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Desenvolvimento de Luminária Decorativa Utilizando Vidro Reaproveitado Pelo Processo
De Vitrofusão
Dezembro/2015
Desenvolvimento de Luminária Decorativa Utilizando Vidro Reaproveitado Pelo
Processo de Vitrofusão
Luís Magno Viana dos Santos [email protected]
Curso de Design – São Luis - MA
RESUMO
Atualmente muito tem se falado sobre a interação entre o homem e meio ambiente. O
consumismo excessivo causado pelo aumento populacional intensificou o descarte
desordenado de resíduos sólidos, vindo a causar danos ambientais cada vez mais sérios.
Proporcionalmente cresceu a necessidade pela busca de alternativas para o
reaproveitamento desses resíduos, sobretudo o vidro. Junto a isso, o interesse de reforçar
a proposta da geração de produtos sustentáveis. Tendo isso em vista, este trabalho tem por
objetivo, reaproveitar peças de vidro plano por meio da técnica de vitrofusão e utiliza-las
na produção de uma luminária decorativa como forma de evidenciar a viabilidade e a
eficiência de tal processo como ferramenta para o desenvolvimento de produtos,
reforçando a ideia da busca pela sustentabilidade no Design. Vindo também a incentivar o
reaproveitamento de resíduos vítreos, visando a redução dos impactos ambientais,
causados pelo descarte inadequado dos mesmos. Neste cenário o designer tem papel
fundamental, utilizando as ferramentas necessárias para aliar sustentabilidade, qualidade
e usabilidade aos produtos desenvolvidos. Para o desenvolvimento da luminária
decorativa, escolheu-se utilizar o vidro plano como material. A metodologia projetual
adotada foi de Munari (2002) até a etapa de experimentação: (problema; definição do
problema; componentes do problema; recolhimento de dados; criatividade; materiais e
tecnologia; experimentação). Por meio dos resultados obtidos concluiu-se a viabilidade da
técnica de vitrofusão na aplicação em produtos de Design, uma vez que o vidro
reaproveitado por este processo apresenta as mesmas características de vidro novo, não
há perda de material durante processo, além de mostrar-se um meio de produção mais
econômico que o convencional.
Palavras-chave: Vitrofusão. Luminária decorativa. Vidro plano. Sustentabilidade.
Resíduos vítreos.
1. INTRODUÇÃO
O setor de vidraçaria é responsável por diversos impactos contra o meio
ambiente, tais como uso intenso de recursos naturais não renováveis e grande geração de
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
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resíduos sólidos. A disposição irregular desses resíduos pode representar um problema de
sobrecarga dos sistemas de limpeza públicas municipais e até mesmo um risco para as
pessoas que os manipulam em lixões e aterros sanitários (PINTO, 2014).
O vidro não é biodegradável. Sua resistência é tão alta que se estima um
período mínimo de 4.000 anos para um recipiente de vidro se desintegrar pela erosão e
agentes químicos, já que não pode ser afetado por microrganismos por conta de sua
composição. Isso o torna um grande problema ambiental, já que ao ser descartado, pode vir
a ocorrer seu acumulo excessivo em lixões e aterros sanitários, impossibilitando que a
natureza o absorva (Eco-UNIFESP, 2014). Contudo, Lima, et al. (2013), afirma que o
vidro é 100% reciclável e possui as mesmas características do vidro produzido a partir de
matérias primas virgens. Não há perda de volume e nem qualidade no processo de
reciclagem, sendo uma atividade lucrativa, tendo também um forte caráter social. Os
benefícios obtidos são enormes para a sociedade, para a economia do país e para a
natureza.
Além da necessidade de reutilização dos resíduos vítreos, Coutinho (2013),
destaca a relevância da proposição de novos paradigmas para a arquitetura e o design.
Sendo esta, uma das propostas do evento Rio+20, ocorrido em junho de 2013, na cidade do
Rio de Janeiro, organizado pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento.
Para o Design essa questão vem a ser um fator de muita importância, pois a
proposta de se buscar alternativas que promova o baixo impacto ambiental, mantendo a
tecnologia pode ser o grande diferencial em um projeto de produto. Bons exemplos de
aproveitamento do vidro por meio da vitrofusão podem ser vistos em diversos artigos de
bijuterias, utilitários e principalmente de decoração, onde o valor agregado oriundo do seu
design, promove a abertura de novos mercados e valorização desse profissional inovador e
criativo (PINTO, 2014).
Os produtos feitos com materiais reaproveitados tornaram-se uma tendência
constante e sua procura é cada vez maior por parte do mercado mais consciente. Daí surge
a necessidade da adoção da vitrofusão no reaproveitamento de vidro e desenvolvimento de
produtos para evidenciar a eficiência da técnica na confecção de tais peças e
consequentemente reforçar sua utilização no cenário de Design de produto, minimizando
os danos ao meio ambiente causados pelos resíduos vítreos.
Tendo isso em mente, aproveitou-se estudos anteriores sobre o processo de
vitrofusão, dando-os continuidade e efetuando sua aplicação na confecção de uma
luminária decorativa. Para chegar ao produto final, realizou-se pesquisas e especificações
do vidro utilizado, ensaios com amostras do material e posteriormente o desenvolvimento
da luminária utilizando-se a metodologia projetual.
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2. RESÍDUOS DE VIDRO E RECICLAGEM
Embora os resíduos vítreos não sejam tóxicos, representam perigo quando são
lançados de maneira desordenada na beira de estradas, terrenos e quando chegam a ocupar
um grande volume nos lixões das cidades, podendo provocar em diversas situações
ferimentos e doenças nas pessoas que os manipulam (PINTO 2014).
O Brasil produz em torno de 980 mil toneladas de embalagens de vidro por
ano, usando cerca de 45% de matéria-prima reciclada na forma de cacos. Parte deles foi
gerado a partir de sobras das fábricas e parte retornou por meio da coleta seletiva. No
Brasil, todos os produtos feitos com vidros correspondem em média a 3% dos resíduos
urbanos e somente as embalagens de vidro correspondem a 1%. Cerca de 47% das
embalagens de vidro foram recicladas em 2010 no Brasil, somando 470 mil ton/ano. Desse
total, 40% é proveniente da indústria de envaze, 40% do mercado difuso, 10% de
estabelecimentos como bares, restaurantes, hotéis etc e 10 % do refugo da indústria.
(CEMPRE, 2015)
A reciclagem de resíduos vítreos pode ser definida como uma forma de utilizar
vidros, que já foram descartados, como fonte de manufatura de novos produtos. A adoção
do sistema de reciclagem contribui para a preservação dos recursos naturais e a redução da
poluição. (ROCHA, 2002 apud QUIRINO et al, 2010)
Há como mostrar vantagens na reciclagem de resíduos vítreos, como destaca o
autor abaixo:
“A reciclagem do vidro ocorre sem perda de volume ou das propriedades. O
emprego de um terço de cacos de vidro na mistura resulta em 20% de economia
de energia, pois esse material recuperado necessita de menos calor para fundir
que os minerais in natura. Assim, a fabricação de novos vidros a partir dos cacos
economiza a energia gasta na extração, no beneficiamento, no transporte dos
minérios não utilizados e na própria transformação. A economia de energia é a
principal vantagem do processo de reciclagem do vidro.” (MANO et al., 2009
apud LIMA et al, 2013, grifos do autor)
A reciclagem aliada à metodologias projetuais de Design permite a elaboração
de produtos inovadores e com caráter sustentável. Para isso torna-se necessário a utilização
de parâmetros e ferramentas do ecodesign, buscando conciliar a eficiência do produto à
preservação ambiental. A utilização do eco design torna-se imprescindível para atingir a
sustentabilidade. (MANZINI e VEZZOLI, 2008)
3. VITROFUSÃO
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O processo de Vitrofusão, também conhecido como fusing consiste em derreter
peças de vidro em fornos de alta temperatura, aplicando-lhe forma através de fôrmas de
gesso ou mais comumente de cerâmica. Ao se elevar a temperatura do vidro a
aproximadamente 790°C, ele começa a ficar gelatinoso e posteriormente líquido,
conformando-se à fôrma que o contiver (VILLELA, 2007).
Fernandes (2004 apud Lima et. al, 2013, grifos do autor) conceitua esta
técnica:
“fusing consiste no processo de fusão de uma ou mais chapas de vidro
acomodadas sobre um molde e fundidas, em média, a 800°C. Esta técnica é
muito utilizada em ateliês, por artistas e artesãos. Além dos variados formatos, os
produtos obtidos pelo fusing podem ter inúmeras variações decorrentes do uso de
chapas de vidro de diferentes espessuras, cores e acabamentos.”
O sistema de fusão de vidros (figura 01) consiste em fundir placas de vidro,
criando formas personalizadas aos objetos que podem servir como elementos decorativos
e/ou utilitários.
Fonte: Glass gift design (2014)
Figura 01 – Peça feita por vitrofusão ou fusing
Lundstrom (1991 apud OTTE;OLIVEIRA 2010) detalha a técnica:
“Dois ou mais pedaços de vidro são fundidos num único bloco dentro de um
molde pré- fabricado. Os moldes são feitos de diversos materiais como cerâmica,
gesso, fibra cerâmica, papel fibra, cordierita, concreto celular, porcelana, aço
inoxidável ou qualquer outro material que suporte altas temperaturas sem sofrer
deformação. Os moldes são isolados do vidro por uma camada de caulim e,
dependendo do material, podem ser reutilizados várias vezes.”
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Com relação ao tipo de vidro ideal para ser usado na vitrofusão, Martins
(2006), afirma que o vidro plano é considerado a melhor opção, devido a sua facilidade de
amolecimento e moldagem. Os outros tipos de vidros trazem problemas tanto em relação à
fundição quanto à moldagem com outros tipos de vidros.
A grande possibilidade de combinações permite um vasto exercício de
criatividade e design, além de uma infinita variedade de resultados desse processo.
Resultados esses que podem ser controlados para a obtenção de diversos tipos de formas,
relevos, textura e coloração, o que implica um caráter artesanal e artístico ao vidro fundido.
(MOOR, 1997 apud OTTE; OLIVEIRA, 2010)
4. VITROFUSÃO E DESIGN
Em 2012 ocorreu no mês de outubro em São Paulo a segunda edição da Feira
Internacional do Vidro (Vitech) onde foram expostas peças feitas a partir da vitrofusão. A
amostra “Fusing – Um novo olhar sobre o vidro” reuniu trabalhos de artistas que utilizam a
técnica de vitrofusão para transformar o vidro comum em peças decorativas. A matéria
prima usada era originária de sucatas coletadas em vidraçarias e garrafas descartadas,
ressaltando assim a contribuição ambiental dada pelo uso desta técnica (SINCAVIDROS,
2012).
Na reciclagem do vidro são poupadas matérias-primas naturais, como a areia e
o calcário. Além de reduzir a emissão de co2 e o gasto de energia. Através da vitrofusão, é
possível produzir uma infinidade de objetos como: bijuterias, utilitários e principalmente
peças decorativas. Entre os produtos decorativos pode-se citar o castiçal de vidro feito pela
Glass Gift Design (figura 02) que utilizou uma peça fundida de vidro inteiro. E o relógio
de parede feito pela Vitavidros (figura 03), utilizando resíduos menores, dando uma
aparência diferenciada ao produto.
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Fonte: Glass Gift Design (2015)
Figura 02 – Castiçal de vidro
Fonte: Vita vidros (2015)
Figura 03 - Relógio de parede
Vários ateliês perceberam a possibilidade de explorar as sobras de vidros e
começaram a investir no processo de vitrofusão para criar suas peças, em especial,
luminárias decorativas.
Entre as luminárias que se destacam, pode-se apontar as luminárias: cubo
aberto, arandela triângulo e a torre de filetos (figura 04). Ambas desenvolvidas pelos
arquitetos Kit Brandão e Ricardo Ligabue da Kiridesign.
Luminária cubo aberto
Arandela triângulo
Fonte: Kiridesign (2015)
Figura 04 – Luminárias Kiridesign
Torre de filetos
5. METODOLOGIA
Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica, identificando e
abordando os principais temas relacionados a esta pesquisa. Montou-se uma tabela,
referente às atividades desenvolvidas por 4 vidraçarias em bairros diferentes da cidade de
São Luís, MA. Posteriormente identificou-se a média aritmética em porcentagem, para
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cada etapa do fluxo de produção para desperdício mensal de resíduos de vidro por parte
das mesmas.
A seguir, junto às empresas vidraceiras da capital, coletou-se sobras de vidro
plano transparente de espessuras variadas que seriam descartados, os quais foram levados
ao Laboratório de Cerâmica da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, no prédio
CCET, onde foram classificados e agrupados quanto ao tamanho, espessura e procedência
do processo.
Para os testes de vitrofusão para aproveitamento dos resíduos de vidros, foi
utilizada a técnica proposta por Pinto (2014), conforme gráfico (Figura 05), para a relação
de temperatura e tempo.
Fonte: Pinto (2014)
Figura 05 - Gráfico de temperatura x tempo
Pinto (2014) utilizou resíduos de tamanhos inteiro (cerca de 12cm de
diâmetro), tamanho médio (cacos com granulometria 4.76mm, peneira nº4 ABNT) e
resíduos em tamanho pequeno (cacos com granulometria 1,4mm, peneira nº14 ABNT).
Onde foram colocados no forno e submetidos a temperaturas de 800º, 900º e 1000ºC.
Para as análises das amostras utilizou os parâmetros de transparência, brilho,
textura e valor estético, classificados em uma escala de variação de 1 a 3, sendo 1-baixo, 2médio e 3-alto. Constatou-se então que os resíduos pequenos e médios levados a uma
temperatura de 1000ºC apresentaram os melhores resultados (figura 06).
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Fonte: Pinto (2014)
Figura 06 – Tabela de resultado de amostras
A metodologia utilizada no desenvolvimento da luminária decorativa foi a de
Munari (2002), (Figura 07). Contudo, foi aplicada até a etapa de materiais e tecnologia.
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Fonte: Munari (2002 apud DE MELLO, 2011)
Figura 07 – Metodologia de Munari (2002)
5.1 Problema
O problema está diretamente ligado à necessidade por algo, conforme explana
Archer (1967, apud Munari 2002, p. 29) “O problema do design resulta de uma
necessidade”. Tal problema pode ser proposto e solucionado pelo próprio designer e a
solução desse problema melhora a qualidade de vida das pessoas.
Atualmente há a necessidade pela busca de formas alternativas para o
reaproveitamento de resíduos de vidro e também a necessidade do desenvolvimento de
produtos sustentáveis. Baseado nessas necessidades, o problema definido para este trabalho
será: “O reaproveitamento do vidro, sem valor econômico para as empresas vidraceiras,
por meio da técnica de vitrofusão, para o uso na confecção de uma luminária decorativa.”
5.2 Definição do problema
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De acordo com MUNARI (2002,p. 32), É preciso definir o problema a fim de
determinar os limites dentro dos quais o designer deverá trabalhar.
Neste trabalho define-se o problema da seguinte forma:
Desenvolver uma luminária de mesa para uso residencial, feita com cacos de vidro fundido
de tamanho pequeno e médio, que produza iluminação difusa e que tenha função
decorativa.
5.3 Componentes do problema
Com relação aos componentes do problema o autor é enfático:
“Qualquer que seja o problema, pode-se dividi-lo em seus componentes. Essa
operação facilita o projeto, pois tende a pôr em evidência os pequenos problemas
isolados que se ocultam nos subproblemas.”
(MUNARI, 2002)
Os componentes do problema a ser trabalhado são:
- Número de peças de vidro utilizadas na luminária.
-Sistema de fixação dos componentes da luminária.
-Tipo de lâmpada a ser usada e potência da mesma.
-Tipo de bocal para fixação da lâmpada.
-Sistema de apoio na superfície (luminária de mesa).
-Modo de acionamento (ligar/desligar).
5.4 Recolhimento de dados
Foram recolhidos dados de modelos de luminárias de mesa e organizou-se a
analise estrutural e funcional de cada modelo.
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Tabela 01 - Análise estrutural e funcional de modelos de luminárias de mesa feitas por vitrofusão
Modelos de luminárias de
mesa feitos por vitrofusão.
Análise estrutural
-Base de madeira araucária
envelhecida que comporta a
lâmpada.
Análise funcional
-Objeto decorativo.
-Reproduz iluminação
difusa.
-Cúpula de vidro com
abertura superior e superfície
de vidro pintada de várias
cores que causam um efeito
diferenciado ao acender a
lâmpada.
-Base retangular e cúpula em -Objeto decorativo.
forma de arco integradas, sem
utilização de materiais
-Reproduz iluminação
secundários.
difusa.
-Parte da superfície da cúpula
é pintada.
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-Base formada por duas
lâminas de vidro sobrepostas,
com cúpula formada por
quatro peças de vidro com
topo em formato irregular e
com abertura na parte
superior.
-Objeto decorativo.
-Reproduz iluminação
difusa.
-Superfície da cúpula jateada
de verde.
5.5 Criatividade
O conceito adotado para o desenvolvimento dos produtos partiu das peças de
lego, onde uma peça maior é formada à partir da união de peças menores por encaixe
(Figura 08).
Figura 08 – Peças de lego
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Escolheu-se utilizar uma peça em formato triangular. Onde seu desenho
permite o encaixe preciso de peças iguais para então montar ao produto pretendido (figura
09).
Figura 09 - Desenho desenvolvido para confecção de peças de vidro.
5.6 Materiais e tecnologias
Com base nos testes de Pinto (2014), escolheu-se utilizar as gramaturas
pequena e média para a produção de peças a partir dos cacos de vidro (figura 10), adotando
a queima a temperaturas de 1000ºC.
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Fonte: Pinto (2014)
Figura 10 – Tamanho de resíduos vítreos usados
Os vidros recolhidos foram lavados, secos e quebrados em tamanhos menores.
Para a utilização de cacos de tamanho médio foram passados em uma peneira ABNT nº4,
com abertura de 4.76mm e cacos de tamanho pequeno em uma peneira ABNT nº 14 de
1,4mm (figura 11).
Figura 11 - Peneiras ABNT nº4 e nº 14
Foram produzidas oito fôrmas de cerâmica. Estas foram revestidas com caulim,
onde posteriormente os cacos foram comportados e levados ao forno de queima de
cerâmica (figura 12) a uma temperatura de 1000ºC.
Figura 12 - Forno de queima de cerâmica
6. RESULTADOS
6.1 Análise de desperdício
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As empresas apresentam processos similares quanto às etapas de produção, de
acordo com o fluxograma a seguir (Figura 13):
1
Atendimento
Medição
2
Pedido de
material
Lapidação
Transporte feito
pelo fornecedor
Limpeza
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Orçamento
Vendas
Recebimento
Entrega
Armazenagem
Montagem
Emissão de
Notas fiscais
1
Corte
2
Figura 13 – Fluxograma de atividades de vidraçarias de São Luís-MA
Primeiramente as empresas realizam a etapa de vendas com o atendimento no
showroom da loja, onde os clientes podem escolher ou solicitar o produto desejado,
posteriormente é enviado um profissional responsável pela medição do local a ser instalado
o produto. Tendo essas medidas em mãos é feito o orçamento, que caso aprovado pelo
cliente ocorre a venda, que é concretizada pela emissão de notas fiscais. Em seguida a
vidraçaria solicita ao fornecedor a quantidade de vidro necessária para a execução do
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trabalho. Após isso, iniciam-se as etapas de produção, onde o fornecedor encaminha o
vidro solicitado, que ao chegar na empresa ocorre o recebimento do material e em seguida
sua armazenagem. Com base nas medidas colhidas é feito o corte das peças de vidro e em
seguida a lapidação. Com o produto em fase de conclusão é feita a limpeza e o mesmo é
entregue no local solicitado pelo cliente para sua devida montagem.
Na análise do desperdício (Figura 14), verificou-se que não há perdas nas seis
primeiras atividades, as quais integram o setor de vendas. Já as demais atividades, que
compreendem o setor de produção, apresentam consideráveis níveis de perda de material.
Figura 14 – Resultados referentes ao desperdício de resíduos de vidros em vidraçarias de São Luís-MA
6.2 Modelo de luminária
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Problema: Reaproveitamento do vidro, sem valor econômico para as empresas
vidraceiras, por meio da técnica de vitrofusão.
Definição do problema: Desenvolver uma luminária de mesa para uso residencial,
feita com cacos de vidro, que produza iluminação difusa e que tenha função
decorativa.
O modelo final da luminária de mesa (Figura 15) e os componentes do problema
solucionados (Tabela 02).
Figura 15- Modelo proposto de luminária de mesa
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Tabela 02 – Componentes do problema referentes à luminária de mesa, solucionados.
Ilustração
Componente
s do
problema
Sistema de
fixação das
partes que
compõe a
luminária.
Descrição
Justificativa
Peças de vidro
unidas por
resina.
A resina fica
imperceptível
aplicada ao vidro.
Material
secundário
que será
usado
produção da
luminária.
Madeira cedro
ou acrílico
para a base.
Materiais leves,
que se juntam
harmonicamente
ao vidro da
cúpula.
Tipo de
lâmpada a ser
usada.
1 Lampada
fluorescente
compacta de
9w de potência
e cor branca.
Lâmpada de
baixa potência,
que dá ao
ambiente um
clima
aconchegante.
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Tipo de bocal
para fixação
da lâmpada.
1 bocal E-27
(convencional)
.
Se adequa a
diversos tipos de
lâmpada.
Sistema de
apoio na
superfície.
Base de
madeira cedro
ou acrílico,
quadrada.
Tamanho e
formato que
permite o encaixe
perfeito da
cúpula.
Modo de
acionamento
(ligar/desligar)
.
Interruptor na
fiação
(interruptor
pêra).
Maior facilidade
de acionamento,
por se tratar de
uma luminária
móvel.
Número de
peças de
vidro.
Cúpula com 12
peças de
vidro.
Quantidade de
peças suficientes
para cobrir a
lâmpada e
permitir a
iluminação
desejada.
7. CONCLUSÃO
Diante do que foi exposto, percebeu-se que é cada vez mais
importante a utilização de técnicas de reaproveitamento de resíduos vítreos no
desenvolvimento de produtos. Servindo principalmente como ferramentas para a
busca pela sustentabilidade.
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A vitrofusão mostrou-se uma boa alternativa, uma vez que o vidro
reaproveitado por este processo apresenta as mesmas características de vidro
novo, não há perda de material durante processo, além de mostrar-se um meio de
produção mais econômico que o convencional.
Constatou-se que o uso da vitrofusão para a produção da luminária
decorativa evidencia portanto a viabilidade desta técnica na aplicação em
produtos de Design. Seu uso ainda permite o desenvolvimento de uma imensa
variedade de novos produtos com caráter sustentável, já que a sustentabilidade é
vista como valor agregado. Essa prática é capaz de provocar uma reflexão e
deflagrar a conscientização do uso sustentável dos recursos do planeta, vindo a
motivar a reutilização de resíduos de vidro, acarretando em considerável redução
de impactos ambientais.
É notória também a importância do designer no andamento desse
processo, através de participação efetiva no desenvolvimento de produtos,
levando em conta princípios que garantam o mínimo possível de degradação
ambiental, aliando esses princípios à busca pela inovação dos produtos e a
satisfação de seus usuários.
REFERÊNCIAS
CEMPRE.
Disponível
em
<http://cempre.org.br/artigo-publicacao/fichatecnica/id/6/vidro> Acesso em: 23 fev. 2015.
COUTINHO, Eloyse Cabral. Conceito sustentável na decoração de interiores. Revista
Especialize on-line IPOG, Goiania-Go, v. 1, n. 005, jul. 2013. Disponível em:
<http://www.ipog.edu.br/uploads/arquivos/9e00138e9e6fb005c7033d91ce577e07.pdf>.
Acesso em: 25 nov.2014.
Eco-UNIFESP.
Tempo
de
decomposição.
Disponível
em:
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