2012.2 AGRICULTURA II Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 2 Cultura – Algodão Aspectos Gerais: Estudiosos afirmam que o algodoeiro já era conhecido 8 mil anos A. C. e tecidos de algodão eram encontrados na Índia 3 mil anos A. C. A Índia é tida como centro de origem do algodoeiro embora existam outras espécies originadas em outros recantos (múmias íncas eram envolvidas em algodão). Parece que o algodoeiro americano tem origens no México e no Peru. Constatou-se, também, o cultivo dessa planta pelos indígenas (que transformavam o algodão em fios e tecidos) na época do descobrimento do Brasil. Algodão no mundo: A produção de algodão em pluma (1998/99) foi de 18.347 mil toneladas destacando-se como maiores produtores mundiais, a China Estados Unidos da América do Norte e Índia (Brasil...435000t). A exportação de algodão no mesmo período, foi de 5.072 mil toneladas quando Estados Unidos da América , Uzbequistão e Austrália mostram-se como principais unidades exportadoras de algodão. Ainda em 1998/99 importou-se 5.384 mil toneladas de algodão e Indonésia, Coreia do Sul e Itália situaram-se como os maiores importadores (Brasil ...294mil toneladas). O consumo (1998/99) foi de 18.493 mil toneladas e os preços estiveram em torno de US$ 67,49 por tonelada de algodão em pluma. Algodão no Brasil: No Brasil, em 1997/98, a área colhida de algodão foi de 849 mil hectares (2,25 milhões de ha em 1985) que produziu cerca de 1.232 mil toneladas de algodão em caroço (2,66 milhões de t. em 1985), com produtividade de 1.451 quilos /hectare. Entre os maiores produtores nacionais encontram-se os estados de Mato Grosso (21,94% da produção), Goiás (20,99%), São Paulo (19,3%) Paraná (14,24%) e Minas Gerais (10,41%). Entre as principais regiões produtoras destacam-se a Centro – Oeste (50,48% da produção) a Sudoeste (29,71%) e a Sul (14,24%). Em termos de produtividade salientou-se o estado do Mato Grosso com 2.471kg/ha (1997/98) contra 1.308 kg/ha (média nacional). O consumo alcançou 4,98 kg/habitante/ano. Nos últimos anos (1985/1997) a área colhida de algodão decresceu em 62,3% e a produção reduziu-se em 53,8%. O país, que produzia mais algodão que consumia, passou a ser um dos principais importadores de algodão do mundo. Algodão na Bahia: Em 1997 a área colhida de algodão – 148.300ha – produziu cerca de 28.500 toneladas de algodão em pluma; nos últimos anos e até 1996 a maior parte da produção baiana era proveniente da região econômica da Serra Geral (eixo Guanambi – Brumado). Pragas e falta de chuvas forçaram o algodão herbáceo a buscar outras áreas nas regiões econômicas do Médio S. Francisco e Oeste, para viabilização da produção. Serra Geral: tem como município mais importante Guanambi; já teve área de plantio de 330.200ha (1988) que se reduziu para 180 mil ha (1997); a produtividade de 981kg/ha (1988) caiu para 459 kg/ha (1997). Esses baixos resultados Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 3 alcançados estão atrelados à incidência de pragas (notadamente bicudo e mosca-branca) e à veranicos (acontecem há 10 anos no mês de janeiro). Em 98/99 os preços de comercialização do algodão em caroço variaram de R$ 7,50 a R$ 14,00 por arroba (15kg). Os preços de algodão em pluma foram de R$ 26,00 a R$ 32,00. Os plantios são de sequeiro, realizados em novembro, utilizando-se as cultivares (variedades) CNPA 7H, IAC-20, IAC22. Médio São Francisco: tem como município principal Bom Jesus da Lapa; já se plantou em torno de 2.000 hectares de algodão irrigado com produtividade de 4500kg/ha. Atualmente houve grande redução no plantio em decorrência da incidência das pragas bicudo e mosca-branca. O plantio acontece no mês de outubro e a cultivar plantada é a CNPA 7H. Os preços de comercialização da safra 98/99, por arroba, foram: algodão em caroço R$ 8,00 e algodão em pluma R$ 24,00. Oeste: tem como principal município Barreiras. Há plantios em regime de sequeiro e irrigação; em 1996, 1997 e 1998 plantou-se 4889ha, 3.480ha e 8.625ha com rendimentos de 1.710kg/ha, 2.095kg/ ha e 1.270kg/ha. A produtividade do sequeiro é de 170 arrobas (2.550kg) por hectare e do irrigado (trabalhos experimentais) é de 300 arrobas (4.500kg) por hectare. Em 1999, a colheita de 13.000ha (11 mil de sequeiro) de algodoeiro, encerrada em agosto, produziu 32.400.000kg (2,16 milhões de arrobas) de algodão em caroço; desses foram processados 12.000.000kg (866 mil arrobas) de pluma. As cultivares de algodoeiro Delta Pine, Ita 90 e Codetec são plantadas entre meados de novembro e meados de dezembro, sendo bicudo, pulgão e lagarta-do-cartucho (Spodoptera) as pragas principais. Os preços 99/00 para comercialização para arroba de algodão irrigado foram de R$ 11,00 (em caroço) e R$ 30,00 (em pluma). Pretendese plantar de 37.000 a 41.000 ha de algodoeiros em 99/2000. A oferta de matéria prima atraí empresários – inclusive japoneses e chineses (estes pretenderiam instalar fábrica de fios de algodão) -. Para reestruturação geral da produção e beneficiamento do algodão herbáceo o governo do estado da Bahia criou, em 1995, o Programa de Recuperação da Lavoura do Algodão abrangendo 35 municípios – responsáveis por 93,4% da área plantada e 93,5% da produção – subordinados às microregiões de Guanambi, Brumado, Livramento de Brumado, Boquira, Bom Jesus da Lapa e Barreiras; Secretaria da Agricultura, EBDA, EMBRAPA, Banco do Nordeste são órgãos que informam sobre algodoeiro. Importância e Usos do Algodoeiro: Atualmente cerca de 81 países cultivam o algodoeiro, economicamente, liderados pela China, E.U.A. Índia, entre outros. Por sua grande resistência à seca o algodoeiro constitui-se em uma das poucas opções para cultivo em regiões semi-áridas, podendo fixar o homem ao campo, gerar emprego e renda no meio rural e meio urbano. É, portanto, atividade de grande importância social e econômica. Alentadoramente o mercado mundial de têxteis e vestuários apresenta forte tendência a crescimento com a participação crescente de países em desenvolvimento. O aumento de consumo de algodão tende a reduzir o estoque no mundo (desde 1993), há aumento dos preços o que estimula o aumento da produção. A nível nacional brasileiro estima-se que a demanda aumentará das atuais 900 mil toneladas/ano para 1.200 mil toneladas/ano. Do algodoeiro quase tudo é aproveitado notadamente o caroço (que representa em torno de 65% do peso da produção) e a fibra, (35% do peso da produção). Os restos de cultura – caule, folhas maçãs, capulhos – são utilizados na alimentação de animais em geral. O caroço (semente) é rico em óleo (18-25%) e contém 20-25% de proteína bruta; o óleo extraído da semente é refinado e destinado à alimentação humana e fabricação de margarina e sabões. O bagaço (farelo ou torta), sub produto da extração do óleo, é destinado a alimentação animal (bovinos, aves, suínos) devido ao seu alto valor protéico (40-45% de proteína bruta). A fibra, principal produto do algodoeiro, tem mais que 400 aplicações industriais, entre as quais confecção de fios para tecelagem (tecidos variados), algodão hidrófilo para enfermagem, confecção de feltro de cobertores, de estofamentos, obtenção de celulose, entre outros. Hoje 90% do comércio é de fibras tamanho médio. A semente, utilizada para multiplicar a planta, deve apresentar um mínimo de 65% de germinação e mínimo de 96% de pureza. O peso de 100 sementes varia de 10 a 14g. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 4 Botânica/Descrição: O algodoeiro pertence ao grupo de plantas dicotiledoneas, família Malvaceae e tem como nome cientifico, Gossypium hirsutum L.. À raça Latifolium Hutch, pertence o algodoeiro "herbáceo" e à raça Marie Galante Hutch, pertence o algodoeiro "arbóreo". O Gossypium barbadense, var brasiliense, o Rim-de-Boi, também é enquadrado como "arbóreo". As cultivares, (variedades), diferenciam-se quanto ao tamanho da fibra (curto, médio, longo), ciclo curto (120-140 dias); ciclo longo (150-180 dias), porte alto ou baixo, resistência ou susceptibilidade à doenças, entre outras características. Em países de língua inglesa o algodão é conhecido como cotton e naqueles de língua espanhola como algodon. IAC, ITA, CNPA, SICALA, CODETEC, EPAMIG, são designações de algumas cultivares exploradas economicamente. A cultura do algodão é conhecida como cotonicultura. O algodoeiro é uma planta ereta, anual ou perene, dotada de raiz principal cônica, pivotante, profunda, e com pequeno número de raízes secundárias grossas e superficiais. O caule herbáceo ou lenhoso, tem altura variável e é dotado de ramos vegetativos (4 a 5 intraxilares, na parte de baixo), e ramos frutíferos (extraxilares, na parte superior). As folhas são pecioladas, geralmente cordiformes, de consistência coriácea ou não e inteiras ou recortadas (3 a 9 lóbulos). As flores são hermafroditas, axilares, isoladas ou não, cor creme nas recém-abertas (que passa a rósea e purpúreo) com ou sem mancha purpúrea na base interna. Elas se abrem a cada 3-6 dias entre 9-10 horas da manhã. Os frutos (chamados "maçãs" quando verdes e "capulhos" pós abertura) são capsulas de deiscência (abertura) longitudinal, com 3 a 5 lojas cada uma, encerrando 6 a 10 sementes. As sementes são revestidas de pêlos mais ou menos longos, de cor variável, (creme, branco, avermelhado, azul ou verde) que são fibras (os de maior comprimento) e linter (os de menor comprimento e não são retirados pela máquina beneficiadora – o Mocó não mostra linter). As fibras provém das células da epiderme da semente e tem, como características comerciais, comprimento, finura, maturidade, resistência, entre outras. Clima/Solos: Clima: O algodoeiro é uma planta de clima tropical; algumas cultivares podem desenvolver-se em regiões de temperatura amena. A planta também medra em regiões semi-áridas. Exige umidade no solo para germinação da semente, para o início do desenvolvimento da plantinha e notadamente para o período que vai da formação dos primeiros botões florais ao início da abertura dos frutos (35 a 120 dias do ciclo de vida); encharcamento do solo, em qualquer fase da vida, provoca avermelhamento, perda de frutos e redução da produção. Insolação (luminosidade) é importante para a planta na maior parte do ciclo (150 a 180 dias). Muito calor + muita luminosidade + regular umidade no solo são imprescindíveis para desenvolvimento / produção do algodoeiro. A planta requer, em geral, os seguintes níveis: Chuvas: precipitações anuais entre 500 mm. e 1500 mm. distribuídas ao longo do ciclo; a partir de 130 dias deve existir tempo relativamente seco para abertura dos frutos e boa qualidade do algodão. A média mensal de temperatura deve Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 5 estar acima de 20ºC e abaixo de 30ºC (25ºC como um possível ótimo) umidade relativa do ar em 70% e insolação em 2:500 horas luz/ano (em torno de 6,5 horas/dia como mínimo). Solos: devem ser profundos (2m. ou acima) porosos, bem drenados, textura média, ricos em elementos minerais (N, P2O5, K2O, MgO) e pH entre 5,5 e 6,5. O terreno deve apresentar declividade abaixo de 10% e não deve estar acima de 1.500m. de altitude. Deve-se evitar plantios em terrenos arenosos (por fácil erosão, por baixa retenção de água e nutrientes), em solos de recém derrubadas, nos sujeitos a encharcamento, e naqueles com lençol de água superficial. A planta do algodoeiro é extremamente exigente em oxigênio no solo o que reforça a necessidade de solos profundos e porosos para o seu cultivo. Nutrição da Planta/Calagem/Adubação: Nutrição: Os seguintes nutrientes são importantes para o algodoeiro: Nitrogênio: (N): aquele que o algodoeiro retira em maior proporção do solo. Promove o desenvolvimento da planta, inclusive na floração, no comprimento/resistência da fibra. Sua deficiência é mostrada por pequeno número de folhas na planta, amarelamento (clorose) notadamente de folhas velhas, plantas com porte reduzido. Fósforo (P2O5): concentra-se nas folhas e frutos principalmente; é responsável por boa polinização, por frutificação, maturação e abertura dos frutos e formação/crescimento de raízes. Sua deficiência atrasa o desenvolvimento, reduz frutificação, folhas escuras, fibras com baixa qualidade e manchas ferruginosas nos bordos da folha. Potássio (K2O): o potássio participa direta ou indiretamente na fotossíntese e respiração, no transporte de alimentos na planta. Aumenta tamanho das maçãs, peso do capulho e das sementes e promove qualidade das fibras do algodão. Clorose entre as nervuras das folhas do "baixeiro" (que evolui a bronzeamento) é sinal de deficiência de potássio. Cálcio (CaO): bastante exigido pelo algodoeiro; é importante para a utilização do N pela planta, para crescimento e germinação da semente. Murchamento de folhas com curvatura e colapso dos pecíolos mostram a deficiência de cálcio. Magnésio (MgO): é pouco exigido pela planta; sua deficiência é mostrada por amarelecimento entre as nervuras que evolui para vermelho púrpura (folhas mais velhas), o que indica deficiência de magnésio. Enxofre (S): é requerido continuadamente pelo algodoeiro; é importante para aparecimento/desenvolvimento dos botões florais. Como micronutrientes importantes destacam-se: boro (para flor, frutos), manganês (folhas do ponteiro), zinco (folhas novas), molibdênio, ferro, cloro, cobre. Calagem (correção do solo): Com antecedência hábil ao plantio (120 dias) deve-se retirar amostras de solo da área de plantio, enviar para laboratório de solos para obtenção de resultados de análise e recomendações para aplicação de corretivos de solo (calcários, outros) e adubos em geral. Caso haja necessidade de uso de calcário aplicar metade da dose antes da aração e a segunda metade antes da 1ª gradagem. Se o teor de magnésio estiver acima de 1,0 meq./100cm3 não há necessidade de usar calcários magnesianos ou dolomíticos; o calcário deve ter PRNT em 80 ou acima. Calcários dolomíticos e magnesianos fornecem cálcio e magnésio. Adubação: O nitrogênio deve ser fornecido ao algodoeiro na ocasião do plantio e fracionado (2-3 vezes) em cobertura até 40 dias após emergência. A planta requer grandemente o fósforo entre 30 e 50 dias, o potássio entre 30 e 50 dias e em torno de 90 dias, o magnésio a partir de 35 dias, o enxofre em torno de 50 dias e 80 dias após a emergência. A adubação deve seguir as recomendações da análise de solos; ela é feita no plantio – adubação de fundação ou básica – e em coberturas – (1/3 dos 25 aos 30 dias e 2/3 aos 45 dias pós emergência). A adubação de fundação deve ser colocada a 5cm. de profundidade e ao lado da semente; a adubação de cobertura é aplicada a uma distância de 15 a 25cm. da planta e incorporada ao solo (cultivador). Crê-se que 4,5 – 10 Kg/ha de bórax, 20-24 Kg/ha de sulfato de zinco aplicados ao sulco de plantio devem suprir as necessidades do algodoeiro em boro e zinco ao longo do ciclo. O superfosfato simples e sulfato de amônio ou potássio suprem as necessidades de enxofre. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 6 Cultivo do Algodoeiro Herbáceo: O algodoeiro deve ser cultivado como parte de um programa sistemático de rotação de culturas, em glebas apropriadas para lavouras anuais, visando obter rendimentos elevados com um mínimo de agressão ao meio ambiente. Preparo do Solo: A eliminação dos restos de cultura do algodoeiro deve ser feita o mais cedo possível após a safra (arranquio e destruição com arado/grade, enxadeco arrancador ou roçadeira) para, antes de tudo, reduzir a incidência de pragas na cultura seguinte. Palhada de outras lavouras devem ser deixadas sobre o solo na entre safra. Deve-se evitar ao máximo o uso da grade aradora pesada na movimentação do solo; deve-se optar pelo uso inicial da grade leve (para triturar ervas/restos de cultura) e seguido de aração (preferentemente com arado de aiveca). Essa ação visa conservar o solo, permitir maior infiltração de água no solo e facilitar o controle de ervas daninhas. Uma ou duas gradagens podem se seguir ( a 2ª próximo ao plantio). A movimentação do solo deve ser feita quando os torrões quebrem-se com facilidade quando apertados entre os dedos. Sementes/Variedades do Algodoeiro: Uma boa semente deve apresentar poder germinativo acima de 85%, muito vigor, estar livre de impurezas e ser, se possível, fiscalizada. Para o plantio nas principais zonas algodoeiras da Bahia usam-se as cultivares (variedades), a saber: CNPA 7H: com ciclo de 120-130 dias e produção entre 1.700 e 3.000 Kg/ha. CNPA Precoce 2: ciclo cultural 90-100 dias e produção entre 1.400 e 2.600 Kg/ha. IAC-22: ciclo de 130-140 dias produção de 2.700 Kg/ha, Delta Pine, Codetec são outras cultivares. BRS 269 Buriti. Sendo a mais plantada. Características tecnológicas de fibra O padrão de fibras da BRS 269 Buriti atende as exigências dos mercados interno e externo, com fibras de comprimento médio entre 29 e 32mm, destacando-se sua excelente resistência (30 a 34 gf/tex). Apresenta rendimento de fibras entre 39,5 a 41% e micronaire entre 3,8 a 4,3. Seu índice médio de fiabilidade é entre 2300 e 2500, indicando a obtenção de fibras e fios de alta qualidade. Indicações técnicas de manejo da cultivar Época de semeadura: 15 de novembro a 15 de dezembro. Espaçamento e densidade: 0,85 a 1,0 m entre fileiras e 7 a 8 plantas/metro. Regulador de crescimento: Iniciar aplicação com altura de planta em 0,30 m. Deve-se utilizar doses crescentes do regulador de crescimento, necessitando-se entre 50 e 75 g (total) de regulador de crescimento (cloreto de mepiquat ou cloreto de clormequat) para que as plantas tenham entre 1,20 a 1,30 m por ocasião da colheita. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 7 Algodão orgânico Esse material desenvolvido em um sistema que fomenta a atividade biológica exige um manejo diferente do sistema de produção convencional, pois bane o uso de agrotóxicos e produtos químicos, danosos a saúde do solo e das pessoas. É um algodão produzido de uma forma mais artesanal, cuidadosa e que requer um estudo maior para seu desenvolvimento. Vantagens: Grande parte das empresas que trabalham com roupas em algodão orgânico se enquadra no Comércio Justo, ou seja, são empresas que respeitam os direitos dos seus colaboradores, garantindo melhor qualidade de vida a eles. Você estará comprando a construção de uma sociedade mais justa e um planeta mais limpo e saudável para todos, grandes alvos do consumo consciente. Anti-alérgico e ecologicamente correto porque o algodão é produzido sem agrotóxicos e é autosustentável. (Evita a contaminação do solo e malefícios à saúde dos seres vivos – desde os animais que têm acesso à região da plantação, próprios agricultores, até os que consomem o produto que foi cultivado com o auxílio desses defensivos.) Permitem que a pele respire mais, se comparados com os tecidos sintéticos, garantindo frescor. Plantio: O plantio na Bahia acontece entre principio de novembro e meados de dezembro. No método de plantio manual usa-se enxada e plantadeiras manuais (tico-tico ou matraca); o espaçamento de plantio é 80cm. entre fileiras e 20cm. entre covas com colocação de 4-5 sementes/cova a 5cm. de profundidade. No método de plantio mecânico usa-se plantadeira puxada por animais ou tratores; recomenda-se o espaçamento de 80cm. entre fileiras. A plantadeira deve deixar cair 15 a 25 sementes por metro de linha de plantio, a uma profundidade de 5 a 6cm. Rotação de Culturas: Tendo em vista benefícios ao controle da erosão a diminuição da compactação do solo ao controle de pragas entre outras, sugere-se uma rotação de cultura composta de leguminosa – algodão – milho ou feijão – algodão – milho. Tratos Culturais: Desbate (raleamento): O raleamento (diminuição do número de plantas no algodoal) deve ser realizado aos 20-30 dias após emergência ou quando as plantinhas atingirem 15-20cm. de altura; a operação a ser realizada com solo úmido, deve deixar 2 plantinhas vigorosas por cova ou 10 plantinhas por metro de linha de plantio. Isto torna o espaçamento 80cm. x 10cm. o que proporciona população de 125 mil plantas por hectare. Controle de ervas daninhas: A lavoura do algodoeiro não deve sofrer concorrência de ervas daninhas, notadamente nos primeiros 60 dias após a emergência (período crítico de competição existe dos 15 aos 56 dias de vida). O controle cultural de ervas pode ser feito pelo uso de sementes sem impurezas, época certa de plantio, número de plantas por hectare, preparo adequado de solo, rotação de culturas, outros. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 8 O controle mecânico – capina – é feito manualmente com enxada (homem) ou cultivador (tração animal ou tratorizada), tendo-se o cuidado de não se cultivar a mais de 3cm. de profundidade no solo. O controle químico – capina química – é feita através de herbicidas. A aplicação do herbicida pode ser feita antes do plantio (em pré-plantio ou PPI), antes da emergência (em pré-emergência ou PRE) e após a emergência do algodoeiro (em pós-plantio ou POS); nos dois primeiros casos o solo deve estar úmido. Apesar da aplicação do herbicida o controle de ervas pode requerer complementação com capina mecânica. Para aplicação do herbicida o operador (homem aplicador) deve portar traje EPI e o equipamento aplicador deve estar sem vazamentos e adequadamente calibrado. Irrigação do Algodoeiro: A irrigação visa ofertar água para lavouras em regiões de pluviosidade irregular em níveis adequados permitindo a planta aproveitar, em sua plenitude, fatores de produção como adubos, insolação, temperatura, outros, que otimizam a função de produção. O aspecto irrigação tem tido especial atenção dos governos que perseguem tecnologias que incrementem rendimentos das lavouras proporcionando boas taxas de retorno e geração de matériaprima em níveis adequados para indústrias. A "irrigação por bacias em nível" tem sido preconizada para a cultura do algodoeiro no Nordeste brasileiro. Trata-se de sistema de método por superfície, em área sistematizada, com água distribuída de maneira mais uniforme possível com riscos mínimos de erosão. Na prática a água é aplicada numa das extremidades da bacia em nível e flui por gradiente hidráulico através de sulcos de irrigação que distribuem a água por toda a área. Os sulcos são interligados nas extremidades para melhor distribuição da água. Reguladores de Crescimento/Desfolhantes/Maturadores: Fim de ciclo, plantas acima de 1,5m. de altura, algodoal bem fechado dificulta uma série de ações na cultura (colheita mecanizada, controle de pragas) além de determinar sombreamento das partes mais baixas da planta, apodrecimento de maçãs, entre outras. Para evitar tais problemas recomenda-se a aplicação de reguladores de crescimento - tais como cloreto de chlormequat e cloreto de mepiquat, na dose de 0,5 a 1,0l./hectare - quando o algodoeiro, na floração (50 a 70 dias), ultrapassar a 1,0m. de altura com 8 a 10 flores abrindo por 10m. de linha de fileira. Os desfolhantes podem ser específicos (produzem queda da folha antes dela secar) e herbicidas (causam morte da folha que permanece ligada à planta). Os desfolhantes etephon, dimethipin thidiazuron, outros devem ser aplicados quando 60 a 70% dos capulhos já estiverem abertos e sua ação dá-se em 8 a 15 dias. O desfolha apressa a maturação do fruto e abertura dos capulhos o que facilita a colheita, dá-lhe maior rendimento com produto mais limpo e facilita o controle de pragas. Plantas que foram desfolhadas devem ser colhidas de imediato. Em grandes áreas o desfolhante é aplicado de modo escalonado. O dessecante (glifosate, paraquat) provoca o secamento da folha sem sua queda, o que resulta em produtos colhidos com alto grau de impureza. Os maturadores (etephon + cyclanilide) devem ser aplicados quando 90% dos capulhos estiverem abertos. O alvo único é o fruto, acelerando sua maturação e abertura. A mistura maturadora pode conter entre 720 a 1200g. de ethephon + 90 a 150g. de cyclanilide. Controle de Pragas e Doenças: Entre as pragas mais freqüentes e importantes estão a broca-da-haste, o bicudo, curuquerê, lagarta-da-maçã, lagarta rosada, mosca branca, ácaros. Dentre as doenças destacam-se a ramulose, mosaico comum, antracnose, tombamento das plantinhas. A estratégia de controle passa por: Controle biológico: traduz-se em ação de parasitas, predadores (comem) ou causadores de enfermidades nas pragas reduzindo sua população. É um controle natural feito por insetos (joaninhas, bicho-lixeiro, besouro calosoma, percevejos, vespas, tesourinhas), por aranhas (caranguejeira, de teias), por microorganismo (fungos, bactérias). Controle cultural: é a manipulação de diversas práticas de cultivo que visa tornar o agroecossistema desfavorável ao desenvolvimento da praga e favorável a seus inimigos naturais. Entre algumas práticas cita-se extensas áreas com data de plantio uniforme, períodos livres do plantio de algodão, destruição de botões florais, maçãs e hospedeiros Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 9 alternativos, destruição antecipada e uniforme de restos de cultura, uso de culturas, armadilhas e rotação de culturas. Além disso utilização de cultivares de ciclo curto. Controle químico: Deve ser efetuado quando necessário ou seja, quando a incidência de pragas atingirem o nível de dano econômico. A aplicação do defensivo está presa a uma série de necessidades que, satisfeitas, tornarão a prática eficiente mantendo a praga sob controle. Entre elas, características do agroquímico (efetividade, seletividade, toxicidade, poder residual, carência, método de aplicação, formulação, preço), características do equipamento aplicador (bicos, estado geral, tamanho da área a tratar, calibragem, treinamento do operador). Modernamente adota-se o MIP – Manejo Integral de Pragas que se baseia em amostragens periódicas de pragas na cultura que definirão a estratégia correta a ser aplicada para controlar uma praga. Manejo de Pragas e Doenças: O manejo inclui o conhecimento das pragas, dos seus inimigos naturais e das doenças que prejudicam o desenvolvimento da cultura. Como técnica indispensável para determinação do momento certo da aplicação do produto químico (veneno) utiliza-se da amostragem de pragas. Amostragem para principais pragas: O percurso para amostragem deve ser em espiral na lavoura; faz-se primeiro a área das bordaduras e depois o interior da cultura. O caminhamento é feito zigue-zague. Nas propriedades pequenas o talhão a amostrar deve ter até 10ha e o número de plantas observadas deve ser 50. Nas áreas irrigadas (pivô central), propriedades médias e grande talhões, de 10 a 60 ha faz-se com 50 a 100 plantas observadas. Ácaros vermelho e rajado: observar face inferior das folhas; período crítico do ataque vai do aparecimento dos botões florais ao primeiro capulho. Iniciar aplicações quando 40% das plantas estejam atacadas (em reboleiras). Ácaro branco: observar folhas do ponteiro; período crítico da formação das maçãs ao aparecimento dos capulhos. Iniciar aplicações com 40% das folhas atacadas Bicudo: observar botões florais e maçãs; período crítico do aparecimento do botão floral ao primeiro capulho. Iniciar aplicações quando 10% das plantas mostrarem botões atacados (oviposição e alimentação), do inseto. Curuquerê: observar face inferior das folhas; período crítico da emergência da planta ao aparecimento do primeiro capulho. Iniciar aplicações quando forem encontradas 2 lagartas por planta (média) observada ou desfolhamento de até 10% no terço superior da planta. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 10 Lagarta-da-maçã: observar botões florais e frutos; período crítico do aparecimento de botões florais até o primeiro capulho. Iniciar aplicações quando houver uma lagarta em 13% das plantas amostradas (6 plantas/50). Lagarta-rosada: observação de flores e frutos; período crítico do aparecimento da 1ª maçã firme até o primeiro capulho. Iniciar aplicações quando se encontrar 5 plantas de maçãs firmes atacadas (10%) por 50 plantas observadas). Lagarta militar (Spodoptera): observar caule, folhas, botões florais e maçãs; iniciar as aplicações quando se notar a presença de 7 a 8 plantas com lagartas (15%) das 50 observadas. A partir de 70 dias pós emergência só aplicar piretroides. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 11 Pulgões: observar folhas novas, botões e gemas e capulhos; período crítico da emergência da planta ao aparecimento do 1º capulho. Quando houver 35 das 50 plantas atacadas (70%), iniciar as aplicações. Tripes: observar folhas do topo da planta; período crítico da emergência da planta até 20 dias após. Iniciar aplicação quando encontrados 70% das plantas observadas com 6 tripes em cada. Broca-da-raiz: observar o colo da planta; período crítico entre 10 e 40 dias pós emergência. Controle efetuado pelo tratamento de sementes com inseticidas ou aplicações contra infestações com 20 a 30 dias de vida da planta. Pragas / Controle: De ordinário diz-se que broca-da-raiz, tripes e pulgões, curuquerê são pragas iniciais e ácaros, bicudo, lagartas, das maçãs e rosada, percevejos, são pragas tardias. Broca-da-raiz: Eutinobothrus brasiliensis (Hambledon, 1937), Coleoptera, Curculionidae. O adulto é besouro de cor preta, com 3 a 5mm. de comprimento, aparelho bucal em forma de tromba; o jovem é uma lagarta branca ou amarelada (até parda). A fêmea adulta coloca ovos ovais branco-amarelados no caule; deles saem lagartas que penetram no caule, abrem galerias em todas as direções, na região entre o caule e a raiz, em geral. Isto provoca murchamento e até morte do algodoeiro. O controle é feito preventivamente pelo tratamento das sementes com inseticidas à base de Carbofuran (Diafuran 50, Furadan 50) na dosagem de 30 a 40g. do produto comercial para misturar a cada 100Kg de sementes. Em caso de infestação aos 20 dias de vida da planta, pulverizar com produtos à base de paratiom metil (Folidol 600) na dosagem de 0,5l. do produto por hectare (visar caule e colo da planta). Pulgões: Pulgão do algodoeiro: Aphis gossypii (Glover, 1876) Pulgão verde: Myzus persicae (Sulzer, 1776) – Homoptera, Aphididae Insetos pequenos, com corpo mole ovalado com 1,3mm. de comprimento, cor verde - limão (Aphis) e verde a verdeamarelada até marmoreada (Myzus). Reproduzem-se (parição) nas regiões quentes sem concurso de machos. Vivem em colônias sugando a seiva das folhas (face inferior) novas e brotos expoliando o algodoeiro; ataques severos causam encarquilhamento da folha e até "mela" (por substância doce excretada pela praga que danifica capulhos e atrai Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 12 formigas pretas). Quando a população excede a capacidade do órgão da planta em alimentar a colônia, surgem adultos alados que voam para outras folhas ou plantas para iniciar colônias. O ataque de pulgão pode determinar prejuízos de até 44% à lavoura do algodoeiro. Alta temperatura e umidade relativa do ar associada à estiagem favorecem o desenvolvimento dos pulgões. O controle do pulgão pode ser feito, parcialmente, por seus inimigos naturais – joaninhas, bicho-lixeiro, mosca sirfideo, entre eles – e via aplicação de produtos agroquímicos (inseticidas) a partir das épocas determinadas pela amostragens, com os defensivos químicos abaixo: Pirimicarb (Pirimor 500) – (500 gramas/hectare) Thiomethon (Ekatim 250 CE) – 0,3 a 0,5 l./hectare) Monocrotofos (Azodrin 400S) – 1,5 l./hectare Curuquerê : Alabama argillacea (Hubner, 1823), Lepidoptera, Noctuidae. Também se hospeda no mate. O adulto é mariposa cor marrom-avermelhada, com duas manchas circulares no centro das asas anteriores. A lagarta é do tipo mede-palmos, com cores variadas (verde ao preto), podendo atingir 35 a 40 mm. de comprimento (madura) e a pupa é de cor castanha e encontrada enrolada em folha. Com hábitos noturnos a mariposa fêmea põe ovos circulares e achatados verde-azulados embaixo das folhas. O ataque começa pela parte superior do algodoeiro e as lagartas, vorazes, consomem a área foliar completamente. Lagartas foram encontradas consumindo as primeiras folhas (cotilédones) logo após a emergência do algodoeiro. O controle do curuquerê é feito, em parte, por inimigos naturais (percevejos, aranhas, vespas, outros) e por aplicação de defensivos agroquímicos lagarticidas como: Bacillus thuringiensis (Dipel 32 PM, ou Thuricide) – 0,5 Kg/hectare Diflubenzuron (Dimilin 250 PM) – 50 a 60 gramas/hectare Endosulfan (Thiodan 35 CE) – 1,2 a 1,5 litro/hectare. Bicudo: Anthonomus grandis (Boheman, 1843), Coleoptera, Curculionidae. Adulto é besouro acinzentado ou castanho, com 4 a 9 mm de comprimento e 7 mm de envergadura, aparelho bucal em forma de tromba, tipo mastigador; a forma jovem é lagarta sem patas, cor branca ou creme que vive dentro de botões e maçãs e lá passa a pupa (creme ou branca) donde surge o adulto. A fêmea adulta deposita ovos esféricos, branco-amarelados, dentro dos botões florais ou em maçãs pequenas, onde as lagartas se alimentam. Após o ataque os botões tornam-se amarelos, as brácteas (folhas modificadas) abrem-se e os botões caem no solo; há destruição da fibra e das sementes nas maçãs atacadas. As medidas de controle preconizadas são: Culturais: destruição de restos culturais do algodoeiro (o mais cedo possível pós colheita), catação de botões florais atacados e caídos ao solo ( operação diária com queima do material), plantio uniforme (no máximo dentro de uma semana), plantio-isca (algumas ruas de algodoeiro, antes do plantio, para atrair o inseto adulto). Em parte o bicudo pode ser controlado por inimigos naturais – como a formiga preta grande - e por aplicação de agroquímicos inseticidas como: Carbaryl (Sevin 850 PM) – 1,6 Kg/hectare Endosulfan (Thiodan 35 CE) – 2,0 litros/hectare Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 13 Betacyfluthrin (Buldock 125 SC) – 100 ml./hectare Deltametrina (Decis 50 SC) – 200 ml./hectare Lagarta-da-maçã: Heliothis virescens (Fabricius, 1871) Lepidoptera, Noctuidae. Adulto é mariposa de cor verde pálido a amarelada com 3 listras cor castanha distribuídas nas asas e tem hábitos noturnos. O jovem é lagarta verde com pontuações no corpo e mede de 16 a 25mm. quando madura (a larva pode tomar cor avermelhada por vezes). A fêmea adulta põe ovos semi-esféricos estriados e de cor branco-brilhante, nos ponteiros da planta (preferencialmente) e também em brácteas dos botões florais e em folhas laterais novas. As lagartas podem ser encontradas nos botões florais, nos ponteiros e em maçãs pequenas e grandes. A lagarta perfura botões florais e maçãs e alimenta-se da parte interna; ela pode penetrar parcial ou totalmente. O controle da lagarta é feito pela aplicação de: Bacillus thuringiensis (Dipel 32 PM, Thuricide) – 0,5Kg/hectare Endosulfan (Endosulfan CE, Thiodan CE) – 1,5 – 2,5l./hectare OBS.: há casos de se encontrar a lagarta da espiga do milho (Heliothis zea) ou a lagarta do cartucho do milho (Spodoptera frugiperda) atacando botões florais e maçãs do algodoeiro. Lagarta rosada: Pectinophora gossypiela (Saunders, 1844) Lepidoptera, Gelechiidae. Adulto é mariposa com 18-20mm. de comprimento, asas anteriores pardo-claras, corpo com 10 a 13mm. de comprimento, cor creme clara com dorso púrpureo. A pupação faz-se no solo. As fêmeas põem ovos entre as diferentes estruturas da flor e das maçãs. As lagartas rosadas são encontradas no interior dos botões florais, de flores (flor rosetada), e de maçãs alimentando-se das estruturas e das sementes. A flor rosetada não se abre e é sinal da presença da lagarta rosada. Os danos são destruição de flores, fibras manchadas ou destruídas, sementes parcial ou totalmente destruídas, maçãs amadurecem precocemente sem abrir-se. O controle da lagarta rosada pode ser feito parcialmente por inimigos naturais – vespas predadoras e parasitas – e por aplicação de defensivos químicos agrícolas, à saber: Carbaryl (Carbaryl 850 PM, Sevin 850 PM) – 1,5Kg/ha. Deltametrina (Decis 25 CE) – 300cc./hectare Lambdacyhalotrina (Karate 50 CE) – 250cc./hectare Lagarta militar: Spodoptera frugiperda (J.E.Smith, 1797) Lepidoptera, Noctuidae. Adulto é mariposa com 25mm. de comprimento, 35mm. de envergadura; asas anteriores acinzentado-escuras e asas posteriores claras, esbranquiçadas, corpo acinzentado. Lagarta madura atinge 35 a 50mm. de comprimento cor de verde-claro a pardacento, escura com 5 estrias longitudinais escuras e cabeça preta com 3 estrias claras que formam Y invertido. A fêmea adulta, com hábitos noturnos, põe ovos em camadas superpostas em ambas as faces da folha. Saídas do ovo as lagartas passam a se alimentar do caule, folha, botões florais e maçãs. São terrivelmente vorazes. Para pupar a lagarta abandona a planta e enterra-se no solo (de 1 a 5cm.). Uma fêmea pode pôr 1000 ovos em 12 dias de longevidade. Lagartas iniciam o ataque à partir da parte mediana da planta subindo até o ponteiro. Controla-se esta lagarta pela aplicações dos agroquímicos a saber: Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 14 Endosulfan (Thiodan 35 CE) – 1,5 – 2,5l./hectare Triclorfon (Dipterex 500) – 1,5l./hectare Cloropirifós (Lorsban 480 CE) – 1,0l./hectare Triazophós (Hostathion 400 CE) – 0,5l./hectare Paration metil (Folidol 600) – 450-675cc./hectare Mosca branca: Bemisia argentifolii (Bellows e Perrina) Bemisia tabaci (Gennaduis, 1889), Homoptera, Aleyrodidae. Adulto é inseto com 1,5mm. de comprimento, olhos vermelhos, antenas longas, 2 pares de asas membranosas brancas, vivem em colônias na parte inferior da folha. Inseto sugador de seiva, transmite várias viroses à planta e é capaz de reduzir a produção em mais de 50%. Jovem – ninfas – são quase imóveis. Adulto vive 18 dias e ninfas 15 a 30 dias. Como medidas de controle destruir restos da cultura, fazer barreiras quebra-vento no algodoal (com milho ou sorgo forrageiro), evitar plantar algodão próximo à melancia, soja, melão, feijão e fumo, plantar na mesma época que outros produtores. O controle químico indica os seguintes produtos: Endosulfan (Thiodan 35 CE) – 1,5l./hectare Imidacloprid (Confidor 700) – 360g./hectare Triazophos (Hostathion 400 CE) – 1,0l.hectare. Ácaros: Ácaro banco: Polyphagotarsonemus latus (Banks 1904) Tarsonemidae Ácaro rosado: Tetranychus urticae (Koch, 1836) Tetranychidae Ácaro vermelho: Tetranychus ludeni (Zacher, 1913) Tetranychidae. Branco: fêmeas com 0,2mm. de comprimento, cor branca a amarelo – brilhante, ovos com 0,1mm. de diâmetro, cor pérola. Ciclo de 5 a 7 dias (a 27ºC). Tem preferência pelas folhas do ponteiro onde põe os ovos. Danos aparecem nas folhas dos ponteiros que mostram face inferior brilhante e margens voltadas para cima e depois ficam espessas e coriáceas tornando-se quebradiças. Sob ataques intensos os caules tomam forma de S. Hospeda-se, também, na batatinha, laranjeira, mamoeiro, dália. Alimentam-se sugando a seiva da s folhas. Rajado: hospeda-se também no cuchuzeiro, feijoeiro, mamoeiro, roseira. As fêmeas possuem coloração esverdeada com duas manchas escuras de cada lado do dorso; elas medem 0,5mm. de comprimento e tem corpo ovalado. Vivem em colônias na página inferior da folha tecendo grandes quantidades de teias onde são colocados ovos esféricos e esbranquiçados. Os danos caracterizam-se pelo aparecimento de pequenas manchas avermelhadas entre as nervuras que se juntam, tomam toda a folha que seca e cai. Sugam a seiva das folhas. Vermelho: as formas ativas apresentam cor vermelha – intensa, fêmeas com 0,43mm. de comprimento, corpo ovalado. Localizam-se na parte inferior da folha onde formam colônias, recobrindo-a com teias onde põem os ovos arredondados e avermelhados. Sugam a seiva das folhas. Hospedam-se, também, no feijoeiro, no girassol. O controle dos ácaros é feito por inimigos naturais – ácaros predadores, percevejos, bicho lixeiro – e por aplicações de agroquímicos defensivos agrícolas acaricidas ou inseticidas-acaricidas tais como: Para o branco: Abamectin (Vertimec 18 CE) – 0,3l./hectare Propargite (Omite 720 CE) – 1,5l./hectare Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 15 Endosulfan (Thiodan 350 CE) – 1,5l./hectare Para rajado e vermelho: Abamectin (Vertimec 18 CE) – 0,6l./hectare Propargite (Omite 720 CE) – 1,5l./hectare Tetradifon (Tedion 80 CE) – 3,0l./hectare Outras pragas: Tripes – picam partes novas para sugar a seiva Percevejos (rajado e manchador) – danificam botões, brotos e maçãs Besouro amarelo – depreda a folhagem Lagarta elasmo – broqueia o caule Percevejo castanho – suga a seiva das raízes Formigas saúvas – cortam folhas Ácaro verde – suga a seiva das folhas Doenças / Controle: As principais doenças do algodoeiro são: Ramulose ou superbrotamento Antracnose Mosaico comum Tombamento das plantinhas Ramulose: Doença dos vasos do algodoeiro causada pelo fungo Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides, A. S. Costa. Tem importância econômica podendo ocasionar redução em 80% da produção (segundo a cultivar, época do plantio, susceptibilidade da planta). Temperatura elevada e chuvas intensas são favoráveis ao desenvolvimento do fungo. Os sintomas iniciam-se pelo aparecimento de manchas de forma estrelada e cor pardo-escuro nas folhas novas do ponteiro que, com o passar do tempo, tornam-se furos nos limbos foliares. Há redução dos internódios perto do ponteiro, manchas necrosadas no caule e hastes e superbrotamento no ponteiro com redução do porte da planta. Para o controle recomenda-se: Queima dos restos de cultura, rotação de cultura por 3 anos; não plantar algodão em área vizinha de cultura contaminada no ano anterior. Uso de cultivares resistentes a doença tais como Deltapine 90, CNPA ITA 97, Sicala 34, CNPA Itamarati 90, CS 50. Uso de sementes sadias para o plantio. Tombamento: O tombamento está associado à vários fungos sendo os mais freqüentes Colletotrichum gossypii, Rhizoctonia solani e Fusarium spp. Ocorre mais em condições de alta umidade no solo nos primeiros 20 dias após a emergência da plantinha. Baixas temperaturas agravam os efeitos da doença. O principal sintoma é o escurecimento da Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 16 haste logo abaixo do colo das plantinhas seguido de tombamento e morte. Esta doença causa falhas na população de plantas comprometendo o rendimento da cultura. O controle deve ser preventivo através do conjunto: Uso de sementes com boa germinação e vigor Bom preparo do solo Distribuição uniforme das sementes no sulcos cobertos com pouca terra Tratamento químico da semente em pré - plantio, com produtos à base de benomyl (Benlate), ou benomyl + thiram (Benlate + Rhodiauram) ou carboxin + thiram + PCNB Antracnose: Doença causada pelo fungo Colletotrichum gossypii Southi worth, ocorre em todas as regiões produtoras, ataca todas as partes da planta podendo aparecer nos cotilédones e caule das plantulas recém – emergidas que podem morrer. A doença aparece nos cotilédones sob forma de pequenas lesões que servem de foco da doença para estádios mais avançados do desenvolvimento do algodoeiro. A lesão é mancha deprimida avermelhada. Nas maçãs a lesão começa sob forma de pequenas manchas de coloração escura e arroxeada; elas aumentam de tamanho cobrindo grande parte da maçã. Em condições favoráveis e temperatura moderada as lesões cobrem-se de massa de esporos (frutificações) úmida, pastosa e cor rósea. Mesmo com pouca extensão externa da lesão o fungo penetra a maçã, causa deterioração da parte interna, e fibra e sementes podem ser destruídas. Quando não há destruição total da fibra a maçã amadurece e abre, mostrando fibra compacta, descolorida e coberta com massa rosa de esporos. O fungo é transmitido pelas sementes (interna e externamente) podendo causar tombamento em pré e em pós emergência. O método mais importante de controle é o tratamento prévio de sementes com fungicidas dos grupos do benzimidazois (Benlate) e dos tolyfluanid (Euparen). Utilização de sementes sadias para o plantio Rotação de culturas e destruição de restos de culturas Mosaico comum: Doença causada pelo AbMV (vírus) e pode ser encontrada em todas as regiões produtoras e sua incidência pode chegar a 50%. Manchas alternadas de coloração diferente (mosaico) são caracterizadas por manchas amarelas (cor gema-de-ovo). Com maturação da planta a coloração amarela fica mais clara e os sintomas menos evidentes. Em alguns aparece coloração avermelhada. Segundo o estado de desenvolvimento a planta pode apresentar nanismo e torna-se parcial ou totalmente estéril. O vírus é transmitido pela mosca branca (Bemisia tabaci e B. argentifolii). Controle: Eliminar plantas doentes, no desbaste. Eliminar ao máximo, malváceas nativas em torno do futuro campo do algodoeiro Usar cultivares resistentes como CNPA Precoce 2, CNPA 7H e IAC 22. Nematóides: Vermes microscópicos que atacam plantas e se alimentam, principalmente, das raízes. Espécies dos gêneros Rotylenchulus, Belonolaimus, Pratylenchus, Trichodorus, outras, atacam o algodoeiro; o mais importante é o nematoide de galhas ( Meloidogyne incognita (Kofoid/White) Chitwood. Causa danos por alimentar-se da planta bem como por abrir caminho para a penetração de fungos (Fusarium) nas plantas. Galhas (entumescencias) na raiz é o sintoma característico do ataque do nematoide. A doença pode determinar murcha nas horas quentes do dia e morte em época de seca. As plantas atacadas aparecem em reboleira. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 17 O controle mais eficiente é o uso de variedades (cultivares) resistentes; rotação de culturas diminui a população de nematoides no solo. Outras doenças do algodoeiro: Doenças por vírus: Mosaico das nervuras: amarelecimento ao longo da nervura Vermelhão: áreas vermelhas ou roxas nas folhas baixeiras Mosaico tardio: mosaico de áreas verde-claras e normais Murchamento avermelhado: folhas dobram-se para baixo, com cor bronzeada que evolui para vermelho. Doenças por fungos: Murcha de Fusarium: escurecimento de feixes vasculares, clorose nas folhas, necrose nas bordas Murcha de Verticillium: semelhante a anterior, em reboleiras Mancha de Alternaria: manchas de até 1 cm, cor marrom nas folhas cobrindo-as. Mancha de Stemphylium: manchas marrom-escuras à negras nas folhas Podridão das maçãs: de vários fungos Doenças por bactérias: Mancha angular: lesões aquosas com bordas em ângulos nas folhas Aplicação de agroquímicos ao algodoal: O agroquímico – acaricida, fungicida, herbicida ou inseticida – encontrado no comércio sob diversas formulações (estado físico), tais como concentrado emulsionável (CE), solução (S,SC), pó molhável (PM ou M) necessita, para chegar ao solo ou a planta, de um veículo que é, de ordinário, a água; (agroquímico + água constituem a calda defensiva). A quantidade total da calda (volume) aplicada num hectare deve conter a quantidade do agroquímico (dose, dosagem) preconizado pelo fabricante para controlar a erva, a praga ou doença. A água deve ter boa qualidade, ser limpa e conter uma quantidade mínima de sais. Ideal seria água de chuva. Para misturar água e agroquímico dilui-se o produto comercial vagarosamente em pequena quantidade de água -pré-mistura – que depois é adicionada lentamente, ao tanque do aplicador, já com a metade de sua capacidade cheia com água. Para manipular o agroquímico bem como a calda defensiva deve-se usar equipamento de proteção – EPI (óculos, respirador, luvas, botas, macacão, outros) -, deve-se ler com cuidado o rótulo (princípio ativo, dosagem, volume de calda, cuidados gerais, organismo a controlar) da embalagem do químico e usar recipientes destinados somente para "venenos". A aplicação do agroquímico pode ser feita com pulverizadores (costal manual, costal motorizado, tratorizado de barra), atomizadores (baixo e ultra baixo volume) e aviões; sabendo-se o volume de calda a aplicar deve-se calibrar o equipamento para a aplicação daquele volume, uniformemente, na área prevista. O solo ou planta a serem tratados pelo agroquímico constituem-se em superfície-alvo da aplicação. Bocais (atomizadores e costal motorizado) bicos (costal manual e barras) e micronair e bicos (aviões) são órgãos do aplicador que se encarregam de produzir gotas. Para aplicação de herbicidas, formicidas, em áreas do solo, deve-se utilizar de gotas grandes (bicos leques e de deflexão) que induzem deposição de volumes entre 400l. e 500 l. de calda/hectare. Para Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 18 aplicação de fungicidas e herbicidas às plantas usa-se gotas pequenas (bicos cone) que permitem aplicações de volumes de 300l. a 400 l./hectare (fungicidas) e 200 – 300l. por hectare (inseticidas, acaricidas). Em casos especiais – lavouras de batatinha, de abacaxi e algumas fruteiras – o volume varia de 800 a 2.000 litros de calda por hectare. Para aplicação do agroquímico deve-se atentar para: Leitura criteriosa da bula da embalagem do agroquímico. Usar EPI – Equipamento de Proteção Individual. Preparar a pré-calda e adicioná-la, lentamente, ao tanque. Não fumar, beber ou comer durante a aplicação; Tomar banho frio e lavar equipamento de proteção longe de aguadas, tanques, outros, pós aplicação. Não efetuar aplicações perto de matas, rios, aguadas, instalações de animais, depósitos. Calibrar o equipamento aplicador e evitar mal funcionamento e vazamentos. Não aplicar agroquímico, contra o vento, em horas quentes do dia (ideal à tardinha), com ar seco, com chuvas. Não usar a boca para desentupir bicos ou bocais e sim palito de madeira. Pós aplicação lavar equipamento com água/óleo diesel, efetuar tríplice lavagem da embalagem vazia do agroquímico e destruí-la. Sobras do químico devem ter embalagem bem fechada e serem armazenadas longe de alimentos, de crianças, de animais, em lugar fresco, seco e com pouca luz. Colheita / Armazenamento: Por exigir atenção constante ao longo do seu desenvolvimento (mão-de-obra e capital) maiores cuidados com o algodoeiro devem ser alocados à colheita e armazenamento. Como a destinação principal do algodão é a indústria têxtil a qualidade da fibra é de fundamental importância e também depende da colheita. A ocorrência de sujeira – notadamente fios de sisal, ráfia, náilon e plásticos, penas de aves (já no armazenamento) contamina o algodão, deprecia sua qualidade e induz mau conceito junto a consumidores. O algodão deve ser colhido em sacos de algodão; no ato da colheita separar o algodão mais limpo do produto sujo; nessa ocasião separar gasulos, carimãs, frutos verdes, entre outros. A colheita, iniciada em até 130 dias de ciclo, pode ser manual ou mecânica. Colheita manual: Própria para algodoais em áreas pequenas com exploração quase familiar. Deve-se evitar o que se chama "rapa" isto é, colheita misturando o algodão baixeiro com o algodão do ponteiro da planta o que produz tipos 6 e 7 (inferiores). Um apanhador (colhedor) pode colher 3 a 6 arrobas/dia. A colheita deve ser iniciada quando 60% dos capulhos estiverem abertos. É de bom alvitre conscientizar os apanhadores acerca da importância da colheita. A medida que o algodão é colhido deve ser entregue à usinas de beneficiamento (evita-se riscos de incêndio, fermentação, contaminação). Colheita mecânica: ( Colhedeiras do tipo Picker de 2 a 5 fileiras). De alto rendimento é de menor custo que a manual; em lavouras bem conduzidas tecnicamente e com bom rendimento um equipamento colhedor pode colher de 3 a 5ha/dia de trabalho (colhendo 2 filas). O algodão colhido (tipo 5) passa a tipo 4. Para a colheita mecânica a declividade do terreno deve estar abaixo de 8%, não devem existir obstáculos no terreno, tocos, pedras, buracos, deve haver satisfação às exigências da colheita mecânica (cultivar, população de plantas, controle de ervas, entre outros), teor de umidade de Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 19 7 a 12% (colher em horas quentes do dia) , operadores capacitados, a cultura deve estar no limpo, desfolhada e uniforme. Perdas admitidas em até 10%. Velocidade de trabalho em 3,5 km/h. Rendimentos podem variar de 1.500kg a 2.500kg/ha em condições de sequeiro; em trabalhos experimentais já se conseguiu 4.500kg/ha (Bahia) em condição de lavouras irrigadas. Caso haja necessidade de armazenamento antes da comercialização o local deve estar seco, ventilado, limpo, protegido da umidade e do fogo. Beneficiamento do Algodão: Para que as máquinas de beneficiamento operem com maior eficiência e para obter fibra e semente de boa qualidade é recomendado que o algodão em caroço, ao entrar na usina, apresente as seguintes características: Umidade do algodão em torno de 7% (6,5 a 8%).... Sem excesso de impurezas (detritos da cultura, brácteas, barbantes, penas de aves, amarrios, arames, terra)... Isenção de pragas e doenças Grau de maturidade ideal (verificado em laboratório) Algodão proveniente de cultivares apropriadas para a colheita mecânica. Fases do beneficiamento: O beneficiamento é dividido em 3 etapas: Preparatória: recepção, qualificação, armazenamento temporário. Limpeza e descaroçamento: separação da fibra da semente Complementar: prensagem, enfardamento e armazenamento da fibra. Fibra/Fio de Algodão: Fecundada a flor do algodoeiro a fibra de algodão desenvolve-se na epiderme (parede mais externa) da semente. Cada fibra é formada por uma célula simples dessa epiderme que se alonga ( 1mm./dia) até o seu tamanho final (segundo cultivar e condições edafoclimáticas). Cada semente (G. hirsutum) pode conter de 7.000g. a 15.000 fibras individuais. O crescimento pode variar de 50 a 75 dias (da fecundação à abertura das maçãs). Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 20 Da sua superfície à parte mais interna a fibra pode conter cêras, gomas, óleos, cutícula, celulose, proteínas, glicose, ácidos málico, cítrico, outros. Para produzir o fio de algodão a fibra deve apresentar comprimento necessário, uniformidade, resistência, finura, pureza (limpeza). Comprimento: fibras inferiores (abaixo de 22mm.), fibras curtas (22-28mm.), fibras médias (28-34mm.), e fibras longas (acima de 34mm.). O G. hirsutum produz fibras médias e curtas e o G. barbadense fibras médias e longas. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA EMBRAPA – CNPA – Campina Grande – Pb. Caracterização de Sistema e Tecnologias de Cultivo para a Cotonicultura Herbácea com Ênfase para o Norte de Minas Gerais – Documentos 55 – 1997 Cultura do Algodoeiro no Estado do Mato Grosso Circular Técnica n.º 23 – ISSN 0100 – 6460 - Janeiro, 1997 Algodão – Informações Técnicas Circular Técnica n.º 7 – ISSN 0104 – 7191 - Novembro, 1998 Situação da Cultura do Algodão no Brasil – Uma breve abordagem geral ISSN 01030 – 0209 0 Documentos 53 – 1997 Conheça os insetos da sua lavoura de algodão Documento 3 / 3ª Edição 1992 Irrigação por bacias em nível na cultura do algodoeiro Circular Técnica n.º 26 – ISSN 0100-6460 Outubro, 1997 EMPRESA BAIANA DE DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO Manual de Manejo Cultural do Algodoeiro Palmas de Monte Alto – 1998 EDITORA ABRIL - Guia Rural Plantar São Paulo, 1992 SEAGRI / AIBA / Banco do Nordeste / IMIC / CREDICOOGRAP Revista Negócios Agrícolas – Ano II N.º XI Outubro, 1999 Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 21 FONTES DE CONSULTAS:: Escritórios Regionais da EBDA em: Caetité, Bom Jesus da Lapa, Barreiras. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 22 Cultura – Mamoneira Mamona – Rícinus communis Classe Dicotiledoneae – Família Euforbiaceae Aspectos Gerais: A mamoneira parece ter, na Etiópia (África), o seu centro de origem. No mundo sementes foram encontradas nas tumbas de antigos egípcios e hoje a planta parece ser importante para Israel (que lidera produção de sementes híbridas). Foi introduzida no Novo Mundo pelos escravos. O Brasil já foi maior produtor mundial de mamona (573 mil toneladas em 1974) e maior exportador do seu óleo (há algumas décadas); em 1996 a produção nacional foi de 122 mil toneladas. No Nordeste semi-árido brasileiro concentrase a produção nacional (80%). Na Bahia a cultura da mamoneira - ricinocultura - é importante para as regiões agrícolas de Irecê, Jacobina, Itaberaba, Senhor do Bonfim, Seabra, Brumado. Usos da Mamoneira: A cultura da mamoneira é de grande importância para a economia de semi-árido do Nordeste por ser resistente à seca, ser fixadora de mão-de-obra bem como geradora de emprego e de matéria prima. Os restos culturais do mamoneira podem devolver ao solo 20t. de biomassa; as folhas podem servir de alimento para o bicho-da-seda. A haste (caule) pode fornecer celulose para fabricação de papel além de ser matéria-prima para a fabricação de tecidos grosseiros. Da semente extrai-se óleo - óleo de rícino tido como dos mais versáteis - que é produto renovável e barato tendo mais de 400 aplicações industriais. Resultante do esmagamento da semente a torta de mamona tem uso agrícola por certa riqueza em nitrogênio. Importância econômica As aplicações do óleo são inúmeras. O uso mais importante, em termos quantitativos, é na fabricação de tintas, vernizes, cosméticos e sabões. É também importante na produção de plásticos e de fibras sintéticas. Deve-se mencionar que as fibras em cujas composições entra o óleo de mamona são atóxicas e antialérgicas e apresentam grande resistência a corrosão; destaca-se, também, o uso deste óleo como lubrificante "Pelas características exclusivas de queimar sem deixar resíduos e de suportar altas temperaturas sem perder a viscosidade (no que supera os óleos derivados de petróleo) é o óleo ideal para motores de alta rotação: usam-no, apenas para exemplificar, os foguetes espaciais e os sistemas de freios dos automóveis" (Coelho, 1979). O óleo de mamona é também utilizado em outros processos industriais: na fabricação de corantes, anilinas, desinfetantes, germicidas, óleos lubrificantes de baixa temperatura, colas e aderentes; serve de base para fungicidas, inseticidas, tintas de impressão, vernizes, nylon e matéria plástica. Outro uso do óleo de mamona é na produção de biocombustível. O Programa Nacional do Biodiesel que dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira, deverá impulsionar e promover a expansão da área de plantio e produção da mamona, especialmente no Nordeste, região incentivada para a produção do biodiesel a partir dessa oleaginosa e, também, nas regiões Centro Oeste, Sudeste e Sul do País como produtora de óleo industrial ou mesmo como produtora da matéria-prima do biodiesel. Nessas regiões a mamona pode ser uma alternativa para os sistemas de rotação de culturas que visem à sustentabilidade econômica e ambiental de biomas. Portanto, a área plantada, a produtividade e a produção nacional poderão aumentar consideravelmente, bastando aplicar a tecnologia disponível de produção da matéria-prima. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 23 Botânica/Descrição/Cultivares: A mamoneira é conhecida como Rícinus communis L. classe Dicotiledoneae família Euforbiaceae. Também é chamada carrapateira, baforeira e baga. Segundo a cultivar a mamoneira pode ter de 1,8m. até acima de 5m. de altura bem como cor da folha e caule, tamanho da semente e conteúdo de óleo variáveis. Possui raízes laterais e uma pivotante que vai a 1,5m. de profundidade, caule redondo, liso, esverdeado e coberta com cera, folhas verde- escuro, grandes, com 5 a 111 lóbulos, flores em panícula (cacho) terminal com flores masculinas (baixo) femininas e hermafroditas, com polen viável por 1 semana. Fruto e capsula tricoca deiscente ou indeiscente, semente com cor e tamanho variados, com 40-49% de óleo que tem como componente maior o ácido ricinoleico. As cultivares de mamoneira para o plantio são classificadas segundo seu porte e grau de deiscência (abertura) do fruto maduro à saber: Quanto ao porte (altura da planta): Anão - porte até 1,8m.; médio - entre 1,8 e 2,5m; alto - entre 2,5 e 5,0m.; arbóreo acima de 5,0m.. Quanto a deiscência do fruto: Deiscente - com abertura total: semideiscente - com abertura parcial; indeiscente - sem abertura do fruto. No Nordeste tem-se usado as cultivares Canela de Juriti, Amarelo de Irecê e Sangue de Boi com boa produção. Resultados de pesquisa evidenciaram as cultivares Nordestina (BRS 149). Pernambucana, SIPEAL 28 e Baianita que se destacaram em produtividade, no semi-árido. Quadro I - Características de algumas cultivares: Cultivar Nordestina Porte Rendimento % Peso 100 Óleo semen.tes médio 1.500 kg/ha 48,9% 68g. Pernambucana médio 1.300 Kg/ha 47,28% 68g. Baianita médio 1.150 Kg/ha 47,49% 68g. SIPEAL 28 médio 1.130 Kg/ha 47,47% 76g. (BRS 149) FONTE: Embrapa algodão C.T.25 / Folheto Embrapa EBDA BRS 149 Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 24 .Em termos gerais na escolha do cultivar para plantio - além da adaptabilidade à região - deve-se levar em consideração a produtividade, precocidade, deiscência do fruto uniformidade de maturação, porte, entre outras características. A mamoneira é planta anual (ciclo 250 dias) a semiperene (5 anos) A mamona (Ricinus communis L.) possui um óleo com diversas utilizações industriais, desde próteses ósseas até lubrificantes de motores. A atual legislação que institui a adição de biodiesel ao diesel criou grande expectativa na produção de mamona, visto ser um dos óleos indicados para a produção deste, gerando uma demanda por cultivares com adaptação em regiões onde o cultivo da mamona não é tradicional. Principais Cultivares Plantadas na Bahia. BRS Paraguaçu A cultivar BRS Paraguaçu foi obtida por seleção massal da variedade local Sangue de Boi. BRS NORDESTINA A Cultivar BRS Nordestina foi obtida a partir de seleção individual com teste de progênies na variedade local Baianita. Necessidades da planta: Climáticas: A mamoneira é planta de clima tropical e subtropical, precisa de chuvas regulares no início do período e de período seco na maturação dos frutos. Não suporta geadas, ventos fortes freqüentes e nebulosidade. Requer temperatura entre 20-26ºC, chuvas entre 600 e 700mm. anuais (mínimo de 400mm.), dias longos (com 12 horas de duração como mínimo) em altitude entre 300 e 1.500m.. Em clima temperado a planta se desenvolve mas tem a produção de óleo prejudicada. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 25 De solos: A mamoneira não se adapta à solos de textura argilosa e de drenagem precária. Solos profundos de textura variável, com boa estrutura, boa drenagem, fertilidade média e pH 6,0 a 6,8 são ideais para o cultivo da mamoneira. O terreno deve ter topografia plana a suavemente ondulada, sem erosão. Preparo do solo/Adubação de fundação: Em solos arenosos ou franco-arenosos com pouca erva daninha, fazer gradagens (grade destorroadora); em solos de textura mediana (barrentos) proceder a uma aração a 20-30cm. de profundidade, (aração escarificador ou arado de aiveca) e uma gradagem e em solos argilosos uma aração e duas gradagens. Exigente em nutrientes minerais a mamoneira é planta esgotante do solo; resultados de trabalhos de pesquisa em adubação indicam que 40-100 Kg/ha de nitrogênio (110-200 Kg de uréia), 40-60 Kg de fósforo/hectare (220-330 Kg de superfosfato simples) e 15-60 Kg/ha de potássio (25 a 100 Kg de cloreto de potássio) podem satisfazer as necessidades da mamoneira. Todo superfosfato, todo cloreto e 1/3 de uréia devem ser colocados na cova/sulco, no plantio; 2/3 da uréia devem ser aplicados em cobertura, 40 dias após a emergência da planta, com leve incorporação. Plantio: Deverá ser feito no início da estação chuvosa após precipitação de pelo menos, 30mm.. Na Bahia planta-se mamona de abril a junho e de outubro a dezembro segundo a zona agrícola. O plantio, semeio, pode ser manual ou mecanizado. O manual é feito deixando-se cair 3 ou mais sementes em covas a 5cm. (arenoso) e 3cm. (argiloso) de profundidade; segundo a porcentagem de germinação gasta-se de 5 a 15Kg. de sementes para se plantar um hectare (10.000Km2). O plantio mecanizado é utilizado para cultivares de mamona com sementes tamanho pequeno ou médio cujo espaçamento de plantio, entre plantas na fileira, é de 0,5 - 1,0m.. O sistema de cultivo pode ser mamona solteira (isolado) ou consórcio (mamona acompanhada). De ordinário a mamona é consorciada com feijão - faseolus, feijão vigna ou milho; arroz e amendoim podem ser consorciadas à mamona, também. Os espaçamentos de plantio recomendados são: Quadro I - Espaçamento para sistema isolado: Solos Fileira simples (m) Fileira dupla (m) Baixa fertilidade 2,0 x 1,0 (1) (4,0 x 1,0) x 1,0 (1) Média fertilidade 3,0 x 1,0 (1) (4,0 x 1,0) x 1,0 (1) Alta fertilidade 4,0 x 1,0 (1) (5,0 x 2,0) x 1,0 (1) (1) Planta/cova Sistema em Consórcio 1 Com feijão faseolus: 1a Fileiras Simples: 1 Fileira de mamona (4m.x1m.-2 plantas/cova) + 3 a 4 fileiras de feijão (50cm.x20cm.). 1b Fileiras duplas: 1 Fileira dupla de mamona (4m.x2m.) x 0,5 + 3: fileiras de feijão (50cm.x20cm.). 2 Com feijão vigna ou milho: 2.1 Fileiras simples: 1 fileira de mamona (4m.x1m. - 2 plantas/cova) + 3 fileiras de vigna ou milho OBS: O milho pode ser semeado trinta dias após a germinação da semente de mamona. Vinte a trinta dias após a emergência, plantinha com 10-12cm. de altura, efetua-se o desbaste deixando-se 1 a 2 plantas/cova. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 26 Organografia da Planta de Mamoneira Tratos culturais: A mamoneira é muito vulnerável à competição das ervas daninhas com redução do rendimento econômico. O período critico de competição mamoneira/daninhas está entre a 3ª e 10ª semana pós emergência; sugere-se manter a cultura livre de ervas até 60 dias após a emergência. O controle das ervas daninhas pode ser feito por: Método mecânico - com auxílio da enxada, cultivadores quando deve-se efetuar 3 a 4 limpas nos primeiros 60 dias (15 dias/homem/limpa), cultivadores a tração animal (áreas até 50ha) e cultivadores a tração tratorizada (áreas acima de 50ha). Colheita/Beneficiamento: Colheita: De uma maneira é feita quando dois terços dos frutos do cacho estiverem secos (aí pelos 3 meses). Para variedades deiscentes a colheita deve ser parcelada em 3 a 4 vezes, com colheita manual (Nordeste). Para variedades indeiscentes procede-se a uma colheita única, manual ou mecânica. Manual Mecânica Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 27 Beneficiamento: Colhidos, os frutos tem a sua secagem completada em terreiro; para retirar frutos dos cachos faz-se um penteamento (passar o cacho por pente rústico - pregos presos à uma ripa fixada em suporte) - Frutos são estendidos no terreiro, em camadas de 4 a 5cm., remexidas varias vezes por dia para secagem uniforme. A tarde devem ser enleirados e de manhã novamente es parramados. Manual Mecânico Beneficiamento Mecânico Frutos não abertos na secagem (do terreiro) são trilhados - uso de varas flexíveis seguido de peneiramento - para eliminar-se a casca e obter-se semente limpa. Para tal também se usa despolpadoras motorizadas. Em seguida sementes são acondicionadas em sacos de aniagem e a sacaria deve ser empilhada sobre estrados de madeira em armazéns limpos, secos e arejados. Óleo Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 28 Fluxograma do processo de extração do óleo de mamona Características do óleo O teor de óleo das sementes de mamona pode variar de 35 a 55%, mas a maior parte das cultivares plantadas comercialmente no Brasil possuem teor de óleo variando entre 45% e 50% . Cerca de 90% do óleo é composto por triglicerídio, principalmente da ricinoleína, que é o componente do ácido ricinoléico, cuja fórmula molecular é (C17H32OHCOOH). O ácido ricinoléico tem ligação insaturada e pertence ao grupo dos hidroxiácidos e se caracteriza por seu alto peso molecular (298) e baixo ponto de fusão (5 oC). O grupo hidroxila presente na ricinoleína confere, ao óleo de mamona, a propriedade exclusiva de solubilidade em álcool. Mercado Interno Atualmente, a cotação de referência é feita em Irecê, Bahia, que é a principal região produtora. Enquanto a produção brasileira for pequena em relação à produção mundial, eventos internos como aumento da área plantada ou ocorrência de secas têm pouco impacto mesmo sobre os preços locais. Apenas eventos como limitações logísticas para armazenamento, comercialização e transporte, ou repentino aumento na demanda para produção de biodiesel pode interferir no preço interno da mamona. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 29 Pragas: Percevejo verde - Nezara viridula (L. 1785) Hemíptera, Pentatomidae. Inseto verde escuro; formas jovens tem cor escura com manchas vermelhas. Adultos e jovens vivem em colônias sobre a planta sugando a seiva de folhas e frutos. O controle é feito pela pulverização da planta com caldas de produtos à base de endosulfan (70g. i. a./100l. de água). Cigarrinhas - Agallia e Empoasca, Homoptera Insetos pequenos, verdes e bastante ágeis, cujos jovens deslocam-se lateralmente. Sugam a seiva das folhas podendo fazê-las secar. Controla-se pelo uso da caldas contendo monocrotofos (60g. de i. a./ 100l. água). Lagarta desfolhadora - Spodoptera latifasciata, Walk, 1856, Lepidoptera, Noctuidae. As lagartas atingem 4cm. de comprimento, coloração parda e manchas pretas dorsais. Alimentam-se das folhas podendo causar desfolhamento total. Controla-se com Deltametrina (5g. i. a./100l. água). Doenças: Mofo cinzento: Agente fungo Botryotina rícino (Godf.) Agente causa aparecimento de pequenas manchas de tonalidade azulada no caule, folhas e inflorescências, as quais exsudam gotas de liquido amarelo. Frutos e inflorescências atacados podem apodrecer e tomar cor escura. Controla-se por: uso de variedades (cultivares) resistentes como Canela de Juriti, SIPEAL 28, outras. Eliminação de restos de cultura e plantio longe de área contaminada. Tratamento da semente (formol 40% - 1l. para240l. água com imersão da semente por 15 minutos). Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 30 Murcha-se Fusarium: Agente fungo Fusarium oxysporum f. rícino Fungo habita o solo; plantas atacadas surgem em reboleira, as folhas perdem a turgescência e há aparecimento de áreas com contorno irregular com coloração amarela. Pode ocorrer necrose e queda da folha. O controle é feito pelo uso de cultivares resistentes e rotação de culturas. Zoneamento da Mamona no Nordeste A indicação dos municípios recomendados para o plantio da mamoneira (Zoneamento Agrícola) foi feita com base em três critérios: a) altitude entre 300 e 1.500m sobre o nível do mar b) precipitação pluviométrica de pelo menos 500mm c) temperatura média do ar entre 20 e 30ºC A inclusão de um município no Zoneamento Agrícola não é garantia da obtenção de boas produtividades e também não significa que os municípios não incluídos estejam proibidos de plantar mamona. O Zoneamento Agrícola apenas aponta os locais onde esta espécie tem potencial para expressar seu potencial produtivo. O Zoneamento Agrícola é continuamente aperfeiçoado de forma a incluir as inovações tecnológicas, avanços científicos, novas cultivares etc. Analisou-se a ocorrência de chuvas em cada mês nos últimos 30 anos para sugerir uma melhor época de plantio para cada município zoneado. Panorama Mundial No mercado internacional a comercialização da mamona pode ser feita tanto na forma bruta e de pouco valor agregado (mamona em baga), quanto em formas intermediárias (óleo bruto ou refinado) ou através da exploração de seus derivados de alto valor agregado (ácido graxo destilado de óleo de mamona desidratado, óleo de mamona hidrogenado, óleo de mamona sulfuricinado, ácido 12-hidróxido esteárico e outros, com usos diferenciados como poliuretanos, resinas plásticas, etc). No mercado internacional, o óleo é o principal produto comercializado, constituindo-se em matéria-prima industrial utilizada para obtenção de inúmeros produtos. O panorama atual demonstra que a demanda por óleo não é muito grande, pois o principal consumidor tem sido a indústria química fina (ricinoquímica). No período compreendido entre 1978 a 2005 a Índia, a China e o Brasil vêm se mantendo como principais produtores mundiais de mamona em baga, tanto em termos de área colhida como na quantidade produzida. A participação desses países na área total mundial no período 1978/1982 foi em média de 74%, mantendo-se em crescimento até a última safra analisada, quando esta participação foi da ordem de 91%. No quinqüênio 1978/1982 estes países produziram 65% do total produzido mundialmente, sendo este percentual crescente no decorrer dos anos e alcançando a escala dos 94% na safra de 2005 (Tabela 1). O Brasil teve, em média, a segunda maior área colhida de mamona em baga, em nível mundial, nos períodos 1978/1982 e 1983/1987, quando respondia por 28% e 24% da área total, respectivamente. A partir do período 1983/1987 houve um declínio na área colhida que atingiu seu ponto mais baixo no período 1993/1997 (10% da área total). A despeito deste panorama, o país ainda ocupa a terceira posição em área colhida do mundo. Nos anos 2004 e 2005 observa-se um incremento na área colhida com a cultura da mamona no Brasil, quando o país respondeu por 14% e 15% da área total colhida mundialmente, respectivamente (Tabela 1). Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 31 Em termos de produção, o Brasil já ocupou a primeira posição mundial, no período 1978/1982, quando contribuía com 32% do montante produzido. Todavia, o país perdeu esta posição no período 1983/1987. Nas safras 2004 e 2005, apesar da recuperação observada, o país foi responsável por apenas 11% e 13% do montante produzido, respectivamente, ocupando a terceira posição (Tabela 1). Dados da safra de 2005 demonstram que no cenário mundial, a Índia e a China são os principais produtores de mamona em baga e respondem por 76% da área colhida e 82% da quantidade produzida mundialmente (Tabela 1). O mercado mundial de mamona em baga sempre mostrou-se muito reduzido, estando restrito a poucos países. Em 2004 o volume de transações realizadas no mercado internacional (exportações) movimentou apenas 24.225 toneladas de mamona em baga, algo que correspondeu a aproximadamente 2% da produção mundial. O Paraguai foi o principal país exportador, respondendo por 39% das exportações mundiais (82% de sua produção). Neste mesmo ano, o Brasil importou 9.644 toneladas de mamona em baga (41% das importações mundiais) sendo grande parte desta proveniente do Paraguai e destinada ao processamento por indústrias localizadas principalmente no Estado de São Paulo (Tabela 1). Tabela 1. Área colhida, produção, importação e exportação de mamona em baga nos principais países, qüinqüênios 1978/1982 a 1998/2002 e anos 2003, 2004 e 2005.. Principais países e total mundial Médias Qüinqüenais Anos 1978/1982 1983/1987 1988/1992 1993/1997 1998/2002 2003 2004 2005 Índia 504.520 597.540 703.000 726.880 769.120 625.000 650.000 800.000 China 196.000 235.400 267.000 222.400 333.600 280.000 270.000 270.000 Brasil* 414.967 379.809 247.473 119.361 133.880 130.230 165.430 214.751 Etiópia 11.600 12.000 13.040 13.900 14.500 14.500 14.500 14.500 Paraguai 21.240 22.260 16.958 11.587 8.890 8.000 11.000 10.000 Mundo* 1.506.707 1.571.695 1.484.514 1.218.902 1.366.497 1.162.735 1.216.035 1.409.793 Índia 163.140 321.600 569.760 798.160 712.780 580.000 804.000 870.000 China 123.892 238.000 292.000 216.000 334.600 400.000 275.000 268.000 Brasil* 281.376 235.960 130.546 53.833 67.758 86.888 149.099 176.763 Etiópia 11.600 12.000 13.040 14.060 15.100 15.000 15.000 15.000 Paraguai 20.580 23.572 18.961 15.972 11.439 10.000 13.000 11.500 Mundo* 875.367 1.008.113 1.149.896 1.162.820 1.366.497 1.144.318 1.311.679 1.393.812 Alemanha 25.883 36.062 32.187 23.094 15.592 6.000 53 - Brasil 10.286 33.047 23.077 4.550 914 9.332 9.644 - Tailândia 7 2.216 18.401 13.515 6.227 2.395 8.009 - Japão1 29.567 38.080 27.497 2.986 6 0 2 - Mundo 82.474 125.682 112.535 45.242 23.993 20.076 23.397 - Área (ha) Produção (t) Importação (t) Exportação Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 32 (t) Paraguai 17.640 15.272 14.631 2.622 1.137 8.803 9.456 - Índia 15 7 0 21.040 12.625 1.917 1.339 - Paquistão 9.200 7.983 4.752 3.410 1.056 885 6.620 - China 14.800 81.157 85.487 16.088 154 49 56 - Mundo 82.140 126.895 116.943 45.797 17.079 13.930 24.225 - Fonte: FAO (2006). Com relação às exportações mundiais de óleo de mamona, verifica-se que a Índia ocupa, desde o período 1988/1992, a posição de maior exportador mundial. Em 2004, esse país foi responsável por 85% do total das transações realizadas no mercado internacional. O Brasil, que já foi, em média, o maior exportador mundial de óleo nos períodos de 1978/1982 e 1983/1987, reduziu significativamente a comercialização de óleo no decorrer dos anos, chegando em 2004 a contribuir com apenas 0,3% das exportações mundiais. Atualmente, o principal produto exportado pelo Brasil é o óleo de mamona hidrogenado e não mais o óleo bruto ou refinado, como verificado em safras anteriores. (Tabela 2). Situação Brasileira No período de 1978 a 2005 a ricinocultura brasileira sofreu grandes oscilações de área cultivada e de quantidade produzida, com tendência de declínio. Nesse período as taxas anuais de crescimento da área colhida, da produção e do rendimento médio da cultura da mamona foram negativas (-5,12%, -5,93% e -0,85%, respectivamente) (Tabela 3). Observa-se que a partir do ano agrícola 1985/86 inicia-se uma fase de redução da área colhida e quantidade produzida de mamona em baga que atinge seu ponto mais baixo no ano agrícola 1997/98, quando a área e a quantidade produzida foram respectivamente, 13% e 4% dos maiores valores verificados no período de 1978 a 2005 (no ano agrícola 1984/85). Observar-se, também, que o rendimento médio da cultura, nesse período, atingiu um máximo no ano agrícola 1977/78 e um mínimo em 1997/98 (29% do máximo obtido) (Tabela 3). Vieira et al. (1997) atribuem a redução ocorrida nas regiões Sul e Sudeste à não competitividade econômica da mamona perante outras culturas; já na região Nordeste são considerados fatores importantes: 1. a desorganização e inadequação dos sistemas de produção vigentes, devido à reduzida oferta de sementes de cultivares melhoradas geneticamente; 2. a utilização por parte dos produtores de cultivares impróprias para o plantio (de baixo rendimento médio, baixa qualidade e de alta susceptibilidade às doenças e pragas); 3. a utilização de práticas culturais inadequadas (como espaçamento, época de plantio e consorciação); 4. a desorganização do mercado interno, tanto para o produtor como para o consumidor final; 5. os baixos preços pagos ao produtor agrícola; 6. a reduzida oferta de crédito e de assistência técnica ao produtor agrícola; 7. a utilização da mesma área para sucessivos plantios da cultura. Após o lançamento do Programa Nacional do Biodiesel verifica-se que nas safras 2003/2004 e 2004/2005 houve uma extraordinária recuperação da produção nacional em relação às safras dos últimos dez anos (Tabela 3). No entanto, a previsão para a safra 2005/2006, em relação à safra anterior, é de que deverá haver uma redução de, aproximadamente, 31% na área colhida e de 32% na produção nacional de mamona em baga (IBGE, 2006a). Tal fato pode ser atribuído, principalmente, aos baixos preços recebidos pelos produtores na safra 2004/2005, quando o preço da saca de 60kg de mamona em baga foi cotado bem abaixo do preço mínimo de R$ 30,30 estabelecido pelo governo. Quando acontece Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 33 redução de preços, como ocorreu na safra passada, as quedas na produção se mostram mais acentuadas provocando, em conseqüência, reduções aceleradas nas rendas brutas dos produtores rurais O Estado da Bahia é o principal produtor nacional de mamona com 182,459 mil hectares colhidos na safra 2004/2005 (82% da área total do país) e uma produção estimada em 132,324 mil toneladas (82% da produção nacional) (Tabela 4). A produção desse Estado concentra-se nas microrregiões de Irecê, Senhor do Bonfim, Jacobina, Seabra e Guanambi (IBGE, 2006b). No entanto, verifica-se que os rendimentos médios da cultura da mamona nos Estados do Nordeste ainda são muito baixos, apesar dos incrementos ocorridos nos últimos anos. Em 2003, 2004 e 2005, no Estado da Bahia, os rendimentos médios obtidos foram, respectivamente, 38%, 48% e 47% dos alcançados no Estado de São Paulo (Tabela 4). Em relação ao óleo de mamona nota-se que no período de 1978 a 2005 houve grande redução, tanto da produção como das exportações. O Brasil está deixando de exportar óleo refinado de mamona, tanto que, em 2003, as exportações corresponderam a apenas 1,34% da maior quantidade já exportada (em 1979). As indústrias brasileiras estão conseguindo produzir e exportar os derivados desse óleo, principalmente, o óleo de mamona hidrogenado que sofre redução de tarifa fiscal por ser classificado como cera. Segundo dados da CONAB (2005 e 2006), em 2003, 2004 e 2005 as exportações brasileiras de óleo de mamona hidrogenado foram de 22.026, 20.301 e 18.130 toneladas, respectivamente. Observa-se, ainda que entre 1992 e 1997 ocorreram as maiores quedas de produção de óleo, o que acarretou aumento nas importações. Em alguns momentos de quedas da produção, o Brasil importou óleo em maior quantidade em regime de draw-back e esta matéria-prima foi utilizada para processamento na indústria nacional visando atender aos contratos externos para fornecimento de derivados. Para que os problemas da mamona sejam resolvidos no curto prazo e a cultura se consolide e se mantenha sustentável em prazo mais longo, torna-se essencial a adoção de algumas medidas como o estabelecimento de um melhor relacionamento entre os produtores da matéria-prima e os empresários da indústria de esmagamento, de modo que sejam respeitadas as necessidades de continuação deles como importantes agentes da cadeia produtiva da mamona. Também, é de fundamental importância o comprometimento governamental em níveis federal, estadual e municipal através de políticas agrícola e industrial adequadas, dada a importância social de todo o agronegócio da mamona no Brasil. Tabela 2. Produção, importação e exportação de óleo de mamona nos principais países, qüinqüênios 1978/1982 a 1998/2002 e anos de 2003 e 2004. Principais Médias Qüinqüenais países e total 1978/1982 1983/1987 1988/1992 1993/1997 1998/2002 mundial Anos 2003 2004 Produção (t) Índia 82.800 125.800 178.000 278.200 267.200 247.500 - China 45.360 64.130 85.637 84.185 141.432 169.715 - Brasil* 136.880 106.660 73.460 28.180 32.120 34.500 - Mundo* 348.334 401.955 427.740 440.515 477.634 483.189 - 39.379 44.783 45.990 50.942 57.355 41.764 48.707 Importação (t) França Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 34 EUA 42.688 37.306 34.157 41.738 42.725 26.702 40.669 Alemanha 15.949 9.949 15.495 22.180 31.556 35.395 38.476 China 409 476 1.326 22.076 25.917 14.800 43.600 Holanda 2.596 2.870 6.074 7.106 15.774 18.535 29.000 Japão 5.708 3.523 6.933 19.390 19.161 22.805 21.051 Brasil 0 10 1.825 23.684 2.815 150 1.456 Mundo 187.581 170.505 177.218 251.454 260.090 231.226 303.234 Índia 49.600 64.900 88.840 192.694 202.525 136.509 239.218 Brasil 112.331 76.210 42.314 6.394 10.496 1.980 824 Holanda 1.354 1.437 2.165 5.742 8.013 17.005 21.492 Alemanha 3.661 4.459 5.792 5.446 6.445 6.987 5.512 Mundo 188.808 177.158 174.103 228.898 239.592 175.165 281.528 Exportação (t) Fonte: FAO (2006). (-) Dados não disponíveis. * Dados corrigidos em função dos ajustes feitos na Tabela 1 mantendo-se as mesmas proporções de produção de óleo/produção de mamona em baga. Tabela 3. Área colhida, produção, rendimento médio, importação e exportação de mamona em baga do Brasil, 1978 a 2005. Exportação2 Área colhida1 (1.000 ha) Produção1 (1.000 Rend. Médio1 t) (kg/ha) Importação2 (1.000 t) 1977/1978 350,336 317,083 905 6,302 0,000 1978/1979 374,798 325,149 868 7,247 0,000 1979/1980 440,511 280,688 637 14,459 0,000 1980/1981 447,364 291,812 652 7,510 0,000 1981/1982 461,824 192,148 416 15,912 0,000 1982/1983 270,130 171,777 636 10,961 0,000 1983/1984 412,955 222,678 539 10,698 0,001 1984/1985 496,844 417,657 841 28,181 6,272 1985/1986 457,078 263,237 576 68,657 3,985 1986/1987 262,516 103,568 395 46,738 0,003 1987/1988 278,869 147,901 522 26,271 0,003 1988/1989 269,119 128,586 477 8,112 0,000 1989/1990 286,703 147,971 516 38,197 0,000 Ano agrícola Agricultura II www.ifcursos.com.br (1.000 t) Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 35 1990/1991 233,555 129,678 555 21,016 0,000 1991/1992 175,336 102,120 582 21,787 0,000 1992/1993 141,074 43,188 306 13,387 0,011 1993/1994 106,319 54,039 508 5,130 0,000 1994/1995 76,427 33,149 434 1,882 0,000 1995/1996 119,849 41,346 345 1,275 0,003 1996/1997 153,138 97,445 636 1,075 0,000 1997/1998 63,233 16,683 264 0,250 0,016 1998/1999 103,763 33,357 321 0,254 0,000 1999/2000* 208,538 112,849 541 0,446 0,000 2000/2001 171,624 99,950 582 0,000 0,000 2001/2002* 122,248 75,961 621 3,620 0,030 2002/2003 133,879 83,682 625 9,332 0,000 2003/2004 172,704 138,745 803 9,644 0,029 2004/2005 223,589 161,468 722 - - Taxa anual de Crescimento (%) -5,12 -5,93 -0,85 Fonte: Fonte: 1IBGE (1978/2000 e 2006ab); 2FAO (2006). (-) Dados não disponíveis. (*) Dados corrigidos. Tabela 4. Área colhida, produção e rendimento médio de mamona em baga no Brasil e nos principais Estados produtores, qüinqüênios 1978/1982 a 1998/2002 e anos 2003, 2004 e 2005. Principais estados e total Brasileiro Médias qüinqüenais 1978/1982 anos 1983/1987 1988/1992 1993/1997 1988/2002 2003 2004 2005 Área Colhida (1000 ha) Bahia 274,317 265,976 173,248 105,510 117,360 125,128 147,698 182,459 Minas Gerais 7,279 8,222 2,891 0,385 4,145 1,212 1,672 3,605 São Paulo 27,255 21,985 11,693 1,496 1,577 0,670 0,530 1,980 Ceará 22,566 12,682 12,940 2,540 1,693 1,937 9,172 14,050 Piauí 9,547 14,607 11,650 1,331 0,306 0,356 3,127 11,316 Paraná 35,437 23,165 4,674 0,289 0,324 0,225 0,569 - Pernambuco 29,452 26,115 30,131 6,656 0,998 0,516 2,246 8,744 Paraíba 1,740 1,446 0,892 0,044 0,096 0,092 0,667 - Mato Grosso 0,439 1,571 0,051 0,436 6,918 3,658 5,185 - Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 36 Brasil 414,967 379,905 248,716 119,361 133,881 133,879 172,704 223,589 Bahia 156,838 138,656 80,357 44,487 52,053 73,624 114,125 132,324 Minas Gerais 6,457 6,604 2,013 0,364 3,002 1,281 1,670 5,865 São Paulo 28,781 22,832 14,411 1,992 2,335 1,050 0,860 3,070 Ceará 12,027 8,297 8,166 1,715 1,217 1,638 7,358 9,765 Piauí 3,877 6,456 7,982 0,796 0,155 0,111 2,060 5,175 Paraná 55,018 32,544 6,539 0,340 0,499 0,434 1,049 - Pernambuco 10,458 13,447 10,785 2,757 0,369 0,234 1,733 4,270 Paraíba 0,941 0,638 0,533 0,034 0,074 0,062 0,617 - Mato Grosso 1,216 1,750 0,048 0,547 7,547 5,188 7,858 - Brasil 281,376 235,783 131,251 53,833 67,760 83,682 138,745 161,468 Bahia 620 493 474 412 411 588 773 725 Minas Gerais 909 787 807 1.044 1.115 1.057 999 1.627 São Paulo 1.060 1.064 1.228 1.290 1.431 1.567 1.623 1.551 Ceará 542 581 588 582 667 846 802 695 Piauí 454 375 678 674 491 312 659 457 Paraná 1.527 1.390 1.390 1.102 1.714 1.929 1.844 - Pernambuco 336 424 349 377 357 453 772 488 Paraíba 499 477 538 603 554 674 925 - Mato Grosso 1.276 1.110 1.222 776 1.086 1.418 1.516 - Brasil 696 597 532 446 466 625 803 722 Produção (1000 t) Rendimento (kg/ha) Fonte: Fonte: IBGE (1978/2000 e 2006ab). (- ) Dados não disponíveis. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 37 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: Ministério da Agricultura/Embrapa Algodão (CPA) Recomendações Técnicas para o cultivo da Mamoneira no Nordeste do Brasil Circular Técnica n.º 25 Outubro/97. Campina Grande - Pb. Editora Abril S/A Guia Rural Plantar São Paulo/1991 EMBRAPA/EBDA Folder Nova Cultivar de Mamona BRS 149 (Nordestina) Salvador/Campina Grande/1998 AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA . Disponível em: <http://www4.anvisa.gov.br/agrosia/asp/default.asp>. Acesso em: 20 nov. 2005. AMORIM NETO, M. Da S.; ARAÚJO, A. E. DE; BELTRÃO, N. E. M.; SILVA, L. C.; GOMES, D. C. Zoneamento e época de plantio para a mamoneira, no Estado da Paraíba. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1999b .7p. (EMBRAPA-CNPA. Comunicado Técnico, 108). AMORIM NETO, M. Da S.; BELTRÃO, N. E. M.; SILVA, L. C.; ARAÚJO, A. E. DE; GOMES, D. C. Zoneamento e época de plantio para a mamoneira, no Estado da Bahia. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1999a .9p. (EMBRAPA-CNPA. Comunicado Técnico, 103). AMORIM NETO, M. Da S.; BELTRÃO, N. E. M.; SILVA. Clima e Solo. In.: AZEVEDO, D.M.P.; Lima, E.F. (Eds) Brasília: Embrapa SPI, 2001. p.62-76. ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL – 1978/2000. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. AOCS. Official methods and tentative methods of the American Oil Chemists’ Society. 3.ed. Champaign, 1976. Não paginado. AZEVEDO, D.M.P. de.; LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S.; BELTRÃO, N.E. de M.; SOARES, J.J.; VIEIRA, R.M. de; MOREIRA, J.A.M. Recomendações técnicas para o cultivo da mamoneira Ricinus communis L. no nordeste do Brasil. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1997. 39p. (EMBRAPA-CNPA. Circular Técnica, 25). AZEVEDO, D.M.P. de; LIMA, E.F.; BATISTA, F.A S; BELTRÃO, N.E. de M.; VIEIRA, D.J.V.; NOBREGA, L.B. da N.; DANTAS, E.S.B.; ARAÚJO, J.D. de. Período crítico de competição dentre plantas daninhas e a mamoneira. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1997. 6p. (EMBRAPACNPA. Comunicado Técnico, 44). AZEVEDO, D.M.P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S; DOURADO, R.M.F. Modalidade de arranjo de fileiras no consórcio mamona/feijão (Phaseolus vulgaris L.) na região produtora de Irecê, BA. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1997. 5p. (EMBRAPA-CNPA, Pesquisa em Andamento, 43). BATISTA, F.A.S.; LIMA, E.F.; SOARES, J.J.; AZEVEDO, D.M.P. de. Doenças e pragas da mamoneira Ricinus communes L. e seu controle. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1996. 53p. (EMBRAPA, CNPA. Circular Técnica, 21). BELTRÃO, N.E. de M.; SILVA, L.C. Os múltiplos uso do óleo da mamoneira (Ricinus communis L.) e a importância do seu cultivo no Brasil. Fibras e Óleos, Campina Grande, n. 31, p. 7, 1999. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 38 CANECCHIO FILHO, V.; ROCHA, J.L.V.; FREIRE, E.S. Sobre a colheita da mamoneira. Bragantia, v.22, p. LXXVII – LXXIX, dez. 1963. (Nota, 16). COELHO, I. Avaliação das exportações tradicionais baianas: caso de sisal e mamona. 1979, 174f. Dissertação (Mestrado) – UFB, Salvador,BA, 1979. COELHO, L.B.N.; DA SILVA, E.R.; FERREIRA, P.S.F. Registros novos e adicionais de Agallinae, Gyponinae e Nirvaniinae (Homoptera: Cicadellidae) para o estado de Minas Gerais, Brasil. Entomotropica, v.16, n.2, p.131-135, 2001. COMISSÃO ESTADUAL DE FERTILIDADE DO SOLO. Manual de adubação e calagem para o Estado da Bahia. Salvador : CEPLAC/ EMATERBA/ EMBRAPA / EPABA /NITROFERTIL, 1989. 176 p. COMISSÃO ESTADUAL DE FERTILIDADE DO SOLO.Recomendações de adubação para o Estado de Pernambuco: segunda Aproximação , segunda Revisão. Recife: IPA/ EMBRAPA/UFRPE/ UFPE/ EMATER,1998.198 p. CONAB (Brasilia,DF). Indicadores da agropecuária – 2005 e 2006. Brasília, 2005/2006. CONCEIÇÃO, A.J. da. A mamoneira. Salvador: Fundação Comissão de Planejamento Econômico do Estado da Bahia, s.d. 49p. CORPUZ, L.R. The biology, host range and natural enemies of Nezara viridula L. (Pentatomidae: Hemiptera). Philippine Entomologist, v.1, n.3, p.225-239, 1969. CORRÊA-FERREIRA, B.S. ; PANIZZI, A.R. Percevejos da soja e seu manejo. Londrina: Embrapa Soja, 1999. 45p. (EMBRAPA, CNPSo. Circular Técnica, 24). EL-ADAWY, A.M.; ABDEL-GAWAD, N.M.; EL-SHARKAWY, T.A. Castor bean, Ricinus communis, a promising source of mite's predators. Egyptian Journal of Agricultural Research, v.79, n.1, p.149-160, 2001. FAO. (Roma). Disponível em: http://www.fao.0rg/. Acesso em: 30 jun. 2006. FERREIRA, E. Manual de identificação de pragas do arroz. Santo Antônio do Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1998. 110p. (EMBRAPA, CNPAF. Documentos, 90). FREIRE,R.M.M.; SEVERINO, L.S.; MACHADO, O.L.T. Ricinoquímica e co-produtos. In: AZEVEDO, D.M.P.; BELTRÃO, N.E. De M. (Edts. Técs.). O Agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2006. Cap. 13. FUNDAÇÃO DE ESTUDOS AGRÁRIOS LUIZ DE QUEIROZ - FEALQ. Curso de entomologia aplicada à agricultura. Piracicaba, 1992. 760p. GASSEN, D.N. Manejo de pragas associadas à cultura do milho. Passo Fundo: Aldeia Norte, 1996. 134p. HABIB, M.E.M.; PALEARI, L.M.; AMARAL, M.E.C. Effect of three larval diets on the development of the armyworm, Spodoptera latifascia Walk., 1856 (Noctuidae, Lepidoptera). Revista Brasileira de Zoologia, v.1, n.3, p.177-182, 1983. IBGE (Rio de Janeiro,RJ). Anuário estatístico do Brasil – 1978 a 2000. Rio de Janeiro, 2000. IBGE (Rio de Janeiro,RJ). Levantamento sistemático da produção agrícola. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/. Acesso em: jun. 2006a. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 39 IBGE (Rio de Janeiro,RJ). Produção agrícola municipal. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/. Acesso em: jun. 2006b. ICOA. The chemistry of castor oil and its derivativies and their applications. Disponível em www.icoa.org acesso em 29 de novembro de 2005. KHAN, M.I. Topping effect in castor crop. Journal Agricultural Research, v. 11, n.4, p. 1-8, 1973. MACÊDO, L.R.; WAGNER, W.J. Revisão bibliográfica sobre a cultura da mamona. Belém: SUDAM/DSP, 1984. 35p. MARIA, I. C. de Conservação e manejo do solo. In: AZEVEDO, D.M.P. de.; LIMA, E.F. (eds.). O agronegócio da mamona no Brasil: EMBRAPA-SPI, 2001. p.77-88. MATRANGOLO, W.J.R.; CRUZ, I.; DELLA LÚCIA, T.M.C. Insetos fitófagos presentes em estilosestigma e espigas de milho e avaliação de dano. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.32, n.8, p.773-779, 1997. METALURGICA PAI, FILHO E IRMÃO. Batedeira de mamona GSDOURADO. Irecê, s.d. (folder) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso em: 20 nov. 2005. MOSHKIN, V.A.; CASTOR. New Delhi:Amerind, 1986. NADA se perde, tudo se multiplica. Panorama Rural, n.14, p.88 – 93, abr. 2000. NUX METALURGICA. Manual de conhecimento do produto. Itapira, SP. 2002.8p. OXFORD INSTRUMENTS. Instruction manual. England, 1995. 21p. PANIZZI, A. R. & SMITH, J.G. Biology of Piezodorus guildinii: Oviposition, development time, adult sex ratio and longevity. Annals of the Entomological Society of America, v.70, n.1, p.3539, 1977. PORTILLO, H.E.; PITRE, H.N.; MECKENSTOCK, D.H. Oviposition preference of Spodoptera latifascia (Lepidoptera: Noctuidae) for sorghum, maize and non-crop vegetation. Florida Entomologist, v.79, n.4, p.552-562, 1996. POTAFOS. Principais pragas na cultura do cafeeiro. Piracicaba, 1993. 15p. (POTAFOS. Informações Agronômicas, 64). QUINTELA, E.D. Manual de identificação dos insetos e outros invertebrados pragas do feijoeiro. Santo Antônio do Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2002. 51p. (EMBRAPA- CNPAF. Documentos, 142). RAJASEKHAR, D.W.; RACHAPPA, V.H.; ADWAKNAVAR, J.S. Role of Chrysoperla carnea Stephens and insecticides in suppression of castor mite. Insect Environment, v.4, n.4, p.151, 1999. RANDALL, E.L. Improved method for fat and oil analysis by a new process of extraction. Journal of the American Oil Chemists’ Society, v.57, n.5, 1974. p. 1165-1168. RIBEIRO FILHO, J. Cultura da mamoneira. Viçosa: UFV, 1966. 75p. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 40 SANTOS, G.P.; COSENZA, G.W.; ALBINO, J.C. Biologia de Spodoptera latifascia (Walker, 1856) (Lepidoptera: Noctuidae) sobre folhas de eucalipto. Revista Brasileira de Entomologia, v.24, p.153-155, 1980. SANTOS, R.F. dos.; BARROS, A.L.; MARQUES, F.M.; FIRMINO, P. de T.; REQUIÃO, L.E.G. Análise Econômica. In: AZEVEDO, D.M.P. de.; LIMA, E.F. (eds.). O agronegócio da mamona no Brasil: EMBRAPA-SPI, 2001. p.17-35. SAVY FILHO. Mamona: tecnologia agrícola. Campinas: EMPOI, 2005. 105 p. SEVERINO, L.S. O que sabemos sobre a torta de mamona. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. ( Embrapa Algodão. Documentos, 136). SEVERINO, L.S.; MORAES, C.R.A.; GONDIM, T.M.S.; CARDOSO, G.D.; SANTOS, J.W. Fatores de conversão de peso de cachos e frutos para peso de sementes. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2005. 12p. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 56). URBAN, D. & OLIVEIRA, B.L. de. Contribuição ao conhecimento da biologia de Rothschildia jacobaeae (Lepidoptera: Saturniidae). Acta Biológica Paranaense, v.1, n.1/2, p.35-49, 1972. VIEIRA, R.M.; LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S. Diagnóstico e perspectivas da mamoneira no Brasil. In: REUNIÃO TEMÁTICA MATÉRIAS-PRIMAS OLEAGINOSAS NO BRASIL: DIAGNÓSTICO, PERSPECTIVAS E PRIORIDADES DE PESQUISA, 1997, Campina Grande. Anais... Campina Grande: Embrapa-CNPA/MAA/ABIOVE, p.139-150 (Embrapa-CNPA. Documentos, 63). WEISS, E. A. Castor, sesame na sanflower. London: Leonard Hill, 1971. WEISS. E.A. Oilseed crops. London: Longman, 1983. 660p. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 41 Cultura da Mandioca Nome científico: Manihot esculenta Crantz Família: Euphorbiaceae Nomes populares: Mandioca, macaxeira, aipim. Nome em inglês: Cassava Origem da Mandioca A origem da mandioca ainda é controversa, alguns acreditam que a mandioca teria sua origem nas Américas Central e do Sul e outros crêem que sua origem estaria no cerrado brasileiro e posteriormente alcançado a Amazônia. A teoria mais aceita está embasada em uma lenda que conta sobre um passado muito distante onde a linda filha de um chefe indígena, chamada Mani, morrera ao completar apenas um ano. A criança de aparência muito branca foi enterrada dentro de sua oca, onde sua sepultura teria sido regada diariamente, conforme o costume da tribo. Algum tempo depois nasceu uma planta desconhecida sobre seu túmulo. Com o tempo as raízes foram aparecendo e chamaram atenção dos índios que as comeram. Teriam então, os indígenas, aprendido a cultivar a planta e passaram a chamá-la de Mani-oca que significava casa de Mani, onde a junção dessas palavras acabou tornando-se “mandioca”. Quem registrou essa lenda foi o escritor e folclorista mineiro, especialista em cultura indígena, Couto de Magalhães (1837 – 1898). Por sua provável origem, a mandioca caracteriza-se por ser um produto brasileiro e tem relevante importância na cultura e alimentação brasileira. Ela é produzida em 1,7 milhão de hectares em todo Brasil e juntamente com milho, arroz e cana de açúcar constituem como principais fontes de alimento e cerca de um bilhão de pessoas em todo mundo utilizam-na como fonte alimentar. Desempenho da mandioca nos continentes Com uma produção acima de 170 milhões de toneladas, a mandioca constitui uma das principais explorações agrícolas do mundo (Tabela 1). Entre as tuberosas, perde apenas para a batata. Nos trópicos, essa importância aumenta. Dentre os continentes, a África (53,32%) é o maior produtor mundial, seguido pela Ásia (28,08%), Américas (18,49%) e Oceania (0,11%). Quanto ao rendimento, destacam-se a Ásia (14,37 t/ha) e as Américas (12,22 t/ha), seguidas pela Oceania (11,57 t/ha) e África (8,46 t/ha) (Tabela 1). Tabela 1. Área colhida, produção e rendimento da mandioca no mundo, por continente, em 2000. Variáveis Continentes Área Colhida (ha) Produção (t) Rendimento (t/ha) África 10.804.484 91.451.289 8,46 Ásia 3.351.119 48.163.007 14,37 Américas 2.596.719 31.719.755 12,22 15.848 183.292 11,57 16.768.170 171.517.343 10,23 Oceania Mundo Fonte: FAO, 2001a. África O continente africano é o maior produtor mundial de mandioca. A produção é distribuída por vários países, com destaque para a Nigéria e a República Democrática do Congo que, juntos, contribuem com aproximadamente metade da produção do continente. A outra metade é produzida em outros 37 países. Ásia No continente asiático, a maioria da produção provém da Tailândia e da Indonésia. Quase todos os países têm demonstrado, nos últimos anos, uma tendência de aumento. Nesse continente, a produção da mandioca é voltada para a industrialização. Nesse sentido, a Tailândia é o maior exportador de derivados de mandioca do mundo. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 42 Américas O Brasil é o maior produtor de mandioca do continente. A produção brasileira, apesar de ser bastante significativa, praticamente estagnou nos últimos anos, ora apresentando pequenos decréscimos, ora apresentando pequenos acréscimos, porém, nada significativo. Na maioria dos países das Américas, o principal consumo da mandioca é sob a forma fresca, à exceção do Brasil, que apresenta a farinha de mesa o seu principal produto. Oceania A produção da Oceania é muito pequena e se concentra em Papua e Nova Guiné, embora não se tenha muitas informações sobre o nível tecnológico utilizado, nem sobre as principais formas de produção. Desempenho da mandioca nos países produtores No Gráfico 1, verifica-se a produção dos oito principais países produtores. O Brasil se destaca na produção, sendo o segundo produtor mundial, atrás da Nigéria, o maior produtor. Merecem destaque as produções de: Tailândia, Congo, Indonésia, Gana e Tanzânia. Gráfico 1. Principais países produtores de mandioca em 2000. Fonte: FAO, 2001a. Porém, no período de 1970-2000, todos os principais países produtores de mandioca apresentaram crescimento na sua produção. A exceção foi o Brasil, que apresentou ligeiro decréscimo (Tabela 1). Gana apresentou um acréscimo de produção de 6,40% no período; a Nigéria, 5,13%; a Tailândia, 4,85%; a Tanzânia, 2,14%; a República Democrática do Congo, 2,11%; e a Indonésia, 1,39%. No Brasil, o decréscimo foi de –0,99%. Tabela 1. Desempenho da mandioca nos principais países produtores no período de 19702000. Países Produção (% a.a) Nigéria 5,13 Brasil -0,99 Tailândia 4,85 República Democrática do Congo 2,11 Indonésia 1,39 Gana 6,40 Tanzânia 2,14 Mundo 1,95 Fonte: FAO, 2001a. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 43 Brasil O Brasil, apesar de não ter uma participação significativa no mercado internacional, exporta alguns derivados de mandioca, notadamente a fécula e a farinha. Os maiores compradores de fécula do Brasil são os países da América Latina, em particular a Argentina, Venezuela e Colômbia. (Tabela 2). Tabela 2. Exportações brasileiras de fécula de mandioca, por países de destino. Países 1999 M US$ 2000 t M US$ 2001* t M US$ t Argentina 1.144 4.523 912 3.059 527 2.330 Venezuela 589 2.120 779 2.506 767 2.765 Colômbia 21 60 335 1.036 284 924 Estados Unidos 266 465 199 367 157 336 Uruguai 121 496 179 613 113 581 Bolívia 223 1.184 113 486 0,0 0,0 México 66,5 220 103 348 53,0 182 Peru 0,0 0,0 51,8 135 50,0 135 Paraguai 9,3 15,4 36,7 263 84,9 618 Canadá 87,2 300 34,8 120 61,4 241 2.215 8.432 Total 2.682 9.749 2.820 9.086 Fonte: Mandioca (2002). M US$ = US$ 1000 FOB *Até jul/2001 Em função do tipo de raiz, a mandioca pode ser classificada em: 1) de “mesa” - é comercializada na forma in natura; e 2) para a indústria, transformada principalmente em farinha, que tem uso essencialmente alimentar, e fécula que, junto com seus produtos derivados, têm competitividade crescente no mercado de amiláceos para a alimentação humana, ou como insumos em diversos ramos industriais tais como o de alimentos embutidos, embalagens, colas, mineração, têxtil e farmacêutica (Figura 1). Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 44 Figura 1. Potencialidades de uso do amido no Brasil. A produção nacional da cultura projetada pela CONAB para 2002 será de 22,6 milhões de toneladas de raízes, numa área plantada de 1,7 milhões de hectares, com rendimento médio de 13,3 t/ha. A produção nacional da cultura, projetada pela CONAB em 2002, foi de 22,6 milhões de toneladas de raízes, numa área plantada de 1,7 milhões de hectares, com rendimento médio de 13,3 t/ha. Dentre os principais estados produtores em 2001 destacam-se: Bahia (21,92%), Pará (21,58%), Paraná (19,99%), Rio Grande do Sul (6,86%) e Amazonas (5,06%), que respondem por 75,41% da produção do país. A Região Nordeste sobressai-se com uma participação de 34,76% da produção nacional, porém com rendimento médio de apenas 11 t/ha, as demais regiões participam com 25,71% (Norte), 25,03% (Sul), 9,22% (Sudeste) e 5,28% (Centro-Oeste). As Regiões Norte e Nordeste destacam-se como principais consumidoras, sob a forma de farinha. No Sul e Sudeste, com rendimentos médios de 19 t/ha e 16 t/ha, respectivamente, a maior parte da produção é para a indústria, principalmente no Paraná, São Paulo e Minas Gerais. É importante também destacar o crescimento da atividade no Mato Grosso do Sul.O ecossistema dos Tabuleiros Costeiros estende-se desde o Amapá até o Rio de Janeiro, ocupando uma área de cerca de 20 milhões de hectares, dos quais metade encontrase na Região Nordeste, correspondendo a cerca de 16% da área total dos Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará (Figura 1). Esse ecossistema apresenta grande potencialidade para uso agrícola, principalmente para a produção de alimentos, devido à topografia plana a suavemente ondulada, que favorece a mecanização, e ao mercado consumidor que os grandes centros urbanos, localizados nos tabuleiros, representam. No entanto, os solos desse ecossistema apresentam várias limitações agrícolas como baixa fertilidade natural, aumento da acidez com a profundidade, caráter álico, baixa CTC, baixa saturação por bases e baixa capacidade de retenção de água. Embora considerados profundos, a presença de horizontes coesos reduz a profundidade efetiva, prejudicando a dinâmica da água no perfil e, principalmente, o aprofundamento do sistema radicular. A má distribuição das chuvas no ecossistema, com a presença de períodos de estiagens, agrava ainda mais as limitações dos solos. Os solos mais dominantes na região são os Argissolos Amarelos (Podzólicos Amarelos) e os Latossolos Amarelos (Latossolos Amarelos).Estima-se que cerca de 33% da área plantada e de 43% da produção de mandioca na Região Nordeste estão localizados no ecossistema dos Tabuleiros Costeiros.O consumo per capita mundial de mandioca e derivados, em 1996, foi de 17,4 kg/hab/ano, sendo de 50,6 kg/hab/ano no Brasil. Os países da África destacam-se nesse aspecto, sendo que a República Democrática do Congo, República do Congo e Gana apresentaram, respectivamente, valores de 333,2, 281,1 e 247,2 kg/hab/ano. Figura 2. Área ocupada pelos Tabuleiros Costeiros na Região Nordeste do Brasil, de cerca de 10 milhões de hectares (Silva et al., 1993). Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 45 Clima A mandioca é cultivada entre 30 graus de latitudes Norte e Sul, embora sua concentração de plantio esteja entre as latitudes 15ºN e 15ºS. Suporta altitudes que variam desde o nível do mar até cerca de 2.300 metros, sendo regiões baixas ou com altitude de até 600 a 800 metros as mais favoráveis. A faixa ideal de temperatura situa-se entre 20 a 27ºC (média anual). As temperaturas baixas, em torno de 15ºC, retardam a germinação e diminuem ou mesmo paralisam sua atividade vegetativa, entrando em fase de repouso, o que ocorre muito no Sul do Brasil. A faixa mais adequada de chuva é entre 1.000 a 1.500 mm/ano, bem distribuídos. Em regiões tropicais, a mandioca produz em locais com índices de até 4.000 mm/ano, sem estação seca em nenhum período do ano; nesse caso, é importante que os solos sejam bem drenados, pois o encharcamento favorece a podridão de raízes. É também muito cultivada em regiões semi-áridas, com 500 a 700 mm de chuva por ano ou menos; nessas condições, é importante adequar a época de plantio, para que não ocorra deficiência de água nos primeiros cinco meses de cultivo, o que prejudica a produção; a deficiência de água após os primeiros cinco meses de cultivo, quando as plantas já formaram suas raízes tuberosas, não causa maiores reduções na produção. O período de luz ideal está em torno de 12 horas/dia. Dias com períodos de luz mais longos favorecem o crescimento de parte aérea e reduzem o desenvolvimento das raízes tuberosas, enquanto que os períodos diários de luz mais curtos promovem o crescimento das raízes tuberosas e reduzem o desenvolvimento da parte aérea. Esse aspecto é importante no Sul do Brasil, onde o número de horas de sol por dia varia bastante entre as estações do ano; no Nordeste a variação é muito pequena e não afeta a cultura. Solos Como o principal produto da mandioca são as raízes, ela necessita de solos profundos e friáveis (soltos), sendo ideais os solos arenosos ou de textura média, por possibilitarem um fácil crescimento das raízes, pela boa drenagem e pela facilidade de colheita. Os solos argilosos devem ser evitados, pois são mais compactos, dificultando o crescimento das raízes, apresentam maior risco de encharcamento e de apodrecimento das raízes e dificultam a colheita, principalmente se ela coincide com a época seca. Os terrenos de baixada, com topografia plana e sujeitos a encharcamentos periódicos, são também inadequados para o cultivo da mandioca, por provocarem um pequeno desenvolvimento das plantas e o apodrecimento das raízes. É importante observar o solo em profundidade, pois a presença de uma camada argilosa ou compactada imediatamente abaixo da camada arável pode limitar o crescimento das raízes, além de prejudicar a drenagem e a aeração do solo. Com relação à topografia, deve-se buscar terrenos planos ou levemente ondulados, com declividade de até 10%. Em ambos os casos, deve-se utilizar práticas conservacionistas do solo, pois os plantios de mandioca estão sujeitos a acentuadas perdas de solo e água por erosão. A faixa favorável de pH é de 5,5 a 7,0, sendo 6,5 o ideal, embora a mandioca seja menos afetada pela acidez do solo do que outras culturas. Ela produz muito bem em solos de alta fertilidade, embora rendimentos satisfatórios sejam obtidos em solos degradados fisicamente e com baixos teores de nutrientes, onde a maioria dos cultivos tropicais não produziria satisfatoriamente. Os solos de tabuleiro, desde que melhorados por calagem e adubações orgânica e mineral oferecem boas condições ao cultivo da mandioca. Preparo do solo Além do controle do mato, o preparo do solo visa melhorar as suas condições físicas para a brotação das manivas, crescimento das raízes e das partes vegetativas, pelo aumento da aeração e infiltração de água e redução da resistência do solo ao crescimento radicular. Se for necessário desmatamento e destoca para a instalação do mandiocal, quando feitos mecanicamente deve-se evitar muita movimentação da camada superficial do solo, pela desestruturação que causa, além de remover a matéria orgânica; quando feitos manualmente, no caso de áreas para pequenos plantios, esses problemas são mínimos. Em ambos os casos, deve-se deixar faixas de vegetação natural na área, bem como efetuar o enleiramento em nível (“cortando” as águas) dos restos vegetais que não apresentem valor econômico e que não justifiquem a sua retirada do terreno desmatado. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 46 O preparo do solo deve ser o mínimo possível, apenas o suficiente para a instalação da cultura e para o bom desenvolvimento do sistema radicular, e sempre executado em curvas de nível, orientação esta que também deve ser seguida no plantio. A aração deve ser na profundidade de 15 a 20 centímetros e, 30 dias depois, executar-se duas gradagens em sentido cruzado, a segunda em curva de nível, deixando-se o solo bem destorroado para ser coveado ou sulcado e plantado. Nos plantios em fileiras duplas pode-se executar o preparo do solo apenas nas linhas duplas de plantio. No caso de pequenos produtores, o preparo do solo manual restringe-se à limpeza da área, coveamento e plantio. Vale lembrar que o solo deve ser revolvido o mínimo possível, devendo ser preparado nem muito úmido e nem muito seco, com umidade suficiente para não levantar poeira e nem aderir aos implementos; além disso, deve-se alternar o tipo de implemento (por exemplo, uma vez usa-se o arado de discos, outra vez o arado de aiveca etc.) e a profundidade de trabalho, usar máquinas e implementos o menos pesados possíveis, acompanhar as curvas de nível do terreno e deixar o máximo de resíduos vegetais na superfície. Adubação e Calagem A mandioca absorve grandes quantidades de nutrientes e praticamente exporta tudo o que foi absorvido, quase nada retornando ao solo sob a forma de resíduos culturais. Em média, para uma produção de 25 toneladas de raízes + parte aérea de mandioca por hectare são extraídos 123 kg de N, 27 kg de P, 146 kg de K, 46 kg de Ca e 20 kg de Mg; assim, a ordem decrescente de absorção de nutrientes é a seguinte: K > N > Ca > P > Mg. A calagem e adubação em mandioca devem obrigatoriamente ser definidas em função da análise química do solo, realizada com antecedência de pelo menos 60 dias do plantio, para que haja tempo suficiente para aquisição dos insumos e sua aplicação. Com base na análise do solo são feitas as seguintes recomendações para a cultura: Calagem: calcular a necessidade de calcário dolomítico (NC), em toneladas por hectare (t/ha), empregando as fórmulas: NC (t/ha) = [2 - (cmolc Ca ++ + Mg++/100cm3)] x f; NC (t/ha) = f x cmolc Al+++/100cm3 f = 100/PRNT, Utilizar a fórmula que apresentar maior quantidade de calcário. Aconselha-se o limite máximo de uma tonelada de calcário por hectare, ainda que tenham sido encontradas quantidades mais elevadas; Realizando-se a calagem e a adubação nas doses, épocas e modos de aplicação recomendados, estima-se um rendimento médio de 20 toneladas de raízes por hectare. Há que se ressaltar que a média nacional é de cerca de 13 t/ha. Conservação do solo Dois aspectos devem ser considerados na conservação do solo em mandioca: 1) ela protege pouco o solo contra a erosão, pois o crescimento inicial é muito lento e o espaçamento é amplo, fazendo com demore em cobrir o solo para protegê-lo da degradação da sua estrutura pelas chuvas e enxurradas; e 2) ela é esgotante do solo, pois quase tudo que produz (raízes, folhas e manivas) é exportado da área, para produção de farinha, na alimentação humana e animal e como sementes para novos plantios, muito pouco retornando ao solo sob a forma de resíduos. As práticas conservacionistas mencionadas (preparo do solo e plantio em nível, rotação e consorciação, culturas em faixas e em nível, enleiramento em nível dos restos culturais, capinas alternadas etc.) são eficientes por si só em áreas com declividade até 3%. Daí em diante, além de tais medidas, deve-se recorrer às práticas mecânicas de conservação do solo (terraços e canais escoadouros), que são mais onerosas que as anteriores e, por isso, somente utilizadas em condições extremas de riscos de erosão. Cultivares As cultivares de mandioca são classificadas em: 1) doces ou de "mesa", também conhecidas como aipim, macaxeira ou mandioca mansa e normalmente utilizadas para consumo fresco humano e animal; e 2) amargas ou mandiocas bravas, geralmente usadas nas indústrias. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 47 Para consumo humano, a principal característica é que as cultivares apresentem menos de 50ppm ou 50mg de ácido cianídrico (HCN) por quilograma de raízes. O teor de HCN varia com a cultivar, com o ambiente e com a idade de colheita, que é um fator decisivo na escolha da cultivar de aipim. Toda a planta da mandioca pode ser usada na alimentação de vários animais domésticos, como bovinos, aves, caprinos, ovinos e suínos. Várias cultivares tem sido recomendadas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (Tabela 1). Além dessas cultivares, agricultores da região cultivam muitas outras, como Cigana Preta, Cidade Rica, Caravela, Aciolina, Urubu, Bujá, Tapicina e Rosa. Tabela 3. Rendimento médio de raízes e características qualitativas e morfológicas de cultivares de mandioca recomendadas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura. Rendimento Teor de amido Resistência Cor da Cor da Cor da Cultivares médio de raiz (%) à doença película casca polpa (t/ha) Para mesa Saracura 45,8 30,9 Marrom Rósea Branca escuro Maragogipe 33,0 29,2 Marrom claro Branca Branca Casca Roxa 29,1 30,4 Marrom Rósea Branca escuro Manteiga 24,2 31,1 Marrom Roxa Creme escuro Paraguai 15,2 24,4 Marrom Creme Branca escuro Aipim Brasil 15,0 30,0 Branca Branca Para indústria Jussara 26,7 25,0 Creme Branca Branca Valença 35,1 32,0 Marrom Claro Branca Branca Caetité 30,0 33,0 Marrom Creme Branca escuro Catulina 34,5 30,0 Creme Branca Branca Bibiana 25,3 26,0 Podridão Marrom claro Rosa Branca Fonte: Embrapa Cerrados. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 48 Mudas e Sementes Seleção e preparo do material de plantio Na seleção do material devem-se observar: 1) aspectos agronômicos – a) a escolha da cultivar deve ser feita de acordo com o objetivo da exploração. É sempre indicado o plantio de uma só cultivar numa mesma área, evitando-se a mistura de cultivares; b) deve-se escolher manivas maduras, provenientes de plantas com 10 a 14 meses de idade, e utilizar apenas o terço médio, eliminando-se a parte herbácea superior, que possui poucas reservas, e a parte basal, muito lenhosa e com gemas geralmente inviáveis ou “cegas”; c) as manivas-semente devem ter 20 cm de comprimento, com pelo menos 5 a 7 gemas, e diâmetro em torno de 2,5 cm, com a medula ocupando 50% ou menos. É importante verificar o teor de umidade da haste, o que pode ser comprovado se ocorrer o fluxo de látex imediatamente após o corte; d) as manivas podem ser cortadas com auxílio de um facão ou utilizando uma serra circular, de modo a formar um ângulo reto, no qual a distribuição das raízes é mais uniforme do que no corte em bisel e) a quantidade de manivas para o plantio de um hectare é de 4 m³ a 6 m³, sendo que um hectare da cultura, com 12 meses de ciclo, produz hastes para o plantio de 4 a 5 hectares. Um metro cúbico de hastes pode fornecer cerca de 2.500 a 3.000 manivas-sementes com 20 cm de comprimento; e 2) aspectos fitossanitários - o material de plantio deve estar livre de pragas e doenças, já que a disseminação de patógenos é maior nas culturas propagadas vegetativamente do que nas espécies propagadas por meio de sementes sexuais. Época de plantio O plantio é normalmente feito no início da estação chuvosa, quando a umidade e o calor tornam-se elementos essenciais para a brotação e enraizamento. No caso de riscos de excesso de umidade no solo, o plantio pode ser realizado após o início das chuvas. É importante conectar a época de plantio com a disponibilidade de manivas, sejam elas recémcolhidas, o que é melhor, ou armazenadas. Devido a da extensão do território brasileiro, as condições ideais para o plantio de mandioca não coincidem nos mesmos meses em todas as regiões. Na Tabela 3 são apresentadas as épocas de plantio mais adequadas para a região semi-árida de cada estado da região nordeste. Tabela 4. Épocas de plantio de mandioca para a região semi-árida. Agricultura II Estado Época de plantio Alagoas maio a junho Bahia outubro a dezembro Ceará janeiro a março Maranhão dezembro a janeiro Paraíba março a abril Pernambuco dezembro a janeiro Piauí janeiro a fevereiro Rio Grande do Norte fevereiro a março Sergipe maio a junho www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 49 Espaçamento e plantio O espaçamento no cultivo da mandioca depende da fertilidade do solo, da disponibilidade de água, do porte da variedade, do objetivo da produção (raízes ou ramas), dos tratos culturais e do tipo de colheita (manual ou mecanizada). De maneira geral, recomenda-se os espaçamentos de 1,00 x 0,50 m e 1,00 x 0,60 m, em fileiras simples, e 2,00 x 0,60 x 0,60 m, em fileiras duplas. Tratos Culturais Manejo de plantas daninhas As plantas daninhas concorrem com a cultura da mandioca principalmente por água e nutrientes, podendo causar perdas de até 90% na produtividade, dependendo do tempo de convivência e da quantidade de mato. O controle de plantas daninhas representa a maior parcela dos custos de produção (cerca de 35% do total). O período crítico de competição das plantas daninhas com a mandioca compreende os primeiros quatro a cinco meses do seu ciclo, exigindo nessa fase cerca de 100 dias livre da interferência do mato, a partir de 20 a 30 dias após sua brotação, para se obter boa produção, dispensando daí em diante as limpas até a colheita. No Brasil, de modo geral, não se tem conseguido aumentos acentuados na produção da mandioca pela aplicação de calcário, mesmo em solos ácidos, confirmando a tolerância da cultura à acidez do solo. No entanto, após vários cultivos na mesma área, é possível que a planta responda à aplicação de calcário, principalmente como suprimento de cálcio e magnésio, terceiro e quinto nutrientes mais absorvidos pela cultura. Principais Pragas Mandarová É uma das pragas de maior importância para a mandioca, pela ampla distribuição geográfica e alta capacidade de consumo foliar, especialmente nos últimos ínstares larvais. A lagarta pode causar severo desfolhamento, o qual, durante os primeiros meses de cultivo, pode reduzir o rendimento e até ocasionar a morte de plantas jovens. No início, a lagarta é difícil de ser vista na planta, devido ao tamanho diminuto (5 mm) e à coloração, confundindo-se com a da folha. Quando completamente desenvolvidas, o colorido das lagartas é o mais variado possível, havendo exemplares de cor verde, castanho-escura, amarela e preta, sendo mais freqüentes as de cores verde e castanho-escura. A utilização de práticas culturais adequadas, boa preparação do terreno e o controle de ervas daninhas podem reduzir as populações de pupas e adultos do mandarová. Inspeções periódicas das lavouras, identificando os focos iniciais, também tornam o controle mais eficiente. Em plantios pequenos, recomenda-se a catação manual das lagartas e sua destruição. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 50 Ácaros Os ácaros mais importantes para a cultura da mandioca no Brasil são o ácaro verde ou "tanajoá" e o ácaro rajado. Os ácaros são as pragas mais severas que atacam a mandioca, sendo encontrados em grande número na face inferior das folhas, freqüentemente durante a estação seca do ano, podendo causar danos consideráveis, principalmente nas Regiões Nordeste e Centro-Oeste. Alimentam-se penetrando o estilete no tecido foliar e succionando o conteúdo celular. Os sintomas típicos do dano são manchas cloróticas, pontuações e bronzeamento no limbo, morte das gemas, deformações e queda das folhas, reduzindo a área foliar e a fotossíntese. Percevejo de Renda É uma praga de hábito sugador que ocorre durante épocas secas. O adulto é de cor cinzenta e a ninfa (fase jovem do inseto) é branca, sendo ambos encontrados na face inferior das folhas basais e medianas da planta; quando o ataque é severo, podem chegar até as folhas apicais. Mosca Branca Os adultos geralmente são encontrados na face inferior das folhas da parte apical da planta, podendo ser vistos sacudindo-se os brotos da planta para fazê-los voar. Já as ninfas (fase jovem do inseto) podem ser encontradas na face inferior das folhas mais velhas. Tanto os adultos como as ninfas sugam a seiva das folhas. Broca do caule As larvas são encontradas no interior das hastes, sendo o ataque detectado pela presença de excrementos e serragem que saem das galerias feitas pelo inseto. Durante os períodos secos, as plantas atacadas podem perder suas folhas e secar, reduzindo assim a qualidade do material para plantio. Quando a infestação é severa, as plantas podem morrer. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 51 Cupins Apresentam o corpo branco-cremoso e asas maiores que o abdome. Atacam o material de propagação armazenado, penetrando pela parte seca, podendo destruí-lo totalmente. Nas plantas novas, constroem galerias entre a medula e o córtex, impedindo assim o transporte de nutrientes, fazendo com que elas apresentem um secamento progressivo descendente e logo depois morram. Formigas Podem desfolhar rapidamente as plantas quando ocorrem em altas populações e/ou não são controladas. Fazem um corte semicircular na folha, podendo também atingir as gemas quando os ataques são severos. Principais Doenças Podridão radicular A podridão radicular é a doença mais limitante da produção de mandioca na Região Nordeste, sendo que as perdas de produtividade nas áreas de maior ocorrência da doença estão em torno de 30%. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 52 Bacteriose Os sintomas da bacteriose, causada por Xanthomonas campestris pv. Manihotis, caracterizam-se por manchas angulares, de aparência aquosa, nos folíolos, murcha das folhas e pecíolos, morte descendente e exsudação de goma nas hastes, além de necrose dos feixes vasculares e morte da planta. Superbrotamento O superbrotamento é uma doença causada por fitoplasma, que tem sido encontrada atacando a cultura da mandioca no Brasil. Em condições altamente favoráveis ao desenvolvimento da doença, pode provocar uma redução de até 70% no rendimento de raízes, e acentuada diminuição nos teores de amido, que chega a 80% em cultivares suscetíveis. O superbrotamento também pode causar perdas na produção de manivas-semente, tendo em vista que, nas plantas afetadas, as hastes apresentam-se com um tamanho muito reduzido e excesso de brotação das gemas. Outras doenças Em alguns casos, dependendo das condições ambiente e da suscetibilidade das variedades utilizadas, a antracnose causada por Colletotrichum gloeosporioides pode causar prejuízos esporádicos ou temporários na mandioca; em determinadas épocas ela ocorre de maneira mais intensiva, causando perdas significativas na produção de raízes e redução da qualidade dos produtos. As cercosporioses em mandioca são bem conhecidas, apesar de não causarem maiores prejuízos para a cultura; portanto, não são motivo de preocupação para os produtores. Importância Econômica O Brasil ocupa a segunda posição na produção mundial de mandioca, participando com 12,7% do total. A mandioca é cultivada em todas as regiões do Brasil, assumindo destacada importância na alimentação humana e animal, além de ser utilizada como matéria-prima em inúmeros produtos industriais. Tem ainda papel importante na geração de emprego e de renda, notadamente nas áreas pobres da Região Nordeste. Considerando-se a fase de produção primária e o processamento de farinha e fécula, estima-se que são gerados, no Brasil, um milhão de empregos diretos. Estima-se que a atividade mandioqueira proporcione uma receita bruta anual equivalente a 2,5 bilhões de dólares e uma contribuição tributária de 150 milhões de dólares. A produção de mandioca que é transformada em farinha e fécula gera, respectivamente, uma receita equivalente a 600 milhões e 150 milhões de dólares, respectivamente. A produção nacional da cultura estimada pela CONAB para 2002 é de 22,6 milhões de toneladas numa área plantada de 1,7 milhões de hectares, com rendimento médio de 13,3 toneladas de raízes por hectare. Dentre os principais estados produtores destacam-se: Pará (17,9%), Bahia (16,7%), Paraná (14,5%), Rio Grande do Sul (5,6%) e Amazonas (4,3%), que em conjunto são responsáveis por 59% da produção do país. Na distribuição da produção pelas diferentes regiões fisiográficas do país, a Região Nordeste sobressai-se com uma participação de 34,7% da produção, porém com Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 53 rendimento médio de apenas 10,6 t/ha. Nas demais regiões as participações na produção nacional são: Norte (25,9%), Sul (23,0%), Sudeste (10,4%) e Centro-Oeste (6,0%). As Regiões Norte e Nordeste destacam-se como principais produtoras e consumidoras, sendo a produção essencialmente utilizada na dieta alimentar, na forma de farinha. Nas Regiões Sul e Sudeste, em que os rendimentos médios são de 18,8 t/ha e 17,1 t/ha, respectivamente, a maior parte da produção é orientada para a indústria, principalmente nos Estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais. A cultura da mandioca é uma das mais importantes fontes de carboidratos para os consumidores de renda mais baixa, em países tropicais da América Latina e África. Em algumas regiões do Nordeste do Brasil, a mandioca é um dos principais cultivos, do qual depende a subsistência e renda dos produtores e a alimentação animal. Além da destacada importância na alimentação humana e animal, as raízes da mandioca são também utilizadas como matéria-prima em inúmeros produtos industriais. Apesar de sua importância sócio-econômica, a mandioca não vem apresentando, nos últimos anos, um padrão estável de produção ao longo do tempo, exibindo uma significativa oscilação, principalmente, na sua área cultivada e preço. Um aspecto que deve ser considerado no tocante a competitividade da mandioca, é segurança alimentar, principalmente nas unidades de produção do tipo familiar, onde a mandioca além de ser importante fonte de carboidratos para alimentação humana é utilizada também na alimentação de pequenos rebanhos, que são elementos significativos na composição da renda nessas unidades de produção. Produção de Raspa A raspa ou apara de mandioca, bastante conhecida em todo território nacional, são pedaços ou fatias de raiz de mandioca seca ao sol. Algumas vezes é confundida com a casca seca, resultante do descascamento das raízes para a produção de farinha de mesa. As raspas de mandioca são produzidas em pequenas agroindústrias que constam, basicamente, de um terreiro de secagem (geralmente revestido de cimento); uma máquina raspadeira e um depósito. A produção de raspa ocorre no período adequado à colheita, quando as condições climáticas são favoráveis (boa insolação, alta temperatura e baixa umidade O primeiro estágio do processo de produção da raspa consiste, basicamente, em, logo após a colheita, proceder-se a lavagem das raízes, que tem como objetivo eliminar, ao máximo, a terra, areia e outros elementos estranhos aderidos. A operação pode ser realizada usando simplesmente água sob pressão ou máquinas lavadoras. A intensidade da lavagem depende do sistema de processamento que se deseja realizar ou dos requisitos de qualidade exigidos. A lavagem adequada permite obter materiais que reúnam normas mínimas de qualidade, quanto ao conteúdo de resíduo. Depois de lavadas, as raízes são picadas em fatias finas e uniformes para acelerar o processo de secagem e facilitar seu uso no preparo de rações. O corte pode ser feito de forma rudimentar, com faca ou facão e, quando o volume a ser processado é grande, usam-se máquinas picadeiras, para acelerar a operação e uniformizar o formato dos pedaços. O material picado é exposto ao sol, sobre uma área cimentada, em camadas uniformes de 4 a 5 cm de espessura, proporcionando uma densidade de 10 a 12 kg/m2. Para acelerar o processo de secagem, no primeiro dia o material deve ser revolvido em períodos regulares de material é reunido em montes e protegido com uma lona plástica ou similar, para evitar que, durante a noite, readquira parte da umidade que perdeu durante o dia, por se tratar de um produto bastante higroscópico. O tempo de secagem depende de uma série de fatores: condições climáticas favoráveis, umidade inicial da raiz, densidade, geometria dos pedaços e número de revolvimentos. O material se encontra em condições de ser armazenado ou fornecido aos animais quando sua umidade for de 10 a 14 %. Uma maneira prática e eficiente para duas horas, com um ancinho ou rodo de madeira no sentido do maior comprimento. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABAM. Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca. (Paranavaí, PR). Dossiê sobre mandioca e seus derivados. Paranavaí, PR: 1998. 34p. ALCANTARA, E.N. de; CARVALHO, J.E.B. de; LIMA, P.C. Determinação do período crítico de competição das plantas daninhas com a cultura da mandioca (Manihot esculenta Crantz). In: EPAMIG (Belo Horizonte, MG). Projeto Mandioca; relatório 76/79. Belo Horizonte, MG: 1982. p.127-129. CARVALHO, J.E.B. de. Controle químico de plantas daninhas em mandioca. In: EMBRAPA-DDT (Brasília, DF). Práticas culturais da mandioca. Brasília, DF: 1984. p.167-172. (EMBRAPA-DDT. Documentos, 14). Anais do seminário realizado em Salvador, Bahia, Brasil, 18-21mar., 1980. DINIZ, M. de S.; GOMES, J. de C.; CALDAS, R.C. Sistemas de adubação na cultura da mandioca. Revista Brasileira de Mandioca, Cruz das Almas, v.13, n.2, p.157-160, 1994. EMBRAPA. Atlas do meio ambiente do Brasil. 2.ed., rev. aum. Brasília: EMBRAPA-SPI:Terra Viva, 1996. 160p. GOMES, J. de C. Adubação da mandioca. In: CURSO INTERNACIONAL DE MANDIOCA PARA PAÍSES AFRICANOS DE LÍNGUA PORTUGUESA, 1., Cruz das Almas, BA, 1998. Cruz das Almas, BA: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 1998. 73p. MATTOS, P.L.P. de; SOUZA, A. da S.; CALDAS, R.C. Cultivo consorciado de mandioca com caupi. Revista Brasileira de Mandioca, Cruz das Almas, v.5, n.2, p.7-11, 1986. SOUZA, A. da S.; MATTOS, P.L.P. de; ALMEIDA, P.A. de. Material de plantio: poda, conservação, preparo e utilização. Cruz das Almas, BA: EMBRAPA-CNPMF, 1990. 42p. Trabalho apresentado no 7. Curso Intensivo Nacional de Mandioca, Cruz das Almas, BA, 1990. TAKATSU, A.; FUKUDA, C.; PERIN, S. Epidemiological aspects of bacterial blight of cassava in Brazil. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON DISEASES OF TROPICAL FOOD CROPS HELD, 1979, Louvain-la-Neuve, Belgium. p.141-150. Agricultura II www.ifcursos.com.br Prof.º Álvaro Nunes Ferraz Neto