1 FERIDAS CRÔNICAS: O OLHAR DO ENFERMEIRO PROMOVENDO A AUTOESTIMA1 Paula, F. Brittes2; Elenice,S.R.Martins3 RESUMO O aumento de pacientes portadores com feridas crônicas hoje em dia tem aumentado cada vez mais, e questionamentos são feitos a respeito do cuidado a este portador que enfrenta dificuldades em seu dia-a-dia frente à auto-estima. Este estudo é uma pesquisa do tipo descritiva exploratória e faz parte de um projeto de trabalho de final de graduação, que tem como objetivo: identificar quais os fatores que interferem na auto-estima em portadores de feridas crônicas, relacionando-os aos aspectos bio-psico-sociais. Obtido os resultados será possível identificar os fatores e através deles que enfermeiros possam proporcionar uma melhor assistência. Palavras chaves: feridas crônicas, auto-estima, enfermagem. INTRODUÇÃO A demanda de usuários portadores de feridas crônicas hoje em dia, tem sido um dos problemas encontrados pelos profissionais de saúde, pois muitos questionamentos estão sendo feitos a respeito de como é realizado o cuidado ao portador de ferida, que enfrenta diariamente muitas dificuldades, principalmente envolvendo a auto-estima e inclusão na sociedade. A valorização do conceito da auto-estima interfere num aumento da preocupação com o paciente, onde o objetivo do tratamento deixa de ser somente a cura, fazendo parte dela a reintegração do paciente a sua vida normal, ou seja, viver com qualidade e saúde, onde o paciente é visto de forma integral (1). Conviver com a presença de uma ferida pode proporcionar muitas alterações na vida desses pacientes juntamente com os familiares, pois aspectos da vida começam a ser prejudicados (2). Existem dois tipos de feridas, as agudas e crônicas. A ferida aguda é aquela em que surgem de repente e possuem uma duração pequena, acometidas por cirurgias, traumas ou queimaduras, podem afetar pessoas de todas as idades, possuindo uma cicatrização mais rápida. Já as feridas crônicas são aquelas que possuem maior dificuldade de cicatrização e são mais notadas em pacientes idosos ou em pessoas que possuem patologias sistêmicas. Podem ser consideradas feridas crônicas, úlcera diabética, úlcera de pressão e úlcera venosa (3). A úlcera diabética é uma das complicações do paciente com Diabetes Mellitus, destes pacientes portadores 15% são afetadas pela úlcera, as causas seriam a neuropatia e doença vascular periférica, se o paciente não obtiver cuidado o aparecimento da ulceração é enorme e ainda corre o risco de amputação (3). A úlcera de pressão é caracterizada por uma área em que possui morte celular, devido à pele ficar diretamente comprimida por uma superfície dura, conforme isso acontece o aparecimento de um tecido mole, logo o metabolismo celular necessita da ajuda dos vasos sangüíneos que possuem a função de carregar nutrientes para os 1 Título do Trabalho. Acadêmico do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA 3 Enfermeira, Mestre em Nanociências; Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA –Membro do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Saúde- GIPES; Santa Maria (RS), Brasil. 2 2 tecidos, tendo esta deficiência ocorre à insuficiência nutricional provocando a morte celular (4). A úlcera venosa pode aparecer em pessoas de todas as idades, ela é causada devido à obstrução venosa causadas pelas varizes que possuem má formação de válvula, ou por formação de coágulo que acaba gerando hipertensão, nisso o paciente perde a capacidade de função do membro afetado, que são em membros inferiores (5). O cuidado da enfermagem em feridas necessita uma assistência especial por parte dos profissionais, salientando o papel do enfermeiro que deve buscar novos conhecimentos para fundamentar sua prática. As úlceras crônicas aumentam gradativamente em todo o mundo, existe o aparecimento de um fator negativo frente à qualidade de vida do paciente. A qualidade de vida para os brasileiros nem sempre é realizada com sucesso, em função dos afazeres do dia-a-dia, doméstico, trabalho, vida social, devido esta correria, as pessoas não têm mais tempo para aproveitar sua vida cotidiana junto à família e amigos (6). Nossa auto-estima se espelha no julgamento da maneira que lidamos com os desafios da vida. Para desenvolver uma auto estima é necessário aumentar a vontade de ser feliz, quanto maior ela for maior será a facilidade de manter relações saudáveis. Se oferecermos oportunidades a estas pessoas para crescer com a auto-estima, diretamente estaremos ajudando na visualização de sua auto- imagem. O cuidado de enfermagem se torna importante no momento em que o indivíduo mostra como ele se vê - sua imagem corporal. Quando falamos de auto-imagem, nos referimos ao jeito como cada um se vê no seu interior (7). As feridas crônicas acabam estabelecendo muitos problemas relacionados com a auto-estima frente ao estilo de vida do paciente devido à dor e constrangimento diante das outras pessoas, levando ao isolamento social, inibição no serviço, relação sexual prejudicada e também o vínculo diário com as instituições de saúde para consultas e ou troca de curativos (8). Sendo assim, este estudo tem como objetivo identificar quais os fatores que interferem na auto-estima em portadores de feridas crônicas, relacionando-os aos aspectos bio-psico-sociais. METODOLOGIA O presente estudo é uma pesquisa do tipo descritiva exploratória que têm como objetivo proporcionar familiaridade com o problema, com intenção de torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses e descrever as características de determinada população ou fenômeno (9). Essa pesquisa será realizada nas Unidades de Estratégia de Saúde da Família Roberto Binatto, Floriano Rocha e Alto da Boa Vista, ambos localizam-se na zona Oeste de Santa Maria-RS com usuários portadores de feridas crônicas que realizam curativos nessas unidades e no domicílio durante o mês de setembro de 2010. Como critério de exclusão serão os usuários menores de 18 anos. A coleta de dados será realizada através de uma entrevista com perguntas abertas e fechadas, complementado por uma ficha de diário de campo elaborada pela pesquisadora, que contemple o objetivo do estudo, que será aplicado durante as trocas de curativo. A análise realizada será a de conteúdo, que explica ser como um complexo de técnicas que tem por fim analisar as informações, visando estabelecer por procedimentos sistemáticos, onde o objetivo é manipular as mensagens, seja o conteúdo ou a expressão deste, para a confirmação de indicadores que possibilitem inferir sobre outra realidade que não a da mensagem. Partindo-se primeiramente da leitura em busca do entendimento 3 dos materiais latentes e profundos, àqueles que ultrapassam os significados manifestos (10) . Ao serem concluídas as entrevistas será feita uma análise das informações coletadas e classificadas por meio de categorização. Por ser um processo que organiza as informações obtidas, para representações simplificadas na forma de agrupamentos que possuem características comuns (10). Aos entrevistados será garantido sigilo absoluto, preservando – os no anonimato como confere a lei 196/96, sobre pesquisas em seres humanos, os quais assinarão um termo de consentimento livre e esclarecido, uma vez que suas respostas serão utilizadas para realização de pesquisa (11). A documentação desta pesquisa ficará em meu poder por um período de cinco anos e após serão incinerados. Os entrevistados serão identificados por números romanos, para a preservação da identidade. Este projeto passará para avaliação no comitê de ética e pesquisa da UNIFRA e da Secretaria Municipal de Saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS Obtido os resultados, será possível identificar quais os fatores que interferem na auto-estima em portadores de feridas crônicas, relacionando-os aos aspectos bio-psicosociais, proporcionando com estes dados que enfermeiros possam proporcionar uma melhor assistência. REFERÊNCIAS 1. SANTOS RFFN, PORFÍRIO GJM, PITTA GBB. A diferença na qualidade de vida de pacientes com doença venosa crônica leve e grave. Differences in the quality of life of patients with mild and severe chronic venous disease. Jornal Vascular Brasileiro, v. 8, n 2 l. p.143-7, 2009. 2. SILVA LUCAS L, TREVISAN MARTINS J, CARMO CRUZ ROBAZZI ML. Calidad de vida de los portadores de herida en miembros inferiores - ulcera de la pierna. Cienc. enferm. Concepción. v. 14, n. 1. jun. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br Acessado em: 13 abr. 2010. 3. DEALEY C. Cuidando de Feridas: um guia para enfermeiras. São Paulo; 2. ed; São Paulo, 2001 4. JORGE SA, DANTAS SRPE. Abordagem Multiprofissional do Tratamento de Feridas. São Paulo. Ed Atheneu, 2003. 5. MARTINS D, SOUZA A. O perfil dos clientes portadores de úlcera varicosa cadastrados em programas de saúde pública. Cogitare Enfermagem, América do Sul, 2007. 6. SILVA FAA, da et al. Enfermagem em estomaterapia: cuidados clínicos ao portador de úlcera venosa. Rev. bras. enferm. [online]. 2009. v.62. n.6, pp. 889-893. 7. SILVA MF, SILVA MJP. A auto-estima e o não-verbal dos pacientes com queimaduras. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2004, v.38. n.2, pp. 206-216. 8. CARMO S, CASTRO C, RIOS V, SARQUIS M. Atualidades na assistência de enfermagem a portadores de úlcera venosa. Revista Eletrônica de Enfermagem, América do Norte. 9. set. 2009. 9. GIL AC. Como elaborar projetos de pesquisa, 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 4 10. BARDIN L. Análise de Conteúdo. 3. ed. Lisboa, PO : Edições 70, 2004 11. BRASIL. Resolução nº 196/96. Pesquisa em seres humanos. Revista Bioética. pp. 36-8, Abr.-Jun. 1996.