Estudo sobre a Adequação de Um Edifício Residencial à

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
VICTOR VENTORINI PONTES
ESTUDO SOBRE A ADEQUAÇÃO DE UM EDIFÍCIO RESIDENCIAL À
CERTIFICAÇÃO LEED
FORTALEZA
2010
ii
VICTOR VENTORINI PONTES
ESTUDO SOBRE A ADEQUAÇÃO DE UM EDIFÍCIO RESIDENCIAL À
CERTIFICAÇÃO LEED
Monografia submetida à Coordenação do
Curso de Graduação em Engenharia Civil, da
Universidade
Federal
do
Ceará,
como
requisito parcial para a obtenção do grau de
Engenheiro Civil.
Orientador: Prof. Dr. José de Paula Barros
Neto
FORTALEZA
2010
iii
P858e
Pontes, Victor Ventorini
Estudo sobre a adequação de um edifício residencial a certificação
LEED / Victor Ventorini Pontes. – Fortaleza, 2010.
57 f. il.; color. enc.
Orientador: Prof. Dr. José de Paula Barros Neto
Monografia (graduação) - Universidade Federal do Ceará, Centro de
Tecnologia. Depto. de Engenharia Estrutural e Construção Civil, Fortaleza,
2010.
1. Edíficios multifuncionais 2. Cerrtificação da qualidade I. Barros
Neto, José de Paula (orient.) II. Universidade Federal do Ceará – Graduação
em Engenharia Civil. III. Título
CDD 620
iv
VICTOR VENTORINI PONTES
ESTUDO SOBRE A ADEQUAÇÃO DE UM EDIFÍCIO RESIDENCIAL À
CERTIFICAÇÃO LEED
Monografia submetida à Coordenação do Curso de Graduação em Engenharia Civil, da
Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de
Engenheiro Civil.
Aprovada em 01/12/2010
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. José de Paula Barros Neto (Orientador)
Universidade Federal do Ceará – UFC
Eng. John Erle Ponte Soares
CCB - Construtora Castelo Branco
Prof. Dr. Tomáz Nunes Cavalcante Neto
Universidade Federal do Ceará - UFC
v
AGRADECIMENTOS
A Deus, pai de todo o conhecimento e detentor de toda a sabedoria.
À minha mãe, por não medir esforços ao me apoiar e me incentivar a atingir meus objetivos.
Ao meu pai, pela incessante transmissão de conhecimentos e por me educar como engenheiro.
Aos meus queridos irmãos, pela união e amizade.
Ao orientador, professor José de Paula Barros Neto, pela gentileza, tempo e esforço gastos,
não apenas para a orientação neste trabalho, mas durante todo período de faculdade.
Aos meus amigos André Ribeiro, Daniela Crispim, Ernesto Molinas, Ivna Baquit e Nelson
Quesado.
À minha companheira Victoria Erel por toda a compreensão e sacrifício das noites de festas e
fins de semana na praia trocados por livros e computador.
À Construtora Castelo Branco, pelo investimento e confiança depositados neste jovem
estudante de engenharia, em especial nas pessoas de Kilson Nascimento, André Quinderé e
Rafael Sindeaux.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente à realização desta Monografia.
vi
RESUMO
Devido aos altos índices de desperdícios e perdas de materiais, bem como o
elevado consumo energético na construção civil, a sustentabilidade nesta indústria tem sido
discutido com mais intensidade. A criação de organismos certificadores e avaliadores de
desempenho ambiental voltados para tal indústria, tende a uniformizar conceitos e possibilitar
ações direcionadas para minimizar os impactos e implementar melhorias significativas nos
novos empreendimentos imobiliários que surgirão. No Brasil, destaca-se o início da atuação
do sistema norte-americano LEED para novas construções. Este trabalho apresenta como
principal objetivo a adequação de um empreendimento com quatro edifícios residenciais em
fase de construção, ao sistema de avaliação LEED, para fachada e núcleo. A metodologia
consiste em avaliar o atendimento de cada critério proposto pelo sistema, justificando a
obtenção da pontuação, ou não. Os pontos não-conformes são identificados e melhorias para
aumento da pontuação obtida são propostos.
Palavras-chaves: Construção, certificação e sustentabilidade.
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: As três dimensões da sustentabilidade
5
Figura 2.2: Níveis de classificação de eficiência energética para edificações,
abrangendo envoltória, iluminação e condicionamento de ar
15
Figura 2.3: Estimativa de redução de impactos dos edifícios
17
Figura 2.4: Fluxograma de registros de projetos
21
Figura 2.5: Registros e certificações LEED no Brasil
22
Figura 3.1: Planta de situação do empreendimento
25
Figura 4.1: Mapa de serviços básicos
27
viii
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1: Principais sistemas de certificação ambiental
9
Quadro 2.2: Sistema de classificação LEED – versão 3 para NC e C&S
19
Quadro 2.3: Pontuação necessária para classificação
19
Quadro 2.4: Estimativa de custos para certificação
23
Quadro 2.5: Estimativas de custos para certificação – por nível
23
Quadro 4.1: Checklist do projeto
38
ix
LISTA DE SIGLAS E NOTAÇÕES
ANAB
Assossiação Nacional de Arquitetura Bioecológica
Aqua
Alta Qualidade Ambiental
ASHRAE
American Society of Heating, Refrigerating and Air-conditioning
BEC
Business Environmental Council
BREEAM
Building Research Environmental Assessment Method
CASBEE
Comprehensive Assessment System for Built Environment Efficiency
CBCS
Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
CFC
Clorofluorcarboneto
CGBC
Canadian Green Building Council
CIB
Conseil International du Batiment
CONAMA
Conselho Nacional do Meio Ambiente
EAC
Environmental Assessment Consortium
EEWH
Ecology Environmental Wate Reduction nad Health
GBCA
Green Building Council Austrália
GBCB
Green Building Council Brasil
HK-BEAM
Hong Kong Building Environmental Assessment Method
HK-SAR
Hong Kong Special Administrative Region
HQE
Haute Qualité Environmentale
IESNA
Illuminating Engineering Society of North America
IISBE
International Initiative for a Sustainable Built Environment
ISO
International Organization for Standardization
LEED
Leadership in Energy and Environmental Design
LEED-CI
Leadership in Energy and Environmental Design – Edifícios Comerciais
x
LEED-C&S
Leadership in Energy and Environmental Design – Fachada e Núcleo
LEED-EB
Leadership in Energy and Environmental Design – Edifícios Existentes
LEED-NB
Leadership in Energy and Environmental Design – Desenvolvimento de
Bairros
LEED-NC
Leadership in Energy and Environmental Design – Novas Construções
NZGBC
New Zeland Green Building Council
OHSAS
Occupational Health and Safety Assessment Series
PGRCC
Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
QAE
Qualidade Ambiental do Edifício
QAI
Qualidade do Ar Interno
SGE
Sistema de Gestão do Empreendimento
UNCED
United Nation Conference on Environment and Development
USGBC
United States Green Building Council
WGBC
World Green Building Council
xi
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
1.1 Contextualização e justificativa ................................................................................... 1
1.2 Problema de Pesquisa .................................................................................................. 2
1.3 Pergunta de Pesquisa ................................................................................................... 2
1.4 Objetivos ...................................................................................................................... 2
1.4.1
Objetivo geral ..................................................................................................... 2
1.4.2
Objetivos específicos .......................................................................................... 2
1.5 Limitação da Pesquisa ................................................................................................. 2
1.6 Descrição das Etapas ................................................................................................... 3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 4
2.1 Sustentabilidade ........................................................................................................... 4
2.2 Desperdícios e Perdas .................................................................................................. 6
2.3 Consumo Energético .................................................................................................... 8
2.4 Organismos Certificadores no Brasil ......................................................................... 12
2.5 Sistema de avaliação LEED ....................................................................................... 16
2.6 Padrões de avaliação .................................................................................................. 18
2.7 Processo de certificação ............................................................................................. 21
2.8 Estimativas de custos para a certificação ................................................................... 22
3. METODOLOGIA............................................................................................................. 24
3.1 Descrição do Empreendimento .................................................................................. 24
3.2 Estudo de caso ........................................................................................................... 25
4. RESULTADOS ................................................................................................................ 27
4.1 Sustentabilidade do Espaço........................................................................................ 27
4.1.1
Pré-requisito 1 – Prevenção da poluição na atividade da construção ............... 27
4.1.2
Crédito 1 – Seleção do local do empreendimento ............................................ 27
4.1.3
Crédito 2 – Densidade urbana e conexão com a comunidade .......................... 27
4.1.4
Crédito 3 – Remediação de áreas contaminadas .............................................. 28
4.1.5
Crédito 4.1 – Alternativa de transporte, acesso ao transporte público ............. 28
4.1.6
Crédito 4.2 – Alternativa de transporte, bicicletário e vestiário ....................... 28
4.1.7
Crédito 4.3 – Alternativa de transporte, uso de veículos de baixa emissão ..... 29
4.1.8
Crédito 4.4 – Alternativa de transporte, redução da área de estacionamento ... 29
4.1.9
Crédito 5.1 – Desenvolvimento do espaço, proteção e restauração do habitat 29
4.1.10
Crédito 5.2 – Desenvolvimento do espaço, maximizar espaços abertos .......... 29
4.1.11
Crédito 6.1 – Controle da enxurrada, controle da quantidade .......................... 29
4.1.12
Crédito 6.2 – Controle da enxurrada, controle da qualidade ............................ 30
xii
4.1.13
Crédito 7.1 – Redução da ilha de calor, áreas cobertas .................................... 30
4.1.14
Crédito 7.2 – Redução da ilha de calor, áreas descobertas ............................... 30
4.1.15
Crédito 8 – Redução da poluição luminosa ...................................................... 30
4.1.16
Crédito 9 – Guia de projetos e construções sustentáveis para ocupantes ......... 30
4.2 Uso racional da água .................................................................................................. 30
4.2.1
Pré-requisito 1 – Redução do uso da água em 20% ......................................... 30
4.2.2
Crédito 1 – Uso eficiente da água no paisagismo ............................................. 30
4.2.3
Crédito 2 – Tecnologias inovadoras para águas servidas ................................. 31
4.2.4
Crédito 3 – Redução do consumo de água ....................................................... 31
4.3 Energia e atmosfera ................................................................................................... 31
4.3.1
Pré-requisito 1 – Comissionamento dos sistemas de energia ........................... 31
4.3.2
Pré-requisito 2 – Performance mínima de energia ........................................... 31
4.3.3
Pré-requisito 3 – Gestão dos gases refrigerantes .............................................. 31
4.3.4
Crédito 1 – Otimização do desempenho no uso de energia .............................. 32
4.3.5
Crédito 2 – Geração local de energias renováveis ............................................ 32
4.3.6
Crédito 3 – Melhoria no comissionamento ...................................................... 32
4.3.7
Crédito 4 – Melhoria no uso de gases refrigerantes ......................................... 32
4.3.8
Crédito 5.1 – Medições e verificações.............................................................. 32
4.3.9
Crédito 5.2 – Medições e verificações: medição individual ............................. 32
4.3.10
Crédito 6 – Energia verde, mínimo 35% do consumo...................................... 33
4.4 Materiais e recursos ................................................................................................... 33
4.4.1
Pré-requisito 1 – Depósito e coleta de materiais recicláveis ............................ 33
4.4.2
Crédito 1.1 – Reuso do edifício, manter paredes, forros e coberturas .............. 33
4.4.3
Crédito 1.2 – Reuso do edifício, manter 50% dos elementos interiores nãoestruturais ......................................................................................................................... 33
4.4.4
Crédito 2 – Gestão de resíduos da construção .................................................. 33
4.4.5
Crédito 3 – Reuso de materiais, no mínimo 5% do custo dos materiais .......... 33
4.4.6
Crédito 4 – Conteúdo reciclado ........................................................................ 34
4.4.7
Crédito 5 – Materiais regionais, extraído, processado e fabricado
regionalmente ................................................................................................................... 34
4.4.8
Crédito 6 – Materiais de rápida renovação, no mínimo 2,5% do total utilizado
34
4.4.9
Crédito 7 – Madeira certificada, no mínimo 50% do custo de madeira total
utilizado 34
4.5 Qualidade ambiental interna ...................................................................................... 34
4.5.1
Pré-requisito 1 – Desempenho mínimo da qualidade do ar interno ................. 34
4.5.2
Pré-requisito 2 – Controle do fumo .................................................................. 34
4.5.3
Crédito 1 – Monitoramento do ar externo ........................................................ 34
xiii
4.5.4
Crédito 2 – Aumento da ventilação .................................................................. 35
4.5.5
Crédito 3 – Plano de qualidade do ar, durante a construção............................. 35
4.5.6
Crédito 4.1 – Materiais de baixa emissão – adesivos e selantes ...................... 35
4.5.7
Crédito 4.2 – Materiais de baixa emissão – tintas e vernizes ........................... 35
4.5.8
Crédito 4.3 – Materiais de baixa emissão – carpetes........................................ 35
4.5.9
Crédito 4.4 – Materiais de baixa emissão – madeiras compostas e agrofibras 35
4.5.10
Crédito 5 – Controle interno de poluentes e produtos químicos ...................... 35
4.5.11
Crédito 6 – Controle de sistemas, conforto térmico ......................................... 36
4.5.12
Crédito 7 – Conforto térmico, projeto .............................................................. 36
4.5.13
Crédito 8.1 – Iluminação natural e paisagem, para 75% dos espaços .............. 36
4.5.14
Crédito 8.2 – Iluminação natural e paisagem, para 90% dos espaços .............. 36
4.6 Inovação e processos do projeto ................................................................................ 36
4.6.1
Crédito 1.1 a 1.5 – Inovação ou performance exemplar................................... 36
4.6.2
Crédito 2 – Profissional acreditado LEED ....................................................... 36
4.7 Créditos regionais para o Brasil ................................................................................. 36
4.7.1
Crédito 1.1 – Adequação da acessibilidade externa e interna .......................... 36
4.7.2
Crédito 1.2 – Plano de impacto ambiental do empreendimento ....................... 37
4.7.3
Crédito 1.3 – Redução do consumo de água – medição setorizada .................. 37
4.7.4
Crédito 1.4 – Aquecimento solar – redução de 50% ou 100% do consumo .... 37
4.7.5
Crédito 1.5 – Gestão de resíduos da construção – limitar o desperdício .......... 37
4.7.6
Crédito 1.6 – Reuso dos materiais – projetar para o desmonte ........................ 37
4.8 Checklist do projeto ................................................................................................... 37
4.9 Melhorias a serem implementadas ............................................................................. 41
4.9.1
Melhorias no critério Espaço Sustentável ........................................................ 41
5.
4.9.2
Melhorias no critério Uso Racional da Água ................................................... 42
4.9.3
Melhorias no critério Materiais e Recursos ...................................................... 42
CONCLUSÃO .................................................................................................................. 43
5.1 Dificuldades observadas ............................................................................................ 43
5.2 Sugestões para trabalhos futuros................................................................................ 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 44
1
1.
1.1
INTRODUÇÃO
Contextualização e justificativa
As recentes mudanças evidenciadas nos ecossistemas de nosso planeta, têm aberto
as portas para o estudo e implementação da sustentabilidade em diversos setores industriais.
Na indústria da construção civil, onde segundo Kibert (2008, p. 44), “o ambiente construído,
mais que qualquer outra atividade humana, possui impactos diretos, complexos e duradouros
sobre a biosfera”, a busca por padrões cada vez mais sustentáveis de desenvolvimento vêm
crescendo de forma exponencial, principalmente nos mercados internacionais, de países como
EUA, Canadá, Japão e alguns europeus. No Brasil, observa-se uma tímida sensibilização em
relação às questões ambientais, mas que, por muitas vezes, tal sentimento é expresso a fim de
cumprir com as obrigações previstas em leis municipais, estaduais e federais.
O passo de maior incentivo para as empresas construtoras mundiais rumo ao
atendimento das metas de desenvolvimento sustentável, foi a criação das metodologias de
avaliação dos edifícios, pois, até antes da padronização, os chamados green buildings eram
idealizados e conceituados por arquitetos e engenheiros, que por conta própria interpretavam
as partes constituintes do que deveriam ser os edifícios verdes. Atualmente, todos os países
citados acima, possuem um sistema de certificação adaptado aos seus hábitos e costumes, e
baseado em critérios e indicadores de desempenho.
Dentre os critérios avaliados em cada sistema, Piccoli et al. (2008) apresentam as
questões básicas envolvidas nas certificações: projetos, processo construtivo e operação da
edificação, em meio aos impactos ambientais, saúde e bem estar dos usuários e consumo de
recursos.
No Brasil, está em uso a adaptação do sistema americano LEED – Leadership in
Energy and Enviromental Design, que através de um sistema de pontuação, certifica a
edificação em até quatro níveis evolutivos. Mesmo sujeito à alta subjetividade dos temas
analisados e pontuados, tal sistema incentiva a demanda por construções sustentáveis, além de
“ser tido como um dos sistemas mais amigáveis enquanto ferramenta de projeto, o que facilita
a sua incorporação à prática profissional” (Piccoli et al., 2008, p. 03). Com isso, justifica-se
este trabalho que propõe a simulação e análise crítica da certificação ambiental LEED,
aplicado a um empreendimento de Fortaleza, Ceará.
2
1.2
Problema de Pesquisa
A falta de informações concretas sobre as certificações ambientais no mercado da
construção civil faz com que o tema seja evitado por projetistas e construtores. Especula-se
muito a respeito do que deve ser feito e da quantidade de recursos financeiros devem ser
gastos para que um projeto se adeque aos padrões de certificação.
1.3
Pergunta de Pesquisa
Qual a provável certificação LEED de um projeto de um edifício residencial
construído sem estar voltado ao atendimento aos requisitos deste programa?
1.4
1.4.1
Objetivos
Objetivo geral
Analisar criticamente a adequação do projeto de um edifício residencial para
garantir a certificação no sistema LEED – C&S versão 3.0.
1.4.2
Objetivos específicos
a) Efetuar o diagnóstico do projeto atual em relação ao sistema LEED.
b) Apresentar melhorias e soluções para obtenção da pontuação necessária para
certificação em níveis superiores ao obtido na simulação, buscando a melhor
viabilidade econômica de implementação e retorno financeiro obtidos durante
a utilização por parte de seus usuários.
1.5
Limitação da Pesquisa
Este trabalho possui limitações que devem ser mencionadas, uma vez que o
mesmo foi desenvolvido em um contexto que permite o alcance dos objetivos anteriormente
estabelecidos, caracteriza os resultados obtidos, e os torna válidos cientificamente para este
escopo limitado.
Primeiro, não se teve acesso à documentação oficial utilizada pelo organismo
certificador, uma vez que este acesso é permitido apenas aos membros da entidade. Em
3
detrimento disso, foi utilizado para desenvolvimento da pesquisa, material tutorial
disponibilizado gratuitamente durante palestras e apresentações do sistema, que explicam e
exemplificam cada passo da certificação.
Para alguns passos da certificação é requerido o uso de software especializado,
cuja gratuidade da licença para uso foi alcançada, mas a aplicação correta dos programas
requer estudo aprofundado para obtenção de resultados confiáveis.
1.6
Descrição das Etapas
Este trabalho está dividido em cinco capítulos, no qual o primeiro é esta
introdução, onde são tratadas a contextualização do problema, a justificativa de estudo para o
tema abordado, o problema e pergunta de pesquisa, bem como os objetivos gerais e
específicos e as limitações encontradas.
O segundo capítulo aborda a fundamentação teórica, a fim de familiarizar e
embasar o leitor com os temas abordados durante a pesquisa, bem como o sistema de
certificação LEED
Em seguida, no terceiro, é exposta a metodologia aplicada neste trabalho e as
características do empreendimento utilizado como estudo de caso.
No quarto capítulo são apresentados os resultados obtidos no estudo de caso e as
melhorias que podem concretizar a sustentabilidade do empreendimento.
Por fim, no quinto e último capítulo, são tecidos comentários finais sobre o
trabalho, enfatizando as dificuldades mais pertinentes e sugestões para trabalhos futuros
acerca deste tema.
4
2.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O presente capítulo tem por finalidade apresentar o embasamento teórico de
alguns tópicos, a fim de facilitar o entendimento da pesquisa a ser desenvolvida. Serão
abordados conceitos acerca de sustentabilidade, desperdícios e perdas na construção civil,
bem como de consumo energético. Um panorama geral citando as certificações ambientais
mais influentes no mercado global e nacional é exposto a fim de divulgar a crescente demanda
pelo assunto. Por fim, apresenta-se o sistema de certificação a ser aplicado neste trabalho, o
LEED.
Face ao degradante cenário ambiental atual do planeta, diversos agentes – tais
como governos, consumidores, investidores e associações – vêm cobrando mudanças de
postura nos diversos setores produtivos. A construção civil é vista como grande vilã na busca
por um ecossistema cada vez mais equilibrado, pois, trata-se do setor industrial que
mundialmente, segundo a Associação Nacional de Arquitetura Bioecológica - ANAB,
consome aproximadamente 50% dos recursos naturais não-renováveis extraídos, envolvendo
toda a cadeia produtiva do setor. Evangelista et al (2010) apud John (2000), complementa que
este ramo apresenta-se como um dos mais críticos no que diz respeito aos impactos
ambientais, pois é responsável por cerca de 50% do CO2 lançado na atmosfera e quase metade
da quantidade dos resíduos sólidos gerados no mundo.
2.1
Sustentabilidade
A partir da exposição de tais fatos, o tema “sustentabilidade”ganha força e espaço
no mundo todo, principalmente neste setor, onde ultimamente, muito se tem feito para
redução dos impactos no planeta Kibert (2008). Na conferência realizada em 1992 no Rio de
Janeiro, a United Nation Conference on Environment and Development (UNCED), mais
conhecida como ECO’92, que resultou na publicação da agenda 21, foi consolidada a idéia de
que:
“o desenvolvimento e a conservação do meio ambiente devem constituir um binômio indissolúvel,
que promova a ruptura do padrão tradicional de crescimento econômico, tornando compatíveis
duas grandes aspirações do final do século XX: o direito ao desenvolvimento, sobretudo para os
países que permanecem em patamares insatisfatórios de renda e riqueza, e o direito ao usufruto
da vida em ambiente saudável pelas futuras gerações” (DEGANI, 2003)
5
sendo portanto, a sustentabilidade um objetivo que somente pode ser atingido em múltiplas
dimensões (CSILLAG, 2006).
O Green Building Council Brasil define que uma construção sustentável é aquela
edificação ou espaço construído que teve na sua concepção, construção e operação o uso de
conceitos e procedimentos reconhecidos de sustentabilidade ambiental, proporcionando
benefícios econômicos, na saúde e bem estar das pessoas. A partir desta definição, pode-se
afirmar que construções sustentáveis são escolhas lógicas e econômicas, mas que para muitas
pessoas ainda há um grande mistério sobre o assunto.
Pardini (2009) aponta que a dimensão social, entendendo o grau de pobreza e
educação das pessoas, suas condições de trabalho e moradia, a ambiental, referente às
políticas e práticas locais de proteção ao meio-ambiente, e a econômica, relacionada ao nível
do desenvolvimento industrial, de geração e distribuição de renda, formam os três pilares da
sustentabilidade, como segue apresentado na figura 2.1.
Figura 2.1 – As três dimensões da sustentabilidade.
Fonte: PARDINI, 2009
O preconceito de vários consumidores em relação à produtos e serviços
sustentáveis é grande, pois estes confundem sustentabilidade com ecologia, rusticidade e até
mesmo baixa qualidade. Outros acreditam que ao adquirir produtos e serviços sustentáveis
estarão desembolsando uma maior quantidade de recursos, uma vez que a oferta no mercado
atual é restrita. Segundo Coelho (Carimbo verde, REVISTA TÉCHNE, edição 155, ano 2010)
no Brasil, apenas 29% das empresas em geral, desenvolvem alguma ação de modo a organizar
uma rede de fornecedores socialmente responsáveis e 31% possuem políticas para efetivar
“compras verdes”.
6
Pode-se destacar dois pontos críticos contribuintes para a má impressão ambiental
concedida ao mercado da construção: altos índices de desperdício e perdas, e elevado
consumo energético. Para minimização do primeiro item, Corrêa (2009) cita um estudo feito
pela Universidade Politécnica de Hong-Kong onde uma vasta gama de recomendações e
novas posturas relacionadas a modernas construções são sugeridas. Em seguida, o mesmo
autor faz a ligação com o segundo ponto crucial citado acima, afirmando que “a redução de
desperdício implica na redução no consumo de energia (que foi gasta na produção de insumos
e materiais), contribuindo para uma construção civil mais sustentável.” CORRÊA (2009).
2.2
Desperdícios e Perdas
O ponto crítico inicial, desperdício e perdas, retrata o fato em que:
“a preocupação com a sustentabilidade levou a indústria da construção civil a buscar alternativas
sustentáveis baseando-se na prevenção e redução dos resíduos pelo desenvolvimento de
tecnologias limpas no uso de materiais recicláveis ou reutilizáveis, no uso dos resíduos como
materiais secundários e na coleta e deposição inerte. Usando medidas que transformem as
correntes de resíduos em recursos reutilizáveis. Quando esses resíduos são selecionados,
graduados e limpos adequadamente, tornam-se um agregado secundário, cuja utilização, em
função da origem e tratamento, cobrem desde um aterro até um concreto” (MELO et al, 2010)
A reciclagem é vista por Evangelista (2010) como uma alternativa para a redução
da quantidade de resíduos dispostos nos aterros, além de ser uma proposta sustentável para
destinação dos resíduos da construção civil. Embora diversos estudos apontem a viabilidade
da reciclagem, as iniciativas públicas e privadas não costumam adotar tal prática. Pode-se
considerar como pontuais as legislações específicas sobre este tema, definindo ações de
estímulo quanto a utilização de agregados reciclados em obras tanto públicas quanto privadas,
bem como a implantação de usinas de reciclagem para difusão da prática em canteiros de
obra.
Não planejar e executar o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos canteiros
de obra acarreta em graves problemas para os municípios, visto que os aterros para disposição
de resíduos estarão operando em capacidades máximas aumentando o risco de contaminações
ambientais, gerando impactos econômicos e sociais.
A Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (2002)
estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil,
criando responsabilidades para a cadeia gerador transportador receptor municípios,
7
impulsionando as empresas de construção e os agentes públicos a desenvolver ações para
atender às exigências legais
Os agentes geradores, empresas construtoras, passaram então a implementar o
sistema dos 3Rs em canteiro de obras, que são reduzir, reutilizar e reciclar.
A redução é vista como parte crucial do sistema, pois é onde a gestão de resíduos
sólidos nasce, e consiste no conjunto de ações que tem por objetivo maior a redução de
perdas. Não apenas o meio ambiente ganha com tal prática, a empresa redutora da geração de
resíduos também, a C. Rolim Engenharia (2010) exemplifica tais ganhos:
Diminuição dos custos de trensporte e disposição final;
Diminuição dos custos com compras;
Cumprimento das exigências legais;
Diminuição dos espaços reservados à estocagem de materiais;
Melhoria da imagem da empresa; e
Melhoria da segurança dos trabalhadores.
Um controle eficiente e com a cooperação em massa dos operários garantirá que a
redução de resíduos esteja em prática no canteiro. A C. Rolim Engenharia aponta algumas
ações para que o objetivo seja alcançado:
Contratar de serviços com uso de novas tecnologias;
Comprar produtos em quantidades suficientes;
Definir customizações do cliente evitando demolições e retrabalhos;
Implantar programa 5S;
Fornecer peças em embalagens que se evite o descarte;
Adquirir pré-fabricados, como exemplo pode-se mencionar a aquisição das
portas prontas, ferros cortados e dobrados e as madeiras limpas e cortadas;
Utilizar perfis, fôrmas metálicas e fôrmas plásticas, evitando o uso de madeira;
Melhorar as condições de fluxo e armazenagem de materiais nas obras por
meio de projeto de canteiro de obras;
Utilizar, se possível, containeres metálicos como canteiro de obras, banheiros,
refeitórios que reduzem a quantidade de materiais como “madeirit”, assim como o entulho;
Adotar medidas que impliquem na redução do uso de papéis;
Fazer programação quanto à quantidade de traços em uma betoneira, evitando
sobra de argamassa ou concreto;
8
Implantar projeto de alvenaria utilizando vários tipos de tijolos ou blocos,
evitando a quebra deste insumo, pois ele é um grande formador de resíduo; e
Criar premiação para os operários que fizerem o serviço com menor perda de
materiais possível.
Reutilização é usar o material mais de uma vez, independente de se na mesma
função ou não, mas sem transformações físicas ou químicas. Reutilizar é uma siginificante
contribuição para que materiais que ainda podem ser usados não sejam descartados
aumentado o aproveitamento de resíduos.
A reciclagem deve ser vista como última solução. Inicialmente, deve-se combater
a geração de resíduos na fonte, uma vez que não foi possível deixar de gerar resíduos, a
reutilização dos resíduos gerados deve estar prevista e em prática nas obras. Caso as duas
soluções anteriormente apresentadas não vigorem, a reciclagem deve entrar em cena, pois esta
evita que materiais que sofrendo transformações químicas ou físicas sejam destinados
indevidademente aos aterros.
2.3
Consumo Energético
Em relação ao elevado consumo energético, Lamberts (2009) aponta que o setor
da construção civil, no Brasil, é o maior responsável pelo consumo nacional de energia,
depois do setor industrial. Rosseti et al (2010) afirmou que:
“o setor de edificações residenciais e comerciais correspondem a 43% do consumo de energia
elétrica em nosso país, onde também, segundo Mascaró (1992) de 20 a 30% da energia
consumida seriam suficientes para o funcionamento da edificação; 30 a 50% da energia
consumida são desperdiçados por falta de controles adequados da instalação, por falta de
manutenção e também por mau uso; 25 a 45% da energia são consumidos indevidamente por má
orientação da edificação e por desenho inadequado de suas fachadas, principalmente, e ainda um
mesmo projeto de edificação em locais diferentes, pode provocar aumento de até 80% da
demanda de energia elétrica, por exemplo, quando se compara Belém e Porto Alegre (SANTOS,
2002)”.
Contudo, surge a partir daí a necessidade da uniformização das regras de
sustentabilidade e os sistemas de avaliação e certificação surgem como resposta da indústria
da construção aos impactos ambientais causados pelo ambiente construído (Kibert, 2008).
Países como EUA, Canadá, Japão, Hong-Kong e alguns europeus, são considerados pioneiros
em sistemas de certificação ambiental, graças ao Conseil International du Batiment – CIB,
que no início dos anos 90 consolidou padrões internacionais de sustentabilidade.
9
O quadro 2.1 apresenta alguns dos conselhos com maior destaque mundial na
construção sustentável, aliados aos sistemas de certificação ao qual estão vinculados.
Quadro 2.1. Principais sistemas de certificação ambiental
País
Sistema de avaliação
Situação atual
Alemanha
Certificação alemã
para construções
sustentáveis
Desenvolvida pelo Conselho Alemão de
Edficações Sustentáveis junto com o
Ministério Federal de Transportes, Edificações
e Urbanismo com a intenção de planejar e
avaliar os edifícios em sua qualidade.
Austrália
Green Star
O Green Building Council of Austrália GBCA foi formado em 2002, apoiado pelo
governo e pelas indústrias locais com os
objetivos de promover a sustentabilidade por
meio de programas de construção sustentável,
tecnologias, práticas de projeto e operação e
integrar as iniciativas em todas as fases de
projeto, construção e operação.
Brasil
Alguns edifícios em
processo de
certificação LEED
original
O Green Building Council Brasil - GBC
Brasil, filiado ao World Green Building
Council, lançado em julho de 2007, apóia a
transformação de toda cadeia produtiva da
construção civil;
Aqua (HQE)
Procel Edifica
Certificação dada pela Fundação Vanzolini. O
sistema Aqua foi lançado em 03/04/2009 e
trabalha com a metodologia francesa Haute
Qualité Environnementale - HQE adaptada à
realidade brasileira. Lançado em 08/03/07 o
Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
(CBCS) tem como intuito contribuir para a
promoção do desenvolvimento sustentável por
meio da geração e disseminação de
conhecimento e da mobilização da cadeia
produtiva da construção civil, de seus clientes
e consumidores.
Esta etiquetagem é um subprograma do
Governo Federal, tem como missão a
promoção da eficiência energética nas
edificações brasileiras, visando a redução do
consumo de energia elétrica.
10
Quadro 2.1. Principais sistemas de certificação ambiental
País
Sistema de avaliação
Sustentax
(Continuação)
Situação atual
Selo desenvolvido pelo Grupo Sustentax a fim
de identificar e reconhecer a qualidade
ambiental de produtos e serviços prestados por
empresas construtoras e incorporadoras.
O Canadian Green Building Council - CGBC
foi fundado em 2002. Formado pela coalisão
de representantes de vários segmentos da
indústria da construção tem por objetivo
acelerar o projeto e construção de edifícios
sustentáveis.
Canadá
LEED Canadá
China
Não há. Algum uso
do CASBEE japonês
O Conselho de Defesa de Recursos Naturais
tem trabalhado na promoção de conselhos
regionais, bem como nacional. Como exemplo,
pode-se citar o de Shangai, o primeiro
conselho a ser criado. Este conselho, junto
com os Ministros da Construção e da Ciência e
Tecnologia trabalham para fazer a adaptação
do LEED para padrões locais. Este conselho
ainda trabalhou com os EUA em projetos
demonstrativos com atrativo das olimpíadas de
2008.
Hong-Kong
Hong Kong Building
Environmental
Assessment Method
- HK-BEAM
- Professional Green Building Council,
organização não governamental, instituto de
pesquisa e educação com intuito de promover
um ambiente sustentável nas edificações.
Formado em 2002 com a junção de
profissionais de arquitetura e engenharia;
- Business Environment Council – BEC,
associação independente estabelecida em
1989, com o objetivo de promover o
desenvolvimento ambiental e sustentável,
oferecendo
soluções
sustentáveis
e
treinamento. É uma ramificação do World
Business
Council
for
Sustainable
Development;
- The Building Department of the Hong Kong
Special Administrative Region – HKSAR
O sistema de avaliação foi adaptação do
BREEAM 93.
11
Quadro 2.1. Principais sistemas de certificação ambiental
(Continuação)
País
Sistema de avaliação
Situação atual
Índia
Uso lincenciado do LEED
O conselho local CII-Godrej GBC é um
consórcio entre a Confederação das Indústrias
da Índia, o governo do estado de Andhra
Pradesh, House of Godrej, com suporte da
Agência para Desenvolvimento Internacional
dos EUA. Entre os serviços oferecidos estão a
implementação do LEED, ISO14001 e
OHSAS18001.
Japão
CASBEE
Formado em 1998, com objetivo principal a
redução dos impactos ambientais nas
construções ao longo das fases de
planejamento, construção e disposição final de
resíduos.
Coréia
Padrão coreano
de construção sustentável
Fundado para avaliar e testar o sistema de
avaliação coreano, estabelecendo assim um
método para medir o desempenho ambiental
próprio considerando toda a edificação de uma
perspectiva de ciclo de vida.
Nova
Green Star NZ
Desenvolvido pelo New Zealand Green
Building Council - NZGBC junto com a
indústria da construção civil.
Singapura
Green Mark
O conselho ainda está em estágio inicial de
formação. O sistema de certificação foi
lançado em janeiro de 2005 para promover o
desenvolvimento sustentável no ambiente
construído,
bem
como
difundir
o
conhecimento entre incorporadores, projetistas
e construtores quando da concepção e
execução do projeto. Abrange novas
construções e edifícios existentes.
Taiwan
Ecology
Environmental
Waste reduction and
Health - EEWH
Foi lançado em janeiro de 2005. O foco do
conselho é o desenvolvimento da construção
civil com proteção ambiental, promovendo
construções sustentáveis. Estas construções
têm um capítulo especial no (Continuação)
código nacional
de obras. O sistema de avaliação de avaliação
próprio foi criado em 2001.
Zelândia
12
Quadro 2.1. Principais sistemas de certificação ambiental (Continuação)
País
Sistema de avaliação
México
Usa o LEED origina, mas Mexico Green Building Council é membro
objetiva metodologia própria official do World Green Building Council WorldGBC e afiliado ao International
Initiative for a Sustainable Built Environment
– IISBE.
Emirados
LEED
Formado em 2006 com o objetivo de de
estabelecer princípios de sustentabilidade para
edificações de modo a proteger o meio
ambiente e assegurar a sustentabilidade nos
Emirados Árabes Unidos
Árabes
Reino Unido Building Research
Environmental
Assessment Method
- BREEAM
EUA
Situação atual
LEED
O Conselho tem por missão a melhora
significativa do ambiente construído pela
transformação
radical
na
forma
de
planejamento, construção, manutenção e
operação dos edifícios. Formado por um grupo
multidisciplinar,
chamado
EAC
(Environmental Assessment Consortium), de
consultores
especialistas
em
projetos
ambientais e eficiência energética. Promovem,
entre outros serviços, consultoria no uso do
BREEAM. Este sistema foi o pioneiro e
lançou bases de todos os sistemas de
avaliação.
Criado com o objetivo de promover edifícios
responsáveis, lucrativos e mais saudáveis para
se trabalhar e viver. Participam dele todos os
setores da cadeia produtiva da indústria da
construção civil. O LEED é o mais comercial
dos sistemas existentes, usado em vários países
e foi inspirado no BREEAM do Reino Unido.
Fonte: Adaptado de PARDINI, 2009.
2.4
Organismos Certificadores no Brasil
Dentre os organismos certificadores de construção sustentáveis em atuação no
Brasil, os que mais se destacam são o Aqua, Sustentax, Procel edifica e LEED.
A certificação de construção sustentável – Processo Aqua, no Brasil foi adaptado
por professores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e pela da Fundação
13
Vanzolini, demonstra a Alta Qualidade Ambiental de empreendimentos em construção ou em
processo de reabilitação, através de auditorias independentes, ou seja, para obtenção da
certificação, o empreendimento deve firmar controle total do projeto nas fases de programa –
fase onde o programa de necessidades é elaborado, concepção – fase de concepção
arquitetônica e técnica, baseada nas informações da fase anterior, realização – a construção do
empreendimento, e operação – uso após a conclusão da obra. É definido por dois padrões,
Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) e Qualidade Ambiental do Edifício (QAE).
Seus organizadores apontam que um empreendimento certificado no processo
Aqua apresenta como benefícios melhores condições de conforto, saúde e estética do usuário,
economia direta de água e energia, disposição de resíduos e manutenção, bem como
contribuição para o desenvolvimento sócio-econômico-ambiental da região em que está
instalado.
A certificação é concedida ao final de cada fase, ao se verificar atendimento ao
referencial técnico estabelecido. Este referencial é a adaptação para a realidade brasileira da
“Demarche HQE” da França e contém os requisitos a serem atendidos para o SGE e critérios
de desempenho nas categorias do QAE. Os requisitos do SGE exigem o comprometimento
com o perfil de QAE visado e acompanhamento, análise e avaliação da QAE ao longo do
empreendimento, entre outros. Os critérios de desempenho do QAE tratam de catorze
categorias divididas em quatro grupos: a eco-construção, a eco-gestão e a criação de
condições de conforto e saúde para o usuário.
O selo Sustentax por sua vez é desenvolvido pelo Grupo Sustentax, visando a
identificar e atestar a qualidade ambiental de produtos e serviços prestados por construtoras e
incorporadoras. O funcionamento do selo ocorre através do reconheimento da conformidade
dos procedimentos de desenvolvimento do projeto, seleção de materiais, comprometimento
com práticas socioambientalmente corretas, com a responsabilidade social e a disseminação
de práticas que venham a gerar economias, evitando desperdícios e contribuindo com o
aumento de produtividade.
Analisa as basicamente, dezesseis categorias:
Diagnóstico do local de implantação do projeto;
Sistemas e componentes hidráulicos;
Armazenamento e coleta seletiva de resíduos;
Interferência na construção existente;
14
Reutilização de móveis e outros componentes;
Uso de materiais reciclados, regionais e renováveis;
Uso de madeira certificada;
Seleção de tintas, cola, carpetes e laminados;
Armazenamento de materiais poluentes;
Uso de iluminação natural, acessibilidade e ergonomia;
Atendimento de questões de acústica;
Compromisso com questões socioambientais;
Controle de erosão e sedimentação;
Racionalização do uso da água;
Qualidade ambiental interna; e
Gerenciamento dos resíduos da construção civil.
A cada dois anos, o selo é revisto e, caso as exigências apresentadas anteriormente
não estiverem sendo cumpridas, o selo é cancelado.
Subprograma do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica do
Governo Federal, o Procel Edifica foi instituído no ano de 2003 e atua de forma conjunta com
o Ministério de Minas e Energia, o Ministério das Cidades, as universidades, os centros de
pesquisa e entidades das áreas governamental, tecnológica, econômica e de desenvolvimento,
além do setor da construção civil. Tem como missão, a promoção da eficiência energética nas
edificações brasileiras, contribuindo para a conservação de energia elétrica.
A aplicação desta etiquetagem visa edifícios comerciais, de serviços, públicos e
residenciais. Vem sendo implantada de forma gradual e voluntária, mas estima-se que passará
a ser item obrigatório no futuro. O prazo de validade da etiqueta é de cinco anos.
Sua avaliação está focada em três sistemas individuais; envoltória, iluminação e
condicionamento de ar. É feita uma classificação geral que pode ser acrescida de bonificações
relacionadas ao uso eficiente da água, emprego de fontes alternativas de energia, ou qualquer
inovação tecnológica que promova a eficiência energética. O objetivo é aproveitar de maneira
mais eficiente as tecnologias passivas, tais como ventilação e iluminação naturais, além de
incentivar o uso racional da água.
Os níveis de eficiência variam de “A” – mais eficiente – até “E” – menos
eficiente, como pode ser visto na figura 2.2. A avaliação é feita em duas etapas: fase de
projeto e edifício construído, após o alvará de conclusão da obra. O projeto do edifício pode
15
ser avaliado segundo o método prescritivo ou pelo método da simulação termoenergética
computacional.
O primeiro método contém equações e tabelas limitadores dos parâmetros da
envoltória, iluminação e condicionamento de ar, separadamente e de acordo com o nível de
eficiência energética. O segundo é baseado na simulação termoenergética de dois modelos
computacionais representando dois modelos do edifício: um modelo referente ao que foi
proposto no projeto, ou seja, o edifício real, e o segundo modelo baseado no método
prescritivo.
Para obtenção da classificação, deve-se comparar os resultados obtidos na
simulação para os dois modelos. É válido informar que o consumo do modelo do edifício real
deve ser menor que o modelo de referência almejado.
Figura 2.2 - Níveis de classificação de eficiência energética para edificações, abrangendo envoltória, iluminação
e condicionamento de ar. Fonte: ELETROBRÁS
Dentre os sistemas, o LEED, desenvolvido pelo U.S. Green Building Council
(USGBC), apresentou forte destaque na América do Norte, em suas primeiras versões,
certificando apenas edifícios já concluídos, mas fornecendo indicadores palpáveis às empresas
16
construtoras. A primeira versão para novas construções foi lançada no ano de 2002, e
apresentou satisfatória melhora na exigência da documentação necessária.
O sistema de certificação LEED, através de uma lista de itens, com pontuações
para cada um deles, analisa e pontua cada seção. Ao final, é realizado o somatório dos pontos,
a fim de verificar em qual das quatro seções o empreendimento está incluído. São elas, em
ordem evolutiva: Certificado, Prata, Ouro e Platina.
A noção de construção sustentável deve estar presente em todo o ciclo de vida do
empreendimento, desde sua concepção até sua re-qualificação, desconstrução ou demolição. É
necessário um detalhamento do que pode ser feito em cada fase da obra, demonstrando
aspectos e impactos ambientais e como estes itens devem ser trabalhados para que se caminhe
para um empreendimento que seja: uma idéia sustentável, uma implantação sustentável e uma
moradia sustentável CORRÊA (2009).
É relevante destacar também que com a criação dos órgãos avaliadores e
certificadores mundiais, o conceito de Green Building ou High-Performance Building, passou
a ser um tema mensurável. Yudelson (2009) define os edifícios verdes como aqueles que
consideram e reduzem seus impactos no meio ambiente e em itens que afetem a saúde
humana, utilizando menos energia e consumindo menos água que edifícios convencionais. Os
impactos causados no terreno também tendem a ser menores, e ainda fornecem ar interno de
melhor qualidade.
2.5
Sistema de avaliação LEED
Dentre os vários sistemas de avaliação existentes no mundo, o sistema LEED –
Leadership in Energy and Enviromental Design é um sistema para certificar ou ratificar a
sustentabilidade e a redução do impacto ambiental das construções que adotam práticas, que
levam o meio ambiente em consideração. É tido como a ferramenta mais dócil, ou facilmente
aplicável ao mercado da construção, ao basear-se em racionalização de consumos. Enquanto
alguns sistemas fornecem uma quantidade de informações elevadas a respeito do desempenho
da edificação, o LEED apresenta apenas um simples número, representando o somatório de
pontos acumulados ao longo da avaliação, facilitando o entendimento de leigos e profissionais
da área. Tal ferramenta vem sendo desenvolvida e atualizada ao longo dos anos pelo USGBC
– United States Green Building Council, cuja descisão mais impactante de seus membros
referente ao sistema, foi que este deveria ser voltado para o mercado imobiliário, antes de ser
17
uma exigência legislativa, ou seja, apostando que a credibilidade do sistema seria vista pelos
consumidores e estes seriam os responsáveis pelo sucesso do programa, uma vez que a
demanda por imóveis certificados tornaria-se maior que a procura por imóveis nãocertificados.
A correta aplicação dos fundamentos difundidos pelo LEED pode implicar em
ganhos ambientais significantes, reduzindo significativamente o impacto negativo dos
prédios, como mostra a figura 2.3. O consumo de energia elétrica pode sofrer reduções de até
30%; as emissões de CO2, chegam a cair até 35%; o uso de água potável é reduzido num
intervalo de 30 a 50%; a geração de resíduos é minimizada de 50 a 90%.
ENERGIA
30%
EmissõesC
O2
35%
Uso de
ÁGUA
30-50%
Resíduos
50-90%
Figura 2.3 – Estimativa de redução de impactos dos edifícios.
Fonte: GBC BRASIL
Outro fator de destaque e aceitação do LEED em relação aos outros sistemas no
mercado da construção, é que o seu desenvolvimento é feito por membros da indústria, da
academia e do governo, procurando atender às expectativas e necessidades de cada grupo
interessado.
Em março de 2007, foi criado no Brasil, o GBCB – Green Building Council
Brasil, objetivando a adequação das normas de certificação à realidade brasileira, cujos
trabalhos iniciaram efetivamente ao final de janeiro de 2008, segundo o seu próprio site.
18
2.6
Padrões de avaliação
O LEED está atualmente em sua terceira versão, LEED v3, e atende a diversos
tipos de intervenções construtivas:
LEED para novas construções e grandes reformas (LEED NC), atendendo a
projetos de edifícios comerciais e institucionais, incluindo edifícios de escritório, centros
recreativos, plantas industriais e laboratórios. Baseado no LEED NC surgiram ramificações
para atender às diversas tipologias de obra. LEED múltiplos edifícios e campus, usado em
campus corporativo e campus universitário, podendo ser aplicado na construção em uma
única fase ou na execução em etapas da obra; LEED Escola com requisitos específicos como
acústica para as salas de aula e prevenção de mofo; LEED Saúde com requisitos para evitar
ambientes com química e poluentes e proporcionar acesso a espaços abertos; LEED Retail,
focando lojas de varejo com características peculiares como iluminação, segurança, energia,
água, etc;
LEED para edifícios existentes (LEED EB), disponível a partir de 2004 (Green
Building Facts, 2009) para avaliar e medir a operação e manutenção, se reportando a tópicos
como limpeza da edificação, programas de reciclagem e de manutenção externa e a melhoria
dos sistemas prediais. Pode ser aplicado também a projetos já certificados pelo LEED NC e
LEED C&S;
LEED para interior de edifícios comerciais (LEED CI), disponível a partir de
2004 (Green Building Facts, 2009) e elaborado para atender ao locador do espaço,
certificando o alto desempenho da área interna, visando a um ambiente interno mais saudável
e produtivo para o trabalho. Pode ser aplicado também a projetos de lojas de varejo, LEED
Retail;
LEED para fachada e núcleo (LEED C&S), desenhado e lançado em julho de
2006 (Green Building Facts, 2009) para complementar o LEED CI, englobando a estrutura,
fachada e sistema de ar-condicionado;
LEED para residências (LEED for Homes), lançado em dezembro de 2007
(Green Building Facts, 2009) para residências unifamiliares;
LEED para desenvolvimento do bairro (LEED ND), desenvolvido tendo por
base o princípio de crescimento urbano estruturado. Ainda em teste piloto (Green Building
Facts, 2009).
19
Os pontos estão distribuídos na seção de novas construções de acordo com o
Quadro 2.2:
Quadro 2.2. Sistema de Classificação LEED – Versão 3 – para C&S
Categoria
Pontuação máxima
Terrenos Sustentáveis
28 pontos
Eficiência no uso da água
10 pontos
Energia e Atmosfera
35 pontos
Materiais e Recursos
13 pontos
Qualidade Ambiental Interior
12 pontos
Inovações e Processos de Projeto
6 pontos
Prioridades Regionais
6 pontos
TOTAL MÁXIMO DE PONTOS
110 pontos
Fonte: Adaptado de Green Building Council Brasil
A partir dos pontos obtidos, pode-se classificar o empreendimento segundo o
LEED-CS (Core and Shell) em concordância com o Quadro 2.3.
Quadro 2.3. Pontuação Necessária para Classificação
Classificação
Pontos necessários
Platina
80 a 110 pontos
Ouro
60 a 79 pontos
Prata
50 a 59 pontos
Certificado
40 a 49 pontos
Não-Certificado
00 a 39 pontos
Fonte: Adaptado de Green Building Council Brasil
O critério de avaliação terrenos sustentáveis concerne à prevenção da poluição na
atividade da construção civil, bem como se a localização escolhida para instalação do
empreendimento está em local permitido, privilegiando espaços verdes, abertos, e que
proporcione aos moradores o uso de transportes alternativos, como ônibus, veículos de baixa
emissão e bicicletas.
20
Em seguida, apresenta-se o critério de eficiência no uso da água, focado
principalmente na redução do consumo e reutilização da água consumida. Propõe-se atingir os
requisitos do critério através da instalação de equipamentos de baixo consumo, como torneiras
e chuveiros com sensores infravermelhos ou de pressão, além de vasos sanitários com duplo
acionamento. Equipamentos de igual importância, são tanques para armazenamento de águas
pluviais e sistema de irrigação projetado e automatizado, alinhado a um projeto de paisagismo
que contemple o uso de espécies regionais, que necessitam de menos água.
Tratando de eficiência energética, os utilizadores do imóvel devem estar atentos
às manutenções preventivas da rede através da elaboração de um plano de comissionamento
avançado de energia, especificando os dispositivos, acessórios e condições para execução dos
testes, em acordo com as normas e procedimentos requeridos.
O sistema de refrigeração não poderá em hipótese alguma utilizar gases com
presença de CFC, visto que este produto causa imensa degradação ambiental.
A arquitetura da edificação deve contemplar a ventilação e iluminação natural,
para que o uso desnecessário de refrigeração e iluminação artificial seja minimizado. As
especificações das lâmpadas das áreas comuns devem ser de LED ou fluorescentes compactas
do tipo T5. O Projeto deve ainda prever a geração e o uso de energias renováveis, destacando
a eólica e a eletrovoltaica, através da instalação de equipamentos geradores de energia.
Quanto aos materiais e recursos utilizados no imóvel, deve ser adotado durante a
construção, a estocagem e coleta de materiais reutilizáveis, se possível e caso seja aplicável,
manter partes da construção já existente no terreno, reutilizar materiais destinados ao bota
fora, utilização de materiais recicláveis na construção, de materiais extraídos, processados e
fabricados na região, uso de materiais rapidamente renováveis e de madeira certificada.
Em relação à qualidade ambiental interior, o projeto deverá estabelecer o mínimo
de qualidade do ar interior dos edifícios, contribuindo para conforto e bem estar dos usuários.
Proibir o consumo do tabaco nas áreas comuns internas do edifício, e instalar área apropriada,
ao ar livre e respeitando o afastamento mínimo da edificação, para tal. Promoção do uso de
materiais durante a construção com baixa emissão de contaminantes do ar, como tintas e
vernizes.
O critério de inovações de projeto dá oportunidade às equipes de projeto, a
obtenção de pontos devido aos desempenhos excepcionais. Como exemplo, deve-se tomar a
iniciativa da C. Rolim Engenharia, que instituiu o compromisso verde. Tal iniciativa
21
divulgada no site da empresa, afirma que para cada metro quadrado de terreno construído será
plantado uma árvore em local público da cidade, como forma de compensar as emissões de
poluentes e aumentar a cobertura vegetal da cidade.
Por fim, prioridades regionais, na qual são contempladas as diversidades regionais
de países extensos como o Brasil, onde a aplicação de certos materiais não devem ser
utilizados em todas as regiões.
2.7
Processo de certificação
O processo de certificação tem início com o registro do projeto junto ao sistema.
Em seguida, é feita a coleta de informações necessárias para apresentação ao LEED. De posse
das informações, se faz necessário o preenchimento de memoriais e a preparação de algumas
plantas para serem enviados ao organismo certificador. Esta etapa deve ser inteiramente
realizada na fase de projeto do empreendimento, ou seja, a obra não deve ter sido iniciada até
o momento. Após iniciada a obra, há uma nova coleta
e envio de documentos, estes
referentes às atividades desempenhadas na construção. A fase final da certificação tem início
com o treinamento dos usuários para ocupação do edifício, seguido pelo uso e operação da
edificação, para então realizar-se a análise final para certificação. A figura 2.4 mostra o
fluxograma do processo de certificação:
Figura 2.4 – Fluxograma de registro de projetos
Fonte: Autor
22
Kibert (2008) informa que até a metade do ano de 2006, nos EUA, pouco menos
de quatrocentos empreendimentos foram certificados no LEED-NC, contra mais de três mil
registrados.
A representatividade dos empreendimentos LEED no Brasil vem aumentando
significativamente a cada ano, principalmente após a criação do GBC Brasil. A figura 2.5
mostra que o número de registros – no ano e acumulado – supera em muito o número de
certificados LEED nos mesmos parâmetros, fortificando a idéia de que para obter a
certificação o que o sistema exige deve rigorosamente ser cumprido. Os projetos certificados
antes da criação do GBC Brasil, aparecem na figura:
Figura 2.5 – Registros e certificações LEED no Brasil.
Fonte: GBC BRASIL
2.8
Estimativas de custos para a certificação
A imagem de certificações e etiquetagens para muitas empresas construtoras e
incorporadoras representa apenas um novo centro de custo a fim de atender exigências de
bancos, clientes ou legais. Um dos obstáculos para a implementação de projetos sustentáveis é
o modelo atual de contratação, locação e venda, pois as empresas incorporadoras e
construtoras não necessariamente receberão os benefícios de economia de recursos gerados no
empreendimento. O quadro a 2.4 estima o custo da certificação de empreendimentos no
sistema LEED.
23
Quadro 2.4. Estimativa de custos para certificação
Até 4.645,0 m²
Registro do Projeto US$600,00
Até 46.451,0 m²
Mais de 46.451,0 m²
US$600,00
US$600,00
US$1.500,00+
US$15.000,00
junto ao USGBC
Análise de Projeto
US$1.500,00
US$0,32/m²
Certificação Obra
US$750,00
US$750,00+
US$7.500,00
US$0,016/m²
Consultoria
De 0,5 a 1,0%
De 0,5 a 1,0%
De 0,5 a 1,0%
(Não obrigatória)*
do custo da obra
do custo da obra
do custo da obra
*Recomenda-se a contratação do consultor, que é um profissional treinado e qualificado pelo
LEED, para tramitar toda a documentação junto ao conselho
Fonte: Adaptado de GBC BRASIL
O USGBC estima ainda que as melhorias implementadas a fim de obter a
certificação de empreendimentos nos padrões LEED, variam de acordo com o nível de
certificação que o projeto deseja obter, como segue disposto no quadro 2.5:
Quadro 2.5. Estimativa de custos para certificação – por nível
Nível de Certificação
Estimativa de custo
Certificado
De 0,5 a 1,0% do custo da edificação
Prata
De 1,0 a 2,0% do custo da edificação
Ouro
De 2,0 a 4,0% do custo da edificação
Platina
De 4,0 a 7,0% do custo da edificação
Fonte: Adaptado de GBC BRASIL
Neste capítulo foram abordados conceitos e considerações sobre sustentabilidade,
consumo energético, desperdício e perdas na construção civil, justificando a criação dos
organismos certificadores de construções sustentáveis. Mostrou-se também a atuação de
alguns sistemas no Brasil, em especial o sistema estudado neste trabalho, o LEED.
24
3.
METODOLOGIA
Neste capítulo será apresentado o empreendimento a ser avaliado neste trabalho, bem
como a forma como será realizado o estudo de caso.
3.1
Descrição do Empreendimento
O empreendimento em questão é de um complexo de quatro edifícios residenciais,
com projetos aprovados pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, e obras iniciadas no mês de
julho de 2008 e conclusão prevista em julho de 2011. Cada edifício é composto por 16
pavimentos, divididos em pavimento térreo com seis unidades e salão de festas, catorze
pavimentos tipo com sete unidades cada, um pavimento coberta com cinco unidades, caixa
d’água e laje de segurança. Cada torre conta ainda com dois elevadores sociais e um de
serviço. As áreas comuns do empreendimento estão equipadas com 02 portarias, 872 vagas de
estacionamento – distribuídas entre pavimento térreo e três andares de edifício garagem, salão
de festas, academia, salão de jogos, vestiários para funcionários diaristas, piscina, quadras de
esporte, praças de convivência, equipamentos de ginástica, riacho artificial, pistas de skate, e
pista de cooper.
A incorporadora disponibilizou para seus clientes cinco opções de planta, com
cozinha/serviço e dois banheiros cada, e variando o número de dormitórios, de um a três,
dimensões da sala de estar e jantar e existência ou não de escritório, perfazendo uma área
privativa de 57,03m².
O sistema construtivo é convencional, com fundações profundas do tipo hélicecontínua monitorada, estrutura em laje nervurada (61x61x21cm) unidirecional, em concreto
armado protendido (89,00m³ por laje) sem vigamento de bordo, somente três vigas externas
para contraventamento, com utilização de fôrmas de pilares em madeira, cimbramento e
escoramento metálico. Alvenarias periféricas de vedação são em bloco cerâmico, internas em
blocos de gesso alveolares, pavimentação em cerâmica (PEI-5), esquadrias internas de
madeira e externas em alumínio natural com vidros verdes. As áreas molhadas – varandas e
banheiros – são impermeabilizadas com manta asfáltica. O revestimento externo é em textura
com detalhes em cerâmica.
A figura 3.1 mostra a planta de situação do empreendimento, onde é possível
observar a projeção de cada uma de suas quatro torres residenciais e do edifício garagem, bem
25
como das áreas de estacionamento descobertas. Observa-se também as áreas de lazer, com
piscina, quadras e pista de cooper.
Figura 3.1 – Planta de situação do empreendimento
Fonte: Fornecido pela Incorporadora responsável
3.2
Estudo de caso
A partir da metodologia do sistema LEED, para fachada e núcleo, Core and Shell
(CS), versão 3.0, apresentada anteriormente, será feita a análise de cada um dos pré-requisitos
e critérios necessários para que a simulação da certificação do empreendimento ocorra. Ao
final da análise, será apresentado um checklist resumo, sintetizando o desempenho da
edificação. Em seguida, serão apresentadas sugestões de melhoria, que caso implementadas,
gerariam uma maior quantidade de pontos para o empreendimento.
Para que o processo de certificação ocorra, alguns pré-requisitos, cujo
atendimento é obrigatório, são estabelecidos ao início de cada um dos sete critérios de
avaliação. Para efeito da pesquisa, consideraremos que o empreendimento em cheque atende a
todos os pré-requisitos.
A análise será executada por meio da verificação ao atendimento aos requisitos
dispostos em cada crédito. Caso o empreendimento atenda aos requisitos mínimos de cada
crédito, lhe será atribuído a pontuação total do crédito em questão. É válido ressaltar que para
o sistema LEED, não é possível a obtenção parcial de créditos, ou seja, caso um critério tenha
valor de 1 ponto, e o empreendimento não atenda a este critério por completo, o
empreendimento então não poderá pontuará neste critério.
26
Em cada critério de avaliação, alguns documentos, projetos arquitetônicos,
projetos complementares e memoriais descritivos, devem ser consultados para se confirmar o
atendimento aos requisitos.
A forma de apresentação padrão dos créditos se dá através de três tipos de
documentos: declaração padrão LEED – que é um formulário padrão do sistema – plantas e
memoriais descritivos de projetos e sistemas, e cálculos. Como não se teve acesso às
declarações padrão LEED, a apresentação das justificativas para obtenção dos créditos se dará
ao longo desta seção, em conjunto com os documentos complementares.
27
4.
RESULTADOS
Neste capítulo os critérios de avaliação do sistema LEED serão aplicados ao
empreendimento, justificando a obtenção ou não dos pontos. Ao final será preenchida uma
tabela resumo, com a pontuação de cada critério, e o total de pontos obtidos. Por fim, serão
propostas melhorias a serem implementadas no empreendimento para elevação da pontuação
obtida.
4.1
4.1.1
Sustentabilidade do Espaço
Pré-requisito 1 – Prevenção da poluição na atividade da construção
Tem por objetivo a redução da poluição gerada pelas atividades da construção,
através do controle de erosão do solo, sedimentação dos cursos da água e a geração de
poeiras. A confirmação do atendimento ao requisito vem pelo fato de que os padrões locais de
controle de erosão e sedimentação são mais exigentes que a exigência do sistema.
4.1.2
Crédito 1 – Seleção do local do empreendimento
O empreendimento não está implantado em áreas não apropriadas, reduzindo o
impacto ambiental da implantação, atendendo às seis exigências previstas nesta seção.
4.1.3
Crédito 2 – Densidade urbana e conexão com a comunidade
Segue a figura 4.1, contendo foto de satélite ressaltando a localização do
empreendimento com dez serviços básicos listados em um raio de 800m.
28
Legenda:
1: Correios
2: Centro Comercial
9 10
11 12 7 85
6
12
3: Clínica Médica
4: Salão de Beleza
5: Supermercado
6: Restaurante
7: Academia
3
40
8: Farmácia
9: Igreja
10: Escola
11 e 12: Parada Ônibus
Figura 4.1 – Mapa de serviços básicos
Fonte: GOOGLE
4.1.4
Crédito 3 – Remediação de áreas contaminadas
O terreno escolhido para instalação da edificação não apresentava nenhuma
contaminação, portanto, nada foi feito no aspecto de descontaminação do solo.
4.1.5
Crédito 4.1 – Alternativa de transporte, acesso ao transporte público
Observam-se duas paradas de ônibus bastante próximas ao empreendimento. Uma
a 10m e outra a 130m. A figura 4.1 – Mapa de serviços básicos apresentada anteriormente
indica as localizações.
4.1.6
Crédito 4.2 – Alternativa de transporte, bicicletário e vestiário
O empreendimento está equipado com vestiário para funcionários diaristas, mas
embora dispondo de grandes áreas comuns, a instalação de bicicletário não está prevista,
fazendo com que a obtenção da pontuação neste crédito não seja possível.
29
4.1.7
Crédito 4.3 – Alternativa de transporte, uso de veículos de baixa emissão
Não há no estacionamento do empreendimento nenhuma vaga preferencial
demarcada para veículos de baixa emissão, embora existam dez vagas reservas, cujo uso não
foi ainda definido.
4.1.8
Crédito 4.4 – Alternativa de transporte, redução da área de estacionamento
Embora o estacionamento do empreendimento contemple vagas de garagem para
todos os ocupantes, tais demarcações não levam em conta vans e vagas para rodízio de
automóveis e programas que incentivem rodízio entre os moradores.
4.1.9
Crédito 5.1 – Desenvolvimento do espaço, proteção e restauração do habitat
De acordo com os projetos:
- Área do terreno = 16.378,62m²
- Área das edificações = 5.418,55m²
- Área verde = 6.443,15m²
- Área do terreno – área da edificação = 10.960,07m²
Como o empreendimento está localizado em uma área urbanizada, este crédito
pede que se restaure e proteja no mínimo 50% da área do terreno, excluindo a projeção do
edifício, com vegetação nativa e adaptada. A taxa do empreendimento é de 58,79%.
4.1.10 Crédito 5.2 – Desenvolvimento do espaço, maximizar espaços abertos
De acordo com os projetos:
- Requisito de zoneamento local = 16.378,62m² x 30% = 4.913,60m²
- Área a ser acrescida ao zoneamento local = 4.913,60 x 0,25 = 1.228,40m²
- Área mínima de área verde no terreno = 4.913,60 + 1.228,40m² = 6.142,00m²
- Área verde do terreno = 6.443,15m² > 6.142,00m² (mínimo requisitado)
4.1.11 Crédito 6.1 – Controle da enxurrada, controle da quantidade
Não está previsto no empreendimento, um plano de gerenciamento de águas,
visando o controle da quantidade de águas pluviais.
30
4.1.12 Crédito 6.2 – Controle da enxurrada, controle da qualidade
Não está previsto no empreendimento, um plano de gerenciamento de águas,
visando o tratamento de águas pluviais.
4.1.13 Crédito 7.1 – Redução da ilha de calor, áreas cobertas
A pavimentação do térreo do estacionamento do empreendimento, bem como dos
passeios e pista de cooper é de piso intertravado com malha aberta, ou seja, permeável e de
cor cinza claro.
4.1.14 Crédito 7.2 – Redução da ilha de calor, áreas descobertas
Os telhados da edificação são de alumínio natural, atendendo às especificações de
índice de refletância e emitância dos materiais pré-estabelecidos.
4.1.15 Crédito 8 – Redução da poluição luminosa
O empreendimento não dispõe de projeto luminotécnico previamente definido.
4.1.16 Crédito 9 – Guia de projetos e construções sustentáveis para ocupantes
É disponibilizado pela construtora o manual do proprietário e manual do síndico
para cada uma das unidades, contendo informações relevantes em como plantas de estrutura,
instalações e formas de utilização e manutenção do imóvel voltadas a reduzir o consumo de
água e energia.
4.2
4.2.1
Uso racional da água
Pré-requisito 1 – Redução do uso da água em 20%
Objetiva a redução do consumo de água do edifício em 20%, frente ao consumo
médio padrão. O empreendimento teria obrigatoriamente que se adequar a este pré-requisito.
4.2.2
Crédito 1 – Uso eficiente da água no paisagismo
O empreendimento não conta com projeto de irrigação, embora disponha de uma
grande área verde, com plantas de pequeno e grande porte.
31
4.2.3
Crédito 2 – Tecnologias inovadoras para águas servidas
O empreendimento não possui sistema de tratamento de esgoto próprio nem
utiliza louças sanitárias dotadas de tecnologia que venha a reduzir a geração de esgoto, como
por exemplo válvulas de duplo fluxo.
4.2.4
Crédito 3 – Redução do consumo de água
No Brasil, louças e metais sanitários dispostos de tecnologia por pressão ou
temporizador possuem custo elevado, não estando portanto disponíveis em linhas de produtos
mais básicas, como as utilizadas no empreendimento.
4.3
4.3.1
Energia e atmosfera
Pré-requisito 1 – Comissionamento dos sistemas de energia
Objetiva verificar se os sistemas prediais de energia (climatização, iluminação,
água quente e energia limpa) estão instalados, calibrados e desempenhando conforme a
demanda do cliente e do projeto. Para isso, é necessário a elaboração de um plano de
manutenção preventiva, nomeando um profissional responsável para tal, bem como a
definição dos critérios a serem inspecionados, com emissão de relatório final. Segundo o
Manual do Síndico, no empreendimento analisado a verificação deverá ocorrer sob
coordenação do síndico administrador do condomínio, mas este manual não requere a
elaboração de um plano preventivo, tampouco emissão de relatório final.
4.3.2
Pré-requisito 2 – Performance mínima de energia
Estabelece um nível mínimo de eficiência energética para os sistemas prediais
propostos, atendendo às previsões obrigatórias da norma ASHRAE/IESNA Standard 90.12004.
4.3.3
Pré-requisito 3 – Gestão dos gases refrigerantes
Não permite que sejam usados fluidos refrigerantes à base de CFC, nos sistemas
de base de aquecimento, ventilação, ar-condicionado e refrigerantes de projeto. No Brasil,
isso não é permitido desde a assinatura do Protocolo de Montreal.
32
4.3.4
Crédito 1 – Otimização do desempenho no uso de energia
Este crédito não foi avaliado, pois, para sua avaliação, se faz necessário uma
simulação computacional de energia, para demonstrar que o edifício projetado tem
desempenho superior à referência dada pela ASHRAE/IESNA Std. 90.1-2004. Coelho
(Carimbo verde, REVISTA TÉCHNE, edição 155, ano 2010) aponta que a principal
dificuldade enfrentada no processo de certificação é encontrar profissionais capacitados para
fazer simulações de desempenho energético dos prédios a fim de coprovar a eficiência do
edifício. Estão disponíveis softwares gratuitos e pagos, sofisticados e simples, porém, todos
requerem a inserção correta dos dados para que os resultados obtidos sejam confiáveis.
4.3.5
Crédito 2 – Geração local de energias renováveis
Nenhum método de geração de energia local foi projetado para o
empreendimento, mesmo dispondo de grandes áreas comuns.
4.3.6
Crédito 3 – Melhoria no comissionamento
Não há registros oficiais da nomeação de um profissional responsável por
melhorar o comissionamento do empreendimento após o início de sua utilização, bem como
efetuar as revisões e manutenções necessárias. Contudo, no manual do síndico, elaborado e
entregue ao condomínio pela construtora, recomenda-se que tais ações sejam lideradas pelo
síndico do condomínio.
4.3.7
Crédito 4 – Melhoria no uso de gases refrigerantes
Uma vez que o uso de gases refrigerantes possui controle rígido por parte das
autoridades brasileiras, os equipamentos de climatização projetados para o condomínio
seguem as especificações previstas em normas técnicas.
4.3.8
Crédito 5.1 – Medições e verificações
Não está previsto no empreendimento um plano de medições e verificações dos
sistemas de medição.
4.3.9
Crédito 5.2 – Medições e verificações: medição individual
33
O empreendimento conta com medidores individuais de água e esgoto, energia e
gás para cada unidade.
4.3.10 Crédito 6 – Energia verde, mínimo 35% do consumo
O empreendimento não será dotado de nenhuma forma de geração de energia
verde, como eólica ou fotovoltaica.
4.4
4.4.1
Materiais e recursos
Pré-requisito 1 – Depósito e coleta de materiais recicláveis
A coleta seletiva é praticada no pavimento térreo de cada torre, onde há uma área
facilmente acessível para estocagem e segregação de resíduos recicláveis (papel e papelão,
vidros, plásticos e metais).
4.4.2
Crédito 1.1 – Reuso do edifício, manter paredes, forros e coberturas
O empreendimento a ser instalado propõe a demolição completa da edificação
existente, sem aproveitamento algum, com exceção dos muros de demarcação do terreno e
rede de drenagem de águas pluviais, não sendo possível portanto, a pontuação neste crédito.
4.4.3
Crédito 1.2 – Reuso do edifício, manter 50% dos elementos interiores não-estruturais
O empreendimento a ser instalado propõe a demolição completa da edificação
existente, rejeitando aproveitamento inclusive de materiais internos, como pisos, paredes não
estruturais e forros.
4.4.4
Crédito 2 – Gestão de resíduos da construção
Está previsto para a construção do empreendimento, um plano de de
gerenciamento de resíduos da construção civil (PGRCC). Entretanto, neste PGRCC não está
explícito o reaproveitamento e a reciclagem dos resíduos da construção, pois o destino final é
de responsabilidade da empresa responsável pela retirada, transporte e descarrego do material
em local apropriado.
4.4.5
Crédito 3 – Reuso de materiais, no mínimo 5% do custo dos materiais
34
Embora estejam previstos a utilização de alguns materiais reutilizados, devido à
ordem de grandeza do valor do empreendimento, esta taxa não supera os 5% mínimos
necessários.
4.4.6
Crédito 4 – Conteúdo reciclado
Não há previsão registrada da utilização de materiais reciclados (pré ou pós-
consumo).
4.4.7
Crédito 5 – Materiais regionais, extraído, processado e fabricado regionalmente
Os materiais extraídos, processados e fabricados a uma distância de até 804km
não superam os 10% mínimos do custo total de materiais orçados para o projeto.
4.4.8
Crédito 6 – Materiais de rápida renovação, no mínimo 2,5% do total utilizado
Embora estejam previstos a utilização de alguns materiais de rápida renovação,
devido à ordem de grandeza do valor do empreendimento, esta taxa não supera os 2,5%
mínimos necessários.
4.4.9
Crédito 7 – Madeira certificada, no mínimo 50% do custo de madeira total utilizado
A madeira utilizada no empreendimento é certificada em mais de 50% do seu total.
4.5
4.5.1
Qualidade ambiental interna
Pré-requisito 1 – Desempenho mínimo da qualidade do ar interno
As áreas ventiladas de forma natural, atendem às exigências de localização e
tamanho de abertura das janelas, uma vez que o projeto de arquitetura foi aprovado para
construção pela Prefeitura Municipal de Fortaleza.
4.5.2
Pré-requisito 2 – Controle do fumo
É proibido fumar nas áreas comuns do interior do edifício, bem como a vedação
entre as unidades e as áreas comuns está garantida.
4.5.3
Crédito 1 – Monitoramento do ar externo
35
Não está previsto o monitoramento da performance operacional do sistema de
ventilação com ajuste operacional do edifício.
4.5.4
Crédito 2 – Aumento da ventilação
Não há previsão de instalação de um sistema para aumento da ventilação no
interior do edifício.
4.5.5
Crédito 3 – Plano de qualidade do ar, durante a construção
Não está prevista a existência de um plano de gerenciamento de construção QAI
(Qualidade do Ar Interno).
4.5.6
Crédito 4.1 – Materiais de baixa emissão – adesivos e selantes
Todos os adesivos e selantes aplicados na obra atendem às limitações e restrições
que concerne a componentes químicos estabelecidos pelos seguintes padrões: South Coast Air
Quality Management District e Green Seal Standard.
4.5.7
Crédito 4.2 – Materiais de baixa emissão – tintas e vernizes
Todas as tintas e vernizes utilizados na obra atendem às limitações e restrições
que concerne a componentes químicos estabelecidos pelo padrão Green Seal Standard.
4.5.8
Crédito 4.3 – Materiais de baixa emissão – carpetes
O material carpete não será utilizado como pavimentação em nenhum setor do
empreendimento.
4.5.9
Crédito 4.4 – Materiais de baixa emissão – madeiras compostas e agrofibras
Não está previsto o uso de materiais que contenham resina sem adição de uréia-
formaldeído.
4.5.10 Crédito 5 – Controle interno de poluentes e produtos químicos
Este projeto não conta com sistema de entrada, não sendo possível seguir este
crédito.
36
4.5.11 Crédito 6 – Controle de sistemas, conforto térmico
O empreendimento não pode obter este crédito por não contar com sistema
mecânico de ventilação em suas áreas comuns.
4.5.12 Crédito 7 – Conforto térmico, projeto
Todos os apartamentos do edifício são voltados para o nascente e protegidos pela
caixa de elevador e caixa de escada, além da parede do hall social, reduzindo, portanto, o
aquecimento de paredes internas por incidência solar.
4.5.13 Crédito 8.1 – Iluminação natural e paisagem, para 75% dos espaços
As áreas comuns no interior do edifício possuem alvenaria de vedação com altura
de 1,30m, ou estão vedadas por esquadrias de alumínio com vidro, permitindo, portanto, a
entrada de iluminação natural no interior do edifício.
4.5.14 Crédito 8.2 – Iluminação natural e paisagem, para 90% dos espaços
A meta foi atingida no crédito anterior, não sendo suficiente para este crédito.
4.6
4.6.1
Inovação e processos do projeto
Crédito 1.1 a 1.5 – Inovação ou performance exemplar
Não foi encontrado no projeto do empreendimento nenhum item que pudesse
atender ao especificado neste crédito.
4.6.2
Crédito 2 – Profissional acreditado LEED
O empreendimento não conta com a consultoria e o auxílio de nenhum
profissional acreditado LEED.
4.7
4.7.1
Créditos regionais para o Brasil
Crédito 1.1 – Adequação da acessibilidade externa e interna
O acesso à edificação pode ser feito por meio de rampas com inclinação máxima
atendendo à legislação brasileira.
37
4.7.2
Crédito 1.2 – Plano de impacto ambiental do empreendimento
Não há registros da elaboração de um plano deste caráter para o empreendimento.
4.7.3
Crédito 1.3 – Redução do consumo de água – medição setorizada
A medição de água no empreendimento é feito de forma setorizada e individual,
onde cada unidade possui seu próprio medidor.
4.7.4
Crédito 1.4 – Aquecimento solar – redução de 50% ou 100% do consumo
Não há previsão de instalação de sistema de aquecimento solar no
empreendimento.
4.7.5
Crédito 1.5 – Gestão de resíduos da construção – limitar o desperdício
Faz parte do sistema de gestão de obras da construtora responsável pela execução
da obra, o uso de indicadores de desempenho, dentre os quais há um para monitorar a
quantidade de entulho gerados por período. A limitação do desperdício na obra é feita também
por meio do controle de estoque de materiais, pré-calculado para disponibilização do material
no local de trabalho.
4.7.6
Crédito 1.6 – Reuso dos materiais – projetar para o desmonte
Não há registro de projetos para desmobilização futura da obra.
4.8
Checklist do projeto
A partir da análise estratificada de cada crédito realizada anteriormente, é
possível preencher o cheklist representado no Quadro 4.1 a seguir, sintetizando a simulação
do processo de certificação.
38
Quadro 4.1 – Checklist do Projeto
LEED 2009 – C&S
Nome do Projeto: JARDINS RESIDENCE CLUB
Data: SETEMBRO/2010
17 0
S N
S
1
5
0
6
0
0
0
1
1
0
0
1
1
0
1
0 Sustentabilidade do Espaço
?
0
S
S
0
0 Uso racional da água
?
0
N
Pré-Requisito 1
Prevenção da poluição na atividade da construção
Crédito 1
Seleção do terreno
Crédito 2
Densidade urbana e conexão com a comunidade
Crédito 3
Remediação de áreas contaminadas
Crédito 4.1
Alternativa de transporte - Acesso ao transporte público
Crédito 4.2
Alternativa de transporte - Bicicletário e vestiário
Crédito 4.3
Alternativa de transporte - Uso de veículos de baixa emissão
Crédito 4.4
Alternativa de transporte - Redução área de estacionamento
Crédito 5.1
Desenvolvimento do espaço - Proteção e restauração do habitat
Crédito 5.2
Desenvolvimento do espaço - Maximinizar espaços abertos
Crédito 6.1
Controle da enxurrada - Controle da quantidade
Crédito 6.2
controle da enxurrada - Controle da qualidade
Crédito 7.1
Redução da ilha de calor - Áreas cobertas
Crédito 7.2
Redução da ilha de calor - Áreas descobertas
Crédito 8
Redução da poluição luminosa
Crédito 9
Guia de projetos e construção sustentáveis para ocupantes
Pré-Requisito 1
Redução do uso da água em 20%
Crédito 1
Uso eficiente de água no paisagismo
0 Redução de 50%
0 Uso de água não potável ou sem irrigação
0
0
Crédito 2
Tecnologias inovadoras para águas servidas
Crédito 3
Redução do consumo de água
0 30% de redução
0 35% de redução
0 40% de redução
5
S
S
S
S
0
0
N
Pontos Possíveis: 28
0 Energia e atmosfera
?
Pré-Requisito 1
Comissionamento dos sistemas de energia
Pré-Requisito 2
Performance mínima de energia
Pré-Requisito 3
Gestão dos gases refrigerantes
Crédito 1
Otimização do desempenho no uso de energia
1
5
1
6
2
3
2
1
1
1
1
1
1
1
1
Pontos Possíveis: 10
2a4
2
4
2
2a4
2
3
4
Pontos Possíveis: 35
3 a 21
39
Quadro 4.1 – Checklist do Projeto
(Continuação)
LEED 2009 – C&S
Nome do Projeto: JARDINS RESIDENCE CLUB
Data: SETEMBRO/2010
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
1a4
4
2
2
3
3
2
12% Prédios novos ou 8% Prédios reformados
14% Prédios novos ou 10% Prédios reformados
16% Prédios novos ou 12% Prédios reformados
18% Prédios novos ou 14% Prédios reformados
20% Prédios novos ou 16% Prédios reformados
22% Prédios novos ou 18% Prédios reformados
24% Prédios novos ou 20% Prédios reformados
26% Prédios novos ou 22% Prédios reformados
28% Prédios novos ou 24% Prédios reformados
30% Prédios novos ou 26% Prédios reformados
32% Prédios novos ou 28% Prédios reformados
34% Prédios novos ou 30% Prédios reformados
36% Prédios novos ou 32% Prédios reformados
38% Prédios novos ou 34% Prédios reformados
40% Prédios novos ou 36% Prédios reformados
42% Prédios novos ou 38% Prédios reformados
44% Prédios novos ou 40% Prédios reformados
46% Prédios novos ou 42% Prédios reformados
48% Prédios novos ou 44% Prédios reformados
Geração local de energia renovável
Crédito 2
0 1% Energia Renovável
0
2
0
3
0
1
S
S
0
0
N
Crédito 3
Melhoria no comissionamento
Crédito 4
Melhoria no uso gases refrigerantes
Crédito 5.1
Medições e verificações
Crédito 5.2
Medições e verificações: medição individual
Crédito 6
Energia verde - Mínimo 35% do consumo
0 Materiais e recursos
?
Pontos Possíveis: 13
Pré-Requisito 1
Depósito e coleta de materiais recicláveis
Crédito 1.1
Reuso do edifício - Manter paredes, forros e coberturas
0
0
0
0
0
Reuso de 25%
Reuso de 33%
Reuso de 42%
Reuso de 50%
Reuso de 75%
1a5
1
2
3
4
5
40
Quadro 4.1 – Checklist do Projeto
(Continuação)
LEED 2009 – C&S
Nome do Projeto: JARDINS RESIDENCE CLUB
Data: SETEMBRO/2010
0
Crédito 1.2
0
Crédito 2
Reuso do edifício - Manter 50% elementos interiores não estruturais
Gestão de resíduos da
construção
0 Destinar 50% para reuso
0 Destinar 75% para reuso
0
0
Crédito 3
Reuso de materiais - no mínimo 5% do custo dos materiais
Crédito 4
Conteúdo reciclado
0 No mínimo 10% (pos-consumo + ½ pre-consumo)
0 No mínimo 20% (pos-consumo + ½ pre-consumo)
0
Crédito 5
Materiais Regionais, extraído, processado e fabricado regionalmente
0 No mínimo 10% Extraído, Processado e Fabricado Regionalmente
0 No mínimo 20% Extraído, Processado e Fabricado Regionalmente
0
1
5
S
S
S
0
0
0
1
1
0
1
0
0
1
1
0
0
N
0
0
0
0
Crédito 6
Materiais de Rápida renovação, no mínimo 2,5% do total utilizado
Crédito 7
Madeira Certificada, no mínimo 50% custo de madeira total utilizado
0 Qualidade ambiental interna
?
Desempenho mínimo da qualidade do ar interno
Pré-Requisito 2
Controle do fumo
Crédito 1
Monitoramento do Ar Externo
Crédito 2
Aumento da Ventilação
Crédito 3
Plano de Qualidade do Ar, durante a construção
Crédito 4.1
Materiais de baixa emissão, adesivos e selantes
Crédito 4.2
Materiais de baixa emissão, tintas e vernizes
Crédito 4.3
Materiais de baixa emissão, carpetes
Crédito 4.4
Materiais de baixa emissão, madeiras compostas e agrofibras
Crédito 5
Controle interno de poluentes e produtos químicos
Crédito 6
Controle de sistemas, conforto térmico
Crédito 7
Conforto térmico, projeto
Crédito 8.1
Iluminação natural e paisagem, para 75% dos espaços
Crédito 8.2
Iluminação natural e paisagem, para 90% dos espaços
Crédito 1.1
Inovação ou Performance exemplar
Crédito 1.2
Inovação ou Performance exemplar
1a2
1
2
1
1a2
1
2
1a2
1
2
1
1
Pontos Possíveis: 12
Pré-Requisito 1
0 Inovação e processos do projeto
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Pontos Possíveis: 6
1
1
41
Quadro 4.1 – Checklist do Projeto
(Continuação)
LEED 2009 – C&S
Nome do Projeto: JARDINS RESIDENCE CLUB
Data: SETEMBRO/2010
0
0
0
0
3
0
1
0
1
0
1
0
31 0
Crédito 1.3
Inovação ou Performance exemplar
Crédito 1.4
Inovação
Crédito 1.5
Inovação
Crédito 2
Profissional Acreditado LEED®
0 Créditos regionais para o Brasil
1
1
1
1
Pontos Possíveis: 6
Crédito 1.1
Adequação da acessibilidade externa e interna
Crédito 1.2
Plano do impacto ambiental do empreendimento
Crédito 1.3
Redução do consumo de água - medição setorizada
Crédito 1.4
Aquecimento solar - redução de 50% ou 100% do consumo
Crédito 1.5
Gestão de resíduos da construção - limitar o desperdício
Crédito 1.6
Reuso dos materiais - projetar para o desmonte
0 Total
Certificado: 40 a 49 pontos
1
1
1
1
1
1
Pontos Possíveis: 110
Prata: 50 a 59 pontos
Ouro: 60 a 79 pontos
Platina: 80 a 110 pontos
Como a pontuação obtida pelo empreendimento foi menor que o mínimo
necessário, não é possível que este empreendimento com seu projeto original seja certificado
no sistema LEED.
4.9
Melhorias a serem implementadas
Esta seção propõe algumas melhorias que, caso implementadas garantirão a
certificação do empreendimento no sistema LEED. No total, caso aplicadas, as melhorias
somam um total de 16 pontos a serem somados nos pontos obtidos na análise anterior.
4.9.1
Melhorias no critério Espaço Sustentável
A instalação de bicicletário para um mínimo de 15% dos ocupantes do
empreendimento garante a obtenção de 2 pontos;
42
Limitar 5% da capacidade do estacionamento para veículos de baixa emissão e
veículos de baixa eficiência, assegura 3 pontos;
A instalação de energia fotovoltaica e eólica no empreendimento, através da instalação
de aerogeradores e placas captadoras de energia solar, garantem 4 pontos.
4.9.2
Melhorias no critério Uso Racional da Água
O desenvolvimento de um paisagismo com uso eficiente da água, através da escolha
de espécies de plantas que requerem um baixo consumo de irrigação, aliados a um
sistema de irrigação eficiente, com reaproveitamento de água pluviais e
reaproveitamento de águas servidas (recicladas), contribui com 2 pontos;
Instalação de uma estação de tratamento de esgoto, para tratar no mínimo 50% do
esgoto gerado no empreendimento, a padrões terciários de águas servidas, visando a
reutilização desta água pelo sistema de irrigação; 2 pontos;
Optar pelo uso de louças e metais de baixo consumo, como os vasos sanitários com
caixa acoplada de descarga de 3 ou 6 litros, torneiras com acionamento por presença
ou por pressão; 2 pontos.
4.9.3
Melhorias no critério Materiais e Recursos
Incluir no plano de gestão de resíduos sólidos, a reciclagem de materiais provenientes
de embalagens, como caixas de cerâmica, sacos de argamassa, cimento e etc., resíduos
de construção e demolição, como tijolos, argamassas, concretos e etc.; 1 ponto.
43
5.
CONCLUSÃO
A necessidade de certificar ambientalmente empreendimentos da indústria da
construção civil se faz cada vez mais imprescindível. Entretanto, deve-se observar que os
sistemas certificadores devem exigir e avaliar soluções específicas de acordo com normas,
costumes e técnicas construtiva de cada país. O sistema LEED, embora disponibilize uma
quantidade de pontos para particularidades brasileiras, ainda é quase que em sua totalidade
voltado ao atendimento de normas técnicas norte-americanas, fazendo com que alguns itens
da avaliação sejam vistos como inviáveis de se cumprir, ou algumas vezes, sem sentido de
serem avaliados. É válido ressaltar também que o sistema conta com alguns critérios de
complexidades distintas, mas de pontuação semelhante.
A certificação do empreendimento estudado em seu projeto original, não foi
obtida, contudo, observa-se que embora a lista de critérios a se cumprir seja extensa, muitos
são de baixa complexidade. Percebe-se também a grande importância dos arquitetos e
engenheiros projetistas, visto que diversos critérios avaliam especificações e desempenho do
produto.
O sistema LEED conta ainda com alguns critérios que vão contra a tendência de
mercado, ao solicitar redução da área de estacionamento e reuso de paredes, forros e
coberturas dos edifícios existentes.
5.1
Dificuldades observadas
Dentre as dificuldades encontradas para a realização deste trabalho, destacam-se
como as mais relevantes, a dificuldade de acesso às normas técnicas e documentações legais
exigidas para comparativos dos projetos. Também a falta de detalhamento dos projetos
elaborados para execução do empreendimento.
5.2
Sugestões para trabalhos futuros
Como sugestão para trabalhos futuros, recomenda-se a tomada de preços para
implementação das melhorias exigidas pelo sistema, bem como a estimativa financeira das
economias futuras a serem obtidas pelos usuários e a realização de estudos de simulação no
consumo de energia.
44
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45
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