CO-EDUCAÇÃO NO GINÁSIO LAGUNENSE NAS

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CO-EDUCAÇÃO NO GINÁSIO LAGUNENSE NAS DÉCADAS
DE 1930 E 1940: AVANÇOS E LIMITAÇÕES
Norberto Dallabrida/UDESC
O painel esculpido em madeira da primeira turma de bacharéis do Ginásio
Lagunense, afixado na atual Escola de Ensino Médio Almirante Lamego, em Laguna (Santa
Catarina), relaciona apenas uma aluna, Elza Cabral Pinho. Ela não participou da sessão de
formatura, realizada em 27 de novembro de 1937, porque “ficou de segunda época” por um
décimo em uma disciplina que lhe escapa da memória. No início do ano seguinte, realizou o
exame de recuperação e foi aprovada, passando a ter a condição de bacharel. A primeira turma
de formandos do Ginásio Lagunense poderia ter tido três moças, mas duas abandonaram os
estudos e Elza Cabral Pinho foi a única mulher que concluiu o curso ginasial (VARELA,
2004. p.9-14). Nas turmas posteriores de formandos do Ginásio Lagunense, o número de
mulheres cresceu, representando em torno de um terço do número de alunos concluintes.
Constata-se que o Ginásio Lagunense praticava a educação mista, permitindo o acesso à
escolarização média para adolescentes do sexo feminino e masculino.
O presente trabalho procura compreender os avanços implementados no Ginásio
Lagunense no tocante à co-educação nas década de 30 e 40 do século XX, mas também intenta
constatar as desigualdade entre ginasianas e ginasianos nas práticas educativas. Trata-se de um
estudo que procura colocar o foco sobre a educação mista num momento histórico em que a
inclusão de mulheres na escolarização secundária era bastante restrita e a divisão social de
gêneros era reconstruída pelos estados totalitários europeus, bem como pelo Estado Novo no
Brasil. Essa pesquisa utiliza fontes escritas avulsas produzidas pelo próprio Ginásio
Lagunense, matérias de jornais de circulação regional, como “O Albor” e “Sul do Estado”,
editados em Laguna, e algumas memórias escritas por alunos egressos. Apoia-se
especialmente em depoimentos de ex-alunos, de forma que contemple relatos de mulheres e de
homens de modo equitativo, que respondam à questão da prática da co-educação e seus limites
no Ginásio Lagunense.
Os estudos histórico-sociológicos de Varela (1997), Bourdieu (1999) e Scott
(1995) são de grande valia na presente investigação, pelo fato de mostrarem a construção
histórica da exclusão social das mulheres, que contou com a atuação efetiva de escolas e
colégios. Entende-se que as instituições escolares contribuem para a construção da
desigualdade de gênero por meio de diversificados dispositivos curriculares. Os processos de
escolarização moderna no Ocidente, inicialmente promovidos pela igrejas cristãs em
concorrência e depois apropriados e implementados pelo Estado, foram transversalizados
pelos gêneros e contribuíram, até bem pouco tempo, para dividir meninos e meninas (LOURO,
1997). Grosso modo, até a década de 1960, os colégios de ensino secundário eram divididos
por gêneros, sendo a maioria destinada aos meninos/moços, com o intuito de prepará-los para
ingressar nas instituições de ensino superior e fazer carreira na vida pública.
Em Santa Catarina pode-se verificar o direcionamento dos colégios de ensino
secundário para o gênero masculino. No período imperial, os intermitentes institutos de ensino
secundário, como os colégios jesuíticos, o Liceu Provincial e o Ateneu, eram freqüentados
somente por meninos e moços. Na Primeira República, o Ginásio Catarinense, inicialmente
público e gratuito e, desde 1905, dirigido pela Companhia de Jesus, proporcionava
escolarização média para as elites e partes das classes médias do sexo masculino. A exceção à
regra foi Maria Sulamita Konder que fez os exames de preparatórios no colégio dos padres
jesuítas, foi aprovada em todos e integrou a turma de formandos de 1924. A única mulher
entre as turmas de formandos do Ginásio Catarinense na Primeira República ingressou no
Curso de Direito da Faculdade de do Largo São Francisco de São Paulo, que foi interrompido
pelo fato de ter noivado com um moço que não tinha curso superior (DALLABRIDA, 2001).
No início da década de 30 do século XX, houve a fundação de novos colégios de
ensino secundário em Santa Catarina, que fez parte da expansão desse nível de ensino em
nível nacional e catarinense, alavancada pela reforma do ensino secundário chefiada pelo
então Ministro da Educação e Saúde Pública Francisco Campos, oficializada pelo Decreto
19.890 de 8 de abril de 1931. Em 1935 havia sete ginásios oficializados – isto é, equiparados
ao Colégio Pedro II – no território catarinense: o Ginásio Catarinense e Ginásio Coração de
Jesus (Florianópolis), Ginásio Bom Pastor (Joinville), Ginásio Diocesano (Lages), Ginásio
Santo Antônio (Blumenau), Ginásio Aurora (Caçador) e Ginásio Lagunense (Laguna). Se na
Primeira República havia apenas o colégio dos jesuítas na capital do Estado de Santa Catarina,
em meados da década de 1930, as principais cidades catarinenses passaram a ter um
educandário de ensino secundário, que fazia parte da paisagem urbana, juntamente com os
grupos escolares.
Nesse momento histórico, cinco ginásios estavam vinculados à Igreja Católica, sendo
dirigidos por congregações religiosas como os franciscanos, os irmãos maristas, os jesuítas e
as Irmãs da Divina Providência. A rede de colégios católicos proporcionava escolarização em
nível sedundário exclusiva para cada gênero, seguindo as orientações da Encíclica “Divini
Illius Magistri” – publicada por Pio XI em 31 de dezembro de 1929 –, que condenava a coeducação. A maioria dos ginásios católicos era dirigidos por religiosos do sexo masculino e
eram frequentados somente por moços. A partir de 1935, o Colégio Coração de Jesus, dirigido
pelas Irmãs da Divina Providência e localizado na capital catarinense, passou a oferecer um
curso ginasial exclusivo para moças e, posteriormente, essa congregação católica estabeleceu
outros colégios congêneres em várias cidades do Estado de Santa Catarina (ENSINO..., 1936,
p.53).
Em relação às questões de gênero na escolarização média, o que chama a atenção no
Ginásio Lagunense é o fato de ele admitir alunas no curso secundário – geralmente restrito aos
adolescentes homens. A primeira e a segunda turmas de formandos tinha somente uma mulher
cada, mas nas outras turmas o número de ginasianas-bacharéis cresceu de forma significativa,
como se pode verificar no Quadro 1. Na segunda turma de formandos 1942, o número de
alunas é maior que o número de alunos. Nas dez turmas entre os anos de 1937 e 1945, as
mulheres representaram mais de um terço entre os formandos do Ginásio Lagunense, o que
indica expressiva inserção do gênero feminino e efetiva prática do regime de co-educação –
pouco praticado nos colégios de ensino secundário em Santa Catarina.
QUADRO 1 – Número de alunas e alunos
nas turmas de formandos do Ginásio Lagunense
entre 1937 e 1945
TURMA
ALUNAS
ALUNOS
1937
01
15
1938
01
11
1939
05
11
1940
04
07
1941
09
10
1942
03
15
1942*
12
11
1943
03
11
1944
07
20
1945
03
17
TOTAL
48
128
Fonte: TURMAS ... Laguna, s.d.
A inserção de adolescentes mulheres no Ginásio Lagunense deve-se ao fato de boa
parte de seu corpo diretivo e docente ser formado por profissionais liberais e/ou laicos. O
primeiro diretor do colégio, Major Manuel Grott, defendia a laicidade do ensino e num
momento de dúvida de alguns pais de alunos quanto à orientação religiosa da instituição que
dirigia, afirmou: “O ‘Ginásio Lagunense’ é uma instituição leiga. Assim que, dentro de seu
perímetro, nunca pregou nem pró nem contra qualquer credo religioso, respeitando, todavia, a
crença, seja qual fôr, do corpo docente e discente” (GROTT, 1935, p.3). O professor Gernamo
Donner, que dirigiu o Ginásio Lagunense entre 1939 e 1955 e marcou época, tinha pertencido
ao Exército Brasileiro, envolveu-se na Revolta do Forte de Copacabana de 1922 e na
Revolução de 30, pertenceu à Comissão Executiva da Aliança Nacional Libertadora de
Florianópolis e ingressou nos quadros do Partido Comunista Brasileiro. Segundo a sua filha
Solange Pirajá Martins, que se formou no Ginásio Lagunense, Germano Donner era
comunista, maçom e tinha formação cosmopolita – apreciava literatura e música clássica e
gostava de bons queijos e vinhos portugueses e italianos (MARTINS, 1995, p.100-103;
MARTINS, 2004, p.29).
A laicidade do Ginásio Lagunense pode ser constatada em relação aos conteúdos
culturais que ele selecionava e organizava para os seus alunos. No rol das suas “disciplinassaber” não constava Ensino Religioso – reintroduzido nas escolas públicas pelo Ministro da
Educação e Saúde Pública Francisco Campos em 1931 e confirmado na Constituição de 1934
–, que efetivamente não era ministrado em nenhuma série do seu curso secundário. O ex-aluno
José Bessa afirma que o Ginásio Lagunense não contemplava a disciplina Ensino Religioso
*
No ano de 1942, o Ginásio Lagunense teve duas turmas de formandos devido à Reforma Capanema, que
reduziu de 5 para 4 o número de anos do ciclo ginasial. A primeira turma freqüentou cinco anos e a outra, em
devido a formação liberal e maçônica de boa parte de seu corpo docente, que não fazia
restrição à nenhuma facção religiosa. Por outro lado, ele acredita que o currículo do Ginásio
Lagunense valorizava mais os saberes do eixo das Ciências Exatas/Matemática e seus egressos
geralmente tinham ótimo desempenho nessa área no ciclo colegial e nos estudos superiores
(BESSA, 2004, p.4-12). As festas escolares também não contemplavam os credos religiosos,
mas davam visibilidade ao patriotismo e republicanismo. A data da emancipação política do
Brasil, 7 de setembro, era espetacularizada com marcha pelas ruas da cidade e parada de corte
militar, comandada pelo diretor do colégio. No mês de julho de 1939, o Ginásio Lagunense
envolveu-se de forma efetiva na comemoração do centenário da República Catarinense, cuja
capital foi Laguna (O Ginásio ..., 1939, p.5).
No entanto, a co-educação no Ginásio Lagunense apresentava limites nas práticas
educativas cotidianas. Em primeiro lugar, constata-se que os espaços escolares eram
“generificados”: nas salas de aula as alunas sentavam de um lado e os alunos de outro e no
pátio também havia locais específicos para os dois gêneros. Nazle Paulo Corrêa integrou a
turma de formandos de 1942 e afirma que quando estudou no Ginásio Lagunense os alunos
ficavam do lado direito e as alunas sentavam no lado esquerdo, de forma que “as meninas
sentavam com as meninas e os meninos com dos meninos” (CORRÊA, 2004, p.6-7). As
carteiras ainda não eram individuais e cada uma comportava dois/duas alunos/as, que
deveriam ser necessariamente do mesmo sexo. A ex-aluna Ana Maria Pimentel Carioni
recorda que “na hora do recreio, os rapazes tinham uma brincadeira mais estúpida ... futebol,
essa coisa toda. Então era separado [...] aquilo já estava implícito, que aquele lado, aquela
parte lá era dos rapazes e de cá era das meninas” (CARIONI, 2004, p.8-9).
O uniforme de uso diário, obrigatório nos dias letivos, também era bem diferenciado
para meninos/moços e meninas/moças. O uniforme escolar existiu desde a fundação do
Ginásio Lagunense, mas, no início de 1940, o diretor Germano Donner definiu um “novo
plano de uniformes”, que compreendia uniforme de passeio, de uso diário e para Educação
Física, segundo a padronização do Ministério da Educação e Saúde. O fardamento do
uniforme de uso diário tinha constituição diferenciada para os alunos do sexo feminino e
masculino: para os ginasianos prescrevia-se calça de brim cáqui, túnica de brim cáqui, camisa
branca com colarinho, gravata preta e “sweater”de lã; e para as ginasianas a indumentária
regime de adaptação, formou-se com o curso ginasial de 4 anos.
previa saia de merinò de algodão azul marinho, blusa de tricoline de algodão branca e “pullover” de lã. O uniforme para as aulas de Educação Física também era bem diferenciado: os
alunos deveriam usar calção preto com cinto, camiseta de malha de algodão branca e calçado;
as alunas deveriam apresentar-se de calção de merinò preto, blusa de tricoline branca e
calçado. Na definição dos uniformes ginasiais, aqueles dos alunos homens eram sempre
apresentados primeiro (DONNER, 1940, p.2-3).
As aulas de Educação Física eram separadas, com espaços específicos e exercícios
exclusivos para cada gênero. Os depoimentos dos egressos do Ginásio Lagunense sublinham a
separação dos alunos e das alunas nas aulas de Educação, que eram ministradas por um
sargento do Exército, que também atuava no Tiro de Guerra de Laguna (Bessa, 2004, p.6-7).
Solange Donner Pirajá Martins, que se formou no curso ginasial em 1946, recorda que as aulas
de Educação Física eram separadas e realizadas fora do terreno do Ginásio Lagunense, pelo
fato de o pátio do mesmo ser pequeno e não ter espaço adequado para os exercícios físicos. Na
sua época, as alunas tinham aulas de Educação Física no pátio do Grupo Escolar Jerônimo
Coelho, que se localizava no centro de Laguna (MARTINS, 2004, p.15). Nazle Paulo Corrêa
relata que nas aulas de Educação Física das meninas não se praticavam jogos como nos dias de
hoje, mas restringia-se a “exercícios básicos”, correr, pular corda (CORRÊA, 2004, p.8).
Alguns esportes eram praticados somente por meninos/moços, como o jogo de
basquete, para o qual o Ginásio Lagunense dispunha de uma quadra. A partir da década de
1940, as partidas de basquetebol ou “cestobol” – como era chamado – eram freqüentes entre
os ginasianos, que também integravam em times locais como o “Bola Preta” e o “Inocentes”
(JUPYARA, 1940, p.3). Nesse momento histórico, o basquetebol estava se disseminando nos
colégios brasileiros e em outras instituições sociais, pois, em 1933, foi fundada a Federação
Brasileira de “Basketball”, que em seguida foi filiada à Federação Internacional de Basquete
Amador (FERREIRA e ROSE JÚNIOR, 1987, p.1-2). Os alunos homens jogavam futebol com
bastante freqüência e chegaram a formar o time de futebol do Ginásio Lagunense, que
disputava campeonatos locais. Quando o Ginásio Lagunense foi instituído, o futebol era
praticado em vários colégios de ensino secundário, particularmente no Ginásio Catarinense,
cujo time de alunos tinha tradição no campeonato estadual. Basquetebol e futebol não eram
praticados pelas ginasianas e pelas mulheres em geral, que no máximo participavam como
espectadoras desses jogos.
Em relação ao corpo dirigente e docente, pode-se perceber o predomínio de homens e a
presença minoritária e intermitente de mulheres. Nas duas primeiras décadas de
funcionamento, o Ginásio Lagunense foi dirigido por quatro diretores, sendo que os dois que
ficaram a maior parte do tempo eram ex-militares. Trata-se do Major Manuel Grott, que
instituiu o Ginásio Lagunense e dirigiu-o até 1938, e o Capitão Germano Donner, que assumiu
a direção em 1939. Este último era mais chamado de “capitão” do que de “professor” pelos
estudantes e imprimiu um ritmo mais disciplinador aos corpos discente e docente do colégio.
Entre o grupo de professores, a grande maioria era constituída por homens, alguns com
dedicação exclusiva à docência, que incluia atividades em outras escolas lagunenses,
especialmente nos grupos escolares, mas eram funcionários públicos, como juiz de direito, ou
professionais liberais, como dentista e médico.
Ademais, em relação à questão do desequilíbrio de gênero, pode-se apontar o número
reduzido de alunas nas turmas de formandos do Ginásio Lagunense, como se verifica no
Quadro 1. Infere-se que nas salas de aula as mulheres formavam geralmente um número
pequeno e os homens eram maioria, que somados aos professores, imprimiam uma ordem
masculinista ao colégio. Ao que parece, a convivência entre alunas e alunos era marcada pelo
coleguismo e pelo respeito, que também era zelado pelas famílias, entrelaçadas por laços de
parentesco ou de pertencimento aos clubes locais. A cidade de Laguna era pequena e pacata e
o Ginásio Lagunense, que funcionava numa antiga casa reformada, tinha apenas cinco ou seis
turmas não muito numerosas. Segundo Nazle Paulo Corrêa, que estudou no Ginásio
Lagunense no início da década de 1940, “no colégio não podia conversar com o namorado [...]
lá dentro do pátio não, mas se saía, se tivesse namorado, podia sair com o namorado”
(CORRÊA, 2004, p.18).
No entanto, houve alguns momentos de tensões na relação entre alunas e alunos, como
no fato de os alunos espiarem as alunas do porão colégio, que é contado pela grande maioria
de ex-alunos do sexo masculino. Nas suas memórias escritas, José Bessa também recorda essa
prática masculina, afirmando: “O prédio principal, o mais antigo, ficava a 1,50 m ou 1,60 m de
altura do solo, tendo embaixo um velho porão, não-utilizado, úmido e escuro. Alunos, havia,
mais ousados que iam para lá espiar pelas frestas das tábuas largas do assoalho, as pernas das
moças sentadas despreocupadamente” (Bessa, 1988, p.110). Segundo ex-alunos, ao saber do
fato, o diretor do ginásio determinou o fechamento do porão.
A diferenciação de gênero praticada na educação mixta no Ginásio Lagunense podia
ser verificada também em outras instituições educativas em Laguna, especialmente no Grupo
Escolar Jerônimo Coelho, que indicava com letras bem legíveis nas paredes de seu prédio as
alas masculina e feminina dos alunos. Os grupos escolares em Santa Catarina e no Brasil
praticavam a co-educação, mas geralmente dividiam as suas classes por gênero, de forma que
os meninos estudavam de um lado do prédio e as meninas do outro lado. O Colégio “Stela
Maris” de Laguna, dirigido pelas Irmãs da Divina Providência, era direcionado somente para
meninas e moças, pois começou com o curso primário e a escola complementar, mas
posteriormente passou a oferecer o curso normal.
Para as discussões contemporâneas sobre a educação escolar, apesar de alguns limites
apontados neste trabalho, a experiência do regime de co-educação implementado no Ginásio
Lagunense nas décadas de 30 e 40 do século XX é muito relevante na história da educação
catarinense. Nesse momento histórico predominavam os colégios católicos, que ofereciam
escolarização média exclusiva para meninos/moços, com exceção do Colégio Coração de
Jesus, dirigido pelas Irmãs da Divina Providência, que mantinha um curso ginasial direcionado
para mulheres. Contra a tendência dominante no ensino secundário, o Ginásio Lagunense,
além de sustentar a laicidade no seu currículo escolar, implementou a prática da educação
mista, proporcionando escolarização média a um grupo significativo de adolescentes
mulheres. Por isso, a leitura histórica dessa experiência pretérita pode contribuir para a
construção de práticas escolares democráticas, que procurem excluir a desigualdade e respeitar
diferenças.
REFERÊNCIAS
BESSA, José. Entrevista concedida a Norberto Dallabrida. Florianópolis, 09.mar.2004.
BESSA, José. Gente da minha terra: memórias de Laguna. Florianópolis: AAA-SC, 1988.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
CARIONI, Ana Maria Pimentel. Entrevista concedida a Norberto Dallabrida. Florianópolis,
12.mar.2004.
CORRÊA, Nazle Paulo. Entrevista concedida a Norberto Dallabrida. Florianópolis,
5.ago.2004.
DALLABRIDA, Norberto. A fabricação escolar da elites: o Ginásio Catarinense na Primeira
República. Florianópolis: Cidade Futura, 2001.
DONNER, Germano. Ginásio Lagunense – Plano de Uniformes. Sul do Estado. Laguna, n.75,
23.fev.1940.
ENSINO Secundário. In: SANTA CATARINA. DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO.
Educação Popular: o movimento letivo de 1935. Florianópolis: Imprensa Oficial, 1936.
FERREIRA, Aluisio Xavier, ROSE JÚNIOR, Dante De. Basquetebol: técnicas e táticas:
uma abordagem didática-pedagógica. São Paulo: EDUSP, 1987.
O GINÁSIO Lagunense nas comemorações do Centenário. Sul do Estado. Laguna, n. 59,
29.jul.1939.
GROTT, Manuel. Ginásio Lagunense, uma explicação necessária. O Albor-Órgão dos
interesses do sul do Estado. Laguna, n.1606, 29.jun.1935.
JUPYARA. Basket-ball. Sul do Estado. Laguna, n.102, 07.set.1940.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pósestruturalista. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
MARTINS, Celso. Os comunas: Álvaro Ventura e o PCB Catarinense. Florianópolis: Paralelo
27; Fundação Franklin Cascaes, 1995.
MARTINS, Solange Donner Pirajá. Entrevista concedida a Norberto Dallabrida.
Florianópolis, 30.mar.2004.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade. Porto
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TURMAS que terminaram o Ginásio Lagunene – 1937-1955. Laguna, s.d. Mimeografado.
VARELA, Elza Pinho. Entrevista concedida a Norberto Dallabrida. Curitiba, 29.jul.2004.
VARELA, Julia. Nascimiento de la mujer burguesa: el cambiante desequilibrio de pode
entre los sexos. Madrid: La Piqueta, 1997. (Genealogía del poder, 30).
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