0 ANDRÉIA UGIONI COLOMBO RODOVANSKI GEOMETRIA DO PEDREIRO: UM ESTUDO DE CASOS PARA MELHORAR A COMPREENSÃO DA GEOMETRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL Criciúma, 2004 1 ANDRÉIA UGIONI COLOMBO RODOVANSKI GEOMETRIA DO PEDREIRO: UM ESTUDO DE CASOS PARA MELHORAR A COMPREENSÃO DA GEOMETRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL Monografia apresentada à Diretoria de PósGraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, para a obtenção do título de Especialista em Educação Matemática Prof. Orientador: Msc. EdIson Uggioni Criciúma, 2004 2 À Deus, Que me deu o dom da vida e a oportunidade de estar aqui. À minha família, Que me deu forças para continuar. À meu filho. Que foi minha fonte inspiradora. À todos os professores que se fizeram presentes ao longo desta jornada, em especial meu orientador. 3 RESUMO Esta pesquisa busca resgatar as origens da geometria. Tendo em vista a precariedade do ensino em relação a esse assunto. Os sujeitos participantes da pesquisa são estudantes da sétima série da Rede Estadual de Criciúma, e da oitava série da Rede Municipal de Criciúma. A pesquisa focaliza a geometria do pedreiro, sendo que o mesmo utiliza-se dela sem saber os conceitos mais primitivos. Buscando assim uma situação do cotidiano dos alunos, para estimulá-las a aplicação dos seus conhecimentos. Analisou-se as dificuldades encontradas por professores e alunos na área da geometria. Esta pesquisa não teve intenção de parar por aqui, há muito mais a ser pesquisado. Ela limita-se a uma situação do cotidiano. Palavras Chave: Geometria, Cotidiano, Processo ensino-aprendizagem, Didática 4 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS................................................................................................. 06 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 07 2 A GEOMETRIA AO LONGO DO TEMPO.............................................................. 09 2.1 História do teorema de Talles ............................................................................ 15 2.2 História do teorema de Pitágoras....................................................................... 16 3 GEOMETRIA ANALÍTICA...................................................................................... 18 3.1 A matemática que ensina a pensar.................................................................... 21 4 CORRENTES DE PENSAMENTO MATEMÁTICO................................................ 29 5 A MATEMÁTICA É INDEPENDENTE DO EMPÍRICO........................................... 30 6 O ENSINO DA GEOMETRIA NA REDE MUNICIPAL E ESTADUAL..................... 31 6.1 Etnomatemática.................................................................................................. 33 6.2 A educação e as exigências da atualidade........................................................ 34 7 PESQUISAS REALIZADAS................................................................................... 35 7.1 Resultados do questionário aplicado aos alunos............................................... 35 7.2 Entrevista com um engenheiro........................................................................... 39 5 7.3 Pesquisa realizada com pedreiros ..................................................................... 40 8 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 43 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 45 ANEXOS................................................................................................................... 47 1 QUESTIONÁRIO ................................................................................................... 48 2 ENTREVISTA ........................................................................................................ 50 6 LISTA DE FIGURAS 1 Circunferência ....................................................................................................... 12 2 Retas paralelas ..................................................................................................... 12 3 Teorema de Talles................................................................................................. 15 4 Teorema de Pitágoras ........................................................................................... 17 5 Processo de descartes ......................................................................................... 20 7 1 INTRODUÇÃO O conhecimento matemático, transmitido de geração em geração, é visto como resultado da atividade prática do indivíduo, na sua interação com o meio. Conhecimento este construído a partir de ações intelectuais, físicas e emocionais, facilitando a compreensão dos conceitos matemáticos. Nesta perspectiva, o ensino da Matemática possibilita ao aluno, atividades relacionadas a situações de sua realidade social, para explorar de modo a colocar em ação o seu pensamento matemático. Organizando esses pensamentos de forma didática e de fácil entendimento, permitindo com isso que professores e alunos se interessem por situações do dia-a-dia, para compreenderem melhor a matemática. Buscou-se assim desenvolver uma pesquisa que possibilitasse integrar o aluno, a uma atividade do seu cotidiano, baseando-se na geometria do pedreiro tentamos resgatar as origens da geometria, facilitando o aprendizado do aluno. No dia-a-dia de uma construção, pedreiros se valem de vários procedimentos que aprenderam com outros colegas de profissão. Na maioria das vezes, fazem cálculos que necessitam sem saber porquê. Um pedreiro conta com o auxílio de várias ferramentas tais como: Fio de prumo, usado para nivelar verticalmente as paredes. Desempenadeira, usada para alisar o reboco das paredes. Metro para medir pequenas distâncias. Trena para grandes medidas. Lápis de carpinteiro para marcação em madeira e giz para marcação em concreto. Fio de 8 nylon para balizar os tijolos na construção de paredes. Entre outras ferramentas como: (serrote, martelo, torquesa, pé-de-cabra, etc). Não se utilizam instrumentos que lhes permita fazer cálculos mais especializados como: calculadora, transferidor, compasso, etc... O que nos levou a escolher a geometria do pedreiro, foi a precariedade do ensino da geometria, nas escolas de 1 e 2 graus, que se encontram distantes da realidade do aluno. Se em cada assunto relacionado à geometria, dermos uma demonstração do nosso dia-a-dia e de como ajudar as pessoas nas suas profissões: (pedreiro, carpinteiro, vendedor, etc...) o interesse será maior por parte dos alunos, que encontram nos livros didáticos uma grande deficiência de exemplos práticos. 9 2 A GEOMETRIA AO LONGO DO TEMPO A palavra geometria tem origem do grego medir a terra (geo = terra, metria = medida), e parece coincidir com as necessidades do dia-a-dia em fazer medições, e para tal, é necessário de unidades e as primeiras referiam-se ao corpo humano: palmo, pé, passo e etc. A geometria surge no Egito, devido à necessidade de realizar medições de terras, quando o Nilo baixava depois de haver inundado as terras vizinhas. O faraó fazia com que medissem para assim cobrar estritamente os impostos. Utilizavam-se da relação pitagórica para realizar ângulos retos a partir dos triângulos retângulos, mesmo antes que Pitágoras demonstra-se seu famoso teorema. Nasce assim a geometria de maneira intuitiva, os gregos e em particular Euclides lhe darão estrutura de ciência e um método próprio o axiomático. A construção de pirâmides, também demonstra que os Egípcios já dominavam a geometria. Na construção de pirâmides os egípcios primeiro nivelavam o terreno pela observação da estrela polar, a partir de um ponto fixado no vértice norte da futura pirâmide, alcançando assim uma espantosa precisão. Eles usavam alguns instrumentos, entre eles o merkhet (barra horizontal equipada com um fio de prumo) e o bay (vara de madeira com alça de mira na extremidade superior) através desses instrumentos eram marcadas as posições do nascente e do poente da estrela polar, eram marcados sobre um círculo. Para encontrar o norte, os egípcios determinavam a bissetriz do ângulo formado pela posição do nascente e do poente da estrela. Ligando cordas a vários pontos fixados 10 sobre o eixo norte-sul, tornava possível determinar um dos lados da pirâmide. Com varas usadas com instrumento de medida, obtinham o ângulo reto. Séculos antes de Cristo, Pitágoras e seus alunos, descobriram a ralação existente entre as medidas dos lados de qualquer triângulo, chamando de hipotenusa o lado oposto ao ângulo reto e de catetos os outros dois lados. Por volta de 600 a.C. filósofos gregos, entre os quais podemos incluir Tales de Mileto e Pitágoras, passaram a sistematizar os conhecimentos geométricos da época. Tales de Mileto, considerado um dos “sete sábios” da antiguidade, é o fundados da geometria demonstrativa. É dele o chamado Teorema de Tales, na semelhança de triângulos, a razão entre dois lados homólogos é a mesma, e em todo triângulo, isósceles os dois ângulos de base são iguais. Outra descoberta é a de que conhecendo-se um lado e os dois ângulos adjacentes, conhece-se automaticamente o triângulo todo. Na Grécia, cerca de 570 a.C. nasceu Pitágoras, filósofo grego, que foi discípulo de Tales, era filho de um rico comerciante, viajou por diversos países, entre os quais o Egito e a Babilônia. Fundou a escola pitagórica onde ensinava religião, filosofia, política e matemática. A escola alcança grande sucesso em seus estudos matemáticos e geométricos. O resultado mais marcante é o chamado Teorema de Pitágoras, válido para qualquer triângulo. Conheciam também os cinco sólidos geométricos regulares: Hexaedro, Tetraedro, Octaedro, Dodecaedro e Icosaedro, a estes acrescentavam também a esfera que consideravam o mais perfeito dos sólidos. Antes dos gregos, a geometria era puramente experimental. Foram os gregos os primeiros a introduzir o raciocínio dedutivo, depois de Tales e Pitágoras o nome mais 11 importante da geometria foi Euclides. Foi com o matemático grego Euclides que a geometria se desenvolveu, isto por volta de 300 a.C. atribuiu-se a ele o mérito de ter fundado a escola de Alexandria, onde durante séculos, se formavam os maiores especialistas em matemática. Euclides é considerado o pai da geometria na Grécia. Partindo de definições e postulados construiu uma estrutura geométrica de forma rigorosa e lógica. Os princípios da geometria Euclidiana que encontramos em elementos são divididos em 5 partes: 1- Estudo das propriedades relativas ao ponto, reta, plano, triângulos e figuras poligonais. 2- Estuda as aplicações de proporções nas grandezas geométricas em especial, em relação à semelhança dos polígonos. 3- Encontram-se estudos sobre números inteiros em particular sobre divisibilidade e cálculo do m.d.c. 4- É dedicada a um extenso e difícil estudo dos irracionais. 5- Trata da geometria no espaço. Esta obra tornou-se um Best-seller da época, sendo utilizada como manual em muitos países por mais de 2000 anos. É provável que nenhuma obra, além da Bíblia tenha tido número maior de edições e nenhuma obra matemática teve tanta influência quanto à de Euclides. Treze partes dos “Elementos” foram preservadas. As primeiras quatro partes tratam de triângulos, paralelogramos e circunferências, elas explicam e demonstram o teorema bem conhecido, como por exemplo, que a soma dos três ângulos de um triângulo 12 é dois ângulos retos, o teorema de Pitágoras, teorema segundo o qual um arco é visto sob um ângulo constante de um ponto qualquer da parte restante da circunferência conforme figura 1. Figura 1 - Circunferência Tradução literal do quinto postulado de Euclides sobre retas paralelas (figura 2), “Se uma reta encontra duas retas, fazendo com elas os ângulos internos do mesmo lado de soma menor do que dois ângulos retos, essas duas retas, quando prolongadas indefinidamente, se encontrarão daquele lado no qual a soma dos ângulos internos é menor do que dois ângulos retrós”. Figura 2 – Retas paralelas 13 Já no século XIX, três matemáticos – o alemão Carl Friechich Gauss (1777 – 1855), o russo Nikolai Ivanovich Lobachevki (1793 – 1856) e o húngaro János Bolyai (1802 – 1860), imaginavam um substituto do postulado das paralelas de Euclides. No mesmo século, o alemão Georg Friechich Bernard Ryemann (1826 – 1866) demonstra ser possível uma outra geometria, não euclidiana sem que existisse paralela, denominada geometria riemanniana ou elíptica. As teorias de relatividades de Albert Einstein (1879 – 1955) baseian-se em uma geonetria riemannian do espaço curvo. Não parece haver dúvidas sobre os primeiros conhecimentos de natureza geométrica derivarem de resultados empíricos relacionados com medições de terras, construções arquitetônicas envolvidos na fixação do calendário, como entre os babilônicos. Com os trabalhos de Euclides, que a geometria conseguiu uma notável sistematização, tornando-se modelo de organização do conhecimento em qualquer área. A interpretação do trabalho euclidiano na perspectiva do momento sugere que Euclides teria compreendido plenamente o fato de que a estruturação do conhecimento geométrica deveria começar por uma essepsia na linguagem, como o esclarecimento das noções utilizadas de modo intuitivo. Uma vez que tais noções decorrem umas das outras, articulando-se em uma grande cadeira. Assim, algumas poucas idéias básicas, supostas claras, para serem intuídas de maneira direta foram aceitas como noções primitivas, e a partir delas foram elaboradas definições geométricas. Quanto à justificativa das proposições geométricas, passou-se a desencadeálas, a deduzir umas a partir das outras, utilizando-se nas ligações de elementos de 14 natureza lógica. A partir dos postulados geométricos, tendo apenas lógica como cimento, foram construídos argumentos para justificar os demais teoremas. Embora Euclides não tivesse qualquer pretensão de natureza didática, caracterizando seu trabalho claramente como uma sistematização a posteriori de um conhecimento acumulado de maneira empírica ao longo de vários milênios, é considerado o ponto de partida tanto para a apresentação da geometria em atividades didáticas quanto em estudos sobre a psicogênese do conhecimento geométrico. É importante estabelecer articulações consistentes entre as atividades perceptivas e os momentos de concepção, das inter-relações entre o conhecimento empírico e a sua sistematização. Arquimedes outro influente nome da história da geometria, nasceu na cidade de Seracura 297 a.C. Descendente de família real, não foi só matemático, mas, inventor. Suas invenções eram baseadas no que hoje chamamos de máquina simples: alavancas e roldanas, etc, e foram de grande influência na guerra. Os gregos solucionaram problemas muito difíceis da Matemática, muitas doas quais atualmente fazem para da álgebra usando diagramas geométricos com curvas e superfícies elementares ou complexas. O próximo grande avanço na geometria foi dado pelo matemático René Descartes. Em 1637 publicou o primeiro livro de geometria analítica. Estabeleceu uma ralação entre equações algébricas e figuras geométricas. Isso abriu novos rumos ao pensamento matemático e também permitiu o surgimento da matemática que possibilitou a resolução de muitos problemas antes sem solução. 15 2.1 História do teorema de Talles A idéia de proporção e sua aplicação em geometria já são bem antigas, Talles se utilizou dela para fundamentar seu teorema. Talles, um rico comerciante da cidade grega de Mileto, cerca de 600 anos a.C., é o primeiro à formular proposições geométricas e demonstrar que elas são verdadeiras. Tendo a oportunidade de entrar em contato com outros povos, conta-se que numa de suas viagens ao Egito, Talles foi desafiado a medir a altura da grande pirâmide de Quéops. Talles usando um bastão aplicou seus conhecimentos sobre segmentos proporcionais, pois a razão entre a altura da pirâmide e o comprimento da sombra projetada pela pirâmide é igual à razão entre a altura do bastão e o comprimento da sombra projetada por esse bastão conforme figura 3. Figura 3 – Teorema de Talles 16 Muito provável que as proposições de Tallles eram conhecidas pelos egípcios e babilônicos, tendo estes povos uma vocação científica mais voltada para questões práticas. Coube a Talles desmistificar a geometria do mundo real, suas proposições e demonstrações relacionavam-se primeiro com figuras abstratas, sem se preocupar com aplicações práticas. Um dos trabalhos mais importantes nesse sentido foi desenvolvido por Talles. E observou que, num mesmo instante, a razão entre a altura de um objeto e o comprimento da sombra que esse objeto projeta no chão é sempre a mesma para quaisquer objetos. 2.2 História do teorema de Pitágoras O filósofo grego Pitágoras de Samos, um dos grandes matemáticos, nasceu em 582 antes de Cristo, na ilha de Samos no, mas Egeu. Demonstrou uma das mais importantes relações do triângulo retângulo, conhecida por Teorema de Pitágoras. Deduziu neste teorema, que o quadrado da hipotenusa é igual a soma dos quadrados dos catetos. A hipotenusa é o lado oposto ao ângulo reto do triângulo retângulo conforme figura 4. O Teorema de Pitágoras constitui, na chamada Geometria Euclidiana, uma base para definições de distâncias. 17 Figura 4 – Teorema de Pitágoras 18 3 GEOMETRIA ANALÍTICA A geometria analítica é o uso sistemático do fato de que existe ma correspondência natural entre os números reais e os pontos de uma reta, entre os pares de números reais e os pontos do plano, ou ainda termos de números reais com pontos no espaço. Os problemas geométricos podem ser reformulados como problemas algébricos, e os cálculos com números podem então se interpretados geometricamente. Os gregos já utilizavam a geometria para solucionar problemas algébricos mas não obtiveram grandes avanços pela suas deficiências em álgebra. Durante a primeira metade do século XVII, a álgebra já estava suficientemente aparelhada e Descartes utiliza o mesmo processo, agora com pleno êxito. Estudando o problema das três e quatro retas de Papus, aplicou a ele seus novos métodos e resolveu-o sem dificuldade, fazendo-o perceber o poder e a generalidade de seu ponto de vista. O nascimento da geometria é dada em 1637, com a publicação de um apêndice do “Discurso do método”, denominado de “A geometria”, com a idéia de construção geométrica e não necessariamente a redução da geometria à álgebra como é atualmente tratada. A primeira secção de “A geometria” tem como título “Como os cálculos de aritmética se relacionam com operações de geometria” e a Segunda “Como a multiplicação, a divisão, e a extração de raízes quadradas são efetuadas geometricamente”. Os objetivos de seu método eram dois; por processos algébricos libertar a geometria de diagramas e das significação as operações da álgebra por meio de interpretações geométricas. Ao todo escreveu 3 livros de “A geometria”. 19 Na mesma época, mas trabalhando separadamente Pierre Fermat também contribuiu decisivamente para a criação da geometria analítica, escrevendo um pequeno texto, intitulado “Introdução aos lugares planos e sólidos”, só publicado após sua morte, pois bastante modesto era avesso publicas seu trabalhos, daí o fato de Descartes ser mais lembrado como criador da geometria analítica. A geometria analítica, como é hoje pouco se assemelha às contribuições deixadas por Fermat e Descartes, sua marca mais característica, um par de eixos ortogonais, não era usada por nenhum deles, mas cada um, a seu modo, sabia que a idéia central era associar equações a curvas e superfícies. Processo utilizado por descartes Procedimento utilizado por Descartes para resolver equações do tipo y = ax + b, tomamos, por exemplo, a equação y – 3x – 4 = 0 reduzindo a forma x = 3x + 2. 1 – Tracemos um segmento LM de comprimento b=2. 2 – Em L levanta-se um segmento NL igual a (a/2) = 1,5 e perpendicular a LM. 3 – Com centro em N traçamos uma circunferência de raio (a/2) = 1,5. 4 – Traçamos a reta por M e N que interceptará a circunferência em O e P. 5 – A solução para a equação é x = OM, ignorando a raiz MP por ser negativa (figura 5). 20 Figura 5 – Processo de descartes A tradição geométrica também influenciou os egípcios, por meio dos “estiradores de cora”, (harpedonaptai), que eram os peritos em “construção de linhas provas”. As cordas estiradas eram utilizadas também pelos construtores de altar hindus. Os “estiradores de corda” eram considerados agrimensores, arquitetos, astrônomos ou algo mais. A cerimônia de estiramento de corda era realizada para estabelecer a orientação dos templos egípcios com alinhamentos astronômicos que estabeleciam linhas de referência. Os egípcios atribuíam profundo significado religioso a essas orientações. Esses arquitetos assim denominados na época, também colaboraram na construção de grandes edifícios ou de qualquer outro projeto arquitetônico. Podemos 21 afirmar com certeza que o teorema de Pitágoras era conhecido pelos babilônicos, chineses, egípcios e pelos hindus mesmo antes do seu nascimento. Os altares eram construídos de acordo com o ritual a ser realizado. Havia altares quadrados, circulares e de muitas outras formas, um deles que chamava atenção era feito de retângulos e se parecia com um falcão. Segundo o Sulvasutra esse tipo de altar era construído para que o sacrificante voa-se para o mundo celestial. “Ele quem deseja os céus deve construir o altar-falcão”; pois é quem melhor voa entre os pássaros. Os altares eram compostos de cinco tijolos, atingindo a altura do joelho. Em alguns casos eram prescritos dez ou quinze camadas aumentando proporcionalmente a sua altura. Uma medida linear equivalente a altura de um homem com os braços levantados para cima (2,28m) e medida de área (5,2m) era chamado de “purusha” que significa homem. O corpo do altar em forma de falcão era formado por quadrados 2x2 (quatro purushas quadradas), asas e cauda eram formadas cada uma por quadrado de uma purushas. Para que o altar se se aproxima mais da forma de um falcão as asas eram aumentadas de um quinto de purushas cada, e a cauda de um décimo de purusha. 3.1 A matemática que ensina a pensar “O professor a quem foi dito que deve desenvolver o raciocínio não sabe realmente não sabe o que fazer, nunca saberá se conseguiu ou realizar a tarefa” (SKINNER, 1972, p. 244). 22 Levando em consideração que alguns professores de Matemática acreditam que ensinam a pensar, tratando-se de uma visão ingênua do papel que a Matemática desempenha. A Matemática parece contribuir de forma significativa, para que se pense de uma determinada forma. Aparentemente identificando-se com a seguinte afirmação, “do pensar com o pensar matemático, e dos objetivos da Matemática com os da lógica formal”. Não significando assim que a autonomia do pensamento em relação à linguagem possa prescindir da lógica enquanto atividade coordenadora do pensamento. A Matemática ensina a pensar assim como à física, a biologia sendo que pensar ensina a pensar. Para Piaget as soluções dos problemas da Matemática estão num dilema: “ou a matemática se impõe, a priori à realidade empírica, ou a Matemática é constituída a partir de construções abstratas que emergem desta realidade”. Sua posição consiste na interação do sujeito-objeto no interior do sujeito, elegendo a Psicologia como seu fundamental instrumento para as explicitações desta interação, psicológica a esta genética, experimental. De modo que sua proposta seja fundar a lógica nessa moderna Psicologia, científica, objetiva. Propondo resolver o problema da relação da matemática com a realidade através da conexão intrínseca com a objetividade do mundo físico por intermédio das coordenações psicofilosóficas interiores ao sujeito. O homem é um ser dependente do outro, o que o leva a viver em sociedade. A teoria sócio-histórico, recomendada na Proposta Curricular de Santa Catarina, desde 23 1998, busca a compreensão aplicação das concepções de Vygotsky, que segundo ele “a aprendizagem dos conceitos deveriam ter origem nas práticas sociais”. Com uma maior divulgação do enfoque psicológico, pesquisadores voltaram-se para a investigação no campo da matemática. Assim a questão cultural foi gradativamente se expandindo. Embora as idéias de Vygotsky não sejam uma prática ou método pedagógico. Seus seguidores nos levam a refletir sobre as questões da Educação, propiciando a criação de um trabalho significativo, proporcionando ao aluno a argumentação, a visão crítica da realidade, a observação, a reflexão a apropriação e a interação social. A Etnomatemática aplica-se a qualquer área, mesmo porque as disciplinas se completam o tempo todo. Ajudando assim a mudar a imagem da matemática tida como difícil e chata. Um dos principais objetivos da etnomatemática é aguçar a curiosidade e a criatividade dos estudantes. Segundo D´ Ambrosio (1993), todos os povos, com sua cultura (etno), lidam com sua realidade e explicam (matema), cada qual a sua maneira (tica), resultando na etnomatemática que reconhece como válido todos os sistemas de aplicação, de conhecimento desenvolvido pelas mais diversas culturas”. As pessoas necessitam do conhecimento da Matemática, visto que esses são decisivos em muitas áreas, sendo assim a necessidade de mostrar a aplicação da matemática e entendê-la a torna mais acessível, acabando com o mito de que a matemática é difícil. Para Gerdes (1991, p. 21), “etnomatemática é a arte ou técnica de explicar, de conhecer, de entender os diversos contextos culturais”. Levando-nos a identificar técnicas 24 ou mesmo habilidades e práticas utilizadas por distintos grupos culturais, na busca de entender o mundo em que vivemos, apropriando-se da realidade em seu benefícil, e aperfeiçoando os conhecimentos deixados a séculos atrás por vários povos e suas culturas milenares. A Matemática sob uma visão histórico-crítica que não pode ser concebida como saber pronto e acabado, e sim entendida como um conhecimento dinâmico produzido de acordo com o passar do tempo e em diferentes sociedades (FIORENTINI, 1987). Assim como acontece com tido conhecimento a Matemática é também um saber historicamente em construção que vem sendo produzido nas e pelas relações sociais e, como tal, tem seu pensamento e sua linguagem. Ocorre, entretanto, que essa linguagem com o passar dos anos foi se tornando formal, precisa e rigorosa, distanciando-se daqueles conteúdos dos quais se originou, ocultando assim, os processos que levaram a Matemática a tal nível de abstração e formalização. Tendo assim a Matemática um amplo sentido no desenvolvimento das capacidades cognitivas próprias que permitem ao sujeito histórico a leitura e a produção de significados, a resolução de problemas do seu cotidiano. A apropriação do saber interativo e reflexivo se dá ao aluno de forma gradativa. Tendo o professor o papel de mediador desses conhecimentos historicamente produzidos e sistematizados e aquele já adquirido pelo aluno. Sendo assim, cabe ao professor criar situações que possibilitem ao aluno uma postura crítica e reflexiva do conhecimento historicamente “situado dentro e fora da Matemática”. Concordamos com à citação acima tendo em vista que o homem depende do outro para viver em sociedade, adquirindo conhecimentos milenares e se aperfeiçoando 25 na medida do passar dos anos, através de estudos realizados em grupos, tornando assim possível a elaboração de conceitos e aplicação de determinados teoremas. A geometria cumpre um papel importante no desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático. Ela se desenvolveu para atender às necessidades práticas do homem, com a construção de abrigos, cálculo de medidas ou ainda a busca por formas mais belas. A partir do que o homem observava na natureza, ele idealizou formas geométricas simples. É muito interessante observar como as pessoas desenvolvem conhecimentos de geometria em suas atividades diárias: pedreiros, marceneiros, pintores, agricultores, etc. sabem calcular áreas, medidas de ângulos, conhecem formas, proporção, simetria, medidas em geral, operam com decimais, etc. Os vários campos do conhecimento têm objetos de estudos específicos, mas não há como negar os limites difusos entre eles ou as “faixas” de conhecimento que mostram uma “intersecção não vazia”. Assim, a busca da interdisciplinaridade deve ser incentivada na sala de aula se quisermos que a escola e a vida estejam forte e eficazmente entrosadas, promovendo a interação dos saberes populares e dos saberes acadêmicos. A geometria exige do aluno uma maneira específica de raciocinar, uma maneira de explorar e descobrir. Ela desempenha um papel integrados entre as diversas partes da matemática, além de ser um campo fértil para o exercício de aprender a fazer e aprender a pensar. O ensino de geometria parte da visão da geometria como exploração e descrição do espaço, trabalhando concretamente no espaço real e realizando diferentes atividades que propiciem o desenvolvimento da visualização, da intuição, da percepção, 26 da representação, para possibilitar ao aluno realizar a passagem de espaço real para o espaço teórico, chegando à visão da geometria com estrutura lógica. Mas alguns professores por falta de conhecimento suficiente para explorar o vasto campo da geometria da forma correta acabam ensinando apenas os exercícios do livro, o que é insuficiente para um bom aprendizado. Nas últimas décadas, a trajetória da educação brasileira vem sendo marcada, por posições que se contrapõe umas as outras. Melhorar o ensino é o que defendem hoje os governantes, educadores, técnicos e especialistas em educação. Passando assim pela questão do ensino e da aprendizagem, ou seja aprimorar o conhecimento sobre esse processo, tornando-o capaz de responder as exigências deste novo tempo. Hoje o enfoque é dado para a corrente sócio-histórica também conhecida como teoria sociogenética. Sendo que é atribuído à ela uma singular importância as questões relativas à aprendizagem. A Matemática é geralmente considerada como uma ciência à parte, desligada da realidade, vivendo na penumbra do gabinete, um gabinete fechado, onde entram os ruídos do mundo exterior, nem o sol, nem os clamores dos homens. Isto só em parte é verdadeiro (CARAÇA, 1970, p. 23). O ensino da Matemática nas escolas públicas de Santa Catarina pouco mudou, tendo em vista uma abordagem internalista, desconsiderando os aspectos políticos, econômicos e sociais. Sendo vista como uma ciência exata, cujo a aprendizagem se dá através da memorização e repetição mecânica de exercícios. A Secretaria do Estado da Educação e do Desporto, juntamente com os professores da área, estão estudando para modificar este fato, fundamentado na proposta curricular/91 “neste sentido, reporta-se ao texto da referida Proposta: ...na verdade, há que se transformar o ensino de Matemática em Educação Matemática... 27 Como previsto o ensino da geometria nos dias de hoje ainda é precário. Nas redes de ensino Municipal e Estadual não é adotado um livro específico de geometria. Atualmente o livro utilizado pelos professores é o “Conquista da Matemática“, sendo esse um livro que segue a linha tradicional, separa o campo geométrico (que trabalha os conteúdos de geometria), dos campos Aritméticos e Algébricos, com exercícios feitos no estilo “siga o modelo” e não abordam devidamente a geometria. O ensino da geometria é ilustrado no final da edição, sabendo que o número de aulas é insuficiente, professores dão ênfase a conteúdos que julgam mais importantes ao alunos. Logo, em cada um dos conteúdos trabalham por todos os campos: aritmético, algébrico e geométrico, sendo que assim há uma maior compreensão. O livro didático de forma geral deve ser apenas uma das ferramentas usadas pelo professor, o mesmo pode ter inúmeros subsídios para uma boa aula. Ainda temos aqueles professores que deixam o ensino da geometria para o final do ano, sendo que não dá tempo de explorar o campo da geometria, os mesmos deixam para o professor do ano seguinte desenvolvê-los. Sendo esses professores os que não gostam de geometria ou até mesmo que não há dominam para associá-la a outro conteúdo, professores sem orientação necessária para desenvolver os conteúdos expostos nos livros. Uma das dificuldades encontradas é que professores tem que trabalhar com vários livros para associar a geometria nos conteúdos, sendo que alguns desses livros não estimulam o aluno a elaborar conceitos. O aluno adapta-se a qualquer tipo de livro, e sendo um ou outro, acredito que vão apresentar as mesmas dificuldades, pois nossos atuais alunos ainda são frutos de uma educação tradicional. Tradicional que não significa uma educação com respeito, tendo alunos como temos hoje, que parecem não terem pais presentes para lhes darem a 28 dita educação dos bons modos, Tradicional, a qual sou contra, é aquela que trata os alunos como depósitos de conteúdos, onde cada conteúdo é trabalhado separadamente, como se não tivesse qualquer ligação conteúdo e conteúdo, conteúdo e realidade. As dificuldades sempre vão aparecer, principalmente no ensino da geometria, onde os alunos quase não apresentam nem mesmo idéia sobre os itens básicos. Para melhorar o ensino, devemos procurar trabalhar dentro da realidade do aluno, para que o mesmo não procurasse apenas aplicar na vida cotidiana, o que aprende na escola, mas tivesse consciência da importância de adquirir para si o conhecimento científico produzido pela humanidade. Trabalhar todos os conteúdos interligados e explorando os campos aritmético, algébrico e geométrico de maneira única, não é fácil fazer dessa forma, parece que as vezes estamos “ sem chão”, e que os alunos de nada vão se apropriar só que vendo a educação do jeito que está, temos que tentar de todos os modos mudar, além do mais, pior do que estão nossos alunos não vão ficar. 29 4 CORRENTES DE PENSAMENTO MATEMÁTICO LOGICISMO: Tem como principal característica o calculo lógico como instrumento indispensável ao raciocínio dedutivo. Os precusores do logicismo foram Russell e Whitehead que segundo o autor Nilson José Machado 1987, pretendiam derivar as leis da Aritimética e de resto, toda a Matemática, das leis da Lógica normativa elementar. Pretendendo assim o Logicismo fundar a Matemática nas leis gerais do pensamento sem que penetrasse, mas características específicas, na gênese dessas leis lógicas. FORMALISMO: Tem suas raízes em Kant, que por sua vez acredita que a lógica desempenha em matemática o mesmo papel que em qualquer outro setor do conhecimento, considerando que sem dúvida que em Matemática os teoremas decorrem dos axiomas de acordo com as leis da lógica. Constituindo sem si o objeto da matemática, independente de suas interpretações. Não deu grandes passos em sentido de investigar o mecanismo que possibilita a concordância, destes sistemas abstratos com o real através das interpretações. INTUICIONISMO: Os Intuicionistas veem a matemática como uma atividade autônoma, auto-suficiente. Para os intuicionistas a Matemática é uma construção de entidades abstratas, que a partir da intuição que é lógica ou de uma formalização rigorosa em um sistema dedutivo. 30 5 A MATEMÁTICA É INDEPENDENTE DO EMPÍRICO Após o século XIV, quando o sucesso parece ter subido a cabeça dos matemáticos o significando da Matemática tem sido visto com mais freqüência, como sendo independente do mundo da experiência. Tratando-se de algo mais sutil e refinado, onde o trabalho do matemático oxila entre o de desvelador de segredos de um harmônico mundo sendo o criador deste próprio universo. Sem entrar em detalhes sobre esta postura mais moderna, contrapomos a independência do impírico, que por sua vez nos revela algumas descobertas importantes como os “teoremas“ sugeridos pelo empírico antes de se formularem explicitamente os axiomas para sua demonstração. Os egípcios, por exemplo, utilizavam uma processo para obter um ângulo reto com cordas 3, 4 e 5 antes do Teorema de Pitágoras. A própria física nos mostra conceitos e teorias matemáticas que surgem como “resposta a questões formuladas pela experiência e não como fruto de especulação intelectual”. Temos como exemplo a síntese de Newton, que teve como suporte os dados empíricos acumulados por Kepler, Ticho Brahe, Galileu, entre outros. Ainda que a relação das teorias com o impírico não nos demonstre total transparência, parece impossível ignorá-la ou minimizá-la. É importante que o reconhecimento da dependência do empírico pode não implicar por si só, numa real inscrição do conhecimento matemático no contexto histórico. Tornando real um subproduto do imaginável, em vez de ampliar o pensamento científico, como pretendia Bachelard (1968), podendo distanciar-se assim do concreto. 31 6 O ENSINO DA GEOMETRIA NA REDE MUNICIPAL E ESTADUAL Como previsto o ensino da geometria nos dias de hoje ainda é precário. Nas redes de ensino Municipal e Estadual não é adotado um livro específico de geometria. Atualmente o livro utilizado pelos professores é o “Conquista da Matemática”, sendo esse um livro que segue a linha tradicional, separa o campo geométrico (que trabalha os conteúdos de geometria), dos campos Aritméticos e Algébrico, com exercícios feitos no estilo “siga o modelo” e não abordam devidamente a geometria. O ensino da geometria é ilustrado no final da edição, sabendo que o número de aulas não ênfase aos conteúdos que julgam mais importantes aos alunos. Logo, em cada um dos conteúdos trabalham por todos os campos: aritmético, algébrico e geométrico, sendo que assim há uma maior compreensão. O livro didático de forma geral deve ser apenas uma das ferramentas usadas pelo professor, o mesmo pode ter inúmeros subsídios para uma boa aula. Ainda temos aqueles professores que deixam o ensino da geometria para o final do ano, sendo que não dá tempo de explorar o campo da geometria, os mesmos deixam para o professor do ano seguinte desenvolvê-los. Sendo esses professores os que não gostam de geometria ou até mesmo que não há dominam para associá-lo a outro conteúdo, professores sem orientação necessária para desenvolver os conteúdos expostos nos livros. Uma das dificuldades encontradas é que professores tem que trabalhar com vários livros para associar a geometria nos conteúdos, sendo que alguns desses livros não estimulam o aluno a elaborar conceitos. 32 O aluno adapta-se a qualquer tipo de livro, e sendo um ou outro, acredito que vão apresentar as mesmas dificuldades, pois nossos atuais alunos ainda são frutos de uma educação tradicional. Tradicional que não significa uma educação com respeito, tendo alunos como temos hoje, que parecem não terem pais presentes para lhes darem a dita educação dos bons modos. Tradicional, a qual sou contra, é aquela que trata os alunos como depósitos de conteúdos, onde cada conteúdo é trabalhado separadamente, como se não tivesse qualquer ligação conteúdo e conteúdo, conteúdo e realidade. As dificuldades sempre vão aparecer, principalmente no ensino da geometria, onde os alunos quase não apresentam nem mesmo idéia sobre os itens básicos. Para melhorar o ensino, devemos procurar trabalhar dentro da realidade do aluno, para que o mesmo não procurasse apenas aplicar na vida cotidiana, o que aprende na escola, mas tivesse consciência da importância de adquirir para si o conhecimento científico produzido pela humanidade. Trabalhar todos os conteúdos interligados e explorando os campos aritmético, algébrico e geométrico de maneira única. Não é fácil fazer dessa forma, parece que às vezes estamos “sem chão”, e que os alunos de nada vão se apropriar só que vendo a educação do jeito que está, temos que tentar de todos os modos mudar, além do mais, pior que estão nossos alunos não vão ficar. Os professores de Matemática freqüentemente falam em transmitir aos jovens uma impressão em favor da força da Matemática, e também falam de sua importância. Para demonstrar esta força tem-se que empregá-la em situações reais. É onde se aplica a Matemática, é a maneira pela qual os estudantes passarão a apreciá-la (KLINE, 1976, p. 59). Concordamos com a citação à cima, pois de acordo com as exigências do mundo atual cada vez mais nossos alunos estão em busca de aplicação para os 33 conteúdos matemáticos, valorizando a escola como um instrumento de apropriação do saber, através de conteúdos indissociáveis da realidade social. Para Rocha (2001, p. 45), “quando oferecemos aos alunos da escola pública um ensino mecanizado estamos, de uma certa forma, condicionando a posição que eles ocuparão no sistema produtivo, o que por si só já é problemático”. Deve-se fazer uma reflexão sobre o trabalho da escola e do professor, para que tenham sucesso na sociedade e na vida. Buscando juntamente com o aluno, a essência do conhecimento que ele utilizara na sua vida, para transformar sua realidade. Mas essa não é a realidade que se observa nas escolas, e com conseqüência, ocorre o fracasso escolar, mas não é só do aluno, o professor tem sua parcela de culpa, que não conseguiu atingir seu objetivo, ou seja, não preparou o aluno para enfrentar a sua realidade e seu papel na sociedade. 6.1 Etnomatemática A Etnomatemática aplica-se a qualquer área, mesmo porque as disciplinas se completam o tempo todo. Ajudando assim a mudar a imagem da Matemática tida como difícil e chata. Um dos principais objetivos da etnomatemática é aguçar a curiosidade e a criatividade dos estudantes. Segundo D´ Ambrosio (1993, p. 36),” todos os povos, com sua cultura (etno), lidam com sua realidade e explicam (matema), cada qual a sua maneira (tica), resultando 34 na etnomatemática que reconhece como válido todos os sistemas de aplicação, de conhecimento desenvolvido pelas mais diversas culturas”. As pessoas necessitam do conhecimento da Matemática, visto que esses são decisivos em muitas áreas, sendo assim a necessidade de mostrar a aplicação da matemática e entendê-la a torna mais acessível, acabando com o mito de que a matemática é difícil. Para Gerdes (1991, p. 21), “etnomatemática é a arte ou técnica de explicar, de conhecer, de entender os diversos contextos culturais”. Levando-nos a identificar técnicas ou mesmo habilidades e práticas utilizadas por distintos grupos culturais, na busca de entender o mundo em que vivemos, apropriando-se da realidade em seu benefícil. 6.2 A educação e as exigências da atualidade Nas últimas décadas, a trajetória da educação brasileira vem sendo marcada, por posições que se contrapõe umas as outras. Melhorar o ensino é o que defendem hoje os governantes, educadores, técnicos e especialistas em educação. Passando assim pela questão do ensino e da aprendizagem, ou seja aprimorar o conhecimento sobre esse processo, tornando-o capaz de responder as exigências deste novo tempo. O enfoque hoje é dado para a corrente sócio-histórica também conhecida como teoria sociogenética (Vahsiner, 1993). Sendo que é atribuído à ela uma singular importância as questões relativas à aprendizagem. 35 7 PESQUISAS REALIZADAS 7.1 Resultados do questionário aplicado aos alunos Num questionário aplicado com alunos de duas escolas (anexo 1), uma da Rede Estadual e a outra da Rede Municipal com cerca de 62 alunos com faixa etária entre 13 e 15 anos e sem repetentes, constatamos que o nível de aprendizado dos alunos assemelham-se, pois as respostas eram parecidas nas duas Redes de Ensino. A primeira pergunta foi: Você conhece estas formas; escreva o nome: A maioria dos alunos escreveu o nome correto as formas geométricas, porém alguns alunos confundiram o hexágono com o pentágono. O que você entende por geometria? Quase todos responderam: “que é o estudo das figuras geométricas”, outros: “que se precisa da geometria a todo estante como na construção de casas”, e poucos disseram ser o estudo das figuras com lados. Onde você aprendeu geometria? A grande maioria afirma ter aprendido geometria na escola nas aulas de matemática e artes e uma minoria afirma nunca ter ouvido falar em geometria. 36 Você acha que os conhecimentos geométricos transmitidos através da escola são suficientes? Justifique sua resposta: Grande parte dos alunos diz que não, respondendo que o assunto é muito importante e precisa ser melhor abordado, e uma minoria responderam que muitas vezes aprendem coisa no cotidiano que não aprenderam na escola e que gostariam de explorálas mais. Poucos alunos dizem que os conteúdos transmitidos na escola são suficientes, justificando-se de forma que eles na escola aprendem firas que envolvem o dia-a-dia, mas que gostariam de aprender mais, alguns responderam que se não aprenderem geometria na escola onde iram aprender. Você consegue visualizar alguma relação da geometria com a figura abaixo: Qual? A maior parte dos alunos respondeu da seguinte forma: “A casa é formada por figuras geométricas como: Triângulo, quadrado e retângulo. Alguns responderam que a casa é feita de formas geometrias, e outros que a casa é feita de triângulo e quadrados. Quais foram as formas encontradas na figura à cima, podemos realizar algum tipo de calculo com estas formas? E quais as fórmulas que você utilizaria para resolvêlas? 37 Grande parte dos alunos não responderam a esta pergunta, os poucos que responderam disseram que daria para usar o teorema de Pitágoras, e outros escreveram as fórmulas para achar a área do triângulo, retângulo e do quadrado. As professoras cujo os alunos foram pesquisados, afirmam que há pouco tempo para ministrar os conteúdos de geometria como deveriam. Cada uma delas atua 40 horas semanais e possuem o curso de Licenciatura Plena em Matemática. Uma delas já atua à 29 anos e a outra à 11 anos e ambas são efetivas. A forma de avaliarem seus alunos é através de provas, trabalhos em dupla, e participação escrita e oral. Os livros adotados são: A Conquista da Matemática, Imenes e o livro do Bigode Matemática Hoje. As professoras afirmam que a maior dificuldade por elas encontrada em ministrar suas aula é a falta de interesse por parte dos alunos que temos que estar sempre os incentivando. Segundo Souza (apud LONGEN, 1999, p. 14): “O professor deve trabalhar com a emoção, pois é ela que permite que o seres humanos se desenvolva”. Diante desse processo pedagógico possibilitar ao aluno a construção de uma linha de pensamento articulada. Os conhecimentos matemáticos estão em uma fase de transição. Contatamos que dentro dessa linha de pensamento, consideramos a relevância em respeitar as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores, afinal se abandonarmos esse processo evolutivo estaríamos queimando etapas da construção do conhecimento. 38 Seguindo estas possíveis práticas, podemos construir importantes avanços na área da educação Matemática. Diante deste fato constatamos que cabe a nós educadores, preocupados com o ensino, conscientizarmos nossos alunos da importância da participação ativa dos alunos em sala de aula, uma vez observado a falta de interesse dos mesmos em relação à geometria. A maior parte dos alunos se preocupa mais com as disciplinas de matemática e português, se esquecendo que a geometria é parte importante da matemática e do seu próprio dia-a-dia. Podemos observar a geometria, que faz parte da natureza, sendo ela fonte inesgotável de conhecimentos geométricos, não esquecendo de que foi um dos efeitos provocados pela natureza “as cheias do rio Nilo”, que incentivaram o aparecimento da geometria. Devemos trabalhar mais situações do dia-a-dia, como a construção de uma casa até mesmo um canteiro na horta da escola, para demonstrarmos na prática como aplicamos as fórmulas da geometria, visualizando a aplicação das fórmulas torna-se mais interessante o aprendizado e o aluno não se esquece do que aprendeu. Segundo Libâneo (apud LONGEN, 1999, p. 14): “O professor tem que transformar o seu trabalho solitário num trabalho solidário”: De acordo com a afirmação a cima, constatamos que, o professor precisa assumir novas práticas e metodologias, alem de ser competente e criativo de acordo com os conteúdos. Para que ocorram mudanças, é preciso que cada vez mais os educadores reflitam sobre a ação educativa, possibilitando aos alunos a construção do seu próprio conhecimento. Na sala de aula o professor deve passar ao aluno muitos conhecimentos 39 matemáticos e quanto mais simples o fizer, melhor. Temos que fazer com que as pessoas gostem da Matemática e a julguem útil. 7.2 Entrevista com um engenheiro Constatamos em uma entrevista realizada com um engenheiro civil que trabalha há dois anos na CODEPLA – Companhia de Desenvolvimento Econômico e Planejamento Urbano, e que tem também formação em técnico em edificações e atua na área há mais de sete anos. A realidade é bem diferente, o mesmo afirma tem aprendido geometria na escola, na universidade, mas que na sua profissão necessita aprimorar seus conhecimentos ao longo dos anos, pois os ensinamentos tanto na área da matemática como na física devem ser estudados pelos alunos de acordo com o seu interesse e vontade, pois em um curso de engenharia o tempo é apertado e por isso o aprofundamento das teorias matemáticas tem de ser do interesse do aluno, sendo que os assuntos não são aprofundados na escola ou na universidade. Os instrumentos utilizados por engenheiros é bem diferente dos usados pelos pedreiros. Utilizam-se de softwares de computação gráfica no desenvolvimento de projetos, softwares para orçamentos e cálculo estrutural. O engenheiro acredita que a prática e a teoria devem sempre caminhar juntas, como em engenharia se utiliza muito a geometria, com certeza essa união é muito importante. 40 Os engenheiros e arquitetos, antes da execução de uma obra, desenham ou montam seus projetos em dimensões reduzidas, fazendo uso de maquetes e plantas. Nas plantas e maquetes, os edifícios projetados possuem a forma que terão originalmente, porém são construídos em dimensões bem reduzidas aplicando-se o conceito de escala. Escala é a proporção em que uma figura é ampliada ou reduzida, como nas fotografias. Baratojo (1997, p. 40) define Escala como: “razão constante entre as medidas de duas linhas correspondentes a duas figuras semelhantes”. Se a escala de aplicação for 3:1 (lê-se 3 por 1), significa que a cada medida da figura é 3 vezes maior que a medida correspondente do modelo representado. 7.3 Pesquisa realizada com pedreiros Em uma pesquisa realizada com pedreiros (anexo 2), constatamos que a maioria deles estudou apenas até a 4 série do primário, e que os conteúdos matemáticos ensinados não incluíam praticamente nada de geometria, tendo dois deles afirmado que não aprenderam geometria na escola. Alguns deles nem sabem que estão trabalhando com a geometria no seu dia-adia, atuam há anos nessa profissão, alguns aprenderam a profissão como servente e outros através da observação do trabalho de outros pedreiros. Os pedreiros costumam se utilizar a Matemática para somar, dividir e multiplicar de acordo com a obra que está sendo construída. 41 São muitas as ferramentas utilizadas por eles nas construções como: mangueira de nível, esquadro, colher, prumo, régua, peneira, martelo, marreta, linha, lápis e outros. Mesmo não tendo aprendido a geometria e seus conceitos na escola os pedreiros trabalham com ela lado a lado todos os dias mesmo sem saber que estão à utilizando. Os entrevistados reconhecem somente as figuras básicas da geometria como: círculo, quadrado, retângulo e triângulo. Um deles ainda afirma que o círculo seja chamado de redondo. Constatamos ainda que os pedreiros possuem um grande conhecimento no campo da matemática, tendo em vista o seu grau de escolaridade. Conhecem muito bem a prática, porém possuem uma grande deficiência nos conceitos matemáticos, que aliados a essa prática seriam bem mais aproveitados. A maioria deles demonstram um grande interesse em voltar a estudar e conhecerem melhor o uso da Matemática. Quem sabe até fazer um curso de técnico que os ajude a melhorar seus conhecimentos vivenciados no dia-a-dia, visando uma melhor oportunidade de trabalho e de vida, melhorando suas chances no mercado de trabalho hoje tão competitivo. Um deles afirma que voltar a estudar é importante para que haja a troca de experiência professor e aluno em sala de aula, e que sempre incentivou seu filhos a estudarem e não cometerem o mesmo erro que ele parando de estudar para trabalhar e por isso tem tanta dificuldade na profissão, trabalha-se muito e ganha-se pouco. Outro pedreiro que incentivado por sua mulher que é estudante, voltou a muito custo a estudar, diz ele que o começo foi muito difícil e teve vontade de desistir, mas 42 percebeu o quanto era importante conhecer os conceitos da matemática que utiliza na sua profissão, e o quanto era útil seus conhecimentos na área da construção civil, tendo agora uma nova perspectiva de vida fazendo um curso de aperfeiçoamento na sua área de trabalho. 43 8 CONSIDERAÇÕES Hoje o ensino da Matemática precisa ser modificado no que diz respeito a parte prática de sua educação continuada, para que supra as necessidades, curiosidade e criatividade de nossos alunos. Atualmente ela está sendo ensinada de maneira tal que seus conceitos não apresentam muitos recursos para o cotidiano dos alunos, transformando-se numa disciplina cansativa, onde os docentes não percebem uma relação dos conteúdos ministrados fazendo uma relação com o mundo atual, Assim, cabe a nós educadores, buscarmos novas alternativas, metodologias para melhorar este ensinar / aprender. Por isso ao desenvolver esta pesquisa procuramos dar ênfase à prática, aliada ao cotidiano dos alunos, uma vez que os mesmos necessitam destas para melhor compreender os conteúdos, deixando de lado as situações abstratas desenvolvidas em sala de aula, onde mostramos muito poucos exemplos de aplicação para o uso no cotidiano. Observamos que os métodos utilizados pelos pedreiros, tem respaldo na matemática tradicional. Os pedreiros são pessoas simples, que pouco estudaram e quase não fazem cálculos por escrito, fazendo uso do cálculo mental. Cabe aos educadores mostrar aos alunos esse Etnomatemática, aplicações próprias das comunidades, cortejando-as com formas universais de conhecimento, dando mais importância a aplicação prática do conteúdo trabalhado em sala de aula. 44 Esperamos que com este trabalho os professores possam trazer aos alunos, uma visão mais humana da Matemática que é estudada no seu dia-a-dia, podendo aplicála no seu cotidiano e associando à algumas profissões, tornando-a assim mais interessante e fácil de ser compreendida, uma vez que faz parte de nossa vida. 45 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Manoel de Campos. Origens da matemática. Curitiba: Champagnat, 1998. BARATOJO, José Teixeira. Dicionário de matemática para 1 grau / baratojo. 2. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1997. BAQUERO. Ricardo. Vygotsky e a aprendizagem escolar. Trad. Ernani F. da Fonseca Rosa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. CARAÇA, Bento de Jesus. Conceitos Fundamentais da Matemática. Lisboa: Sá da Costa, 1970. CASTORINA, José Antonio et al. 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Porque? 50 ANEXO 2 - ENTREVISTA 1) Qual o seu grau de escolaridade? 2) Como você aprendeu a profissão de pedreiro? 3) Há quanto tempo exerce à profissão? 4) Você já ouviu falar em geometria? Onde? 5) Reconhece essas figuras? Dê o nome de cada uma delas? 6) Como é utilizada a matemática no seu dia-a-dia? Trabalho. 7) Que instrumentos você usa na construção de uma obra?