Universidade Federal de Alfenas. Unifal-MG Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714 – Alfenas/MG – CEP 37130-000 Fone: (35) 3299-1000 . Fax: (35) 3299-1063 INSTITUTO DE CIÊNCIAS NATURAIS- ICN CURSO DE GEOGRAFIA (BACHARELADO) ANA PAULA DA SILVA MAPA DASIMÉTRICO DO MUNICÍPIO DE VESPASIANO-MG Alfenas / MG 2011 ANA PAULA DA SILVA MAPA DASIMÉTRICO DO MUNICÍPIO DE VESPASIANO-MG Trabalho de conclusão de Curso para obtenção do título de Bacharel em Geografia pela Universidade Federal de Alfenas – Minas Gerais. Área de concentração: Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento. Orientador: Prof. Drº Fernando Shinji Kawakubo. Alfenas/ MG 2011 ANA PAULA DA SILVA MAPA DASIMÉTRICO DO MUNICÍPIO DE VESPASIANO-MG A banca examinadora abaixo- assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Geografia pela Universidade Federal de Alfenas- MG. Área de Concentração: Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento Aprovado em Alfenas, 21 de novembro de 2011. Profº. Drº. Fernando Shinji Kawakubo ________________________________ Instituição: Universidade Federal de Alfenas-MG Profº. MSc. Ericson Hideki Hayakawa ________________________________ Instituição: Universidade Federal de Alfenas-MG Profª Drª Rúbia Gomes Morato ________________________________ Instituição: Universidade Federal de Alfenas-MG Dedico a Deus, a minha Família, meus amigos e todos que me apoiaram na realização desse trabalho. AGRADECIMENTOS Fruto de uma trajetória acadêmica este trabalho contou com o auxilio de vários personagens. Primeiramente agradeço a Deus por ter me proporcionada a oportunidade de desenvolver este trabalho. Obrigada a Maria Amélia dos Santos Silva e Antônio Luiz da Silva por me apoiarem nessa trajetória mesmo que de longe. Obrigada aos meus irmãos Douglas A. da Silva e Paulo Cezar da Silva, aos meus amigos de Vespasiano, Roger, Rafael e tantos outros por torcerem sempre por mim. Aos meus mestres por transmitirem os seus conhecimentos e me instruírem. Obrigada professor Fernando Shinji Kawakubo, por primeiramente aceitar me orientar e confiar em meu potencial de desenvolver projeto, iniciação cientifica e esse trabalho, além de transmitir seu conhecimento e experiência. Obrigada a professora Rúbia Gomes Morato por sempre ser prestativa me auxiliando na execução dos meus trabalhos. Aos meus amigos da graduação em especial às integrantes da República Geólatras, a Mária, Camila, Diely, Mayara, Ana Luiza e a Ana Lia, obrigada pelas trocas de informações e aprendizados que foram fundamentais para meu amadurecimento tanto profissionais como pessoal. Meu sincero obrigada a Natalia e outros amigos não menos importantes pelos momentos de descontração e discussões sobre a ciência geográfica no decorrer desses anos. Agradeço ainda ao Felipe Della Torre por me auxiliar, por sempre estar comigo todos esses anos e pelo apoio incondicional e essencial na minha vida. Em fim meus sinceros agradecimentos a Universidade Federal de Alfenas- MG e a todos que me auxiliaram na trajetória da minha graduação. “O verdadeiro conhecimento vem de dentro.” (Sócrates) RESUMO O reflexo do crescimento populacional nas cidades brasileiras afeta a qualidade de vida da população que necessita de infra-estrutura, de políticas socioeconômicas e ambientais para proporcionar um planejamento eficaz e satisfatório. O geoprocessamento e sensoriamento remoto consistem em instrumentos eficazes de apoio ao planejamento urbano. A integração destes instrumentos permite aprimorar, por exemplo, o mapeamento da densidade demográfica. Mapeamento este, fundamental para planejamento urbano e ambiental. Tradicionalmente, a densidade demográfica é mapeada utilizando os valores de população presentes nos setores censitários e dividindo pela sua área abrangida pelo setor. O problema desta abordagem é que muitas vezes, este procedimento de calculo da densidade demográfica mascara a verdadeira densidade populacional, pois mesmo as áreas não–residenciais são incluídas no calculo. O objetivo deste trabalho é desenvolver um método alternativo para calculo da densidade demográfica utilizando os dados do censo em conjunto com as técnicas de interpretação de imagens de satélite. A área selecionada para o desenvolvimento do trabalho localiza-se na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), mais especificamente no município de Vespasiano. O conhecimento aprimorado e aprofundado da distribuição da população no espaço é de suma importância para a análise socioeconômica e ambiental, para o planejamento urbano e também para a qualidade de vida da população. Assim quando a análise da densidade demográfica é feita na escala do município, as heterogeneidades existentes nela não são evidenciadas. Esta generalização causa muitas vezes ideias distorcidas da distribuição da população na área urbana. Para uma descrição mais realista da densidade populacional da área urbana, um método denominado de dasimétrico pode ser empregado. O método dasimétrico consiste em discriminar áreas urbanas residenciais, das áreas urbanas não residenciais, com a finalidade de realizar a aplicação da densidade demográfica mais precisa de um determinado local. As primeiras etapas do trabalho consistiram na análise dos dados do setor censitário. Na segunda etapa criação de um mapa de uso urbano indicando as áreas residências, industriais, de lazer, de uso agrícola etc. Por fim, na terceira etapa, as áreas residências foram combinadas com os dados do setor censitário com a finalidade de calcular a densidade demográfica. ABSTRACT The reflection of population growth in the Brazilian cities affects the quality of life of the population that needs infrastructure, socioeconomic and environmental policy to provide an efficient and satisfactory planning. The GIS and remote sensing instruments consist in an effective support to urban planning. The integration of these tools allows you to upgrade, for example, the mapping of population density. This mapping is fundamental to urban and environmental planning. Traditionally, the population density is mapped using the values present in the population census and dividing by the area covered by the sector. The problem with this approach is that often this procedure for calculating the density masks the true population density, because even the non-residential areas are included in the calculation. The objective of this work is to develop an alternative method for calculating the density using census data in conjunction with the techniques of satellite images interpretation. The area selected for the development of the work is the metropolitan region of Belo Horizonte (MG), specifically in the municipality of Vespasiano. Enhanced and deepened knowledge of population distribution in space is of paramount importance for the socioeconomic and environmental analysis for urban planning and also to the quality of life. So when the analysis of density is made in the scale of the city, the heterogeneity existing in it are not seen. This generalization often causes distorted ideas of population distribution in urban areas. For a more realistic description of the urban population density, a method called dasimétric can be applied. The method consists in discriminating dasimétric urban residential, urban nonresidential areas, in order to achieve the application of more accurate density for a given location. The first stages of work consisted in the analysis of data from census tract. In the second step creation of a map indicating the use of urban residential areas, industrial, recreational, agricultural use etc… Finally, in the third step, the residential areas were combined with data from the census tract in order to calculate the density. SUMÁRIO 1. INTRUDUÇÃO ............................................................................................................... 10 2. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS ................................................................................. 13 2.1. DADOS DO IBGE ........................................................................................................ 13 3. 2.2. SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO ................................. 13 2.3. FOTOINTERPRETAÇÃO E PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGNES ...... 14 2.4. OPERAÇÕES DE ANÁLISE GEOGRÁFICA ......................................................... 15 2.5. O SIG SOFTWARE ILWIS ...................................................................................... 15 2.6. DENSIDADE DEMOGRÁFICA E O MÉTODO DASIMÉTRICO ........................ 15 METODOLOGIA........................................................................................................... 17 3.1. DESCRIÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO: .................................................... 17 3.2. MATERIAIS .............................................................................................................. 19 3.3. MÉTODOS ................................................................................................................ 19 4. RESULTADOS E DICUSSÕES .................................................................................... 22 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 27 6. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA ................................................................................. 28 10 1. INTRUDUÇÃO O problema do crescimento desordenado das cidades afeta a maioria dos municípios brasileiros. A falta de planejamento urbano e de infra-estrutura tem trazido para a sociedade prejuízos econômicos, políticos e ambientais. Metodologias de análise por meio de geoprocessamento e sensoriamento remoto são instrumentos valiosos de apoio ao planejamento urbano e ambiental. Segundo Camara e Davis (2001), o Geoprocessamento consiste em utilização de técnica matemáticas e computacionais para tratamento da informação geográfica, a qual é utilizada como base para outras áreas como o Planejamento Urbano e Regional. Já o Sensoriamento Remoto pode ser definido como a obtenção e análise de informações sobre materiais (naturais ou não), objetos ou fenômenos na superfície da terra a partir de dispositivos situados à distância dos mesmos (CRÓSTA; 1992). Uma área importante do Sensoriamento Remoto é o processamento digital de imagens (PDI), que consiste num conjunto de procedimentos computacionais que tem a finalidade de facilitar a identificação e extração da informação contida nas imagens de satélite. Informações relacionadas a diferentes tipos de usos e cobertura vegetal (LIU, 2006) e extração de parâmetros biofísicos (JENSEN, 2009) são alguns exemplos tratados no processamento digital de imagens. Até a poucos anos atrás, as pesquisas relacionadas a área urbana utilizando sensoriamento remoto orbital era bastante limitada do ponto de vista espacial. Os estudos intra-urbanos eram feitos quase que exclusivamente utilizando fotografias aéreas de grande escala obtidas por câmeras métricas (MORATO et.al. 2010). Em função da baixa resolução fornecida pelos sistemas Landsat-5 TM (30 metros) e Landsat-7 ETM+ (com 15 metros na banda pancromática), a maioria das pesquisas eram voltadas para o mapeamento da cobertura vegetal urbana utilizando NDVI (FORESTI, 1992) e identificação da expansão urbana (LIU, 2006). Com o lançamento de novos sistemas sensores de alta resolução, um novo paradigma é observado na pesquisa urbana. Em 1999, o satélite Ikonos-2 foi lançado, fornecendo aos usuários do sensoriamento remoto, imagens com resolução de 1 metro no modo pancromático e 4 metros no modo multi-espectral (www.spaceimaging.com.br). No ano de 2001 a empresa DigitalGlobe (www.digitalglobe.com) lançou o primeiro satélite comercial com detalhe submétrico, o QuickBird, com resolução de 0.65 m no pancromático e 2.62 m no modo 11 multiespectral. Mais recentemente, a mesma empresa lançou o primeiro satélite de alta resolução com 8 bandas espectrais – 0.46 m no modo pancromático e 1.85 metros no modo multiespectral. O satélite comercial de maior resolução espacial é o Geoeye-1 com 0.5 m no pancromático e 1.64 m no multiespectral (www.geoeye.com). As imagens de alta resolução espacial são valiosas para a pesquisa urbana, pois permitem que sejam feitas as mensurações mais precisas de ruas, detalhes de construções, monitoramento do tráfego e a expansão do uso de solos urbanos (LIU, 2006). Cada vez mais a acessibilidade e disponibilidade das imagens de satélite de alta resolução vêm aumentando, isso proporciona imagens de custos mais baixos, o que viabiliza a utilização das mesmas (SANTOS, CASTRO, RIBEIRO, 2011). A integração das imagens de alta resolução com as técnicas de análise espacial por meio de Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) possui várias aplicações, dentre elas, permite aprimorar, por exemplo, o mapeamento da densidade demográfica. Mapeamento este, fundamental para planejamento urbano e ambiental. A densidade demográfica, revelada através do censo demográfico representa a distribuição da população no espaço e suas características. As informações reveladas pelo censo consistem em uma fonte de dados relevante, pois é através desses dados que o governo federal transfere recursos para os municípios com a finalidade de subsidiar políticas públicas de saúde, educação, habitação, e representação política (IBGE, 2003). Tradicionalmente, a densidade demográfica é mapeada utilizando os valores de população presentes nos setores censitários e dividindo pela sua área abrangida pelo setor. O problema desta abordagem é que muitas vezes, este procedimento de calculo da densidade demográfica mascara a densidade populacional real, pois mesmo as áreas não–residenciais são incluídas no calculo (chamado neste trabalho de efeito de suavização). Um método alternativo para cálculo da densidade demográfica é o método dasimétrico. A metodologia dasimétrica propõe uma descrição mais realista, em que as áreas/taxas são modificadas de acordo com o critério de homogeneidade obtido por meio de informações complementares (MORATO et al, 2010). Dessa forma o trabalho propõe a utilização do método dasimétrico para o calculo da densidade demográfica para de diminuir o efeito de suavização. A finalidade do trabalho é de contribuir com os estudos populacionais e de planejamento urbano dentro de uma temática que aborda o desenvolvimento de metodologias de integração de dados espaciais aplicadas a análise da distribuição geográfica da população na escala intra-municipal. A área selecionada 12 foi o município de Vespasiano (MG), localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). 13 2. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS 2.1. DADOS DO IBGE O censo demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é uma fonte de dados importante para diversas áreas do conhecimento. Por meio das informações reveladas pelo censo,o governo federal transfere os recursos para o município para subsidiar políticas públicas de saúde, educação, habitação e representação política. Na Geografia, os dados do censo são utilizados em pesquisas de Cartografia, Geografia Regional, Geografia Urbana, Geografia da Saúde, Geografia Econômica, Geografia Agrícola, Geomarketing, entre outras (SOUZA; MORATO, 2010). Desde 1872 o IBGE realiza as pesquisas de censo demográfico. O censo é realizado de dez em dez anos, onde são contatos os habitantes do território nacional e aplicado um questionário como forma de revelar as condições de vida da população brasileira. Dois questionários são aplicados: o questionário básico válido para todos os domicílios, e o questionário da amostra aplicada em um décimo dos domicílios. Os seguintes procedimentos são adotados pelo IBGE na elaboração do censo: (1) definição de uma data referência, que no caso do censo de 2010, foi do dia 31 de julho a 1 de agosto do mesmo ano; (2) por meio de concurso público são contratados os recenseadores e feito o treinamento; (3) Em todos os domicílios particulares e coletivos são realizadas as entrevistas de coleta de dados dos respectivos moradores; (4) os dados do censo coletados são subdivididos em quatro categorias: pessoas, educação, domicílios e responsável pelo domicílio, totalizando mais de 500 variáveis; (5) após a divisão, os dados são classificados e armazenados em banco de dados geográficos e disponibilizados para distintas análises. 2.2.SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO O Sensoriamento Remoto e o Geoprocessamento são instrumento de auxilio a gestão pública. 14 As metodologias de análise por meio do geoprocessamento e sensoriamento remoto consistem em instrumentos valiosos de apoio a análise e ao planejamento, auxiliando monitoramento do crescimento e a dinâmica das cidades (GONÇALVES; PEREIRA e SOUZA, 2005). Segundo Rodrigues (1990) e Medeiros (1999) Geoprocessamento é o conjunto de tecnologias que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para a coleta e tratamento de informações geográficas espaciais. As áreas que se servem das tecnologias de Geoprocessamento têm, em comum, o interesse da expressão espacial, da localização, ou distribuição, ou ainda a distribuição espacial de seus atributos. O Sensoriamento Remoto pode ser entendido como um conjunto de atividades que permite a obtenção de informações dos objetos que compõem a superfície terrestre sem a necessidade de contato direto com os mesmos (MORAES, 2002). De forma mais específica, o sensoriamento remoto é definido como a utilização de modernos sensores, equipamentos para processamento de dados. Equipamentos de transmissão de dados, aeronaves, espaçonaves etc., com o objetivo de estudar o ambiente terrestre através do registro e da analise das interações entre energia da radiação eletromagnética e os elementos componentes da superfície terrestre em suas mais diversas manifestações (NOVO 1988 apud HAYAKAWA, 2007). Dessa forma o Geoprocessamento juntamente com o Sensoriamento Remoto consiste em instrumentos estratégicos de levantamento de informações para auxiliar o planejamento e monitoramento urbano. 2.3.FOTOINTERPRETAÇÃO E PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGNES A interpretação das imagens permite seu mapeamento. Uma técnica de análise das imagens é através de interpretação visual, ou seja, o elemento humano desempenha um papel de identificar os elementos presentes na imagem (Crósta 1992) Para a interpretação de imagens utiliza-se as chaves de interpretação, segundo Ceron e Diniz (1996) as chaves de interpretação (cor, textura, forma, tamanho e entre outras) são elementos de identificação e descrição das classe apresentadas na imagens. O processamento digital de imagens consiste em corrigir as distorções das imagens, realçar alvos e fazer a classificação das imagens. (LIU, 2006). Ainda segundo Crósta (1992) o processamento digital de imagens é um instrumento que facilita a identificação e extração de alvos das imagens 15 2.4.OPERAÇÕES DE ANÁLISE GEOGRÁFICA O SIGs tem a função de realizar análises espaciais. Tais funções utilizam os atributos espaciais e não espaciais das entidades gráficas armazenadas na base de dados espaciais e buscam fazer simulações através de modelagens, sobre os fenômenos do mundo real, seus aspectos ou parâmetros (MEDEIROS, 1999). Em análise geográfica os espaços geográficos podem ser modelados em dois modelos: os modelos de campos e objetos. Segundo Medeiros (1999), os modelos de campos e os modelos objetos podem ser definidos como: O modelo de campos enxerga o espaço geográfico como uma superfície contínua, sobre a qual variam os fenômenos a serem observados segundo diferentes distribuições. Por exemplo, um mapa de vegetação descreve uma distribuição que associa a cada ponto do mapa um tipo específico de cobertura vegetal, enquanto um mapa geoquímico associa o teor de um dado mineral a cada ponto. O modelo de objetos representa o espaço geográfico como uma coleção de entidades distintas e identificáveis. Por exemplo, um cadastro espacial dos lotes de um munícipio identifica cada lote como um dado individual, com atributos que o distinguem dos demais. Igualmente, poder-se-ia pensar como objetos os rios de uma bacia hidrográfica ou os aeroportos de um estado. As operações de analise geográfica apresentam assim dois tipos de dados a serem analisados. Segundo Worboys (1995) são os geo campo, que correspondem a grandezas distribuídas espacialmente como tipo de solo, topografia e teor de minerais, e os geo- objetos que são individualizáveis e tem identificação com elementos do mundo real, como lotes num cadastro urbano. 2.5. O SIG SOFTWARE ILWIS O ILWIS (Integrated Land and Water Information System) é um software gratuito desenvolvido pelo International Institute for Geo-Information Science and Earth Ibservation (ITC) da Holanda. Consiste em um SIG que permite a entrada de dados, edição e manipulação de arquivos vetoriais e matriciais. O software IlWIS possui funções de processamento digital de imagens. 2.6. DENSIDADE DEMOGRÁFICA E O MÉTODO DASIMÉTRICO 16 O cálculo tradicional da densidade demográfica é feito dividindo o número de população pela área. A ideia da densidade é revelar concentrações e vazios urbanos muitas vezes não revelados por números absolutos. Por envolver a variável área, o cálculo da densidade pode considerar diferentes critérios, como setores censitários, subprefeituras, municípios, Estados, regiões e até países, variando de acordo com a escala de análise. O termo dasimétrico foi utilizado pela primeira vez pelo geógrafo russo Tian-Shansky, que desenvolveu um mapa de densidade populacional da Rússia publicado na década de 1920 (BIELECKA, 2005). A metodologia dasimétrica propõe uma descrição mais realista, em que as áreas/taxas são modificadas de acordo com o critério de homogeneidade obtido por meio de informações complementares (MORATO et al, 2010). Os mapas dasimétricos utilizam informações auxiliares para a redefinição das áreas. Assim, um mapa de densidade demográfica não é feito levando-se em consideração toda a área do polígono original, mas apenas as áreas efetivamente habitadas, evitando-se represas e parques, por exemplo. Esta abordagem tende a melhor o resultado do mapeamento, pois aumenta as concentrações urbanas em locais habitados, e reduz, portanto, o efeito indesejado da suavização espacial comum nos métodos tradicionais. 17 3. METODOLOGIA 3.1. DESCRIÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO: A área de estudo corresponde o município de Vespasiano, que se localiza a 28 km da porção norte da cidade de Belo Horizonte (BH), Minas Gerais. Localizada entre as coordenadas 19º39’S - 19º47’S e 43º53’W- 43º 59’W (FIGURA 1). Fonte: Google Earth (2009/2010) Elaboração: SILVA, A.P 2011 Figura 1- Mapa de localização do Município de Vespasiano/MG O município faz parte da Região Metropolitana de BH (RMBH). Vespasiano possui uma área de 71,180 km² e população aferida de 104527 habitantes, sendo 100% urbana (IBGE, 2011). A tabela 1 ilustra o crescimento da população do município de Vespasiano e da RMBH entre os anos de 1991 e 2010. 18 Tabela1 - Evolução da População do Município de Vespasiano-MG e da RMBH Entre os Anos de 1991 e 2010. Anos População total da População total do Município de RMBH Vespasiano-MG 1991 3.522.907 54.868 1996 - 60.409 2000 4.357.942 76.422 2007 5.068.368 94.191 2010 5.413.627 104.527 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2011. O código atribuído pelo IBGE no município de Vespasiano é o 3171204. O município possui 61 setores censitários (FIGURA 2). Sua densidade demográfica média é de 1.468,49 hab./km² (IBGE, 2010). Figura 2 - Mapa dos Setores Censitários do Município de Vespasiano/MG A economia está ligada aos setores de serviço, comércio e da indústria, principalmente cimenteira e metalúrgica. A expansão da cidade se dá principalmente nas áreas próximas a Linha Verde (MG-10), rodovia que liga o município à capital. A Linha Verde também é um 19 acesso rápido ao Aeroporto Internacional de Confins (Aeroporto Tancredo Neves), e ao Centro Administrativo do Estado. O município possui altitude média de 693m. com cobertura vegetal característica do cerrado. Vespasiano está inserida na bacia do Ribeirão da Mata, sub-bacia do Rio das Velhas, afluente do Rio São Francisco. Em sua geologia apresenta grande abundância de rochas calcárias com presença frequente de aquíferos Cársticos. 3.2. MATERIAIS Foram utilizados como materiais cartográficos: Cartas topográficas; (TABELA 2). Tabela 2- Base Cartográfica Utilizada. Materiais Cartográficos Articulação Escala Ano Executor Carta Topográfica de Belo Horizonte Carta Topográfica de Lagoa Santa SE-23-Z-C-VI-3 1:50 000 1979 IBGE SE-23-Z-C-VI-1 1:50 000 1985 IBGE Dados dos setores censitários do IBGE (2000), resultados do Universo do Censo 2000; Imagens de alta resolução obtidas do Google Earth (2009/2010) Sistema de Informação Geográfica ILWIS 3.4 Open 3.3. MÉTODOS Este trabalho foi dividido em três etapas. A primeira etapa consistiu na análise dos dados do setor censitário. Na segunda etapa, foi gerado um mapa de uso urbano indicando as áreas residências, industriais, de lazer, de uso agrícola etc. Por fim, na terceira etapa, as áreas residências foram combinadas com os dados do setor censitário com a finalidade de calcular a densidade demográfica. A primeira etapa do trabalho consistiu na aquisição das imagens de alta resolução. Essas imagens foram adquiridas do Google Earth e salvas em formato Tif. Em seguida, essas imagens foram importadas para o Sistema de Informação Geográfica IWIS. O SIG 20 ILWIS possui implementado em sua estrutura rotinas de processamento digital de imagens e de analise espacial. As imagens foram corrigidas geometricamente utilizando como base cartográfica as cartas de 1: 50000 do IBGE, assim como a base de dados por setor censitário. O georreferenciamento foi feito por meio de pontos de controle (Tie Points) identificados nas bases cartográficas e na imagem. Tomou-se o cuidado de distribuir pontos homólogos por toda a imagem. A qualidade do georrefenciamento foi verificada de maneira qualitativa, sobrepondo os vetores cartográficos sobre a imagem. Em seguida, as imagens foram reamostradas com interpolador vizinho mais próximo com espaçamento de 1.0 metros. A etapa final desse processo consistiu na mosaicagem das imagens. Na segunda etapa, a interpretação do uso da terra e da cobertura vegetal foi feita de maneira visual, seguindo os elementos de reconhecimento da fotointerpretação. A confirmação dos distintos usos foi realizada a partir do trabalho de campo. Foram definidas 4 classe no mapeamento, subdivididas em subclasses. (TABELA 3). Tabela 3 – Classes e Subclasses do Mapeamento do Uso da Terra e Cobertura Vegetal Classes Subclasses Natural Campo Sujo; Mata; Rede Hidrográfica Uso Agrícola Agricultura; Eucalipto Uso Residencial e Serviços Áreas de Lazer; Residencial 1; Residencial 2 Uso Industrial Industrial; Mineração A classe de Uso Residencial e Serviços foi subdividida em Residencial 1 que corresponde a área habitada consolidada e em Residencial 2 que corresponde a loteamentos recentes, ou seja áreas de expansão urbana do município. Na última etapa do trabalho, foram gerados mapas de densidade populacional. Foram realizadas operações de seleção espacial. Para a execução de este procedimento, primeiramente foi realizado operações de geo-objeto, para calcular a densidade demográfica tradicional a partir dos dados do censo 2000 para a geração do mapa. Em seguida foram utilizados os dados do censo 2000 relacionados com o mapa de uso da terra e da cobertura vegetal para gerar o mapa dasimétrico. Foram realizadas operações de geocampo mais operações de geo-objetos onde os polígonos censitários foram convertidos para o 21 formato matricial adotando mesmos parâmetros cartográficos e geométricos do mapa de uso da terra. Em seguida, os dois mapas, foram combinados e excluídos os “vazios urbanos”. A população registrada em cada setor censitário foi transferida para a área residencial. Por fim, confeccionou-se o mapa dasimétrico, dividindo o valor da população pela área residencial. 22 4. RESULTADOS E DICUSSÕES O mosaico abrangendo todo o município de Vespasiano é ilustrado na Figura 3. O georeferenciamento e o mosaico das imagens foram considerados satisfatórios para os objetivos deste trabalho - que não requer alta precisão no posicionamento. Alguns problemas foram observados na execução do mosaico, como incompatibilidade das imagens com a base cartográfica (em função da diferença de escala) e distorções provenientes da forma como as imagens foram capturadas do Google Earth. Apesar destes problemas, o procedimento mostrou-se válido para a execução deste trabalho. Figura 3: Mosaico do Município de Vespasiano/MG Fonte: Google Earth (2009/2010) Elaboração: SILVA, A. P. 2010 23 A partir do mosaico foi possível gera o mapa de Uso da Terra e Cobertura Vegetal, gerado a partir do fotointerpretação do mosaico. A Figura 4 ilustra o Mapa de Uso da Terra e da Cobertura Vegetal. Conforme pode ser observado no mapeamento, a classes Campo Sujo e Residencial 1 são dominantes. As áreas industriais localizam-se na porção norte do município. Figura 4: Mapeamento do Uso da Terra e Cobertura Vegetal do Município de Vespasiano. As classes Residencial 1 e Residencial 2 corresponde as áreas residenciais consolidadas e em expansão, respectivamente. 24 O mapa de Uso da Terra e Cobertura Vegetal é de suma importância para o planejamento urbano e ambiental, uma vez que este distinguiu as diferentes classes identificadas no mapa. O conhecimento dos diferentes usos no território facilita a gestão. Dois mapas de densidade populacional foram gerados: método tradicional Figura 5 e dasimétrico Figura 6. Figura 5: Mapa de Densidade Demográfica (Tradicional) 25 Figura 6: Mapa Dasimétrico (Censo + Mapa de Uso) Conforme pode ser observado, os intervalos adotados de densidade populacional foram os mesmos para os dois mapas para facilitar a comparação. O mapa de densidade tradicional, o qual a população total é dividida pela área abrangida pelo setor, considera que a população é distribuída igualmente ao longo de todo o setor censitário, o que na realidade não acontece. No método tradicional observa-se o “efeito de suavização”, pois é considerada toda a área do setor censitário, mascarando, portanto, tanto a concentração quanto os “vazios urbanos”. O mapa dasimétrico foi gerado a partir de combinação de informações obtidas do censo com o mapa de uso da terra e cobertura vegetal. O mapa populacional dasimétrico 26 vem a corrigir este erro, evidenciando apenas as áreas realmente habitadas. O resultado da dasimetria foi mais perceptível nos setores maiores. No método dasimétrico o efeito de suavização é minimizado, pois a densidade é calculada apenas nas áreas habitadas. 27 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A metodologia aplicada se mostrou eficaz para os objetivos de aplicar uma técnica alternativa para o cálculo da densidade demográfica. O mapa de uso da terra e cobertura vegetal evidenciou os diferentes usos no município. Esse tipo de mapeamento foi relevante, pois foi a partir dos dados designados de uso do solo que foi descriminado o uso residencial, ou seja, as áreas habitadas. O mapa dasimétrico corrigiu o efeito de suavização, comum nos métodos tradicionais de calculo de densidade demográfica, e evidenciou de maneira mais realista a distribuição da população. Esse tipo de abordagem é importante para o planejamento urbano. 28 6. REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA BIELECKA, E. A dasymetric population density map of Poland. In: International Cartographic Conference 22. July 9-15, Anais Corunã, Espanha 2005. CECCATO, V.A., FORESTI, C., KURKDIJAN, M.L.N.O. Proposta metodológica para avaliação da qualidade de vida urbana a partir de dados convencionais e de sensoriamento remoto, Sistema de Informação Geográfica (SIG) e de um banco de dados. ANAIS VII, 1993. CERON, A.O., DINIZ, J.A. 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