O EDUCADOR É UM TRABALHADOR *Raquel Cristina Ferraroni Sanches 1- INTRODUÇÃO Neste artigo parto do seguinte pressuposto: “O educador é um trabalhador qualquer: ele produz uma mercadoria (produto): vende sua força de trabalho (recebendo em troca um salário .)” Cabe indagar: Qual a natureza dessa mercadoria e desse trabalho? É um trabalho manual ou intelectual? Teórico ou prático? Ou técnico? É um trabalho que executa ou que pensa para executarem? É produtivo ou improdutivo? E por último, além de outras indagações que nossos interlocutores podem estar se fazendo: estaremos corretos em nossa afirmativa? Essa nossa pressuposição é uma verdade ou uma ilusão? Em verdade, serão falsas essas dicotomias? Se são, então por que adjetivar educador como trabalhador? Essa adjetivação é interesse por alguns motivos: * Em primeiro lugar, para acentuar o fazer do educador como trabalhador - decorrente da própria divisão técnico - social do trabalho e das relações de produção nelas inserida. * Em segundo lugar, para retirar do fazer educador qualquer conotação de sacerdócio, doação e caridade. * Em terceiro lugar, para recolocar a natureza do fazer do educador, aquilo que lhe é próprio. Para tanto, inicialmente, seria interessante um breve enunciado da questão envolvendo “escola, trabalho produtivo e improdutivo”, pois o educador encontra-se nesta problemática e a partir dela poderemos verificar se ele pode ou não ser considerado um trabalhador, e as conseqüências dessa adjetivação; além da proposta da real ação do professor. 2 - O trabalho improdutivo/produtivo na escola pública A temática envolvendo escola, trabalho produtivo e improdutivo, assumiu destaque nos últimos anos juntamente com as discussões em torno da natureza do trabalho escolar. Assim, para entender o processo de trabalho escolar, era necessário sair dos muros da escola e investigar o trabalho, no caso, o trabalho capitalista. Um dos autores mais estudados foi Marx e a economia política por ele elaborada. Nestes termos, partindo de uma perspectiva puramente econômica, já é possível afirmar de antemão, que a escola pública é um trabalho improdutivo, uma vez que não participa diretamente da produção de mais-valia ou de qualquer outra espécie de lucro, na divisão social do trabalho capitalista. Trabalho improdutivo, nesta mesma linha de análise, seria exatamente o contrário, ou seja, todo o trabalho que não produz lucro, não existindo para enriquecer um capitalista. Para melhor entender o conceito de trabalho produtivo em oposição ao improdutivo, Marx assim define: “A produção capitalista não é apenas produção de mercadoria, é essencialmente produção de mais-valia. O trabalhador produz não para si, mas para o capital. Não basta, portanto, que produza em geral. Ele tem que produzir mais-valia. Apenas é produtivo o trabalhador que produz mais-valia para o capitalista ou serve à auto-valorização do capital.” (Marx APUD Pizzi, 1994 p. 77-78). Marx, nesta passagem refere-se apenas ao trabalho cujo produto se constitui numa mercadoria produzida no processo de produção material, uma vez que este é o objetivo de sua análise. Por outro lado não desconsidera que o trabalho não-material, onde a escola se situa, possa ser produtivo. Um exemplo disso são as escolas privadas, cujo objetivo transcende a mera prestação de serviço cultural e social. Segundo Pizzi (1994), para Marx, o que define um trabalho produtivo não é a natureza material ou não-material do produto final, mas a relação social envolvida na execução deste trabalho no processo de valorização capitalista, e o seu vendedor, o trabalhador, que vende a sua força de trabalho para o capital. A razão de ser desta relação de compra e venda da força de trabalho é o lucro. O trabalhador passa a ser uma mercadoria, mas não uma mercadoria qualquer. Na realidade, ele é a única mercadoria capaz de gerar trabalho excedente, mais valia para o capital. Em outras palavras, o trabalhador é a única mercadoria potencialmente lucrativa para o capitalista. Dessa forma, podemos afirmar que o trabalho não-material passa a ser também um trabalho produtivo, na medida em que entra nessa relação social de compra e venda com o objetivo de enriquecer o capitalista. E mesmo não produzindo uma mercadoria que deve ir para as lojas de revenda (como no caso o trabalho escolar e o da saúde), o trabalho nãomaterial pode gerar vantagens ao capitalista, como comentaremos logo abaixo. Mas, para o capital, a forma que o trabalho assume, material ou não-material, não é questão central. O mais importante não é a possibilidade de extrair o lucro através da relação social capitalista que converte o trabalhador em assalariado, expropriado de qualquer outra forma de sobrevivência, alienado e alienante: um trabalho que perde suas características de produtor do homem e do social. Mas por que haveria necessidade de ter serviços não-produtivos no capitalismo, se a sua intenção exclusiva é a extração de mais-valia não realizada em tal âmbito? O objetivo do capital neste momento não é mais a produção do lucro imediato e sim garantir a sua expansão. Tal expansão se daria através da legitimação e da consolidação do modelo social capitalista. È necessário, para o capital, garantir um contexto minimamente estável, valendo-se do Estado para isso. Conforme o exposto até aqui, depreendemos que apenas a escola particular se adequa melhor à definição de trabalho produtivo, e, mesmo que muitas de pequeno porte mal consigam sobreviver, a relação capitalista essencial, de compra e venda da força de trabalho, ali permanece. No entanto, esta problematização traz como eixo de preocupação as escolas da rede pública, indicando que são instituições que realizam um trabalho improdutivo, não por representarem um trabalho não-material, mas por não serem economicamente produtivas ao capital e não produzirem no seu interior as mesmas relações sociais existentes na escola privada. A escola pública não tem um proprietário explicitamente capitalista e nem serve para enriquecê-lo. Entre os autores nacionais, vários seguem a teoria marxista para definir o conceito de trabalho produtivo. Dermeval Saviani (1986), ao buscar uma definição genérica para o trabalho escolar, desconsidera os conceitos de trabalho produtivo e improdutivo sob a argumentação de que estes contribuem para a fragmentação da luta dos professores. Nas suas palavras: “A tentativa de aplicar ao trabalho docente a distinção entre trabalho produtivo e improdutivo conduziria a colocar os professores das escolas particulares do lado do trabalho produtivo, já que geram mais-valia para os empresários das fábricas do conhecimento, ao passo que os professores das escolas públicas seriam colocados ao lado do trabalho improdutivo, uma vez que tais escolas seriam entendidas como entidades de prestação de serviço público.” (Saviani, 1986: 85-86) Saviani (1986), propõe que a natureza do trabalho escolar seja entendida, então, como um trabalho não-material. A seu ver, isto impediria que estabelecesse uma relação mecânica entre o “modo de produção da escola” e o modo de produção fabril. A construção do conceito de trabalho escolar fica assim definida por Saviani(1986), remetendo-se ao que considera o elemento principal do ato educativo: a aula. “O ato de dar aulas é inseparável da produção desse ato e do consumo desse ato. A aula é, pois, produzida e consumida ao mesmo tempo: produzida pelo professor e consumida pelos alunos.” (Saviani, 1986:81). Este tem sido um parâmetro dominante utilizado para definir a natureza do trabalho escolar. Saviani (1986) justifica a impossibilidade de associá-lo ao processo de trabalho capitalista pelo seguinte motivo: “produção” e “consumo” são inseparáveis no trabalho escolar, configurando a característica principal do trabalho não-material, definido por Marx. Alguns outros autores seguem esta mesma definição, tais como Celestino Alves da Silva Junior (1990) e Víctor Paro(1988) ao tratarem da administração escolar. Este último autor desenvolve o conceito de “processo de produção pedagógico” com riqueza de detalhes. “Sendo o aluno beneficiário imediato do processo de produção pedagógico, é legitimo concluir que o tipo de trabalho que tem lugar na escola caracteriza-se pela presença do consumidor no ato de produção.” (Paro. 1988:140). Sem entrar no mérito destes esforços de sistematização do conceito de trabalho escolar, que tanto tem contribuído para uma análise mais aprofundada do contexto escolar como um todo, vejamos a posição de um outro autor que faz uma tentativa de superação da dicotomia trabalho produtivo/improdutivo e do seu caráter exclusivamente econômico. Gaudêncio Frigotto (1986) é o autor que busca as mediações entre ambos. Este autor leva em consideração todas as etapas do processo de acumulação do capital que não se limita ao processo produtivo. Ao mesmo tempo busca a mediação que situa a escola enquanto uma instituição indiretamente “produtiva” na divisão social e técnica do trabalho no sistema capitalista. A “improdutividade” da escola é abordada pelo autor através do que é considerado o seu papel social, qual seja, a transmissão do saber na formação do trabalhador produtivo nos diferentes postos que irá ocupar. Sobre isto, vale uma extensa, mas elucidativa citação do autor: (...) “a escola enquanto instituição produtora ou simplesmente sistematizadora e divulgadora de saber-e de um saber que no interior da sociedade capitalista é força produtiva comandada pelos interesses do capital, ainda que não exclusivamente – tem uma contribuição nula ou marginal na qualificação para trabalho produtivo material imediato, tendo em vista a desqualificação crescente deste tipo de trabalho, o mesmo não ocorre em termos de fornecimento de um certo nível de conhecimento objetivo e elementar para a grande massa de trabalhadores, e/ou de um saber mais elaborado para minorias que atuam em ocupações a nível de gerência e planejamento, supervisão, controle, e mesmo para determinadas funções técnicas das empresas capitalistas de capital privado ou ‘público’.” ( Frigotto, 1986: 153) Assim, para este autor, a escola pública no capitalismo, apesar de economicamente improdutiva, é também “produtiva” e necessária ao capital. 2 – O EDUCADOR TRABALHADOR E/ OU NÃO TRABALHADOR. Levando-se em consideração as discussões feitas até o presente momento, podemos afirmar que se a escola pública desenvolve um trabalho improdutivo para a economia e, em contrapartida, é produtiva para o capital, na medida em que auxilia na sua manutenção e sustentação, preparando trabalhadores para os mais diferentes postos, temos que o educador será considerado não-trabalhador e trabalhador respectivamente. Entretanto, novamente indagamos: não será essa inferência precipitada e falsa. Vejamos o que nos dizem alguns pesquisadores da área. Segundo Abrahão (1993), a maioria dos professores “não-trabalha”. Isso porque acredita estar, a ação do professor, cheia de incoerências: a) a maioria dos professores tem uma idéia esteriotipada, pré-concebida dos alunos. Idealizando-os como um ser que não estuda, não se interessa, não é motivável e que é pouco dotado para aprender. E por causa dessa concepção, o professor não exige do aluno; deixa-o dormir em aula; trata aligeiradamente os conteúdos; deixa de desenvolver metodologia de trabalho efetiva e criadora, ministrando ensino incompleto e de duvidosa qualidade; b) o professor enclausura-se em seu saber sobre o saber ou em seu saber sobre o fazer. Coloca-se de costas para a realidade que o cerca, para a dinâmica dos movimentos sociais, para o mundo em que o aluno vive, enfim. Fecha a porta da escola e, se é que isso é possível, exerce sua prática em um mundo à parte; c) não conhece a visão de mundo do aluno, significada pela própria prática social, porque não dialoga com ele, e assim, não desenvolve uma metodologia de ensino transformadora que objetive à elaboração do saber universal, tomando como ponto de partida a prática social do estudante e, como ponto de chegada, essa mesma prática qualitativamente transformada pela síntese (Saviani, 1.985); d) o professor “despeja” conteúdos de forma fragmentária que devem ser tão somente estocados pelo aluno até o momento da avaliação, quando exige a devolução ipsis litteris desses conteúdos. Assim, se exerce o mais nefando autoritarismo do ser cognoscente, daquele que “tudo sabe” e “tudo pode” (poder esse exercido, em especial, via sistema de avaliação também autoritário), sobre o ser que “nada sabe” e “nada pode”. Ocorre nesse processo uma relação vertical de A para B. E, por esta razão, o professor não aprende, não transforma. Portanto, não trabalha; e) mas, ao mesmo tempo o professor “trabalha”, troca seu trabalho por salário; vende pois, sua força de trabalho no mercado econômico, entretanto ele “não” é um trabalhador. É um “não”-trabalhador que executa a exemplo de outros trabalhadores, um trabalho alienado, não transformador. E podemos nos perguntar, e porque o professor não-trabalha? Se o trabalho é a expressão das formas de atividade humana por meio das quais o homem aprende, compreende e transforma as circunstâncias ao mesmo tempo em que é transformado por elas, constitui-se o trabalho em categoria fundante do processo de elaboração do conhecimento ( Marx e Engels s.d. APUD, Abrahão, 1993), e pelas considerações anteriormente explicitadas, pode-se dizer que, de maneira geral, o professor do curso noturno não é um trabalhador, nem elabora conhecimento. Esse professor não dialoga, não troca, não interage com o aluno; não aprende com a situação de aprendizagem pela elaboração/ reelaboração do conhecimento. Não dialoga, não troca, não interage com seu colega, com as demais matérias, inter-relacionando conceitos, princípios e unificando metodologias de análise da realidade. Não dialoga, não interage com a teoria educacional dentro de uma visão histórico-crítica. E não dialoga, não interage com sua própria prática. Como, então, pode o professor educar-se enquanto educa? Como, então, pode aprender, compreender e transformar as circunstâncias (naturais e sociais) enquanto é transformado? Como pode preparar para o trabalho um trabalhador? Se o trabalho é entendido como princípio educativo (Gramsci APUD Vale, 1985), como pode o professor ser elaborador de conhecimento, desde que o conhecimento é fruto das relações sociais que os homens estabelecem em sua atividade real de produção da existência material, resultante do confronto do homem com a natureza, com seu semelhante, o que põe problemas que o levam a desenvolver formas de pensar e fazer? Nessa ótica o professor não trabalha e, ainda, não produz conhecimento. Apenas o reproduz, e fragmentariamente. O professor não tem consciência disso. Além disso, como já se demonstrou, não se identifica como trabalhador. Trabalhador, na concepção do professor, segundo Abrahão (1993), é aquele que executa atividades eminentemente manuais. Ele, professor, é um intelectual. É um professor, não um trabalhador. Ele se encontra em outro espaço da divisão do trabalho, não no mesmo em que situa, por exemplo, em muitas ocasiões, o aluno. Também o aluno não percebe a educação como trabalho, principalmente o alunotrabalhador; para ele, trabalho é tão somente aquele que ele executa na empresa. A escola, como vimos, é, então, um local de “não-trabalho”? Essa contradição – que reflete a radical contradição capital/trabalho esta no cerne dos demais dualismos e contradições que se verificam na escola. Ocupam, professor e aluno, diferentes situações em face da divisão técnica e social do trabalho. O estudo, quer na concepção de alunos, quer na concepção de professores, não é o trabalho (é estudo) e não mantém relação dialética com o trabalho no mundo empresarial. Tal concepção e tal prática vão de encontro ao entendimento que pode ser encontrado em Gramsci: “Deve-se convencer a muita gente que o estudo é também um trabalho, e muito fatigante, com um tirocínio particular próprio, não só muscular-nervoso, mas intelectual: é um processo de adaptação, é um hábito adquirido com esforço, aborrecimento e mesmo sofrimento. Muitos pensam, inclusive, que as dificuldades são artificiais, já que estão habituados a só considerar como trabalho e fadiga o trabalho normal. (Gramsci, 1978: 138139) Não obstante, como se pode perceber, a escola não é um “locus” de trabalho, tanto para professores, como para alunos. É a escola do “não” trabalho. Além disso, enquanto instituição, a escola é um “locus” de não trabalho desde que “não aprende e não se transforma” por meio do trabalho que realiza, desde que não elabora um conhecimento, gestado na “práxis”. É de suma importância destacar esse aspecto. A escola só será modificadora, tendo em vista o interesse da classe trabalhadora, quando o professor se identificar como trabalhador (Arroyo, 1988). E mais, quando professores e alunos assumirem como trabalho o processo ensino-aprendizagem e assumirem a escola como lugar de trabalho; quando tentarem estabelecer a unidade dialética homem/sociedade: escola/trabalho produtivo. É o que Silva (1986) nos propõe quando nos diz que é preciso examinar as possibilidades de uma organização do trabalho na escola que se construa a partir dos significados, dos interesses e das necessidades do trabalho e dos trabalhadores. “(...) a organização do trabalho na escola deve se orientar pelo objetivo transmissão/assimilação crítica do saber historicamente acumulado ao conjunto majoritário da população trabalhadora. Com um tal objetivo a orientar a organização do trabalho em seu interior, a eficiência e a produtividade da escola tornar-se-iam perceptíveis ao ângulo de visão dos trabalhadores. No entanto isso não ocorre, ou pelo menos, ainda não ocorre... é preciso uma escola organizada para a transformação social... É preciso enfim, avaliar criticamente a prática existente para que possamos juntos construir a teoria da organização da escola de que todos necessitamos.” (Silva, 1986: 74-76) Segundo Abrahão (1993), a importância da escola se dá desde que se disponha a atuar tendo a dialética como método, reconhecendo a importância da reflexão, em que o sujeito é capaz de pensar sobre si mesmo, sobre o que faz, sobre sua circunstância, sobre o contexto mais amplo, de forma a inter-relacionar estas instâncias. É necessário nova postura da escola dentro da linha dialética de unidade ação-reflexão-ação. Por isso, o “professor-trabalhador” deve descobrir como é possível trabalhar em uma relação de A com B em um processo qualitativo que atinge o sujeito na sua educação, na construção de sua entidade como sujeito livre, capaz de exercer suas capacidades críticas, criativas, produtivas e de participação positiva na (re)construção da sociedade.E esse será o seu fazer, no qual estará caracterizado a natureza de seu trabalho pedagógico, sendo o seu grande desafio a passagem do mundo iletrado para o letrado, se assim podemos afirmar, pois isso possibilitará a citada (re)construção da sociedade. 3 – CONCLUSÃO Ao reunir os elementos deste suscinto texto sobre “educador como trabalhador” e neste contexto “a escola como local de trabalho produtivo”, neste momento de revisão de princípios e critérios pedagógicos e sociais que orientam o trabalho educativo (momento que tensiona as relações entre escola e sociedade), todos nós somos desafiados a pensar e agir de modo mais amplo, no sentido da perspectiva social, e mais fundamentado, no sentido da consistência teórica dos atos. No nosso pensar, (re)definimos o nosso papel, de educadores, procurando entender o que somos e o que fazemos como seres que, historicamente, vivem momentos de mobilização acadêmica no interesse da emancipação social. No nosso agir, procuramos orientar o nosso trabalho pelas nossas (re)definições; assim, se o ensino é um ato educativo e, portanto, social, se o professor é um profissional da Educação, um trabalhador, é portanto, um agente sóciopolítico, e não um sacerdote, então a nossa ação educacional deverá estar intrinsicamente comprometida com as questões sociais. Feitas as redefinições esperamos que, através de uma “força coletiva”, haja o impulso necessário para alcançar consciência política e buscar as possibilidades que (re)orientem o papel dos profissionais da Educação no contexto atual; o redimensionamento da prática de ensino e do desempenho docente (professor-trabalhador) torna-se, portanto, objeto significativo de estudos e pesquisas, e objetivo significativo de compromisso acadêmico, além da busca incessante da escola como local de trabalho. RESUMO O artigo analisa a questão do educador como trabalhador, levando em consideração a problemática da escola como local de trabalho produtivo/improdutivo. Evidencia algumas incoerências na ação pedagógica do professor que, muitas vezes, o adjetivam como “nãotrabalhador” e, ao mesmo tempo, as alterações que poderiam ocorrer no intuito de transformar essa ação, que em ultima instância objetiva a (re)construção da sociedade. Palavras-chave: Educação; Trabalho; Trabalho produtivo pedagógica.? NOTAS * Sócia AGB/Bauru Mestranda em Educação – F.F.C. UNESP – Campus de Marília. e improdutivo; Ação BIBLIOGRAFIA ABRAHÃO, M.H.M.B. As relações educação e trabalho na escola do “não trabalho” – o aluno trabalhador e o professor “não trabalhador”. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1987. (mimeo) “Ser trabalhador: identidade de alunos e professores?” Educação, Porto Alegre, ano XVI, n.25, 1993, p.121-134. ARROYO, M. Pátria Amada Ignorada. Em aberto, Brasília, v.7, n.37. 17-23 FLEURI, R.M. A escola que interessa à classe trabalhadora. Educação e Filosofia, Uberlândia, 4(7): 45-50, jul./ dez., 1989. FRIGOTTO, G. A produtividade da escola improdutiva. São Paulo: cortez: Autores Associados, 1986. GADOTTI, M. Concepções dialéticas da educação; um estudo introdutório, São Paulo: cortez, 1986. GRAMSCI, A. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. JACQUES, M.G. 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