0 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Terapia Ocupacional MAYARA MOREIRA SILVA MAYLA FERREIRA PAVEZZI A TERAPIA OCUPACIONAL OPORTUNIZANDO A EXPRESSÃO DE NECESSIDADES, DESEJOS E ECOLHAS DE UM MORADOR INTITUCIONALIZADO NO CAIS CLEMENTE FERREIRA EM LINS COM SEQUELA DE PARALSIA CEREBRAL, ATRAVÉS DO SISTEMA DE COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AMPLIADA LINS SP 2008 1 MAYARA MOREIRA SILVA MAYLA FERREIRA PAVEZZI A Terapia Ocupacional oportunizando a expressão de necessidades, desejos e escolhas, de um morador institucionalizado no CAIS - Clemente Ferreira em Lins com seqüela de paralisia cerebral, através do sistema de Comunicação Alternativa e Ampliada Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora da Faculdade do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Terapia Ocupacional sob orientação da Profº. Esp. Renata Tunes Antoneli e orientação técnica da Profª. Esp. Jovira Maria Sarraceni. LINS SP 2008 2 Silva, Mayara Moreira ; Pavezzi, Mayla Ferreira A terapia ocupacional oportunizando a expressão de desejos, necessidades e escolhas, de um morador institucionalizado no CAISClemente Ferreira em Lins com seqüela de Paralisia cerebral, através do sistema de Comunicação alternativa e ampliada / Mayara Moreira Silva; Mayla Ferreira Pavezzi. Lins, 2008. 108p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Terapia Ocupacional, 2008 Orientadores: Renata Tunes Antoneli; Jovira Maria Sarraceni 1. Paralisia Cerebral. 2.Comunicação alternativa. 3. Picture communication symbols ( PCS). 4. Terapia Ocupacional. I Título. CDU 615.851.3 3 MAYARA MOREIRA SILVA MAYLA FERREIRA PAVEZZI A Terapia Ocupacional oportunizando a expressão de necessidades, desejos e escolhas, de um morador institucionalizado no CAIS - Clemente Ferreira em Lins com seqüela de paralisia cerebral, através do sistema de Comunicação Alternativa e Ampliada Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Terapeuta Ocupacional. Aprovado em: ___ /___ / 2008. Banca Examinadora: Prof. Orientador : Renata Tunes Antoneli Titulação: Terapeuta Ocupacional e especialização Lato Sensu em Terapia Ocupacional Uma visão dinâmica em neurologia Assinatura: ______________________________________ Prof. (a) : _______________________________________________________ Titulação: _______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura: ______________________________________ Prof. (a) : _______________________________________________________ Titulação: 4 _______________________________________________________ _______________________________________________________________ Assinatura: ______________________________________ 5 AGRADECIMENTOS A Deus Por ter nos dado forças para vencer obstáculos, por ter nos feito forte, não permitindo que o cansaço nos dominasse, e se conseguimos chegar a este ideal, mais do que a todo mundo, devemos ao Senhor... Que a luz divina continue a iluminar nossos caminhos! Conceda-nos, Senhor, a serenidade necessária para acertar as coisas que não pudemos mudar, coragem para mudar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras. Mayara e Mayla A Orientadora Renata O sentido de ensinar ultrapassa a simples transferência da técnica, da informação. Ensinar também é transmitir o sentimento, criar o intuito, integrar, enfim, na sua totalidade, o conhecimento as alunas. A gradecemos pela atenção, paciência e pelo incentivo para realização deste gratificante trabalho. Um abraço e sucesso! Mayara e Mayla A Jovira Há pessoas que, quando deveriam ser simplesmente professores, foram mestres. Quando deveriam ser mestres, foram amigos e em sua amizade, nos compreendeu e incentivou. Obrigada pela atenção, para que nós conseguíssemos está vitória. Mayara e Mayla A fonoaudióloga Débora Sem o seu apoio este trabalho não seria realizado, obrigada pela paciência, dedicação e sabedoria. Obrigada!!! Mayla Mayara e 6 DEDICATÓRIAS Aos meus pais Dedico este trabalho a vocês , por ter me dado força e incentivo durante todo esse tempo. M e apoiando e depositando toda a confiança em mim, por ter acreditado no meu sonho e na minha luta. Obrigada por existirem, por terem me ensinado a crescer e enfrentar as dificuldades. Amo vocês Mayara Ao meu namorado Fábio Dedico este trabalho a você, obrigada por ser essa pessoa tão especial, por estar sempre ao meu lado me dando forças para trilhar esse caminho, pela compreensão e pelo carinho, por muitas vezes ter renunciado a você para que assim concretizasse mais uma etapa de minha vida. Amo Você Mayara A minha parceira Mayla Espero que deus ilumine sua vida, que tenha muito sucesso, pois você merece. Obrigada por ser essa pessoa amiga e companheira. Passamos por uma longa batalha mas hoje, sabemos que nosso esforço não foi em vão, mas recompensado através desse trabalho que realizamos juntas sempre com esforço e dedicação. Te adoro Mayara A minha amiga Ana Paula Por ter feito parte da minha vida. Obrigada pela sua amizade e carinho, foram tanto os momentos felizes que passamos juntas e concerteza serão inesquecíveis. Que nossa amizade dure para sempre. Que deus te ilumine , e que tenha muito 7 sucesso. Conte sempre comigo TE ADORO Mayara A minha Mãe Jane M ãe apesar das dificuldades que passamos juntas durante esta caminhada, você foi uma mulher guerreira, correu sempre atrás da vitória, isso me ensinou muito, pois pode ter certeza que todos seus exemplos vou carregar por toda a minha vida!!! Beijos Eu te amo! Você mora no meu coração Mayla Ao meu namorado Júlio Obrigada, pela compreensão e carinho durante a realização deste trabalho, você me ensinou a ser forte e não desistir nunca dos meus sonhos. Eu te amo! Você Mora no meu coração Mayla Ao meu irmão Thiago Obrigada pelo incentivo e ensinamentos nesta caminhada da vida , juntos conseguimos nos tornar seres maduros e fortes para superar qualquer que seja o obstáculo. Mayla A minha parceira e amiga Mayara 8 M a, ao longo desta caminhada quantos obstáculos se fizeram presente, mas hoje chegamos ao fim desta jornada, da nossa conquista; mas tenha certeza de uma coisa, o segredo está no amor e no entusiasmo que colocamos em cada obra que realizamos e a alegria da vitória final é a recompensa para aqueles que perseveram até o fim. Um grande Sucesso ! Mayla A Dona Isabel Foram 16 anos de muita dedicação, obrigado por ter cuidado de mim com tanto carinho; tenha certeza que nunca esquecerei! Beijos! Mayla Aos meus familiares e amigos Que torceram e ajudaram com atos ou pensamentos para que eu alcançasse esse objetivo. Obrigada! Mayla As minhas amigas T.O A migas da T.O foram quatro anos que passamos muito tempo juntas, aprendendo, chorando, sorrindo, brincando, estudando e desejo à todas vocês um grande sucesso, pois juntas traçamos mais uma etapa de nossas vidas com uma coisa que só T.O tem, muita garra e dedicação. Obrigada por tudo !!! Saudades Mayla 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Divisão da parte central do sistema nervoso corte mediano, esquemático.......................................................................................................19 Figura 2: Lobos do cérebro, vista lateral ........................................................... 19 Figura 3: Monoplegia ou Monoparesia .............................................................. 25 Figura 4: Diplegia ou Diparesia.......................................................................... 25 Figura 5: Hemiplegia ou Hemiparesia ............................................................................................................................ 26 Figura 6: Tetraplegia ou Tetraparesia ............................................................... 26 Figura 7: Gráfico quanto a qualidade do tônus ................................................. 29 Figura 8: Resposta através do apontar para a prancha .................................... 49 Figura 9: Resposta através do olhar para a prancha ........................................ 49 Figura 10: Sinalizando com a cabeça sim ou não ........................................ 50 Figura 11: Fazendo um som para o sim ou para o não ............................... 50 Figura 12: Outras formas de sinalização ........................................................... 50 Figura 13: Prancha construída com símbolos PCS........................................... 51 Figura 14: Combinação de símbolos no sistema Bliss...................................... 52 Figura 15: Símbolos do Pictogram Ideogram Communication.......................... 53 Figura 16: PCS tipo prancha.............................................................................. 99 Figura 17: Capa PCS tipo prancha.................................................................... 99 Figura 18: Ponteira Adaptada .......................................................................... 100 Figura 19: PCS tipo Fichário............................................................................ 100 Figura 20: PCS de vestuário............................................................................ 100 Figura 21: PCS de higiene............................................................................... 101 Figura 22: PCS de objetos............................................................................... 101 Figura 23: PCS de comidas e bebidas ............................................................ 101 Figura 24: PCS de doces................................................................................. 102 Figura 25: PCS de frutas ................................................................................. 102 Figura 26: PCS de lugares............................................................................... 102 Figura 27: PCS de advérbios........................................................................... 103 10 Figura 28: PCS de opostos.............................................................................. 103 Figura 29: PCS de verbos................................................................................ 103 Figura 30: PCS partes do corpo ...................................................................... 104 Figura 31: PCS de animais .............................................................................. 104 Figura 32: PCS de meses do ano.................................................................... 104 Figura 33: PCS de pessoa............................................................................... 105 Figura 34: PCS de cores.................................................................................. 105 Figura 35: R.F, utilizando a prancha de comunicação alternativa e ampliada 105 Figura 36: R.F, utilizando a prancha de comunicação alternativa e ampliada 106 Figura 37: R.F, utilizando a prancha de comunicação alternativa e ampliada 106 Figura 38: R.F, utilizando a prancha de comunicação alternativa e ampliada 106 LISTA DE QUADRO Quadro 1: Funções e déficits das áreas cerebrais ............................................ 20 Quadro 2 Classificação do nível de Comunicação............................................ 31 Quadro 3: Principais etapas do desenvolvimento fonológico............................ 39 Quadro 4: Dados referentes às terapias............................................................ 63 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ASHA American Speech Language - Hearing Association AVC Acidente Vascular Cerebral CAA Comunicação alternativa e ampliada CAIS Centro de Atenção Integral à Saúde PC PCS Paralisia Cerebral Picture Communication Symbols 11 PIC Pictogram Ideogram Communication Symbols SNC Sistema nervoso central TCE traumatismo cranioencefâlico T.O Terapia Ocupacional 12 SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................... 15 CAPÍTULO I PARALISIA CEREBRAL 1 CONCEITUAÇÃO........................................................................................... 17 1.1.1 Etiologia .................................................................................................... 22 1.1.2 Período pré-natal ...................................................................................... 23 1.1.3 Período perinatal e neonatal..................................................................... 23 1.1.4 Período pós-natal...................................................................................... 24 1.2 Incidência ..................................................................................................... 24 1.3 Classificação ................................................................................................ 24 1.3.1 Quanto à distribuição topográfica ............................................................. 24 1.3.2 Quanto à qualidade ou tipo de tônus........................................................ 27 1.4 Distúrbios associados .................................................................................. 29 1.4.1 Distúrbios visuais ...................................................................................... 29 1.4.2 Distúrbios auditivos................................................................................... 30 1.4.3 Distúrbios de linguagem ........................................................................... 30 1.4.4 Distúrbio de integração sensorial ............................................................. 32 1.4.5 Epilepsia.................................................................................................... 32 1.4.6 Distúrbios cognitivos ................................................................................. 32 1.4.7 Distúrbios ortopédicos .............................................................................. 33 1.4.8 Distúrbio de Comportamento.................................................................... 33 1.4.9 Outros problemas ..................................................................................... 33 CAPÍTULO II LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AMPLIADA E A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL 2 LINGUAGEM 2.1 Conceituação ............................................................................................... 35 2.2 Desenvolvimento da linguagem................................................................... 36 2.3 Tipos de linguagem...................................................................................... 38 13 2.4 Comunicação alternativa e ampliada........................................................... 39 2.4.1 Terminologia, conceituação, clientela e objetivos ................................... 39 2.4.2 Recursos utilizados................................................................................... 42 2.4.2.1 Recursos de baixa tecnologia................................................................ 42 2.4.2.2 Recursos de alta tecnologia ................................................................. 43 2.4.3 Técnicas de seleção ................................................................................. 44 2.4.4 Sistemas de comunicação alternativa ...................................................... 45 2.4.4.1 Principais sistemas utilizados ................................................................ 47 2.4.4.1.1 Picture Communication Symbols (PCS)............................................. 47 2.4.4.1.2 Sistema Bliss. ..................................................................................... 51 2.4.4.1.3 Pictogram Ideogram Communication (PIC)........................................ 53 2.4.5 Atuação da Terapia Ocupacional na Comunicação alternativa e ampliada................................................................................................... 54 CAPÍTULO III - A PESQUISA 3 INTRODUÇÂO................................................................................................ 56 3.1 Relato da rotina institucional do morador assistido ..................................... 57 3.2 O trabalho realizado no CAIS Clemente ferreira em Lins ........................ 58 3.3 Caso em destaque....................................................................................... 58 3.3.1 Historia clinica Anamnese ........................................................................ 58 3.3.2 Avaliação da Terapia Ocupacional ........................................................... 59 3.4 A intervenção da T.O utilizando o sistema de CAA..................................... 60 3.4.1 Dados referentes ás terapias.................................................................... 62 3.5 Orientação a equipe da instituição, responsável pelo caso, quanto ao uso do sistema de CAA com o morador................................................................... 71 3.6 A palavra dos profissionais .......................................................................... 72 3.7 Discussão..................................................................................................... 78 3.8 Conclusão sobre o caso .............................................................................. 79 PROPOSTA DE INTERVENÇAO ..................................................................... 81 CONCLUSÃO .................................................................................................... 83 14 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 84 APÊNDICES ...................................................................................................... 89 GLOSSÁRIO.................................................................................................... 107 15 RESUMO A paralisia cerebral é uma lesão do sistema nervoso central definida como não progressiva, mas frequentemente mutável, que trás alteração de tônus e motricidade, podendo associar alterações visuais, auditivas, cognitivas, na fala e entre outras. A Comunicação alternativa e ampliada é toda forma que substitui ou complementa a fala, auxiliando as pessoas que não utilizam a comunicação verbal para se expressarem; a utilização desta destina-se a compensar os déficits de expressão, que muito comumente ocorre em casos de paralisia cerebral. O presente estudo teve como objetivo demonstrar que a Terapia Ocupacional ao utilizar o sistema de comunicação alternativa e ampliada, pode intervir de forma a favorecer e oportunizar a expressão de necessidades, desejos e escolhas de um morador do Cais Clemente Ferreira em Lins propiciando-lhe a possibilidade de atribuir qualitativamente maiores interações com o ambiente no qual convive. Para demonstrar que a Terapia Ocupacional ao utilizar a comunicação alternativa e ampliada favorece a expressão de necessidades, desejos e escolhas de um morador com paralisia cerebral, foi realizado o estudo de caso no Cais Clemente Ferreira em Lins, de junho a setembro deste ano. O sistema utilizado foi o PCS (Picture Communication Symbols), sendo confeccionado um álbum e uma prancha compostos por diversas categorias, cada qual representada por símbolos gráficos, entre as categorias, encontram-se: lugares, cores, animais, comidas, bebidas, doces, frutas, partes do corpo, vestuário, higiene, advérbios, opostos, verbos e pessoas. Foi utilizado sistema de baixa tecnologia, com técnica de seleção com ajuda, através do uso dos símbolos gráficos e da ponteira manual. Após ter realizado a Confecção das pranchas foi realizada orientação à equipe da unidade C2 par, para demonstrar como o indivíduo irá se comunicar através da prancha, a fim de proporcionar melhor interação com os funcionários e maximizar seu potencial de expressão e escolhas no seu dia a dia. O sistema utilizado criou condições para que o morador assistido expresse seus desejos e necessidades, além de favorecer maior interação com toda a equipe da instituição, desenvolvendo relações interpessoais e contribuindo para uma melhor sociabilização e qualidade de vida. Palavras-chaves: Paralisia Cerebral. Comunicação Alternativa e Ampliada. Picture Communication Symbols. Terapia Ocupacional 16 ABSTRACT Cerebral palsy is a central nervous system injury defined as nonprogressive, but often changeable, as it brings change in tone and drive and may involve changes vision, hearing, cognitive, speech and in among others. The communication and alternative picture is anyway they replace or complement the speech, helping people who do not use verbal communication to express themselves, the use of this is intended to offset the deficits of expression, which commonly occurs in most cases of cerebral palsy. This study aimed to demonstrate that the Occupational Therapy by using alternative communication system and expanded, can intervene in order to encourage and nurture the expression of needs, wishes and choices of a resident of Pier Clemente Ferreira in providing you the Lins possibility of assigning qualitatively greater interactions with the environment in which to live. To demonstrate that the Occupational Therapy to use the alternative communication and extended favors the expression of needs, wishes and choices of a neighbor with cerebral palsy, the study was conducted in the case of Pier Clemente Ferreira in Lins, from June to September this year. The system was used PCS (Picture Communication Symbols), and made an album and a board composed of various categories, each represented by graphic symbols, between the categories are: seats, colors, animals, food, drinks, sweets , Fruits, body parts, clothing, hygiene, adverbs, opposites, verbs and people. We used low-tech system, with technical help with the selection, through the use of graphic symbols and the tip guide. Having done the Manufacture of the boards was made to the team orientation of the unit C2 pair, to demonstrate how the individual will to communicate through the board in order to provide better interaction with employees and maximize their potential for expression and choices in their day to day. The system has created conditions for the assisted living express their wishes and needs, and encourage greater interaction with the whole staff of the institution, developing interpersonal relationships and contributing to a better quality of life and socializing. Key words: Cerebral Palsy. Alternative Communication and zoom. Picture Communication Symbols. Occupational Therapy 17 INTRODUÇÃO A comunicação alternativa (CAA) é um recurso que vem sendo utilizado para indivíduos que não possuem a comunicação-verbal , com objetivos de potencializar sua expressão e interação com o meio em que vive. O indivíduo com paralisia cerebral (PC) apresentará uma alteração tônica e de movimento, que afetará a deambulação, o equilíbrio e a postura, podendo levar a prejuízos de ordem intelectual, atraso na linguagem, alterações auditivas, visuais, táteis-cinestésicas, transtornos de comportamento, entre outros. Considera-se a Comunicação Alternativa e Ampliada um meio eficaz na prática da Terapia Ocupacional, sendo enfocada na intervenção de um morador institucionalizado no Cais Clemente Ferreira em Lins, com seqüela de Paralisia Cerebral, oportunizando a expressão de necessidades, desejos e escolhas, proporcionando uma melhoria em sua qualidade de vida. O trabalho procura responder o seguinte questionamento: É possível que a Terapia Ocupacional ao utilizar-se do sistema de comunicação alternativa e ampliada, viabilize a oportunidade de expressão não verbal de necessidades, desejos e escolhas de um morador institucionalizado no Cais Clemente Ferreira em Lins, com seqüela de Paralisia Cerebral, e consequentemente, propicie uma melhoria na qualidade de vida do sujeito em questão? Portanto, baseado no fato de que a CAA é um recurso que quando disponibilizado contribui significativamente no processo de reabilitação de pacientes que apresentam déficits em sua comunicação, o trabalho é direcionado pelo pressuposto de que a Terapia Ocupacional, ao utilizar-se da Comunicação alternativa e ampliada, facilita a comunicação não-verbal de um morador do Cais Clemente Ferreira em Lins com seqüela de paralisia cerebral, melhorando a sua qualidade de vida e promovendo oportunidades de escolhas, e expressão de necessidades e desejos, no ambiente em que convive, meio interno-instituição e meio externo quando são promovidos 18 passeios e saídas externas. Para demonstrar a veracidade desse pressuposto, utilizou-se como método de pesquisa, o estudo de um caso ilustrativo, no Cais Clemente Ferreira em Lins, com análise dos resultados da intervenção terapêutica e levantamento bibliográfico para referencial teórico. O trabalho está assim estruturado: Capítulo I Capítulo II Descreve a paralisia cerebral Descreve a Comunicação Alternativa e Ampliada e a atuação da Terapia Ocupacional Capítulo III Descrição da pesquisa, com análise dos dados obtidos e apresentação dos resultados. Para finalizar, segue-se a proposta de intervenção e as considerações finais. 19 CAPÍTULO I PARALISIA CEREBRAL 1 CONCEITUAÇÃO O termo paralisia cerebral (PC) designa uma seqüela que resulta de uma lesão ou mau desenvolvimento do cérebro, de caráter não progressivo, podendo ser caracterizada por um distúrbio que afeta os movimentos em função da distribuição anormal do tônus, ocasionando inabilidade postural e alteração no desenvolvimento sensório-motor. Segundo Lorenzini (2002) PC é uma desordem do cérebro imaturo, que ocorre no período de gestação, durante o parto ou após o nascimento, antes de estar completo o desenvolvimento motor. Um indivíduo com PC apresentará uma alteração tônica e de movimento, que afetará a deambulação, o equilíbrio e a postura, podendo levar a prejuízos de ordem intelectual, atraso na linguagem, alterações auditivas, visuais, táteis-cinestésicas, transtornos de comportamento, entre outros. Portanto quando o indivíduo apresentar lesão no cérebro ainda imaturo, terá afetado seu desenvolvimento neuropsicomotor com possíveis seqüelas que irão interferir em sua vida adulta, ocorrendo muitas vezes outros transtornos associados. Segundo Finnie (2000) a limitação motora presente na PC também ocasiona dificuldades na qualidade do desenvolvimento da comunicação e interação com o meio, bem como dificuldades na construção do espaço e suas relações, o que por sua vez, reflete em suas funções cognitivointelectuais. A falta de estímulos externos pode provocar dificuldades no desenvolvimento motor, sensorial, intelectual e cognitivo, por isso é 20 necessário que o tratamento seja feito por uma equipe multidisciplinar, composta por terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogas, fisioterapeutas, médicos, entre outros, para que esses profissionais possam potencializar suas competências em seu cotidiano, no meio social, familiar e escolar. A PC pode ser descrita como não progressiva, mas apresenta mudanças quanto aos distúrbios motores como tônus e postura. Para Gianni (apud FREUD 1987), o termo cerebral sugere o acometimento dos hemisférios cerebrais, mas as lesões responsáveis podem acometer também a região mesodiencefálica, o tronco cerebral e/ou cerebelo. Segundo Ferraretto e Souza (1997) PC designa um grupo de desordens motoras, não progressivas, porém mutável, resultante de uma lesão cerebral na primeira infância. Embora a lesão seja estacionária, ela sofre modificações principalmente na ausência de tratamento, assim, os movimentos e funções podem se tornar mais desajustados e de forma irreversível. É importante também ressaltar que a maioria das crianças com PC desenvolve espasticidade, ataxia ou hipotonia generalizada. O grau de comprometimento vai depender do grau e da extensão da área cerebral que foi afetada, que corresponderá às funções motoras e a qualidade do tônus, ocorrendo na grande maioria à forma espástica. Portanto, os sinais e sintomas da PC vão depender da extensão e da área afetada, e se expressam em padrões de postura e movimentos anormais. 21 Fonte: Sobotta, p.285 Figura 1: Divisão da parte central do sistema nervoso; Corte mediano, esquemático. As partes do encéfalo marcadas com *, em conjunto, tronco do encéfalo Fonte: Sobotta, p. 288 Figura 2: Lobos do cérebro; vista superior Lobos do cérebro; vista lateral 22 Edmans et al (2004) sugere uma classificação de acordo com as funções e déficits das áreas cerebrais: Lobo frontal Funções Concentração Pensamento Abstrato Memória Raciocínio Ética Compreensão Emotividade Tato Inibição Pensamentos seqüenciais Capacidade de avaliar a conseqüência dos atos Solução dos problemas intelectuais Moralidade Função motora Área de Broca Funções Expressão da linguagem Formação da palavra Articulação Pronúncia Produção da voz e da fala Lobo temporal Funções Áreas auditivas Áreas de wernicke: Recepção e discriminação dos sons Interpretação dos sons Área olfativa Memórias detalhadas, especialmente memórias que envolvem mais de uma modalidade sensorial (hemisfério dominante) Lobo occipital Funções Recepção visual Associações visuais Detecção da organização espacial da visão, de formas, de cores e contraste Interpretação secundária de imagens visuais complexas Percepção de forma e significado Fixação do olhar visual Tálamo Funções As vias sensitivas e motoras em contato com o tálamo, à exceção das vias olfativas Déficits De memória No pensamento abstrato De raciocínio De comportamento ético Emocionais De compreensão Em relação ao ato De inibição Déficits Na movimentação de tronco e olhos Afasia não fluente Apraxia verbal Déficits Afasia de Wernicke Compreensão Repetição de fala Jargonofasia Compreensão para a leitura Déficits Distúrbios visuais e de interpretação Distúrbios do campo visual contralateral Perda parcial do campo Alterações de percepção Déficits Hemiplegia contralateral Falhas sensitivas no dimídio contralateral Olhar em direção lateral e vertical Continua 23 Continuação Hipotálamo Funções Sistema nervoso autônomo Pressão arterial Freqüência cardíaca Freqüência respiratória Temperatura corporal Metabolismo hídrico Osmoralidade dos líquidos orgânicos Reposta à alimentação Expressão física das emoções Comportamento sexual Síntese dos hormônios Regulação de salivação, peristaltismo, sudorese e glicemia. Hipófise Funções Sistema endócrino Liberação de oxitocina e vasopressina Gânglio da base Funções Produção de dopamina Coordenação dos movimentos dos músculos Mesencéfalo Funções Síntese da dopamina Proteção dos gânglios basais Ponte Funções Transmissão de informação do córtex cerebral ao tronco e de um hemisfério para o outro As vias de transmissão da sensibilidade atravessam a ponte Regulação do aparelho respiratório Déficits Alterações da regulação térmica Alteração do volume hídrico diabetes insípido Alteração da pressão arterial, da freqüência cardíaca e da respiração Modificação de hábitos alimentares Alteração da regulagem da glicemia Alteração da motilidade gástrica Déficits Alterações funcionais do córtex das suprarrenais Alterações do crescimento corporal Distúrbio da tireóide Distúrbio no desenvolvimento dos caracteres sexuais primários e secundários Problemas renais diabetes insípido Déficits Distúrbios de movimento Tremores Rigidez muscular Coréia Atetóse Distonia Hemibalismo Déficits Problemas visuais motores Parkinsonismo Interrupção dos reflexos auditivos e visuais Déficits Sensitivos e motores Alteração da mastigação e da sensibilidade da face Alterações dos movimentos oculares e do fechamento das pálpebras Alterações da sensibilidade gustativa, da expressão mímica, da salivação, do equilíbrio e da audição Insuficiência respiratória Continua 24 Continuação Medula oblonga Funções Regulação da pressão arterial e da respiração Manutenção do estado de vigília Indução do sono Cerebelo Funções Recebe os estímulos proprioceptivos Mantém o equilíbrio Coordena os movimentos automáticos Regula o tônus da musculatura Déficits Estado vegetativo persistente Deficiência sensitivo-motora contralateral Alterações da sensibilidade postural, proprioceptiva e vibratória Insuficiência respiratória Disfunção cardíaca / vasomotora Nos movimentos da língua De salivação e função da faringe Déficits Diminuição ipsolateral do tônus muscular Coordenação precária e movimentos delicados prejudicados Marcha atáxica Tremor cinestésico Disdiadococinesia Dismetria Hipotonia Astenia Fonte: Edmans et al, 2004, p.9-12 Quadro 1: Funções e déficits das áreas cerebrais 1.1 Etiologia Na PC existem muitas causas passíveis de provocarem a lesão cerebral, incluindo fatores relacionados a características da mãe antes da gravidez, características familiares, até os fatores que ocorrem durante o nascimento e nos dois primeiros anos de vida. Portanto as causas estão relacionadas com os períodos pré-natal, peri-natal e pós- natal. Relatos de Teixeira (apud GIANNI, 2003, p.93) apontam que no Brasil a principal causa de PC são fatores perinatais, sendo a encefalopatia hipóxico isquêmico a mais freqüente associada a encefalopatia neonatal e seqüelas neurológicas subseqüentes, incluindo PC . 25 1.1.2 Período pré-natal Segundo Ferraretto e Souza (apud KUBAN e LEVITON, 1994) antes da gestação as causas da PC são: história materna de abortos; ciclos menstruais longos e irregulares, história familiar de PC, doença genética ou malformação congênita. Este período atua desde a concepção até o início de trabalho de parto, tendo como causas eventuais problemas relacionados ao sangue e metabolismo materno, doenças infecciosas adquiridas durante a gestação, RX efetuado na gravidez ou por falta de circulação sanguínea no feto. Segundo Gianni (2003) as causas de origem pré-natal são as infecções congênitas entre elas: toxoplasmose, citomegalovírus, herpes, rubéola, tífo, lues e Human Immunodeficiency Vírus (HIV), entre outras. É necessário que a gestante acompanhe regularmente o período pré-natal, alimente-se adequadamente e tome somente medicamentos com prescrição médica. 1.1.3 Período perinatal e neonatal Este período compreende desde o início do trabalho de parto até o momento do nascimento, sendo o fator mais freqüente a anóxia ou hipóxia cerebral. Outros fatores compreendem placenta prévia, hematomas subdurais, prematuros de baixo peso e circular de cordão. Segundo Gianni (2003) a encefalopatia hipóxico - isquêmica é a agressão mais freqüentemente associada à encefalopatia neonatal e seqüelas neurológicas, no entanto outros fatores sejam eles tóxicos, metabólicos ou traumáticos também podem ocasionar PC. 26 1.1.4 Período pós- natal Segundo Ferraretto e Souza (1998) uma das causas da PC são as lesões adquiridas do sistema nervoso central (SNC) até os dois anos de idade. As seqüelas mais graves ocorrem no caso das meningoencefalites adquiridas, traumas crânioencefálicos (TCE), acidentes vasculares cerebrais (AVC), entre outros. 1.2 Incidência Segundo Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho (2007), existem variações na incidência entre os tipos de PC; no caso da PC espástica a incidência é de 70 % dos casos, já na atetóide a média é de 20% à 30% dos casos, e 10% corresponde a PC atáxica. Em média mundialmente atinge de 1.5 a 2.5 por 1.000 nascidos vivos. 1.3 Classificação De acordo com a localização e extensão da área lesada no cérebro, a PC é classificada quanto à qualidade ou tipo de tônus e quanto à distribuição topográfica - região do corpo afetada, resultando em quadros neurológicos distintos e superpostos. Os principais são: 1.3.1 Quanto a distribuição topográfica a) Monoplegia ou monoparesia: Acomete apenas um braço e com menos freqüência acomete uma perna. De acordo com Blakiston (1982) a monoplegia refere-se a paralisia 27 de um único membro, músculo ou grupo muscular; enquanto monoparesia refere-se a paralisia parcial de uma parte do corpo, como a de um membro. Fonte: conteúdo. imasters. com.br/4698/boneca.jpg Figura 3: Monoplegia ou Monoparesia b) Diplegia ou diparesia: os membros inferiores são mais acometidos nesses casos, tendo um comprometimento de moderado a leve dos membros superiores. Segundo Gianni (2003) a diplegia se deve a lesões isquêmicas do SNC. Os membros superiores geralmente apresentam boa funcionalidade e a possibilidade de deambulação é maior. Fonte: conteúdo. imasters. com. br/4698/boneca.jpg Figura 4 : Diplegia ou Diparesia 28 c) Hemiplegia ou hemiparesia: comprometimento motor de um lado do corpo, sendo contralateral ao lado do cérebro lesionado. Ferraretto e Souza (1998) explicam de forma anatômica que um lado somente é acometido, podendo ser o lado direito ou o esquerdo. Fonte: conteúdo. imasters. com. br/4698/boneca.jpg Figura 5: Hemiplegia ou Hemiparesia d) Tetraplegia ou Tetraparesia: Todo o corpo é afetado. Segundo Gianni (2003) esses casos são os mais graves. A função dos membros superiores assim como a aquisição de deambulação é pouco freqüente. Fonte: conteúdo. imasters.com. br/4698/boneca.jpg Figura 6: Tetraplegia ou Tetraparesia Para melhor elucidar o descrito, torna-se importante esclarecer a diferença entre os termos plegia e paresia: 29 De acordo com Blakiston (1982) plegia é uma expressão que indica paralisia, enquanto paresia é a expressão que indica uma paralisia moderada ou perda incompleta da força muscular e também fraqueza de um membro. 1.3.2 Quanto a qualidade ou tipo de tônus a) Espástica ou piramidal: o tônus muscular se encontra com o grau de tensão aumentado, apresentando resistência aos movimentos passivos, este aumento do tônus é denominado espasticidade. Segundo Ferrareto e Souza (1998) é o tipo mais comum de PC, é quando o músculo mostra uma resistência maior no movimento passivo e com isso há um aumento no tônus muscular. A espasticidade atua em alguns grupos musculares e o aparecimento de deformidades na PC espástica é mais comum. b) Flácido: O tônus muscular encontra-se com grau de tensão diminuída. "Diminuição da tonicidade ou tensão normal; especialmente, diminuição de pressão intraocular ou de tônus muscular". (BLAKISTON, 1988, p. 538). Para Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho (2007) é a forma mais grave, com comprometimento motor intenso, hipotonia severa e inteligência bastante rebaixada; é pouco freqüente. Quando a lesão atinge o sistema extrapiramidal e situa-se nos núcleos da base, leva ao aparecimento de movimentos involuntários. Para Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho (2007) há lesão dos núcleos da base caracterizando-se pela presença de movimentos involuntários, o tônus muscular é variável com movimentos anormais que aumentam durante a movimentação voluntária, com estímulos 30 sensoriais e emocionais; e desaparecem durante o sono; as deformidades não ocorrem ou são mais raras. Nestas lesões, são citadas as seguintes alterações tônicas: a) Atetóide: Os movimentos são involuntários, lentos, serpenteados, e estão presentes nas extremidades. O atetóide, segundo Levitt (2001), apresenta o sistema muscular instável e flutuante, em qualquer ação apresenta movimentos involuntários de pequena amplitude. O controle da cabeça e as respostas a estímulos são instáveis e imprevisíveis, tem personalidades extrovertidas, dificuldade da articulação da fala e problemas de reprodução. Para Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho (2007) os movimentos apresentados são lentos e serpenteformes, presentes nas extremidades mais distais que parasitam os movimentos voluntários. b)Coréico: Movimentos involuntários presentes nas raízes dos membros, rápidos, ocasionalmente impossibilita que o movimento voluntário ocorra. Presença de um tônus flutuante, com variações de hipo para normal, e de hipo para hiper. Para Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho (2007) os movimentos estão presentes nas partes proximais dos membros, rápidos, prejudicando o movimento voluntário. c) Distônico: Presença de um tônus flutuante, com variações de hipo para hiper. Há presença de movimentos involuntários que levam a distúrbios da postura. Segundo Ferraretto e Souza (1987) são movimentos atetóides mantidos, com posturas fixas, que podem se modificar após algum tempo. d) Atáxica: É um tipo raro na PC, trata-se de uma incoordenação dos movimentos, por lesão de origem cerebelar. H I P E R 31 1 N Segundo Gianni (2003) esse tipo clínico é caracterizado por H I P O 4 5 6 alterações2 da coordenação e equilíbrio. A deficiência mental nesses 3 casos é freqüente. Fonte: autoria própria Figura 7: Classificação do tônus quanto à qualidade LEGENDA: 1-Espástico, 2- Atetóide, 3- Distônico, 4- Coréico, 5- Atáxico, 6- Flácido 1.4 Distúrbios associados Apesar da PC ser caracterizada por uma disfunção motora, é comum que esteja associada a outros distúrbios como: deficiência visual, auditiva, cognitiva, lingüísticas, distúrbios ortopédicos, de integração sensorial, epilepsia, de comportamento e outros. 1.4.1 Distúrbios visuais Segundo Finnie (2000) nos distúrbios visuais os indivíduos apresentam um comprometimento nas vias e córtex visual, dificultando a interpretação das informações que chegam do globo ocular. O controle desordenado dos movimentos muitas vezes afeta o músculo dos olhos, com risco de apresentar 32 principalmente estrabismo, podendo estar associado a outros déficits visuais como miopia, astigmatismo, atrofia óptica, ametropias, entre outras alterações. Segundo Shepherd (1996) a pouca acuidade visual pode ser responsável pelas alterações ligadas ao espaço, e ao esquema corporal. 1.4.2 Distúrbios auditivos A criança também pode apresentar alterações auditivas, que prejudicará a linguagem de forma verbal, sendo que a linguagem é a simbolização interna do pensamento e a fala é um meio de transmitir seus desejos, anseios, sentimentos. Finnie (2000) as pessoas com PC podem ter danos nos nervos auditivos e nas partes do cérebro que interpretam os sinais sonoros. Para as pessoas com PC deve haver outros meios de comunicação por apresentarem dificuldade para mover os músculos que controlam a formação do som, comum nos sujeitos com PC atetóide, sendo necessário que utilize um meio de comunicação alternativa e ampliada (CAA), para que não perca o contato com o meio, mesmo que seu meio social seja restrito. Portanto, devido a essas alterações o comportamento do paciente pode ser irritável, a falta de linguagem verbal é um fator comportamental onde ela mesma pode se excluir do meio externo o que prejudica a relação com colegas, membros da família e meio social. Os aspectos como atenção, concentração, hiperatividade, também estão relacionados com casos de seqüela de PC. 1.4.3 Disfunsão de linguagem As anomalias associadas a fala podem ser desde uma simples disartria até uma afasia. Segundo Ferraretto; Souza in Pinto (1997) nos casos de retardo mental 33 ou de linguagem, pode ser utilizado o método Hanen, criado por uma fonoaudióloga Ayala Manolson do Canadá. Refere-se a um método dirigido aos pais de crianças de zero a cinco anos com distúrbios na fala, baseado na interação da criança com o ambiente familiar que resulta de uma estimulação natural e constante. A comunicação é classificada de acordo com o método Hanen, levando os pais a terem um conhecimento profundo do estágio de desenvolvimento de seu filho, assumindo determinadas atitudes durante a interação com seu filho. Ferraretto; Souza in Pinto (1997) classificou o desenvolvimento em níveis como segue a tabela: Nível Nível: 0 Função Não comunicativo Nível: I Comunicação reflexa Nível: II Comunicação não intencional Nível: III Comunicação intencional Nível: IV Comunicação verbal Fonte: Ferraretto; Souza in Pinto, 1997, p. 81 Quadro nº2: Classificação do nível de comunicação Características Não fixa o olhar. Não procura a fonte sonora. Não chora com fim de demonstrar fome e/ou desconforto. Segue objetos com os olhos. Procura a fonte sonora. Chora ou resmunga para demonstrar fome ou desconforto. Interessa-se pelo ambiente. Começa a imitar gestos simples e sons. Balbucia. Cumpre alguns comandos simples. Aponta para algumas partes do corpo. Aponta para o que quer. Inicia jogo simbólico. Emite de 1 a 5 vocábulos. Já tem simbólico. Emite várias palavras, cerca de 50. Combina palavras formando frases. Responde e faz perguntas simples. Já compreende futuro e passado e alguns conceitos espaciais (em cima, ao lado, atrás, etc.). 34 1.4.4 Distúrbio de integração sensorial Shepherd (1996) destaca os distúrbios ligados a agnosia, que é a não interpretação do estímulo tátil, visual e espacial e a apraxia, que é a dificuldade em realizar um movimento, ainda que compreendido. As alterações apresentadas se expressam em processamento e resposta inadequada aos estímulos sensoriais com base no comportamento motor e que pode chegar a interferir no processo cognitivo. Para Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho (2007) o sujeito apresenta dificuldade de interpretar e responder a estímulos sensoriais, dificultando as ações motoras, a aprendizagem e a formação de conceitos. 1.4.5 Epilepsia Segundo Finnie (2000) crianças com PC têm maior probabilidade de sofrer convulsão, isso ocorre aproximadamente com a metade da população com PC. E também há muitas crianças que podem ter um ou mais ataques nos primeiros anos de vida não agravantes. Há vários tipos de ataque que podem ser divididos em ataques generalizados, nesse tipo de ataque o corpo treme e há perda de consciência, e ataque menores, em que há perda de consciência associado com o revirar dos olhos. 1.4.6 Distúrbios cognitivos Segundo Finnie (2000) metade das crianças com PC apresentam distúrbios de aprendizado desde os mais leves até os mais severos. As crianças com PC podem ter dificuldades de aprendizagem inesperadas, como por exemplo, uma criança que demonstra habilidade em diversas áreas, pode ter problemas com a leitura ou ter dificuldade com a matemática, outras podem ser muito boas na leitura e matemática mas ter problemas na percepção de formas e dificuldade em desenhar. Em todos os aspectos a 35 criança com PC pode ter um desenvolvimento lento. 1.4.7 Distúrbios Ortopédicos Segundo Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho (2007) as deformidades são decorrentes da alteração do tônus muscular, diminuição da força muscular, e pelo mau posicionamento do corpo podendo ocorrer em nível de pés até membros superiores. A coluna vertebral muitas vezes apresenta escoliose, cifose ou lordose. 1.4.8 Distúrbio de Comportamento Segundo Finnie (2000) muitas crianças com PC não conseguem ter um sono tranqüilo a noite, algumas permanecem irritadas nos primeiros anos de vida, sofrem de ataques de temperamento, são muito ativas, e as que não podem se mover são atentas, mantendo essa atenção por muito tempo. Em crianças que estão aprendendo a se locomover a atenção é pequena, mas durante a fase de aprendizado ela amplia a sua concentração e passa o tempo explorando os brinquedos. Problemas de hiperatividade são comuns nessas crianças, portanto é importante ficar atento para a diminuição de sua atividade e para o desenvolvimento de sua atenção. 1.4.9 Outros problemas a) Salivação Segundo Finnie (2000) outro problema das crianças com PC é a dificuldade em controlar a saliva. Ela pode ter dificuldade em atingir o fechamento dos lábios e a deglutição regular da saliva 36 b) Dentição Segundo Finnie (2000) há dificuldade da criança com PC em movimentar a língua, principalmente as que não ultrapassam o padrão primitivo de sucção e deglutição, sendo assim a comida pode ficar presa ao redor dos dentes, com isso a probabilidade dos dentes se deteriorarem é grande. Portanto, é importante a escovação dos dentes após as refeições. c) Alimentação Segundo Finnie (2000) o problema na alimentação ocorre no período de lactância, ou seja, quando a criança apresenta dificuldade em sugar o leite, e ao longo do crescimento dificuldade para mastigar. Pode haver problemas também com a deglutição. Nessas crianças a organização rítmica entre o fechamento da laringe e o procedimento de deglutição não ocorre e a comida ou líquido podem ser aspirados, ou seja, chegar aos pulmões, e agravar o problema e com isso há o risco dos germes penetrarem nos pulmões, um dos motivos da criança estar sujeita a infecções pulmonares. Quando a comida está no estômago é muitas vezes regurgitada, isso acontece quando o estômago se contrai, em vez de empurrar a comida para baixo leva-a novamente para o esôfago e forma-se um pequeno vômito. Quando há regurgitação freqüente, o esôfago fica sensível e dolorido, dificultando assim a deglutição. 37 CAPÍTULO II LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AMPLIADA E A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL 2 LINGUAGEM 2.1 Conceituação Segundo Molcho (2007) a linguagem representa uma forma de aprendizado adquirido progressivamente pelo contato com o meio, desde o início da vida intra-uterina a criança inicia a sua linguagem corporal por meio de sons do meio externo. Segundo Blakstone (apud PELOSI, 2000) as pessoas recebem informações através do olhar, do ouvir, do cheirar, do experimentar e do sentir; transmitem as informações diante das ações de tocar, falar, escrever, mover e olhar. Há uma constante troca de informações mesmo quando não existe intenção de fazê-lo. Portanto a linguagem se desenvolve progressivamente de acordo com o contato com o meio, ocorre de forma espontânea em relação ao pensamento e a fala. Para Gill (1997), a comunicação é o processo pelo qual toda informação é passada e/ou trocada entre indivíduos, é através deste processo que nos relacionamos e aprendemos. A comunicação é essencial para a interação do sujeito à sociedade. A fala associada a gestos, expressões faciais e corporais caracterizam a condição humana . (PELOSI, 2000, p. 35) Portanto, o desenvolvimento da linguagem desenvolvimento do sistema sensorial, motor e cognitivo. depende do 38 Segundo Edmans (2004) as regiões do cérebro associadas ao funcionamento da linguagem são as do hemisfério esquerdo, já o hemisfério direito tem como função a compreensão de frases simples e dos aspectos emocionais, ambos os hemisférios contribuem para a comunicação humana normal. Quando esses sistemas estão íntegros, os indivíduos se tornam aptos a desenvolver a linguagem falada, quando há alterações nos sistemas biológicos podem causar distúrbios na comunicação e adotam uma comunicação por meio de gestos, expressões faciais, entre outros. Para Valmaseda (2004), a linguagem é uma representação interna da realidade que utiliza um meio de comunicação compartilhado socialmente. Uma pessoa que desenvolveu a linguagem trouxe para dentro de si uma variedade de aspectos da realidade para que assim possa representar para os outros, informações sobre ações, pessoas, objetos e qualidades. Sendo assim, a linguagem é um meio de transmitir ao meio externo as emoções internas e idéias, exprimindo aspectos emocionais e afetivos. 2.2 Desenvolvimento da linguagem Segundo Molcho (2007) durante a vida uterina o bebê começa apresentar uma forma de comunicação através de uma linguagem corporal, onde sente as sensações agradáveis e desagradáveis do meio externo, isso quer dizer que ainda dentro da barriga da mãe já demonstra seus sentimentos e suas necessidades. A partir do momento que nasce os bebês ainda não estão aptos a atenderem suas sensações sozinhos e começam a chorar e fazem expressões faciais comunicação do bebê quando sentem alguma necessidade; a com o mundo externo vai começando a se desenvolver, diante das situações que serão apresentadas em cada período de sua vida: 39 a) No período de 2 e 3 meses a criança começa a produzir diálogos muito primitivos, por contato ocular, sorrisos, balbucios e alternância das expressões. É durante esse período que aparecem os ruídos vocais denominados lalação e fazem imitação de sons emitidos pelos adultos, essa lalação refere-se aos períodos de bem-estar, quando a criança está em seu berço, depois da refeição, e quando está sozinha. b) Aos 5 e 6 meses inicia-se uma espécie de diálogo, onde a criança repete através de um som como a e are o que o adulto acabou de falar e espera um retorno ou um reconhecimento do adulto, ou seja a criança aguarda uma resposta do adulto. c) A partir dos 8 meses a criança começa a compreender as relações causais, sabe que o adulto é o agente e sabe que se pode por em prática meios para alcançar certos fins. Até os 9 meses começa a comunicar por meio de vocalizações seus desejos para que o adulto os realize. d) Dos 10 aos 12 meses a criança começa a mostrar objetos para o adulto, para que assim possam compartilhá-los com ele. Ela confere ao adulto o status de interlocutor, alguém que deseja compartilhar certas informações. Nesse momento a criança estabelece uma comunicação maior com o meio iniciando a exploração do ambiente, pois começam a utilizar suas habilidades motoras, sensoriais e cognitivas essenciais para o desenvolvimento da linguagem auditivo-oral. Ainda para Molcho (2007), entre o fim do primeiro ano e o fim do segundo, a criança amplia rapidamente sua compreensão de linguagem falada a seu redor, a qual está ligada a vivências do seu dia-a dia. É durante essa fase que a criança aprende o significado do não e sim representado por movimentos de cabeça, ou palavras, ou seja, ela começa a expressar seus desejos e obedecer ao que pode e o que não pode. A criança começa representar e chamar seus pais através das palavras como memê mamãe e pa-pa papai , no entanto a criança continua tendo sua 40 comunicação corporal através de gestos, mímicas, expressões e atitudes, muitas vezes para enfatizar a sua existência para os adultos. Segundo Coll, Marchesi, Palacios in Valsameda (2004), as principais etapas do desenvolvimento fonológico; são: 0 6 meses Vocalizações não - lingüísticas relacionadas com a fome, a dor e o prazer. Vocalizações não - lingüísticas (gorjeios) que fazem parte das protoconversas com o adulto. 6 9 meses 9 18 meses 18 meses 6 anos Balbucios constantes, curvas de entonação, ritmo e tom de voz variado e lingüístico. Segmentos de vocalização que parecem corresponder a palavras. Construção do sistema fonológico: assimilação, substituição e simplificação da estrutura silábica Fonte: Coll et al, 2004, p.75 Quadro nº3: Principais etapas do desenvolvimento fonológico 2.3 Tipos de linguagem a) Linguagem Corporal: é a forma de comunicação não-verbal onde inicia-se na vida intra-uterina até o primeiro ano de vida da criança. De acordo com Molcho (2007), a criança que ainda não sabe expressar-se pela linguagem verbal se vale inconscientemente da linguagem corporal para revelar seus sentimentos e necessidades. b) Linguagem oral: A criança adquire a linguagem oral de forma natural. Segundo Kress (1982), a criança adquire a linguagem oral quando esta é envolvida em contextos comunicativos, nos quais a linguagem é sempre significativa para ela. 41 c) Linguagem escrita: Segundo Kress (1982), na linguagem escrita a criança, ao longo de seu desenvolvimento, incorpora elementos do seu ambiente sociocultural e aprende características da escrita. Assim a aprendizagem da linguagem tem sido vinculada a escolarização da criança. Portanto, a linguagem escrita não é uma herança biológica, mas cultural. A criança que vive em uma sociedade letrada terá chances de obter a linguagem escrita. A linguagem escrita adquire o caráter de simbolismo direto quando é compreendida como a linguagem falada. 2.4 Comunicação alternativa e ampliada (CAA) Para Moreira (2001), a fala é a forma de comunicação mais valorizada e utilizada pelo ser humano. Falar nos permite relacionar com o outro e com o mundo à nossa volta. Por meio dela, o indivíduo cria e transforma o meio em que vive, se constitui e produz história. Todavia, muitos indivíduos têm suas possibilidades orais restritas a emissões de uns poucos sons e, às vezes alguns vocábulos, ou ainda, a fala pode estar tão prejudicada que o outro não consegue entender o que se pretende comunicar. Dessa forma, geralmente estabelecem uma comunicação insuficiente através de gestos idiossincrásicos, olhares, movimentação do corpo e muitas adivinhações por parte do outro. (CHUN; MOREIRA apud MOREIRA, 2001, p. 73) Com isso surge a necessidade de criar-se meios e dispositivos alternativos que possibilitem a comunicação do sujeito e interação com o meio, sendo então desenvolvidos sistemas de CAA. 2.4.1 Terminologia, conceituação, clientela e objetivos Em alguns estudos foram achados diversas formas de terminologia: 42 Comunicação Alternativa e Aumentativa; Comunicação Suplementar e Alternativa; Meios Suplementares e Alternativos de Comunicação; Sistemas Alternativos e Aumentativos para Comunicação; Comunicação Remanescente. De acordo com Chun (apud MOREIRA, 2001), a comunicação suplementar e /ou alternativa refere-se a todas as formas de comunicação que complementem, suplementem, substituam ou apóiem a fala. Dirige-se a cobrir as necessidades expressivas e a aumentar a interação comunicativa tanto dos indivíduos que apresentam elevado nível de compreensão da linguagem oral, mas não possuem um meio adequado de expressão, como aqueles outros cujas alterações impeçam de adquirir a fala como veículo de expressão e ao mesmo tempo interfiram na compreensão da linguagem, incluso requisitos cognitivos e sociais. Portanto, pode-se dizer que a CAA é toda forma que substitui ou complementa a fala, auxiliando as pessoas que não utilizam a comunicação oral para se expressarem, a utilização desta destina-se a compensar os déficits, proporcionando a capacidade de atingir objetivos equivalentes aos da maioria das pessoas, embora de uma maneira diferente, no que envolve o uso dos gestos manuais, expressões faciais e corporais, símbolos gráficos (bidimensionais como fotografias, gravuras, desenhos e a linguagem alfabética e tridimensionais como objetos). Segundo American Speech-Language-Hearing Association (Asha, 1989) a CAA é uma área da prática clínica que se destina a compensar temporariamente ou permanentemente as alterações de comunicação expressiva, os distúrbios severos na fala, linguagem e na escrita. Inúmeras pesquisas tem sido desenvolvidas para elaborar programas que atendam as necessidades de portadores de alterações neuromotoras e sensoriais, que tenham agravadas ou impossibilitadas suas condições de manter uma comunicação eficaz no meio em que vivem. Segundo Almeida e Criado (2001), a CAA procura potencializar todas as possibilidades comunicativas do indivíduo. No entanto é necessário que o indivíduo seja orientado quanto a uma nova forma de comunicação. Segundo Gonçalves (1996), alguns autores afirmam que esta área 43 surgiu no final dos anos 50 e início dos anos 60, como resposta às necessidades de indivíduos que apesar de expostos a terapia tradicional, não desenvolviam habilidades de comunicação oral. Assim, os primeiros passos nessa área foram dados por terapeutas que, ao trabalhar com esses pacientes, tinham que desenvolver estratégias e materiais criativos e alternativos. A CAA tem o objetivo de potencializar as capacidades de comunicação, tendo em vista um trabalho centralizado na qualidade de vida, favorecendo uma interação com o meio externo. Atingindo uma clientela de indivíduos com alterações e incapacidades de comunicação expressiva entre distúrbios severos de comunicação como indivíduos com seqüela de paralisia cerebral, deficiência auditiva, deficiência múltipla, afasia, problemas emocionais, autismo, disartria, apraxia verbal, entre outros. No entanto, a comunicação alternativa se propõe a complementar, suplementar ou apoiar a comunicação existente no indivíduo para que ele atinja seu potencial de comunicação. Segundo Deliberato; Manzini (1997) é um recurso utilizado por pessoas acometidas por algum tipo de deficiência que impede o uso da fala nas situações do cotidiano, sendo eles deficientes físicos, sensoriais (como deficientes auditivos) e não sensoriais (como paralisia cerebral). A CAA faz com que o indivíduo fique mais ativo, onde oportuniza escolhas no assunto a ser discutido e dirige o diálogo. Para isso é importante despertar no mesmo o interesse e a capacidade de explorar uma nova forma de comunicação auxiliando no desempenho da compreensão e promovendo uma melhor participação do indivíduo no meio externo e permitindo que ele seja capaz de adquirir autonomia nas escolhas do cotidiano. Segundo Johnson apud Pelosi (2000) a CAA refere-se aos recursos, estratégias e técnicas de seleção que visam complementar algumas comunicações ou substituir as habilidades de comunicação. Por isso, para o Ministério da Educação; Secretaria de Educação Especial (2003), a comunicação alternativa é uma estratégia que pode ser criada de acordo com as necessidades do paciente, devendo ser planejada com os pais e especialistas, considerando-se os contextos em que o mesmo 44 está envolvido, tendo em vista a elaboração e organização do pensamento e a construção do conhecimento de forma significativa. 2.4.2 Recursos utilizados Segundo Pelosi (2007), a comunicação alternativa envolve a necessidade do uso de recursos, sejam eles de baixa ou alta tecnologia, de um simples cartaz ao mais sofisticado computador. Os recursos são equipamentos utilizados para transmitir as mensagens. Sendo os mais utilizados: as pranchas de comunicação, (livros, fichários), aventais e eyegaze. a) Pranchas de comunicação: Consistem em superfícies sobre as quais são colocados os símbolos gráficos. São personalizadas, podem estar soltas ou agrupadas em cadernos ou álbuns. Dependendo de sua condição motora o indivíduo vai olhar, apontar ou ter a opção apontada por alguém, para que possa sinalizar a opção desejada. b) Eye Gaze: São pranchas onde o indivíduo aponta com os olhos. Pode também apontar com o auxílio de uma lanterna, fixada na cabeça, iluminando assim a resposta desejada. c) Avental: O usuário responde por meio do olhar. É confeccionado em tecido que facilita a fixação dos símbolos no velcro e é utilizado pelo parceiro de comunicação. 2.4.2.1 Recursos de baixa tecnologia Os recursos de baixa tecnologia referem-se a todos aqueles que possam ser utilizados, e que não possuem um alto custo, sendo mais acessível sua aquisição. Entre eles, destacamos: a) Objetos: os objetos podem ser reais, em miniatura ou objetos parciais. Os objetos reais são os idênticos ou semelhantes ao objeto 45 que representa. Em miniatura são aqueles em tamanho menor e os parciais, são partes que representam um objeto. b) Fotografias: encontra-se o uso de fotografias entre símbolos representacionais que podem ser produzidas por uma câmera fotográfica, recorte de revistas, rótulos de produtos ou folhetos de propaganda. São utilizadas para representar objetos, pessoas, ações, lugares ou atividades. c) Símbolos Gráficos: existem inúmeros grupos gráficos, cada qual desenvolvido com objetivos de complementar a comunicação de uma ou várias pessoas. 2.4.2.2 Recursos de alta tecnologia Segundo Almirall (2003) inclui todos aqueles recursos que permitem o uso do computador a pessoas que, em razão de suas dificuldades motoras, não podem ter acesso ao teclado e/ou mouse convencional. Estes sistemas incluem periféricos de entrada, programas especiais, sistemas de emulação na tela do teclado e do mouse, e possibilitam o uso de todos os programas standart disponíveis, embora manejando o computador de maneira diferente do habitual. São exemplos: a) Comunicadores em forma de relógio: O usuário comanda o movimento do ponteiro com um acionador e indicando sua opção. No lugar dos números que aparecem no relógio são fixados letras, palavras, frases, símbolos ou fotografias. b) Comunicadores com voz sintetizada: Neste tipo de recurso o texto é transformado eletronicamente em voz. Possuem várias formas de acesso: direta, por varredura, linear e colunas. c) Computadores: São utilizados nos trabalhos de comunicação orais e escritos. Se precisar o usuário utilizará órtese, mouse adaptado, 46 teclados em tamanhos grandes ou pequenos. Acionadores externos e softwares especiais. d) Gravador: A mensagem é gravada em uma fita e acionada pelo usuário com o auxílio de um acionador. O gravador pode ser adaptado artesanalmente. 2.4.3 Técnicas de seleção As técnicas de seleção referem-se à forma que o usuário escolhe símbolos numa prancha de comunicação. As técnicas de seleção podem ser classificadas em: a) Seleção direta: é a técnica que consome menos tempo e requer menos do ouvinte, é o método preferencial. Segundo Suárez et al.(1998) a seleção direta é realizada através do apontar o dedo ou alguma outra parte do corpo, com uma ponteira de cabeça ou até mesmo com uma luz fixada à cabeça. b) Técnica de seleção pelo olhar: é mais eficiente em indivíduos com problemas físicos. Segundo Smith e Ryndak (1999), o indivíduo seleciona os itens apontando com os olhos. Caso ele não consiga realizar, pode necessitar que alguém aponte as opções para que assim ele possa sinalizar com alguma parte do corpo. c) Técnica de varredura: exige somente que a pessoa tenha uma resposta controlável. É necessário que o facilitador aponte para os símbolos enquanto o usuário sinalizará quando o símbolo desejado for apontado. Segundo Smith e Ryndak (1999), na técnica de varredura é necessário que o indivíduo tenha uma resposta voluntária como piscar os olhos, balançar a cabeça, sorrir ou emitir sons para sinalizar alguma resposta. 47 2.4.4 Sistemas de comunicação alternativa Os sistemas consistem em um conjunto organizado de elementos para favorecer o suporte da comunicação expressiva, tais elementos se estendem desde elementos concretos aos mais abstratos. Um sistema de comunicação alternativa é o uso integrado de componentes incluindo símbolos, recursos, estratégias e técnicas utilizadas pelos indivíduos a fim de complementar a comunicação. O termo símbolos refere se aos métodos utilizados para a representação visual, auditiva e /ou de tato; gestos, fotografias, linguagem de sinais, gráficos, escrita, objetos. (ASHA apud GILL, 1997; p.34) Segundo Vanderheiden e Lloyd (1986) esses sistemas de comunicação alternativa podem ser divididos em: a) Sistema com ajuda: quando requer algum elemento exterior ao corpo para transmitir uma mensagem, sendo eles os objetos, retratos, sistemas gráficos, braille, prancha de letras, lista de palavras, gravador, máquina de escrever, computador e entre outros; b) Sistema sem ajuda: quando as mensagens são produzidas através de algum membro do próprio corpo, sendo eles, os sinais, o piscar de olhos, vocalizações, o apontar, a escrita, os gestos e entre outros. Dentro desses sistemas, o sistema gráfico é o mais convencional, representado por pranchas de comunicação que são formadas por símbolos. Para Crispin (1997) os sistemas gráficos podem ou não estar relacionados com o significado, esses sistemas podem ser pictográficos, ideográficos ou arbitrários. a) Pictográficos: são os que apresentam algum tipo de semelhança física com o que representam. b) Ideográficos: são aqueles que representam uma relação conceitual 48 com aquilo que representa. c) Arbitrário: Seu significado obedece a convenções pré-estabelecidas. Esse sistema permitirá que o usuário direcione uma conversa, possibilitando a sua independência. Crispin (1997) ressalta que ao decidir sobre o uso do recurso de comunicação devem ser considerados alguns aspectos como: a) Habilidades físicas e cognitivas do usuário; b) A oportunidade em que o recurso será usado; c) Onde será usado, verificar a necessidade ou não de ser portátil; d) Com quem será usado; e) O objetivo, para determinar o vocabulário de acordo com as necessidades do indivíduo. Portanto, ainda segundo Crispin (1997) tal sistema deve possuir alguns requisitos: a) Permitir uma vasta gama de formas de comunicação; b) Ser adaptável para as outras necessidades da pessoa (normalmente as pessoas portadoras de deficiência têm problemas de postura e outros). c) Permitir um amplo uso social; d) Ser utilizado em ambientes diferentes e) Ser capaz de dar acesso a um léxico adequado e poder exprimir um número elevado de mensagens; f) Ter um bom padrão ergonômico: poder expressar a dimensão emocional, ser rápido e outros; g) Ser personalizado; h) Possuir características que faça ser acessível aos interlocutores; i) Ser mantido facilmente em funcionamento, e se possível, não ter um custo muito elevado. Todos esses aspectos facilitarão a interação homem-instrumento, tanto individual como social. 49 2.4.4.1 Principais sistemas utilizados Há uma série de símbolos gráficos que foram desenvolvidos para facilitar a comunicação de pessoas que por algum motivo encontram-se impossibilitadas ou apresentam limitações no estabelecimento da comunicação convencional. Dentre os mais utilizados, alguns deles são: o Picture Communication Symbols (PCS), o Pictogram Ideogram Communication Symbols (PIC), o Blissymbolics (COMUNICAÇÃO, 2004, p.1). 2.4.4.1.1 Picture Communication Symbols (PCS) O sistema foi desenvolvido por Roxana Mayer Johnson nos Estados Unidos (EUA) em 1981, é utilizado no tratamento de pessoas portadoras de PC, autismo, deficiência mental entre outras patologias. Devem ser considerados alguns fatores para a utilização do PCS. Entre eles: a percepção e habilidades cognitivas, a acuidade visual, o nível de sofisticação da linguagem e o interesse de se comunicar. Segundo Gill (1997), o PCS é encontrado em forma de fichários e programa para computador, que permite a criação de pranchas de comunicação. É um código pictográfico construído por mais de 3000 símbolos que representam os elementos principais do cotidiano. Para Johnson (1989), os símbolos do PCS são compostos de desenhos onde a palavra que os simbolizam encontra - se acima do desenho. Foi subdividido em categorias baseadas na função de cada palavra: a) Pessoas - incluindo pronomes pessoais b) Verbos c) Descritivos - adjetivos e advérbios d) Substantivos - que não incluem em outras categorias 50 e) Miscelânea artigo, preposições, conjunções, cores, alfabeto, número e palavras abstratas. Ainda de acordo com Johnson (1989), os símbolos vêm impressos em dois tamanhos: 2,5 cm e 5,1 cm. É possível obter símbolos maiores, amplia se de acordo com a necessidade de cada paciente. Símbolos maiores podem facilitar o tratamento de pessoas que estão começando o processo de comunicação alternativa com o PCS. É indicado codificar cores para diferentes grupos de palavras nas pranchas de comunicação que ajudará na localização dos símbolos. Essa codificação está relacionada às categorias de palavras, sendo elas: a) Social: rosa b) Pessoas: amarelo c) Verbos: verde d) Descritivo: azul e) Substantivos: laranja f) Miscelânea: branco Para Pelosi (2000) os pacientes podem se comunicar de várias maneiras: a) Olhando; b) Apontando; c) Fazendo gestos; d) Emitindo sons; e) Respondendo afirmativamente ou negativamente as perguntas. Precisa-se descobrir junto com o paciente qual a maneira mais fácil para ele. Como exemplo, podemos citar: O que você gostaria de fazer agora? a) O indivíduo pode responder apontando o símbolo em uma prancha de comunicação que deverá ser preparada especialmente para ela e que traga vocabulário do cotidiano. 51 Figura 8: resposta através do apontar para a prancha Fonte: www.comunicacaoalternativa.com.br/adca/apostila/texto1.doc b) O indivíduo pode responder olhando para a resposta e as alternativas de atividades que poderão ser apresentadas em cartões com símbolos, objetos ou figuras. Fonte: www.comunicacaoalternativa.com.br/adca/apostila/texto1.doc Figura 9: resposta através do olhar para a prancha 52 c) O indivíduo pode responder sinalizando com a cabeça o sim e o não ou fazendo um som como resposta afirmativa, enquanto você ou um colega passa o dedo sobre os símbolos da prancha de comunicação. Fonte: www.comunicacaoalternativa.com.br/adca/apostila/texto1.doc Figura 10: sinalizando com a cabeça o sim e o não Fonte: www.comunicacaoalternativa.com.br/adca/apostila/texto1.doc Figura 11: fazendo um som para o sim ou para o não d) O indivíduo pode responder quando perguntada oralmente sinalizando o sim e o não da forma que ela já sabe fazer 53 Fonte: www.comunicacaoalternativa.com.br/adca/apostila/texto1.doc Figura 12: Outras formas de sinalização As pranchas podem estar localizadas sobre a mesa da criança, na porta dos armários de tinta ou brinquedos ou na porta de saída da sala de aula ou em algum outro local de acordo com as necessidades e possibilidades apresentadas. Fonte: www.comunicacaoalternativa.com.br/adca/apostila/texto1.doc Figura 13: Prancha construída com os símbolos PCS 2.4.4.1.2 Sistema Bliss Criado por Charles Bliss em 1965. Segundo Almirall; Camats; Bultó (2003), o sistema Bliss é indicado para pessoas que não utilizam linguagem oral e escrita e que precisam de uma linguagem extensa e complexa. Consiste na capacidade de gerar significados na recombinação de seus próprios símbolos. O sistema Bliss consiste em desenhos lineares esquemáticos, pictográficos, ideográficos e arbitrários que exijam do interlocutor e do usuário a criatividade de se comunicar. Segundo Tetzchner; Matinsen (2000), o sistema Bliss é composto por 100 signos gráficos, podendo haver ou não a combinação de qualquer letra. No sistema Bliss pode haver ou não, a combinação de significados ou palavras que não apresentam signos. O significado dos símbolos irá depender do país onde está sendo utilizado, assim como a tradução da língua falada. Ainda segundo os autores citado acima, os símbolos do sistema Bliss 54 são gráficos visuais e são divididos em categorias, com representação em cores. O aspecto do sistema Bliss é um quadrado e as linhas de referência. Esse sistema consiste em gerar novos significados na recombinação de seus próprios símbolos. + Mulher = Proteção Mãe Fonte: http://www.clik.com.br/caa_01.html Figura 14: combinação de símbolos no sistema Bliss Segundo Guanella Charles K. Bliss (1999), criador dos símbolos, baseou se em coisas químicas que podemos ver, cheirar, pesar, explorar. Esses símbolos constituem a estrutura de apoio da linguagem, são eles: a) caracteres lineares; b) vinte e quatro símbolos internacionais, entre eles: os números, os símbolos das operações matemáticas, a pontuação, o símbolo da flecha, de medicina, de dinheiro, negócios, de música enfim, a linha oblíqua que é o traço utilizado para apagar as palavras escritas; c) seis símbolos arbitrários: significado contrário, coisa química, ação física, tempo: passado, presente, futuro, criação e avaliação humana; d) oito símbolos gráficos: mente, emoção, olho, nariz, boca, orelha, mão, macho, fêmea, humanos. Assim os símbolos Bliss podem representar quase todos os significados e são subdivididos em cores: a) Branco: símbolos de espaço, tempo, cor, números, letras do 55 alfabeto, expressões de gentileza, pronomes demonstrativos; b) Amarelo: pessoas e pronomes pessoais; c) Verde: ações; d) Laranja: nomes relativos a substantivos concretos e abstratos; e) Azul: adjetivos e advérbios; f) Rosa: símbolos que representam estratégias, metas referenciais ou comunicativas. 2.4.4.1.3 Pictogram Ideogram Communication (PIC) Segundo Gill (1997), no sistema PIC as figuras são apresentadas com o fundo preto e branco que facilitam para a criança com comprometimento visual. É uma prancha única para todas as crianças. O sistema PIC minimiza as dificuldades na discriminação figura-fundo, consiste de 400 símbolos. Pode ser utilizado como recurso de CAA e estímulo visual. Segundo Tetzchner; Matinsen (2000), o sistema PIC é caracterizado por figuras em cores brancas sobre um fundo preto, e em cima dos desenhos a palavra referente ao desenho. As pranchas são organizadas semanticamente, pois é um sistema mais limitado e os símbolos não são combináveis. Nunes (2004) afirmam que esse sistema pode vir acompanhado de figuras atendendo a necessidade do usuário. O sistema PIC é baseado em imagens, ocorrendo uma relação entre o símbolo e aquilo que representa. Mãe Comer Caminhão 56 Fonte:- http://www.clik.com.br/caa_01.html Figura 15: símbolos do Pictogram Ideogram Communication 2.4.5 Atuação da Terapia Ocupacional na Comunicação alternativa e ampliada O terapeuta ocupacional utilizando-se da CAA como recurso terapêutico, cria alternativas para aumentar e enriquecer a comunicação do paciente, proporcionando oportunidades para expressão de sentimentos, desejos e necessidades visando autonomia no seu contexto social, familiar e escolar. A Terapia Ocupacional (T.O) utiliza-se de diversos recursos e adaptações para a melhoria na comunicação de pessoas com deficiência, tanto visual, quanto auditiva e motora; melhorando a funcionalidade de cada um em diferentes aspectos, para conseguir maior funcionalidade de seus pacientes em atividades como cuidado pessoal, trabalho e lazer. Para Moreira (2001), a natureza complexa das dificuldades de comunicação experimentadas por estes indivíduos, faz com que sejam necessárias adaptações para que eles possam comunicar-se eficientemente em todos os espaços sociais. É necessário verificar todas as dificuldades que o paciente apresenta para se comunicar, em termos de movimentos e de padrões posturais, por meio de constante posicionamento e adequação dos utensílios (cadeiras, pranchas e outros), sendo o terapeuta ocupacional um dos responsáveis por este trabalho. Ainda de acordo com Moreira (2001), os progressos na tecnologia de apoio na comunicação alternativa e suplementar aumentaram a qualidade e a quantidade de opções disponíveis para maximizar a comunicação entre o sujeito com deficiência e as demais pessoas. Este avanço tecnológico torna-se um importante aliado nos programas de reabilitação, pois muitas vezes a capacidade limitada de comunicação resulta no desenvolvimento insatisfatório de seu potencial, conhecimento ou 57 habilidades. Os terapeutas ocupacionais tem como um dos objetivos integrar as funções motoras, sensoriais, cognitivas e sociais do indivíduo através de maior independência nas atividades de vida diária, para isso, é necessário oportunizar e permitir um maior grau de comunicação entre o sujeito e o seu meio. Portanto, cabe ao terapeuta ocupacional observar as habilidades e necessidades, focando assim, um tratamento que viabilize maior independência e autonomia na vida do paciente, com intuito de promover melhores interações sociais, fazendo com que o indivíduo responda com maior sucesso às demandas de seu cotidiano. 58 CAPÍTULO III A PESQUISA 3 INTRODUÇÃO Para demonstrar que a Terapia ocupacional ao utilizar a comunicação alternativa e ampliada com um morador institucionalizado, com seqüela de paralisia cerebral, possibilita a expressão de sentimentos, desejos e necessidades, no seu dia- a- dia e após a aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do Unisalesiano em 10/06/08, foi realizada pesquisa de campo no Centro de Atenção Integral à Saúde CAIS Clemente Ferreira em Lins, localizado na estrada Lins Guaiçara, Km 4 no período de 10 de junho a 25 de setembro deste ano. O método utilizado foi o estudo de um caso ilustrativo, com um morador institucionalizado no referido local, 22 anos, com seqüela de paralisia cerebral. Este trabalho só veio a enriquecer os conhecimentos sobre a CAA, mostrando a sua importância na rotina do morador assistido e considerando também a colaboração dos profissionais que nos acolheram e receberam atenciosamente. Deve-se destacar principalmente a colaboração dos auxiliares de enfermagem que nos forneceram espaço e auxílio quando eram solicitados e a fonoaudióloga da unidade C2 Par que colaborou com a pesquisa. O estudo foi complementado com entrevistas aos profissionais que acompanham a rotina do morador, sendo eles: seguintes um médico pediatra, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem, uma fonoaudióloga, uma fisioterapeuta, uma psicóloga e uma terapeuta ocupacional. 59 As técnicas utilizadas na pesquisa foram: Roteiro de estudo de caso (APÊNDICE A) Roteiro de Avaliação de Comunicação Alternativa, pré-intervenção, baseado nas potencialidades e necessidades do paciente (APÊNDICE B) Roteiro de Avaliação de comunicação Alternativa e Ampliada, pósintervenção de Terapia Ocupacional (APÊNDICE C) Roteiro de entrevista para o médico pediatra (APÊNDICE D) Roteiro de entrevista para a psicóloga (APÊNDICE E) Roteiro de entrevista para a fisioterapeuta (APÊNDICE F) Roteiro de entrevista para a fonoaudióloga (APÊNDICE G) Roteiro de entrevista para o auxiliar de enfermagem (APÊNDICE H) Roteiro de entrevista para a terapeuta ocupacional (APÊNDICE I) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a instituição (APÊNDICE J) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para usuário (APÊNDICE K) 3.1 Relato da rotina institucional do morador assistido O morador acorda aproximadamente às 7:00 horas da manhã, toma banho e café aproximadamente às 8:30 horas, das 8:30 as 11:00 horas assiste televisão, ouve música e participa dos atendimentos de terapia ocupacional nas quartas e sextas - feiras de manhã, fonoaudiologia nas segundas e sextas - feiras à tarde, classe hospitalar de segunda a sexta feira de manhã e fisioterapia de segunda - feira à tarde . Almoça aproximadamente às 11:00 da manhã. Após o almoço, troca de roupa e assiste televisão ou passeia com os jovens acolhedores, às 16:00 60 horas toma banho, janta às 17:00 horas. Após a janta assiste televisão, e a noite, por volta das 20:00 horas, vai dormir. 3.2 O trabalho realizado no CAIS Clemente Ferreira em Lins A pesquisa foi realizada no Centro de Atenção Integral à Saúde CAIS Clemente Ferreira, localizado na estrada Lins-Guaiçara, km 4; na cidade de Lins SP. O morador assistido foi primeiramente avaliado, em seguida foi selecionada a técnica mais eficaz da CAA, para o caso o Picture Communication Symbols (PCS), que permite a criação de pranchas de comunicação, representadas por símbolos gráficos figuras e nomeação palavra, acima do símbolo. Foi subdividida em categorias, cada qual representada por uma cor, sendo estas padronizadas pelo próprio sistema. a) Social: Rosa b) Pessoas: amarelo c) Verbos: verde d) Descritivos: azul e) Substantivos: laranja f) Miscelânea: branco Devido a limitação motora do morador assistido, foi necessária a confecção de uma ponteira adaptada que foi acoplada a sua mão com velcro para possibilitar a sua comunicação através do apontar. A prancha confeccionada ficará preferencialmente posicionada na mesa inclinável de sua cadeira de rodas, para que possa ter ampliada sua comunicação no meio em que vive. 3.3 Caso em destaque 3.3.1 História Clínica Anamnese 61 O caso refere-se a R.F.S.B, nascido em 18/02/1986, em São Paulo, segundo informações colhidas em seu prontuário, a mãe relata ter sido fruto de uma gestação planejada, fez pré-natal, a criança nasceu de parto normal em casa, sofrendo anóxia cerebral. O pai era alcoolista e toxicômino. R.F.S.B começou a apresentar atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Atualmente o paciente está com 22 anos, é dependente em suas atividades diárias e possui um vínculo familiar. Segundo dados fornecidos pela mãe ao serviço social na época da internação referiu ser uma criança que dorme e alimenta-se bem, gosta de ouvir músicas, brincar e assistir televisão, foi deixado pelo pai quando tinha 5 anos de idade, sendo assim a mãe procurou uma internação para ele, pois precisa trabalhar e no momento não tem condições de oferecer acompanhamento, mas mesmo internado existe um vínculo e afetividade entre os familiares e o morador. Ainda com dados médicos disponíveis em seu prontuário, o seu diagnóstico é de Paralisia cerebral espástica moderado CID 682.4 e Retardo Mental F71.0. 3.3.2 Avaliação de Terapia Ocupacional No dia 10/06/08, foi realizada a avaliação do paciente R.F para colher dados relativos ao seu desempenho motor e sua forma de comunicação, baseada nas suas potencialidades e necessidades. O paciente apresenta PC tetraplégica, de predomínio crural, com movimentos ativos de flexo- extensão de cotovelo, em pequena amplitude. Não realiza mudanças posturais ativas, necessitando de auxílio para transferência e adoção de outras posturas. Não apresenta controle cervical, nem de tronco. Faz uso de cadeira de rodas, sendo dependente em sua 62 locomoção. O paciente comunica-se através de alguns sons, sendo a maioria ininteligível e utiliza-se também de movimentos afirmativos e negativos de cabeça, no plano horizontal e vertical. Apresenta um bom desempenho cognitivo, com compreensão de ordens simples, possui boa recepção e percepção visual e auditiva, associando e identificando figuras e sons. Apresenta estrabismo, mas ainda assim, apresenta satisfatória coordenação monocular com localização, fixação, seguimento e alternância aos estímulos visuais. Devido à adaptação na cadeira de rodas, apoio cervical, é permitida ao paciente a movimentação de cabeça nos planos citados acima. Através da avaliação, verifica-se que sua comunicação pode ser efetuada através do sistema visual e do movimento de cabeça preferencialmente. Pode-se utilizar de uma ponteira adaptada com cabo alongado e engrossado para apontar os símbolos, se estes estiverem dispostos a sua frente, porém, nesta forma, apresenta um grau maior de dificuldade, pela grave limitação motora, mas ainda assim, o faz de forma bimanual. Verifica-se após a avaliação que através do sistema PCS, terá a possibilidade de expressar sentimentos, desejos e necessidades, associados a sua rotina. Será construída uma prancha de comunicação alternativa, baseada no sistema PCS, onde através das figuras representativas poderá ter ampliada sua forma de comunicação. Devido a sua limitação motora e dificuldade de manuseio e preensão, será necessária a confecção de uma adaptação, ponteira manual, em EVA, com cabo engrossado e alongado, que será acoplado à sua mão através de velcro, favorecendo a preensão manual. A prancha deverá permanecer à sua frente preferencialmente, em uma mesa inclinável acoplada à cadeira, para favorecer a visualização dos símbolos gráficos. 3.4 A intervenção da terapia ocupacional utilizando o sistema de comunicação 63 Alternativa e Ampliada. O presente estudo teve por objetivo demonstrar que a T.O ao utilizar o sistema de CAA, pode intervir de forma a favorecer e oportunizar a expressão de necessidade, desejos e escolhas do morador, propiciando-lhe a possibilidade de atribuir qualitativamente maiores interações com o ambiente no qual convive. Foi realizada a intervenção de T.O utilizando-se da abordagem de CAA, no período de 10/06 à 25/09, contendo dados colhidos do prontuário, avaliação, descrição das terapias e coleta de depoimentos.Os atendimentos foram realizados 2 vezes por semana, sendo de 1 hora cada sessão. Durante as atividades realizadas o morador expressava seus desejos e necessidades através do olhar, através da movimentação da cabeça afirmativamente e negativamente e através do apontar. O sistema utilizado foi o PCS, sendo confeccionado um álbum e uma prancha compostos por diversas categorias, cada qual representada por símbolos gráficos, entre as categorias, encontram-se: lugares, cores, animais, comidas, bebidas, doces, frutas, partes do corpo, vestuário, higiene, advérbios, opostos, verbos e pessoas. Foi confeccionada uma ponteira manual de EVA com velcro que foi acoplada a sua mão para que o mesmo apontasse nas respectivas figuras, além de utilizar também a sinalização com a cabeça, quando a figura for apontada por outra pessoa. Foram selecionados para a composição do álbum e da prancha, símbolos gráficos / figuras, compatíveis e pertinentes ao dia- a- dia do morador. A intervenção, através deste sistema, preconizou como objetivo a percepção e assimilação dos símbolos às situações reais do dia- a- dia, para que fosse possível estabelecer e desenvolver uma relação funcional entre o desejo e a manifestação/ expressão das necessidades de R.F, despertando a motivação intrínseca para ampliar a qualidade de sua comunicação e interação. O sistema utilizado cria condições para que o morador assistido expresse seus desejos e necessidades, além de favorecer maior interação com toda a equipe da instituição, contribuir para uma melhor sociabilização e criar feixes de relações 64 no meio em que vive. 3.4.1 Dados referentes às terapias Data Instrumento Terapêutico/ Atividade Avaliação Objetivos Conduta Avaliar aspectos motores, visuais, cognitivos, e sua forma de comunicação. 11/06/08 Jogos da memória com diversas figuras de opostos e livros de estórias Associação de comidas com seus respectivos animais e opostos como triste/feliz, frio/quente e entre outros. 12/06/08 Quebra-cabeça de quatro peças, livros com figuras de frutas e animais, fantoches de animais diversos Reconhecimento de animais e frutas, através do lúdico O morador foi posicionado em decúbito dorsal e sentado para avaliar aspectos quanto a motricidade, coordenação visual, controle de tronco e cabeça. Foi mostrado no concreto para que ele visualizasse e memorizasse; ele se comunicou a principio com o balanceio de cabeça, alguns sons e pelo sorriso. O morador interagiu bem com as estagiárias e reconheceu o gato, vaca, elefante e cachorro, o mesmo manteve-se atento e compreendeu e memorizou alguns novos animais. 10/06/08 Continua 65 Continuação 17/06/08 19/06/08 Passeio no pátio externo do hospital Mostrar os animais e lugares do seu cotidiano, estimular a recepção e percepção visual e auditiva para favorecer seus próprios desejos e escolhas através da comunicação alternativa Lince, livros e prancha com luzes. Reconhecimento de objetos, animais, frutas e noção de cores. Durante o passeio o morador reconheceu bem os animais e os lugares do hospital, as estagiárias falavam e mostravam para ele e sua comunicação foi através do balanceio de cabeça, expressava sorrisos e emitiu alguns sons ininteligíveis. Durante o atendimento o morador utilizou uma ponteira adaptada para apontar a figura ou na cor correspondente com a que a estagiária solicitava, apresentou conhecimento sobre as cores azul, amarelo, verde e vermelho (cores primárias) e laranja; os animais reconheceu o gato, cachorro, pássaro, coelho, tartaruga, cavalo, jacaré, tigre, baleia e objetos como telefone, televisão, rádio, cadeira, CD, cama e entre outros. Continua 66 Continuação 24/06/08 Objetos como: ursos, bolas, lápis de cor, caleidoscópio, seus objetos pessoais, seus trabalhos manuais, suas fotos, bandeirinhas de festa junina, e símbolos do corinthians e palmeiras Estimular a noção de cores como: vermelha, amarela, azul, rosa, marrom, verde, preto e branco, estimular a percepção e recepção visual e associar com os seus objetos pessoais e de seu convívio. O atendimento foi iniciado em sala de terapia e depois o morador foi levado para seu quarto para que pudéssemos explorar as cores em seus objetos, foi montado o PCS de cores e o mesmo foi utilizado para que houvesse a expressão e interação com as estagiarias, utilizou a ponteira adaptada 26/06/08 Prancha de formas e cores, bola, dado, peças do jogo entre outros Estimular a noção de formas e cores O morador não sabia identificar as formas, então as estagiárias mostravam em objetos as formas, nomeava e pedia para o morador apontar no PCS, as cores e formas. Continua 67 Continuação 01/07/08 Fantoches de animais, livros de contos de estória e quebra-cabeça de duas peças de animais Estimular o lúdico, e estimular o reconhecimento de animais 03/07/08 Passeio pelo setor C2 par Utilizar o PCS de pessoas de seu convívio para se comunicar e reconhecêlas 08/07/08 Bexigas e objetos coloridos e carimbos de frutas Estimular o lúdico, estimular a percepção e recepção visual, estimular o reconhecimento de cores, animais e frutas. Foi montada o PCS de animais, durante o atendimento as estagiárias mostraram primeiramente os animais do ar, depois da água e por último os animais terrestres, o paciente teve bom entendimento e soube falar quase todos os animais, tendo dificuldade no urso panda, coelho pois não é do seu cotidiano. No atendimento realizado foi levado no quarto de seus amigos P. P e A.C, na sala de fisioterapia e terapia ocupacional e sala de fonoaudiologia. Durante o atendimento as estagiárias utilizaram carimbos das frutas que ele gosta de comer; foi utilizado o PCS de cor ,para que o mesmo apontasse a cor das frutas. Continua 68 Continuação 10/07/08 Dominó de animais e opostos Estimular a comunicação alternativa durante o jogo, com reconhecimento de animais e opostos. O morador realizou a atividade sem a ponteira manual, e utilizou com um pouco de dificuldade a sua mão, pois o mesmo queria tocar os objetos, foi colocado então as peças até o seu limite e com as peças que estavam a distância maior ele comunicava através do olhar. 15/07/08 PCS dos opostos Estimular a comunicação alternativa, estimular a percepção e recepção visual, para o reconhecimento dos opostos. As estagiárias foram mostrando ao morador as figuras e os seus opostos, em seguida pegou alguns objetos e brinquedos e diferenciou de acordo com seu tamanho, formas e cores. 17/07/08 PCS com os meses do ano Estimular a comunicação alternativa e reconhecimento dos meses do ano As estagiárias mostraram os meses do ano e suas datas comemorativas como: Natal, Páscoa, Carnaval, seu mês de aniversário entre outros. 22/07/08 PCS de cores Escolha da cor para confecção de uma ponteira adaptada, específica para o morador. As estagiárias pediam para que o morador apontasse com a ponteira provisória a cor que o mesmo queria que fosse a sua ponteira adaptada, o morador escolheu a cor azul. Continua 69 Continuação 24/07/08 Passeio no setor C2 par Estimular a comunicação alternativa com o PCS de lugares do seu cotidiano 29/07/08 PCS partes do corpo humano, boneco e desenho do corpo humano. Percepção e recepção visual e estimular o esquema corporal, com identificação das partes do corpo através do lúdico. 31/07/08 PCS de Frutas e doces Estimular a comunicação alternativa, estimular a percepção visual e auditiva, para identificação de frutas e doces 07/08/08 PCS de verbos Estimular a percepção visual e auditiva, estimular a comunicação alternativa, associação dos verbos às situações diárias. Durante o percurso as estagiárias foram mostrando os locais da unidade e com o PCS o morador apontava os locais que gostaria de ir. Durante o atendimento as estagiárias mostraram um boneco e o desenho do corpo humano na folha de sulfite, para que o morador reconhecesse as partes do corpo e depois foi utilizado o PCS para que o morador apontasse as figuras de acordo com o que as estagiárias solicitavam As estagiárias mostraram as frutas, depois de identificar as frutas e doces pediu para que o morador apontasse as frutas e doces que mais gostava. Durante o atendimento foi perguntado para o morador o que ele gostaria de fazer após a terapia, o mesmo com a ponteira adaptada apontou a figura comer , ele interagiu bem com as estagiárias. Continua 70 Continuação 12/08/08 PCS de adjetivos 14/08/08 PCS de roupas 19/08/08 PCS objetos Estimular a percepção e recepção auditiva, estimular a noção de adjetivos. Durante o atendimento o paciente apresentou dificuldade em identificar as figuras ou as confundiu-se como, por exemplo: confuso e deprimido ; alegre e aborrecido , pois as figurascaricaturas, são parecidas. Estimular a comunicação alternativa e ampliada, estimular a percepção e recepção visual para identificação e noção de peças de roupas. Durante o atendimento as estagiárias mostraram as figuras ao morador e foi correlacionando as roupas que o mesmo estava vestindo. Em seguida as estagiárias pediam para que o morador apontasse nas figuras da prancha, o morador apontou as figuras corretamente. As estagiárias mostraram ao morador as figuras e foi correlacionado com os objetos da sala, e mostraram para que serviam os objetos, o mesmo apontou corretamente as figuras, sendo necessário às vezes a ajuda da estagiária. Estimular a percepção e recepção auditiva e visual, estimular a comunicação alternativa e ampliada, estimular o reconhecimento de objetos Continua 71 Continuação 21/08/08 PCS higiene Estimular a percepção e recepção auditiva e visual, estimular a comunicação alternativa e ampliada, para identificação de produtos e situações relacionadas a higiene 26/08/08 Jogo de encaixe frutas e PCS de frutas Estimular a comunicação alternativa e ampliada, estimular a noção e reconhecimento das frutas, estimular o lúdico. 04/09/08 Prancha de comunicação alternativa acoplada em sua cadeira de rodas, na mesa inclinável Estimular a comunicação na cozinha, escolhendo o que gostaria de comer Foi mostrado ao morador as figuras em seguida alguns objetos relacionados ao tema como pasta de dente, escova e toalha. Em seguida explicou para que servia cada objeto , foi utilizado também o PCS verbos onde as estagiárias perguntavam ao morador quando ele utilizava cada peça, por exemplo: escova de dente, depois de comer e acordar, toalha após tomar banho e com a ponteira o morador foi apontando as figuras. O morador foi encaixando as peças do jogo no espaço correspondente a cada figura As estagiárias mostraram ao morador as figuras de comida e bebidas e solicitaram para que o mesmo apontasse o que gostaria de comer e beber, o morador apontou as figuras de acordo com o que desejava. Continua 72 Continuação 09/09/08 (período da manhã) Saída cinema externa Estimular a sociabilização, contato com o meio externo e o uso da prancha no cinema 09/09/08 (período da tarde) Prancha de comunicação alternativa, jogo da memória. Estimular a comunicação alternativa, estimular o lúdico, percepção e recepção visual e auditiva 11/09/08 Prancha de Comunicação alternativa acoplada em sua cadeira de rodas, papel sulfite e tintas Estimular a comunicação alternativa, estimular o lúdico, estimular a percepção e recepção visual, estimular o reconhecimento de cores. 16/09/08 Jogo da memória e prancha de comunicação alternativa Estimular a comunicação alternativa percepção e recepção visual e memória Durante o passeio o morador demonstrou afirmativamente com a cabeça ter gostado do filme. As estagiárias perguntaram e apontaram na figura refrigerante para saber se ele gostaria de tomar, o mesmo afirmou com a cabeça Foi solicitado ao morador para que o mesmo apontasse o que gostaria de fazer, o mesmo apontou a figura do brincar. O morador associou as figuras do jogo com as figuras da prancha. Primeiramente o morador preferiu ir a sala de TV da unidade apontando a figura da mesma, em seguida foi questionado se o mesmo queria ir para a sala de terapia, afirmando (sim), onde foi realizado a atividade pintura dedo . O morador escolheu jogar apontando para a respectiva figura na prancha de comunicação. Foi realizado jogo da memória, na qual apontava as peças que gostaria que as estagiárias virassem. Continua 73 Continuação 19/09/08 Saída na área externa da instituição Estimular a interação e a comunicação com o meio 23/09/08 Pintura em papel manilha e prancha de comunicação alterantiva Estimular a noção de cores, e a comunicação alternativa 25/09/08 Dominó (frutas) e prancha de comunicação alternativa. Encerramento Estimular a comunicação alterantiva e noção de frutas As estagiárias mostravam as figuras na prancha e o mesmo escolheu afirmando com a cabeça que gostaria de passear. O morador apontava na prancha as cores que gostaria de pintar . O morador associava as peças com a ajuda com seu membro superior direito. Foi explicado ao morador, que os atendimentos no período da tarde seriam encerrados. Fonte: Elaborado pelas autoras Quadro nº4: Dados referentes às terapias 3.5 Orientação a equipe da instituição, responsável pelo caso, quanto ao uso do sistema de comunicação Alternativa com o morador. Após ter realizado a confecção das pranchas, foi realizada orientação a equipe da Unidade C2 Par no período da manhã e tarde, onde estavam presentes membros da equipe, entre eles: enfermeira chefe, os auxiliares de enfermagem, pedagoga, fisioterapeuta, fonoaudióloga e Terapeuta Ocupacional. Foram mostradas as pranchas de CAA confeccionadas durante o período da pesquisa, compostas por diversas categorias, cada qual representada por símbolos gráficos, entre as categorias encontram-se: comidas, bebidas, doces, frutas, pessoas, animais, cores, advérbios, verbos, opostos, higiene, partes do corpo e lugares, cada qual em suas respectivas 74 cores, também foi mostrada a ponteira adaptada e foram orientados quanto ao uso da prancha e ponteira no dia-a dia do morador enfatizando como objetivo a promoção de uma melhor interação do morador com os funcionários e maximização de seu potencial de expressão e escolhas. 3.6 A palavra dos profissionais A palavra do médico pediatra É do sexo masculino, 43 anos, residente na cidade de Penápolis, SP, formado à 15 anos , com especialização em Pediatria e Terapia intensiva pediátrica. Atuante em Lins e região. Eis o depoimento: O mesmo relatou a importância da Terapia Ocupacional na melhora das funcionalidades nas atividades de vida diária e prevenção de deformidades. Conhece o método de CAA com um paciente na qual acompanha em homecare. Acredita que a utilização do método CAA trará benefícios aos indivíduos com PC, pois melhora sua auto-estima e proporciona sua integração social. (PEDIATRA, 43 anos) A palavra da fisioterapeuta É do sexo feminino, 35 anos, residente na cidade de Lins, SP, formada à 10 anos. 75 Eis o depoimento: Relatou conhecer o método CAA em uma instituição que trabalhava anteriormente. Acredita que a Terapia Ocupacional utilizando o método CAA pode trazer benefícios a clientela com PC, pois o paciente com seqüela de PC que não desenvolveu a fala consegue se comunicar, se fazer entender, expressando suas vontades e necessidades, sendo assim podemos compreendê - los e respeitar suas vontades. A CAA trará maior oportunidade de escolha e expressão de necessidades ao morador assistido em todos os aspectos, uma vez que o morador aprenda e entenda o método ele conseguirá expressar seus sentimentos. (FISIOTERAPEUTA, 35 anos) A palavra da fonoaudióloga É do sexo feminino, 31 anos, residente na cidade de Lins, SP, formada à 9 anos. Atualmente atua em consultório, no CAIS- Clemente Ferreira em Lins e Hospital clínico. Eis o depoimento: Relatou ser importante o método CAA, pois proporciona auxílio na efetividade da interação e comunicação do indivíduo que não se utiliza da linguagem oral. Diz utilizar o método 76 através de figuras e do PCS com pranchas e álbuns. Acredita que a T.O utilizando o método CAA trará benefícios aos indivíduos com PC, no desenvolvimento global, biopsicossocial, pois favorece a aquisição de conhecimentos, ampliando a linguagem como um todo, trará maior oportunidade ao morador assistido no sentido de se fazer entender de forma mais clara e poder se utilizar da linguagem expressiva efetivamente.(FONOAUDIÓLOGA, 31 anos) A palavra da pedagoga É do sexo feminino, 37 anos, residente na cidade de Lins, SP, formada à 10 anos, em pedagogia com licenciatura plena e habilitação em deficiência mental. Atualmente atua na classe hospitalar do Cais Clemente Ferreira. Eis o depoimento: Diz conhecer o método CAA quando começou a trabalhar no CAIS- Clemente Ferreira em Lins e em contato com a fonoaudióloga, conheceu o programa CAA e a partir deste momento, passou a trabalhar com o método. Relatou que a grande dificuldade no tratamento das pessoas com seqüela de PC é saber das suas necessidades e com este método elas conseguem expressar seus sentimentos, vontades e anseios. O método permite que o paciente informe aquilo que está 77 necessitando, em vários aspectos tais como: higiene, vestuário, alimentação, sentimentos entre outros, facilitando assim o atendimento de suas necessidades. (PEDAGOGA, 37 anos) Palavra do auxiliar de enfermagem É do sexo masculino, 41 anos, residente em Lins, SP, formado à 6 anos , técnico em enfermagem- intensivista- UTI adulta. Atua no CAIS Clemente Ferreira em Lins. Eis o depoimento: Relatou ser de grande importância o trabalho da T.O em indivíduos com PC, pois tem o papel de proporcionar um meio de vida melhor e a T.O é indispensável. Conheceu o método CAA através da orientação feita aos profissionais da unidade C2 par e troca de informações com profissionais. Acredita que o método utilizado pela T.O pode abrir mais uma janela em uma vida tão limitada, e criando alternativas como esta com certeza o cliente será beneficiado, pois a comunicação é essencial para o cliente se expressar. (AUXILIAR DE ENFERMAGEM, 41 anos) Palavra da Psicóloga 78 É do sexo feminino, 49 anos, residente em Lins, SP, formada à 9 anos em Psicologia pela Universidade de São Marcos SP, atualmente atua no Cais - Clemente Ferreira em Lins Eis o depoimento: Diz conhecer o método pois alguns moradores já utilizam que inicialmente foi efetivado pela fonoaudióloga, acredita que com a utilização deste método o morador pode se comunicar de uma maneira adequada e através desta todas as pessoas envolvidas com o mesmo podem colaborar e ajudá-lo e acredita que este método trará ao morador condições de se fazer entender por todos que lidam com ele e vice e versa.(PSICÓLOGO, 49 anos) Palavra da Terapeuta Ocupacional: É do sexo feminino, 40 anos, residente em Lins, SP, possui formação, Conceito Bobath, especialista em Administração Hospitalar e Saúde mental e Ceto Centro de especialidades em Terapia Ocupacional, atualmente atua no Cais Clemente Ferreira em Lins e Supervisora de estágio Neuro-infantil. Eis o depoimento: Diz conhecer o método, e o utiliza 79 parcialmente através de objetos concretos, fotos e miniaturas, não faz uso de prancha devido as características da clientela, ou seja, crianças e adolescentes com transtornos mentais. Acredita ser uma comunicação alternativa e ampliada fracionada somente durante as terapias, tendo com o princípio a realização de algumas atividades dentro das limitações existentes. A importância da Comunicação alternativa para a população alvo em questão requer que o profissional se ajuste as suas necessidades e recorra ao setting terapêutico e ao manejo, ou seja, atividades com objetivos de promover adaptação ambiental, ou seja, a inclusão que faltou em seu processo de desenvolvimento, buscando o reconhecimento do ser humano em sua totalidade. Acredita que a utilização da mesma pode trazer benefícios para indivíduos com seqüelas de paralisia cerebral e diz usar a fala de uma amiga profissional para sintetizar tal questionamento. Ocupar-se da Terapia Ocupacional é poder experimentar, vivenciar a chegada e a partida de sujeitos que, com o nosso investimento pessoal e a nossa prática clínica, conseguem seguir o caminho ocupando-se de suas próprias vidas . OCUPACIONAL, 40 anos) (TERAPEUTA 80 3.7 Discussão Este trabalho procurou ampliar os conhecimentos sobre os sistemas de CAA e através da avaliação das potencialidades e necessidades do morador em questão, identificar e desenvolver um sistema alternativo que vá de encontro às suas necessidades e amplie sua comunicação, promovendo maior qualidade interacional no ambiente em que vive. Segundo Pfeifer (1997), a limitação motora presente na PC também ocasiona dificuldades na qualidade do desenvolvimento da comunicação e interação com o meio, bem como dificuldades na construção do espaço e suas relações, o que por sua vez, reflete em suas funções cognitivo-intelectuais. De acordo com Chun (apud MOREIRA, (2001) a comunicação suplementar e /ou alternativa refere-se a todas as formas de comunicação que complementem, suplementem, substituam ou apóiem a fala. Dirige-se a cobrir as necessidades expressivas e a aumentar a interação comunicativa tanto dos indivíduos que apresentam elevado nível de compreensão da linguagem oral, mas não possuem um meio adequado de expressão, como aqueles outros cujas alterações impeçam de adquirir a fala como veículo de expressão e ao mesmo tempo interfiram na compreensão da linguagem, incluso requisitos cognitivos e sociais. Com o intuito de favorecer e ampliar a interação e comunicação do morador, foi confeccionado um álbum e uma prancha, compostos por símbolos gráficos, pertencentes a diversas categorias, através do sistema PCS, para viabilizar uma forma alternativa de comunicação ao mesmo. A pesquisa realizada demonstrou que com o uso da CAA o morador pôde potencializar e melhorar a sua qualidade interacional com o meio em que vive. 81 3.8 Conclusão sobre o caso Após avaliação, intervenção terapêutica, reavaliação e coleta de depoimentos foi possível verificar que o uso da CAA com o morador R.F., promoveu uma maior e melhor qualidade interacional na comunicação do sujeito assistido, oportunizando e favorecendo escolhas e expressão de necessidades, desejos e sentimentos. Os resultados obtidos comprovam que após a confecção e incorporação do uso da prancha e do álbum, com figuras representativas, o morador pode ter potencializada a manifestação de seus desejos, sentimentos e necessidades. O paciente utiliza-se de movimentos afirmativos e negativos de cabeça para se comunicar ou do uso do apontar com a ponteira adaptada, porém com maior grau de dificuldade devido sua limitação motora, dificultando o direcionamento do apontar, porém, o velcro acoplado à ponteira, favorece a preensão e facilita a comunicação, pois assim a ponteira não escorrega ou sai de sua mão. Em alguns momentos há necessidade de ajuda de outra pessoa, nestes momentos responde com movimentos afirmativos e negativos de cabeça. O morador apresentou boa percepção e assimilação dos símbolos gráficos, com compreensão e memorização, atribuindo os significados corretamente e fazendo uso funcional dos mesmos no seu dia a dia. Por conta da similaridade entre alguns símbolos de algumas categorias, entre elas os advérbios pela semelhança entre as expressões faciais, há risco do morador apontá-las erroneamente, o que pode ser corrigido com o interlocutor proferindo em voz alta o seu significado, o que será interpretado pelo morador e confirmado ou negado pelo mesmo, caso tenha feito uma opção equivocada. Portanto, conclui-se após a análise dos resultados, que a T.O, utilizando-se da CAA, facilita a comunicação não-verbal de um morador do Cais Clemente Ferreira em Lins com seqüela de paralisia cerebral, 82 melhorando a sua qualidade de vida e promovendo oportunidades de escolhas, expressão de necessidades e desejos, no ambiente em que convive, meio interno-instituição e meio externo quando são promovidos passeios e saídas externas. Deve-se, porém, visar a continuidade da intervenção realizada e utilização do sistema por toda a equipe em contato com o mesmo, para que esta forma alternativa de comunicação se faça cada vez mais presente e eficaz na rotina do morador. 83 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO A PC é uma lesão do sistema nervoso central que provoca déficits, interferindo na manutenção de posturas e realização de movimentos, e freqüentemente está associada a problemas de fala, visão e audição, alterações cognitivas, perceptivas entre outros. Em casos no qual o paciente com seqüela de PC apresenta dificuldades na fala, os profissionais podem recorrer ao método de CAA, que se refere a toda forma que substitui ou complementa a fala, auxiliando as pessoas que não utilizam a comunicação verbal para se expressarem; a utilização desta destina-se a compensar os déficits e proporcionar capacidades equivalentes aos da maioria das pessoas, envolvendo o uso de gestos manuais, expressões faciais e corporais e símbolos gráficos, como fotografias, gravuras, desenhos, objetos, entre outros. A intervenção da T.O, utilizando a CAA, influencia diretamente na capacidade de expressão do paciente, uma vez que amplia e oportuniza a possibilidade de escolhas e oferece ainda, uma maneira mais eficaz e diretiva na expressão de necessidades e desejos, que em sua maioria, na ausência da comunicação verbal, precisam ser codificadas através de adivinhações, com uma grande chance de serem percebidas equivocadamente. Ressalta-se a importância e necessidade do terapeuta ocupacional em estudar e identificar o melhor sistema a ser utilizado pelo paciente, com base em suas necessidades e potencialidades, aquele que melhor se destina alternativamente a ampliar sua capacidade funcional de comunicação. O presente estudo buscou associação entre bases teóricas da CAA, e a prática, através da aplicabilidade deste embasamento teórico à rotina do morador assistido, promovendo uma forma alternativa de compensar os déficits apresentados em sua capacidade de expressão. A partir dos resultados obtidos, acredita-se na utilização da CAA como mediadora e potencializadora no estabelecimento de uma maior e melhor comunicação, aos que apresentam disfunções relacionadas à linguagem oral. 84 Sugere-se que os sistemas de CAA, sejam utilizados com maior freqüência nas intervenções realizadas, em especial com esta população neurológica, por serem estes mesmos sistemas promotores e facilitadores no estabelecimento de formas alternativas de comunicação e por apresentarem relevância significativa na promoção de uma melhor qualidade de vida ao permitirem que o sujeito conduza por si só a expressão do que deseja ou necessita. 85 CONCLUSÃO Como foi descrito anteriormente a PC é uma seqüela do SNC que provoca alterações neuropsicomotoras como: alterações no movimento, tônus, cognitivas, fala e entre outros. E quando a fala está prejudicada, é necessário recorrer a outros tipos de sistemas como o de CAA que possibilita ao indivíduo expressar-se com maior eficiência no meio em que vive. A pesquisa demonstrou que a T.O, utilizando-se da CAA, facilita a comunicação não-verbal de um morador do Cais Clemente Ferreira em Lins com seqüela de paralisia cerebral, melhorando a sua qualidade de vida e promovendo oportunidades de escolhas, expressão de necessidades e desejos, no ambiente em que convive, meio interno-instituição e meio externo quando são promovidos passeios e saídas externas. Por ser a CAA, uma abordagem de intervenção rica e embutida de saberes que conduzem à ampliação das formas de comunicação dos pacientes com déficits nesta área, enfatiza-se a necessidade de se dar continuidade a novas pesquisas utilizando-se desta abordagem e recursos oferecidos por ela em busca de maior funcionalidade e qualidade interacional, em benefício da população assistida. Espera-se que a contribuição deixada neste trabalho, some-se a futuras pesquisas, enfocando assuntos, tais como: a utilização de sistemas alternativos de comunicação em contextos escolares, para viabilizar o processo de aprendizagem de pacientes com seqüelas de distúrbios neuromotores. 86 REFERÊNCIAS ALMIRALL, C.B. et al. Sistemas de sinais e ajudas técnicas para a Comunicação Alternativa e a Escrita. Editora Santos. São Paulo, 2003. AMERICAN SPEECH-LANGUAGE- HEARING ASSOCIATION. augmentative and alternative communication.ASHA, 1989. Report: ANDREI. Dicionário médico.São Paulo,1987. BLAKISTON. Dicionário médico. São Paulo: Manole, 1972. BLAKISTONE, S.W. Selecting, Using, end evaluating communication dirces.1996. Impresso no Brasil, 2004. BLISS, C. Comunicação suplementar e/ou Alternativa e Ampliando possibilidades de indivíduos sem fala funcional. São Paulo,1965. BOBATH. B, BOBATH. K. Desenvolvimento motor nos diferentes tipos de paralisia cerebral. São Paulo: Manole. 1.ed, 1989. 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São Paulo, 1986. 90 APÊNDICES 91 APÊNDICE A - Roteiro de estudo de caso 1- INTRODUÇÃO Roteiro de Anamnese e história clínica Avaliação do morador, baseado no roteiro de Comunicação alternativa, para identificação dos déficits do sistema de comunicação compatível às necessidades do sujeito 2- O TRATAMENTO REALIZADO Materiais Métodos terapêuticos empregados Técnicas utilizadas Depoimentos sobre o caso 3- DISCUSSÃO Será realizada a análise entre os fundamentos teóricos e procedimentos práticos utilizados no caso. 4- RESULTADOS E SUGESTÕES Será descrita a evolução e os resultados obtidos diante da intervenção realizada com procedimentos. sugestões sobre manutenção e modificações de 92 APÊNDICE B - Roteiro de Avaliação de Comunicação Alternativa e Ampliada, pré intervenção, baseado nas potencialidades e necessidades do paciente FONTE: Adaptado de Comunicação Alternativa - Recursos de Baixa e Alta Tecnologia - Miryam Pelosi - T.O Mestre em Educação - UERJ 1- Como o indivíduo se comunica? 2- O que o indivíduo comunica? 3- Quais são as habilidades visuais, auditivas e perceptivas? 4- Qual é sua atitude frente a comunicação? 5- Quais são as habilidades motoras?Apresenta movimento ativo de cabeça? 6- Qual habilidade (sistema sensorial, perceptivo ou motor) pode ser utilizado para se estabelecer uma comunicação? 7- O que ele precisa comunicar (alimentação, higiene, vestuário, mudanças posturais, sentimentos, desejos e necessidades em geral) ? 8- O que ele não consegue comunicar (alimentação, higiene, vestuário, mudanças posturais, sentimentos, desejos e necessidades em geral)? 9- Qual sua rotina? 10- Qual o sistema indicado de comunicação alternativa e ampliada para o indivíduo? Descreva? 11- Adaptações necessárias. 93 APÊNDICE C - Roteiro de avaliação de Comunicação Alternativa e ampliada, pós - intervenção de Terapia Ocupacional FONTE: Adaptado de Comunicação Alternativa - Recursos de Baixa e Alta Tecnologia - Miryam Pelosi - T.O Mestre em Educação UERJ 1- Como o indivíduo se comunica atualmente? 2- O que o indivíduo passou a comunicar, após a introdução da comunicação alternativa e ampliada? 3- Qual é sua atitude, frente à utilização da comunicação alternativa e ampliada? 4- Quais componentes (sensoriais, perceptivos e motores) tem utilizado para estabelecer a expressão de desejos e necessidades, através da comunicação alternativa e ampliada? 94 APÊNDICE D - Roteiro de entrevista para o Médico Pediatra I - Dados de identificação Sexo: _____________________ Idade:______ Formação:______________________________________________________ Tempo de experiência: ____________________________________________ Experiências profissionais atuais:____________________________________ Cidade: _______________________________________Estado:___ II- Perguntas específicas Você conhece a atuação da Terapia Ocupacional no tratamento de um paciente com seqüela de paralisia cerebral? Qual a importância da terapia ocupacional no tratamento desses pacientes? Você conhece o método de Comunicação alternativa e ampliada no tratamento de um paciente com seqüela de paralisia cerebral? Como? Você acredita que a Terapia ocupacional ao utilizar a Comunicação alternativa e ampliada com esta clientela, pode trazer-lhes benefícios? Por quê? _______________________________________________________________ 95 APÊNDICE E - Roteiro de entrevista para Psicóloga I- Dados de identificação Sexo: _____________________ Idade:______ Formação:______________________________________________________ Tempo de experiência: ____________________________________________ Experiências profissionais atuais:____________________________________ Cidade: _______________________________________Estado:___________ II- Perguntas específicas Você conhece o método de comunicação alternativa e ampliada no tratamento de pacientes com seqüela de Paralisia cerebral? Como? Você acredita que a Terapia ocupacional ao utilizar a comunicação alternativa e ampliada com esta clientela pode trazer-lhes benefícios? Por quê? Você acredita que a Terapia Ocupacional ao utilizar a Comunicação Alternativa e Ampliada com indivíduos com seqüelas de paralisia cerebral, pode trazer-lhes benefícios? Quais? 96 APÊNDICE F - Roteiro de entrevista para a Fisioterapeuta I- Dados de identificação: Sexo: _____________________ Idade:______ Formação:______________________________________________________ Tempo de experiência: ____________________________________________ Experiências profissionais atuais:____________________________________ Cidade: _______________________________________Estado:___________ II- Perguntas específicas Você conhece o método de comunicação alternativa e ampliada no tratamento de pacientes com seqüela de Paralisia cerebral? Como? Você acredita que a Terapia ocupacional ao utilizar a comunicação alternativa e ampliada com esta clientela pode trazer-lhes benefícios? Por quê? Você acredita que a Terapia Ocupacional ao utilizar a Comunicação Alternativa e Ampliada com indivíduos com seqüelas de paralisia cerebral, pode trazer-lhes benefícios? Quais? 97 APÊNDICE G - Roteiro de entrevista para a Fonoaudióloga I- Dados de identificação Sexo: _____________________ Idade:______ Formação:______________________________________________________ Tempo de experiência: ____________________________________________ Experiências profissionais atuais:____________________________________ Cidade: _______________________________________Estado:___ II- Perguntas específicas Qual a importância da comunicação alternativa e ampliada no cotidiano de um paciente com paralisia cerebral? Você utiliza a comunicação alternativa e ampliada com esta clientela? Como? Você acredita que a terapia ocupacional ao utilizar a Comunicação Alternativa e Ampliada com indivíduos com seqüelas de paralisia cerebral, pode trazerlhes benefícios? Quais? 98 APÊNDICE H - Roteiro de entrevista para o Auxiliar de Enfermagem I- Dados de identificação Sexo: _____________________ Idade:______ Formação:______________________________________________________ Tempo de experiência: ____________________________________________ Experiências profissionais atuais:_____________________________________ Cidade: _______________________________________Estado:___ II- Perguntas específicas Você conhece o trabalho da Terapia Ocupacional dentro do CAIS Clemente Ferreira? Qual sua opinião a respeito da Terapia Ocupacional no tratamento dos moradores com seqüela de paralisia cerebral, institucionalizados no CAIS Clemente Ferreira ? Você conhece o método de Comunicação alternativa e ampliada junto a população com seqüela de paralisia cerebral? Como? Você acredita que a Terapia Ocupacional ao utilizar a Comunicação Alternativa e Ampliada com indivíduos com seqüelas de paralisia cerebral, pode trazer-lhes benefícios? Quais _____________________________________________________________ 99 APÊNDICE I - Roteiro de entrevista para a Terapeuta Ocupacional I- Dados de identificação Sexo: _____________________ Idade:______ Formação:______________________________________________________ Tempo de experiência: ____________________________________________ Experiências profissionais atuais: ____________________________________ Cidade: _______________________________________Estado:___ II- Perguntas específicas Você tem conhecimento da Comunicação alternativa e ampliada? Você a utiliza ? Como? Qual a importância da Comunicação alternativa e ampliada no tratamento de um paciente com paralisia cerebral? Você acredita que a Terapia ocupacional ao utilizar a Comunicação Alternativa e Ampliada com indivíduos com seqüelas de paralisia cerebral, pode trazerlhes benefícios? Quais? _______________________________________________________________ 100 APÊNDICE J - Termo de consentimento livre e esclarecido para instituição Pelo presente instrumento que atende as exigências legais, o (a) responsável legal pela instituição___________________________________ ciência, da pesquisa intitulada expressão de necessidades, tomou A Terapia Ocupacional oportunizando a desejos e escolhas, de um morador institucionalizado no Cais Clemente Ferreira com seqüela de paralisia cerebral, através do sistema de Comunicação Alternativa e Ampliada . Através da apresentação do projeto feito pelas pesquisadoras, cuja a finalidade é: promover uma melhora nas capacidades de escolhas, expressão de necessidades e desejos deste morador através do sistema de Comunicação Alternativa. Frente a esses esclarecimentos e devidamente explicado e não restando nenhuma dúvida a respeito, firma sua autorização para a realização da pesquisa proposta. Fica claro que o responsável pode a qualquer momento retirar sua autorização e ciente de que todas as informações prestadas se tornarão confidenciais e guardadas por força e sigilo profissional. Tenho conhecimento dos procedimentos para coleta de dados e que estes dados serão posteriormente divulgados. Por estarem de acordo assinam o presente termo. Lins, ______de _________________de 2008 Assinatura do responsável legal da Instituição RG: 101 APÊNDICE K - Termo de consentimento livre e esclarecido para instituição Pelo presente instrumento que atende as exigências legais, o (a) morador e/ou seu responsável legal ___________________________________ tomou ciência, da pesquisa intitulada expressão de necessidades, A Terapia Ocupacional oportunizando a desejos e escolhas, de um morador institucionalizado no Cais Clemente Ferreira com seqüela de paralisia cerebral, através do sistema de Comunicação Alternativa e Ampliada . Através da apresentação do projeto feito pelas pesquisadoras, cuja a finalidade é: promover uma melhora nas capacidades de escolhas, expressão de necessidades e desejos deste morador através do sistema de Comunicação Alternativa. Frente a esses esclarecimentos e devidamente explicado e não restando nenhuma dúvida a respeito, firma sua autorização para a realização da pesquisa proposta. Fica claro que o responsável pode a qualquer momento retirar sua autorização e ciente de que todas as informações prestadas se tornarão confidenciais e guardadas por força e sigilo profissional. Tenho conhecimento dos procedimentos para coleta de dados e que estes dados serão posteriormente divulgados. Por estarem de acordo assinam o presente termo. Lins, ______de _________________de 2008 Assinatura do morador e/ou responsável legal RG: 102 APÊNDICE L - Fotos referentes ao caso Fonte: autoria própria Figura 16: PCS tipo Prancha Fonte: autoria própria Figura 17: Capa PCS tipo Prancha 103 Fonte: autoria própria Figura 18: Ponteira adaptada Fonte: autoria própria Figura 19: PCS tipo fichário Fonte: autoria própria Figura 20: PCS de vestuários 104 Fonte: autoria própria Figura 21: PCS de higiene Fonte: autoria própria Figura 22: PCS de objetos Fonte: autoria própria Figura 23: PCS de comidas e bebidas 105 Fonte: autoria própria Figura 24: PCS de doces Fonte: autoria própria Figura 25: PCS de frutas Fonte: autoria própria Figura 26: PCS de Lugares 106 Fonte: autoria própria Figura 27: PCS de advérbios Fonte: autoria própria Figura 28: PCS de opostos Fonte: autoria própria Figura 29: PCS de verbos 107 Fonte: autoria própria Figura 30: PCS de partes do corpo Fonte: autoria própria Figura 31: PCS de animais Fonte: autoria própria Figura 32: PCS meses do ano 108 Fonte: autoria própria Figura 33: PCS de pessoas Fonte: autoria própria Figura 34: PCS de cores Fonte: autoria própria Figura 35: R.F, utilizando a prancha de CAA 109 Fonte: autoria própria Figura 36: R.F, utilizando a prancha de CAA Fonte: autoria própria Figura 37: R.F, utilizando a prancha de CAA Fonte: autoria própria Figura 38: R.F, utilizando a prancha de CAA 110 GLOSSÁRIO Afasia: Comprometimento ou perda quase total da captação, manipulação e as vezes, da expressão de palavras como símbolos de pensamentos, é produzida por lesões do córtex cerebral e vias de associação no hemisfério dominante (BLAKISTON, 1972, p.49) Ametropia: Vício de refração devido as alterações dos meios ou estruturas oculares, fazendo com que as imagens deixem de se focalizar diretamente sobre a retina . (BLAKISTON, 1972, p.69) Astenia: Ausência ou perda de força . (BLAKISTON, 1972, p.122) Astigmatismo: Defeito visual, congênito ou adquirido, resultante da curvatura irregular de uma ou várias superfícies de refração . (BLAKISTON, 1972, p.123) Atrofia óptica: Atrofia do nervo óptico . (BLAKISTON, 1972, p.130) Cerebelo: Parte inferior do encéfalo situada abaixo do cérebro e acima da protuberância e do bulbo raquídeo, consistindo de dois lobos laterais e de um lobo médio . (BLAKISTON, 1972, p.208) Disartria: Dificuldade da fala devido a distúrbios motores dos órgãos da fonação: língua, lábio, véu, palatino, e outros, por ocasião de acometimentos bulbares, cerebelares e etc .(ANDREI, 1997, p.225) Disdiadocinesia: Comprometimento da capacidade de efetuar movimentos alternantes e a sucessão rápida . (BLAKISTON, 1972, p.327) Dismetria: Incapacidade de governar exatamente a amplitude dos movimentos musculares observada em lesões cerebelares . (BLAKISTON, 111 1972, p.328) Hemibalismo: Movimentos espasmóticos, súbitos e violentos, causado por uma lesão destrutiva dos núcleos subtâlamicos contralaterais ou das estruturas subjacentes ou de suas vias de condução . (BLAKISTON, 1972, p.503) Ipsolateral: Situado do mesmo lado com sintomas paralíticos, que ocorrem do mesmo lado que o da lesão que os causa . (BLAKISTON, 1972, p.583) Jargonofasia: Forma de afasia caracterizada por uma transposição de sílabas e de palavras tornando a linguagem incompreensível. (ANDREI, 1997, p.417) Miopia: Vista curta, defeito óptico devido, geralmente, ao grande comprimento do diâmetro ântero-posterior do globo ocular, pelo que a imagem focal, se forma a frente da retina . (BLAKISTON, 1972, p.684) Oxitocina: Octapeptídeo obtido de extratos do lobo posterior da hipófise e também por síntese, é o principal hormônio que contrai o útero e estimula a lactação . (BLAKISTON, 1972, p.769) Tronco cerebral: Conjunto formado pelo bulbo, protuberância e o mesencéfalo . (BLAKISTON, 1972, p.756) Vasopressina: Princípio pressor, um hormônio peptídico do lobo posterior da hipófise emprega-se em medicina primariamente pelo seu efeito antidiurético . (BLAKISTON, 1972, p.1083) 112 113 114 This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com. The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.