PARALISIA CEREBRAL A Paralisia Cerebral (PC) é uma perturbação não progressiva do movimento e da postura que surge na primeira infância, provocada por uma lesão no cérebro e ou no sistema nervoso. Ocorrida antes do nascimento, durante o parto ou depois do nascimento (pouco depois) ainda durante o processo de amadurecimento do cérebro. Caracteriza-se principalmente por um distúrbio persistente do tônus, da postura e do movimento. Alguns autores referem à idade limite dos 2 anos de idade, enquanto para outros e, tendo em conta a plasticidade cerebral é proposto a de 5 anos. A paralisia cerebral é uma deficiência que afeta todo o desenvolvimento da criança provocada muitas vezes pela falta de oxigenação das células cerebrais. Para além da motricidade, a Paralisia Cerebral também pode afetar a visão, a audição, a cognição e a fala. Os sintomas variam consoante a área de extensão da lesão. É importante saber que o portador possui inteligência dentro dos padrões normais a não ser que a lesão tenha afetado áreas do cérebro responsáveis pelo pensamento e pela memória. Quando ocorre uma lesão cerebral (normalmente um acidente de percurso) em determinada zona do cérebro, esta o afeta e destrói algumas das milhões de células constituintes do cérebro humano, verificando-se um compromisso encefálico e, portanto, a zona afetada não se pode desenvolver e não há (ainda) possibilidade de regeneração das células que morreram. Nestes casos, a intervenção (clínica e psicopedagógica) pressupõe a estimulação do indivíduo, o mais precocemente possível através de uma intervenção multidisciplinar para permitir o seu desenvolvimento global de modo a compensar a deficiência estabelecida e desenvolver ao máximo as potencialidades da criança, nos níveis de funcionamento e de autonomia. Prevalência Em cada 1000 bebês que nascem, 1,5 – 2,5 podem ser afetados por paralisia cerebral. Etiologia (estudo das causas) As causas podem ser diversas e ocorrer em diferentes períodos do desenvolvimento do ser humano, tais como: Fatores Pré - Natais (maternos) • Infecções congênitas (Herpes, Toxoplasmose, Rubéola, Sífilis, Citomegalovirose -Infecção causada pelo vírus Citomegalovírus (CMV), e AIDS); • Acidente Vascular (hipóxia, isquemia , trombose); • Colo incompetente ou hemorragia do 3º trimestre; • Complicações placentárias (abrupta, ruptura prematura das membranas, Corioamnionite); • Complicações obstétricas pré-natais: problemas de fertilização, placenta prévia, hemorragias durante a gravidez, gravidez múltipla, má nutrição, anomalias cromossômicas; • Drogas maternas ou abuso de álcool, entre outras. Fatores Perinatais • Prematuridade; • Complicações durante o trabalho de parto (trauma obstétrico). • Hipoxia e anóxia (excesso ou falta de oxigenação das células cerebrais) • Paragem cardíaca; • Má formação congênita do cérebro; • Infecção do SNC (Sistema Nervoso Central) Fatores Pósnatais • Agressões ao Sistema Nervoso Central (Traumatismo cefálico); • Infecções do Sistema Nervoso Central (meningites/encefalites; • Hemorragia intracraneana; • Encefalopatias. Tipos de Paralisia Cerebral Algumas crianças têm perturbações ligeiras, quase imperceptíveis, que as tornam desajeitadas, parecendo pouco harmoniosas a andar, falar ou em tarefas manuais. Outras são gravemente afetadas com incapacidade motora grave, impossibilidade de andar e de falar, sendo dependentes nas atividades mais elementares da vida diária. Entre estes dois extremos, há vários graus de incapacidade e as manifestações dependem da localização das lesões e áreas do cérebro afetadas. A criança com PC pode ter inteligência normal ou até acima do normal, mas também pode ter problemas cognitivos. Apresentam normalmente problemas, tais como: não segurar a cabeça, não se manter sentada, não andar ou então mover-se de uma forma descontrolada e insegura. Necessidades Educativas Especiais De acordo com a gravidade e localização da lesão cerebral assim também a sintomatologia das necessidades educativas especiais poderão ser diversas. Para além da perturbação motora associada podem existir: Défices sensoriais: visão e audição, Dificuldades perceptivas e cognitivas Deficiência na fala - alterações no aparelho fonador Epilepsia (25-45% das crianças com PC). Uma criança com paralisia cerebral pode, no entanto, apresentar íntegras as estruturas e capacidades: cognitivas, auditivas, visuais e linguísticas. Processo Ensino-Aprendizagem O Processo ensino-aprendizagem deve ser organizado e estruturado de forma a privilegiar o desenvolvimento geral da criança ou jovem com Paralisia Cerebral. Deve existir uma equipe de profissionais que trabalhem no sentido de suprimir as dificuldades da criança ou jovem. A criança/jovem com paralisia cerebral deve beneficiar de áreas que possibilitem e auxiliem o seu desenvolvimento, tais como: Terapia da Fala – Para elevar a capacidade de expressão oral e de comunicação. Terapia Ocupacional – De forma a desenvolver aptidões úteis que lhes permitam desempenhar tarefas de rotina. Psicomotricidade – Para melhorar a adaptação ao mundo exterior, através do domínio do equilíbrio; controle da inibição voluntária e da responsabilidade; consciência do corpo; eficácia das diversas coordenações globais e segmentarias; organização do esquema corporal; orientação espacial. Apoio Psicológico – Para acompanhar a criança/jovem durante o Processo Ensino-Aprendizagem ao nível psicológico. Fisioterapia – Através da utilização do exercício e técnicas de relaxamento; para ensinar a caminhar com o auxílio de muletas e outros aparelhos (como cadeira de rodas); para auxiliar a rotina diária da criança ou jovem. Áreas de Expressão – A Dança e Música podem auxiliar as crianças ou jovens a elevarem a sua coordenação, desenvolverem o tônus e força muscular, autoconfiança, etc. As atividades de Expressão Plástica, como a Pintura podem ajudar no desenvolvimento da motricidade, comunicação, etc. Atividades Aquáticas – O contacto com a água ou realização de exercícios dentro de água auxiliam um melhor funcionamento do sistema circulatório, respiratório, fortalecimento dos músculos, aumento do equilíbrio, relaxamento muscular, diminuição de espasmos, aumento da amplitude de movimentos, etc. Massagens – Aliviam espasmos e reduzem contrações musculares. Informática – A utilização do computador pode ajudar ao nível da comunicação, assim como ao nível da motricidade fina. Afetividades da Vida Diária – Para trabalhar a higiene, segurança, entre outros. A criança ou jovem com Paralisia Cerebral deve estar incluída no sistema regular de Ensino, todavia, dever-lhe-á ser proporcionado uma resposta educativa adequada, com os apoios a que efetivamente tem direito. O trabalho realizado pelos técnicos (Professor, Educadora, Psicóloga, Psicopedagogo, Terapeutas, etc.), assim como a interação de todas as áreas acima mencionadas deverão procurar elevar o nível Cognitivo; Autonomia Pessoal e Social; Comunicação; Psicomotor; Sócio-Afectivo; assim como desenvolver a área Sensorial-Perceptiva e elevar as capacidades gerais da criança/jovem com Paralisia Cerebral, e a sua qualidade de vida. Professora de Educação Especial (http://aeahespecial.blogspot.com/2009/06/paralisia-cerebral.html)