Neurociência de A a Z Material destinado exclusivamente à classe médica Ano II • Nº 1 • 2011 Atualização Científica TAB e a possibilidade de deterioração cognitiva Destaque Especial Casos Clínicos Sintomas negativos da esquizofrenia Risco cardiovascular e transtornos psiquiátricos Comorbidade no episódio de esquizofrenia Quetiapina e depressão bipolar Recuperando o paciente e a harmonia familiar. 1,2 “Depois que meu filho melhorou, as coisas estão sob controle. Inclusive a harmonia da minha família.” 3 NO 2º DIA Reduz sintomas positivos e negativos da Esquizofrenia. 30 30 COMPRIMIDOS COMPRIMIDOS 10 10 600mg 1X AO DIA COMPRIMIDOS COMPRIMIDOS 30 10 Baixa taxa de recaída – oferece tranquilidade por mais tempo.6,7 30 COMPRIMIDOS 30 30 COMPRIMIDOS COMPRIMIDOS 30 10 Bom perfil de tolerabilidade3 – evita que os pacientes se isolem. COMPRIMIDOS 30 COMPRIMIDOS COMPRIMIDOS COMPRIMIDOS 10 NO 2º DIA 600mg 1X AO DIA 10 COMPRIMIDOS 10 10 COMPRIMIDOS 600mg 1X AO DIA Mantém seu paciente sob controle na dose de 600 mg já no 2.º dia.3-5 COMPRIMIDOS NO 2º DIA COMPRIMIDOS COMPRIMIDOS Referências bibliográficas: 1. Bowden C, Singh V. Bipolar disorders: treatment options and patient satisfaction. Neuropsychiatr Dis Treat 2006; 2 (2): 149-53. 2. Endicott J et al. A randomised, double-blind, placebocontrolled study of quetiapine in the treatment of bipolar I and II depression: improvements in quality of life. Int Clin Psycopharmacol 2007; 22 (1): 29-37. 3. Kahn RS et al. Efficacy and tolerability of once-daily extend release quetiapine fumarate ESQUIZOFRENIA in acute schizophrenia: a randomized, double-blind, placebo-controlled study. J Clin Psychiatry 2007; 68(6): 832-42. 4. Tandon R, Jibson MD. Comparing efficacy of first-line atypical antipsychotic: ESQUIZOFRENIA DEPRESSÃO DEPRESSÃO ® no evidence between risperidone, olanzapine, quetiapine, aripiprazole. Int J Psychiatr Pract 2005; 9 (3): 204-212. 5. Bula do Produto XRO. 6. Peuskens J.; Trivedi J. K.; Malyarov S.; et al. NO 2º DIAziprasidone,E and NO 2º NOClin DIA 4º DIA NO 4º Seroquel DIA E MANIA relapse-prevention MANIA BIPOLAR BIPOLAR Randomized, placebo-controlled, study with once daily quetiapine sustained release in patients with schizophrenia. Eur Psychiatry 2007; 22 (suppl 1): S132. 7. Hamada Y et al. Factors affecting the family support system of patients with schizophrenia: a survey in the remote island of Tsushima. Psychiatry Clin Neurosci 2003; 57 (2): 161-8. 600mg 30 DOSE EFETIVA 600mg 300mg DOSE EFETIVA 300mg 10 Contraindicação: Seroquel® XRO é contraindicado a pacientes com hipersensibilidade conhecida a qualquer componente de sua fórmula. Interação medicamentosa: COMPRIMIDOS COMPRIMIDOS devido aos efeitos primários da quetiapina sobre o sistema nervoso central, Seroquel® deve ser usado com cuidado em combinação com outros agentes de ação central e com álcool. Seroquel® é um medicamento. Durante seu uso, não dirija veículos nem opere máquinas, pois sua agilidade e atenção podem ser prejudicadas. Material destinado exclusivamente à classe médica. A bula do produto encontra-se no interior da publicação. A persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado. AstraZeneca do Brasil Ltda. Rod. Raposo Tavares, km 26,9 06707-000 Cotia SP Brasil Access net / SAC 0800 014 55 78 www.astrazeneca.com.br ESQUIZOFRENIA 600mg DOSE 300mg DEPRESSÃO Editorial Neurociência de A a Z Ano II • Nº 1 • 2011 Promovendo avanços na psiquiatria e neurociência N esta primeira edição de 2011 da revista Neurociência de A a Z, a AstraZeneca segue com o intuito de promover os avanços da psiquiatria e da neurociência, aliados à constante atualização científica. Iniciamos esta edição com um artigo desenvolvido pelo Prof. Dr. Ricardo Moreno, Diretor do Programa de Transtornos Afetivos (GRUDA) do Departamento e Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, (HC/FMUSP) e pela Dra. Danielle Bio, Pesquisadora do Programa de Transtornos Afetivos (GRUDA) do Departamento e Instituto de Psiquiatria do HC/FMUSP. Os autores abordam as manifestações, os dados epidemiológicos e o quadro clínico do TAB (Transtorno Afetivo Bipolar). O especialista explica a possibilidade de deterioração cognitiva e quais são as fases mais neurotóxicas dos pacientes. Na sequência, o Pós-Doutor em Psiquiatria e Pesquisador Associado do Instituto de Psiquiatria, King’s College London, na Inglaterra, Dr. Érico de Castro-Costa, trata a respeito da necessidade de melhora dos sintomas cognitivos e negativos da esquizofrenia. Em seu artigo, Dr. Costa fala sobre como considerar uma droga ou esquema de tratamento eficaz, além de como pode ser feita essa mensuração, e as abordagens que contribuem para que isso ocorra. Mais adiante, as relações entre fatores de risco cardiovascular e transtornos psiquiátricos no idoso são o tema do artigo da Profa. Dra. Tânia Pacheco, Professora Colaboradora Médica do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Professora Assistente das Disciplinas de Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina do ABC. Esta edição traz ainda a apresentação de dois casos clínicos, cujos temas são A importância de tratar a comorbidade no primeiro episódio de esquizofrenia, elaborado pelo Dr. Álvaro Estima, Psiquiatra Clínico e Psicoterapeuta e ExProfessor da Faculdade de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Quetiapina de liberação prolongada no tratamento da depressão bipolar em paciente com ciclagem rápida, feito pelo Prof. Dr. André Férrer Carvalho, Professor Adjunto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Boa leitura! 8 Casos Clínicos DESTAQUE Abordagens dos sintomas negativos da esquizofrenia Dr. Érico Castro-Costa 4 Atualização Científica TAB e a possibilidade de deterioração cognitiva Prof. Dr. Ricardo A. Moreno e Dra. Danielle Bio 12 Especial Risco cardiovascular e transtornos psiquiátricos Profa. Dra. Tânia Corrêa de Toledo Ferraz Alves 15 A importância de tratar a comorbidade no primeiro episódio de esquizofrenia Prof. Dr. Álvaro Estima 17 Quetiapina de liberação prolongada no tratamento da depressão bipolar Prof. Dr. André F. Carvalho e Dra. Susana M. Pineida Ramirez Neurociência de A a Z é uma publicação da Office Editora e Publi­cidade Ltda. patrocinada pela AstraZeneca do Brasil Ltda. - Diretor Respon­sável: Nelson dos Santos Jr. - Diretor de Arte: Roberto E. A. Issa - Diretora Executiva: Waléria Barnabá - Publicidade: Adriana Pimentel Cruz, Rodolfo B. Faustino e Denise Gonçalves - Jornalista Responsável: Cynthia de Oliveira Araujo (MTb 23.684) - Redação: Flávia Lo Bello, Luciana Rodriguez e Eduardo Ribeiro - Gerente de Produção Gráfica: Roberto Barnabá - Departamento Jurídico: Martha Maria de Carvalho Lossurdo (OAB/SP 154.283) - Fotos: João Cláudio Cote. Office Editora e Publicidade Ltda. - Rua General Eloy Alfaro, 239 - Chácara Inglesa - CEP 04139-060 - São Paulo - SP - Brasil - Tel.: (11) 5078-6815 - Fax: 2275-6813 - e-mail: [email protected]. Todos os artigos assinados têm seus direitos reservados pela editora. É proibida a reprodução total ou parcial dos artigos e de qualquer imagem dos mesmos sem autorização dos autores e da editora. Os artigos publicados são de responsa­bilidade de seus autores, não refletindo obrigatoriamente a posição desta publicação. Material destinado exclusivamente à classe médica. (15810R) “A PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO” Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 3 Atualização Científica TAB e a possibilidade de deterioração cognitiva Prof. Dr. Ricardo A. Moreno1 • Dra. Danielle Bio2 N os últimos anos, ficou claro um grande interesse da comunidade científica quanto aos déficits cognitivos no transtorno bipolar (TB). Este interesse primeiro mostrou-se na possibilidade de quantificação dos déficits cognitivos durante os episódios de humor. Posteriormente, muitos estudiosos focaram-se na descoberta da permanência de determinados déficits no período de eutimia. Em seguida, detiveram-se na implicação dos déficits cognitivos na 1.Diretor do Programa de Transtornos Afetivos (GRUDA) do Departamento e Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. CRM-SP 48.154. 2.Pesquisadora do Programa de Transtornos Afetivos (GRUDA) do Departamento e Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. CRP-SP 06/73244. 4 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 recuperação funcional dos pacientes com TB e, atualmente, se estudam com maior ênfase os déficits cognitivos como endofenótipos do TB. Neste sentido, o comprometimento cognitivo no TB tem sido documentado em uma grande variedade de domínios neuropsicológicos durante os períodos agudos de sintomas associados ao TB (mania, depressão e estado misto) e, ainda, diferenças importantes no funcionamento cognitivo dos pacientes em dependência do estado de humor.(1) Rocca e Lafer, em artigo de revisão, encontraram que deprimidos bipolares apresentam mais dificuldades em testes que avaliam o funcionamento executivo quando comparados com unipolares.(2) Os pacientes em mania têm dificuldade no controle inibitório, no processamento de informação visuoespacial e na fluência verbal. Os eutímicos mostraram prejuízo na memória verbal e visuoespacial e nas funções Os estudos com crianças e adolescentes com TB mostram que, nesta fase do desenvolvimento, déficits cognitivos aparecem nos mesmos domínios que são descritos em pacientes adultos, com principal acometimento da memória verbal e prejuízo menor na velocidade motora e inteligência.(6) executivas. Outros estudos demonstraram que os pacientes continuam a exibir o déficit cognitivo mesmo durante o período de remissão (eutimia). Os déficits mais marcantes na eutimia acometem os domínios de atenção, velocidade de processamento, aprendizagem verbal e memória e funções executivas (incluindo flexibilidade cognitiva, controle inibitório, memória de trabalho e fluência verbal).(3-5) E ainda, estudos com populações especiais, como crianças/adolescentes e idosos, contribuem para a compreensão da idade de risco do início da doença, bem como sobre o curso durante as diferentes fases do desenvolvimento. Os estudos com crianças e adolescentes com TB mostram que, nesta fase do desenvolvimento, déficits cognitivos aparecem nos mesmos domínios que são descritos em pacientes adultos, com principal acometimento da memória verbal e prejuízo menor na velocidade motora e inteligência.(6) Porém, pacientes geriátricos com TB apresentam um padrão de comprometimento cognitivo global.(7) A importância de estudar a população de filhos de pais com TB decorre das pesquisas sobre o risco genético de desenvolver TB, estimado entre 2 e 15% para parentes de primeiro grau de um portador. A idade de início dos sintomas parece ser mais precoce em indivíduos que têm história familiar. E, apesar de escassas, as pesquisas com filhos de pais com TB sugerem que alterações cognitivas podem ser observadas antes mesmo do início da doença. Em decorrência disto torna-se relevante desenhar estudos que possam traçar um perfil destas alterações, a fim de possibilitar não só uma identificação precoce do risco para TB, como também a elaboração de intervenções precoces que possam minimizar o impacto da doença ao longo da vida. Neste sentido, Bio et al. estudaram o funcionamento neuropsicológico em filhos de mães portadoras de TB comparados a um grupo controle e encontram que o desempenho do grupo de filhos de bipolares foi estatisticamente inferior em testes que avaliaram as funções relacionadas à memória visuoespacial, às funções executivas e à cognição social.(8) Estudos de revisão mostram que os déficits cognitivos apresentados por pacientes TB podem ser compartilhados em menor grau por familiares não afetados pelo TB.(4,5) Com base nesses dados, podemos concluir que estes déficits refletem, pelo menos em parte, uma predisposição genética da doença. Partindo destes achados, alguns pesquisadores têm focado seus estudos em busca de um endofenótipo cognitivo do TB, ou seja, a associação entre certos genótipos e as alterações cognitivas. Isto por que a cognição humana é provavelmente influenciada por uma série de genes, cada qual com um pequeno papel no desempenho final. O desempenho em cada domínio cognitivo pode ser estatisticamente associado à atividade de uma determinada proteína e por extensão a variações genéticas responsáveis por essas diferenças funcionais. As pesquisas que buscam essa correlação são chamadas de estudos genéticos de associação. Neste sentido, de Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 5 Atualização Científica Os déficits cognitivos refletem tanto um estado quanto um traço da doença,(10) além de estarem correlacionados a menor taxa de recuperação dos sintomas nos períodos entre os episódios, pior prognóstico, prejuízo no ajustamento psicossocial(1,11) e prejuízo no funcionamento global. Souza et al. encontraram que, em uma amostra de jovens com TB de tipo I não medicados, existe associação entre o genótipo apolipoproteína E (APOE) com o funcionamento 6 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 cognitivo.(9) A presença do alelo *4 está associada com o pior funcionamento cognitivo em testes que avaliam o funcionamento executivo, sujeitos com o alelo *2 apresentam melhor desempenho cognitivo e o APOE *3*3 está associado com severa disfunção na performance cognitiva. Desta forma, pode-se considerar que os déficits cognitivos refletem tanto um estado quanto um traço da doença,(10) além de estarem correlacionados a menor taxa de recuperação dos sintomas nos períodos entre os episódios, pior prognóstico, prejuí­ zo no ajustamento psicossocial(1,11) e prejuízo no funcionamento global. Isto por que os prejuízos cognitivos encontrados são sugestivos de disfunção em circuitos frontoestriatais específicos que podem, em parte, explicar as dificuldades na adaptação psicossocial destes pacientes.(2) No entanto, a obtenção de dados conclusivos a respeito do funcionamento dos pacientes com TB tem sido limitada por vários fatores, tais como: definição diagnóstica, heterogeneidade e tamanho das amostras, cronicidade da doença, fase da doença, tipo de medicação utilizada, tempo de uso da medicação e diversidade de testes psicológicos utilizados.(2) Considerando a diversidade de baterias neuropsicológicas adotadas como uma das limitações para a generalização dos resultados obtidos nos estudos publicados, a International Society for Bipolar Disorder (ISBD) estabeleceu um comitê de especialistas com o objetivo de analisar a literatura a respeito dos déficits cognitivos no TB. Com base nos resultados dessa revisão, propôs em 2010 uma bateria preliminar para ser utilizada nas futuras pesquisas com TB, que consiste dos seguintes testes neuropsicológicos: Brief Assessment of Cognition in Schizophrenia (BACS): Symbol Coding; Category Fluency: Animal Naming; Trail Making Test – parts A and B; Stroop Test; Wisconsin Card Sorting Test, Wechsler Memory Scale -3: Letter-Number Sequencing and Spatial Span; Continuous Performance Test – Identical Pairs (CPT-IP); Hopkins Verbal Learning Test – Revised; California Verbal Learning Test; Brief Visuoespatial Memory Test – Revised.(12) Outro dado importante é que quanto maior o tempo de doença e pior a gravidade, além do número de internações ou episódios, piores serão os déficits cognitivos no TB. O número de episódios de mania está particularmente associado com o funcionamento cognitivo, principalmente com a memória verbal tardia e algumas medidas de funções execu- Os pacientes que apresentam maior comprometimento cognitivo são menos hábeis no manejo de sua doença e têm como resultado um curso da doença mais pobre. tivas.(2,11) Desta forma, é fundamental tratar o TB de forma eficaz, mesmo sabendo que alguns medicamentos podem interferir no funcionamento cognitivo. Isto por que quanto maior o número de episódios, maior será a deterioração cognitiva. Além disso, sabe-se que pacientes com TB apresentam um risco aumentado para demência e que este risco aumenta em relação ao número e à duração dos episódios de humor.(13) Os dados aqui apresentados podem ser interpretados de duas maneiras, segundo Robinson e Ferrier. (11) Os pacientes que apresentam maior comprometimento cognitivo são menos hábeis no manejo de sua doença e têm como resultado um curso da doença mais pobre. De outro lado, a presença de déficits cognitivos nos parentes de primeiro grau de pacientes com TB indica que o comprometimento cognitivo pode representar um fator de vulnerabilidade para o desenvolvimento do TB, já que está presente antes do início da doença, mas piora com o progresso da doença. Referências 1. Malhi GS et al. Neuropsychological deficits and functional impairment in bipolar depression, hypomania and euthymia, Bipolar Disord 2007;9:114-125. 2. Rocca CCA, Lafer B. Alterações neuropsi- cológicas no transtorno bipolar. Rev Bras Psiquiatr 2006;28(3):226-37. 3. Torres IJ et al. Neuropsychological functioning in euthymic bipolar disorder: a meta-analysis. Acta Psychiatr Scand 2007 Suppl. 434:17-26. 4. Arts B, Jabben N, Krabbendam L, van Os J. Meta-analyses of cognitive functioning in eutymic bipolar patients and their firsdegree relatives. Psychol Med 2008;38:771785. 5. Bora E, Yucel M, Pantelis C. Cognitive endophenotypes of bipolar disorder: a metaanalysis of neuropsychological deficits in euthymic patients and their first-degree relatives. J Affect Disord 2009;113:1-20. 6. Joseph MF, Frazier TW, Youngstrom EA, Soares JC. A quantitative and qualitative review of neurocognitive performance in pediatric bipolar disorder. J Child Adolesc Psychopharmaco. 2008;18(6):595-605. 7. Young RC et al. Cognitive impairment in bipolar disorder in old age: literature review and findings in manic patients. J Affect Disord 2006;92:125-131. 8. Bio DS, Petresco S, Rocca CC, Krelling R, Gutt EK, Moreno RA. Neuropsychological Profile in offspring of mothers with bipolar disorder. (em preparação). 9. De Souza MG, Bio DS, Dias VV, Prado CM, Campos RN, Costa LF et al. Apolipoprotein E genotype and cognition in Bipolar Disorder. CNS Neurosci Ther 2010 (in press). 10. Quraishi S, Frangou S. Neuropsychology of bipolar disorders: a review. J Affect Disord 2002;72:209-226. 11. Robinson LJ, Ferrier IN. Evolution of cognitive impairment in bipolar disorder: a systematic review of cross-sectional evidence. Bipolar Disord 2006;8:103-116. 12. Yathan LN, Torres IJ, Malhi GS, Frangou S, Glahn DC, Beraden CE et al. International Society for Bipolar Disorders-Battery for Assessment of Neurocognition (ISBDBANC). Bipolar Disorders 2010:12: 351363. 13. Nunes PV, Forlenza OV, Gattaz WF. Lithium and risk for Alzheimer’s disease in elderly patients with bipolar disorder. Br J Psychiatry 2007 Apr;190:359-60. Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 7 Destaque Abordagens dos sintomas negativos da esquizofrenia Dr. Érico Castro-Costa* Perspectiva histórica O conceito inicial de Bleuler para as características primárias da esquizofrenia já priorizava os sintomas negativos (comprometimento social e emocional) sobre os sintomas positivos (alucinações e delírios). Posteriormente, esforços foram feitos * Pós-Doutor em Psiquiatria pelo Instituto de Psiquiatria, King’s College London. Pesquisador Associado do Instituto de Psiquiatria, King’s College London. CRM-MG 30.400. 8 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 para separar a esquizofrenia nas dimensões dos sintomas negativos e positivos com o surgimento das descrições de Crow (esquizofrenia tipo I e tipo II), Andreasen (esquizofrenia negativa) e de Carpenter (esquizofrenia deficitária). Entretanto, foi somente após a distinção por Liddle (1) das três dimensões dos sintomas negativos (síndrome psicomotora, síndrome de desorganização e síndrome de percepção distorcida da realidade) que os sintomas negativos voltaram a desempenhar um papel de importância no diagnóstico de esquizofrenia. Estudos maiores subsequentes em populações mais heterogêneas também confirmaram a presença dessas três dimensões, com a vantagem de demonstrarem uma estabilidade dos sintomas negativos no curso clínico da esquizofrenia. Muitos desses estudos também demonstraram que os sintomas negativos já estão presentes desde o primeiro episódio psicótico, com a sua gravidade variando conforme as características específicas, tais como a funcionalidade prémórbida e o sexo do paciente.(2) De maneira geral, os sintomas negativos são resistentes aos tratamentos atuais, pioram com a evolução da doença e estão associados a uma pior condição socioeconômica e a um maior comprometimento cognitivo. Definição dos sintomas negativos Os sintomas negativos da esquizofrenia são caracterizados por uma redução das funções sociais e emocionais e refletem um estado deficitário ao nível da motivação, das emoções, do discurso, do pensamento e das relações interpessoais; como a falta de vontade ou de iniciativa, isolamento social, apatia, indiferença emocional e pobreza do pensamento. Os sintomas negativos são divididos em primários ou secundários. Sintomas primários são aqueles relacionados com a esquizofrenia. Enquanto os sintomas secundários estão associados a outros fatores, como os sintomas positivos, ansiedade/depressão, efeitos adversos de medicamentos. A principal diferença clínica entre eles é que os sintomas secundários apresentam a característica de serem mais flutuantes. Os antipsicóticos continuam a ser o principal agente para o tratamento dos pacientes com esquizofrenia. O efeito dessas drogas inclui a melhora dos sintomas positivos e dos sintomas negativos secundários. Dificuldades no tratamento farmacológico dos sintomas negativos Embora os sintomas negativos sejam frequentes, incapacitantes e responderem mal aos antipsicóticos existentes, poucos foram os sucessos no desenvolvimento de novos tratamentos farmacológicos. Dentre as dificuldades encontradas para o manejo dos sintomas negativos, podemos destacar: Natureza dos sintomas Os sintomas negativos são geralmente menos agudos e causam, aparentemente, menos transtornos ou problemas para os pacientes e seus familiares, não estando associados a hospitalizações. Somente nos últimos anos os psiquiatras e a indústria farmacêutica têm se preocupado com o alivio dos sintomas negativos, uma vez que estes deixaram de ser considerados somente sintomas residuais. Essas mudanças ocorreram depois que os objetivos do tratamento da esquizofrenia se ampliaram para o retorno da função desses pacientes, ao invés de se restringir somente para a redução dos sintomas. Desenhos dos ensaios clínicos para avaliação dos sintomas negativos Os ensaios clínicos para potenciais substâncias para o tratamento dos sintomas negativos(3) apresentam várias dificuldades na sua condução dentre elas: 1) Pacientes com sintomas negativos são difíceis para o recrutamento e a manutenção deles nos estudos de intervenção 2) Dificuldade em distinguir entre os sintomas negativos primários e secundários 3) Ensaios clínicos para avaliação da melhora para os sintomas clínicos têm duração mínima de seis meses, conforme as recomendações do Food and Drug Administration (FDA). Escalas para avaliação dos sintomas negativos As escalas atuais para avaliação dos sintomas negativos nos ensaios farmacológicos de intervenção apresentam várias limitações. A escala Scale for Assessment of Negative Symptoms (SANS) é considerada o padrão ouro para os estudos de avaliação dos sintomas negativos. (4) Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 9 Destaque A escala inclui cinco subescalas: embotamento afetivo, alogia, apatia, anedonia e atenção. Ela é aplicada por psiquiatras, que associam as informações obtidas durante a avaliação com as suas observações e percepções no último mês. Com esse desenho, a SANS apresenta a limitação de detectar rapidamente as mudanças nos sintomas negativos. Além disso, vários itens avaliados pela SANS, como atenção, afeto inapropriado, pobreza no conteúdo da fala, não são mais considerados como parte dos sintomas negativos por vários pesquisadores da área. Por outro lado, vários estudos preferem utilizar escalas mais gerais para avaliação da psicopatologia, como a Positive and Negative Syndrome Scale (PANSS)(5) e a Brief Psychiatric Rating Scale (BPRS),(6) que acabam avaliando de maneira limitada os sintomas negativos. A PANSS incluiu explicitamente uma subescala de sintomas negativos com sete itens que integram as observações do avaliador com a história pregressa da semana anterior. No entanto, os itens não avaliam completamente o domínio dos sintomas negativos e alguns itens (dificuldade para pensamento abstrato e pensamento estereotipado) avaliam muito mais a cognição do que os sintomas negativos propriamente ditos. Já a BPRS inclui somente três itens (redução do afetivo, retardo motor, embotamento afetivo). Porém, estudos mais recentes têm utilizado as escalas The Schedule for the Deficit Syndrome(7) e The Negative Symptom Assessment (NSA-16),(8) que apresentam como vantagem uma melhor avaliação do domínio dos sintomas negativos. Mesmo assim, o The National Institute of Mental Health 10 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 (NIMH) considera que essas duas últimas escalas ainda não avaliam de maneira adequada os sintomas negativos, precisando de novos instrumentos para uma avaliação. Fisiopatologia Um melhor conhecimento da origem neurobiológica para o aparecimento dos sintomas negativos pode melhorar o manejo dessa condição. Por muitos anos atribuiu-se a redução da função do córtex pré-frontal como a causa para o aparecimento dos sintomas negativos. No entanto, estudos recentes com ressonância magnética funcional demonstraram que também há alterações no funcionamento das áreas límbicas. O achado mais consistente é a redução da atividade da região de reconhecimento no ventral striatum em pacientes esquizofrênicos com predominância de sintomas negativos. (9) Isso determina uma hipofuncionalidade no sistema de reconhecimento que pode interferir nos processos de aprendizagem e da emoção, determinando comportamentos de evitação e apatia. Alterações de funcionamento de outras áreas, como a hiperatividade das amígdalas, também têm sido relacionadas com sintomas negativos, particularmente com o embotamento afetivo.(10) Efeitos dos antipsicóticos nos sintomas negativos Os antipsicóticos continuam a ser o principal agente para o tratamento dos pacientes com esquizofrenia. O efeito dessas drogas inclui a melhora dos sintomas positivos e dos sintomas negativos secundários. Os antipsicóticos clássicos ou de primeira geração reduzem principalmente os sintomas positivos, enquanto antipsicóticos de segunda geração também apresentam melhoras nos sintomas de depressão e de ansiedade, bem como um menor risco para sintomas extrapiramidais. Entretanto, ainda não foi demonstrada de maneira adequada a eficácia dos antipsicóticos de 2ª geração nos sintomas negativos primários. Com isso, outras substâncias não- antipsicóticas têm sido investigadas como possibilidades para o tratamento dos sintomas negativos(11) (tabela 1). Conclusão Os sintomas negativos da esquizofrenia são associados com uma grande diminuição da funcionalidade desses pacientes a longo prazo, mesmo após a estabilização dos sintomas psicóticos. Apesar disso, ainda pouco se sabe como melhorar esses sintomas. Os principais motivos para essa situação incluem: 1) tratamentos atuais são baseados no controle dos sintomas positivos, 2) escalas existentes apresentam dificuldade para avaliação dos sintomas negativos, 3) modelos neurofisiopatológicos inadequados para a explicação dos sintomas negativos, 4) necessidade de estudos de longa duração para avaliação desses sintomas. Referências 1. Liddle P. The symptoms of chronic schizophrenia: a reexamination of the positive-negative dichotomy. BR J Psychiatry 1987;151:145-151. 2. Milev P, Ho BC, Arndt S, Andreasen NC. Predictive values of neurocognition and negative symptoms on functional outcome in schizophrenia: a longitudinal first-episode study with 7-year follow-up. AM J Psychiatry 2005;162:495-506. 3. Buchanan RW, Davis M, Goff D et al. A summary of the FDA-NIMH-MATRICS workshop on clinical Trial design for neurocognitive drugs for schizophrenia. Schizophr Bull 2005;31:5-19. Tabela 1. Estudos recentes do uso de substâncias não-antipsicóticas para o tratamento dos sintomas negativos da esquizofrenia(11) Substância Número de Número de participantes/ estudos estudo Escala utilizada Resultados Mirtazapina 3 38 38 39 PANSS total e subescala negativa •mirtazapina foi estatisticamente superior ao placebo (2 estudos) •mirtazapina não foi estatisticamente superior ao placebo (1 estudo) Memantina 2 22 135 PANSS subescala negativa, BPRS total e subescala negativa •memantina foi estatisticamente superior ao placebo (BPRS) (1 estudo) •memantina não foi estatisticamente superior ao placebo (PANSS subescala negativa) (1 estudo) Atomoxetina 2 22 7 SANS, PANSS •atomoxetina não foi estatisticamente superior ao placebo (SANS, PANSS) Donepezil 1 30 PANSS total e subescala negativa •donepezil foi estatisticamente superior ao placebo (PANSS) Ômega-3 1 67 PANSS total e subescala negativa •ômega-3 foi estatisticamente superior ao placebo (PANSS) Galantamina 1 73 BPRS total, SANS •galantamina foi estatisticamente superior ao placebo nos sintomas alogia e embotamento afetivo Modafinil 1 35 SANS, PANSS subescala negativa •modafinil não foi estatisticamente superior ao placebo Lamotrigina 1 16 PANSS •lamotrigina não foi estatisticamente superior ao placebo Divalproato 1 17 PANSS •divalproato não foi estatisticamente superior ao placebo Cicloserina 1 38 SANS total •cicloserina foi estatisticamente superior ao placebo Raloxifene 1 35 PANSS total e subescala negativa •raloxifene foi estatisticamente superior ao placebo (PANSS total) •raloxifene não foi estatisticamente superior ao placebo (subescala negativa) D-serina 1 38 SANS total •D-serina foi estatisticamente superior ao placebo (SANS total) Sarcosina 1 37 SANS total •sarcosina foi estatisticamente superior ao placebo (SANS total) Minociclina 1 21 SANS total •minociclina foi estatisticamente superior ao placebo (SANS total) Pregnolona 1 17 SANS, subescala negativa da PANSS •pregnolona foi estatisticamente superior ao placebo (SANS total, subescala afeto) Buspirona 1 14 PANSS total e subescala negativa SANS •buspirona não foi estatisticamente superior ao placebo Reboxetina 1 33 SANS •reboxetina não foi estatisticamente superior ao placebo Citalopram 1 149 subescala negativa •citalopram não foi estatisticamente superior ao placebo 4. Andreasen NC. The Scale for the Assessment of Negative Symptoms (SANS). Iowa City IA, University of Iowa, 1983. 5. Kay SR, Fiszbein A, Opler LA. The Positive and Negative Syndrome Scale (PANSS) for schizophrenia. Schizophr Bull 1987;13:26176. 6. Overall JE, Gorham DR. The Brief Psychiatric Rating Scale. Psychol Rep 1962;10:799812. 7. Kirkpatrick RW, Buchanan PD, McKen- ney LD et al. The Schedule for the Déficit Syndrome: an instrument for research in schizophrenia. Psychiatry Res 1989;30:119123. 8. Alphs L, Summerfelt A, Lan H, Muller RJ. The Negative Symptom Assessment: a new instrument to assess negative symptoms of schizophrenia. Psychopharmacol Bull 1989;25:159-163. 9. Juckel G, Schlagenhauf F, Koslowski M et al. Dysfunction of ventral striatal reward prediction in schizophrenia. Neuroimage 2006;29:409-416. 10. Gur RE, Loughead J, Kohler CG et al. Limbic activation associated with misidentification of fearful faces and flat affect in schizophrenia. Arch Gen Psychiatry 2007;64:1356-1366. 11. Hanson E, Healey K, Wolf D, Kohler C. Assessment of pharmacotherapy for negative symptoms of Schizophrenia. Curr Psychiatry Rep 2010; 12:563-71. Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 11 Especial Risco cardiovascular e transtornos psiquiátricos Profa. Dra. Tânia Corrêa de Toledo Ferraz Alves* E m anos recentes, tem ficado cada vez mais claro o impacto da associação entre os fatores de risco cardiovasculares (FRCV), particularmente hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM) e hipercolesterolemia (HCL) e desenvolvimento de declínio cognitivo e quadros depressivos nos idosos (fig.1). Declínio cognitivo e fatores de risco cardiovasculares Estudos epidemiológicos sugerem que os FRCV participam da fisiopatologia da demência de Alzheimer (DA). A presen- ça de aterosclerose no polígono de Willis, com consequente hipoperfusão cerebral,(1) foi observada em associação a doença cardiovascular e pode desencadear o processo patológico de DA.(2) A relação da pressão arterial (PA) e da função cognitiva é idadedependente,(3) com uma relação inversa entre PA e cognição nos idosos sem tratamento para hipertensão arterial;(4) enquanto nos sujeitos com controle adequado da PA, o uso da medicação anti-hipertensiva teve efeito protetor sobre a cognição.(5) Os mecanismos subjacentes ao papel da HAS na fisiopatologia da DA possivelmente incluem a redução da perfusão cerebral secundária às elevações da PA, aumento da resistência vascular sistêmica e/ou lesões diretas nas células endoteliais cerebrais produtoras de óxido nítrico.(6) * Professora Colaboradora Médica do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Professora Assistente das Disciplinas de Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina do ABC. CRM-SP 85.182. 12 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 Já a relação entre DM e demência se mostra mais robusta nos portadores do alelo 4 da apolipoproteína E (ApoE4) e nos DM insulino-dependentes.(7) Alguns estudos sugerem que a presença de DM durante a fase adulta aumentaria o risco de DA, através de alterações cerebrais, mecanismos inflamatórios e alterações microvasculares desencadeadas pelo aumento da glicemia e estado de hiperinsulinemia.(8) Em relação à hipercolesterolemia, vários mecanismos têm sido associados à presença de risco para DA. A presença de hipercolesterolemia se associa a um maior acúmulo de plaquetas e maior rapidez da progressão na DA. Diversos estudos associaram o uso das medicações redutoras de colesterol com redução de incidência de DA, bem como na melhora cognitiva de indivíduos idosos.(9) Finalmente, os FRCV se associam a um maior risco de ocorrência de acidentes vasculares cerebrais (AVC). A presença de AVC foi independentemente associada ao desenvolvimento de prejuízo cognitivo em idosos.(10) Figura 1. Relações entre fatores de risco cardiovascular e transtornos psiquiátricos no idoso Fatores de risco cardiovasculares, hipertensão, diabetes, dislipidemia Doença cardiovascular (infarto agudo miocárdio, arritmia, insuficiência cardíaca) Lesão ou disfunção Doença cerebrovascular (AVC, lesão substância branca, hipoperfusão cerebral) cardiopatia podem ser passíveis de melhora com tratamento adequado da cardiopatia e da depressão. (16) Estudos recentes sobre a ação da insulina, cortisol e de outros hormônios sobre o hipocampo podem ter impacto importante sobre o conhecimento da fisiopatologia dos quadros depressivos em pacientes com DM e outros FRCV.(7,17) (fig. 2) Uma complicação frequente após o surgimento do AVC é o desenvolvimento de quadros depressivos e déficits cognitivos além dos sintomas motores.(18) Nos quadros depressivos pós-AVC, é interessante notar que os sintomas de retardo psicomotor, perda de interesse e fadiga foram mais relevantes.(19) Vários estudos têm identificado Figura 2. HIPERTENSÃO DIABETES Depressão e fatores de risco cardiovasculares As taxas de prevalência de transtornos de humor em pacientes com doença cardiovascular variam de 18 a 50%.(11) A síndrome depressiva em pacientes cardiopatas tem características clínicas próprias, com presença de despertar matinal e aumento da atividade simpática,(12) sendo associada a alteração de fatores inflamatórios,(13) presença de lesões cerebrais,(14) e hipoperfusão cerebral. (15) Finalmente, os déficits cognitivos associados à depressão na Transtornos mentais (delirium, depressão, transtorno bipolar, declínio cognitivo, demência) HIPERLIPIDEMIA ATEROSCLEROSE Lesão frontal, dos núcleos da base vulnerabilidade à depressão eventos negativos da vida suporte social deficiente DEPRESSÃO VASCULAR Fonte: extraída do artigo de Novaretti e cols., “Hipersinais subcorticais no exame de ressonância magnética: comparação entre idosos deprimidos e idosos normais”. Arq Neuro-Psiquiatr 2001;59(3B):754-760. Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 13 Especial A síndrome depressiva em pacientes cardiopatas tem características clínicas próprias, com presença de despertar matinal e aumento da atividade simpática,(12) sendo associada a alteração de fatores inflamatórios,(13) presença de lesões cerebrais,(14) e hipoperfusão cerebral que a depressão se comporta como um fator de risco tanto para o surgimento da doença coronariana como para uma maior morbidade e mortalidade cardiovascular naqueles já portadores de doença cardíaca.(20) Uma meta-análise de estudos prospectivos indicou um risco aumentado de 60% a 80% para pacientes com depressão virem a desenvolver doença das coronárias comparados com aqueles sem depressão.(21) Conclusão e perspectivas futuras Este artigo procurou revisar a importância da relação entre FRCV, doenças cardiovasculares e transtornos depressivos e cognitivos, bem como alguns dos mecanismos subjacentes a essa associação. Já existem diversas evidências de que os FRCV teriam um papel central nas alterações cerebrais associadas à presença de sintomas depressivos e prejuízo cognitivo, particularmente no idoso. A importância destes FRCV no desenvolvimento de quadros neuropsiquiátricos se faz, visto que eles são potencialmente modificáveis e controláveis durante a vida adulta. Como as alterações ligadas 14 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 aos FRCV ocorrem ao longo da vida e apresentam efeito sinérgico, o controle destas alterações através de detecção precoce e tratamento específico apresenta um grande potencial preventivo. Assim sendo, o desenvolvimento de estratégias para identificação precoce destes sujeitos, bem como o tratamento ativo para controle dos FRCV nos adultos podem ter grande impacto na qualidade de vida e no envelhecimento saudável. Referências 1. Alves TC et al. Localized cerebral blood flow reductions in patients with heart failure: a study using 99mTc-HMPAO SPECT. J Neuroimaging 2005;15(2):150-6. 2. de la Torre JC. Vascular basis of Alzheimer’s p a t h o g e n e s i s. A n n N Y A c a d S c i 2002;977:196-215. 3. Peters R et al. Vascular risk factors and cognitive function among 3763 participants in the Hypertension in the Very Elderly Trial (HYVET): a cross-sectional analysis. Int Psychogeriatr 2009;21(2):359-68. 4. Elias MF et al. Lower cognitive function in the presence of obesity and hypertension: the Framingham heart study. Int J Obes Relat Metab Disord 2003;27(2):260-8. 5. Di Bari M et al. Dementia and disability outcomes in large hypertension trials: lessons learned from the systolic hypertension in the elderly program (SHEP) trial. Am J Epidemiol 2001;153(1):72-8. 6. Skoog I. Hypertension and cognition. Int Psychogeriatr 2003;15 Suppl 1:139-46. 7. Curtis L.H et al. Costs of the Metabolic Syndrome in the Elderly: Findings From the Cardiovascular Health Study. Diabetes Care 2007. 8. Xu W et al. The effect of borderline diabetes on the risk of dementia and Alzheimer’s disease. Diabetes 2007;56(1):211-6. 9. Solomon A et al. Serum cholesterol changes after midlife and late-life cognition: twenty-one-year follow-up study. Neurology 2007;68(10):751-6. 10. Koga H et al. Cognitive consequences of multiple lacunes and leukoaraiosis as vascular cognitive impairment in community-dwelling elderly individuals. J Stroke Cerebrovasc Dis 2009;18(1):32-7. 11. Musselman DL, Evans and CB Nemeroff. The relationship of depression to cardiovascular disease: epidemiology biology, and treatment. Arch Gen Psychiatry 1998;55(7):580-92. 12. Fraguas R Jr et al. Major depressive disorder and comorbid cardiac disease: is there a depressive subtype with greater cardiovascular morbidity? Results from the STAR*D study. Psychosomatics 2007;48(5):418-25. 13. Andrei AM et al. Major depressive disorder and inflammatory markers in elderly patients with heart failure. Psychosomatics 2007;48(4):319-24. 14. Almeida JR et al. Late-life depression, heart failure and frontal white matter hyperintensity: a structural magnetic resonance imaging study. Braz J Med Biol Res 2005;38(3):431-6. 15. Alves TC et al. Association between major depressive symptoms in heart failure and impaired regional cerebral blood flow in the medial temporal region: a study using 99m Tc-HMPAO single photon emission computerized tomography (SPECT). Psychol Med 2006;36(5):597-608. 16. Alves TC et al. Effects of antidepressant treatment on cognitive performance in elderly subjects with heart failure and comorbid major depression: an exploratory study. Psychosomatics 2007;48(1):22-30. 17. McEwen BS, AM Magarinos and LP Reagan, Studies of hormone action in the hippocampal formation: possible relevance to depression and diabetes. J Psychosom Res 2002;53(4):883-90. 18. Vataja R et al. Poststroke depression and lesion location revisited. J Neuropsychiatry Clin Neurosci 2004;16(2):156-62. 19. Terroni Lde M et al. Importance of retardation and fatigue/interest domains for the diagnosis of major depressive episode after stroke: a four months prospective study. Rev Bras Psiquiatr 2009;31(3):202-7. 20. Ellis JJ et al. Depressive symptoms and treatment after acute coronary syndrome. Int J Cardiol 2005;99(3):443-7. 21. Nicholson A, H Kuper and H Hemingway. Depression as an aetiologic and prognostic factor in coronary heart disease: a metaanalysis of 6362 events among 146 538 participants in 54 observational studies. Eur Heart J 2006. Casos Clínicos A importância de tratar a comorbidade no primeiro episódio de esquizofrenia Prof. Dr. Álvaro Estima* Identificação FB, sexo masculino, 24 anos, solteiro, curso superior incompleto (música), branco, natural do Rio de Janeiro. Antecedentes familiares Pais casados vivendo juntos, tem um irmão de 20 anos, todos hígidos. Tia avó materna faleceu internada em hospital psiquiátrico há 30 anos com diagnóstico incerto (“esquisita, convívio familiar impossível”). Antecedentes pessoais Nascido a termo, parto cesáreo e gravidez sem intercorrências. Desenvolvimento neuropsicomotor normal. A família e o paciente assinalam a evidente timidez de FB nos contatos familiares, escolares e sociais. Teve duas namoradas, com quem mantinha vida sexual ativa; está sem namorar “desde que as coisas ficaram ruins”. Aos 13 anos começou a usar cannabis; inicialmente, nos fins de semana, passando a consumidor diário a partir de 18-20 anos de cerca de quatro cigarros. Apendicectomia aos 16 anos. Queixa principal “As pessoas estão contra mim, falam mal de mim, me apontam quando eu passo e o porteiro S espalhou que sou bicha para a rua toda.” agressivo e bizarro de F nas áreas comuns; compareceu a uma reunião de moradores enrolado em uma toalha de mesa para queixar-se do porteiro, que estaria fazendo considerações calunio- HPMA A família informa que FB foi ficando diferente a partir do Natal de 2007, isolando-se e recusando o contato social; terminou o namoro e passou a fazer perguntas esquisitas, que mais tarde foram relacionadas com as alucinações auditivas e ideias delirantes. Mantinha o celular desligado e inativou sua participação em sites de relacionamento. Tornou-se desconfiado e quando questionado sobre sua mudança de comportamento, tornava-se agressivo. A família foi notificada pelo condomínio do prédio por comportamento * Psiquiatra Clínico e Psicoterapeuta, Ex-Professor da Faculdade de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). CRM-RJ 52.20529-7. Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 15 Casos Clínicos O conhecimento destes aspectos de variabilidade genética trará uma nova luz para nossa clínica. Independente disso é sempre recomendável o tratamento precoce das comorbidades em qualquer síndrome psiquiátrica. sas sobre sua vida sexual. Descuidou-se da higiene pessoal: dez dias sem tomar banho, escovar os dentes e pentear o cabelo. Perda de apetite com consequente perda de peso. Foi a um neurologista, que prescreveu fluoxetina, inicialmente 20 mg/dia, chegando até 60 mg/dia quando houve um agravamento do quadro, com aparecimento de agressividade verbal e física. me chamando de homossexual”. Diz estar “dormindo mal”. Exame psíquico Vem à consulta com vestes próprias para o sexo, idade e situação, mas em desalinho, com descuido pela higiene e aparência pessoal. Começa a falar espontaneamente, revelando pensamento com alteração de curso e conteúdo mostrando interceptações e ideias delirantes de caráter persecutório; com frequência dá pararrespostas. Taquipsíquico, hipervigil e hipotenaz. Orientado auto e alopsiquicamente. Nexos afetivos conturbados, extremamente ambivalente. Desconfiado, interpretando gestos e ruídos ocasionais de maneira autorreferente. Muitas vezes interrompe o discurso lançando olhares para a janela e expressando-se com gestos e mímica facial, querendo dizer que estamos sendo escutados e comentados por alguém. Ao ser perguntado, revela alucinações auditivas do tipo acusatórias, de conteúdo sexual: “eles ficam Tratamento Iniciou com 300 mg de quetiapina de liberação prolongada em uma tomada noturna, passando imediatamente para 600 mg e posteriormente para 500 mg. 16 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 Exame físico Sem queixas clínicas; exames neurológico e laboratoriais recentes sem anormalidades. Hipótese diagnóstica Esquizofrenia paranoide F 20.0. Evolução Aceitou a intervenção terapêutica ao saber que a medicação poderia melhorar o sono. Retornou á consulta seis dias após, satisfeito com a melhora do sono e com relato familiar de melhora da agressividade e do apetite. Apresentou redução progressiva dos sintomas que o atormentavam e que tornavam impossível o convívio familiar e social. Cerca de um mês e meio depois telefonou queixando-se de dificuldade do despertar e de sonolência diurna. Com a redução para 500 mg houve melhora gradual do estado vigil. Desde o início do tratamento psiquiátrico ficou claro que F deveria suspender o uso de cannabis. Foi levado pela família para tratamento em grupo de apoio ligado a uma instituição religiosa. O resultado foi muito bom, com algumas recaídas iniciais e, hoje, há pouco mais de dois anos do início do uso da medicação e do trabalho em grupo, está abstinente há quase um ano. Nesses dois anos de tratamento houve remissão completa dos sintomas positivos, mas mantém ainda um isolamento social que o impede de continuar seus estudos e relacionamentos. Está trabalhando com o pai, ocupando-se com tarefas menores, indo fazer pagamentos bancários e respondendo a correio eletrônico com mensagens simples e formais para clientes da empresa. Tem sido procurado pela ex-namorada, com quem mantém relacionamento afetivo frio. Voltou a tocar piano. Discussão Há variabilidade genética que torna a catecol-orto-metiltransferase (COMT) menos ativa. Tal enzima é responsável pela metabolização das catecolaminas. O polimorfismo funcional rs4680 (val158met-22q11.21) pode influenciar o desenvolvimento de psicose em adolescentes que usam cannabis. Os heterozigóticos val-met seriam mais frágeis neste aspecto do que os homozigóticos met-met.(1) Tal afirmativa não é categórica para o caso em questão, pois em nosso meio tal exame não é realizado como rotina. O conhecimento destes aspectos de variabilidade genética trará uma nova luz para nossa clínica. Independente disso é sempre recomendável o tratamento precoce das comorbidades em qualquer síndrome psiquiátrica. Referência 1. Caspi et al. Biol Psych 2005;57(10):1117-1127. Quetiapina de liberação prolongada no tratamento da depressão bipolar Prof. Dr. André Férrer Carvalho1 • Profa. Dra. Susana Marcela Pineida Ramirez2 Identificação LEG, 32 anos, solteira, católica, bacharel em direito, funcionária pública, natural de Canindé e procedente de Fortaleza. Queixa principal “Estou muito triste”. História da doença atual Paciente refere que há aproximadamente 18 anos apresentou, após término de relacionamento afetivo, tristeza, choro fácil, desânimo, além de perda importante de peso e diminuição do prazer. O quadro durou 2 meses. O desempenho escolar caiu consideravelmente. O tratamento com fluoxetina melhorou o quadro. LEG permaneceu estável e finalizou o ensino médio e foi aprovada no vestibular para Direito. Quando tinha 19 anos, a mãe foi diagnosticada com câncer de mama e a paciente passou a apresentar um período em que se achou “poderosa”, teve gastos excessivos, ficou excessivamente falante e ativa. Chegou a ser internada por 14 dias. Após a alta permaneceu estável com lítio. Contudo, passou a ingerir quantidades crescentes de álcool. Tal hábito permanece até os dias de hoje. Bebe um dia por semana uma quantidade excessiva de álcool. Aos 25 anos teve período de tristeza, choro fácil, desânimo, vontade de morrer e pessimismo. Tal quadro foi desencadeado por estresse crônico. Nessa época foi tratada com sertralina. Contudo, a partir desse momento afirma que “nunca mais foi a mesma”. O quadro modificou-se e a paciente passou a apresentar diversos períodos de depressão, que duravam em média seis semanas. Intercaladas com esses episódios ocorriam fases, onde ficava mais sensual, mais falante, mais ativa e cheia de energia. Nesses episódios ocorriam excessos financeiros. A paciente tentou suicídio em duas ocasiões após ingestão excessiva de fármacos. LEG começou a ser atendida por mim em novembro de 2009. Nesse período, estava em uso de sertralina e divalproato. Contudo, há aproximadamente três semanas come- çou a apresentar choro fácil, desânimo, diminuição da libido, além de “vontade de sumir” (sic). O apetite havia diminuido consideravelmente. No mesmo ano já apresentara quatro outros episódios distintos de humor (figura 1). Antecedentes pessoais LEG é a segunda filha de uma prole de três. Não houve intercorrências clínicas perinatais. Teve desenvolvimento neuropsicomotor normal. Aos 25 anos teve uma filha após breve aventura romântica. Atualmente reside com os pais e a filha. Sempre teve dificuldades em manter relacionamentos estáveis. Antecedentes familiares O pai é dependente do álcool. Uma tia paterna cometeu suicídio e outra é tratada para transtorno bipolar do humor (TBH). 1 - Professor Adjunto de Psiquiatria, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará (UFC); Coordenador do Núcleo de Pesquisas em Psiquiatria. Doutor em Ciência Médicas (UFRGS). CRM-CE 7.890. 2 - Professora de Medicina na Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Medicina (UFC). CRM-CE 8.595. Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 17 Casos Clínicos Exame do estado mental A paciente apresentava aspecto descuidado, com fácies de tristeza, transparecendo pouca vaidade. Consciência: Vigil. Orientação: Orientada auto e alopsiquicamente. Sensopercepção: Sem alterações. Pensamento: Lógico e lentificado. Havia ideias prevalentes de culpa, inutilidade e desesperança. Não havia delírios. Atenção: Hipoprosexia. Memória: A paciente referia dificuldade em fixar informações, provavelmente relacionada a déficit atencional. Afeto: Disfórico. Linguagem: Normolálica. Inteligência: Na média clinicamente. Conduta: Choro fácil. Avolição. A paciente apresentava escore de 20 na Escala de Hamilton (HDRS17) Exames laboratoriais Sem alterações. Hipóteses diagnósticas TBH tipo I, episódio depressivo moderado, cicladora rápida. Abuso do álcool. Conduta A paciente estava em uso de sertra- lina 50 mg/dia + divalproato 1,5 g/ dia. O uso de sertralina foi suspenso em 4 semanas. Iniciou-se quetiapina de liberação prolongada com a dose de 50 mg/dia. Houve elevação da dose para 300 mg/dia. Evolução A remissão sintomática da depressão (HAM-D17=5) ocorreu ao redor da quinta semana de tratamento. A paciente retornou referindo melhora do quadro. Passou a trabalhar satisfatoriamente. Foi iniciada psicoterapia cognitivo-comportamental. Houve aumento leve de peso (aproximadamente 3 kg ao longo de 3 meses). A paciente foi avaliada pela última vez em setembro de 2010. Os exames laboratoriais encontravam-se normais. A paciente permanece eutímica. Discussão O presente caso se refere ao manejo de um episódio depressivo em paciente com TBH tipo I. Sexo feminino e exposição prévia a antidepressivos estão associados a ciclagem rápida.(1) Outro fato importante é que a paciente em questão iniciou o quadro aos 14 anos. Pacientes com início precoce do TBH geralmente têm prognóstico mais reservado, conforme demonstrado em estudo prospectivo recente.(2) Outras características mais presentes no TBH de início precoce são: maior prevalência de abuso de substâncias e maior número de tentativas de suicídio.(3) A quetiapina é um dos fármacos de primeira linha para tratamento agudo da depressão bipolar.(4) A dose de 300 mg/dia é efetiva para o tratamento agudo da depressão bipolar, de acordo com dados provenientes de pelo menos quatro ensaios clínicos multicêntricos controlados.(5-8) Estudos clínicos sugerem eficácia desse fármaco nessa subpopulação de pacientes com TBH.(9,10) Referências 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Figura 1. Episódios maiores do humor da paciente LEG durante o ano de 2009 de acordo com critérios diagnósticos da DSM-IV-TR. Observe a presença de pelo menos cinco episódios maiores de humor (ciclagem rápida). 18 Revista Neurociência de A a Z • Ano II • Nº 1/2011 8. 9. 10. Kupka RW et al. Rapid and non-rapid cycling bipolar disorder: a meta-analysis of clinical studies. J Clin Psychiatry 2003;64:1483-1494. Post RM et al. Early-onset bipolar disorder and treatment delay are risk factors for poor outcome in adulthood. J Clin Psychiatry 2010;71: 864-872. Perlis RH et al. Long-term implications of early-onset bipolar disorder: data from the first 1000 participants in the systematic treatment enhancement program for bipolar disorder (STEP-BD). Biol Psychiatry 2004; 55: 875-881. Yatham LN et al. Canadian Network for Mood and Anxiety Treatments (CANMAT) and International Society for Bipolar Disorders (ISBD) collaborative update of CANMAT guidelines for the management of patients with bipolar disorder: update 2009. Bipolar Disord 2009;11: 225-255. Calabrese JR et al. A randomized, doubleblind, placebo-controlled trial of quetiapine in the treatment of bipolar I or II depression. Am J Psychiatry 2005;162:1351-1360. Thase ME et al. Efficacy of quetiapine monotherapy in bipolar I and II depression: a double-blind, placebo-controlled study (the BOLDER II study). J Clin Psychopharmacol 2006;26:600-609. Young AH et al. A double-blind, placebocontrolled study of quetiapine and lithium in adults in the acute phase of bipolar depression (EMBOLDEN I). J Clin Psychiatry 2010; 71: 150-162. McElroy SL et al. A double-blind, placebocontrolled study of quetiapine and paroxetine as monotherapy in adults with bipolar depression (EMBOLDEN II). J Clin Psychiatry 71:163-174. Vieta E et al. Quetiapine monotherapy in the treatment of patients with bipolar I or II depression and a rapid-cycling disease course: a randomized, double-blind, placebo-controlled study. Bipolar Disord 2007;9:413-425. Goldberg JF et al. Effectiveness of quetiapine in rapid cycling bipolar disorder: a preliminary study. J Affect Disord 2008;105:305-310. Seroquel XRO® fumarato de quetiapina Seroquel XRO® (fumarato de quetiapina) é um agente antipsicótico atípico Indicações: Seroquel XRO é indicado para o tratamento da esquizofrenia e como monoterapia ou adjuvante no tratamento dos episódios de mania e de depressão associados ao transtorno afetivo bipolar. Contra-indicações: Seroquel XRO é contra-indicado em pacientes com hipersensibilidade conhecida a qualquer componente de sua fórmula. Cuidados e Advertências: Advertências: Ideação e comportamento suicidas ou piora clínica: A depressão e certos transtornos psiquiátricos são associados a um aumento de risco de ideação e comportamento suicidas. Pacientes de todas as idades que iniciam tratamento com antidepressivos devem ser monitorados e observados de perto quanto a piora clínica, suicidalidade ou alterações não usuais no comportamento. Familiares e cuidadores devem ser alertados sobre a necessidade de observação do paciente e comunicação com o médico. Neutropenia: Muitos casos de neutropenia grave ocorreram dentro dos primeiros dois meses do início de tratamento com quetiapina. Aumentos de glicose no sangue e hiperglicemia: Aumentos de glicose no sangue e hiperglicemia, e relatos ocasionais de diabetes têm sido observados nos estudos clínicos com quetiapina. Lipídeos: Aumentos de triglicérides e colesterol têm sido observados nos estudos clínicos com quetiapina. Doenças concomitantes: Recomenda-se cautela ao tratar pacientes com doença cardiovascular conhecida, doença cerebrovascular ou outras condições que os predisponham à hipotensão. Convulsões: recomenda-se cautela ao tratar pacientes com história de convulsões. Sintomas extrapiramidais e Discinesia tardia: Se sinais e sintomas de discinesia tardia aparecerem, deve ser considerada uma redução da dose ou a descontinuação de quetiapina. Síndrome neuroléptica maligna: Síndrome neuroléptica maligna (hipertermia, estado mental alterado, rigidez muscular, instabilidade autonômica e aumento da creatino fosfoquinase) tem sido associada ao tratamento antipsicótico, incluindo a quetiapina. Caso isto ocorra, Seroquel XRO deve ser descontinuado e tratamento médico apropriado deve ser administrado. Descontinuação: Sintomas de descontinuação aguda assim como insônia, náusea e vômito têm sido descritos após uma interrupção abrupta do tratamento com fármacos antipsicóticos incluindo a quetiapina. É aconselhada a descontinuação gradual por um período de pelo menos uma a duas semanas. Uso durante a gravidez e lactação: Categoria de risco na gravidez: C. Seroquel XRO só deve ser usado durante a gravidez se os benefícios justificarem os riscos potenciais. As mulheres devem ser orientadas a não amamentarem enquanto estiverem tomando Seroquel XRO (para maiores informações vide bula completa do produto). Interações medicamentosas: Seroquel XRO deve ser usado com cuidado em combinação com outros medicamentos de ação central e com álcool. A co-administração de carbamazepina aumentou significativamente a depuração de quetiapina, dependendo da resposta clínica, um aumento da dose de Seroquel XRO deve ser considerado. Doses elevadas de Seroquel XRO podem ser necessárias para manter o controle dos sintomas psicóticos em pacientes que estejam recebendo concomitantemente Seroquel XRO e fenitoína ou outros indutores de enzimas hepáticas (por exemplo: barbituratos, rifampicina, etc.). A dosagem de Seroquel XRO deve ser reduzida durante o uso concomitante de quetiapina e potentes inibidores da CYP3A4 (como antifúngicos azóis, antibióticos macrolídeos e inibidores da protease). Outras interações medicamentosas, vide bula completa do produto. Reações adversas: As reações adversas mais comumente relatadas com a quetiapina são: tontura, sonolência, boca seca, sintomas de descontinuação (insônia, náusea, cefaléia, diarréia, vômito, tontura e irritabilidade), elevações dos níveis de triglicérides séricos, elevações do colesterol total, ganho de peso, leucopenia, neutropenia, taquicardia, visão borrada, constipação, dispepsia, astenia leve, edema periférico, irritabilidade, elevações das transaminases séricas (ALT, AST), aumento da glicose no sangue para níveis hiperglicêmicos, elevações da prolactina sérica, síncope, sintomas extrapiramidais, aumento do apetite, rinite, hipotensão ortostática e sonhos anormais e pesadelos (para maiores informações vide bula completa do produto). Posologia: Seroquel XRO deve ser administrado uma vez ao dia, por via oral, com ou sem alimentos. Esquizofrenia e Episódios de mania associados ao transtorno afetivo bipolar: a dose total diária para o início do tratamento é de 300 mg no dia 1, 600 mg no dia 2 e até 800 mg após o dia 2. A dose deve ser ajustada até atingir a faixa considerada eficaz de 400 mg a 800 mg por dia, dependendo da resposta clínica e da tolerabilidade de cada paciente. Para terapia de manutenção em esquizofrenia não é necessário ajuste de dose. Episódios de depressão associados ao transtorno afetivo bipolar: SEROQUEL XRO deve ser administrado em dose única diária noturna, por via oral, com ou sem alimentos. SEROQUEL XRO deve ser titulado como a seguir: 50 mg (dia 1), 100 mg (dia 2), 200 mg (dia 3) e 300 mg (dia 4). SEROQUEL XRO pode ser titulado até 400 mg no dia 5 e até 600 mg no dia 8. A eficácia antidepressiva foi demonstrada com SEROQUEL com 300 mg e 600 mg, entretanto benefícios adicionais não foram vistos no grupo 600 mg durante tratamento de curto prazo.Troca de terapia a partir de Seroquel: Para maior conveniência de dose, pacientes em tratamento contínuo com doses divididas de Seroquel podem trocar o tratamento para Seroquel XRO nas doses equivalentes totais diárias tomadas uma vez ao dia. Pode ser necessário ajuste de dose individual. Insuficiência hepática: A quetiapina é extensivamente metabolizada pelo fígado. Portanto, Seroquel XRO deve ser usado com cautela em pacientes com insuficiência hepática conhecida, especialmente durante o período inicial. Pacientes com insuficiência hepática devem iniciar o tratamento com 50 mg/dia. A dose deve ser aumentada diariamente em incrementos de 50 mg/dia até atingir a dose eficaz, dependendo da resposta clínica e da tolerabilidade de cada paciente. Idosos: A depuração plasmática média de quetiapina foi reduzida em 30% a 50% em pacientes idosos quando comparados com pacientes jovens. Pacientes idosos devem iniciar o tratamento com 50 mg/dia. A dose deve ser aumentada em incrementos de 50 mg/dia até atingir a dose eficaz, dependendo da resposta clínica e da tolerabilidade de cada paciente (para maiores informações vide bula completa do produto). Superdose: A maioria dos pacientes com superdosagem não apresentou eventos adversos ou recuperou-se completamente dos eventos adversos. Em geral, os sinais e sintomas relatados foram resultantes da exacerbação dos efeitos farmacológicos conhecidos da quetiapina, isto é, sonolência e sedação, taquicardia e hipotensão. Não há antídoto específico para a quetiapina. Supervisão médica e monitoração cuidadosas devem ser mantidas até a recuperação do paciente. Apresentações: Embalagens com 10 e 30 comprimidos revestidos de liberação prolongada de 50 mg, 200 mg e 300 mg. USO ADULTO/USO ORAL. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA. Para maiores informações, consulte a bula completa do produto. (SER_XRO009) AstraZeneca do Brasil Ltda., Rod. Raposo Tavares, Km 26,9 - Cotia ‑ SP - CEP 06707-000 Tel.: 0800-0145578. www.astrazeneca.com.br Seroquel® XRO. MS – 1.1618.0232. Recuperando o paciente e a harmonia familiar. 1,2 30 “Primeiro, ele voltou NO 2º DIA a conversar 600mg 1X AO DIA com a mamãe. COMPRIMIDOS Depois, voltou a trabalhar. Hoje, ele voltou a brincar com a gente.” 10 COMPRIMIDOS 30 10 COMPRIMIDOS COMPRIMIDOS 1.ª linha de tratamento para a Depressão Bipolar (CAnmAt 2009).3 30 30 10 NO 2º DIA NO 2º DIA 10 O único atípico aprovado para tratar os dois polos do TAB – 600 mg no 2.º dia600mg 600mg 1X AO DIA 1X AO DIA 4 COMPRIMIDOS COMPRIMIDOS COMPRIMIDOS em Mania, 300 mg noCOMPRIMIDOS 4.º dia em Depressão. 30 10 Controle rápido dos sintomas maníacos – restauraCOMPRIMIDOS o convívio familiar.2,5 COMPRIMIDOS Rápida ação antidepressiva – auxilia no retorno à vida produtiva e social.2,6 30 30 10 10 Bom perfil de tolerabilidade – maior comprometimento do paciente com o tratamento.7,8 COMPRIMIDOS ESQUIZOFRENIA E MANIA 30 600 mg NO 2º DIA 30 COMPRIMIDOS COMPRIMIDOS COMPRIMIDOS DOSE EFETIVA 300 mg NO 4º DIA 10 COMPRIMIDOS DEPRESSÃO BIPOLAR 10 COMPRIMIDOS COMPRIMIDOS Referências bibliográficas: 1. Bowden C, Singh V. Bipolar disorders: treatment options and patient satisfaction. Neuropsychiatr Dis Treat 2006; 2 (2): 149-53. 2. Endicott J et al. A randomised, double-blind, placebocontrolled study of quetiapine in the treatment of bipolar I and II depression: improvements in quality of life. Int Clin Psycopharmacol 2007; 22 (1): 29-37. 3. Bula do Produto Seroquel® XRO. 4. Yatham LN et al. Canadian Network for Mood and Anxiety Treatments (CANMAT) and InternationalESQUIZOFRENIA Society for Bipolar Disorders (ISBD) collaborative update of CANMAT guidelines for the management of patients with bipolar disorder: update 2009. Bipolar ESQUIZOFRENIA DEPRESSÃO DEPRESSÃO Disord 2009; 11 (3): 225-55. 5. Cutler A et al. Effetiveness of quetiapine the treatment of acute bipolar 2008; 11 (suppl 1) s184-s185. NO 2º DIAof extendedErelease NO 2º NOas DIA 4ºmonotherapyfor DIA NO mania. 4º DIA Int J Neuropsychopharmacol E MANIA of the extended release MANIAformulation BIPOLAR BIPOLAR 6. Suppes T et al. Effectiveness formulation of quetiapine as monotherapy for the treatment of acute bipolar depression. Int J Neuropsychopharmacol 2008; 11(suppl 1): s185. 7. Kahn RS et al. Efficacy and tolerability of once-daily extend release quetiapine fumarate in acute schizophrenia: a randomized, double-blind, placebo-controlled study. J Clin Psychiatry 2007; 68(6): 832-42. 8. Peuskens J.; Trivedi J. K.; Malyarov S.; et al. Randomized, placebo-controlled, relapse-prevention study with once daily quetiapine sustained release in patients with schizophrenia. Eur Psychiatry 2007; 22 (suppl 1): S132. 600 mg DOSE EFETIVA 600 300mgmg DOSE EFETIVA 300 mg Contraindicação: Seroquel® XRO é contraindicado a pacientes com hipersensibilidade conhecida a qualquer componente de sua fórmula. Interação medicamentosa: devido aos efeitos primários da quetiapina sobre o sistema nervoso central, Seroquel® deve ser usado com cuidado em combinação com outros agentes de ação central e com álcool. Seroquel® é um medicamento. Durante seu uso, não dirija veículos nem opere máquinas, pois sua agilidade e atenção podem ser prejudicadas. Material destinado exclusivamente à classe médica. A bula do produto encontra-se no interior da publicação. A persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado. AstraZeneca do Brasil Ltda. Rod. Raposo Tavares, km 26,9 06707-000 Cotia SP Brasil Access net / SAC 0800 014 55 78 www.astrazeneca.com.br Cód.: 1621087 - Produzido em Fevereiro/2011 COMPRIMIDOS