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CIÊNCIA EQUATORIAL
Artigo Original
ISSN 2179-9563
Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013
AVALIAÇÃO DAS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS DE UMA UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA DE MACAPÁ – AMAPÁ, BRASIL
Cristiane Mileni Vieira Reis1; Vanize Minuzzi Tamiozzo1; Rubens Alex de Oliveira Menezes,2,3,4; Mauricio Jose
Cordeiro Souza2,3; Flávio Henrique Ferreira Barbosa5; Kaori Kubota6
RESUMO
Este trabalho objetivou avaliar e classificar as potenciais interações medicamentosas (IM) de pacientes atendidos pelo
serviço de farmácia clínica de internados na Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI-AD) do Hospital São Camilo e
São Luís em Macapá – Amapá, no período de outubro a dezembro de 2012, sendo analisadas 46 prescrições médicas,
destas 60,9% eram de pacientes do sexo masculino, tendo sido administrados 833 medicamentos, totalizando 509 IM,
das quais 321 ocorreram nos pacientes do sexo masculino, obtendo-se uma media de 11 IM e de 18 medicamentos por
paciente. De acordo com a severidade, as interações de maior frequência foram de risco moderado com 77,4% e de
risco grave com 12,0%. A angina instável com 42,3% foi a doença de maior prevalência e também a que mais levou a
óbitos 3 de um total de 9. A prescrição médica é um dos fatores capazes de interferir na qualidade e na quantidade dos
medicamentos, sendo o estudo das IM uma importante ferramenta para otimização da farmacoterapia, podendo
contribuir para a segurança, eficácia e qualidade da terapia medicamentosa em UTI.
Palavras-chave: Prescrição Médica, Farmácia Clínica, Medicamentos, Centro de Tratamento Intensivo.
EVALUATION OF DRUG INTERACTIONS OF AN INTENSIVE CARE UNIT OF MACAPÁ AMAPÁ , BRAZIL
ABSTRACT
This study aimed to evaluate and rank potential drug interactions ( MI) of patients enrolled in the clinical pharmacy
service admitted in Adult Intensive Care Unit ( ICU -AD ), Hospital St. Camillus and St. Louis in Macapa - Amapa ,
from October to December 2012 , 46 prescriptions being analyzed , 60.9 % of these patients were male , 833 drugs have
been administered , totaling 509 IM , 321 of which occurred in male patients , obtaining an average of 11 IM and 18
medications for the patient. According to the severity , the greater frequency of interactions were moderate risk with
77.4 % and 12.0% with serious risk . Unstable angina was 42.3% with the highest prevalence of disease and also led to
more than three deaths out of a total of 9 . The prescription is one of the factors that can affect the quality and quantity
of the drugs , and the study of IM an important tool for optimization of pharmacotherapy , which may contribute to the
safety , efficacy and quality of drug therapy in the ICU.
Keywords: Prescribing, Clinical Pharmacy, Medicines, Intensive Care.
INTRODUÇÃO
Entende-se
por
interação
medicamentosa (IM) a interferência que pode
ocorrer entre os fármacos utilizados na
terapêutica e ainda com outros elementos
como alimentos e bebidas. Dessa maneira,
Stockley (2004), afirma que a reação
mencionada corresponde às situações nas
quais os efeitos de um fármaco se modificam
ou quando ocorre o surgimento de um novo
efeito em decorrência da presença de outro
fármaco, algum alimento, bebida ou agente
químico ambiental.
Algumas interações resultam em
redução da atividade do medicamento e
consequentemente na perda de sua eficácia
tornando-se difíceis de detectar e podendo
ser responsáveis pelo fracasso da terapia ou
ainda, possibilitando a progressão da doença.
Em consequência disso, Sehn et al (2003),
afirmam que cada caso deve ser analisado
individualmente, considerando-se a relação
risco-benefício
de
cada
associação
terapêutica para cada paciente.
Lima e Cassiani (2009) comentam
que, quando hospitalizados, pacientes
recebem uma média de 7 (sete) fármacos por
dia, sendo mais importante tal situação nos
procedimentos em Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) que apresentam pacientes em
modalidade crítica, utilizando diariamente
grande número de medicamentos, podendo
alcançar uma média de 15 (quinze) fármacos.
Portanto, esses indivíduos apresentam maior
risco de desenvolver IM que em outras
unidades, já que além do problema dos
múltiplos medicamentos, há a complicação
conferida pela gravidade da doença e da
eventual falência de órgãos.
Com o serviço de farmácia clínica, o
profissional farmacêutico está voltado
diretamente ao paciente através do contato
pessoal ou através da orientação a outros
profissionais
clínicos,
principalmente
prescritores, alertando sobre as potenciais
IM, auxiliando na predição destas e
minimizando, assim, seu impacto negativo
por meio da monitorização adequada quando
a combinação for inevitável. Essa atitude da
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013
equipe de saúde contribui para a otimização e
segurança da farmacoterapia em pacientes
críticos, visto que em UTI, estudos
mostraram que potenciais IM podem ocorrer
em 44,3% a 95% dos pacientes (SILVA et
al., 2010).
Diante do exposto, o objetivo deste
estudo foi avaliar as potenciais interações
medicamentosas em prescrições médicas de
pacientes internados em uma Unidade de
Terapia Intensiva Adulto (UTI-AD) do
Hospital São Camilo e São Luís (HSCSL),
identificando, analisando e classificando
quanto a gravidade das interações entre esses
medicamentos, e, dessa forma, permitindo
que os profissionais de saúde optem por
regimes terapêuticos mais seguros, o que
conduz a uma assistência de qualidade e com
menores danos ao paciente.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um estudo retrospectivo,
transversal,
descritivo,
quantitativo,
comparativo e observacional, no qual foram
avaliadas as prescrições médicas de pacientes
internados na UTI-AD do Hospital São
Camilo e São Luís (HSCSL) durante os
meses de Outubro, Novembro e Dezembro de
2012. Após a autorização concedida pelo
corpo administrativo e ético do HSCSL, foi
realizada a coleta de dados no referido
hospital, localizado no município de Macapá
no estado do Amapá. É considerado de
referência, sendo a primeira instituição
acreditada pela Organização Nacional de
Acreditação (ONA) no Estado.
Este hospital faz parte da Sociedade
Beneficente São Camilo, inaugurado em
1969, sendo resultado de uma obra
missionária que começou com atendimento
ambulatorial e atualmente é considerado de
grande porte, possuindo 203 leitos, incluindo
10 leitos de UTI Adulto e 9 leitos de UTI
Neonatal. Credenciado junto ao Sistema
Único de Saúde (SUS), que representa 60%
do movimento total, realiza atendimento nas
especialidades de alta e média complexidade,
apresentando assim nível de atenção
Página 39
primária,
secundária
e
terciária
(CAVALLINI; BISSON, 2010).
O HSCSL é o único hospital do
Estado do Amapá que possui o serviço de
farmácia clínica ativo, inicialmente abrange
apenas os pacientes internados nas Unidades
de Terapia Intensiva Adulto e Neonatal,
entretanto, almeja abranger todas as
unidades/setores do hospital. Seguindo o que
a Sociedade Brasileira de Farmácia
Hospitalar (2007) preconiza, ou seja,
possuindo
um
farmacêutico
clínico
responsável pela avaliação de 1 até 60 leitos,
com tempo integral e dedicação exclusiva.
Inicialmente, foi feita a seleção dos
pacientes de acordo com os critérios de
inclusão atendidos pelo serviço de Farmácia
Clínica do HSCSL como: pacientes que
fazem uso de medicamento por sonda;
pacientes submetidos à insulinoterapia;
pacientes em uso de três ou mais antibióticos;
pacientes que necessitam de avaliação de
risco farmacológico - droga de risco;
paciente com sepse; pacientes com dor
torácica; pacientes em uso de nutrição
parenteral, bem como pacientes com idade
entre 12 a 65 anos – adultos de ambos os
sexos, e com tempo de internação maior que
48 horas em UTI-AD.
Na coleta de dados, foi utilizado
formulário preenchido a partir das
informações contidas nas prescrições. Foram
coletadas informações referentes aos nomes
dos medicamentos prescritos, a idade e sexo
do paciente, período de internação, data de
admissão, doença base e desfecho final do
seguimento, utilizando-se apenas as iniciais
do nome dos pacientes para identificá-los a
fim de preservar sua identidade. As
prescrições foram avaliadas quanto à
presença de interações medicamentosas e os
resultados documentados e analisados através
do número de prescrições médicas contendo
possíveis interações. A análise dessas foi
feita através da literatura, pareando-se todos
os medicamentos existentes na prescrição e
No período avaliado na pesquisa foi
administrado um total de 833 medicamentos
(gerando uma média de 18 fármacos por
paciente) distribuídos entre os 46 pacientes
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013
obtendo-se uma lista com as combinações
encontradas.
Realizou-se também, a classificação
quanto o mecanismo de ação pelo qual são
produzidas
(farmacocinéticas
e
farmacodinâmicas)
e
conforme
sua
severidade, em grave (quando apresenta risco
de vida ao paciente ou requer intervenção
médica para minimizar ou prevenir reações
adversas), moderada (quando resulta em
exacerbação da condição de saúde do
paciente e quando requer pequenas mudanças
na farmacoterapia), e leve (quando resulta em
efeitos clínicos limitados, podendo incluir
aumento na frequência ou gravidade de
efeitos colaterais, mas que geralmente não
requerem mudanças na farmacoterapia).
Adicionalmente,
foi
realizada
a
caracterização dos pacientes quanto ao
gênero (feminino e masculino), faixas etárias,
doenças de base e a média de medicamentos
prescritos para os pacientes.
RESULTADOS
No período de outubro a dezembro
de 2012 foram analisadas todas as
prescrições médicas dos 46 pacientes
internados na UTI-AD, das quais 28 (60,9%)
eram do sexo masculino e 18 (39,1%) do
sexo feminino. Dentro da faixa etária
trabalhada no decorrer da pesquisa merece
destaque a variante de 56 à 65 anos de idade
de ambos os sexos (totalizando 24 pacientes
– 52,2%) como mostra a tabela 1 a seguir:
Tabela 1 - Distribuição por faixa etária dos pacientes
internados na UTI-AD no período de outubro a
dezembro de 2012.
FAIXA ETÁRIA Nº DE PACIENTES
%
12 à 22
3
23 à 33
1
34 à 44
5
45 à 55
13
56 à 65
24
bFonte: Coleta de Dados da pesquisa
6,5
2,2
10,8
28,3
52,2
selecionados, dos quais ficou evidenciada a
presença de 509 IM, gerando uma média de
11 IM por paciente. Foram detectadas 321
(63,0%) IM para o sexo masculino e 188
Página 40
(37,0%) IM para o sexo feminino como
representado no Figura 1 a seguir.
Figura 1 - Distribuição em percentual de potenciais interações medicamentosas em relação ao gênero nos pacientes
selecionados da UTI-AD do HESCSL.
Fonte: Fonte: Coleta de Dados da pesquisa
O
total
de
interações
medicamentosas foi dividido e classificado
de acordo com a gravidade em leve,
moderado e grave, e seus mecanismos de
ação, em interações farmacocinéticas e
interações farmacodinâmicas. O potencial da
gravidade das interações é de particular
importância
para
estabelecer
o
risco/benefício das alternativas terapêuticas,
com dosagens apropriadas e ajustes ou
modificações nos horários de administração
dos medicamentos, visando evitar os efeitos
negativos das interações medicamentosas. A
tabela 2, a seguir, mostra a frequência de IM
obtida a partir da coleta de dados.
Tabela 2 - Frequência das interações medicamentosas classificadas de acordo com a severidade nos
pacientes de UTI-AD.
Classificação das Interações Medicamentosas
N
%
Não classificadas
Risco condicional
Fator de risco B gravidez
Sem risco
Leve
Moderado
Grave
Desconhecidas
Total
Fonte: Fonte: Coleta de Dados da pesquisa
Em seguida, as IM mais frequentes
foram agrupadas por classe medicamentosa,
como mostra a tabela 3 as interações
medicamentosas mais frequentes por
severidade são: risco moderado, AINE x
diuréticos de Alça (Dipirona x Furosemida)
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013
08
01
18
08
12
394
62
06
509
1,6%
0,2%
3,5%
1,6%
2,3%
77,4%
12,2%
1,2%
100
com n=19 (11,6%), risco grave, Repositor de
Eletrólitos x Diuréticos Poupadores de
Potássio
(Cloreto
de
potássio
x
Espironolactona), juntamente com os
Glicosídeos Cardíacos x Diuréticos de Alça
(Digoxina x Furosemida) com n=9 (5,5%) e
Página 41
risco leve, Inibidor de Bomba de Prótons x
Broncodilatador (Omeprazol x Aminofilina)
com n=8 (4,9%).
Tabela 3 - Frequência de potenciais IM por classe terapêutica e de severidades identificadas nas prescrições de
pacientes atendidos na UTI-AD.
Interação Medicamentosa
Classificação da IM
Bicarbonato de Sódio (Repositor de Eletrólitos) +
Omeprazol (Inibidor de Bomba de Prótons)
Acido acetilsalicílico (AINE) + Metoclopramida (Antihemético)
Furosemida (Diuréticos de Alça) + Ranitidina (Antiácidos)
Omeprazol (Inibidor de Bomba de Prótons) + Aminofilina
(Broncodilatador)
Bicarbonato de Sódio (Repositor de Eletrólitos) +
Cefuroxima (Cefalosporinas)
Bicarbonato de Sódio (Repositor de Eletrólitos) + Digoxina
(Glicosídeos Cardíacos)
Digoxina (Glicosídeos Cardíacos) + Sulfato de Magnésio
(Repositor de Eletrólitos)
Ceftriaxona (Cefalosporinas) + Sulfato de Magnésio
(Repositor de Eletrólitos)
Dipirona (AINE) + Furosemida (Diuréticos de Alça)
Fenoterol (Broncodilatador-Agonistas beta 2) + Furosemida
(Diuréticos de Alça)
Cloreto de Potássio (Repositor de Eletrólitos) + Ipratrópio
(Broncodilatador)
Diazepam (Benzodiazepínico) + Omeprazol (Inibidor de
Bomba de Prótons)
Captopril (IECA) + Dipirona (AINE)
Cloreto de Potássio (Repositor de Eletrólitos) +
Espironolactona (Diuréticos Poupadores de Potássio)
Digoxina (Glicosídeos Cardíacos) + Furosemida (Diuréticos
de Alça)
Digoxina (Glicosídeos Cardíacos) + Espironolactona
(Diuréticos Poupadores de Potássio)
Atenolol (Betabloqueador) + Fenoterol (BroncodilatadorAgonistas beta 2)
Captopril (IECA) + Espironolactona (Diuréticos
Poupadores de Potássio)
Carvedilol
(Bloqueadorbeta1/alfa)
+
Fenoterol
(Broncodilatador-Agonistas beta 2)
Clopidogrel (Anticoagulantes) + Omeprazol (Inibidor de
Bomba de Prótons)
Acido acetilsalicílico (AINE) + Captopril (IECA)
Não disponível
Fenoterol (Broncodilatador-Agonistas beta 2) + Ipratrópio
(Broncodilatador)
TOTAL
Fonte: Fonte: Coleta de Dados da pesquisa
As prescrições médicas dos 46
pacientes analisados foram decorrentes de
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013
Frequência
N
%
5
3,0%
Sem Risco
4
2,4%
Sem Risco
Leve
3
8
1,8%
4,9%
Leve
1
0,6%
Leve
1
0,6%
Leve
1
0,6%
Leve
1
0,6%
Moderado
Moderado
19
18
11,6%
10,10%
Moderado
16
9,7%
Moderado
12
7,3%
Moderado
Grave
10
9
6,1%
5,5%
Grave
9
5,5%
Grave
8
4,9%
Grave
5
3,0%
Grave
5
3,0%
Grave
5
3,0%
Grave
5
3,0%
Risco condicional
(pode não apresentar
risco, pode ser de
risco moderado ou
grave).
Fator de risco B (na
gravidez)
1
0,6%
18
10,10%
164
100
doenças diversas sendo relacionadas ao
gênero e as doenças mais frequentes das
Página 42
internações em pacientes da UTI-AD do
HSCSL listados na tabela 4.
Tabela 4 - Condições responsáveis pela maioria das internações em UTI-AD segundo o diagnóstico e sexo.
Gênero
Total
Doença de Base
Masculino Feminino
n
%
n
%
n
%
Doença cardiovascular - Angina Instável.
8 30,7% 3 11,5% 11 42,2%
Doença cardiovascular - Infarto agudo do miocárdio
3 11,5% 0
0%
3 11,5%
Doença cardiovascular - Insuficiência mitral
1
3,8% 2
7,7% 3 11,5%
Doença cardiovascular – AVC* com hemorragia isquêmica. 1
3,8% 1
3,8% 2
7,6%
Doença do aparelho circulatório - Hipertensão essencial.
1
3,8% 4 15,3% 5 19,1%
Doença inflamatória da vesicular biliar - Colecistite
0
0%
2
7,7% 2
7,7%
Fonte: Dados obtidos das Prescrições Médicas dos pacientes internados na UTI-AD do HSCSL.
AVC* = acidente vascular cerebral
Observou-se que dos 46 pacientes
avaliados, 37 (80,4%) obtiveram alta e 9
(19,6%) foram a óbito, sendo que destes, 7
eram do sexo masculino e 2 do sexo
feminino, como mostra a tabela 5 a seguir.
Tabela 5- Frequência de óbitos relacionados a doença de Base, gênero e ao número
de potenciais IM
Gênero
Total
IM¹
Doença de Base
Masculino Feminino n
%
Angina Instável
3
0
3 33,34 33
AVC² com hemorragia isquêmica
0
1
1 11,11 30
Hipertensão essencial
1
0
1 11,11 09
Edema Pulmonar
1
0
1 11,11 05
Outra Forma de Cirrose Hepática
1
0
1 11,11
3
Neoplasia Maligna do Reto
1
0
1 11,11 22
Pneumonia
0
1
1 11,11 13
TOTAL
7
2
9 100
115
Fonte: Dados obtidos das Prescrições Médicas dos pacientes
internados na UTI-AD do HSCSL.
IM¹ = Interações medicamentosas; AVC² = acidente vascular cerebral.
A tabela 6 apresenta a frequência das
doenças que mais levaram a óbito, os
pacientes da UTI-AD do HSCSL com suas
respectivas
interações
medicamentosas
encontradas classificada segundo grau de
severidade.
Tabela 6- Doenças de Base que levaram ao óbito, suas IM e sua classificação de acordo com a severidade (Leve,
Moderado e Grave).
Classificação e quantidade das Interações medicamentosas por
Doenças de Base que levaram
Total de
Severidade
IM¹
ao óbitos
Leves
Moderadas
Graves
Angina Instável
33
01
27
05
AVC² com hemorragia isquêmica
30
26
04
Neoplasia Maligna do Reto
22
01
21
Total
85
02
74
09
Fonte: Dados obtidos das Prescrições Médicas dos pacientes internados na UTI-AD do HSCSL.
IM¹ = Interações medicamentosas; AVC² = Acidente vascular cerebral.
DISCUSSÃO
De acordo com a tabela 1 foram
analisadas todas as prescrições médicas dos
46 pacientes internados na UTI-AD, das
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013
quais 28 (60,9%) eram do sexo masculino e
18 (39,1%) do sexo feminino. Dentro da
faixa etária trabalhada no decorrer da
pesquisa merece destaque a variante de 56 à
65 anos de idade de ambos os sexos
Página 43
(totalizando 24 pacientes – 52,2%). No
período de outubro a dezembro de 2012 foi
administrado um total de 833 medicamentos
(gerando uma média de 18 fármacos por
paciente) distribuídos entre os 46 pacientes
selecionados, dos quais ficou evidenciada a
presença de 509 IM, gerando uma média de
11 IM por paciente. Foram detectadas 321
(63,0%) IM para o sexo masculino e 188
(37,0%) IM para o sexo feminino como
representado na Figura 1.
O
total
de
interações
medicamentosas foi dividido e classificado
de acordo com a gravidade em leve,
moderado e grave, e seus mecanismos de
ação, em interações farmacocinéticas e
interações farmacodinâmicas. O potencial da
gravidade das interações é de particular
importância
para
estabelecer
o
risco/benefício das alternativas terapêuticas,
com dosagens apropriadas e ajustes ou
modificações nos horários de administração
dos medicamentos, visando evitar os efeitos
negativos das interações medicamentosas.
Na tabela 2 observa-se um total de
509 IM, sendo que, deste total, 12 (2,3%) são
de risco leve, 394 (77,4%) são de risco
moderado, 62 (12,2%) de risco grave e 41
(8,1%) de outros riscos. Em estudos com
metodologias semelhantes, os resultados
publicados não se mostram muito diferentes,
como, por exemplo, o realizado em UTI de
um Hospital Público Universitário de
Campinas (SP) entre os meses de abril à
junho de 2009, com 9% de interações leves,
65% de moderadas, e 24% de graves (SILVA
et al., 2010).
Percebe-se que as IM graves estão
entre as mais frequentes, depois das
moderadas, já no estudo de Sehn et al.
(2003), no Hospital de Clínicas de Porto
Alegre (HCPA), 37,9% foram de interações
leves, 48,4% de moderadas e 3,2% de graves.
Em outro estudo realizado no hospital-escola
de Porto Alegre 26,2% foram IM leves,
55,5% foram IM moderadas e 18,3% IM
graves, nesses dois últimos estudos, assim
como o presente estudo, mostram uma
predominância de IM moderadas. A
diversidade percentual em relação à IM pode
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013
ocorrer devido a fatores intrínsecos
relacionados ao paciente (idade, obesidade,
patologias, sexo, etc), ao número de
prescrições analisadas e também à seleção do
medicamento pela unidade de saúde
(PIVATTO et al., 2009).
De acordo com a tabela 3, as
interações medicamentosas mais frequentes
por severidade são: risco moderado, AINE x
diuréticos de Alça (Dipirona x Furosemida)
com n=19 (11,6%), risco grave, Repositor de
Eletrólitos x Diuréticos Poupadores de
Potássio
(Cloreto
de
potássio
x
Espironolactona), juntamente com os
Glicosídeos Cardíacos x Diuréticos de Alça
(Digoxina x Furosemida) com n=9 (5,5%) e
risco leve, Inibidor de Bomba de Prótons x
Broncodilatador (Omeprazol x Aminofilina)
com n=8 (4,9%). As demais interações
medicamentosas
que,
individualmente,
apresentaram
frequência
menos
significativas,
porém,
não
menos
importantes, somadas resultaram em 72 IM
(43,9%), e dentre estes temos fenoterol x
ipratrópio que somaram 10,10% do total de
IM, que são medicamentos pertencentes à
classe
dos
broncodilatadores
que
frequentemente são utilizados em conjunto
na terapia de problemas respiratórios, mas
que podem representar fator de risco B na
gravidez.
A tabela 3 detalha todas as IM
encontradas dos medicamentos prescritos
para os pacientes internados na UTI-AD do
HESCSL. Em outro estudo com metodologia
semelhante realizado na UTI de um Hospital
Universitário de Marília, os resultados foram
os seguintes: 15% de IM por AINE x
anticoagulantes, e 10% por IECA x
suplemento de potássio, e outras ocorrências
menos frequentes que juntas totalizaram
21,09% das ocorrências. Observa-se que a
presença de AINE e suplemento de potássio
se repete nas interações mais frequentes
desses
dois
estudos
(ROSSIGNOLI;
GUARIDO; CESTARI, 2006).
Na tabela 4 observamos as doenças
mais frequentes nos pacientes que
apresentaram potenciais IM, sendo as
doenças cardiovasculares prevalentes 91,9%
Página 44
e com distinções entre os gêneros para cada
patologia, sendo para o gênero masculino
com percentual de 53,6%. Esses dados são
semelhantes aos estudos realizados na
Unidade de Terapia Intensiva do Hospital
Universitário de Marília, sendo as doenças
cardiovasculares prevalentes, com maior
frequência para o sexo masculino (46,83%) e
doenças pulmonares com 21,09%. Nos dois
estudos, as doenças cardiovasculares foram
as doenças mais frequentes e com o sexo
masculino como o grupo de maior
prevalência. Os diferentes percentuais
encontrados entre os estudos podem estar
relacionados ao número de pacientes
analisados e às condições intrínsecas de cada
paciente (sexo, idade e patologias existentes)
(ROSSIGNOLI; GUARIDO; CESTARI,
2006).
A tabela 5 evidencia a doença de
base que mais levou ao óbito, sendo a angina
instável, responsável por 3 destes (33,34%),
fator devido a ser também a doença que mais
se sobressaiu nas internações, sendo
detectada em 11 pacientes, o que gerou um
percentual de óbito de 27% na frequência
dessa doença (3/11). Entretanto, outras
doenças de base como edema pulmonar,
outra forma de cirrose hepática, neoplasia
maligna do reto e pneumonia apresentaram
mortalidade maior, pois de 1 paciente com
cada uma das referidas enfermidades, estes
foram a óbito, mostrando assim a gravidade
dessas doenças. Já o único caso de óbito por
acidente vascular cerebral com hemorragia
isquêmica, que representou 11,11% dos
óbitos, se relacionado com a frequência dessa
doença de base, que foi de 2 pacientes,
mostrando uma mortalidade de 50%.
Das doenças relacionadas, como
mencionado anteriormente, a angina instável
foi a que mais levou a óbitos e que somada
teve o maior número de interações
medicamentosas (n=33), entretanto, a média
foi de 11 IM por paciente, que foram
classificadas de acordo com sua severidade
em: 1 IM leve, 27 IM moderadas e 5 IM
graves. Entretanto, essa não foi doença de
base que apresentou maior número de IM por
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013
paciente, mas sim o AVC com 30 IM, sendo
26 IM moderadas e 4 IM graves.
Como observado, estes pacientes
apresentaram um número elevado de
interações medicamentosas graves, como
exemplo,
cloreto
de
potássio
e
espironolactona
que
pode
levar
à
hipercalemia que ameaça a vida, fator que
poderia estar relacionado e ter contribuído
para o possível agravamento do quadro
clínico e consequentemente ter levado ao
óbito. Pois, quando os valores da
hipercalemia ultrapassam 6,5 mEq/L torna-se
potencialmente fatal devido as arritmias que
pode desencadear. A sua prevalência em
pacientes hospitalizados está entre 1 e 10%
sendo a causas mais comuns de hipercalemia
a insuficiência renal aguda e crônica e as
causadas por drogas poupadoras de potássio.
As
manifestações
clínicas
geralmente
são
observadas
com
concentrações séricas maiores que 6,5
mEq/L, como fraquezas, parestesias,
arreflexia, bradicardia e assistolia. A
hipercalemia pode ocasionar alterações
graves no eletrocardiograma (BARROS et
al., 2010). Assim, com os resultados
expostos, fica clara a importância de se
conhecer e entender as IM que podem
ocorrer quando há a necessidade do uso de
medicamentos diversos em situações críticas.
Medidas e condutas podem e devem ser
adotadas para que quadros clínicos iguais a
esses possam ser devidamente monitorados e
as possíveis interações controladas ou
evitadas.
A utilização de vários fármacos,
frequentemente, é necessária para se alcançar
o objetivo terapêutico desejado ou tratar
doenças coexistentes e conferir ao indivíduo
o retorno ao seu estado ideal de saúde ou
controle de uma enfermidade. No exposto
acima e com a contribuição de Junior et al
(2009), percebe-se que essa prática
(utilização conjunta de fármacos) pode
ocasionar a interação desses medicamentos,
que corresponde à possibilidade de um
fármaco alterar a intensidade dos efeitos de
outro
fármaco
administrado
concomitantemente, acrescentam ainda, que
Página 45
o resultado dessa combinação pode levar ao
aumento ou à diminuição dos efeitos de um
ou ambos os fármacos ou, ainda, ao
aparecimento de um novo efeito (não
observado nos medicamentos isoladamente).
É importante lembrar que existem
interações
medicamentosas
desejáveis
(benéficas) e indesejáveis (maléficas), assim,
em conformidade com Sehn et al (2003), as
reações desejáveis são aquelas que
apresentam as seguintes particularidades:
tratar doenças concomitantes, minimizar
efeitos adversos, potencializar o tempo de
duração do medicamento, atuar contra a
resistência bacteriana (impedindo ou
retardando seu surgimento), facilitar a adesão
ao tratamento, potencializar a eficácia ou
permitir a redução da dose ministrada.
Interações indesejáveis, com as contribuições
dos mesmos autores, correspondem às que
ocasionam minimização de efeitos ou
resultado adverso ao esperado (aumento no
número e diversidade de efeitos adversos),
terapia onerosa sem benefícios melhorados,
redução
da
atividade
do
fármaco
(BACHMANN et al., 2006).
As
interações
podem
ser
classificadas
em
farmacocinéticas
e
farmacodinâmicas, de acordo com as ações
específicas no organismo. Entende-se por
farmacocinéticas,
as
interações
que
modificam os parâmetros das etapas de
absorção, distribuição, metabolismo e
excreção, nas quais os fármacos podem
interagir em qualquer momento durante essas
etapas, permitindo, como resultados, tanto o
aumento
quanto
a
diminuição
da
concentração do medicamento no seu
potencial de ação (BISSON, 2007). Nesse
contexto, entende-se por farmacodinâmicas
as ações que ocorrem no sítio receptor, préreceptor e pós-receptor, sendo conhecidas,
como agonistas e antagonistas e classificadas
pela severidade dos efeitos ocasionados ao
organismo, podendo ser graves, moderadas e
leves.
Almeida, Gama e Akamine (2007),
percebe-se que as interações graves são as
que apresentam risco à vida do paciente ou
requerem intervenção médica para minimizar
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013
ou prevenir reações adversas, já as
moderadas resultam em exacerbação da
condição de saúde do paciente requerendo
pequenas mudanças na farmacoterapia.
Consideram-se leves as reações que resultam
em efeitos clínicos limitados, como aumento
na frequência ou gravidade de efeitos
colaterais, mas que geralmente não requerem
mudanças na farmacoterapia. O risco de
interação é proporcional ao número de
fármacos prescritos para um paciente, e, se
esse estiver hospitalizado, os riscos
aumentam com a politerapia. A estimativa da
incidência de interações medicamentosas
clínicas, de acordo com Ferreira Sobrinho et
al (2006), é de 3% a 5% entre os pacientes
que recebem poucos fármacos e até 20%
entre os que recebem de 10 a 20 fármacos.
De acordo com Rossignoli, Guarido
e Cestari (2006), a farmacoterapia aplicada
exige combinações farmacológicas e, assim,
uma grande variedade e quantidade de
medicamentos prescritos e administrados. As
interações entre drogas podem ser
significativas se a doença tratada é grave ou
potencialmente fatal, e também, nos
pacientes graves, idosos e de unidade de
terapia intensiva, na qual a atuação médica
na prescrição envolverá a utilização de
diversos medicamentos. Com essa sobrecarga
no organismo do enfermo, de acordo com os
mesmos autores, não são raras as situações
nas quais coexista a insuficiência renal e
hepática, favorecendo, assim, o surgimento e
ocorrência das interações entre os fármacos
(modificando a ação do medicamento,
potencializando a eficácia da terapia
administrada ou ainda provocando reações
adversas).
Observando-se a definição de
Bisson (2007), entende-se por farmácia
clínica toda atividade executada pelo
farmacêutico que estiver voltada diretamente
ao paciente através do contato pessoal ou
pela orientação conferida a outros
profissionais clínicos, como o médico e o
dentista. Nesse contexto, o profissional
farmacêutico deve observar e atentar para a
importância de reconhecer a necessidade de
Página 46
melhorar a segurança e a efetividade da
farmacoterapia.
Ainda de acordo com Bisson (2007),
percebe-se que existem drogas referidas na
literatura
especializada
apresentando
inúmeros relatos de interações, como por
exemplo, a varfarina, que apresenta 195 tipos
diferentes de interações documentadas, sendo
49 de nível 1 (grave) e 52 tipos de nível 2
(moderado), e a cimetidina, que apresenta
178 tipos diferentes de interações
documentadas, sendo 2 de nível 1 e 26 de
nível 2. Com o exposto acima, evidencia-se
que o farmacêutico tem função vital no
conhecimento das interações e habilidade no
manejo da terapia medicamentosa, bem como
ações
de
prevenção,
controle
e
acompanhamento para tratamento dos efeitos
colaterais,
potencializando
assim,
a
recuperação do paciente.
CONCLUSÃO
No presente estudo, destacou-se a
necessidade da avaliação quanto a presença
de
interações
medicamentosas
nas
prescrições feitas a pacientes internados na
Unidade de Terapia Intensiva Adulto. Ao
longo das análises perceberam-se alguns
aspectos que mereceram destaque como a
idade na qual mais ocorreram as internações,
o sexo masculino que teve maior prevalência
e que todas as prescrições utilizadas
apresentaram
potenciais
interações
medicamentosas.
O
risco
relacionado
ficou
evidenciado pelo número de potenciais
interações moderadas e graves, assim, ao se
analisar os pacientes que foram a óbito, um
destes apresentou grande quantidade de
interações medicamentosas, dentre as quais,
várias de risco grave. Nesse contexto
percebe-se a importância da monitorização
realizada pela equipe de farmácia clínica,
adotando medidas de prevenção e controle
das possíveis reações adversas que poderiam
resultar na minimização dos riscos e das
complicações do quadro clínico do paciente.
A atuação do serviço de farmácia
clínica torna-se vital já que o profissional
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013
farmacêutico estaria em contato direto com a
realidade de cada caso, trabalhando em
conjunto com o responsável pela prescrição e
a equipe multidisciplinar, analisando o
paciente e sua resposta fisiológica aos
fármacos administrados. Quando detectadas
inconsistências na prescrição, falhas no
tratamento e possíveis reações adversas a
equipe do serviço de farmácia deverá
promover a intervenção ou monitorização
necessária para garantir o sucesso da
terapêutica com menor dano possível ao
paciente.
Acredita-se que o presente estudo,
pode vir a ser fonte de consulta para as
equipes de farmácia clínica e atenção
farmacêutica, não apenas no ambiente
hospitalar, mas também nos demais serviços
de saúde nos quais o farmacêutico atua, para
alcançar um atendimento de qualidade para o
paciente, assim como a garantia de segurança
da terapia adotada. Além disso, espera-se que
os resultados obtidos, bem como as
informações catalogadas detalhadamente das
mais diversas interações medicamentosas
encontradas possam vir a auxiliar, não apenas
os farmacêuticos, mas também os
prescritores e a equipe multidisciplinar dos
serviços de saúde.
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____________________________________
1 - Discente do Instituto Macapaense de Ensino
Superior do Curso de farmácia, IMMES - Macapá
(AP), Brasil.
2 - Unidade Básica de Saúde Congos (UBS-Congos) Macapá (AP), Brasil.
3 - Mestrado pelo Programa de Pós Graduação em
Ciência da Saúde da Universidade Federal do Amapá,
UNIFAP - Macapá (AP), Brasil.
4 - Laboratório Central de Saúde Pública do Amapá LACEN-AP, Macapá, Amapá, Brasil.
5 - Docente do Programa de Pós Graduação em
ciência da saúde da Universidade Federal do Amapá,
UNIFAP - Macapá (AP), Brasil.
6 - Docente do Instituto Macapaense de Ensino
Superior do Curso de farmácia, IMMES - Macapá
(AP), Brasil.
Correspondência: Rubens Alex de Oliveira Menezes
– Avenida João Guerra, n1566, Bairro dos Congós.
CEP: 68904360. Macapá – AP, Brasil. E-mail: [email protected]
SEHN, R. et al. Interações medicamentosas
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hospitalizados no Hospital de Clínicas de
Porto Alegre. Infarma, v.15, nº 9-10,
(Set/Out 2003).
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Ciênc Farm Básica Apl., 2010;31(2):171176.
Ciência Equatorial, Volume 3 - Número 1 - 1º Semestre 2013
Página 48
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