mais atrativa tanto em laboratório como no campo. Em um levantamento realizado em plantios de bananeira na Venezuela para identificar os coleópteros associados nessa cultura, foram utilizados seis iscas ‘tipo queijo’, em sete propriedades. Foi aplicado nas iscas um inseticida granulado (Furadan®) para facilitar a coleta dos insetos atraídos, além de coletas manuais em solos, fruto (verdes, maduros e podres) e em pseudocaules de bananeiras. Os insetos encontrados foram C. sordidus (iscas), M. hemipterus (iscas e pseudocaule), R. palmarum (pseudocaule), Hololepta sp. (iscas) (Histeridae), Alegoria dilatata LaPorte (iscas e solo) (Tenebrionidae), Ontophagus sp. (solo) (Scarabaeidae), Hoplopyga liturata Olivier (frutos podres) (Scarabaeidae), Gymnetis sp. (frutos verdes) (Scarabaeidae), Stenus sp. (solo) (Staphylinidae), Oligota sp. (solo) (Staphylinidae), Lissonotus flavocinctus flavocinctus Dupont (frutos maduros) (Cerambycidae), Lissonotus corallinus Dupont (frutos maduros) (Cerambycidae), Calosoma sp. (solo) (Carabidae), Colopterus truncatus Randall (frutos maduros) 15 (Nitidulidae) e Maecolaspis musae Bechyne (frutos verdes) (Chrysomelidae) (VERGARA; RAMÍREZ, 2000). No estado do Pará, em plantios de dendezeiros, foi avaliada a eficiência de quatro feromônios sintéticos, o Rhynko-Lure® (ASD), FUJI® (Fuji Corporation), RMD-1® (ChemTica Internacional), Rincoforol® (UFAL), e três períodos de permanência (3, 4 e 5 meses) destes em campo, na captura de R. palmarum. Para a coleta dos insetos, recipientes plásticos de 20L foram usados como armadilha. Os tratamentos eram os feromônio + cana-de-açúcar (alimentar) e na testemunha foi utilizado apenas o atrativo alimentar. Os feromônios Rhynko-Lure® e o FUJI foram os mais eficientes, porém o RMD-1® não diferiu estatisticamente do FUJI. O feromônio UFAL igualou-se à testemunha. Segundo os autores, a diferença na captura se deve a quantidade de compostos presente em cada feromônio. Não houve diferença entre os períodos de permanência dos feromônios no campo (MÜLLER et al., 2002). Para verificar a atratividade do feromônio emitido por Metamasius spinolae Gyllenhal, 35 armadilhas foram instaladas em plantios de cactos (Opuntia sp.), e em cada armadilha foram colocados diferentes números de insetos. Os tratamentos foram: duas fêmeas e dois machos de M. spinolae (com ou sem cactos), quatro fêmeas de M. spinolae (com ou sem cactos), quatro machos de M. spinolae (com ou sem cactos) e apenas o atrativo alimentar. Os tratamentos com os melhores resultados foram as armadilhas com os insetos (fêmeas e/ou machos) com o atrativo alimentar, ou seja, o feromônio emitido pelos insetos junto com os voláteis da planta potencializou a captura. As armadilhas contendo apenas os insetos ou apenas o atrativo alimentar diferiram estatisticamente com menor captura de M. spinolae (CIBRIÁN-TOVAR; CARRILLO-SÁNCHEZ; MÁRQUEZ-SANTOS, 2006). O uso de semioquímicos, principalmente os feromônios, em ações de controle dos insetos-praga está de acordo com o modelo preconizado para a agricultura sustentável. É uma técnica que tem alta especificidade, não apresentando nenhum efeito deletério às espécies que não são objeto de controle e, nenhum resíduo químico é depositado no meio ambiente (ZARBIN; RODRIGUES, 2009). 16 2.4 Táticas de controle de pragas O uso de compostos químicos sintéticos tem sido, há muitos anos, o principal meio de controle de pragas. Apesar da significativa contribuição para a produção agrícola, o uso intensivo e indiscriminado destes produtos favorece o surgimento de pragas secundárias, a seleção de insetos resistentes, a ressurgência de pragas, problemas de contaminação ambiental e à saúde humana, a diminuição dos inimigos naturais e polinizadores. Na utilização desses produtos é importante seguir as recomendações técnicas, pois os resíduos químicos podem comprometer a qualidade dos alimentos para os consumidores (AMBROGI et al. 2009; CELIS et al., 2008; FREEMARK; BOUTIN, 1995; GALLO et al., 2002; MARQUES; MONTEIRO; PEREIRA, 2004; SANTORO et al., 2005). A adoção do manejo integrado, parte do princípio da combinação de diferentes métodos e recursos disponíveis, com objetivo de manter as populações de insetos abaixo do nível de dano econômico nas áreas de cultivo, e promover simultaneamente a ação dos inimigos naturais (PEDROSA-MACEDO, 1993). Como alternativa ao controle químico, a utilização de inimigos naturais, tais como predadores, parasitóides ou entomopatógenos, pode ser uma importante tática de manejo para evitar o dano econômico (MEIRELLES; RUPP, 2005; SANTORO et al., 2005). Na Costa Rica as áreas de dendezeiro, tiveram uma redução de 80% das plantas com anel-vermelho, após coletas massal de R. palmarum com a combinação dos atrativos cana-de-açúcar e feromônio (OEHLSCHLAGER et al., 2002a). Várias táticas de controle podem ser utilizadas em plantios agrícolas, sendo que para o controle de M. hemipterus em cana-de-açúcar é indicado o uso de iscas tóxicas, confeccionadas com toletes de cana e com aplicação de fungos entomopatogênicos. Os fungos, B. bassiana e Metarhizium anisopliae (Metschnikoff) Sorokin, além de serem usados nas iscas, também podem ser usados isoladamente (GALLO et al., 2002; SOLIMAN et al., 2009). No Brasil, não existem agrotóxicos registrados para a cultura das helicônias, e nem para espécies de Metamasius (MAPA, 2011). Por isso, as pesquisas sobre a dinâmica populacional de espécies deste gênero, seus hospedeiros e inimigos 17 naturais, são importantes e podem contribuir no seu manejo em áreas com flores tropicais. 2.4.1 Controle biológico - microbiano O controle biológico por meio da utilização de inimigos naturais, como predadores, parasitóides ou entomopatógenos, tem por objetivo manter a densidade populacional da praga em níveis baixos, para que não ocorram prejuízos econômicos. É um dos métodos mais valorizados, pois tem potencial de reduzir ou até eliminar o uso de compostos sintéticos no controle das pragas, sendo aplicado por meio de introduções inoculativas ou pela incrementação de populações de inimigos naturais (OLIVEIRA, 2010; SANTORO et al., 2005; SILVA, 2000). Existem mais de 700 espécies de fungos que são entomopatogênicos. A maioria dos gêneros ocorre no Brasil, e destes mais de 20 são patogênicos a pragas de importância econômica. É viável a sua utilização devido à facilidade de produção, de aplicação e eficácia. Podem ser usados isoladamente ou integrados com outros métodos, como os inseticidas naturais de origem vegetal, feromônios, variedades de plantas resistentes a insetos, entre outras táticas de controle (ALVES, 1998; GOETTEL; EILENBERG; GLARE, 2010; LEITE et al., 2003). O fungo B. bassiana é de ocorrência generalizada em todos os países, sendo frequentemente encontrado sobre insetos ou amostras de solo. É um dos mais estudados e utilizados no controle biológico, com capacidade de mortalidade elevada para Coleoptera, Lepidoptera, Hemiptera, Diptera, Hymenoptera e Orthoptera, visto que, além de minimizar o impacto provocado pelos inseticidas convencionais, pode ser facilmente produzido a um custo relativamente baixo (ALVES, 1998; MEYLING; EILENBERG, 2007). Os fungos apresentam grande capacidade de controle para os coleópteros devido ao seu modo de ação, que é a adesão dos conídios no tegumento dos insetos e pela dispersão horizontal, isto é, o seu transporte é feito por diversos agentes a grandes distancias, aumentando a sua capacidade de disseminação no ambiente e podendo atingir vários insetos pragas (ALVES, 1998; LEITE et al., 2003). 18 Em períodos de colheita, é comum o aparecimento de doenças em populações de insetos no campo, denominadas epizootias. O desenvolvimento de epizootias está relacionado com a dinâmica da população de insetos, o número de conídios fúngicos e sua viabilidade, a eficiência de infecção e o desenvolvimento do microrganismo, com a influência dos fatores climáticos (MEYLING; EILENBERG, 2007). Devido à grande variabilidade genética dos entomopatógenos é importante selecionar isolados e avaliar a virulência para o controle de pragas (ALVES, 1998; LEITE et al., 2003). Em algumas regiões do país, o fungo B. bassiana vem sendo produzido em escala comercial (FANCELLI et al., 2004). Atualmente, há os seguintes produtos a base de B. bassiana registrados no MAPA: Boveril®, Ballvéria® e Bovemax® (MAPA, 2011). Uma estratégia utilizada no controle de pragas, especialmente de coleópteros de habito subterrâneo, é a associação de fungos entomopatogênicos com atrativos alimentares (iscas atrativas). Os insetos contaminados voltam para o solo indo para outros locais, e podem contribuir para a disseminação da doença no campo. Esse método é bastante usado para o controle de S. levis, M. hemipterus e C. sordidus (ALVES; LOPES, 2008; BORGES; SOUZA, 2004). Em campo, B. bassiana foi encontrado associado às espécies C. sordidus e M. hemipterus sericeus, em áreas de bananeira. Estas espécies foram capturadas em iscas de pseudocaule de bananeira, tendo sido constatado que o aumento da incidência do fungo ocorreu com o acréscimo da população dos insetos. Foi observada a infecção de até 34% de C. sordidus, e 70% dos espécimes de M. hemipterus sericeus (PEÑA; GILBIN-DAVIS; DUNCAN, 1995). No estado do Paraná, em área com plantio de bananeira, foi verificado que, em média, 0,44% dos adultos de C. sordidus capturados anualmente, em iscas tipo telha, estavam infectados com B. bassiana (PRESTES et al., 2006). Gold, Pena e Karamura (2001) relataram que o fungo B. bassiana não causa epizootias em áreas de cultivo de banana e, mesmo ocorrendo frequentemente sobre as populações de insetos, esse fungo apresenta baixos índices de infecção natural, devido a vários fatores ambientais que interferem na sua ação. Por isso, aplicações rotineiras são 19 necessárias para o estabelecimento do fungo no campo, proporcionando, em longo prazo, o controle da praga (PAULI et al., 2011). No estado de São Paulo, em duas áreas de plantios de banana, na qual em um plantio tinha a presença de M. hemipterus e de C. sordidus e na outra área apenas do C. sordidus, foi realizado um experimento com o objetivo avaliar a ocorrência de transmissão horizontal do fungo B. bassiana entre os insetos adultos. Iscas do tipo telha foram instaladas nas áreas, sendo tratadas ou não com Boveril®. Foi observado que houve um deslocamento dos insetos, principalmente de M. hemipterus, para as áreas não tratadas com o fungo, com disseminação do entomopatógeno. Verificou-se que houve o aumento do número de focos secundários do fungo, que a longo prazo, pode aumentar a eficiência dessa estratégia de controle (PAULI et al., 2011). Em laboratório, foi avaliado o efeito de três isolados (Bb4, Bb88, Bb113) de B. bassiana, na concentração de 1x108 conídios mL-1, sobre adultos de M. spinolae. Foi verificado que os insetos foram susceptíveis aos isolados, sendo que a mortalidade das fêmeas foi maior em comparação com os machos. O isolado Bb88 causou 82% de mortalidade das fêmeas, enquanto nos machos o maior percentual foi de 26% com o isolado Bb113 (TAFOYA et al., 2004). Em laboratório, foram testados 11 isolados de B. bassiana em C. sordidus, os quais foram imersos em suspensões fúngicas na concentração de 1,12 x 109conídios mL-1. Dentre os isolados avaliados, o IBCB 74, IBCB 87 e IBCB 146 não diferiram estatisticamente entre si, e causaram respectivamente 58%, 54% e 66% de mortalidade confirmada dos adultos de C. sordidus (ALMEIDA et al., 2009). Foi avaliado o efeito da temperatura no crescimento de seis isolados de B. bassiana e dois isolados de M. anisopliae “in vitro”, e a patogenicidade sobre adultos de M. spinolae, e a diferença de infecção entre machos e fêmeas dos insetos. Também foram realizados testes em campo com os fungos patogênicos. A temperatura de 25ºC foi a ideal no crescimento de todos os isolados, sendo que o crescimento de M. anisopliae foi maior do que B. bassiana. A maior mortalidade dos adultos de M. spinolae foi obtida com isolado de B. bassiana (Bb107), e não houve diferença quanto à suscetibilidade entre os sexos dos insetos. Em campo houve menor mortalidade, devido à interferência do ambiente sobre o fungo 20 entomopatogênico. O isolado Bb107 foi o mais patogênico no controle de M. spinolae sob as condições testadas (ORDUÑO-CRUZ et al., 2011). 2.4.2 Inimigos naturais predadores Há grande diversidade de espécies de insetos benéficos associados às pragas de helicônias, com destaque para espécies de Diptera, Coleoptera, Hemiptera, Hymenoptera e Neuroptera (HENAO; OSPINA, 2008). A espécie Hololepta quadridentata Fabricius (Coleoptera: Histeridae) apresenta coloração preta, geralmente brilhante, com élitros truncados, expondo um ou dois segmentos abdominais. Este gênero é registrado como predador de larvas do moleque-da-bananeira na Venezuela em áreas de bananeiras (MARTÍNEZ; GODOY, 1991; VERGARA; RAMÍREZ, 2000). Os coleópteros da família Histeridae são insetos frequentemente encontrados em matéria orgânica em decomposição. Porém, tanto os adultos quantos as larvas são predadores de várias ordens de insetos (COLETTO-SILVA; FREIRE, 2006). Na Colômbia, foi realizado um levantamento em 40 áreas produtoras de helicônias, para verificar quais os insetos benéficos presentes nas áreas. Foram coletados 288 insetos distribuídos em 10 ordens, com total de 101 espécies. As ordens que tiveram maior representatividade foram: Diptera (n=86), Coleoptera (n=82), Neuroptera (n=36), Hymenoptera (n=23) e Hemiptera (n=22). Da família Coccinelidae (Coleoptera) foram registradas as espécies Azya orbigera Mulsant, Cycloneda sanguínea Linnaeus, Hippodamia sp. e Hyperaspis sp., que são importantes predadores de ácaros, cochonilha e pulgões (HENAO; OSPINA, 2008). O Hololepta foi coletado em armadilhas de captura de R. palmarum, nas folhas e bainhas em plantios de dendê, em área de vegetação espontânea de dendezeiros no estado do Pará (TINÔCO, 2008). A espécie Lixadmontia franki Wood e Cave (Diptera: Tachinidae), foi relatada parasitando larvas de Metamasius quadrilineatus Chevrolat e Metamasius callizona Chevrolat, em plantas de bromélias nativas (SUAZO; CAVE; FRANK, 2008; WOOD; CAVE, 2006). Outra espécie de díptero, Diaugia angusta Perty (Diptera: Tachinidae) foi registrada como parasitóide de pupas de M. hemipterus e M. ensirostris, tendo 21 sido coletadas em plantios de pupunha nos estados de São Paulo e Santa Catarina, o parasitismo natural foi variado ao longo do ano, alcançando até 30% (NIHEI; PAVARINI, 2011). 2.4.3 Plantas inseticidas A utilização de plantas inseticidas não é uma técnica recente, sendo seu uso bastante comum em países tropicais antes do advento dos inseticidas sintéticos, tornando-se uma possibilidade mais segura para a maioria dos produtores, pois não é prejudicial ao organismo humano, têm ação direta sobre o inseto, apresenta maior seletividade, reduz a persistência e o acumulo do agrotóxico no meio ambiente e não apresenta os efeitos colaterais dos inseticidas sintéticos (VENDRAMIM; CASTIGLIONI, 2000; MOREIRA et al., 2006). Os princípios ativos dos inseticidas botânicos são compostos resultantes do metabolismo secundário das plantas (aleloquímicos), sendo acumulados em pequenas proporções nos tecidos vegetais. Hoje, existe um mercado promissor para os bioinseticidas e inseticidas naturais porque esses produtos podem ser utilizados no manejo integrado de pragas em cultivos comerciais, e também na agricultura orgânica. Muitas pesquisas têm sido realizadas à procura de compostos naturais, biologicamente ativos contra pragas. Podem causar os efeitos de repelência, inibição de oviposição e da alimentação, alterações no sistema hormonal, causando distúrbios no desenvolvimento, deformações, infertilidade e mortalidade nas diversas fases dos insetos (DEQUECH et al., 2008; ROEL, 2001). Dentre as espécies botânicas utilizadas como inseticida, o nim (Azadirachta indica A. Juss. – Meliaceae) é a espécie mais pesquisada, tendo seu efeito comprovado sobre aproximadamente 300 espécies de insetos (MARTINEZ, 2002, 2008). Espécies das famílias Meliaceae, Piperaceae, Compositae, Lauraceae, Asteraceae, Chenopodiaceae, entre outras, destacam-se como promissoras para a descoberta de novos inseticidas de origem vegetal (CUNHA, 2004; COITINHO et al., 2006; MARTINEZ, 2002; SILVA et al., 2007; TAVARES; VENDRAMIM, 2005; TORRECILLAS; VENDRAMIM, 2001; TORRES; BARROS; OLIVEIRA, 2001; VIEGAS JÚNIOR, 2003). 22 O efeito do extrato do pó semente de nim, da torta da semente e do óleo emulsionado a 5,0 e 2,5% foi avaliado no comportamento e na fisiologia das larvas e C. sordidus. Os danos causados pelas larvas do moleque-da-bananeira foi reduzido pelo efeito do nim, assim como a oviposição (cerca de 75% menor) e também na eclosão das larvas foram menores para todos os tratamentos diferindo apenas da testemunha. A mortalidade das larvas variou entre 50 a 60% entre os tratamentos (MUSABYIMANA et al., 2001). O pó de seis espécies de plantas com princípios inseticidas foram aplicados sobre grãos de milho para o controle do adulto de Sitophilus zeamais Mots. (Coleoptera: Curculionidae). O efeito do nim na mortalidade foi baixo, com 6,67% e teve 53,39% dos insetos repelidos, enquanto que o Chenopodium ambrosioides (erva-de-santa-maria) matou 100% dos coleópteros (PROCÓPIO et al., 2003). Os extratos aquosos de frutos verdes, de pecíolos com caule, de folíolos e de casca de Melia azedarach Linnaeus (cinamomo) a 10% (p/v) e do produto comercial a base de nim, NIM-I-GO® (10mL/L) foram avaliados no controle de adultos de Diabrotica speciosa Germar (Coleoptera: Chrysomelidae) em cultivos de pepino (Cucumis sativus Linnaeus) (Cucurbitaceae) e de feijão-de-vagem (Phaseolus vulgaris) (Fabaceae) em estufa plástica. Foi utilizado o inseticida DECIS 25CE a 0,3mL.L-1 como padrão. Os extratos demonstraram-se promissores no controle de D. speciosa, pois ambos bioinseticidas foram mais eficientes do que o inseticida sintético (SEFFRIN et al., 2008). Após a colheita de H. bihai em Pernambuco, foram observados insetos nas brácteas. Foi avaliada a remoção de artrópodes sob ação de óleos essenciais de Piper marginatum Jacq., P. aduncum Linnaeus e Eucalyptus citriodora Hook. (a 1% de concentração), do inseticida Natuneem® (1%), a base de nim, e do inseticida Diazinom® (2g/L) (testemunha). Após serem colhidas, as hastes das helicônias eram imersas em cada solução dos tratamentos. Foram encontrados exemplares de diferentes ordens, com identificação de Metamasius. O produto Natuneem® promoveu a remoção de 41,6% de insetos da ordem Coleoptera, 55,5% de exemplares de Hemiptera e 100% de insetos pertencente a Hymenoptera (OLIVEIRA, 2010). 23 2.4.4 Interações entre fungos entomopatogênicos e inseticidas botânicos. As interações entre os fungos entomopatogênicos e os produtos fitossanitários podem ser positivas, quando ocorre uma ação sinérgica ou aditiva entre o patógeno e o produto, ou negativas, quando ocorre a inibição de um dos componentes, geralmente do patógeno. Estes produtos, principalmente os fungicidas, inibem na sua grande maioria, a germinação dos esporos dos fungos entomopatogênicos diminuindo o potencial de inóculo (SILVA; NEVES; SANTORO, 2005). A associação de fungos entomopatogênicos com extratos de nim para o controle de pragas é uma possibilidade, podendo resultar em sinergismo com resultados promissores (MARQUES; MONTEIRO; PEREIRA, 2004). O efeito do produto NIM-I-GO® a base de nim, foi avaliado sobre o crescimento, esporulação e viabilidade de M. anisopliae, B. bassiana e Paecilomyces farinosus (Hom ex SF Gray) Brown & Smith. Utilizou-se o meio BDA (batata-dextrose-ágar), contendo diferentes concentrações de óleo de nim (C1: 5,0% de óleo de nim, e sucessivamente concentrações iguais a ½ da concentração anterior, até C11: 0,0048% de óleo de nim). O óleo de nim desfavoreceu o crescimento e a esporulação das colônias de B. bassiana, M. anisopliae e P. farinosus, mas a viabilidade dos fungos não foi afetada pelo óleo de nim (MARQUES; MONTEIRO; PEREIRA, 2004). Foi verificada a compatibilidade de B. bassiana, M. anisopliae e Paecilomyces sp. Bainier com vários produtos à base de óleo mineral e vegetal. Os produtos Assist®, Attach®, Agnique CSO 40-B®, Agnique ESO 81-B Dytrol®, Iharol®, Joint Oil®, Max Óleo®, Natur Óleo®, Nimbus ® e Veget Oil® foram compatíveis com o isolado CG 432 de B. bassiana. Os autores concluíram que os óleos selecionados podem ser adicionados a caldas de pulverização contendo conídios dos fungos entomopatogênicos avaliados sem riscos de efeitos deletérios (SILVA et al., 2006). Lins Júnior et al. (2007) avaliaram o efeito do óleo de nim extraído da semente (1,0 e 2,0%), óleo de mamona (Ricinus communis) (1,0% e 2,0%) e duas doses dos fungos B. bassiana (3,2 x 106 e 3,2 x 108 conídios mL-1) e M. anisopliae (3,6 x 106 e 5,2 x 108 conídios mL-1), sobre os adultos recém emergidos de Anthonomus grandis Boh. (Coleoptera: Curculionidae), os quais foram imersos nas soluções dos tratamentos e acondicionados em placas de Petri. Verificou-se que os 24 fungos M. anisopliae e B. bassiana são patogênicos ao bicudo-do-algodoeiro e não houve diferença significativa com óleos vegetais. Os tratamentos com menor eficiência foram o óleo de nim e óleo de mamona a 1,0%. Araujo Júnior (2008) observou a compatibilidade do produto comercial Neemseto© misturado ao meio de cultura BDA em três concentrações (0,5; 0,25; 0,125%), ao qual foram inoculados os isolados CG-001 de B. bassiana e CG-30 de M. anisopliae. Constatando que os dois fungos foram compatíveis com o Neemseto©. Morais et al. (2009) verificaram a compatibilidade do óleo de nim, misturado ao meio-de-cultura BDA, em sete concentrações x10 (0 - 100.000 µ/L) no crescimento dos fungos M. anisopliae, B. bassiana, Trichoderma harzianum Rifai e Lecanicillium lecanii (Zimmerman) Zare. Concluíram que o óleo de nim estimulou o crescimento micelial de todos os agentes de biocontrole. Esta associação é de grande valia para o controle biológico, pode aumentar a eficiência destes fungos e reduzir impactos ambientais. Pires et al. (2010) verificaram a compatibilidade dos isolado de M. anisopliae (URPE-6 e URPE-19) sobre três diferentes concentrações (0,25; 0,5; 1,0%) do óleo emulsionado de nim (Neemseto©) e constataram que o isolado URPE-19 nas concentrações 0,5% e 0,25%, e o URPE-6 na concentração 0,25% foram compatíveis ao produto, sendo tóxico nas outras concentrações utilizadas. A compatibilidade entre melaço (atrativo alimentar) e o fungo B. bassiana foi avaliada em iscas de pseudocaule de bananeira (do tipo queijo e telha) utilizadas na captura de M. hemipterus em plantios de bananeira. Foi observado que a interação entre eles foi positiva, ocorrendo uma maior concentração da população da praga nas iscas que receberam o melaço (OLIVEIRA et al., 2010). 25 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Áreas de estudo Os estudos foram desenvolvidos nos Laboratórios de Controle Biológico e de Fitopatologia e Nematologia na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em áreas produtoras de helicônias na região Sul da Bahia, na Fazenda Boa Esperança (13º 58’ 44,6” S; 39º 27’ 11,0” W; 238 m), localizada no distrito de Itamaraty pertencente ao município de Ibirapitanga, e na Fazenda Liberdade (14º 33’ 53,2” S; 39º19’ 51,6” W; 142 m), no município de Uruçuca (Anexo A). Na área experimental no município de Ibirapitanga, as espécies de helicônias cultivadas eram: Heliconia bihai (vermelha) e H. wagneriana, e no município de Uruçuca o cultivo comercial era de H. bihai (vermelha e chocolate), H. rostrata, H. wagneriana, as variedades ‘Alan Carle’ e ‘Golden Torch’ (H. psittacorum x H. spathocircinata), e H. stricta cv. ‘Fire Bird’. Em campo, os experimentos foram conduzidos no período de junho de 2011 a maio de 2012. 3.2 Levantamento populacional de Metamasius spp. Para a captura dos insetos nas áreas de cultivos de helicônias foram instaladas cinco armadilhas ‘tipo Pet’, conforme modelo desenvolvido pela EMBRAPA (2007), confeccionadas com três garrafas plásticas do ‘tipo Pet’ (2 L) (Figura 1). Nas armadilhas foram avaliados como atrativos os seguintes tratamentos: 1) toletes de cana-açúcar, 2) pseudocaule de helicônia, 3) feromônio, 4) feromônio + toletes de cana-de-açúcar, e 5) feromônio + pseudocaule de helicônia. O feromônio utilizado foi o produto comercial RMD-1® (6-methyl-2(e)-hepten4-ol, 2-methyl-4-heptanol, 4-methyl-5-nonanol), distribuído pela empresa Biocontrole Ltda. O sache do feromônio foi pendurado internamente nas armadilhas e/ou no 26 fundo das mesmas, tendo sido colocados quatro toletes de cana-de-açúcar (20 cm de comprimento) amassados, ou aproximadamente a mesma quantidade de pseudocaule de helicônia, formando os diferentes tratamentos. A B C D Figura 1 – Armadilha ‘tipo Pet’ (A), caixa do feromônio RMD-1® (B), sache do feromônio (C) e armadilha na área de cultivo de helicônia (D). As armadilhas foram montadas em cinco pontos diferentes num esquema de arena em círculo, distanciada entre si com no mínimo 25 m, deixado uma fileira de helicônias como bordadura, metodologia adaptada de Soliman et al. (2009). As coletas dos insetos nas armadilhas foram realizadas a cada 15 dias, sendo na ocasião também feita a mudança de posição das armadilhas no esquema rotativo. Os insetos capturados foram acondicionados em sacos de polietileno, que eram identificados e levados ao laboratório de Controle Biológico da UESC para a triagem. No momento das coletas, os atrativos alimentares eram substituídos e a troca do feromônio feita a cada 60 dias, seguindo as recomendações do fabricante. No laboratório, os insetos adultos eram separados por amostra e pelo sexo. Como características do dimorfismo sexual, foi observado o rostro e o pigídio. Nas fêmeas o rostro é mais delgado e comprido, e o pigídio é mais afilado, em formato de ponta com poucas cerdas, enquanto nos machos o rostro mais grosso e curto, com pigídio ligeiramente arredondado e pubescente (Figura 2) (VAURIE, 1966; WEISSLING; GIBLIN-DAVES, 1998; ZORZENON; BERGMANN; BICUDO, 2000). 27 A B Figura 2 – Dimorfismo sexual em Metamasius: macho (A) e fêmea (B). Após a triagem, os insetos foram colocados em gaiolas de criação (pote plástico de 4,5 L), e como alimento foi oferecido toletes de cana-de-açúcar e ou pseudocaule de bananeira. Parte dos adultos coletados foi utilizada em bioensaios. Exemplares dos insetos coletados nas armadilhas foram alfinetados e enviados para identificação ao Prof. Dr. Sérgio Antônio Vanin, do Museu de Zoologia do Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo (USP). 3.3 Nematóides associados a adultos de Metamasius Para observar a presença de nematóides nos insetos coletados em campo nas armadilhas, foram selecionados 20 adultos entre fêmeas e machos de M. hemipterus, para ser feita a extração. De acordo com a metodologia adaptada e modificada por Boneti e Ferraz1 (1981 apud COSTA et al., 2001), os insetos foram triturados em liquidificador com aproximadamente 200 mL de solução de hipoclorito de sódio a 0,5%, e em seguida esta suspensão foi passada em uma peneira de 200 mesh, que foi colocada sobre uma peneira de 500 mesh, e foi feita a lavagem com água corrente para retirada do excesso do hipoclorito de sódio. Posteriormente, os nematóides foram separados dos resíduos do corpo dos insetos pela técnica proposta por Coolen e D’Herde2 (1972 apud DUARTE et al., 2008). No material obtido após a retirada do hipoclorito, foi adicionando cerca de um cm³ de caulim, esta mistura foi agitada até ser 1 BONETI, J.I.S.; FERRAZ, S. Modificação do método de Hussey e Barker para extração de ovos de Meloidogyne exigua do cafeeiro. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.6, n.3, 553p. 1981. 2 COOLEN, W.A.; D’HERDE, C.J. A method for the quantitative extration of nematodes from plant tissue. Ghent: Nematology and Entomology Research Station, 77p. 1972. 28 homogeneizada, e depois foi acondicionada em tubos plásticos levados para centrifugação (Excelsa® II modelo 206 BL) por quatro minutos a 1.750 rpm. O sobrenadante foi desprezado, sendo que neste tubo era adicionado uma solução de sacarose (400g de açúcar refinado em 750 mL de água), para ser feita novamente uma centrifugação, por um minuto a 1.750 rpm. Posteriormente, o sobrenadante foi colocado sobre uma peneira de 500 mesh, sendo feita uma lavagem com água corrente para a retirada do excesso da sacarose. O material obtido foi transferido para tubos de ensaio para decantação, por duas horas, e após esse período com o auxílio de um sifão, foi retirado o excesso de água, sendo deixados quatro mL da suspensão aquosa de nematóides. Os nematóides extraídos foram mortos em banho-maria, por dois minutos a 55ºC, e posteriormente fixados em formalina a 8,0% e acondicionados em frascos de vidros, sendo todo material etiquetado com os dados de coleta. As suspensões com os nematóides foram enviada para o Prof. Dr. Luiz Carlos Camargo Barbosa Ferraz da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP) para identificação dos nematóides. 3.4 Ciclo biológico do Metamasius hemipterus Partes dos exemplares de M. hemipterus coletados nas armadilhas ‘tipo Pet’ nas áreas de helicônias foram utilizados para avaliar a duração de cada fase biológica em condições de laboratório, essa espécie foi escolhida por ter sido mais frequente nas coletas. Um total de 40 insetos foram separados e formados 20 casais. Estes foram colocados em potes plásticos (500 mL) perfurados, sendo fornecido pedaços de pseudocaule de bananeira para alimentação e oviposição, os quais foram trocados a cada três dias ou sempre que necessário. Diariamente, os ovos depositados foram retirados com o auxilio de um pincel de cerdas finas nº0, e colocados individualmente em placa de Petri descartável, forrada com papel filtro umedecido com água destilada. O tamanho dos ovos foi mensurado com o auxilio de uma lente micrométrica sob microscópio estereoscópico (Leica EZ4). A eclosão de larvas foi observada diariamente, sendo que estas foram transferidas para pedaços de 5 cm de pseudocaule de bananeira para alimentação, 29 sendo substituído quando necessário. Foi observado o desenvolvimento das larvas até a fase de pupa, em que as mesmas utilizaram as fibras do pseudocaule para formar o casulo. Após o período pupal os adultos emergidos foram separados em machos e fêmeas. Durante todo o período de estudo do ciclo biológico de M. hemipterus, as placas de Petri ficaram condicionadas em câmeras climáticas B.O.D (25 ± 1°C e fotofase de 12 horas). 3.5 Bioensaios com produtos comerciais a base de nim No laboratório de Controle Biológico foram testados os produtos comerciais à base de óleo de nim: Azamax ® e Neemseto©. Pelo método de pulverização, os produtos foram aplicados sobre adultos de M. hemipterus com o auxilio de ‘borrifador manual’, nas concentrações de 5,0; 2,5; 1,25; 0,625; 0,3125%, que eram diluídas em água destilada e esterilizada mais o espalhante adesivo Tween 80® à 0,1% (ADE+E). A testemunha foi pulverizada apenas água destilada (concentração 0,0%). Como alimento foi oferecido aos insetos pedaços do pseudocaule da bananeira. No segundo experimento, pedaços do pseudocaule da bananeira foram imersos nas mesmas soluções e concentrações descritas anteriormente por um minuto. Os pseudocaules tratados foram deixados sobre bandejas plásticas por 30 minutos, para evaporar o excesso de umidade, sendo oferecidos como alimento aos adultos. Na testemunha os pseudocaules foram imersos em ADE+E. Os insetos foram acondicionados em potes plásticos (500 mL) perfurados, e estes foram mantidos em B.O.D. (25 ± 1°C e fotofase de 12 horas). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial de 2x2x6 (produtos x método de aplicação x concentrações), com cinco repetições e cada repetição com 10 insetos adultos de M. hemipterus. As avaliações foram realizadas diariamente, por um período de 10 dias, considerandose vivos todos os insetos que moviam qualquer parte do corpo, mesmo aqueles que permanecem imóveis e só se moviam lentamente quando estimulados. Os insetos mortos eram contados e transferidos para placa de Petri. 30 3.6 Testes de patogenicidade sobre adultos de M. hemipterus Os isolados de fungos avaliados sobre adultos de M. hemipterus foram obtidos de coletas de campo. Os insetos infectados foram desinfestados externamente com álcool 70%, hipoclorito de sódio a 3,0% e água destilada esterilizada. Em seguida, foram colocados em câmaras úmidas (placa de Petri forrada com papel filtro umedecido) e estas em B.O.D. (26±1°C e fotofase de 12 horas). Após a extrusão do patógeno, foram feitos isolamentos em meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Ágar), sendo o material mantido em B.O.D. nas mesmas condições, até a obtenção de uma cultura pura do fungo para identificação (Alves et al. 1998). Posteriormente, os fungos esporulados e insetos infectados oriundos do campo foram enviados ao laboratório de Patologia de Insetos da ESALQ/USP para serem identificados. Os tratamentos aplicados constaram de três isolados selecionados aleatoriamente e do produto comercial Boveril®. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e cinco repetições, sendo cada unidade amostral constituída por 10 adultos. Os insetos utilizados no experimento foram coletados em áreas de cultivo de helicônias, em armadilha ‘tipo Pet’, sendo que estes ficaram por 15 dias separados antes dos experimentos para verificar se havia ou não a presença de patógenos. Os isolados do fungo foram conservados a 6 ± 2°C de temperatura (refrigerador) em tubos de ensaio de vidro com meio de cultura BDA + óleo mineral, foram repicados, com auxílio de uma pinça, para placas de Petri contendo meio BDA+A (estreptomicina). Após sete dias foram novamente repicados para placas contendo meio BDA+A, sendo uniformemente espalhados por toda a extensão da placa, com o auxílio de alça de Drigalsky. As placas foram mantidas em câmara climática do tipo B.O.D. (26 ± 1°C e fotofase de 12 horas), durante todo o procedimento de multiplicação dos fungos. Após 10 dias, foram preparadas as suspensões fúngicas, sendo adicionado 10 mL de ADE+E. Os conídios dos fungos foram removidos com auxílio de uma espátula de borracha. As suspensões foram filtradas em gaze esterilizada, obtendo-se a suspensão padrão de cada isolado. De cada suspensão era retirado 1,0 mL, sendo realizadas três diluições para quantificar em câmara de Neubauer, e foi feito o ajuste da concentração para 107 conídios mL-1. 31 A viabilidade dos conídios foi verificada em microscópio óptico mediante a determinação do percentual de conídios germinados e não germinados. Para cada isolado foi utilizada uma placa de Petri com BDA+A, sendo pulverizados sobre estas 10 µL da suspensão correspondente, espalhando-se uniformemente este volume com alça de Drigalsky. As placas foram mantidas por 20h em B.O.D. (26 ± 1 °C; 12 horas de fotofase), após esse período contou 100 conídios por placa para obtenção da percentagem de germinação. Os adultos foram pulverizados com as suspensões fúngicas na concentração de 107 conídios mL-1 e a testemunha apenas com ADE+E por meio de um ‘borrifador manual’, os insetos foram mantidos em potes plásticos (500 mL) e em B.O.D. (25 ± 1°C; 12 horas de fotofase), sendo oferecido pedaços de pseudocaule de bananeira como alimentação. A mortalidade (%) foi avaliada diariamente, sendo os insetos mortos transferidos para câmara úmida para confirmação do agente causal, tendo a mortalidade confirmada após a extrusão do patógeno. 3.7 Compatibilidade entre os produtos comerciais à base de nim e Beauveria bassiana Foi avaliado o efeito da emulsão do óleo de nim, em diferentes concentrações, sobre três isolados de B. bassiana obtidos em campo e o Boveril®. Os tratamentos constaram dos produtos comerciais, Neemseto© e Azamax®, nas concentrações de 5,0; 2,5; 1,25; 0,625; e 0,3125%. Os testes in vitro seguiram a metodologia de Alves, Moino e Almeida (1998). Cada produto comercial foi adicionado ao meio de cultura BDA+A, ainda líquido, a ± 40°C, sendo em seguida vertido em placas de Petri, cerca de 20 mL/placa e na testemunha não foi adicionado o produto. Após a solidificação do meio com o produto, os isolados entomopatógenos foram inoculados, em câmara de fluxo laminar, com o auxilio da alça de platina impregnada com fungo, em três pontos equidistantes por placa, sendo cada tratamento constaram de três placas. As placas foram mantidas em B.O.D. (26 ± 1°C e fotofase de 12 horas) por um período de 10 dias. 32 Após este período, foi aferido o diâmetro médio das colônias e contados o número de conídios produzidos por colônia, em câmara de Neubauer, através de suspensões obtidas. Essa etapa do experimento foi realizada em delineamento inteiramente casualizado, constando de 24 tratamentos (seis concentrações x quatro cepas de fungo), onde cada tratamento foi composto por três placas de Petri com três colônias do fungo em cada, sendo avaliadas seis colônias. Nos testes de germinação, foi adicionado 1 mL da suspensão de conídios padronizada (107 conídios mL-1) nas emulsões de nim de cada tratamento. Decorridos 60 minutos, alíquotas de 0,1 mL foram espalhadas, com o auxílio da alça de Drigalsky, em placas de Petri contendo meio de cultura BDA+A. Na testemunha utilizou-se a suspensão do fungo diluída em ADE+E. Para cada tratamento foram feitas quatro repetições (placas). Após 20 horas, avaliou-se a viabilidade, dividindose as placas em quatro quadrantes, sendo contados 100 conídios sob microscópio óptico. 3.8 Análise estatística A dinâmica populacional foi avaliada com base em análise gráfica no período de junho de 2011 a maio de 2012, e os dados de precipitação pluviométrica foram obtidos em cada município. O número total de exemplares de Metamasius capturados mensalmente foi utilizado para caracterizar a flutuação populacional. Foi feita a correlação (linear de Pearson) entre os dados da precipitação pluviométrica (mm) e o número de espécimes coletados na armadilha que capturou o maior número de insetos, com o auxilio do programa estatístico BioEstat 5.0 (AYRES et al., 2007). A razão sexual (RS) de Metamasius spp. coletados nas armadilhas em áreas de helicônias foi calculada pela fórmula: RS= Número de Fêmeas Número de Fêmeas + Número de Machos Os dados de mortalidade média dos adultos de M. hemipterus, sob ação dos produtos comerciais Azamax® e Neemseto©, e da patogenicidade de B. bassiana 33 foram analisados mediante análise de variância (ANOVA) utilizando o programa estatístico SISVAR 5.3 (1999-2010), e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade quando significativo, sendo os dados transformados para √(x + 0,5), para os fatores qualitativos e as equações de regressão polinomial para os fatores quantitativos. A toxicidade dos produtos Azamax® e Neemseto© em relação a B. bassiana foi classificada por meio da percentagem média do crescimento vegetativo (CV%), esporulação das colônias (ESP%) e germinação dos conídios (GER%), em relação à testemunha (100%). Foi utilizada a formula: IB = 47 (CV) + 43 (ESP) + 10 (GERM) 100 Os valores de IB (Índice biológico) para a classificação dos produtos foram: tóxico = 0 a 41, moderadamente tóxico = 42 a 66, e compatível > 66 (ALVES et al., 2007). 34 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Levantamento populacional de Metamasius spp. O número total e o percentual de insetos capturados do gênero Metamasius, com os diferentes tratamentos (atrativo alimentar e feromônio) são apresentados na Tabela 2. Tabela 2 – Número total e percentual de Metamasius spp. capturados nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012. Tratamento Ibirapitanga Uruçuca Número total % Número total % 1.518 50,55 3.309 58,41 Cana-de-açúcar 811 27,01 1.016 17,93 Helicônia+Feromônio 426 14,19 813 14,35 Feromônio 135 4,50 196 3,46 Helicônia 113 3,76 331 5,84 3.003 100,00 5.665 100,00 Cana-de-açúcar+Feromônio Total As armadilhas com cana-de-açúcar + feromônio, em ambos os municípios, capturaram o maior número de insetos (50,55 a 58,41%). Esta maior captura se deve ao fato da interação entre o atrativo alimentar (cana-de-açúcar) e o feromônio; apenas o atrativo alimentar (cana-de-açúcar) foi responsável pela captura da metade do total de insetos capturados com a interação atrativo x feromônio. Nas armadilhas contendo apenas o feromônio ou a helicônia como atrativos, foi capturada a menor porcentagem de insetos, demostrando que a helicônia tem menor atratividade como alimento em relação à cana-de-açúcar. A helicônia quando combinada com o feromônio teve um aumento significativo em relação aos 35 tratamentos quando utilizados isoladamente (Tabela 2). Outros autores (CERDA et al., 1999; CIBRIÁN-TOVAR; CARRILLO-SÁNCHEZ, 2006; CIBRIÁN-TOVAR; CARRILLO-SÁNCHEZ; MÁRQUEZ-SANTOS, 2006; GIBLIN-DAVIS; PEÑA; DUNCAN, 1994; SOLIMAN et al., 2009), verificaram que a cana-de-açúcar tem maior poder de atratividade que outros atrativos vegetais, principalmente quando insetos foram adicionados nas armadilhas. A combinação de feromônio com o atrativo alimentar potencializou a eficiência de captura dos coleópteros, sendo corroborado pelos resultados obtidos em outros estudos (DUARTE; LIMA, 2001; FERREIRA et al., 2003; GIBLIN-DAVIS et al., 1996; MOURA et al., 1997; SILVA et al., 1998; TIGLIA et al., 1998). Nas coletas houve variação no número de insetos capturados, durante o período de junho de 2011 a maio de 2012 (Figura 3). Foi observado que ocorreu diferentes picos populacionais nas duas áreas experimentais, podendo este resultado ter sido afetado por diferentes fatores, como o tamanho da área, maior diversidade de espécies de plantas tropicais, proximidade de mata natural, plantio de palmeiras próximas as áreas experimentais e fatores ambientais, entre outros. 36 Figura 3 – Número total de espécimes de Metamasius coletados nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012. Devido à importância da pluviosidade na biologia de Metamasius, pois esta espécie é favorecida pela estação da seca (ALPÍZAR, 2002), foi correlacionado o total de insetos capturados nas armadilhas com cana-de-açúcar + feromônio, com os índices pluviométricos mensais em cada município (Figura 4). 37 Figura 3 – Flutuação populacional de Metamasius spp. coletados em armadilha com o atrativo cana-de-açúcar + feromônio em comparação com a pluviosidade mensal em municípios da região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012. Observou-se que ocorreu variação na quantidade de insetos capturados mensalmente, e verificou-se que as maiores incidências de gorgulhos ocorreram em outubro e dezembro de 2011, no município de Ibirapitanga, enquanto que no município de Uruçuca foi em setembro e dezembro de 2011 e fevereiro de 2012. Em 2011, ficou evidenciado que a maior quantidade de chuva refletiu na menor captura de insetos, enquanto que a diminuição da pluviosidade favoreceu a população de Metamasius spp., semelhante aos resultados obtidos por Alpízar (2002) e Gomes 38 (2008). Observou-se que os picos populacionais ocorreram a cada dois meses, coincidindo com o ciclo biológico de Metamasius (ALPÍZAR et al., 2002; LEÓNBRITO et al., 2005). Porém, em 2012 a quantidade de gorgulhos acompanhou os índices pluviométricos mensais nas duas localidades, provavelmente pela diminuição dos índices mensais de pluviosidade neste período (Figura 4). A correlação (r) entre o número de inseto e a pluviosidade no período do experimento foi de 0,1076 (Uruçuca) e 0,1267 (Ibirapitanga), provavelmente a baixa correlação possa ter sido influenciada pela retirada dos insetos na área e ter interferido na análise dos dados (GOMES, 2008). A abundância de recurso vegetal também pode ter influenciado o maior número de insetos capturados, pois a presença de restos culturas nas áreas de helicônia é constante, favorecendo a alimentação e oviposição, além das características próprias das helicônias de perfilhar, o que facilita a proliferação do inseto. A ação de inimigos naturais também pode ter influenciado no total dos insetos, pois foi observado que nos meses de maior precipitação parte dos insetos capturados estavam infectados com fungos entomopatogênicos, com variação de 0 a 14,07% (Tabela 3). Tabela 3 – Adultos de Metamasius spp. infectados por fungos entomopatogênicos (%) capturados nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em área comercial de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012. Tratamentos Cana-de-açúcar Feromônio Helicônia Cana+Feromônio Helicônia+Feromônio Insetos infectados (%) Ibirapitanga Uruçuca 0,86 14,07 0,74 0,00 1,77 12,69 0,59 2,72 0,94 9,10 O aumento da precipitação nas localidades pode ter favorecido a ação destes fungos sobre os insetos, causando também uma diminuição no número de insetos coletados, pois a umidade favorece a ação dos fungos sobre o hospedeiro (Figura 5) (PRESTES et al., 2006). O controle natural de insetos pragas por fungos 39 entomopatogênicos em áreas de helicônia é favorecido, pois a maioria dos cultivos ocorre em sombreamento, principalmente em sistema agroflorestal. Figura 4 – Número de Metamasius infectados por fungos entomopatogênicos coletados nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012. Batista Filho et al. (2002a,b), ressaltaram que a mobilidade de exemplares de espécies de Metamasius, associada à suscetibilidade ao fungo B. bassiana, fazem um importante agente disseminador do patógeno nas áreas de cultivo (Figura 6). 40 Figura 6 – Adultos de Metamasius hemipterus infectados com o fungo entomopatogênicos Beauveria bassiana, coletados nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012. A flutuação populacional de Metamasius variou nos municípios estudados e foi influenciada por fatores bióticos e abióticos (MOREIRA et al., 2008). O ciclo biológico destes gorgulhos é dependente principalmente da pluviosidade e ação dos inimigos naturais (ALPÍZAR, 2002). 4.1.1 Espécies de Metamasius identificadas na região Sul da Bahia. Dos exemplares coletados em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia, foram identificados cinco espécies de Metamasius, sendo que as espécies M. canalipes, M. distortus e M. hemipterus, foram comuns nos dois munícipios, e as espécies M. bisbisignatus e M. ensirostris foram coletadas apenas no município de Uruçuca (Tabela 4). As espécies desse gênero estão associadas a vários hospedeiros da família Arecaceae, Graminaceae e Musaceae: Metamasius bisbisignatus (bananeira); M. canalipes (cana-de-açúcar, palmeira-imperial); M. distortus (coqueiro, paineira e palmeira-imperial); M. ensirostris (açaí, bananeira, coqueiro, dendezeiro, juçara, palmeira-imperial, pupunha); M. hemipterus (abacaxi, açaí, bananeira, cana-deaçúcar, coqueiro, dendezeiro, juçara, milho, palmeira-imperial, pupunha, sorgo, tamareira) (SEPÚLVEDA-CANO; RUBIO-GÓMEZ, 2009; VAURIE, 1966; ZORZENON; BERGMANN; BICUDO, 2000). A ocorrência e a disseminação destes 41 insetos na região Sul da Bahia são favorecidas pela ocorrência de plantas hospedeiras, sendo muitas comumente cultivadas na região. Tabela 4 – Espécies do gênero Metamasius capturadas nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012. Espécie Número Total de espécie Ibirapitanga Uruçuca - 6 M. canalipes (Gyllenhal) 332 109 M. distortus (Gemminger & Harold) 42 12 - 3 2.629 5.535 M. bisbisignatus (Gyllenhal) M. ensirostris (Germar) M. hemipterus (Linnaeus) Metamasius bisbisignatus tem o corpo totalmente preto, com quatro linhas vermelhas no élitro, em forma de ‘C’ e apresenta uma depressão no pronoto. A espécie M. canalipes é de coloração marrom e manchas pretas nos élitros simetricamente ao corpo, com padrão bem característico. São mais lentos do que as outras espécies coletadas, com o comportamento de tanatose, fingindo-se de morto quando tocados (VAURIE, 1966). A espécie M. distortus é de coloração marrom opaca, o pronoto apresenta duas depressões na lateral e uma na base, e três faixas pretas longitudinais, e os élitros apresentam de cinco a sete suturas e elevações irregulares próximas a base (ANDERSON, 2002; VAURIE, 1966). Os exemplares de M. ensirostris, possuem a cabeça, escutelo, tórax, pernas e os segmentos abdominais pretos. Possui quatro faixas castanho-alaranjadas no pronoto paralelas ao eixo medial (ZORZENON; BERGMANN; BICUDO, 2000). A espécie M. hemipterus é semelhante a M. ensirostris, diferindo por apresentar o corpo com predomínio de coloração alaranjada a amarronzada, e manchas pretas simétricas nos élitros e três faixas pretas longitudinais no pronoto, sendo uma medial que liga as regiões apical e basal e duas paralelas nas laterais, 42 que se estende da base até a metade do pronoto (Figura 7) (WEISSLING; GIBLINDAVIS, 1998; ZORZENON; BERGMANN; BICUDO, 2000). As espécies identificadas foram depositadas na coleção do Museu de Zoologia do Instituto de Biociências – USP. A C B D Figura 5 – Espécies do gênero Metamasius ocorrentes em áreas de helicônias. Exemplar da espécie M. bisbisignatus (A), M. canalipes (B), M. distortus (C), M. hemipterus (D). 4.1.2 Outros coleópteros capturados Além das espécies de Metamasius, outros representantes da ordem Coleoptera foram capturados (Tabela 5). A espécie R. palmarum é uma das principais pragas de coqueiro e também de dendezeiro (Figura 8), foi capturada nas duas áreas experimentais. A presença de palmeiras, hospedeiros preferenciais dessa espécie (MOURA; VILELA, 1998), próxima à área de helicônia, bem como a utilização do atrativo alimentar e do feromônio de agregação RMD-1® nas armadilhas, favoreceram a captura dessa espécie. 43 Representantes da família Scarabaeidae (Scarabaeinae) também foram capturados nas armadilhas; estes apresentam habito alimentar do tipo necrófago e coprófago e ocorrem em florestas tropicais, sendo exclusivos de região Neotropical (SILVA, 2010; VAZ-DE-MELLO, 1999). Foram identificados os gêneros Deltochilum Eschscholtz e Eurysternus Dalman (Figura 8). Provavelmente estes insetos podem ter sido atraídos pela decomposição dos atrativos alimentares utilizados nas armadilhas, bem como a presença de excrementos de animais e/ou humanos próximos ao plantio. Tabela 5 – Número total de coleópteros capturados (exceto Metamasius) nas armadilhas ‘tipo Pet’ com diferentes atrativos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012. Espécies/família Número total de exemplares Ibirapitanga Uruçuca Rhynchophorus palmarum (Curculionidae) 159 142 Hololepta sp. (Histeridae) 177 256 Omalodes sp. (Histeridae) 93 139 Deltochilum sp. (Scarabaeidae) 3 8 Eurysternus sp. (Scarabaeidae) - 3 Os exemplares de Hololepta sp. e Omalodes sp. (Histeridae) foram também capturados nas duas áreas em número significativo, com o total de predadores maior do que o R. palmarum (Figura 8). Estas espécies são predadores de larvas de vários insetos, com relato de Omalodes foveola Erichson e H. quadridentata, alimentandose de larvas do C. sordidus e M. hemipterus em galerias no rizoma de bananeira (MARTÍNEZ; GODOY, 1991; MESQUITA, 2002). 44 A C B D E Figura 6 – Coleópteros capturados nas armadilhas em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Rhynchophorus palmarum (A), Hololepta spp. (B), Omalodes sp. (C), Deltochilum sp. (D), Eurysternus sp. (E). Para observar a predação de adultos de Omalodes sp. capturados nas armadilhas, em laboratório foram oferecidas larvas de Metamasius, coletadas em hastes de helicônia. Verificou-se uma ação rápida do predador na localização e alimentação da presa (Figura 9). A presença de espécies predadoras e a ação eficaz observada em laboratório indicam que o manejo em áreas de helicônias deve favorecer a manutenção dos agentes de controle natural dessa praga. Figura 7 – Predação de Omalodes sp. em larva de Metamasius. 45 4.1.3 Razão sexual dos espécimes de Metamasius spp. O número de insetos machos capturados nas áreas experimentais foi maior do que o número de fêmeas com os atrativos utilizados, exceto nos tratamentos com helicônias no município de Uruçuca. Em Ibirapitanga o número de machos capturados nas armadilhas com todos os tratamentos sempre foi superior, provavelmente devido ao feromônio de agregação liberados pelos machos (AMBROGI et al., 2009; CIBRIÁN-TOVAR; CARRILLO-SÁNCHEZ; MÁRQUEZSANTOS, 2006). A razão sexual nos diferentes tratamentos foi próxima de 1:1, exceto com apenas o feromônio como atrativo, em Uruçuca, que capturou maior número de machos (Figura 10). Essa proporção (fêmeas e machos) facilita o encontro para cópula e aumenta a possibilidade de uma fêmea ser fertilizada por vários machos (FERREIRA et al., 2003). Além do feromônio de agregação emitido pelos machos, os voláteis dos atrativos alimentares potencializaram o efeito sinérgico na captura dos insetos (AMBROGI et al., 2009; FERREIRA et al., 2003; LANDOLT; PHILLIPS, 1997; SAÏD; KAABI; ROCHAT, 2011). RS=0,39 RS=0,42 RS=0,40 RS=0,48 RS=0,42 RS=0,46 RS=0,19 RS=0,56 RS=0,45 RS=0,57 Figura 8 – Razão sexual de Metamasius spp. coletados em armadilhas com diferentes tratamentos em áreas comerciais de helicônias na região Sul da Bahia. Junho de 2011 a maio de 2012. 46 Os resultados sugerem que as helicônias são mais atrativas para as fêmeas como local de oviposição em comparação com a cana-de-açúcar, pois em Uruçuca houve maior captura de fêmeas nas armadilhas com este atrativo alimentar. Provavelmente, isso tenha ocorrido devido à fermentação do atrativo, pois os tecidos vegetais fermentados possuem maior concentração de voláteis (GIRÓN-PÉREZ et al., 2009; ROCHAT et al., 2000). A atratividade de Metamasius foi influenciada pela fermentação (OEHLSCHLAGER et al., 2002b), pois os insetos correspondem aos odores das plantas hospedeiras para localizar ou obter acesso a alimentação e local de oviposição. As fêmeas escolhem os sítios mais adequados para depositar os ovos, que sejam favoráveis ao desenvolvimento da sua prole, por ter maior recurso de alimento e condições ambientais. Os voláteis emitidos pelas plantas têm influência no comportamento dos gorgulhos, tanto na localização de alimento, do companheiro para cópula e locais para oviposição (BORGES; SOUZA, 2004; LANDOLT; PHILLIPS, 1997; MESQUITA, 2002; PICANÇO, 2003). Outra explicação para a maior captura das fêmeas seria o princípio de Hopkins, que postula que fêmeas preferem fazer postura em hospedeiros nos quais haviam se alimentado na fase imatura, demostrando a influência da experiência prévia na escolha de sítios para oviposição (MARTELETO; LOMÔNACO; KERR, 2009). As larvas que se desenvolveram em helicônias, na fase adulta, teriam preferência na oviposição por estas plantas. 4.2 Nematóides associados a adultos de Metamasius Dos exemplares de M. hemipterus triturados, foram obtidos espécimes de nematóides que estão em processo de identificação pelo Prof. Dr. Luiz Carlos Camargo Barbosa Ferraz, USP. 47 4.3 Ciclo biológico de Metamasius hemipterus A duração média das fases do ciclo biológico foi: ovo = 3,27 ± 1,0; larva = 40,14 ± 4,4; pupa = 13,57 ± 2,0 dias, e o período médio de ovo a adulto da espécie M. hemipterus foi de 56,98 dias (Tabela 6), com resultado semelhante ao de outros estudos (LEÓN-BRITO et al., 2005; WEISSLING; GIBLIN-DAVIS, 1998; WOODRUFF; BARANOWSKI, 1985). A importância do conhecimento da duração do ciclo biológico da praga (ovoadulto) resulta na estimativa do número de gerações por ano, e auxilia no planejamento do manejo e controle em campo. Tabela 6 – Período médio (± DP) das fases do ciclo biológico de Metamasius hemipterus (25 ± 1°C e fotofase de 12h). Período (dias) Fases Mínima Máxima Média Ovo 2 8 3,27 ± 1,0 Larva 33 47 40,14 ± 4,4 Pupa 10 16 13,57 ± 2,0 Total ovo-adulto 45 71 56,98 Os ovos têm coloração branca, forma elíptica, e com o desenvolvimento embrionário, tornam-se amarelados (Figura 11). Ao todo foram observados 328 ovos, com o total de 134 larvas eclodidas. Em média, os ovos apresentaram 5,05 mm de comprimento e 1,94 mm de largura (Tabela 7), diferente do obtido por Salas e Frank (2001) com média de 1,98 e 0,97 mm (comprimento e largura) para M callizona, e Weissling et al. (2003) com média de 1,31 e 0,44 mm (comprimento e largura) para M. hemipterus. Provavelmente esta diferença seja pela espécie vegetal oferecido como alimento, neste foi pseudocaule de bananeira e nos outros estudos cana-de-açúcar. 48 Tabela 7 – Número total e tamanho médio (± DP) de ovos de Metamasius hemipterus (25 ± 1°C e fotofase de 12h). Ovos Eclosões 328 134 Tamanho (mm) Comprimento Largura 5,05 ± 3,7 1,94 ± 1,4 As larvas são do tipo curculioniforme, com as seguintes características: ápodas, recurvadas, de coloração branca e se torna amarelada no final da fase larval, apresentam a cabeça quitinizada com a coloração amarronzada e o aparelho bucal mastigador (Figura 11) (GALLO et al., 2002). Não foi determinado o número de instares. O tipo de pupa é livre, ou seja, os apêndices são visíveis. Apresentaram coloração amarelada e ficava protegido pelo casulo, feito pela própria larva utilizando as fibras do pseudocaule da bananeira (Figura 11). Após a fase pupal, emergiram os adultos, sendo que 54,54% eram machos. A B D C E F Figura 9 – Fases do ciclo biológico de Metamasius hemipterus. Tamanho do ovo (A), ovo (B), larva (C), pupa (C), casulo da pupa (D), emergência do adulto (E). 49 Na área experimental foram verificadas as injúrias provocadas pelas larvas de Metamasius, alimentando-se de pseudocaule e rizoma de helicônias (Figura 12). A B C Figura 10 – Injúrias provocadas pelo Metamasius em helicônias. Corte transversal no rizoma com a larva (A), corte transversal no pseudocaule broqueado, corte longitudinal no pseudocaule com a larva (C). 4.4 Bioensaios com produtos comerciais a base de nim A mortalidade de adultos de M. hemipterus variou em função dos produtos a base de nim e o método de aplicação (F1, 96 = 15,76; P < 0,0001). Os produtos Azamax ® e Neemseto© causaram maior mortalidade de adultos de M. hemipterus quando pulverizado com mortalidade média de 63,00% (Azamax ®) e 58,67% (Neemseto©), diferindo do método de ingestão com 24,67% (Azamax®) e 46,33% (Neemseto©) de mortalidade média (Tabela 8). Este resultado foi corroborado por Marcomini et al. (2009), o qual testaram o produto comercial à base de óleo de nim (Dalneem®) sobre adultos de Alphitobius diaperinus Panzer (Coleoptera: Tenebrionidae) comparando os métodos de aplicação, e verificaram que a pulverização causou 100% de mortalidade, enquanto por contato 40,9% dos insetos. 50 Tabela 8 – Mortalidade média (%) de adultos de Metamasius hemipterus pelo método de pulverização e ingestão com os produtos comerciais Azamax ® e Neemseto© (26 ± 1ºC e fotofase de 12h). Produtos Mortalidade média (%) Ingestão* Pulverização* Azamax ® 24,67 bB 63,00 aA Neemseto© 46,33 aB 58,67 aA CV(%) 9,94 *Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste F a 1% de probabilidade. Foi observado que o modo de aplicação também influenciou na mortalidade dos coleópteros, sendo maior quando aplicado diretamente sobre os insetos do que pela ação de ingestão. A maior eficiência do método de pulverização se deve, aos insetos receberem aplicação em toda a superfície do corpo, podendo este penetrar por qualquer parte do tegumento, e pela ação de ingestão, o inseto tem que ingerir o alimento impregnado com o óleo de nim ou ter o contato com esse produto (Marcomini et al., 2009). Nas concentrações avaliadas não houve diferença estatística entre o Azamax ® e o Neemseto© (F5, 96 = 1,73; P = 0,1358). A melhor concentração, segundo análise de regressão quadrática, foi de 3,83% para o Neemseto© que apresentou uma mortalidade estimada de 99,8% de M. hemipterus, superior ao Azamax ®, mesmo na concentração ótima de 4,57%, a mortalidade foi menor em relação ao Neemseto© com 93,4% dos insetos (Figura 13). 51 Figura 11 – Mortalidade acumulada (%) de adultos de Metamasius hemipterus em diferentes concentrações em função dos produtos Azamax® e Neemseto© (26 ± 1ºC e fotofase de 12h). Os métodos de aplicação foram estatisticamente diferentes nas concentrações avaliadas (F5, 96 = 5,37; P < 0,0002). A pulverização foi mais eficiente, em relação ao a ação de ingestão, pois a concentração ótima foi de 3,54%, e causou mortalidade total dos coleópteros, enquanto a ação de ingestão a 5,0%, a mortalidade estimada foi de apenas 90,8% (Figura 14). A menor eficácia por este método provavelmente se deve ao aumento das concentrações serem menos palatáveis para o M. hemipterus causando efeito de repelência, o que é uma característica interessante no sistema agrícola. 52 Figura 12 – Mortalidade acumulada (%) de adultos de Metamasius hemipterus em diferentes concentrações em função dos métodos de aplicação pulverização e ingestão (26 ± 1ºC e fotofase de 12h). Resultado inferior obtiveram Marcomini et al. (2009), em que utilizaram 10,0% do produto comercial à base de óleo de nim (Dalneem®) sobre adultos de A. diaperinus, causando 87,0% de mortalidade. Estes resultados mostraram que a faixa de melhor concentração ficou entre 3,54% e 3,83% para o produto comercial Neemseto©, utilizando o método de pulverização nas condições anteriormente descritas. 4.5 Testes de patogenicidade – controle microbiano 4.5.1 Identificação dos fungos associados a Metamasius hemipterus e bioensaios em laboratório Todos os insetos coletados em campo e infectados com fungos foram enviados para identificação, tendo sido constatado apenas a espécie de B. bassiana. Os isolados UESC, números 1, 2, 9, 11, 38, 57, 58, 59, 60, 61 e 62 (Tabela 9) estão 53 depositados na Coleção do Laboratório de Patologia e Controle Microbiano de Insetos – ESALQ/USP. Tabela 9 – Isolados, espécie, origem e hospedeiros dos fungos entomopatogênicos identificados. Isolados Espécie Origem Hospedeiro UESC-1 B. bassiana Uruçuca-BA M. hemipterus UESC-2 B. bassiana Uruçuca-BA M. hemipterus UESC-9 B. bassiana Uruçuca-BA M. hemipterus UESC-11 B. bassiana Ibirapitanga-BA M. hemipterus UESC-38 B. bassiana Ibirapitanga-BA M. hemipterus UESC-57 B. bassiana Uruçuca-BA M. hemipterus UESC-58 B. bassiana Ibirapitanga-BA M. hemipterus UESC-59 B. bassiana Uruçuca-BA M. hemipterus UESC-60 B. bassiana Uruçuca-BA M. hemipterus UESC-61 B. bassiana Uruçuca-BA M. hemipterus UESC-62 B. bassiana Uruçuca-BA M. hemipterus Foram selecionadas três cepas para os bioensaios: UESC-1, UESC-11 e UESC-38, além do produto comercial Boveril®. Os fungos de B. bassiana testados apresentaram viabilidade superior a 93,0% após o período de 20 horas, apresentando uma alta capacidade germinativa. A patogenicidade dos tratamentos diferiram entre si, com diferentes mortalidade total (F4, 20 = 6,36; P < 0,0018) e mortalidade confirmada (F4, 20 = 8,82; P < 0,0003) de adultos de M. hemipterus, variando de 18,0% a 56,0% (Tabela 10). O produto comercial Boveril®, e os isolados testados UESC-38 e UESC-11 foram os mais eficientes, não diferindo estatisticamente entre si, causando mortalidade confirmada de: 50,0%; 34,0% e 28,0%, respectivamente (Tabela 10). 54 Tabela 10 – Mortalidade total e confirmada (%) de adultos de Metamasius hemipterus por Boveril® e isolados de Beauveria bassiana (107 conídios mL-1) (26 ± 2 °C e fotofase de 12h). Isolados Mortalidade Total* Boveril® 56,0 a 50,0 A UESC-38 42,0 ab 34,0 Ab UESC-11 32,0 abc 28,0 Ab UESC-1 20,0 bc 18,0 BC 4,0 c 0,0 C Testemunha CV (%) Mortalidade Confirmada* 41,37 41,88 *Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Este resultado foi semelhante para a espécie M. spinolae cuja mortalidade (%) variou de 26,0% a 82,0% sob ação de isolados de B. bassiana (108 conídios mL-1) (ORDUÑO-CRUZ et al., 2011; TAFOYA et al., 2004). Diferente do percentual obtido por Almeida et al. (2009), que ficou entre 66,0-54,0% da mortalidade confirmada de C. sordidus, na concentração de 1,12 x 109 conídios mL-1. Os resultados obtidos sob ação dos isolados testados, mostraram que B. bassiana é um importante agente de controle natural desta praga. 4.6 Compatibilidade entre os produtos comerciais à base de nim e Beauveria bassiana Nas Tabelas 11 e 12 estão apresentados ® os resultados entre a © compatibilidade dos produtos Azamax e Neemseto , e o produto comercial Boveril® e os isolados de B. bassiana UESC-1, UESC-11, UESC-38. O crescimento vegetativo dos fungos foi afetado negativamente pelos produtos a base de nim, mas o Boveril® com o Azamax®, não mostrou diferença estatística, nas concentrações testadas. O Azamax® a 0,3125% de concentração, não afetou os isolados UESC-1 e UESC-11, que apresentaram crescimento maior 55 que a testemunha sugerindo possuir efeito estimulante (Tabela 12). Morais et al. (2009) verificaram que o produto Quinabra-lote 06010Y, a base de nim, estimulou o crescimento micelial de vários fungos entomopatogênicos testados, entre estes B. bassiana. O número de conídios também foi afetado pelos produtos a base de nim, nas maiores concentrações. O isolado UESC-38 foi o mais afetado pelo Neemseto©, com uma redução de 16% a 54%. O Azamax ® causou diminuição no número de conídios do isolado UESC-1, de 40% a 57% em relação à testemunha. Os isolados UESC-1 com Neemseto© e UESC-11 com Azamax® foram os menos afetados, pois foi observado o aumento do número dos conídios do isolado UESC-1, cerca de 1 a 9%, mesmo com a diminuição do tamanho da colônia, ou seja, a diminuição do diâmetro da colônia não corresponde diretamente na redução no número de conídios, e do contrário também (BATISTA FILHO et al., 2001) (Tabelas 11 e 12). Resultado semelhante foi obtido para o crescimento e a esporulação de B. bassiana pelo produto NIM-IGO, exceto a 0,0048%, porém o produto não afetou a viabilidade dos conídios (MARQUES et al., 2004). A germinação de conídios (92% a 99%) praticamente não foi afetada pelos tratamentos Azamax® e Neemseto©, porem o isolado UESC-1 na concentração 0,3125% apresentou diferença estatística com aplicação do Neemseto© (Tabela 11). Em algumas cepas, os produtos a base de nim favoreceram o aumento de esporos germinados, como observados para UESC-11 e UESC-38 com o Neemseto© e UESC-1, UESC-38 e Boveril com Azamax ® (Tabelas 11 e 12). A importância da germinação dos conídios não ser afetada pelo uso de produtos a base de plantas com potencial inseticidas, demonstra a possibilidade da utilização em conjunto destes no manejo de pragas (HIROSE et al., 2001; PIRES et al., 2010; SILVA et al., 2005). Essa variação nos paramentos estudados vai depender dos entomopatógenos, da natureza química dos produtos fitossanitários e das dosagens empregadas. Os produtos avaliados podem ser letais, não provocar efeito ou podem até melhorar o crescimento, a reprodução e a virulência dos microorganismos (ALVES; LECUONA, 1998). De acordo com os valores de IB (índice biológico) determinados neste estudo o Neemseto© e o Azamax ® foram compatíveis para todos os tratamentos 56 de B. bassiana, exceto o Azamax ® a 2,5% que foi moderadamente tóxico para o isolado UESC-1 (Tabela 13). Araujo Júnior (2008) também observou a compatibilidade entre o Neemseto© e fungos entomopatogênicos. Diferentemente, foi observado por Hirose et al. (2001) que o óleo de nim (2%) foi tóxico para B. bassiana. Os resultados demonstraram que os produtos Azamax® e Neemseto© não afetaram o desenvolvimento dos isolados UESC-1, UESC-11 e UESC-38 de B. bassiana e do produto comercial Boveril®, podendo estes ser utilizados em programas de manejo de pragas. 57 Tabela 11 – Efeito do produto Neemseto© sobre o crescimento vegetativo (média ± DP), número de conídios (107 conídios mL-1) (média ± DP) e germinação (média ± DP) de Beauveria bassiana (26 ± 1ºC e fotofase de 12h). Tratamentos UESC-1 Testemunha Concentrações (%) Crescimento Vegetativo 12,75±0,31b 1,5 98,15±0,71ab -1,1 -5,9 13,72±0,73a 9,2 98,73±0,46ab -0,5 1,25 1,25±0,03b -14,2 12,74±0,19b 1,4 97,81±0,79ab -1,5 Testemunha D 0,625 1,39±0,03a -4 13,10±0,19ab 4,3 98,83±0,81ab -0,4 0,3125 1,39±0,05a -4 13,61±0,27a 8,3 96,03±3,73b -3,3 - 1,45±0,04a - 12,56±0,43b - 99,27±0,24a - <0,0000 F5,30=8,66 5,34 <0,000 F5,30=3,01 3,06 =0,0257 1,66 5,0 1,23±0,04c -22,8 3,26±0,12c -39 97,99±0,52a 2,5 1,28±0,01c -19,9 3,58±0,08c -33 98,61±0,33a 0,1 1,25 1,36±0,02b -14,5 4,35±0,39b -18 98,89±0,38a 0,4 -0,5 0,625 1,42±0,03b -11 4,66±0,27b -12 98,33±1,35a -0,2 0,3125 1,53±0,06a -4,2 5,20±0,36a -1,9 96,54±4,84a -2 - 1,60±0,07a - 5,30±0,31a - 98,52±0,49a - <0,0000 F5,30=53,64 3,14 <0,0000 F5,18=0,98 6,38 =0,4456 2,12 5,0 1,35±1,22e -19,4 14,92±1,22d -54 99,29±0,21ab 1,1 2,5 1,41±0,03de -15,7 17,33±0,85cd -47 98,03±1,16c -0,2 1,25 1,44±0,03cd -13,6 19,19±0,99c -41 98,67±0,58abc 0,4 0,625 1,50±0,06bc -10 26,78±1,97b -18 99,53±0,31a 1,3 0,3125 1,57±0,03b -5,7 27,13±1,93b -17 98,95±0,67abc 0,7 - 1,67±0,08a - 32,54±2,04a - 98,23±0,27bc - <0,0000 F5,30=112,86 3,24 <0,0000 F5,18=5,30 6,87 <0,0013 0,63 5,0 1,23±0,07d -31,1 12,03±0,86c -43 98,59±0,78a -1,1 2,5 1,32±0,02cd -26 13,28±1,06c -37 98,80±0,49a -0,9 1,25 1,47±0,08bc -17,6 14,00±0,62c -33 97,15±3,61a -2,5 0,625 1,54±0,10b -14 17,29±1,68b -17 98,14±2,43a -1,5 0,3125 1,77±0,11a -0,8 20,17±1,72a -3,7 99,19±0,66a -0,5 1,79±0,14a - 20,94±2,50a - 99,68±1,35a - - F5,30=34,07 CV (%) x10 (%) 1 -25,3 F5,30=35,75 Boveril Germinação 1,09±0,07c CV (%) ® 1 1,37±0,15ab F5,30=61,30 Testemunha D 2,5 CV (%) UESC-38 7 5,0 F5,30=21,92 Testemunha Número de Conídios D CV (%) UESC-11 1 cm 6,3 <0,0000 F5,30=35,30 9,48 <0,0000 F5,18=1,37 =0,2617 1,87 *Médias (±DP) seguidas da mesma letra, em cada coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. 1 D – Diferença (%) de cada parâmetro em relação a testemunha. 58 Tabela 12 – Efeito de Azamax® sobre o crescimento vegetativo (média ± DP), número de conídios (107 conídios mL-1) (média ± DP) e germinação (média ± DP) de Beauveria bassiana (26 ± 1ºC e fotofase de 12h). Tratamentos UESC-1 Testemunha Concentrações (%) Crescimento Vegetativo 1 5 2,22 ± 0,19 c -23,06 14,33 ± 5,01 b 96,88 ± 3,74 a 2,61 11,00 ± 4,98 b -56,79 94,69 ± 4,96 a 0,29 -21,97 13,26 ± 0,51 b -47,91 95,61 ± 2,15 a 1,26 0,625 2,92 ± 0,46 b 1,16 15,52 ± 2,22 b -47,91 97,33 ± 1,37 a 3,08 0,3125 4,43 ± 0,29 a 53,76 15,17 ± 2,22 b -40,41 96,03 ± 3,73 a 1,7 2,88 ± 0,53 b - 25,46 ± 2,25 a - 94,42 ± 4,54 a - - <0,0000 F5,30=13,88 12,17 F5,18=0,61 20,85 =0,6945 3,8 5 2,47±0,30 d -33,33 7,50 ± 2,33 a -16,2 95,73 ± 2,19 a -2,84 2,5 2,97±0,34 cd -19,82 7,85 ± 1,53 a -12,29 95,27 ± 4,58 a -3,31 1,25 3,32±0,33 bc -10,36 8,42 ± 0,44 a -5,96 98,30 ± 1,58 a -0,22 0,625 3,82±0,15 ab 3,15 9,35 ± 0,61 a 4,47 98,05 ± 1,29 a -0,48 0,3125 4,33±0,38 a 17,12 9,12 ± 0,38 a 1,86 96,54 ± 4,84 a -2,01 - 3,70±0,19 b - 8,95 ± 0,55 a - 98,52 ± 0,49 a - F5,30=2,24 8,6 =0,0763 F5,18=1,33 14,18 4,17±0,16 de =0,2779 3,08 -26,47 14,70±0,62 d -29,85 99,29±0,21 a 1,86 2,5 3,97±0,15 e -30,00 16,05±1,09 cd -23,44 98,03±1,16 a 0,57 1,25 4,62±0,39 cd -18,53 17,39±0,48 bc -17,03 97,11±2,59 ab -0,37 0,625 5,03±0,60 bc -11,18 18,81±0,41 b -10,23 97,04±3,08 ab -0,45 0,3125 5,55±0,29 ab -2,06 20,67±0,67 a -1,39 94,37±1,91 b -3,18 - 5,67±0,23 a - 20,96±1,40 a - 97,47±1,59 ab - F5,30=25,94<0,0000 CV (%) F5,30=52,06<0,0000 7,02 F5,18=3,98<0,0069 4,71 5 4,97±0,45 a -1,97 2,05 18,83±0,39 c -17,19 98,41 ± 0,80 a 1,38 2,5 5,03±0,35 a -0,66 19,18±0,49 c -15,62 92,82 ± 5,59 a -4,38 1,25 4,65±0,30 a -8,22 22,05±0,77 ab -3,01 95,99 ± 3,62 a -1,11 0,625 5,22±0,29 a 2,96 21,41±0,75 b -5,81 98,14 ± 2,43 a 1,11 0,3125 5,05±0,53 a -0,33 22,85±0,89 a 0,51 97,66 ± 1,47 a 0,61 - 5,07±0,50 a - 22,74±0,54 a - 97,07 ± 1,29 a - F5,30=1,24 CV (%) -43,7 -25,26 5 Testemunha D 2,25 ± 0,21 c CV (%) ® 1 (%) 2,16 ± 0,20 c <0,0000 Boveril Germinação 2,5 F5,30=30,18 Testemunha x10 1 1,25 CV (%) UESC-38 D D <0,0000 Testemunha 7 cm F5,30=38,46 UESC-11 Número de Conídios =0,3147 8,31 <0,0000 F5,30=41,41 3,13 F5,18=2,13 =0,0892 3,61 *Médias (±DP) seguidas da mesma letra, em cada coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. 1D – Diferença (%) de cada parâmetro em relação a testemunha. 59 Tabela 13 – Classificação de compatibilidade dos isolados UESC-1, UESC-11 e UESC-38, e o Boveril®, na concentração de 107 conídios mL-1, com emulsão de óleo de Nim (Neemseto© e Azamax®). Tratamentos Concentrações (%) UESC-1 UESC-11 UESC-38 Boveril® 5,0 2,5 1,25 0,625 0,3125 5,0 2,5 1,25 0,625 0,3125 5,0 2,5 1,25 0,625 0,3125 5,0 2,5 1,25 0,625 0,3125 Neemseto© IB Classificação2 88,7 C 101,1 C 93,8 C 99,9 C 101,4 C 72,6 C 76,7 C 85,5 C 89,7 C 97 C 67,7 C 72,5 C 76 C 87,8 C 90,2 C 67 C 72 C 77,2 C 85,8 C 98 C 1 1 IB = Índice Biológico. Valor IB, segundo Alves et al. (2007) 2C = Compatível; MT = Moderadamente Tóxico. 1 IB 70,6 63,7 69,2 84,1 108,1 77,1 85,1 92,5 103,4 108,6 74,9 75,9 83,9 90,3 98,1 91,8 92,5 94,7 99 111,1 Azamax® Classificação2 C Mt C C C C C C C C C C C C C C C C C C 60 5 CONCLUSÕES • A armadilha ‘tipo Pet’ com o atrativo alimentar cana-de-açúcar e o feromônio de agregação RMD-1® é eficiente na captura de Metamasius spp.. • As espécies de Metamasius identificadas causam injurias em plantios de helicônias. • A espécie Metamasius hemipterus é a mais abundante em área comercial de helicônia na região Sul da Bahia. • Os predadores do gênero Hololepta e Omalodes e o fungo entomopatogênico Beauveria bassiana tem ocorrência freqüente nas áreas de helicônia e com possibilidade de controle eficiente para Metamasius. • Os produtos comerciais Azamax® e Neemseto©, aplicados em pulverização, são eficiente no controle de M. hemipterus. • O Neemseto© e o Azamax® não interfere no desenvolvimento de B. bassiana. • O Boveril® e os isolados UESC-38 e UESC-11 de B. bassiana são promissores no controle dos coleópteros. 61 REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. 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Arquivo do Instituto Biológico, v. 67, n. 2, p. 265-268, 2000. 76 ANEXO 77 Anexo A – Localização geográfica das áreas produtoras de helicônias na região Sul da Bahia, Fazenda Boa Esperança (13º 58’ 44,6” S; 39º 27’ 11,0” W; 238 m) localizado no distrito de Itamaraty pertencente ao município de Ibirapitanga e a Fazenda Liberdade (14º 33’ 53,2” S; 39º19’ 51,6” W; 142 m) em Uruçuca, onde foram instaladas as armadilhas ‘tipo Pet’ para a captura dos coleópteros. E a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).