Dezembro

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Pró-Reitoria de Graduação
Pró-Reitoria de Extensão
Carta Econômica
Informativo do Curso de Ciências Econômicas
SEÇÕES
Inflação
Mercado de
trabalho
4
Finanças
públicas
5
Ano XVI, no 4 - dezembro de 2010
Comércio
exterior
7
Mercado
financeiro
O que mudou na Gestão das Finanças Pessoais com a Estabilidade Econômica?
Sandro Soares de Souza*
Quando da deflagração do Processo de Substituição de Importações (PSI)
no Brasil, lá pelos anos de 1930, diversas gerações de brasileiros passaram a conviver
com uma aceleração das taxas de inflação. Esse fenômeno inflacionário agravouse fortemente entre os anos 1970-1990, motivado especialmente pelas crises do
petróleo, das dívidas interna e externa e os conhecidos choques heterodoxos da
Gráfico 2. IGP-DI - Índice Geral de Preços – Disponibilidade
Interna – 1994 a 2009
década de 1980. Essa aceleração da inflação provocou uma adaptação na forma do
brasileiro gerir suas finanças pessoais, que era baseada no gasto quase que imediato
do salário quando do seu recebimento, de maneira a obter a maior utilidade possível
na renda.
Como pode ser observado no Gráfico 1, os preços variavam muito durante
o mês, especialmente entre os anos 1980-1994, obrigando o brasileiro a adotar como
prática o gasto da sua renda o mais rapidamente possível, de maneira a minimizar os
efeitos do imposto inflacionário sobre a sua renda.
Entretanto, como passar esses ensinamentos para os filhos, se os pais ainda
não tinham convivido com períodos tão longos de estabilidade monetária? Como
Gráfico 1. IGP-DI - Índice Geral de Preços – Disponibilidade
deveríamos administrar nosso dinheiro em um ambiente de inflação baixa? Aliás,
Interna – 1980 a 1994
inflação baixa era um fenômeno desconhecido para muitas gerações, pois os raros
momentos de acomodação de preços eram obtidos graças a choques heterodoxos,
com efeitos de curtíssima duração. Consequentemente, a ineficácia dos choques
heterodoxos da década de 1980 acabou por estimular as famílias a antecipar o
consumo via crédito, comprometendo assim a formação de poupança interna, tão
importante para a geração de riqueza e crescimento econômico.
Dentro dessa perspectiva e sem os ensinamentos passados de pais
para filhos, vimos diversas famílias tomarem o caminho do descontrole financeiro,
aumentando suas dívidas e, em alguns casos, não honrando seus contratos de
crédito. Essa inadimplência gera um círculo vicioso, pois acaba encarecendo o
custo do dinheiro via elevação dos spreads bancários, tornando a antecipação do
consumo via crédito demasiadamente elevada, o que proporciona também uma forte
Para que se tenha uma ideia da ferocidade da inflação, em março de 1990,
tivemos uma inflação de 81,32%, fechando o ano em inacreditáveis 1.476,71%.
Para que possamos visualizar esse efeito perverso na renda mensal, imagine um
trabalhador recebendo hoje R$ 100,00 e que tenha guardado esse recurso em sua
carteira. Ao final do mês, o poder de compra dessa soma equivaleria a R$ 55,00,
destruindo nada menos que 45% da sua renda em um único mês. Diante disso, a
única certeza que um trabalhador tinha é que não poderia guardar dinheiro pensando
no futuro, pois o “monstro da inflação” somente lhe permitia pensar no presente.
Todavia, com a estabilidade financeira Pós-Plano Real, conquistada a partir
transferência de renda das famílias para o setor financeiro. Essa cultura de antecipação
de consumo a qualquer preço acaba dificultando a geração de poupança interna,
que é fundamental para financiar projetos de longa maturação e, consequentemente,
o desenvolvimento sustentado do país. Como consequência dessa baixa taxa de
poupança, o Brasil acaba recorrendo à poupança externa (déficits em transações
correntes), o que dificulta o equilíbrio do balanço de pagamentos ( Tabela 1).
Tabela 1. Transações correntes - Saldo - US$ (milhões) - BCB
Boletim/BP - BPN_STC
de 1994, o brasileiro deveria se acostumar a uma nova maneira de gerir suas finanças
pessoais, pois o “monstro da inflação”, que chegou a atingir um pico de 2.708,17%
em 1993, finalmente foi domado, conforme demonstrado no Gráfico 2.
* Graduando do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de Brasília – UCB.
2
h�p://www.ucb.br/economia – www.economia.ucb.br
Uma maneira eficiente de se promover mudanças na forma de gerir as finanças
Essas mudanças na forma de gerir as finanças pessoais em um ambiente
pessoais do brasileiro é investir pesadamente em educação financeira, de forma a
de estabilidade monetária são fundamentais para o país, criando condições para a
compensar a falta de orientação que, em tese, deveria ter sido obrigação de nossos
geração de maiores níveis de poupança interna. Além disso, com uma boa educação
pais e professores. Ensinar as crianças conceitos como planejamento financeiro,
financeira, as gerações futuras alcançariam melhores condições para terem
orçamento doméstico, poupança, entre outros, são elementos fundamentais para a
estabilidade financeira, sem precisar recorrer tanto aos empréstimos bancários.
diminuição da dependência do crédito bancário, cujos spreads elevados praticados
A redução dessa demanda por empréstimos também serviria para reduzir o preço
no Brasil acabam contribuindo para o descontrole dos orçamentos domésticos.
desses serviços – a taxa de juros ao consumidor.
INFLAÇÃO
Rômulo Oliveira Bittencourt*
José Ângelo Divino**
Brasil: comportamento dos preços ao consumidor em 2010
Em 2010, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA – IBGE,
acusou, em âmbito nacional, uma redução no nível geral de preços nos primeiros sete
meses do ano, chegando no patamar de – 0,01% em junho e julho, o menor valor
durante o ano. Entretanto, o índice geral voltou a acusar uma reação dos preços em
agosto e, com exceção do mês de novembro, não parou de subir (Gráfico 1).
(9,78%), Vestuário (7,48%), Despesas Pessoais (7,37%) e Educação (6,21%)
(Gráfico 3).
em 2010
0 ,8 2
0 ,7 7
até dezembro de 2010 que merecem destaque são os grupos Alimentação e Bebidas
Gráfico 3. Percentual acumulado do IPCA por grupos de despesas
Gráfico 1. Variação Percentual Mensal do IPCA
0 ,7 3
No que concerne aos nove grupos que compõem o IPCA, as variações acumuladas
0 ,8 1
0 ,7 4
9.Comunicação
0 ,6 3
0 ,5 7
0 ,5 2
0,88
8.Educação
6,21
7.Despesas pessoais
0 ,4 4
0 ,4 2
7,37
6.Saúde e cuidados pessoais
5.Transportes
5,07
2,41
4.Vestuário
3.Artigos de residência
7,48
3,53
2.Habitação
0 ,0 1
5
9,78
11
ja
n/
10
10
z/
de
0
no
v/
t /1
0
ou
/1
10
se
t
ju
l /1
0
-0 ,0 1
ag
o/
10
0
/1
n/
ju
0
r /1
ai
m
0
/1
ar
ab
10
v/
m
fe
ja
n/
10
-0 ,0 1
1.Alimentação e bebidas
Fonte: IBGE
A inflação verificada na segunda metade de 2010 acelerou sobremaneira
o índice que, acumulado, ultrapassou a meta central estabelecida pelo BACEN, de
4,5% para todo o ano, chegando a 5,78% em dezembro de 2010 (Gráfico 2). Como
consequência, o BACEN, no final do ano, elevou a projeção da inflação oficial em
2011 para 5,9% e, em 2012, para 4,8%. Ademais, O COPOM decidiu elevar a taxa
básica de juros, SELIC, de 10,75 % para 11,25%, na tentativa de manter a inflação
dentro da trajetória de metas.
O grupo Alimentação e Bebidas (9,78%), no acumulado do ano, teve como
causa as oscilações nos preços da carne, com uma variação de 29,25%, cereais
(17,86%), Açúcar e Derivados (15,77%) e Leites e Derivados (11,33%). Destaque-se
Alimentação Fora de Domicílio, com uma variação acumulada de 9,81%. O grupo
Vestuário (7,48%) teve impulso com as compras no final de ano, destacando os
itens Roupas (6,91%) no acumulado no ano. O grupo despesa pessoais (7,37%)
foi impulsionado, em 2010, por serviços de Empregado Doméstico e de Costureira:
11,82% e 11,77%, respectivamente. No grupo Educação (6,21%), destacam-se os
gastos decorrentes com o Ensino Médio.
O comportamento dos preços em 2010, especialmente na segunda metade do
período, reflete nas expectativas inflacionárias para os primeiros meses de 2011. Em
Gráfico 2. Percentual acumulado do IPCA em 2010
decorrência, o Governo tem procurado diminuir seu ímpeto ao utilizar instrumentos
clássicos de controle da demanda, haja vista o aumento na taxa básica de juros,
SELIC, em 0,5%, e a proposta de redução do gasto público no valor de R$50
bilhões. Resta saber se esta é a dose e o tempo certos para esses velhos remédios
Carta Econômica –– Ano
Ano XVI,
XVI,nº
nº44 –– Dezembro
Dezembro de
de 2010
Carta
5 ,7 8
5 ,1 2
4 ,2 7
Referências Bibliográficas
BRASIL. Banco Central do Brasil (BACEN). Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>.
3 ,5
3 ,0 5
3 ,0 4
3 ,0 3
3 ,0 4
Acesso em: 16 fev. 2011.
2 ,6 1
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Disponível em: <http://
2 ,0 3
1 ,5 1
www.ibge.gov.br>. Acesso em: 16 fev. 2011.
BRASIL. Ministério da Fazenda (MF). Disponível em: <http://www.fazenda.gov.br>.
0 ,7 3
jan/10
funcionarem.
fev/10
m ar/10
abr/10
m ai/10
jun/10
jul/10
ago/10 s et/10
out/10
nov/10 dez /10
Acesso em: 16 fev. 2011.
Fonte: IBGE
*Graduando do Curso de Ciências Econômicas da UCB.
** Professor do Curso de Ciências Econômicas da UCB.
h�p://www.ucb.br/economia – www.economia.ucb.br
Mercado de Trabalho
3
Amairte Benevenuto*
Emprego e desemprego no Distrito Federal: uma retrospectiva
Em 2010, foram criados 49 mil postos de trabalho no Distrito Federal, fazendo
com que a população ocupada alcançasse o total de 1,21 milhão de pessoas, 4,2%
Tabela 2. Distrito Federal – Taxas de Desemprego por Tipo e por
Grupo de Regiões Administrativas. Período: 2007-2010. (%)
mais que no ano anterior, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego no DF no
ano 2010, resultante do convênio SETRAB-GDF, SEADE-SP e DIEESE. Os setores
que mais criaram postos de trabalho nesse ano foram: Construção Civil (+13,6%),
Indústria (+8,9%) e Serviços (+4,3%).
Quanto à natureza da ocupação, em 2010, destaca-se o trabalho assalariado,
com crescimento de 7,4%, puxado basicamente pelo setor privado (+9,0%). Neste,
o número de trabalhadores com carteira assinada cresceu 10,4% e os sem carteira
cresceu 3,1%. O trabalho assalariado no setor público expandiu 4,2%, taxa igual
à do crescimento da população ocupada em todo o DF. Experimentaram queda na
ocupação o número de trabalhadores autônomos (-5,7%) e o número de empregados
domésticos (-4,0%).
Contribui para esses resultados a tendência de queda ininterrupta da taxa
de desemprego total no Distrito Federal, observada nos últimos sete anos. Em 2003,
ela havia atingido 22,9% e, em 2010, caiu para 13,6%. A Tabela 1 mostra essa
evolução, bem como o comportamento da População Economicamente Ativa (PEA)
e da População Ocupada. A expansão maior desta que aquela acarretou a redução
verificada no nível de desemprego.
2007
2008
2009
2010
_________________________________________
17,7
16,6
15,8
13,6
Total:
Aberto
11,5
10,8
10,6
9,3
Oculto
6,1
5,7
5,3
4,4
Grupo 1
9,0
9,2
8,7
7,4
Grupo 2
16,1
14,7
14,5
11,5
Grupo 3
21,3
19,9
18,5
16,7
Regiões:
Fonte: Convênio DIEESE / SEADE-SP / SETRAB-GDF. Elaboração própria.
Obs.: Grupo 1: Regiões Administrativas de renda mais alta (Brasília, Lago Sul e Lago Norte); Grupo
2: Regiões Administrativas de renda intermediária ( Gama, Taguatinga, Sobradinho, Planaltina, Núcleo
Bandeirante, Guará, Cruzeiro, Candangolândia e Riacho Fundo); Grupo 3: Regiões Administrativas de
renda mais baixa (Brazlândia, Ceilândia, Samambaia, Paranoá, São Sebastião, Santa Maria e Recanto
das Emas).
A queda do desemprego também se deu de maneira uniforme quanto aos
Tabela 1. Distrito Federal – Variação Anual da População
Economicamente Ativa, da População Ocupada e da Taxa de
atributos pessoais: sexo, cor da pele e faixa etária, exceto, quanto a esta, a faixa de 10
Desemprego. Período: 2000-2010. (%)
a 17 anos, para a qual o desemprego não apresentou tendência definida (Tabela 3).
POPULAÇÃO
DESEMPREGO
OCUPADA
ANO
PEA
2000
4,4
6,9
20,2
2001
4,0
3,6
20,5
2002
5,4
5,1
20,7
2003
3,4
0,6
22,9
2004
3,3
5,9
20,9
2005
3,4
5,9
19,0
2006
3,5
3,7
18,8
2007
3,0
4,4
17,7
2008
4,6
6,1
2009
2,8
2010
1,6
Tabela 3. Distrito Federal – Taxas de Desemprego Segundo
Atributos Pessoais. Período: 2007-2010. (%)
2007
2008
2009
2010
_________________________________________
17,7
16,6
15,8
13,6
Homens
14,7
13,4
13,0
10,7
Mulheres
20,7
19,8
18,8
16,7
10 a 17 anos
63,4
63,8
65,5
64,9
16,6
18 a 24 anos
30,9
29,5
28,5
24,7
3,6
15,8
25 a 39 anos
14,4
13,6
13,0
11,1
4,3
13,6
40 anos ou mais
7,8
6,9
6,3
4,9
Negra
19,0
17,8
16,9
14,4
Não negra
15,3
14,7
13,7
11,9
Fonte: PED-DF, Convênio SETRAB-GDF, SEADE-SP e DIEESE.
Elaboração própria.
tanto no desemprego aberto quanto no oculto e em todos os grupos de regiões
administrativas, classificadas segundo o nível de renda per capita (Tabela 2).
Faixa Etária:
Cor da pele:
Fonte: Convênio DIEESE / SEADE-SP / TEM – FAT / SETRAB-GDF. Elaboração
própria.
Referência Bibliográfica
BRASIL. Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(DIEESE). Disponível em: <http://www.dieese.org.br>. Acesso em: 2 mar. 2011.
*Professor do Curso de Ciências Econômicas da UCB.
CartaCarta
Econômica
– Ano
XVI, XVI,
nº 4 nº
– Dezembro
de 2010
Econômica
– Ano
4 – Dezembro
de 2010
A queda do desemprego nos últimos anos tem ocorrido de forma abrangente,
Total:
4
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Finanças Públicas Sandro Soares de Souza*
O legado do Governo Lula para as Contas Públicas
No início de seu mandato, em 2002, o governo do presidente Lula vinha
um competente ex-banqueiro de renome internacional, à frente do Banco Central,
cercado de grandes desconfianças, motivadas principalmente pelo discurso radical
e um político moderado, Antonio Palocci, à frente do Ministério da Fazenda, dando
promovido por seus partidários contra as regras do mercado e, sobretudo, contra
continuidade, em sua essência, à política econômica implementada pelo Governo
toda e qualquer interferência ideológica externa no que diz respeito ao controle
Fernando Henrique Cardoso, que estava baseada no câmbio flexível, metas fiscais
dos gastos públicos e das dívidas interna e externa. Os discursos proferidos pelo
e de inflação. Não obstante o inegável sucesso do presidente Lula, com índices de
então candidato Lula antes da campanha presidencial de 2001 estavam sempre
aprovação no final do mandato girando na casa dos 80%, um grande desafio merece
baseados na questão da necessidade de auditoria dos contratos de empréstimos
atenção especial para os responsáveis pela equipe econômica do atual Governo
internacionais e nacionais, o que causava grande rejeição do seu nome por parte da
Dilma Roussef: o desequilíbrio das contas públicas brasileiras.
comunidade financeira internacional, o que de certa forma repercutia internamente
nas eleições majoritárias do Brasil. Todavia, com uma eficaz política de alianças e
R$ 881,1 bilhões, representando cerca de 53,3% do PIB daquela época. A meta de
a atualização e modernização do discurso do então candidato, sobretudo na “Carta
superávit primário acertada com o Fundo Monetário Internacional (FMI) era de 3,88%
ao Povo Brasileiro”, finalmente o Partido dos Trabalhadores consegue conquistar a
do PIB, insuficientes para manter sob controle o crescimento da dívida líquida do
Presidência da República, promovendo um ex-metalúrgico ao cargo mais importante
setor público. Um dos primeiros atos da equipe econômica desse Governo foi ampliar
do Brasil.
a meta do superávit primário, passando para 4,25% do PIB e a elevação dos juros
Inicialmente, a dívida líquida do setor público no Governo Lula era de
Dentro dessa perspectiva, o Governo Lula teve início em 2002 com um
nominais, que chegaram ao patamar de 26,5% a.a. ao final do segundo ciclo de alta
grande desafio: controlar a inflação, que havia atingido o patamar de 12% a.a. em
da taxa SELIC. Conforme essas medidas iam fazendo efeito na inflação, o Governo
2002 – valor mais elevado desde 1995 – bem como demonstrar para a comunidade
Lula foi conquistando, aos poucos, o respeito do mercado, interferindo positivamente
econômica nacional e internacional que os compromissos assumidos na “Carta ao
nas expectativas do mercado. Conforme pode ser demonstrado na Tabela 1, ao final
Povo Brasileiro” não eram apenas um discurso para ganhar a campanha. O presidente
do primeiro mandato, boa parte dos objetivos fiscais havia sido atingida, com queda
Lula nomeou uma equipe econômica bastante ortodoxa, com Henrique Meireles,
da inflação – que chegou a ficar abaixo do centro da meta – e da taxa SELIC.
Tabela 1. Dados Macroeconômicos do Brasil – 2001 a 2006
Ano
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Inflação
(IPCA)
7,67
12,53
9,30
7,60
5,69
3,14
Meta de Inflação*
Taxa SELIC
(média a.a.)
4,0 (2 - 6)
3,5 (1,5 - 5,5)
3,25 (1,5 – 6,5)
5,5 (3 – 8)
4,5 (2 – 7)
4,5 (2,5 – 6,5)
17,317389
19,173058
23,345452
16,246292
19,049811
15,076799
Relação Dívida/
PIB
(% - final do
período)
52,02
60,38
54,83
50,61
48,44
47,27
Superávit
Primário Total
(% do PIB)
Crescimento
do PIB (%)
3,7
4,1
4,25
2,5
2,5
2,1
1,3
2,7
1,1
5,7
3,2
4,0
* Centro da meta, final do ano. Entre parênteses, intervalo de flutuação.
Fonte: IPEADATA, IBGE, BACEN e Ministério da Fazenda
Entretanto, como os escândalos políticos ocorridos entre 2004 e
respaldados principalmente em fontes estatais de financiamento. Isso repercutiu
2005 ameaçaram o Governo Lula, que reagiu fortemente com uma política
fortemente na dívida líquida do setor público, que passou a ter um crescimento
desenvolvimentista baseada na expansão dos gastos públicos. Grandes projetos,
acelerado, especialmente após o início do segundo mandato do presidente Lula, em
como o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) começaram a sair do papel,
2007, conforme pode ser observado na Tabela 2.
Tabela 2. Dados Macroeconômicos do Brasil – 2007 a 2010
2007
4,46
4,5 (2,5 – 6,5)
11,875936
Relação Dívida/
PIB
(% - final do
período)
45,53
2008
5,90
4,5 (2,5 – 6,5)
12,481407
38,53
2,4
5,2
2009
4,31
4,5 (2,5 – 6,5)
9,929674
42,78
1,2
-0,6
2010
5,91
4,5 (2,5 – 6,5)
9,776913
ND
2,2
ND
Carta Econômica –– Ano
Ano XVI,
XVI,nº
nº44 –– Dezembro
Dezembro de
de 2010
Carta
Ano
Inflação
(IPCA)
Meta de Inflação*
Taxa SELIC
(média a.a.)
Superávit
Primário Total
(% do PIB)
Crescimento
do PIB (%)
2,2
6,1
* Centro da meta, final do ano. Entre parênteses, intervalo de flutuação.
Fonte: IPEADATA, IBGE, BACEN e Ministério da Fazenda
É importante ressaltar que, a partir de 2005, o Governo quitou a dívida
metas fiscais. No entanto, percebemos na Tabela 3 que a crise de 2008 acabou por
junto ao FMI, ficando desobrigado de cumprir as metas impostas por esse órgão
sepultar essa reputação, diminuindo assim a eficácia da política fiscal do Governo,
multilateral, todavia, visando manter a boa reputação fiscal conquistada ao longo do
alterando para cima a trajetória da relação dívida/PIB.
primeiro mandato, passou a indicar na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) as suas
* Graduando do Curso de Ciências Econômicas da UCB.
h�p://www.ucb.br/economia – www.economia.ucb.br
5
Tabela 3. Dívida Pública Mobiliária Federal (DPMF)
Ano
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Dívida Líquida do Setor
Público (deflator: IPCA)
1.133.445,0435
1.315.896,6385
1.263.596,0095
1.236.262,9926
1.233.149,6047
1.285.960,2628
1.327.893,7378
1.204.988,5547
1.345.325,0110
1.475.820,0000
Meta do
Superávit
Primário (% PIB)*
3,50
3,88
4,25
4,25
4,25
4,25
3,8
3,8
2,5
3,1
*Definido na LDO a partir de 2006, com validade para 3 anos
** Déficit (+), Superávit (-)
***Divulgado pelo portal g1.com
Superávit
Primário Total (%
PIB)**
-3,64
-3,89
-4,32
-2,50
-2,50
-3,20
-3,31
-3,42
-2,03
-2,78***
Superávit
Primário Governo
Central (%PIB)
-1,69
-2,16
-2,28
-2,70
-2,60
-2,17
-2,23
-2,35
-1,33
ND
Resultado Nominal
Governo Central (%
PIB)**
1,94
0,68
3,66
1,39
3,41
3,14
2,24
0,82
3,37
ND
Fonte: IPEADATA, Banco Central e Secretaria do Tesouro Nacional
Outro dado interessante que aparece na Tabela 3 é o que está contido nas
de Necessidades de Financiamento do Setor Público (NFSP) estritamente nula. Uma vez
colunas “Meta de Superávit Primário” e “Superávit Primário Governo Central”: a partir de
atingida essa situação, a relação dívida/PIB cairia rapidamente, pois, para um numerador
2006, o Governo Central adotou uma política menos rígida em relação aos gastos públicos,
estável, o denominador aumentaria pela combinação de crescimento real e de alguma inflação
diminuindo tanto a meta quanto o superávit primário, culminando com um resultado em 2010
remanescente. Com isso, defendem Pinheiro e Giambiagi, a carga de juros seria declinante e
abaixo da meta estabelecida na LDO. Com isso, mesmo com o forte crescimento do PIB,
o espaço criado por isso seria utilizado para relaxar o resultado primário, uma vez que a meta
verificado nos últimos anos, percebe-se um crescimento da relação dívida/PIB, em virtude da
de política se deslocasse do resultado primário para a observação de um déficit nominal nulo.
velocidade de crescimento da dívida líquida do setor público, o que certamente aumentará
A menor despesa com juros “premiaria” a sociedade pelo esforço prévio com uma redução do
as despesas com juros da dívida do Tesouro Nacional, diminuindo assim a capacidade de
superávit primário, viabilizando uma redução dos impostos e/ou aumento do gasto.
investimento do Estado.
Dentro dessa perspectiva, com sua reputação fiscal restabelecida e gastos públicos
Considerando os últimos resultados fiscais, seria desejável que a nova
organizados, o Brasil poderia finalmente dar o grande salto rumo ao desenvolvimento
administração do País viesse a implementar medidas destinadas a atingir não apenas
sustentável, ampliando investimentos na educação, segurança e infraestrutura, de maneira
resultados fiscais primários elevados, mas resultados nominais crescentes, de maneira a
a sustentar o desenvolvimento em patamares acima dos 4%, evitando os famosos “voos de
reduzir o déficit nominal para valores próximos de zero. Com isso, haveria um decréscimo
galinha”, tão conhecidos da década de 1980.
da relação dívida/PIB, redução das taxas de juros reais praticadas tanto pelo governo quanto
pela iniciativa privada, bem como melhoraria o grau de competitividade da indústria brasileira,
Referência Bibliográfica
que passaria a conviver com níveis de juros em patamares internacionais, iguais aos
PINHEIRO, A. C. e GIAMBIAGI, F. Rompendo o Marasmo: a retomada do
praticados nos países de seus concorrentes. Armando Castelar Pinheiro e Fábio Giambiagi
desenvolvimento no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
(2006) defendem o “zeramento” do déficit público nominal consolidado, ou seja, ter uma meta
COMÉRCIO EXTERIOR
Bruno de Paula Moraes*
Tito Belchior S. Moreira**
Desempenho Comercial Brasileiro – Retrospectiva 2010
O resultado do desempenho comercial brasileiro se mostrou positivo no
As projeções divulgadas pelo governo para o ano de 2011 mostram certo
ano de 2010. As exportações se recuperaram e ultrapassaram os níveis pré-crise.
otimismo. A previsão é de que as exportações brasileiras obtenham um crescimento
O crescimento em relação ao ano de 2008 foi de 2%. Pelo lado das importações,
de 13% sobre o ano de 2010, atingindo o valor de US$ 228 bilhões.
o crescimento foi maior em relação a 2008, cerca de 5%. Comparando com o ano
de 2009, os valores se mostram mais elásticos. As exportações e importações
apresentaram crescimentos de aproximadamente 32% e 42% respectivamente.
*Graduando do Curso de Ciências Econômicas da UCB.
**Professor do Curso de Ciências Econômicas da UCB.
CartaCarta
Econômica
– Ano
XVI, XVI,
nº 4 nº
– Dezembro
de 2010
Econômica
– Ano
4 – Dezembro
de 2010
Fonte: Mdic/Secex. Elaboração Própria.
6
h�p://www.ucb.br/economia – www.economia.ucb.br
As exportações em 2010 mantiveram o padrão dos anos antecessores
no que se refere à classe agregada dos produtos. A pauta brasileira se torna cada
vez mais concentrada em produtos básicos. Nos últimos seis anos, a participação
dos bens classificados como básicos só aumentou. Essa participação, que era de
29,3% em 2005, saltou para 44,6% em 2010, um aumento de mais de 15 pontos
percentuais.
Fonte: Mdic/Secex. Elaboração Própria.
O crescimento das importações chinesas provenientes do Brasil chegou a
46,6% em relação ao ano de 2009. Os argentinos também obtiveram um crescimento nas
importações de produtos brasileiros, aproximadamente 45%. Mas o destaque mesmo fica por
conta de dois países com menos peso na pauta brasileira, o Japão e o Chile, que registraram
aumento na importação de produtos brasileiros de 67% e 60%, respectivamente.
Mesmo com market-share abaixo de 4%, esses resultados são
importantes e mostram que esses países podem ser grandes parceiros comerciais.
Fonte: Mdic/Secex. Elaboração Própria.
Exportações Brasileiras - Principais destinos
Exportação 2010
Exportação 2009
US$ Milhões
US$ Milhões
Part.%
Part.%
FOB
FOB
Os principais produtos da pauta de exportação brasileira são minérios de
ferro, petróleo bruto, soja, açúcar, carne e café, entre outros. Os 10 produtos com
maior participação nas exportações são responsáveis por quase a metade de tudo
que o Brasil exporta.
Var.%
China
30.786
15,25
21.004
13,73
46,57
EUA
19.307
9,56
15.602
10,2
23,75
Argentina
18.523
9,17
12.785
8,36
44,88
Holanda
10.228
5,07
8.150
5,33
25,49
Alemanha
8.138
4,03
6.175
4,04
31,8
Japão
7.141
3,54
4.270
2,79
67,24
Reino Unido
4.635
2,30
3.727
2,44
24,37
Chile
4.258
2,11
2.657
1,74
60,28
Itália
4.235
2,10
3.016
1,97
40,42
Rússia
4.152
2,06
2.869
1,87
44,74
Demais
90.512
44,83
72.741
47,55
24,43
Total Geral
201.915
100
152.995
100
31,98
Fonte: Mdic/Secex. Elaboração Própria.
Apesar do desempenho satisfatório pelo lado das exportações, há um ponto que
se destaca pela sua negatividade: o saldo da balança comercial. Com o câmbio valorizado
e a indústria brasileira pouco competitiva, as importações aumentaram mais do que as
exportações, gerando uma queda no saldo de aproximadamente 20% em relação a 2009.
O superávit ainda foi mantido, porém o resultado de 2010 foi o pior desde 2003.
Fonte: Mdic/Secex. Elaboração Própria.
Referência Bibliográfica
A China continuou sendo o maior comprador de nossos produtos em 2010.
Carta Econômica –– Ano
Ano XVI,
XVI,nº
nº44 –– Dezembro
Dezembro de
de 2010
Carta
Os EUA se mantiveram em segundo lugar e a Argentina, em terceiro.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Disponível
em: <www.mdic.gov.br>. Acesso em: 14 fev. 2011.
h�p://www.ucb.br/economia – www.economia.ucb.br
MERCADO FINANCEIRO
Diego Cezar Gomes Magalhães*
7
Rogério Boueri Miranda**
Bovespa: Retrospectiva 2010
O ano 2010 chega ao fim como um período de crescimento espetacular
nos níveis de renda, produção e emprego da economia brasileira, sentido nos
cessaram mesmo ao final do ano, e continuam sendo um dos perigos a assombrar os
investidores para 2011, da mesma forma como começaram 2010.
vários segmentos da indústria e serviços do País. O produto interno bruto (PIB) de
2010 se ampliou 7,5% em relação ao ano anterior, um crescimento como não se
Gráfico 2. Retorno anual dos setores da economia brasileira
experimentava há mais de duas décadas. Seria de se esperar, portanto, que a bolsa
versus retorno geral do mercado
de valores registrasse um crescimento igualmente espetacular. No entanto, a vida
não foi exatamente um mar-de-rosas para o investidor em 2010.
Infelizmente, a euforia no setor real não foi acompanhada em mesma
medida pelo mercado de ações brasileiro, que se mostrou muito mais afetado pela
instabilidade do cenário externo. Com um fechamento em 69.304,81 pontos no ultimo
pregão de 2010, o Índice Bovespa encerra o ano com valorização de apenas 1%
sobre o ano anterior – diga-se de passagem, um retorno inferior ao da caderneta de
poupança e muito abaixo da acentuada inflação desse ano. O Ibovespa chegara a
cair abaixo de 60 mil pontos no mês de maio, durante o pior momento da crise na
Zona do Euro, mas recuperou-se aos poucos, conforme os investidores retomavam
sua confiança no país e a crise externa se amenizava. Ao final do ano, o índice voltava
a testar a casa dos 70 mil pontos, por volta de onde continua a oscilar no momento.
Fonte: BMF&Bovespa (elaboração própria)
Gráfico 1. Evolução do Índice Bovespa durante todo o ano 2010
Uma análise setorial também ajuda a entender o que aconteceu na
Bovespa. Os índices referentes aos setores industrial (INDX), bancário (IFNC),
energético (IEE) e de construção civil (IMOB) apresentaram crescimento por volta de
10% no ano. Se os resultados ainda não foram satisfatórios em relação à renda fixa,
foram consideravelmente superiores ao retorno do mercado medido pelo Ibovespa.
Cabe recordar também que o Índice do Setor Industrial (INDX) compreende o setor
siderúrgico, por si só de grande peso dentro da Bovespa, cujas empresas sofreram
forte queda no ano. O grande vencedor do ano foi o setor de consumo civil, cujo
índice (ICON) cresceu acima de 25% no ano, enquanto o grande perdedor foi o setor
de telecomunicações (ITEL), com retração de 7,44% no período.
Gráfico 3. Participação (%) das dez ações mais negociadas na
Fonte: ADVFN
composição da Bovespa.
O descompasso entre o ritmo do crescimento econômico e o da bolsa de
valores neste ano pode ser explicado por alguns fatores importantes: em primeiro
lugar, não se pode analisar o fraco desempenho da Bovespa em 2010 sem considerar
a influência negativa da crise europeia por todo esse ano, muito embora tal crise
tenha tido pouco impacto sobre os setores de atividade econômica brasileira. Isso é
compreensível uma vez que cerca de um terço do volume financeiro na Bovespa é
movimentado por investidores estrangeiros, cuja sensibilidade aos choques externos
é muito maior do que a dos produtores e consumidores na dita economia real de um
país.
Em segundo lugar, pois talvez a cautela dos investidores também tenha
fundamentos na atual situação econômica do País. Enquanto o setor produtivo e o
Fonte: BMF&Bovespa (elaboração própria)
investidores devem enxergar adiante e estimar os resultados futuros das empresas
para fundamentar suas decisões de investimento no presente. Assim, alguns
Da mesma maneira, uma análise das maiores empresas também revela
analistas apontam que o mercado de ações está apenas se antecipando aos perigos
resultados interessantes. A Companhia Vale do Rio Doce finalmente desbanca a
posteriores à euforia do momento, como os apertos fiscal e monetário necessários
Petrobrás em volume de negócios na Bovespa, enquanto a empresa de petróleo
para conter a escalada da inflação, o que já começou no Brasil.
OGX desponta como uma nova força e assume o terceiro lugar. Pode-se dizer que a
O crescimento econômico espetacular não veio sem uma grande pressão
Petrobrás foi o grande vilão da bolsa de valores em 2010, uma vez que suas ações
inflacionária, infelizmente. A inflação medida pelo IPCA fecha o ano em 5,91% e, até
representam quase 15% da Bovespa e sofreram uma desvalorização superior a 25%
o momento, não dá sinais de perder o fôlego. A autoridade monetária respondeu com
no ano, por conta de sua imensa oferta pública de ações, que se estendeu até o
sucessivos reajustes na meta para a taxa SELIC anualizada, que começara o ano
mês de setembro. Também pesou contra o Ibovespa a perda de valor das empresas
em 8,75% a.a. e o encerrava em 10,75% a.a., ao que responderam negativamente
os investidores em renda variável. De fato, os temores em torno da inflação não
*Graduando do Curso de Ciências Econômicas da UCB.
** Professor do Curso de Ciências Econômicas da UCB.
CartaCarta
Econômica
– Ano
XVI, XVI,
nº 4 nº
– Dezembro
de 2010
Econômica
– Ano
4 – Dezembro
de 2010
mercado consumidor acompanham o ritmo da expansão econômica no período, os
8
http://www.ucb.br/economia – www.economia.ucb.br
do setor siderúrgico, como Gerdau e Usiminas, que sofreram especialmente com a
que se desenha. Portanto, para continuar com sucesso no mercado de ações em
apreciação cambial no ano. OGX e Vale, por sua vez, foram boas apostas para os
2011, não diferente de como foi em 2010, o investidor deve firmar premissas bem
investidores.
fundamentadas sobre a conjuntura econômica e, a partir daí, fazer suas apostas nos
setores e empresas mais promissores do ano.
Gráfico 4. Retorno acumulado anual das dez ações mais
negociadas da Bovespa
Referências Bibliográficas
VALOR ECONÔMICO. Disponível em: <http://www.valoronline.com.br/>. Acesso em:
15 fev. 2011.
THE ECONOMIST. Disponível em: <http://www.economist.com/>. Acesso em: 15 fev.
2011.
BRASIL. BMF&Bovespa. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/>. Acesso
em: 15 fev. 2011.
INFOMONEY. Disponível em: <http://www.infomoney.com.br/>. Acesso em: 15 fev.
2011.
ADVFN. Disponível em: <http://br.advfn.com/>. Acesso em: 15 fev. 2011.
Fontes: BMF&Bovespa e Infomoney (elaboração própria)
Constata-se, portanto, que o desempenho da Bovespa não foi de todo
medíocre, dado que não faltaram boas oportunidades para o investidor mais
habilidoso, mas seu principal índice acionário foi muito penalizado com a depreciação
de alguns ativos de peso. Saiu-se bem o investidor que apostou em empresas
voltadas para o mercado interno, especialmente nos setores de comércio e indústria
(excetuado o setor de siderurgia), pois esses setores seguiram facilmente o bom
momento da economia brasileira e foram menos afetados pela situação externa.
Enfim, uma análise minuciosa das grandes empresas e setores da economia deixa
claro que a rentabilidade quase nula do Índice Bovespa em 2010 esteve longe de ser
um resultado homogêneo por toda a bolsa.
Por fim, o ano 2010 chega ao fim sem oferecer melhores perspectivas para
2011. Persistem os problemas conjunturais que assustaram os investidores no último
ano, dentre os quais o endividamento público e o fraco crescimento pós-crise dos
países desenvolvidos. O problema da inflação também persiste, não só no Brasil
como também na China, cuja contração monetária resultante frearia o crescimento
dessas economias. Não obstante os esforços do Banco Central, a valorização da
moeda brasileira mostra que veio para ficar, e embora isso não seja necessariamente
um problema, sem dúvida é um fator que o investidor deve considerar atentamente.
Por último, mas não menos importante, resta conhecer o verdadeiro caráter do novo
governo federal e suas implicações para o mercado financeiro.
Enfim, não são poucos e insignificantes os desafios e riscos para o ano de
2011, mas o último ano mostrou que boas oportunidades podem aparecer na medida
em que outras se vão, independente do resultado geral do mercado. Uma lição
que pôde ser aprendida neste ano é o fato de ser perfeitamente possível construir
A Carta econômica é um boletim trimestral com tiragem de quinhentos exemplares, produzido pelo Curso de Ciências Econômicas (graduação, mestrado e doutorado em
Economia de Empresas).
Ano XVI, no 4 – dezembro de 2010
Prof. MSc. Amairte Benevenuto ([email protected])
Editor da Carta econômica do DF
Coordenador da Seção de Finanças Públicas
Prof. Dr. Gilson Geraldino Silva Jr. ([email protected])
Coordenador da Seção do Mercado de Trabalho
Prof. Dr. José Angelo Divino ([email protected])
Coordenador da Seção de Inflação
Prof. Dr. Tito Belchior S. Moreira ([email protected])
Coordenador da Seção de Comércio Exterior DF
Prof. Dr. Rogério Boueri Miranda ([email protected])
Prof. Dr. Benjamin Miranda Tabak ([email protected])
Coordenadores da Seção de Mercado Financeiro
Diagramação: Kardewally Abrantes/Editora Universa – UCB
Revisão: Ivonilda Machado de Oliveira/Editora Universa – UCB
Curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de Brasília – UCB
Para mais informações, acesse a home page do curso: www.economia.ucb.br
Endereço: Campus I – QS 7 lote 1 EPCT
CEP 91.966-700 – Águas Claras – Taguatinga – DF
Fone: (61) 3356-9185 Fax: (61) 3356-3010
Mestrado e doutorado em Economia de Empresas da Universidade Católica de Brasília
Para mais informações, acesse a home page do curso www.ucb.br/economia.
Endereço: Campus II – SGAN 916, Módulo B, Asa Norte
CEP 70.790-160 – Brasília – DF
Fone: (61) 3448-7127 Fax: (61) 3347-4797
EXPEDIENTE
Carta Econômica – Ano XVI, nº 4 – Dezembro de 2010
uma carteira rentável em meio a um cenário macroeconômico controverso como o
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