Baixar este arquivo PDF

Propaganda
ANÁLISE DAS VARIÁVEIS QUE INTERFEREM NA PRODUÇÃO DE
SOJA NA REGIÃO DE PONTA PORÃ/MS
AMARILHA, Nayara (FIP/Magsul) ([email protected])
IACIA, Julio Cezar (FIP/Magsul) [email protected]
FOREST, Rafael (FIP/Magsul) [email protected]
RESUMO
Este estudo trata-se de uma pesquisa de campo, onde objetivou analisar as variáveis que
dificultam a produção de soja na região de Ponta Porã/MS. O grão de soja, tido como
commodity, é exportado para países do continente asiático, tem seu valor reconhecido por
ser um alimento de alto índice proteico, sendo utilizado como alimento base para muitos
países asiáticos e do oriente, principalmente a China. A análise foi realizada através de um
questionário aplicado aos grandes sojicultores da região, a fim de identificar quais os
maiores problemas enfrentados e oferecendo sugestões de soluções para tais dificuldades.
Devido a essa importância, fica evidente um estudo que identifique e esclareçam quais são
os maiores problemas existentes na região de Ponta Porã/MS para a produção da safra, uma
vez que, são estas variáveis que aumentam os custos de produção, causando aos
agricultores prejuízos, pois, o custo de produção não interfere no preço de venda do grão,
pois este é tabelado em dólar americano, sofrendo apenas variações cambiais no preço.
Portanto, quanto menor o custo de produção, quanto à mão de obra, logística,
armazenamento, entre outros, que envolvem a produção do grão de soja, maior será o
faturamento do produtor rural, assim também, como o retorno econômico para a cidade em
questão.
1.INTRODUÇÃO
O termo agribusiness surgiu na Universidade de Harvard, EUA, em 1957. Os
pesquisadores John Davis e Ray Goldberg atribuíram ao "business" o sentido de "ocupação"
e não de "negócio" propriamente dito. Para o português, o termo foi traduzido de diversas
formas, mas a palavra agronegócio acabou sendo uma das mais utilizadas. Segundo Batalha
(2009), Agronegócio é a soma das operações de produção nas unidades agrícolas, operações
de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, do armazenamento, processamento e
comercialização dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles. E envolve desde
comercialização de alimentos, fibras e energia, até pesquisa cientifica.
Nota-se que ―agronegócio‖ é um termo relativamente novo a ser utilizado dentro da
economia da produção rural, por este motivo muitos agricultores ainda tem dificuldade em
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
entender a influência deste termo em suas negociações o que acaba acarretando em diversos
problemas no que se diz respeito á produção de soja, principalmente em regiões interioranas
como Ponta Porã/MS.
O município de Ponta Porã ocupa atualmente posição de destaque no agronegócio de
Mato Grosso do Sul e já e considerado o 2º maior produtor de soja (570 mil toneladas) e 3º
produtor de milho (640,5 mil toneladas). Para Nilton Pikcler, presidente da Federação da
Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul – FAMASUL, o crescimento da agricultura e
pecuária na região se assemelha ao empenho do produtor rural (FAMASUL, 2015). Além
disso, o IBGE (2013) divulgou que Ponta Porã está entre as seis cidades do Mato Grosso do
Sul com o maior PIB da agropecuária, no ranking nacional ocupa a posição de 83º entre as
100 cidades, com o rendimento de R$ 214,9 milhões.
Diante desse contexto, é plausível aceitar que Ponta Porã é de fato um grande polo de
comercialização de soja, trazendo inúmeros benefícios para esta região, porém, para a
produção deste grão, diversos problemas são enfrentados durante o plantio, colheita e venda
do mesmo.
O empenho do produtor rural na produção de grãos no município de Ponta Porã/MS
é claramente notado, isso pode ser comprovado com últimas pesquisas realizadas por
diversos órgãos nacionais como IBGE, FAMASUL, APROSOJA, entre muitos outros, que
já colocaram tanto o município como o estado de Mato Grosso do Sul em posição de
destaque no que diz respeito à produção de soja, que a cada ano aumenta cada vez.
Entretanto, com o crescimento da produção, o produtor rural acaba enfrentando
diversos problemas durante o cultivo do grão, desde a compra da matéria prima, plantio e
manutenção da lavoura, até a negociação para a venda da soja. Situações essas que
envolvem um planejamento e um controle rígido para que não ocorram prejuízos antes,
durante e depois da produção.
Portanto, este estudo tem por finalidade identificar quais os principais problemas que
afetam os grandes sojicultores na região de Ponta Porã/MS e como o administrador pode
amparar o produtor rural?
Para conseguir responder o questionamento acima, o objetivo delineia-se com o
propósito de identificar os principais problemas enfrentados pelos grandes produtores rurais
de soja na região de Ponta Porã/MS.
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo irá abordar tópicos que enaltecem a importância do estudo relevando
assuntos referentes ao agronegócio, produção e comercialização de soja entre outros,
procurando esclarecer de melhor forma a como o cultivo desse grão tornou-se importante
para a economia do país, principalmente da região de estudo, Ponta Porã/MS.
2.1. Agronegócio
Como já observado, o agronegócio surgiu a cerca de 60 anos atrás com dois
pesquisadores de Havard, onde os mesmo o definiram como um conjunto de operações de
produção e distribuição de suprimentos agrícolas, envolvendo o armazenamento,
processamento e a distribuição de itens produzidos através dos produtos agrícolas. A
agricultura não pode ser tratada de forma impar, quando se fala em produção. Existe uma
rede de atividades para o cultivo de uma lavoura, podendo ser classificada como plantio,
cultivo, colheita, transformação, armazenagem e distribuição.
Segundo Batalha (2001), o Brasil dispõe de cerca de 4,9 milhões de
estabelecimentos rurais, onde 64% pertencem à agricultura tradicional utilizando pouca
tecnologia. Mostra-se evidente que o agronegócio dentro do Brasil ainda caminha devagar,
fato que se deve à resistência do produtor à adoção de medidas tecnológicas em seus
empreendimentos rurais, deixando de lado o conjunto de operações que envolvem o
agronegócio.
O cenário do agronegócio dentro do Brasil está em vigente crescimento, mas ainda
esbarra no ―cultivo tradicional‖, onde pequenos produtores rurais preferem ter todo controle
centralizado. Todo controle da produção se concentra em uma cardeneta de anotações ou até
mesmo em sua própria cabeça. Batalha (2001) afirma que, a implementação de um sistema
ou programa de gestão rural fica em segundo plano, pois o produtor rural prioriza o
investimento na lavoura, dificultando a administração da produção. Em contrapartida as
altas exigências dos compradores de certos produtores como soja, tem feito com que os
produtores rurais tomem decisões acerca da tecnologia em beneficio da produção do grão,
aumentando a competividade do soja, beneficiando os grandes produtores rurais, que já tem
uma abertura maior para as diversas ferramentas do agronegócio.
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
Atualmente, o estado do Mato Grosso do Sul vem ganhando destaque no que tange o
agronegócio, segundo a FAMASUL (2015), o estado está entre os cinco maiores produtores
de grãos do Brasil, o setor nos últimos anos, vem impulsionando as exportações, tendo a
participação de 44% em 2014 e responsável por até 37% na geração de emprego do mesmo
ano. Nota-se que o esforço dos produtores rurais não está sendo em vão, pois muitos
benefícios acarretam o sucesso do plantio. É importante ressaltar que, a área de cultivo de
soja no Mato Grosso do Sul é de cerca de 161.040 (cento e sessenta e mil e quarenta)
hectares. Este fato provavelmente se deve aos fatores que impulsionam o agronegócio no
estado, como condições climáticas, solo fértil e plano, entre outros (MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA), compreende-se então a importância do agronegócio para o cultivo
agrícola do estado, principalmente no que se diz respeito sobre a agricultura familiar,
atualmente ela é responsável por 70% dos alimentos consumidos. Fava Neves (2012),
afirma que o Mato Grosso do Sul tem esse melhor posicionamento por ser um estado com
muitas terras e pouca gente, isso contribui para economia do estado, evitando um
endividamento elevado.
Logo se nota a importância do agronegócio para o Brasil, um segmento
relativamente novo que está causando grande impacto econômico com geração de
empregos, importação e exportação, aquecendo o comércio brasileiro. Contudo, a gestão do
agronegócio parece não ter chegado às propriedades rurais, onde justamente acontece a
principal parte de toda cadeia produtiva: o cultivo do grão. Muitos agricultores
desconhecem o agronegócio e não possui ciência de seus benefícios, apesar de estarem
inseridos nesse segmento.
2.2. Sojicultura
A soja teve sua introdução no Brasil, ainda no século XIX através da Bahia, onde
não obteve êxito, segundo Matos (1986) apudFAMASUL, o cultivo do grão se desenvolveu
quase um século depois em São Paulo, por imigrantes japoneses. Em seguida sendo
introduzido na região sul do país, onde obteve o maior desenvolvimento devido ao clima
local.
Conforme a FAMASUL (2015), a soja é a cultura agrícola brasileira que mais se
desenvolveu nos últimos 30 anos e corresponde a 49% da área plantada em grãos do país. O
aumento da produtividade está associado aos avanços tecnológicos, ao manejo e eficiência
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
dos produtores. O grão é componente essencial na fabricação de rações animais e com uso
crescente na alimentação humana encontra-se em franco crescimento. Cultivada
especialmente nas regiões Centro Oeste e Sul do país, a soja se firmou como um dos
produtos mais destacados da agricultura nacional e na balança comercial. Conforme o
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA (2015), a indústria nacional transforma, por ano, cerca
de 30,7 milhões de toneladas de soja, produzindo 5,8 milhões de toneladas de óleo
comestível e 23,5 milhões de toneladas de farelo proteico, contribuindo para a
competitividade nacional na produção de carnes, ovos e leite. Além disso, a soja e o farelo
de soja brasileiro possuem alto teor de proteína e padrão de qualidade Premium, o que
permite sua entrada em mercados altamente exigentes como os da União Européia e do
Japão.
2.3. Produção de Soja
Na década de 80, a produção de soja saiu da região sul e se deslocou para as regiões
Centro-Oeste, Norte e Nordeste, desde então, o cultivo aumentou gradativamente com o
passar dos anos, especialistas afirmam que, o clima e o terreno plano da região CentroOeste tem contribuído para o aumento do cultivo, outro fato relevante é que principalmente
nos estado do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul a expansão do cultivo foi maior, devido
aos preços baixos e o solo fértil, que antes servia apenas de pastagens para gado. Batalha
(2009) afirma que em 2005, os estados do Paraná, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul foram responsáveis por 80% da produção do país.
O Brasil obteve o titulo de líder em produção de soja, conforme a pesquisa de
Nogueira e Batista (2015), a safra 2012/2013 foi considerada recorde com a produção
estimada em 184 milhões de toneladas. Uma pesquisa desenvolvida pela Federação das
Indústrias de São Paulo (Fiesp), garante que com o avanço tecnológico, o Brasil tem
elevado sua produção em ritmo superior ao mundial. De 2006 a 2011, a produção de soja
cresceu a taxa de 6% ao ano, o dobro dos 3% no mundo.
Em 2006 a EMBRAPA divulgou que o Brasil tinha cerca de 90 milhões de hectares
de terra agricultáveis, sendo que 40 milhões de hectares estão no Centro-Oeste, que
poderiam ser usadas para o plantio de soja e que não estavam sendo usadas adequadamente.
Essa afirmação corrobora com a declaração do presidente da Associação Brasileira dos
Produtores de Soja (Aprosoja), Glauber Silveira, onde diz que,
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
O Brasil tem condições de mais que dobrar sua área plantada sem
desmatar novas áreas. Bastaria uma migração de áreas — hoje usadas para
pastagem — para as de cultivo, o que poderia ser feito com o emprego de
tecnologia para elevar a produtividade da pecuária, ainda baixa.
Todas estas pesquisas mostram que, o cultivo de soja tende a crescer cada vez mais,
visto que, a população mundial está em vigente crescimento, principalmente no continente
asiático, notário importador do grão. Mato Grosso do Sul já provou ter muitas vantagens na
produção, terreno plano, clima favorável, solo fértil. Segundo a FAMASUL (2015),
atualmente, o estado é o sexto maior produtor de soja do Brasil e é responsável por mais ou
menos 4 milhões de toneladas, em 1,8 milhões de hectares plantados. Conforme já citado, a
produção de soja no estado começou na década de 80, desde então, a produção cresceu
cerca de 250%. Parte dessa produção encontra-se na cidade de Ponta Porã, região sul do
estado que desde a década de 70 cultiva o grão, após a crise do cultivo da erva-mate que
entrou em declínio segundo Coronel et al (2007). Terras ociosas e com preço baixo,
contribuiu para que agricultores do Paraná e Rio Grande do Sul investissem na produção de
soja na região de Ponta Porã.
Segundo IBGE (2013) a produção de soja em Ponta Porã atingiu um patamar de
160.100ha, três anos atrás, entrou para o ranking nacional das 20 cidades com maior
produção em área. Em valores monetários foram totalizado no ano de 2013 cerca de R$
360.075,00.
Estes números apontam a importância do cultivo do grão para a região, pois além do
valor obtido com a venda, há também a geração de empregos diretos e indiretos gerado com
a produção.
2.4. Comercialização de Soja
A comercialização é um intercâmbio econômico entre produtores e consumidores
que envolvem bens e/ou serviços. E é com esta definição que podemos observar como se da
à comercialização de soja no Brasil, entretanto antes de chegar às mãos dos consumidores
finais, a soja e seus derivados são comercializados de inúmeras maneiras até a originação do
produto final.
O ato de comprar e vender grãos envolve uma serie de mecanismos, dentro desse
meio existem diversos riscos, que podem prejudicar tanto o sojicultor como o comprador. A
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
soja entra nessa comercialização como commodities, uma qualificação que determina o
produto através de três requisitos básicos segundo Batalha (2009). Estes requisitos são
descritos como sendo: - Padronização em um contexto de comércio internacional; Possibilidade de entrega nas datas acordadas entre comprador e vendedor; - Possibilidade de
armazenagem ou de venda em unidades padronizadas.
A comercialização de soja tem crescido a cada ano, pois a produção aumenta todo
ano. Para ser comercializada, ainda conforme Batalha (2009), existem alguns mercados
especializados, os mais tradicionais são: Mercado a termo, caracterizado por uma venda
direta, com um contrato bem detalhado entre as partes, onde são pautadas condições como a
data e o local de entrega, meio de transporte e forma de pagamento, os contratos são
variáveis e bastante flexíveis, normalmente este tipo de venda é realizado entre produtor e
cooperativas.
Um fato interessante sobre o mercado a termo, ocorreu nos 80 quando surgiu a ―soja
verde‖, tratava-se da venda da soja antes mesmo da colheita, por um preço bem abaixo do
oficial. Apesar das vantagens como pagamento antecipado, o risco de quebra de contrato era
grande, podendo causar prejuízos a ambas as partes. (Batalha 2009)
Outro mercado comum de comercialização de grãos, é o Mercado de Futuros ou
bolsa de valores, não é o tipo de transação que os agricultores fazem, mas os corretores de
cereais e cooperativas que negociam. São transações padronizadas e simplificadas que
obedecem a três regras básicas, data e local de entrega e objeto de transação (Batalha 2009).
Segundo a FAMASUL (2015), os agricultores da região do Mato Grosso do Sul,
comercializam seus grãos de forma direta (Mercado de Termo) como, por exemplo, nas
cooperativas, como Coamo e LAR, em torno de 60% da produção. Isso se deve ao fato de
que a cooperativa faz o pagamento imediatamente enquanto as corretoras cerealistas
necessitam de um prazo de até 30 dias para a liquidação.
2.5. Propriedades Rurais de Ponta Porã
Segundo a LEI Nº 4.504, DE 30 DE NOVEMBRO DE 1964 que Dispõe sobre o
Estatuto da Terra, caracterizam as propriedades rurais em quatro níveis segundo suas
dimensões, sendo elas: Reforma agrária- o conjunto de medidas em que visem a promover
melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de
atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.Módulo rural-
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
consiste, em linhas gerais, na menor unidade de terra onde uma família possa se sustentar
ou, como define a lei: absorvem-lhes toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência
e o progresso social e econômico - e cujas dimensões, variáveis consoante diversos fatores
(localização, tipo do solo, topografia, etc.), são determinadas por órgãos oficiais. Por estes
critérios, uma área de várzea de meio hectare que venha ser produtiva pode configurar, em
tese, um módulo rural.Minifúndio-
Uma propriedade de terra cujas dimensões não
totalizam o mínimo para configurar um módulo rural de 0.2ha. Latifúndio- propriedades
que excedam a 600 módulos rurais ou 300 ha.
Entretanto, conforme ainda esclarecido pelo Foco Rural (2013), as propriedades
podem ser classificadas como ―rancho, chácara, sitio e fazenda‖. Onde pode-se definir como
– Rancho: uma propriedade rural próxima a um rio ou lago que não possui atividades
comercial. – Chácara: uma propriedade rural pequena com o máximo de 12 hectares . –
Sitio: Propriedade que possui entre 12 e 96 hectares. –Fazenda: Modulo rural acima de 96
hectares. Deste modo o presente estudo será realizado em propriedades rurais latifundiárias
com mais 1000ha.
3. METODOLOGIA
Este capítulo irá abordar tópicos referentes à metodologia aplicada para a realização
da pesquisa, onde será descrita que tipo de pesquisa será utilizada no estudo, bem como a
descrição da coleta e análise de dados.
3.1. Caracterização da Pesquisa
A presente pesquisa será de caráter bibliográfico, onde inicialmente será realizado
estudo em artigos e livros já publicados que possam colaborar de forma positiva e efetiva
para este estudo. Segundo Gil (2008), uma pesquisa bibliográfica é um conjunto de fatos
desenvolvido através de estudos já elaborados, como artigos científicos, livros, etc.
A pesquisa bibliográfica auxilia o acadêmico a outorgar maior veracidade ao seu
estudo, pois a fundamentação teórica serve como um alicerce para que a pesquisa tenha
autenticidade. Para tanto, se faz necessário à realização da coleta de dados, caracterizando a
pesquisa como qualitativa e descritiva, onde Neves (1996), afirma que estes devem obter
informações descritas de forma analítica. Após a coleta de dados, o pesquisador deve
quantificá-los e qualificá-los, demonstrando a opinião da amostra pesquisada e analisando
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
as respostas do mesmo a fim de encontrar resultados para seu estudo. Já a pesquisa
quantitativa, ainda segundo Neves (1996), visa quantificar uma amostra de pessoas de uma
determinada população que possuem as mesmas características. Normalmente usada para
avaliar opiniões, preferências ou atitudes de uma população escolhida. Sendo assim, para
realizar um estudo desse cunho, o pesquisador deve desenvolver e aplicar um questionário
que pode ser aberto ou fechado, depois da coletada de dados, estes devem ser tabulados e
analisados.
Para que haja um resultado efetivo e comprobatório, pode ser realizado um estudo
de campo. Gil (2008) caracteriza o estudo de campo como uma pesquisa desenvolvida
através de observação direta por parte do pesquisador. O estudo de campo busca
informações de um determinado grupo, região ou comunidade, estas informações podem ser
obtidas por meio de entrevistas, questionários fechados ou filmagens. Ou seja, é um
levantamento de dados que concedem ao pesquisador informações relevante. Para Neves
(1996), o estudo de campo tem natureza quantitativa ou qualitativa. Portanto, o presente
estudo trata-se de um estudo de campo quanti-qualitativo com predominância qualitativa.
3.2. Coleta de Dados
A pesquisa será realizada com sojicultores latifundiários da região de Ponta Porã que
possuem módulo rural produzindo de um mil hectares a duas mil hectares por safra, onde
será aplicado um questionário com cerca de 15 (quinze) questões de múltiplas escolhas com
indagações sobre as dificuldades de produção da safra de 2014.
A coleta será realizada diretamente com os agricultores, em encontros que
acontecem frequentemente, promovidos pelas empresas rurais de Ponta Porã e se necessário
em suas propriedades rurais.
3.3. Análise e tratamento de dados
Após aplicação dos questionários, os dados coletados serão evidenciados em forma
de tópicos, elas representaram as principais preocupações conforme o relato dos produtores
rurais.
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
4. ANÁLISE DE RESULTADOS
De acordo com que foi analisado, pode-se verificar que as maiores dificuldades
encontradas pelos agricultores dizem respeito:
a)
Logística de transporte de grãos;
 Uma das soluções existentes para os problemas de logística é o que o
governo já vem realizando ao longo dos anos, que seria a privatização das malhas
viárias para sua maior conservação e ampliação, entretanto essa privatização gera
mais custos aos freteiros que realizam o transporte, encarecendo o valor do frete
aplicado ao produtor rural.
 Outra solução seria redes de intermodais, revitalizando e utilizando em
grande escala as ferrovias e se possível às hidrovias também a partir do programa
PPPs
(Parceria
Público-Privado),
assim,
as
concentrações
de
veículos
transportadores de grão seriam menores nas rodovias.
 Implantação de rodoanéis ou arcoanéis nas principais cidades produtoras de
grãos como em Ponta Porã, esta solução já foi implantada, porém, a obra está
inacabada.
 Realizar a reorganização dos portos para o recebimento e escoamento dos
grãos.
 Regulamentar e fiscalizar adequadamente os motoristas e veículos que
realizam o transporte de produção agrícola.
 Para o produtor rural é interessante que ele faça um planejamento de
logística relacionando o tempo de descarregamento por transporte com a quantidade
produzida, assim o a quantidade de transporte não seria insuficiente e não haveria
tanta lentidão no desembarque dos grãos.
b) Falta de infraestrutura das cooperativas e sementeiras;
 Uma solução alternativa para suprir a deficiência de unidades armazenadoras
pode ser o silo bolsa, equipamento de amplo uso na Argentina e de custo
relativamente menor frente às construções fixas. No Brasil, seu uso é limitado pelas
exigências de termometria e aeração para a guarda de produtos agrícolas in natura.
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
 Outra alternativa para os grandes produtores é o investimento coletivo de
todos os produtores para a construção de silos, feito através do Plano Nacional de
Armazenagem concedido pelo governo, podendo ser usado pelos mesmos em forma
de associação conforme o valor integrado.
 O Governo Federal, através do Ministério da Agricultura, já criou em várias
ocasiões, planos de incentivo à construção de silos e armazéns para sacaria, mas,
muitas vezes, essas instalações foram construídas de maneira imprópria ou também
construía-se um
armazém,
quando o mais
necessário
seriam
silos
de
armazenagem. Portanto, os planos de incentivo a construção devem ser realizados
com maior prudência para que não haja inconvenientes futuramente, pois isto
poderá causar danos quantitativos e qualitativos no grão. O escopo da construção
deve ser devidamente elaborado e controlado por especialistas.
 O rápido embarque de soja com encurtamento do canal de comercialização
reduz a pressão sobre a capacidade estática de armazenagem, entretanto, para que
isso ocorra, as cooperativas devem operar com um planejamento controlado de
escoamento.
c)
Mão de obra qualificada

Em caso de contratação, o ideal para um agricultor é obter auxílio de
um profissional em Relações Humanas para realizar o recrutamento, seleção e
contratação de funcionários com habilidade em tarefas rurais, habilidade em operar
maquinas pesadas, etc.

Uma solução existente para a falta de mão de obra qualificada é o
treinamento contínuo que algumas empresas promovem para melhorar a
capacitação dos trabalhadores rurais.

Produtores rurais poderiam incentivar os trabalhadores a continuar os
estudos e fazer cursos profissionalizantes.

Remuneração adequada.

Plano de carreira para os trabalhadores.
5. CONSIDEIRAÇOES FINAIS
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
Em relação à logística de transporte, infelizmente é um problema que ocorre em
toda parte do país, não há um órgão especifico e eficaz e que regularize os transportes
agrícolas o que acaba gerando uma alta competitividade entre essa classe trabalhista. Pois,
acaba que aqueles que não possuem qualificação para transporte agrícola ou seus veículos
estão em condições inadequadas, estes oferecem o frete do transporte mais barato, esse tipo
de transporte pode avariar a carga, comprometendo a qualidade do grão. Outro problema
relacionado à logística é a má conservação das rodovias e estradas vicinais, o trafego
aumentou e a malha viária não expandiu, não existe manutenção adequada tornando as
estradas precárias para o escoamento da safra. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul possuem
a maior produção de soja da região centro-sul do país, e mesmo assim, a forma de
escoamento da safra é realizada de forma inadequada, sem planejamento ou um controle
assíduo.
Quanto à infraestrutura das cooperativas e sementeiras, novamente entra em questão
a falta de planejamento por parte dos administradores das cooperativas, uma região como
Ponta Porã/MS que possui cerca de 160mil hectares agricultáveis e a cada ano sua produção
supera a safra anterior, deveria ter mais atenção dos órgãos responsáveis pelo aumento e
introdução de novas tecnologias para que as cooperativas e sementeiras privadas possam ter
condições de aumentar sua infraestrutura a fim de oferecer maior qualidade e rapidez ao
armazenar um grão que atualmente ascende uma importância excepcional abastecendo e
alimentando países do continente asiático. A qualidade de armazenagem dos grãos é uma
preocupação crescente no país, pois, para que as exportações sejam aumentadas, o país
deve-se adequar aos padrões internacionais de qualidade, o que já vem sendo feito por
grandes e médios produtores agrícolas em todo o Brasil.
A mão de obra qualificada é fator agravante em todos os setores de mercado, este
problema deriva da falta de um ensino de qualidade oferecido pela União e que a cada dia
os números crescem mais, no setor agrícola a situação é ainda pior, a mão de obra
encontrada é empírica, vinda de gerações passadas. Os profissionais do campo devem
acompanhar a tecnologia cada vez mais presente no meio agrícola, as máquinas estão cada
vez mais modernas, sendo operada por GPS, tablets, etc. Um motorista, por exemplo, deve
estar atento aos novos métodos de operação para que não percam seu emprego. Apesar de
todo crescimento econômico de Ponta Porã/MS, pouco se vê a oferta de cursos
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
profissionalizantes para àqueles que vivem do campo. Atualmente foi implantando na
região um Instituto Federal de cursos técnicos, o que deverá ser uma excelente
oportunidade para os lavradores se capacitarem e assim melhorar o rendimento da produção
de soja.
É explicito a necessidade que um agricultor possui em realizar um planejamento
adequado se sua produção gerir uma fazenda com dezenas de funcionários e que pode
produzir até 3000 kg de soja por hectare segundo Embrapa (2014) a um valor de venda
cotado a R$ 70,00 gera uma receita de R$ 7.000.000,00, requer a mesma habilidade que
gerir uma organização de grande porte. Para que não haja surpresas ou insatisfações na
tomada de decisão se faz necessária a presença de um gestor de produção licenciado frente
às negociações que o agronegócio envolve.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATALHA, Mário Otávio (Coord.). Gestão agroindustrial: GEPAI. 2 ed. São Paulo:
Atlas, 2001.
BATALHA, Mário Otávio; SOUZA FILHO, Hildo Meirelles de. Agronegócio no
Mercosul: uma agenda para o desenvolvimento. São Paulo: Atlas, 2009.
CORONEL et al,Coronel, Daniel Arruda; Alves,Fabiano Dutra; Santos, Nilton Pires dos. A
Competitividade da produção de soja no Mato Grosso Do Sul e na Região de Ponta Porã:
Uma Aabordagem Através das Vantagens Comparativas. SOBER - Sociedade Brasileira
de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2007.
FAMASUL, Federação da Agricultura e Pecuária de Mato
http://famasul.com.br/artigos_interna/o-agronegocio-como-foco-docrescimentoeconomico/33353/acessado em 06 de abril de 2015.
Grosso
do
Sul.
FAVA NEVES,Marcos. MS é um dos estados que maiscrescem no agronegócio, (2012)
http://www.campograndenews.com.br/rural/ms-e-um-dos-estados-quemais-crescem-noagronegocio-diz-pesquisador-da-uspacessado em 06 de abril de 2015.
FOCO RURAL,Diferenças entre chácaras, sítios e fazendas – publicado em 25 de
Outubro
de
2013
http://www.focorural.com/detalhes/n/n/2400/45/Rancho_chacara_sitio_fazenda.html
acessado em 21 de junho de 2015
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.http://www.cidades.ibge.gov.br/.
Acessado em 08 d e abril de 2013.
NEVES, José Luis. Pesquisa Qualitativa –Características, usos e possibilidades.
Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, V.1, Nº 3 /1996
NOGUEIRA, Danielle; BATISTA, Henrique Gomes Brasil. Uma potência da soja de
mãos atadas. De 22/04/2013. http://oglobo.globo.com/economia/brasil-uma-potencia-dasoja-demaos-atadas-8188599- Acessado em 06 de abril de 2015.
Revista Magsul de Administração e Contabilidade, Faculdades Magsul, v. 1, n. 1, p.62-76, Dez. 2016
Download