iInformativo do GOA #27 - Dezembro 201 5 - Departamento de Física - CCE - UFES www.astro.ufes.br Espadas Espaciais Materiais celestes já foram usados na confecção de armas ....Apesar da grande expectativa pela estreia do episódio VII de Guerra nas Estrelas nos cinemas, não é sobre sabres de luz que estamos falando, e sim sobre espadas espaciais que existiram de fato há séculos atrás. Antes da arma de fogo ser inventada, por volta do século XIV, a espada era o principal instrumento de guerra. Para forjar uma espada, uma liga de Cobre ou de Ferro é colocada numa fornalha até atingir altas temperaturas. Cada tipo de espada era feita com uma composição de material diferente. O Ferro como conhecemos no nosso cotidiano não é encontrado na Natureza da Terra, e sim na forma de minério de Ferro. Ou seja, se antigamente você encontrasse Ferro como placa ou pedra, era bem provável que não tivesse origem em nosso planeta, mas que tivesse caído do céu. Como o metal destes meteoritos era de qualidade muito superior a dos minérios de Ferro que tínhamos disponíveis, eles foram durante um longo período, e em muitas culturas, a única fonte do ferro usado no fabrico das espadas. Os meteoritos mais interessantes e os mais fáceis de se identificar são compostos principalmente de metais, co- Efemérides Astronômicas Pág. 2 Chuva Geminídeas Pág. 2 Carta Celeste Pág. 3 The Big... Pág.4 O Homem Velho Pág. 5 81 Anos de Carl Sagan Pág. 6 1 Fotos: swordandstone.com Réplica de espada feita com meteorito pelo mestre ferreiro Tony Swatton em sua webserie no youtube. mo o Ferro e o Níquel. São denominados sideritos, que significam, literalmente, “pedras do céu”. É daí que surge a semelhança entre as palavras sideral e siderurgia. Por terem sido criadas com o material caído das estrelas, justifica-se que algumas espadas tenham causado tão profundo impacto na psicologia humana. Não são poucas as lendas com imaginário voltado para a magia ou o poder divino atribuídos às espadas, como no caso da Excalibur e o Rei Artur. Referência: Naelton Mendes de Araújo Fundação Planetário do Rio Dayana Seschini, Estudante de Desenho Industrial e Bolsista do GOA Informativo do GOA #27 Dezembro de 2015 Chuva Geminídeas Foto: Google Imagens / Equipe GOA As Geminídeas são consideradas uma das mais espetaculares chuva de meteoros do ano. São causadas pelos detritos do asteroide 3200 Faetonte, na constelação de Gêmeos. O pico desta chuva acontecerá entre os dias 13 e 14 de dezembro, com melhor horário para observação por volta das 04 horas da manhã, mas será possível ver ainda durante toda a semana. Com uma Lua fina e crescente, o céu deverá estar escuro o suficiente para garantir uma bela apresentação para quem estiver de olho no céu, pois a previsão é de 120 meteoros por hora em seu pico. As chuvas de meteoros não representam riscos para a Terra. Todos os dias, milhares de toneladas de detritos espaciais adentram a atmosfera da Terra, queimando parcial ou totalmente devido ao atrito Gêmeos Esquema no programa Stelarium ilustrando a queda dos meteoros, aparentemente vindos da constelação de Gêmeos, a razão de ser chamada chuva Geminídeas. com a atmosfera. Este fenômeno belo espetáculo em um local deixa um risco luminoso no céu, afastado da poluição luminosa e que é popularmente chamado de dos centros urbanos. "estrela cadente". www.imo.net Então já prepare seus comes e bebes, Fonte: José Miranda, Estudante de Engenharia da convide seus amigos e assistam esse Computação e Bolsista do GOA Efemérides Astronômicas Expediente Equipe GOA- Bolsistas: Ana Carolina Frizzera, Dayana Seschini e José Miranda. Voluntários: Arthur Canutto e Edison Cesar. Diagramação: Dayana Seschini. Coordenação: Márcio Malacarne. Textos e Projeto Gráfico: Equipe GOA. Revisão: Equipe GOA. Contatos: (27) 4009 7664 www.astro.ufes.br / [email protected] [email protected] Av. F. Ferrari, 514, Cep 29075910, VitóriaES. Este impresso foi criado usando programas livres: Debian Linux, Gimp, Stellarium, Scribus, Inkscape, OpenOffice, KStars. * Realização Direito de Compartilhar e Adaptar sob a mesma licença (CC BY-NC-SA 2.5 BR) 2 Apoio FONTE: Almanaque Astronômico 2015 - CEAMIG e Stellarium. Dezembro de 2015 E a e A loc sfer pare Eclít é m v linh a l i a C n t e i c a a e rm a z a e l , p , q Lin e m- e s e r u e ha l ho s e te , c o é d a s a o rri o c a co l o d o am ns ng p e in te l o d l o h o aç o S o õ e an l s z o , na od on i ac d e ai s . Informativo do GOA #27 Ste ap ger C l l a l i c a d a a rt a ri u a t c e I m, G ivos om o nk I M liv s sca P, res pe KS . ta r s Al inh Ce a em le s a E q te , o z u l é u E s f a d o r p ro l a L i n e ra d a o n g h a Ce Ter am do l e s ra e n E q te . n a to d u a o do r Como usar a Carta Celeste Para boa parte do Brasil, esta carta representa a posição aproximada dos astros no céu nas seguintes datas: 3 Início de Dezembro ~21h Meio de Dezembro ~20h Final de Dezembro ~19h Para entender a carta, posicione-a sobre a cabeça e observe de baixo para cima, lendo as instruções no contorno. A linha azul (o Equador Celeste) representa o limite entre o Hemisferio Celeste Sul e o Hemisfério Celeste Norte, é a projeção da Linha do Equador terrestre no céu. Os nomes dos Astros estão com inicial maiúscula e os das CONSTELAÇÕES em caixa alta. As principais estrelas das contelações ocidentais visíveis nesta carta estão unidas por linhas. A "grande mancha cinza" é a Via Láctea, a nossa galáxia, que infelizmente não conseguimos visualizar das cidades devido à poluição luminosa. Informativo do GOA #27 Dezembro de 2015 The Big... Foto: Google Imagens Cena do filme Hidden Universe, produzido em IMAX 3D, que mostra a Nebulosa Helix no infravermelho. Pare tudo! Enquanto você pode ter usado um bom tempo da sua vi-da tentando responder perguntas existenciais como “Qual a origem da vida?”, “De onde eu vim?” ou similares a essas, seria frustrante se alguém lhe dissesse que talvez o Big Bang nunca existiu? Isso é o que alegam os físicos Dr. Ahmed Farag Ali da Universidade de Benha (Egito) e o Pr. Saurya Das, da Universidade de Lethbridge (Canadá). O termo Big Bang foi criado pelo astrofísico Fred Hoyle de forma a satirizar a teoria, pois acreditava-se que o Universo é um rio que flui sem fim.Essa é a ideia que Ali e Saurya retomam, pois veem que as leis das Física parecem não caber na singularidade do Big Bang. Na tentativa de unir as teorias da mecânica quântica e da relatividade geral, eles concluíram que o Universo tem um tamanho finito e, com isso, pode possuir idade infinita. Outra proposta destes pesquisadores é que grávitons que preenchem o Universo, que apesar de provavelmente não possuírem massa, transmitem gravidade. Eles sugerem que esses grávitons, no Universo mais primitivo, poderiam ter formado um condensado de BoseEinstein (conjunto de partículas que exibem fenômenos quânticos em uma escala macroscópica), e possivelmente esse condensado seria a causa da aceleração da expansão do Universo e também a possível explicação da energia escura. Fonte: IFLSCIENCE / Revista Galileu / globo.com Larissa Marques Mestranda em Engenharia Ambiental-UFES Espadas Espaciais Curiosidade Na animação da Nickelodeon, "Avatar, a lenda de Aang", existe um capítulo chamado "O Mestre do Sokka" (Livro 3, episódio 4), em que o personagem Sokka constrói sua própria espada a partir de um meteorito, caído de uma chuva de meteoros, que ocorreu no início do episódio. A arma, que fica conhecida durante o resto da série como Espada Espacial, tem uma coloração escura característica e permite um corte preciso sem demandar muito esforço. Uma referência que mistura claramente realidade e ficção. 4 Cena do episódio "O Mestre do Sokka". Dentro da série, essa não é a única referência a diferentes culturas. Os autores, Bryan Konietzko e Michael Dante DiMartino, costumam fazer estudos aprofundados para dar base e veracidade à sua criação. Além de história e astronomia, há quatro estilos de artes marciais retratadas na série, que permitem que algumas pessoas controlem os elementos: Shaolin do Norte, para a dominação de fogo; Bagua Zhang para o ar; Tai Chi, para água e Hung Gar para a terra. Cena do episódio "O Mestre do Sokka". Fonte: Mundoavatar.com Dayana Seschini, Estudante de Design e Bolsista do GOA Informativo do GOA #27 Dezembro de 2015 O Homem Velho A contagem de tempo para os tupis-guaranis Foto: AFONSO, Germanp:Mitos e Estações no céu Tupi-Guarani Relógio de sol indígena A observação do céu é uma prática que se estende ao longo dos séculos. Desde os povos pré-históricos até os dias atuais é possível notar a influência astronômica no cotidiano das sociedades. Fenômenos como dia-noite, as estações do ano, os calendários e as fases da Lua podem ser determinados a partir do movimento aparente dos astros. Os indígenas brasileiros também perceberam a influência dos astros em seu cotidiano, onde atividades como caça, pesca, agricultura e coleta poderiam ser determinadas através de mudanças sazonais. Os tupis-guaranis, por exemplo, associam as fases da Lua e as estações do ano com a fauna, a flora e o clima da região que habitam. Para os tupis-guaranis o Sol é o principal regulador da vida na Terra, os pontos cardeais, as estações do ano e o meio-dia-solar são determinados a partir do relógio de Sol vertical, o gnômon. O calendário guarani está ligado à trajetória aparente anual do Sol e é dividido em Tempo Novo e Tempo Velho (ara pyau e ara ymã, respectivamente, em guarani). A constelação que marca o Tempo Novo é a do Homem Velho, que se localiza nos limites das constelações ocidentais do Touro e de Órion. O Homem Velho aparece totalmente ao anoitecer na segunda quinzena do mês de dezembro, isto significa que para os índios que viviam no sul estava chegando o Verão, e para os índios do norte que está chegando a época de chuvas. Quanto a lenda desta constelação, conta o mito que um Homem Velho era casado e sua esposa, uma moça mais jovem, se interessou pelo irmão mais novo do 5 Homem Velho, sem saber que eram parentes. Quando descobriu, a moça planejou matar o marido cortando-lhe a perna para ficar com o irmão mais novo. Nhanderu (divindade indígena) ficou com pena do Homem Velho e o levou ao céu, transformando-o em uma constelação. A estrela Bellatrix fica na virilha do Homem Velho, e a estrela vermelha Beltegeuse representa o lugar em que sua perna foi cortada. O Cinturão de Órion (Três Marias) formado pelas estrelas Mintaka, Alnilam e Alnitak, representa o joelho da perna sadia. A estrela Saiph representa o pé da perna sadia. O braço esquerdo do Homem Velho é constituído por estrelas do escudo de Órion. A comunidade científica pouco sabe do sistema astronômico indígena brasileira que pode se perder em algumas gerações. Esse risco ocorre pelo rápido processo de globalização e pelas dificuldades em documentar, proteger e disseminar os conhecimentos dos índios brasileiros. Esquema da constelação do Homem Velho. Fonte: AFONSO, Germano: As Constelações Indígenas Brasileiras / Mitos e Estações no céu Tupi-Guarani Ana Carolina Frizzera, Estudante de História e Bolsista do GOA / Jonathan Janjacomo, Estudante de Física -UFES Informativo do GOA #27 Dezembro de 2015 Há 81 anos nascia Carl Sagan Carl Edward Sagan (Nova Iorque, 9 de novembro de 1934 — Seattle, 20 de dezembro de 1996) foi um cientista, astrobiólogo, astrônomo, astrofísico, cosmólogo, escritor e um dos maiores divulgadores da ciência de todos os tempos, inspirando toda uma geração de cientistas. Com seu jeito poético e filosofico, tornando suas reflexões ao mesmo tempo belas e dotadas de elementos capazes de despertar uma consciência humanista até com o público não especializado. Foram quase 40 anos dedicados à pesquisa e divulgação científica, que teve início em 1960, mais de 600 publicações científicas e de mais de 20 livros de ciência e ficção científica, ele é conhecido principalmente pela série Cosmos: Uma Viagem Pessoal, que ele mesmo narrou e coescreveu, transmitida na TV durante a década de 1980. Durante toda a vida foi um grande defensor do ceticismo e do uso do método científico. Trabalhou no projeto SETI (sigla em inglês para Search for Extra-terrestrial Intelligence, que significa Busca por Inteligência Extraterrestre) e no envio de mensagens a bordo de sondas espaciais, como o objetivo de informar possíveis civilizações extraterrestres sobre a existência humana. Foi um dos primeiros cientistas a estudar o efeito estufa em escala planetária com observações feitas 6 na atmosfera de Vênus, foi pioneiro no ramo da ciência exobiologia e fundou a organização não-governamental Sociedade Planetária. Sagan passou grande parte da carreira como professor da Universidade Cornell, onde foi diretor do laboratório de estudos planetários e teve o título de doutor em 1960 pela Universidade de Chicago Depois de uma batalha de dois anos com uma rara doença na medula óssea, no dia 20 de setembro de 1996 aos 62 anos, morre de pneumonia. Foto: Google imagens Transformando ciência em entretenimento Se estivesse vivo, completaria na data 09 de novembro, 81 anos. Contudo, o legado de suas obras permanecerá vivo. Nossa homenagem para o homem que deu forma aos sonhos de explorar os mistérios do universo termina com uma citação do próprio Sagan. “Em algum lugar, alguma coisa incrível está esperando para ser conhecida. Referência bibliográfica : Carlsagan.com José Miranda, Estudante de Engenharia e Bolsista do GOA