Revista do edição 5 /março /2010 - (Publicação Trimestral) www.hcor.com.br Diagnóstico em tempo real Novo serviço de telemedicina permitirá que todos os eletrocardiogramas realizados nas ambulâncias do SAMU sejam avaliados pelo HCor Cardiologia Pediátrica A importância do diagnóstico precoce das cardiopatias em crianças Como prevenir varizes Doença que atinge 38% da população pode ser evitada com mudança de hábitos Revista do CORAÇÃO e d i t or i a l Avanços no atendimento de emergências cardíacas Q uando uma emergência cardíaca acontece, cada minuto é precioso para salvar a vida do paciente. Na matéria de capa desta edição conversamos com especialistas que dão dicas de como proceder ao presenciar alguma situação de emergência e mostramos também como a tecnologia está ajudando no pronto atendimento dos pacientes. Um dos exemplos é o projeto de Telemedicina, criado em parceria entre o Hospital do Coração e o Ministério da Saúde. Desde o início deste ano, as ambulâncias do Serviço de Atendimento de Urgência e Emergência (SAMU 192) passaram a contar com uma tecnologia de ponta desenvolvida pelo HCor que ajudará a salvar vítimas de doenças cardiovasculares graves, como infarto e arritmia. Nesta edição o leitor poderá conhecer ainda um pouco mais sobre a alimentação indicada para quem pratica algum tipo de atividade física. Especialistas orientam como se alimentar corretamente, garantindo assim um melhor rendimento. E para os pais, a edição traz uma matéria especial com dicas valiosas para o período escolar. Você sabia que o excesso de peso da mochila do seu filho pode causar sérios danos à coluna? Especialistas explicam qual a forma correta de utilizar o acessório para que não atrapalhe o desenvolvimento da criança. Nesta mesma reportagem mostramos também quais cuidados os pais devem ter com relação à escolha correta dos alimentos para o lanche escolar. Outra importante matéria é sobre a cardiopatia em crianças. Cardiologistas dão dicas de como identificar os sintomas destas doenças nas crianças, quais cuidados devem tomar e os tratamentos mais adequados. Esta edição conta ainda com uma entrevista com o cardiologista Dr. Luiz Carlos Bento de Souza, uma avaliação sobre a importância da realização do checkup para prevenção de doenças, dicas para prevenir e tratar as varizes e muito mais. Boa leitura! ÍNDICE Entrevista 4 Dr. Luiz Carlos Bento de Souza A evolução da cirurgia cardíaca Nutrição Qual a dieta ideal para quem pratica atividades físicas 8 Diagnóstico em tempo real 10 Novos recursos para otimizar o tempo de atendimento Cardiologia pediátrica 14 A importância dos exames preventivos na fase fetal Ortopedia 16 Especialista alerta sobre o risco de lesões causadas pelo excesso de peso nas mochilas das crianças Expediente A Revista do Coração é uma publicação trimestral do HCor - Hospital do Coração - Associação do Sanatório Sírio Conselho Diretor: Presidente: Antonio Carlos Kfouri Conselho Editorial: Antoninho P. Rossini, Celso Piva, Dr. Ibraim Pinto, Geraldo DeBrito, Jorge André Bacha dos Santos, Bernardete Weber, Dr. Luiz Henrique de Almeida Mota, Dr. Pedro Mathiasi Neto, Silvana Castellani Jornalista Responsável e Editor: Ronald Nicolau - MTB 23.068 email: [email protected] Coordenação Geral: Gerência de Marketing e Comunicação do HCor Produção Editorial: Target Consultoria em Comunicação Empresarial Tel.: (11) 3063-0477 Redação: Rafael Ernandi, Thaís Souzza e Renata Silva Projeto Gráfico e Direção de Arte: YM Estudio Grafico (11) 3283-5040 e DeBrito Propaganda Tel.: (11) 3897-7444 Fotos: Roberto Loffel Impressão: Stilgraf Associação do Sanatório Sírio - Hospital do Coração Diretora Presidente: Ivone Sallum Maksoud Diretoria do HCor – Hospital do Coração Diretor-Geral: Prof. Dr. Adib Jatene Diretor Clínico: Prof. Dr. Luiz Carlos Bento de Souza Diretor Administrativo: Luciano Joacyr Chuahy Superintendente Corporativo: Antonio Carlos Kfouri Superintendente Médico e de Relações Institucionais: Dr. Luiz Henrique de Almeida Mota Superintendente de Operações: Jorge André Bacha dos Santos Superintendente Assistencial: Bernardete Weber Correspondência: Rua Desembargador Eliseu Guilherme, 147 CEP 04004-030 – Paraíso – São Paulo – SP A/C: Depto. de Marketing Tel.: (11) 3053-6611 www.hcor.com.br e-mails:[email protected] [email protected] do Revista Capa: l) Trimestra o Trim .br licaçã .hcor.com 0 - (Pub www ço /201 o 5 /mar ediçã Varizes Conheça as orientações para prevenir a doença 18 m stico e Diagnómpo real te de serviço Novo permitirá os dicina teleme que todos as rdiogram eletroca lizados nas rea cias do ambulân sejam SAMU HCor os pelo avaliad logia Cardioátrica Pedi ncia do das A importâ precoce nças diagnóstico tias em cria cardiopa ir preven Como varizes da ge 38%ada que atin Doença ão pode ser evit itos populaçmudança de háb com O desafio de resgatar a saúde do coração N o cenário internacional da cirurgia cardíaca, o Brasil sempre obteve lugar de destaque, figurando entre os cinco países com maior experiência nesta especialidade, ao lado de grandes líderes como Estados Unidos, Alemanha, França e Inglaterra. No início dos anos 60, quando a cirurgia começou a se consolidar efetivamente, o país já contava com serviços importantes atuando nessa área e era considerado referência neste tipo de procedimento. A evolução acelerada das técnicas cirúrgicas para tratar uma das doenças de maior incidência no país, com alto índice de mortalidade, motivou o então universitário, Luiz Carlos Bento de Souza, a especializar-se em cirurgia cardíaca. Mesmo cursando medicina na Universidade Federal do Paraná, nos intervalos do ano letivo Dr. Luiz Carlos fazia visitas frequentes a Santos, sua cidade natal, onde acompanhava várias cirurgias realizadas na Santa Casa, um dos hospitais pioneiros em cirurgia cardíaca no país. Após concluir o curso de Medicina em 1963, radicou-se em São Paulo e decidiu trabalhar no antigo Instituto de Cardiologia do Estado de São Paulo, atual Instituto Dante Pazzanese, junto ao Dr. Adib Jatene, que viria a se tornar posteriormente um dos cirurgiões cardíacos de renome internacional. Começava ali uma trajetória de sucesso como integrante de uma respeitada equipe, que já contabiliza mais de 50 mil cirurgias cardíacas realizadas. No início dos anos 70, Dr. Luiz Carlos foi convidado pelo Dr. Jatene para atuar no 4 Março 2010 Hospital do Coração, cuja inauguração ocorreria em dezembro de 1976. Como diretor clínico do HCor, consolidou uma carreira vitoriosa, tornando-se um dos profissionais mais respeitados na especialidade. Com 46 anos de experiência, além de milhares de procedimentos de alta complexidade em adultos e crianças, o currículo do cirurgião ostenta um feito histórico, a realização do primeiro transplante cardiopulmonar da América Latina, em 1985. Nesta entrevista à Revista do Coração, ele faz uma retrospectiva da evolução da cirurgia cardíaca no país e revela o impacto do surgimento de novas tecnologias na especialidade. Revista do Coração - Quais os principais avanços da cirurgia cardíaca nas últimas décadas ? Luiz Carlos Bento de Souza – Houve uma evolução extraordinária na especialidade. No início dos anos 60, a cirurgia cardíaca era considerada agressiva, com grandes incisões no tórax e um pós-operatório complicado. Hoje, dificilmente um paciente operado repetiria as palavras do ex-presidente João Batista Figueiredo após a cirurgia cardíaca que foi submetido em 1983, em Cleveland, afirmando que se sentia como se uma jamanta tivesse passado por cima dele. Agora o cirurgião conta com novas tecnologias que permitem a realização do procedimento com incisões menores, os métodos diagnósticos permitem uma avaliação mais precisa da doença, a anestesia é mais suave e proporciona um controle maior da dor, enfim, há uma Dr. Luiz Carlos Bento de Souza série de recursos que fazem com que tanto a cirurgia quanto a recuperação ocorram de forma menos traumática. R.C. – Houve também uma redução significativa nos riscos dos procedimentos ? L.C.B.S – Com certeza. Naquela época, o cirurgião enfrentava muitas adversidades. Só para se ter uma idéia, nosso arsenal de interpretação da doença era bem limitado, restringia-se ao estetoscópio, um aparelho de medir pressão e, acima de tudo, à expertise do médico. A presença à beira do leito era imprescindível para traçar um diagnóstico. Hoje a tecnologia faz esse acompanhamento com segurança. Há, por exemplo, sistemas modernos de monitorização de sinais vitais que analisam o paciente 24 horas por dia e alertam sobre qualquer alteração. O índice de riscos no tratamento de doenças coronárias variava entre 7 e 8%, hoje fica entre 0,8 e 2%. É claro que para pacientes considerados de alto risco, acima de 80 anos, com outras doenças associadas, que já tenha tido infarto, o risco pode aumentar de forma significativa. Em contrapartida, os pacientes Revista do CORAÇÃO que se preocupam com prevenção e cultivam hábitos saudáveis costumam responder bem melhor às intervenções cirúrgicas. Em relação à recuperação, vale destacar que o pósoperatório também evoluiu muito, além de menos doloroso, hoje o paciente tem alta em aproximadamente 5 a 7 dias, antes demorava pelo menos o dobro do tempo. R.C. – Quais as cirurgias realizadas com mais freqüência ? L.C.B.S. – Atualmente, 95% dos procedimentos são cirurgias coronárias que duram em média de 3 a 4 horas, com colocação de 3, 4 ou mais pontes de safena, correções de cardiopatias congênitas, defeitos de válvulas e aneurismas, entre outros. Os outros 5% são referentes a procedimentos mais simples que são realizados em menos de duas horas. R.C. – Está havendo uma redução no volume de cirurgias cardíacas por conta dos avanços das novas tecnologias ? L.C.B.S. – Sim, houve uma queda. Com a evolução dos procedimentos intervencionistas como a angioplastia, com a colocação de stents farmacológicos, entre outros, muitos problemas foram solucionados sem necessitar de cirurgia. Antes 2/3 dos tratamentos de doenças coronárias eram feitos por meio de cirurgia e 1/3 por angioplastia, atualmente essa proporção se inverteu. Mas vale frisar que a indicação cirúrgica continua sendo imprescindível para o tratamento da doença coronária de apresentação mais complexa, nas doenças das valvas cardíacas, em cardiopatias congênitas na infância, nos aneurismas da aorta, nos transplantes cardíacos, nos distúrbios do ritmo do coração e em várias outras circunstâncias. E N T R E V I S TA A pessoa não pode esperar ter infarto para buscar ajuda médica, pois aí o melhor momento de tratamento já passou. Se conseguir evitar o momento agudo da doença, as perspectivas são muito mais promissoras Independente de qual procedimento seja mais utilizado, acho que o mais importante é o médico saber definir qual a melhor conduta para proteger a saúde do paciente, seja ela clínica, cirúrgica ou intervencionista. R.C. – E em relação à correção de problemas congênitos em crianças, são situações que exigem uma especialização do cirurgião ? L.C.B.S. – Não só do cirurgião, mas de toda equipe que atende a criança, são profissionais especializados para enfrentar situações adversas peculiares às crianças. Trata-se de um procedimento bem mais delicado em todos os aspectos, basta imaginar que você está lidando com um bebê que pesa em torno de 2 quilos, bem diferente de um adulto que pesa entre 70 e 80 quilos. Os procedimentos em recémnascidos exigem dos cirurgiões um alto grau de conhecimento, de experiência, pois a mesma doença pode ter dezenas de variações anatômicas, você se depara com situações muito diferentes a cada procedimento. O HCor tem mais de 30 anos de experiência em cardiologia pediátrica e tornou-se referência justamente por oferecer serviços altamente especializados. Infelizmente, há poucos centros de referência nesta especialidade no país. R.C. – Outra área que inspira preocupação é a de transplantes cardíacos, devido à escassez de órgãos. O projeto do coração artificial pode amenizar esse quadro ? L.C.B.S. – O transplante de coração tornou-se um tratamento de eleição para pacientes que se encontram em estágios terminais de insuficiência cardíaca. Porém, por uma série de razões muitos casos não podem se beneficiar deste tipo de procedimento. Nestes casos há possibilidade de aplicação de dispositivos mecânicos que auxiliam ou substituem o coração. No Instituto Dante Pazzanese, com o apoio do Hospital do Coração, está sendo desenvolvido um projeto de coração artificial que poderá, após sua validação, tornar-se uma solução para muitos pacientes em nosso país. Atualmente, existem milhares de casos que se beneficiariam com este tipo de tratamento. R.C. – Há como evitar o avanço da doença coronariana ? L.C.B.S – Prevenção é a palavra-chave. A pessoa não pode esperar ter infarto para buscar ajuda médica, pois aí o melhor momento de tratamento já passou. Se conseguir evitar o momento agudo da doença, as perspectivas são muito mais promissoras. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor a resposta do paciente. Por isso, a importância de se ter uma vida saudável, com controle da dieta evitando o sobrepeso, prevenir o diabetes e a hipertensão arterial, praticar atividade física rotineira, realizar check-up anual principalmente após os 50 anos e após os 40 anos para os que possuem histórico de doença coronária na família. Quanto ao stress emocional é muito difícil controlar as preocupações com a família e a profissão, mas a recomendação é abrandar os aborrecimentos com o restante. Março 2010 5 Check-up personalizado auxilia na prevenção de doenças Novos módulos de avaliação permitem fazer análises detalhadas de acordo com o perfil de cada paciente I nício de ano é sempre igual. Todos voltam a trabalhar com uma energia renovada e com a esperança de que o ano que está apenas no começo será melhor que o anterior. Não podemos esquecer, porém, que o ritmo de vida nas grandes cidades, como São Paulo por exemplo, é bastante agitado e por isso devemos tomar alguns cuidados especiais para enfrentar a dura rotina com a saúde em dia. A realização do check-up periódico é de extrema importância para detectar de modo precoce pequenas alterações no funcionamento do organismo. O serviço de check-up vem sendo aperfeiçoado ao longo dos anos, com o objetivo de atender a necessidade específica de cada paciente. “A medicina mais inteligente é a preventiva. Ela tem merecido cada vez mais espaço, visto que nos últimos anos os exames têm se tornado menos invasivos e muito mais precisos”, destaca o cardiologista do Hospital do Coração, Dr. César Jardim. O HCor, além dos programas de check-up básico, possui pacotes direcionados para esportistas e no último ano lançou o primeiro check-up neurológico do Brasil. Com uma abordagem diferenciada para avaliar os riscos, além da presença de doenças cérebro-vasculares e disfunções cognitivas, o check-up neurológico tem o objetivo de diagnosticar precocemente as demências vasculares: (corticais e subcorticais); degenerativas, incluindo a doença 6 Março 2010 de Alzheimer, e avaliar os riscos de um acidente vascular cerebral (AVC). A análise é realizada por meio de avaliação neurológica e neuropsicológica e exames como eletroencefalograma com mapeamento cerebral, angioressonância e ressonância nuclear magnética do cérebro e doppler das artérias carótidas e vertebrais. O check-up neurológico possibilita promover, em poucas horas, uma análise clínica e um diagnóstico mais preciso facilitando a escolha da melhor abordagem terapêutica ao paciente. “Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais chances teremos de controlar a evolução de uma possível doença detectada. Em alguns casos é possível até mesmo evitar ou minimizar o risco de AVC”, salienta a Dra. Maristela Costa, neurofisiologista do HCor, que também indica a realização do check-up após os 50 anos. Para os esportistas ou para quem está pensando em iniciar algum tipo de atividade física, o indicado é o Sport Check-up, que oferece a possibilidade de se realizar toda a avaliação em curto espaço de tempo - em apenas seis horas -, o que facilita a rotina de treinamentos e a agenda dos atletas, esportistas e pessoas que pretendem iniciar suas ati- Revista do CORAÇÃO vidades físicas. São disponibilizados ainda os resultados dos exames em CD-Rom. “O programa integra grandes especialidades da instituição: cardiologia, medicina do esporte, ortopedia e diagnóstico. Ele completa as diversas modalidades de avaliação e orientação de esportistas, executivos, atletas amadores e atletas profissionais com os mais modernos conceitos da medicina do esporte”, diz o coordenador clínico do Sport Check-up Dr. Nabil Ghorayeb. “Os exercícios, dependendo do nível de intensidade e de exigência física, desencadeiam uma série de fenômenos metabólicos variados e intensos. Se esse indivíduo tiver alguma doença silenciosa ou inicial, esse exercício possivelmente elevará os riscos de complicações”, completa. O Sport Check-up é dividido em quatro módulos: Start, Practise, Professional e recentemente lançou o módulo Academia. O Start é destinado aos esportistas não assíduos, sedentários e atletas amadores. O Practise é indicado para atletas que praticam esporte com frequência e o Professional é direcionado para atletas profissionais, de alta performance. Lançado em março deste ano, o módulo Academia é voltado para praticantes de atividade física que necessitam de poucos exames e consulta para habilitação à prática de atividades em academias. O serviço também é oferecido a academias que não possuem estrutura para avaliações. “Tendo em mãos uma avaliação completa e fiel das atuais condições físicas de um esportista (iniciantes ou profissionais) ou atleta, poderá contar com uma ferramenta de trabalho fundamental para ajudá-lo a melhorar a sua performance com segurança”, destaca Dr. Ghorayeb. Outro importante avanço nessa área foi a inclusão de um fisiologista na equipe responsável pela aplicação do módulo. O PREVENÇÃO profissional irá orientar o paciente na escolha dos melhores exercícios de acordo com o seu perfil. E para o paciente que não pretende ser um atleta, mas quer ter certeza que a saúde está boa, há o Clinic Check-up, que tem como objetivo prevenir e identificar as patologias que mais incidem em nosso meio. Além de diversos exames diagnósticos, o paciente passa por uma avaliação com o médico fisiatra, que visa a detectar fatores de riscos para dores e lesões. Um exame clínico minucioso realizado pelo fisiatra permite a detecção de alterações posturais e desequilíbrios musculares que podem evoluir para quadros dolorosos e lesões músculo-esqueléticas. Dados do questionário clínico permitem avaliar a qualidade do sono e a postura predominante durante a noite e o dia. Desta avaliação resulta uma orientação quanto às atividades físicas recomendadas e as contraindicadas, além da descrição dos grupos musculares e articulações que necessitam de tratamento ou exercício específico, para utilização dos profissionais da área de Fisioterapia, Ginástica Laboral e Educadores Físicos, além de orientações diretas ao paciente. O check-up conta também com uma visita a uma nutricionista, que avaliará de forma individualizada os hábitos alimentares do paciente, que receberá orientações de como preparar um plano alimentar adequado ao seu perfil. “As orientações nutricionais são de extrema importância, pois é evidente que cada um de nós tem sua parcela de responsabilidade no desenvolvimento das doenças, já que algumas medidas preventivas estão relacionadas diretamente aos nossos hábitos de vida”, ressalta Dr. César Jardim. Jogador Giovanni, do Santos Atletas do Palmeiras, São Paulo e Santos realizam check-up no HCor Nos dias 04 a 09 de janeiro, o Sport Check-up do Hospital do Coração recebeu os jogadores das equipes do Santos, Palmeiras e São Paulo que estiveram no local para a realização de uma avaliação completa para a temporada 2010. Entre os exames de avaliação cardiológica que foram realizados figuram eletrocardiogramas, testes cardiorrespiratórios, ecocardiograma e exames clínicos. Coordenada pelo Dr. Nabil Ghorayeb, médico do esporte e coordenador clínico do Sport Check-up, a equipe formada pelos Drs. Luis Fernando Leite de Barros, Daniel Daher, Gustavo Fonseca e Daniel Santos, supervisionou os procedimentos , concedeu entrevistas e tirou dúvidas da imprensa. Durante a realização dos exames dos atletas no HCor, a imprensa pode acompanhar e fotografar os testes de ecocardiograma e o teste ergométrico de alguns jogadores das equipes. Março 2010 7 Dieta equilibrada impulsiona performance nos esportes Saiba quais são os alimentos ideais para serem consumidos antes, durante e depois da prática de atividades físicas A disposição física está relacionada com o equilíbrio de diversos fatores, dentre eles, uma alimentação saudável. Consumir os alimentos corretos e de maneira balanceada é fundamental para um bom rendimento físico. Alimentar-se corretamente antes dos exercícios pode ser um desafio para os praticantes de atividades físicas. Uma boa recomendação é fazer uma refeição leve, cerca de trinta minutos antes dos exercícios, com alimentos ricos em carboidratos, como por exemplo, pão francês, bolacha de água e sal, ou uma fruta, como banana, maçã ou pera. Essa refeição contribuirá para um bom desempenho, uma vez que depois de consumidos, esses alimentos fornecem glicose que serve como combustível para o corpo, impedindo o organismo de buscar energia nos músculos. Antes da prática esportiva, devem ser evitados alimentos ricos em gordura e fibras, como por exemplo, coxinha, croissant, pão de queijo, granola, barra de cereais e pão integral, pois esses alimentos deixam a digestão mais lenta, o que prejudica o desempenho esportivo. Além de alimentar-se bem antes de qualquer atividade física, lembre-se 8 M oa vr çeom b2r0o1200 0 9 N Revista do CORAÇÃO sempre da hidratação. Durante a prática esportiva é importante consumir bebidas para evitar a desidratação, uma vez que repõem os líquidos e sais minerais perdidos com o suor e ainda fornecem energia para os músculos em movimento. “Água, isotônicos, sucos, água de coco e alimentos como frutas e bolacha de água e sal podem ser consumidos durante os exercícios, desde que com mais de uma hora de duração. Para atividades com até uma hora de duração somente água é suficiente”, ressalta a nutricionista do Hospital do Coração, Camila Gracia. N u t r i ção A nutricionista explica que a alimentação adequada pós-exercício promove a recuperação das reservas energéticas (glicogênio muscular) que foram gastas durante o exercício e fornece substratos (aminoácidos) que contribuem na regeneração e na construção do tecido muscular. “O ideal é combinar um alimento fonte de carboidrato com um alimento fonte de proteína, como, por exemplo, pão com queijo magro (minas, cottage), iogurte magro batido com cereais e frutas ou uma refeição completa, como arroz, feijão, carne magra e salada”, afirma. Camila Gracia acrescenta que o bom rendimento dos exercícios está na maneira correta de alimentar-se antes, durante e após as práticas esportivas. Mas, para orientações específicas a determinada modalidade esportiva o ideal é consultar um nutricionista com formação em esporte para adequar a alimentação aos treinos e objetivos. Isso porque a alimentação muda conforme a modalidade e a intensidade dos treinos. Assim, o ideal é individualizar a alimentação de acordo com as necessidades e objetivos de cada pessoa. Saiba combinar os alimentos que auxiliam o rendimento antes, durante e após as atividades físicas INICIANTES Pré-treino Durante o treino Após o treino 15 a 30 minutos antes: água + 1 FRUTA Exemplos:1 banana, 1 pêra, 1 maçã, 1 laranja, 1 fatia de abacaxi etc. ÁGUA água + Lanche de pão integral com tomate, alface e queijo minas frescal + 1 copo de suco de frutas Pré-treino Durante o treino Após o treino 30 minutos antes: água + Lanche de pão de forma com geléia de framboesa e queijo cottage Água ou bebida esportiva (isotônicos) Água e refeição: Salada de rúcula com tomate cereja e cenoura ralada com azeite, filé de frango grelhado e arroz integral + salada de fruta Pré-treino Durante o treino Após o treino 30 minutos antes Lanche de pão francês com peito de peru e queijo minas frescal + 1 copo de suco natural de frutas ÁGUA ÁGUA E/OU BEBIDAS ESPORTIVAS + A cada 40 minutos de treino 1 sachet de maltodextrina gel OU 1 fruta ou 4 bolachas salgadas tipo água e sal ÁGUA E/OU BEBIDAS ESPORTIVAS + Arroz, feijão, bife magro, salada de folhas e legumes variados, azeite, legumes refogados, doce de banana + suco de frutas natural. ESPORTISTAS ATLETAS Este é um exemplo genérico que pode ser utilizado como uma base para melhora da sua alimentação voltada para a atividade física. Outros alimentos, frutas e refeições podem ser utilizados, que vão variar de acordo com sexo, idade, composição corporal, nível de atividade física e intensidade e freqüência do treinamento. Março 2010 9 A luta contra o tempo no atendimento de emergências cardíacas O atendimento de emergências cardíacas é um dos maiores desafios da medicina. Cada segundo é precioso para tentar evitar um amplo comprometimento das funções do coração. No caso de infarto do miocárdio, por exemplo, se o atendimento for realizado nas primeiras 2 horas há grandes chances de êxito, pois a cada 30 minutos de espera o paciente perde 7% da chance de sobreviver ao evento. “As primeiras horas após o infarto agudo do miocárdio são chamadas de “horas de ouro”. Diagnosticar rapidamente um caso de infarto pode propiciar a chance do atendimento e tratamento mais adequado já começarem durante o transporte para o hospital ou ainda na casa do paciente. Em caso de arritmias, muitas vezes choques (cardioversão elétrica) ou medicamentos podem reverter rapidamente o quadro evitando a chance de maior gravidade”, destaca o cardiologista do Hospital do Coração, Dr. Hélio Penna Guimarães. Os avanços na tecnologia são aliados para o diagnóstico precoce, o que aumenta as possibilidades de sobrevida do paciente. Uma das primeiras experiências de transmissão do eletrocardiograma em nosso país foi realizada no HCor em 1983 pelo Dr. Décio Kormann e Dr. José Carlos Pachón utilizando inicialmente um aparelho trazido dos EUA e posteriormente um aparelho fabricado em nosso meio. A tecnologia não era digital e apesar das limitações da telefonia analógica foi possível transmitir o eletrocardiograma por meio de telefonia 10 Março 2010 Revista do CORAÇÃO convencional. Os primeiros testes foram realizados com sucesso entre Manaus e São Paulo. Infelizmente, devido às limitações do sistema telefônico da época o sistema não prosperou. No mês de janeiro, o Ministério da Saúde, em parceria com o HCor - Hospital do Coração, deu um importante passo para agilizar os atendimentos de emergências com o lançamento do Sistema de Tele-Eletrocardiografia digital, que está sendo implantado nas ambulâncias do Serviço de Atendimento de Urgência e Emergência (SAMU 192) de todo território nacional. Boa parte das ambulâncias do SAMU já estão equipadas com um pequeno aparelho (tele-eletrocardiógrafo digital portátil) capaz de transmitir o eletrocardiograma via telefonia celular (fornecido para cada ambulância) ou mesmo por telefone fixo. O exame realizado no paciente em sua residência ou na ambulância é transmitido para a internet e analisado na central de Telemedicina do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo. O laudo retorna para a ambulância de origem. Todo esse processo dura, em média, cinco minutos. A central dispõe de 16 médicos para a leitura dos eletrocardiogramas do SAMU 24 horas por dia. Além disso, o médico que está atendendo o paciente pode discutir o caso com os especialistas de apoio no HCor. O trabalho é realizado ininterruptamente e em tempo real. “O Tele-eletrocardiograma pode ser utilizado em qualquer paciente que seja atendido em uma ambulância do SAMU, porém, sua utilidade maior está relacionada com pacientes que apresentam sintomas que sugerem problemas cardíacos, como dor no peito, parada cardíaca, desmaio, palpitações e outros. Nestas condições, estes pacientes sempre teriam que ser encaminhados para um hospital de referência cardiológico, e o diagnóstico real só poderia ser identificado após a chegada do paciente, mesmo que não fosse um problema cardíaco real. Desta forma, havia uma sobrecarga de atendimentos nesses serviços pois to- mat é r i a d e capa dos os “suspeitos” de cardiopatia tinham que ser encaminhados para esses centros. Fazendose um tele-eletro no momento que o paciente é colocado na ambulância, além de antecipar em muitos minutos o diagnóstico, podendo iniciar o tratamento durante o transporte, os casos não cardiológicos podem ser direcionados para outros centros, evitando o excesso de atendimentos nos hospitais de referência”, explica o cardiologista do HCor, Dr. Enrique Pachón, coordenador do projeto. O projeto é uma parceria entre o Ministério da Saúde e HCor, que detém a tecnologia digital, e faz parte da iniciativa Hospitais de Excelência a serviço do SUS, lançado pelo governo federal em 2008. “Quanto mais rápido uma pessoa que sofre infarto for atendida, maior a chance de ela sobreviver sem complicações graves. Essa tecnologia de ponta disponível no SUS permitirá que a população mais carente tenha maior acesso a cardiologistas de referência do país”, afirma o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Os benefícios diretos dessa tecnologia são a redução do tempo de atendimento, a análise mais apurada do quadro do paciente e a realização de uma triagem ainda na casa da pessoa ou na ambulância, para o encaminhamento mais ágil ao chegar a um hospital. “A tecnologia vai qualificar a assistência prestada pelos SAMUs e ajudar a salvar vidas. É com muita satisfação que o HCor disponibiliza sua tecnologia de ponta e a reconhecida capacitação dos profissionais para auxiliar no programa de atenção às urgência e emergências do SUS”, afirma o superintendente médico e de Relações Institucionais do HCor, Dr. Luiz Henrique de Almeida Mota. Diagnóstico em tempo real Alguns países da Europa, como a Itália, utilizam tecnologias a distância para acelerar o tratamento de pessoas cardíacas. A revista científica Cardiovasc Med (Hagerstown) divulgou, em 2008, que os pacientes atendidos com o apoio de um sistema de tele-eletrocardiograma reduziu de 148 para 81 minutos o tempo total de atendimento. Outra publicação científica Am J Cardiol informou que, na Dinamarca, o tempo para encaminhar o tratamento adequado foi reduzido de 127 para 74 minutos. O serviço também vai melhorar a gestão do atendimento na rede hospitalar do SUS. Março 2010 11 Revista do CORAÇÃO mat é r i a d e capa Como funciona o Sistema de Tele-Eletrocardiograma Digital 1.O médico ou o enfermeiro conecta os eletrodos no peito do paciente; 2.O tele-eletrocardiógrafo (aparelho decodificador digital portátil) capta e grava a frequência cardíaca do paciente em apenas dez segundos; 3.O profissional de saúde entra em contato com a Central do HCor por um telefone 0800 e informa os dados do paciente, como nome completo, RG, data de nascimento, antecedentes e sintomas; 4.Repassadas essas informações, o atendente do HCor dá o OK para a transmissão do eletrocardiograma. O exame gravado no aparelho portátil é decodificado em sinais sonoros e transmitido ao HCor por um celular (smartphone), aparelho que permite a transferência de dados em alta velocidade; 5.A Central recebe os sinais, que são decodificados para o traçado do eletrocardiograma, no computador. O tempo total estimado do trâmite é, em média, de cinco minutos; 6.Os cardiologistas do HCor analisam o exame, elaboram o diagnóstico e o enviam com sugestões de tratamento adequado; 7.O profissional de saúde, que está na casa do paciente ou na ambulância, recebe a informação em formato de mensagem de e-mail. O laudo também é repassado automaticamente para o médico da central de regulação do SAMU local; 8.Pela tela do celular, é possível visualizar o traçado do eletrocardiograma e todas as outras informações sobre o tratamento do paciente. O sistema digital permite o aumento da amplitude do traçado em até 4 vezes; 9.Se achar necessário, o profissional de saúde pode retornar a ligação para o HCor. O médico do hospital estará disponível para discutir e sugerir condutas baseadas em evidências científicas. Todos os dados são arquivados em bancos de dados com sigilo e segurança, conforme recomendações internacionais e do Conselho Federal de Medicina. Muitos pacientes que apresentam dor no peito não têm necessariamente doença cardiovascular ou não precisam ser internados. Nos Estados Unidos, a ausência de triagem correta é responsável por cerca de cinco a oito bilhões de dólares de gastos desnecessários por ano. O diagnóstico eficiente pode evitar que essas pessoas sejam hospitalizadas desnecessariamente. Emergências cardíacas ocorrem quando menos se espera e se uma pessoa próxima à vítima tiver a orientação correta, as chances de salvá-la aumentam expressivamente. Mas nem sempre é permitido o contato com a vítima, bem como removê-la de lugar ou mesmo fazer uma massagem cardíaca. Em alguns casos, quando o socorro não é feito da forma correta, a vítima pode ter lesões ou mesmo sequelas irreversíveis. 12 Março 2010 Revista do CORAÇÃO mat é r i a d e capa Primeiros Socorros Há diferentes formas de salvar uma vida com a orientação de primeiros socorros. “Dependendo do caso, somente pessoas com a devida especialização poderão socorrer o paciente e realizar manobras corretas. É o caso de um pequeno curativo e o auxílio da vítima até o pronto socorro mais próximo”, explica o enfermeiro do Cetes/HCor, Antônio Cláudio de Oliveira. Em casos de parada cardíaca em local público, o indicado é acionar o serviço de socorro (Bombeiro ou SAMU) e iniciar as compressões torácicas imediatamente. A massagem cardíaca deve ser feita até a chegada do serviço de atendimento pré-hospitalar. Em locais públicos como shopping’s, por exemplo, há presença do equipamento que proporciona o choque nestes pacientes com parada cardíaca, e os profissionias que trabalham nestes locais devem ter o treinamento para utilizar o desfibrilador caso seja necessário. Porém, é sempre recomendável acionar o serviço de uma equipe do bombeiro, que possui toda estrutura e profissionais para atender a vitima adequadamente. “A melhor ajuda que uma pessoa sem experiência pode prestar é solicitar o auxílio do serviço de emergência especializado da cidade”, alerta o enfermeiro. Em casos de indivíduos inconscientes, somente uma pessoa devidamente treinada tem condições de avaliar e realizar procedimentos de ressuscitação cardíaca se for o caso. “Pode ser que no momento a vítima precise de ressuscitação cardíaca, pois somente a respiração artificial não resultará no retorno da respiração normal”, esclarece Oliveira. No Cetes/ HCor - Centro de Ensino, Treinamento e Simulação do Hospital do Coração - são oferecidos cursos para o público leigo, ou seja, pessoas que não tem formação na área da saúde, mas se interessam em aprender técnicas de primeiros socorros. “Temos o curso chamado Salva Corações, que ensina manobras de reanimação cardíaca e utilização de desfibrilador automático, além do curso de primeiros socorros que ensina manobras básicas de imobilização, estancamento de sangramento, entre outras ações”, orienta o enfermeiro. Primeiros Socorros Como proceder: 1 •Determine a consciência do paciente. 3 •Incline a cabeça da vítima para desobstruir as vias aéreas e verificar se está respirando. 2 •Se estiver inconsciente, ligue para o serviço de emergência da sua cidade (Bombeiros / SAMU) 4 •Inicie a massagem cardíaca até a chegada do serviço médico. Espalme a planta da mão sobre o tórax da vítima. Imediatamente sobreponha uma mão na sobre a outra e com os braços bem esticados comprima o tórax da vítima numa frequencia de aproximadamente 100 compressões por minuto. Em adulto a força aplicada deve comprimir aproximadamente 4 a 5 cm. Os dedos das mãos não devem tocar as costelas, para evitar fratura das mesmas. Março 2010 13 A importância do diagnóstico precoce das cardiopatias em crianças G eralmente associamos doenças cardíacas a pessoas da terceira idade, porém elas acometem também as crianças. Cuidar do coração destes pequenos pacientes é tarefa que começa antes mesmo do nascimento. As patologias do coração, as cardiopatias, têm incidência infantil significativa, atingindo de 5 a 8 crianças a cada mil nascidas. De acordo com a chefe do serviço de Cardiopediatria do Hospital do Coração, Dra. Ieda Jatene, essa estatística não aumentou nos últimos anos, porém mais casos foram identificados por conta da facilidade de detecção por 14 Março 2010 meio dos evoluídos métodos de diagnósticos. Embora sejam complexas, essas cardiopatias dispõem de terapêuticas avançadas e elevadas chances de cura ou mesmo de tratamentos paliativos que permitem a convivência pacífica com a doença. As cardiopatias são divididas em dois tipos: as congênitas e as adquiridas. As congênitas são malformações ocorridas ainda no embrião, fazendo com que a criança já nasça com a doença. Já a adquirida se manifesta em algum momento da vida da criança. Um dos fatores de risco para o desenvolvi- mento da cardiopatia congênita é a herança genética. Pais e mães portadores de cardiopatias congênitas apresentam uma chance duas vezes maior de gerar um bebê cardiopata. “O mesmo ocorre quando o casal já gerou um bebê com malformação cardíaca. Alguns cardiopatas, em particular, têm uma chance de recorrência ainda maior, chegando até 10% em gestações subsequentes”, destaca a cardiologista fetal do Hospital do Coração, Dra. Simone Pedra. Não há formas de prevenir a doença, porém, algumas mudanças comportamentais podem ajudar para o bom desenvolvimento do Revista do CORAÇÃO bebê. Antes de engravidar, a mulher deve procurar um médico para ver se seu estado de saúde está bem e iniciar a ingestão diária de uma vitamina chamada “ácido fólico”, que deve ser receitada pelo especialista. “A deficiência dessa vitamina pode ser um fator desencadeador de d i A G N Ó S TI C O s Embora sejam complexas, essas cardiopatias dispõem de terapêuticas avançadas e elevadas chances de cura ou mesmo de tratamentos paliativos que permitem a convivência pacífica com a doença Após os procedimentos, a criança passa por um acompanhamento pós-operatório, que depende muito do tratamento ao qual a criança foi submetida. “Na grande maioria dos casos há necessidades de seguimento periódico com cardiologista pediátrico, sendo que muitas vezes este é feito para o resto da vida. Alguns casos necessitam de pelo menos 3 estágios cirúrgicos requerendo um acompanhamento médico mais de perto”, destaca Dra. Simone. Sintomas das cardiopatias em crianças malformações cardíacas e do sistema nervoso central do feto”, ressalta Dra. Simone. Além do acompanhamento médico, a grávida deve adotar uma alimentação saudável, abolir o fumo, as bebidas alcoólicas e o consumo de medicamentos sem o conhecimento do seu especialista. As cardiopatias congênitas podem ser detectadas ainda na vida fetal. Durante a gestação alguns exames facilitam a detecção da doença. Por meio de um exame de ultrassom é possível rastrear alguma má formação no coração da criança. Quando há a suspeita de alguma anormalidade é realizado então um ecocardiograma do coração do feto, que permite avaliar e detectar detalhadamente anormalidades estruturais e da função do coração. Os pais devem ficar atentos a alguns sintomas que a criança pode apresentar, como cansaço ao mamar, dificuldade em ganhar peso e manchas roxas pelo corpo. “Ao aparecer qualquer um desses sintomas os pais devem procurar o pediatra, que solicitará os exames necessários e encaminhará a criança para atendimento cardiológico especializado”, ressalta Dra. Ieda. O tratamento da doença pode variar, de acordo com o diagnóstico. De acordo com a Dra. Simone, o tratamento geralmente é feito pela cirurgia ou pelo cateterismo cardíaco. O cateterismo trata os defeitos mais simples. Já a cirurgia corrige os defeitos mais complexos em que é necessário extrair pedaços de tecido em excesso ou reduzir o vazamento de válvulas cardíacas. “O cateterismo é um método de tratamento menos invasivo que a cirurgia, uma vez que não há a necessidade da abertura do tórax, sendo que o coração é abordado por um catéter que é introduzido no corpo pela virilha”, afirma. As cardiopatias congênitas podem se manifestar clinicamente de duas maneiras: •Cianose, situação caracterizada por arroxeamento das extremidades e lábios. Por vezes, a cianose piora subitamente evoluindo para uma situação clínica chamada de Crise de Hipoxia, em que a criança assume uma coloração totalmente arroxeada. Outras cardiopatias se manifestam com sintomas de insuficiência cardíaca caracterizados por cansaço, interrupção às mamadas, respiração rápida, sudorese excessiva e baixo ganho de peso. •A crise de hipóxia é uma emergência médica. Por isso, se a criança apresentar este sintoma os pais devem se dirigir rapidamente para o pronto socorro pediátrico mais próximo. Quando os pais observam os sinais de insuficiência cardíaca descritos acima, eles devem procurar o cardiologista pediátrico que irá prescrever medicações e programar o tratamento definitivo e apropriado seja pela cirurgia cardíaca ou cateterismo cardíaco. Março 2010 15 O risco do excesso de peso nas mochilas Ortopedista recomenda que o volume carregado nunca ultrapasse 10% do peso da criança O período de volta às aulas é uma fase que sempre gera apreensão nos pais. A adaptação da criança com a nova turma, a qualidade do ensino e o desempenho no aprendizado são alguns fatores que merecem atenção especial. Mas há uma preocupação crescente entre os ortopedistas que vem passando despercebida pela grande maioria dos pais: o peso das mochilas. Será que o volume carregado está adequado à estrutura física do aluno? A julgar pelos relatos colhidos nos consultórios, o excesso de peso nas mochilas da garotada tem impulsionado expressivamente a incidência de problemas ortopédicos. “O uso contínuo de mochilas inadequadas pode ocasionar lesões nas cos- 16 Março 2010 tas, devido à sobrecarga muscular, nos ombros, pela postura e peso, nos joelhos e até nas pernas, quando o peso é muito grande ou mal distribuído. Além disso, as crianças podem sofrer danos na coluna vertebral ao carregar uma mochila muito pesada, pois o peso pode afetar as articulações, influindo no desenvolvimento”, explica o ortopedista do HCor, Dr. Rogério Olivi. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 85% das pessoas têm, tiveram ou ainda terão dores nas costas provocadas por algum tipo de problema de coluna. Essas lesões podem ter sua origem nas mochilas que carregaram durante sua vida escolar. A coluna vertebral das crianças e adolescentes em fase escolar está em estágio de crescimento e necessi- ta de condições apropriadas para que seu desenvolvimento ocorra de forma correta. Para evitar problemas, os pais devem observar que o tamanho das mochilas deve ser proporcional às dimensões do tronco da criança, isto é, obedecer à altura e largura das costas. “Os modelos nunca devem ser mais largos ou compridos que as medidas do tronco. Em relação ao peso, geralmente não devem ultrapassar 10% do peso da criança. Não é recomendável que tenham alças únicas, como por exemplo, modelo tiracolo ou que transpasse o tórax”, afirma Dr. Olivi. Antes de comprar a mochila, os pais devem ficar atentos se o produto corresponde às necessidades do filho. Revista do CORAÇÃO Na compra, observe se o modelo tem alças que prendem no ombro, de maneira justa, e não apertada, além disso dê preferência para mochilas quem tenham uma tira compensatória, que prende ao nível da cintura, pois esses modelos distribuem melhor o peso da mochila. “Os modelos mais adequados são os que possam comportar o material didático de maneira uniforme, isto é, distribuído em toda a sua área e não somente na parte inferior”, destaca o ortopedista. Para evitar o excesso de peso, provocado em grande parte pelas listas de materiais escolares cada vez mais extensas, muitos pais preferem que os filhos usem mochila com rodinhas. Entretanto, vale ressaltar que a alça do carrinho tem que ter a altura adequada para a criança e o peso também não pode ultrapassar a porcentagem recomendada, caso contrário o esforço que é feito causa lesões tão sérias quanto ao carregar nas costas. É importante que os pais observem se o que o filho leva na mochila é realmente essencial para as tarefas daquele dia. “Os pais e as escolas devem, quando existir um material de transporte muito grande, procurar fórmulas de dividir as matérias para que não se tenha que transportar na mochila todo o material. Outra solução interessante é deixar na escola, guardado em armários individuais, o material que não é utilizado diariamente”, afirma o Dr. Olivi. Ao primeiro sinal de dor ou reclamação do filho, os pais devem levá-lo ao médico especialista para uma melhor avaliação. d I C A S M ÉDI C A S Lanche saudável O início das aulas traz também um outro desafio para as mães: como preparar um lanche saudável e ao mesmo tempo atrativo para os filhos ? Como a maioria das crianças adora uma guloseima e faz cara feia na hora de comer frutas, legumes e verduras, a tarefa se torna ainda mais difícil. A criança que tem uma boa alimentação, contendo todos os nutrientes na quantidade adequada, brinca mais, aprende com mais facilidade na escola, cresce e se desenvolve melhor. A nutricionista do HCor, Rosana Perim, explica que o lanche deve ser variado e balanceado, para permitir que a alimentação seja mais divertida e gostosa. Comer com moderação, sem proibições, é perfeitamente possível, desde que haja orientação dos especialistas. Veja as dicas da nutricionista para evitar a monotonia e variar o máximo possível as opções de lanches e as cores para que a criança sinta prazer na hora de se alimentar. O que comer: •Coloque sempre uma fruta no lanche, como por exemplo, banana, maça, uva, pois são fontes de vitaminas, minerais e fibras; •Não esqueça da opção de um carboidrato, pois são responsáveis pela energia. Alterne: pães integrais, pão tipo bisnaga, barra de cereais, biscoitos integrais e bolos sem recheio. •Prefira as geléias de frutas e queijo tipo petit suisse para passar no pão por não precisarem de refrigeração; O que evitar: •Evite os biscoitos recheados e tipo waffle, pois contém maior teor de gorduras. Quando a criança quiser biscoitos, não coloque o pacote inteiro, evitando assim um consumo maior de calorias; •Evite os salgados fritos e folhados. Prefira os assados, pois são menos calóricos e gordurosos; •As bebidas com achocolatados possuem muita gordura e açúcar. Evite colocá-los todos os dias no lanche, alterne com suco de frutas, água de coco e chás. Março 2010 17 P r e v e nção Revista do CORAÇÃO Cuidados com a circulação ajudam a prevenir varizes Saiba como prevenir e tratar esta doença que afeta 38% da população brasileira S ensação de pernas pesadas, dores, queimação, cansaço e edemas ao redor do tornozelo. Esses são alguns sintomas das varizes, problema que afeta 38% da população brasileira, sendo que a incidência em mulheres é maior do que no homem, ou seja, para cada 2 homens com varizes teremos 5 mulheres. A explicação pode estar nas alterações hormonais pertinentes às mulheres, e, principalmente, nas gestações, quando o aumento do útero dificulta o retorno do sangue venoso. As varizes aparecem quando as válvulas venosas - por onde o sangue retorna das extremidades do corpo para o coração - perdem a elasticidade e dilatam de modo a não conseguir mais cumprir sua função. O sangue passa, então, a refluir, o que provoca mais dilatação e refluxo, levando à formação de varizes. “Uma vez dilatadas, sua função fica comprometida e pode levar a sintomas como dor, cansaço, inchaço, peso nas pernas e cãibras, devido à retenção do sangue nestas veias com dilatação. Além destes sintomas, o paciente tem também um desconforto estético”, explica o cirurgião vascular do HCor, Gilberto Narchi Rabahie. 18 Março 2010 Além da tendência genética, os motivos principais para a ocorrência de varizes são excesso de peso, gestações e o uso de anticoncepcionais, bem como terapias de reposição hormonal e algumas atividades de trabalho que demandam longos períodos em pé ou sentado. A hereditariedade é apontada como fator preponderante para o aparecimento do problema, pois a pessoa já nasce com maior propensão de dilatação das veias. O tratamento das varizes é fundamental, não somente para a melhora estética e dos sintomas, mas principalmente para evitar maiores complicações. “Hoje, existem as mais modernas tecnologias como o Laser Vascular, que torna a cirurgia de correção de varizes menos invasiva. Na cirurgia com Laser as veias não são removidas, mas cauterizadas, trazendo benefícios como redução do trauma cirúrgico, proporcionando excelente recuperação pósoperatória e o retorno às atividades habituais é mais precoce do que a técnica convencional”, afirma o Dr. Rabahie. O procedimento correto para quem tem varizes é procurar um cirurgião vascular, para diagnosticar qual é o melhor tratamento in- dicado. Caso haja alguma contra-indicação ao procedimento cirúrgico, medidas paliativas podem ser aplicadas como uso de meias elásticas compressivas e medicações que melhorem o retorno venoso. As meias elásticas são uma ótima iniciativa pois servem para diminuir os sintomas e o inchaço. Alívio para as pernas •Evite excesso de peso, adotando uma alimentação equilibrada; •Antes de começar um tratamento com pílula anticoncepcional, consulte um médico e peça mais explicações; •Não fique o dia inteiro na mesma posição. Se for inevitável, levante e ande, isso irá ajudar a liberar e estimular a circulação sanguínea; •Tenha cuidado com exercícios como a musculação ou a aeróbica de alto impacto, porque provocam uma maior tensão nos vasos e, por consequência, a sua dilatação; •Sempre que possível, deite-se com as pernas elevadas, para favorecer o retorno venoso, já que os pés ficarão mais altos que o coração; •Use meias elásticas; •Jamais trate as varizes sem o acompanhamento de um cirurgião vascular. Revista do CORAÇÃO N O TA S Hospital do Coração conquista Reacreditação Internacional de Qualidade O Hospital do Coração foi auditado mais uma vez por especialistas da JCI - Joint Commission Internacional - um dos mais importantes certificados de qualidade e segurança do país representada no Brasil pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) e obteve o certificado de reacreditação com conformidade total em 98,33% dos 1138 elementos de mensuração, atendendo padrões de qualidade com foco no paciente e na gestão. A certificação é a garantia de que o paciente está sendo atendido por uma instituição que segue os padrões de segurança internacionais. Acreditado pela primeira vez em 2006, o método segue as normas internacionais e recomendam uma maior interação dos pacientes nas Instituições de saúde, com discussões mais amplas sobre diagnósticos e tratamentos, rígida segurança dos procedimentos e humanização contínua de todos os processos. “Este grau de eficiência é possível graças à experiência profissional e qualificação das equipes que trabalham de forma integrada e participativa, capaz de executar suas funções com a qualidade e segurança que caracterizam o cuidado integrado ao paciente. Essa certificação reafirma a posição da instituição entre os melhores hospitais do país e do mundo”, explica a Superintendente Assistencial do HCor, Bernardete Weber. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu programas que permitem reduzir riscos à saúde utilizando recursos de segurança, muito simples como evitar quedas, lavar as mãos, verificar a administração de medicamentos, uso correto da tecnologia, entre outras ações que podem aumentar a segurança dos pacientes. A segurança, portanto, está diretamente associada à qualidade da gestão hospitalar que proporciona uma equipe muito bem preparada, com foco no paciente e na família aliado a um ambiente com recursos necessários para oferecer o tratamento correto e um relacionamento digno e respeitoso em um ambiente acolhedor e confortável. “Além dos colaboradores, todas as áreas do hospital passaram pelo crivo dos agentes da reacreditação nos últimos meses. Alguns padrões, considerados fundamentais, foram reavaliados e aprimorados constantemente no HCor, entre eles, melhoria da qualidade e segurança do paciente, educação e qualificação de profissionais, gerenciamento do ambiente hospitalar, segurança e da informação, entre outros”, esclarece a Superintendente. Março 2010 19 DeBRITO Responsável técnico: Dr. J.Eduardo M. R. Sousa – CRM 8474 O seu coração não para um minuto sequer. Faça o mesmo por ele, praticando uma atividade física. O primeiro passo é procurar um médico. O HCor é reconhecido como um dos mais avançados hospitais, e conta com um centro de medicina esportiva que oferece programas completos de avaliação médica e um centro de diagnósticos de última geração. O Sport Check-up tem uma equipe altamente capacitada de cardiologistas, ortopedistas, nutricionistas e fisiologistas para atender de não praticantes até esportistas, atletas profissionais e frequentadores de academia. O HCor ainda disponibiliza o Clinic Check-up e o Check-up Neurológico. Ter uma alimentação saudável, não fumar e praticar atividades físicas só melhoram a qualidade de vida. Faça um bem ao seu coração, coloque a preguiça para correr. O HCor faz bem para o coração. Faça você também. Certificado pela Joint Commission International Padrão Internacional de qualidade em atendimento médico e hospitalar. Tel.: (11) 3053 6611 - www.hcor.com.br