QUESTÕES DE PORTUGUÊS - CESPE Prova TRE GO/Téc. Administrativo – 01/02/2009 Texto para as questões de 1 a 3 1 Até hoje, os que estão de um lado ou de outro veem o processo civilizatório como uma consequência de um tripé sinérgico em que avanço técnico, igualdade e liberdade 4 articulam-se positivamente, cada um como um vetor que induz o outro a crescer. Em nossos dias, porém, essa sinergia morreu e o avanço técnico, longe de construir a igualdade, 7 está ampliando a desigualdade e, em lugar de ampliar o número de pessoas livres, está limitando a liberdade a poucos (mesmo nesses casos, trata-se de uma liberdade condicionada, 10 consumida nos engarrafamentos de trânsito, nos muros dos condomínios). Cristovam Buarque. Os círculos dos intelectuais. In: Ari Roitman (Org.). O desafio ético. Rio de Janeiro: Garamond, 2000, p. 109 (com adaptações). QUESTÃ 01. Depreende-se do desenvolvimento das ideias do texto acima que A. existem discordâncias sobre as causas do “processo civilizatório” (l.2). B. um dos elementos que compõem o “tripé sinérgico” (l.2-3) é o “processo civilizatório” (l.2). C. a ampliação da “desigualdade” (l.7), nos dias atuais, devese à limitação da “liberdade” (l.8). D. as expressões “engarrafamentos de trânsito” (l.10) e “muros dos condomínios” (l.10-11) exemplificam a limitação da liberdade. QUESTÃO 02. Assinale a opção correta a respeito do uso das estruturas linguísticas no texto. A. A retirada do artigo “uma” (l.2) provocaria incorreção gramatical e incoerência na argumentação do texto, visto ser elemento de uso obrigatório. B. A expressão “essa sinergia” (l.5) resume a ideia anterior, que é de articulação entre os três vetores que se ajudam mutuamente a crescer. C. A flexão do verbo estar, no singular, em “está ampliando” (R.7) e “está limitando” (l.8), deve-se à concordância com “essa sinergia” (l.5). D. Na linha 9, a flexão da forma verbal, no singular, em “trata-se”, deve-se à concordância com “uma liberdade”. QUESTÃO 03. Preservam-se a coerência na argumentação e a correção gramatical do texto ao usar A. têm visto em lugar de “veem” (l.1). B. mas em lugar de “porém” (l.5). C. à liberdade em lugar de “a liberdade” (l.8). D. aos poucos em lugar de “a poucos” (l.8). Texto para as questões de 4 a 7 1 A liberdade não assegura a igualdade: ao contrário, sob o regime do livre mercado, está sendo construída a mais desigual de todas as sociedades humanas da história, com 4 exclusão das desigualdades por justificativas divinas como aquelas que davam a reis, sacerdotes ou faraós um poder total sobre os homens. E note-se que esses monarcas e suas cortes 7 viviam o mesmo número de anos que os camponeses, sofriam quase as mesmas dificuldades de conforto que estes e levavam o mesmo tempo para se deslocarem de um lugar a 10 outro, por mais que o fizessem sobre o ombro dos servos. Finalmente, a imposição da igualdade, em um tempo de graves problemas ecológicos, elimina a liberdade de escolha 13 que o mercado oferece e limita os sonhos de riqueza, mesmo que em nome do fim da pobreza. Idem, Ibidem, p. 109-110 (com adaptações). QUESTÃO 4 04. Assinale a proposta de alteração dos sinais de pontuação que preserva a coerência e a correção gramatical de trecho do texto. A. Substituir o sinal de dois-pontos depois de “igualdade” (l.1) pelo sinal de ponto-e-vírgula. B. Inserir uma vírgula depois de “monarcas” (l.6). C. Substituir o ponto depois de “servos” (l.10) por vírgula, escrevendo-se “Finalmente” com inicial minúscula. D. Retirar a vírgula depois de “igualdade” (l.11). QUESTÃO 5 05. Com base no texto acima, julgue os seguintes itens. I. Vive-se, na atualidade, em um regime de livre mercado e com graves problemas ecológicos. II. O período iniciado por “E note-se” (l.6) justifica a maior desigualdade da história. III. A liberdade de escolha provoca desigualdade porque limita os sonhos de riqueza. Assinale a opção correta. A. Apenas I está de acordo com as ideias do texto. B. Apenas I e II estão de acordo com as ideias do texto. C. Apenas II e III estão de acordo com as ideias do texto. D. Apenas III está de acordo com as ideias do texto. 06. No que se refere à organização da textualidade, assinale a opção em que a relação de referência está incorreta. A. O termo “aquelas” (l.5) refere-se a “as sociedades humanas da história” (l.3). B. Na linha 6, “esses monarcas” refere-se a “reis, sacerdotes ou faraós” (l.5). C. O pronome “estes” (l.8) refere-se a “os camponeses” (l.7). D. Na linha 12, o termo “que” refere-se a “a liberdade de escolha”. QUESTÃO 7 07. Respeitam-se as regras gramaticais e a coerência textual ao se reescrever a frase “mesmo que em nome do fim da pobreza” (l.13-14) da seguinte forma: A. embora isso põe fim na pobreza. B. mesmo que isso significa o fim da pobreza. C. embora que isso seja em nome do fim da pobreza. 1 D. mesmo que isso seja feito em nome do fim da pobreza. Texto para as questões de 8 a 10 1 No sistema democrático, há uma tensão permanente entre liberdade e igualdade. A primeira está associada à direita democrática, para a qual existe um conjunto 4 indissociável de liberdades: a de expressão e organização, a econômica e a de pluralidade de opiniões. Já o conceito de igualdade está associado à esquerda democrática, que defende 7 a necessidade de restringir um pouco a liberdade econômica para que as desigualdades não cresçam muito. As democracias maduras oscilam entre a direita e a esquerda, em busca ora 10 de mais liberdade, ora de mais igualdade. Trata-se de algo muito diferente dos conceitos de esquerda e direita nãodemocráticas, estes, sim, ultrapassados. Demétrio Magnoli. Uma vitória da razão. Veja, 5/nov/2008, Entrevista (com adaptações). QUESTÃO 8 08. De acordo com as ideias do texto acima, assinale a opção que apresenta as duas associações corretas. A. direita: liberdade econômica; esquerda: liberdade de expressão. B. direita: pluralidade de opiniões; esquerda: restrições à liberdade econômica. C. direita: preocupação com as desigualdades; esquerda: liberdade de expressão. D. direita: restrições à liberdade econômica; esquerda: preocupação com as desigualdades. 09. No texto, provoca-se erro gramatical ao se A. substituir “uma tensão permanente” (l.1) por tensões permanentes. B. substituir “a qual” (l.3) por que. C. inserir a palavra liberdade antes de “de expressão” (l.4). D. retirar na linha 9, a conjunção “ora” que se segue a “busca”. QUESTÃO 10 10. Na organização textual, A. na linha 2, a expressão “A primeira” refere-se a “liberdade” e, por isso, poderia ser substituída pelo pronome aquela. B. o advérbio “Já” (l.5) situa a ideia de “liberdade” no passado, enquanto “igualdade” está no presente. C. na linha 6, o pronome “que” refere-se a “igualdade” e, por isso, flexiona-se “defende”, no singular. D. o emprego da forma verbal “cresçam” (l.8), no modo subjuntivo, permite afirmar que o crescimento das desigualdades é uma hipótese que não se realiza porque não ocorre, efetivamente, restrição de “liberdade econômica” (l.7). QUESTÃO 11 11. art. 63 – A requerimento do órgão de direção do respectivo partido, o Juiz Eleitoral devolverá as fichas de filiação partidária existentes no cartório da respectiva zona eleitoral, 1 nos termos do art. 32, destas instruções, obedecidas as normas estatutárias da lei n. 9.096/95, art. 58. §1.º – Para efeito de candidatura a cargo eletivo, será 7 considerada como primeira filiação a constante das listas de que trata este artigo (caput). 4 Para que o fragmento de texto acima respeite as normas de elaboração de documentos oficiais, como impessoalidade, objetividade, clareza, e as regras gramaticais da modalidade padrão da língua portuguesa, será necessário A. substituir “A requerimento” (l.1) por Ao requerimento. B. escrever “art. 63” (l.1) com letra inicial maiúscula, e Lei nº 9.096/95, em lugar de “lei n. 9.096/95” (l.5). C. retirar a vírgula depois de “instruções” (l.4) e inserir uma vírgula depois de “filiação” (l.7). D. escrever “art. 58” (l.5) entre parênteses, em lugar de separar esse termo do número da lei por vírgula; e, na linha 8, eliminar os parênteses de “caput”, separando-o de “artigo” por vírgula. 12. Desconsiderando o espaçamento e supondo que Fulano de Tal seja a assinatura do emissor do documento, assinale a opção correta para o fecho do documento oficial indicado. A. MEMORANDO Aguardando pronto atendimento, despedimo-nos, atenciosamente, Fulano de Tal Goiânia, 18 de fevereiro de 2009 B. OFÍCIO Atenciosamente, Fulano de Tal Coordenador-Geral Goiânia, 18 de fevereiro de 2009 C. PARECER É o Parecer. Procuradoria, em 18 de fevereiro de 2009 Procurador-Geral D. ATESTADO Goiânia, 18 de fevereiro de 2009 Fulano de Tal Fulano de Tal Diretor de Pessoal Texto para as questões de 13 a 15 Podemos considerar o processo de crescimento sadio uma série interminável de situações de livre escolha com que 1 2 cada indivíduo se defronta a todo o instante, ao longo da vida, 4 quando deve escolher entre os prazeres da segurança e do crescimento, dependência e independência, regressão e progressão, imaturidade e maturidade. A segurança tem suas 7 angústias e seus prazeres; o crescimento tem suas angústias e seus prazeres. Progredimos quando os prazeres do crescimento e a ansiedade da segurança são maiores do que a 10 ansiedade do crescimento e os prazeres da segurança. É claro que essa formulação do crescimento por meio do prazer também nos vincula à necessária postulação de que 13 o que sabe bem também é, no sentido de crescimento, “melhor” para nós. Fundamo-nos aqui na crença de que, se a livre escolha é realmente livre e se quem escolhe não está 16 demasiado doente ou assustado para escolher, escolherá sensatamente, em uma direção saudável e progressiva, na maioria das vezes. A. H. Maslow. Introdução à psicologia do ser. Rio de Janeiro: Eldorado, 1962, p. 74-5 (com adaptações). QUESTÃO 13 13. É correto afirmar que, no texto acima, a preposição no termo A. “com que” (l.2) é exigida por “se defronta” (l.3). B. “do que” (l.9) é exigida por “prazeres” (l.8). C. “de que” (l.12) é exigida por “necessária” (l.12). D. “de que” (l.14) é exigida por “Fundamo-nos” (l.14). 14. Assinale a opção correspondente à ideia que está no centro da argumentação do texto de Maslow. A. O crescimento faz de toda escolha livre uma escolha sadia. B. Em um crescimento sadio, o prazer está na base das escolhas. C. Maturidade e imaturidade dependem do processo de crescimento. D. O crescimento apoia-se na segurança equilibrada entre angústias e prazeres. QUESTÃO 15 15. Preservam-se a correção gramatical e a coerência entre os argumentos do texto Introdução à psicologia do ser ao se A. inserir como depois de “sadio” (l.1), escrevendo crescimento sadio. B. inserir se depois de “deve” (l.4), escrevendo deve-se. C. substituir “a ansiedade” (l.9) por da ansiedade. D. substituir “o que” (l.13) por aquele que. GABARITO: 01. D 02. B 03. A 04. A 05. A 06. A 07. D 08. B 09. D 10. A 11. B 12. D 13. A 14. B 15. A Prova Analista Judiciário – Área Administrativa TRE GO/09 Texto para as questões de 1 a 5 O conceito de verdade tem sido abordado e compreendido de diferentes formas por diversos pensadores e por diversas escolas filosóficas. Os filósofos gregos 4 começaram a buscar a verdade em relação ou oposição à falsidade, ilusão, aparência. De acordo com essa concepção, a verdade estaria inscrita na essência, sendo idêntica à 7 realidade e acessível apenas ao pensamento, e vedada aos sentidos. Assim, um elemento necessário à verdade era a “visão inteligível”; em outras palavras, o ato de revelar, o 10 próprio desvelamento. Já para os romanos, a verdade era Veritas, a veracidade. O conceito era sempre aplicado, isto é, remetia 13 a uma história vivida que pudesse ou não ser comprovada. Essa concepção de verdade subordinava-a, portanto, à possibilidade de uma verificação. A formulação do 16 problema do “critério de verdade” ocupou os adeptos da gnosiologia, aqueles que se dedicavam ao estudo das relações do pensamento, e de seu enunciado, sua forma de 19 tradução na comunicação humana com o objeto ou fato real, em que se buscava uma relação de correspondência. Para a lógica, o interesse circunscrevia-se na correção e(ou) 22 coerência semântica do discurso, da enunciação, descartando a reflexão sobre o mundo objetivo. Para o filósofo Heidegger, as verdades são respostas 25 que o homem dá ao mundo. Ressalte-se a utilização do termo no plural, quando o conceito de verdade perde o critério do absoluto e(ou) do indivisível. Portanto, não 28 haveria mais uma verdade filosófica, mas várias verdades. Esse sentido mais pluralista também é defendido por Foucault, para quem o significado de verdade seria o de 31 expressão de determinada época, cada qual com sua verdade e seu discurso. 1 Iluska Coutinho. O conceito de verdade e sua utilização no jornalismo. Internet: www.metodista.br/unesco/gcsb (com adaptações). QUESTÃO 01. Assinale a opção correspondente à frase do texto que representa a síntese de suas ideias. A. “O conceito de verdade tem sido abordado e compreendido de diferentes formas por diversos pensadores e por diversas escolas filosóficas.” (l.1-3) B. “Os filósofos gregos começaram a buscar a verdade em relação ou oposição à falsidade, ilusão, aparência.” (l.3-5) C. “Assim, um elemento necessário à verdade era a ‘visão inteligível’; em outras palavras, o ato de revelar, o próprio desvelamento.” (l.8-10) D. “A formulação do problema do ‘critério de verdade’ ocupou os adeptos da gnosiologia” (l.15-17) QUESTÃO 2 3 02. No texto, um fato ou estado considerado em sua realidade está expresso pelo verbo sublinhado em A. “a verdade estaria inscrita” (l.6). B. “o interesse circunscrevia-se” (l.21). C.“não haveria mais uma verdade filosófica” (l.27-28). D. “o significado de verdade seria o de expressão” (l.30). QUESTÃO 3 03. A respeito do texto, julgue os itens seguintes. I. Tanto para os gregos como para os lógicos, a verdade constituía uma reflexão, acessível aos sentidos, não ilusória sobre o mundo. II. Em latim, o conceito de verdade estava associado à experiência e dependia de verificação. III. Para filósofos mais modernos, a verdade relaciona homem e mundo e varia nas diferentes épocas e discursos. Assinale a opção correta. A. Apenas o item I está certo. B. Apenas o item III está certo. C. Apenas os itens I e II estão certos. D. Apenas os itens II e III estão certos. QUESTÃO 4 04. Assinale a opção correta a respeito do emprego da crase nas estruturas linguísticas do texto. A. No segundo período do texto (l.3-5), mantêm-se as relações semânticas, bem como a correção gramatical, ao se inserir à antes de “ilusão” e antes de “aparência”. B. Tanto o uso da crase em “à realidade” (l.6-7) como da contração em “ao pensamento” (l.7) justificam-se pelas relações de regência de “idêntica” (l.6). C. Nas linhas 12 e 13, preservam-se as relações de regência de “remetia”, bem como a correção gramatical do texto, ao se inserir um sinal indicativo de crase em “a uma história”. D. A retirada do sinal indicativo de crase em “à possibilidade” (l.14-15) provocaria erro gramatical e incoerência nas ideias do texto, por transformar objeto indireto em objeto direto na oração. 05. Assinale a opção incorreta a respeito da função textual das estruturas linguísticas do texto. A. No encadeamento dos argumentos do texto, a expressão “essa concepção” (l.5) remete à ideia anterior, de “verdade em relação ou oposição à falsidade, ilusão, aparência”(l.4-5). B. A expressão “em outras palavras” (l.9) tem a função de introduzir uma explicação ou um esclarecimento sobre como o conceito de ‘visão inteligível’ (l.9) deve ser compreendido. C. O desenvolvimento das ideias do texto mostra que a expressão “gnosiologia” (l.17) deve ser interpretada como sinônimo de ‘critério de verdade’ (l.16). D. Na organização da coesão textual, as duas ocorrências do vocábulo “mais” (l.28 e 29) associam as ideias das orações em que ocorrem às dos parágrafos anteriores, mas sua omissão não prejudicaria a correção ou a coerência textuais. Texto para as questões de 6 a 8 A ciência moderna teve de lutar com um inimigo poderoso: os monopólios de interpretação, fossem eles a religião, o estado, a família ou o partido. Foi uma luta 4 travada com enorme êxito e cujos resultados positivos vão ser indispensáveis para criar um conhecimento emancipatório pós-moderno. O fim dos monopólios de 7 interpretação é um bem absoluto da humanidade. No entanto, como a ciência moderna colonizou as outras formas de racionalidade, destruindo, assim, o 10 equilíbrio dinâmico entre regulação e emancipação, em detrimento desta, o êxito da luta contra os monopólios de interpretação acabou por dar lugar a um novo inimigo, tão 13 temível quanto o anterior, e que a ciência moderna não podia senão ignorar: a renúncia à interpretação, paradigmaticamente patente no utopismo automático da 16 tecnologia e também na ideologia e na prática consumistas. 1 Boaventura de Sousa Santos. A crítica da razão indolente. São Paulo: Cortez, 2007, p. 95 (com adaptações). QUESTÃO 6 06. Depreende-se da argumentação do texto que A. a criação de um conhecimento pós-moderno apoia-se na utopia da ideologia e da prática consumista. B. tanto uma interpretação monopolizada quanto a falta de interpretação são prejudiciais à humanidade. C. tanto a ciência moderna quanto outras formas de racionalidade prejudicaram a luta contra os monopólios de interpretação. D. o fim dos monopólios de interpretação teve como uma de suas consequências o enfraquecimento da religião, do Estado, da família e dos partidos. 07. Assinale a opção correspondente à proposta de substituição para o texto que provoca erro ou incoerência textual. A. fosse em lugar de “fossem eles” (l.2) B. seus em lugar de “cujos” (l.4) C. Acabarem os monopólios de interpretação em lugar de “O fim dos monopólios de interpretação” (l.6-7) D. deixar de em lugar de “senão” (l.14) QUESTÃO 8 08. No desenvolvimento das ideias do texto, introduz-se uma ideia de causa com o uso A. de “para” (l.5). B. de “como” (l.8). C. de “destruindo” (l.9). D. do sinal de dois-pontos depois de “ignorar” (l.14). Texto para as questões de 9 a 11 Por muitos anos, pensávamos compreender o que era interpretado, o que era uma interpretação; inquietávamo-nos, eventualmente, a propósito de uma dificuldade em particular, 1 4 4 ocorrida no trabalho de interpretação. Nada mais. Atualmente, não temos certeza, já não estamos tão certos. O conflito de ideologias fez com que indagássemos sobre o que quer dizer 7 uma interpretação e duvidássemos sobre o que estávamos fazendo ou teríamos de fazer. Em vez desse tratamento que era dado à questão da 10 interpretação, a Teoria Crítica ou o Criticismo insiste em trabalhar com as palavras que estão inscritas em determinada página. Célio Garcia. Graças à letra “soft”, a estrutura “hard” dura. In: Hugo Mari et al. (Org.). Estruturalismo, memória e repercussões. Belo Horizonte: UFMG/Diadorim, p. 192 (com adaptações). QUESTÃO 9 09. Assinale a opção correspondente ao desdobramento para a frase “Nada mais.” (l.4) que está gramaticalmente correto e coerente para o desenvolvimento da argumentação do texto. A. Nada mais nos inquietava. B. Nada mais tínhamos para interpretar. C. Nada mais pensávamos compreendermos. D. Nada mais havia em um trabalho de interpretação. 10. Assinale a opção incorreta a respeito do uso dos sinais de pontuação no texto. A. Na conexão de ideias, a conjunção e desempenharia a mesma função da vírgula depois de “interpretado” (l.2) e poderia substituí-la sem prejudicar a correção do texto. B. A substituição das duas vírgulas que demarcam a explicação “a propósito de uma dificuldade em particular” (l.3) pelo duplo travessão preservaria a correção gramatical e a coerência textual. C. Respeita-se a relação entre as ideias do texto e mantém-se sua correção gramatical com a substituição do ponto depois de “certos” (l.5) pelo sinal de dois-pontos, fazendo os necessários ajustes na inicial maiúscula. D. Na linha 9, a inserção de uma vírgula depois de “tratamento” preservaria a correção do texto, mas deixaria de marcar o caráter restritivo da oração iniciada por “que era”. QUESTÃO 11 11. Preserva-se a correção gramatical e a coerência das ideias do texto A. ao se deslocar o pronome átono em “inquietávamo-nos” (l.2) para antes do verbo, escrevendo nos inquietava. B. ao se inserir que tenha sido antes de “ocorrida” (l.4). C. ao se substituir “fez com que indagássemos” (l.6) por feznos indagarem. D. ao se retirar “que era” (l.9). QUESTÃO 12 12. Tribunal Regional Eleitoral de Goiás Portaria n.o 443, de 30 de setembro de 2008 – TRE/GO O Excelentíssimo Senhor Desembargador-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás, no uso de suas atribuições e 1 Considerando o disposto no art. 10, parágrafo único, inciso II, 4 da Lei n.º XX, de 19 de setembro de 1998, e no art. 8.º, parágrafo 3.º, da Resolução n.º YYYY, de 15 de outubro de 1999, do colendo Tribunal Superior Eleitoral; 7 Considerando a necessidade de se promover a padronização dos procedimentos relativos à anotação dos órgãos de direção partidária regionais; 10 Considerando que as solicitações de anotações feitas pelos partidos políticos devem seguir as regras dos estatutos partidários; RESOLVE: 13 Art. 1.º Os pedidos dever-se-ão ser requeridos nos exatos termos dos partidos. Art. 2.º Só se dará prosseguimento aos pedidos de 16 prorrogação quando em conformidade com a lei. Para que o trecho de documento acima atenda às normas de redação de documentos oficiais, é necessário: A. que a data da portaria seja retirada da identificação, juntamente com a vírgula que a precede, escrevendo-se Goiás, 30 de setembro de 2008 no final do documento, imediatamente antes da assinatura e da identificação do signatário. B. que se escreva com letras iniciais maiúsculas “parágrafo único” (l.3), “colendo” (l.5) e “art. 10” (l.3), sendo o último por extenso; com iniciais minúsculas o segundo termo de “Desembargador-Presidente” (l.1) e as ocorrências de “Considerando”, exceto a primeira. C. que se retire o pronome átono de “dever-se-ão” (l.13), grafando-se deverão. D. que se substitua “dará” (R.15) por darão, para atender às regras gramaticais da norma de padrão culto. Texto para as questões de 13 a 15 Censurar, proibir e reprimir são atitudes antipáticas, porque geralmente são vistas pela sociedade como inimigas da liberdade individual, da criatividade e 4 da verdade. A censura esconde dilemas e armadilhas sutis que podem causar mais confusão do que esclarecer os problemas relacionados a ela, até porque nem todo tipo de 7 censura representa uma interferência odiosa na vida da população. Um exemplo simples de censura socialmente aceitável — ou até considerada necessária para o bom 10 andamento da vida social — é a tentativa de proteger crianças contra filmes, livros e outras manifestações do pensamento que possam incitar à violência ou a outras 13 situações consideradas prejudiciais à formação dos jovens. Por outro lado, existem formas de censura que, 16 apesar de serem, em princípio, tão odiosas quanto a censura política, tornam-se praticamente invisíveis no interior do corpo social. Elas agem sem que os 19 responsáveis sequer se deem conta do que estão fazendo. É o caso, entre outros, dos preconceitos, que são, por definição, verdades falsas que, quando se disseminam 1 5 22dentro de um grupo ou comunidade, tendem a hostilizar formas de pensamento e de comportamento que, de alguma forma, não se conformam àquela “verdade”. Flávio Dieguez. Ver, ouvir e calar. Discutindo a língua portuguesa, ano 2, n.º 12, p. 34-6 (com adaptações). QUESTÃO 13 13. Julgue se as seguintes estruturas do texto explicitam uma relação textual de comparação. I. “causar mais confusão do que esclarecer” (l.5) II. “nem todo tipo de censura representa uma interferência” (l.6-7) III. “até considerada necessária” (l.9) IV. “tão odiosas quanto a censura política” (l.16-17) Estão certos apenas os itens A. I e III. B. I e IV. C. II e III. D. II e IV. 14. Assinale a opção correta a respeito das estruturas linguísticas do texto. A. A expressão, na voz passiva, “são vistas pela sociedade” (l.2) corresponde à voz ativa a sociedade vê-nas, que a pode substituir sem prejudicar a correção e a coerência do texto. B. O verbo que se segue ao pronome “que” (l.12) está no plural porque esse pronome tem como referente “filmes, livros” (l.11). C. Nas linhas 12 e 13, os sinais de crase em “à violência” e “à formação” mostram que se trata de dois termos que servem de complemento ao verbo “incitar”. D. Na linha 24, justifica-se o sinal indicativo de crase em “àquela” pela exigência de iniciar o complemento de “se conformam” com a preposição a. 15. Julgue as seguintes propostas de continuidade para o texto. I. Por isso, a hostilidade às formas de linguagem de grupos minoritários constitui uma forma de preconceito. II. Assim, qualquer “verdade” reprimida representa uma armadilha de preconceitos e censuras. III. Portanto, são verdades falsas porque são invisíveis. Há continuidade gramaticalmente correta e argumentativamente coerente para o texto apenas A.no item I. B.no item III. C.nos itens I e II. D.nos itens II e III. GABARITO: 01. A 02. B 03. D 04. A 05. C 06. B 07. D 08. B 09. A 10. B 11. D 12. C 13. B 14. D 15. A Prova Técnico Judiciário – Área: Apoio Especializado – TRE AP/07 QUESTÃO 1 01. É hora de encarar a maturidade e a política Hoje, passado o tempo para retirada dos títulos de eleitores, os jovens são um grande filão que pode usufruir desse direito constitucional. Eles querem independência e autonomia. É nítido ver que os jovens querem, e muito, fazer desse direito de votar uma conscientização para que a política seja um bem viável na vida de qualquer cidadão. Basta ver as campanhas — como, por exemplo, Se liga 16! Em 2006 faça seu Título de Eleitor! — que visam à participação mais ativa da juventude na política, por meio de grêmios estudantis, centros acadêmicos, associações, movimentos sociais e na filiação aos partidos. Já em 1989, de acordo com índices do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), milhares de jovens se alistaram para votar nas eleições presidenciais. Em termos proporcionais, as eleições daquele ano foram as que tiveram o maior número de eleitores abaixo de 18 anos de idade. Depois, houve uma queda e, a partir de 2002, esse número voltou a crescer. No entanto, o jovem, hoje, precisa de mais do que campanhas, ele precisa amadurecer a idéia de que a crise por que passa o país só vai melhorar se ele se posicionar frente a ela. Para isso, é preciso até superar o desestímulo da própria família e ser exemplo para outros jovens. Internet: <www.educacaopublica.rj.gov.br> (com adaptações). Assinale a opção correta acerca das idéias do texto. A. No primeiro parágrafo do texto, afirma-se que os jovens são um grande filão para a manipulação política dos candidatos. B. Segundo o texto, a participação da juventude na política estudantil, por meio de grêmios, centros acadêmicos e associações, sempre foi tímida. C. O segundo parágrafo do texto mostra que o Brasil enfrenta uma crise para cuja solução a participação política juvenil é importante. D. De acordo com o texto, o número de eleitores com idade entre 16 anos e 18 anos vem decrescendo desde 1989. E. Todo o texto defende a independência e a autonomia de posição partidária na hora de o jovem votar. QUESTÃO 2 02. Em cada uma das opções a seguir, é apresentada uma adaptação de um trecho de texto. Assinale a opção em que o trecho adaptado está gramaticalmente correto. A. O voto materialisa às nossas concepções e maturidades, é resultante do trato que queremos dar ao futuro da nação. B. O arrependimento de cada eleitor é lícito, mas a teimosia alienada que esquece os desvios de conduta dos representantes é imperdoável e inconseqüente. 6 C. Sabe-se de que fica muito fácil apontar aos políticos, ou a elite dominante, como quem não tira o país das constantes crises de confiança. D. É hora de pensar-mos no voto não só a caminho da zona eleitoral, mas sempre, deixando de lado os que enquadram a política no campo do imponderável. E. Cada vez mais os jovens são parte importante para à democracia e para à soberania nacional. Texto para as questões 3 e 4 Para mostrar a importância do voto aos 16 anos de idade, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) realizou a campanha Te liga 16 — O Brasil só 4 ganha se você tiver esse título. O objetivo da campanha foi conscientizar os jovens de 16 anos da responsabilidade do voto e da participação 7 política. “Votar aos 16 anos é despertar uma consciência cidadã. Ficar em casa reclamando que política é ruim não está com nada. Está na hora de não só 10 pensar, mas de decidir”, disse o professor Pedro. A presidenta da Comissão de Educação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre completou 13 a introdução do professor, chamando a atenção dos estudantes para o poder de decisão que eles têm. “Somos 33 milhões de brasileiros entre 16 e 24 anos. 16 A juventude brasileira, se unida, é suficiente para mudar qualquer coisa neste país.” 1 Internet: www.maristas.org.br (com adaptações). QUESTÃO 03. Assinale a opção correta a respeito das idéias apresentadas no texto e da tipologia textual. A. O texto é fragmento de uma notícia e se estrutura em duas partes: uma expositiva e outra argumentativa. B. O texto é uma descrição retirada de um texto publicitário, destinado a convencer os adolescentes a votarem. C. O texto narra episódios políticos que aconteceram antes das eleições para a chefia da UBES. D. O texto tem estrutura dissertativa, sendo as passagens entre aspas transcrições de discursos contrários às eleições aos 16 anos. E. No primeiro parágrafo, predomina a estrutura descritiva, mas, no segundo, sobressai a narrativa. QUESTÃO 4 04. Com referência à sintaxe das orações e dos períodos do texto, assinale a opção correta. A. No primeiro parágrafo do texto, o trecho em negrito (l.34) exerce a função de adjunto adverbial de “campanha” (l.3). B. O trecho “da responsabilidade do voto e da participação política” (l.5-6) exerce a função de complemento da forma verbal “foi” (l.5). C. O período ‘Votar aos 16 anos é despertar uma consciência cidadã’ (l.7-8) é composto por duas orações. D. A oração ‘reclamando’ (l.8) expressa idéia de causa. E. O sujeito da oração ‘Somos 33 milhões de brasileiros entre 16 e 24 anos’ (l.15) está subentendido: nós. QUESTÃO 05. Em cada opção a seguir, é apresentada uma adaptação de um trecho de texto. Assinale a opção em que o trecho adaptado está correto quanto à pontuação. A. Informação do TSE; em 1989, milhares de jovens se alistaram, para votar nas eleições presidenciais. B. Votar aos 16 anos, é despertar uma consciência cidadã; porém, ficar em casa reclamando: política é ruim, não está com nada — é hora de decidir. C. As eleições de 1989 foram as que tiveram o maior número de eleitores, abaixo de 18 anos!, depois houve uma queda, e a partir de 2002 voltou a crescer. D. As famílias costumam dizer: que a situação do país está ruim, que é melhor deixar de lado; não votar. E. É nítido ver que os jovens querem — e muito — votar e desencadear uma ação conscientizadora para que a política seja um bem viável na vida dos cidadãos. Texto para as questões 6 e 7 Jornal do Comércio — O voto aberto nos processos de cassação poderia mudar o destino dos acusados? Schirmer — Não sei se o voto aberto mudaria o resultado final. O que ele mudaria seria a responsabilidade individual. Porque, com a votação aberta, você é responsável pelo seu voto. Votando sim ou não, você assume a responsabilidade pelo voto dado. Com o voto fechado, a responsabilidade é difusa, pois ninguém sabe quem votou em quem e, sendo assim, todos carregam o ônus do resultado da votação. O voto fechado é muito ruim porque quem sai perdendo é a própria instituição. Em vez de você falar mal de um ou de outro deputado, você acaba penalizando a instituição. Jornal do Comércio, 17/4/2006. 06. Assinale a opção correta quanto à compreensão e à tipologia do texto. A. Por estar estruturado em duas partes, compreendendo uma pergunta e uma resposta, o texto pode pertencer ao gênero entrevista. B. Na pergunta feita pelo Jornal do Comércio, predomina a descrição dos processos de cassação. C. O parágrafo que contém a resposta de Schirmer possui estrutura predominantemente narrativa, porque o falante explica como se processam as atividades de cassação de eleitos. D. O segundo parágrafo do texto é estruturalmente argumentativo, porque apresenta, primeiro, os aspectos favoráveis ao voto em aberto e, em um segundo momento, os aspectos desfavoráveis dessa modalidade de votação. E. O primeiro e o segundo parágrafos têm a mesma estrutura textual e a mesma tipologia: são dissertativos. 07. 7 07. Considerando o texto e a redação de correspondência oficial, assinale a opção correta. A. Considere que Schirmer estivesse participando de uma reunião e tivesse se posicionado conforme aparece no segundo parágrafo do texto; então, para as palavras proferidas por Schirmer constarem, corretamente, no corpo da ata da referida reunião, elas deveriam aparecer entre aspas. B. Se o trecho “Não sei se o voto aberto mudaria o resultado final. O que ele mudaria seria a responsabilidade individual. Porque, com a votação aberta, você é responsável pelo seu voto. Votando sim ou não, você assume a responsabilidade pelo voto dado” constasse de um relatório administrativo, ele deveria estar com todos os verbos no pretérito perfeito, pois esse é o tempo verbal específico para relatos de fatos ocorridos no passado. C. O trecho “Com o voto fechado, a responsabilidade é difusa, pois ninguém sabe quem votou em quem e, sendo assim, todos carregam o ônus do resultado da votação”, por conter o ponto de vista do falante, pode constar da justificativa de um requerimento. D. O trecho “O voto fechado é muito ruim porque quem sai perdendo é a própria instituição” pode constar, da forma como se encontra, do fechamento de um memorando. E. Para que a parte final da resposta de Schirmer apresentada no texto pudesse ser adequadamente inserida em uma exposição de motivos ou em um abaixo-assinado, o último período do seu depoimento deveria estar redigido da seguinte maneira: Não fala mal de um ou de outro deputado: Vossa Senhoria acabará penalizando vossa instituição. QUESTÃO 8 08. Em cada opção a seguir, é apresentada uma adaptação de um trecho de texto. Assinale a opção em que o trecho adaptado está gramaticalmente correto. A. Será que nos processos de cassação votar em aberto poderiam mudar o destino dos acusados? B. O voto em aberto não mudaria o resultado final; mas, sim, a responsabilidade individual. C. Com referência a votação aberta, o eleitor é responsável pelo seu voto; votando sim, ou não, ele admite à responsabilidade pelo voto dado. D. Votos fechados, em se tratando de processos de cassação, acarreta responsabilidade difusa, pois ninguém sabe quem votou em quem. Assim todo o eleitorado carregam o ônus do resultado da votação. E. A adoção para o voto fechado é muito ruim, assim como a própria instituição, porque sai perdendo. GABARITO: 01. C 02. B 03. A 04. E 05. E 06. A 07. A 08. B TRT 1ª REGIÃO/2008 Texto para as questões de 1 a 5 Podemos distinguir dois tipos de processos imaginativos: o que parte da palavra para chegar à imagem visual e o que parte da imagem visual para chegar à 4 expressão verbal. Com relação à arte literária, perguntemonos: como se forma o imaginário de uma época em que a literatura, já não mais se referindo a uma autoridade ou 7 tradição que seria sua origem ou seu fim, visa antes à novidade, à originalidade, à invenção? Parece-me que, nessa situação, a questão da prioridade da imagem visual ou 10 da expressão verbal (que é mais ou menos como o problema do ovo e da galinha) se inclina decididamente para a imagem visual. Entretanto, que futuro estará reservado à imaginação 13 individual nessa que se convencionou chamar “a civilização da imagem”? O poder de evocar imagens in absentia continuará a desenvolver-se em uma humanidade 16 cada vez mais inundada pelo dilúvio das imagens préfabricadas? Antigamente, a memória visiva do indivíduo estava 19 limitada ao patrimônio de suas experiências diretas e a reduzido repertório de imagens refletidas pela cultura; a 22possibilidade de dar forma a mitos pessoais nascia do modo pelo qual os fragmentos dessa memória se combinavam entre si em abordagens inesperadas e sugestivas. Hoje, 25 somos bombardeados por uma quantidade de imagens tal, que não conseguimos mais distinguir a experiência direta daquilo que vimos há poucos segundos na televisão. Estamos correndo o perigo de perder uma faculdade 28 humana fundamental: a capacidade de pôr em foco visões de olhos fechados, de fazer brotar cores e formas de um alinhamento de caracteres alfabéticos negros sobre uma 31 página branca, de “pensar” por imagens. Penso em uma possível pedagogia da imaginação que nos habitue a controlar a própria visão interior sem sufocá-la e sem, por 34 outro lado, deixá-la cair em confuso e passageiro fantasiar, mas permitindo que as imagens se cristalizem em forma bem definida, memorável, auto-suficiente. 37 Seja como for, todas as “realidades” e as “fantasias” só podem tomar forma por meio da escrita, na qual exterioridade e interioridade, mundo e ego, experiência e 40 fantasia aparecem compostos pela mesma matéria verbal; as visões polimorfas obtidas através dos olhos e da alma encontram-se contidas nas linhas uniformes de caracteres 43 minúsculos ou maiúsculos, de pontos, de vírgulas, de parênteses; páginas inteiras de sinais alinhados, encostados uns nos outros como grãos de areia, representando o 46 espetáculo variegado do mundo em uma superfície sempre igual e sempre diversa, como as dunas impelidas pelo vento do deserto. 1 Ítalo Calvino. Seis propostas para o próximo milênio. Visibilidade. Trad. Ivo Barroso. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 102-107-114 (com adaptações). QUESTÃO 1 8 01. De acordo com o desenvolvimento das idéias do texto, é correto afirmar que A. a literatura atual contribui para a formação do imaginário dos indivíduos ao reportar-se fundamentalmente às tradições das quais se originou. B. os segmentos “O poder de evocar imagens in absentia” (l.14-15) e “a capacidade de (...) ‘pensar’ por imagens” (l.28-31) são definições que o autor apresenta para uma única faculdade humana fundamental. C. não havia, em épocas passadas, novidade nem criatividade na imaginação dos indivíduos, pois a memória visual destes era limitada às experiências diretas de cada um deles e ao mundo figurativo transmitido pela cultura. D. o que se vê hoje na televisão passou a ser uma experiência direta do indivíduo com os acontecimentos, em contraposição ao grande número de imagens que fazem parte do cotidiano das pessoas. E. o autor chega à conclusão de que a imagem predomina na atualidade e que, por isso, ela é o ponto de partida para a escrita. 02. No primeiro parágrafo, nas linhas 10 e 11, é apresentado o seguinte comentário entre parênteses: “que é mais ou menos como o problema do ovo e da galinha”. Com esse comentário, o autor A. imprime ao texto um tom misterioso, o que justifica o emprego de parênteses. B. enfatiza sua hesitação ao comparar as discussões, o que se evidencia no emprego da expressão “mais ou menos”. C. compara a questão abordada no texto com outra estabelecida como tipicamente polêmica, ou seja, aquela acerca da qual é muito difícil se chegar a uma resposta consensual. D. imprime relevância à inclinação da imaginação individual para a imagem na chamada “civilização da imagem”. E. antecipa que não apresentará opinião a respeito da questão que menciona, por ser controvertida. QUESTÃO 3 03. Acerca da estruturação dos parágrafos e dos períodos do texto, assinale a opção incorreta. A. Um dos parágrafos é iniciado por um verbo no modo subjuntivo. B. O primeiro período do segundo parágrafo contém um verbo na voz reflexiva recíproca. C. No terceiro parágrafo, é apresentada uma proposta para se evitar o perigo anunciado no início desse parágrafo. D. No último parágrafo, compõem-se enumerações por meio do emprego da vírgula e do ponto-e-vírgula. E. Todos os parágrafos apresentam linguagem formal e todas as palavras do texto foram empregadas em seu sentido objetivo, literal. QUESTÃO 4 04. Assinale a opção em que a substituição da(s) palavra(s) sublinhada(s) pela(s) palavra(s) apresentada(s) entre parênteses provocaria erro gramatical ou alteração nos sentidos do texto. A. (l.2-4) “o que parte da palavra para chegar à imagem visual e o que parte da imagem visual para chegar à expressão verbal” (aquele / aquele) B. (l.23-26) “Hoje, somos bombardeados por uma quantidade de imagens tal, que não conseguimos mais distinguir a experiência direta daquilo que vimos há poucos segundos na televisão” (porque) C. (l.31-33) “Penso em uma possível pedagogia da imaginação que nos habitue a controlar a própria visão interior sem sufocá-la” (mesma) D (l.37-38) “todas as ‘realidades’ e as ‘fantasias’ só podem tomar forma por meio da escrita” (perante) E. (l.44-45) “encostados uns nos outros como grãos de areia” (por exemplo) QUESTÃO 5 05. Assinale a opção em que, na alteração feita em trecho do texto, verifica-se o correto emprego do acento indicativo de crase. A. A literatura já não mais se refere à autoridade ou tradição que seria sua origem ou seu fim. B. O poder de provocar imagens in absentia continuará à desenvolver-se em uma humanidade cada vez mais inundada pelo dilúvio das imagens pré-fabricadas? C. A memória visiva do indivíduo estava limitada ao patrimônio de suas experiências diretas e à imagens refletidas pela cultura. D Penso em uma possível pedagogia da imaginação que nos controle à própria visão interior sem sufocá-la. E. Seja como for, às realidades e às fantasias tomam forma por meio da escrita. Texto para as questões de 6 a 10 No Brasil, as distâncias abismais entre os diferentes estratos sociais e o caráter intencional do processo formativo da estratificação social condicionaram a camada senhorial para encarar 4 o povo como mera força de trabalho destinada a desgastar-se no esforço produtivo e sem outros direitos senão o de comer enquanto trabalha, para refazer as suas energias produtivas, e o de 7 reproduzir-se para repor a mão-de-obra gasta. Nem podia ser de outro modo no caso de um patronato que se formou lidando com escravos, tidos como coisas e 10 manipulados com objetivos puramente pecuniários, procurando tirar de cada peça o maior proveito possível. Quando ao escravo sucede o parceiro, depois, o assalariado agrícola, as relações 13 continuam impregnadas dos mesmos valores, que se exprimem na desumanização do trabalho. Em conseqüência, nas vilas próximas às fazendas, se 16 concentra uma população detritária de velhos desgastados no trabalho e de crianças entregues a seus avós. O grosso da população em idade ativa passa a vida fora, sobre os caminhões de 19 bóias-frias ou como empregadas domésticas, prostitutas etc. Nas metrópoles, essa situação se agrava e, também, se abranda. Nas camadas mais pobres, se podem distinguir famílias se 22esforçando para ascender e outras tantas soterradas cada vez mais na pobreza, na delinqüência e na marginalidade. Além disso, dada a diversidade de situações regionais, de 1 9 25 prosperidade e de pobreza, o simples translado de um trabalhador, que vá de uma região a outra, pode representar ascensão substancial, se ele consegue incorporar-se a um núcleo 28 mais próspero. Darcy Ribeiro. O povo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 194-5 (com adaptações). 06. 06. Com relação às idéias desse texto, assinale a opção correta. A. Um dos direitos do trabalhador, no Brasil, é poder repor a mão-de-obra quando percebe que ela é escassa para a realização de determinada tarefa. B. Antes da escravidão, havia, nas relações de trabalho no Brasil, o denominado parceiro, que, por essa condição de parceria, tinha autonomia em relação ao seu patrão. C. Infere-se do texto que não há mobilidade social no Brasil por meio do trabalho. D. As relações de trabalho no Brasil exercem papel significativo na manutenção da estratificação social. E. Nas grandes cidades, o trabalhador é mais valorizado e mais qualificado que no campo ou nas cidades do interior. QUESTÃO 7 07. No que concerne à estrutura do texto, assinale a opção correta. A. A idéia principal do texto é apresentada no primeiro parágrafo: o desenvolvimento histórico das relações de trabalho no Brasil. B. No segundo parágrafo do texto, o autor utiliza o recurso da interrogação indireta para desenvolver seu argumento, o que se pode observar pelo emprego de “Quando” (l.11). C. No terceiro parágrafo, o autor utilizou a exemplificação como forma de desenvolvimento do texto. D. Sem prejuízo para os sentidos do texto, a ordem de aparecimento do terceiro e do quarto parágrafos poderia ser invertida. E. No último parágrafo, é apresentada a conseqüência das relações de trabalho para a divisão de classes no Brasil como conclusão das idéias desenvolvidas anteriormente. QUESTÃO 8 08. Acerca das estruturas lingüísticas do texto, assinale a opção correta. A. Na linha 4, a palavra “destinada” poderia ser flexionada no masculino, caso em que passaria a concordar com “trabalho”, sem que houvesse alteração no sentido do texto. B. No trecho “que se exprimem na desumanização do trabalho” (l.13-14), mantendo-se a correção gramatical do período, o verbo poderia ser flexionado no singular: exprime. C. Nas linhas 15-16, seria mantida a correção gramatical caso se empregasse o pronome posposto ao verbo: concentra-se. D. No trecho “crianças entregues a seus avós” (l.17), estaria também correto o emprego do acento indicativo de crase no “a”, pois trata-se de caso em que esse acento é facultativo. E. Em “que vá de uma região a outra” (l.26), a forma verbal “vá” poderia ser substituída, sem prejuízo para o sentido original do texto ou para a sua correção gramatical, pela forma do pretérito imperfeito do subjuntivo: fosse. QUESTÃO 9 09. Com base no texto, assinale a opção correta no que se refere ao valor lógico e sintático das preposições e conjunções. A. No primeiro parágrafo, a preposição “para”, em suas três ocorrências (l.3,6,7), introduz a idéia de finalidade. B. Na linha 11, a conjunção “Quando” tem valor condicional e, por isso, poderia ser substituída por Se, sem prejuízo para os sentidos do texto. C. Mantendo-se as relações de sentido originais do texto, os dois períodos do terceiro parágrafo poderiam ser ligados por meio da conjunção embora, desde que a forma verbal “passa” (l.18) fosse substituída pela forma de subjuntivo passe, o ponto-final que separa os dois períodos fosse substituído por vírgula e fosse feita a troca da letra inicial maiúscula “O” por minúscula. D. Sem alterar o sentido original do texto e mantendo-se a correção gramatical, o trecho “dada a diversidade de situações regionais” (l.24) poderia ser corretamente reescrito da seguinte forma: devido a diversidade de situações regionais. E. A conjunção “se”, na linha 27, poderia, sem prejuízo para a correção sintática do período, ser substituída por caso. QUESTÃO 10 10. Considerando aspectos de grafia, acentuação, flexão nominal e pontuação, assinale a opção correta. A. As palavras “distâncias” (l.1) e “caráter” (l.2), acentuam-se com base na mesma regra de acentuação. B. A retirada das vírgulas que isolam a oração “para refazer as suas energias produtivas” (l.6) alteraria o sentido original do texto. C. A flexão de plural da palavra “mão-de-obra” (l.7) corresponde a mãos-de-obras, ou seja, utiliza-se o mesmo processo de flexão de plural utilizado no substantivo “bóiasfrias” (l.18). D. Na linha 13, o emprego da vírgula logo após “valores” é facultativo e, por isso, sua retirada não alteraria o sentido do texto. E. A palavra “ascender” (l.22) poderia ser corretamente grafada, nesse contexto, também como acender. GABARITO: 01. B 02. C 03. E 04. X 05. A 06. D 07. C 08. C 09. A 10. B LEX CENTER ENSINANDO MELHOR, APROVANDO MAIS. 10