sexualidade na terceira idade

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SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE: RESPEITANDO ÀS DIFERENÇAS1
ELEUTÉRIO, Gislaine S.2
MIRANDA, Juliana F.2
BARROS, Jacqueline D. C.3
Palavras-chave: sexualidade, idoso, preconceito.
Key words: sexuality, elderly, preconception.
Introdução: A sexualidade na terceira idade consiste em um assunto suprimido pela
população idosa por envolver valores culturais e morais que são moldados no decorrer
de sua vida em sociedade.
Percebe-se aqui, portanto, uma questão fundamental quando se afirma
que o
processo de envelhecimento causa conseqüências a vida sexual dos indivíduos em idade
avançada .
Vale salientar que, devido à ausência de conhecimento sobre o processo de
envelhecimento das pessoas amadurecidas, pode ocorrer a inativação da vida sexual
devido a conflitos internos frutos das mudanças desencadeadas por esse processo, além
da visão depreciativa da sociedade e de julgamento.
Por isso, o presente artigo possui como objetivo promover o enfrentamento ao
preconceito sobre a sexualidade na terceira idade, em consequência disso, melhorar sua
qualidade de vida possibilitando um envelhecimento mais saudável.
Metodologia: Pesquisas bibliográficas com base em artigos científicos e livros.
Resultado e Discussão: A sexualidade é um tema marcado por tabus e mitos. Mesmo
hoje vivendo numa sociedade moderna, quando se trata desse assunto na terceira idade é
ainda mais evidente o preconceito.
Ela caracteriza-se pelo caráter multidimensional, ou seja, não é influenciada
somente por fatores anatômicos e fisiológicos, como também por fatores psicossociais e
culturais, além de relacionamentos interpessoais e experiências de vida. (Favarato,
citado por Saciloto e Lorenzi, 2006).
A opinião que Ribeiro (2002) possui sobre a sexualidade dizendo que, “... è a
maneira como uma pessoa expressa seu sexo. É como a mulher vivencia e expressa “ser
mulher” e o homem o “ser homem”.”, faz com que se possa obter uma visão
diferenciada de sexualidade, onde o sexo se apresenta como parte do mesmo e não
como exclusiva.
Estimativas indicam que o número de idosos no Brasil e no mundo está
aumentando, principalmente devido ao aumento da expectativa de vida, avanços na
ciência e tecnologia.
Segundos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, até o
ano de 2050, um quinto da população mundial será de idosos. Dessa forma, é
imprescindível que haja reflexões sobre a problemática, uma vez que as pessoas acima
de 60 anos tem o direito de exercerem sua sexualidade e cabe a todos nós respeitá-los na
integralidade.
1- Trabalho da disciplina Educação, Prevenção e Promoção a Saúde do Idoso.
2- Discente do 5º período matutino do curso de Enfermagem do Centro
Universitário São Camilo-ES.
3- Professora Orientadora. Especializada em Condutas de Enfermagem no Paciente
Crítico do Centro Universitário São Camilo ES.
Vivemos em um país onde a cultura transmitida pela população antiga ainda está
muito presente. Na época dos nossos avós, não havia diálogo sobre a sexualidade nas
famílias. E ainda hoje, nota-se que em muitos lares, os pais por vergonha ou falta de
tempo deixam que os meios de comunicação instruam seus filhos. Quando não se
compreende um tema, inicia-se um ciclo de preconceitos.
Antigamente a sexualidade humana tinha a função de reprodução. Depois se
descobriu que ela está presente durante todas as fases da vida e atua no bem-estar das
pessoas. Uma adolescente exerce sua sexualidade, por exemplo, quando se arruma pra ir
à escola, ela quer ser o objeto de atenção dos outros. Na terceira idade, a sexualidade
também existe, apesar de muitos acreditarem ser uma fase assexuada.
Bonança (2008), afirma que nascemos como sujeitos sexuados e desfrutamos de
sexo/sexualidade de maneira diferente de acordo com a etapa de nossa vida, mas
infelizmente a sociedade como um todo, e as pessoas de modo individual, tendem a
pensar que o sexo/sexualidade pertencem ao mundo dos jovens, relegando os indivíduos
da terceira idade ao amor platônico ou a abstinência sexual.
Há muitos estereótipos relacionados ao processo do envelhecimento.
Vasconcellos (2004), relata que a crença na progressiva e generalizada incompetência
assim como na impotência sexual dos idosos faz parte intrínseca desses estereótipos.
Como muito bem observa Molleta (2007), esses estereótipos, unidos à falta de
informação, induzem muitas pessoas a uma atitude pessimista em tudo que se refere à
sexualidade na velhice.
Como se pode definir uma sociedade- que ao longo da história lutou para
defender a justiça e a igualdade de direitos entre os povos- que reprime a sexualidade
dos idosos? Os valores culturais orientados para a juventude tendem a depreciar os
indivíduos idosos em termos de sua aptidão e atração sexual, particularmente as
mulheres. (Leiblum, citado por Vasconcellos, 2004).
Para Ribeiro (2002), as influências culturais são marcantes em relação a esse
assunto, mais as pessoas mais cultas vivenciam a sexualidade de maneira bem diferente
daquelas mais simples. Acontece, porém, que existe o mito da velhice assexuada, o que
reforça a imagem de que o idoso que expressa sexualidade com naturalidade é um
desvio, ou seja, se torna um ato insano devido suas características físicas. A mulher
idosa que demonstra abertamente interesse sexual é considerada “assanhada” e o
homem “tarado”, sendo ridicularizados culturalmente.
De acordo com Knijnik, citado por Laurentino (2006), existe pouco
conhecimento no que se refere às questões de sexualidade dos idosos, por ser a
longevidade um fato ainda novo na história da humanidade. Entretanto, tal afirmação
não justifica os estereótipos que envolvem o assunto, visto que diariamente surgem
fatos novos na sociedade e nem por isso ela os vê com maus olhos.
Observa-se que para muitas famílias é mais fácil ignorar a sexualidade do idoso,
assim como muitos adultos fazem em relação aos filhos adolescentes. Os familiares
tendem a considerar que o comportamento afetivo já não faz mais parte da vida de seus
pais e avós. (Filho).
Ocorre uma inversão dos papéis familiares, os pais que sempre vigiaram as
ações dos filhos, na velhice, são os que são vigiados. Para Catusso (2005), o controle
das ações, das atividades e até mesmo dos relacionamentos afetivos estão sob o olhar da
família que subjuga os sentimentos dos seus idosos.
A repressão, parte principalmente dos familiares na maioria das vezes, os filhos
são os primeiros geralmente a negar a sexualidade dos pais, e quando admitem
interpretam como algo depreciativo, como sinal de segunda infância ou como sinal de
demência, visualizando como algo fora do normal.
Fraimam (1994), considera que é difícil para a família perceber que o idoso,
apesar do envelhecimento fisiológico, pode se manter jovem psicologicamente,
expandindo vínculos, participando de grupos de convivência e mostrando-se receptivo a
novos relacionamentos, uma vez que amar faz parte da vida do ser humano.
A sexualidade é estigmatizada não só por quem observa a velhice, mas também
por muitos idosos que impõem limites para a manutenção da vida sexual.
Helena, citada por Filho, diz que muitas mulheres não sabem até quando devem
manter a atividade sexual. Algumas, por conta de crenças religiosas, consideram que o
sexo está exclusivamente vinculado à reprodução. Logo, se elas não são mais férteis,
não deveriam continuar mantendo relações sexuais. Já a preocupação masculina é sobre
a disfunção erétil, sabe-se que esse problema tem mais origens psicológicas do que
fisiológicas. Com medo de demonstrar uma diminuição no desempenho sexual, muitos
homens abstêm-se de tal prática.
Helena ainda afirma que o hábito sexual do idoso é semelhante ao que teve
durante a vida adulta. “Existem algumas perdas fisiológicas, claro, mas elas não
interferem necessariamente no desempenho sexual.”
O envelhecimento traz modificações importantes no que se refere aos aspectos
físicos e emocionais das pessoas, porém os sentimentos e as sensações não sofrem
deterioração, podendo a sexualidade ser vivida até o fim da vida. (Laurentino, 2006).
Portanto, segundo Roach (2001), ao contrário da crença popular, os idosos
permanecem interessados em sexo e envolvem-se em atividades sexuais. O desejo não
termina para as mulheres na menopausa. A impotência (incapacidade do homem de ter
ereção do pênis) não é uma ocorrência natural da idade.
Vale ressaltar outra vertente em relação à sexualidade na terceira idade. Muitos
profissionais de saúde menosprezam sua existência quando deixam de perguntar aos
idosos na anamnese, sobre suas práticas sexuais, como se esse tópico não fosse
importante ou como se não existisse em tal faixa etária.
Diante da conjuntura atual, é notável a importância do profissional de saúde na
assistência ao idoso expondo informações esclarecedoras sobre sua sexualidade através
do estabelecimento de vínculo com o mesmo. Assim, torna-se fundamental a
necessidade de estabelecer uma relação de confiança para que o idoso relate suas
dúvidas e medo.
A AIDS está acometendo cada vez mais um número maior de idosos. É função
dos meios de comunicação e, principalmente, dos profissionais da saúde informar sobre
a sexualidade e as formas de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis. Além
disso, todos os pontos que interferem na qualidade de vida, inclusive o sexo, interessam
a quem cuida da saúde das pessoas.
No exercício da enfermagem, a abordagem do binômio saúde-doença é quase
uma constante. Nesse sentido, a sexualidade, como necessidade humana básica, deve ser
considerada nas intervenções junto aos idosos, quer na saúde, quer na doença. Muitos
profissionais da saúde têm dificuldade em tratativas dessa natureza, pois acreditam no
mito de que os idosos não estão mais disponíveis para a intimidade ou não têm potencial
para relações íntimas (CAPODIECI, 1996, citado por Laurentino, 2006).
Contudo, é necessário que haja interesse da sociedade em se informar sobre esse
tema, e uma mudança de consciência dos familiares, dos idosos e de muitos
profissionais da saúde. Espera-se uma melhor aceitação da sexualidade na terceira
idade, principalmente com maior naturalidade, uma vez que faz parte da saúde e bem
estar do idoso.
Não se pode ignorar uma realidade, os idosos possuem desejo sexual e tem o
direito de praticar a sexualidade da forma que quiserem e a sociedade tem o dever de
respeitar as diferenças seja no âmbito da sexualidade ou em qualquer outra área.
Conclusão: A sexualidade na terceira idade é um assunto que gera preconceito. Ao
contrário do que muitos pensam, os idosos sentem desejo sexual e quando existe
oportunidade têm relações sexuais.
No entanto, a sociedade impõe que os indivíduos de idade avançada não
necessita de sexo, com isso muitos idosos abdicam do seu prazer para não serem
lançados à margem da sociedade.
Atualmente, a ciência possibilita que os idosos tenham uma vida sexual ativa de
forma prazerosa. Junto a essa evolução da tecnologia, é necessário que a mentalidade do
ser humano também evolua e aceite que o sexo é uma prática normal também para
quem não é jovem.
Portanto, espera-se uma melhor aceitação da sexualidade na terceira idade,
principalmente com maior naturalidade, uma vez que faz parte da saúde e bem estar do
idoso.
Referências:
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CATUSSO, M. C. Rompendo o silêncio: desvelando a sexualidade em idosos. Rev.
Virtual Textos & Contextos, n.4, dez. 2005.
FILHO, M. A. Dúvidas, negligência e preconceito estigmatizam sexualidade na
velhice.
Disponível
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<
http://www.clipspensamento.psc.br/../apoiaduvidasidoso.pdf>. Acesso em: 01 julho
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FRAIMAN, A. P. Sexo & afeto na terceira idade. São Paulo: Gente, 1994.
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na velhice: recorte ilustrativo de um grupo de mulheres. Ver. Brás. De Ciências do
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