Diogo Araujo – Med 92 Ametropias Professora Chalita A córnea é o principal dióptrio que faz a convergência. As ametropias podem ser de índice ou axiais. o As alterações de índice são aquelas em que há convergência aumentada ou diminuída do feixe de luz pelos dióptrios (córnea, cristalino, etc). Nesses casos, o tamanho do olho é o mesmo. o Quando há alteração axial, o poder de convergência dos dióptrios é normal, mas a forma do olho é diferente. Assim, a retina fica antes ou depois do ponto de convergência dos raios. No olho míope, a imagem se forma antes da mácula. No hipermetrope, depois. DECORA, MLK Geralmente, nas alterações axiais, as ametropias são mais fortes. o As alterações axiais estão muito presentes nas miopias acima de 5 graus e hipermetropias acima de 3 graus. Pode ter as duas ao mesmo tempo (alteração de índice e axial at the same fucking time). Há mais hipermetrope na população geral. Mas só que, geralmente, o grau de hipermetropia não se expressa clinicamente. Já os míopes, apesar de serem uma menor porcentagem da população, já apresentam queixas clínicas com poucos graus. o Então, há muitos hipermetropes, mas poucos com queixas clínicas. Poucos usam óculos. o Há menos míopes. Mas todos se queixam. Tem muito míope com óculos. [falando de presbiopia...] Entenda acomodação primeiro, vey. A acomodação é o processo de contração das fibras do corpo ciliar. Assim, o diâmetro do corpo ciliar diminui. Como o cristalino está suspenso no corpo ciliar através da zônula ciliar (cordinhas), quando o corpo ciliar contrai, a tensão nessas cordinhas diminui e o cristalino (que é elástico) se contrai, aumentando a sua convergência. Se ele aumenta a convergência (aumento do poder dióptrico), a imagem vai se formar mais pra frente. Então, a acomodação puxa imagem para frente! o Se um objeto está láá no infinito, os raios paralelos incidem sobre a córnea, passam pelos dióptrios e convergem exatamente sobre a retina (normalmente, né). o Mas se esse objeto se aproxima muito do olho, a tendência é que os rios já não sejam paralelos e que os dióptrios não consigam convergir os raios exatamente sobre a retina: a imagem acaba se formando atrás dela. Daí, para compensar isso, o olho faz a acomodação para puxar a imagem para frente e jogar sobre a retina. o Pensando na acomodação: Quando eu faço o exame em um paciente sem dilatar a pupila dele (ou seja, sem fazer a cicloplegia, sem travar a acomodação), toda vez que eu colocar uma lente divergente mais forte (lente que vai jogar a imagem para trás), esse paciente consegue compensar isso com a acomodação e dizer que a imagem está boa. Então ele vai aceitando graus cada vez maiores de lente divergente. Se o óculos é feito com esse grau errado, o paciente vai enxergar bem quando ele começar a usar o óculos (porque a acomodação está funcionando bem), mas vai se queixar de visão embaçada depois (porque os músculos ciliares da acomodação Diogo Araujo – Med 92 estarão cansados). Aí ele volta querendo trocar o óculos. Por isso, antes do exame de acuidade visual, temos de dilatar a pupila. E o que é a presbiopia? Ela acontece a partir dos 40 anos com o enfraquecimento da musculatura que faz a acomodação da visão. É a perda da acomodação. o Então, esses pacientes não conseguem ver com nitidez os objetos que estão próximos do olho. o É diferente da hipermetropia porque, na hipermetropia, o paciente não consegue ver objetos próximos dos olhos porque ele converge pouco a imagem ou porque tem alteração axial do olho. o Na presbiopia, o paciente não vê bem objetos que estão próximos do olho porque ele não tem (ou está perdendo) a acomodação. Observação aleatória: nos pacientes com altas miopias, o componente axial da miopia predispõe a descolamentos de retina (porque o olho deformado forma áreas de “esgarçamento” da retina onde pode haver descolamento mais fácil). A distância focal normal é de 33cm (ou seja, para ler um livro ou mexer no computador, por exemplo, a distância média de uso é de 33cm). Para o olho conseguir focar a essa distância, precisamos usar a acomodação, aumentando em 3 dioptrias o poder de convergência do cristalino. Com a idade, a acomodação se reduz, e, então, precisamos substituir essa acomodação pelo uso de lentes (óculos). São lentes ESFÉRICAS CONVERGENTES (ditas POSITIVAS). o Para isso, são feitos aqueles óculos bifocais. Ou seja, na maior parte da lente, fica o grau necessário para a visão de coisas que estão longe. E, na parte de baixo do óculos, fica o grau necessário para a visão de coisas que estão perto (leitura). [falando um pouco mais de miopia...] A miopia está sim relacionada com o esforço visual e ela sempre evolui. O aparecimento ou a evolução inesperada da miopia (miopização), especialmente após a sexta década de vida, pode estar associado à catarata. Isso porque a degeneração do cristalino vista na catarata aumenta o poder dióptrico do cristalino. Assim, a imagem passa a se formar cada fez mais anteriormente à mácula (miopização). A miopização é o principal sinal clínico indicador de catarata! Sempre lembrar no idoso também: o aparecimento ou a evolução abrupta da miopia pode estar associado à hiperglicemia (isso porque ela muda a quantidade de água dentro do cristalino e aumenta o poder dióptrico). o Não podemos fazer exame de ametropia em paciente com a glicemia superior a 140mg/dL. A evolução abrupta da miopia pode estar associada às lesões neurológicas que desencadeiam espasmo da acomodação. Com isso, o paciente fica acomodando a visão quando não precisa. Ele não consegue relaxar os músculos da acomodação e ver nitidamente objetos que estão longe (miopização também). A correção da miopia se dá com o uso de lentes ESFÉRICAS DIVERGENTES (ditas NEGATIVAS). Ou com cirurgia refrativa. [falando um pouco mais de hipermetropia...] Diogo Araujo – Med 92 Um hipermetrope tem dificuldade de enxergar objetos que estejam próximos ao olho. Contudo, quanto maior o grau da hipermetropia, maior é a distância em que ele sente dificuldade de enxergar com nitidez. Com isso: o Para graus baixos, o hipermetrope não enxerga bem as coisas que estão perto, mas vê com nitidez o que está longe. o À medida que o grau aumenta, mesmo o que está longe começa a borrar. Então, para graus altos de hipermetropia, tanto o que está perto quanto o que está longe não tem nitidez. Até 1,5 grau de hipermetropia, o adulto consegue compensar a hipermetropia com a acomodação (por isso que o número de hipermetropes é grande, mas aqueles que precisam de óculos são poucos). Quando mais nova for a pessoa, melhor a acomodação. Logo, mais ela consegue compensar o seu grau de hipermetropia. Uma criança de 5 anos acomoda facilmente 5 graus de hipermetropia. Já um adulto com 50 anos tem a acomodação prejudicada, sendo que, se ele tiver algum grau de hipermetropia, já é mais fácil que ela seja percebida clinicamente. Quase todas as crianças nascem com uma hipermetropia fisiológica. Ela costuma involuir ao longo do tempo (emetropização). Essa hipermetropia fisiológica não tem influência do meio. Quando aparece hipermetropia em adulto que nunca teve nada, temos de pensar em condições que empurram o olho anteriormente, como os tumores. A correção da hipermetropia se dá com o uso de lentes ESFÉRICAS CONVERGENTES (ditas POSITIVAS). Ou com cirurgia refrativa. [falando de astigmatismo...] A córnea é uma lente bem esférica. Certo? Logo, se eu traçar dois eixos perpendiculares nessa lente, eles têm de ter o mesmo comprimento. Se eles tem o mesmo comprimento, significa que eles têm a mesma curvatura e que têm a mesma força de convergência dos raios (dioptria). O astigmatismo acontece quando esses eixos não têm a mesma curvatura e há diferença no grau de convergência entre eles. o Se um eixo converge os raios direitinho sobre a retina, ele é normal. Mas se o perpendicular a ele não consegue convergir tanto e a imagem fica atrás da retina, dizemos que o astigmatismo é hipermetrópico. o Se o eixo “anormal” converge os raios antes da retina, dizemos que é astigmatismo miópico. o E pode haver casos em que o astigmatismo seja misto (um convergindo antes e o outro depois da retina). A tendência do astigmatismo é de estabilizar com o tempo. A correção do astigmatismo se dá com o uso de lentes CILÍNDRICAS CONVERGENTES OU DIVERGENTES, sendo sempre respeitado o EIXO em que há o distúrbio de refração. Pacientes que têm alterações de córnea ou baixa contagem de células epiteliais da córnea não podem usar lentes de contato. As lentes gelatinosas são mais confortáveis. Porém, causam mais hipóxia corneana. A lente rígida é indicada quando há alterações de curvatura da córnea. A adaptação à lente é mais difícil. Mas o risco de complicações é menor. Diogo Araujo – Med 92 As cirurgias refrativas são feitas de duas formas: o Com o uso de laser que esculpe a córnea (Excimer laser). Ele pode corrigir miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia. Existem duas técnicas básicas: o LASIK e o LASEK. Ambos consistem em fazer um recorte superficial da córnea e aplicar o laser para descamar o estroma corneano. O que mais difere entre as técnicas é a espessura do corte e os benefícios de cada uma (como velocidade de recuperação e chance de complicações). Ver as diferenças http://www.the-lasik-directory.com/lasik_lasek_chart.html. Na miopia, faz-se a descamação da córnea. Na hipermetropia, aumenta-se a curvatura. o Com o implantes de lentes intraoculares de câmara anterior ou posterior. Quando o paciente tem mais de 50 anos (e que está mais perto de desenvolver catarata) e deseja fazer a correção do grau, podemos substituir o cristalino usando lente artificial. Essa é a cirurgia facorrefrativa (ou seja, uma cirurgia de cristalino e de refração ao mesmo tempo). Sdds Intermed Pires do Rio