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CIRCULAR N° 103
DEZEMBRO/98
ISSN 0100-3356
PUPUNHA PARA PALMITO
Cultivo no Paraná
Nancy Morsbach1
Aníbal dos Santos Rodrigues2
Francisco Paulo Chaimsohn3
Marcos Roberto Treitny4
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ - LONDRINA - PR
1
Enga Agra, Pesquisadora IAPAR, Área de Fitotecnia.
Eng° Agr°, M.Sc. Pesquisador IAPAR, Área de Sócio-Economia.
3
Eng° Agr°, M.Sc. Pesquisador IAPAR, Área de Fitotecnia.
4
Técnico Agrícola, IAPAR, Programa de Culturas Diversas.
2
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ
VINCULADO À SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO
Rodovia Celso Garcia Cid, km 375 - Fone: (43) 376-2000 - Fax: (43) 376-2101
Cx. Postal 481 - 86001-970 - LONDRINA-PARANÁ-BRASIL
Visite o site do IAPAR: http://www.pr.goy.br/iapar
DIRETORIA EXECUTIVA
Diretor-Presidente: Florindo Dalberto
PRODUÇÃO
Arte-final: Sílvio Cézar Boralli
Capa: Francisco Paulo Chaimsohn
Coordenação Gráfica: Jentaro Lauro Fukahori
Impresso na Área de Reproduções Gráficas
Todos os direitos reservados ao Instituto Agronômico do Paraná.
É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte.
É proibida a reprodução total desta obra.
P984
Pupunha para palmito: cultivo no Paraná / por Nancy Morsbach e
outros.
Londrina: IAPAR, 1998.
56 p.
(IAPAR. Circular, 103)
1. Pupunha-práticas culturais-Brasil-Paraná. 2. Palmito de
pupunha-Práticas culturais-Brasil-Paraná. I. Morsbach, Nancy. II.
Rodrigues, Aníbal dos Santos, colab. III. Chaimsohn, Francisco
Paulo, colab. IV. Treitny, Marcos Roberto, colab. V. Instituto
Agronômico do Paraná, Londrina, PR. VI. Título. VII. Série.
CDD
AGRIS
634.9745
F01 0329
G514
APRESENTAÇÃO
Com muita satisfação, colocamos à disposição da
agricultura do Paraná os resultados da pesquisa com pupunha no
IAPAR. Essas pesquisas começaram em 1985, no contexto da busca
pela pesquisa agrícola paranaense de opções de cultivo que
simultaneamente atendessem à necessidade de renda dos agricultores
e à preservação do meio ambiente. Noutras palavras, que fossem
econômicas e ecológicas.
Dentre essas opções destacou-se a pupunha, palmeira há
séculos cultivada
pelos índios da Amazônia, e posteriormente
incorporada à agricultura cabocla
daquela região como cultura
alimentar, sobretudo pelos seus frutos. Contudo, por alguma dessas
ironias do destino, a pupunha destacou-se na atualidade para a
produção de palmito.
Nesse particular é mais precoce que a juçara (Euterpe
edulis), o palmito do Sudeste e do Sul, e além disso perfilha,
permitindo várias colheitas, enquanto a juçara dá apenas uma.
Comparativamente ao açaí (Euterpe oleracea), palmito hoje muito
cortado na região de Belém do Pará, além da maior precocidade,
apresenta melhor qualidade de mesa e maior produção.
As informações que ora se dão ao público representam um
apanhado do estado da arte sobre a pupunha no Paraná, fruto tanto
das pesquisas realizadas no Estado como de estudos da literatura e
várias visitas técnicas e intercâmbios com outras regiões do Brasil e do
exterior. Tais estudos foram conduzidos com a dedicação pioneira e
sempre presente da pesquisadora Nancy Morsbach, hoje aposentada, e
receberam a contribuição dos pesquisadores Aníbal dos Santos
Rodrigues, nos seus aspectos sócio-econômicos, Francisco Paulo
Chaimsohn, na adubação e práticas culturais, e do técnico agrícola
Marcos Roberto Treitny, cuja cuidadosa condução e considerações
de ordem prática foram importantes.
Em nome dos autores foi me confiado fazer essa
apresentação enquanto Líder do Programa de Pesquisa onde se insere
a pupunha. E, também em seu nome, dizer que essa publicação foi
pensada como uma ferramenta de trabalho para agricultores, técnicos
e outros agentes envolvidos na cadeia do palmito.
Enquanto
ferramenta de trabalho poderá ser aprimorada com as críticas e
sugestões dos seus usuários, que serão sempre muito bem-vindas.
Carlos Armênio Khatounian
Líder do Programa Culturas Diversas
EQUIPE TÉCNICA
Nancy Morsbach 1
Aníbal dos Santos Rodrigues 2
Francisco Paulo Chaimsohn 3
Gustavo Ribas Curcio 4
Marcos F. G. Racwal4
Rivail Salvador Lourenço 5
Marcos Roberto Treitny 6
Ednilson Pereira Gomes 6
Roger Daniel de Souza Milléo6
1
Enga Agra, Pesquisadora IAPAR, Área de Fitotecnia.
Eng° Agr°, M.Sc. Pesquisador IAPAR, Área de Sócio-Economia.
3
Eng° Agr°, M.Sc. Pesquisador IAPAR, Área de Fitotecnia.
4
Eng° Agr°, M.Sc. Pesquisador EMBRAPA, Centro Nacional
de Pesquisa de Florestas.
5
Eng° Agr°, Dr., Pesquisador EMBRAPA, Centro Nacional
de Pesquisa de Florestas.
6
Técnico Agrícola, IAPAR, Programa de Culturas Diversas.
2
SUMÁRIO
Pág.
INTRODUÇÃO
7
CONDIÇÕES PARA O CULTIVO
9
CARACTERÍSTICAS DA PLANTA
10
PROPAGAÇÃO E PRODUÇÃO DE MUDAS
12
COLHEITA E TRATAMENTO DAS SEMENTES
14
SEMEADURA
16
TRANSPLANTE PARA O VIVEIRO
17
TRATOS CULTURAIS NO VIVEIRO
17
ADUBAÇÃO NO VIVEIRO
19
SELEÇÃO DAS MUDAS
20
PLANTIO
20
ESPAÇAMENTO
91
TAMANHO DAS COVAS
22
CALAGEM E ADUBAÇÃO
22
CALAGEM 23
ADUBAÇÃO DE PLANTIO
23
ADUBAÇÃO DE PRODUÇÃO
24
ADUBAÇÃO COM MICRONUTRIENTES
25
TRATOS CULTURAIS
25
MANEJO DE PLANTAS DANINHAS
25
PRAGAS E DOENÇAS
25
CORTE E COLHEITA
27
MANEJO DE PERFILHOS E RESÍDUOS
31
PERFILHOS
31
RESÍDUOS
31
RENDIMENTO ECONÔMICO E CUSTO DE PRODUÇÃO
PALMITO
33
33
5
FRUTOS
CUSTOS DE PRODUÇÃO
ZONEAMENTO AGROECOLÓGICO DA PUPUNHA
NO ESTADO DO PARANÁ
35
36
RECOMENDAÇÕES
41
41
43
44
ANEXO I - APTIDÃO DOS SOLOS DO LITORAL
PARA CULTIVO DE PUPUNHA
45
CLIMA
SOLO
ANEXO II - COMPONENTES UTILIZADOS
NA ELABORAÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO
49
BIBLIOGRAFIA
51
EXPERIMENTAÇÃO
55
AGRADECIMENTOS
56
INTRODUÇÃO
O palmito é um produto especial, mas de consumo restrito, no
País e no mundo. O Brasil é o maior produtor, consumidor e
exportador do produto. As principais espécies exploradas são as
palmeiras de Açaí (Euterpe oleracea), na região do delta do Rio
Amazonas e a Juçara (Euterpe edulis), na mata Atlântica das regiões
Sul e Sudeste.
Cerca de 99% do palmito comercial é de origem extrativa. O
questionamento crescente sobre a sustentabilidade biológica das áreas
de preservação, os conflitos por conta das invasões para a extração
ilegal de palmito e o rareamento das plantas nas áreas extrativas têm
comprometido a viabilidade econômica dessa forma de produção.
A exploração racional de Açaí e Juçara é pouco expressiva,
havendo restrições significativas à sua expansão. A principal é o ciclo
de produção dessas espécies, que é relativamente longo (8 a 12 anos).
Por ser uma atividade extrativa, freqüentemente feita de forma
ilegal, as informações sobre a economia do palmito são de baixa
precisão e confiabilidade.
Os dados oficiais informam que no País, em 1985, se produziu
132.105 toneladas de palmito, evoluindo até 202.440 t em 1989. Em
1990 a produção caiu para 27.030 t, diminuindo para 21.000 t em
1992. Não ocorreram causas naturais nem variações no mercado que
expliquem essa discrepância. É mais plausível que tenha havido
grandes falhas no sistema de informações da produção e/ou forte
sonegação fiscal. Estima-se que em 1996 a produção tenha sido de
70.000 t de palmito de origem extrativa (AGRIANUAL, 1997).
O mercado interno e externo têm um histórico de significativa
instabilidade, por conta de inúmeras deficiências na oferta,
principalmente, pois o fornecimento do produto extrativo é irregular e
de baixa qualidade.
7
O mercado interno consome 90% da produção nacional. O
abastecimento do mercado mundial é feito principalmente pelo Brasil
(51%) e pela Costa Rica (24%).
Fora o Brasil, o mercado mundial consome cerca de 20.000 t de
palmito, anualmente. A França tem sido o principal importador (60%
das importações mundiais), seguindo-se os Estados Unidos (20% das
importações).
Por conta da baixa qualidade do produto ofertado, o principal
importador tem reduzido as compras do Brasil, que perde mercado
para a Costa Rica, pois a sua produção é de palmito de pupunha
cultivada, de boa qualidade.
De 1989 a 1994 o Brasil exportou, em média, 10.000 t anuais
de palmito. Em 1995, foi vendido para o mercado externo ao redor de
6.000 t e, em 1996, estima-se que se tenha exportado menos de 5.000
t (AGRIANUAL, 1997).
O preço do produto exportado tem variado significativamente:
de US$ 3.700,00 a tonelada de produto envasado, em 1992, até US$
5.300,00 a t, em 1996 (AGRIANUAL, 1997). Em 1996 a Costa Rica
colocou 3.600 t no mercado, a US$ 2.500,00 a tonelada de palmito
envasado.
Estima-se que o mercado mundial de palmito esteja ao redor de
US$ 500 milhões, com grande potencial de crescimento (COSER
FILHO, 1997). Para se ter uma avaliação mais precisa desse potencial,
considere-se que o consumo na França é de 160 g e nos Estados
Unidos é de apenas 8 gramas per capita/ano. No Brasil o consumo per
capita/ano está em torno de 660 gramas (RODRIGUEZ et al, 1995).
Prevendo o aumento das restrições (legais, naturais e
econômicas) ao extrativismo e a expansão continuada dos mercados
interno e externo, produtores e agroindústrias, em todo o País, estão
investindo em um número significativo de projetos de palmito
cultivado.' As espécies predominantes são a pupunha (Bactris
gasipaes), plantada comercialmente em quase todo o País e a palmeira
real (Archantophoenix alexandrae), plantada em menor escala, e
predominantemente no Estado de Santa Catarina.
Embora a designação correta da planta seja pupunheira, é
usual tratá-la por pupunha, o que faremos neste trabalho.
No Paraná, a pesquisa com palmeiras cultivadas começou em
1987, testando a adaptação de Açaí (Euterpe oleracea), Juçaí (híbrido
entre E. edulis e E. oleracea) e Pupunha (Bactris gasipaes).
Dessas, a pupunha para palmito tem apresentado os melhores
resultados em termos de adaptação agronômica e adequação ao
mercado.
8
CONDIÇÕES PARA O CULTIVO
Por ser originária do trópico úmido a pupunha se desenvolve
melhor em regiões onde as temperaturas médias anuais ficam entre 25
e 28°C. A precipitação adequada deve ser superior a 2.000 mm, com
umidade constante. Os solos devem ser férteis, com textura média e
boa drenagem. Os plantios devem ser protegidos de ventos fortes
(MORA URPI, 1984).
SÁNCHEZ (1981) observa que o desenvolvimento da pupunha
depende mais das condições de clima que do solo. Nas mesmas
condições em regiões de maior precipitação, o desenvolvimento das
plantas é maior do que naquelas em que chove menos.
Segundo CLEMENT (1989), em solos aluvionais profundos,
bem drenados e com alto conteúdo de matéria orgânica obtém-se
maiores rendimentos de pupunha. O mesmo autor relaciona como
limitações mais críticas ao desenvolvimento da pupunha:
a) má drenagem do solo;
b) distribuição irregular das chuvas, especialmente em solos com
baixa capacidade de retenção de água;
c) baixos níveis de matéria orgânica e nutrientes;
d) manejo inadequado das ervas daninhas.
No Paraná a pupunha vem apresentando os melhores
resultados em duas regiões: Litoral e Noroeste (alguns municípios). No
Litoral, as condições climáticas se assemelham às da Amazônia quanto
ao índice de precipitação e umidade do ar; entretanto a temperatura
média anual é mais baixa (20,6°C). Os solos, de maneira geral, são
ruins para a agricultura, tanto em estrutura física quanto em
fertilidade. Assim, somente com correção e adubação (orgânica e
química) pode-se esperar produção econômica.
No Noroeste do Estado o clima, segundo a classificação de
Köeppen, é Cfa - tropical com períodos secos definidos. A precipitação
média é de 1.500 mm anuais, abaixo do adequado para plantios
comerciais. Os solos da região são variáveis; desde o Latossolo Roxo,
argilo-arenoso até Latossolos Vermelho-amarelo (LVA), arenoso,
Arenito Caiuá. Ressalvado que a maior parte dos LVA são pobres, com
baixa fertilidade natural, desgastados,
e retêm pouca água
e
nutrientes.
Nessa região há algumas unidades de observação de pupunha
do IAPAR e cultivos de associados da Cooperativa dos Cafeicultores e
9
Agropecuaristas de Maringá - COCAMAR, localizadas nos seguintes
municípios: Jussara (terra roxa estruturada); Japurá (terra mista);
Nova Esperança e Castelo Branco (arenito); Querência do Norte e
Paranavaí (arenito). Há também uma unidade de observação em
Missal, no Oeste do Paraná onde o solo é terra roxa estruturada. Neste
local conta-se com a colaboração da Cooperativa Agropecuária Três
Fronteiras Ltda. - COTREFAL.
Em Jussara e Japurá a pupunha vem apresentando ótimos
rendimentos; em Nova Esperança e Castelo Branco, apesar das altas
dosagens de adubo usadas, o desenvolvimento das plantas é menor.
Em Querência, Paranavaí e Missal o desenvolvimento tem sido menor
por conta da baixa adubação, tratos culturais inadequados e falta de
umidade. Nos dois primeiros locais, além de solos melhores, a região
tem apresentado, nos últimos anos, índices pluviométricos altos (1.800
mm), superiores às médias da mesma (1.500 mm).
CARACTERÍSTICAS DA PLANTA
Existem dois tipos de pupunha: com e sem espinhos (Figuras 1
e 2). No tipo com espinhos, estes variam em quantidade e
comprimento, podendo aparecer em toda a extensão da planta ou
somente nas folhas/folíolos. Os espinhos geralmente são escuros e de
consistência que varia de débil a forte; os mais compridos medem de
2,5 a 14,3 cm (MATTOS-SILVA e MORA URPI, 1996).
Conforme CAMACHO (1972) e MORA URPI (1984), nas plantas
com espinhos a qualidade dos frutos é melhor e as plantas são mais
resistentes a pragas e doenças.
Quando se trata da produção de palmito, recomenda-se plantar
somente o tipo sem espinhos, pois a presença destes dificulta a
colheita do palmito e o manejo, em geral. Além disso, as lavouras de
plantas com espinhos necessitam de maior espaçamento, para evitar
acidentes.
Os palmitos de plantas sem espinhos não deixam sedimentos
quando envasados, ocorrência comum quando se tem palmito de
plantas com espinhos; o sedimento deprecia a sua qualidade (BOVI,
1993).
Ainda com referência aos espinhos, há diferenças entre as
plantas (genótipos) originárias do Peru e da Amazônia brasileira.
10
Figura 1. Planta com
espinhos.
Figura 2. Planta sem
espinhos.
Apesar da maioria das plantas não ter espinhos, existe uma
percentagem pequena que os apresentam (em torno de 15 e 25%,
respectivamente); as quais deverão ser eliminadas por ocasião da
seleção.
Outra característica importante da pupunha é sua capacidade
de perfilhamento (Figura 3), que torna possível cortes anuais de
palmito em cada planta. Segundo VILLACHICA (1996), pode haver de
um a 20 perfilhos em uma palmeira, sendo raro encontrar plantas que
não perfilhem.
É importante também observar que o sistema radicular da
pupunha é superficial (Figura 4) e se estende por 4 a 5 metros ao
redor do tronco. Cerca de 50% das raízes se encontram dentro da
projeção da copa, até 20 cm de profundidade (Ferreira et al., 1980,
11
A
B
Figura 3. Perfilhamento em planta de pupunha,
citados por CHAVEZ FLOREZ, 1986). Como ocorre em geral com as
palmeiras as raízes primárias da pupunha não se regeneram
facilmente quando danificadas. Por isso não se deve capinar e sim
roçar as lavouras (BOVI, 1993 e CLEMENT, 1986).
PROPAGAÇÃO E PRODUÇÃO DE MUDAS
Não existem variedades melhoradas de pupunha, havendo
grande variabilidade entre as plantas e dentro das diferentes
populações. Além disso a espécie apresenta polinização cruzada, que
leva a uma alta segregação. Isso causa desuniformidade na formação
das mudas, nas áreas de cultivo e na colheita do produto (BOVI,
1993).
A propagação das plantas se faz, usualmente, por sementes.
Segundo CAMACHO (1972) e ARIAS (1984) a propagação por perfilhos
é inconveniente devido à baixa sobrevivência dos mesmos e a
dificuldade em separá-los da planta-mãe.
De acordo com ZONABRIA et al. (1996), o sucesso da
12
A
B
Figura 4. Sistema
radicular superficial
de planta de
pupunha.
propagação vegetativa depende de vários fatores: escolha dos perfilhos
mais vigorosos, da sua altura, manejo e época do corte das plantas.
A técnica de cultura de tecidos para a reprodução da planta
ainda é pouco estudada e não apresenta viabilidade prática (ÁRIAS,
1984; ALMEIDA e KERBAUY, 1993; GÓMEZ et al, 1997).
Assim, sugere-se que os plantios comerciais sejam feitos com
mudas obtidas de sementes de qualidade.
Caso haja interesse em produzir frutos para sementes
observar as seguintes características, para se ter lavouras mais
uniformes:
a) ausência de espinhos - a pupunha tem fecundação cruzada; em
lavouras para a produção de sementes, se existirem plantas com
espinhos (caráter dominante), vai aumentar, ano a ano, o número
13
dessas plantas.
b) abundância de perfilhos - o corte contínuo do palmito vai se
basear nessa característica de regeneração permanente (BOVI,
1993).
c) precocidade e vigor - podem ser observados pelo diâmetro do
tronco e o comprimento dos entrenós; quanto maiores, mais
vigorosas serão as plantas (CLEMENT, 1988).
A produção de frutos, segundo CLEMENT (1986), inicia-se no
2 o ano de plantio no campo, dependendo do genótipo e do meio
ambiente. Solos de baixa fertilidade podem atrasar a floração.
Na região amazônica, em condições de clima e solos adequados,
a p u p u n h a produz duas safras de frutos. A safra principal inicia-se em
janeiro e termina em maio; a maior concentração se dá nos meses de
março/abril. É usual haver uma safrinha, com a produção dos frutos
nos meses de setembro a novembro (ARAÚJO, 1991).
Quando se adquire sementes da região amazônica (Brasil e
Peru) é melhor comprar na época da safrinha, ocasião em que as
condições de temperatura e umidade são mais adequadas para o
plantio na região Sul do Brasil, pois é o início do período quente e
chuvoso (primavera/verão).
A germinação das sementes plantadas na primavera/verão na
região Sul está em torno de 70%.
As sementes são de tamanho variável, com
2,2 cm de
comprimento em média, e 1,5 cm de diâmetro (MATTOS-SILVA, et al,
1996) (Figura 5). Um quilo tem cerca de 400 sementes que, depois de
selecionadas, produzirão cerca de 200 mudas (BOVI, 1993).
COLHEITA E TRATAMENTO DAS SEMENTES
A colheita para sementes é feita quando os frutos estiverem
maduros, mas não passados, pois quanto mais se aproximam do ponto
de amadurecimento fisiológico, maior será a s u a viabilidade e vigor
(HERRERA, 1997). Sementes de frutos verdes têm uma percentagem
de germinação menor que aquela proveniente de frutos maduros
(ARROYO, 1995).
As sementes não suportam desidratação antes de durante a
germinação. Deve-se manter os canteiros úmidos sem encharcá-los
(ARAÚJO,
1993). Também as baixas temperaturas podem
comprometer a germinação. No Litoral do Paraná em plantios no
outono (abril) observou-se perdas em torno de 70%, devido
14
A
B
Figura 5. Sementes
de pupunha.
possivelmente ao frio e outros problemas de manejo.
As experiências de BOVI (1993) mostram que as sementes
devem ser retiradas manualmente dos frutos tão logo sejam colhidos.
Após dois dias de molho em água corrente devem ser lavadas e
atritadas sobre uma superfície áspera (areia, peneira de malha grossa).
Em seguida devem ser colocadas por 15 minutos em um recipiente
que contenha meio a meio de água sanitária e água limpa (água
sanitária a 50%).
ARAÚJO (1991) informa que, concluído o período de
tratamento, as sementes deverão ser colocadas em jornais, na sombra,
para perderem o excesso de água. A casca deve ficar escura, mas sem
película de água. Umidade excessiva dificulta a respiração levando a
semente ao apodrecimento; porém se secarem em demasia (cinza claro)
não germinarão por falta de umidade.
15
Segundo VILLALOBOS e HERRERA (1991), as sementes
mantidas constantemente a 30°C iniciarão a germinação mais
rapidamente que as mantidas a temperaturas mais baixas (ao redor de
22°C). Temperaturas em torno de 40°C prejudicam significativamente
a germinação. O autor afirma ainda que nos substratos usados para a
germinação deve-se manter a umidade adequada. Mas o excesso de
água inibe a germinação, provavelmente devido à formação de uma
película ao redor da semente, que impede a passagem do oxigênio e
favorece o ataque de fungos.
SEMEADURA
A semeadura pode ser feita em canteiros com serragem curtida,
os quais deverão ter 1 m de largura e comprimento variável (Figura 6).
A base dos canteiros é formada por uma camada de 10 cm de areia e
20 cm de serragem. As sementes são distribuídas uniformemente no
mesmo, com uma densidade que varia de 3 a no máximo 5 kg de
sementes por m2, cobrindo-as com cerca de 2 cm de serragem e
molhando logo em seguida.
É importante manter a sementeira com 50% de luz, sob
cobertura que pode ser feita com folhas de palmeiras, de bananeiras,
sombrite, etc. Canteiros a pleno sol geralmente ressecam o substrato,
principalmente se for areia (Araújo, 1993). A cobertura também servirá
para impedir que chuvas fortes exponham as sementes na superfície e
a germinação de plantas daninhas (ARROYO, 1997).
Todavia, em viveiro no Litoral do Paraná efetua-se a germinação
a pleno sol, utilizando-se túnel com filme de plástico transparente para
conservar o calor e controlar a umidade da sementeira, além de evitar
danos de chuvas fortes. Tal tecnologia é de uso relativamente recente
no Paraná e ainda deve ser validada.
Os canteiros devem ser regados quando a camada superficial
estiver seca, tomando-se o cuidado de não encharcá-los, uma vez que
o excesso de umidade favorece a disseminação de fungos e o
apodrecimento das sementes.
Deve-se cuidar para que as sementes não fiquem descobertas,
para não secar; se isso acontecer (devido à irrigação, por exemplo)
cobri-las imediatamente com serragem.
Não é necessário, nem recomendável, fazer adubações nesta
fase (BOVI, 1993).
A germinação inicia-se 30 dias após a semeadura, podendo
16
Figura 6. Canteiros
para semeadura de
pupunha.
estender-se por até 180 dias; entretanto, entre 60 e 120 dias grande
parte das sementes deve ter germinado. Plântulas germinadas após
180 dias devem ser descartadas. Normalmente a germinação varia de
70 a 80%.
TRANSPLANTE PARA O VIVEIRO
O transplante das mudas deve ocorrer quando tiverem mais de
1 cm de altura, assemelhando-se a um esporãozinho, numa fase em
que ainda não houve diferenciação das folhas, mas com as raízes já
formadas (Figura 7). Esta operação deve ser feita, de preferência, em
dias nublados ou em área sombreada em dias de sol forte.
Pode-se plantá-las em sacos plásticos (pretos) de 12 cm de
diâmetro por 18 cm de altura para mudas de 8 meses, e sacos de 15 x
25 cm para mudas que permanecerão 12 meses no viveiro. O
substrato pode ser constituído por mistura de 3 partes de terra e 1
parte de matéria orgânica; se usar solo pesado também deve ser
acrescentada areia na composição do mesmo. Na falta de terra de boa
qualidade, além da matéria orgânica, deve-se acrescentar calcário para
elevar a saturação de bases a 60%
No Litoral do Paraná as mudas atingem de 20 a 30 cm de
altura, entre 8 e 12 meses.
TRATOS CULTURAIS NO VIVEIRO
Os tratos culturais constituem-se principalmente do controle
17
A
B
C
Figura 7. Plântulas
de pupunha prontas
para transplante.
18
de plantas daninhas (feito manualmente), de pragas e doenças.
As pragas mais comuns em viveiro de pupunha são gafanhotos,
lagartas, vaquinhas, cochonilhas e ácaros, sendo que estes ocorrem
em viveiros com pouca ventilação e mal manejados. A aplicação de
inseticidas apropriados controla facilmente os insetos. É importante
usar o produto na dose recomendada, além de fazer teste para avaliar
eventuais problemas de fitotoxidade.
Além de insetos, animais silvestres como lebres, pacas, capivaras e
preás atacam mudas enviveiradas.
Com relação às doenças deve-se tomar muito cuidado com
problemas causados por fungos, principalmente no inverno quando as
plantas apresentam menor crescimento e o clima favorece a
disseminação e/ou o desenvolvimento de certos fungos. Os principais
problemas fitopatológicos são a antracnose (causada por fungos do
gênero Colletotrichum), helmintosporiose e doenças causados por
fungos dos gêneros Phomopsis e Phytophtora.
BOVI (1993) recomenda, para controle de antracnose, diminuir a
irrigação e aplicar fungicidas específicos e alternados, uma vez por
semana, até o final do inverno. Recomenda-se aplicar Benlate (250 g/
200 litros de água) e Dithane M-45 ou Manzate 200 (1 kg/ 200 litros
de água), misturados e aplicados a cada 15 dias (VILLACHICA, 1996).
Por se tratar de cultura de introdução muito recente no Estado
deve-se atentar para o surgimento de novas doenças.
ADUBAÇÃO NO VIVEIRO
Sete a dez dias após o transplante aplicar 2,8 kg de
superfosfato simples e 170 g de cloreto de potássio por m3 do
substrato (terra + matéria orgânica). Além disso usar 160 g/m 3 de
cloreto de potássio, parcelado em 3 vezes, a partir do terceiro ou
quarto mês, dissolvendo o adubo na água de irrigação. Segundo BOVI
(1996), o potássio em viveiro vem sendo associado a uma maior
resistência da planta ao fungo causador da antracnose.
Outra indicação para adubação de mudas de pupunha é feita
por QUADROS (1998). Ele recomenda que a primeira adubação do
viveiro seja realizada logo que as plântulas possuam 2 folhas
completamente abertas (20-30 dias após a semeadura); aplicando-se
40 g de uréia dissolvida em 20 litros de água (para 200 mudas). Para
evitar a queima das folhas novas da pupunha pela uréia deve-se
imediatamente proceder uma irrigação com água pura. Esta adubação
19
deverá ser realizada quinzenalmente.
Sessenta dias após a repicagem recomenda-se utilizar 80 g de
uréia + 180 g de superfosfato simples + 20 g de cloreto de potássio +
20 g de sulfato de magnésio, dissolvidos em 20 litros de água;
aplicando-se a mistura também a cada quinze dias. No terceiro mês
de viveiro devem ser acrescentados à solução anterior 10 g de sulfato
de cobre, 10 g de sulfato de zinco e 5 g de ácido bórico. É importante
irrigar as plantas com água pura após cada aplicação da mistura com
fertilizantes para evitar queimaduras nas folhas.
SELEÇÃO DAS MUDAS
A seleção deve começar na repicagem das mudas para os
saquinhos, garantindo-se a eliminação das que tiveram espinhos; para
se ter mudas de qualidade também deve-se considerar as seguintes
características:
a) selecionar mudas de maior diâmetro na base do caule e com o
maior número de folhas vivas, isto porque diâmetro e número de
folhas têm uma relação direta com a precocidade da planta e,
portanto, com a produção do palmito;
b) selecionar as mudas por classe de desenvolvimento, plantando
mudas de mais ou menos o mesmo tamanho, em lotes distintos,
(BOVI, 1993).
É importante observar que, quando o viveiro é conduzido a
meia sombra, antes de irem para campo as mudas devem passar por
um período de adaptação às condições de luz total, evitando-se o
estresse. É recomendável que a transferência para o campo seja feita
em dias chuvosos ou nublados, para que as plantas não desidratem
durante o transplante (ARROYO, 1997).
PLANTIO
As mudas estarão prontas para o plantio no campo cerca de 8 a
10 meses após a germinação, quando tiverem 3 ou 4 folhas, o que
equivale a estar com 20 a 30 cm de altura (SÁNCHEZ, 1981). Portanto,
ao comprar as mudas prontas ganha-se quase um ano na produção
do palmito.
Deve-se garantir, também, o plantio de mudas com
desenvolvimento uniforme, no mesmo talhão. Mudas com
20
desenvolvimento tardio, plantadas junto com outras maiores, não
alcançarão (ao mesmo tempo) o tamanho adequado para a colheita,
porque não ficam expostas à mesma quantidade de luz. Como as
lavouras são adensadas o desenvolvimento adequado das plantas
menores só ocorrerá quando forem cortadas as plantas vizinhas
(MORA URPI, 1984).
MORA URPI (1984) e ARAÚJO (1991) afirmam que as mudas
podem ser transplantadas para o campo em qualquer idade;
entretanto, sabe-se que no início as plantas demoram a desenvolver a
parte aérea, o que facilita a concorrência das plantas daninhas. Isso
obrigaria a fazer muitas roçadas, aumentando os custos de produção.
É importante salientar que no primeiro ano no campo as
plantas permanecem de 6 a 8 meses formando o sistema radicular, e
que nessa fase o desenvolvimento é muito lento. O crescimento da
parte aérea vai se reiniciar quando as folhas - que inicialmente são
unidas como uma palma - começam a se dividir para formar os"folíolos
típicos das palmeiras.
Não se recomenda o plantio da pupunha em consórcio com
culturas anuais ou perenes, pois pode-se diminuir a quantidade de
luz, além de prejudicar o sistema radicular das palmeiras com as
capinas porventura necessárias às outras plantas. Quando
sombreada, mesmo que levemente, a pupunha cresce em altura e não
em diâmetro; sendo o desenvolvimento em largura o mais importante
para a produção de palmito.
Se o objetivo for a produção de frutos/sementes o consórcio
pode ser feito desde que as outras plantas não exijam capinas e não
sombreiem a pupunha. Palmeiras
sombreadas, mesmo que
levemente, florescem e frutificam pouco (BOVI, 1993).
ESPAÇAMENTO
O espaçamento para produção de palmito depende das
condições de topografia, da fertilidade do solo, da disposição da
plantação, da possibilidade de uso e tipo de mecanização, do manejo e
de outras condições que a propriedade agrícola possa ter.
Atualmente, o espaçamento mais usado em solos férteis e/ou
cultivos bem adubados é 2 x 1 m (5.000 plantas/ha), sendo também
utilizado espaçamento de 1,5 x 1,5 m.
Em solo pobre ou não adubado, MORA URPI (1984) recomenda
o espaçamento de 2 x 1,5 m (3.330 plantas/ha). Para grandes
21
lavouras, em que se usará máquinas para o preparo dos sulcos e
tratos culturais, o espaçamento mais indicado é 3 x 1m (BOVI2).
É importante observar que, para produção de frutos (visando o
consumo/ comercialização e/ou a produção de sementes), deve-se
utilizar espaçamentos bem maiores, uma vez que a pupunha atinge
até 20 m de altura e o sombreamento retarda e diminui o
florescimento e, consequentemente, a produção dos frutos. Na Costa
Rica, MORA URPI (1984) recomenda, para solos pobres, 5 x 5m (400
plantas/ha); para solos férteis ou bem adubados, 6 x 6m (278
plantas/ha), ou plantar em fileiras duplas, de 4 x 4 x 8m (416
plantas/ha).
TAMANHO DAS COVAS
O tamanho das covas depende da fertilidade, das condições do
terreno e do tipo de solo. Em geral recomenda-se covas de 30 x 30 x
30 cm quando os solos são férteis e 40 x 40 x 40 cm em solos pobres.
Para grandes áreas é mais viável o plantio em sulcos, que
devem ter, no mínimo, a profundidade equivalente ao comprimento dos
saquinhos.
Em solos muito pesados (com muita argila e silte) as partículas
menores tornam a terra menos permeável e mais dura; devendo-se,
portanto, fazer covas maiores para diminuir os efeitos de um possível
"selamento" ou endurecimento da parede das mesmas, o que dificulta
a drenagem da água e o desenvolvimento das raízes. Entretanto, o
mais recomendável, nestes casos, é efetuar uma aração profunda,
plantando-se as mudas em sulcos.
CALAGEM E ADUBAÇÃO
Embora a pupunha seja planta que se adapta a solos pobres,
em lavouras para a produção de palmito deve-se buscar as melhores
condições de fertilidade do solo. É importante considerar que a
produtividade esperada não é função apenas da adubação mas
depende de diversos fatores, como o tipo de solo, clima, potencial
genético das plantas e condições de manejo tais como controle de
2
comunicação pessoal
22
pragas, doenças, ervas daninhas, irrigação (BOVI e CANTARELLA,
1996).
CALAGEM
A correção da acidez deve ser feita com base na .análise do solo,
utilizando-se calcário dolomítico para elevar a saturação de bases, isto
é a 50%, de acordo com a fórmula a seguir.
Onde:
NC - é a quantidade de calcário (em t/ha) a colocar no terreno;
V - porcentagem de saturação de bases e CTC ou T - capacidade de
troca de cátions, cujos valores são indicados na análise do solo.
PRNT (poder relativo de neutralização total) - é a capacidade de reação
das partículas do corretivo; deve ser indicado na embalagem (quando
ensacado) ou fornecido pelo vendedor (quando a granel).
Segundo BOVI3, pode-se utilizar 60 ao invés de 50 para maior
garantia de atingir uma saturação de bases (V%) mínima de 50%.
A análise do solo deve ser feita a cada três anos, aplicando-se o
calcário sempre que a saturação de bases for inferior a 50%.
ADUBAÇÃO DE PLANTIO
Caso haja disponibilidade deve-se aplicar esterco de curral ou
outro adubo orgânico (5 a 10 kg/cova) juntamente com o adubo
fosfatado e potássico (cerca de uma semana antes do plantio), cujas
quantidades deverão ser de acordo com análise de solo. Apresenta-se
na Tabela 1 sugestão de adubação, de acordo com o nível de fertilidade
do solo.
3
informação pessoal
23
Usando-se fórmulas comerciais, dividir as quantidades
indicadas em três vezes durante o período quente e chuvoso (setembro
a fevereiro), ou seja, caso use 4-14-8 em solo de média fertilidade (120
g/planta), por exemplo, aplicar três doses de 40 g da fórmula por
planta. Se optar por adubos simples (uréia, superfosfato simples e
cloreto de potássio, por exemplo) parcelar, em três vezes, os adubos
com nitrogênio (uréia) e potássio (cloreto de potássio, por exemplo); o
adubo com fósforo (superfosfato simples) deve ser aplicado de uma só
vez. Assim, se for adubar a pupunha em solo de fertilidade média, por
exemplo, utilizando-se adubos simples, aplicar o adubo com fósforo de
uma só vez (110 g de superfosfato simples por planta) e 3 aplicações
de uréia (3,3 g/planta) com cloreto de potássio (3,3 g/planta).
ADUBAÇÃO DE PRODUÇÃO
A adubação de produção deverá ser efetuada todos os anos, a
partir do primeiro ano após o plantio, considerando-se, além dos níveis
de fertilidade, a produtividade esperada de matéria fresca de palmito
de primeira + picado (palmito + resíduo basal e apical). Na Tabela 2
apresenta-se recomendações de adubação (de diversas formulações)
considerando-se uma produtividade média de 2 a 3 t/ha de palmito.
O parcelamento deve ser efetuado da mesma forma que o
recomendado na adubação de plantio, ou seja, dividir as quantidades
indicadas em três vezes, aplicando-se no período de setembro a
fevereiro (com exceção do adubo com fósforo - superfosfato simples que deve ser aplicado de uma só vez).
24
ADUBAÇÃO COM MICRONUTRIENTES
Recomenda-se aplicar 0,2 a 0,4 g/planta de boro (ou seja, 2 a 4
g/planta de bórax) todos os anos, junto com a primeira aplicação dos
adubos de produção.
TRATOS CULTURAIS
MANEJO DE PLANTAS DANINHAS
A pupunha não tolera a concorrência das plantas daninhas,
principalmente se forem gramíneas, que competem por nitrogênio, no
qual a cultura é exigente (CLEMENT, 1986).
Como já mencionado ("Características da planta"), o sistema
radicular da pupunha é superficial, além disso as raízes primárias da
pupunha não se regeneram facilmente. Por isso não se deve capinar e
sim roçar as lavouras (BOVI, 1993; CLEMENT, 1986).
Segundo TEIXEIRA et al. (1996), as conseqüências do manejo
inadequado, em que as plantas sofrem a concorrência das plantas que
competem em água e nutrientes, serão a produção tardia e o menor
rendimento da cultura, como pode ser observado na Figura 8.
PRAGAS E DOENÇAS
Por ser de introdução recente e cultivada no Paraná até agora
em áreas ainda pouco extensas e isoladas não há notícia de problemas
de pragas e doenças relevantes. Há relatos de danos causados por
25
A
B
Figura 8. Cultivo de pupunha para palmito com e sem competição com plantas
daninhas.
lebres na fase de implantação de lavouras, no Noroeste do Estado. Em
outras localidades têm sido observadas pragas somente nos frutos,
não causando problemas em cultivos para palmito.
CLEMENT et al. (1988) relatam que, segundo MORA URPI
(s.d.), o ácaro da folha seria um grande problema para. a pupunha.
CLEMENT (1997) observa que insetos desfolhadores a têm atacado em
determinadas áreas da Costa Rica.
MEXZÓN (1997) descreve os problemas causados pelo
coleóptero Matamasius hemipterus sericeus ("bicudo das palmeiras") na
Costa Rica, que poderiam causar perdas importantes na produção
comercial pela deformação e morte dos caules. Segundo esse autor, o
ataque pode ocorrer durante todo o ano. As medidas de controle são a
retirada e a queima de folhas secas aderidas ao caule, onde o inseto se
oculta e coloca os ovos. Recomenda-se também o manejo dos restos da
cultura.
VILLACHICA (1996) menciona que na Amazônia» a pupunha
pode ser atacada pelo "bicudo ou broca do coqueiro" (Rynchosphorus
palmarum), um besouro de cor preta, com cerca de 2,5 cm de
comprimento, que pode ser vetor do nematóide Rhacinaphelenchus
cocophilus, causador do "anel vermelho" no coqueiro e no dendezeiro.
26
Quanto às doenças da pupunha não se tem relatos de outras
regiões. Segundo MORSBACH (1997), a antracnose (causada por um
fungo do gênero Colletotrichum) tem sido a principal doença no
Paraná, atacando principalmente as plântulas nos viveiros e as
plantas jovens no campo, no período frio do ano, como ilustrado na
Figura 9.
BOVI et al. (1987) alertam que o controle da antracnose só é
prático no viveiro, em função da altura das plantas.
Figura 9. Muda de
pupunha atacada por
antracnose.
BOVI (1993) observa que a drenagem adequada do viveiro e a
boa nutrição das mudas contribuem para minimizar os problemas
causados pela antracnose.
CORTE E COLHEITA
A pupunha pode ser cortada o ano inteiro, mas é melhor evitar
a época seca porque o palmito tem 90% de água e terá menor peso
nessa época (BOVI, 1993).
O tempo transcorrido do plantio no campo ao corte é de 18 a 24
meses, dependendo do clima, da fertilidade do solo e do controle das
ervas daninhas (BOVI, 1993).
MORA URPI (1984) afirma que, na Costa Rica, se o ponto do
primeiro corte passar dos 24 meses, a lavoura foi mal conduzida.
Não é possível cortar lotes inteiros porque nunca se tem
uniformidade no desenvolvimento das plantas. BOVI (1993) afirma que
27
ao cortar plantas com mais de 3 anos o diâmetro dos palmitos pode
ficar muito grande, dificultando o envase e diminuindo o rendimento
econômico.
Recomenda-se o corte das palmeiras em linhas alternadas ou
em plantas alternadas para não causar estresse por insolação
excessiva nos perfilhos, que estarão sombreados. Cortes precoces da
planta-mãe estimulam o desenvolvimento dos perfilhos (BOVI, 1997)4.
Segundo a autora, deve-se cortar quando a planta tiver em torno de
1,70 m de altura (do chão até a inserção da folha-vela, isto é, aquela
que não abriu). A planta deve ter mais ou menos 9 cm de diâmetro na
parte mais estreita dessa região. Ilustra-se na Figura 10 aspectos
relativos ao corte.
As plantas devem ser cortadas mais ou menos a 1 metro de
altura do solo. Segundo BOVI (1993), o corte alto além de reciclar os
nutrientes para os perfilhos ainda evita danificá-los.
Após o corte procede-se a retirada das cascas mais externas do
palmito que devem ficar na lavoura juntamente com as folhas.
O palmito deve ficar com somente duas capas para protegê-lo
por ocasião do transporte para a indústria (ARAÚJO, 1991).
Figura 10. Diagrama esquemático da
parte a ser cortada para extração do
palmito (adaptado de Monteiro, 1997).
4
comunicação pessoal
28
A pupunha apresenta três partes comestíveis, conforme pode
ser observado nas Figuras 11 e 12.
A parte basal tem, em média, 10 a 20 cm de comprimento; 2 a
5 cm de diâmetro e pesa, em média, 100 a 800 g.
O palmito creme ou de primeira tem de 10 a 50 cm de
comprimento; 2 a 5 cm de diâmetro e pesa, em média. 50 a 300 g.
A parte apical pesa, em média, 30 a 150 g dependendo do
comprimento da folha (CLEMENT et al, 1996).
A
B
Figura 11. Partes
comestíveis (basal,
apical e creme) do
palmito de pupunha.
29
A
B
Figura 12. Creme do
palmito de pupunha.
C
30
MANEJO DE PERFILHOS E RESÍDUOS
PERFILHOS
Não se recomenda o manejo de perfilhos porque, além de não
haver informações suficientes sobre vantagens e desvantagens
agroeconômicas de tal prática, deve-se considerar que a mesma exige
pessoal habilitado (para não danificar a planta) e há possibilidade de
transmissão de doenças.
Também tem-se observado que a planta apresenta uma certa
"autoregulação", mantendo, normalmente, até três a quatro perfilhos
mais desenvolvidos, após o corte da planta-mãe.
RESÍDUOS
Por ocasião do corte das plantas há uma quantidade razoável
de folhas e capas externas dos palmitos que sobram, como pode ser
observado na Figura 13. Esse material pode ficar na lavoura para
reciclar nutrientes ou pode ser usado na alimentação animal. Neste
caso, a necessidade de reposição de nutrientes na lavoura é maior.
Figura 13. Resíduos da colheita do palmito de pupunha.
31
TEIXEIRA et al. (1996) afirmam que 82% dos restos das
palmeiras podem ser usados na alimentação animal. Em lavouras do
Litoral paranaense encontrou-se 10% de proteína bruta nas folhas da
pupunha; esse percentual está abaixo do encontrado (16%) por outros
pesquisadores em São Paulo. Em ambos os casos os teores são
significativos, podendo-se indicar o fornecimento das folhas, ao
natural, para gado leiteiro, com possível vantagem econômica.
As capas externas do palmito apresentam fibra digerível
podendo, também, ser usadas na alimentação animal.
Herrera (1989), citado por ZONABRIA et al. (1996), indica que
nas lavouras de pupunha se produz 61,5 t/ha de matéria verde por
ano. Isso equivale a 19,5 t/ha de matéria seca das quais somente 1,76
t são realmente extraídas na forma de palmito
comercial. Em
Ubatuba, S. Paulo, CANTARELLA e BOVI. (1995) encontraram 19.930
kg/ha de matéria seca (média de 24 plantas) na parte aérea colhida.
MORA URPI et al. (1991), citados por ZONABRIA et al. (1996),
afirmam que as lavouras de pupunha são pouco extratoras de
nutrientes e que o palmito representa apenas 10% do total de matéria
seca extraída das lavouras.
No Noroeste do Paraná lavouras de pupunha com dois anos
renderam 45 t/ha de matéria verde (capas internas e externas do
palmito e folhas que podem ser usadas na alimentação animal), além
de material mais fibroso, que ficará no terreno para reciclar
(MORSBACH, 1997).
32
RENDIMENTO ECONÔMICO E CUSTO DE
PRODUÇÃO
PALMITO
Uma característica interessante da pupunha, que a diferencia
favoravelmente das demais palmeiras, é que o seu palmito não
escurece após o corte. Segundo MORA URPI (1984), é conveniente que
não transcorram mais de 2 dias entre a colheita e o envase ou
consumo fresco. Pois, além de perder cerca de 10% de água por dia,
com o passar do tempo o palmito vai ficando de consistência mais
fibrosa.
A pupunha possui um bom rendimento de palmito creme (de
"primeira", ou "coração"); rende duas a três vezes mais que o palmito
de juçara e quatro a seis vezes mais que o do açaí (BOVI, 1987).
Amostras de plantas sem espinhos, cortadas após 2 anos e
meio de plantio no campo, em São Paulo, produziram palmito creme
com peso variando de 500 a 700 g por planta (BOVI, 1987).
Na
Costa Rica, MORA URPI (1984) registrou a produção de 4 t de palmito
por hectare.
O rendimento de palmito na COIMEX foi de 495 g, em média,
por planta, sendo 35% de palmito creme, 14% de apical e 50% de
palmito basal (CAETANO et al, 1996). A COIMEX utiliza um
espaçamento de 2 x 1 m ou 5.000 plantas/ha.
Em Morretes, Litoral do Paraná, cortes feitos na época das
chuvas, em lavouras comerciais com 3 anos de plantio no campo, em
solos pobres e medianamente adubados, renderam em média 480
gramas de palmito creme e 720 gramas de palmito basal mais apical.
Cortes em junho, na época seca, renderam apenas 270 g de palmito
creme e 390 g de palmito basal mais apical, por planta.
Essas informações confirmam as observações de BOVI (1993),
de que o palmito, sendo 90% água, tem maior rendimento quando
cortado na época das chuvas. Segundo esta autora, os melhores
rendimentos se obtêm quando se consegue a distribuição uniforme do
suprimento de água durante o ano. Em regiões de ppuca chuva o
rendimento do palmito é menor, recomendando-se a irrigação.
Na região Noroeste do Paraná, município de Japurá, em
Latossolo areno-argiloso de boa fertilidade, plantas, com dois anos de
33
plantio no campo, cortadas na época das chuvas renderam 268
gramas de palmito creme e 580 gramas de basal mais apical.
Dados experimentais de três unidades de observação no Litoral
paranaense, instaladas em solos de baixa fertilidade, medianamente
adubados, apresentaram resultados bastante interessantes. Em 40
plantas cortadas na época seca (julho), três anos após o plantio;
observou-se que:
a) lavouras bem conduzidas, sem concorrência de plantas daninhas
renderam, em média, 480 gramas de creme e 840 de palmito basal
mais apical, por planta;
b) lavouras medianamente conduzidas, com ocorrência de plantas
daninhas em algumas épocas do ano, renderam 270 gramas de
creme e 390 gramas de basal mais apical, quase 50% menos do que
no caso anterior;
c) em lavouras mal conduzidas, com concorrência de plantas
daninhas durante quase todo o período (três anos), o rendimento do
palmito foi um terço do obtido em lavouras livres de ervas daninhas
- 165 g de palmito creme e 330 g de apical mais basal.
Quanto à qualidade e aparência, o palmito difere pouco
(quando envasado) dos palmitos de Juçara e de Açaí.
Observa-se uma tendência entre envasadores e consumidores
usuais de palmito em afirmar que a pupunha é um pouco adocicada,
mais macia que o açaí. Quando comparada ao juçara, a pupunha
obteve boa classificação (FERREIRA e PASCHOALINO, 1988).
Também se afirma que quem não é consumidor habitual não
consegue estabelecer diferença significativa entre esses palmitos, com
uma ressalva para a Açaí, pois é usual encontrar, no mercado, o
produto fibroso.
Uma avaliação de palmito fresco de pupunha é relatada por
CLEMENT et al. (1996). Os testes de paladar foram favoráveis para
doçura, maciez, resistência à mastigação e umidade do palmito; foram
desfavoráveis para adstringência e acidez.
De qualquer forma, se processado adequadamente, o palmito
de pupunha envasado tem boa qualidade e aceitação sem restrições
em mercados mais exigentes, como é o caso da França, que compra
quantidades significativas de palmito de pupunha da Costa Rica.
34
Quanto à coloração, o palmito de pupunha é um pouco mais
amarelado que os demais, quando envasado; essa diferença é menor se
ele for cortado nas épocas mais chuvosas (BOVI , 1997)5.
Além disso as partes apical e basal têm bom aproveitamento
comercial, pois são tenras (CLEMENT, 1990).
FRUTOS
O fruto da pupunha é um dos alimentos mais balanceados dos
trópicos. Apresenta teores elevados de fósforo, vitamina A e niacina, e
quantidades razoáveis de cálcio e ácido ascórbico (León 1979, citado
por SÁNCHEZ, 1981).
TEIXEIRA et al (1996) afirmam que é possível obter até 40 t de
frutos por hectare. Além de terem excelente valor nutricional, podem
ser usados tomo fonte energética de qualidade para aves.
Pesquisas na Universidade da Costa Rica com frangos para
engorda, poedeiras e suínos mostraram que é possível substituir total
e parcialmente o componente calórico da dieta (milho/sorgo) por
farinha de pupunha (TEIXEIRA et al, 1996).
Os trabalhos de MORA URPI (1984), nessa Universidade,
indicam que a pupunha leva mais ou menos 115 dias da floração até a
maturação dos frutos. Em condições normais de cultivo a produção de
frutos pode ultrapassar 25 t/ha.
O mesmo autor cita que a pupunha seria um sucedâneo do
milho na preparação de concentrados para a alimentação animal,
devido ao seu alto valor nutritivo, boa qualidade da proteína e alta
concentração de Vitamina A. Os frutos da pupunha poderão vir a ser
um volumoso de preço competitivo no mercado.
Neste caso, como se extrairá quantidades significativas de
produto, serão necessários melhores tratos culturais, reposição de
maiores quantidades de fertilizantes e outros cuidados nas lavouras.
No Paraná, com a tecnologia disponível, as regiões Litoral e
Noroeste têm potencial para a produção de frutos.
5
comunicação pessoal
35
CUSTOS DE PRODUÇÃO
Nas Tabelas 4 e 5 apresenta-se custo de produção,
respectivamente, para pupunha cultivada em área mecanizável, com
solo de média fertilidade e com 5.000 plantas/ha e área não
mecanizável/mecanizada, com solo de baixa fertilidade e 3.300
plantas/ha. Nas Tabelas 6 e 7 são apresentados, respectivamente, o
fluxo de caixa para cada uma destas situações.
Para ambas as condições considerou-se duas alternativas: (1)
plantio com mudas próprias; (2) cultivo com mudas compradas.
Também é importante observar que: a. os componentes de custo
(descritos no Anexo II) são estimativas que devem ser ajustadas às
condições específicas de cada região; b. não estão relacionados custo
de impostos e encargos sociais; c. adicionou-se 20%. aos custos para
compensar eventuais itens não previstos; d. no cálculo de
corte /colheita e transporte considerou-se uma colheita anual, o que
deve ser corrigido pelo número de cortes que efetivamente seja
efetuado.
36
37
38
Observe-se, de início, que ao fazer o plantio a partir de mudas
compradas, essas representam 62% e 51% dos custos de implantação
da lavoura, respectivamente para cultivos de 5.000 e 3.300
plantas/ha.
Entretanto, analisando-se o fluxo de caixa para cada situação,
verifica-se que na primeira (área mecanizável, fertilidade média, 5.000
plantas/ha), o retorno do investimento inicia-se aos quatro anos
produzindo-se ou comprando-se as mudas; só que neste caso tem-se
uma receita de cerca de R$ 3.000,00 e com mudas próprias a receita
seria ao redor de R$ 1.000,00.
Para a outra situação (área não mecanizável/ mecanizada,
fertilidade baixa e 3.300 plantas/ha), o retorno inicia-se no quarto ano
comprando-se as mudas e no quinto ano quando as mesmas são de
produção própria.
E
importante observar, portanto, além desta análise
econômica, que comprando-se as mudas ganha-se um ano na
produção de palmito e diminui-se o risco de perdas na produção das
mesmas.
39
40
ZONEAMENTO AGROECOLÓGICO DA PUPUNHA
NO ESTADO DO PARANÁ
CLIMA
Com a finalidade de orientar o plantio da pupunha no Estado
do Paraná, apresenta-se na Figura 14 um Zoneamento climático da
cultura, observando-se que o mesmo deve ser considerado somente
como um indicativo para o cultivo da palmeira. A experimentação com
a pupunha tem se concentrado mais no Litoral do Paraná (com
algumas poucas atividades no Noroeste do Estado), sendo necessários
estudos para avaliação de condições microclimáticas de outras regiões.
Além do clima é de fundamental importância considerar as
características do solo; solos sujeitos a inundações limitam demais o
cultivo, uma vez que a planta é muito sensível ao encharcamento e
solos muito pobres exigem investimentos para correção e adubação.
Levando-se em conta tais observações, pode-se, a princípio,
classificar as regiões do Paraná em função de sua aptidão ao cultivo da
pupunha em:
3. região inapta ao cultivo: em função do risco de geadas (média de 5
a 25 dias de geada por ano) e por apresentar temperatura média
anual inferior a 19/20°C , toda a área na qual o clima é Cfb6 não é
apta ao cultivo de pupunha;
b. região climaticamente apta ao cultivo: o Litoral Paranaense
apresenta condições climáticas adequadas ao cultivo, devendo-se
considerar, entretanto, as restrições em função das características
do solo (risco de encharcamento/inundação, alta declividade e
baixa fertilidade);
C. apta, com riscos de déficit hídrico e geadas: a faixa que engloba
as regiões de Umuarama, Maringá e Londrina apresenta condições
climáticas relativamente favoráveis ao cultivo; entretanto há algum
risco em função de déficit hídrico e danos por geadas;
6
Segundo a classificação de Köeppen trata-se de clima temperado, cuja temperatura
média no mês mais frio é inferior a 18°C (mesotérmico), com verões frescos,
temperatura média do mês mais quente abaixo de
22°C e sem estação seca
definida (IAPAR, 1994)
41
inapta ao cultivo
apta ao cultivo
apta, com riscos de déficit hídrico e geadas
região com restrições em função de déficit hídrico
região com restrições em função de déficit hídrico e risco
região com restrições em função de baixa temperatura
(média anual menor de 20 º C), alto risco de geadas e
(precipitação média anual inferior a 1.700 mm)
Figura 14. Zoneamento agroecológico preliminar para cultivo da pupunha para
palmito no Estado do Paraná.
42
d. região com restrições em função de déficit hídrico: no Noroeste
do Paraná, cuja precipitação média anual normalmente é inferior a
1.400 mm, o cultivo da pupunha exige irrigação para
o
desenvolvimento e produção de palmito;
e. região com restrições em função de déficit hídrico e risco
médio de geadas: de forma semelhante à região anterior, o
Nordeste do Estado apresenta precipitação geralmente menor que a
necessário à pupunha (média anual inferior a 1.400 mm), além de
maior risco de geadas;
f. região com restrições em função de baixa temperatura, alto
risco de geadas e algum risco de déficit hídrico: as regiões Oeste
e Centro-Norte do Paraná, além do alto risco de geadas, apresentam
temperaturas relativamente baixas (temperatura média anual
menor de 20 °C) e precipitação média anual inferior a 1.700 mm.
SOLO
Em função dos trabalhos de pesquisa com a produção de
palmito de pupunha terem se concentrado no Litoral do Paraná, ainda
não se tem informações relativas à adequação do cultivo da mesma
para todo o Estado. Apresenta-se algumas informações a respeito dos
solos do Litoral no Anexo I.
43
Para se ter lavouras de pupunha rentáveis, recomenda-se:
a) adquirir sementes/mudas de procedência garantida, de boa qualidade;
b) plantar somente em solos bem drenados;
c) evitar a concorrência de ervas daninhas, tanto no viveiro quanto no
campo;
d) plantar a pleno sol, não deve ser plantada sob mata ou capoeira;
a) plantar onde a precipitação é adequada (pelo menos
1700 mm bem distribuídos durante o ano), ou usar irrigação;
b) temperaturas médias anuais entre 25 e 28°C ;
c) corrigir acidez e fazer adubação adequada na área do plantio definitivo.
44
ANEXO I - APTIDÃO DOS SOLOS DO LITORAL
PARA CULTIVO DE PUPUNHA
Gustavo Ribas Curcio1 e Marcos Fernando Glück Rachwal1
Na literatura sobre pupunha ainda não existem informações
específicas a respeito do seu desenvolvimento e produtividade por
classe de solo. Genericamente, segundo CLEMENT (1989), esta
palmeira encontra condições ideais em solos profundos, bem drenados
e com altos teores de matéria orgânica. Por outro lado, conforme o
mesmo autor, a má drenagem, pequena retenção de umidade, além de
baixos níveis de matéria orgânica e nutrientes são fatores limitantes à
produção.
Considerando-se que o IAPAR tem concentrado os trabalhos de
pupunha no Litoral do Paraná, não havendo, até o momento,
resultados conclusivos em diferentes tipos de solo nas demais regiões
do Estado, com aptidão de cultivo de pupunha, apresenta-se
informações para a área litorânea.
Basicamente existem os solos que se encontram em planícies
arenosas, em planícies argilo-síltico-arenosas e nas encostas. Na
primeira situação destacam-se os seguintes solos:
Areia quartzosa: constituídos de horizonte A sobre C, ambos
de textura essencialmente arenosa. Por apresentar-se arenoso a
profundidades superiores a dois metros, este solo caracteriza-se pela
forte drenagem e pequena fertilidade.
Em caso de utilização com pupunha devem ocorrer restrições
hídricas, uma vez que a areia condiciona quantidades de água
armazenada muito pequenas, criando a necessidade do manejo com
coberturas mortas para amenizar a deficiência em água.
Também devido ao predomínio da fração areia, a baixa
capacidade de troca catiônica é outra grande limitação, impondo a
necessidade de adicionar quantidades significativas de matéria
orgânica.
1
1
Eng° Agr°, M.Sc., Embrapa/Centro Nacional de Pesquisa de Florestas.
Eng° Agr°, M.Sc. Pesquisador da Embrapa/Centro Nacional de Pesquisa de
Florestas. Caixa Postal 319. Fone: (41) 766-1313 - Fax: (41) 766-1692.
CEP 83411-000 Colombo-PR.
45
Quando saturados com água estes solos passam a ser
designados de Areia Quartzosa hidromórfica. No Litoral ocupam áreas
pouco expressivas sendo impróprios para a produção de pupunha
devido a deficiência de aeração.
Podzol: caracterizam-se pelos elevados teores de areia e
pequena fertilidade. Podem ser fortemente drenados até muito mal
drenados. Estas diferenças se devem à profundidade de ocorrência e
grau de consolidação do horizonte B espódico (popularmente tido como
piçarra), assim como a posição em que se encontram na planície
(proximidade de rios, relevos abaciados...).
Quanto mais próximo da superfície e mais consolidado estiver
este horizonte, maior será o risco de saturação hídrica. Podzóis com
horizonte espódico bem consolidados e em torno de 50 cm ou menos
de profundidade apresentam possibilidades de permanecer por
determinados períodos do ano plenamente encharcados, tornando-se
inaptos ao cultivo da espécie.
Quando o B espódico estiver em torno de 200 cm ou mais de
profundidade as limitações quanto a falta d'água serão praticamente
as mesmas da Areia Quartzosa. Neste caso, o manejo de matéria
orgânica, através de coberturas mortas, amenizará, as deficiências
hídricas.
Assim como a Areia Quartzosa, o Podzol apresenta pequena
fertilidade e deve ser manejado com matéria orgânica para aumentar a
capacidade de troca catiônica.
Solo orgânico sobre substrato arenoso: solos com elevados
teores de matéria orgânica, em diferentes níveis de decomposição, com
presença do lençol freático na superfície. Podem apresentar
profundidades de 40 cm até superiores a 200 cm no Litoral
paranaense. Devido a saturação hídrica durante o ano inteiro, não é
recomendado ao cultivo da pupunha.
Uma vez drenado, em função do clima quente e úmido do
Litoral, pode rapidamente ocorrer a oxidação da matéria orgânica
determinando o seu rebaixamento, atingindo as camadas arenosas.
Neste caso os problemas serão semelhantes aos dos solos supra
citados.
Pelo exposto, este solo não é recomendado para a exploração
com pupunha.
Solo aluvial: devido a posição que ocupa, beiras de rios, este
solo deve ser destinado a preservação das florestas ciliares, cuja
46
proteção está prevista no Código Florestal Brasileiro (lei federal n°
4.771, 15/09/1965).
Nas planícies argilo-síltico-arenosas encontram-se os seguintes
solos:
Cambissolo (origem em sedimentos alúvio-coluvionares): s u a
textura é média e, dominantemente, com baixa saturação em bases
(distrófico). Os primeiros 100 cm são livres de saturação hídrica,
tornando-os aptos para a exploração com a palmeira. Quando os
teores de silte são elevados, a s u a permeabilidade pode ser
parcialmente comprometida, devendo-se neste caso ter muito cuidado
com manejos n a s entrelinhas que possam proporcionar compactações,
restringindo ainda mais a percolação da água.
Os experimentos conduzidos neste solo apresentaram bons
rendimentos de palmito creme, porém foi observado que,
necessariamente, há demanda de adubações para incrementos na
produtividade.
Cambissolo gleico (origem em sedimentos alúvio-coluvionares):
são muito semelhantes aos Cambissolos, a exceção do lençol freático
entre 50 e 100 cm de profundidade, em determinados períodos do ano.
Este fato acarreta a formação de horizonte B gleizado, ou no mínimo
com indícios de gleização, situação indesejável para a pupunha. Além
disto, este solo situa-se em locais sujeitos a inundações com diferentes
períodos de recorrência.
Verificou-se diminuições no desenvolvimento da pupunha em
plantios experimentais, o que leva a pensar na inadaptabilidade da
espécie para este solo. Caso ainda se tenha a intenção de cultivá-lo
com a palmeira, recomenda-se a construção de camalhões
concomitantes a um sistema de drenagem, a fim de proporcionar
maior profundidade efetiva. Deve ser salientado que, até o momento,
não se tem informações experimentais desta técnica em pupunha.
Glei pouco húmico: encontra-se encharcado (saturação
hídrica) o ano inteiro ou grande parte do ano, o que o torna inapto
para o cultivo da pupunha. Caracteriza-se pela presença de horizonte
glei dentro da profundidade de 50 cm. Este solo é facilmente
reconhecido por suas cores cinzentas (sabão de caboclo).
A ocorrência de Glei Húmico e Glei Turfoso no Litoral
paranaense é pequena, não sendo recomendados para o cultivo da
pupunha por encontrarem-se encharcados o ano inteiro.
Como a conectividade hidráulica dos Gleis é quase nula, fica
muito difícil a efetivação destes para a pupunha através da drenagem.
47
Solo orgânico sobre substrato argiloso: as informações
contidas nos Orgânicos sobre substrato arenoso são válidas aqui, com
a diferença que após o rebaixamento ocorrerá a exposição das
camadas gleizadas de baixíssima permeabilidade, tornando o
comportamento hídrico deste semelhante aos Gleis, ou seja: não
devem ser utilizados para o cultivo da pupunha.
Nas encostas predominam os solos abaixo relacionados:
Podzólico vermelho-amarelo: solo de baixa fertilidade, em
geral com alta saturação em alumínio trocável (álico). É um dos solos
de maior suscetibilidade à erosão. Isto se deve às diferenças de textura
entre os horizontes A e Bt , no caso, sempre maiores no Bt , além de
ocorrer em relevo de alta declividade.
Os rendimentos de pupunha neste solo foram os mais baixos,
porém, seguramente, foram afetados pela concorrência com plantas
invasoras. Caso contrário, acredita-se que os rendimentos seriam
significativamente maiores.
Recomenda-se que os plantios sejam efetuados no sentido
transversal ao declive, a fim de minimizar a erosão e,
consequentemente, aumentar o rendimento.
Cambissolo: solo de textura argilosa e de baixa fertilidade
(distrófico, por vezes álico). Embora não tão suscetível à erosão quanto
o Podzólico vermelho-Amarelo, ainda assim, devido ao declive, poderá
ocorrer erosão determinando queda na produtividade.
Em experimentos verificaram-se produtividades médias, mas
também sofreram os efeitos da matocompetição. Isto leva a considerar
que também poderão ser obtidos rendimentos maiores nestes solos
com roçadas mais freqüentes.
Como este solo ocorre nas mais diversas declividades,
recomenda-se que os plantios com a pupunha se façam nas classes de
relevo suave ondulado, ondulado e forte ondulado, sempre de forma
transversa ao declive. Os Cambissolos de relevo montanhoso não
devem ser explorados devido a menor espessura destes, o que, aliado
ao declive, os predispõem a elevada suscetibilidade à erosão.
Solo litólico: prevalece a textura argilosa, no entanto, não é
incomum a textura média. Embora a fertilidade, em geral, seja
superior ao do Cambissolo e do Podzólico vermelho-Amarelo, devido a
sua pequena espessura e ao relevo bastante íngreme torna-se
extremamente suscetível à erosão. Principalmente por este motivo não
se recomenda a utilização de pupunha neste solo.
48
ANEXO II - COMPONENTES UTILIZADOS NA
ELABORAÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO
Apresenta-se na Tabela 8 os componentes utilizados na
elaboração dos custos de produção (Tabelas 4 e 5), sendo que (a) são
aqueles utilizados para área mecanizável/ mecanizada, fertilidade
média e densidade de 5.000 plantas/ha; (b) componentes para área
não mecanizável/mecanizada, fertilidade baixa e densidade de 3.300
plantas/ha; itens não identificados foram considerados para as duas
situações.
49
50
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54
EXPERIMENTAÇÃO
A pupunha é planta de introdução relativamente recente no
Paraná e, em função de ser originária de regiões com características de
solo e clima bem distintas de nosso Estado, demanda uma série de
informações para tornar seu cultivo mais rentável e menos arriscado.
O IAPAR pode realizai e/ou orientar trabalhos de
experimentação, através de parceria. Maiores informações a respeito
podem ser obtidas com os pesquisadores Francisco Paulo Chaimsohn
(fone/fax 042-2292829; e-mail: [email protected]; Caixa Postal 129
Ponta Grossa - PR, 84.001-970) e Aníbal dos Santos Rodrigues (fone
041-3586336; fax 041-3586979; e-mail: [email protected]; Caixa Postal
2301 e 1493 Curitiba- PR - 80.001-970).
55
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem aos técnicos Maria Elisabeth Doni
(UFPR), Neusa de Almeida Rucker (SEAB-PR), Dennis Dietchfield
(SEAB-PR), Cirino Corrêa Jr. (EMATER), Dr. Irineo da Costa Rodrigues
e Nelson José Cecconello (COTREFAL-Medianeira, PR) pelas sugestões,
incentivo e colaboração na realização deste trabalho.
Agradecemos também aos técnicos agrícolas Luiz Adão da
Silva, Gervásio Luis de Martins, Ednilson Pereira Gomes e Roger
Daniel de Souza Milléo pela dedicação na condução dos experimentos.
Agradecimento especial aos produtores - colaboradores Srs.
Ryuzo Yshiyama (Tagaçaba), João Olivir Gabardo (Morretes), Donato
Bento (Antonina) in memorian, Augusto Voigt e Tura S. Rusassi
(Paranaguá), Júlio Antônio Cardoso (Japura), Nilo Sehn (Missal), que
além de cederem suas terras ainda prestaram valiosa colaboração na
condução dos experimentos e do carinho que sempre nos
dispensaram.
Também agradecemos à secretaria Margarida N.M. Ferreira,
pela sua eficiência e sempre boa vontade em digitar os textos, além de
José Lascosk Neto, pela importante contribuição na confecção de
figuras do trabalho.
56
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