MEDIDAS PARA O CONTROLE DE PRAGAS DA GOIABEIRA

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Informações tecnológicas, manejo adotado pelos produtores e sugestões de Mauricio Dominguez Nasser; Flávia
Aparecida de Carvalho Mariano
medidas para o controle das pragas da goiabeira 2013(E)
INFORMAÇÕES TECNOLÓGICAS, MANEJO INTEGRADO DE
PRAGAS ADOTADO PELOS PRODUTORES E SUGESTÕES DE
MEDIDAS PARA O CONTROLE DE PRAGAS DA
GOIABEIRA (Psidium guajava)
MAURICIO DOMINGUEZ NASSER1
FLÁVIA APARECIDA DE CARVALHO MARIANO2
RESUMO
Apesar do cultivo da goiabeira ser rústico, esta frutífera pode ser atacada por pragas em todas
as fases de seu crescimento e desenvolvimento, resultando em danos nos frutos, folhas, ramos
e tronco, e tornando-se impraticável colher frutos de qualidade sem um controle contínuo numa
área de cultivo. O propósito deste trabalho é fornecer informações obtidas da literatura técnicocientífica, além do manejo atual adotado por produtores da região do oeste paulista, e ainda
sugerir medidas de controle para as pragas da cultura da goiaba, que tem alta importância
sócioeconômica nacional e mundial
Palavras-chave: Psidium guajava L., pragas, controle.
ABSTRACT
Despite the guava plantation be rustic, this fruit can be attacked by pests in all stages of their
growth and development, resulting in damage to the fruit, leaves, branches and trunk, and
becoming impractical spoon fruit quality without continuous control an area of cultivation. The
purpose of this paper is to provide information obtained from scientific and technical literature,
beyond the current management adopted by producers in the region west of Sao Paulo, and
also suggest measures to control the pests of guava has high socio-economic importance
nationally and globally .
Keywords: Psidium guajava L., propagation, rootstocks.
1
Pesquisador Científico APTA Regional Alta Paulista-Adamantina/SP, e Mestrando em AgronomiaSistemas de Produção – UNESP Ilha Solteira;
2
a
Eng. Agr , M. Sc. Doutoranda em Agronomia – Sistemas de Produção-UNESP Ilha Solteira, e Bolsista
FAPESP;
Thesis, São Paulo, ano IX, n. 19, p. 63-81, 1° semestre, 2013.
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INTRODUÇÃO
A goiabeira, Psidium guajava L., é planta originária do continente americano,
com centro de origem do México ao Peru, até o Brasil; expandiu-se por regiões tropicais
e subtropicais no mundo pela navegação de portugueses e espanhóis (PEREIRA et al.,
2010), e em função da sua fácil adaptação a diferentes climas e propagação por
semente (GONZAGA NETO, 2007).
É pertencente à família das Myrtaceae e parente do eucalipto; Cid e Carneiro
(2007) consideram a goiaba uma fruta generosa dos pontos de vista nutricional, rica
em sais minerais e vitamina C, e medicinal, por ser usada nas receitas caseiras contra
escorbuto, diarreias e cólon irritável. Segundo o USDA (2012), a goiaba possui na sua
composição 228,3 mg de vitamina C por 100g de polpa.
Tem como origem a América Tropical; Manica et al. (2000) relataram que a
planta está presente e produzindo frutos na África do Sul, Angola, Antilhas, Argélia,
Argentina, Austrália, Brasil, Ceilão, China, Colômbia, Congo, Costa do Marfim, Costa
Rica, Egito, Espanha, Estados Unidos (Califórnia, Flórida, Havaí), França, Índia,
Indochina, Indonésia, Itália, Jamaica, Madagascar, Marrocos, México, Nova Zelândia,
Panamá, Paquistão, Peru, Porto Rico, Quênia, República Dominicana, Senegal, Taiti e
Venezuela.
No cenário mundial, além do Brasil, destacam-se como principais produtores a
Índia, Paquistão, México, Egito, Venezuela, África do Sul, Jamaica, Quênia e Austrália
(GONZAGA NETO, 2007).
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Embora o volume exportado seja insignificante, é bom lembrar que o Brasil já
praticou a exportação de goiaba para consumo in natura, para países como França,
Grã-Bretanha, Estados Unidos e Argentina (GONZAGA NETO, 2007).
Manica et al. (2000) observaram que outros países, como Portugal, Itália,
França e Espanha, também importaram goiaba brasileira para consumo ao natural, mas
essa importação apresentou sempre uma tendência de queda no período de 1992 a
1996. E para os produtos industriais, os autores mencionam que há um mercado para
diversos países, com destaque para Porto Rico, Estados Unidos e Portugal.
O Brasil é considerado o maior produtor de goiabas vermelhas com 316.363
toneladas em 15.375 ha (IBGE, 2010), distribuídas por todo país, mas principalmente
nos estados de São Paulo, Pernambuco, Pará e Minas Gerais.
Francisco et al. (2010) afirmou que a maior produção brasileira de goiaba está
no estado de São Paulo, sendo 62% em seis municípios, e 85% produzido em três
regiões: Mirandópolis (goiaba do grupo Ogawa - polpa vermelha), Jaboticabal (goiaba
Paluma visando a indústria) e Valinhos (goiaba Kumagai – polpa branca). Em Minas
Gerais as microrregiões de Janaúba (Norte) e Ubá (Zona da Mata) resultam em 33% da
produção de goiaba do Estado (IBGE, 2009).
Apesar da rusticidade da goiabeira, Manica et al. (2000) narraram que a
frutífera pode ser atacada por pragas em todas as fases de seu crescimento e
desenvolvimento, resultando em danos nos frutos, folhas, ramos e tronco, tornando-se
impraticável colher frutos de qualidade sem um controle contínuo numa área de cultivo.
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
De todas as pragas que afetam a cultura da goiaba, Souza Filho e Costa (2003)
citaram as que são estipuladas como pragas-chave:
- Mosca das frutas (Anastrepha spp. e Ceratitis capitata),
- Besouro amarelo (Costalimaita ferruginea vulgata),
- Psilídeo da goiabeira (Trizoida limbata),
- Gorgulho (Conotrachelus psidii),
- Percevejos (Monalonion annulipes, Leptoglossus gonagra, L.
stigma, L. zonatus, L. fasciatus, Holhymenia clavigera).
- Mosca das Frutas
Segundo Araújo e Zucchi (2003), a mosca das frutas pode causar danos de até
70% da produção, além de ser entrave para exportação. Corrêa (2010) alegou que o
inseto pode atacar de 90 a 100% dos frutos se não houver controle. Para GallegosMorales et al. (2009), a Anastrepha striata Schiner é um dos fatores limitantes principais
na produtividade da goiaba.
Os prejuízos são causados diretamente nos frutos, por perfuração quando da
oviposição, e pelas larvas que se desenvolvem no interior, alimentando-se da polpa
(MARTINS et al., 2011). Souza Filho e Costa (2003) citaram que, quando o produtor
utiliza a técnica de ensacamento dos frutos, esta praga deixa de ter importância.
Barbosa et al.(2001) disseram que, para amenizar o problema, podem ser utilizadas
outras técnicas, como a colheita em estádio de vez, a eliminação de frutos caídos ao
solo e o tratamento químico pela aplicação de isca tóxica.
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Morton (1987) considerou a goiaba o hospedeiro principal das moscas da fruta
mediterrânea, oriental, mexicana, caribenha, e do melão: Ceratitis capitata, Dacus
dorsalis, Anastrepha ludens, A. suspensa e Dacus cucurbitae. Os frutos maduros
podem ser encontrados infestados com as larvas e totalmente inutilizáveis, exceto como
alimento para bovinos e suínos. Para evitar danos de mosca da fruta, os frutos devem
ser retirados antes de maturação completa, e isto requer a colheita de pelo menos 3
vezes por semana. O autor complementa relatando que, naquela década, o serviço de
extensão da Cooperativa de Dade County, Flórida, distribuiu vespas que atacavam
larvas e pupas da mosca da fruta do Caribe, o que reduziu pouco essa ameaça.
Corrêa (2010) recomendou que a isca envenenada fosse uma combinação de
inseticidas com melaço e aplicada em benzedura, ou pulverizações em área total com
fention (Lebaycid® 500) quando os frutos estão verdes, suspendendo as aplicações 30
dias antes da colheita, e também o uso de triclorfon (Dipterex® 500). Ambos são
inseticidas organofosforados.
Sobre a ação de parasitoides, Thomazini & Albuquerque (2009) relataram a
ocorrência de Doryctobracon areolatus em Anastrepha obliqua presentes em frutos de
goiaba (Psidium guajava L.) com parasitismo de 2,7%. E conforme Canal & Zucchi,
(2000) os braconídeos são de ocorrência comum no Brasil.
Com objetivo de conhecer espécies de parasitóides associados às pupas de
Anastrepha sp. em cultivos de goiabeira no município de Lavras- MG, Costa et al.,
(2007) constataram o parasitismo pelos inimigos naturais Aganaspis pelleranoi
(10,53%) e Dicerataspis sp. (9,47%).
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Em termos genéticos, Raga et al. (2006) demonstraram que os genótipos `L2P4
Vermelha´,
`Ruby´,
`Suppreme´
e
`Webber
Suppreme`
apresentaram
menor
susceptibilidade em termos de produção de pupários de Anastrepha spp. por fruto de
goiaba.
- Besouro Amarelo
O besouro amarelo é pequeno, de comprimento médio de 0,5 cm e cor creme e
ataca preferencialmente as folhas novas, deixando-as praticamente sem o limbo,
afetando o processo da fotossíntese (MARTINS et al., 2011). Manica et al. (2001)
recomendaram inseticidas de contato e ingestão para o controle, obedecendo ao
período de carência e não utilizando esse controle na época de colheita.
Morton (1987) descreveu o besouro amarelo se alimentando de frutos, mas o
ensacamento dos mesmos controla esse ataque. Corrêa (2010) relatou que a maior
ocorrência no estado de São Paulo ocorre de setembro a março. O nível de ação de
controle será atingido quando 20% das plantas monitoradas estiverem infestadas. Por
se tratar de uma praga que normalmente vem de fora do pomar, a inspeção deverá ser
realizada de preferência na sua periferia, considerando as três primeiras plantas ou
linhas do talhão. Como manejo cultural, o autor recomenda observar na implantação de
novos pomares a presença de culturas altamente atrativas pela praga, como é o caso
do eucalipto, e manter o solo com vegetação para não favorecer o ciclo biológico do
inseto, e beneficiar a atividade de possíveis inimigos naturais. Para o controle químico
são indicados inseticidas fosforados e carbamatos.
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Com relação ao controle biológico, Manica et al. (2000) registraram presença de
Supputius cincticeps (Stal, 1860), predando Costalimaita ferruginea vulgata no Estado
do Rio Grande do Sul.
- Psilídeo da goiabeira
Pequeno inseto sugador que ataca as folhas novas, sendo o período crítico
considerado do surgimento das brotações ao início do desenvolvimento dos frutos
(SOUZA FILHO ; COSTA, 2003).
Ao sugarem as folhas, os insetos injetam toxinas que provocam o enrolamento
das bordas, deformando-as. Estas folhas amarelecem e ficam com aspecto necrosado
(BARBOSA et al., 2001).
Pazini e Galli (2011) argumentaram que o prejuízo provocado pelo psilídeo na
folha da goiabeira está diretamente relacionado com sua densidade populacional e o
estado fisiológico da planta. A maior injúria acontece quando coincide alta população de
psilídeos com goiabeiras lançando vegetação nova com algum tipo de estresse, como,
por exemplo, falta temporária de água. Neste caso, as folhas novas se enrolam
totalmente, inviabilizando o ramo.
Para o monitoramento, os mesmos autores sugerem que a população dessa
praga deve ser acompanhada semanalmente, talhão por talhão, através da coleta de
folhas novas nas plantas. Cada folha deve ser retirada dos dois últimos pares,
localizados no ramo superior da copa. Avalia-se o número de folhas sadias e o número
de folhas com presença de ninfas vivas, com o auxilio de lupa de 10 vezes de aumento,
para obter a percentagem de infestação.
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O inseticida deve ser aplicado imediatamente após a infestação atingir 30% das
folhas com ninfas vivas. A pulverização será feita somente no talhão que atingir a
infestação mencionada.
O controle biológico natural do psilídeo é realizado por joaninhas, aracnídeos,
crisopídeos, sinferobídeos, sirfídeos, tacnídeos, estafilinídeos, nabídeos, moscas
cecidomídeas, microhimenópteros calcidídeos e encirtídeos.
Pazini e Galli (2011) afirmaram que o único inseticida registrado para controle
de psilídeo T. libata é o imidacloprid (Provado 200 SC). Com a adoção do
monitoramento de T. limbata e aplicação no nível de infestação, é possível diminuir o
número de aplicações (feitas através de calendário programado) e utilizar inseticidas
menos agressivos ao meio ambiente e ao homem.
Barbosa et al. 2001 encontraram valor de 88,9% de eficiência no controle de
psilídeo após 55 dias da aplicação de Imidacloprid 200 SC.
Com relação a hospedeiros alternativos, Corrêa (2010) desconheceu relatos de
ocorrência desta praga em outra cultura e observou que as condições favoráveis para o
inseto são temperaturas elevadas associadas com alto índice pluviométrico.
Como manejo cultural, o solo deve ser mantido constantemente vegetado,
sendo o manejo das plantas infestantes feito por meio de podas a fim de permitir a
manutenção da fauna de inimigos naturais; a adubação nitrogenada deverá ser feita
com cuidado para evitar a brotação excessiva da planta, o que favoreceria a sua
colonização pela praga; na cultura da goiaba não deverão ser utilizados inseticidas
piretroides por causarem desequilíbrios biológicos, favorecendo a incidência desta
praga (CORRÊA, 2010).
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Pereira (1995) sugeriu utilizar pulverizações com inseticidas organofosforados
ou carbamatos no caso da necessidade do controle químico.
- Gorgulho
O gorgulho é um pequeno besouro de coloração escura; Martins et al. (2011)
citaram que a larva é bastante distinta da larva da mosca das frutas por ser maior e ter
a cabeça negra. A fêmea do gorgulho realiza a oviposição em frutos ainda verdes,
sendo que o tecido no local não acompanha o desenvolvimento do restante do fruto,
ficando deprimido e escuro e com aspecto típico (PEREIRA, 1995).
Corrêa (2010) descreveu que os frutos atacados apodrecem e caem, ocorrendo
danos em 80 a 90% dos frutos, e que outras goiabeiras e araçazeiros são hospedeiros
alternativos. Como condição favorável à praga, o autor afirmou que deve haver
umidade no solo para que aconteça a emergência do adulto.
O período crítico do ataque é durante o estádio de chumbinho até que os frutos
atinjam 2 a 3 cm de diâmetro e coincide com a época quente e chuvosa. O
monitoramento deve ser semanal e no mínimo em 20 plantas por talhão, sendo o nível
de ação com 20% da amostra infestada (CORRÊA, 2010).
Como controle, Barbosa et al. (2001) indicaram o ensacamento dos frutos ou
pulverizações com inseticidas organofosforados a partir de quando os frutos atingirem o
tamanho de uma azeitona.
Lopes (2009) alegou que o fato da praga possuir uma etapa de seu ciclo de
vida no solo favorece o controle por nematoides entomopatogênicos. E em testes
preliminares, alguns heterorabditídeos mostraram-se promissores para o controle do
gorgulho (DOLINSKI et al., 2006).
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A partir desses estudos, Lopes 2009 reportou que pequenos produtores de
goiaba no Rio de Janeiro passaram a utilizar uma combinação de diferentes métodos
de controle. Os nematoides produzidos pelos próprios agricultores são aplicados na
forma de cadáveres infectados. Além disso, os produtores fazem controle cultural
retirando os frutos com marcas de ataque do inseto que possuem larvas no seu interior,
reduzindo a população do ano seguinte.
Dolinski (2006) citou que o óleo de nim é aplicado como inseticida alternativo
contra adultos e a torta de nim contra as larvas no solo, e que, eliminando-se os
inseticidas tradicionais, estas estratégias têm efetivamente reduzido os custos de
produção.
- Percevejos
Segundo Corrêa (2010), os percevejos aparecem na maioria das frutíferas,
além de atacarem milho, cucurbitáceas, mamoneira, algodoeiro e girassol. Algumas
espécies têm bastante afinidade com plantas daninhas, como é o caso do melão-desão-caetano (Mormodica charantia), hospedeiro clássico de L. gonagra; guanxuma
(Sida sp.), de L. zonatus; mussambê (Cleome sp.), de L. gonagra, etc.
Na goiabeira, Martins et al. (2011) citaram que os percevejos atacam os botões
florais e frutos em todos os estádios de desenvolvimento, os quais caem. Os frutos mais
desenvolvidos ficam, no local do ataque com o tecido endurecido (PEREIRA, 1995).
As condições favoráveis, conforme Corrêa (2010) são altas temperaturas e no
período de novembro a abril (época chuvosa).O período crítico para a praga atacar
prolonga-se da fase de formação do botão floral até a colheita. No monitoramento e
nível de ação para controle utiliza-se mecanismo igual ao utilizado no gorgulho.
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O controle químico pode ser feito com inseticidas fosforados não sistêmicos, e
os produtos indicados para besouro amarelo, mosca das frutas e gorgulho promovem
bom controle desta praga (BARBOSA et al., 2001).
Martins et al. (2011) recomendaram como medida de controle a eliminação de
plantas que sejam hospedeiras. E Corrêa (2010), a eliminação de frutos pequenos que
apresentarem sintomas de ataque no momento do raleio dos frutos.
- Nematoides
Estimativas de Pereira et al. (2009) no perímetro irrigado de Pernambuco e
Bahia, apontaram que os prejuízos diretos causados pelo nematoide somaram R$
112,7 milhões, além da dispensa de 3.703 postos de trabalho e prejuízos a jusante e a
montante da propriedade produtora de goiabas.
Segundo Almeida (2011), esses relatos evidenciam o forte impacto econômico
e social causado pelo nematoide na produção da goiabeira sobretudo pelo fato de que
essa frutífera, por ser uma planta nativa da América do Sul, já está adaptada aos
nossos solos e clima e por isso tem uma relação custo de produção/produção menor
que outras frutíferas como uva e manga. Nesse contexto, produtores menos
capitalizados que optaram pelo cultivo da goiabeira, inviabilizada devido ao ataque do
nematoide, ficaram sem alternativa, criando forte impacto social naquela região.
Foi observado em pomares de goiabeira por Souza et al. (2006), no estado do
Rio de Janeiro, que, em plantas sob o mesmo manejo, aquelas atacadas por
nematoides de galhas produziram, em duas safras, 30% menos que plantas sadias.
O parasitismo do sistema radicular da goiabeira pelo Meloidogyne mayaguensis
tem como sintoma uma deficiência mineral generalizada por causa da formação de
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galhas nas raízes, o que acarreta na morte dos tecidos, e assim desenvolve-se um
declínio generalizado, que pode ocasionar a morte da planta além da predisposição a
patógenos secundários (MARTINS et al., 2011).
Almeida et al. (2011) apontaram 14 municípios do estado de São Paulo com
infestação do nematóide de galhas da goiabeira (Meloidogyne enterolobii Yang &
Eisenback). Acrescenta-se que o conhecimento das áreas de ocorrência de um
patógeno permite a aplicação de medidas preventivas de controle, como, por exemplo,
o translado de máquinas e implementos, assim como a tomada de decisão da cultura a
ser implantada naquela região, com base na sua suscetibilidade ao patógeno.
Considerando a perspectiva de manejo integrado dessa praga, Corrêa (2010)
citou que uma das alternativas de controle é o uso de fungos que parasitam ovos.
Esses fungos podem ser facilmente produzidos in vitro e, em certos casos, colonizam a
rizosfera, sem causar prejuízo para as raízes das plantas.
Carneiro et al. (2007) apontaram a possibilidade do uso de porta-enxertos
resistentes e encontraram resultado ao enxertarem goiabeira Paluma em porta-enxertos
de Psidium friedrichsthalianium e P. cattleyanum, considerados resistentes.
Como não existe qualquer tipo de controle que seja eficiente para o problema, a
adoção da rotação de cultura com milho e Crotalaria spectabilis, que se mostra
resistente ao nematoide, deve ser considerada (GUIMARÃES et al., 2003).
Sobre outras pragas da goiabeira, Morton (1987) noticiou a presença de
Brevipalpus californicus danificando pomares de goiaba no Egito; e em Porto Rico,
ataque da cochonilha do coco, Pseudococcus nipae, causando prejuízos significativos,
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mas que foi combatida com eficiência através de seu inimigo natural Pseudaphycus
utilis.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
- Manejo adotado pelos produtores de goiaba
Os produtores adotam o ensacamento dos frutos para proteção de ataques de
mosca das frutas (Ceratitis capitata e Anastrepha sp.), gorgulho (Conotrachelus psidii),
e da escaldadura promovida pelo Sol da tarde que incide nas goiabeiras e que pode
depreciar a qualidade do fruto que quando protegido dessa forma uniformiza sua
coloração.
No caso de controle de besouro amarelo (Costalimaita ferruginea vulgata), a
própria poda de produção realizada após a colheita elimina as folhas atacadas, e nos
frutos o ensacamento protege do ataque. Para o gorgulho (Conotrachelus psidii), utilizase o Inseticida Folidol®.
Para controle de besouro amarelo, o produtor utiliza o inseticida Provado®, que
também é indicado para o Psilídeo que estava muito presente na área. Além desses,
utiliza Conect® e de preferência produtos com baixo período de carência.
Ainda para gorgulho e mosca das frutas são realizadas pulverizações a cada 10
dias, segundo relatos de um produtor de Mariápolis.
Pereira et al. (2010) afirmaram que o desenvolvimento da poda drástica da
goiaba propiciou a produção em diferentes épocas, mas também favoreceu controle
das moléstias e pragas da goiabeira.
- Sugestões de medidas para o manejo de pragas da goiabeira
Em curto prazo pode-se citar a importância da transferência de tecnologia por
parte da pesquisa e extensão junto aos técnicos envolvidos na cadeia de produção de
goiaba, os próprios produtores e até estudantes interessados.
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Essa divulgação teria como objetivo explicar sobre a identificação, manejo das
pragas da goiabeira e divulgação de trabalhos técnico-científicos já comprovados. Esse
trabalho de transmitir o conhecimento poderia ser feito por meio de palestras e visitas
técnicas a campo, exemplificando os desafios e possíveis soluções junto aos
produtores, e a divulgação de resultados de pesquisas.
Em curto prazo também poderiam-se iniciar estudos e coleta de material
genético promissor visando a enxertia em goiabeira para controle de nematoide,
principalmente M. mayaguensis e M. enterolobii, e também de outras pragas chave da
cultura. Além disso, avaliar o controle de pragas da goiabeira através do consórcio com
outras culturas, principalmente em produtores com área de cultivo reduzida.
Em médio prazo, buscar registro de produtos comerciais junto ao Ministério da
Agricultura e pesquisar novos produtos convencionais ou orgânicos que possam servir
para o controle efetivo das pragas da goiaba.
Também exigir das instituições públicas a contratação criteriosa de mais
profissionais comprometidos com a fruticultura tropical e/ou estruturas especializadas
para resultar em trabalhos geradores de tecnologia que promovam desde o
desenvolvimento regional até o federal.
Em longo prazo, apresentar resultados sobre novas variedades que possam ser
tolerantes aos fitonematoides e/ou às demais pragas da goiabeira e com potencial de
produtividade igual ou superior às variedades já cultivadas.
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REFERÊNCIAS
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