Normas Gramaticais da Língua Portuguesa – AULA 9 Temas: – Novo Acordo Ortográfico Novo Acordo Ortográfico • Desde 1º de janeiro de 2009, vigora no Brasil e nos demais países da CPLP (Comissão de Países de Língua Portuguesa) o Acordo Ortográfico que unifica as regras de escrita de nosso idioma. • Temos até 31 de dezembro de 2015 para nos adaptarmos às mudanças e adotar em todas as formas de comunicação as novas regras. Naturalmente é nosso dever assimilar as mudanças em nossa escrita imediatamente. • A intenção do Acordo é facilitar o intercâmbio da produção cultural e científica entre os países. É claro que ainda haverá uma significante diferença em termo de léxico, regionalismos e construções frasais. Novo Acordo Ortográfico E quais são as mudanças que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa traz para nós? Alfabeto com 26 letras • As letras K, W e Y foram oficialmente incorporadas ao nosso alfabeto, que agora conta com 26 letras. • Isto não quer dizer, que possamos substituir o q pelo k, como se costuma fazer em linguagem de internet; as novas letras devem ser empregadas somente nas palavras em que elas, de fato, existam. O trema • O trema [¨], acento que servia para indicar que o u deve ser pronunciado em ditongos com g ou q, foi extinto. • O trema permanece exclusivamente em palavras estrangeiras e adjetivos delas derivados, como em Büdchen, Hübber e hübberiano. O acento agudo – o que muda 1. Nas palavras paroxítonas, os ditongos abertos ei e oi não devem ser acentuados, de modo que a grafia passar a ser: assembleia, ideia, jiboia, proteico, heroico, cadeia, cheia, apoio, baleia, dezoito, etc. Porém o acento agudo permanece nas oxítonas e nos monossílabos tônicos com ditongos abertos – éi, -éu ou -ói, seguidos ou não de “s”: papéis, herói, remói, anéis, ilhéus, chapéu, etc. O acento agudo – o que muda 2. Nas palavras paroxítonas com hiatos formados com i e u, quando são precedidas de ditongo, não devem ser acentuadas. Dessa forma: feiúra passa a ser feiura, baiúca passa a ser baiuca. Entretanto, as vogais i e u, oxítonas ou paroxítonas, continuam a ser acentuadas se a vogal que antecede estas não formar ditongo: saída, cafeína, egoísmo, baía, ciúme, recaída, sanduíche, Piauí, etc. O acento agudo – o que muda 3. Os verbos em que o acento tônico incide na raiz, com as consoantes g ou q precedendo a vogal tônica u, não devem ser acentuados. É o caso de “arguir” e “redarguir”: arguo, arguis, argui, arguem, e assim por diante. O acento circunflexo – o que muda 1. O acento circunflexo [^] foi extinto nas formas verbais paroxítonas que possuem o “e” tônico fechado em hiato na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo. Isso ocorre com os verbos: crer, dar, ler, ver e seus derivados, como: prever, reler, descrer, etc. Assim, o certo era: crêem, dêem, lêem, vêem, relêem, prevêem. Agora, fica: creem, deem, leem, veem, releem, preveem. 2. De igual modo, o acento circunflexo deixa de existir na vogal tônica “o” de palavras paroxítonas, assim como: enjoo, povoo, voo, abençoo, perdoo. O acento circunflexo – o que muda 3. O acento circunflexo ou agudo será aceito em palavras proparoxítonas, cujas vogais tônicas sejam “e” ou “o” no final de sílaba e seguidas nas consoantes nasais “m” e “n”, conforme a pronúncia na norma culta. Por exemplo: a palavra fenômeno/fenómeno tem a vogal tônica “o” que termina a segunda sílaba “no” (fe –no- me- no), a qual é seguida da consoante nasal “m” (me), assim esse vocábulo poderá vir grafado ou com acento circunflexo ou com agudo, dependendo da língua culta. Dessa maneira, no Brasil a pronúncia culta é feita com timbre fechado e, portanto, é mais certo que acentuemos tal palavra com circunflexo: fenômeno. De acordo com essa regra acima, também podemos apontar: acadêmico/académico, gênero/género, tônico/tónico, blasfêmia/blasfémia, fêmea/ fémea, anatômico/anatómico, gênio/génio, tênue/ténue, cômodo/cómodo, Amazônia/Amazónia. O acento circunflexo – o que não muda 1. As palavras oxítonas terminadas com vogais tônicas “e” e “o” fechadas, seguidas ou não de “s” continuam sendo acentuadas: dê, dês (do verbo dar), lê, lês (do verbo ler), português, você(s), pôs (do verbo pôr), avô. 2. As formas verbais oxítonas conjugadas com os pronomes clíticos [la(s), lo(s)], terminam nas vogais tônicas fechadas (e, o) e continuam recebendo acento gráfico, após a perda das consoantes finais –r, -s ou –z: detê-lo (do verbo deter), fazê-la (do verbo fazer), vê-la (do verbo ver), fê-lo (do verbo fazer). O acento circunflexo – o que não muda 3. Continuam sem acento de distinção as palavras de mesma grafia: colher (ê), verbo e colher (é), substantivo; cor (ô), substantivo e cor (ó) da locução “de cor”: Sei isso de cor! Acerto (ê), substantivo e acerto (é), flexão do verbo “acertar”; Acordo (ô), substantivo e acordo (ó), flexão do verbo “acordar”; Piloto (ô), substantivo e piloto (ó), flexão do verbo pilotar e assim por diante. Importante: A forma verbal pôr permanece acentuada para distinguir da preposição por. Assim também acontece com pôde (3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo) para se diferenciar de pode (presente do indicativo). 4. No caso dos verbos ter e vir a acentuação não muda no plural: elas têm, eles vêm. No caso dos derivados, acontece o mesmo, só que neste caso o acento agudo prevalece nas palavras com mais de uma sílaba no singular: ela detém, ele retém, ela entretém, ele detém. O hífen O hífen não deve ser empregado nas seguintes situações: 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se em r ou s. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia, microrradiografia, etc. 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc. O hífen O hífen não deve ser empregado nas seguintes situações: 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos des- e in- e o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc. 4. Nas formações com o prefixo co-, mesmo quando o segundo elemento começar com o: cooperação, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc. 5. Em certas palavras que com o uso adquiriram noção de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedista, etc. O hífen O hífen não deve ser empregado nas seguintes situações: 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfeito, benquerer, benquerido, etc. Emprega-se o hífen: 1. Nas formações em que o prefixo tem como segundo termo uma palavra iniciada por h: sub-hepático, eletro-higrómetro, geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, super-homem. 2. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal do segundo elemento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, autoobservação, etc. Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar. O hífen O hífen continua a ser empregado nas seguintes situações: 1. Em palavras compostas por justaposição que formam uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem para formam um novo significado: tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoológicas: couveflor, bem-te-vi, bem-me-quer, eva-do-chá, abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde. 3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém e sem: alémmar, recém-nascido, sem-número, recém-casado, aquém-fiar, etc. O hífen O hífen continua a ser empregado nas seguintes situações: 4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas exceções continuam por já estarem consagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-davelha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Alsácia-Lorena, etc. 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super- quando associados com outro termo que é iniciado por r: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. O hífen O hífen continua a ser empregado nas seguintes situações: 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: prénatal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abraçao, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. A crase A crase ou acento grave [`], isto é, a contração da preposição a com um o artigo a ou com os pronomes demonstrativos variantes de aquele não sofreram alteração alguma. E o que muda para os outros países? Vejamos o exemplo de Portugal: “... Bom, vejamos, além da eliminação do ‘h’ nas palavras ‘húmido’ e ‘herva’, os lusófonos deverão desaparecer com o ‘c’ e ‘p’ mudos, ou seja, não pronunciados nas palavras. Sim, os que nunca se pronunciam não tem vez nem no idioma! Assim, a acção de mudar vai ter que ser colectiva, mas creio que não menos aflicta, pois nem toda mudança é assim tão exacta e imediata! Então, creio que nossos irmãos portugueses vão, primeiramente, baptizar as novas regras e, depois, torcer para que os directores de toda essa agitação não mudem mais nada!” Por Sabrina Vilarinho (Equipe Brasil Escola) Fonte: http://www.brasilescola.com/acordo-ortografico/consideracoesgerais.htm Leituras recomendadas: Site Brasil Escola, seção especial do Acordo Ortográfico: http://www.brasilescola.com/acordo-ortografico/. NORMAS GRAMATICAIS DA LÍNGUAS PORTUGUESA – AULA 9