3 - DESCRIÇÃO DO ELEVADOR Abaixo apresentamos o diagrama esquemático de um elevador (obtido no site da Atlas Schindler). Figura 1: Diagrama esquemático de um elevador e suas partes. No elevador alvo do projeto, a máquina de tração é constituída por um motor CC acoplado a uma caixa de redução mecânica. O contrapeso é utilizado para balancear o peso da cabine, minimizando-se o conjugado a ser obtido da máquina de tração. Seu peso é geralmente escolhido como o peso da cabine + 50% da carga nominal do elevador. Assim, o maior conjugado a ser obtido da máquina de tração é o correspondente ao acionamento de 50% da carga nominal. A operação do elevador é simples. Ao ser emitido um comando para o elevador (pressionando um botão de chamada ou acionando um determinado andar) é enviado um sinal para o painel de comando e controle e este, a partir da lógica pré-programada (estratégia de tráfego, velocidade e precisão nas paradas), determina o deslocamento do elevador, acionando adequadamente o motor CC. No piso da casa de máquinas é montado um dispositivo mecânico limitador de velocidade. Quando a velocidade da cabine excede um limite determinado, este dispositivo aciona mecanicamente o freio de segurança do elevador, desligando o motor acionador. A trajetória especificada para o elevador é representada pela curva padrão de velocidade abaixo: Figura 2 : Curva padrão de velocidade para elevadores. Os parâmetros de interesse do elevador do prédio AG da EEUFMG para o projeto em questão são dados na tabela abaixo: Parâmetro Carga Nominal Velocidade Nominal Tempo de aceleração Valor 1120 kg 1,5 m/s 2,5 s Tabela 1: Parâmetros do elevador do prédio AG da EEUFMG 7 As normas brasileiras para o projeto, fabricação e instalação de elevadores, definidas pela ABNT, constam na norma NBR 7192. 4 - DESCRIÇÃO DO ACIONAMENTO CC O sistema de acionamento existente no elevador 03 do prédio AG é representado nos diagramas abaixo: Figura 3: Diagrama de Blocos do acionamento do elevador. Figura 4: Diagrama esquemático do acionamento CC do elevador do prédio AG da EEUFMG. O motor CC é alimentado por um grupo motor síncrono - gerador CC, cujos dados de placa são apresentados na tabela abaixo. Grupo Gerador CC Motor Síncrono Gerador CC Parâmetro Valor Parâmetro Número SA-519 TIPO CONTR. 270108 HP TIPO 84ES TEMP.RATING VOLTS 220 ELEV. TEMP. AMPÉRES 74 RPM HP 28 VOLTS FASES 3 AMPÉRES HORAS C. ENROL.COMP. RPM 1800 CIC. (Hz) 60 C.ELEV.TEMP. 50 Valor 82GA 18 CONT. 50 1800 145 124 Tabela 2: Dados de placa do conjunto motor-gerador do elevador estudado. Os dados de placa do motor C.C. são apresentados abaixo. Motor CC – Máquina 37-A 2857 Parâmetro Número CONTR. TIPO VOLTS SC. VOLTS CC AMPÉRES HP COEF. TEMP. RPM ENROL. COMP. Valor S.A 467 270924 131 HT 135 150 145 26 50 141 8 Tabela 3 – Dados de placa do motor CC acionador do elevador estudado. A partir dos dados de potência e velocidade nominais acima, obtemos o conjugado nominal do motor CC: mdnom = 1313 Nm. A relação de transmissão mecânica da caixa de redução é de 1.5:1 e o diâmetro da "roda" no eixo da caixa é de 70 centímetros. Assim, desenvolvendo-se as equações do sistema com base no diagrama abaixo, obtemos o conjugado no eixo do motor. Figura 4 : Diagrama esquemático ("mecânico") do acionamento do elevador . Onde, no diagrama: Fr é a força resultante no acionamento Ml – Carga nominal do elevador + % de segurança Mc – Massa do carro do elevador g – aceleração da gravidade = 9,8 m/s^2 ml – conjugado de carga md – conjugado no eixo do motor mc – conjugado no eixo da caixa de transmissão ?d – velocidade do motor ?c – velocidade do eixo acoplado à cabine do elevador k – fator de transmissão da caixa de redução. r – raio da roda acoplada 'a caixa de transmissão Fr = ( M l + M c ) g − (0,5M l + M c ) g = 0,5M l g (4.1) M eq ≡ 0,5M l (4.2) dv M eq = f dc − M eq g (4.3) dt dω c dω c M eq r = f dc − M eq g (× r) ⇒ M eqr 2 = m dc − M eq gr (4.4) dt dt M eq gr ≡ mL ; M eq r 2 ≡ J L (4.5) ωd =k ωc dω d 1 Jd = m d − m dc dt k (4.6) (4.7) Isolando-se mdc em (4.4) e inserindo em (4.7) obtemos: 9 md = ( J d + dω 1 1 J L ) d + mL 2 k dt k (4.8) Que é a equação que dá o conjugado no motor em função da carga e velocidade do elevador (ω d = 1v ) k r onde: Jd – Momento de inércia do eixo do motor JL – Momento de inércia visto na roda acoplada ao eixo da caixa de transmissão v – velocidade linear da cabine do elevador A corrente nominal do motor CC é de 145 A, e a partir do conjugado e velocidade nominal do motor, obtemos a resistência de armadura: Ra = 0,112 ?. O parâmetro K φ do motor, calculado a partir do conjugado e corrente nominal vale 9,055 Nm/A. Desprezamos a indutância de armadura do motor CC, e consideramos operação com fluxo de campo constante. Assim, nosso modelo para análise é mostrado na figura a seguir. Figura 5: Modelo do motor de corrente contínua. Conforme foi dito anteriormente, o controle do acionamento é realizado através da lógica implementada no painel de comando e controle (um painel de contactores) instalado na casa de máquinas. 10 5 - MEDIÇÕES "DINÂMICAS" DO ACIONAMENTO Realizamos medições de tensão e corrente de armadura no motor CC durante deslocamentos do elevador entre 1º e 8º andares do prédio, sem a presença de passageiros na cabina do mesmo. Assim, o acionamento “enxerga” 50% da carga nominal (máximo conjugado) do elevador, conforme foi dito na descrição do elevador. Os dados obtidos são mostrados nos gráficos a seguir. Tensão de Armadura 150 100 tensão [V] 50 0 -50 -100 -150 0 50 100 150 200 250 tempo [seg.] Figura 6: Tensão de armadura no motor CC - Transições:1º-8º-1º-8º-1º-8º (andares) Corrente de armadura 200 Corrente [A] 100 0 -100 -200 -300 -400 0 50 100 150 200 250 tempo [seg.] Figura 7 : Corrente de armadura no motor CC - Transições:1º-8º-1º-8º-1º-8º (andares) A partir da tensão e corrente no motor CC, obtemos a velocidade, potência e conjugado transmitido pelo motor CC para acionamento do elevador, apresentados nos gráficos seguintes. . Figura 8: Velocidade do motor CC - Transições:1º-8º-1º-8º-1º-8º (andares) 11 Conjugado no motor cc 2000 conjugado [Nm] 1000 0 -1000 -2000 -3000 0 50 100 150 200 250 tempo [seg.] Figura 9: Conjugado aplicado pelo motor CC -Transições:1º-8º-1º-8º-1º-8º (andares). Potência no motor CC [kW] 25 20 15 10 5 0 -5 -10 -15 0 50 100 150 tempo [seg.] 200 250 Figura 10: Potência no motor CC: -Transições:1º-8º-1º-8º-1º-8º (andares). Realizamos também, medições da tensão de linha (Vab) e corrente de fase (fase A) na rede ca que alimenta o acionamento. Os resultados obtidos são mostrados a seguir. Tensão Corrente Subida do Elevador 400 Tensão [V] Corrente [A] 200 0 -200 -400 -0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 tempo [seg.] Figura 11: Tensão Vab e corrente na fase A da rede CA durante a subida do elevador. É importante lembrar que as medições realizadas acima foram realizadas com o elevador vazio. Assim a ação da gravidade sobre o contra peso faz com que exista uma força resultante sobre o elevador, igual ao peso de metade da carga nominal. Esta resultante tende a acelerar o elevador para cima. O elevador possui um mecanismo de freio mecânico sempre atua quando o elevador está descendo. Assim, durante a descida, o motor deverá fornecer conjugado no sentido contrário a resultante do contrapeso, de forma a equilibrar o efeito do contrapeso mais o efeito do freio mecânico para manter a velocidade de deslocamento constante. 12 Tensão corrente Descida do elevador 400 Tensãp [V] Corrente [A] 200 0 -200 -400 -0,02 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 tempo [seg.] Figura 12: Tensão Vab e corrente na fase A durante a descida do elevador. 13 6 - DETERMINAÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA DO ACIONAMENTO Analisando-se o gráfico da figura 10, obtemos uma defasamento de 90º da corrente na fase A em relação à tensão de linha Vab, o que implica que a corrente da fase A está defasada 60º da tensão na fase A (tensão de fase). A potência entregue pela rede CA (em cada fase) durante a subida do elevador é portanto: Psubida = Vrms I rms cos 60º = 2940 W Considerando-se que o tempo médio de deslocamento do 1º ao 8º andar (e também do 8º ao 1º) é de 25 segundos, obtemos uma aproximação para a energia fornecida pela rede CA para a subida do elevador. E subida = 3Psubida * 25 = 220500 kJ = 0,06125 kWh Uma forma de onda praticamente idêntica a mostrada acima é encontrada quando o elevador encontra-se parado. Isto acontece porque o motor síncrono continua ligado, gerando potência mecânica para o gerador CC, o que implica num desperdício adicional de energia. Já para a descida do elevador, a partir da figura 11, observamos um defasamento de 68,6º da corrente na fase A em relação à tensão de linha Vab , o que implica que a corrente da fase A está defasada 38.6º da tensão na fase A (tensão de fase). Assim, a potência (por fase) entregue pela rede CA durante a descida do elevador é: Pdescida = Vrms I rms cos 38,6 º = 11481W A energia fornecida pela rede Ca na descida do elevador é: Edescida = 3Pdescida * 25 = 861075 kJ = 0,2392 kWh Integrando-se (no tempo) a curva de potência no motor CC , obtemos a curva de transferência de energia no motor. 5 7 Energia transferida pelo motor CC [Joules] x 1 0 6 5 4 3 2 1 0 -1 0 50 100 tempo 1 5 0 2 0 0 2 5 0 [seg.] Figura 13: Energia no motor CC Transições : 1º-8º-1º-8º-1º-8º (andares) – carga constante. Na curva acima, vemos que durante a subida do elevador, o motor CC transfere uma pequena parcela de energia para o gerador dc. Isto acontece devido a ação frenante realizada pelo motor (massa do contrapeso é maior do que a massa da cabine => o contrapeso tende a acelerar o elevador para cima). Porém, esta energia não é retornada para a rede CA, conforme vemos na curva de tensão e corrente na rede ca (ângulo da corrente de fase = -60º em relação à tensão. Observando-se as curvas de potência e energia no motor CC, determinamos, separadamente, a energia “consumida” pelo motor na subida e na descida do elevador. E sub_ mcc = -0.00804 kWh Edes _ mcc = 0.092816 kWh Multiplicando-se a curva de conjugado no motor CC pela cura de velocidade, obtemos a curva de potência mecânica de saída do motor. 14 Potência mecânica de saída no motor CC 200000 150000 Potência mecânica [W] 100000 50000 0 -50000 -100000 -150000 -200000 0 50 100 150 200 250 tempo [seg.] Figura 14: Potência mecânica de saída no motor CC. Integrando-se esta curva durante os períodos de subida e descida do elevador, determinamos a energia mecânica de subida e descida fornecida pelo motor. Emec _ sub = -0.0106 kWh Emec _ dec = -0.0757 kWh A partir dos valores acima, encontramos o rendimento do motor CC ηmcc = 81% . O rendimento do sistema num ciclo de subida e descida do elevador (1º-8º-1º) considerando a energia fornecida pela rede ca e a energia mecânica de saída é: η= 0.0757 − 0.0106 × 100 = 22% 0.2392 + 0.0612 O rendimento encontrado para o sistema é muito baixo. 15 7 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 7.1– PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DO MOTOR DE INDUÇÃO Figura 15: Motor de indução típico. Figura 16: Rotor bobinado e rotor em gaiola do motor de indução trifásico. Um motor de indução é uma máquina C.A. cujo estator é alimentado diretamente por correntes alternadas e o rotor é alimentado, por indução, através do estator. O estator é constituído por um enrolamento trifásico equilibrado "senoidalmente” distribuído no espaço [1] (ver figura 16). O rotor pode ser de dois tipos: rotor bobinado e rotor em "gaiola". O rotor bobinado possui um enrolamento trifásico similar ao enrolamento de estator e com o mesmo número de pólos deste. Os terminais do enrolamento de rotor são conectados a anéis isolados montados sobre o eixo do motor. No tipo rotor em gaiola, o "enrolamento" de rotor é constituído por barras condutoras embutidas em aberturas no ferro do rotor e curto-circuitadas em ambas as extremidades por anéis condutores (figura 17). A extrema simplicidade e robustez deste tipo de rotor representam vantagens deste tipo de motor de indução. Figura 17: Idealização de um enrolamento senoidalmente distribuído no espaço (a densidade de cada círculo representa a densidade de condutores em cada região). 16 Figura 18: Rotor em gaiola Quando o estator é alimentado por uma fonte trifásica equilibrada, um campo magnético girante é produzido no entreferro da máquina, girando à velocidade síncrona ω e = 2 2π fe (fe frequência da P alimentação, P – número de pólos da máquina). Assumindo que o rotor gira à uma determinada velocidade ?r na mesma direção do campo girante de estator (girando à ωe), temos então que são induzidas correntes no circuito de rotor com uma frequência ωs = ωe-ωr, ou seja, a frequência angular das correntes induzidas no rotor é a diferença entre as velocidades do campo síncrono girante de estator e o eixo do rotor. Defini-se então o escorregamento s do motor de indução através da seguinte expressão: s= ω e − ω re ωe (7.1) A produção de conjugado é devido à interação do fluxo (girante) de estator e a força magnetomotriz induzida no rotor. É importante mencionar que a FMM induzida no rotor está estacionária em relação ao campo girante de estator, pois lembramos que o rotor gira a ωr e que ωr+ ωs = ωe. Para o motor com rotor em gaiola, a equação do conjugado do motor de indução [1], nas condições citadas anteriormente, é dado pela expressão: Te = KI r sen δ r (7.2) onde: K = constante Ir = Corrente de rotor ?r = ângulo entre o campo girante de estator e a FMM no rotor Uma curva típica de conjugado x velocidade (escorregamento s) para um motor de indução tipo gaiola é mostrada abaixo. Figura 19: Curva de conjugado x velocidade (escorregamento)típica de um motor de indução com rotor em gaiola. 7.2- FRENAGEM REGENERATIVA DO MOTOR DE INDUÇÃO Quando o rotor de um motor de indução gira mais rápido que o campo de estator, o escorregamento 17 torna-se negativo e a máquina passa então, a gerar potência elétrica. Um conjugado no sentido contrário à velocidade instantânea do motor é produzido e ocorre então o que chamamos de frenagem regenerativa do motor de indução. Nesta condição, a energia cinética das partes em movimento é transferida ao sistema. Neste caso a operação do motor é representada no segundo quadrante da curva conjugado-velocidade apresentada abaixo Figura 20: Curva de conjugado do motor de indução – frenagem regenerativa. O conjugado frenante fornecido pela máquina tende a manter constante a velocidade do motor, contrapondo-se ao conjugado de carga que tende a acelerar o sistema. Devido a efeitos da resistência de estator, o máximo conjugado desenvolvido durante a regeneração é maior que o conjugado máximo durante a operação motora. A frenagem regenerativa do motor de indução pode ser conseguida através da redução momentânea da frequência de alimentação do estator, assim a velocidade síncrona diminui e as condições favoráveis à regeneração ocorrem. Reduzindo-se gradualmente a frequência de alimentação, a medida em que a velocidade do motor diminui, podemos realizar uma frenagem a conjugado e corrente de estator constantes, até que o motor atinja velocidade nula. O motor utilizado deve ser dimensionado de forma que o conjugado de carga nunca seja maior que o conjugado frenante. Pois, caso contrário o ponto de operação ocorre na porção instável da característica conjugado-velocidade, e uma aceleração na direção do conjugado de carga pode ocorrer com consequências desastrosas. Nos elevadores a condição de frenagem pode ocorrer tanto na subida quanto na descida da carga. Este fato é devido à existência do contra-peso. Caso o peso do elevador e sua carga seja menor que o peso do contra-peso, existirá uma componente de força tendendo a acelerar o elevador para cima. Assim, uma velocidade acima da síncrona pode ser imposta ao motor e a frenagem regenerativa pode ocorrer 7.3 - FUNDAMENTOS DO CONTROLE VETORIAL DO MOTOR DE INDUÇÃO 7.3.1– CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA CONTROLE DE CONJUGADO Para controle de conjugado, as seguintes condições devem ser satisfeitas: 1 - Controle independente da corrente de armadura de forma a compensar os efeitos da resistência do circuito de armadura, indutâncias de dispersão e tensão induzida. 2 - Controle independente ou valor constante do fluxo principal. 3 - Controle (ortogonal) independente do ângulo entre o eixo de fluxo e o eixo da força magnetomotriz de armadura, de forma a evitar a interação da FMM e o fluxo principal. Se todas as três condições acima forem satisfeitas em todo instante de tempo, o conjugado irá seguir instantaneamente a corrente de armadura (estator) e controle "instantâneo" de conjugado pode ser obtido. Se as condições acima forem satisfeitas apenas em estado estacionário, somente controle estacionário de conjugado será obtido. Durante o período transitório, o conjugado não irá seguir a corrente exatamente. Porém, a importância deste fato deve ser analisada para cada aplicação considerando-se a duração do transitório. 7.3.2 – CIRCUITO EQUIVALENTE CONVENCIONAL DO MOTOR DE INDUÇÃO As características de performance do motor de indução trifásico podem ser obtidas usando-se o circuito equivalente aproximado para estado estacionário mostrado abaixo. 18 Figura 21: Circuito equivalente convencional do motor de indução Onde: rs – resistência (por fase) do enrolamento de estator Xls – reatância de dispersão do circuito de estator Xlr – reatância de dispersão do circuito de rotor Er – tensão induzida no circuito de rotor Xm – reatância de magnetização rr – resistência do circuito de rotor referida ao estator Is – corrente de estator (por fase) Ir – corrente de rotor Im – corrente de magnetização O conjugado (ver [2] seção 5.9 pg 227) é representado no circuito equivalente como sendo proporcional à potência no entreferro da máquina, que é a potência no resistor rr/s. P I r2rr 2 sω e Te = 3 (7.3) (ωe – freq. do campo girante) ou em termos da tensão sobre rr/s: Te = 3 P I Er r 2 ωe (7.4) As perdas no cobre da máquina são dadas por (ver [4] seção 1.3) Pcu 2 = 3sI r2rr (7.5) A potência mecânica desenvolvida pelo motor é então: Pm = 1− s 2 I r rr s (7.6) 7.3.3 – CIRCUITO EQUIVALENTE MODIFICADO DO MOTOR DE INDUÇÃO Existem diversos circuitos equivalentes para análise do motor de indução sob operação em regime permanente. O modelo geral com uma razão de referência arbitrária a é mostrado na figura abaixo [2]. Figura 22: Circuito equivalente geral do motor de indução. onde: Ls – indutância de dispersão do circuito de estator Lr – indutância de dispersão do circuito de rotor Lm – indutância de magnetização 19 A escolha de a é livre (exceto para a = 0) e então um número infinito de circuitos pode ser obtido a partir da figura acima, com a escolha de diferentes valores de a. O circuito convencional é obtido escolhendo-se a como a razão de transformação entre o circuito de estator e rotor. Escolhendo-se: a= Lm Lr (7.7) A reatância série no ramo de rotor anula-se, reduzindo então o circuito geral equivalente para o circuito abaixo: Figura 23: Circuito geral simplificado do motor de indução com o uso da eq. (7.7) A nova corrente no ramo referente ao rotor é Lr/Lm vezes a corrente de rotor no circuito convencional. E a nova tensão no rotor é Lm/Lr vezes a tensão de rotor do circuito convencional. Neste circuito a tensão sobre os terminais da nova reatância de magnetização é a mesma tensão no rotor. Portanto, a tensão Er pode ser diretamente associada com a produção de fluxo na máquina. De fato, o novo circuito representa o comportamento do fluxo de rotor enquanto o circuito convencional dá ênfase ao fluxo no entreferro do motor. Este fato é importante para o controle de conjugado porque, no novo circuito, é colocada em evidência a componente de corrente de magnetização responsável pelo fluxo de rotor e Er. A reatância no lado do estator é identificada como a reatância transiente de circuito de estator. L2 X s' = ω e L's = ωe Ls − m Lr (7.8) X´s é um parâmetro transiente da máquina bastante conhecido. 7.3.4- CONTROLE DE CONJUGADO O novo circuito obtido na seção anterior é redesenhado na figura a seguir com nova notação para os elementos do circuito e componentes de corrente. Figura 24: Circuito geral simplificado em termos de Isφ e IsT. A tensão induzida Er é a taxa de variação do fluxo de rotor: (7.9) Er = j ω eλr Do circuito acima obtemos: I sφ = Er j ω e Lm (7.10) e 20 I sT = − Lr Ir Lm (7.11) Aqui a corrente de estator é mostrada dividida em duas componentes: a corrente no ramo de magnetização denominada Is φ e a outra na nova resistência de rotor, denominada IsT. São estas duas componentes da corrente de estator que controlam, respectivamente, o fluxo de rotor e o conjugado no motor [2]. As equações de conjugado e fluxo de rotor, derivadas da análise do circuito acima são apresentadas abaixo. A dedução destas equações pode ser encontrada em [2]. P Lm λr I sT 2 Lr λr = Lm I sφ (7.9) Te = 3 P L2m I sφ I sT 2 Lr Te = 3 (7.12) (7.13) Portanto as propriedades desejadas para controle de conjugado são obtidas em termos das correntes Is φ?e IsT. O diagrama fasorial ilustrando as componentes de corrente é mostrado abaixo. Figura 25: Diagrama fasorial ilustrando o comportamento das correntes no motor de indução Existe ainda uma relação envolvendo a componente de corrente IsT (componente de conjugado) e Er (tensão induzida no rotor). I sT = Lr sE r Lm rr (7.14) Das equações (7.10) e (7.14) obtemos: I sT = j Lr sω e I sφ rr (7.15) Esta última relação fornece a variação do escorregamento que deve acompanhar o controle de conjugado através das correntes Is φ e IsT. O ponto principal a ser observado é que as componentes de corrente Is φ e IsT especificam o fluxo de rotor e o conjugado e eles são ortogonais entre si (condição necessária para controle de conjugado). Escolhendo-se Is φ e IsT, a equação acima determina a única frequência de escorregamento que irá fornecer o controle de fluxo e conjugado na máquina. Portanto, um modo de controle em estado estacionário é escolher Is φ e IsT e calcular Is φe para obter o ponto de operação. O comportamento terminal do motor de indução em termos das correntes Is φ e IsT é representado no diagrama fasorial abaixo. 21 Figura 26: Diagrama fasorial ilustrando o comportamento terminal do motor de indução. Embora as relações de conjugado e fluxo envolvendo Is φ e IsT serem independentes da velocidade e frequência do rotor (condição para controle de conjugado), a tensão terminal e as relações de potência são dependentes da velocidade. Em baixas velocidades a tensão Irrs torna-se dominante e, a tensão de reatância IsX´s e a tensão induzida no rotor Er tornam-se bem pequenos. Controle de conjugado via Is φ e IsT é independente destas variações, de forma que o controlador de corrente pode continuar a suprir as correntes comandadas sob tensão terminal e fator de potência nominais. 7.4– INVERSORES O objetivo de um inversor é converter energia fornecida por uma fonte de tensão ou corrente DC para uma saída AC de freqüência, tensão e/ou corrente controlada. Em alguns inversores a direção da transferência de energia pode ser reversível, o que é de particular interesse na aplicação que estamos estudando. Como em muitas aplicações a fonte de energia é uma fonte alternada, é comum o uso de circuitos retificadores para alimentação do inversor. Com a tecnologia atual, a eficiência energética dos inversores é bastante elevada e, além disso, o uso de inversores possibilita um melhoria no desempenho dinâmico das aplicações través da possibilidade de um controle mais “fino” do sistema. 7.4.1 - OPERAÇÃO BÁSICA A figura abaixo mostra o circuito de um inversor trifásico (fonte de tensão ) idealizado. O circuito utiliza seis chaves com comutação controlada, S1 a S6 para fornecer a saída de freqüência variável. É comum o uso de transistores controlados por sinais aplicados à base dos mesmos. Figura 27: Circuito básico de um inversor trifásico. No circuito acima, a fonte DC de tensão é um retificador com um capacitor C conectado entre o retificador e o inversor. No inversor , as chaves são ligadas na sequência em que são numeradas. Os sinais de controle das chaves no estado “ligado” são mostrados na figura 28. Cada chave é mantida ligada pela metade de um ciclo e então é desligada. Desta forma, a cada instante três chaves conduzem ao mesmo tempo, sendo duas conectadas a um terminal da fonte DC e uma a outra conectada a outro terminal. Quando uma chave está ligada, ela e o diodo conectado em antiparalelo à mesma constituem um curto circuito. Assim, com duas ligadas conectadas a um terminal da fonte, existe um curto circuito entre duas fases da carga. As formas de onda das tensões de linha de saída são mostradas na figura 28. 22 Figura 28 – Formas de onda no inversor básico. Normalmente, a carga trifásica é equilibrada. Portanto, com duas fases curto circuitadas a cada intervalo de 60º, a tensão da fonte vd irá ser distribuída em dois terços de sua magnitude através de uma fase e o restante através das duas fases paralelas. Uma forma de onda “six-step” típica para a tensão de referência da fase a com respeito ao neutro da carga é mostrado na figura 28. As formas de onda para as fases b e c são atrasadas de 120 e 240º respectivamente. Da referência [3], temos que o valor RMS da componente fundamental da tensão de fase, mostrada na figura 28, é dada por: V1( L − N ) = 0,45v d (7.16) O inversor da figura 27 é capaz de fornecer potência do lado AC (motor de indução por ex.) para o lado DC. Isto irá ocorrer quando o motor de indução entrar no modo de frenagem regenerativa. Para esta condição a corrente na fase a irá ter um ângulo de fase, em relação à tensão na fase a, entre 90 e 180º, como mostrado na figura 29. Nesta figura estão listadas as chaves que são ligadas em cada interv alo de tempo. Figura 29: Inversão do fluxo de energia no inversor “six-step”. A desvantagem do inversor acima (“six-step”) é que o controle da magnitude da tensão de saída requer o controle do ângulo de disparo do retificador controlado na entrada. 7.4.2 – INVERSORES COM MODULAÇÃO PWM (Modulação por Largura de Pulso) Nestes inversores, o controle da amplitude da tensão de saída é realizado através de uma operação mais frequente das chaves do inversor, eliminando a necessidade da existência de um retificador controlado na entrada do inversos. Cada meio ciclo das tensões de linha de saída consiste de um número separado de pulsos de amplitude Vd e de largura variável. O retificador pode então ser constituído de uma ponte de diodos e um capacitor de acoplamento. O diagrama de blocos de um inversor PWM é mostrado abaixo. 23 Figura 30: Diagrama de blocos de inversor PWM. Figura 31: Modulação por largura de pulso das tensões de linha. A figura 31 mostra as formas de onda do inversor PWM. É preciso ser observado que existem intervalos em que todas as tensões de linha são zero. Em muitos inversores PWM, um grande número de pulsos por ciclo é usado, de forma a sintetizar uma onda de tensão que tenha uma componente fundamental senoidal e, componentes harmônicas de pequena amplitude. Um exemplo é mostrado na figura 32. Quanto maior o número de pulsos por meio ciclo, maior será a ordem do primeiro harmônico significante na tensão de saída. Em cargas indutivas, as correntes desses harmônicos de alta ordem são frequentemente desprezíveis, o que leva na melhoria da eficiência quando comparado ao inversor de tensão básico mostrado anteriormente. Por outro lado, quanto maior a frequência de chaveamento, maior será a perda de energia, por que toda operação de fechamento de chave implica em perda de energia. Tem-se ainda o fato de que cada chave necessita de um intervalo mínimo de tempo para conseguir realizar a operação de abertura ou fechamento, o que implica num limite máximo para a frequência de chaveamento. Figura 32 – Modulação PWM senoidal. É importante mencionar que para que o sistema inversor-motor possa devolver energia para a rede elétrica, o retificar na entrada do inversor deve permitir o fluxo bidirecional de energia. Assim, este retificador deve ser do tipo controlado como mostrado no exemplo abaixo, com o uso de tiristores. Caso isso não for observado, a tensão no capacitor de acoplamento tenderá a subir acima da tensão de projeto danificando-se. 24