Curso: Publicidade e Propaganda Disciplina: Imagem e Marca – P4 Professor: Afonsina Rezende (NINA) Marcas: conceitos e evolução. Pare por um momento e pense nas roupas, acessórios e aparelhos que você pode estar Marcas por usando ou carregando agora. Com certeza você se lembra da “marca“ de algumas toda parte destas coisas. Dependendo de como você se identifica com a chamada “sociedade de consumo”, você vai conseguir lembrar o nome da maioria delas. As marcas estão por toda parte. Desde o sabonete que você usa no banho, até o carro ou ônibus que o transporta para a faculdade. Nós as carregamos em nossa roupa, desenhadas em etiquetas ou impressas na sola de nossos sapatos. Quando abrimos um jornal ou observamos um outdoor na rua deparamos com as marcas assinalando seus produtos. Muitos dos alimentos, ou ingredientes que formam nossa alimentação também estão identificados com marcas próprias. Hoje até banana tem marca. Este fenômeno já nos é tão familiar, já está tão enraizado em nossas vidas, que não o Dimensões percebemos mais como algo extraordinário. Mas ele tem dimensões sociais sociais e importantes, que merece nossa atenção. Ele é a face mais expressiva do modo de econômicas vida atual, que tem como dois pilares a economia de mercado e a globalização. A economia de mercado baseada na livre concorrência trouxe uma competitividade “selvagem” entre as empresas. Aliado a este fator, a globalização inundou os países com uma gama imensa de novos produtos, intensificando e incentivando o consumo. É neste cenário que as marcas ocupam lugar de destaque. Faça uma pequena pausa novamente e procure listar as marcas de roupas que você conhece. Vamos facilitar as coisas: Zoomp, Taco, Lee, Gregory, Jinglers, Hering, entre outras. Enquanto roupas (parte física), todas elas têm a mesma função básica que é cobrir ou proteger o corpo. Mas quando paramos para analisar, percebemos que além da função básica cada marca traz também uma carga emocional junto com seu nome. Carga emocional Quando se compra um produto, junto com ele se está comprando uma complexa Adquirindo malha de valores psicossociais, que na maioria das vezes não está aparente, pois símbolos age no nível do nosso subconsciente. Neste contexto, as marcas se transformam em poderosos e complexos signos de posicionamento social. Ao comprar uma roupa da marca Zoomp, por exemplo, você está adquirindo não apenas um tecido costurado para se abrigar do frio, ou cobrir o corpo, você está adquirindo valores como status, glamour, sofisticação etc. Ao adquirir um par de sandálias havaianas, você não está apenas comprando um par de chinelos de borracha colorida, você está, simbolicamente, está sendo aceito em um patamar social formando por pessoas bem sucedidas, bonitas, famosas etc. E por extensão, você adquire, simbolicamente, as qualidades que admira nesta categoria de pessoas. Hoje, até mesmo pessoas se transformam em marcas comerciais. Muitas celebridades Imagem e (artistas, esportistas, políticos etc) contratam “assessores de imagem”. São marca profissionais que cuidam tanto da aparência, como das atitudes que seus assessorados terão na sua vida profissional e pessoal, para que seja uma construída um tipo de “imagem” junto ao público em geral. Imagem, neste caso, constitui-se de um conjunto de valores, pelos quais se quer ser conhecido ou reconhecido pelo público. As empresas também investem em ações para formar e fortalecer sua imagem corporativa ou a imagem dos produtos ou serviços que oferecem. A criação de uma imagem é um processo longo e complexo, que não se resume apenas no desenvolvimento de uma logomarca (nome e desenho), envolve ações muito bem planejadas de marketing e publicidade. Não é sem razão que as grandes empresas mantém departamentos e profissionais específicos para cuidar da sua imagem e para gerenciar suas marcas. A oferta visual de bens de consumo intensificou-se de tal maneira em nosso campo visual, nas ruas, nos supermercados, nos shoppings, que só é possível distinguir tantos produtos por meios seus signos abreviados, ou seja, suas marcas. Neste sentido, as marcas funcionam como elemento identificador, conferindo aos produtos a possibilidade de serem, mesmo que rapidamente, reconhecidos e apreciados e a ocuparem um lugar, um pouco mais seguro, na memória dos consumidores. Marca como elemento identificador A American Marketing Association (AMA) conceitua marca como: “um nome, Vantagens termo, sinal, símbolo ou combinação dos mesmos, que têm o propósito de identificar para as bens ou serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e de diferenciá-los de empresas concorrentes”. Fica evidenciado nesta definição o aspecto identificador da marca. Ela funciona como um nome próprio, que indica a origem e confere ao produto, ou empresa, uma particularidade e individualidade. Além disso, as marcas trazem outras vantagens para as organizações: • Protegem, ou pelo menos tentam proteger, o produto contra imitações; • Satisfazem e estimulam a compra repetida, podendo gerar fidelidade; • Possibilitam extensões da marca (quando fortes) como explorado pela Haley Davidson (motos, roupas e acessórios); • Permitem segmentação (como amplamente explorado pela Unilever: sabão em pó, xampus e sabonetes que cobrem toda a amplitude do mercado, por meio de marcas e de preços diferenciados). Mas não é só para as empresas que as marcas trazem vantagens. Na sociedade atual, Vantagens o consumidor tem lugar de destaque. Empresas gastam milhões em pesquisas e testes para os consumidores para conhecer profundamente os prováveis consumidores de seus produtos antes mesmo de lançá-los no mercado. Grandes organizações mantêm serviços de atendimento para monitorar a satisfação dos clientes. E este tipo de serviço é uma das ações que as empresas lançam mão para consolidar suas imagens e marcas. Para o consumidor, a marca é uma forma segura de identificar a origem do produto. A existência de marcas conhecidas possibilita a seleção de produtos e sua comparação, classificação por faixa de preços, qualidade etc. É comum que muitos consumidores se disponham a adquirir um produto um pouco mais caro, de marca já conhecida, pela confiança que depositam naquela marca. A marca que já faz parte da experiência das pessoas possibilita uma escolha mais segura. Ao viajar para um país desconhecido, ao depararmos com o totem do McDonald’s, podemos sentir nos sentir mais confortáveis, pois, apesar de não ser uma empresa brasileira, já está incorporada ao nosso cotidiano. Já nos é familiar. E esta familiaridade nos remete uma sensação de segurança e praticidade. A marca facilita a compra e reduz o tempo de decisão. Os consumidores reduzem o tempo de escolha por já possuírem um posicionamento perceptivo a respeito da marca. Por exemplo, uma dona-de-casa não muda de marca de sabão em pó, todas as vezes que vai às compras no supermercado. Provavelmente pela experiência vivida, ela é fiel, pelo menos, por um bom tempo, à mesma marca. A marca confere status diferenciado. A marca é uma espécie de “máquina” de produzir significações e, neste sentido, ela pode nos conferir posições sociais. Ao usarmos e consumirmos um determinado produto de uma certa marca, estamos nos posicionando socialmente, estamos declarando quem somos, do que gostamos, o que valorizamos, e assim por diante. Por todos esses aspectos percebemos que a marca é mais que um simples nome para Um conceito empresas e produtos. Marca é uma conexão simbólica e afetiva estabelecida entre mais amplo uma organização, sua oferta material, intangível e aspiracional e as pessoas para as quais se destina. (Definição da autora Clotilde Perez – ver bibliografia). Mas de onde e de quando vem esta prática de dar nomes às coisas para identifica-las? Esta prática não é nova. Tem suas raízes há milhares de anos, mesmo antes da invenção da escrita, quando, segundo estudiosos, já era comum entre os homens adotar nomes para que pudessem ser identificados. A própria assinatura das pessoas tem origem supostamente nas tribos nômades que a utilizavam com objetivo de assinalar a propriedade de seu gado e de seus objetos. Na Antigüidade, era comum os artistas assinarem seus trabalhos como forma de identificação. Com o crescimento das cidades na Idade Média e da produção de bens de consumo para abastecer as cidades, surgem iniciativas de identificação através de marcas, para garantir a procedência e a qualidade dos bens comercializados. As marcas modernas tiveram sua origem na Revolução Industrial, a partir da segunda Origens das metade do século XVIII. É desta época também o uso das primeiras técnicas de marcas promoção de vendas, para atrair consumidores e divulgar os produtos. Nos Estados Unidos, os precursores da utilização das marcas foram os fabricantes de remédios populares e, após, a guerra civil, os fabricantes de alimentos e bebidas. A coca-cola surgiu em 1886, quando o farmacêutico John Pemberton procurava a cura para dor de cabeça. Acabou misturando o líquido de cor caramelo com água gasosa, dando origem a um dos produtos mais conhecidos mundo. Foi contador de Pemberton que escreveu o nome com sua própria grafia e desde então, a logomarca sofreu poucas modificações. Várias outras marcas criadas nas últimas décadas do século XIX sobreviveram até hoje. Dentre elas podemos destacar a Quaker Oats (Aveia Quaker) criada em 1877. O período pós-Primeira Guerra Mundial consolidou definitivamente a importância das marcas. A propaganda tornou-se cada vez mais atuante a aquisição ou construção de marcas passaram a ser identificadas com o sucesso e o desenvolvimento sustentável das organizações, especialmente as empresas privadas. “Os consumidores queriam Fords, e não simplesmente carros movidos a motor.” Bibliografia PEREZ, Clotilde. Signos da marca: expressividade e sensorialidade. São Paulo: Pioneira Thompson Learming, 2004. SAMPAIO, Rafael. Marcas de A a Z. São Paulo: Campus, 2002. SCHMITT, Bernd & SIMONSON, Alex. A estética do Marketing: como criar e administrar sua marca, imagem e identidade. São Paulo: Nobel, 2002.