ANÁLISE DAS VARIÁVEIS QUE INTERFEREM NA PRODUÇÃO DE SOJA NA REGIÃO DE PONTA PORÃ/MS AMARILHA, Nayara (FIP/Magsul) ([email protected]) IACIA, Julio Cezar (FIP/Magsul) [email protected] FOREST, Rafael (FIP/Magsul) [email protected] RESUMO Este estudo trata-se de uma pesquisa de campo, onde objetivou analisar as variáveis que dificultam a produção de soja na região de Ponta Porã/MS. O grão de soja, tido como commodity, é exportado para países do continente asiático, tem seu valor reconhecido por ser um alimento de alto índice proteico, sendo utilizado como alimento base para muitos países asiáticos e do oriente, principalmente a China. A análise foi realizada através de um questionário aplicado aos grandes sojicultores da região, a fim de identificar quais os maiores problemas enfrentados e oferecendo sugestões de soluções para tais dificuldades. Devido a essa importância, fica evidente um estudo que identifique e esclareçam quais são os maiores problemas existentes na região de Ponta Porã/MS para a produção da safra, uma vez que, são estas variáveis que aumentam os custos de produção, causando aos agricultores prejuízos, pois, o custo de produção não interfere no preço de venda do grão, pois este é tabelado em dólar americano, sofrendo apenas variações cambiais no preço. Portanto, quanto menor o custo de produção, quanto à mão de obra, logística, armazenamento, entre outros, que envolvem a produção do grão de soja, maior será o faturamento do produtor rural, assim também, como o retorno econômico para a cidade em questão. 1.INTRODUÇÃO O termo agribusiness surgiu na Universidade de Harvard, EUA, em 1957. Os pesquisadores John Davis e Ray Goldberg atribuíram ao "business" o sentido de "ocupação" e não de "negócio" propriamente dito. Para o português, o termo foi traduzido de diversas formas, mas a palavra agronegócio acabou sendo uma das mais utilizadas. Segundo Batalha (2009), Agronegócio é a soma das operações de produção nas unidades agrícolas, operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, do armazenamento, processamento e comercialização dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles. E envolve desde comercialização de alimentos, fibras e energia, até pesquisa cientifica. Nota-se que ―agronegócio‖ é um termo relativamente novo a ser utilizado dentro da economia da produção rural, por este motivo muitos agricultores ainda tem dificuldade em Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016 entender a influência deste termo em suas negociações o que acaba acarretando em diversos problemas no que se diz respeito á produção de soja, principalmente em regiões interioranas como Ponta Porã/MS. O município de Ponta Porã ocupa atualmente posição de destaque no agronegócio de Mato Grosso do Sul e já e considerado o 2º maior produtor de soja (570 mil toneladas) e 3º produtor de milho (640,5 mil toneladas). Para Nilton Pikcler, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul – FAMASUL, o crescimento da agricultura e pecuária na região se assemelha ao empenho do produtor rural (FAMASUL, 2015). Além disso, o IBGE (2013) divulgou que Ponta Porã está entre as seis cidades do Mato Grosso do Sul com o maior PIB da agropecuária, no ranking nacional ocupa a posição de 83º entre as 100 cidades, com o rendimento de R$ 214,9 milhões. Diante desse contexto, é plausível aceitar que Ponta Porã é de fato um grande polo de comercialização de soja, trazendo inúmeros benefícios para esta região, porém, para a produção deste grão, diversos problemas são enfrentados durante o plantio, colheita e venda do mesmo. O empenho do produtor rural na produção de grãos no município de Ponta Porã/MS é claramente notado, isso pode ser comprovado com últimas pesquisas realizadas por diversos órgãos nacionais como IBGE, FAMASUL, APROSOJA, entre muitos outros, que já colocaram tanto o município como o estado de Mato Grosso do Sul em posição de destaque no que diz respeito à produção de soja, que a cada ano aumenta cada vez. Entretanto, com o crescimento da produção, o produtor rural acaba enfrentando diversos problemas durante o cultivo do grão, desde a compra da matéria prima, plantio e manutenção da lavoura, até a negociação para a venda da soja. Situações essas que envolvem um planejamento e um controle rígido para que não ocorram prejuízos antes, durante e depois da produção. Portanto, este estudo tem por finalidade identificar quais os principais problemas que afetam os grandes sojicultores na região de Ponta Porã/MS e como o administrador pode amparar o produtor rural? Para conseguir responder o questionamento acima, o objetivo delineia-se com o propósito de identificar os principais problemas enfrentados pelos grandes produtores rurais de soja na região de Ponta Porã/MS. Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este capítulo irá abordar tópicos que enaltecem a importância do estudo relevando assuntos referentes ao agronegócio, produção e comercialização de soja entre outros, procurando esclarecer de melhor forma a como o cultivo desse grão tornou-se importante para a economia do país, principalmente da região de estudo, Ponta Porã/MS. 2.1. Agronegócio Como já observado, o agronegócio surgiu a cerca de 60 anos atrás com dois pesquisadores de Havard, onde os mesmo o definiram como um conjunto de operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, envolvendo o armazenamento, processamento e a distribuição de itens produzidos através dos produtos agrícolas. A agricultura não pode ser tratada de forma impar, quando se fala em produção. Existe uma rede de atividades para o cultivo de uma lavoura, podendo ser classificada como plantio, cultivo, colheita, transformação, armazenagem e distribuição. Segundo Batalha (2001), o Brasil dispõe de cerca de 4,9 milhões de estabelecimentos rurais, onde 64% pertencem à agricultura tradicional utilizando pouca tecnologia. Mostra-se evidente que o agronegócio dentro do Brasil ainda caminha devagar, fato que se deve à resistência do produtor à adoção de medidas tecnológicas em seus empreendimentos rurais, deixando de lado o conjunto de operações que envolvem o agronegócio. O cenário do agronegócio dentro do Brasil está em vigente crescimento, mas ainda esbarra no ―cultivo tradicional‖, onde pequenos produtores rurais preferem ter todo controle centralizado. Todo controle da produção se concentra em uma cardeneta de anotações ou até mesmo em sua própria cabeça. Batalha (2001) afirma que, a implementação de um sistema ou programa de gestão rural fica em segundo plano, pois o produtor rural prioriza o investimento na lavoura, dificultando a administração da produção. Em contrapartida as altas exigências dos compradores de certos produtores como soja, tem feito com que os produtores rurais tomem decisões acerca da tecnologia em beneficio da produção do grão, aumentando a competividade do soja, beneficiando os grandes produtores rurais, que já tem uma abertura maior para as diversas ferramentas do agronegócio. Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016 Atualmente, o estado do Mato Grosso do Sul vem ganhando destaque no que tange o agronegócio, segundo a FAMASUL (2015), o estado está entre os cinco maiores produtores de grãos do Brasil, o setor nos últimos anos, vem impulsionando as exportações, tendo a participação de 44% em 2014 e responsável por até 37% na geração de emprego do mesmo ano. Nota-se que o esforço dos produtores rurais não está sendo em vão, pois muitos benefícios acarretam o sucesso do plantio. É importante ressaltar que, a área de cultivo de soja no Mato Grosso do Sul é de cerca de 161.040 (cento e sessenta e mil e quarenta) hectares. Este fato provavelmente se deve aos fatores que impulsionam o agronegócio no estado, como condições climáticas, solo fértil e plano, entre outros (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA), compreende-se então a importância do agronegócio para o cultivo agrícola do estado, principalmente no que se diz respeito sobre a agricultura familiar, atualmente ela é responsável por 70% dos alimentos consumidos. Fava Neves (2012), afirma que o Mato Grosso do Sul tem esse melhor posicionamento por ser um estado com muitas terras e pouca gente, isso contribui para economia do estado, evitando um endividamento elevado. Logo se nota a importância do agronegócio para o Brasil, um segmento relativamente novo que está causando grande impacto econômico com geração de empregos, importação e exportação, aquecendo o comércio brasileiro. Contudo, a gestão do agronegócio parece não ter chegado às propriedades rurais, onde justamente acontece a principal parte de toda cadeia produtiva: o cultivo do grão. Muitos agricultores desconhecem o agronegócio e não possui ciência de seus benefícios, apesar de estarem inseridos nesse segmento. 2.2. Sojicultura A soja teve sua introdução no Brasil, ainda no século XIX através da Bahia, onde não obteve êxito, segundo Matos (1986) apudFAMASUL, o cultivo do grão se desenvolveu quase um século depois em São Paulo, por imigrantes japoneses. Em seguida sendo introduzido na região sul do país, onde obteve o maior desenvolvimento devido ao clima local. Conforme a FAMASUL (2015), a soja é a cultura agrícola brasileira que mais se desenvolveu nos últimos 30 anos e corresponde a 49% da área plantada em grãos do país. O aumento da produtividade está associado aos avanços tecnológicos, ao manejo e eficiência Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016 dos produtores. O grão é componente essencial na fabricação de rações animais e com uso crescente na alimentação humana encontra-se em franco crescimento. Cultivada especialmente nas regiões Centro Oeste e Sul do país, a soja se firmou como um dos produtos mais destacados da agricultura nacional e na balança comercial. Conforme o MINISTÉRIO DA AGRICULTURA (2015), a indústria nacional transforma, por ano, cerca de 30,7 milhões de toneladas de soja, produzindo 5,8 milhões de toneladas de óleo comestível e 23,5 milhões de toneladas de farelo proteico, contribuindo para a competitividade nacional na produção de carnes, ovos e leite. Além disso, a soja e o farelo de soja brasileiro possuem alto teor de proteína e padrão de qualidade Premium, o que permite sua entrada em mercados altamente exigentes como os da União Européia e do Japão. 2.3. Produção de Soja Na década de 80, a produção de soja saiu da região sul e se deslocou para as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, desde então, o cultivo aumentou gradativamente com o passar dos anos, especialistas afirmam que, o clima e o terreno plano da região CentroOeste tem contribuído para o aumento do cultivo, outro fato relevante é que principalmente nos estado do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul a expansão do cultivo foi maior, devido aos preços baixos e o solo fértil, que antes servia apenas de pastagens para gado. Batalha (2009) afirma que em 2005, os estados do Paraná, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foram responsáveis por 80% da produção do país. O Brasil obteve o titulo de líder em produção de soja, conforme a pesquisa de Nogueira e Batista (2015), a safra 2012/2013 foi considerada recorde com a produção estimada em 184 milhões de toneladas. Uma pesquisa desenvolvida pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), garante que com o avanço tecnológico, o Brasil tem elevado sua produção em ritmo superior ao mundial. De 2006 a 2011, a produção de soja cresceu a taxa de 6% ao ano, o dobro dos 3% no mundo. Em 2006 a EMBRAPA divulgou que o Brasil tinha cerca de 90 milhões de hectares de terra agricultáveis, sendo que 40 milhões de hectares estão no Centro-Oeste, que poderiam ser usadas para o plantio de soja e que não estavam sendo usadas adequadamente. Essa afirmação corrobora com a declaração do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Glauber Silveira, onde diz que, Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016 O Brasil tem condições de mais que dobrar sua área plantada sem desmatar novas áreas. Bastaria uma migração de áreas — hoje usadas para pastagem — para as de cultivo, o que poderia ser feito com o emprego de tecnologia para elevar a produtividade da pecuária, ainda baixa. Todas estas pesquisas mostram que, o cultivo de soja tende a crescer cada vez mais, visto que, a população mundial está em vigente crescimento, principalmente no continente asiático, notário importador do grão. Mato Grosso do Sul já provou ter muitas vantagens na produção, terreno plano, clima favorável, solo fértil. Segundo a FAMASUL (2015), atualmente, o estado é o sexto maior produtor de soja do Brasil e é responsável por mais ou menos 4 milhões de toneladas, em 1,8 milhões de hectares plantados. Conforme já citado, a produção de soja no estado começou na década de 80, desde então, a produção cresceu cerca de 250%. Parte dessa produção encontra-se na cidade de Ponta Porã, região sul do estado que desde a década de 70 cultiva o grão, após a crise do cultivo da erva-mate que entrou em declínio segundo Coronel et al (2007). Terras ociosas e com preço baixo, contribuiu para que agricultores do Paraná e Rio Grande do Sul investissem na produção de soja na região de Ponta Porã. Segundo IBGE (2013) a produção de soja em Ponta Porã atingiu um patamar de 160.100ha, três anos atrás, entrou para o ranking nacional das 20 cidades com maior produção em área. Em valores monetários foram totalizado no ano de 2013 cerca de R$ 360.075,00. Estes números apontam a importância do cultivo do grão para a região, pois além do valor obtido com a venda, há também a geração de empregos diretos e indiretos gerado com a produção. 2.4. Comercialização de Soja A comercialização é um intercâmbio econômico entre produtores e consumidores que envolvem bens e/ou serviços. E é com esta definição que podemos observar como se da à comercialização de soja no Brasil, entretanto antes de chegar às mãos dos consumidores finais, a soja e seus derivados são comercializados de inúmeras maneiras até a originação do produto final. O ato de comprar e vender grãos envolve uma serie de mecanismos, dentro desse meio existem diversos riscos, que podem prejudicar tanto o sojicultor como o comprador. A Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016 soja entra nessa comercialização como commodities, uma qualificação que determina o produto através de três requisitos básicos segundo Batalha (2009). Estes requisitos são descritos como sendo: - Padronização em um contexto de comércio internacional; Possibilidade de entrega nas datas acordadas entre comprador e vendedor; - Possibilidade de armazenagem ou de venda em unidades padronizadas. A comercialização de soja tem crescido a cada ano, pois a produção aumenta todo ano. Para ser comercializada, ainda conforme Batalha (2009), existem alguns mercados especializados, os mais tradicionais são: Mercado a termo, caracterizado por uma venda direta, com um contrato bem detalhado entre as partes, onde são pautadas condições como a data e o local de entrega, meio de transporte e forma de pagamento, os contratos são variáveis e bastante flexíveis, normalmente este tipo de venda é realizado entre produtor e cooperativas. Um fato interessante sobre o mercado a termo, ocorreu nos 80 quando surgiu a ―soja verde‖, tratava-se da venda da soja antes mesmo da colheita, por um preço bem abaixo do oficial. Apesar das vantagens como pagamento antecipado, o risco de quebra de contrato era grande, podendo causar prejuízos a ambas as partes. (Batalha 2009) Outro mercado comum de comercialização de grãos, é o Mercado de Futuros ou bolsa de valores, não é o tipo de transação que os agricultores fazem, mas os corretores de cereais e cooperativas que negociam. São transações padronizadas e simplificadas que obedecem a três regras básicas, data e local de entrega e objeto de transação (Batalha 2009). Segundo a FAMASUL (2015), os agricultores da região do Mato Grosso do Sul, comercializam seus grãos de forma direta (Mercado de Termo) como, por exemplo, nas cooperativas, como Coamo e LAR, em torno de 60% da produção. Isso se deve ao fato de que a cooperativa faz o pagamento imediatamente enquanto as corretoras cerealistas necessitam de um prazo de até 30 dias para a liquidação. 2.5. Propriedades Rurais de Ponta Porã Segundo a LEI Nº 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964 que Dispõe sobre o Estatuto da Terra, caracterizam as propriedades rurais em quatro níveis segundo suas dimensões, sendo elas: Reforma agrária- o conjunto de medidas em que visem a promover melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.Módulo rural- Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016 consiste, em linhas gerais, na menor unidade de terra onde uma família possa se sustentar ou, como define a lei: absorvem-lhes toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico - e cujas dimensões, variáveis consoante diversos fatores (localização, tipo do solo, topografia, etc.), são determinadas por órgãos oficiais. Por estes critérios, uma área de várzea de meio hectare que venha ser produtiva pode configurar, em tese, um módulo rural.Minifúndio- Uma propriedade de terra cujas dimensões não totalizam o mínimo para configurar um módulo rural de 0.2ha. Latifúndio- propriedades que excedam a 600 módulos rurais ou 300 ha. Entretanto, conforme ainda esclarecido pelo Foco Rural (2013), as propriedades podem ser classificadas como ―rancho, chácara, sitio e fazenda‖. Onde pode-se definir como – Rancho: uma propriedade rural próxima a um rio ou lago que não possui atividades comercial. – Chácara: uma propriedade rural pequena com o máximo de 12 hectares . – Sitio: Propriedade que possui entre 12 e 96 hectares. –Fazenda: Modulo rural acima de 96 hectares. Deste modo o presente estudo será realizado em propriedades rurais latifundiárias com mais 1000ha. 3. METODOLOGIA Este capítulo irá abordar tópicos referentes à metodologia aplicada para a realização da pesquisa, onde será descrita que tipo de pesquisa será utilizada no estudo, bem como a descrição da coleta e análise de dados. 3.1. Caracterização da Pesquisa A presente pesquisa será de caráter bibliográfico, onde inicialmente será realizado estudo em artigos e livros já publicados que possam colaborar de forma positiva e efetiva para este estudo. Segundo Gil (2008), uma pesquisa bibliográfica é um conjunto de fatos desenvolvido através de estudos já elaborados, como artigos científicos, livros, etc. A pesquisa bibliográfica auxilia o acadêmico a outorgar maior veracidade ao seu estudo, pois a fundamentação teórica serve como um alicerce para que a pesquisa tenha autenticidade. Para tanto, se faz necessário à realização da coleta de dados, caracterizando a pesquisa como qualitativa e descritiva, onde Neves (1996), afirma que estes devem obter informações descritas de forma analítica. Após a coleta de dados, o pesquisador deve quantificá-los e qualificá-los, demonstrando a opinião da amostra pesquisada e analisando Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016 as respostas do mesmo a fim de encontrar resultados para seu estudo. Já a pesquisa quantitativa, ainda segundo Neves (1996), visa quantificar uma amostra de pessoas de uma determinada população que possuem as mesmas características. Normalmente usada para avaliar opiniões, preferências ou atitudes de uma população escolhida. Sendo assim, para realizar um estudo desse cunho, o pesquisador deve desenvolver e aplicar um questionário que pode ser aberto ou fechado, depois da coletada de dados, estes devem ser tabulados e analisados. Para que haja um resultado efetivo e comprobatório, pode ser realizado um estudo de campo. Gil (2008) caracteriza o estudo de campo como uma pesquisa desenvolvida através de observação direta por parte do pesquisador. O estudo de campo busca informações de um determinado grupo, região ou comunidade, estas informações podem ser obtidas por meio de entrevistas, questionários fechados ou filmagens. Ou seja, é um levantamento de dados que concedem ao pesquisador informações relevante. Para Neves (1996), o estudo de campo tem natureza quantitativa ou qualitativa. Portanto, o presente estudo trata-se de um estudo de campo quanti-qualitativo com predominância qualitativa. 3.2. Coleta de Dados A pesquisa será realizada com sojicultores latifundiários da região de Ponta Porã que possuem módulo rural produzindo de um mil hectares a duas mil hectares por safra, onde será aplicado um questionário com cerca de 15 (quinze) questões de múltiplas escolhas com indagações sobre as dificuldades de produção da safra de 2014. A coleta será realizada diretamente com os agricultores, em encontros que acontecem frequentemente, promovidos pelas empresas rurais de Ponta Porã e se necessário em suas propriedades rurais. 3.3. Análise e tratamento de dados Após aplicação dos questionários, os dados coletados serão evidenciados em forma de tópicos, elas representaram as principais preocupações conforme o relato dos produtores rurais. Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016 4. ANÁLISE DE RESULTADOS De acordo com que foi analisado, pode-se verificar que as maiores dificuldades encontradas pelos agricultores dizem respeito: a) Logística de transporte de grãos; Uma das soluções existentes para os problemas de logística é o que o governo já vem realizando ao longo dos anos, que seria a privatização das malhas viárias para sua maior conservação e ampliação, entretanto essa privatização gera mais custos aos freteiros que realizam o transporte, encarecendo o valor do frete aplicado ao produtor rural. Outra solução seria redes de intermodais, revitalizando e utilizando em grande escala as ferrovias e se possível às hidrovias também a partir do programa PPPs (Parceria Público-Privado), assim, as concentrações de veículos transportadores de grão seriam menores nas rodovias. Implantação de rodoanéis ou arcoanéis nas principais cidades produtoras de grãos como em Ponta Porã, esta solução já foi implantada, porém, a obra está inacabada. Realizar a reorganização dos portos para o recebimento e escoamento dos grãos. Regulamentar e fiscalizar adequadamente os motoristas e veículos que realizam o transporte de produção agrícola. Para o produtor rural é interessante que ele faça um planejamento de logística relacionando o tempo de descarregamento por transporte com a quantidade produzida, assim o a quantidade de transporte não seria insuficiente e não haveria tanta lentidão no desembarque dos grãos. b) Falta de infraestrutura das cooperativas e sementeiras; Uma solução alternativa para suprir a deficiência de unidades armazenadoras pode ser o silo bolsa, equipamento de amplo uso na Argentina e de custo relativamente menor frente às construções fixas. No Brasil, seu uso é limitado pelas exigências de termometria e aeração para a guarda de produtos agrícolas in natura. Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016 Outra alternativa para os grandes produtores é o investimento coletivo de todos os produtores para a construção de silos, feito através do Plano Nacional de Armazenagem concedido pelo governo, podendo ser usado pelos mesmos em forma de associação conforme o valor integrado. O Governo Federal, através do Ministério da Agricultura, já criou em várias ocasiões, planos de incentivo à construção de silos e armazéns para sacaria, mas, muitas vezes, essas instalações foram construídas de maneira imprópria ou também construía-se um armazém, quando o mais necessário seriam silos de armazenagem. Portanto, os planos de incentivo a construção devem ser realizados com maior prudência para que não haja inconvenientes futuramente, pois isto poderá causar danos quantitativos e qualitativos no grão. O escopo da construção deve ser devidamente elaborado e controlado por especialistas. O rápido embarque de soja com encurtamento do canal de comercialização reduz a pressão sobre a capacidade estática de armazenagem, entretanto, para que isso ocorra, as cooperativas devem operar com um planejamento controlado de escoamento. c) Mão de obra qualificada Em caso de contratação, o ideal para um agricultor é obter auxílio de um profissional em Relações Humanas para realizar o recrutamento, seleção e contratação de funcionários com habilidade em tarefas rurais, habilidade em operar maquinas pesadas, etc. Uma solução existente para a falta de mão de obra qualificada é o treinamento contínuo que algumas empresas promovem para melhorar a capacitação dos trabalhadores rurais. Produtores rurais poderiam incentivar os trabalhadores a continuar os estudos e fazer cursos profissionalizantes. Remuneração adequada. Plano de carreira para os trabalhadores. 5. CONSIDEIRAÇOES FINAIS Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016 Em relação à logística de transporte, infelizmente é um problema que ocorre em toda parte do país, não há um órgão especifico e eficaz e que regularize os transportes agrícolas o que acaba gerando uma alta competitividade entre essa classe trabalhista. Pois, acaba que aqueles que não possuem qualificação para transporte agrícola ou seus veículos estão em condições inadequadas, estes oferecem o frete do transporte mais barato, esse tipo de transporte pode avariar a carga, comprometendo a qualidade do grão. Outro problema relacionado à logística é a má conservação das rodovias e estradas vicinais, o trafego aumentou e a malha viária não expandiu, não existe manutenção adequada tornando as estradas precárias para o escoamento da safra. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul possuem a maior produção de soja da região centro-sul do país, e mesmo assim, a forma de escoamento da safra é realizada de forma inadequada, sem planejamento ou um controle assíduo. Quanto à infraestrutura das cooperativas e sementeiras, novamente entra em questão a falta de planejamento por parte dos administradores das cooperativas, uma região como Ponta Porã/MS que possui cerca de 160mil hectares agricultáveis e a cada ano sua produção supera a safra anterior, deveria ter mais atenção dos órgãos responsáveis pelo aumento e introdução de novas tecnologias para que as cooperativas e sementeiras privadas possam ter condições de aumentar sua infraestrutura a fim de oferecer maior qualidade e rapidez ao armazenar um grão que atualmente ascende uma importância excepcional abastecendo e alimentando países do continente asiático. A qualidade de armazenagem dos grãos é uma preocupação crescente no país, pois, para que as exportações sejam aumentadas, o país deve-se adequar aos padrões internacionais de qualidade, o que já vem sendo feito por grandes e médios produtores agrícolas em todo o Brasil. A mão de obra qualificada é fator agravante em todos os setores de mercado, este problema deriva da falta de um ensino de qualidade oferecido pela União e que a cada dia os números crescem mais, no setor agrícola a situação é ainda pior, a mão de obra encontrada é empírica, vinda de gerações passadas. Os profissionais do campo devem acompanhar a tecnologia cada vez mais presente no meio agrícola, as máquinas estão cada vez mais modernas, sendo operada por GPS, tablets, etc. Um motorista, por exemplo, deve estar atento aos novos métodos de operação para que não percam seu emprego. Apesar de todo crescimento econômico de Ponta Porã/MS, pouco se vê a oferta de cursos Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016 profissionalizantes para àqueles que vivem do campo. Atualmente foi implantando na região um Instituto Federal de cursos técnicos, o que deverá ser uma excelente oportunidade para os lavradores se capacitarem e assim melhorar o rendimento da produção de soja. É explicito a necessidade que um agricultor possui em realizar um planejamento adequado se sua produção gerir uma fazenda com dezenas de funcionários e que pode produzir até 3000 kg de soja por hectare segundo Embrapa (2014) a um valor de venda cotado a R$ 70,00 gera uma receita de R$ 7.000.000,00, requer a mesma habilidade que gerir uma organização de grande porte. Para que não haja surpresas ou insatisfações na tomada de decisão se faz necessária a presença de um gestor de produção licenciado frente às negociações que o agronegócio envolve. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATALHA, Mário Otávio (Coord.). Gestão agroindustrial: GEPAI. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2001. BATALHA, Mário Otávio; SOUZA FILHO, Hildo Meirelles de. Agronegócio no Mercosul: uma agenda para o desenvolvimento. São Paulo: Atlas, 2009. CORONEL et al,Coronel, Daniel Arruda; Alves,Fabiano Dutra; Santos, Nilton Pires dos. A Competitividade da produção de soja no Mato Grosso Do Sul e na Região de Ponta Porã: Uma Aabordagem Através das Vantagens Comparativas. SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2007. FAMASUL, Federação da Agricultura e Pecuária de Mato http://famasul.com.br/artigos_interna/o-agronegocio-como-foco-docrescimentoeconomico/33353/acessado em 06 de abril de 2015. Grosso do Sul. FAVA NEVES,Marcos. MS é um dos estados que maiscrescem no agronegócio, (2012) http://www.campograndenews.com.br/rural/ms-e-um-dos-estados-quemais-crescem-noagronegocio-diz-pesquisador-da-uspacessado em 06 de abril de 2015. FOCO RURAL,Diferenças entre chácaras, sítios e fazendas – publicado em 25 de Outubro de 2013 http://www.focorural.com/detalhes/n/n/2400/45/Rancho_chacara_sitio_fazenda.html acessado em 21 de junho de 2015 GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2009. Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016 IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.http://www.cidades.ibge.gov.br/. Acessado em 08 d e abril de 2013. NEVES, José Luis. Pesquisa Qualitativa –Características, usos e possibilidades. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, V.1, Nº 3 /1996 NOGUEIRA, Danielle; BATISTA, Henrique Gomes Brasil. Uma potência da soja de mãos atadas. De 22/04/2013. http://oglobo.globo.com/economia/brasil-uma-potencia-dasoja-demaos-atadas-8188599- Acessado em 06 de abril de 2015. Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016