justificativa - Facom-UFBA

Propaganda
Quinta na Quadra
Uma proposta cultural para o paciente
do Hospital Sarah Salvador
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
QUINTA NA QUADRA
Uma proposta cultural para o paciente
do Hospital Sarah Salvador
Memória descritiva do projeto Quinta na Quadra – uma proposta cultural para o paciente do
Hospital Sarah Salvador, apresentado como projeto experimental da aluna Andréa Moinhos
para obtenção do grau de bacharel em Comunicação com habilitação em Produção Cultural
na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, sob a orientação do
professor Umbelino Brasil.
Salvador, 2003.
2
SUMÁRIO
Apresentação .................................................................................. 04
Justificativa .....................................................................................10
Procedimentos ................................................................................12
Bibliografia ....................................................................................16
Anexos ..............................................................................................18
3
APRESENTAÇÃO
1. BREVE DESCRIÇÃO DO PROJETO
O projeto cultural QUINTA NA QUADRA é uma proposta de atividades artísticoculturais para os pacientes que permanecem por algum tempo internados para
reabilitação no Hospital Sarah Salvador. A proposta é que na 2ª quinta-feira de cada
mês, às 16h, na quadra de esportes polivalente externa do hospital seja realizado um
evento com duração média de 1 hora e meia (espetáculo teatral, show musical ou
apresentação de dança) para, aproximadamente, 300 pessoas.
A Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor gerou e consolidou
princípios, conceitos e técnicas que a transformaram em referência na área de
reabilitação, reconhecida pela comunidade científica nacional e internacional. É uma
instituição dedicada à reabilitação do incapacitado físico e ao tratamento de
deformidades, traumas, doenças e infecções do aparelho locomotor e aos problemas do
neurodesenvolvimento. Todos os hospitais da Rede estão destinados, desta forma, a
prestar serviços especializados na área de reabilitação motora. Hoje, a Rede conta com
unidades em Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza e São Luís.
2. O SARAH SALVADOR
O Sarah Salvador, como todos os hospitais da Rede, se caracteriza pela interação
do trabalho do médico com outros profissionais de saúde, através de uma prática
multidisciplinar. Essa prática possibilita a avaliação conjunta de cada caso, com
aprofundamento e reforço da decisão médica na terapêutica a ser adotada, tendo como
objetivo principal a melhoria da qualidade de vida do paciente. Cada equipe
multidisciplinar é formada por médico, psicólogo, enfermeiro, terapeuta funcional e
professor hospitalar.
Os hospitais da Rede realizaram em 2002 uma média diária de 5.271
atendimentos, totalizando mais de 1.333.658 atendimentos a pacientes neste ano. Neste
mesmo período, o Sarah Salvador realizou 289.228 atendimentos. A média diária foi de
1.143 atendimentos. Realizou 3.264.695 procedimentos de assistência médica e
reabilitação.
4
Inaugurado em 1994, o Sarah Salvador possui capacidade média de 140 leitos.
As condições favoráveis do terreno onde foi implantado tornaram possível a
concretização do projeto de um hospital horizontal, mais adequado à reabilitação. A sua
arquitetura possibilita ainda uma integração entre seus espaços interno e externo. Assim,
o vento predominante é utilizado para circulação de ar nas grandes áreas, criando
condições que auxiliam no combate à infecção hospitalar. As enfermarias dispõem de
amplos espaços arejados, todos em permanente contato com a paisagem externa.
O 140 leitos estão distribuídos em 7 enfermarias e 15 apartamentos. As
enfermarias são divididas por áreas de tratamento, sendo três destinadas aos pacientes
com lesão medular; duas, para lesão cerebral; uma para recuperação cirúrgica e para os
problemas ortopédicos e uma, infantil. Nas enfermarias, são desenvolvidos programas
de assistência específicos para cada grupo de patologias. Todas contam com áreas
arejadas e varandas. A ligação com o exterior é íntima e constante, não perdendo o
contato com a paisagem externa. De onde estiver, o paciente tem uma ampla visão dos
jardins e da reserva florestal que circunda a ala norte do hospital. Por causa da
facilidade de deslocamento das camas-macas, os pacientes ficam boa parte do tempo na
área externa das enfermarias.
As patologias atendidas no Hospital Sarah Salvador, em termos gerais, são:
acidente vascular cerebral, ataxia cerebelar, Mal de Parkinson, Paralisia Cerebral
Infantil, traumatismo cranioencefálico, lesão medular traumática, Síndrome de Guillain
Barré, Mielomeningocele, Mielites, Esclerose Múltipla, Paralisia Braquial Obstétrica,
problemas ortopédicos, Síndrome do Túnel do Carpo, algumas doenças genéticas,
seqüelas de poliomielite, dentre outras.
3. HUMANIZAÇÃO
A Rede Sarah tem como filosofia a humanização no atendimento e nos serviços.
A cama-maca, criada pelo centro de tecnologia da Rede, é um exemplo disso. É um leito
hospitalar leve e móvel, como uma maca, que permite ao paciente ser transportado até
as áreas externas do hospital, tirando-o do confinamento de um quarto de hospital.
Tratar cada paciente, antes de tudo, como pessoa, é outro exemplo de humanizar o
tratamento. Geralmente isso não acontece no serviço de saúde no nosso país. Em seu
livro Tratando doentes e não doenças, o diretor geral e cirurgião-chefe da Rede, Dr
Aloysio Campos Da Paz Júnior, critica esta postura: “Tratar não significa focalizar
somente a patologia. O fato de o médico estar freqüentemente afastado da realidade do
5
paciente, de seu cotidiano, resulta em que sua ação é dirigida para aquilo que o paciente
é incapaz de fazer e não para o que ainda pode fazer”. (CAMPOS DA PAZ, p.21).
Outro exemplo de preocupação na humanização do tratamento está no próprio
projeto arquitetônico do hospital. O hospital Sarah Salvador conta com áreas externas às
enfermarias, onde os pacientes podem tomar banho de sol, conversar, jogar, ler, dentre
outras atividades. O projeto do arquiteto José Filgueiras Lima, mais conhecido como
Lelé1, traduz a própria filosofia da Rede Sarah, como afirma Dr. Campos da Paz: “os
hospitais de Lelé, ao contrário de espaços constrangedores de sofrimento, tornaram-se
locais amenos, generosos, ricos em volumes e cores: a própria expressão e sentido da
palavra Reabilitação”. (LIMA, p. 7).
4. PERFIL DOS PACIENTES
Numa tentativa de análise do perfil destes pacientes, percebemos que
basicamente o que une essas pessoas é o fato de serem portadoras de algum tipo de
deficiência do aparelho locomotor e estarem em processo de reabilitação, além do fato
de que a maioria é predominantemente das classes C, D e E. Segundo a definição no
item 1 da Resolução XXX/3.447, da Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes,
da ONU, considera-se deficiente “qualquer pessoa incapaz de assegurar a si mesma,
total ou parcial, as necessidades de uma vida individual normal, em decorrência de uma
deficiência, congênita ou não, em suas capacidades físicas ou mentais” (FONTES, p.
10).
Não fizemos um estudo detalhado do perfil destas pessoas por ser bastante
heterogêneo, podendo diferir por idade, sexo, classe social, dentre outros. Por exemplo,
quando à idade, os pacientes que se internam para reabilitação de seqüelas de Acidente
Vascular Cerebral são geralmente de uma faixa etária diferente dos pacientes que irão
tratar as seqüelas de Lesão Medular traumática, na sua maioria, causada por acidente de
trânsito, acidente com arma de fogo ou arma branca e mergulho.Os primeiros estão, na
maioria, na faixa etária entre 50 a 70 anos. Os últimos, entre 20 a 40 anos. É,
basicamente, para estes dois grandes filões que estaremos realizando estas atividades,
pois são os programas que demandam mais tempo de internação.
1
Lelé é autor também do Centro de Exposições e do TRE no Centro Administrativo da Bahia, dos
Centros Integrados de Ensino (Ciacs) no Rio de Janeiro, dos prédios do TCU de vários estados, dos cerca
de 40 centros administrativos de pequenos municípios do Maranhão e das passarelas nas avenidas de vale
em Salvador.
6
Um projeto que proponha uma iniciativa de atividade cultural para os pacientes é
uma forma de contribuir para a sua recuperação. Levando em consideração que o perfil
socioeconômico dos pacientes atendidos pela Rede Sarah é predominantemente das
classes C, D e E, como dito acima, este projeto pretende também dar oportunidade a
estas pessoas de ter acesso às atividades artístico-culturais.
5. PROGRAMA DE REABILITAÇÃO
O conceito de REABILITAR implica em aprender a conviver com a sua nova
condição de incapacitado físico. Na obra já citada de Dr. Campos Da Paz, ele explica,
diferenciando da idéia de cura: “A cura é o restituto ad integrum, a volta do ser ao
normal, o retorno à condição que precedia a doença. A reabilitação implica a
necessidade de conviver com obstáculos muitas vezes incontornáveis ao longo do
tempo. Com os recursos hoje disponíveis, um pediatra pode curar uma pneumonia em
menos de uma semana. Isso o gratifica e o remete às origens do sonho que o levou a
procurar a medicina como profissão. Um pediatra que se especializar em tratar crianças
com paralisia cerebral – uma incapacidade resultante de lesão no cérebro – vai conviver
com um ser que no tempo cresce, muda e se diferencia do ‘ser normal’ ao longo de uma
vida, apenas facilitando sua trajetória, mas nunca ‘curando’ ” (CAMPOS DA PAZ, 2324).
Os avanços tecnológicos ainda não apontam para a concretização da recuperação
dos movimentos para os portadores de deficiência física que, na maioria das vezes,
possuem uma lesão irreversível2. Desta forma, o tratamento oferecido a este deve ser no
sentido de reabilitar e não de curar. Isso se traduz em pequenos gestos como, por
exemplo, o segurar de um lápis ou o escrever acionando um computador com um
artefato preso pelos dentes.
Neste contexto, o projeto Quinta na Quadra é uma oportunidade para o paciente
que, agora alijado de sua capacidade de locomoção, desenvolva aquilo que ainda é
capaz de fazer. O conceito de reabilitação passa justamente por isso: o paciente possui
limitações físicas, mas ainda pode pensar. O foco deixa de ser aquilo que não pode fazer
e passa a ser o que ainda pode realizar: se não pode andar, correr, exercer atividades que
exijam as pernas ou os braços, pode utilizar suas funções cognitivas e pode sentir prazer
de outras formas, como através da arte.
2
Me refiro a lesões em tecidos do sistema nervoso central ou periférico (cérebro e medula espinhal),
formados por células nervosas que, uma vez lesionadas, não se regeneram.
7
Em relação ao programa de reabilitação no Sarah Salvador, são desenvolvidas
atividades complementares de reabilitação no ginásio interno de terapia funcional, que
estimula a reabilitação física e funcional do paciente. Com uma grande variedade de
equipamentos – como bicicletas ergométricas, barras paralelas, camas espaldares,
remos, halteres, esteiras, etc. – e o acompanhamento de uma equipe especializada, os
pacientes trabalham, inicialmente, o condicionamento físico, equilíbrio de tronco e
reforço muscular. Em uma segunda fase, treina-se a alimentação independente, a escrita,
o barbear, se necessário com adaptadores, o deslocamento do corpo e outras atividades
cotidianas. Também foi construído para atender a esse objetivo uma quadra polivalente
externa, destinada à prática de esportes coletivos. Em outro programa, os terapeutas
tratam da readaptação do paciente à comunidade, através de visitas a bancos,
supermercados e áreas públicas.
O trabalho de reabilitação desenvolvido no Sarah Salvador tem como objetivo
final a reinserção do paciente na sociedade. Para isso, são desenvolvidas atividades de
sociabilização, com programação cultural e informativa – debates e palestras sobre
temas de interesse coletivo, mostra de vídeo, passeio a shoppings centers, parques,
cinemas e atividades lúdicas (brincadeiras, videokê, gincanas).
No Hospital Sarah Salvador são os professores hospitalares os responsáveis por
atividades de cunho cultural. Eles organizam corais no Natal, cuidam da biblioteca
móvel – um carrinho que circula pelas enfermarias com livros sobre diversos temas, os
quais os pacientes têm acesso irrestrito. São livros de literatura, religião, artes,
conhecimentos gerais, dentre outros, que foram doados pelos funcionários do hospital.
Além destas, aulas de pintura, organização de festas juninas, bailes de carnaval são
também atividades desempenhadas por estes profissionais. Apesar destas atividades de
lazer, o paciente não tem acesso a atividades culturais sistemáticas.
6. INICIATIVAS CULTURAIS
Assim que foi inaugurado, o Sarah Salvador já contava com um centro de
estudos, o Cebran, Centro de Estudos Carlos Castelo Branco, que iniciou suas
atividades em 1993. Foi criado pelo diretor geral da Rede Sarah, Dr. Campos, tendo
como coordenador o antropólogo baiano, Antônio Risério e como objetivo principal
promover atividades de cunho cultural e científico, integrando a Rede Sarah à
comunidade. Caetano Veloso, Jorge Amado, Haroldo de Campos e José Mindlim
compunham a lista dos curadores deste centro.
8
Faziam parte do Cebran a biblioteca e a gráfica Sarahpress. Esta última fez
parcerias com a Ufba e com a Fundação Casa de Jorge Amado e chegou a editar alguns
livros. A biblioteca conta com livros médicos e científicos, além de um selecionado
acervo de obras de conhecimento geral – literatura, religião, artes, filosofia, dentre
outros. Serve principalmente aos funcionários e aos pacientes internados, porém estes
últimos com uma série de restrições.
O Cebran foi responsável pela promoção de eventos artísticos, realizados no
período da inauguração do Hospital, em 1994. Foram shows musicais com nomes como
Carlinhos Cor das Águas, Tuzé de Abreu, Andréa Daltro, Roberto Mendes, Mariella
Santiago, entre outros. Eram shows para os pacientes internados e para os funcionários,
compondo o projeto denominado Terças Culturais. Atualmente, este projeto foi
reestruturado, passando para as quartas-feiras (Quartas culturais), no entanto, hoje se
restringe basicamente a palestras na área médica e cientifica e na área cultural e
artística, já tendo participado o cantor Luiz Caldas, a escritora Zélia Gattai e o editor do
jornal Coisa de Cinema, Cláudio Marques. Dois anos depois foram encerradas as
atividades do Cebran e esta foi basicamente a única iniciativa neste sentido proposta
pela própria Rede, muito embora destinava-se mais para os próprios funcionários que
para os pacientes.
A proposta deste projeto é justamente suprir esta lacuna no hospital, que é
oferecer aos pacientes não apenas shows musicais gratuitos, mas também espetáculos de
dança e teatro, que poucas vezes alcançam este público já descrito mais acima.
7. A INSTITUIÇÃO
A Rede Sarah é gerida por uma entidade de serviço social autônomo, de direito
privado e sem fins lucrativos que é a Associação das Pioneiras Sociais, criada pela Lei
nº 8.246, de 22 de outubro de 1991. O caráter autônomo da gestão desse serviço público
de saúde faz da Associação a primeira Instituição pública não-estatal brasileira. A
Associação administra a Rede Sarah por meio de um Contrato de Gestão, firmado em
1991 com a União Federal, que explicita os objetivos, as metas e os prazos a serem
cumpridos.
A Rede Sarah é conhecida em todo o Brasil pela qualidade de seus serviços
prestados,
principalmente
porque
atende
gratuitamente
a
todos
os
níveis
socioeconômicos da população. No entanto, o hospital é mais conhecido pela própria
9
área médica do que pela população em geral. A realização de atividades como as
propostas neste projeto teria também a função de divulgar o trabalho da Rede Sarah,
uma vez que esta divulgação não parte da própria Instituição. Podemos relembrar o ano
de 2001, mais precisamente, o mês de fevereiro quando o cantor e compositor do grupo
Paralamas do Sucesso, Herbert Vianna, sofreu um acidente de ultraleve em
Mangaratiba, no Rio de Janeiro. O tratamento de reabilitação foi realizado no Hospital
Sarah de Brasília, o que rendeu uma boa divulgação a respeito do programa de
reabilitação realizado ali. O músico fez um show para os pacientes internados naquele
hospital.
Por outro lado, uma ação desta ordem se identifica aos próprios princípios desta
Instituição. A Rede Sarah oferece atendimento gratuito a quem não tem condições
financeiras e, ao agregar às suas atividades, uma prática artístico-cultural como a
proposta, para pessoas que não têm acesso a esta, estará consolidando este princípio.
Isto tudo se justifica quando pensamos que a Rede sobrevive à custa de recursos da
União, através de um contrato de gestão, que é renovado e para isso, precisa de
aprovação no Congresso.
10
JUSTIFICATIVA
Como aluna do curso de Comunicação com habilitação em Produção Cultural,
percebi a necessidade em realizar um projeto experimental que significasse uma prática
e me lançasse na minha futura profissão. Desta forma, me veio a idéia de implementar
uma proposta de projeto cultural que pudesse ser apresentado a uma instituição. O fato
de trabalhar no Hospital da Rede Sarah,3 uma instituição conceituada pelo tratamento de
reabilitação motora oferecido e perceber um déficit de programações artístico-culturais
para os pacientes ali instalados durante o processo de tratamento, foi o próximo passo
que me levou a idealizar uma ação desta ordem.
Vale ressaltar neste processo a importância de disciplinas cursadas durante o
período em que estive na Faculdade de Comunicação, como Oficina de Planejamento e
Gestão em Comunicação e Cultura, Marketing e Divulgação Cultural, Oficina de
Produção em Cultura, Oficina de Planejamento e Elaboração em Comunicação e
Cultura, dentre outras, que funcionaram como estímulo e, ao mesmo tempo, me deram
suporte para realizar um projeto como este.
A idéia de levar aos pacientes deste hospital uma atividade cultural, como forma
de humanização no tratamento e, principalmente, proporcionar algo a que a maioria
deles não têm acesso fácil, ou porque os espaços físicos externos não estão preparados
para receber pessoas portadoras de deficiência física, ou pelas próprias condições
socioeconômicas destes, foi um incentivo na elaboração deste projeto. Além disso,
pensar que esta idéia também poderia ser útil para divulgar o tratamento realizado pelos
hospitais da Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor.
O espaço físico do hospital Sarah de Salvador é bastante amplo – com raras
exceções, tanto no se que se refere à área externa como interna, o que oferece acesso
irrestrito a todos os pacientes, tanto aqueles que fazem uso de muletas, como cadeiras de
rodas e até mesmo para os que estão nas macas. O Hospital conta com enfermarias
amplas, varandas, auditório, biblioteca, jardins, ginásio interno e externo de fisioterapia.
Inicialmente, a idéia era que este evento fosse realizado no auditório, por ser um
espaço apropriado, por questões de acústica, climatização, suporte técnico. No entanto,
3
Trabalho no Hospital Sarah desde agosto de 2000.
11
este não possui espaço suficiente para acomodar pacientes na cama-maca. A concha
acústica que existe no hospital também possui um pequeno espaço para os pacientes na
cama e cadeira de rodas. Então, a quadra externa de esportes foi o local escolhido, já
que é um espaço amplo, plano, sem dificuldade de acesso, onde os pacientes podem
chegar nas macas (através do transporte do hospital).
Geralmente, a maioria dos pacientes internados para cumprir programa de
reabilitação permanece a semana no hospital e é liberada para passar os finais de
semana com a família em casa. A sexta-feira, então não seria uma boa escolha para se
realizar este evento, já que é o dia em que eles saem. Na quarta, já existe a programação
denominada Quarta Cultural, já comentada mais acima. Então, demos preferência pela
quinta-feira. Por se tratar de um evento relativamente grande, realizá-lo apenas uma vez
ao mês seria mais viável. Toda 2ª quinta do mês, então, teríamos o evento chamado
Quinta na Quadra. Às 16 horas, o dia ainda está claro e os pacientes já cumpriram
atividades de reabilitação. Como o hospital conta com 140 leitos, sendo que a maioria
dos pacientes permanece internado com acompanhante, isso justifica a quantidade
média de 300 pessoas no evento.
12
PROCEDIMENTOS
O primeiro passo em direção à realização deste trabalho foi o levantamento de
material sobre a Instituição para a qual apresentaríamos o projeto, a Rede Sarah de
Hospitais do Aparelho Locomotor. Inicialmente, busquei material no site da Instituição
e outros materiais na Internet, principalmente matérias jornalísticas referentes à Rede.
Em relação à pesquisa de campo, pouco material encontrei na biblioteca do próprio
hospital, mas através do contato com a assessora de comunicação, Malu Fontes, tive
acesso a publicações do próprio hospital, como textos sobre a inauguração do Sarah
Salvador ou sobre a Associação das Pioneiras Sociais ou ainda, sobre o projeto
arquitetônico da Rede. Também algumas publicações jornalísticas sobre o tratamento
oferecido pela Rede.
A partir daí, foi necessária a leitura de todo o material levantado. Também foi
preciso a leitura de algum material sobre a estrutura básica de um projeto cultural, uma
vez que precisaríamos adequar a nossa proposta a um modelo de projeto. O Manual de
Elaboração de Projetos para captação de recursos e o livro Gestion Cultural, uma
Actitud de B-Vida, de Fernando Tovar (antropólogo especialista em gestão e
administração de processos culturais) me foram de grande utilidade nesta busca. Este
último, uma espécie de guia básico para identificação, formulação e apresentação de
projetos da área cultural, apresenta três questões básicas que devem ser respondidas a
respeito de qualquer projeto que se proponha realizar: É possível? É necessário? É útil ?
Ainda segundo Tóvar, antes de realizar um projeto, deve-se identificar o
problema. Neste caso, uma carência. Ao se identificar o perfil socioeconômico dos
pacientes do Hospital Sarah Salvador, cujo acesso a teatro, música, dança é mais
restrito, surgiu a necessidade de se pensar em uma ação que suprisse esta carência. Ao
mesmo tempo, ao se identificar a filosofia da própria instituição, de humanização e
reinserção do paciente na sociedade, podemos perceber a utilidade deste projeto. A
possibilidade de se efetivar este projeto, foi tornando-se mais forte à medida em que a
necessidade e a utilidade foram definindo-se.
Outra leitura importante foi a respeito da questão da humanização no tratamento
médico e sobre o olhar do outro em relação à deficiência física. O livro Tratando
doentes e não doenças aborda a questão da humanização no atendimento médico. O
13
autor, médico e diretor da Rede Sarah, Dr. Campos Da Paz, defende o atendimento
humanizado, firmado na pessoa e baseado na análise do doente e não da doença,
levando-se em consideração a história de vida de cada um e a co-participação deles no
tratamento. "Na medida em que o médico deixa de considerar o doente como um objeto
e passa a considerar o doente-sujeito, partícipe da ação, e não como um indivíduo
passivo, essa distorção diminui" (CAMPOS DA PAZ, p. 24).
Também o livro aborda a questão das dificuldades que a sociedade tem em
aceitar aqueles que em forma, função ou cognição não coincidem com o “ser normal”.
“A sociedade contemporânea – com seus arquétipos - não vem enfrentando o problema
de forma aberta, e essa atitude tem levado a uma exacerbação do conflito, fazendo
permanecerem a discriminação silenciosa, porém persistente, e o preconceito na
abordagem do paciente e na prática da medicina”. (Id., p. 19).
Ainda sobre este tema, o trabalho de mestrado da jornalista Malu Fontes é
bastante esclarecedor. Revela justamente o olhar da sociedade sobre o portador de
deficiência física, a discriminação e dificuldade de reinserção na sociedade. Segundo o
texto, “Em geral, as cidades não oferecem condições arquitetônicas e infra-estruturas
satisfatórias para a circulação dessas pessoas na cena urbana, como transporte público
adaptado, rampas de acesso, etc. Em função destas dificuldades, os portadores de
deficiência física, em sua maioria, não têm condições de circulação nos espaços
públicos... o deficiente físico não circula por falta de condições de fazê-lo e, uma vez
que ele não se desloca do espaço privado para o público, a comunidade acostuma-se à
sua desaparição no cenário público urbano e tende a fingir que ele não existe. A
população não o vê e nem às suas necessidades: o poder público e a própria comunidade
não vêem estas necessidades e, portanto, não adotam mecanismos que facilitem essa
circulação, mantendo o deficiente num suposto status de inexistente”. (FONTES, p.13).
Dando prosseguimento às pesquisas, surgiu a necessidade de tomar
conhecimento de atividades lúdicas/culturais realizadas no tratamento a pacientes
internados. Neste sentido, encontramos o trabalho dos Doutores da Alegria. Este grupo
de atores profissionais especializados nas áreas de teatro clown e técnicas circenses, que
são treinados para cumprir a missão de levar alegria a pacientes hospitalizados,
principalmente, às crianças e seus familiares acreditam que o humor é essencial para
auxiliar a superar os traumas inerentes aos processos de enfermidade e internação e
restituir a alegria como parte integrante da vida do paciente.
14
Seguindo esta linha, o filme Patch Adam – O amor é contagioso (EUA, 1998),
com Robin Williams, é baseado na história real de um médico que acredita que o humor
é o melhor remédio e está disposto a quase tudo para fazer seus pacientes rirem,
colocando até mesmo sua carreira em risco para alcançar isto. Em uma cena do filme, o
personagem principal afirma: “Para ser médico, devemos tratar a doença e o paciente”,
o que nos faz lembrar das próprias palavras do diretor geral da Rede Sarah, em seu livro
já citado aqui, onde defende a humanização no tratamento dos pacientes.
No entanto, estas duas práticas referidas acima têm um caráter diverso do que
propomos, não são atividades artístico-culturais, se apresentam muito mais como uma
prática terapêutica, baseada em estudos aprofundados sobre o tratamento de pacientes
hospitalizados. Porém, o conhecimento delas também foi de grande relevância para a
própria definição do projeto aqui proposto.
Saindo do universo das leituras e partindo mais para a prática, foram parte
imprescindível na elaboração do projeto as entrevistas realizadas. Foram sete
entrevistados, relacionados abaixo:
Entrevistado
Malu Fontes
Giovana Vazzoler
Cargo/Função
Data
Assessora de Comunicação do Sarah Salvador 14/08,05 e 13/09/2003
Professora Hospitalar
25/09/2003
Martha Silveira
Bibliotecária
12/09/2003
Alfredo Carlos
Estatístico
30/09/2003
Gerência de Enfermagem/Equipe de Lesado
17/09/2003
Enfa. Patrícia Nobre
Medular
Juteí Bispo
Enfa. Luciana Cruz
Técnico som e vídeo
15/09/2003
Equipe de Lesado Cerebral
13/09/2003
15
As entrevistas fornecidas pela assessora de comunicação foram importantes para
conhecer um pouco mais sobre a história da Rede, a inauguração do Sarah Salvador, a
criação do Cebran e os projetos já realizados no hospital. A partir daí, achamos
importante entrevistar Antônio Risério por ter sido coordenador do Cebran e
responsável pela elaboração e execução de projetos culturais realizados pelo Sarah
Salvador. Mas não obtivemos sucesso. A partir do Cebran, resolvemos procurar a
bibliotecária da Instituição no intuito de saber se este setor contava com projetos
destinados aos pacientes. Descobrimos que não e que nem mesmo acesso irrestrito à
biblioteca os pacientes possuem.
Giovana Vazzoler, coordenadora da equipe de professores hospitalares do Sarah
Salvador, responsável pelos projetos culturais e/ou de lazer realizados para os pacientes
nos forneceu informações a respeito das atividades realizadas para os pacientes. As
enfermeiras Patrícia Nobre e Luciana Cruz puderam nos fornecer dados a respeito do
programa de reabilitação dos pacientes internados na instituição. Ao entrevistar o
estatístico Alfredo Carlos, obtivemos informações estatísticas importantes sobre o
hospital. A tentativa de entrevistar o arquiteto Lelé também foi com o intuito de nos
inteirar mais a respeito dos espaços físicos e projeto arquitetônico do Sarah Salvador.
Mas esta entrevista não foi possível. Por fim, o técnico Juteí Bispo nos forneceu
informações quanto à estrutura e equipamentos necessários ao evento que pudessem ser
fornecidos pelo hospital.
É importante arrolarmos aqui os equipamentos que o hospital dispõe, a saber, 1
mesa de som, 2 caixas de som, 1 amplificador e 1 microfone. Em relação ao meio
utilizado para os pacientes chegarem até o espaço definido para a realização do evento,
o hospital conta com trollers, carros especiais onde os pacientes podem ser
transportados na maca e cadeira de rodas.
Enfim, a última etapa: a confecção do projeto. É importante salientar a
necessidade de se fazer um projeto enxuto, sucinto. O tempo é um recurso escasso nas
empresas, portanto, para garantir que seja lido, o projeto não deve ter uma extensão
maior que o necessário para transmitir as informações essenciais. Levando isso em
consideração, tentamos elaborar um projeto o mais sintético, objetivo e direto possível.
16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIVROS
ALMEIDA, Candido J. M. de,. A arte é capital. Visão aplicada do Marketing Cultural.
RJ: Rocco, 1993.
CAMPOS DA PAZ JÚNIOR, Aloysio. Tratando doentes e não doenças. Brasília,
Editora Sarahletras, 2002.
LIMA, João Filgueiras. CTRS – Centro de Tecnologia da Rede Sarah. Brasília:
Sarahletras, 1999.
MOISÉS, José Álvaro e BOTELHO, Isaura. Modelos de financiamento da cultura.
RJ: Funarte, 1997.
MUYLAERTE, Roberto. Marketing cultural e comunicação dirigida. São Paulo:
Globo, 1994.
TOVAR, Fernando Barona. Gestion Cultural uma Actitud de B-Vida. Proyetos e
Gerencia. CALI: Câmara de Comercio de Cali, 1999.
JORNAIS
BANDEIRA, Cláudio. Arquitetura do possível. In: Jornal A Tarde.
CARVALHO, Jailton de. Rede Sarah exporta tecnologia para Dinamarca. In:
Jornal O Globo. Caderno O País, 02/06/03.
CARVALHO, Tatiany. Livro critica os interesses mercantilistas na medicina.
In: Correio da Bahia, 09/12/02.
Livro defende a humanização no atendimento médico. In: Correio da Bahia.
Saúde. 10/12/02.
WYLLYS, Jean. Portadores de deficiência superam os obstáculos com garra e
criatividade. In: Correio da Bahia. Aqui Salvador: Salvador, 20/09/2002.
17
REVISTAS
Caminho de muitas pedras. In: Revista Marketing Cultural. Julho de 1998. Pg 41-43.
RIBEIRO, Bianca. A face eficiente da saúde pública. In: Revista Bis (Publicação
Mensal do Banco Econômico S.A). Nº 481. Ano XIX. Junho de 1994. (pg. 28-33).
Tirando proveito. In: Revista Marketing Cultural. Julho de 1998. Pg. 46-49.
ZACHÉ, Juliane. Tratamento no automático. In: Revista Istoé. Saúde, 10/09/2002.
Teses, Dissertações e outras publicações
FONTES, Maria L. Andrade. Um outro corpo em cena: a deficiência física sob
a lógica do espetáculo, Salvador: 1999. Dissertação de Mestrado –
Universidade Federal da Bahia.
Manual de Elaboração de Projetos para Captação de Patrocínios. (s/l, s/d).
O Brasil que queremos. In: Informativo Redesarah. Especial: Tudo sobre a
inauguração do Sarah Salvador. Ano I, nº 04, março/94.
Sarah. Instituição Nacional de Medicina do Aparelho Locomotor. Fundação das
Pioneiras Sociais. Folheto editado pelo Departamento de Comunicação e
Informação do Sarah. Brasília, 12/09/80. 44 páginas.
SITES

www.sarah.br

www.doutoresdaalegria.com.br
18
ANEXOS
Anexo 1
Trecho de nota divulgada pela família de Herbert Viana em julho de 2001:
"Desde quando Herbert se acidentou, recebemos muitos convites ou conselhos
para realizarmos sua reabilitação nos mais diversos lugares do mundo. Muitos desses
conselhos, por mais bem intencionados que fossem, partiam da idéia de que o melhor da
medicina está sempre fora do Brasil. Mesmo a imprensa chegou a anunciar várias vezes
que Herbert iria em breve fazer uma viagem internacional para tratamento.
Mas depois de pesquisarmos profundamente o estado internacional da
reabilitação de pacientes com lesões medulares e cerebrais, descobrimos que perto de
casa temos profissionais extremamente competentes para nos ajudar em tudo que
precisamos.
Procurando mais informações sobre a reabilitação neuropsicológica para pessoas
que sofreram lesões cerebrais, a parte mais misteriosa do tratamento, chegamos ao nome
da doutora Lúcia Willadino Braga, que desenvolve um trabalho inovador no campo da
neuropsicologia e também é diretora do hospital Sarah de Brasília.
A partir de um primeiro contato, resolvemos levar Herbert para esse hospital,
onde ficou internado por uma semana e foi submetido a uma verdadeira maratona de
exames. Ficamos encantados com o trabalho do Sarah Agradecemos aqui publicamente
a toda sua equipe: enfermeiros, seguranças, médicos, pessoal de limpeza, cozinheiros,
terapeutas, copeiras e técnicos das mais diversas especialidades. Todos, sem exceção,
nos trataram com grande carinho, demonstrando enorme competência no seu trabalho e
felicidade por fazerem bem o que fazem.
Ficamos orgulhosos em descobrir que há um hospital público como o Sarah no
Brasil, e logo verificamos que esse orgulho era compartilhado por todos os pacientes, de
todas as classes sociais e de todas as regiões brasileiras, com quem tivemos a
oportunidade de conversar.
A saúde pública de qualidade é um bem precioso, que deve ser preservado com
todo nosso empenho, contra todas as tentativas de desmantelamento, contra o descaso,
19
contra a falta de verbas ou contra a privatização "neo-liberal". Nossa estada no Sarah foi
também uma lição: um Brasil competente, que funciona com rigor e que pode ser
comparado -inclusive em termos tecnológicos e de pesquisa - com o que de melhor
existe no mundo, é plenamente possível. O dinheiro dos nossos impostos pode ter uma
aplicação sadia.
Herbert ficou tão contente que queria tocar e cantar o tempo todo para retribuir o
bom tratamento. O esforço da viagem -a vida em cadeiras de rodas no Brasil certamente
não é fácil- foi plenamente recompensado. . .
A família"
Site: Radio Universidade FM: www.universidadefm.ufma.br
20
Anexo 2
UMA PEQUENA HISTÓRIA DA REDE SARAH
DE HOSPITAIS DO APARELHO LOCOMOTOR
A existência do Sarah tem sido possível graças ao fato de que a semente de sua
utopia foi plantada num momento em que havia, no Brasil, um movimento político para
deixar no passado o status de Terceiro Mundo e caminhar na direção do amanhecer de
uma sociedade mais justa e desenvolvida – o final dos anos 50 e início dos anos 1960.
A Rede SARAH de Hospitais de Reabilitação é constituída por seis unidades
hospitalares localizadas em Brasília (DF), Salvador (BA), São Luís (MA), Belo
Horizonte (MG), Fortaleza (CE) e Rio de Janeiro (RJ).
Tudo começou em 1960, quando foi criado o Centro de Reabilitação Sarah
Kubitscheck, em Brasília, e nove anos depois, o médico Aloysio Campos da Paz Júnior
foi convidado para assumir a direção. Era um hospital onde a maioria das crianças
internadas eram portadoras de seqüelas de poliomielite e lesões congênitas.
Em março de 1976, o presidente da República, aprovou a construção de um
grande hospital do aparelho locomotor para servir à região Centro-Oeste, como também
para formar médicos e paramédicos e desenvolver tecnologia própria. A última etapa do
projeto previa a implantação de uma rede nacional de hospitais do aparelho locomotor, a
Rede Sarah.
O primeiro grande hospital foi inaugurado em Brasília, em 1980. Em 1985, o
então presidente João Figueiredo decretou a criação da Rede de Hospitais do Aparelho
Locomotor. Em 1991, o presidente José Sarney, através da lei nº 8246, cria a
Associação das Pioneiras Sociais para gerir a Rede Sarah. Seria a primeira instituição
pública não estatal regida por um contrato de gestão com o governo brasileiro e
fiscalizada pelo Tribunal de Contas da União.
Os recursos financeiros que mantêm todas as unidades da Rede SARAH provêm
exclusivamente do Orçamento da União, em rubrica específica para manutenção do
Contrato de Gestão. O controle é feito pelo Tribunal de Contas da União, com ênfase na
avaliação dos resultados finais dos investimentos garantidos por recursos públicos. A
qualidade dos serviços é aferida pelo Centro Nacional de Controle de Qualidade, com
21
padrões universais nas áreas ambulatorial e hospitalar. A Rede Sarah não recebe
recursos advindos do número e da complexidade dos serviços prestados, à semelhança
do que ocorre com instituições de saúde subordinadas ao SUS.
Em 1992, foi criado em Salvador o Centro de Tecnologia da Rede Sarah, o
CTRS, dirigido pelo arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, que projetou o Sarah
Brasília e todos os outros hospitais da Rede. “O Centro (CTRS) tem como objetivo
desenvolver novas técnicas em arquitetura hospitalar que viabilizem a ampliação da
Rede com qualidade, custos adequados e espaços generosos que permita, a humanização
no processo de tratamento. Ao mesmo tempo, o centro dedica-se ao desenvolvimento de
equipamentos hospitalares”. (CAMPOS DA PAZ, 80).
Em 1993, teve início a expansão da Rede, com a implantação da unidade de São
Luís, no Maranhão, para atender ao Norte do Brasil. A inauguração do Sarah de
Salvador se deu em 1994 para atender à região Nordeste. Em 1997, implantou-se o
Sarah Belo Horizonte para atender à região Sudeste. Em 2001, foi inaugurado o Sarah
Fortaleza e em 2002, foi implantada a primeira etapa do Sarah Rio para atender à
demanda crescente do Sudeste, inicialmente apenas com o Centro de Reabilitação
Infantil.
SARAH-BRASÍLIA
Inaugurado em 1980, o SARAH-Brasília possui capacidade instalada de 294
leitos.
Em 2002, realizou 492.699 atendimentos a pacientes. A média diária foi de
1.947 atendimentos. Realizou 6.533.734 procedimentos de assistência médica e
reabilitação.
O SARAH-Brasília acumula as funções de Hospital, Centro de Administração e
de Gestão Hospitalar, Centro de Ensino e Pesquisas, Centro de Pesquisas em Educação
e Prevenção, Centro de Controle de Qualidade e Centro de Formação de Recursos
Humanos. Em Brasília, está igualmente funcionando o Curso de Mestrado em Ciências
da Reabilitação, constituindo assim uma infraestrutura singular em instituições médicas
do país, voltada para o conhecimento e o avanço da medicina.
22
SARAH-SALVADOR
Inaugurado em 1994, o SARAH-Salvador possui capacidade instalada de 120
leitos.
Em 2002, realizou 289.228 atendimentos a pacientes. A média diária foi de
1.143 atendimentos. Realizou 3.264.695 procedimentos de assistência médica e
reabilitação.
Significou a concretização de um projeto de hospital horizontal, já idealizado
pelo arquiteto Lelé e pelo diretor geral da Rede, Dr Aloysio Campos Da Paz Júnior.
Retomando com contemporaneidade as características humanizantes das
instituições de saúde do período colonial brasileiro, a arquitetura do SARAH--Salvador
possibilita a total integração entre as suas áreas interna e externa.
SARAH-SÃO LUÍS
Inaugurado em 1993, o SARAH-São Luís possui capacidade instalada de 130
leitos.
Em 2002, realizou 200.303 atendimentos a pacientes. A média diária foi de 792
atendimentos. Realizou 2.181.416 procedimentos de assistência médica e reabilitação.
O SARAH-São Luís é centro de referência da Rede para a Região Norte e vem
ampliando
seus
serviços
gradativamente.
Assim,
foram
implementados,
progressivamente, programas de ortopedia, lesão medular e lesão cerebral .
O SARAH-São Luís dispõe, ainda, de um Centro Comunitário, cujo objetivo é
promover ações de educação e maior integração entre paciente e comunidade. Conta
com biblioteca, salas de leitura (adequadas a pesquisas escolares), brinquedoteca,
anfiteatro e salão comunitário.
SARAH-BELO HORIZONTE
O SARAH-Belo Horizonte, inaugurado em maio de 1997, possui capacidade
instalada de 125 leitos.
23
Em 2002, realizou 252.981 atendimentos a pacientes. A média diária foi de
1.000 atendimentos. Realizou 2.727.594 procedimentos de assistência médica e
reabilitação.
No SARAH-Belo Horizonte, estão implantados os programas de reabilitação do
lesado medular, do lesado cerebral adulto e do lesado cerebral infantil; de genética
médica e de distúrbios neuromusculares assim como o programa complementar
ortopédico clínico e cirúrgico.
Um antigo hospital geral, o SARAH-Belo Horizonte foi totalmente reformado e
transformado em centro de reabilitação com todos os recursos que permitem o
diagnóstico e tratamento à semelhança da Unidade central em Brasília.
SARAH-FORTALEZA
O SARAH-Fortaleza, inaugurado em setembro de 2001, possui capacidade
instalada de 61 leitos.
Em 2002, realizou 68.407 atendimentos a pacientes. A média diária foi de 270
atendimentos. Realizou 1.099.156 procedimentos de assistência médica e reabilitação.
O SARAH-Fortaleza dedica-se especificamente à reabilitação de crianças e
adultos, contando com atendimento ambulatorial e unidades de internação. Dispõe de
piscinas internas, externas e varandas que favorecem a humanização do tratamento.
SARAH-RIO DE JANEIRO
Inaugurado em janeiro de 2002, o SARAH-Rio é um Centro de Reabilitação
Infantil.
Em 2002, realizou 30.040 atendimentos a pacientes. A média diária foi de 119
atendimentos. Realizou 152.317 procedimentos de assistência médica e reabilitação.
Atende crianças e adolescentes de zero a 16 anos.Surgiu da necessidade de
expansão da Rede para a região sudeste, na medida em que muitas crianças tinham que
se deslocar até Brasília para tratamento especializado, com um custo social e humano
elevado.
24
O Centro de Reabilitação situa-se na lagoa de Jacarepaguá, o que permitiu que o
projeto tirasse o melhor proveito da natureza, viabilizando esportes como vela e
canoagem, além de todas as atividades de diagnóstico e reabilitação como nos demais
hospitais SARAH.
Os casos que eventualmente necessitam de procedimentos cirúrgicos são
referidos para outras unidades da Rede.
Há um projeto de construção, nas proximidades do Centro de Reabilitação, de
um grande hospital dedicado a adultos e crianças, semelhante ao Sarah Brasília.
Texto baseado em informações retiradas do site: www.sarah.br
Anexo 3
25
Princípios da Rede SARAH:
CRIAR
um centro especializado de saúde que entenda o ser humano como SUJEITO da AÇÃO
e não como OBJETO sobre o qual se aplicam técnicas.
VIVENCIAR
a medicina do aparelho locomotor como um conjunto de conhecimentos e técnicas
unificadas, destinados a restituir ao incapacitado físico o direito universal de ir e vir.
ATUAR
na sociedade para prevenir a incapacidade e a deformidade, combatendo, ao mesmo
tempo, preconceitos quanto à deficiência física, pois o que caracteriza a vida é a infinita
variação da forma que no tempo muda.
DEFENDER
o princípio de que nenhum homem pode ser discriminado por ser diferente da média em
sua forma física ou maneira própria de realizar uma atividade.
LIBERTAR-SE
da dependência tecnológica pela utilização do potencial criador de nossa cultura,
rejeitando a atitude passiva diante do consumismo e da imitação.
DESENVOLVER
uma atitude crítica diante de modelos importados, sejam técnicas, sejam
comportamentos.
SIMPLIFICAR
técnicas e procedimentos para adaptá-los às necessidades reais apresentadas pelos
contrastes econômicos e culturais das regiões brasileiras; simplificação é a síntese
crítica de sistemas e processos mais complexos: "não se simplifica aquilo que não se
conhece".
VALORIZAR
a iniciativa inovadora e a troca de experiências, no ensino e na pesquisa, estimulando a
criatividade de pessoas e grupos, "o indivíduo é a Instituição" e cada um por ela
responde, a ela dedicando sua vida.
VIVER
para a saúde e não sobreviver da doença.
26
TRANSFORMAR
cada pessoa em agente de sua própria saúde.
TRABALHAR
para que a UTOPIA deste Hospital seja educar para a saúde, de tal modo, até que todos,
protegidos da doença, dele não mais necessitem.
A COMUNIDADE
é a principal responsável por esta obra, cuja finalidade é a realização de sua vontade.
Cabe, portanto, como dever de todos, cobrar desta Instituição o compromisso hoje
consolidado.
Anexo 4
27
Evolução histórica da Rede Sarah
1945 - A embaixatriz norte-americana no Brasil, Beatrice Berle, e um grupo de
senhoras brasileiras e norte-americanas, fundaram no Rio de Janeiro a Organização das
Voluntárias, com o objetivo de fazer assistência social no então Distrito Federal.
1951 - D. Sarah Kubitscheck criou, em Belo Horizonte, a Organização das
Voluntárias de Minas Gerais.
1956 - Foi criada, no Rio de Janeiro, por D. Sarah Kubitscheck, as Pioneiras
Sociais, agrupando as Organizações das Voluntárias do Rio de Janeiro e de Belo
Horizonte.
1956 - Pelo Decreto nº 39.865, de 29.08.56, o Presidente da República declarou
de utilidade pública a sociedade civil Pioneiras Sociais, com sede no Distrito Federal.
1960 - Pela Lei nº 3.736, de 22.03.60, o Poder Executivo foi autorizado a
instituir, no Distrito Federal, a Fundação das Pioneiras Sociais.
1961 - Foi inaugurado, em Brasília, o Centro de Reabilitação SARAH
Kubitscheck, o Sarinha, com a proposta de dotar Brasília de um moderno Centro de
Reabilitação.
1964 - Campos da Paz chegou da Inglaterra, após concluir o seu Curso de
Ortopedia e Reabilitação na Universidade de Oxford.
1968 - Campos da Paz passou a dirigir o Centro de Reabilitação SARAH
Kubitschek.
1969 - O Centro de Reabilitação SARAH Kubitschek foi ampliado, passando a
funcionar como hospital cirúrgico com 66 leitos.
1972 - O Centro de Reabilitação SARAH Kubitschek foi credenciado pela
Organização Mundial de Saúde como Centro de Referência para Formação de Recursos
Humanos em Reabilitação.
1976 - Foi criado o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento de Equipamentos
Hospitalares - EquipHos, hoje Centro de Tecnologia Hospitalar e de Engenharia de
Reabilitação, com o objetivo era aumentar o grau de adequação das técnicas e
equipamentos utilizados e possibilitar um programa de substituição de importações de
28
aparelhos ortopédicos e membros artificiais. O EquipHos já registrou mais de 185
patentes de produtos no Instituto Nacional de Propriedade Industrial-INPI.
1980 - Foi inaugurado, pelo Presidente da República, o Hospital SARAH
Brasília, Distrito Federal, com 310 leitos.
1987 - O Presidente da República assinou decreto instituindo a Rede Nacional
de Hospitais de Medicina do Aparelho Locomotor, tendo o SARAH Brasília como
centro, prevendo-se inicialmente a criação de unidades em Belo Horizonte, Salvador,
São Luís, Fortaleza, Natal, Recife e Curitiba.
1991 - Pela Lei nº 8.246, de 22.10.91, o Poder Executivo foi autorizado a
instituir o Serviço Social Autônomo Associação das Pioneiras Sociais, pessoa jurídica
de direito privado sem fins lucrativos, de interesse coletivo e de utilidade pública, com
objetivo de prestar assistência médica qualificada e gratuita a todos os níveis da
população e de desenvolver atividades educacionais e de pesquisa no campo da saúde,
em cooperação com o poder público. Pela mesma Lei foi extinta a Fundação das
Pioneiras Sociais. A Associação das Pioneiras Sociais passou, por Contrato de Gestão
com o Ministério da Saúde, a gestora da Rede SARAH de Hospitais do Aparelho
Locomotor.
1991 - O Decreto nº 371, de 20.12.91, instituiu o Serviço Social Autônomo
Associação das Pioneiras Sociais.
1991 - Os ministros da Saúde e da Fazenda e o Secretário da Administração
Federal assinaram, em 27.12.91, o Contrato de Gestão com a Associação das Pioneiras
Sociais.
1992 - O Conselho de Administração da Associação das Pioneiras Sociais
aprovou seu Regulamento e definiu a Política Salarial da instituição, marco que acabou
com a estabilidade e o duplo vínculo e adotou o tempo integral e dedicação exclusiva,
com remuneração de mercado.
1993 - Foi inaugurado, pelo Presidente da República, o Hospital SARAH São
Luís, Maranhão, com 180 leitos.
1994 - Foi inaugurado o Hospital SARAH Salvador, Bahia, com 180 leitos.
29
1995 - A Rede SARAH foi escolhida como Centro de Pós-Graduação em
Ortopedia pelo ICOE - International Center for Orthopaedics Education da American
Orthopaedic Association.
1995 - A Rede SARAH foi escolhida como Centro de Pós-Graduação em
Neuropsicologia e Reabilitação pela Comunidade Européia - Projeto Biomed.
1995 - Foi criado o Centro SARAH de Formação e Pesquisa.
1996 - O Centro Nacional de Controle de Qualidade iniciou no SARAH Brasília
a implantação de um indicador de qualidade técnica da assistência médica prestada na
reabilitação funcional de seus pacientes: o Functional Independence Measure (FIM).
1997 - Foi inaugurado do Hospital SARAH Belo Horizonte, Minas Gerais, com
180 leitos.
1997 - Foi inaugurado o novo auditório-teatro da Rede SARAH, em Brasília,
com auditório de 400 lugares, dotado de equipamentos de som, vídeo e áudio de última
geração e integrado aos demais auditórios das unidades da Rede SARAH por meio de
vídeoconferência. É dos poucos auditório-teatros do país com flexibilidade para receber
pacientes em cadeiras de rodas ou em camas-macas.
1997 - O Centro de Tecnologia da Rede SARAH-CTRS, localizado em
Salvador, foi implantado numa área de 17 mil metros quadrados e com investimento de
R$ 18 milhões.
1997 - O Conselho de Administração aprovou a criação do curso de Mestrado
em Ciências da Reabilitação da Rede SARAH.
1997 - A Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - CAPES, do Ministério da Educação, autorizou o funcionamento do curso de
pós-graduação da Rede SARAH, Mestrado em Ciências da Reabilitação.
1998 - O Functional Independence Measure (FIM) foi consolidado nos
programas de reabilitação do lesado medular e do lesado cerebral das unidades de
Brasília, Salvador e Belo Horizonte.
1998 - Foi inaugurada, em Brasília, a SARAH Press, o Centro Gráfico da Rede
SARAH.
30
1998 - O Centro SARAH de Formação e Pesquisa, a Universidade SARAH,
iniciou suas atividades letivas com uma aula inaugural sobre "Ciência e Poder",
proferida pelo Presidente da República.
Material retirado do site www.sarah.br
31
Download