Apesar de secular, neurossemiologia é matéria viva

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ABNews
BOLETIM
Uma publicação da Academia Brasileira de Neurologia | Ano 11 | Edição 2 | Mar/Abr 2015 | ISSN 2175-1080
Apesar de secular,
neurossemiologia
é matéria viva
Página 3
Intercâmbio gratuito
com Association
of British Neurologists
Com o objetivo de proporcionar
desenvolvimento profissional
continuado aos neurologistas brasileiros,
a ABN inicia, em 1o de maio, as inscrições
para o programa de intercâmbio gratuito.
O convênio, assinado entre as entidades
científicas do Brasil e da Inglaterra,
propicia importante troca de experiências
do cenário médico dos dois países. Página 6
Mobilização por
remuneração digna
aos especialistas
Página 4
Fibromialgia: qual é o
papel do neurologista?
Página 7
A interiorização
da Neurologia
Página 8
ABN participa do Bem
Estar Global, da Rede Globo
A ABN, por meio de seu Capítulo
Mineiro, participou do programa
Bem Estar Global, edição especial do
programa da Rede Globo. O evento,
que aconteceu em 27 de março, na
Barragem Santa Lúcia (Belo Horizonte,
MG), teve seu foco na saúde da
população. Página 9
Lucinha Lins é estrela na
campanha de Alzheimer
Página 9
Orientação aos
cidadãos em
Vitória da Conquista
Página 11
2 editorial
ABNews
BOLETIM
DIRETORIA EXECUTIVA DA ABN
Presidente
Rubens José Gagliardi
Secretário-geral
Luiz Henrique Martins Castro
Rubens José Gagliardi
Presidente
Você como transformador da ABN
C
aro associado, você acaba de receber a segunda edição de 2015 do
Boletim ABNews. Seguimos a reformulação iniciada no início do ano,
com a posse de nossa gestão. O conteúdo valoriza a prática da Neurologia, trazendo informações úteis para acadêmicos, residentes, professores,
pesquisadores e especialistas de todas as áreas.
Neste Boletim ABNews, destacamos a atriz Lucinha Lins como estrela de
nossa campanha de Alzheimer. Há ainda a imperdível seção “Entrevista com o
Autor”, com excelente reportagem com Péricles Maranhão-Filho sobre a neurossemiologia, seu histórico e aplicabilidade em nossa rotina médica.
Abrimos espaço aos residentes e acadêmicos, que são o futuro de nossa especialidade. Além de valiosas dicas
bibliográficas aos estudantes, você poderá conferir a opinião de um membro
aspirante a respeito da interiorização da
Neurologia, aqui com um contraponto
de um sócio emérito, o admirável Sérgio
Augusto Pereira Novis.
A defesa profissional é mais um assunto que merece nossa atenção. A reportagem sobre o andamento das negociações com a saúde suplementar por
melhores condições de trabalho/honorários e a entrevista especial de Geraldo Ferreira Filho, presidente da Federação Nacional dos Médicos, abrangem aspectos e reivindicações atuais da comunidade médica.
Cabe ressaltar o desenvolvimento profissional, abordado nas reportagens
sobre o intercâmbio gratuito com a Association of British Neurologists, a representatividade de nossa Academia no Conselho Nacional dos Direitos da
Pessoa com Deficiência, o papel do neurologista na conduta em fibromialgia e
as ações das Ligas Acadêmicas pelos Estados.
Antes de encerrar, tenho um recado especial. O Boletim ABNews não é somente da Academia e da especialidade, mas, acima de tudo, é sua voz, sua ferramenta de expressão. Faça bom uso do que lhe pertence. Participe do “Espaço do Leitor”; opine, sugira e contribua para o bom crescimento e a evolução
de nossa Neurologia. Um forte abraço!
Participe do
"Espaço do
Leitor"; opine
e contribua
ainda mais
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ISSN 2175-1080
Publicação dirigida ao profissional de saúde
Edição nacional com distribuição gratuita
entrevista com o autor 3
como tratar uma doença, precisamos primeiro
aprender como reconhecê-la. O diagnóstico é o
maior trunfo do esquema terapêutico”. A partir
daí, entra também nosso artigo, pois na procura
do diagnóstico neurológico o exame neurológico
é nossa principal ferramenta de trabalho.
Quais foram os critérios usados para a seleção dessa bibliografia?
Estudando a origem da propedêutica neurológica, encontramos alguns autores pioneiros e, então, resolvemos escrever sobre seus livros e contar
um pouco de cada um deles. O critério principal
que norteou a produção do artigo foi utilizar os
próprios livros originais como fonte, além de rever
algumas biografias dos diversos autores.
Existem muitas diferenças na abordagem do
exame neurológico feita por esses autores
comparativamente à abordagem atual?
Sim, e é natural que elas existam. Apesar de secular, a neurossemiologia é matéria viva, está em
constante evolução. A estrutura básica do exame
neurológico, em sua essência, se mantém a mesma. Entretanto, como não poderia deixar de ser,
diversos testes e manobras somaram-se aos procedimentos tradicionais no decorrer dos anos.
Apesar de secular
secular,
neurossemiologia é matéria viva
Péricles Maranhão-Filho
trata do pioneirismo no
exame neurológico em artigo
Nacional de Câncer do Rio de Janeiro (RJ).
Maranhão-Filho destaca que a neurossemiologia faz parte da missão de todo professor de Neurologia e não deve ser matéria estimulada apenas
nos bancos das faculdades de Medicina, mas em
publicações, congressos, cursos e simpósios. “A
semiologia faz surgir ouro na areia lavada, apenas
visível aos olhos de quem conhece”, versa ele, ao
destacar a importância da especialização.
Doutor em Neurologia e professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com vasto
interesse em ensino e pesquisa na área de neurossemiologia, Maranhão-Filho detalha como foi
o processo de redação do artigo, além de transmitir dicas valiosas aos jovens especialistas.
Por que revisitar a literatura sobre propedêutica neurológica dos séculos XIX e XX?
O
s primórdios dos livros-texto que citam
o exame neurológico e seus autores,
datados dos séculos XIX e XX, são tema
do artigo Neurological examination: pioneering
authors and their books (Exame neurológico: autores pioneiros e seus livros), de autoria de Péricles Maranhão-Filho, neurologista do Instituto
Destaco dois motivos: relembrar que o conhecimento neurossemiológico atual foi estruturado
a partir da soma de descobertas humanas individuais ao longo de muitas décadas; e, não menos
importante, homenagear aqueles visionários geniais que idealizaram e materializaram em livros
pioneiros o roteiro do exame neurológico. O diagnóstico clínico é, tradicionalmente, baseado no
binômio história e exame físico. Charcot, o criador
da Neurologia moderna, já dizia: “Para aprender
Considera importante o jovem neurologista
ter acesso a esses livros? Por quê?
Hoje, contamos com boas publicações a respeito da semiologia neurológica. Acessar ou não livros
antigos depende do interesse do jovem neurologista em se aprofundar sobre o tema. Cabe ressaltar que conhecer a história de um sinal, de uma
síndrome ou de uma doença, além de enriquecer
e encorpar o fato médico, ajuda a gravá-lo. A esse
propósito, Aloysio de Castro, um dos autores pioneiros citados no artigo, afirmava: “Ninguém vive
sem a inspiração do passado, que é a força de nossas esperanças”. E acrescentava, de modo provocativo: “Saber reconhecer um sintoma ou um sinal,
por muito que seja, é pouco; procurai explicá-los,
interpretá-los, defini-los no íntimo de sua essência”.
Em sua opinião, há uma variação na descrição do exame neurológico desde sua origem
até os dias atuais?
Muitos sinais só surgiram a partir do século
XX. O exame das funções corticais, por exemplo,
expandiu-se consideravelmente nesse período.
O miniexame do estado mental (Mini-Mental
State Examination) só foi descrito por Folstein
e colaboradores em 1975. Apesar de os nervos
cranianos receberem numeração até 12, segundo a descrição de Sömmerring (1778), a análise
de cada um deles per si foi substancialmente
modificada. Na avaliação pupilar, por exemplo,
novos testes foram descritos. Os recursos para
o exame clínico do sistema vestibular são, provavelmente, os que mais cresceram nas últimas
décadas. A abordagem dos reflexos superficiais
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4 entrevista com o autor
manteve-se praticamente a mesma. Ainda assim, outros métodos de elicitação da resposta
plantar foram descritos por Oppenheim, Gordon e Chaddock, respectivamente, em 1902,
1904 e 1911. Os exames da sensibilidade e do
sistema motor não se modificaram significativamente ao longo dos séculos; porém, o “déficit
motor sutil”, embora reconhecido por Souques
e Babinski há décadas, só recebeu o conceito
formal de Weaver em 2000. Na avaliação dos
nervos periféricos, um novo recurso semiótico
apresentou-se recentemente, em 2008.
Quais os livros que recomenda ao jovem
neurologista como parte de sua formação no
aperfeiçoamento do exame neurológico?
Com o uso da internet na atualidade, há uma
grande facilidade para se obter informações,
o que afastou bastante os jovens (e os não jovens) dos livros. Acredito, porém, que o “bom e
velho” livro nunca vai perder seu lugar. Existem
boas obras, assim como bons capítulos de obras
– tanto nacionais como estrangeiras – sobre semiótica neurológica. Mas acredito que o livro “O
Exame Neurológico”, de autoria de DeJong, seja
uma excelente fonte de consulta.
O neurologista está familiarizado com a neurossemiologia?
Em minhas avaliações como membro da Comissão de Educação Médica da ABN, percebo a
dificuldade que alguns aspirantes ao título de
especialista em Neurologia apresentam quando
solicitados a demonstrar técnicas semiológicas
de rotina. Tal fato aponta claramente para a necessidade de uma maior aproximação, mesmo
dos neurologistas mais experientes, com o treinamento e a prática neurossemiológica.
Como alinhar a técnica semiológica e as novas tecnologias?
A partir do advento irreversível e, diga-se de
passagem, muito bem-vindo dos exames de
neuroimagem cada vez mais elaborados, o interesse pela semiologia neurológica, aos poucos,
perdeu terreno. Infelizmente, muitos passaram
a utilizar o grande apelo diagnóstico fornecido pelas variações de densidade e intensidade,
esquecendo que essas aquisições técnicas podem – e devem – atuar em complemento ao
raciocínio clínico e ao exame apurado, não como
único recurso diagnóstico. Em 2008, iniciamos o
Curso Avançado de Neurossemiologia, na UFRJ,
voltado a médicos, professores, alunos, internos
e residentes. Valorizamos as técnicas tradicionais
do high touch, low tech (muito contato, pouca
tecnologia) e, principalmente, estimulamos a
apresentação dos novos recursos semiológicos,
muitos deles advindos de especialidades afins,
como Otorrinolaringologia, Oftalmologia e Reabilitação, e que contribuem para tornar a semiologia neurológica muito mais ágil.
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Mobilização por remuneração
digna aos especialistas
R
epresentantes de entidades médicas,
como ABN, Associação Paulista de Medicina, Conselho Regional de Medicina
do Estado de São Paulo e Sindicato dos Médicos de São Paulo, se reuniram em assembleia,
em 9 de março, para definir pauta de negociação coletiva a ser levada às operadoras de saúde suplementar. Foi deliberado o valor mínimo
de R$ 130,60 para consultas, além do pleito de
ter a Classificação Brasileira Hierarquizada de
Procedimentos Médicos (CBHPM) como referencial mínimo para reajustes.
Pela ABN têm participado dos debates Roberta Saba e Francisca Goreth Malheiro Moraes Fantini, delegadas suplentes no Conselho de Especialidades da Associação Médica Brasileira, que
encaminham propostas da especialidade, mais
especificamente no que se refere às técnicas
de eletroencefalografia, eletroneuromiografia
e análise do líquido cefalorraquidiano, além de
aplicação de toxina botulínica.
A negociação entre médicos e planos de
saúde está prevista na Lei 13.003/14. Na falta
de entendimento entre as partes, aplicar-se-ia o índice nacional de preços ao consumidor
amplo (IPCA) relativo aos últimos 12 meses
contados do ano-calendário de referência. Entretanto, as entidades pleiteiam também reposição das perdas dos últimos 10 anos, mesmo
que de forma escalonada.
Muitas operadoras enviaram correspondência
aos médicos com sugestão de índice para ajuste
entre 30% e 40% do IPCA, em média, o que garantiria reposição aquém da inflação, ou seja, em
termos reais, algo em torno de 2%. Um desrespeito e algo inadmissível.
“Faz-se necessária a mobilização da classe para
que se tenha mais força na mesa com as operadoras, entre as Regionais das entidades médicas
paulistas e das sociedades de especialidade, inclusive com a indicação de índices para procedimentos específicos de cada especialidade. Desse
modo, criamos um trabalho único de reivindicações e unificamos o movimento ante os planos
de saúde”, comenta Francisca.
“Só conseguimos avanços graças
às sociedades de especialidade”
Geraldo Ferreira Filho,
presidente da Federação
Nacional dos Médicos,
discorre sobre honorários
médicos na saúde pública e
na saúde suplementar
Como surgiu a reivindicação às operadoras
de planos de saúde?
A democratização foi algo novo. Os sindicatos
intermediaram essa mesa com os planos de saúde para acordos coletivos. O Congresso Nacional
entendeu, ao aprovar a Lei 13.003/14, que havia
uma relação de trabalho entre médicos e operadoras de saúde, permitindo uma negociação.
Tentamos colocar uma referência adotada no
sistema particular, a Classificação Brasileira Hie-
rarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM),
que tem adesão de boa parte dos planos, os
quais, no entanto, usam tabelas atrasadas. Em algumas especialidades há um diferencial, porque
em deFesa do neuroloGista 5
são consultas mais demoradas, mas a CBHPM
não agrega determinados procedimentos. Uma
consulta simples, segundo a CBHPM, custa cerca de R$ 72,00. Um cardiologista cobra, em seu
atendimento, aproximadamente R$ 500,00, porque ele agrega diversos exames. A maioria dos
planos usa classificação diferenciada para a Cardiologia, compreendendo que essa especialidade e outras mais devem ser analisadas sob outra
óptica, em conjunto com as sociedades de especialidade, valorizando esse procedimento. Em
suma: ou chegamos a valores que possam representar um aumento no valor da consulta ou teremos dificuldades para encontrar profissionais
que aceitem esses valores. Essa é a realidade que
encontramos na saúde: negociações em todos
os Estados, envolvendo sindicatos, associações
e sociedades de especialidade, que permitam
ajustes e adequações à CBHPM.
De que modo os médicos organizam essa
demanda?
Antes de formular sua pauta, a Comissão de
Honorários Médicos conversa com os médicos
sobre seus pleitos. Várias especialidades têm
uma lista específica; assim, além do acordo geral, temos demandas específicas, com questões
pontuais. Quando realizamos qualquer movimento, só conseguimos nos mobilizar graças às
sociedades de especialidade.
Quais as expectativas em relação às negociações?
Sempre conseguimos avanços, embora, muitas
vezes, não alcancemos determinados objetivos
em um primeiro momento. Outra questão é que
algumas especialidades reclamam que não foram
contempladas pelas decisões. Por isso explicamos
que o valor de R$ 74,00 definido para consulta representa apenas um piso e pode ser negociado,
apesar de não ser fácil lograr esse feito. São negociações trabalhosas. Desde 2003 estamos lutamos
com os planos de saúde e já temos experiência,
reconhecendo até onde é possível ir e ceder e sabendo que eles negociam de maneira inexorável.
É muito importante a participação das sociedades
médicas, porque é por meio delas que fazemos
mobilizações, quando necessário.
No que tange ao Sistema Único de Saúde
(SUS), quais são as principais deficiências?
A questão da saúde pública merece um olhar
diferenciado, porque envolve atendimento de
grande parte da população. Somente o Nordeste responde por 80% desses pacientes. São
muitas pessoas que precisam do SUS. Da assistência ambulatorial aos procedimentos de
alta complexidade, o SUS é o único meio de
acesso dos brasileiros. O SUS enfrenta uma série de problemas, a maioria deles relacionada
ao financiamento. Na verdade, a saúde é muito
cara e o investimento é pequeno. Países com
"O paciente não tem
acesso aos médicos,
aos exames, às
cirurgias, à emergência..."
uma saúde de boa qualidade investem entre
7% e 10% do produto interno bruto (PIB), enquanto no Brasil são investidos somente 3,5%
a 4%. Em 2014, a saúde suplementar gastou
R$ 105 milhões no atendimento a 56 milhões
de pessoas e o SUS gastou R$ 95 milhões, prestando atendimento a 145 milhões de pessoas.
É uma diferença brutal. Claro que um sistema
como esse sempre terá muitas dificuldades
para oferecer uma cobertura universal e a tranquilidade de uma boa assistência. O problema
é a acessibilidade. O paciente não tem acesso
aos médicos, aos exames, às cirurgias, à emergência, e permanece em espera por três meses
ou mais para realizar exames e por seis meses
para conseguir uma consulta com especialistas. Por quê? O investimento é baixo e não
permite a contratação de recursos humanos
suficientes para atender essa demanda. Esse
é um dos principais problemas que devem
ser enfrentados. Além da questão da gestão,
que também merece prioridade. É um sistema
importante e essencial, mas a dificuldade de
acesso compromete seu andamento.
E o que os médicos devem solicitar para melhorar esse cenário?
A garantia de direitos trabalhistas e a estabilidade do trabalho asseguram um comprometimento maior das equipes com o atendimento
aos pacientes. O governo constrói unidades de
Assistência Médica Ambulatorial (AMA) e de
pronto atendimento, mas custeia apenas 20%,
inviabilizando a qualidade na assistência e na remuneração médica. São unidades caras e a maioria dos municípios brasileiros está quebrada, sem
condições de arcar com esse gasto. Além disso,
programas provisórios do governo, como o Mais
Médicos, dificultam e precarizam nossa saúde.
O que é necessário para fortalecer o movimento dos médicos e das entidades em prol
de uma saúde melhor no País?
É um trabalho de muita responsabilidade por
parte das instituições médicas. Precisamos de
uma linguagem única, de união e, consequentemente, de representação. Ao estabelecer nossa unidade, já ganhamos credibilidade. Os médicos, nos últimos cinco anos, especialmente
a partir de 2013, passaram a acreditar mais em
suas entidades. A premissa deixou de ser micro
e passou a ser macro. A melhor opção é a de
se vincular mais fortemente às entidades, contribuindo com a anuidade, uma vez que esse
dinheiro reverte na luta da classe. Mobilizações,
paralisações e presença na mídia de forma ativa
são ações que requerem aporte dos médicos e
engajamento. Claro, elas não resolverão os problemas dos médicos, mas organizarão o poder
para que eles próprios consigam os resultados
que só uma luta igualitária pode garantir. Temos
avanços nesse aspecto, porém necessitamos
trabalhar mais nesse sentido.
Gostaria de deixar alguma mensagem aos
sócios da ABN?
Eu diria que as sociedades de especialidade
sempre estiveram ligadas às associações médicas, mas nós aqui na Federação Nacional dos
Médicos também trabalhamos cada vez mais em
conjunto com as sociedades nacionais. Estamos
abertos a todas as especialidades e entidades, e à
disposição total da ABN para todas as demandas
ao Ministério da Saúde, desde programas de residência médica até tratamentos que o SUS não
oferece, assim como ações em prol da prevenção
de acidente vascular cerebral e de cuidados intensivos. Na hora que nos acionarem, estaremos
prontos e trabalharemos juntos por essa causa.
Espaço do Leitor:
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para sua participação, denominada “Espaço do Leitor”.
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6 desenvolvimento proFissional
Intercâmbio gratuito em parceria com
a Association of British Neurologists
Inscrições começam a
partir de 1o de maio
C
om o objetivo de proporcionar desenvolvimento profissional continuado aos
neurologistas brasileiros, a ABN inicia, em
1o de maio, as inscrições para o programa de intercâmbio gratuito, realizado em parceria com a
Association of British Neurologists. O convênio,
assinado entre as entidades científicas do Brasil e
da Inglaterra, propicia importante troca de experiências do cenário médico dos dois países.
Durante uma semana, um neurologista membro
da ABN visitará uma instituição acadêmica no Reino Unido, na qual aplicará o trabalho proposto no
processo de seleção. O primeiro a ser contemplado
com a viagem foi Norberto Cabral, em 2011. O intercâmbio é anual e alterna as nacionalidades dos
especialistas: após Cabral, brasileiro, o contemplado
foi o britânico Adrian Wills (2012), seguido por Antonio Lúcio Teixeira (2013) e Martin Turner (2014),
que também participou do Congresso Brasileiro de
Neurologia, ministrando palestra sobre “Biomarca-
É uma experiência
única de vivência
tanto acadêmica
como médica, além de
canal para transferir
conhecimento nacional
dores na Esclerose Lateral Amiotrófica”.
Considerada oportunidade única de aproximação e comunicação entre profissionais brasileiros
e britânicos, é relevante canal de interação de cultura e conhecimento. O médico selecionado terá
acesso ao avançado sistema de saúde britânico,
cuja prática é baseada em evidências. Aqueles
que virão ao Brasil observarão o crescente avanço
do mundo acadêmico neurológico nacional.
Os requerimentos serão aceitos até 30 de maio,
com apresentação do projeto de trabalho, nome
e localização da instituição do Reino Unido, nome
do supervisor da visita, objetivos e proposta de atividades a serem desenvolvidas, bem como currículo padrão da Plataforma Lattes e carta de
aceite de instituição britânica. Estima-se
que os resultados sejam divulgados
em 15 de julho, após deliberação
de comissão composta pelo
diretor científico da ABN, pelo
coordenador da Comissão de
Educação Médica da entidade e pelo representante da
ABN na World Federation of
Neurology.
A ABN convida seus
membros titulares e efetivos
a se inscrever no programa,
cujo intuito é renovar a base
de conhecimento e formação,
buscando experiências com renomados centros internacionais. Ao
acompanhar a movimentação do cenário
europeu, o participante do intercâmbio trará
consigo uma carga de experiência única, que
poderá aplicar em sua vivência tanto acadêmica
como médica, além de transferir conhecimento
nacional. Por isso é essencial abraçar essa chance
e extrair o máximo de sua capacidade.
Vale ressaltar que a ABN financia o transporte,
enquanto a Association of British Neurologists
paga estadia e refeição. Ou seja, por conta do neurologista escolhido fica apenas a preocupação em
absorver o conteúdo dos mestres, dos doutores e
das instituições, elucidando-se sobre as mais recentes descobertas da Medicina mundial.
Comunidade Científica do CONADE
A
ABN acaba de assumir a vaga de
Comunidade Científica no biênio
de 2015-2017 do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência
(CONADE), e será representada por Nasser
Allam, membro titular da ABN, e Cristiano
Milani, vice-coordenador do Departamento Científico de Atenção Neurológica e
Neurorreabilitação da ABN.
Duas metas importantes são a luta por
políticas públicas em prol da população e a
consolidação de vínculo com o governo para
interferir nas políticas públicas. O CONADE
detém funções além da discussão de temas
relacionados à reabilitação, tratando, tam-
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bém, da conquista de direitos dos cidadãos.
A ex-presidente da ABN, Elza Dias Tosta, participou da eleição, no fim de fevereiro. Ela relata
que as perspectivas de ganhos sociais com a
presença da entidade no Conselho são alvissareiras: “A expectativa é de que a presença da
Academia seja de fundamental relevância para
atender às demandas dos pacientes que necessitam de tecnologia ou medicamentos. Desse
modo, cumpriremos bem nosso papel”.
Vale registrar que a ABN passa a deter o
título de única instituição de pesquisadores,
médicos e profissionais ligados à saúde integrante do CONADE. Representante titular
no Conselho, Allam comenta que também
pretende propor discussões sobre programas de saúde em prol das pessoas
com deficiência: “Sabemos que o Brasil é
carente em recursos para a reabilitação
de pacientes. Por isso, um dos objetivos
será encontrar soluções com recursos,
materiais e humanos, para reduzir o déficit assistencial”.
A ABN almeja ainda ampliar o espaço da
Neurologia no Conselho. “A partir da garantia e implantação de direitos de cidadania
à comunidade, levaremos esses avanços às
práticas médicas na especialidade por todo
o País”, pondera Milani, representante suplente da ABN no CONADE.
consenso 7
identificação. Trata-se de formulário autoexplicativo e de fácil aplicação, que pode ser preenchido pelo próprio paciente.
O consenso sugere a abertura e a explanação
do diagnóstico para o paciente. Como você
vê essa abordagem em nossa população?
Conhecer o diagnóstico e as possíveis abordagens terapêuticas pode ajudar o paciente
quanto à conscientização de seu papel como
coautor para a eficácia do tratamento, esclarecendo a importância da prática de exercícios
físicos, perda de peso e redução do estresse,
por exemplo. Geralmente, são pacientes com
alta comorbidade psiquiátrica e a estigmatização de um diagnóstico pode estimular ganhos
secundários. Deve-se levar em consideração o
perfil psicológico desse paciente e como o médico abordará a explanação desse diagnóstico.
Quais as recomendações iniciais de tratamentos farmacológico e não farmacológico?
Fibromialgia: qual é o
papel do neurologista?
F
requente nas pessoas com idade entre 30
anos e 60 anos, a fibromialgia provoca dores por todo o corpo e por longos períodos,
causando sensibilidade em articulações, músculos, tendões e tecidos moles. Está diretamente
ligada a fadiga, cefaleia, depressão, ansiedade e
distúrbios do sono. Em média, 5% da população
sofre com a doença, segundo estudos europeus
e norte-americanos. A coordenadora do Departamento Científico de Dor da ABN, Camila Pupe,
explica o fundamental papel do neurologista na
identificação e no tratamento, bem como a importância da padronização de procedimentos.
Como você avalia o papel do neurologista
no diagnóstico e tratamento da fibromialgia? Há necessidade de encaminhar a um
especialista?
Atualmente, considera-se fibromialgia um
estado de dor crônica de origem central, sendo, portanto, uma afecção eminentemente
neurológica, afetando inclusive áreas como
cognição, sono e humor. Porém, como se trata
de condição muito prevalente, variando de 2%
a 8% da população geral, médicos generalistas
devem ser capazes de identificar e implementar
a terapêutica adequada, já que existem poucos
neurologistas no mercado, sobretudo em cidades do interior do Brasil. O paciente deve ser
encaminhado ao neurologista em caso de dúvida diagnóstica ou refratariedade ao tratamento,
que deve estar apto a investigar diagnósticos
diferenciais, como miopatias e neuropatias periféricas, além de instituir o tratamento. Cabe ao
neurologista, também, dedicar-se às pesquisas
clínicas nessa área, buscando mais conhecimentos fisiopatológicos, identificação de fatores de risco e novas abordagens terapêuticas.
Fale dos desafios para o diagnóstico. Existe
necessidade de se cumprir formalmente os
critérios de sociedades internacionais ou são
apenas para ambiente de pesquisa?
Os critérios diagnósticos desenvolvidos pelo
American College of Rheumatology, em 1990, e
revisados recentemente, possuem a finalidade
de aumentar a sensibilidade e a especificidade do diagnóstico, minimizando erros em sua
Como já referido anteriormente, a terapia não
farmacológica inclui não só a prática de exercícios físicos, a perda de peso e a redução do estresse. Hoje, sabemos da importância da terapia
cognitivo-comportamental nesses pacientes.
Além disso, métodos alternativos, como acupuntura, também são eficazes. O tratamento
farmacológico baseia-se na modulação da dor
crônica como pilar fundamental, a partir de fármacos como: antidepressivos tricíclicos; gabapentinoides, como gabapentina e pregabalina;
antidepressivos duais, como duloxetina; e, mais
recentemente, canabinoides. Em contrapartida,
vários estudos já demonstraram a falha terapêutica do uso de anti-inflamatórios não esteroidais,
corticoides e opioides nessa condição.
O que deve fazer o neurologista brasileiro
interessado em se aperfeiçoar e em pesquisar esse tema?
Para romper a barreira do conhecimento desse tópico tão prevalente, complexo e desafiador, devemos, em primeiro lugar, admitir tratar-se de uma doença primariamente neurológica
e assumir um espaço de liderança em pesquisas científicas, não só em fibromialgia como em
dor crônica em geral. Para isso, o Departamento
Científico de Dor da ABN, em parceria com vários centros de Neurologia do Brasil, busca se
aperfeiçoar nessa área do conhecimento. Adquirimos novos métodos de investigação e linhas de pesquisa, abrangendo a epidemiologia
e a fisiopatologia da fibromialgia até métodos
diagnósticos, marcadores biológicos e novas
opções terapêuticas. Em breve, lançaremos um
Consenso de Fibromialgia pela ABN. Fica aqui
um convite a todos os neurologistas que se interessam pelo tema para que se inscrevam no
Departamento Científico de Dor da ABN e participem dessa discussão.
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8 Emérito & Aspirante
A interiorização da Neurologia
Nesta edição do Boletim ABNews, a seção “Emérito & Aspirante” explora o
tema interiorização da Neurologia. Sérgio Augusto Pereira Novis, professor
emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ), e
Camila Alves, médica neurologista residente da Universidade do Estado
do Pará (Belém, PA), falam sobre a necessidade de levar a Neurologia de
excelência às regiões mais afastadas das capitais brasileiras e sobre as
dificuldades para que essa demanda seja viabilizada.
Sérgio Augusto Pereira Novis,
professor emérito da Universidade
Federal do Rio de Janeiro
É uma questão extremamente complexa, pois,
na realidade, o que a Neurologia de excelência
exige é uma infraestrutura bem montada, nem
sempre disponível em todos os municípios.
Como uma especialidade que avança a passos
largos, a Neurologia requer condições propícias
para uma boa atuação, principalmente no que
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se refere à neuroimagem, com bons equipamentos para realização de ressonância magnética,
tomografia computadorizada, PET scan, PET/CT
e eletroneuromiografia, além de laboratório de
líquor confiável. Logo, não é somente a figura
do neurologista, que deve, é claro, possuir boa
formação em sua residência médica, em um
centro credenciado e reconhecido pela ABN.
Dependendo de seu local de atuação, sentirá
falta da tecnologia que sua formação dispunha
e que permitiu seu desenvolvimento. Quando o
neurologista se desloca de sua região de origem,
nem sempre encontra a mesma estrutura com a
qual está habituado a lidar. Isso pode ser positivo se considerarmos que ele servirá de agente
estimulador para que essa condição chegue ao
interior. O Brasil sinaliza a necessidade de possuir
centros de referência, possivelmente com a ABN
reconhecendo e homologando esses serviços. É
o caso de Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro. O Hospital São José do Avaí possui uma excelente estrutura e tornou-se referencial para as
cidades vizinhas, afinal não são todas que conseguem manter um núcleo que é caro, dispendioso, e que ainda precisa de técnicos habilitados
para manejá-lo. Concentrando-se em pontos estratégicos, a Neurologia de qualidade consegue
ser mais acessível à população.
Camila Alves, médica
neurologista residente da
Universidade do Estado do Pará
Podemos afirmar, categoricamente, que
para uma boa prática da Neurologia em qualquer serviço é preciso suporte apropriado.
Embora nossa área possua uma propedêutica
bastante rica, é sempre necessário um centro
de radiologia para contribuir e esclarecer os
diagnósticos. Seria fundamental o apoio público ou privado para gerir essa demanda, com
iniciativas e investimentos para alavancar o
setor. Além de boas condições para uma assistência de qualidade, o que atrai a maioria dos
médicos, independentemente de sua especialidade, é ter um local voltado para o ensino, em
que seja possível o desenvolvimento de pesquisas e o aprimoramento acadêmico.
em evidÊncia 9
Lucinha Lins é estrela na campanha de Alzheimer
Objetivo é levar à população
informações sobre a doença
Marcelo Correa
A
atriz Lucinha Lins, da Rede Record, é a
madrinha oficial da campanha sobre
Alzheimer da ABN. Na novela “Vitória”, ela
interpretou, com a personagem Zuzu, uma portadora de Alzheimer. Sua brilhante atuação vem
lhe rendendo elogios unânimes do público
e da mídia. “É uma honra ter me tornado
madrinha da campanha da Academia.
As pessoas merecem saber mais sobre o Alzheimer e essa é uma ótima
forma de propagar informações sobre a doença”, afirma Lucinha.
Com a personagem Zuzu,
Lucinha mostrou ao Brasil o
dia a dia e as dificuldades de
quem tem essa doença. E,
realmente, uma doença que
acomete tantas pessoas deve
ser destaque.
Confira a reportagem no R7,
portal da Rede Record, com Lucinha
durante o making-of das fotos da campanha
(http://videos.r7.com/lucinha-lins-e-madrinhade-campanha-por-causa-depersonagem-na-novela-vitoriada-record-/idmedia/550893420c
f25d2681d87966.html).
ABN participa do Bem Estar Global, da Rede Globo
A
ABN, por meio de seu Capítulo Mineiro, participou do programa Bem
Estar Global, edição especial do programa da Rede Globo. O evento, que aconteceu em 27 de março, na Barragem Santa
Lúcia (Belo Horizonte, MG), teve seu foco na
saúde da população.
Uma das tendas no local contou com membros da Diretoria da Regional da ABN e com
médicos residentes, que esclareceram as dúvidas dos transeuntes sobre temas como doença de Alzheimer, além de realizarem teste
de rastreio para demências que avalia a função cognitiva, o chamado Mini-Mental State
Examination. Esse é o primeiro exame para saber se é preciso prosseguir ou não com a investigação de algum problema cognitivo.
Segundo a presidente do Capítulo Mineiro
da ABN, Rosamaria Peixoto Guimarães, o resultado foi positivo pela elevada abrangência.
“Observamos que muitos visitantes saíram de
bairros ou mesmo de cidades distantes de Belo
Horizonte carentes de informações básicas sobre
a doença de Alzheimer e com questões sobre a
memória”, comenta. Pelos cálculos da Polícia
Militar, estiveram presentes 6 mil pessoas. O
Serviço Social da Indústria (SESI), parceiro oficial
da emissora, contabilizou 9.188 atendimentos.
Rosamaria Peixoto
Guimarães, presidente do
Capítulo Mineiro da ABN,
prestigia o evento
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10 canal do residente
Bibliografia essencial para os futuros neurologistas
O “Canal do Residente”, do novo Boletim ABNews, é um ambiente propício para troca de informações
e para transmitir dicas importantes para atuação na especialidade pelos futuros neurologistas.
Nesta edição, você pode conferir sugestões de literatura recomendada por célebres professores de
renomadas instituições nacionais. Com a palavra Francisco Cardoso, da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), e Liselotte Menke Barea, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de
Porto Alegre/Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (UFCSPA/ISCMPA). Confira.
Francisco Cardoso
Liselotte Menke Barea
Professor titular do Departamento de Clínica Médica da UFMG
Coordenadora do Programa de Residência
Médica em Neurologia da UFCSPA/ISCMPA
Machado AB, Haertel LM, eds. Neuroanatomia Funcional.
3a ed. Rio de Janeiro, RJ: Atheneu; 2014. 360 p.
O raciocínio neurológico é fortemente
ancorado em neuroanatomia.
Tradicionalmente, os livros dessa
disciplina a apresentam de modo
intricado e inexpugnável. Os autores
conseguiram o feito de tornar essa
disciplina atraente, apreensível e com
boas correlações clínicas. Vale frisar que
essas características são únicas, não
apenas em obras editadas no País, mas
também internacionalmente.
Ropper AH, Samuels MA, Klein JP, eds. Adams and Victor’s Principles of
Neurology. 10th ed. New York, NY: McGraw-Hill Professional; 2014. 1.654 p.
Para o médico residente que inicia sua
carreira neurológica, considero uma
excelente obra introdutória, sob o
comando de brilhantes neurologistas
de Boston (Ropper, Samuels e Klein).
Publicado pela McGraw Hill, o livro
proporciona uma visão panorâmica
excelente da Neurologia.
Jankovic J, Tolosa E, eds. Parkinson’s Disease & Movement Disorders.
5th ed. Philadelphia, PA: Lippincott Williams & Willkins; 2006. 740 p.
Por fim, para aqueles que se aproximam
do fim da Residência Médica e desejam
ingressar na área de transtornos do
movimento, este livro é indispensável.
Desde sua primeira edição, esses
dois editores, reconhecidos
internacionalmente como grandes
especialistas na área, conseguem
congregar uma equipe de autoridades
internacionais em seus capítulos. É uma
obra que concilia abordagem prática
clínica com profundidade. Em maio de
2015, chegará à 6a edição.
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Jessell T, Kandel E, Schwartz J, Hudspeth AJ, Siegelbaum S, eds. Principles of
Neural Science. 5th ed. New York, NY: McGraw-Hill Professional; 2012. 1.760 p.
Nesse tratado, temos uma visão
abrangente da biologia celular e
molecular das células nervosas, da
transmissão sináptica e das bases
neurais da cognição. É uma atualização
do espectro das neurociências. Essa
quinta edição foi completamente
atualizada de acordo com as novas
pesquisas e o desenvolvimento em
neurociência dos últimos tempos.
Brasil Neto JP, Takayanagui OM, eds. Tratado de Neurologia da Academia
Brasileira de Neurologia. São Paulo, SP: Elsevier; 2013. 896 p.
No Brasil, também contamos com
títulos que merecem ser consultados,
como esse em que os capítulos de
semiologia e exames complementares
em Neurologia, além dos casos clínicos
ilustrados de afecções neurológicas
da infância, são os destaques. É uma
obra relevante, com seu conteúdo em
sintonia com nossa realidade.
Melo-Souza SE, ed. Tratamento das Doenças Neurológicas. 3a ed. Rio de
Janeiro, RJ: Guanabara Koogan; 2013. 1.348 p.
Esse tratado, de fácil leitura, busca
orientar os residentes sobre aspectos
do diagnóstico e da terapêutica das
doenças neurológicas mais prevalentes
no Brasil. Abrange, ainda, neurocirurgia
e neurologia infantil, integrando essas
especialidades com a clínica médica,
de modo multidisciplinar.
liGas acadÊmicas de neuroloGia 11
Campanha de
orientação aos cidadãos
em Vitória da Conquista
D
estacado internacionalmente, o Purple
Day (em português, Dia Roxo) é celebrado em 26 de março. O movimento visa a
conscientizar a população sobre a epilepsia, doença neurológica decorrente da desorganização
entre os neurônios.
Todos os anos, na data, pessoas das mais diversas nacionalidades se vestem com roupas
em tons arroxeados em prol daqueles que vivenciam a doença. O motivo é a associação à
flor de lavanda, alusão à ideia de isolamento,
sentimento comum aos portadores da doença. O objetivo é dar apoio aos pacientes para
que não se sintam sozinhos.
Buscando trazer à tona informações sobre a
doença, a Liga Acadêmica de Neurologia e Neurocirurgia (LANN) da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia (UESB) aproveitou o Purple
Day para colocar em prática a campanha Controle sua Convulsão, promovendo ações de conscientização à população.
Questionado sobre a importância de disseminar informações sobre a epilepsia, Judicael
Pamponet Pires Neto, presidente discente da
LANN UESB e acadêmico do 8o semestre do
curso de Medicina na UESB, explica que a ideia
de realizar ações nesse sentido foi decorrência
natural da falta de conhecimento dessa doença tão comum.
Pires Neto ressalta que Vitória da Conquista
(BA) é polo de referência em saúde para, aproximadamente, 90 cidades localizadas na região
Sudoeste da Bahia, parte do Oeste baiano e
algumas cidades situadas no Norte mineiro.
“A LANN UESB tem bom acesso a pacientes
portadores de epilepsia e ficou claro o quanto é escasso o conhecimento sobre a doença,
corroborado pela existência de vários mitos e
condutas impróprias”, explica.
Em 2005, a Liga promoveu diversas ações
para a população, entre os dias 23 e 27 de março. Uma parte dos membros participou de entrevistas em rádios e emissoras de TV, e outra
parte dos membros respondeu pela produção
e divulgação de material educativo para a rede
social da Liga e para o site criado para a campanha Controle sua Convulsão.
Pires Neto conta que, além da falta de iniciativas focadas na doença fora do Purple Day, o site
(www.lannuesb.com/epilepsia/) surgiu com ou-
tro foco. “Por meio desse canal, a Liga consegue
levar informação segura e de credibilidade de
forma simples, ágil e permanente sobre a epilepsia. É um serviço social.”
O Purple Day teve, ainda, condutas pontuais,
com bate-papo diretamente com os pacientes
neurológicos e seus familiares. “Nesse aspecto, a
meta foi lidar com os preconceitos que o próprio
paciente epiléptico e sua família possuem a respeito da doença.”
Folhetos educativos, arrecadados em parceria
com a Associação Brasileira de Epilepsia, foram
espalhados pela cidade, assim como faixas da
campanha foram colocadas em locais em que a
LANN UESB atua.
Lann UesB
Baseada no tripé que norteia as ligas universitárias (ensino, pesquisa e extensão), a LANN
UESB conta com 10 acadêmicos de Medicina e
5 orientadores, docentes médicos das áreas de
Neurologia, Neurocirurgia e Neuropediatria.
De acordo com Pires Neto, as atividades
são desenvolvidas em três locais: ambulatório
próprio da Universidade, denominado Centro
Universitário de Atenção à Saúde; centro de especialidades da rede municipal de saúde, denominado Centro Municipal de Atenção Especializada; e Hospital de Base de Vitória da Conquista.
“Qualquer estudante regularmente matriculado na UESB, campus de Vitória da Conquista,
cursando Medicina a partir do 3o semestre, pode
se submeter ao processo seletivo anual para ingressar na LANN UESB”, anuncia Pires Neto.
Revista eletrônica difunde a
compreensão das doenças cerebrais
N
eurociências, Neurologia, Neurocirurgia e Psiquiatria, aspectos do
comportamento humano, além
de temas atuais, como neurobusiness,
neurocoach e musicoterapia, são abordados
na MeuCérebro, revista eletrônica que visa à
disseminação do conhecimento do cérebro
como via de mudança social. “Divulgamos,
para o público em geral, conhecimentos e
avanços em Neurologia, permitindo que as
pessoas entendam como funciona o cérebro e do que ele é capaz”, conta Marcelo
Gobbo Júnior, acadêmico do 7o semestre
de Medicina na Universidade Federal de
Uberlândia (UFU) e um dos discentes que
produzem conteúdo para a revista.
A MeuCérebro foi criada em outubro de
2014, por Leonardo Faria, à época residente
em Neurocirurgia na UFU. A revista é produzida pelo neurocirurgião e por Ramon An-
drade, seu sócio, com o suporte de um diagramador, também responsável pela identidade
visual do site, e de uma revisora-chefe, além dos
autores das reportagens.
Por intermédio do neurocirurgião José Weber, coordenador da Liga Acadêmica de Neurologia e Neurocirurgia (LANNc) de Curitiba (PR),
aconteceu o primeiro contato com Faria. Foi o
ponto de partida para os acadêmicos da Liga
passarem a alimentar o site com notícias sobre
Neurociência, com duas publicações semanais.
A LANNc desenvolve atividades práticas, acompanhando os ambulatórios de Neurologia e Neurocirurgia. Conta, também, com professores que
auxiliam nas diretrizes de ensino da Liga. “Buscamos aprofundar o conhecimento em Neurociências, principalmente por meio da Neurologia e da
Neurocirurgia, e retornar à comunidade os conceitos adquiridos”, explica Gobbo Júnior.
Questionado sobre os aprendizados adquiridos
desde o início de sua participação no periódico, Gobbo Júnior afirma que o maior ganho,
até hoje, foi perceber que informar é o primeiro
passo para transformar. “Experimentos de laboratório inúmeras vezes geram conhecimentos
complexos, que, corretamente divulgados e em
linguagem acessível, levam informação para
aqueles que sofrem de problemas neurológicos diversos, contribuindo para sua qualidade
de vida”, pondera. “Compreender os próprios
recursos e potência cerebral pode ser o caminho para criar mecanismos que transformem a
maneira de pensar e agir do ser humano.”
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