DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE SANITÁRIA DAS SEMENTES DE SOJA COLHIDAS NA SAFRA 2014/15 Ademir Assis Henning Embrapa Soja OBJETIVO Determinar a qualidade sanitária da semente de soja produzida no Brasil, quanto à presença de: • • • • • • Phomopsis sp.; Cercospora kikuchii; Colletotrichum truncatum; Fusarium pallidoroseum (semitectum); Aspergillus spp. (A. flavus) e, Bactérias. MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi realizado no Laboratório de Pós-colheita do Núcleo Tecnológico de Sementes e Grãos “Dr. Nilton Pereira da Costa” da Embrapa Soja, em Londrina, PR. As amostras de grãos produzidos na safra 2014/15 foram coletadas durante o recebimento nas unidades armazenadoras de sementes, de forma representativa, conforme preconiza o Regulamento Técnico da Soja da Instrução Normativa Nº 11 do MAPA. Cada amostra foi reduzida por quarteamento para aproximadamente 3,0 kg, identificada e enviada à Embrapa Soja para as análises. Estas amostras foram provenientes dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia, totalizando 559 amostras, coletadas em 70 municípios e nove estados. Teste de Blotter: método do papel de filtro 1) Phomopsis sp. É o principal patógeno em sementes de soja. Juntamente com Fusarium pallidoroseum (semitectum) afetam a germinação da semente no teste do rolo de papel. São frequentes quando as fases de maturação e/ou colheita coincidem com períodos de alta umidade (chuvas). Esporos alfa (germinam) e beta (não germinam) A.A. Henning Corte de picnídio em micrótomo (em aquênio de girassol) Phomopsis spp. Barreiras= 8,5% Catalão= 9,5% Alto Araguaia= 8,5% Patrocínio= 15,0% 0% (Sem ocorrência!) São João da Barra= 2,5% % média de infecção Faxinal= 5,0% 0% (Sem ocorrência!) Fred. Westfalen= 0,5% Phomopsis spp. Problemas no teste de germinação padrão: (rolo de papel/25°C) ??? SOLUÇÃO 2) DIACOM: Patologia + TZ ou 1) Emergência em areia Phomopsis spp. Comportamento de Phomopsis sp. durante o armazenamento 100 80 % 60 Semente sadia Phomopsis sp Germinação Emergência em areia 40 20 0 JUNHO SETEMBRO DEZEMBRO Meses de armazenagem O fungo perde a viabilidade! E a germinação “aumenta”.... Se a semente tiver boa qualidade fisiológica... Phomopsis spp. *22.8 *7.3 *1.3 Phomopsis spp. *22.8 *19.3 *16.3 Phomopsis spp. *31.8 *19.5 *3 Phomopsis spp. *31.8 *31.8 *25.8 2) Fusarium spp. As duas espécies mais freqüentes em sementes de soja. Podem prejudicar a germinação no laboratório mas não são patogênicos às plantas! 1) Fusarium graminearum Conídios, ascas, clamidosporos de Fusarium graminearum (Booth, 1971) Conidióforos, conídios e clamidosporos Fusarium pallidoroseum (semitectum) (Booth, 1971) 2) Fusarium pallidoroseum (semitectum) 2) Fusarium spp. Barreiras= 1,5% Alto Araguaia= 1,0% Catalão= 6,0% Patrocínio= 17,5% Cassilândia= 0,5% Batatais= 1,0% % média de infecção Faxinal= 2,5% 0% (Sem ocorrência!) Santo Ângelo= 0,5% 3) Cercospora kikuchii Muito comum em sementes, não afeta a qualidade fisiológica Fig. 3 Fig.1 Fig. 4 Figura 1 - semente com sintoma de mancha púrpura Figura 2 - esporulação do fungo (conidióforos e conídios) Figura 3 - conídios (tingidos ) e conidióforos (marrons). Figura 4 - semente infectada na vagem Conidióforos (esquerda) e conídios ou esporos multi-septados à direita Fig.2 3) Cercospora kikuchii Barreiras= 8,0% Catalão= 17,5% Alto Araguaia= 8,0% Alto Taquari= 1,0% Patrocínio= 7,0% Santa Bárbara= 12,5% % média de infecção Ponta Grossa= 5,5% Canoinhas= 1,5% Vacaria= 2,0% 4) Colletotrichum truncatum ou Colletotrichum dematium var. truncata. Agente causal da antracnose. Radícula apresentando vários acérvulos com as setas. Acérvulos com setas e massa de esporos (creme) sobre o tegumento da semente 4) Colletotrichum truncatum Barreiras= 1,5% Catalão= 1,0% Primavera do Leste= 1,5% 0% (Sem ocorrência!) % média de infecção Paracatu= 2,0% Jaboticabal= 4,0% Toledo= 1,0% Canoinhas= 0,5% Carazinho= 0,5% 5) Aspergillus spp. Principalmente Aspergillus flavus (fotos) Conidios Esterigma Vesícula Esterigma Estruturas de frutificação Conidióforo A Célula pé (Foot Cel) B 5) Aspergillus spp. Barreiras= 0,5% S. de Goiás= 0,5% Primavera do Leste= 2,0% Pirapora= 1,0% Dourados= 0,5% Ourinhos= 0,5% % Média de infecção Ponta Grossa= 2,0% Curitibanos= 0,5% Carazinho= 3,0% 6) Bactérias (saprofíticas) Bactéria – normalmente associada com sementes mortas, deterioradas Penicillium sp., a exemplo de Aspergillus spp. importante fungo de armazenagem Bacillus sp. saprófita, algumas espécies são até usadas no controle biológico! A.A. Henning 6) Bactérias Bactérias (saprofíticas) – Índices máximos Barreiras= 5,5% Sudeste de Goiás= 5,5% Pirapora= 96,5% Cuiabá= 9,5% Itapeva= 7,5% Dourados= 19,0% Faxinal= 16,0% Xanxerê= 23,5% Carazinho= 45,5% RESUMO Tabela 1. Porcentagem máxima de infecção das sementes de soja produzidas na safra 2014/15, em nove estados do Brasil, totalizando 559 amostras em 70 municípios. Estado Rio Grande do Sul Santa Catarina Paraná São Paulo Mato Grosso do Sul Mato Grosso Minas Gerais Goiás Bahia Total / Média Amostras/Municípios Phomopsis sp. F. pallidoroseum C. kikukchii C. truncatum A. flavus 100/12 20/6 115/16 40/14 40/4 83/4 50/8 76/3 35/3 0,5 0,0 5,0 2,5 0,0 8,5 15,0 9,5 8,5 0,5 0,0 1,0 1,0 0,5 1,0 17,5 6,0 1,5 2,0 1,5 5,5 12,5 1,0 7,5 7,0 17,5 8,0 0,5 0,5 1,0 4,0 0,0 1,0 2,0 1,0 1,5 3,0 3,0 2,0 0,5 0,5 1,0 0,5 1,0 0,5 559/70 5,5 3,2 6,9 1,2 1,3 CONCLUSÃO A qualidade sanitária das sementes, na safra 2014/2015 foi boa, porque: • A ocorrência de Phomopsis spp., Fusarium pallidoroseum e Aspergillus flavus foi baixa; • Colletotrichum truncatum ocorreu esporadicamente; • Cercospora kikuchii foi o fungo mais frequente, porém não ocorreu em níveis elevados nas sementes; • A presença de bactérias em sementes mortas foi elevada em algumas amostras de: Pirapora (MG); Carazinho (RS); Xanxerê (SC); Dourados (MS); Faxinal (PR) e Sudoeste de Goiás (GO). OBRIGADO [email protected]