Informativo do GOA #24 - Junho 201 5 - Departamento de Física - CCE - UFES www.astro.ufes.br Foto: welshdragon.deviantart.com Ilustração de sistema planetário imaginário com potencial de vida. Quando fazemos observações abertas ao público, muitas vezes nos é indagado: "Vocês acreditam que existe vida fora Terra?". Vamos expor alguns números para ajudar a esclarecer o assunto. Nossa galáxia tem aproxidamente 100 bilhões de estrelas. 100 bilhões é também o número aproximado de galáxias no universo observável. Portanto, existe para cada estrela da Via Láctea, uma galáxia inteira lá fora. Fazendo as contas, existem aproximadamente 1022 estrelas no universo. Portanto, há para cada grão de areia na Terra 10.000 estrelas no universo. Sendo bem pessimista há 5% dessas estrelas parecidas com o nosso Sol, isso nos dá 500 quintilhões de estrelas similares ao Sol. Existe um debate sobre a porcentagem de estrelas similares ao Sol que poderiam ser orbitadas por planetas parecidos com a Terra. Alguns cientistas afirmam se tratar de cerca de 50%, mas vamos seguir os conservadores que dizem ser 22% (PNAS [1] ). Isso quer dizer que haveria um planeta similar ao nosso (potencialmente habitável) orbitando pelo menos 1% do total de estrelas do universo. Ou seja, um total de 100 bilhões de bilhões de planetas com boas condições para o surgimento da vida. Logo, existem aproximadamente 100 planetas parecidos com a Terra para cada grão de areia do mundo. Imaginamos que depois de bilhões de anos de existência, apenas 1% dos planetas parecidos com o nosso tenha de fato desenvolvido a vida. Sendo esse o caso, cada grão de areia representaria um planeta com vida. Feliz Solstício de Inverno! Pág. 2 Carta Celeste Pág.3 Agora imagine que apenas 1% desses planetas avance até o nível da vida inteligente, como aconteceu na Terra. Isso quer dizer, que teríamos 10 quatrilhões de civilizações inteligentes no universo observável. O estranho é que o nosso Sol é relativamente jovem comparado ao Universo. Existem estrelas muito mais velhas, com planetas muito mais velhos e semelhantes à Terra, o que, em teoria, representa civilizações muito mais avançadas que a nossa. Vamos comparar nossa Terra de 4,5 bilhões de anos, aproximadamente, com um hipotético planeta J, com seus 8 bilhões de anos. Se o planeta J tiver uma história similar a da Terra, hoje, o Planeta J estaria a 3,5 bilhões de anos de desenvolvimento além do que temos hoje. Continua Pág 5. Efemérides Astronômicas Pág. 2 A Lua é maior no Horizonte? Pág. 6 Informativo do GOA #24 Junho de 2015 Feliz Solstício de Inverno! Expediente Lua Foto: Stellarium/ Equipe GOA Esse mês é marcado pelo início do Inverno. Ou melhor, o Solstício de Inverno acontece dia 21, às 13h36. É neste instante que o Sol se encontra mais inclinado ao Norte. Momento em que temos as maiores sombras ao meio dia local. Um dia antes do Solstício, dia 20, teremos uma bela conjunção: Júpiter, Vênus e a Lua formarão um triângulo retângulo ao anoitecer, no lado Oeste (foto). Do outro lado do céu temos o planeta Saturno, que no dia 29 estará a menos de 2º (dois graus) da Lua. Este é também um bom momento para se observar diversos aglomerados. Entre eles, a Caixinha de Jóias, no Cruzeiro do Sul e a Borboleta, no Escorpião. Aliás, aglomerados é o que não faltam no Escorpião e no Sagitário, região central da Via Láctea. Até Júpiter Vênus Conjunção de Lua, Júpiter e Vênus, que acontecerá dia 20 de junho galáxias, como o Sobreiro, estarão no alto do céu ao anoitecer. Para Celebrar a data o GOA realizará no dia 21 de junho a "Festa do Solstício", no Parque Pedra da Cebola. Contaremos com Observação Solar, Marcação do Gnômon e boa música. Entrada franca. Boas observações! Equipe GOA Efemérides Astronômicas Equipe GOA- Bolsistas: José Miranda, Ana Carolina Frizera e Dayana Seschini. Voluntários: Arthur Canuto. Diagramação: Dayana Seschini. Coordenação: Márcio Malacarne. Textos e projeto gráfico: Equipe GOA. Revisão: Equipe GOA. Contatos: (27) 4009 7664 www.astro.ufes.br / [email protected] [email protected] Av. F. Ferrari, 514, Cep 29075910, VitóriaES. Este impresso foi criado usando programas livres: Debian Linux, Gimp, Stellarium, Scribus, Inkscape, OpenOffice, KStars. Tiragem: 2000 cópias. * Direito de Compartilhar e Adaptar sob a mesma licença (CC BY-NC-SA 2.5 BR) 2 FONTE: Almanaque Astronômico 2015 - CEAMIG e Stellarium. Informativo do GOA #24 Junho de 2015 Como usar a Carta Celeste Para boa parte do Brasil, esta carta representa a posição aproximada dos astros no céu nas seguintes datas: Início de Junho ~21h Meio de Junho ~20h Final de Junho ~19h Para entender a carta, posicione-a sobre a cabeça e observe de baixo para cima, lendo as instruções no contorno. A linha azul (o Equador Celeste) representa o limite entre o Hemisferio Celeste Sul e o Hemisfério Celeste Norte, é a projeção da Linha do Equador terrestre no céu. Os nomes dos Astros estão com inicial maiúscula e os das CONSTELAÇÕES em caixa alta. As principais estrelas das contelações ocidentais visíveis nesta carta estão unidas por linhas. A "grande mancha azul" é a Via Láctea, a nossa galáxia, que infelizmente não conseguimos visualizar das cidades devido à poluição luminosa. 3 4 Informativo do GOA #24 Junho de 2015 Cadê todo mundo? O Grande Silêncio Continuação Se a civilização do nosso hipotético planeta J (com 3,4 bilhões de anos a nossa frente) for similar à nossa, sendo capaz de sobreviver até chegar no Tipo III (veja quadro abaixo), podemos pensar que provavelmente já dominaram a viagem interestelar ou até mesmo colonizaram toda a galáxia. Diante desses dados vemos que somos seres muito pequenos e que nossa existência é de uns três segundos se comparada a do Universo. Se considerarmos esse tipo de vertente, veremos que é um pensamento muito egoísta achar que estamos totalmente sozinhos no Universo. Fontes :[1 ] http://www.pnas.org/ [2] www.princeton.edu Foto de Galáxias obtida pelo Telescópio Espacial Hubble mantendo a câmera aberta por 1 0 dias em uma região aparentemente sem estrelas do céu. Tirinha José Miranda Estudantes de Engenharia da Computação e bolsista do GOA Com base na Escala Kardashev[2] foram agrupados três grandes categorias de civilizações inteligentes: Uma Civilização Tipo I tem a habilidade de usar toda a energia de seu planeta. Nós não somos exatamente uma Civilização Tipo I, mas estamos perto (Carl Sagan criou uma fórmula para essa escala que nos coloca como uma Civilização Tipo 0,7); Uma Civilização Tipo II pode colher toda a energia de seu sistema solar. Uma Civilização Tipo III ultrapassa fácil as outras duas, acessando poder comparável ao da Via Láctea inteira. 5 Informativo do GOA #24 Junho de 2015 Por que a Lua parece maior no horizonte? 6 Foto: oversodoinverso.com.br Olhar a Lua ou o Sol nascendo é um espetáculo belíssimo. Os astros enormes, imponentes. No entanto, o gigantesco tamanho desses astros no horizonte é apenas uma ilusão de ótica, que ninguém sabe explicar exatamente seu motivo. Durante muito tempo, tem-se estudado esse fenômeno e frequentemente surge uma nova teoria, rapidamente descartada ou vista com reservas. Na era pré-fotografia, especulavase que esse fenômeno era provocado pela passagem da luz pelas densas camadas da atmosfera acumuladas no horizonte, que agiriam como lentes, ampliando o tamanho do Sol e da Lua. Essa teoria permaneceu viva por muito tempo, até que as primeiras fotos mostraram que essa afirmação era um engano. Ao se tirar diversas fotos espaçadas por alguns minutos, o tamanho do astro era invariavelmente o mesmo. Na verdade, ao se medir os discos do Sol ou da Lua com instrumentos de precisão, eles parecerão menores quando estão próximos ao horizonte. Afinal, qualquer objeto celeste sempre estará maior quanto mais próximo estiver de nós, ou seja, quanto mais acima de nossa cabeça (zênite). Uma explicação foi proposta pelo psicólogo italiano Mario Ponzo (1882–1960), que sugeriu que a mente humana julga o tamanho dos objetos baseados no plano de fundo. Segundo essa teoria, nossa mente interpreta como menor um objeto situado mais próximo e maior um mais distante. Para provar sua teoria, Ponzo propôs um desenho similar aos trilhos de uma estrada de ferro, com duas barras de tamanhos idênticos O fotógrafo francês Laurent Laveder aproxima a Lua das pessoas através da fotografia . desenhadas transversalmente sobre os trilhos. Como resultado, a barra superior parece maior, pois o cérebro a interpreta como mais distante, enquanto a inferior é interpretada como mais próxima e, por isso, vista como menor (Fig 1). Fig 1 . Baseado nas ideais de Ponzo foi proposta a teoria do "Achatamento da Abóbada Celeste", explicada abaixo pelo grande astrônomo brasileiro, Ronaldo Mourão: "Segundo o ponto de vista da psicologia, o fundo do céu tem papel fundamental nesta ilusão, pois a nossa impressão é de que a abóbada celeste não é uma semiesfera, mas uma calota achatada que se estende em ângulo agudo até o ho- rizonte. Essa ilusão é tão real que o próprio azul, as nuvens e as estrelas parecem incrustados na abóbada celeste, como que colados num gigantesco teto. A razão dessa impressão provém do fato de não existir nenhuma referência que nos permita estimar distâncias quando olhamos para cima de nossas cabeças. O que não ocorre, porém, quando olhamos para o horizonte, porque nossos olhos contemplam os campos, bosques, montanhas, prédios, colinas e uma série de objetos que nos permite comparações e impressão de distâncias. Dessa forma, o céu no horizonte nos parece muito mais afastado do que no zênite." Até agora, a Teoria de Ponzo é a mais aceita no meio acadêmico, mas por ser altamente subjetiva e praticamente impossível de ser quantizada, a falta de provas concretas a mantêm no rol das propostas possíveis. Fontes: Apollo 1 1 .com e gaea-rubens.blogspot.com.br Dayana Seschini, estudante de design e bolsista do GOA