Educação A TEORIA DO COMPORTAMENTO

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A TEORIA DO COMPORTAMENTO HUMANO E OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO
SÉCULO XXI
Weliton Menário Costa¹, Ana Paula Guedes Oliveira¹, Aparecida de Fátima
Madella-Oliveira², Samia D'Angelo Alcuri Gobbo²
¹ Alunos de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Espírito Santo – IFES - Campus de Alegre. CP 47, 29.500-000 – Alegre/ES, [email protected],
[email protected]
² Professoras do IFES – Campus de Alegre, [email protected] , [email protected], orientadoras.
Resumo- O objetivo desta pesquisa é analisar a importância da tendência teórica behaviorista no contexto
dos desafios cotidianos da educação no século XXI. Trata-se de uma Pesquisa Bibliográfica, onde analisase os estudos dos dois principais autores do behaviorismo: John Watson e B. F. Skinner, os quais,
defendem o comportamento como objeto de estudo da Psicologia. No entanto, é na educação que
principalmente se aplicam os conceitos do Behaviorismo, como, por exemplo, através dos métodos de
ensino programado, controle e organização das situações de aprendizagem e na elaboração de uma
tecnologia de ensino. Através do conhecimento do comportamento humano, considerando as diversidades,
podem-se criar ambientes que favoreçam a interatividade entre profissionais da educação, discentes,
familiares, comunidade e lideranças, a fim de determinar comportamentos, ou seja, ações que contribuam
por romper com os limites que desafiam o sucesso da educação, em todos os níveis.
Palavras-chave: Behaviorismo, Watson, Skinner, Escola do século XXI
Área do Conhecimento: Ciências Humanas / Educação
Introdução
O Behaviorismo, também denominado de
comportamentismo, teoria comportamental ou
análise experimental do comportamento, é uma
tendência teórica que postula o comportamento
como objeto da Psicologia, sendo John B. Watson,
com a publicação de "Psicologia como os
behavioristas a vêem", em 1913, o seu principal
precursor (BOCK et al., 1992).
Watson apresentou, em seu manifesto, uma
estrutura metodológica para o estudo do
comportamento
humano
desprezando
a
consciência, os sentidos e os estados mentais das
pessoas (SKINNER, 2006), de forma a transformar
a Psicologia em um ramo das ciências naturais,
através do estudo criterioso do corpo, pela prática
da observação comportamental (CARRARA,
1998). Os psicólogos da época, naturalmente, não
se sentiram propensos a concordar com as ideias
de Watson, cujos relatos por vezes não
explicavam muitas questões como as intenções,
os propósitos e a criatividade (SKINNER, ibidem).
Posteriormente, em 1974, Skinner apresentou
uma nova versão para a temática, trazendo, em
sua obra “Sobre o Behaviorismo”, não uma
ciência, mas uma filosofia para a ciência do
comportamento. Skinner relatou que os maiores
problemas enfrentados pelo mundo poderiam ser
resolvidos com o melhor entendimento do
comportamento humano e, segundo Fortunado
(2009), centrava seu olhar nas alterações
ambientais
ocorridas
em
decorrência
de
determinada ação, para entendê-lo.
Esses dois períodos do Behaviorismo são de
grande relevância para os estudos na área de
ciências
humanas,
e
quando
tratados
conjuntamente, relacionando-os com o cotidiano
escolar, podem-se compreender as principais
falhas e acertos da prática educacional. Sendo
assim, o objetivo do trabalho é analisar a
importância da tendência teórica behaviorista no
contexto dos desafios cotidianos da educação no
século XXI.
Metodologia
O presente trabalho classifica-se como
bibliográfico, o qual procura conhecer e analisar os
princípios do Behaviorismo à luz dos principais
desafios apresentados pela educação no século
XXI.
Para tanto, foram consultados artigos e livros
inerentes à Análise do Comportamento Humano,
relacionados aos manifestos de Watson e Skinner,
bem como aos condizentes à temática “desafios
da educação no século XXI”.
Resultados
Os principais pensamentos do Behaviorismo
foram descritos por Watson e Skinner, sendo, o
XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
1
primeiro, autor do Behaviorismo Metodológico e o
segundo do Behaviorismo Radical.
John Watson sofrera, em sua vida, grande
influência do positivismo, que estabelecia como
verdade científica apenas o que pudesse ser
consensualmente observado. Dessa forma,
acabou
por
estabelecer,
em
1913,
o
comportamento observável como objeto de
estudos da Psicologia, opondo-se, à concepção do
mentalismo, desvinculando, assim, a mente do
comportamento. Para ele a mente era
substancialmente diferente do corpo e dessa
maneira os órgão sensoriais não poderiam emitir
informações sobre essa distinta substância,
levando-o a ignorá-la. Watson considerava que
são os estímulos ambientais que instigam o
organismo a emitir uma resposta, propondo, desse
modo, a Psicologia do estímulo-resposta
(RIBEIRO, 2012). Neste caso, a interpretação do
comportamento é feita de acordo com o estímulo
que o produziu.
Watson acreditava que as características
físicas poderiam ser favoráveis ou desfavoráveis
para determinado tipo de comportamento, no
entanto, para que este pudesse se efetivar, seria
necessária
uma
certa
quantidade
de
condicionamentos (CARRARA, 1998). Sabe-se
que são muitas as incorreções quanto às
caracterizações da obra de Watson, mas isso não
apaga a sua grande importância histórica
(STRAPASSON, 2012), afinal de contas, foi um
autor
de
vanguarda,
instigando
outros
pesquisadores ao estudo da temática.
Mais tardeamente, entre 1938 e 1945, B. F.
Skinner lançou seus primeiros estudos que
conceituavam
o
comportamento
operante,
forjando, então, uma reviravolta nos estudos sobre
comportameto humano. Comportamento operante
é aquela classe de comportamentos que operam
no ambiente, modificando-o. Essas modificações
ambientais, por sua vez, também fazem alterar o
comportamento tanto em sua topografia (forma)
quanto em sua função (intencionalidade). Pode-se
entender,
mais
simploriamente,
que
os
comportamentos
operantes
são
aqueles
voluntários,
ou
seja,
são
produtos
de
aprendizagem,
diferentemente
dos
comportamentos
respondentes,
que
são
involuntários (reflexos). O que determina o
operante são as consequências que ele produz
(RIBEIRO, ibidem), portanto, a interpretação
desse comportamento é dada pelo efeito que ele
causa sobre o ambiente (FORTUNADO, 2009).
Diferentemente de Watson, Skinner desprezara
os preceitos positivistas, não defendendo a
utilização do critério de verdade por concordância,
que fazem banir da Psicologia os eventos privados
(subjetividade). Para Skinner a única diferença
entre eventos privados (que se passam sob a
pele, ex.: pensamentos, imaginação, etc.) e
eventos públicos (manifestos) é a acessibilidade
(RIBEIRO, ibidem), onde os públicos, como o
próprio nome sugere, são acessíveis a todos,
diferentemente dos privados, que só podem ser
acessados por quem se comporta. Contudo,
ambos continuam sendo determinados pelo
ambiente (MATOS, 1998).
O Behaviorismo Radical entende que todo ser
é único, pois cada um possui uma história singular
de interação com o ambiente. Nessa ótica, a
subjetividade (desejos, vontade, sentimentos,
emoções, etc.) requer ser analisada pela história
de relações estabelecidas entre o organismo que
se comporta e os ambientes aos quais esse
indivíduo se expõe ao longo de sua vida (MATOS,
ibidem).
A escola do século XXI está inserida no
contexto da globalização dos conhecimentos e
tem sido um ambiente cada vez mais frequentado
por indivíduos, em virtude, especialmente, de
fatores políticos, sociais, econômicos e culturais.
Diante dessa nova realidade, a educação
contemporânea possui diversos desafios, dos
quais podemos destacar: amar o conhecimento
como espaço de realização humana, de alegria e
de contentamento cultural; selecionar e rever
criticamente a informação; formular hipóteses; ser
criativa e inventiva (inovar); ser provocadora de
mensagens e não pura receptora; produzir,
construir e reconstruir conhecimento elaborado; e
ainda, sob uma perspectiva emancipadora da
educação, a escola tem que fazer tudo isso em
favor
dos
excluídos
(GADOTTI,
2006);
democratizar as informações básicas da função e
estrutura da escola, a fim de que os alunos
conheçam, de fato, sua própria instituição;
adequar a escola à contemporaneidade, através
da acessibilidade a novas tecnologias; inovar a
prática docente (saber ensinar), mitigando a
dispersão dos alunos durante as aulas (MARTINS;
BELLINI, 2007).
Discussão
A educação é a principal área de aplicação dos
conceitos apresentados sobre o Behaviorismo,
como, por exemplo, através dos métodos de
ensino programado, controle e organização das
situações de aprendizagem, bem como na
elaboração de uma tecnologia de ensino (BOCK et
al., 1992).
O melhor entendimento dessa aplicabilidade
pode ser feito através da seguinte situação: a
escola é um ambiente, que por sua vez possui
uma série de outros ambientes internos, como
refeitório, banheiros, biblioteca, salas de aula, etc.
XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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A esses ambientes pertencem alguns indivíduos,
entre eles os servidores dessa instituição, que
zelam por esse espaço.
Além desses
funcionários, fazem parte da escola os alunos e
os professores. Todos esses indivíduos são,
também, expostos a outros ambientes fora dali,
como o ambiente familiar, a rua, os pontos de
comércio, o ônibus escolar, entre outros. Cada um
desses ambientes
são responsáveis por
determinar os comportamentos desses alunos,
professores e funcionários, porque todos os meios
foram modificados de alguma maneira por estes
comportamentos.
É nesse contexto que se inserem os desafios
da educação, pois cada interação expressa produz
alguma alteração no meio, que por sua vez
modifica a determinação do comportamento, por
exemplo, uma agressão sofrida por um aluno no
seu ambiente familiar pode afetar o seu
comportamento no ambiente escolar, bem como
uma interação positiva também pode afeta-lo, só
que em diferentes formas e funções, pois as
alterações que cada um desses comportamentos
geram no ambiente são diferentes.
Pela análise experimental podem-se descrever
os comportamentos em qualquer situação, o que
possibilita a sua modificação (BOCK et al.,
ibidem), ou seja, uma nova determinação em
função de uma intervenção que respeite as
diversidades
dos
indivíduos
envolvidos,
orientando-os a tomarem um rumo, segundo um
objetivo previamente traçado.
caminhos de Fortuna. Revista
Eletrônica Sumaré, p. 1- 10, 2009.
Acadêmica
- GADOTTI, M. Desafios para a era do
conhecimento. Viver mente & cérebro - Coleção
Memória da Pedagogia. Ed. 6, p. 6-15, 2006.
- MARTINS, E.F.; BELLINI, L.M. (2007). A escola
no século XXI: quais desafios devem enfrentar
seus
gestores?
Disponível
em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/
arquivos/260-4.pdf. Acesso em: 26 ago. 2012.
- MATOS, M.A. Behaviorismo metodológico e
behaviorismo radical. In: RANGÉ, B. (Org.).
Psicoterapia
comportamental
e
cognitiva:
pesquisa, prática, aplicações e problemas. 2. ed.
Campinas: Editorial Psy, p. 27-34, 1998.
- RIBEIRO, B.A. Uma análise behaviorista radical
de um modelo prototípico de formação da
realidade social proposto por Berger e Luckman.
Conexão ciência (Online). v. 7, n. 1, p. 46-53,
2012.
- SKINNER, B.F. Sobre o behaviorismo.
Tradução de Maria da Penha Villalobos. 10.ed.
São Paulo: Cultrix, 216 p., 2006.
- STRAPASSON, B.A. A caracterização de John
B. Watson como behaviorista metodológico na
literatura brasileira: possíveis fontes de controle.
Estudos de Psicologia, v. 17, n.1, p. 83-90, 2012.
Conclusão
Através do conhecimento do comportamento
humano, considerando as diversidades, podem-se
criar ambientes que favoreçam a interatividade
entre profissionais da educação, discentes,
familiares, comunidade e lideranças, a fim de
determinar comportamentos, ou seja, ações que
contribuam por romper com os limites que
desafiam o sucesso da educação, em todos os
níveis.
Referências
- BOCK, A.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M.
Psicologias. Uma introdução ao estudo de
Psicologia. São Paulo: Saraiva, p. 38-47, 1992.
- CARRARA, K. Behaviorismo Radical: crítica e
metacrítica. Marília: UNESP-Marília-Publicações;
São Paulo: FAPESP, 1998.
- FORTUNATO, I. Leitura na escola: revisitando o
behaviorismo radical de Skinner pelo conto
XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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