ISSN 0102-0536 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURA The Brazilian Association for Horticultural Science IAC - Centro de Horticultura C. Postal 28, 13012-970 Campinas – SP Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374 E-mail: [email protected] Site: www.abhorticultura.com.br Presidente/President Paulo César Tavares de Melo USP/ESALQ - Piracicaba Vice-Presidente/Vice-President Dimas Menezes UFRPE - Recife 1º Secretário / 1st Secretary Valéria Aparecida Modolo Instituto Agronômico - Campinas 2º Secretário / 2nd Secretary Eunice Oliveira Calvete UPF/FAMV - Passo Fundo 1º Tesoureiro / 1st Treasurer Sebastião Wilson Tivelli Instituto Agronômico - Campinas 2º Tesoureiro / 2nd Treasurer João Bosco Carvalho da Silva Embrapa Hortaliças - Brasília COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Editorial Committee C. Postal 190, 70359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3385 9088 / 3385 9049 / 3385 9000 Fax: (0xx61) 3556 5744 E-mail: [email protected] Presidente / President Paulo Eduardo de Melo Embrapa Hortaliças Coordenação Executiva e Editorial / Executive and Editorial Coordination Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças Editores Associados / Associated Editors Antônio T. Amaral Júnior UENF Arminda Moreira de Carvalho Embrapa Cerrados Gilmar Paulo Henz Embrapa Hortaliças Marie Yamamoto Reghin UEPG Paulo Eduardo de Melo Embrapa Hortaliças Paulo E. Trani IAC Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Editores Científicos / Scientific editors Ana Maria Montragio Pires de Camargo IEA André Luiz Lourenção IAC Antônio Evaldo Klar UNESP - Botucatu Arthur Bernardes Cecilio Filho UNESP - Jaboticabal Braulio Santos UFPR Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças Daniel J.Cantliffe University of Florida Francisco Bezerra Neto UFERSA Francisco Murilo Zerbini Junior UFV José Fernando Durigan UNESP - Jaboticabal José Magno Q. Luz UFU José Orestes M. Carvalho Embrapa Rondônia Luiz Henrique Bassoi Embrapa Semi-Árido Maria de Fátima A. Blank UFS Maria do Carmo Vieira UFGD Paulo César T. de Melo USP/ESALQ Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Ricardo Alfredo Kluge USP/ESALQ Roberval D. Vieira UNESP - Jaboticabal Rogério L. Vieites UNESP - Botucatu Ronessa B. de Souza Embrapa Hortaliças Rovilson José de Souza UFLA Valter Rodrigues Oliveira Embrapa Hortaliças Waldemar Pires de Camargo Filho IEA A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo AGRIS/FAO, AGROBASE, CAB, JOURNAL CITATIONREPORTS, SciSearch® e TROPAG Scientific Eletronic Library Online: http://www.scielo.br/hb www.abhorticultura.com.br Programa de apoio a publicações científicas Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983 Trimestral Títulos anteriores: V. V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura. 1-3, 1961-1963, Olericultura. Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969. Editoração e arte/Composition Luciano Mancuso da Cunha Revisão de inglês/English revision Patrick Kevin Redmond Revisão de espanhol/Spanish revision Marcio de Lima e Moura Tiragem/printing copies 1.700 exemplares 134 Periodicidade até 1981: Anual. de 1982 a 1998: Semestral de 1999 a 2001: Quadrimestral a partir de 2002: Trimestral ISSN 0102-0536 1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Associação Brasileira de Horticultura. CDD 635.05 Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Volume 26 número 2 abril-junho 2008 ISSN 0102-0536 SUMÁRIO/CONTENT * Artigos em inglês com resumo em português Articles in English with an abstract in Portuguese CARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER 137 PESQUISA / RESEARCH Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas Leaf area and aboveground biomass estimates in peach palm using allometric relationships A Ramos; MLA Bovi; MV Folegatti; AV Diotto Potencial fisiológico de sementes de brássicas com ênfase no teste de envelhecimento acelerado Physiological potential of Brassica seeds with emphasis to the accelerated aging test CJ Costa; MB Trzeciak; FA Villela Desempenho de taro em função de doses de cama de aviário, sob sistema orgânico de produção Performance of organically grown taro in relation to poultry litter doses FL Oliveira; JGM Guerra; DL Almeida; RLD Ribeiro; EE Silva; VV Silva; JAA Espindola Fenologia e rendimento do inhame em função do período de repouso fisiológico dos rizomas-semente* Yield and phenology of yam as affected by the physiological rest period of seed-rhizomes* AP Oliveira; MF Moura; EU Alves; AU Alves; ANP Oliveira; FAP Leonardo; IS Cruz Interação entre alface e tomateiro consorciados em ambiente protegido, em diferentes épocas Interaction between lettuce and tomato plants, in intercropping cultivation, established at different times, under protected cultivation AB Cecílio Filho; BLA Rezende; JC Barbosa; AL Feltrim; GS Silva; LC Grangeiro Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor e desempenho das plantas em campo Hydropriming seed treatment and plant field performance JM Filho; ALP Kikuti Conservação pós-colheita de frutos de pimentão sob diferentes condições de armazenamento e filmes Postharvest conservation of bell pepper fruits under different storage conditions and films CMA Morgado; JF Durigan; J Sanches; VC Galati; FO Ogassavara Efeito da adubação foliar com KNO3 na aclimatização de bromélia cultivada in vitro Effect of foliar KNO3 fertilization in the acclimatization of bromeliads grown in vitro AR Tavares; P Giampaoli; S Kanashiro; FFA Aguiar; EP Chu Influência do sistema de condução do tomateiro sobre a incidência de doenças e insetos-praga Influence of the training systems of tomato plants on the incidence of diseases and insect-pests AF Wamser; WF Becker; JP Santos; S Mueller Qualidade de mudas de alface em função de substratos com e sem biofertilizante Quality of lettuce seedlings depending on substrates with and without biofertilizer addition DC Medeiros; KCS Freitas; FS Veras; RSB Anjos; RD Borges; JG Cavalcante Neto; GHS Nunes; HA Ferreira Adubação nitrogenada e potássica do Aster ericoides cultivado em ambiente protegido Nitrogen and potassium fertilization of Aster ericoides cultivated in greenhouse MS Camargo; SC Mello; QAC Carmello Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da traça-das-crucíferas* Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback moth* D Pratissoli; RA Polanczyk; AM Holtz; LP Dalvi; AF Silva; LN Silva Desempenho de cultivares de melão rendilhado em função do sistema de cultivo Performance of net melon cultivars depending on the cultivation system PF Vargas; R Castoldi; HCO Charlo; LT Braz Métodos de determinação da disponibilidade de cobre em substratos Copper availability determination in substrates AL Padua Junior; CA Abreu; PR Furlani; MF Abreu Produtividade e qualidade de frutos de meloeiro variando número de frutos e de folhas por planta Yield and quality of muskmelon fruits varying fruit and leaf numbers per plant RCF Queiroga; M Puiatti; PCR Fontes; PR Cecon Avaliação de coberturas mortas em cultura de alface sob manejo orgânico Evaluation of mulches on organically grown lettuce FF Oliveira; JGM Guerra; DL Almeida; RLD Ribeiro; JAA Espindola; MSF Ricci; MB Ceddia Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 138 144 149 154 158 165 170 175 180 186 190 194 197 202 209 216 Volume 26 número 2 abril-junho 2008 Resistência de genótipos de batata (Solanum spp.) a Bemisia tabaci biótipo B* Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype B* MS Silva; AL Lourenção; JAC Souza-Dias; HS Miranda Filho; VJ Ramos; EA Schammass Produção e acúmulo de nitrato em alface em função do fornecimento de nitrogênio e da adubação orgânica* Nitrate production and accumulation in lettuce as affected by mineral Nitrogen supply and organic fertilization* ML Pôrto; JC Alves; AP Souza; RC Araújo; JA Arruda 221 227 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA / SCIENTIFIC COMMUNICATION Qualidade do tomate de mesa em diferentes etapas, da fase de pós-colheita Tomato quality in different postharvest phases MD Ferreira; ATO Franco; ACO Ferraz; GGT Carmargo; M Tavares Produtividade e qualidade de frutos de melão pele-de-sapo em duas densidades de plantio Fruit yield and quality of Piel de Sapo melon in two planting densities GHS Nunes; EWL Pereira; R Sales Júnior; F Bezerra Neto; KC Oliveira; LX Mesquita Indução de resistência à mosca minadora em crisântemo usando composto silicatado Silicate compost used as resistance inductor against the leafminer on chrysanthemum RA Polanczyk; D Pratissoli; HS Paye; VA Pereira; FLS Barros; RGS Oliveira; RR Passos; S Martins Filho Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia Use of medicinal plants by the population of Ariquemes, in Rondônia State, Brazil MRA Santos; MR Lima; MGR Ferreira Produção do feijão-fava e retorno econômico em função da adubação organomineral* Lima beans production and economic revenue as function of organic and mineral fertilization* AU Alves; AP Oliveira; AU Alves; CSM Dornelas; EU Alves; EA Cardoso; ANP Oliveira; IS Cruz Estabelecimento de segmentos nodais de alecrim-pimenta in vitro* In vitro establishment of pepper-rosmarin nodal segments* AF Blank; AS Costa; MF Arrigoni-Blank; AB Mendonça; AS Ledo Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da traça-das-crucíferas* Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback moth* D Pratissoli; RA Polanczyk; AM Holtz; LP Dalvi; AF Silva; LN Silva Efeito da concentração da solução nutritiva no crescimento da alface em cultivo hidropônico-sistema NFT Effects of the concentration of nutrient solution on lettuce growth in hydroponics-NFT system NNélio Cometti; GCS Matias; E Zonta; W Mary; MS Fernandes Controle de ferrugem na cultura do alho com uma nova mistura de fungicidas Rust control in the garlic culture with a new mixture of fungicides MDalla Pria; J Zagonel, EC Fernandes Relações entre cátions trocáveis do solo e suas correlações com a qualidade de frutos de melão Soil cationic ratios and its correlation with melon fruit quality NO Miranda; JF Medeiros; SLA Levien 231 236 240 244 251 255 259 262 268 271 PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGE Densidade de plantio de cultivares de cenoura para processamento submetidas à adubações química e orgânica Planting density of carrot cultivars for industrialization under organic and chemical fertilization JMQ Luz; IP Calábria; JV Vieira; B Melo; DG Santana; MAD Silva Identificação e quantificação dos componentes de perdas de produção do tomateiro em ambiente protegido Identification and quantification of tomato yield loss components in unheated greenhouse RA Loos; DJH Silva; PCR Fontes; MC Picanço Produção e renda bruta de mandioquinha-salsa em cultivo solteiro e consorciado com cebolinha e salsa* Yield and gross income of arracacha in monocrop and intercropping with the Japanese bunching onion and parsley* NAH Zárate; MC Vieira; J Rech; A Quast; BCA Pontim; RP Gassi Desenvolvimento e estado nutricional da beterraba em função da omisão de nutrientes Effect of macronutrient omission on growth and nutritional status on table beet AU Alves; RM Prado; ARO Gondim; IM Fonseca; AB Cecílio Filho 276 281 287 292 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS 296 Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 carta do editor Prezados, No último número de Horticultura Brasileira afirmamos: “2008 é um ano especial para todos nós envolvidos com a horticultura em geral e com a olericultura em particular, em virtude das comemorações relativas ao Ano Internacional da Batata. Agora, re-afirmamos: 2008 é verdadeiramente um ano especial para nós! Homenageamos em nossa capa, na figura de alguns, todos os descendentes de japoneses, que tanto contribuíram para a olericultura brasileira e para a Associação Brasileira de Horticultura. Este também é um ano muito especial para a revista Horticultura Brasileira. Em 1o. de maio, fomos informados pela Thomson Scientific que, a partir do volume 25 (2007), Horticultura Brasileira passou a ser indexada e ter seus abstracts registrados pelo Science Citation Index Expanded (SciSearch®), uma das bases de indexação mais importantes no mundo. Com isso, o conhecimento publicado através de Horticultura Brasileira pode ser recuperado a partir de ferrramentas de busca como, por exemplo, a Web of Science®. Isso não é tudo. Fomos incluídos também no Journal Citation Reports®, responsável pela mais importante lista de Fatores de Impacto de periódicos no mundo. Assim, Horticultura Brasileira passa a fazer parte da elite da literatura científica mundial. Não é pouco! Muito ao contrário, é uma grande conquista, cujos méritos compartilhamos com autores, assessores ad hoc e editores, de ontem e de hoje. Temos agora, todos nós, a responsabilidade de atingir um fator de impacto condizente com a qualidade técnica de Horticultura Brasileira. Para tanto, voltamos a um dos temas da Carta do Editor do nosso último número: além da qualidade, um objetivo que buscamos com obstinação, é preciso que publiquemos em inglês os trabalhos de apelo internacional. Aqui aproveitamos para cumprimentar, de forma muito especial, aos autores que marcaram um recorde. Neste número, são sete os trabalhos publicados em inglês. Não nos esquecemos da submissão eletrônica. As opções disponíveis foram avaliadas e Horticultura Brasileira utilizará o sistema adotado pela SciElo. Nossa expectativa é de que a submissão eletrônica já esteja operante para o volume 27 (2009). Até o próximo número, Comissão Editorial Dearest, In our last issue, we stated: “2008 is a special year for all of us working with horticulture in general, and vegetable science in particular”, due to the celebrations related to the International Potato Year. Now, we stress it: 2008 is indeed a special year! In our cover we pay homage, by means of some, to all Japanese descendents, who gave a huge contribution to the Brazilian vegetable production chain and to the Brazilian Association of Vegetable Science. 2008 is also a very special year to Horticultura Brasileira. In May 1st, Thomson Scientific informed us that, from volume 25 (2007) ahead, Horticultura Brasileira started being indexed and abstracted by the Science Citation Index Expanded (SciSearch®), one of the most important data bases worldwide. From now on, it is possible to recover the knowledge published by means of Horticultura Brasileira using search engines such as the Web of Science®. There is more! We were also included in the Journal Citation Reports®, which is in charge of the most important Impact Factor rank for scientific journals in the world. It means that Horticultura Brasileira now belongs to the elite of the world scientific literature. It is not few! On contrary, this is a significant triumph, whose merit we share with authors, referees, and current and previous editors. We all bear now the responsibility of reaching an Impact Factor consonant with Horticultura Brasileira quality standard. To get there, let us recall some words stressed in our last Letter of the Editor: in addition to quality, a strong-minded focus of the Editorial Board, we need to publish the papers of international interest in English. At this point, we take the opportunity to greet the authors that scored a record. In this issue, we have seven papers published in English. We did not forget the electronic submission process. The available options were already evaluated. Horticultura Brasileira will use the system adopted by SciElo. We expect the electronic submission to be fully operational for volume 27 (2009). See you in the next issue, The Editorial Board Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 137 pesquisa RAMOS A; BOVI MLA; FOLEGATTI MV; DIOTTO AV. 2008. Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas. Horticultura Brasileira 26: 138-143. Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas Adriana Ramos1; Marilene Leão Alves Bovi2; Marcos Vinícius Folegatti3; Adriano Valentim Diotto4 1 Universidade Estadual de Santa Cruz, Rod Ilhéus-Itabuna, km 16, 45662-000 Ilhéus-BA; 2in memoriam; 3ESALQ, C. postal 9, 13418900 Piracicaba-SP; 4Suproser, Rua Igarassu, 108, 13484-023 Limeira-SP; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT Relações alométricas para estimativa da área foliar e da biomassa total em pupunheiras (Bactris gasipaes Kunth) têm sido empregadas por diversos autores, sendo úteis especialmente em pesquisas relacionadas à fisiologia vegetal. No entanto, área foliar e biomassa aérea são características de elevada plasticidade, podendo variar acentuadamente por causas genéticas e edafoclimáticas. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar as equações mais adequadas para determinação da área foliar e da biomassa aérea (foliar e total) da pupunheira, em condições de limitações sazonais hídricas e térmicas. Foram utilizadas 14 plantas de pupunheiras da raça Putumayo (Yurimaguas), cultivadas no espaçamento de 2,0 m x 1,0 m. Foram mensurados altura e diâmetro da haste principal, número de folhas, comprimento, espessura e largura da ráquis foliar de plantas apresentando altura entre 0,37 e 2,00 m, com duas plantas por altura. Obtiveram-se ainda as massas fresca e seca da ráquis, dos folíolos, dos palmitos e dos estipes das plantas. Os dados foram submetidos à análise de regressão e ajustes de equações. A equação para determinação da área foliar da pupunheira foi obtida pela regressão para o peso seco dos folíolos. Dentre os modelos testados, as equações não lineares do tipo Y= axb e Y= abx apresentaram melhor ajuste (R2>0,88). Os valores de área foliar, biomassa foliar e biomassa aérea total variaram de 0,84 a 14,06 m2, de 0,78 a 2,45 kg planta-1 e de 0,14 a 4,44 kg planta-1, respectivamente. Dentre as características avaliadas, a altura da haste e a espessura da ráquis foliar se mostraram as mais adequadas para estimativa da área foliar, da biomassa foliar e da biomassa aérea total da pupunheira, tanto pela sua facilidade de mensuração, quanto pela sua alta correlação com os demais caracteres. Leaf area and aboveground biomass estimates in peach palm using allometric relationships Allometric relations for estimation of leaf area and biomass in peach palm (Bactris gasipaes Kunth) are found in literature and are very useful especially in plant physiology research. However, leaf and biomass area parameters are quite variable as a function of genetics and environment. The objective of this work was to identify the most adjustable equations for peach palm leaf area and biomass area, in restricted by hydric and thermic factors. 14 peach palms (Putumayo landrace from Yurimaguas, Peru) were planted in 2 x 1 m spacing. The parameters measured in the field were: main stem height, main stem diameter, leaf number and rachis length and thickness. Fresh and dry mass of rachis, leaflets, palm heart and stem were obtained. Plants selected for this study presented main stem height varying from 0.37 to 2.00 m, with two plants by length. In the laboratory were measured the leaf area and dry matter weight. Equations were fitted using regression analysis. The equation for peach palm leaf area was obtained by regression of leaflets dry weight. Among the tested models, non linear equations of the type Y= axb and Y= abx presented better fit (R2>0.88). The values of leaf area, leaf biomass and total leaf biomass varied between 0,84 – 14,06 m2, 0,78 – 2,45 kg planta-1 and 0,14 a 4,44 kg planta-1. Among the parameters studied, plant height and rachis thickness were the most suitable for best indirect estimation of leaf area and aboveground biomass in peach palm plants. Palavras-chave: Bactris gasipaes, altura, fitomassa, pupunha, relações alométricas. Keywords: Bactris gasipaes, height, pejibaye, phytomass, rachis thickness. (Recebido para publicação em 10 de janeiro de 2007; aceito em 9 de junho de 2008) A análise de crescimento vegetativo permite conhecer diferenças funcionais e estruturais entre plantas. Possibilita também avaliar o crescimento final da planta como um todo e a contribuição dos diferentes órgãos no crescimento total. Curvas de crescimento, efetuadas com base nesse tipo de análise, são muitas vezes utilizadas para detectar diferenças entre os tratamentos estabelecidos. O crescimento de plantas sob diferentes condições ambientais 138 pode ser mensurado de diversas maneiras, utilizando-se de medidas lineares, de superfície, peso e/ou de número de unidades estruturais. Entre as dimensões lineares, é possível citar a altura da planta, comprimento de ramificações e diâmetro de caules. O crescimento também pode ser acompanhado a partir de unidades estruturais morfológicas ou anatômicas, como número de ramificações, folhas, flores, frutos e raízes. Estas medidas podem fornecer informa- ções importantes quanto à fenologia e são, muitas vezes, utilizadas para detectar respostas diferenciais dos efeitos de tratamento (Benincasa, 1988). As medidas de superfície estão relacionadas principalmente à determinação ou estimativa da superfície fotossinteticamente ativa. Dentre elas, está o índice de área foliar (IAF), que é a relação entre a área foliar total e a área do solo sombreada pelas folhas. Métodos indiretos e diretos para a determiHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas nação do IAF das palmeiras vêm sendo empregados (Clement et al., 1985; Lamade, 1997; Martel & Clement, 1986, 1987). Estudos desenvolvidos por Hartley (1977), em dendezeiro, e por Child (1974), em coqueiro, têm demonstrado que a área foliar está diretamente relacionada à produção de frutos, sendo um importante parâmetro de avaliação da produtividade. Clement et al. (1985) acreditando que esta correlação também poderia ser verdadeira para a pupunheira, empregaram métodos não destrutivos para estimar a área foliar a partir de equações desenvolvidas por Hardon et al. (1969) para o dendezeiro. Os métodos apresentaram coeficientes de regressão muito semelhantes para as equações desenvolvidas para as duas espécies. Entretanto, os autores sugerem pequenas modificações em algumas equações, adaptando-as para seu uso em pupunheiras. Clement & Bovi (2000) discutiram métodos para análise de crescimento e produção em pupunheira, propondo a padronização de medidas a serem utilizadas em experimentos agronômicos e genéticos visando à produção de palmito. Dentre as medidas de superfície e massa, os autores sugerem a determinação da área e da biomassa foliar pelo emprego de equações desenvolvidas anteriormente para a pupunheira. Não obstante, afirmam que estas equações devem ser validadas para as condições locais de estudo, uma vez que área foliar e biomassa são parâmetros altamente plásticos (Clement, 1995). Utilizando pupunheiras da raça Utilis-Tucurrique, material com espinhos, bastante diferente do que vem sendo cultivado no Brasil, Ares et al. (2002) concluíram que o diâmetro da haste principal foi a variável de melhor ajuste para a estimativa da biomassa aérea de pupunheiras com 1,9 a 21 anos de idade, em cultivo na Costa Rica. Recentemente Vega et al. (2004) estudaram a utilização de relações alométricas para estimativa da fitomassa aérea de pupunheiras da raça Putumayo, material inerme e que vem sendo amplamente utilizado no Brasil para a produção comercial de palmito (Bovi, 1998). Utilizando plantas cultivadas em um espaçamento de 2 x 1 m, em Ubatuba, Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 região de maior aptidão para a cultura no estado de São Paulo, Vega et al. (2004) relataram que, devido aos altos coeficientes de determinação encontrados, a fitomassa da pupunheira pode ser estimada de forma precisa pela utilização de algumas relações alométricas. Os autores concluíram que, dentre todos os caracteres avaliados, a altura da haste principal foi o caráter ideal para estimar a fitomassa de pupunheiras em cultivo comercial. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar equações para determinação da área foliar e da biomassa aérea (foliar e total) da pupunheira para as condições de Piracicaba, SP, região onde a espécie está sujeita a limitações hídricas e térmicas. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido EM área experimental da USP–ESALQ, em Piracicaba–SP (22°42’30" S, 47°30’00" W, altitude de 576 metros), em um Argissolo Vermelho Eutrófico típico. Segundo a classificação climática de Köppen, o clima é do tipo CWa, isto é subtropical úmido, verão chuvoso, e inverno seco. A precipitação média anual é 1247 mm, temperatura média 21,1°C, umidade relativa média de 74% e velocidade do vento de 2,2 m s-1, com direção E/SE predominantemente (Ometto, 1981). Na área experimental foi instalado um plantio de pupunheira (raça Putumayo, originada em Yurimaguas) em maio de 1999, no espaçamento de 2,0 m x 1,0 m. As plantas foram irrigadas diariamente e fertirrigadas semanalmente (0,08 kg planta-1 de N), sendo a lâmina estimada em função do Tanque Classe A (100% da ETo). Em novembro de 2001, foram utilizadas 14 plantas de pupunheira (30 meses a campo) para estudo das equações de área foliar e biomassa. As plantas selecionadas apresentavam alturas variando entre 0,37 e 2,00 m, como normalmente acontece em cultivos comerciais. Foram utilizadas duas plantas por altura. De cada planta foram mensurados os caracteres da haste principal: altura, diâmetro, número de folhas e, comprimento, largura e espessu- ra da ráquis foliar. Esses dois últimos caracteres foram medidos com o auxílio de paquímetro digital, na folha + 2 (segunda folha completamente expandida), na região limite entre o pecíolo e o limbo foliar (início do aparecimento dos folíolos). Em laboratório, foram retiradas todas as folhas da haste principal e todos os folíolos de cada folha, obtendo-se a massa fresca da ráquis e dos folíolos, inclusive da folha flecha. Pesaram-se também os palmitos e os estipes das plantas, que foram cortados em pedaços para facilitar o processo de secagem. Em seguida, todo o material foi levado para a estufa a 60°C, por quatro dias, pesando-o novamente para obtenção do peso seco. Antes de serem levados à estufa, os folíolos foram separados em grupos que variaram de 1 a 50 folíolos, sendo obtido o peso fresco de cada grupo. Os folíolos de cada grupo foram desenhados em papel sulfite e recortados para obtenção da área foliar de cada folíolo, empregando-se um medidor de área foliar (Li-Cor area meter, modelo LAI 3000). Este procedimento foi necessário, pois os folíolos da pupunheira tendem a se enrolar quando destacados da ráquis foliar, o que torna imprecisa a determinação da área foliar pelo LAI 3000 quando realizado diretamente sobre o folíolo. A equação para determinação da área foliar da pupunheira foi então obtida pela regressão entre a área foliar (LAI 3000) e o peso seco dos folíolos. O índice de área foliar (IAF) foi estimado pela relação entre a área foliar e o espaçamento. A biomassa foliar foi obtida pela soma dos pesos secos dos folíolos e das ráquis. Para o cálculo da biomassa total, acrescentou-se à biomassa foliar o peso seco do estipe e do palmito (Clement; Bovi, 2000). Foi realizada análise preliminar dos dados visando caracterizar a população amostrada para cada característica estudada. Além da média, calculou-se o coeficiente de variação, seguindo-se os procedimentos de Steel & Torrie (1980) e utilizando-se o programa SAEG - Sistema para Análises Estatísticas (Universidade Federal de Viçosa, 1993). Os dados foram estudados por análise de regressão e ajuste de equações, tendo como variável dependente as caracterís139 A. Ramos et al. Figura 1. Curvas ajustadas para estimativa da área foliar (m2) da pupunheira, em função da altura (m) e diâmetro (cm) da haste principal e da espessura (cm) e comprimento (m) da ráquis foliar (adjusted curves for peach palm leaf area (m2) as a function of height (m) and diameter (cm) of main stem and thinckness and length (m) of foliar rachis). Piracicaba, ESALQ, 2002. ticas de natureza destrutiva e, como variável independente, as características facilmente mensuráveis e não destrutivas (Hyams, 1997). As equações de melhor ajuste foram selecionadas levando-se em conta o coeficiente de determinação (ajustado para o número de parâmetros da regressão, no caso das equações não lineares) e o erro padrão da estimativa, ambos obtidos com o auxílio do programa CurveExpert 1.3 (Hyams, 1997), atentando-se ainda para o significado biológico da equação. RESULTADOS E DISCUSSÃO As plantas selecionadas para o presente estudo estavam com 30 meses no campo. Mesmo nessa idade e recebendo irrigação e adubação adequadas ao cultivo, foram observadas plantas com desenvolvimento muito abaixo do normal. Dessa forma foi possível selecionar desde plantas com 0,37 m de altura e diâmetro da base inferior a 5 cm, até aquelas plenamente desenvolvidas, com a haste principal medindo 2,00 m de altura e apresentando diâmetro de 0,13 m. Essa grande amplitude de variação per140 mitiu o desenvolvimento de relações alométricas adequadas ao período de crescimento e início de produção de palmito da pupunheira. Dentre as características mensuradas, a menos variável foi o número de folhas, com coeficiente de variação em torno de 18% e valores mínimo e máximo de cinco e oito folhas fotossinteticamente ativas, respectivamente. Baixa variabilidade para esse caráter em pupunheira já havia sido reportada anteriormente por Bovi et al. (1992, 1993), Clement (1995) e, mais recentemente, por Ares et al. (2002). Por sua vez, a característica com maior coeficiente de variação (46,83%) foi a altura da haste principal, com valores mínimo e máximo de, respectivamente, 0,25 m e 2,0 m. O diâmetro da haste principal, característica altamente correlacionada à altura (Bovi et al., 1992; Vega et al., 2004) mostrou amplitude de 0,04 a 0,13 m, apresentando menor coeficiente de variação (32,38%) que a altura. Das características de folha analisadas, o comprimento da ráquis foliar apresentou maior coeficiente de variação, em torno de 43%, quando comparado à largura (31,9%) e espessura (37,8%) da ráquis foliar. As variações observadas nas diferentes características avaliadas em plantas com 30 meses de campo e submetidas ao mesmo tratamento (irrigação e adubação) são provavelmente decorrentes da variabilidade genética presente na população de Yurimaguas. e vêm sendo reportada por vários autores (Bovi et al., 1993; Clement, 1995; Ares et al., 2002). Tal variabilidade genética, comum em plantas que sofreram pouco ou nenhum melhoramento genético, acarreta problemas em estudos fitotécnicos, elevando o coeficiente de variação, diminuindo a precisão do experimento e tornando necessário o uso de maior número de repetições e de parcelas com tamanho adequado. A estimativa da área foliar das hastes analisadas foi efetuada de forma indireta, seguindo o método proposto por Benincasa (1988). Tão logo destacados da ráquis foliar os folíolos da pupunheira se enrolam dificultando a passagem pelo equipamento (LAI 3000). Esse comportamento é comum em palmeiras e faz parte da estratégia da planta para a economia de água. Enrolamento de folíolos em condições de estresse hídrico foi anteriormente observado nessa palmeira por Tucci (2004). De posse da equação Y = 0,0147 + 0,0129x (R2=0,99), onde x é o peso seco dos folíolos em gramas e Y é a área foliar em metros quadrados, estimaram-se a área foliar e o índice de área foliar (IAF). Os valores de área foliar variaram de 0,84 a 14,06 m2, com coeficiente de variação de 67,3%. A biomassa foliar média foi de 0,78 kg planta-1, com coeficiente de variação de 88,7%. A biomassa aérea total variou de 0,14 a 4,44 kg planta-1, apresentando coeficiente de variação de 90,5%. Observa-se que os coeficientes de variação são maiores do que aqueles obtidos para as características de fato mensuradas, com valores superiores a 67%. Isto é esperado, visto que essas estimativas são baseadas em mensurações indiretas, e, portanto, sujeitas à adição de erros experimentais inerentes às diferentes etapas. Deve ser esclarecido que os resultados reportados referem-se apenas à haste principal. É sabido (Vega et al., 2004), que a contri- Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas buição dos perfilhos para a biomassa aérea total, do estádio de implantação ao início de colheita de palmito (altura variando entre e 0,17 a 2,16 m), é pequena e pode ser desprezada. Segundo Vega et al. (2004), nesse estádio de crescimento a dominância da planta-mãe (haste principal) é muito grande, indicando que em plantas com até 2,16 m de altura, estimando-se a biomassa aérea apenas da haste principal obtém-se uma precisão adequada da fitomassa aérea total da touceira. As relações entre a área foliar e as características mensurados puderam ser expressas por uma série de equações, algumas delas mostrando bom ajuste e significado biológico (Figura 1). Para todas as quatro características avaliadas, o melhor ajuste das curvas foi o potencial, com coeficientes de determinação elevados, com magnitudes de 0,95, 0,94 e 0,91 para espessura da ráquis e diâmetro e altura da haste principal, respectivamente. Para o comprimento de ráquis o coeficiente de determinação foi menor (R2 = 0,88), porém ainda estatisticamente significativo (p<0,01). Cabe recordar que o comprimento, a largura e a espessura da ráquis foliar da pupunheira são medidas lineares, fáceis de serem tomadas com razoável precisão e que são amplamente utilizadas em palmeiras (Bovi et al., 1992; Clement, 1995). Como a variação entre o número de folhas foi muito pequena, apesar das diferentes alturas entre as plantas, foram testados vários ajustes para estimativa da equação de regressão, entretanto, não foi possível um modelo de ajuste significativo. Como este trabalho é parte de um experimento realizado de 1998 a 2002, onde foram estudados o crescimento vegetativo e a produtividade das plantas de pupunha em função de níveis de irrigação e doses de adubação nitrogenada, aplicadas via fertirrigação, Ramos (2002) observou que durante todo o período estudado, o número médio de folhas variou de 5,8 a 8,4, e, ao final do experimento (dois anos após o plantio, antes do corte das plantas), o número médio de folhas foi de 6,9, período em que foram tomados os parâmetros de crescimento para determinação das equações. Vale ressaltar Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figura 2. Curvas ajustadas para estimativa da biomassa foliar (kg planta-1) da pupunheira, em relação à altura (m) e diâmetro (cm) da planta e espessura (cm) e comprimento (m) da ráquis foliar, obtida pela relação entre área foliar (m2) e peso seco (g) (adjusted curves for peach palm leaf biomass (m2) as a function of height (m) and diameter (cm) of main stem and thinckness and length (m) of foliar rachis, obtained of leaf area versus dry weight). Piracicaba, ESALQ, 2002. que durante o desenvolvimento vegetativo da planta, como parte do processo fisiológico da pupunheira, a cada período, surgem novas folhas e ocorre a morte de folhas mais velhas. Entretanto, certa flutuação do número de folhas, pode estar associada à diminuição acentuada da temperatura média em alguns períodos do ano, conforme observado pela autora. Isso explicaria essa diminuição do número de folhas no período de coleta dos dados, bem como, esta quase uniformidade em relação ao número de folhas, entre as plantas estudadas. Não obstante, é comum a falta de ajuste quando se considera o número de folhas em pupunheira. Vários autores têm relatado esse aspecto, tais como Ares et al. (2002), Bovi et al. (1992), Bovi et al. (1993), Clement, (1995) e Vega et al. (2004). Por esse motivo Clement & Bovi (2000) sugerem, além da contagem do número de folhas, a inclusão de outros caracteres a elas relacionados, especialmente aqueles relacionados às dimensões do limbo foliar. A biomassa foliar (Figura 2) apresentou forte relação com a altura e o diâmetro da haste principal, assim como com a espessura e o comprimento da ráquis foliar, com altos coeficientes de determinação (0,98; 0,97; 0,99 e 0,90, respectivamente). Entretanto, somente para altura, o melhor ajuste foi o potencial (Y= axb). Para diâmetro da haste principal, e para espessura e comprimento de ráquis, o melhor ajuste foi o exponencial (Y= abx), devido aos pontos representados pelas plantas com altura entre 1,70 e 2,0 m que resultaram em biomassa bem superior às demais plantas. Plantas nessa faixa de altura possuíam significativamente maior número de folhas, além destas apresentarem maiores dimensões, avaliadas aqui pelo comprimento, largura e espessura da ráquis foliar. Observa-se que as equações de melhor ajuste para a estimativa da biomassa aérea total da haste principal em relação à altura e ao diâmetro das mesmas, assim como em relação ao comprimento e à espessura da ráquis foliar (Figura 3) foram semelhantes às obtidas anteriormente para a biomassa foliar, com ajuste potencial para a altura e exponencial para os demais caracteres. Os coeficientes de determinação tam141 A. Ramos et al. Figura 3. Curvas ajustadas para estimativa da biomassa aérea total (kg planta-1) da pupunheira, em relação à altura (m) e diâmetro da haste principal (cm) e espessura (cm) e comprimento (m) da ráquis foliar, obtida pela relação entre área foliar (m2) e peso seco (g) (adjusted curves for peach palm total área leaf biomass (m2) as a function of height (m) and diameter (cm) of main stem and thinckness and length (m) of foliar rachis, obtained of leaf area versus dry weight). Piracicaba, ESALQ, 2002. bém foram elevados, com magnitudes de 0,98 para altura da haste principal e espessura da ráquis foliar; 0,95 para diâmetro da planta e 0,90 para comprimento da folha. Esses resultados eram esperados, visto que a biomassa aérea total é resultante da biomassa foliar, composta pelas folhas externas (pecíolos e limbos), acrescida do peso do estipe, do palmito e das bainhas internas das folhas que protegem o palmito. Conforme esperado, os coeficientes de determinação foram também elevados quando da relação entre a área foliar e as biomassas foliar (R2 = 0,94 para Y = 0,076x1,313) e total (R2 = 0,90 para Y = 0,136x 1,324) da haste principal de pupunheira (gráficos não apresentados). Resultados semelhantes foram obtidos anteriormente por Szott et al. (1993) e recentemente por Vega et al. (2004), com população de mesma origem genética. No entanto, como discutido por estes últimos autores, a estimativa da área foliar é feita quase sempre de forma indireta, demandando análises destrutivas a campo em amostra representativa da população em estudo, seguida de trabalho considerável execu142 tado posteriormente em laboratório. Ainda mais, pela particularidade dos folíolos excisados da pupunheira de se enrolarem quando destacados da ráquis foliar e, por isso, não podem ser utilizados diretamente no medidor de área foliar. Com isso, adiciona-se ao processo uma operação demorada e delicada de desenho dos folíolos em papel e recorte dos contornos, para só então medir-se a área foliar. Isso tudo, além da demora adicional, acarreta erros experimentais dificilmente eliminados nas etapas posteriores. Dessa forma, há necessidade de se identificarem características mais facilmente mensuráveis, de preferência de natureza não destrutiva, e que se correlacionam adequadamente com a biomassa. No presente trabalho não foram encontrados ajustes satisfatórios quando se considerou a relação entre o número de folhas e a área foliar ou as biomassas foliar e aérea total da pupunheira. Resultados semelhantes foram obtidos anteriormente por Bovi et al. (1993) e mais recentemente por Vega et al. (2004), indicando a pouca utilidade desse caráter quando analisado separadamente (apenas número), sem levar em conta também suas dimensões (comprimento e largura). No entanto, merece destaque a relação encontrada entre a espessura da ráquis foliar e a área foliar e/ou biomassas. A espessura da ráquis foliar, medida no ponto da inserção dos primeiros folíolos, é um caráter de fácil mensuração (com auxílio de régua, paquímetro convencional ou digital), apresentando natureza não destrutiva. Por meio de equações não lineares simples (Y= axb e/ou Y= abx) pode-se utilizálo para estimar, com elevada precisão (R2>0,95; P<0,01), tanto a área foliar quanto às biomassas foliar e total aérea da pupunheira. Apresenta, portanto, maior utilidade que o diâmetro ou a altura da haste, caracteres indiretos considerados, até então, como ideais para estimativas indiretas de biomassa em pupunheira (Ares et al. 2002). AGRADECIMENTOS Este trabalho é parte da dissertação do primeiro autor, com projeto (98/ 13229-4) financiado pela FAPESP. REFERÊNCIAS ARES A; QUESADA JP; BONICHE J; YOST RS; MOLINA E; SMYTH J. 2002. 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Potencial fisiológico de sementes de brássicas com ênfase no teste de envelhecimento acelerado Caroline J Costa¹; Mário B Trzeciak²; Francisco A Villela² ¹Embrapa Cerrados, C. postal 08223, 73310-970 Planaltina-DF; ²FAEM-UFPel, C. postal 354, 96010-900 Pelotas-RS; [email protected] RESUMO ABSTRACT O presente trabalho comparou diferentes testes para a avaliação do potencial fisiológico de sementes de brássicas, com ênfase no teste de envelhecimento acelerado (TEA). Foram utilizados quatro lotes de sementes de repolho, cultivar Coração de Boi, quatro de sementes de couve-brócolis, cultivar Piracicaba Precoce, e cinco de sementes de couve, cultivar Georgia. Foram realizados os testes de germinação, primeira contagem de germinação, emergência de plântulas, condutividade elétrica e envelhecimento acelerado. Neste, foram empregados três procedimentos: tradicional (água), solução saturada (40 g 100 mL-1) e solução diluída (11 g 100 mL-1) de NaCl, a 42°C, por períodos de 48, 72 e 96 horas. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições e análises isoladas para cada teste. Os testes de primeira contagem de germinação e velocidade de emergência de plântulas apresentaram potencial para avaliação do potencial fisiológico de sementes de repolho e couve-brócolis. Já para sementes de couve, os testes de emergência de plântulas e condutividade elétrica foram os mais eficientes. TEA também foi eficiente na avaliação do potencial fisiológico de sementes de brássicas. Para repolho, a melhor distinção entre o potencial fisiológico das sementes através do TEA aconteceu seguindo o procedimento tradicional e empregando solução diluída de NaCl, ambos por 48 e 72 horas, e solução saturada de NaCl por 72 e 96 horas. Para couve-brócolis, todas as variações do TEA testadas foram eficientes na identificação dos lotes de semente de qualidade superior. Já para couve, os melhores resultados foram obtidos aplicando TEA na metodologia tradicional por 96 horas e solução diluída por 72 horas. Observou-se ainda que, em comparação com o uso de água, a utilização de solução salina no TEA inibiu sensivelmente o crescimento e desenvolvimento de fungos. Physiological potential of Brassica seeds with emphasis to the accelerated aging test Palavras-chave: Brassica oleracea var. capitata, B. oleracea var. italica, B. oleracea var. acephala, vigor, solução salina. Keywords: Brassica oleracea var. capitata, B. oleracea var. italica, B. oleracea var. acephala, vigour, saline solution. The present work compared different tests for the evaluation of the physiological potential of Brassica seeds with emphasis to the accelerated aging test (AAT). Four lots of cabbage seeds cv. Coração de Boi, four lots of broccoli seeds cv. Piracicaba Precoce and five lots of collard seeds cv. Georgia were used. Tests of germination, first germination counting, seedling emergence, electrical conductivity and accelerated aging were accomplished. In this test three procedures were used: traditional (water), saturated NaCl solution (40 g/100 mL) and diluted NaCl solution (11 g/100 mL), at 42°C for 48, 72 and 96 hours. The experiment followed a completely randomized design with four replicates and individual evaluations for each test. The tests of first germination counting and speed of seedling emergence presented potential for evaluation of the physiological potential of cabbage and broccoli seeds. For collard seeds, the tests of seedling emergence and electrical conductivity were the most efficient. The AAT was also efficient in the evaluation of the physiological potential of Brassica seeds. For cabbage, the best distinction among the physiological potential of the seeds through the AAT was obtained following the traditional procedure and with diluted NaCl solution, both for 48 and 72 hours, and with saturated NaCl solution for 72 and 96 hours. For broccoli seeds, all of tested AAT procedures were efficient in the identification of the seed lots of superior quality. For collard seeds, the best results were obtained with the AAT in the traditional methodology for 96 hours and with diluted NaCl solution for 72 hours. It was observed that, in comparison to the use of water, the use of saline solution in the AAT inhibited sensibly the fungi growth and development. (Recebido para publicação em 25 de março de 2007; aceito em 9 de junho de 2008) A procura por uma alimentação mais saudável e nutritiva tem levado a incrementos no consumo de hortaliças no país, estimulando o setor produtivo e aumentando a exigência quanto à qualidade dos produtos e processos empregados na condução dos campos de produção. No caso das brássicas, como repolho, couve-brócolis e couve, isso não é diferente, notadamente em razão de sua importância como alimentos funcionais. Existem poucas informações referentes à avaliação do potencial fisiológico de sementes de brássicas. Consi144 derando que a utilização de sementes de alta qualidade é um pré-requisito para a obtenção de mudas vigorosas e uniformes, com reflexos no estande, produtividade e qualidade do produto colhido, é importante que existam informações que permitam avaliá-la. Sabe-se que a qualidade de um lote de sementes é representada pelo somatório de atributos genéticos, fisiológicos, sanitários e físicos que determinam o seu valor para semeadura, destacando-se o componente fisiológico da qualidade das sementes, diretamente responsável pelo seu desempenho em campo e no armazenamento (Rodo et al., 2000). Vários testes têm sido empregados com o objetivo de estimar o desempenho das sementes em campo e/ou armazenamento, sendo o teste de envelhecimento acelerado um dos mais utilizados na avaliação do potencial fisiológico de sementes (Mello & Tillmann, 1987; Vieira & Carvalho, 1994; Ferguson-Spears, 1995). O teste baseiase no desempenho relativo entre lotes de sementes submetidos a condições de elevada temperatura e umidade relativa Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Potencial fisiológico de sementes de brássicas com ênfase no teste de envelhecimento acelerado do ar, podendo-se estabelecer diferenças no potencial fisiológico das sementes conforme sua maior ou menor resistência à deterioração artificial provocada durante o teste (Marcos Filho, 1999). Desde o seu desenvolvimento e aplicação na avaliação do potencial fisiológico de sementes de hortaliças, o teste de envelhecimento acelerado tem proporcionado a obtenção de resultados menos precisos e reproduzíveis, relativamente às demais espécies. É provável que sementes que absorvam água mais rapidamente, como é o caso da maioria das sementes de hortaliças, atinjam teores de água muito variáveis ao final do teste de envelhecimento acelerado, prejudicando a uniformidade entre as amostras e a eficiência do teste na avaliação do potencial fisiológico das sementes. Estudos vêm sugerindo a substituição da água por soluções salinas saturadas ou diluídas, como forma de adequar a metodologia do teste de envelhecimento acelerado para sementes de hortaliças (Jianhua & McDonald, 1996; Panobianco & Marcos Filho, 1998, 2001; Rodo et al., 2000; Rodo & Marcos Filho, 2003; Costa, 2004; Ávila, 2005). Dependendo da solução e da concentração utilizadas, são obtidos níveis específicos de umidade relativa do ar, possibilitando o ajuste da taxa de absorção de água, o que afeta a velocidade e intensidade de deterioração das sementes (Jianhua & McDonald, 1996). O presente trabalho teve como objetivo comparar a eficiência de diferentes testes para avaliação do potencial fisiológico de sementes de brássicas, com ênfase no teste de envelhecimento acelerado. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no Laboratório Didático de Análise de Sementes da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, da Universidade Federal de Pelotas. Foram utilizados quatro lotes de sementes de repolho (Brassica oleracea L. var. capitata L.), cultivar Coração de Boi, quatro de sementes de couve-brócolis (B. oleracea L. var. italica PLENCK), cultivar Piracicaba Precoce e cinco de sementes de couve (B. oleracea L. var. acephala DC), culHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 tivar Georgia. Os lotes de cada hortaliça foram submetidos aos testes: Germinação - foram empregadas doze subamostras de 50 sementes de cada lote, distribuídas sobre duas folhas de papel tipo germitest, umedecidas com água destilada em quantidade equivalente a 2,5 vezes a sua massa. Em seguida, as sementes foram cobertas com mais duas folhas de papel, confeccionandose os rolos, que foram levados ao germinador, regulado a 20°C, na presença de luz constante. As avaliações foram realizadas aos cinco e dez dias, conforme as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992). A primeira contagem do teste de germinação correspondeu à percentagem de plântulas normais, cinco dias após a instalação do teste; Emergência de plântulas - empregaram-se bandejas de poliestireno expandido de 200 células contendo substrato comercial (Plantmax®) e uma semente por célula. Foram utilizadas 400 sementes de cada lote, subdivididas em oito subamostras de 50 sementes. Observouse diariamente o número de plântulas normais, até o décimo-quarto dia. Os resultados foram apresentados como percentagem e velocidade de emergência das plântulas, esta última expressa pelo índice de velocidade de emergência de plântulas (Nakagawa, 1999), calculado através da fórmula IVE = E1/N + E2/N2 + ... + En/Nn, onde: IVE = Índice de Velocidade de Emergência; E1, E2, En = número de plântulas normais observadas nas primeira, segunda e última contagens, respectivamente; N1, N2, Nn = número de dias da semeadura até a primeira, segunda e última contagens, respectivamente; Condutividade elétrica - doze subamostras de 50 sementes de cada lote foram pesadas, colocadas em copos plásticos contendo 25 mL de água deionizada e mantidas a 20°C durante 24 horas. Após esse período, determinou-se a condutividade elétrica da solução, utilizando um condutivímetro. Os resultados foram expressos em µS cm-1 g-1de sementes; Envelhecimento acelerado - para o teste de envelhecimento acelerado, 600 sementes de cada lote foram distribuídas sobre telas de alumínio, fixadas no interior de caixas plásticas (tipo gerbox) contendo 40 mL de água destilada (procedimento tradicional), solução saturada (40 g 100 mL-1) ou diluída (11 g 100 mL-1) de NaCl. As caixas foram fechadas e mantidas em câmara regulada a 42°C por 48, 72 e 96 horas. Após cada período, as sementes foram submetidas ao teste de germinação, conforme metodologia descrita anteriormente, calculando-se a percentagem de plântulas normais no quinto dia após a instalação do teste. O teor de água das sementes de cada lote foi determinado antes e após a condução do teste de envelhecimento acelerado, seguindo as recomendações das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992), empregando o método da estufa, a 105±3°C, por 24 horas. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições, sendo as análises realizadas separadamente para cada teste. Os valores observados de germinação, percentagem de emergência de plântulas e envelhecimento acelerado foram transformados em arc sen e, as médias, comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05). As análises estatísticas foram executadas através do Sistema de Análise Estatística para Microcomputadores - SANEST (Zonta & Machado, 1986). RESULTADOS E DISCUSSÃO A percentagem de emergência de plântulas e o teste de condutividade elétrica não foram eficientes para distinguir os lotes de sementes de repolho quanto ao seu potencial fisiológico. Já a primeira contagem do teste de germinação e a velocidade de emergência de plântulas permitiram melhor classificação dos lotes quanto ao seu potencial fisiológico, não claramente evidenciadas pelo teste de germinação (Tabela 1). Estes testes indicaram o lote 1 como o de melhor desempenho e os lotes 2 e 4 apresentando desempenho intermediário. Foi possível estabelecer classificação semelhante baseada nos testes de envelhecimento acelerado, seguindo o procedimento tradicional por 48 e 72 horas e, modificado, empregando solução diluída de NaCl por 48 e 72 horas ou solução saturada de NaCl por 72 e 96 horas (Tabela 2). Vale destacar que a utilização de solução saturada de NaCl por 72 horas, além de separar os lotes quan145 CJ Costa et al. Tabela 1. Germinação, primeira contagem de germinação, percentagem de emergência de plântulas, índice de velocidade de emergência e condutividade elétrica de lotes de sementes de repolho, couve-brócolis e couve (germination, first germination counting, seedling emergence, emergence speed index and electrical conductivity of cabbage, broccoli and collard greens seed lots). Pelotas, UFPel, 2005. Médias seguidas de mesma letra na coluna, em cada hortaliça, não diferem entre si pelo teste de Tukey, p<0,05 (means followed by the same letter in the column, to each vegetable, do not differ from each other, Tukey’s test, p<0,05). 1G = germinação (germination); 2E = emergência de plântulas (seedling emergence); 3/IVE = índice de velocidade de emergência (emergence speed index); 4CE = condutividade elétrica (electrical conductivity). to ao potencial fisiológico, não causou deterioração acentuada das sementes. Para as sementes de couve-brócolis, os resultados de emergência e velocidade de emergência e germinação e primeira contagem de germinação foram similares e indicaram a superioridade do potencial fisiológico das sementes dos lotes 5 e 6 (Tabela 1). Mendonça et al. (2003) já haviam observado a eficiência do teste de primeira contagem e da percentagem e velocidade de emergência de plântulas em detectar diferenças no potencial fisiológico entre lotes de sementes de couve-brócolis. Assim, embora a redução na velocidade de germinação das sementes não esteja entre os primeiros eventos associados ao processo de deterioração, segundo Delouche & Baskin (1973), o teste de primeira contagem de germinação apresentou sensibilidade em detectar pequenas diferenças no potencial fisiológico entre lotes de sementes de repolho e couve-brócolis, apresentando potencial de utilização como um teste de vigor para essas espécies. Tabela 2. Germinação em porcentagem de lotes de sementes de repolho, couve-brócolis e couve após três períodos de exposição ao teste de envelhecimento acelerado (EA) (germination in percentage of cabbage, broccoli and collard greens seeds after three exposure periods of the accelerated aging test). Pelotas, UFPel, 2005. Médias seguidas de mesma letra na coluna, em cada hortaliça, não diferem entre si pelo teste de Tukey, p<0,05 (means followed by the same letter in the column, to each vegetable, do not differ from each other, Tukey’s test, p<0,05). 1Teste de envelhecimento acelerado seguindo a metodologia tradicional, com água (traditional accelerated aging test, with water); 2Teste de envelhecimento acelerado utilizando solução diluída de NaCl (accelerated aging test with diluted NaCl solution); 3Teste de envelhecimento acelerado utilizando solução concentrada de NaCl (accelerated aging test with saturated NaCl solution). 146 Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Potencial fisiológico de sementes de brássicas com ênfase no teste de envelhecimento acelerado Tabela 3. Teor de água de lotes de sementes de repolho, couve-brócolis e couve após três períodos de exposição ao teste de envelhecimento acelerado (EA) (Water content of cabbage, broccoli and collard greens seeds after three exposure periods of the accelerated aging test). Pelotas, UFPel, 2005. 1 Teste de envelhecimento acelerado seguindo a metodologia tradicional, com água (traditional accelerated aging test, with water); 2Teste de envelhecimento acelerado utilizando solução diluída de NaCl (accelerated aging test with diluted NaCl solution); 3Teste de envelhecimento acelerado utilizando solução concentrada de NaCl (accelerated aging test with saturated NaCl solution). A mesma tendência observada nesses testes repetiu-se de forma geral no teste de envelhecimento acelerado, empregando o procedimento tradicional, com água, ou o procedimento modificado, com solução saturada de NaCl, nos três períodos avaliados (Tabela 2). Esses resultados contrariam aqueles obtidos por Martins et al. (2002), que não consideraram o teste de envelhecimento acelerado, conduzido segundo procedimento tradicional por 48 e 72 horas, eficiente na classificação de lotes de sementes de couve-brócolis. Todavia, Mello et al. (1999) também observaram a eficiência do teste de envelhecimento acelerado, conduzido a 42°C por 48 horas, no estabelecimento de diferenças no potencial fisiológico entre lotes de sementes de couve-brócolis. Para os lotes de sementes de couve, verificou-se que a percentagem de emergência de plântulas e os resultados do teste de condutividade elétrica permitiram classificar os lotes de forma semelhante aos resultados do teste de germinação: o lote 11 apresentou desempenho superior, os lotes 9 e 10, desempenho intermediário e, os lotes 12 e 13, baixo potencial fisiológico. A velocidade de emergência de plântulas, por outro lado, não possibilitou diferenciar os lotes (Tabela 1). Os testes de envelhecimento acelerado seguindo a Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 metodologia tradicional por 96 horas e empregando solução diluída de NaCl por 72 horas também possibilitaram o ranqueamento dos lotes de modo semelhante, em três níveis de potencial fisiológico (Tabela 2). Observou-se que as sementes submetidas ao teste de envelhecimento acelerado empregando o procedimento tradicional atingiram maior teor de água que aquelas submetidas ao procedimento modificado. Isso pode ser explicado pela maior umidade relativa do ar em contato com as sementes nesse procedimento (Tabela 3). Ao se empregar solução saturada de NaCl, a umidade relativa do ar em contato com as sementes é de 76% e, ao se utilizar solução diluída (11 g 100 mL-1 de NaCl), é de 94%, de acordo com a equação de van’t Hoff (Salisbury & Ross, 1992). As sementes tendem a alcançar o equilíbrio higroscópico em teores de água mais elevados conforme se aumenta a umidade relativa do ar. De acordo com Marcos Filho (2005), o teor de água correspondente ao ponto de equilíbrio aumenta com a elevação da umidade relativa do ar e vice-versa. Assim, sementes em contato com ar apresentando 100% de umidade relativa apresentarão maior teor de água que sementes em contato com ar apresentando 94% e 76% de umidade relativa, respectivamente. Como a umidade relativa do ar em contato com as sementes durante o teste de envelhecimento acelerado seguindo o procedimento modificado é inferior em relação ao procedimento tradicional, esperava-se que o período de condução do teste fosse aumentado, dada a menor intensidade de deterioração sofrida pelas sementes. Entretanto, no presente trabalho, isso só ocorreu ao se avaliar o potencial fisiológico de sementes de repolho, sendo possível classificar os lotes de sementes em níveis de vigor a partir de 48 horas utilizando o procedimento tradicional e, somente a partir de 72 horas, utilizando o procedimento modificado (Tabela 2). No caso das sementes de couve-brócolis, o período de 48 horas do teste de envelhecimento acelerado possibilitou a obtenção de resultados semelhantes, independentemente do procedimento adotado, conforme anteriormente observado em sementes de melão (Torres, 2002) e rúcula (Ramos et al., 2004). Isso revela que os efeitos da temperatura elevada foram mais drásticos do que os provocados pela elevação da umidade relativa do ar. Como a utilização de solução salina em substituição à água nas mini-câmaras de envelhecimento acelerado afeta apenas a umidade relativa do ar em contato com as sementes, esse procedimento não prejudica as informa147 CJ Costa et al. ções fornecidas pelo teste de envelhecimento acelerado modificado. O teste de envelhecimento acelerado seguindo o procedimento tradicional resultou em maiores variações entre o teor de água dos lotes. Variações acima de 5,0 pontos percentuais foram observadas entre o teor de água dos lotes de sementes de repolho e couve-brócolis após o teste de envelhecimento acelerado utilizando o procedimento tradicional (Tabela 3). Por outro lado, ao se empregar o procedimento modificado, essa variação não atingiu 1,0 ponto percentual. Isso evidencia maior uniformidade do teor de água das sementes ao se utilizar o procedimento modificado, o que já foi observado em trabalhos anteriores, com sementes de beterraba (Costa, 2004) e rabanete (Ávila, 2005). De acordo com Marcos Filho (1999), um dos principais indicadores da uniformidade das condições do teste de envelhecimento acelerado é o teor de água das sementes ao final do teste. Variações de 3% a 4% entre as amostras são toleráveis. Acima desses limites, são consideradas excessivas e determinam a necessidade de repetição do teste. Ressalta-se que, mesmo considerando que a utilização do procedimento tradicional ou modificado do teste de envelhecimento acelerado tenha possibilitado a obtenção de resultados semelhantes quanto à classificação dos lotes de sementes em relação ao seu potencial fisiológico, o procedimento empregando solução salina apresenta uma vantagem em relação ao procedimento tradicional: o uso de soluções salinas em substituição à água inibe sensivelmente o crescimento e desenvolvimento de fungos, facilitando o manuseio das sementes e eliminando sua possível interferência na avaliação do potencial fisiológico das sementes. Uma análise geral dos resultados obtidos permite constatar que, na avaliação do potencial fisiológico de se- 148 mentes de brássicas, assim como para outras espécies, sementes de variedades e até mesmo de cultivares diferentes podem exigir condições específicas para a condução de testes. Atenção especial deve ser dada ao teste de envelhecimento acelerado, uma vez que o genótipo afeta a tolerância das sementes ao estresse imposto durante o teste. REFERÊNCIAS ÁVILA PV. 2005. Teste de envelhecimento acelerado na avaliação do potencial fisiológico de sementes de rabanete. Pelotas: UFPel - FAEM. 20p (Dissertação mestrado). BRASIL. 1992. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV. 365p. COSTA CJ. 2004. Envelhecimento acelerado e condicionamento osmótico em sementes de beterraba. Pelotas: UFPel - FAEM. 31p. (Dissertação mestrado). DELOUCHE JC; BASKIN CC. 1973. Accelerated aging techniques for predicting the relative storability of seed lots. Seed Science and Technology 1: 427-452. FERGUSON-SPEARS J. 1995. An introduction to seed vigour testing. In: VAN DE VENTER, HA (ed). Seed vigour testing seminar. Zürich: ISTA. p. 1-10. HAMPTON JG; COOLBEAR P. 1990. 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Desempenho de taro em função de doses de cama de aviário, sob sistema orgânico de produção. Horticultura Brasileira 26: 149-153. Desempenho de taro em função de doses de cama de aviário, sob sistema orgânico de produção Fábio Luiz de Oliveira1; José Guilherme M Guerra2; Dejair L de Almeida2; Raul de LD Ribeiro3; Edmilson E da Silva3; Vinícius V Silva4 ; José Antonio A Espindola2 1 UFVJM, Deptº. Agronomia, R. da Glória, 187, 39100-000 Diamantina-MG; 2Embrapa Agrobiologia, C. Postal 74505, 23890-000 Seropédica-RJ; 3UFRRJ, Deptº. Fitotecnia, BR 465, km 07, 23851-970 Seropédica-RJ; 4PESAGRO-RIO, Rua Euclides Solos de Pontes, 30, Centro, 28625-020 Nova Friburgo-RJ; [email protected]; RESUMO ABSTRACT O experimento foi conduzido na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro, em Nova Friburgo, com o objetivo de avaliar o efeito da aplicação de doses de “cama” de aviário, como fonte de nitrogênio, sobre o desempenho de taro cultivado organicamente, em sistema plantio direto. O solo da área foi classificado como Cambissolo Háplico. A aveia preta (Avena strigosa) foi usada como pré-cultivo, em rotação de culturas. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com quatro repetições. Os tratamentos foram doses de “cama” de aviário equivalentes a 0; 50; 100 e 200 kg ha-1 de N, aplicadas em cobertura por ocasião da amontoa, realizada aos 120 dias após o plantio da cultura. A adubação de cobertura com “cama” de aviário promoveu aumento significativo na produtividade de taro, que atingiu um valor máximo com a dose de 130 kg ha-1 de N. A aplicação de “cama” de aviário também favoreceu maiores teores de N nos rizomas de taro. Performance of organically grown taro in relation to poultry litter doses An experiment was carried out in Nova Friburgo, located in the mountain region of Rio de Janeiro State, to evaluate the effect of poultry litter doses on the performance of organically grown taro, under no-tillage. The soil of the area was a Haplic Cambisol. Black oat was previously cultivated in the experimental area. The experimental design was of randomized blocks, with four replications. The treatments consisted of 0; 50;100 and 200 kg N ha1 of poultry litter, applied 120 days after planting. The use of poultry litter promoted a significant increase in taro yield, with a maximum value corresponding to 130 kg ha-1 of N rate of. It also increased the N content of the taro rhizomes. Palavras-chave: Colocasia esculenta, Avena strigosa, plantio direto. Keywords: Colocasia esculenta, Avena strigosa, no-tillage, poultry litter. (Recebido para publicação em 9 de janeiro de 2007; aceito em 25 de abril de 2008) O taro (Colocasia esculenta), também conhecido como inhame, é uma olerícola da família Araceae, com considerável valor nutricional, apresentando elevado teor de amido, o que permite tanto seu consumo in natura quanto sua utilização como matéria-prima para a agroindústria (Vilpoux, 2001). A sua parte comestível é formada por um rizoma central esférico, rodeado por vários rebentos laterais, sendo que esses últimos geralmente obtêm maior valor de comercialização (Puiatti, 2002). Dentre as estratégias que caracterizam o manejo da fertilidade do solo nos sistemas orgânicos de produção, destaca-se a aplicação de adubos orgânicos. De maneira geral, essa prática favorece a manutenção da matéria orgânica do solo, melhorando suas propriedades físicas, químicas e biológicas. Do ponto de vista físico, o uso de estercos promove o aumento da estabilidade de agregados, associado à redução da densidade do solo (Andreola et al., 2000). Com relação às propriedades químicas, desHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 taca-se o aumento da disponibilidade de nutrientes para as culturas e da capacidade de troca de cátions (CTC), associados à complexação de elementos tóxicos (Bayer & Mielniczuk, 1999). A matéria orgânica também auxilia a atividade dos organismos do solo, o que por sua vez resulta em impactos positivos sobre a ciclagem de nutrientes (Filser, 1995). Dentre os adubos orgânicos empregados na olericultura, merece destaque a “cama” de aviário, que normalmente apresenta elevados teores de nutrientes. Oliveira (2001) observou teores de nitrogênio (33,6 g kg-1), fósforo (13,3 g kg-1), potássio (19,2 g kg-1) e cálcio (25,5 g kg-1), superiores a outra fonte de adubo orgânico muito usada, o esterco de gado, que apresentou os teores: nitrogênio (15,8 g kg-1), fósforo (1,9 g kg-1), potássio (13,2 g kg-1) e cálcio (18 g kg-1). A “cama” de aviário tem apresentado resultados positivos para a produção de diversas hortaliças como repolho (Oliveira et al., 2003), brócolis (Moreira, 2003), taro (Zarate et al., 2000) e milho (Zarate et al., 2003). A adubação orgânica pode ter sua eficiência aumentada em sistemas conservacionistas de preparo do solo, como o plantio direto. Particularmente para os agricultores familiares, são necessários esforços para o desenvolvimento de sistemas alternativos, havendo uma forte demanda no que diz respeito ao cultivo de hortaliças como o taro (Oliveira, 2004). O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos da aplicação de doses crescentes de “cama” de aviário sobre o desempenho produtivo do taro, em sistema orgânico de produção, sob plantio direto, nas condições edafoclimáticas da região Serrana Fluminense. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado na Estação Experimental de Nova Friburgo (EENF) da PESAGRO-RIO, localizada 149 FL Oliveira et al. Figura 1. Altura (A) e área foliar (B) das plantas de taro aos 210 dias após o plantio em função de doses de “cama” de aviário em cobertura (height (A) and leaf area (B) of taro plants, 210 days after planting date depending on poultry litter doses in covering). Nova Friburgo, UFRRJ, 2004. na região Serrana Fluminense, em 2002. A Estação Experimental fica a 1010 m de altitude, em região de temperaturas amenas (média anual de 18oC) e precipitação anual de 1300 mm. O solo da área experimental foi classificado como Cambissolo Háplico, sendo anteriormente cultivado com hortaliças. A análise de solo, na profundidade de 0-20 cm, apresentou: pH em água = 5,6; Al = 0,0 cmolc dm-3; Ca = 4,3 cmolc dm-3; Mg = 1,3 cmolc dm-3; K = 0,52 cmolc dm-3 e P = 63 mg kg-1. Não foi feita adubação de plantio, procedendo-se a adubação de cobertura com aplicação das doses estipuladas para cada tratamento. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com quatro repetições. Os tratamentos consistiram nas doses de “cama” de aviário equivalentes a 0; 1,69 t ha-1 (50 kg ha-1 de N); 3,38 t ha-1 (100 150 kg ha-1 de N) e 6,75 t ha-1 (200 kg ha-1 de N), aplicadas em cobertura por ocasião da operação de amontoa, realizada aos 120 dias após o plantio da cultura. As parcelas comportaram 120 plantas de taro, no espaçamento de 1,0 x 0,3 m, dispostas em quatro linhas de plantio, considerando-se como área útil aquela ocupada por cinco plantas centrais em cada uma das duas linhas centrais de cada parcela. A aveia preta foi semeada a lanço, no mês de maio, como adubo verde na forma de pré-cultivo. Realizou-se seu corte aos 120 dias após a semeadura, sendo a palhada mantida em cobertura do solo para todos os tratamentos. Os rizomas-semente de taro utilizados representam um ecotipo preferido pelos produtores da região, apresentando bainha foliar de cor verde e rizomas de polpa branca. As análises da composição química da “cama” de aviário, bem como os teores de N contidos na biomassa da aveia preta foram determinados de acordo com o método recomendado por Bremner & Mulvaney (1982), enquanto P, K, Ca e Mg foram determinados a partir da digestão nítrico-perclórica (Bataglia et al., 1983). A determinação de P foi feita por colorimetria através da formação da cor azul do complexo fosfato-molibdato em presença de ácido ascórbico, e de K por espectrofotometria de absorção atômica (Embrapa, 1997). Por sua vez, as determinações de Ca e de Mg foram feitas por espectrofotometria de absorção atômica (Bataglia et al., 1983). As quantidades de nutrientes contidos na “cama” de aviário com base na matéria seca foram 29,6 g kg-1 de N, 26,6 g kg-1 P, 38,0 g kg-1 de K, 47 g kg-1 de Ca e 6,6 g kg-1 de Mg. As características fitotécnicas do taro avaliadas aos 210 dias após o plantio, foram: (1) altura da planta (tomada do nível do solo até a inserção do pecíolo no limbo da folha mais alta) e (2) área foliar por planta (obtida pelo somatório da área de cada folha da planta). Em cada folha, a área foi calculada pela mensuração das três diagonais ligando o ponto de inserção do pecíolo aos três vértices do limbo, segundo o método de Nolasco (1984). Os componentes de produção avaliados foram: (1) número de rebentos por planta, (2) produtividade de rebentos e (3) produtividade de rizoma central. Além disso, avaliou-se o teor de nitrogênio das folhas e dos rebentos (Bremner & Mulvaney, 1982). Os dados foram submetidos à análise de variância, através do teste F, e análise de regressão, de acordo com Pimentel-Gomes (1990). RESULTADOS E DISCUSSÃO A produção de biomassa e as quantidades de nutrientes acumulados na palhada de aveia preta foram de 9,1 t ha-1 de matéria seca, contendo de 130 kg ha-1 de N, 14 kg ha-1 de P, 174 kg ha-1 de K, 33 kg ha-1 de Ca e 21 kg ha-1 de Mg. A aplicação de doses crescentes de “cama” de aviário proporcionou aumenHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Desempenho de taro em função de doses de cama de aviário, sob sistema orgânico de produção tos lineares na altura e área foliar das plantas (Figura 1). De forma similar, Zarate et al. (2000) observaram maiores valores de matéria fresca de limbos e pecíolos de taro, por ocasião da colheita, em plantas adubadas com “cama” de frango de corte semi-decomposta. Esses resultados podem ser associados ao suprimento de nutrientes, principalmente nitrogênio, por aquele tipo de adubo orgânico e pelos resíduos da aveia preta. De acordo com Jacobs & Clark (1993), o maior fornecimento de N para plantas de taro favorece o desenvolvimento de sua parte aérea (folhas e pecíolos), atuando como fator determinante para a produção de biomassa. Isso está associado à ausência de uma área foliar ótima no taro durante grande parte de seu ciclo (Goenaga, 1995). Deve-se ressaltar que, de acordo com Jansson (1978), há uma correlação positiva entre o suprimento de nutrientes, principalmente N e K, e a duração do ciclo da cultura do taro. Segundo esse autor, ocorre maior produção de biomassa de parte aérea quando o suprimento é feito entre o terceiro e o quinto mês, pois os nutrientes estariam sendo fornecidos em época de maior requerimento pelas plantas. Os resultados apresentados reforçam essa afirmativa, pois a adubação em cobertura, realizada aos 120 dias, significou maior desenvolvimento da parte aérea das plantas (Figura 1). Observou-se efeitos quadráticos significativos da aplicação de doses de “cama” de aviário sobre o número de rebentos por planta (Figura 2). Esse resultado respalda os valores obtidos por Puiatti (1987), que destacou a influência do fornecimento de uma fonte orgânica com elevado teor de N sobre os ganhos em quantidade de rebentos laterais. Efeitos quadráticos significativos da aplicação de doses de “cama” de aviário também foram observados sobre as produtividades de rebentos e de rizoma central (Figura 3). Com base nas equações de regressão obtidas, foi possível estimar a dose de máxima produtividade de rebentos, que se situou em torno de 130 kg ha-1 de N (aproximadamente 4,4 t ha-1 de “cama” de aviário). Outros trabalhos mostraram valores próximos do obtido para a dose de máHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figura 2. Número de rebentos de taro em função de doses de “cama” de aviário em cobertura (number of taro tillers depending on poultry litter doses in covering). Nova Friburgo, UFRRJ, 2004. Figura 3. Produtividade de rizomas centrais (A) e rebentos (B) de taro em função de doses crescentes de “cama” de aviário em cobertura (yield of central rhizomes (A) and tillers (B) of taro depending on poultry litter doses in covering). Nova Friburgo, UFRRJ, 2004. 151 FL Oliveira et al. REFERÊNCIAS Figura 4. Teor de nitrogênio em folhas (A) e rebentos (B) do taro na colheita, em função de doses de “cama” de aviário em cobertura (Nitrogen content in leaves (A) and tillers (B) of taro depending on poultry litter doses in covering). Nova Friburgo, UFRRJ, 2004. xima produtividade na adubação orgânica do taro. Almeida et al. (1986) obtiveram maior produtividade quando se utilizaram 30 t ha-1 de esterco de curral, significando o aporte de, aproximadamente, 180 kg ha-1 de N. Por sua vez, Pimenta (1993) encontrou maior produção de rebentos comercializáveis quando se aplicou, aos 110 dias após o plantio de taro, uma dose equivalente a 200 kg ha-1 de N, como composto formado a partir de capim gordura (Melinis minutiflora) e esterco de curral, demonstrando que a dose é dependente do tipo de solo, fonte de nitrogênio utilizada e manejo adotado. A aplicação de “cama” de aviário proporcionou ainda aumento linear nos teores de nitrogênio das folhas e rebentos de taro (Figura 4). Resultados semelhantes 152 foram descritos por Jansson (1978), que observou que a aplicação de nitrogênio induzia a aumentos na produtividade e no teor de N nos rebentos. Esse comportamento pode ser atribuído ao fornecimento de N pela “cama” de aviário, sendo que para a dose de máxima produtividade no presente trabalho (130 kg ha-1 de N), obteve-se um teor de nitrogênio de 16,7 g kg-1 de N nos rebentos. Considerando-se que parte desse nutriente encontra-se na forma de proteína no taro, a prática da adubação orgânica com “cama” de aviário favoreceu o aumento da qualidade nutricional dessa hortaliça. A adição de 4,4 t ha-1 de “cama” de aviário (equivalente a 130 kg ha-1 de N) possibilitou maior desenvolvimento vegetativo das plantas, associado a uma elevada produtividade. ALMEIDA DL; VASCONCELLOS HO; SAKE RC; PESSANHA GG. 1986. Efeito do espaçamento e da adubação orgânica na produção de taro (Colocasia esculenta). Itaguaí: PESAGRO-RIO/EEI. 3 p. (Comunicado Técnico, 157). 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Yield and phenology of yam as affected by the physiological rest period of seed-rhizomes Ademar P de Oliveira1; Márcio F de Moura2; Edna U Alves1; Anarlete U Alves2; Arnaldo Nonato P de Oliveira1; Francisco de Assis P Leonardo1; Iordam da S Cruz1 1 UFPB-CCA, C. Postal 2, 58397-000 Areia-PB; 2Pós-graduando em Agronomia na UFPB; [email protected] ABSTRACT RESUMO The objective of this work was to evaluate the effects of the rest period of seed-rhizomes in the phenology and yield of yam Da Costa (Dioscorea cayennensis). The experiment was carried out in field conditions at the Federal University of Paraíba, in Areia, Brazil, from January to December 2004, in an Ustpsamment soil. A completely randomized block design was used to test three treatments, 60-, 80, and 100-day seed-rhizome rest periods, with seven replications. Plant emergency was evaluated every ten days from 40 to 90 days after planting (DAP), as well as plant height, evaluated up to 80 DAP. The average mass of commercial rhizomes and the yield of commercial and seed-rhizomes were also assessed. At 40, 50, and 60 days after planting, plant emergency was superior for seedrhizomes submitted to 100-day rest periods. At 70 and 80 DAP, there were no significant differences. At 90 DAP, seed-rhizomes that rested for 60 and 100 days provided around 91 and 83% of plant emergency, respectively. Concerning plant height, seed-rhizomes that rested 100 days produced the tallest plants. The average mass of commercial rhizomes and the yield of commercial and seed-rhizomes were 1.22 kg, 13.1 t ha-1, and 7.7 t ha-1, respectively, for seed rhizomes submitted to 60-day rest periods. For 100-day rest period rhizomes, the average mass of commercial rhizomes and the yield of commercial and seedrhizomes, were 0.73 kg, 7.7 t ha-1, and 1.7 t ha-1, respectively. Fenologia e rendimento do inhame em função do período de repouso fisiológico dos rizomas-semente Keywords: Dioscorea cayennensis, post-harvest, dormancy, emergency, plant height Palavras-chave: Dioscorea cayennensis, pós-colheita, dormência, emergência, altura de plantas. O trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do repouso fisiológico de rizomas-sementes do inhame-da-costa (Dioscorea cayennensis) sobre sua fenologia e rendimento. Foi desenvolvido um experimento a campo, na Universidade Federal da Paraíba, no município de Areia, entre janeiro a dezembro de 2004, em Neossolo Regolítico Psamítico Típico. Os tratamentos foram representados pelos períodos de 60, 80 e 100 dias de repouso fisiológico dos rizomas-sementes. O delineamento experimental empregado foi blocos casualizados, com sete repetições. Foi avaliada a emergência de plantas a partir de 40 dias após o plantio (DAP), em intervalos de dez dias, até 90 dias; a altura de plantas a partir de 40 DAP, também em intervalos de dez dias até 80 DAP, a massa média de rizomas comerciais e as produtividades de rizomas comerciais e de rizomassementes. A emergência de plantas foi maior em rizomas-sementes com 100 dias de repouso fisiológico, 40, 50 e 60 DAP; não ocorreu diferença nas avaliações feitas 70 e 80 DAP e, 90 DAP, rizomassementes com 60 e 100 dias de repouso fisiológico proporcionaram, respectivamente, 91 e 83% de emergência. Para a característica altura de plantas, rizomas-sementes com 100 dias de repouso produziram as plantas mais altas, até 60 dias após o plantio. A massa média de rizomas e as produtividades de rizomas comerciais e de rizomas-sementes foram de 1,22 kg, 13,1 t ha-1 e de 7,7 t ha-1, respectivamente, para rizomas-semente com 60 dias de repouso fisiológico. Rizomas-sementes com 100 dias de repouso fisiológico apresentaram massa média e produtividade de rizomas comercias e de rizomas-semente de 0,73 kg, 7,7 t ha-1 e 1,7 t ha-1, respectivamente. (Recebido para publicação em 21 de maio de 2007; aceito em 14 de abril de 2008) Y am (Dioscorea cayennensis Lam.), known in Portuguese as cará-dacosta, holds at the Brazilian Northeast region, especially in the top producing States (Pernambuco and Paraíba), a great socio-economic importance, due to its nourishing rhizomes of high energetic and nutritive values, with a high content of starch (Oliveira et al., 2002). The species is worth of special attention because it is a tropical plant of great potential that can contribute for the solution of the issue of food supply. This is especially relevant in underdeveloped 154 regions, where yam is already widely used as food by all social classes. In the State of Paraíba, producing areas are concentrated in the coastline and in the agro-grazing micro-region of Baixo Paraíba, comprising a planted area of approximately 7.5 thousand hectare year-1 and producing around 90 thousand tons (Santos & Macêdo, 2002). Yam is vegetatively multiplied through complete seed-rhizomes, which assures a high sprouting percentage and a good plant development; or through parts of the rhizome, named head, half, and end, more frequently used by farmers (Santos, 1998). Nevertheless, the selection of seed-rhizomes for planting is a very important task to the proper exploitation of this plant, since the rhizomes to be produced must match a standard on commercial quality. Unequal emergence has been leading to considerable losses to producers, due to the death of seedrhizomes, caused by attacks of soilborne insects and pathogens. In addition, adverse climatic conditions may injury the sprouting buds. Under these Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Yield and phenology of yam as affected by the physiological rest period of seed-rhizomes circumstances, it is difficult to control the production of seed-rhizomes, which depends on performing early harvests (top pruning), at seven months. These harvests consist in removing rhizomes from plants by means of a cut at the linking point with the aboveground part, followed by planting to induce the emission of new rhizomes, named mother- or seed-rhizomes. The objectives are to obtain rhizomes to be traded at the off-season period and to induce the production of extra seedrhizomes. Plants kept in the field for two more months can complete their cycles, which results in the production of seedrhizomes (Santos, 1996). At a high density, it is difficult to control emergence, which may lead to harvest at inadequate maturation stages (Santos, 1998). Finger et al. (2005) define the physiological rest or dormancy as the period during which buds of the rhizomes do not present visible signs of growth, even if stored under ideal sprouting conditions of temperature, light, and air composition. Dormancy is common also in potatoes (Solanum tuberosum L.) and is due to endogenous physiological factors. According to Bisogin et al. (1998), dormancy is a physiological state of the tuber, which begins at tuberization and ends at the emission of at least one sprout. During this period, tuber does not present sprouting capacity even under favourable conditions. Hormonal balance between growth promoters and inhibitors greatly influences this process (Fernandez, 1988). The dormancy period corresponds to the number of days from harvesting to the beginning of tuber sprouting, and is species- and cultivar-specific (Beukema & Van der Zaag, 1979). Potato tubers are dormant after harvesting. During this period, the metabolic activity is reduced and the internal hormonal balance privileges growth inhibitors. After this period, if environmental conditions of temperature and light favours hormonal balance, first sprouts appear out the apical bud (Souza, 2003). In yam, the seed-rhizome dormancy period is variable, comprising from a few days to months. However, according to the seed-rhizome storage Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 conditions, some practices can be used to reduce it. Actually, after harvesting, rhizomes usually remain dormant for nearly three months. After that, the process of sprouting begins, both in storage or after planting (Santos, 1996). Sprouting is faster on entire rhizomes, starting at the proximal and progressing to the distal end (Silva, 1971; Araújo, 1982; Santos, 1998). Our objective was to assess the effects of the physiological rest period of seed-rhizomes on yam phenology and seed-rhizomes yield and production. MATERIAL AND METHODS The experiment was carried out at the Federal University of Paraíba, in Areia, between January and December 2004, using yam da Costa seedrhizomes, recently harvested. The soil of the experimental area was classified as typical Quartz psamment (Embrapa, 1999), with the following chemical characteristics: pH (H 2O) = 7.0; P available = 107.54 mg dm-3; K+ available = 64 mg dm-3; Na+ = 0.09 cmolc dm-3; H+ + Al+3 = 0.91 cmolc dm-3; Al+3 = 0.00 cmolc dm-3; Ca+2 = 2.70 cmolc dm-3; Mg+2 = 0.75 cmolc dm-3; and organic matter = 15.54 g dm-3. Rhizomes were submitted to physiological rest periods of 60, 80, and 100 days, stored under shed conditions. The experimental design was randomized complete blocks, with seven replications. After each harvesting period, seed-rhizomes were cut in pieces of approximately 250 g. Afterwards, they were planted on a 1,20 x 0,60 m spacing, in furrows previously raised after soil ploughing and harrowing. The experimental unit was composed of 40 plants, out of which 20 were used to evaluate commercial yield, and 20, to evaluate seed-rhizome yield. Fertilization on planting consisted of 30 kg ha-1 of P2O5, 20 kg ha-1 of K2O, and 12 t ha-1 of cattle manure, while the side dressing fertilization consisted of applying 100 kg ha-1 of N, 50% three months after planting and 50% a month later. During the cycle, hand hoeing and earth up were performed aiming at protecting the rhizomes against solar rays. Sprinkler irrigation was used at periods of absence of rain, with threeday irrigation shifts. Plants were driven using single stakes. The percentage of plant emergency was evaluated from 40 to 90 days after planting (DAP), while plant height was assessed from 40 to 80 DAP, both in 10day intervals. The average mass of commercial rhizomes and the yield of commercial and seed-rhizomes were also assessed. To evaluate commercial yield, the harvest was performed nine months after planting. Rhizomes weighting between 1.5 and 2.0 kg were considered as commercial (Silva, 2002). Seed-rhizome yield was assessed in plants submitted to top-pruning, harvested three months after it. Data were submitted to the variance analysis and polynomial regression, using the linear model, with 5% probability. RESULTS AND DISCUSSION There was significant interaction between rest periods and days after planting over emergency and plant height, as well as isolated effect of rest periods over the average mass of commercial rhizomes and yield of commercial and seed-rhizomes. Plant emergency increased linearly 40, 50, and 60 DAP, along with the physiological rest periods, reaching maximum percentages of 45, 62, and 74%, respectively, for rhizomes submitted to 100-day rest period. At 70 and 80 DAP, emergency was independent of the rest period. A decrease on emergency as the seedrhizome rest period increased was observed 90 DAP. In this date, seedrhizomes submitted to 60-day rest periods resulted in an emergency of 91%, while for those submitted to 100day rest periods emergency was 83% (Figure 1). The difference in emergency between these two treatments (8%) represents less than 1.093 plant ha-1. The low initial emergency observed for rhizomes submitted to 60-day physiological rest periods is likely to be related to their immaturity at this stage. Reduced emergency has been already observed when young rhizomes and tubers were used for propagation (Iritan 155 AP Oliveira et al. Figure 1. Emergency of yam plants 40 (Y1), 50 (Y2), 60 (Y3), 70 (Y4), 80 (Y5) and 90 (Y6) days after planting as affected by the rest period of seed-rhizomes (emergência de plantas de inhame 40 (y1), 50 (y2), 60 (y3), 70 (y4), 80 (y5) e 90 (y6) dias após o plantio, em função do período de repouso fisiológico dos rizomas-sementes). Areia, UFPB, 2006. Figure 2. Height of yam plants 40 (Y1), 50 (Y2), 60 (Y3), 70 (Y4), 80 (Y5), and 90 (Y6) days after planting, as affected by the rest period of seed-rhizomes (altura de plantas de inhame 40 (y1), 50 (y2), 60 (y3), 70 (y4) e 80 (y5) dias após o plantio, em função do período de repouso fisiológico dos rizomas-sementes). Areia, UFPB, 2006. & Thorton, 1984). The decrease in emergency observed 90 DAP associated with the use of seed-rhizomes that rested for 100 days is probably due to their physiological aging, caused by the consumption of their reserves during the resting period. The use of physiologically old tubers in potato results in smaller vigor and reduced stands (Finger & Fontes, 1999). In potato, Raouf (1979) and Rezende (2007) observed a decrease on plant final stand at field due to the 156 failure in emergency when old or physiologically aged seed-potatoes were used. Similarly, in yam seed-rhizomes with long physiological rest periods promote a fast initial emergency, although with poor plant development afterwards (Santos, 1996). Plant heights assessed 40, 50, and 60 DAP increased together with the length of the seed-rhizome rest period, with maximum heights of 35, 70, and 106 cm, respectively, for seed-rhizomes with a 100-day rest. On the other hand, heights observed 70 and 80 DAP reduced as the physiological rest period of the seedrhizome increased, with the tallest plants coming out from seed-rhizomes with 60-day rest (Figure 2). The reduction in plant height assessed 70 and 80 days for seed-rhizomes exposed to a rest period of 100 days can be assigned to the high losses of reserves in these rhizomes before planting. According to Santos (1996), yam seed-rhizomes with more than 90 days of rest can present a vigorous initial plant growth, but without correspondence on further plant development. Each additional day in the physiological rest period induced decreases of 12.4 g in the average mass of commercial rhizomes and 135 and 95 kg ha-1 respectively in commercial and seed rhizome yields. When seedrhizomes with 60-day rest were used for planting, the average mass and the yield of commercial rhizomes were respectively 1.22 kg and 13.1 t ha-1, with the yield of seed-rhizomes reaching 7.7 t ha-1. For seed-rhizomes with a 100-day rest period, the average mass of commercial rhizomes was 0.73 kg and commercial and seed-rhizome yields were, respectively, 7.7 and 1.7 t ha-1 (Figures 1 and 2). In the same way that seed-rhizomes with long physiological rest periods reduced plant emergency, there was also a decrease in yield (Santos, 1996). In potato, Bohl et al. (2003) and Pavlista (2004) reported that as seed-potatoes grown physiologically old, yield is significantly compromised due to the high losses of tuber reserves. Rezende (2007) observed that the longer the seed-potato storage period in room temperature was, the smaller total and commercial yields were. The yield of commercial rhizomes achieved by planting seed-rhizomes with 60-day rest exceeded in 10 ton ha1 the average found by Santos (1996) for the State of Paraíba. This result indicates the potential impact of anticipating planting on production, taking into account that farmers usually use seedrhizomes with about 90 days of physiological rest (Santos, 1998). Considering that the post-harvest period of yam seed-rhizomes can influence Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Yield and phenology of yam as affected by the physiological rest period of seed-rhizomes yield, the planting of this species should be carried out 60 days after harvesting. Seed-rhizomes with a post-harvest period longer than 80 days should not be used for planting. ACKNOWLEDGEMENTS Authors thank CNPq (The National Council for Scientific and Technological Development) for the financial support. Ademar P de Oliveira holds a CNPq grant in Productivity in Research; Francisco de Assis P Leonardo and Iordam da S Cruz hold scholarships for respectively Scientific Initiation and Technical Support. REFERENCES ARAÚJO FC. 1982. Aspectos sobre o cultivo do cará-da-costa. Recife: Assessoria de Fruticultura. 33 p. (Boletim Técnico 29). BEUKEMA HP; VAN DER ZAAG DE. 1979. Potato improvement: some factors and facts. Wageningen: the International Agricultural Center. 224 p. BISOGNIN DA; CENTENARO R; MISSIO EL. 1998. Uso do ácido giberélico na quebra de dormência e de dominância apical em batata. Ciência Rural 28: 205-213. BOHL WH; OLSEN N; LOVE SL, NOLTE P. 2003. Potato seed management: seed size and age. Idaho: Agricultural Experiment Station. p. 91-114 (CIS 1031). EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. 1999. 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Average mass of yam commercial rhizomes as affected by the physiological rest periods of seed-rhizomes (massa média de rizomas comerciais de inhame em função do período de repouso fisiológico de rizomas-semente). Areia, PB, 2006. Figure 4. Yam commercial rhizomes (Y1) and seed-rhizomes (Y2) yield as affected by the physiological rest periods of seed-rhizomes (Produção de rizomas comerciais (y1) e de rizomas-semente (y2) de inhame em função do período de repouso fisiológico de rizomasemente). Areia, UFPB, 2006. REZENDE RLG. 2007. Efeito da idade fisiológica da batata-semente sobre características produtivas da batata (Solanum tuberosum L.) cv. Atlantic. Campinas: IAC. 43 p (Tese mestrado). SANTOS ES. 1996. Inhame (Dioscorea spp.): aspectos básicos da cultura. João Pessoa: EMEPA-PB/SEBRAE, 158 p. SANTOS ES. 1998. Sistemas de plantio e tamanhos de rizóforos-semente de inhame. In: CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA PARA A CULTURA DO INHAME NO ESTADO DA PARAÍBA. João Pessoa: EMEPA-PB. p. 27-35. 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Interação entre alface e tomateiro consorciados em ambiente protegido, em diferentes épocas Arthur Bernardes Cecílio Filho1;4; Bráulio Luciano A Rezende5; José Carlos Barbosa5; Anderson Luiz Feltrim5; Gilson S da Silva2; Leilson C Grangeiro3 1 FCAV-UNESP, Rodovia Prof. Paulo D. Castellane, s/n, 14884-900 Jaboticabal-SP; 2FCAV-UNESP, Depto. Ciências Exatas; 3UFERSA, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN. 4Bolsista CNPq; 5FCAV-UNESP, Pós-graduandos em Agronomia, Produção Vegetal; [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] RESUMO ABSTRACT Dois experimentos foram conduzidos na UNESP, em Jaboticabal (SP), com o objetivo de avaliar a interação entre alface e tomateiro, em ambiente protegido. Consórcios estabelecidos por transplantes da alface aos 0; 10; 20 e 30 dias após o transplante do tomateiro foram avaliados em dois períodos (abril a setembro/03 e janeiro a maio/04) e comparados às suas monoculturas, também estabelecidas nas mesmas épocas dos consórcios. Cada experimento foi conduzido em delineamento de blocos ao acaso, com nove tratamentos. Verificou-se que a produtividade do tomateiro e o percentual de frutos nas classes 50 e 60 não foram influenciados pela alface, independentemente da época em que esta foi transplantada. Por outro lado, a alface produziu menos em consórcio do que em monocultura, e quanto mais atrasado o seu transplante, em relação ao tomateiro, maior foi a redução em sua produtividade. Interaction between lettuce and tomato plants, in intercropping cultivation, established at different times, under protected cultivation Palavras-chave: Lactuca sativa, Lycopersicon esculentum, sistemas de cultivo, consorciação de culturas. Keywords: Lactuca sativa, Lycopersicon esculentum, cropping systems, intercropped cultures. Two experiments were carried out in Jaboticabal, São Paulo State, Brazil, to evaluate the interaction between lettuce and tomato, in intercropping, in a protected cultivation. Lettuce plants were transplanted into a tomato field at 0; 10; 20, and 30 days after tomato transplantation. These evaluations were performed from April to September 2003 and from January to June 2004. Both, lettuce and tomato crops, were also cultivated in monoculture in order to compare this system and the intercropping one. Each experiment was carried out in a randomized complete block design with nine treatments. Both tomato yield and fruit classification into grades were not influenced by lettuce crop independently of the transplantation time. On the other hand, lettuce, when intercropped, yielded lesser than when cultivated in sole crop and the yield decreased with the delaying transplanting date. (Recebido para publicação em 19 de novembro de 2006; aceito em 19 de março de 2008) A tualmente, a preocupação do olericultor não pode restringir-se apenas à produtividade e à qualidade da produção almejada, mas também como ela será obtida. O modus operandi deve compreender o planejamento para promover a redução de custos para a produção das hortaliças e propiciar menor impacto ambiental. Os reflexos serão percebidos na maior competitividade do produto e do produtor no mercado, assim como na melhor sustentabilidade do sistema. Nos últimos anos, grande foi o aumento na consideração das relações entre a agricultura e o meio ambiente, dos recursos naturais e da qualidade dos alimentos (Ehlers, 1999). Em tempos mais distantes, o crescimento da produção de alimentos se fez pela expansão da área; mais recentemente, por incremento na produtividade. Sem desconsiderar a 158 importante contribuição dessas duas ferramentas, a consorciação de culturas pode contribuir direta e/ou indiretamente para o menor impacto ambiental, visto que entre suas vantagens pode proporcionar, segundo Hortwith (1985), redução do uso de insumos feitos a partir de fontes não renováveis, tais como defensivos agrícolas ou pelos menos permitir maior aproveitamento dos mesmos, e à maior rentabilidade do cultivo (Rezende et al., 2005b, 2005c). Tomateiro e alface são hortaliças de grande expressão econômica na olericultura nacional, as quais em cultivo consorciado, sob ambiente protegido, atendem ao importante, e talvez primeiro critério para se obter sucesso em consórcios: serem contrastantes em características agrobotânicas, a fim de explorarem a complementaridade temporal e/ou espacial. Além de Rezende et al. (2005a), que avaliaram o efeito de consórcio tomateiro e alface, com transplante desta de 0 a 42 dias após o transplante do tomateiro, não foram encontrados outros trabalhos na literatura científica nacional sobre a consorciação dessas duas hortaliças. Nos Estados Unidos, Jett et al. (2005) verificaram que a produtividade e classificação de frutos de tomate não foram influenciadas quando o tomateiro foi transplantado no mesmo dia do transplante da alface. Segundo Debarba (2000), citado por Souza & Resende (2003), a alface é uma cultura beneficiada pela associação ao tomateiro. Por outro lado, o mesmo autor não informa se há, e qual é o tipo de efeito da alface no tomateiro. Diante do exposto, dois experimentos foram conduzidos, em casa de vegetação, com o objetivo de avaliar a Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Interação entre alface e tomateiro consorciados em ambiente protegido, em diferentes épocas interação entre a alface e tomateiro em cultivo consorciado, comparado ao solteiro, por meio de comparações de suas produtividades e características comerciais das hortaliças. MATERIAL E MÉTODOS Os dois experimentos foram conduzidos de 17/04 a 09/09/03 e de 30/01 a 27/05/04, em casa de vegetação de 614,4 m2, de modelo teto em arco, com pédireito de 3 m, coberta com filme de polietileno de baixa densidade, transparente, de 150 mm de espessura, aditivado contra raios ultravioleta, localizada na UNESP, Campus de Jaboticabal, situada à altitude de 575 metros, latitude 21º15’22"S e longitude 48º15’58" W. O clima de Jaboticabal é classificado como subtropical com chuvas de verão, e inverno relativamente seco. Apresenta médias anuais de 1.424,6 mm, 22,2ºC, 28,9ºC e 16,8ºC, respectivamente, para precipitação pluvial e temperaturas média, máxima e mínima (Resenha..., 2005). No cultivo de 17/04 a 09/09/03, as temperaturas médias das máximas, mínimas e médias mensais foram 28,8; 14,3 e 20,7ºC, respectivamente, enquanto no segundo cultivo, 30/01 a 27/05/04, os valores médios foram 29,2; 18 e 22,5ºC. O solo da área, segundo classificação de Andrioli & Centurion (1999), corresponde ao Latossolo Vermelho Eutroférrico típico de textura muita argilosa, A moderado caulinítico-oxídico, relevo suave ondulado a ondulado. O tomateiro foi a cultura principal. A alface, secundária, foi transplantada aos 0; 10; 20 e 30 dias após o transplante (DAT) do tomateiro, correspondendo aos quatro consórcios. Para cada época de estabelecimento do consórcio, também, foi instalado um cultivo solteiro de alface. Aos oito tratamentos somase o cultivo solteiro do tomateiro, totalizando nove tratamentos. Os experimentos 1 e 2, sob delineamento de blocos ao acaso, tiveram, respectivamente, oito e cinco repetições. As unidades experimentais foram constituídas por dez plantas de tomateiro e 40 plantas de alface, distribuídas, respectivamente em duas e quatro linhas de plantas. As fileiras duplas do tomateiro ficaram centraHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figura 1. Representação gráfica de uma parcela, da área útil para coleta de dados e disposição das culturas em consórcio, tomate (fileira dupla - 1,20 x 0,60 x 0,50 m) e alface (0,30 x 0,25 m). (graphic representation of a experimental unit, of the useful area for collection of data and disposition of the cultures in intercropping, tomato (double spacing – 1.20 x 0.60 x 0.50 m) and lettuce (0.30 x 0.25 m)). Jaboticabal, UNESP, 2003/2004. lizadas no canteiro, distando entre as fileiras simples em 0,60 m, e constando de duas fileiras de alface entre as fileiras duplas do tomateiro e duas linhas externas à mesma. As características do tomateiro e da alface foram avaliadas, respectivamente, nas seis e 20 plantas centrais (Figura 1). O preparo do solo, para os dois experimentos, foi feito com aração, gradagem e posterior confecção dos canteiros. As análises químicas do solo do primeiro e segundo cultivos, na camada de 0-20 cm, apresentaram, respectivamente: pH(CaCl2) de 5,7 e 5,8; 22 e 18 g dm-3 de matéria orgânica, 138 e 67 mg dm-3 de P(resina). Em mmolc dm-3, os solos continham 2,4 e 1,2 de K; 51 e 32 de Ca; 21 e 8 de Mg e 77% e 60% de saturação de bases. Com base nas análises de solo, fez-se a calagem, 30 dias antes da instalação do experimento 2, utilizando-se de calcário calcinado de PRNT 122%, objetivando elevar a saturação por bases do solo a 80%. As adubações de plantio dos consórcios e monocultura do tomateiro receberam doses de P (superfosfato simples) e K (cloreto de potássio) conforme recomendação de Trani et al. (1997a) para a cultura do tomateiro. Quanto ao N, aplicaram-se 60 kg ha-1, na forma de nitrato de amônio. As adubações de cobertura para as culturas foram feitas conforme recomendação de Trani et al. (1997a, 1997b). Foi utilizada, para a cultura do tomateiro (Lycopersicon esculentum), a cv. Débora Max, e, na cultura da alface (Lactuca sativa), a cv. Vera. As mudas do tomateiro e alface foram formadas, respectivamente, em bandejas para 128 e 288 células. A alface foi transplantada com quatro folhas após as cotiledonares, em espaçamento de 0,30 m entre linhas e 0,25 m entre plantas na linha. O tomateiro foi transplantado, também, com quatro folhas após as cotiledonares, em espaçamento de 1,20 m entre linhas duplas x 0,60 m entre linhas simples x 0,50 m entre plantas na linha. Nos dois períodos de cultivo, o tomateiro foi conduzido com duas hastes. O número de cachos conduzidos foi diferente entre as épocas. Na primeira época, eliminou-se o meristema apical após a sétima inflorescência da haste principal; na segunda época, devido ao severo ataque de traça do tomateiro (Tuta absoluta), fato que encurtou o ciclo, somente foram aproveitados os primeiros quatro ou cinco cachos de cada haste. Na fase inicial das culturas até cerca de 25 DAT da alface, para ambas as culturas foram pulverizações semanais para controle de tripes e pulgão. Para o controle de pragas do tomateiro, especialmente, brocas de fruto e traça, as pulverizações dirigiram-se às partes mediana e apical do tomateiro, não atingindo a alface. O tutoramento das plantas foi feito com fitilhos plásticos no sentido vertical, envolvendo cada uma das hastes do tomateiro. O fitilho foi 159 AB Cecílio Filho et al. rio, ateve-se à análise de variância conjunta. O teste de Tukey foi utilizado para diferenciar as médias obtidas para as características de tomateiro e alface influenciadas pelo período de cultivo e sistemas de cultivo. Para a época de transplante, as médias foram ajustadas à regressão polinomial. RESULTADOS E DISCUSSÃO Figura 2. Número de folhas de alfaces localizadas em linhas externas (FAE) e internas (FAI) do canteiro, em cultivos consorciados (Cons) e solteiro (Solt), em função da sua época de transplante após o transplante do tomateiro. Primeiro cultivo: 17/04 a 09/09/03. (number of lettuce leaves located on external (FAE) and internal (FAI) lines of the stonemason, in associated (Cons) and single (Solt) cultivation, depending on the transplanting date after the transplant of the tomato. First cultivation: 04/17 to 09/09/03). Jaboticabal, UNESP, 2003/2004. amarrado a arames dispostos paralelamente ao terreno, situados rente ao solo e a 2 m de altura. As colheitas de alface de cultivos solteiros foram realizadas nas mesmas datas dos respectivos consórcios. Para os transplantes efetuados em 17/04, 27/ 04, 07/05 e 17/05/03, as colheitas ocorreram respectivamente em 02/06, 17/06, 27/06 e 08/07/03. No segundo cultivo, para os transplantes de 30/01, 09/02, 19/ 02 e 01/03/04, as colheitas se deram em 13/03, 19/03, 29/03 e 15/04/04. As colheitas de tomateiro, para o primeiro cultivo, encerraram-se em 09/09/03; e em 27/05/04 no segundo cultivo. Para alface, foram avaliados o número de folhas, diâmetro e matéria fresca da parte aérea, separadamente para plantas localizadas em linhas externas e internas do canteiro, e avaliação visual de aspectos comerciais da alface (coloração e sinais de pendoamento e estiolamento). Para o tomateiro, foram avaliadas a produção comercial de frutos de tomateiro (kg planta-1), adotando-se a classificação sugerida por Companhia... (2003). Foram considerados comerciais os frutos com diâmetro igual 160 a 40 mm ou superior, e isentos de podridões, rachaduras, deformações e danos profundos. Avaliou-se a distribuição percentual da produção comercial de frutos de tomateiro nas classes 50 (50-60 mm) e 60 (60-70 mm). Para o tomateiro, as análises de variância foram realizadas segundo delineamento de blocos ao acaso, com cinco tratamentos, correspondentes aos sistemas de cultivo [tomateiro (T) + alface (A) aos 0 DAT, T + A aos 10 DAT, T + A aos 20 DAT, T + A aos 30 DAT e tomateiro solteiro]. Para a alface, as análises de variância seguiram o delineamento de blocos ao acaso, em esquema fatorial 2 x 4, ou seja, dois sistemas de cultivo (consórcio e solteiro) e quatro épocas de transplante (0; 10; 20 e 30 dias). A análise de variância foi realizada para cada característica, em cada período de cultivo. Procedeu-se a análise de variância conjunta dos experimentos (períodos) para a característica em questão. Quando constatada a interação significativa (Teste F, p<0,05) dos tratamentos com o período de cultivo, os tratamentos foram discutidos separadamente para cada período. Caso contrá- Conforme a análise conjunta dos experimentos, a produtividade da cultura do tomateiro e a produção de frutos nas classes 50 e 60 não foram significativamente afetadas pelos tratamentos (p>0,05). A interação períodos e tratamentos não foi significativa (p>0,05) sobre as características. A produtividade do tomateiro, nos sistemas de cultivo avaliados, variou de 7,6 a 8,2 kg planta-1. Os percentuais de frutos obtidos nos tratamentos (consórcios e monocultura) variaram de 49,9 a 59,1% na classe 50 e de 40,3 a 48,3%, na classe 60, sem haver diferença significativa entre os mesmos. Rezende et al. (2005a), avaliando consórcios estabelecidos com o transplante da alface aos 0; 14; 28 e 42 DAT do tomateiro, também constataram que a presença da alface não influenciou, positiva ou negativamente, a cultura do tomateiro, bem como a percentagem da produção de frutos nas classes 50 e 60. Jett et al. (2005), avaliando consórcios de tomateiro e alface, em cultivo sob túnel alto, verificaram que o início do período de colheita, a produtividade e a classificação do tomateiro, não foram influenciadas quando o consórcio foi estabelecido com o transplante do tomateiro no mesmo dia da semeadura da alface. Maior influência da alface sobre o tomateiro era esperada quando as duas culturas foram transplantadas no mesmo dia. Contudo, devido ao crescimento inicial muito lento da alface comparativamente ao do tomateiro e, também, por predominar naquela hortaliça o crescimento horizontal em relação ao vertical do tomateiro, pode-se considerar que as culturas ocuparam nichos diferentes. Hart (1986) afirma que, a fim de coexistirem e, consequentemente, apresentarem fraca competição interespecífica, as espécies devem possuir nichos sufiHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Interação entre alface e tomateiro consorciados em ambiente protegido, em diferentes épocas cientemente distintos e os recursos demandados não podem ser idênticos. Essa condição de nichos diferenciados pode ser retratada parcialmente pelas características botânicas e agronômicas das espécies estudadas, as quais são importantes na determinação do grau de complementaridade entre as mesmas para uso dos recursos do ambiente e composição de suas produtividades (Trenbath, 1976, 1986; Barker & Francis, 1986). Observou-se, nos dois experimentos, que a alface, por ocasião de dois terços de seu período de crescimento pós-transplante, apresentava cerca de 10 a 12 folhas e diâmetro aproximado de 20 cm; portanto, não tendo contato com as plantas de tomateiro. Rezende et al. (2005a) também justificaram a ausência de influência da alface sobre o tomateiro em decorrência de diferenças observadas entre as espécies, tais como arquitetura, porte, velocidade de crescimento e ocupação do terreno. Há de ser ressaltado que as diferenças entre alface e o tomateiro, apontadas na literatura e consideradas neste trabalho como responsáveis pela ausência de interferência de um sobre o outro, estão bastante relacionadas à utilização, pelas espécies consorciadas, do recurso luz. Este é apontado por Beets (1982) e Sinoquet & Caldwell (1995) como o principal fator limitante ao crescimento e produção de culturas em consórcio, uma vez satisfeitas as necessidades de água e nutrientes. Devido ao seu rápido crescimento em relação à alface e distribuição de seu dossel fotossintético acima do extrato ocupado pela alface, o tomateiro não sofreu redução na interceptação da radiação incidente quando em consórcio, em relação ao cultivo solteiro. Diferença significativa foi constatada entre os experimentos (períodos de cultivo) para a produtividade do tomateiro (p<0,01) e percentuais da produção nas classes 50 e 60 (p<0,01). Maior produtividade (9,1 kg planta-1) foi obtida no cultivo de abril a setembro de 2003, enquanto no cultivo de janeiro a maio de 2004 obtiveram-se 6,2 kg planta-1. No primeiro cultivo a produtividade foi elevada, correspondendo às expectativas de produção dos híbridos atuais, Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figura 3. Número de folhas de alfaces localizadas em linhas externas (FAE) e internas (FAI) do canteiro, em cultivos consorciado (Cons) e solteiro (Solt), em função da sua época de transplante após o transplante do tomateiro. Segundo cultivo: 30/01 a 27/05/04. (number of lettuce leaves of plants located on external (FAE) and internal (FAI) lines of the stonemason, in associated (Cons) and single (Solt) cultivations, depending on the transplanting date after the tomato transplant. Second cultivation: 01/30 to 05/27/04). Jaboticabal, UNESP, 2003/2004. cultivados em ambiente protegido, com período de colheita de dois meses. Este rendimento comercial correspondeu a 20,1 kg m-2, ou seja, 201.460 kg ha-1, superior em 45,5% à produtividade do segundo cultivo (13,8 kg m-2), 138.528 kg ha-1. A grande redução na produtividade de tomateiro do segundo cultivo foi devida ao severo ataque de traça, Tuta absoluta, que foi determinante na formação de menor dossel fotossintético e, conseqüentemente, favoreceu a redução do número de frutos colhidos. Em plantas do segundo cultivo foram colhidos sete ou oito cachos por planta, enquanto, na primeira época, foram 11 ou 12 cachos. Assim como verificado para produtividade, no primeiro cultivo, obteve-se maior produção comercial de frutos na classe 60 (48,6%). No cultivo de janeiro a maio, obtiveram-se 35,4% de frutos nesta classe, ou seja, cerca de 30% menos que no primeiro cultivo. Na classe 50, a produção total de frutos para o primeiro e segundo cultivos foram respectivamente, de 48,7% e 64,6%. A predominância de frutos em classes comerciais superiores ou inferiores depende, em suma, de quão satisfeito foi o potencial produtivo da cultivar, resultantes de estímulos e estresses do ambiente e de ações do homem. Assim, o maior percentual de distribuição de frutos na classe 60 obtido no primeiro cultivo, em que também se constatou maior produtividade, pode ser atribuído à melhor relação fonte/dreno da planta de tomateiro naquele período do que no segundo. Para alface, segundo a análise conjunta dos experimentos, houve efeito significativo (p<0,01) somente dos tratamentos no diâmetro de alfaces (DE) localizadas nas linhas externas do canteiro (DE). O desdobramento dos tratamentos, constituídos pela interação dos fatores sistemas de cultivo (solteiro e consórcio) e épocas de transplante da alface em relação ao do tomateiro, permitiu constatar que houve interação significativa dos fatores períodos de cultivo e sistemas de cultivo (P<0,05) e para o fator época de transplante da alface (p<0,01) no DE, fato que determinou a avaliação dos fatores em cada período de cultivo. No primeiro cultivo, o DE foi significativamente influenciado pelos fatores sistema de cultivo (p<0,01) e época de transplante da alface (p<0,01), sem haver interação dos mesmos. O cultivo solteiro proporcionou plantas com diâmetro maior (32,8 cm) do que em consórcio (30,9 cm). Quanto ao efeito da 161 AB Cecílio Filho et al. Figura 4. Massa da matéria fresca de alface localizada nas linhas externas (MFAE) e internas (MFAI) do canteiro, em cultivos consorciado (Cons) e solteiro (Solt), em função da época de transplante da alface após o transplante do tomateiro. Primeiro cultivo: 17/4 a 9/9/ 2003. (Mass of the fresh matter of located lettuce in the external lines (MFAE) and intern (MFAI) of the stonemason, in cultivations associated (Cons) and single (Solt), in function of the time of transplant of the lettuce after the transplant of the tomato. First cultivation: 4/17 to 9/9/2003). Jaboticabal, UNESP, 2003/2004. época de transplante, maior DE (33,2 cm) foi obtido quando a alface foi transplantada aos 12 DAT do tomateiro (Y = 31,7664 + 0,2327062X - 0,00955312X2 R2 = 0,86**). No segundo período, o DE não foi influenciado significativamente (p>0,05) pelos fatores avaliados e apresentou média de 32,5 cm. Para DI, houve interação significativa (p<0,01) para períodos e tratamentos. Na análise de variância para cada período, constatou-se interação significativa dos fatores no cultivo de abril a setembro/03. O cultivo de alface em consórcio com o tomateiro, quando as duas hortaliças foram transplantadas no mesmo dia, não promoveu diferença significativa no DI em relação à alface cultivada em sistema de monocultura. Contudo, quando foi transplantada com atraso superior a 10 DAT do tomateiro, a alface apresentou menores diâmetros da parte aérea em cultivo consorciado do que em monocultura. A diferença entre os sistemas de cultivo, a favor do cultivo solteiro, que era de 0,3 cm (não significativo) quando transplantados na mesma época, aumentou para 2,5; 5,3 e 5,7 cm, respectivamente, quando se transplantou a alface aos 10; 20 e 30 dias 162 após o transplante do tomateiro. Portanto, as reduções ocorridas em cultivo consorciado (Y=33,215 - 0,246625X R2=0,74**) foram maiores do que aquelas observadas na monocultura (Y=33,53438 + 0,1428125X 0,00703125X2 R2=0,61*). Quando a alface foi transplantada aos 30 DAT do tomateiro, o diâmetro (25,8 cm) representou 78% do diâmetro máximo obtido em consórcio a 0 DAT, enquanto, em cultivo solteiro, o diâmetro da alface transplantada aos 30 DAT correspondeu a 92%. Portanto, além do efeito da época constata-se que houve competição interespecífica. Para número de folhas de alface, também constatou-se interação significativa (p<0,01) entre período de cultivo e tratamentos. No primeiro cultivo, as respostas da alface quanto ao número de folhas por planta localizada em linhas externas (FAE) e internas (FAI) do canteiro foram semelhantes. Em cultivo solteiro, o FAE e o FAI aumentaram linearmente à medida que mais tardio foi o transplante da alface, evidenciando melhores condições ambientais para a alface. Por outro lado, em consórcio, o FAE e o FAI foram maximizados, respectivamente aos 8 e 4 DAT. Transplantes posteriores promoveram reduções em ambos (Figura 2), que aos 30 DAT foram de 27% e 21,4%, respectivamente para o FAE e FAI, denotando o quanto prejudicial foi o sombreamento. No segundo período de cultivo, 30/ 01 a 27/05/04, o DI não foi influenciado (p>0,05) pelos fatores sistemas de cultivo e épocas de transplante da alface isoladamente, ou pela interação desses. O DI médio observado foi de 31,5 cm. Contudo, semelhantemente ao observado no primeiro cultivo, no segundo período também se constatou interação significativa dos fatores sobre FAE (p<0,01) e FAI (p<0,05). Para ambos os sistemas de cultivo, o número de folhas por planta de alface foi decrescente à medida que mais tardio foi o transplante desta em relação ao do tomateiro. Contudo, a intensidade de redução foi muito maior em cultivo consorciado do que em monocultura (Figura 3). Enquanto as reduções no FAE e FAI de alfaces em cultivo solteiro foram, respectivamente, de 17,8 e 20%, entre os transplantes de alface realizados com 0 e 30 dias após o tomateiro; em consórcio, as reduções percebidas no FAE e FAI alcançaram, respectivamente, 49 e 50%. Portanto, além de as condições ambientais atuarem desfavoravelmente sobre o número de folhas por planta, conforme se observou no cultivo solteiro, a competição interespecífica presente no cultivo consorciado contribuiu de modo marcante para a redução do número de folhas da alface. Para massa da matéria fresca de alfaces localizadas em linhas externas (MFAE) e internas (MFAI) do canteiro, observou-se interação significativa dos fatores períodos de cultivo e tratamentos (p<0,01). No primeiro cultivo, verificou-se interação significativa dos fatores sistemas de cultivo e épocas de transplante da alface para ambas as características. Mesmo desempenho, dentro de cada sistema de cultivo, foi observado para MFAE e MFAI. Em condições de monocultura, as MFAE e MFAI aumentaram linearmente com o atraso no transplante da alface (Figura 4). Os incrementos constatados tanto para MFAE quanto para MFAI de planHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Interação entre alface e tomateiro consorciados em ambiente protegido, em diferentes épocas tas de alface em cultivo solteiro, entre os transplantes realizados aos 0 e 30 DAT do tomateiro, foram de 25%. Por outro lado, em consórcio, houve aumento da MFAE e MFAI com o atraso do transplante da alface até 10 e 8 DAT do tomateiro, 211,3 e 226,7 g planta-1, respectivamente. A partir daí, menores massas foram obtidas, atingindo-se, aos 30 DAT do tomateiro, reduções de 49,4 e 54,4% na MFAE e na MFAI. No segundo cultivo, verificou-se efeito significativo dos fatores sistemas de cultivo e épocas de transplante da alface para MFAE e MFAI. A interação dos fatores não foi observada (p>0,05). Tanto para o cultivo consorciado quanto para o solteiro, o atraso no transplante da alface em relação ao tomateiro proporcionou menores MFAE e MFAI (Figura 5). Entre os sistemas de cultivo, maior MFAE (173,1 g/planta) e MFAI (169,8 g/planta) foram obtidas em monocultura, enquanto em consórcio obteve-se 62,3 e 55,1 g/planta, respectivamente para MFAE e MFAI. Este resultado está em concordância com os observados por Rezende et al. (2005a). Menores diferenças entre os sistemas de cultivo foram observadas para alface transplantada a 0 DAT do tomateiro. À medida que mais tardio se fez o estabelecimento do consórcio (transplante de alface em dias após o do tomateiro), maiores foram as reduções nas MFAE e MFAI. Rezende et al. (2005a) observaram, para cultivo de junho a novembro, que a MFAE e MFAI reduziram em até 86 e 91%, respectivamente, do obtido com os transplantes de tomateiro e alface no mesmo dia. Os resultados observados neste trabalho para massa de matéria fresca de alface consorciadas com tomateiro, refletiram as reduções no diâmetro e número de folhas de alfaces ocorridas no mesmo sistema de cultivo. A redução verificada na produção da alface em consórcio, com transplante da alface aos 30 DAT do tomateiro, foi acompanhada de perda de qualidade no aspecto comercial. As alfaces estioladas, com folhas de limbo alongado e fino foram observadas. Altas temperaturas do ar combinadas com baixos valores de radiação são prejudiciais às culturas, porque diminuem a fotossíntese, mantém elevaHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figura 5. Massa da matéria fresca de alface localizada nas linhas externas (MFAE) e internas (MFAI) do canteiro, em função da época de transplante da alface após o transplante do tomateiro. Segundo cultivo: 30/01 a 27/05/04. (fresh matter mass of lettuce plants located in the external (MFAE) and internal (MFAI) lines of the stonemason, depending on the transplanting date of the lettuce after the transplant of the tomato plants. Second cultivation: 01/30 to 05/27/04). Jaboticabal, UNESP, 2003/2004. da a respiração e modificam o balanço hormonal, favorecendo o estiolamento das plantas (Andriolo, 2000). A mais óbvia modificação de ambiente em um consórcio é onde a cultura de baixo porte se encontra sombreada pela de maior porte. Em conseqüência, reduz a captação de radiação fotossinteticamente ativa pela cultura sombreada, resultando em menor crescimento e produtividade (Chui & Shibles, 1984). Geralmente, folhas que crescem sob baixa luminosidade, são finas, apresentam aumento da área foliar e orientação mais horizontal (Hawkins, 1982). Os resultados observados também foram constatados por Rezende et al. (2005a), quando se fez o transplante de alface 42 DAT do tomateiro. Puiatti et al. (2000) também constataram estiolamento dos pecíolos de taro (Colocasia esculenta) quando associados ao milho-doce em comparação às alturas observadas em plantas de cultivo solteiro. Os autores verificaram que houve redução da produtividade de taro e da produção de rizomas nas diferentes classes quando esta hortaliça foi consorciada com o milho, independentemente da combinação entre as componentes do consórcio. Atribuíram à essa influência negativa, a redução na área foliar por necrose das folhas das plantas de taro, que se encontravam sombreadas pelo milho e foram, logo após a colheita deste, expostas ao sol. Portanto, de acordo com os resultados observados, o tomateiro prejudicou a alface e este prejuízo foi tanto maior quanto mais tardio foi o transplante da alface em relação ao tomateiro. A princípio, este resultado parece contrariar Debarba (2000) citado por Souza & Resende (2003), o qual afirma que a alface se beneficia do consórcio com tomateiro. Sem discordar do autor, acredita-se que, sob determinadas condições, a alface pode beneficiar-se da presença do tomateiro, como, por exemplo, em condições de elevadas radiação e temperatura, acima de valores adequados à cultura, conforme observaram Midmore et al. (1988 a,b) na cultura da batata. De acordo com Allen et al. (1976), o sombreamento parcial pode proteger plantas de estresse hídrico e incrementar o uso eficiente da radiação incidente e fotossíntese (Willey, 1979; Harris et al., 1987). Atribui-se aos resultados observados a baixa complementaridade referente ao aproveitamento da radiação incidente. Estes resultados estão de acordo com Midmore (1993), os quais informam que a alteração na época de plantio de uma das culturas e, portanto, no estabelecimento do consórcio, modifica o período de complementaridade e competição das culturas em consorciação, com reflexo na produtividade. 163 AB Cecílio Filho et al. As complementaridades espacial e temporal responsáveis pela maior eficiência de luz pelo cultivo consorciado do que aquela apresentada pela cultura solteira foram percebidas quando as espécies foram transplantadas em conjunto, haja vista a massa da matéria fresca apresentada pelas alfaces nessa condição de consórcio ser muito próxima à de cultivo solteiro. No entanto, as complementaridades foram sendo reduzidas à medida que aumentou o período entre o transplante do tomateiro e da alface. Como conseqüência, o maior porte do tomateiro com a ocupação de espaço superior ao da alface comprometeu o aproveitamento da radiação pela alface. Muitos autores citados por Sinoquet & Caldwell (1995) concordam que a divisão da radiação entre as culturas componentes do consórcio é primeiramente estabelecida ou influenciada pela dominância vertical, com menor importância para a orientação das linhas de plantio e do ângulo da folha para a interceptação da radiação. Assim, a competição por luz é aumentada quando uma espécie atinge maior altura que a outra espécie associada. As espécies mais altas em um consórcio beneficiamse por terem folhas num extrato superior à de sua concorrente, onde intensidades luminosas são mais elevadas e onde não se presencia sombreamento interespecífico. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem às agências de fomento à pesquisa CAPES, CNPq e FAPESP, pela concessão de recursos financeiros à pesquisa e auxílio-bolsa. REFERÊNCIAS ALLEN LH; SINCLAIR TR; LEMON ER. 1976. Radiation and microclimate relationships in multiple cropping systems. In: PAPENDICK PA; SANCHEZ PA; TRIPLETT EB. (Ed.). Multiple cropping. Madison: ASA. p. 171-200. (Special Publications) 164 ANDRIOLI I; CENTURION JF. 1999. Levantamento detalhado dos solos da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jabuticabal. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 27 . Anais... Brasília, SBCS (CD-ROM). ANDRIOLO JL. 2000. 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Postal 09, 13418-900 Piracicaba-SP; 2Pós-graduanda, USP/ESALQ, fitotecnia. 3Bolsista CNPq; 4Bolsista FAPESP; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT O condicionamento fisiológico compreende técnicas que estimulam a germinação e contribuem para reduzir a sensibilidade de sementes e de plântulas a estresses. Efeitos sobre a germinação e a emergência de plântulas têm sido amplamente estudados, mas a influência sobre o comportamento das plantas em campo ainda não é totalmente conhecida. Esta pesquisa foi conduzida com o objetivo principal de verificar efeitos do hidrocondicionamento sobre a germinação, emergência de plântulas, desenvolvimento das plantas e produção de couve-flor. Sementes das cultivares de couve-flor Sharon e Teresópolis Gigante, representados por três lotes, foram hidrocondicionados em papel-toalha, a 20oC, até atingir 38% de água (‘Sharon’) ou 41% (‘Teresópolis Gigante’). Posteriormente, foram secadas em estufa, a 28-30oC e 45-55% de umidade relativa, até atingirem teores de água de 7,5% a 7,9%. O potencial fisiológico das sementes foi determinado em laboratório, avaliando-se a percentagem e a velocidade de germinação. Posteriormente, efetuou-se a semeadura em bandejas de poliestireno; o transplante para o campo foi efetuado quando as plantas atingiram estádio de quatro folhas definitivas (30 dias após a semeadura). Determinou-se a velocidade e percentagem de emergência das plântulas aos 14 dias após a semeadura; a altura e a massa seca das plantas foram avaliadas aos 14; 30; 56; 74 e 84 dias e o diâmetro médio da cabeça e a produção final, aos 110 dias. O hidrocondicionamento pode favorecer a velocidade de germinação e de emergência de plântulas, mas esses efeitos não são suficientes para persistir durante o desenvolvimento das plantas e afetar a produção final. Priming treatment usually promotes rapid and uniform germination and increases tolerance to different stress conditions. Post-treatment effects on seed germination and seedling emergence have been extensively studied but information of plant performance is less available. This research was conducted to verify the influence of hydropriming on seedling emergence, plant development and yield of cauliflower. Sharon and Teresópolis Gigante cultivars, each one represented through three seed lots were primed between two moistened germination paper towel layers under 20oC. Seeds from ‘Sharon’ attained 38% of moisture and, ‘Teresópolis Gigante’, 41% of moisture. After the conditioning treatment, seeds were dried to 7.5%-7.9% of moisture in oven with air circulation, at 28-30oC and 45-55% R.H. Seed physiological potential was evaluated in laboratory by speed and percentage of germination. Seeds of each lot were planted in multicell polystyrene trays (200 cells/tray) containing artificial growing mix, and seedlings were transplanted into a field plot when they reached the four-leave stage (30 days after sowing). Seedling emergence (percentage and speed) was determined 14 days after sowing date, and plant height and plant dry weight were measured at 14; 30; 44; 56, and 74 days. Head diameter and yield were recorded at 110 days. Hydropriming treatment promoted increases in speed of germination and in percentage and speed of seedling emergence, but those effects were not enough to persist during plant growth, not affecting the cauliflower yield. Palavras-chave: Brassica oleracea var. hidrocondicionamento, germinação, vigor, produção. Keywords: Brassica oleracea var. botrytis, seed enhancement, germination, vigor, yield. botrytis, Hydropriming seed treatment and plant field performance (Recebido em 27 de novembro de 2006; aceito em 11 de abril de 2008) A semente atinge o máximo potencial fisiológico por ocasião da maturidade e, a partir desse ponto, podem ocorrer os primeiros eventos do processo de deterioração. Esses fatos não são colocados em dúvida pela comunidade científica, mas há divergências quanto a possibilidade de reversão dos efeitos da deterioração. É pouco provável que cada semente componente de um lote possa ser regenerada definitivamente com o auxílio de qualquer técnica especial, pois a atuação de mecanismos de reparo implica em consumo de energia e esta não é renovável (Marcos Filho, 2005). Nesse cenário, a pesquisa tem procurado desenvolver procedimentos para Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 uniformizar o desempenho de lotes de sementes ou realçar componentes específicos da qualidade. Esses tratamentos incluem o condicionamento fisiológico (Taylor et al., 1998), cujos benefícios mais evidentes incluem o estímulo à velocidade de germinação ou de emergência de plântulas e a sincronização e uniformidade desses processos; há vantagens ao estabelecimento do estande, particularmente quanto à competição com plantas invasoras e à redução da exposição das plântulas a condições menos favoráveis de ambiente (Nascimento, 1998). Várias pesquisas têm demonstrado essa possibilidade, mas geralmente os estudos concentram-se na identificação de efeitos sobre a germinação e desenvolvimento inicial das plantas. O condicionamento fisiológico é uma técnica que envolve o controle da hidratação das sementes, de maneira suficiente para ativar os processos metabólicos essenciais para a germinação, mas evitando a protrusão da raiz primária (Heydecker et al., 1975). Sua eficiência foi avaliada em sementes de várias espécies, dentre as quais hortaliças como alface (Eira & Marcos Filho, 1990), milho-doce (Parera & Cantliffe, 1994), brócolos (Jett et al., 1996), berinjela (Trigo & Trigo, 1999), cenoura (Carneiro et al., 1999), pimentão (Roveri José 165 J Marcos Filho & ALP Kituti et al., 2000) e cebola (Caseiro et al., 2004). Dentre os procedimentos disponíveis, destacam-se o hidrocondicionamento, o osmocondicionamento e o matricondicionamento (Bradford, 1986; Taylor et al., 1998). O condicionamento de sementes de brássicas não tem recebido atenção significativa da pesquisa. Por exemplo, Rao et al. (1987) verificaram benefícios à emergência de plântulas de couve-de-bruxelas e de couve comum. Em sementes de couve-flor, Fujikura et al. (1993) destacaram efeitos benéficos do condicionamento osmótico sobre a velocidade de germinação, enquanto Thornton & Powell (1995) relataram vantagens quanto à velocidade de germinação e à tolerância às condições do teste de deterioração controlada, após o hidrocondicionamento. Após o condicionamento, as sementes atingem teores de água relativamente elevados e inadequados para a conservação do potencial fisiológico durante o armazenamento. Desta maneira, a secagem deve ser conduzida de maneira adequada, para minimizar a possibilidade de reversão dos efeitos benéficos do tratamento. Vários autores relataram reversão dos efeitos benéficos do tratamento (Fessel et al., 2002), mas outros como Barbedo et al. (1997) e Caseiro (2003) destacaram que o comportamento das sementes depende do genótipo, dos métodos utilizados para o tratamento e das condições de armazenamento. De acordo com Bruggink et al. (1999), a secagem rápida permite a redução segura do grau de umidade, sem provocar a reversão. Por outro lado, informações sobre o efeito do condicionamento no desenvolvimento das plantas e na produção final da cultura ainda são escassas. Em melão, Nascimento & West (1999) comentaram que o condicionamento osmótico não influenciou o desenvolvimento das plântulas, mas Evans & Pill (1989), trabalhando com aspargo, verificaram que esse tratamento beneficiou o estabelecimento inicial das plantas em campo, enquanto Rossetto et al. (1998) destacaram efeitos positivos do condicionamento sobre a pro166 dutividade de beterraba. De um modo geral, havendo diferenças no estande inicial, a produtividade pode ser afetada; porém, segundo Larsen et al. (1998), a influência do vigor sobre o desempenho das sementes no campo pode existir mesmo quando não há diferenças no estande inicial. Desta maneira, as informações sobre efeitos do condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor são insuficientes, o mesmo ocorrendo com relação ao desenvolvimento e produção final das plantas provenientes de sementes condicionadas. Essas considerações justificaram a realização da presente pesquisa. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes e em campo experimental da ESALQ, de janeiro a outubro de 2005. Na primeira etapa, as sementes foram hidrocondicionadas e secadas. Em seguida, efetuaram-se observações para avaliar o comportamento das sementes e das plantas em campo, comparadas à testemunha não condicionada. Para tanto, amostras de três lotes de sementes de duas cultivares de couveflor, ‘Sharon’ e ‘Teresópolis Gigante’, foram embebidas entre duas camadas de folhas de papel toalha, com quantidade de água equivalente a 2,5 vezes o peso do substrato, a 20oC, até atingirem teor de água de 38% (‘Sharon’, após 30-36 horas) ou de 41% (‘Teresópolis Gigante’, após 36 horas). Em seguida, efetuou-se a secagem das sementes em estufa, a 28-30oC e 4555% de umidade relativa do ar, durante 20 horas, até atingirem teores de água próximos ao inicial (7,5-7,9%). Parte das amostras não foi secada, enquanto as sementes não condicionadas permaneceram com, aproximadamente, 6,06,2% de água. Na avaliação em campo, o teste de germinação foi conduzido com quatro repetições de 50 sementes para cada lote e cultivar, distribuídas sobre papel, em caixas plásticas de 11x11x3 cm a 25ºC, computando-se a percentagem de plântulas normais aos 10 dias após semeadura, conforme as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992). Nesse mesmo teste, mediante cômputo diário das plântulas normais, calcularam-se índices médios de velocidade de germinação para cada lote e cultivar (Maguire, 1962). Os tratamentos (sementes não condicionadas, submetidas ao condicionamento fisiológico e ao condicionamento fisiológico seguido por secagem) foram distribuídos segundo delineamento inteiramente casualizado, em arranjo fatorial. Após as avaliações em laboratório, efetuou-se a semeadura em bandejas de poliestireno contendo substrato comercial (Plantmax para couve-flor), com quatro repetições de 50 sementes por tratamento. A percentagem de emergência das plântulas foi avaliada aos 14 dias após a semeadura, enquanto a velocidade foi computada conforme já descrito, considerando-se as plântulas com tamanho mínimo de 1,0cm. Quando as plantas de cada lote atingiram estádio de quatro folhas definitivas, aos 30 dias após a semeadura, efetuou-se o transplante para canteiro, segundo delineamento blocos ao acaso. Adotou-se espaçamento de 0,6 m entre fileiras e de 0,7 m entre covas de plantas. A adubação (na época de semeadura, em cobertura e foliar), irrigação e tratos culturais foram realizados conforme Filgueira (2002). Os efeitos dos tratamentos foram avaliados mediante determinações da massa seca e altura de plantas aos 14; 30; 56; 74 e 84 dias após a semeadura; a altura foi avaliada em 20 plantas/parcela e a massa seca, em 10 plantas/parcela. Durante a colheita foram consideradas plantas com cabeça completamente desenvolvida, compacta e com botões florais ainda unidos; determinou-se a produção por parcela, posteriormente corrigida para t/ha. a) Altura das plantas: foram tomadas medidas a partir do colo da planta até o meristema apical, em centímetros, sendo os resultados médios expressos em cm/planta. b) Massa seca: para essa determinação, as plantas foram colocadas em sacos de papel e mantidas em estufa com circulação de ar, a 70°C, até atingirem peso constante. O material seco foi pesado com precisão de 0,001 g, obtendose a massa seca média (g/planta). Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor e desempenho das plantas em campo Tabela 1. Valores médios e coeficientes de variação (%) referentes à percentagem de germinação (G) e de emergência de plântulas (EP), velocidade de germinação (VG) e de emergência de plântulas (VE) provenientes de três lotes de sementes de couve-flor ‘Sharon’ e três de ‘Teresópolis Gigante’ submetidos a hidrocondicionamento seguido ou não por secagem. Piracicaba, USP/ESALQ, 2005. Letras minúsculas: comparações entre médias de lotes; letras maiúsculas: comparação entre tratamentos dentro de cada lote (teste de Tukey, 5% de probabilidade) c) Produção: a colheita foi efetuada 78 dias após o transplante das mudas (108 dias após a semeadura), coletando-se quatro plantas/parcela e efetuando-se as determinações: (1) diâmetro da cabeça (medição da distância entre suas extremidades em cm); (2) produção (pesagem das cabeças, calculando-se o peso médio por lote, posteriormente ajustado para t/ha). A análise estatística foi efetuada separadamente para cada parâmetro avaliado e cultivar, determinando-se os efeitos de tratamentos e de lotes, em delineamento blocos casualizados. As médias foram comparadas pelo método de Tukey (5% de probabilidade). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os lotes de sementes das duas cultivares apresentavam germinação acentuadamente superior ao mínimo (>80%) estabelecido para a comercialização de sementes de couve-flor (Tabela 1). Em geral, não deve ser esperada ampla resposta de sementes de alto potencial fisiológico ao condicionamento, considerando que os principais objetivos desse tratamento são a aceleração e a sincronização da germinação, normalmente verificadas em lotes de germinação elevada (Marcos Filho, 2005). No entanto, como estava prevista a secagem pós-condicionamento, que pode provocar reversão dos efeitos do Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 tratamento, optou-se pelo uso de lotes com germinação aceitável pelo comércio. Os resultados obtidos demonstraram que os testes utilizados detectaram diferenças entre os lotes, indicando que sua escolha foi adequada para avaliar o potencial fisiológico das sementes. O condicionamento fisiológico e secagem não afetaram significativamente a percentagem de germinação das sementes de ‘Sharon’, conforme esperado (Tabela 1). Na literatura tem sido ressaltado com grande freqüência, que o condicionamento fisiológico geralmente não promove alteração da percentagem de germinação (Marcos Filho, 2005). Verificaram-se, porém, efeitos dos tratamentos sobre a velocidade de germinação das sementes das duas cultivares e a percentagem e velocidade de emergência de plântulas de ‘Teresópólis Gigante’ (Tabela 1). Esses resultados confirmaram as observações efetuadas por Fujikura et al. (1993) e por Thorton & Powell (1995), com sementes de couve-flor. As determinações destacadas indicaram desempenho superior das sementes tratadas, secadas ou não, em relação à testemunha. Essas informações são importantes porque indicam não só possíveis vantagens do condicionamento fisiológico sobre o estabelecimento das plântulas, como a ausência de reversão desses efeitos com a secagem das sementes. A secagem rápida, na ausência de diferenças com relação a outros métodos considerados eficientes, é preferível devido à maior facilidade de execução. Barbedo et al. (1997), Caseiro (2003) e Bruggink et al. (1999), observaram que a secagem rápida permite a manutenção dos benefícios do condicionamento fisiológico. Por outro lado, avaliações da velocidade de germinação e de emergência de plântulas também detectaram diferenças, mesmo ao serem comparados lotes com germinação superior a 90%. Desta maneira, o lote 1 de ‘Sharon’ e o lote 6 de ‘Teresópolis Gigante’, geralmente acompanhado pelos lotes 3 e 4, apresentaram desempenho inferior, enquanto os lotes 2 e 5, respectivamente, destacaram-se como superiores (Tabela 1). Na Tabela 2 são apresentados os resultados referentes ao desempenho de plantas de ‘Sharon’ provenientes de sementes submetidas ao condicionamento e à secagem, quando comparados à testemunha. Constatou-se ausência de efeitos consistentes dos tratamentos sobre a altura e a massa seca das plantas ao longo do desenvolvimento, embora em alguns casos excepcionais, como para a altura das plantas aos 14 e aos 74 dias após a semeadura e para massa seca aos 74 dias, tenham ocorrido diferenças significativas entre tratamento(s) e a testemunha. Esses, no entanto, foram considerados efeitos esporádicos que não caracterizaram forte tendência, pois aos 167 J Marcos Filho & ALP Kituti Tabela 2. Valores médios e coeficientes de variação (%) referentes à altura e massa seca de plantas, em diferentes estádios de desenvolvimento, diâmetro e produção de cabeças de couve-flor cv. Sharon, a partir de três lotes de sementes submetidos ao hidrocondicionamento seguido ou não por secagem. Piracicaba, USP/ESALQ, 2005. Letras minúsculas: comparações entre médias de lotes; letras maiúsculas: comparação entre tratamentos dentro de cada lote (teste de Tukey, 5% de probabilidade) Tabela 3. Valores médios e coeficientes de variação (%) referentes à altura e massa seca de plantas, em diferentes estádios de desenvolvimento, diâmetro e produção de cabeças de couve-flor cv. Teresópolis Gigante, a partir de três lotes de sementes submetidos ao hidrocondicionamento seguido ou não por secagem. Piracicaba, USP/ESALQ, 2005. Letras minúsculas: comparações entre médias de lotes; letras maiúsculas: comparação entre tratamentos dentro de cada lote (teste de Tukey, 5% de probabilidade) 84 dias (dados não apresentados) também não ocorreram diferenças entre os tratamentos. Ao mesmo tempo, a deficiência do desenvolvimento das plantas do lote 1 confirmou os resultados de laboratório, tendo sido constatada inferioridade na altura e na massa seca dos 14 aos 74 dias após a semeadura. Entretanto, não foram detectados efeitos de tratamentos e de lotes sobre a produção das plantas (Tabela 2). 168 Desta maneira, o condicionamento fisiológico afetou o vigor das sementes, expresso pela velocidade de germinação e de emergência de plântulas. Houve tendências (observadas comparando-se os valores numéricos) desses efeitos refletirem-se sobre o desenvolvimento das plantas. No entanto, não foi detectada influência sobre a produção final, de maneira comparável à enfatizada por Carvalho (1986), TeKrony & Egli (1991), Ellis (1992), Rodo & Marcos Filho (2003), Sengupta et al. (2005), dentre outros. Observações semelhantes foram efetuadas para ‘Teresópolis Gigante’. A expressão do vigor pela velocidade de germinação e de emergência de plântulas, indicou vantagem do hidrocondicionamento, seguido ou não por secagem, e a superioridade do desempenho das sementes do lote 5 (Tabela 1). Esse comportamento do lote 5 também foi constatado nas comparações Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor e desempenho das plantas em campo entre os valores numéricos correspondentes aos três lotes avaliados (Tabela 3), principalmente para a altura de plantas entre os 14 e os 56 dias. Entretanto, confirmando os resultados obtidos para a cultivar Sharon, essas diferenças não foram suficientemente amplas para atingir níveis significativos e não se manifestaram quando foram consideradas a massa seca das plantas e a produção de cabeças. Os resultados obtidos nesta pesquisa indicaram, portanto, que o hidrocondicionamento promove efeitos benéficos sobre a velocidade de germinação e de emergência de plântulas de couve-flor, aspectos diretamente relacionados ao estabelecimento do estande. Essa situação é vantajosa porque acarreta menor período de exposição das sementes a fatores adversos de ambiente após a semeadura. Ao mesmo tempo, o desempenho inicial das plantas também foi beneficiado pelo vigor das sementes, fato destacado para as duas cultivares. Pode ser constatado, ainda, que os efeitos dos tratamentos e do vigor das sementes não persistiram durante todo o desenvolvimento das plantas, não sendo suficientes para afetar a produção final, em situação onde não houve diferenças acentuadas no estande inicial da cultura. No entanto, os benefícios aqui relatados justificam a utilização de sementes mais vigorosas e/ou submetidas ao hidrocondicionamento, mesmo em lotes com percentagem de germinação elevada, permitindo o estabelecimento rápido e uniforme da cultura, passo importante para a obtenção de rendimentos compensadores. REFERÊNCIAS BARBEDO CJ; MARCOS FILHO J; NOVEMBRE ADLC. 1997. Condicionamento osmótico e armazenamento de sementes de cedro-rosa. Revista Brasileira de Sementes 19: 355-361. BRADFORD KJ. 1986. 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Conservação pós-colheita de frutos de pimentão sob diferentes condições de armazenamento e filmes Cristiane Maria A Morgado1; José Fernando Durigan1; Juliana Sanches2; Vanessa C Galati1; Flávia Okushiro Ogassavara1 1 UNESP-FCAV, Depto. Tecnologia, Rod. Prof. Paulo Donato Castellane, s/n 14884-970 Jaboticabal-SP; 2Instituto Agronômico-CEA, Tecnologia Pós-colheita, C. Postal 26, 13201-970 Jundiaí-SP; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT Este trabalho teve como objetivo avaliar diferentes temperaturas e coberturas na conservação de frutos de pimentão ‘Magali-R’. No primeiro experimento, avaliou-se o uso de filme de PVC ou cera, e os frutos foram armazenados a 20ºC e 66%UR, e no segundo experimento associou-se o filme de PVC e cera, com armazenamento a 22°C (67% UR); 12ºC (90% UR) e 5ºC (87% UR). Acompanhouse a evolução da qualidade dos frutos avaliando-se a massa fresca, a aparência, o aparecimento de podridões e os teores de sólidos solúveis, acidez titulável e ácido ascórbico. A proteção dos pimentões com cera ou filme de PVC foi favorável à manutenção da aparência e da massa fresca, e protegeu-os contra podridões, sem prejuízos aos teores de sólidos solúveis, acidez titulável e ácido ascórbico, com aumento significativo na vida útil para até 33 dias com o armazenamento a 5°C. Postharvest conservation of bell pepper fruits under different storage conditions and films Palavras-chave: Capsicum annuum, cera, filme de PVC, refrigeração. Keywords: Capsicum annuum, wax, PVC film, refrigeration. Different temperatures and films were evaluated for the conservation of ‘Magali-R’ bell peppers. In the first experiment, fruits were covered with PVC film or wax, and stored under 20ºC and 66% RH. In the second, fruits covered with PVC film or wax, and stored under 22ºC (67% RH); 12ºC (90% RH); and 5ºC (87% RH). Fruits were evaluated for fresh mass, appearance, rot and soluble solids, titratable acidity and ascorbic acid content. The protection of bell peppers with wax or PVC film helped to maintain the appearance, the fresh mass and to protect against rotting, without damages to soluble solids, titratable acidity and ascorbic acid contents, with significant increase in shelf life up to 33 days with storage under 5°C. (Recebido para publicação em 15 de janeiro de 2007; aceito em 11 de abril de 2008) O pimentão de boa qualidade deve ser firme, brilhante e ter sempre o pedúnculo verde. Quando não está fresco, tem aspecto murcho, sem brilho e a cor é mais pálida (Filgueira, 1987). A conservação de sua qualidade na póscolheita é significativamente afetada pela cultivar, estádio de maturação na colheita, temperatura de armazenamento e qualidade inicial do produto (Maalekuu et al., 2004). O principal entrave ao seu armazenamento é a desidratação (Lownds et al., 1993), fazendo com que a manutenção de uma baixa taxa de perda de massa e o controle do amolecimento, após a colheita, sejam importantes para a manutenção da boa aparência (Maalekuu et al., 2003). A perda de água pelos produtos armazenados não só resulta em perda de massa, mas também em perda de qualidade, pelas alterações na textura. Alguma perda de água pode ser tolerada, mas o murchamento ou enrugamento deve ser evitado. O murchamento pode ser retardado, reduzindo-se a taxa de transpiração, que pode ser feito com 170 aumento da umidade relativa do ar, redução na temperatura e na movimentação do ar, e uso de embalagens plásticas protetoras, o que pode levar os frutos a uma vida útil de até 21 dias (Zunino, 1992; Barros et al., 1994). Dentre as proteções utilizadas podem-se citar os filmes plásticos, as ceras e os filmes comestíveis (Vicentini et al., 1999). Na conservação de pimentões, a literatura não recomenda temperaturas abaixo de 7°C. Pantastico et al. (1975) recomendam que pimentões “verdes” devem ser armazenados a 7,2ºC e 8590% UR, e os maduros, a 5,6-7,2ºC e 90-95% UR, enquanto Chitarra e Chitarra (2005) indicam armazenamento a 9-13ºC e 90-95% UR. Procurando evitar os efeitos ambientais do uso de filmes plásticos tem-se testado a possibilidade do uso de revestimentos como os derivados de amilose, celulose e colágeno, além das ceras, que podem ter contato direto e serem consumidos com o alimento (Bobbio & Bobbio, 1995). Filmes derivados de fécula da mandioca, quando aplicados em pimentões ‘Magali’ armazenados por 10 dias em condição ambiente, retardaram o desenvolvimento da coloração, mas não se mostraram eficientes como barreira à perda de água (Vicentini et al., 1999). As ceras têm sido aplicadas e podem reduzir a perda de água em 30-50% e melhorar o aspecto visual (Medina, 1984). Elas podem aumentar o período de conservação dos frutos, pois diminuem a taxa respiratória e, conseqüentemente, a atividade metabólica (Oliveira, 1996). Este trabalho teve como objetivo avaliar a associação de diferentes revestimentos e temperaturas de armazenamento na conservação póscolheita de pimentões ‘Magali-R’. MATERIAL E MÉTODOS Utilizaram-se pimentões ‘MagaliR’® (Sakata Seed Sudamerica) totalmente desenvolvidos, recém-colhidos e cuidadosamente transportados ao Laboratório de Tecnologia dos Produtos AgríHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Conservação pós-colheita de frutos de pimentão sob diferentes condições de armazenamento e filmes colas da UNESP- FCAV em Jaboticabal (SP). Ao serem recebidos, os frutos foram selecionados quanto a coloração e ausência de danos mecânicos, e imediatamente lavados com detergente neutro e enxagüados com água potável, para a eliminação de impurezas. Em seguida, foram imersos em água clorada (200 ppm) a 15°C, por cinco minutos, antes de serem secos sob condição de ambiente. Uso de cera e filme de cloreto de polivinila - Os frutos foram separados em quatro lotes homogêneos, com 70 unidades cada, e submetidos aos tratamentos: testemunha (sem tratamento); aplicação de cera Sta Fresh® somente na região peduncular, por imersão; aplicação de cera Sta Fresh® em todo o fruto, por imersão; e envolvimento dos frutos, individualmente, com filme de cloreto de polivinila (PVC) esticável e espessura de 0,017 mm. Os lotes foram mantidos a 20ºC e 66% UR, por até 21 dias. A aparência, a perda de massa fresca e a ocorrência de podridões foram avaliadas a cada 3 dias, e para que fossem sempre feitas nos mesmos frutos, utilizaram-se duas repetições com 5 frutos, para cada tratamento. Os teores de acidez titulável, sólidos solúveis e ácido ascórbico também foram determinados a cada três dias e em duplicata, em amostras com três frutos. Esta parte do experimento foi conduzida segundo um delineamento experimental inteiramente casualizado, em esquema fatorial com quatro tratamentos (testemunha, cera aplicada em todo o fruto ou na região peduncular e filme de PVC esticável) e oito períodos de armazenamento. As evoluções das perdas de massa fresca foram comparadas através do paralelismo das retas, teste T (Neter et al., 1978) e os teores de sólidos solúveis, acidez titulável e ácido ascórbico através de análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05). Interação entre o uso de proteções e diferentes temperaturas - Os frutos selecionados e separados em dois lotes homogêneos receberam, por imersão, a aplicação de cera Sta Fresh® por todo o fruto; ou envolvimento dos mesmos, individualmente, com filme de PVC esticável de 0,017 mm. Em seguida, cada lote foi dividido em três grupos e Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 armazenado sob diferentes condições: 22°C e 67% UR; 12°C e 90% UR; e 5°C e 87% UR. O armazenamento a 5ºC foi feito para avaliar o efeito protetor dos revestimentos à possibilidade de injúria pelo frio. Os frutos armazenados a 22ºC (condição ambiente) foram avaliados a cada três dias e os conservados a 5ºC e 12ºC, semanalmente. Depois de 30 dias, os frutos mantidos sob refrigeração foram levados a 22ºC e avaliados a cada três dias. Como no experimento anterior a massa fresca, a aparência e o aparecimento de podridões foram sempre avaliados nos mesmos frutos, em duas repetições com 5 frutos cada. Os teores de acidez titulável, sólidos solúveis e ácido ascórbico também foram determinados em duplicata e ao acaso, em amostras com três frutos. Esta parte do experimento foi conduzida conforme um delineamento experimental inteiramente casualizado, em esquema fatorial com seis tratamentos (cera e filme de PVC a 22ºC; 12ºC e 5ºC) e quinze períodos de armazenamento. A evolução da perda de massa fresca foi avaliada comparandose a significância do paralelismo das retas através do Teste T (Neter et al., 1978). Os resultados obtidos com as análises químicas, ao longo do tempo de armazenamento, foram analisados utilizando-se análise estatística multivariada, utilizando-se componentes principais (ACP), que reduz a dimensão de um conjunto de dados multivariados de forma interpretativa, através de procedimentos matemáticos (determinísticos). Neste caso, um conjunto de variáveis correlacionadas ou não, é transformado em um novo conjunto de variáveis não-correlacionadas, chamado componentes principais. Tendo um determinado conjunto de variáveis, os componentes principais são combinações lineares dessas variáveis, construídas de maneira a “explicar” o máximo da variância das variáveis originais (Hoffman, 1992). Com isso, a estrutura de dados (originalmente os indivíduos estão representados no espaço k) é geralmente simplificada em termos de representação. Muitas vezes, grande parte da informação contida nos dados chega a ser representada em R3, ou até no plano. A técnica dos compo- nentes principais opera condensando a variância de um conjunto de dados em uns poucos eixos, de modo que se torna possível visualizar a maior parte da variabilidade dos dados originais em duas ou três dimensões (componentes). Esta técnica possui a vantagem das variáveis obtidas serem interpretadas independentemente (Moreira & Saes, 1994). A massa fresca foi quantificada utilizando-se balança digital com capacidade para 2 kg e precisão de 0,1 g. As alterações na aparência foram registradas, segundo uma escala de cinco pontos, onde: 5=ótimo; 4=bom; 3=murcho; 2=ruim e 1=péssimo. A presença de podridões também foi avaliada mediante a atribuição de notas, adotando-se os valores: 1=ausência de lesões; 2=lesões com no máximo 1 mm de diâmetro; e 3=presença de lesões com mais de 1 mm de diâmetro. Para a realização das análises químicas, a polpa dos frutos foi triturada, sendo o teor de sólidos solúveis determinado em refratômetro digital Atago PR-101 Palette (AOAC, 1997-método 932.12); a acidez titulável doseada titulometricamente (AOAC, 1997-método 942.15); e o teor de ácido ascórbico determinado conforme o método indicado por Rangana (1977). RESULTADOS E DISCUSSÃO Uso de cera e filme de cloreto de polivinila - A evolução da massa fresca nos pimentões submetidos aos diferentes tratamentos foi constante ao longo de período de armazenamento. Observou-se uma relação significativa e indireta entre a perda de massa (Y) e o tempo de armazenamento (X). A equação obtida para os frutos sem cobertura (Testemunha) foi Y = 98,93 – 1,50X (R2 = 0,997); para os frutos revestidos com cera no pedúnculo e em todo fruto foi Y = 99,99 – 1,15X (R2 = 0,997) e Y = 99,07 – 0,86X (R2 = 0,992), respectivamente e para os envolvidos com PVC foi Y = 99,83 – 0,46X (R2 = 0,994). Comparando-se estas equações, verifica-se que os tratamentos são estatisticamente diferentes e que os frutos sem cobertura (Testemunha) perderam mais massa (32,3%), em relação aos protegidos com 171 CMA Morgado et al. Figura 1. Teores de sólidos solúveis, acidez titulável e ácido ascórbico em pimentões ‘Magali-R’ protegidos com cera ou filme de PVC e armazenados sob condição ambiente (20ºC, 66% UR). DMS (p ≤ 0,05). (Soluble solids, titratable acidity and ascorbic acid contents in ‘Magali-R’ bell peppers protected with wax or PVC film and stored at environmental condition (20°C, 66% RH). MSD (p ≤ 0,05)). Jaboticabal, UNESP, 2006. cera na região peduncular (24,92%), aos totalmente revestidos com cera (19,23%), e aos envolvidos com PVC (10,25%), quando armazenados por 21 dias, a 20°C e 66% UR. Bussel & Kenigsberger (1975) e Hojo et al. (2007) também relataram que o PVC foi efetivo na contenção de perda de massa por pimentões ‘Ikeda’ armazenados a 22°C, 172 não só devido à barreira contra a perda de água como à redução na taxa de respiração dos frutos. Os pimentões protegidos com filme de PVC conservaram ótima aparência até o 18º dia de armazenamento com o aparecimento de podridões. A aplicação de cera em todo o fruto ou somente no pedúnculo permitiu a conservação ade- quada da aparência até o 12º ou 9º dia, respectivamente, e foi prejudicada pela ocorrência de murchamento. Nestes frutos, as podridões só foram registradas no 18º dia. Os frutos sem cobertura (Testemunha) conservaram a boa aparência até o 6º dia, com a ocorrência de podridões a partir do 15º dia. Embora os frutos deste experimento tenham sido sanitizados com cloro, as podridões ocorreram em todos os tratamentos, reafirmando o observado por Barros et al. (1994) que a aplicação de cera em todo o fruto e a proteção com PVC retardaram este aparecimento. Os conteúdos de sólidos solúveis e de acidez titulável apresentaram tendência de aumento durante o armazenamento, sendo que os frutos sem cobertura (Testemunha) apresentaram os maiores aumentos; por outro lado, os protegidos com cera ou PVC apresentaram os menores, indicando o efeito da redução na perda de massa no metabolismo dos frutos. Isto também foi observado por Antoniali (2004) em pimentões amarelos ‘Zarco HS’ e por Vicentini et al. (1999) que relataram aumento nos teores de sólidos solúveis em pimentões ‘Valdor’ armazenados a 26-29ºC (59,5-71,5%UR) de 6,54ºBrix (3 dias) para 6,94ºBrix no 6º dia de armazenamento, seguido de diminuição, atingindo no 12o dia de armazenamento o valor médio de 6,23ºBrix. Os teores de ácido ascórbico também apresentaram tendência de aumento durante o armazenamento, principalmente nos frutos totalmente protegidos com cera ou PVC (Figura 1), o que também foi o observado por Antoniali (2004). Considerando-se que a vida útil dos frutos foi estabelecida pela ocorrência de podridões (nota 2) e/ou pela aparência (nota 4), este experimento permitiu observar que os frutos sem cobertura (Testemunha) tiveram vida útil de apenas 6 dias, enquanto nos revestidos com cera, na região peduncular e em todo o fruto, ela foi de 9 ou 12 dias, respectivamente. O envolvimento dos pimentões com PVC foi o tratamento que proporcionou maior vida útil (18 dias). Interação entre o uso de proteções e diferentes temperaturas - Assim como ocorreu no Experimento 1, a evolução da perda de massa fresca nos piHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Conservação pós-colheita de frutos de pimentão sob diferentes condições de armazenamento e filmes mentões submetidos aos diferentes tratamentos foi constante ao longo de período de armazenamento. Comparandose as equações obtidas, quanto ao paralelismo, verifica-se que os frutos armazenados a 22ºC perderam massa significativamente maior, que os armazenados a 12°C e 5°C. Dentre as proteções, verificou-se novamente, que o filme de PVC é mais eficiente em proteger os frutos contra a perda de massa, no que foi complementado pelo efeito da refrigeração, e sem que a umidade relativa do ambiente tivesse ação representativa. Os pimentões armazenados a 22ºC e protegidos com cera ou filme de PVC apresentaram boa aparência até o 12° dia, enquanto os armazenados sob refrigeração, quando revestidos com cera mantiveram a boa aparência até 14-21 dias, a 5ºC, e até o 21° dia, a 12ºC, e os envolvidos com PVC até o 33° dia, tanto a 5°C quanto a 12°C. A ocorrência de podridões foi significativamente retardada com o uso da refrigeração. Embora alguns autores não recomendem temperaturas abaixo de 7°C para o armazenamento de pimentões verdes (Pantastico et al., 1975; Chitarra & Chitarra, 2005; Medina, 1984), o uso de cera e filme de PVC evitou a injúria pelo frio nos frutos armazenados a 5°C. Serrano et al. (1997) armazenaram frutos de pimentão ‘Lamuyo’ a 2ºC e 10°C por até 6 semanas, e também observaram que as injúrias por frio foram reduzidas nos frutos armazenados a 2°C quando estes foram protegidos com filme pouco permeável. Antoniali et al. (2006) também verificaram que pimentão amarelo ‘Zarco HS’, armazenado a 5ºC, apresentou menor taxa respiratória, com redução nas suas atividades metabólicas e maior tempo de conservação. Os teores de sólidos solúveis e acidez titulável aumentaram durante o armazenamento (Figura 1), o que foi mais evidente nos frutos mantidos a 22ºC (ambiente). O armazenamento sob refrigeração retardou este aumento e foi tão mais eficiente quanto maior a redução na temperatura. Os teores de ácido ascórbico aumentaram nos frutos armazenados a 22ºC, ou seja, de 62,30 mg 100 g-1 para 109,70 mg 100 g-1 nos revestidos com cera e para 105,40 mg 100 Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figura 2. Relação entre componentes principais 1 e 2 para as variáveis avaliadas em pimentões armazenados a 5°C, 12°C e 22ºC. (Relationship between main components 1 and 2 for variables evaluated in bell peppers stored at 5°C, 12°C and 22ºC). Jaboticabal, UNESP, 2006. Tabela 1. Comparação, pelo teste de Tukey, entre os tratamentos dos componentes 1 e 2 para as variáveis avaliadas em pimentões armazenados sob diferentes temperaturas. (Comparison, by Tukey test, between treatments of components 1 and 2 for variables evaluated in bell peppers stored under different temperatures). Jaboticabal, UNESP, 2006. Nas colunas, as médias seguidas de pelo menos uma mesma letra comum não diferem entre si, pelo teste de Tukey (P<0,05). (Means followed by the same letters, in the column, did not differ through the Tukey test (P<0,05)). g-1, nos envolvidos com PVC, enquanto que nos mantidos sob refrigeração, observou-se redução nos valores, principalmente nos armazenados a 5°C, de 116,70 mg. 100 g-1 para 67,00 mg 100 g-1 nos revestidos com cera e de 116,70 mg 100 g-1 para 59,70 mg 100 g-1 nos envolvidos com PVC. Os pimentões estocados a 12ºC, quando levados à condição ambiente, mantiveram seus teores (84,20 mg 100 g-1 para os revestidos com cera e 83,20 mg 100 g-1 para os envolvidos com PVC), enquanto a 5ºC, estes teores reduziram-se de 89,50 mg 100 g-1 para 67,00 mg 100 g-1 nos revestidos com cera e de 92,40 mg 100 g-1 para 59,70 mg 100 g-1 nos envolvidos com PVC. Howard et al. (1994) e Audisio et al. (1995) também verificaram, em pimentões, que a concentração de ácido ascórbico aumenta com o amadurecimento em todas as cultivares estudadas e que o teor desta vitamina é reduzido com o armazenamento a 4°C. Os resultados obtidos com a análise do conjunto de componentes principais dos parâmetros selecionados indicam que os dois primeiros componentes principais totalizam 54,03% da variabilidade dos dados. Os coeficientes do Componente 1 estão altamente relacionados com a acidez titulável, no primeiro dia 173 CMA Morgado et al. de análise para todas as temperaturas de armazenamento, no terceiro, sexto e décimo segundo dia de armazenamento a 22ºC e sétimo, décimo segundo e trigésimo dia para os frutos a 5ºC e 12°C. Este componente relacionou-se significativamente com o conteúdo de sólidos solúveis no terceiro e sexto dia para os conservados a 22ºC e no sétimo e décimo quarto dia para os armazenados a 5°C e 12°C, e com o teor de ácido ascórbico no primeiro dia de análise para todas as temperaturas, e no nono e décimo oitavo dia para os frutos a 22ºC e vigésimo primeiro e trigésimo terceiro dia a 5°C e 12°C. Observa-se também que os dados relativos a acidez titulável e sólidos solúveis, no terceiro dia a 22ºC e sétimo dia a 5°C e 12°C, e ácido ascórbico no primeiro dia de análise, para todas as temperaturas, apresentaram-se negativamente relacionadas. Estas relações indicam que os frutos mantiveram suas características até o final do período de armazenamento, com evolução gradual do amadurecimento. O segundo componente principal possui correlação positiva com a acidez titulável no décimo quinto e décimo oitavo dia para os frutos a 22ºC e trigésimo e trigésimo terceiro dia para os armazenados a 5°C e 12°C; com os sólidos solúveis no décimo oitavo dia para os frutos a 22ºC e trigésimo terceiro dia, para os frutos a 5°C e 12°C; e ácido ascórbico no sexto dia para os frutos a 22ºC e sétimo dia para os armazenados a 5°C e 12°C. Detectou-se correlação negativa com os teores de acidez titulável no nono dia, para os frutos armazenados a 22ºC, e vigésimo primeiro dia para os frutos a 5°C e 12°C e de sólidos solúveis no primeiro dia de armazenamento, para todas as temperaturas. A Figura 2 explicita a relação entre os componentes principais 1 e 2, durante o período de armazenamento dos pimentões submetidos às diferentes proteções e armazenados a 22ºC, 5°C e 12°C. Observam-se quatro agrupamentos assinalados, ou sejam: 1, 2, 3 e 4 (cera/12°C) e 9, 10, 11 e 12 (PVC/12°C); 17, 18, 19 e 20 (cera/22ºC) e 21, 22, 23 e 24 (PVC/22ºC) e 5, 6, 7 e 8 (cera/5°C) e 13, 14, 15 e 16 (PVC/5°C). Observa-se também, que os indivíduos correspondentes à cera e PVC, a 5°C, estão posicionados no lado negativo do eixo X do componente principal 1, indicando as maiores preservações da qualidade. 174 Os pimentões mantidos a 5°C apresentaram-se significativamente diferentes dos que receberam os demais tratamentos, indicando a maior preservação da qualidade, principalmente nos envolvidos com PVC. O armazenamento a 12ºC também mostrou efeito conservador, o que não foi o afirmado pelo componente 2. Lownds et al. (1994), Serrano et al. (1997) e Kehr (2002), encontraram resultados semelhantes para frutos de outras cultivares de pimentão. O uso dos componentes principais como análise estatística dos resultados permitiu verificar que pimentões ‘Magali-R’ podem ser preservados por até 33 dias quando embalados em PVC e armazenados a 5°C, e que o uso de ceras e 12°C pode ser considerado como alternativa para a estocagem de pimentões. REFERÊNCIAS ANTONIALI S. 2004. Conservação pós-colheita de pimentão amarelo ‘Zarco HS’. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Agrícola. 127p (Tese doutorado) ANTONIALI S; LEAL PAM; MAGALHÃES AM; FUSIKI RT; SANCHES J. 2006. Respiração de pimentão amarelo sob influência do estádio de maturação e da temperatura de armazenamento. Horticultura Brasileira 24: 71-74. AOAC. 1997. Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists International. 16 ed. Washington: Ed. Patricia Cummiff. v.2, cap. 37, método 942.15 e método 932.12. 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Postal 3005, 01061-970 São Paulo-SP; 2Bolsista PIBIC-CNPq, Instituto de Botânica; [email protected] RESUMO ABSTRACT Com o objetivo de avaliar o efeito da adubação foliar nitrogenada na aclimatização de bromélia cultivada in vitro, utilizaram-se mudas de Aechmea blanchetiana, que, após o processo de cultivo in vitro, foram transferidas para substrato constituído de areia e adubadas por pulverização de 3,0 mL, a cada 30 dias, com solução de KNO3 nas concentrações de 0,0; 2,5; 5,0; 7,5 e 10,0 g L-1. Foram avaliadas as variáveis comprimento da maior folha e raiz, número de folhas, fitomassa fresca e seca das plantas e a porcentagem de plantas mortas no estágio inicial e após dois períodos de aclimatização (0; 60 e 120 dias). Concentrações maiores de KNO3 foram eficientes, amenizando os efeitos do estresse durante o período da aclimatização de 60 dias. Entretanto, ao final do experimento (120 dias), as plantas submetidas à adubação foliar com KNO3 apresentaram menor crescimento que o controle. Effect of foliar KNO3 fertilization in the acclimatization of bromeliads grown in vitro Palavras-chave: Aechmea blanchetiana, bromeliaceae, adubação, nitrato de potássio. The effect of foliar nitrogen fertilization, for an efficient acclimatization of in vitro propagation bromeliads was evaluated, using Aechmea blanchetiana plantlets which, after the in vitro propagation, were transferred to a sandy substratum and fertilized with 3.0 mL sprinkler irrigation of 0.0; 2.5; 5.0; 7.5 and 10.0 g L-1 nitrates concentrations using KNO3 as N source. Foliar length, the size of the larger root, leaves number, dry and fresh fitomass quantity and dead plants percentage after three times of acclimatization (0, 60 and 120 days) were evaluated. The results showed that higher KNO3 concentrations were efficient to brighten up the stress effects. However, at the end of the experiment (120 days), only lower KNO3 concentrations to an efficient acclimatization to this specific specie were necessary. Keywords: Aechmea blanchetiana, bromeliaceae, fertilization, potassium nitrate. (Recebido para publicação em 16 de dezembro de 2006; aceito em 23 de abril de 2008) A família Bromeliaceae conta atualmente com 54 gêneros, aproximadamente 3000 espécies e milhares de híbridos, estando distribuída em três subfamílias: Pitcairnioideae, Tillandsioideae e Bromelioideae (Costa, 1996). São espécies nativas das Américas, em especial da Mata Atlântica, com exceção da Pitcairnia feliciana, que ocorre no continente africano (Leme & Marigo, 1993). Podem ser encontradas em todos os climas do planeta e existem espécies tanto na forma epífita, com raízes que favorecem sua fixação à planta hospedeira, quanto na forma terrestre, com raízes funcionais que permitem a fixação e a retirada de água e nutrientes do solo (Carvalho & Mercier, 2005). O gênero Aechmea, pertencente à subfamília Bromelioideae, apresenta cerca de 200 espécies, em sua maioria de hábito epifítico e com folhas em roseta formando tanque (Smith & Downs, 1979; Carvalho & Mercier, 2005). As espécies se caracterizam por serem herbáceas epífitas, perenes, rizomatosas e robustas Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 (Lorenzi & Mello-Filho, 2001). A. blanchetiana (Baker) L.B. Smith é uma das mais populares plantas decorativas e vem sendo extraída de seu ambiente natural em grande profusão para atender a demanda do mercado de plantas ornamentais (Lorenzi & Souza, 1998). O atual e elevado interesse pelas bromélias pode ser explicado pela sua aparência exótica e bela, característica importante para o paisagismo e a comercialização de artigos ornamentais, e por sua rusticidade, não precisando de muitos cuidados para garantir sua sobrevivência (Carvalho & Mercier, 2005), tornando essas plantas de fácil manejo e utilização em pesquisas. A micropropagação, ou cultivo in vitro, é a técnica que possibilita a produção em massa de mudas de variedades selecionadas, a partir de um pequeno número de explantes retirados da planta matriz (Willadino et al., 2001). Seu uso abrange a introdução de novas espécies, atendimento da demanda de plantas e mudas de qualidade genética superior, importância econômico-ecológico, caracterizando um alto valor comercial, além de ser amplamente utilizada para limpeza de vírus (Vinderhalter & Vinderhalter, 1994; Estrada-Luna et al., 2001; Borghezan et al., 2003). Durante as fases da cultura in vitro, as plantas crescem sob condições especiais de redução das trocas gasosas, alta umidade do ar, baixa intensidade luminosa e uso de sacarose como fonte de energia. Estes fatores podem causar inibição da fotossíntese, estômatos anormais, maior acúmulo de reservas ou biomassa, dificultando a própria micropropagação e a aclimatização, algo que proporciona perdas elevadas de plantas na transferência para as condições ex vitro (Pospísilová et al., 1999). Após a micropropagação as plântulas passam pelo período de aclimatização por algumas semanas ou mesmo alguns meses e a regeneração de raízes durante a fase de aclimatização tende a produzir um sistema radicular mais desenvolvido e funcional 175 AR Tavares et al. (Grattapaglia & Machado, 1990). Bosa et al. (2003) definem a aclimatização como o processo de adaptação da passagem das plantas desenvolvidas in vitro para o ambiente ex vitro. O suprimento hídrico normalmente é um fator limitante nessa fase (Pospisilovà, 1999; Larcher, 2000; Hazarika, 2003) e condição importante para o sucesso da formação de mudas, durante a fase de aclimatização. Debergh (1991) cita que durante a aclimatização, plantas obtidas pelo cultivo in vitro sofrem mudanças fisiológicas e morfológicas em respostas às alterações do ambiente e à utilização das reservas acumuladas ainda durante o período in vitro, sendo a principal forma da planta manter o seu crescimento durante as primeiras semanas em casa de vegetação. A utilização de fontes de nitrogênio, como KNO 3, NH 4NO 3 e (NH 4) 2SO 4, vem se mostrando eficiente na otimização do desenvolvimento de plântulas cultivadas in vitro. García et al. (1994) e Kanashiro (2005), trabalhando com plântulas de oliveira e mudas de A. blanchetiana, respectivamente, observaram que maiores quantidades de nitrogênio foram assimiladas quando se utilizou como fonte o NH4NO3 e o (NH4)2SO4. Veloso et al. (2001) trabalhando com abacaxizeiro, afirmou que a adubação nitrogenada foi adequada. O presente trabalho foi desenvolvido para avaliar o emprego de diferentes concentrações de adubo nitrogenado aplicado via foliar em espécie de bromeliácea ornamental, auxiliando na aclimatização eficiente para a espécie. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Cultura de Tecido do Instituto de Botânica, Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo. Frutos de A. blanchetiana foram coletados de espécimes cultivados no Instituto de Botânica e armazenados em sacos de papel Kraft em condições de refrigeração a 6oC durante um ano. Os frutos foram abertos manualmente e suas sementes retiradas, lavadas em água destilada até a eliminação completa da mucilagem. 176 As sementes foram desinfestadas em solução 100% de hipoclorito de sódio com 2% de cloro ativo (m v-1), acrescida de 2 gotas de Tween 20 por 100 mL, durante 30 minutos. A seguir, foram enxaguadas por três vezes em água destilada esterilizada. Após o tratamento de assepsia, as sementes foram inoculadas em frascos com capacidade volumétrica de 360 mL, contendo 50 mL de meio de cultura MS sólido (7 g L-1 ágar) acrescido com 30 g de sacarose, para germinação, e posterior cultivo in vitro em solução completa de Murashige & Skoog (1962) líquida (sem ágar) e com acréscimo de 30 g de sacarose. Os frascos foram dispostos em sala de crescimento a 25 µmol m-2 s-1 de radiação fotossinteticamente ativa (RFA) e temperatura média de 25±1oC, sob fotoperíodo de 12 horas, sendo o intervalo de iluminação das 6 às 18 horas e incubadas durante 3 meses. Após o cultivo in vitro, as plântulas foram lavadas em água corrente e transferidas para vasos plásticos com 0,45 L de capacidade contendo como substrato, areia lavada. Os vasos foram mantidos em estufa cobertas com telas plásticas tipo sombrite, com sombreamento de 50%, em estantes cobertas com plástico preto e irrigadas diariamente. A fertilização foliar foi realizada semanalmente, durante todo o período de experimentação, sendo aspergidas com 3,0 mL da solução de KNO3 (nitrato de potássio) nas concentrações 0,0; 2,5; 5,0; 7,5 e 10,0 g L-1, por vaso. As coletas de plantas foram realizadas aos 0; 60 e 120 dias de aclimatização, totalizando 60 plântulas para cada coleta. As raízes das plantas coletadas no tempo zero foram retiradas, sendo, portanto, excluídas da avaliação. Foram avaliados o comprimento foliar, comprimento da maior raiz, número de folhas, fitomassa seca e fresca de plantas e porcentagem de plantas vivas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizados e constou de 5 tratamentos com quatro repetições (vasos) contendo 3 mudas, totalizando 180 plantas. Foi realizada a análise de variância e regressão polinomial para todos os parâmetros avaliados em função do tempo de aclimatização e concentração de KNO3, considerando significativo quando os valores de p (probabilidade de teste aplicado) foram abaixo de 5%, utilizando-se programa estatístico SANEST (Zonta & Machado, 1991). RESULTADOS E DISCUSSÃO A coleta feita após 60 dias de aclimatização mostrou que a adubação com KNO3 nas maiores concentrações auxiliou o processo de aclimatização das plantas transferidas da condição in vitro para ex vitro. Isso pode ser corroborado pelas curvas de crescimento obtidas nas menores concentrações, onde não ocorreu incremento no comprimento das folhas. Aos 120 dias de aclimatização os resultados do comprimento foliar foram semelhantes entre si, mas apresentaram valores maiores ou iguais aos observados nas mudas aclimatizadas por 60 dias (Figura 1a). Bhugaloo (1998) trabalhando com mudas de abacaxi ex vitro fertilizadas com diferentes concentrações de nitrogênio, observou que, apesar da adubação nitrogenada ser essencial, é necessário calcular sua dose para que não se torne inibitória ao crescimento. As menores concentrações de KNO3 causaram melhores efeitos aos 120 dias de aclimatização, entretanto concentrações maiores mostraram ser importantes aos 60 dias, amenizando os efeitos do estresse e mantendo o comprimento foliar igual ou maior que o observado nas mudas do controle. Rodrigues et al. (2004) observaram em mudas micropropagadas de Alcantarea imperialis o melhor desenvolvimento em plantas cultivadas em substrato com altos teores de nutrientes; entretanto Olmos (1992) citado por Rodrigues et al. (2004) observou maior crescimento em substratos com baixos teores de nutrientes. O comprimento médio das folhas aumentou linearmente para as maiores doses de KNO3 e de forma quadrática para as menores doses de adubo e o controle. Estes resultados mostram o efeito da fertilização foliar com KNO 3 , atenuando os efeitos deletérios causados pelo estresse durante a fase de aclimatização da espécie estudada. Bhugaloo (1998) observou que a utilização de nitrogênio era mais eficiente quando aplicado durante o crescimento foliar, antes do surgimento da inflorescência. Na Figura 1b está representado o número total de folhas presentes nos explantes após diferentes tratamentos em 0; 60 e 120 dias. De maneira geral, Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Efeito da adubação foliar com KNO3 na aclimatização de bromélia cultivada in vitro ao compararmos os tratamentos entre si observa-se que o número de folhas foi menor à medida que houve acréscimo na concentração de nitrogênio após 60 dias enquanto, após 120 dias de aclimatização o resultado foi oposto. No último período de aclimatização os tratamentos não mostraram serem significativos entre si. Resultados semelhantes foram obtidos por Santos et al. (2004), em plântulas de Heliconia psittacorum aclimatizadas, constatando que o número de folhas foi significativamente igual, independentemente do adubo utilizado. Gomes & Shepherd (2000) variando as concentrações de KNO3 em meio MS no cultivo in vitro de Sinningia allagophylla, planta ornamental da família Gesneriaceae, observaram que o número de folhas e o comprimento aumentaram com o uso de nitrato em relação a outros experimentos, porém não mostrou diferença significativa entre as concentrações utilizadas. Houve aumento do comprimento das raízes ao longo da aclimatização. Os tratamentos não apresentarem diferenças significativas aos 60 e 120 dias, porém aos 120 dias, com o aumento da concentração do KNO3 mostrou efeito deletério no crescimento (Figura 1c). Carvalho et al. (2005) estudando os efeitos de reguladores vegetais no enraizamento de Ananas bracteatus (Shultz) cv. striatus Hort in vitro, observaram enraizamento das plantas nos tratamentos sem reguladores, sugerindo que a presença de uma auxina associada à citocinina inibe a formação de primórdios. À medida que o número de folhas diminuiu (Figura 1b), os comprimentos da folha e da raiz (Figuras 1a e 1c) aumentaram. Segundo Crabbé & Barnola (1996) um rápido acúmulo de folhas jovens em plantas pode apresentar um efeito inibitório sobre o alongamento dos entrenós, anulando o crescimento por completo das plantas. Aos 60 dias os maiores valores de fitomassa fresca foram observados em plantas tratadas com 10,0 g L-1 de KNO3. Tais valores foram inferiores aos das plantas tratadas com 0,0 e 2,5 g L-1 de KNO3 após 120 dias de aclimatização (Figura 2a). Os resultados finais estão de acordo com Grossi (2000) que, ao trabalhar com A. nudicaulis, observou que a menor concentração de nitrogênio (cultivo in vitro) promoveu maior produção de fitomassa fresca. Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figura 1. Efeito de diferentes concentrações de KNO3 no comprimento foliar (a), número de folhas (b) e comprimento radicular (c) de plantas de Aechmea blanchetiana em aclimatação aos 0, 60 e 120 dias (Effect of differente KNO3 concentrations on length of the leaves (a), number os leaves (b) and length of the roots (c) of Aechmea blanchetiana plantlet on 0,60 and 120 days of acclimatization). São Paulo, IBt, 2006. Os valores de fitomassa seca aumentaram ao longo do período de aclimatização em todos os tratamentos após 60 dias de cultivo. A análise da fitomassa seca indica que nesse período a concentração de 7,5 g L-1 de KNO3 tende a amenizar os efeitos do estresse causado pelo ambiente, uma vez que os valores obtidos nas plantas tratadas com o adubo nesta concentração mantiveram valores maiores que os demais tratamentos nesse período (Figura 2b). Segundo Veloso et al. (2001) a adubação nitrogenada não teve efeito na produção e massa do fruto do abacaxi, porém, ao combiná-lo com doses isoladas de potássio, o rendimento melhorou. Todavia, no presente trabalho, os valores de fitomassa fresca e seca aumentaram após 60 dias de aclimatização. 177 AR Tavares et al. Figura 2. Efeito de diferentes concentrações de KNO3 na massa fresca (a), massa seca (b) e porcentagem de plantas vivas (c) em plantas de Aechmea blanchetiana em aclimatização aos 0, 60 e 120 dias (Effect of different KNO3 concentrations on fresh fitomass (a), dry fitomass (b) and live plants percentagem (c) of Aechmea blanchetiana plantlets on 0, 60 and 120 days of acclimatization). São Paulo, IBt, 2006. Soratto et al. (2004) ao trabalharem com mudas de Panicum dichotomiflorum, afirmaram que a utilização de nitrogênio como fonte de adubo causa um decréscimo na concentração de açúcar da fitomassa seca, vindo a confirmar os resultados obtidos no primeiro período de aclimatização, quando as plantas estão sob maior 178 estresse. De acordo com o trabalho realizado por Paula et al. (1991) o nitrogênio, ao ser utilizado como adubo, concorreu para aumentar significativamente a produção de frutos de abacaxi, e, apesar de estimular o crescimento vegetativo das mudas, aumentou a necessidade de outros nutrientes para a planta, principalmente o potássio. Durante a aclimatização a atividade fotossintética das mudas tende a cair, impedindo a produção de metabólicos até o momento que suas folhas já estão completamente adaptadas ao novo ambiente (Lacher, 2000; Raven et al., 2000; Kerbauy, 2004). O acúmulo de matéria seca vegetal é o resultado do mecanismo fotossintético, o qual incorpora matéria orgânica na planta (Bergonci et al., 2001). Segundo Benincasa (1988) 90%, em média, da matéria seca acumulada, pelas plantas ao longo do seu crescimento resultam da atividade fotossintética. No experimento aos 120 dias as plantas já parecem estar adaptadas ao novo ambiente devido ao aumento de sua fitomassa seca. A sobrevivência manteve-se praticamente constante ao longo do período de aclimatização, sendo sempre superior a 80% para as plantas tratadas com 5,0 g L-1 de KNO3 e 65% para os demais tratamentos (Figura 2c), indicando que a espécie apresenta rusticidade e que o período de aclimatização não é um fator limitante na micropropagação da espécie. A maioria dos dados mostra que as plantas tratadas nas maiores concentrações de nitrogênio apresentaram, ao final do experimento, os menores valores em todos os parâmetros avaliados. Endres & Mercier (2001) observaram que a utilização de uréia e de NH4+ como fontes de nitrogênio geraram diferentes resultados na espécie Ananas comosus e Vrisea gigantea durante o cultivo in vitro dessas espécies. Nievola et al. (2001) afirmaram que o uso de uréia para bromélia com hábito formador de tanque aumenta a disponibilidade de nitrogênio, no entanto é preciso conhecer as necessidades nutricionais de cada espécie para evitar problemas com toxidez. Durante o processo de aclimatização não foram observados sintomas degenerativos (clorose, queimadura nas pontas das folhas) como ocorreu nos experimentos de Rodrigues et al. (2004) em plantas de bromélia imperial (Alcantarea imperialis). Lima Filho & Malavolta (1997), estudando plantas de Stevia rebaudiana afirmaram que as plantas deficientes em nitrogênio apresentaram, além do desenvolvimento reduzido, folhas pequenas, pouca ramificação e amarelecimento generalizado. Embora o substrato arenoso tenha sido satisfatório para a aclimatização da A. blanchetiana, Souza Jr. et al. (2001), trabalhando com plântulas Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Efeito da adubação foliar com KNO3 na aclimatização de bromélia cultivada in vitro micropropagadas de abacaxi, mostrou que a combinação de areia, xaxim e húmus, proporcionou melhores respostas ao crescimento das mudas em condições ex vitro, podendo ser uma opção viável para a diminuição da taxa de mortalidade das mudas no processo de aclimatização. A partir dos resultados obtidos é possível concluir que a utilização de KNO3 como fonte de nitrogênio na adubação de mudas, mostrou-se eficiente durante o processo de aclimatização da espécie estudada. O uso de pequenas concentrações de nitrogênio é suficiente para o desenvolvimento dessa espécie para o cultivo in vitro, e foi suficiente no desenvolvimento durante cultivo ex vitro, porém maiores concentrações são eficientes na amenização dos efeitos estressantes causados pelo novo ambiente. O ideal seria utilizar as maiores concentrações de KNO3 no início do processo de aclimatização e diminuir as doses gradativamente. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos funcionários do IB Helvécio de Oliveira, Maria da Conceição Maciel Oliveira e Luzia Rodrigues Scarpeta, na manutenção do experimento. REFERÊNCIAS BENINCASA MMP. 1988. Análise de crescimento de plantas (Noções básicas). Jaboticabal: FUNEP. 42p. BERGONCI JI; BERGAMASCHI H; SANTOS AO; FRANÇA S; RADIN B. 2001. Eficiência da irrigação em rendimento de grãos e matéria seca de milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira 36: 949-956. BHUGALOO RA. 1998. Effect of different levels of nitrogen on yield and quality of pineapple variety queen Victoria. Mauritius: Food and Agricultural Research Council AMAS. 80 p. BORGHEZAN M; MORAES LKA; MOREIRA FM; SILVA AL. 2003. Propagação in vitro e avaliação de parâmetros morfofisiológicos de porta-enxertos de videira. Pesquisa Agropecuária Brasileira 38: 783-789. 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Os tratamentos consistiram da combinação de duas cultivares (Carmen e Débora Max, em 2004/2005, e Nemo Netta e San Vito, em 2005/2006); quatro métodos de tutoramento (cruzado, ‘mexicano’, vertical com bambu e vertical com fitilho) e dois métodos de condução de plantas (com uma e duas hastes por planta mantendo o mesmo número de hastes por área) em parcelas sub-subdivididas. Foram avaliadas as severidades de requeima, pinta-preta e mancha bacteriana nas folhas e a porcentagem de frutos com danos causados por doenças fisiológicas ou fitopatológicas e por brocas. Os métodos de tutoramento vertical proporcionaram menor severidade de requeima, pinta-preta e mancha bacteriana nas folhas e ataque de brocas nos frutos, em relação ao método de tutoramento cruzado. A severidade de doenças foliares e porcentagem de frutos com ataque de brocas não diferiram entre métodos de condução de plantas. Influence of the training systems of tomato plants on the incidence of diseases and insect-pests Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, tutoramento, severidade de doenças, danos de insetos-praga. Keywords: Lycopersicon esculentum, staking methods, diseases severity, insect-pest damages. The effect of different methods of staking and training tomato plants was investigated to determine the severity of leaf damage and the incidence of pests in fruits of different cultivars. Two experiments were carried out in 2004/2005 and 2005/2006, in Caçador, Santa Catarina State, Brazil. The treatments consisted of the combination of two cultivars, Carmen and Débora Max, in 2004/2005, and Nemo Netta and San Vito, in 2005/2006; four staking methods, crossed fence, ‘Mexican’, vertical staking with bamboo and vertical staking with polypropylene cord; and two training methods, one and two stems per plant keeping the same number of stems per area. Severities of late blight, early blight and bacterial spot in leaves and the percentage of fruits with physiological and phytopathological diseases and with insect damages were evaluated. All vertical staking methods provided smaller severity of late blight, early blight and bacterial spot in leaves and attack of insects than crossed fence method. The severity of leaf diseases and percentage of fruits with insect damages did not differ among plant training methods. (Recebido para publicação em 18 dezembro de 2007; aceito em 11 de abril de 2008) O sistema de produção de tomate na região do Alto Vale do Rio do Peixe, Meio-Oeste Catarinense, se baseia no monocultivo, na excessiva mobilização do solo e na utilização indiscriminada de água e insumos agrícolas (Tagliari, 2003). O uso intensivo de insumos, principalmente defensivos para o controle de insetos-praga e fitopatógenos, é considerado um dos principais problemas da atividade na região (Kreuz, 2003), podendo proporcionar aumento do custo de produção, contaminação do ambiente, intoxicação de indivíduos envolvidos com a cultura e contaminação do produto colhido (Tagliari, 2003; Melo & Vilela, 2005). O número elevado de pulverizações, chegando a três aplicações semanais de defensivos, decorre das condições propícias às principais doenças do tomateiro, como temperatura noturna amena e precipitações constantes entre os meses de dezembro e fevereiro, além do ataque de insetos-praga. 180 Dentre as principais doenças que incidem no tomateiro na região do Alto Vale do Rio do Peixe se destacam a requeima (Phytophthora infestans), a pinta-preta (Alternaria solani) e a mancha bacteriana (Xanthomonas campestris pv. vesicatoria) (Epagri, 1997). Entre os insetos-praga se destacam a broca-pequena-do-tomateiro [Neoleucinoides elegantalis (Guenée)] (Lepidoptera: Crambidae) e a broca-grande [Helicoverpa zea (Boddie)] (Lepidoptera: Noctuidae), que causam danos diretos nos frutos, depreciando a aparência e os tornando inviáveis para a comercialização (Epagri, 1997). A redução do uso de defensivos com significativo controle de pragas, sem a perda da qualidade do produto colhido, exige a adoção de práticas de manejo integrado que permitam seu controle eficiente (Becker, 2005). Várias práticas de manejo podem influenciar a sanidade das plantas, dentre essas os mé- todos de tutoramento e condução de plantas, que têm papel importante na incidência de insetos-praga e doenças (Boff et al., 1991; Picanço et al., 1995). O principal sistema de condução de plantas empregado na região do Alto Vale do Rio do Peixe é o tutoramento cruzado, também denominado de “V” invertido, com a condução de duas hastes por planta. Esse método forma um ambiente úmido e aquecido sob o “V” invertido, favorável ao desenvolvimento de fitopatógenos (Rebelo, 1993). Além disso, a aplicação de defensivos nos órgãos das plantas localizados em seu interior é deficiente, dificultando o controle de insetos-praga (Picanço et al., 1995) e doenças (Boff et al., 1992). O tutoramento vertical de plantas, por sua vez, aumenta a radiação solar e a ventilação ao longo do dossel das plantas podendo reduzir, desta forma, o período de molhamento foliar e a severidade de doenças (Santos et al., 1999). Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Influência do sistema de condução do tomateiro sobre a incidência de doenças e insetos-praga Além disso, a aplicação de defensivos é mais eficiente nos dois lados das plantas ao longo das filas (Picanço et al., 1995), possibilitando maior cobertura dos produtos nos órgãos das plantas e favorecendo o controle de pragas. Devido a essas características, o tutoramento vertical de plantas vem sendo adotado por muitos produtores da região. Porém, existem diferentes métodos empregados, destacando-se o tutoramento vertical com varas de bambus ou com fitilho e o ‘mexicano’ (Wamser et al., 2007). Neste último, as plantas não são amarradas a tutores, sendo conduzidas verticalmente entre fitilhos que são dispostos horizontalmente nos dois lados das plantas à medida que as hastes crescem. Paralelamente ao método de condução, preconiza-se a redução do espaçamento entre plantas e a condução de uma haste por planta com o objetivo de aumentar a produção de frutos (Wamser et al., 2007). A severidade de doenças e o ataque de insetos-praga podem variar em função dos métodos de condução e de tutoramento de plantas, bem como em relação às diferentes cultivares empregadas em cada região. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito dos métodos de tutoramento (cruzado, vertical com bambu, vertical com fitilho e ‘mexicano’) e dos métodos de condução de plantas (com uma e duas hastes por planta) sobre a severidade de doenças foliares e sobre os danos em frutos causados por doenças e insetos, em quatro cultivares de tomateiro. MATERIAL E MÉTODOS Dois experimentos foram realizados nas safras de 2004/2005 e 2005/2006 na Epagri-EE de Caçador, no município de Caçador (SC), região fisiográfica do Alto Vale do Rio do Peixe. O clima da região é temperado constante úmido, com verão ameno, do tipo Cfb, conforme a classificação de Köepen (Pandolfo et al., 2002). Os solos nos locais dos experimentos foram identificados como Latossolo Bruno distrófico típico (Embrapa, 1999) com as características: pH (água) = 5,8 e 5,9, P = 12,8 e 19,2 mg/L, K = 166 e 72 mg/L, MO = 3,5 e Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 4,9%, Al = 0,0 e 0,0 cmolc/L, Ca = 6,8 e 8,5 cmolc/L, Mg = 3,6 e 4,7 cmolc/L, V = 69 e 75% para os anos agrícolas de 2004/ 2005 e 2005/2006, respectivamente. Os tratamentos consistiram na combinação de duas cultivares de tomate (Carmen e Débora Max, na safra 2004/ 2005, e San Vito e Nemo Netta, na safra 2005/2006), quatro métodos de tutoramento e dois métodos de condução. As cultivares Carmen e Nemo Netta pertencem ao grupo Salada e as cultivares Débora Max e San Vito são dos grupos Santa Cruz e Saladete, respectivamente, todas de crescimento indeterminado. Os métodos de tutoramento testados foram cruzado, ‘mexicano’, vertical com bambu e vertical com fitilho. Os métodos de condução foram uma haste por planta e duas hastes por planta. O delineamento experimental foi de parcelas sub-subdivididas, com quatro repetições, alocandose o fator cultivar na parcela, o fator método de tutoramento na subparcela e o fator método de condução na subsubparcela. O espaçamento entre plantas nas cultivares Carmen, Débora Max e Nemo Netta foi de 0,3 e 0,6 m para as plantas conduzidas com uma e duas hastes, respectivamente. Para a cultivar San Vito utilizou-se espaçamento entre plantas de 0,2 e 0,4 m para a condução de uma e duas hastes por planta, respectivamente. Desta forma, dentro do fator método de condução, as parcelas tinham o mesmo número de hastes por área em cada cultivar. As parcelas dos métodos de tutoramento vertical foram constituídas de uma linha de plantas com 9 m de comprimento. Já no método de tutoramento cruzado as parcelas possuíam duas linhas de plantas, com espaçamento de 1,0 m entre as linhas que formam o “V” invertido. O espaçamento entre linhas para todos os métodos de tutoramento foi de 1,5 m. Utilizou-se o sistema de plantio direto sobre a cultura da aveia preta, sem aplicação de herbicida. A adubação de base foi feita no sulco, utilizando 60 kg/ ha de N, 600 kg/ha de P2O5 e 300 kg/ha de K2O da fórmula 03-30-15, 10 t/ha de esterco de aves, 2,7 kg/ha de B como bórax e 8 kg/ha de Zn como sulfato de zinco nas cultivares Carmen, Débora Max e Nemo Netta, e 90 kg/ha de N, 900 kg/ha de P2O5 e 450 kg/ha de K2O da fórmula 03-30-15, 15 t/ha de esterco de aves, 4,1 kg/ha de B como bórax e 60 kg/ha de Zn como sulfato de zinco na cultivar San Vito. A adubação diferenciada entre a cultivar San Vito e as demais foi realizada de forma a fornecer a mesma quantidade de adubação por haste para todas as cultivares. As mudas de tomate foram produzidas no sistema “float” com a semeadura realizada em 03/11/04 e 14/10/05. O plantio foi realizado em 30/11/04 e 07/ 11/05. O replantio de mudas foi realizado na primeira semana de plantio. Foram realizadas desbrotas semanais e, aos 120 dias após o plantio (DAP), a desponta em todos os tratamentos a partir da terceira folha acima do último cacho de cada haste. As adubações de cobertura foram realizadas semanalmente a partir dos 20 DAP, totalizando 450 kg/ ha de N e de K2O nas cultivares Carmen, Débora Max e Nemo Netta, e 675 kg/ha de N e de K2O na cultivar San Vito. Os ingredientes ativos utilizados para o controle de insetos-praga e doenças, bem como a época e o número de aplicações, foram: acefato, 2x (nov), 5x (dez) e 1x (jan) em 2004/2005, e 1x (nov) e 3x (dez) em 2005/2006; Bacillus thuringiensis, 1x (jan) e 3x (fev) em 2005/2006; deltametrina, 1x (jan), 2x (fev) e 1x (mar) em 2004/2005, e 1x (fev) e 1x (mar) em 2005/2006; diflubenzurom, 1x (jan) em 2004/2005, e 1x (fev) em 2005/2006; fenitrotiona, 1x (nov), 2x (jan) e 1x (fev) em 2004/ 2005, e 1x (mar) em 2005/2006; imidacloprid, 1x (nov) em 2004/2005, e 1x (nov), 1x (dez) e 2x (fev) em 2005/ 2006; metomil, 2x (jan) e 1x (fev) em 2005/2006; tiametoxam, 2x (dez) e 1x (jan) em 2004/2005, e 2x (dez) e 1x (jan) em 2005/2006; tebufenozide, 1x (mar) em 2004/2005, e 2x (mar) em 2005/ 2006; abamectina, 1x (mar) em 2004/ 2005; óxido cuproso, 3x (dez), 6x (jan), 1x (fev) e 2x (mar) em 2004/2005, e 2x (dez) e 1x (jan) em 2005/2006; oxicloreto de cobre, 2x (mar) em 2005/ 2006; hidróxido de cobre, 3x (jan), 5x (fev) e 1x (mar) em 2005/2006; mancozeb, 2x (nov), 3x (dez) e 4x (jan) em 2004/2005, e 3x (dez), 1x (jan) e 3x 181 AF Wamser et al. Tabela 1. Severidade de requeima, pinta preta e mancha bacteriana em folhas de tomateiro em função da cultivar, método de tutoramento e método de condução de plantas. Caçador, EPAGRI, 2005. médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, dentro de cada fator analisado, não diferem entre si pelo teste de Tukey (α=0,05); ns não houve diferenças significativas entre tratamentos pelo teste F (p>0,05); int houve interação significativa entre fatores pelo teste F (p≤0,05). (fev) em 2005/2006; clorotalonil, 1x (nov), 3x (dez), 3x (jan) e 1x (fev) em 2004/2005, e 3x (nov) e 2x (dez) em 2005/2006; metiram + piraclostrobina, 3x (fev) e 1x (mar) em 2004/2005, e 1x (dez) em 2005/2006; cimoxanil + mancozebe, 1x (jan) em 2004/2005, e 1x (fev) em 2005/2006; mancozebe + metalaxil-M, 1x (dez) e 1x (jan) em 2004/2005, e 1x (mar) em 2005/2006; captana, 1x (jan) e 1x (mar) em 2004/ 2005, e 1x (fev) e 3x (mar) em 2005/ 2006; iprodiona, 1x (jan) em 2004/2005, e 3x (fev) e 1x (mar) em 2005/2006; metiram, 1x (jan) em 2005/2006; clorotalonil + cloridrato de propamocarb, 2x (jan) em 2005/2006; clorotalonil + dimetomorfe, 2x (jan) em 2005/2006; cimoxanil + famoxadona, 1x (jan) em 2005/2006; famoxadona + mancozebe, 1x (fev) em 2005/2006. As doses aplicadas seguem as recomendadas para a cultura e praga. Demais práticas culturais foram realizadas de acordo com as Normas técnicas para o tomateiro tutorado na região do Alto Vale do Rio do Peixe (Epagri, 1997). Os valores diários de precipitação, umidade relativa e temperaturas máxima e mínima durante o ciclo da cultura foram obtidos na estação meteorológica 182 da Estação Experimental de Caçador. Nas duas safras foram avaliadas as severidades de requeima, pinta-preta e mancha bacteriana nas folhas de três plantas por parcela, a porcentagem dos frutos colhidos com danos causados por doenças fisiológicas ou fitopatológicas e a porcentagem dos frutos colhidos com danos causados por brocas em geral. A severidade de doenças foi avaliada aos 92 DAP e 128 DAP, nas safras 2004/ 2005 e 2005/2006, respectivamente, com auxílio de escalas diagramáticas para requeima (James, 1971), pinta-preta (Boff et al., 1991) e mancha bacteriana (Mello et al., 1997). Na safra 2005/ 2006 a porcentagem de danos nos frutos causados por brocas foram separados em danos da broca-pequena-do-tomateiro e da broca-grande. Esta separação foi feita de acordo com o tipo de dano nos frutos. A broca-grande faz danos superficiais, de formato irregular e de fora para dentro do fruto. A brocapequena-do-tomateiro penetra nos frutos, se alimenta da polpa e deixa pequenos orifícios ao sair, próximo à maturação do fruto (Epagri, 1997). As variáveis foram submetidas à análise de variância (teste F). Quando alcançada significância estatística (p≤0,05), as A precipitação total e o número de dias de chuva durante o ciclo da cultura na safra 2004/2005 foi de 321,1 mm e 41 dias, respectivamente. Na média do ciclo da cultura, para esta safra, a umidade relativa (UR%) ficou em 76,0% enquanto que as temperaturas máxima e mínima ficaram em 26,9 e 15,6oC, respectivamente. Já na safra 2005/2006, a precipitação total e o número de dias de chuva durante o ciclo da cultura foram maiores que na safra 2004/2005, ficando em 514,8 mm e 61 dias, respectivamente. A UR% e as temperaturas máxima e mínima, médias do ciclo, também foram maiores na safra 2005/2006, ficando em 80,9%, 28,7 e 16,8oC, respectivamente. Doenças foliares - A incidência de requeima foi observada somente na safra 2005/2006, enquanto que a pintapreta e a mancha bacteriana ocorreram nas duas safras (Tabela 1). Todas as cultivares utilizadas não apresentam resistência à requeima, mancha bacteriana e pinta-preta (Agrocinco, 2006; Sakata Seed Sudamerica, 2006). Desta forma, as maiores precipitações, dias de chuva e UR% ocorridas na safra 2005/2006 podem ter favorecido o desenvolvimento do fitopatógeno e dificultado o controle da requeima nesta safra. Segundo Kurozawa & Pavan (2005), a requeima necessita de alta umidade e temperatura em torno de 20oC para se desenvolver. Além disso, a orientação das fileiras de plantas foi no sentido leste-oeste em 2004/2005 e norte-sul em 2005/ 2006. A orientação leste-oeste possibilita a maior insolação no dossel das plantas ao longo do dia, diminuindo o período de molhamento foliar causado por chuvas e orvalho, fator que favorece o desenvolvimento desta doença (Becker, 2005). Entre as cultivares, foram observadas diferenças significativas somente para requeima e mancha bacteriana na safra 2005/2006 (Tabelas 1 e 2). A severidade da requeima para cada cultivar variou de acordo com o método de Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Influência do sistema de condução do tomateiro sobre a incidência de doenças e insetos-praga tutoramento, existindo diferenças somente no método de tutoramento cruzado, com maior severidade na cultivar San Vito, em relação a Nemo Netta. Possivelmente na cultivar San Vito, a utilização de menor espaçamento entre plantas (0,4 e 0,2 m), associado ao método de tutoramento cruzado, permitiu a formação de microclima favorável ao desenvolvimento da doença, além da menor eficiência na aplicação dos defensivos. Já para a severidade de mancha bacteriana, houve diferenças entre as cultivares somente quando foi utilizada a condução de uma haste por planta, com maior severidade na cultivar San Vito (Tabela 2). A distribuição mais eqüidistante entre hastes com a condução de uma haste por planta, em relação à condução de duas hastes, na cultivar San Vito, pode ter favorecido a disseminação da mancha bacteriana por meio dos respingos de chuva, principal forma de disseminação da doença planta a planta (Kurozawa & Pavan, 2005). Entre os métodos de tutoramento, foram observadas diferenças significativas para severidade de mancha bacteriana, na safra 2004/2005 e 2005/2006, para pinta-preta, na safra 2005/2006, e para requeima na cultivar San Vito, na safra 2005/2006 (Tabelas 1 e 2). Para todas estas doenças e safras, o método de tutoramento cruzado apresentou maior severidade em relação aos métodos de tutoramento vertical, não diferindo do método ‘mexicano’, na safra 2004/2005. Em trabalhos anteriores, não foram observadas diferenças entre métodos de tutoramento cruzado e vertical para a porcentagem de área foliar infectada por pinta-preta, septoriose (Septoria lycopersici) (Santos et al., 1999), mancha de estenfílio (Stemphylium solani) (Boff et al., 1991). Entretanto, maiores valores de incidência de pinta-preta foram observados no método vertical por Boff et al. (1991). Os resultados do presente trabalho confirmam o pressuposto de que o tutoramento vertical promove condições menos favoráveis às doenças (Picanço et al., 1995; Santos et al., 1999). Comparando somente os métodos de tutoramento vertical, não houve diferenças para todas as doenças analisadas, embora o método ‘mexicano’ não tenha se diferenciado do cruzado para manHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Tabela 2. Severidade de requeima, em função da cultivar e do método de tutoramento, e de mancha bacteriana, em função da cultivar e do método de condução, em folhas de tomateiro. Caçador, EPAGRI, 2005. 1 Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, dentro de cada fator analisado, não diferem entre si pelo teste de Tukey (α=0,05). Tabela 3. Porcentagem de frutos com doenças e atacados por brocas, em relação ao número total de frutos, em função da cultivar, do método de tutoramento e do método de condução de plantas de tomate. Caçador, EPAGRI, 2005. 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, dentro de cada fator analisado, não diferem entre si pelo teste de Tukey (α=0,05) cha bacteriana na safra 2004/2005. No método ‘mexicano’, além de as plantas se apoiarem sobre os fitilhos dispostos horizontalmente nos dois lados ao longo da fila de plantas, elas também se apóiam umas nas outras. Desta forma, há maior proximidade entre plantas, favorecendo a disseminação da mancha bacteriana, pelos respingos de chuva. Entretanto, os resultados mostram que, principalmente para as doenças fúngicas analisadas, todos os métodos de tutoramento vertical promovem condições semelhantes e desfavoráveis ao seu desenvolvimento. Para os métodos de condução de plantas, observaram-se diferenças significativas somente para severidade de mancha bacteriana, na safra 2005/2006, na cultivar San Vito, sendo que a con183 AF Wamser et al. dução de uma haste por planta proporcionou maior severidade da doença, em relação à condução de duas hastes por planta. Esta resposta pode estar ligada ao menor espaçamento entre plantas com a condução de uma haste por planta, facilitando a disseminação da doença. Além disso, o adensamento de plantas proporciona maior cobertura dos órgãos pelas folhas, podendo dificultar a penetração da calda fungicida e reduzir a sua cobertura. Danos em frutos - As cultivares Carmen, na safra 2004/2005, e San Vito, na safra 2005/2006, apresentaram maior porcentagem de frutos com doenças fitopatológicas ou fisiológicas em relação às cultivares Débora Max e Nemo Netta, respectivamente (Tabela 3). Estes resultados ratificam a avaliação de cultivares para o Estado de Santa Catarina 2006/2007 (Epagri, 2006), onde as cultivares Carmen e San Vito apresentam menor porcentagem de frutos comerciais em relação a Débora Max e Nemo Netta, respectivamente. Houve diferenças entre métodos de tutoramento para porcentagens de frutos doentes somente na safra 2004/2005 (Tabela 3). Nesta safra, o método de tutoramento vertical com fitilho e o método de tutoramento cruzado apresentaram maior e menor porcentagem de frutos doentes, respectivamente, ambos não diferindo dos demais métodos de tutoramento. Em trabalhos anteriores não foram observadas diferenças entre métodos de condução vertical e cruzado para porcentagem de frutos com danos por Alternaria solani (Silva et al., 1997; Santos et al., 1999), Erwinia spp., Phoma destructiva (Santos et al., 1999) e para frutos com diversos tipos de defeitos (Silva et al., 1997; Marim et al., 2005). Entretanto, Silva et al. (1997) encontraram maior produção de frutos com podridão apical no método de tutoramento vertical em relação ao cruzado. A porcentagem de frutos doentes foi maior na condução de uma haste por planta na safra 2005/2006, em relação à condução de duas hastes por planta (Tabela 3). Na safra 2004/2005, não houve diferença entre métodos de condução para porcentagem de frutos doentes. Oliveira et al. (1996) encontraram maior número de frutos rachados e 184 amarelecidos com a condução de uma haste por planta, em relação à condução de duas hastes por planta, atribuindo estes danos à menor proteção dos frutos pelas folhas contra a radiação solar direta. Entretanto, estes autores não observaram diferenças para podridão apical e lóculo aberto enquanto que Marim et al. (2005) não encontraram diferenças para produção de frutos com defeitos para condução com uma ou duas hastes por planta. Já para frutos com danos de brocas, somente na safra 2005/2006 houve diferenças entre cultivares, sendo que a cultivar San Vito apresentou maior porcentagem de frutos atacados, tanto por broca grande como por broca-pequenado-tomateiro (Tabela 3). Considerando os métodos de tutoramento, houve diferenças somente na safra 2005/2006, sendo que o método cruzado apresentou maior porcentagem de frutos atacados por brocas em relação aos métodos verticais (Tabela 3). A diferença entre os métodos de tutoramento vertical e cruzado para porcentagem de frutos atacados por brocas se deve ao somatório do ataque por broca-grande e broca-pequena-do-tomateiro, visto que analisando isoladamente o ataque de cada espécie de inseto-praga não houve diferenças entre os métodos de tutoramento. Picanço et al. (1995) observaram menor ataque de traça-dotomateiro às folhas e aos frutos quando as plantas estavam totalmente desenvolvidas no tutoramento vertical, em relação ao cruzado, apesar do menor espaçamento utilizado no vertical. Estes autores atribuíram o menor ataque à maior exposição das folhas do tomateiro à calda inseticida, no tutoramento vertical, já que as plantas foram pulverizadas nos dois lados. Entre métodos de tutoramento vertical, não houve diferenças para porcentagem de frutos com brocas. Da mesma forma, os métodos de condução não influenciaram a porcentagem de frutos atacados por brocas nas duas safras analisadas (Tabela 3). De acordo com os resultados, os métodos de tutoramento vertical proporcionam menor severidade de doença e ataque de insetos-praga, em relação ao método de tutoramento cruzado. Por sua vez, a condução de uma haste por plan- ta não apresenta diferenças na severidade de doenças foliares e porcentagem de frutos com ataque de insetos-praga, em relação à condução de duas hastes por planta. Assim, os métodos de tutoramento vertical de plantas, com uma ou duas hastes por planta, são recomendados dentro de sistemas de produção que objetivam o controle mais racional de insetos-praga e doenças. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem as empresas Agrocinco/Nirit Seeds Ltda e Sakata Seed Sudamérica Ltda pelo apoio na implantação dos experimentos. REFERÊNCIAS AGROCINCO. 2006. Produtos. Disponível em: < h t t p : / / w w w. a g r o c i n c o . c o m . b r / index_portugues.htm>. Acesso em: 2 jun. 2006. BECKER WF. 2005. Validação de dois sistemas de previsão para o controle da requeima do tomateiro na região de Caçador, SC. Agropecuária Catarinense 18: 63-68. BOFF P; FONTES PCR; VALE FX; ZAMBOLIM L. 1992. 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Qualidade de mudas de alface em função de substratos com e sem biofertilizante Damiana Cleuma de Medeiros1;2; Karla Cristiane de Sousa Freitas1; Francinaldo de Sousa Veras1; Regina Sheila Barros dos Anjos1; Rafaela Duarte Borges1; José Galdino Cavalcante Neto1; Glauber Henrique de Sousa Nunes1; Hailson Alves Ferreira1 1 UFERSA, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; 2Doutoranda em Agronomia, Fitotecnia; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT Avaliou-se a qualidade de mudas de alface em função de substratos com e sem biofertilizante (aplicado aos 6; 12 e 18 dias após germinação) em condições de casa-de-vegetação. O experimento foi conduzido em esquema fatorial inteiramente casualizado: 3 cultivares (Babá-de-Verão, Grand Rapids e Grandes Lagos) x 3 tipos de substratos (areia lavada, composto orgânico e substrato comercial Plantmax®) x 2 (com e sem biofertilizante), com quatro repetições. A avaliação foi feita aos 24 dias da germinação através de número de folhas, altura da parte aérea, comprimento da raiz, massa seca da parte aérea e massa seca da raiz. Houve efeito isolado dos fatores cultivares e substratos para número de folhas e comprimento da raiz. Houve efeito de interação cultivares x substratos para altura da parte aérea, massa seca da parte aérea e massa seca da raiz. Dentre as variáveis analisadas a cultivar Grand Rapids e o substrato composto orgânico foi a que obteve melhor resultado. Não houve influência significativa da aplicação de biofertilizante. Quality of lettuce seedlings depending on substrates with and without biofertilizer addition Palavras-chave: Lactuca sativa L., produção de mudas, fertilizante orgânico. The quality of lettuce seedlings depending on substrates and biofertilizer addition (at 6; 12 and 18 days after germination), under greenhouse conditions was evaluated. The experiment was carried out in a completely randomized factorial scheme: 3 cultivars (Babáde-Verão, Grand Rapids and Great Lakes) x 3 substrates (washed sand, organic compost and commercial substrate Plantmax®) x 2 (with and without biofertilizer addition), with four replications. The evaluation was done on 24-day old seedlings through number of leaves, shoot height, root length, shoot dry mass and root dry mass. There was an isolated effect for cultivars and substrates with regard to the number of leaves and root length. There was cultivars x substrates interaction effect for shoot height, shoot dry mass and root dry mass. The best result was obtained with cultivar Grands Rapids grown in organic compost. There were no significant effects of biofertilizer addition with respect to the evaluated variables. Keywords: Lactuca sativa L., seedling production, organic fertilizer. (Recebido para publicação em 9 de janeiro de 2007; aceito em 18 de abril de 2008) A alface é uma das hortaliças mais difundidas atualmente, sendo cultivada por todo o país. A sua larga adaptação às condições climáticas, a possibilidade de cultivos sucessivos no mesmo ano, o baixo custo de produção, a pouca suscetibilidade a pragas e a doenças e a comercialização segura, faz com que a alface seja a hortaliça preferida pelos pequenos produtores, o que lhe confere grande importância econômica e social, sendo significativo fator de agregação do homem do campo (Lima, 2005). A agricultura orgânica é uma atividade baseada em práticas de reciclagem de matéria orgânica e uso de métodos pouco ou não agressivos ao meio ambiente na produção de alimentos saudáveis de melhor valor biológico para o consumo humano (Câmara, 2001). Essa atividade tem crescido, principalmente 186 pela necessidade de preservação ambiental e também pela exigência de toda sociedade por alimentos mais saudáveis, sem contaminantes químicos danosos à saúde (Ambrosano, 1999). O uso de produtos alternativos como os biofertilizantes vem crescendo em todo o Brasil. Na busca por insumos menos agressivos ao ambiente e que possibilitem o desenvolvimento de uma agricultura com menor dependência de produtos industrializados, vários produtos têm sido lançado no mercado (Deleito et al., 2000). Além disso, esses produtos podem ser produzidos pelo agricultor, gerando economia de insumos importados e, ainda, promover melhorias no saneamento ambiental. Os biofertilizantes são preparados a partir da digestão anaeróbica ou aeróbica de material orgânico e mineral, visando o fornecimento de nutrientes. A composição química do biofertilizante varia conforme o método de preparo e o material que o origina. Para Bettiol et al, (1998), uma das principais características do biofertilizante é a presença de microrganismos, responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, que se resulta na produção de gás e liberação de metabólicos, especialmente antibióticos e hormônios. Aliado à qualidade das mudas, o produtor de hortaliças sente a necessidade de reduzir os custos de sua atividade. Para tanto, trabalhos são realizados no Brasil com objetivo de aproveitar material de grande disponibilidade regional, para compor o substrato visando a formação de mudas de hortaliças, em diminuição da participação de substratos comerciais (Silva et al., 2000). O substrato se constitui no elemento mais complexo na produção de muHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Qualidade de mudas de alface em função de substratos com e sem biofertilizante das podendo ocasionar a nulidade ou irregularidade de germinação, a má formação das plantas e o aparecimento de sintomas de deficiência ou excesso de alguns nutrientes. O substrato deve apresentar características físicas, químicas e biológicas apropriadas para que possa permitir pleno crescimento das raízes e da parte aérea (Setubal & Afonso Neto, 2000). O volume não deve variar muito quando este se encontrar seco ou molhado; deve reter suficiente umidade para que não se precise regar com muita freqüência; não deve ter um nível excessivo de salinidade, ser atóxico às plantas e estar livre de ervas daninhas. A produção da muda em substrato esterilizado é outra importante vantagem, pois ela é levada para o campo isenta de nematóides e outros fitopatógenos, que poderiam contaminá-la numa sementeira em canteiro (Caetano et al., 2001). De acordo com Cavalcanti et al. (2002), a areia utilizada como substrato é a proveniente dos rios, a mesma utilizada para construção. A areia tem sido utilizada por diversos pesquisadores em ensaios com emergência e crescimento de várias espécies. Em qualquer granulometria, é um importante condicionador da estrutura do solo. Suas propriedades físicas proporcionam condicionamento, do qual vão depender a aeração e a permeabilidade do solo. É vantajoso utilizar areia, por esta ser de baixo custo, fácil disponibilidade e, principalmente permitir boa drenagem do substrato. Câmara (2001), ao avaliar compostos orgânicos como substrato na produção de mudas de alface, afirma que o composto orgânico misto pode substituir com sucesso os substratos comerciais, sendo economicamente viável. O presente trabalho tem como objetivo avaliar o uso de biofertilizante no desenvolvimento de mudas de alface de três cultivares conduzidas em três tipos de substratos. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em casa de vegetação (área coberta de 187,5 m2 e sombreamento de 50%) da UFERSA, município de Mossoró-RN. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados compleHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 tos em esquema fatorial 3 x 3 x 2, com quatro repetições. Os tratamentos resultaram da combinação dos fatores cultivares, substratos e biofertilizante. Para o fator cultivares foram utilizados: C1Babá-de-verão; C2-Grand Rapids e C3Grandes Lagos. Para o fator substratos foram utilizados: S1-areia lavada ou testemunha; S2-composto orgânico misto e S3-substrato comercial Plantmax®. Para o fator biofertilizante, foram utilizados: B0-Sem biofertilizante e B1Com biofertilizante. Cada parcela foi constituída de 32 células. Para a fabricação do biofertilizante, os ingredientes foram adquiridos de abatedouro e do comércio local. A sua formulação, baseada em biofertilizante supermagro fermentado aerobicamente foi: Biofertilizante 1 (B1): 20 Kg de folhas verdes (picadas); 40 L de água; 6 L de leite; 10 L de caldo de cana; 4 kg de cinzas; 2 kg de farinha de osso; 2 kg de calcário dolomítico. 1o dia: colocou-se as folhas na água e acrescentou-se: 3 L de leite, 5 L de caldo de cana, 2 kg de cinzas e 2 kg de farinha de osso, homogeneizou-se bem e deixou-se fermentar. 7o dia: adicionou-se 3 L de leite, 5 L de água com açúcar, 2 kg de cinzas, 2 kg de calcário dolomítico, homogeneizou-se e deixou-se fermentar por mais sete dias. O material utilizado para compor os substratos (composto orgânico misto e areia lavada) foram adquiridos na instituição e submetidos a uma peneiração e a um tratamento térmico com água fervente (100ºC) dois dias antes da semeadura com a finalidade de esterilizá-los. As 24 bandejas de 128 células utilizadas foram limpas usando água corrente e após dois dias foram preenchidas com os diferentes substratos, semeando-as logo em seguida, permanecendo por 24 dias na casa de vegetação. As análises das amostras dos substratos e dos fertilizantes foram feitas no Laboratório de análises de solo, água e planta da UFERSA de acordo com a metodologia de Silva et al. (1998). Os resultados foram: pH: 4,7; 7,50; 8,20 cmolc dm-3; Al3+: 0,20; 0,0; 0,0; Ca+Mg: 22,50; 18,50; 4,00 cmolc dm-3; Na+: 3,54; 0,35; 0,23 cmolc dm-3; K: 1,72; 3,17; 0,23 cmolc dm-3; P: 1047; 447,40; 78,41 mg dm-3; C: 20,6; 36,70; 2,62 g kg-1 para Plantmax®, composto orgânico e areia lavada, respectivamente. As irrigações foram realizadas manualmente, usando regadores com água de poço, duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde. Oito dias após a semeadura foi efetuado o primeiro desbaste, deixando-se uma planta por célula. Foram aplicadas três adubações foliares com o biofertilizante (de acordo com o tratamento). As aplicações foram aos 6; 12 e 18 dias após a germinação. Nesta operação usou-se um pequeno borrifador manual e a concentração de aplicação da solução era de 2,5%. Por bandeja foram aplicados 300 mL de biofertilizante. Retirou-se uma amostra de 20 plantas por parcela e determinou-se pela contagem do número médio de folhas desenvolvidas nas plantas, partindo-se das folhas basais até a última aberta, a contagem foi manual e direta. A altura das plantas (cm) foi determinada medindo-se do colo da planta até a extremidade mais alta, utilizandose uma régua graduada. A medição foi feita em todas as plantas de cada repetição dos 18 tratamentos. O comprimento médio da raiz (cm) foi determinado medindo-se do colo da planta até a extremidade inferior da raiz, utilizando-se uma régua graduada. Lavou-se o substrato na raiz das plântulas em água corrente da torneira. Após, as folhas foram colocadas em sacos de papel e levadas à estufa com circulação de ar forçada à temperatura de aproximadamente 65ºC. Após 72 horas foram retiradas, fazendo-se logo após as pesagens, em balança de precisão analítica, expressas em gramas. Os dados obtidos foram submetidos à Análise de Variância (teste F) e os tratamentos comparados através do teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade pelo programa SISVAR, UFLA. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se efeito significativo para número de folhas e comprimento da raiz em função da cultivar e substratos (Tabela 1). A ‘Babá-deverão’proporcionou maior número de folhas, diferindo estatisticamente das 187 DC Medeiros et al. Tabela 1. Valores médios de número de folhas (NF) e comprimento da raiz (CR) de mudas de alface em função de cultivares e substratos (average values for number of leaves (NL) and root lenght (RL) of lettuce seedlings depending on cultivars and substrates). MossoróRN, UFERSA, 2005. Médias seguidas pelas mesmas letras, nas colunas, não diferem estatisticamente, entre si, pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Tabela 2. Valores médios da interação cultivares x substratos para altura da parte aérea, massa seca da parte aérea e massa seca da raiz (average values for interaction cultivars x substrates for shoot height, shoot dry mass and root dry mass). Mossoró-RN, UFERSA, 2005. Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente, entre si, pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. demais. Com relação ao comprimento da raiz, observou-se que as cultivares Babá-de-verão e Grand Rapids não diferiram estatisticamente entre si, entretanto foram superiores quando comparadas à cultivar Grandes Lagos. Estes resultados são concordantes em parte com os encontrados por Brito (2000) que observou que a cultivar Babá-deverão, apesar de não diferir estatisticamente de ‘Monalisa’ e ‘Elisa’, produziu maior número de folhas por planta, em relação às demais cultivares avaliadas. O composto orgânico proporcionou maior número de folhas e maior comprimento da raiz, superando os demais substratos. Estes resultados são seme188 lhantes aos de Barros Júnior (2001), que constatou s os perioridade dos orgânicos ao comercial em relação ao número de folhas e comprimento da raiz da alface. Apesar dos teores de matéria orgânica do substrato comercial Plantmax® serem superiores aos teores dos demais substratos (Tabela 1), os resultados indicam que o composto orgânico pode substituir com sucesso os substratos comerciais na produção de mudas de alface, com maior eficiência e menores custos. Houve efeito significativo da interação cultivar e substrato para a altura da parte aérea (Tabela 2). No desdobramento, o substrato composto or- gânico proporcionou a maior altura da parte aérea para a cultivar Grand Rapids com relação aos demais substratos. Este resultado está de acordo com Lima (2005) que constatou maior comprimento da parte aérea em mudas de alface cultivadas em composto orgânico e submetidas à adubação foliar com Fertamin. Barros Júnior (2001) constatou que os compostos orgânicos resultaram em maior comprimento da parte aérea em comparação ao substrato comercial. Houve efeito significativo da interação cultivar e substrato para a massa seca da parte aérea (Tabela 2). No desdobramento, o substrato orgânico proporcionou a maior massa seca da parte aérea para a cultivar Grand Rapids. Estes resultados diferiram dos de Souza (1998) que verificou que os teores de massa seca da parte aérea da alface não foram influenciados pelas doses de composto orgânico e pela presença de adubo mineral. Houve efeito significativo da interação cultivar e substrato para a massa seca da raiz (Tabela 2). No desdobramento, o substrato orgânico proporcionou a maior massa seca da parte aérea para a cultivar Grand Rapids. Não se observou interação significativa do biofertilizante com os tipos de substrato e cultivares e nem com fator isolado em relação às características avaliadas. Lima (2005) ao contrário, verificou que o fertilizante organo-mineral comercial Fertamin apresentou os melhores resultados para massa seca da parte aérea, número de folhas e massa seca da raiz em mudas de alface e, dentre os biofertilizantes, destacaram-se aqueles que tinham em sua composição calcário dolomítico e farinha de osso. Em relação às variáveis analisadas, a cultivar Grand Rapids, cultivada no substrato composto orgânico, foi a que obteve melhor desempenho. Não houve influência do biofertilizante nas características avaliadas. REFERÊNCIAS AMBROSANO E. 1999. Agricultura ecológica. 2º Simpósio de agricultura ecológica e 1º encontro de agricultura orgânica. GUAIBA: Agropecuária, 398p. Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Qualidade de mudas de alface em função de substratos com e sem biofertilizante BARROS JÚNIOR AP. 2001. Diferentes compostos orgânicos como substrato na produção de mudas de pimentão (Capsicum annumm L.). Mossoró: ESAM. 31p. (Monografia graduação). 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Adubação nitrogenada e potássica do Aster ericoides cultivado em solo sob estufa. Horticultura Brasileira 26: 190-193. Adubação nitrogenada e potássica do Aster ericoides cultivado em ambiente protegido Mônica Sartori de Camargo1*; Simone da Costa Mello2; Quirino Augusto de Camargo Carmello2 1 APTA Pólo Centro Sul-UPD Tietê, C. Postal 18, 18530-000, Tietê-SP; 2USP-ESALQ, C. Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP; [email protected] RESUMO ABSTRACT O Aster ericoides é uma flor de corte recentemente introduzida no Brasil com grande potencial de produção e aceitação pelo mercado consumidor, mas são escassas as informações sobre o manejo da adubação, prática fundamental para desenvolvimento e qualidade da planta. O objetivo deste trabalho foi avaliar adubações nitrogenadas e potássicas na produção e absorção de nutrientes pelo Aster ericoides (White Master) cultivado em Latossolo Amarelo eutrófico em condições de estufa. O experimento foi instalado em delineamento de blocos completos em esquema fatorial (4x4) com 4 doses de N (0; 50; 75 e 100 kg ha-1 N), 4 doses de K (0; 52; 78; 104 kg ha-1 K2O) e 4 repetições no segundo ciclo da planta. A população foi de 400 mil plantas por hectare. Após 105 dias, foram colhidas dez hastes de cada parcela. A produção de matéria seca de hastes e folhas, número de flores por haste, número de ramificações laterais por haste não foram influenciadas pelos tratamentos. A dose de 46 kg ha-1 de N proporcionou máxima produção de matéria seca de flores (19,40 g planta-1) e a adubação com potássio não influenciou as características avaliadas. Estes resultados mostraram que é preciso ser cauteloso com as altas adubações de N e K no solo estudado para não reduzir a produção de matéria seca de flores. Mais estudos sobre a fertilização nitrogenada e potássica devem ser realizados para definir a recomendação de doses adequadas para o cultivo de Aster ericoides em condições tropicais. Nitrogen and potassium fertilization of Aster ericoides cultivated in greenhouse Palavras-chave: floricultura, Latossolo, nutrição mineral, estufa. The Aster ericoides is a cut flower crop recently introduced into Brazil. It has great production potential and acceptation by consumer market but exist little information about fertilization management, essential to its development and quality. In this work we evaluated the nitrogen and potassium fertilization on dry matter yield and nutrient absorption by Aster ericoides (White Master) growing in a Typic Hapludox soil under greenhouse conditions. The experiment was set up in a completely randomized design factorial scheme (4 x 4) with 4 rates of N (0; 50; 75 and 100 kg ha-1 N), 4 rates of K (0; 52; 78; 104 kg ha-1 K2O) and 4 replicates at second cycle of culture. The population was maintained at 400,000 plants per hectare. After 105 days, ten stems of each plot were harvested. The stem and leaf dry matter production, number of flowers in each stem and number of principal lateral shoots in each stem were not influenced by treatments. The rate of 46 kg ha-1 of N resulted in maximum flower dry matter production (19.40 g plant-1) and potassium fertilization did not influence the evaluated characteristics. These results showed how necessary it is to be careful with N and K fertilization in this type of soil, to avoid reduced flower dry matter production. More studies about nitrogen and potassium fertilization should be done to define adequate recommendations for Aster ericoides planting under tropical conditions. Keywords: floriculture, Oxisoil, mineral nutrition, greenhouse. (Recebido para publicação em 11 de dezembro de 2006; aceito em 23 de abril de 2008) O Aster ericoides está, há alguns anos, presente no mercado de flores-de-corte em vários países como Holanda (Bartels, 1998), Itália (Farina et al., 2000) e Brasil (Camargo, 2001). Ele é utilizado em arranjos florais por suas características de arquitetura similares com a gypsofila. Aliado a essa aceitação pelo mercado consumidor, seu potencial de produção está associado à sua adaptabilidade climática, elevado potencial produtivo (Arruda et al., 1996) e resistência ao transporte, que são maiores que da gypsofila, podendo substituíla em alguns casos. É uma planta semiperene, altamente influenciada pela temperatura e fotoperíodo (Wallerstein et al.,1992; Farina et al., 1994). O plantio dessa es190 pécie é feito por meio de mudas e, em média, após quatorze semanas é obtida a primeira colheita. Após isso, a densidade populacional é reduzida e feita adubação via fertirrigação e, posteriormente, a colheita do segundo ciclo. É possível a obtenção de até três ciclos durante o ano, dependendo da cultivar utilizada e do clima. A expansão da cultura ainda enfrenta a carência de informações, principalmente quanto à adubação, a qual é praticada com base em recomendações de outros países ou outras espécies como gipsofila, crisântemo, Callistephus chinensis, que podem apresentar diferentes necessidades nutricionais. No Brasil, são escassas as informações sobre curvas de resposta do nitrogênio e potássio em solos de alta fertilidade, os quais são freqüentemente utilizados para o cultivo de plantas ornamentais. Vários trabalhos têm mostrado respostas às doses de N e K. Para o Callistephus chinensis, Arora & Saini (1976), estudando doses de N (0; 200; 300 e 400 kg ha-1 N) em solo franco arenoso com 5 kg de esterco e 120 kg ha-1 K2O, obtiveram melhor qualidade e número de flores com 200 kg ha -1 N. Maheswar (1978), estudando doses de 60, 120 e 180 kg ha-1 N, também obtiveram melhor produção dessa cultura na dose mais alta. Para o crisântemo, Vijayakumar et al. (1988) estudaram o efeito da densidade (333333; 166666 e 111111 plantas ha-1) e do N (180; 240 e 340 kg ha-1 N), obtendo maior produHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Adubação nitrogenada e potássica do Aster ericoides cultivado em solo sob estufa ção de flores (12,3 t ha-1) com 333333 plantas ha-1 e 300 kg ha-1 N. Para o estado de São Paulo, Tombolato et al. (1997) recomendam, além do esterco (40 L m-2), 350 kg ha-1 N para 700.000 plantas ha-1 para crisântemo e 5 a 10 t ha-1 de esterco e 150 kg ha-1 de N para 50.000 plantas de gipsofila. Quanto ao K, Molina et al. (1991), estudando o efeito de doses de 0; 125; 250; 375 e 500 kg ha-1, obtiveram 250 kg ha-1 de K2O como melhor tratamento para gipsofila. Kageyama et al. (1993), baseados em séries de experimentos com crisântemo cultivado em hidroponia recomendaram 250 a 300 kg ha-1 de K2O. No estado de São Paulo, Tombolato et al. (1997) recomendam para crisântemo e gipsofila doses de 200 a 300 e 140 a 180 kg ha-1 K2O, respectivamente. Para o Aster ericoides são escassas as informações sobre adubação. Assim, o objetivo foi avaliar o efeito de adubações nitrogenadas e potássicas na produção e absorção de nutrientes no segundo ciclo de Aster ericoides cultivado em solo sob estufa. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado durante o segundo ciclo do Aster ericoides, cultivado em Latossolo Amarelo eutrófico (Embrapa, 1999) sob ambiente protegido, em Santo Antônio de Posse (SP). A cultivar White Master foi escolhida por apresentar flores de cor branca, que são de maior aceitação pelo mercado consumidor brasileiro. Após aração, foi feita a aplicação de 0,5 t ha-1 de calcário. As plântulas foram obtidas através da semeadura direta em bandejas de poliestireno expandido feita em 13/01/99, com substrato à base de casca de pinus, em condições de estufa com sombrite. O transplantio das mudas para os canteiros ocorreu trinta dias após a semeadura, totalizando 600 mil plantas por hectare. O corte do meristema apical (pinching) foi feito aos sete dias após o transplantio, quando as plantas apresentavam 7 a 10 cm de altura e, no mínimo, três folhas expandidas. A colheita do primeiro ciclo da cultura foi feita em 01/05/99. Logo após a colheita, foi realizado o desbaste, permanecendo 400.000 planHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figura 1. Massa seca das flores de Aster ericoides como variável das doses de N aplicadas ao solo (Dry matter of flowers of Aster ericoides as variable of nitrogen rates applied to soil). Santo Antônio de Posse-SP, USP-ESALQ, 1999. tas ha-1. Foram retiradas amostras de solo, anterior à instalação dos tratamentos, revelando: matéria orgânica=37,5 g dm-3, P(resina)=398 mg dm-3, K, Ca e Mg respectivamente 6,5; 82,3 e 17,3 mmolc dm-3; H+Al=20,5 mmolc dm-3; pH(CaCl2)=6,2; CTC= 126,9 mmolc dm-3; V=83,7%. Foi empregada a metodologia usada pelo Instituto Agronômico de Campinas (Raij et al., 1997). Os tratamentos foram instalados no segundo ciclo da cultura em blocos casualizados e esquema fatorial 4 x 4 com doses de N (0; 50; 75; 100 kg ha-1 N) e de K (0; 52; 78; 104 kg ha-1 K2O) e 4 repetições. Esses tratamentos foram constituídos de doses suplementares de N e K à adubação feita pelos produtores no segundo ciclo, a qual foi feita através de fertirrigação por aspersão. A quantidade total de fertilizantes, incluindo os tratamentos, foi de 87; 137; 162; 187 kg ha-1 de N e de 76; 126; 154 e 180 kg ha-1 de K2O. Além disso, todas as parcelas receberam a adubação de 89 kg ha-1 de Ca, 5 kg ha-1 de Mg e 12 kg ha-1 de S. A área experimental foi composta por quatro canteiros, dispostos um ao lado do outro, sendo que cada um deles apresentava 1,2 de largura por 48,0 de comprimento. Os dois canteiros centrais foram divididos em 4 blocos. Nos blocos, foram instaladas as parcelas experimentais. Cada parcela foi constituída de 1,2 de largura por 1,0 m de comprimento. As plantas foram tutoradas com malha de 0,13 x 0,13 m e para induzir a elongação das hastes durante o período de crescimento foram utilizadas lâmpadas de 100 W, espaçadas de 1,5 m e à altura de 2,0 metros do canteiro. Durante as oito primeiras semanas, as lâmpadas permaneceram 10 minutos acesas e 20 minutos apagadas das 21 às 5 horas. Para a indução do florescimento foi feito o escurecimento da estufa, totalizando 13 horas de escuro durante cinco semanas. Foram colhidas 12 hastes ao acaso em cada parcela em 12/08/99, quando as plantas apresentavam mais de 50% de abertura floral, sendo realizadas as contagens das ramificações laterais principais por haste e o número de flores por haste. O material vegetal foi dividido em hastes, folhas e flores e foi colocado em estufa com circulação forçada de ar à 65oC, até atingir peso constante. Após a moagem, foi realizada a análise química para a determinação dos teores de nutrientes pelos métodos da digestão sulfúrica e nítrico-perclórica (Malavolta et al., 1997). Para a produção de matéria seca (flor, folha e haste), número de flores e de ramificações laterais por haste e acúmulo de N e K foi aplicado o teste F para análise de variância e a análise de regressão polinomial com o auxílio do programa SAS (SAS Institute, 1996). RESULTADOS E DISCUSSÃO O número de flores e de ramificações laterais por haste foi de 178,11 e 191 MS Camargo et al. Figura 2. Acúmulo de nitrogênio pelas flores de Aster ericoides como variável das doses de N aplicadas ao solo (Nitrogen accumulated by flowers as variable of nitrogen rates applied to soil). Santo Antônio de Posse-SP, USP-ESALQ, 1999. Figura 3. Acúmulo de K pelas hastes de Aster ericoides como variável das doses de N aplicadas ao solo (Potassium accumulated by stems of Aster ericoides as variable of nitrogen rates applied to soil). Santo Antônio de Posse-SP, USP-ESALQ, 1999. 36,94, respectivamente. A massa seca das hastes, folhas e total foi de 35,00; 10,76 e 64,36 g planta-1, respectivamente. Essas variáveis não foram influenciadas pelas adubações nitrogenada e potássica. Esses resultados foram maiores que a massa seca total obtida por Sonneveld et al. (1999) e por Camargo et al. (2005), cujos valores encontrados foram de 28,00 e 24,00 g planta-1, respectivamente. Camargo et al. (2004) também obtiveram resultados inferiores, de 11,96 g planta-1 para o Aster ericoides cultivado em solução nutritiva. Para a produção de massa seca das flores, ajustou-se uma equação de regressão quadrática em função da adu192 bação nitrogenada (Figura 1), sendo que o ponto máximo ocorreu com a adição de 46 kg ha-1, decrescendo a partir desse valor. O mesmo comportamento foi observado para o acúmulo de N nas flores, que foi crescente até a dose de 51 kg ha-1 N (Figura 2). Esses resultados mostraram que o Aster ericoides responde à adubação nitrogenada, mesmo em solo de alta fertilidade. Apesar do alto teor de matéria orgânica do solo (37,50 g dm-3), que poderia fornecer N às plantas, o N dessa fonte pode não estar prontamente disponível (Kiehl, 1979) em quantidade suficiente para atender a demanda da planta, que é de ciclo relativamente curto. Cabe ressaltar que a comercialização do Aster ericoides é feita em maços de 300 g e o aumento na quantidade de matéria seca das flores é desejável, pois resulta em maior rendimento do produtor. Nesse experimento, a massa seca das flores correspondeu a 11,7% da massa seca total, sendo que, em média, as flores acumularam 40% do N extraído pela parte aérea. A influência das adubações nitrogenadas na massa seca das flores e no acúmulo de N nesses órgãos pode ser explicada pela sua alta mobilidade na planta, sendo direcionado para os órgãos em crescimento com metabolismo intenso, como as flores (Marschner, 1995). As doses de N utilizadas nos tratamentos, somadas àquela utilizada pelo produtor no segundo ciclo, corroboram com as recomendadas por Tombolato et al. (1997) para gipsofila e com os resultados obtidos para maior produção de flores de Callistephus chinensis (Arora & Saini, 1976; Maheswar, 1978). Foram, porém, inferiores às sugeridas para o crisântemo (Tombolato et al.,1997; Vijayakumar et al.,1988). Joiner & Smith (1962), também, observaram que doses mais altas de N (200-300 kg ha-1 N) associados ao nível de K mais baixo causaram redução da produção de flores de crisântemo. A adubação potássica não apresentou influência sobre a produção de matéria seca de flores, folhas e hastes, número de flores e de ramificações laterais por haste e acúmulo de N e K do Aster ericoides, possivelmente em virtude do alto teor desse elemento no solo (6,3 mmolc dm-3). As concentrações médias dos nutrientes nas folhas para o N, P, K, Ca, Mg e S foram, respectivamente: 19,06; 3,59; 43,00; 16,00; 34,16; 2,91; 2,33 g kg-1. Esses valores estão dentro das faixas consideradas adequadas para o Aster ericoides (Jones Jr et al., 1996), sugerindo que as adubações nitrogenadas e potássicas não causaram desequilíbrio nutricional para as plantas. Houve interação significativa entre o N e K para a absorção de K pelas hastes. A resposta ao acúmulo de K nas hastes foi quadrática na dose K0 (76 kg ha-1 K2O, adubação do produtor), sendo que o valor máximo ocorreu com a aplicação de 51 kg ha-1 de N, decrescendo a Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Adubação nitrogenada e potássica do Aster ericoides cultivado em solo sob estufa partir disso (Figura 3). Entretanto, esse comportamento não se repetiu para a massa seca das hastes. Embora o acúmulo de potássio nas hastes não tenha se refletido em produção, as quantidades requeridas para uma melhor qualidade das plantas são mais altas que as necessárias para o máximo de produção (Papadopoulos, 1996). É preciso ser cauteloso com as altas adubações com nitrogênio para não reduzir a produção de flores em solos de alta fertilidade, conforme mostraram os resultados do presente experimento. A máxima de matéria seca de flores foi obtida com 46 kg ha-1 N e não a maior dose aplicada. A recomendação de adubação em cobertura de N e K deve levar em consideração as quantidades já disponíveis desses elementos no solo. Mais estudos sobre a fertilização nitrogenada e potássica devem ser realizados para maiores informações sobre o Aster ericoides em condições tropicais. AGRADECIMENTOS À FAPESP pela concessão da bolsa de doutorado à primeira autora e à Fazenda Terra Viva, localizada em Santo Antônio de Posse (SP), pelo apoio técnico e concessão da área experimental. REFERÊNCIAS ARRUDA ST; OLIVETTE MPA; CASTRO CEF. 1996. Diagnóstico da floricultura do estado de São Paulo. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental 2: 1-18. ARORA JS; SAINI SS. 1976. A note on the effect of different levels of nitrogen and plant densities on the flower production in Aster (Callistephus chinensis). Haryana Journal of Horticultural Science 5: 96-97. Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 BARTELS S. 1998. Cultural description of Aster ericoides. [email protected] (20 May. 1998). 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Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback moth Dirceu Pratissoli; Ricardo A Polanczyk; Anderson M Holtz; Leandro P Dalvi*; Alexandre F Silva¹; Luciano N Silva UFES–CCA, Lab. Entomologia, C. Postal 16, 29500-000 Alegre-ES; *Corresponding author; [email protected] ABSTRACT RESUMO Biological characteristics of the egg parasitoids Trichogramma acacioi, T. atopovirilia, and T. bennetti were studied to select the one with better performance on the control of the Diamondback moth, Plutella xylostella. Parasitism rate, viability, and sex ratio were studied. Parasitism rate ranged from 1.67 to 41.33%. T. atopovirilia and T. acacioi were respectively the most and less aggressive species. The viability ranged from 6.20% for T. acacioi to 53.34% for T. atopovirilia. There were no differences on sex ratio (P < 0.05) that remained above 0,88. T. atopovirilia was the species with best performance in the laboratory when rearing on the Diamondback moth eggs. Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da traça-das-crucíferas Keywords: Plutella xylostella, biological control, egg parasitoids, parasitism, sex ratio, viability. Palavras-chave: Plutella xylostella, controle biológico, parasitóide de ovos, parasitismo, agressividade, razão sexual. Foram estudados os aspectos biológicos das espécies Trichogramma acacioi, T. atopovirilia e T. bennetti, com o objetivo de selecionar aquela com melhor desempenho, para utilização no controle da traça-das-crucíferas, Plutella xylostella. As características biológicas avaliadas foram parasitismo, viabilidade e razão sexual. A taxa de parasitismo variou entre 1,67 e 41,33%, sendo o maior valor observado para o T. atopovirilia e, o menor, para T. acacioi. A viabilidade variou entre 6,20% para T. acacioi a 53,34% para T. atopovirilia. Não houve diferença significativa para a razão sexual, (P<0,05), que ficou acima de 0,88. T. atopovirilia foi a espécie de melhor desempenho em laboratório quando criada sobre ovos da traça-das-crucíferas. (Recebido para publicação em 27 de novembro de 2007; aceito em 11 de abril de 2008) T he Diamondback moth, Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae), is a cosmopolitan microlepdoptera. It is the most important pest for crucifer crops, particularly for cabbage. In a global range, the Diamondback moth causes production losses up to 60%. For this reason, the use of control measures to keep the pest population below the damage level is unavoidable (Imenes et al., 2002). The Diamondback moth control is complex due to the all year round presence of cabbage fields, which guarantees abundant and continuous forage to the pest. In addition, the feeding behavior inside the cabbage heads gives larvae an extra protection (Imenes et al., 2002). Traditionally, the Diamondback moth is controlled by chemical insecticides. Up to four weekly sprays are carried out in the fields, using different active principles, either as a single ingredient or in mixes, which favors the breeding of pest resistant populations (Villas Boas et al., 2004). The intensive use of chemicals can also result in a 194 resurgence of the target-pest, as well as give rise to new pests. The bulk of these chemicals has a high level of both biological action and environmental persistence, with potential to cause harm to consumers and workers engaged in the production process (Pereira et al., 2004a). The high socio-economic cost of traditional insecticides opens a door to the search for alternatives to pest control that combine efficiency and ecological compatibility. The use of biological agents is a relevant tool in the development of integrated pest management programs, which are an option to reduce the insecticide use in the Diamondback moth control. The insects of the Trichogramma genus are a promising alternative as biological agents. Trichogramma are microhymennoptera that parasitize eggs of countless agricultural and forestry pests, mainly Lepidoptera. These insects are under use in biological control programs of a number of crops, in inundative releases, in about 23 countries (Hassan et al., 1998). According to Haji et al. (2002), the use of Trichogramma is experiencing a mounting growth in latest years. Their mass production is easy and cheap and, with large amounts of Trichogramma at hand, inundative releases can quickly suppress the pest in a step prior to crop damage. To achieve good results with natural enemies, it is important to know their biological characteristics when in interaction with the target host. The selection of the most adequate parasitoid species is vital for any program of biological control (Parra et al., 2002). The objective of this work was to study the development of Trichogramma acacioi (Brun, Moraes & Soares), T. atopovirilia (Oatmam & Platiner), and T. bennetti (Nagaraja & Nagarkatti) using the Diamondback moth as host, aiming at the identification of the most suitable species for use in programs of biological control of this pest. MATERIAL AND METHODS The experiment was carried out at the Entomology Sector, at the Nucleus Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback moth for Scientific and Technological Development on Phytosanitary Management (NUDEMAFI), located at the Center for Agricultural Sciences of UFES (CCA-UFES), in Alegre, ES. During the experiment, the temperature was kept at 25±1°C and, the relative humidity, at 70±10%. A 14-hour photoperiod was used. The Diamondback moth eggs were obtained from mass-rearing, according to the methodology adopted by Barros & Vendramin (1999). The rearing and multiplication of the Trichogramma species were based on the methodology described by Parra et al. (1997), adapted to the conditions of the Entomology Sector at the NUDEMAFI. The species T. acacioi, T. atopovirilia, and T. bennetti were evaluated, using 75 nearborne females, 25 from each species. Individual females were placed in glass tubes (8.5 x 2.4 cm), closed with PVC film. In each tube, we introduced a azure cardboard (3,5 X 0,5cm) containing 30 P. xylostella eggs, with less than 12 hours of age. Eggs were collected from collard leaf disks using a moistened thin hairy brush, and then glued in the cardboards with Arabic gum at 10%. At the end of 24 hours, females were removed from the tubes, which were kept in an acclimatized chamber (25±1°C, 70±10% RH, and 14-hour photoperiod) until adults’ emergence. For all the species studied, parasitism rate, viability, and sexual ratio were assessed. The experiment was carried out in a completely randomized design. Data were submitted to the analysis of variance and means were compared by the Tukey test, P < 0.05. RESULTS AND DISCUSSION There were significant differences among the three Trichogramma species when reared on the Diamondback moth. The parasitism rate varied from 1.67, for T. acacioi, to 41.33%, for T. atopovirilia (Table 1). Differences in the parasitism rate occur due to the direct dependence of parasitism potential on the parasitoid species and/or strain, host, and environmental conditions (Hassan, 1997). Bleicher & Parra (1990), in a study with three T. pretiosum strains, Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Table 1. Parasitism rate, viability, and sexual ratio of Trichogramma atopovirilia, T. bennetti, and T. acacioi reared in Plutella xylostella eggs (Taxa de parasitismo, viabilidade e razão sexual de T. atopovirilia, T. bennetti, e T. acacioi criados em ovos de Plutella xylostella). Alegre, UFES, 2006. Means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey test, P < 0.05 (médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, teste de Tukey, p<0,05); 1/Means are followed by the standard means error (as médias são seguidas pelo erro-padrão da média); 2/Lab conditions to rear the Trichogramma were 25±1°C, RH = 70±10%, and 14-h photoperiod (as condições de laboratório para a criação do Trichogramma foram 25±1°C, UR = 70±10% e fotoperíodo de 14 h) observed that a population from Goiânia attacked twice more eggs of Anagasta kuehniella (Zeller) (Lepidoptera: Pyralidae) than a population from Iguatu. Bezerra & Parra (2004), when evaluated the biology and parasitism of T. atopovirilia and T. pretiosum in eggs of Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera, Noctuidae), also observed differences: T. atopovirilia show better acceptability and parasitism capacity over the host than T. pretiosum. Viability also differed significantly (P < 0.05) among Trichogramma species, ranging from 6.20%, for T. acacioi, to 53.34%, for T. atopovirilia (Table 1). Trichogramma viability is a factor closely related to the parasitoidhost affinity (Bezerra & Parra, 2004). In Trichogramma production, quality control considers viability as satisfactory when the rate of borne adults exceeds 85% (Navarro, 1998). Thus, the species used in the present study expressed low affinity to the host. Gonçalves et al. (2003), when assessing the quality of T. pretiosum reared in Sitotroga cerealella (Oliver) (Lepidoptera: Gelechiidae) eggs, observed viability levels above 89%, which denotes host quality and species affinity. The sexual rate was similar in the three Trichogramma species, with values above 0.88 (Table 1). Considering that the quality control on Trichogramma production requires a sexual rate equal or above 0.5 (Navarro, 1998), the three species meet the criterion. These species are well-adapted to lab conditions, since they already produced several generations in such environment. Therefore, sexual rates are high (Pereira et al., 2004b), differing from the results reported by Navarro & Marcano (1999) for T. atopovirilia and T. pretiosum fed in eggs of Helicoverpa zea (Bod.) (Lepidoptera: Noctuidae), respectively 0.56 and 0.49. Among the studied species, T. atopovirilia had the strongest affinity to the Diamondback moth for use in programs of biological control. T. atopovirilia showed the highest egg parasitism and viability, and a satisfactory sexual rate. REFERENCES BARROS R; VENDRAMIN JD. 1999. Efeito de cultivares de repolho, utilizadas para criação de Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae), no desenvolvimento de Trichogramma pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Anais da Sociedade Entomológica do Brasil 28: 469- 476. BEZERRA EB; PARRA JRP. 2004. 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Produção Vegetal, Rodovia Prof. Paulo Donato Castellane s/n, 14884-900 Jaboticabal-SP; [email protected] RESUMO ABSTRACT Objetivou-se com este trabalho avaliar cinco cultivares de melão rendilhado em dois sistemas de cultivo quanto às características produtivas. O experimento foi instalado em casa de vegetação na UNESP-FCAV, em Jaboticabal-SP, de novembro/05 a fevereiro/06. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, em esquema fatorial 5 x 2, com quatro repetições. Os fatores avaliados foram cinco híbridos de melão rendilhado (Maxim, Bônus nº2, Shinju 200, Fantasy e Louis) e dois sistemas de cultivo (no solo e em substrato a base de fibra da casca de coco). Após a colheita, foram avaliados a produção por planta (kg planta-1); diâmetro transversal (DTF) e longitudinal (DLF) do fruto, em mm; índice de formato do fruto (IFF); diâmetro transversal (DTL) e longitudinal (DLL) do lóculo, em mm; índice de formato do lóculo (IFL); diâmetro de inserção do pedúnculo (DIP), em mm; e espessura do mesocarpo (EM), em mm. Não se verificou interação significativa entre os fatores avaliados. O cultivo em substrato proporcionou maior produtividade por planta em relação ao cultivo no solo (2,51 e 1,52 kg planta-1, respectivamente), tendo a cultivar Fantasy (2,44 kg planta-1) o melhor desempenho entre as cultivares, não diferindo de Louis e Maxim. Para as características DIP, DTL e EM, foram verificados melhores desempenhos em plantas cultivadas em substrato. Para as características DTF, DLF, IFF e DLL não foram encontradas diferenças entre os sistemas de cultivo. Assim, o cultivo em substrato se destacou em relação ao cultivo no solo, tendo a cultivar Fantasy apresentado melhor desempenho comparada a Shinju 200 e Bônus nº2. Performance of net melon cultivars depending on the cultivation system Palavras-chave: Cucumis melo var. reticulatus, cultivo protegido, fibra da casca de coco, produção. In this study the productive characteristics of five net melon cultivars, using two different cultivation systems were evaluated. The study was conducted in a greenhouse from November/05 to February/06. The experiments were carried out using randomized complete block design with a 5 x 2 factorial scheme and four repetitions. The evaluated factors were five net melon hybrids (Maxim, Bônus 2, Shinju 200, Fantasy and Louis) and two cultivation systems (in the soil and in substrate of coconut husk fiber). After harvest we evaluated the production per plant (kg planta-1); transverse (DTF) and longitudinal diameters (DLF) of fruit, in mm; format index of fruit (IFF); transverse (DTL) and longitudinal diameters (DLL) of locule, in mm; format index of locule (IFL); insertion diameters of the grain stalk (DIP), in mm; and mesocarp thickness (EM), in mm. No interactions were observed among the studied factors. The cultivation in substrate provided better performance when compared to cultivation in soil (2.51 and 1.52 kg planta-1, respectively), where the cultivar Fantasy (2.44 kg plant-1) presented the best performance among cultivars, but not differing from Louis and Maxim. For the characteristics DIP, DTL and EM, a better performance was observed in plants cultivated in substratum. For the characteristics DTF, DLF, IFF and DLL no interactions were observed among the cultivation systems. Therefore, the cultivation in substrate stood out in relation to cultivation in the soil, the cv. Fantasy showing better performance than Shinju 200 and Bonus 2. Keywords: Cucumis melo var. reticulatus, greenhouse, coconut fiber, production. (Recebido para publicação em 18 de dezembro de 2006; aceito em 14 de abril de 2008) O melão (Cucumis melo L.) é uma espécie olerícola muito consumida e de grande popularidade no mundo. No ano de 2005 o Brasil produziu 190 mil toneladas de melão (FAO, 2006), apresentando fortes tendências de crescimento em função do consumo interno e das exportações. Na literatura encontra-se pouca informação relativa à quantidade de área plantada com melões do grupo reticulatus no Brasil, uma vez que a maior expressividade de plantio ocorre para o melão do grupo inodorus. Os melões do tipo amarelo são os mais plantados no Brasil, chegando a ocupar 70% das áreas com a cultura, Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 embora esteja ocorrendo gradativo aumento no cultivo de melões, considerados como nobres, nas últimas safras, estando entre estes os rendilhados (Brasil, 2003). Estes melões apresentam vantagens comerciais em relação ao tipo amarelo, como maior preferência do consumidor, boa cotação comercial e cultivo em pequenas áreas com boa lucratividade (Rizzo, 2004). O consumo destes melões também está relacionado ao teor de sólidos solúveis, responsáveis pelo sabor, e ao aspecto visual, que os diferenciam dos outros tipos de melões existentes no mercado. A qualidade nutricional, também, tem contribuído favoravelmente para o consumo destes, pois são boas fontes de betacaroteno (Lester, 1997). As condições climáticas favoráveis e a evolução das técnicas de cultivo têm possibilitado a melhoria da qualidade da produção brasileira de melão. Além disso, a produção na época de entressafra de outros países também vem facilitando a ampliação do mercado nacional no exterior (Negreiros et al., 2003). O plantio de melões rendilhados concentra-se nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, caracterizando-se por cultivos efetuados em casas de vegetação, sendo que estes vêm aumentando nos últimos anos (Purquerio, 2002), principalmente, nos estados do Paraná e São Paulo como 197 PF Vargas et al. opção rentável neste tipo de cultivo (Roselato, 1997; Alves, 2000). A crescente demanda por hortaliças de alta qualidade e ofertadas durante o ano todo tem contribuído para o investimento em novos sistemas de cultivo, que permitam produção adaptada a diferentes regiões e condições adversas do ambiente (Carrijo et al., 2004). Boa parte dos produtores pratica o cultivo no solo, em áreas cobertas por túneis altos ou casas de vegetação. Entretanto, avança significativamente a quantidade de unidades produtivas que estão aderindo ao cultivo em recipientes usando substratos, tendo em vista a praticidade do manejo, a economia em biocidas, a melhoria da qualidade dos produtos, o padrão das plantas produzidas e o resultado destas mudanças na comercialização do produto final (Kämpf, 2002). O cultivo em substratos com a utilização de fertirrigação promove o incremento de produtividade e da qualidade dos frutos produzidos, pois fornece às plantas quantidades de nutrientes adequadas para cada estádio de desenvolvimento da cultura. Neste contexto, surge como uma boa alternativa de aproveitamento de resíduos, a fibra da casca de coco, um resíduo da indústria, que vem sendo introduzido, para uso agrícola, sendo um produto renovável e ecologicamente correto (Charlo, 2005). Por ser uma técnica de cultivo recente, são escassos na literatura, trabalhos que visam comparar o sistema de produção de melão rendilhado em substrato com o cultivo em solo, sob casa de vegetação. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a produção de cultivares de melão rendilhado, em função do sistema de cultivo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação, na UNESP em Jaboticabal. A casa de vegetação utilizada para os cultivos das plantas é do tipo arco, com 50 x 6 m, pé direito de 3,5 m, e tela de proteção lateral. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, em esquema fatorial 5 x 2, com quatro repetições. Os fatores avaliados foram cinco híbridos de me198 lão rendilhado, Maxim, Bônus n°2, Shinju 200, Fantasy e Louis e dois sistemas de cultivo, no solo e substrato (fibra da casca de coco). Cada parcela foi constituída por uma linha de 2,5 m, com cinco plantas, no espaçamento de 1,0 m entrelinhas e 0,5 m entre plantas. A semeadura foi em novembro/05, utilizando bandejas de poliestireno expandido com 128 células, preenchidas com substrato Plantmax HT®. O transplante para a casa de vegetação foi realizado quando as mudas apresentavam a primeira folha definitiva (11 dias após semeadura). Análise química do local do experimento, realizada na UNESP-FCAV, apresentou: pH em CaCl 2 =6,3; MO=18,0 g dm-3; Presina=54,0 mg dm-3; K=2,8 mmolc dm-3; Ca=62,0 mmolc dm3 ; Mg=30,0 mmol c dm-3; H+Al=22,0 mmol c dm -3 ; SB=70,1 mmol c dm -3 ; T=99,6 mmolc dm-3; V%=81,0. A adubação de plantio no sistema em solo foi realizada de acordo com a análise de solo e constou de 30 kg ha-1 de N, 60 kg ha -1 K 2 O e 180 kg ha -1 de P 2 O 5 , fornecidas através de 150 kg ha-1 de sulfato de amônio, 103,5 kg ha-1 de cloreto de potássio e 1125 kg ha-1 de superfosfato simples, respectivamente. Foram efetuadas quatro adubações em cobertura, sendo a primeira aos 15 dias após o transplante, e as demais em intervalos de 15 dias, totalizando 80 kg ha-1 de N e 80 kg ha-1 K2O, através de 400 kg ha-1 do formulado 20-00-20 (Raij et al. 1997). As irrigações foram feitas por gotejamento conforme a necessidade e estádio de desenvolvimento da cultura. Já para o cultivo em substrato, foi utilizado fibra da casca de coco Golden Mix® Misto 98, com as características físicas: porosidade total de 94%, capacidade de aeração de 35%, capacidade de retenção de água disponível 41% (Amafibra, s.d.). E as características químicas: pH 5,1; condutividade elétrica 1,0 dS m-1; N-nitrato 8,1 mg L-1; fósforo 53,0 mg L-1; cloreto 44,6 mg L-1; enxofre 92,1 mg L-1; N-amônia 17,7 mg L-1; potássio 270,1 mg L-1; sódio 12,6 mg L-1; cálcio 9,9 mg L-1; magnésio 6,6 mg L-1; boro 0,5 mg L-1; cobre 0,1 mg L -1; ferro 0,4 mg L -1 ; manganês 0,1 mg L-1; e, zinco 0,5 mg L-1. O substrato foi previamente umedecido na proporção de 30 L de água para cada 100 L de substrato, posteriormente foi realizado o preenchimento dos vasos que continham 31,3 e 22,1 cm de diâmetro na parte superior e inferior, respectivamente, 27,5 cm de altura e capacidade total de 13,0 dm3. Foi utilizada irrigação por gotejo com solução nutritiva recomendada para a cultura por Castellane & Araújo (1994), onde se forneceu 900 g de nitrato de cálcio, 455 g de nitrato de potássio, 22 g de sulfato de potássio, 170 g de fosfato de potássio, 246 g de sulfato de magnésio, 22 g de Fe-DTPA, 2,54 g de sulfato de manganês, 1,90 g de bórax, 1,15 g de sulfato de zinco, 0,12 g de sulfato de cobre, 0,12 g de molibtado de sódio, para cada 1000 L de água. Esta foi mantida com pH 6,0±0,5 e condutividade elétrica 1,8±0,2 dS m-1. A fertirrigação foi controlada por um temporizador, tendo início às 7 horas e término às 18 horas. Quando as plantas estavam na fase inicial, foram realizados um pulso de 5 minutos a cada hora; com o desenvolvimento da cultura, o período foi aumentando, chegando ao final do ciclo com 15 minutos a cada hora. A vazão do gotejador utilizado para irrigação foi de 14 mL/min. O tutoramento das plantas foi feito com fitilhos plásticos presos a arames localizados rente ao solo e a 2,0 m de altura. Quando a planta atingiu máxima altura foi realizada capação, sendo conduzida uma planta por vaso e uma haste por planta com dois frutos. Foram realizadas desbrotas até o 10º entrenó, posteriormente foram deixados brotos laterais onde foram conduzidos os frutos e após a fixação destes, deu-se continuidade às desbrotas. O controle de pragas e doenças foi realizado de acordo com a necessidade da cultura, e conforme a intensidade do patógeno. A polinização se deu de forma manual e após o pegamento dos frutos foram realizados raleios sempre que necessário para deixar dois frutos por planta. Os frutos foram colhidos quando atingiram o máximo desenvolvimento, e apresentando sinais de ruptura dos tecidos da camada de abscisão do pedúnculo do fruto. A colheita foi iniciada em 20/02/06 estendendo-se por cinco dias, para ambos os sistemas. Foram coletados dados de produção por Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Desempenho de cultivares de melão rendilhado em função do sistema de cultivo planta, (kg planta-1), por meio da pesagem dos dois frutos colhidos em cada planta, utilizando balança digital com duas casas decimais; diâmetro transversal (DTF) e longitudinal (DLF) do fruto utilizando paquímetro digital; índice de formato do fruto, obtido pela razão entre o diâmetro longitudinal e transversal do fruto (IFF); diâmetro transversal (DTL) e longitudinal (DLL) do lóculo, utilizando paquímetro digital; índice de formato do lóculo, obtido pela razão entre o diâmetro longitudinal e transversal do lóculo (IFL); diâmetro de inserção do pedúnculo (DIP), onde, no momento da colheita, se fez a aferição à uma distância de 3,0 cm da base do pedúnculo do fruto utilizando paquímetro digital; e espessura do mesocarpo (EM), utilizando paquímetro digital. Com os dados médios de cada característica, realizou-se a análise de variância. Para cada caráter, quando o valor de F calculado foi significativo, realizaram-se comparações entre médias, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Para tais análises utilizou-se o programa estatístico Estat (UNESP-Jaboticabal-SP). RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve interação significativa entre os fatores estudados para todas as características avaliadas (Tabelas 1 e 2). Dessa forma, os fatores serão apresentados e discutidos separadamente. Analisando a característica produção, verificou-se diferença significativa entre os fatores estudados, sendo esta significativa a 1% de probabilidade (Tabela 1). O cultivo em substrato proporcionou produção por planta de 2,51 kg (1,25 kg fruto-1), enquanto que no cultivo em solo a produção foi de 1,52 kg (0,76 kg fruto-1). As plantas cultivadas no solo produziram 65,13% a menos em relação àquelas cultivadas em substrato. Os valores encontrados no cultivo em solo foram semelhantes aos verificados por Rizzo & Braz (2004), Rizzo & Braz (2001) e semelhantes ao encontrado por Costa et al. (2004) em sistema hidropônico NFT (669,08 g planta-1). A maior produção observada no cultivo em substrato (fibra da casca de coco) é deHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Tabela 1. Valores médios de produção por planta (PP), diâmetro transversal do fruto (DTF), diâmetro longitudinal do fruto (DLF), índice de formato do fruto (IFF) e diâmetro de inserção do pedúnculo (DIP) (avarege values of production per plant (PP); transverse diameter of fruit (DTF), longitudinal diameter of fruit (DLF), format index of fruit (IFF) and insertion diameter of the grain stalk (DIP)). Jaboticabal, UNESP–FCAV, 2006.) 1 Médias seguidas da mesma letra dentro da coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade ((1)Means followed by the same letter in the column do not differ according to Tukey’s test at the 5% level of probability); **enssignificativo ao nível de 1% e não significativo pelo teste F, respectivamente (**andnssignificant at the 1% level of probability, and not significant by the F test, respectively). Tabela 2. Valores médios de diâmetro transversal do lóculo (DTL), diâmetro longitudinal do lóculo (DLL), índice de formato do lóculo (IFL) e espessura do mesocarpo (EM) (avarege values of transverse diameter of locule (DTL), longitudinal diameter of locule (DLL), format index of locule (IFL) and mesocarp thickness (EM)). Jaboticabal, UNESP-FCAV, 2006. 1 Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (1Means followed by the same letter in the column do not differ according to Tukey’s test at the 5% level of probability); *,**enssignificativo aos níveis de 5% e 1% de probabilidade e não significativo pelo teste F, respectivamente (*,**andnssignificant at the 5% level of probability, significant at the 1% level of probability, and not significant at 5% level of probability by the F test, respectively). vido à boa nutrição das plantas, uma vez que os fertilizantes são fornecidos de forma fracionada e prontamente disponível às plantas, refletindo em maior 199 PF Vargas et al. vigor, conseqüentemente sofrendo menos a fatores abióticos. Blanc (1987) afirma que a produtividade é maior em cultivos em substratos sobretudo pela menor incidência de pragas e doenças. A cultivar Fantasy se mostrou a mais produtiva (2,44 kg planta-1), sendo superior às cultivares Shinju 200 e Bônus n°2 (1,78 e 1,77 kg planta-1, respectivamente), porém, não diferiu de Maxim (2,18 kg planta-1) e Louis (1,90 kg planta -1 ). Essa maior produtividade alcançada pela cultivar Fantasy deve-se à maior massa do fruto, o que refletiu na produtividade, haja vista que foram fixados dois frutos por planta em todos os tratamentos. O desempenho variável entre cultivares também foi encontrado por Pádua et al. (2003), Rizzo & Braz (2001), Paiva et al. (2000) e Silva et al. (2003). A oferta de novas cultivares por empresas especializadas é muito dinâmica. Nesse contexto, observa-se a importância da avaliação das mesmas por instituições públicas, por meio de ensaios de competição de cultivares, fornecendo subsídios aos olericultores na escolha de cultivares com bom desempenho agronômico. O diâmetro de inserção do pedúnculo foi superior no cultivo em substrato, sendo 1,38 mm superior em relação às plantas cultivadas no solo. Essa diferença mais uma vez evidencia o bom vigor das plantas cultivadas em substrato. No cultivo em substrato não observou-se o fendilhamento próximo ao pedúnculo, o que caracteriza o ponto de colheita, diferentemente daqueles cultivados no solo. Verificou-se diferenças entre as cultivares ao nível de 1% de probabilidade quanto ao diâmetro de inserção do pedúnculo. A cultivar Bônus n°2 obteve o maior valor (9,43 mm), contudo não diferiu das cultivares Shinju 200, Fantasy e Louis, portanto, superior apenas à ‘Maxim’. Não foram encontradas diferenças significativas para as características diâmetro transversal e longitudinal do fruto (Tabela 1). Quanto ao índice de formato do fruto, verificaram-se diferenças significativas apenas para o fator cultivar. A cultivar Bônus n°2 apresentou o maior índice (1,05), contudo, podemos constatar que todas as cultivares possuem formatos esféricos (IFF ≅ 1). Lopes (1982) 200 classifica os frutos de acordo com seu índice de formato como esféricos (IFF = 1), oblongos (IFF = 1,1 a 1,7) e cilíndricos (maior que 1,7). Pádua (2001), afirma que todos os formatos são aceitos pelo mercado, contudo, os esféricos são os mais adequados por permitirem melhor arranjamento nas embalagens utilizadas atualmente. Na tabela 2 observa-se que o diâmetro transversal do lóculo apresentou diferenças entre os fatores estudados. Os frutos cultivados no solo apresentaram valores superiores em relação àqueles em substrato (62,02 e 56,49 mm, respectivamente). A cultivar Shinju 200 apresentou o menor valor de diâmetro do lóculo (55,79 mm), não diferindo de Louis, Fantasy e Bônus n°2, sendo superior à cultivar Maxim (63,81 mm). Menores valores de diâmetro transversal do lóculo estão associado à qualidade do fruto, pois indicam menores dimensões da cavidade interna (Rizzo & Braz, 2004). Desta forma, o cultivo em solo e a cultivar Maxim mostraram baixo desempenho em relação a essa característica. Conforme a Tabela 2, não se verificaram diferenças quanto ao diâmetro longitudinal do lóculo. Já Rizzo & Braz (2004) verificaram diferenças quando trabalharam com 20 linhagens de melão rendilhado, com amplitude de 24 mm entre os materiais avaliados. Entretanto, no presente trabalho, essa amplitude foi de 7,85 mm. Possivelmente a menor amplitude se deve à maior uniformidade das características nos híbridos comerciais. Verificou-se diferença significativa no índice de formato do lóculo, apenas para o fator sistemas de cultivo. Maiores valores para esta características foram observados no cultivo em substrato, contudo, nos dois sistemas de cultivo, o formato do lóculo se enquadra como oblongo. Para a característica espessura do mesocarpo, encontrou-se diferenças significativas apenas para o fator sistema de cultivo. Valores superiores para esta característica foram verificados em melões cultivados em substrato, onde foi observada média de 37,80 mm; já a média encontrada para o cultivo em solo foi de 34,56 mm. Analisando-se o preenchimento interno do fruto (EM, DTL e DLL), verificou-se que o cultivo em substrato proporcionou 3,84% de mesocarpo a mais em relação ao cultivo em solo, portanto, uma menor cavidade interna e maior espessura de polpa. Costa & Pinto (1977) afirmam que o fruto ideal é aquele que apresenta maior espessura de polpa e menor cavidade interna, pois resiste melhor ao transporte e tem maior vida de prateleira. O melhor desempenho de cultivo em substrato é elucidado por Charlo (2005), que afirma que a utilização de fertirrigação promove o incremento de produtividade e da qualidade dos frutos produzidos, pois fornece às plantas quantidades de nutrientes adequadas para cada estádio de desenvolvimento da cultura. Conclui-se que o cultivo em substrato (fibra da casca de coco), se mostrou superior ao cultivo em solo em melão rendilhado, para as características avaliadas, tendo a cultivar Fantasy apresentado melhor desempenho comparada à Shinju 200 e Bônus nº2. REFERÊNCIAS ALVES RE. (Org.). 2000. Melão: pós-colheita. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia. 43p. (Frutas do Brasil, 10). AMAFIBRA–Fibras e Substratos Agrícolas da Amazonia LTDA. s.d.. Fibra de coco. Holambra-SP. BLANC D. 1987. Lês substrats. In: BLANC M. (ed). Les cultures hors sol. Paris INCRA. p. 9-13. BRASIL. 2003. Ministério da Integração Nacional. Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica. 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Dentre os problemas nutricionais, a falta ou o excesso de cobre (Cu) é um dos que mais têm afetado a produção de mudas. Portanto, o objetivo desta pesquisa foi de avaliar métodos que sejam eficientes em determinar o Cu disponível em substrato. O experimento foi conduzido em casa de vegetação, usando os substratos à base de fibra de coco, casca de pinus e turfa e a rúcula (Eruca sativa L.) como planta teste. Todos os substratos receberam cinco doses de cobre (0; 0,5; 1,0; 2,0 e 3,0 mg de Cu por dm3 de substrato). Após a colheita da rúcula retirou-se uma amostra de substrato para extração de Cu usando os seguintes métodos: (DTPA pH a 2,6), (DTPA + trietanolamina a pH 7,3), HNO3 + H2O2 a 30%, K4P2O7 e (NaOCl a pH 8,5 + DTPA). As soluções ácidas apresentaram maior capacidade extrativa de Cu para todos os substratos testados. Na análise individual por substrato, somente a fibra de coco apresentou valores de R2 significativos para todos os métodos. Na análise conjunta dos substratos, todos os métodos apresentaram coeficientes de determinação significativos (R2> 0,51), mostrando que esses métodos poderão ser utilizados na avaliação da disponibilidade de Cu em substratos. Copper availability determination in substrates To improve the quality of plants grown under protected or semiprotected environments it is very important to adopt inert or less altered materials to use as soilless media. These materials, called substrates, depending on its origin could be organic, mineral, or synthetic. Among the nutritional problems, the lack or excess of copper (Cu) has been the main factor affecting seedling production. The objective of this research was to evaluate efficient methods to quantify available Cu in substrates. The experiment was conducted under semi-controlled greenhouse conditions with rucula (Eruca sativa L.) as plant-test grown on three substrates (coir, pinus bark, and peat). All the substrates received five Cu doses (0; 0.5; 1.0; 2.0, and 3.0 mg dm-3). After the plant harvest a substrate sample was collected to extract Cu by the following methods: DTPA at pH 2.6, DTPA + triethanolamine at pH 7.3, HNO3 + H2O2 at 30%, K4P2O7, and NaOCl at pH 8.5 + DTPA. The acid solutions presented higher Cu extractive capacity for all tested substrates. Among the substrates, only the coir presented statistically significant values of R2 for all the extraction methods. However, when the substrates were analyzed together, all methods presented statistically significant regression coefficients (R2) higher than 0.51, indicating that all the extraction methods can be used to quantify available Cu on these substrates. Palavras chave: extratores, análise química, micronutriente, fibra de coco, casca de pinus e turfa. Keywords: extracting agents, chemical analysis, micronutrient, coir, pinus bark, and peat. (Recebido para publicação em 22 de agosto de 2007; aceito em 23 de abril de 2008) N as últimas décadas, a produção vegetal expandiu-se com o desenvolvimento da automação e modernização dos sistemas de cultivo em ambiente protegido, passando a trabalhar em escalas mais amplas para atender um mercado que vem crescendo significativamente como a produção de mudas florestais, frutíferas e hortícolas. A produção dessas mudas transformou-se em agronegócio rentável no Brasil e a indústria foi compelida a desenvolver produtos alinhados com as exigências das novas demandas. No passado, ao preencher um recipiente com solo mineral, o produtor buscava um material que permitia fixação e que fornecesse nutrientes para as plantas. Entretanto, devido a problemas 202 relacionados à presença de ervas daninhas, pragas e doenças, o solo vem sendo substituído por outros materiais que têm por finalidade fixar as plantas e oferecer condições físicas adequadas ao seu desenvolvimento. Em cultivo de plantas em ambiente protegido é comum a utilização de substratos. O termo substrato aplica-se a todo material sólido, distinto do solo, podendo ser natural, sintético (espuma fenólica, lã de rocha), residual (esterco, bagaço de cana, fibras de algodão), mineral (perlita e vermiculita) ou orgânico (turfa, casca de árvores decompostas, fibra de coco). Esse material colocado em um recipiente em forma pura ou em mistura permite o desenvolvimento do sistema radicular, desempenhando, portanto, um papel de suporte às plantas (Abad & Nogueira, 1998). Como características desejáveis, os substratos devem apresentar baixo custo, estar próximo às regiões de consumo, ter boa capacidade de troca de cátions, adequada aeração e retenção de água e isento de ervas daninhas (Konduru et al., 1999; Booman, 2000; Gonçalves et al., 2000). No mercado brasileiro existe uma diversidade de substratos, principalmente no que se refere às características químicas e físicas e a sua origem, fazendo com que esses materiais sejam bastante complexos em termos de manejo de adubação. Dentre os problemas nutricionais, a falta ou o excesso de cobre (Cu) é um dos que mais tem afetado a produção de mudas, principalmente de Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Métodos de determinação da disponibilidade de cobre em substratos hortaliças e de citros. Boaventura (2003), estudando a demanda por nutrientes de mudas cítricas produzidas em substratos, verificou que aos 250 dias após o transplante, o porta-enxerto limão cravo que recebeu fertirrigação havia acumulado 20% mais Cu em relação ao que recebeu fertilizante de liberação lenta. Para o porta-enxerto citrumelo “Swingle” o acúmulo de Cu via fertirrigação foi 37% superior quando comparado ao mesmo porta-enxerto sob fertilizante de liberação lenta. Maiorano (2003), fazendo comparações entre o substrato versus inoculação com micorrizas, concluiu que as plantas de limão Cravo não micorrizadas cultivadas no substrato à base de fibra de coco 47, apresentaram os maiores acúmulos de Cu na parte aérea. Para avaliar a disponibilidade de Cu em substratos, vários métodos têm sido testados. O procedimento que utiliza água, nas suas várias relações substrato:água, não tem sido muito eficiente (Abreu et al., 2007a). Neste procedimento de extração, geralmente os valores de Cu extraídos são baixos, próximos ao limite de detecção do aparelho, e as correlações entre os teores de Cu extraídos do substrato com os da planta são baixas. Recentemente, iniciaram as pesquisas usando reagentes comumente empregados em extrair o Cu da fração orgânica dos solos, como o DTPA. Este é um aspecto importante porque a grande maioria dos substratos comerciais é de origem orgânica. Embora, o DTPA, método testado por Alt & Peters (1993), seja empregado por vários países da Comunidade Européia para determinação dos micronutrientes em substratos, os resultados com substratos brasileiros não são muito consistentes (Abreu et al., 2007b). Para os substratos fibra de coco, casca de pinus e turfa nâo houve correlação significativa entre o teor de Cu extraído pelo DTPA e o teor deste na parte aérea da rúcula (Abreu et al., 2007b). Portanto, torna-se necessário buscar métodos alternativos que possam ser eficientes em avaliar a disponibilidade de Cu em substratos. Nesse contexto, a água oxigenada (H2O2) a 30% + ácido nítrico (HNO 3) (Tessier et al., 1979), o pirofosfato de potássio Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 (K4P2O7) (Bascomb, 1968) e o hipoclorito de sódio (NaOCl) a 5,8% pH 8,5 + DTPA 0,025 mol L -1 (Shuman, 1983), comumente usados para determinar o Cu ligado à matéria orgânica do solo, poderão ser metodologias promissoras. O objetivo da presente pesquisa foi avaliar a disponibilidade de Cu em substratos, usando diferentes extratores e a planta teste rúcula; e avaliar a eficiência dos extratores utilizados para quantificar o Cu ligado à matéria orgânica de solos, em esquemas de fracionamento, em determinar o Cu disponível em substratos. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em casa de vegetação do Instituto Agronômico, Campinas-SP, e como substratos foram utilizadas a turfa, casca de pinus, e a fibra de coco, sendo todos os materiais indicados para hortaliças. A acidez da turfa e da fibra de coco foi corrigida na própria fábrica e apresentava pH em água de 5,2 e 5,6 respectivamente, entretanto a casca de pinus que apresentou o pH em água de 3,8 recebeu 180 g de calcário dolomítico para cada 18 L de substrato elevando o pH para 5,7. Em cada material determinou-se a densidade úmida (aquela dos substratos que estavam nos vasos) e a densidade seca a 65ºC para fins analíticos. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 3 X 5, com 4 repetições. Os tratamentos constituíram de três substratos (turfa, casca de pinus e fibra de coco) e cinco doses de Cu: 0; 0,5; 1,0; 2,0 e 3,0 mg de Cu por dm3 de substrato, usando como fonte o sulfato de cobre. Os substratos permaneceram incubados por 40 dias mantendo-se o teor de umidade próxima à capacidade de recipiente, por meio de pesagem diária. Na definição do teor de água a aplicar em cada vaso (capacidade de recipiente) optou-se pelo método prático, ou seja, as amostras de substrato foram misturadas com água deionizada e, apertadas levemente nas mãos, até que a água escorresse por entre os dedos. A quantidade de água gasta para chegar a este ponto foi considerado como capacidade de recipiente. Decorrido esse período, fez-se à adubação básica contendo macro e micro- nutrientes, com exceção do Cu. As seguintes doses, em mg dm-3, foram aplicadas: 28,6 de N e 80 de K (KNO3); 250 de P (superfosfato simples); 381 de S (de todas as fontes que continham sulfato); 2,0 de Zn (ZnSO 4); 0,4 de B (H3BO3); 2,0 de Mn (MnCl2); 1,0 de Fe [Fe(NH4)2 (SO4)2. 6H2O)]. Após, o material permaneceu incubado por uma semana de maneira semelhante ao realizado para a adubação com Cu. Como planta teste utilizou-se a rúcula (Eruca sativa L.), cultivada, em vasos com capacidade de 3 L. Durante todo o ensaio, em intervalos de 4 dias, aplicou-se uma solução nutritiva de acordo com (Furlani et al., 1999). As seguintes doses, em mg dm-3, foram aplicadas: 68,8 de N; 18,7 de P; 99,1 de K; 145,13 de Ca; 69,17 de Mg; 92,7 de S; 1,41 de Fe; 0,06 de Zn; 0,24 de Mn; 0,19 de B e 0,03 de Mo. Sessenta dias após o plantio realizouse a colheita da parte aérea, e as amostras foram lavadas com água + detergente, água corrente e água e, em seguida, pesadas e trituradas em moinho tipo Wiley e submetida à digestão via seca conforme (Abreu et al., 1997). Nos extratos, foram feitas determinações dos elementos por espectrometria de emissão por plasma ICP-OES, exceto o K que foi por fotometria de emissão por chama. Para extrair o Cu dos substratos utilizaram-se os seguintes procedimentos: DTPA/CaCl2 pH 2,6 (CAT) - de acordo com Alt & Peters (1993). Em 60 cm3 de substrato (volume determinado em massa de acordo com a densidade calculada) adicionaram-se 300 mL de solução extratora de DTPA 0,002 mol L-1 CaCl2 0,01 mol L-1 pH 2,6. A suspensão foi agitada por uma hora em agitador horizontal de 220 rpm e, logo após, filtrada. DTPA/TEA/CaCl2 7,3 - método utilizado para determinação de micronutrientes no solo (Lindsay & Norvell, 1978). Em 50 cm3 de substrato (volume determinado em massa de acordo com a densidade calculada) adicionaram-se 100 mL da solução (DTPA 0,005 mol L1 + trietanolamina 0,1 mol L-1+ CaCl2 0,01 mol L-1, pH 7,3). Essa mistura foi agitada por duas horas em agitador horizontal a 220 rpm seguindo-se de filtragem. 203 AL Padua Junior et al. Tabela 1. Teor de Cu extraído do substrato (mg kg-1) pelos diferentes métodos, em função das doses de cobre aplicadas nos substratos turfa, casca de pinus e fibra de coco. Campinas, IAC, 2006. de Cu foi determinada usando a espectrometria de emissão por plasma (ICP-OES). Os teores extraídos pelos métodos DTPA 2,6 e DTPA 7,3, expressos em volume, foram transformados para massa tendo-se como finalidade a comparação dos resultados entre métodos. Na análise de variância empregouse o software SAS v.6.11 (SAS, 1996). A análise de regressão para as variáveis, teor de Cu extraído dos substratos pelos diferentes métodos e o seu teor na planta, foi realizada considerando o substrato individualmente ou o conjunto (os três materiais). Nas análises de regressão linear ou polinomial, escolheu-se o modelo de maior significância (*p<0,05 ou **p<0,01). RESULTADOS E DISCUSSÃO Pirofosfato de potássio - K4P2O7, procedimento adaptado por Bascomb (1968) para determinação de Cu ligado à matéria orgânica do solo em esquema de fracionamento. Em um grama de amostra seca e moída adicionaram-se 100 mL de K4P2O7 0,1 mol L-1. Os frascos contendo a mistura foram postos para agitar, por 16 horas, em agitador horizontal de 200 rpm. Para obtenção de um filtrado límpido, o pH do extrato foi corrigido para 1,5 usando o ácido clorídrico concentrado, depois de 24 horas de repouso (para decantação) a solução foi filtrada. Ácido nítrico e água oxigenada HNO 3/H 2O 2 – método adaptado de Tessier et al. (1979) para determinação de Cu ligado à matéria orgânica do solo, em esquemas de fracionamentos. Em um grama de amostra seca adicionaramse 3 mL de HNO3 0,02 mol L-1 + 5 mL de H2O2, a pH 2,0, sendo aquecidas a 85oC ± 2oC por 2 horas, agitando-se ocasionalmente. O processo foi repetido por 3 vezes até a completa queima da matéria orgânica. Depois, filtrou-se o extrato e o completou-se o volume para 20 mL, usando-se água deionizada. 204 Ácido nítrico e perclórico - HNO3/ HClO4 - de acordo com Abreu (2005). Em tubos de ensaio adicionou-se 0,500 g de amostra seca e moída acrescentado 5 mL de HNO3 e 1 mL de HClO4. Os tubos foram colocados em bloco digestor sendo aquecidos até a temperatura de 210ºC. A digestão da amostra foi finalizada quando a solução ficou límpida e cessou a formação de fumos brancos. Depois, o extrato foi filtrado e completado o volume para 50 mL, usando-se água deionizada, seguida de filtragem. Hipoclorito de sódio – NaOCl/ DTPA - procedimento adaptado de (Shuman, 1983) para a remoção de micronutrientes ligados à matéria orgânica do solo. Em um grama de amostra seca e moída misturaram-se 20 mL de NaOCl 5,3%, pH 8,5. Essa mistura foi colocada em banho Maria por 30 minutos, agitando-se ocasionalmente. Aos 25 minutos (5 antes de terminar o banho Maria) adicionaram-se 5 mL de DTPA 0,025 mol L-1. Decorridos os 30 minutos a solução foi centrifugada por 20 minutos, com posterior filtragem. Em todos os extratos a concentração Houve grande variabilidade nos teores de Cu extraídos pelos diferentes métodos empregados, independentemente do substrato (Tabela 1). Observou-se a seguinte ordem decrescente de extração: HNO 3 + H 2 O 2 > HNO 3 + HClO4 > NaOCl + DTPA > DTPA 7,3 > DTPA 2,6 > K4P2O7 para a turfa; HNO3 + H 2O2 > HNO 3 + HClO4 > NaOCl + DTPA > K4P2O7 > DTPA 2,6 > DTPA 7,3 para a casca de pinus; HNO3 + H2O2 > NaOCl + DTPA > HNO3 + HClO4 > K4P2O7 > DTPA 7,3 > DTPA 2,6 para a fibra de coco. Essa seqüência de extração era esperada, uma vez que os ácidos nítrico e perclórico são agentes oxidantes muito fortes, oxidam a matéria orgânica liberando todo o Cu ligado aos compostos orgânicos. Quanto ao agente quelante, DTPA, ele deve ter extraído somente o Cu fracamente ligado à matéria orgânica. Torna-se importante mencionar que o Cu complexado à matéria orgânica apresenta diferentes constantes de estabilidade (Hao et al., 1980; Haddad & Evans, 1993). A constante (Kt) é definida como a energia liberada durante a ligação Culigante. Os ácidos húmicos de diferentes fontes variam quanto ao número de grupos funcionais e a sua massa molecular, fatores esses que alteram a natureza e a estabilidade do complexo formado, bem como a extração e disponibilidade de Cu para as plantas. Na Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Métodos de determinação da disponibilidade de cobre em substratos Tabela 2. Equações de regressão para o Cu extraído dos substratos pelos diferentes métodos em função do Cu extraído pela planta (concentração e acúmulo) onde: y é o Cu na planta (mg kg-1), e x é a dose de Cu extraído do substrato em (mg kg-1) com exceção do DTPA 2,6 e 7,3 que apresentaram valores expressos em volume (mg dm-3) e massa (mg kg-1). Campinas, IAC, 2006. ** significativo a 1% pelo teste t Tabela 1 observa-se que o DTPA pH 7,3 extraiu mais Cu que o DTPA pH 2,6 quando os substratos eram a turfa e a fibra de coco. Tais resultados podem ser justificados pela alta estabilidade do complexo DTPA-Cu, formado acima de pH 7,0 (Tisdale et al., 1985). De acordo com Norvell (1991), em solos a estabilidade do quelante DTPA com o Cu é praticamente nula em meio ácido, devido à competição com o Fe, justificando a menor extração de Cu pelo método DTPA pH 2,6. Haynes & Swift (1985), comparando a capacidade dos métodos CaCl2 0,05 mol L-1, HCl 0,1 mol L-1, DTPA 0,005 mol L-1 e EDTA 0,04 mol L-1 em extrair nutrientes do substrato turfa cultivada com mirtilo azul (Vaccinium corymbosum L cv. Blueray), verificaram que o DTPA 0,005 mol L-1 teve comportamento semelhante ao HCl 0,1 mol L-1. Já o EDTA 0,04 mol L-1 apresentou Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 valores de extração superiores ao CaCl2 0,05 mol L-1. Alt & Peters (1993) compararam a capacidade extrativa de Cu pelo método DTPA pH 2,6 em relação aos métodos CaCl2, DTPA pH 7,3 + CaCl2 e NH4OAc, usando como teste um substrato composto por turfa e argila. Eles observaram que o DTPA pH 2,6 apresentou maior capacidade de extração de Cu que o NH4OAc, sendo a extração desse semelhante ao DTPA pH 7,3. Contudo, Narwal & Singh (1998) observaram uma relação inversa entre a adição de matéria orgânica (turfa) aos solos e o teor de Cu extraído pelo DTPA. Outro fator que chama atenção, são os maiores valores de extração de Cu obtidos pelos métodos NaOCl + DTPA, HNO3 + H2O2 e HNO3 + HClO4, principalmente na fibra de coco (Tabela 1). Abreu et al. (2005), comparando a extração do HNO3 + HClO 4 com a do HNO3 (em sistema fechado com forno de microondas), usando substratos de origem orgânica e inorgânica, concluíram que o extrator HNO3 + HClO4 extraiu 26% a mais de Cu que o método HNO3. Contudo, os resultados obtidos neste trabalho para a fibra de coco podem ser justificados, em parte, pela densidade do substrato. A turfa, a casca de pinus e a fibra de coco apresentaram como valores de densidade seca 0,440, 0,340 e 0,110 kg m-3, respectivamente. Quanto menor a densidade maior o volume de amostra utilizado, podendo resultar em maior extração de Cu, pelos extratores NaOCl + DTPA, HNO 3 + H2O2 e HNO3 + HClO4, na fibra de coco. Fazendo-se uma avaliação separadamente, por substrato, da capacidade de cada método químico em avaliar a disponibilidade de Cu para a rúcula, verificam-se correlações significativas entre o Cu-planta (acumulado ou concentração) e o Cu extraído do substrato so205 AL Padua Junior et al. Figura 1. Relação entre a concentração ou acúmulo de Cu na parte aérea da rúcula e o Cu extraído dos substratos (turfa, casca de pinus e fibra de coco) usando diferentes métodos. Para todos os métodos de extração, os resultados de Cu-substrato foram expresso em mg kg-1. No caso do DTPA pH 2,6 e pH 7,3, os resultados também foram expressos em mg L-1. Campinas, IAC, 2006. 206 Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Métodos de determinação da disponibilidade de cobre em substratos mente para a fibra de coco (Tabela 2). Não foi possível explicar, por meio de modelos matemáticos, a variação encontrada na concentração de Cu na parte aérea da rúcula pelo uso da análise de Cu nos substratos casca de pinus e turfa, pelos métodos testados (Tabela 2). Resultados semelhantes foram encontrados por Abreu et al. (2007b), avaliando a capacidade do extrator DTPA 2,6 em determinar o Cu disponível para a rúcula desenvolvida nos substratos turfa e casca de pinus. Quando os substratos foram analisados conjuntamente (Figura 1) todos os métodos apresentaram coeficientes de regressão significativos e maiores que 0,51, sendo que os valores de R2 obtidos para o Cu acumulado na planta foi ligeiramente superiores aos valores obtidos para a concentração de Cu na planta. A eficiência dos extratores, avaliada pelos valores de correlação entre Cuplanta e Cu-substrato, obedeceu a seguinte ordem decrescente: K 4P2O7 > HNO 3 + H 2O 2 > NaOCl + DTPA > DTPA 7,3 > DTPA 2,6 > HNO3 + HClO4 > DTPA 7,3 (v/v) > DTPA 2,6 (v/v). Dentre os métodos testados, aqueles comumente utilizados para determinar Cu da fração orgânica do solo, em esquemas de fracionamento de metais do solo, foram os que apresentaram maiores valores de R 2, destacando-se o K4P2O7 que melhor se relacionou com a concentração de Cu na planta e o seu acúmulo (Figura 1). Na seqüência, destacaram-se o HNO3 + H2O2 e o NaOCl + DTPA com valores de coeficiente de determinação de R2=0,82** e 0,81** respectivamente, para a relação entre a concentração de Cu na planta e o Cu no substrato (Figura 1). Os valores de R2 foram mais baixos para os extratores cujos resultados foram expressos em volume (DTPA 2,6 v/v e DTPA 7,3 v/v) se comparados com os valores do DTPA 2,6 e DTPA 7,3, expressos em massa (Figura 1). Contudo, os pontos obtidos no gráfico entre o Cu-planta em função do Cu-substrato foram bem mais distribuídos nos métodos DTPA 2,6 v/v e DTPA 7,3 v/v, diferenciando dos demais métodos testados. Este fato mostra a importância da padronização do uso de volume ou massa tanto na pesagem da amostra para anáHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figura 1. Continuação lise como na expressão final dos resultados, principalmente para os substratos que geralmente têm densidade bem menor de 1,0. Além da eficiência do extrator em avaliar a disponibilidade do Cu, medida pela relação entre o Cu extraído pela planta e Cu extraído pelo método químico, outros fatores são importantes quando se almeja selecionar métodos para uso em condições de rotina do laboratório. Esses aspectos são o tamanho da amostra empregada, a reprodutibilidade e repetibilidade do procedimento no laboratório, amplitude de variação, o tempo gasto na extração, o requerimento de equipamento especial, dentre outros. Quanto à quantidade de amostra, os métodos K 4 P 2O 7 , NaOCl + DTPA, HNO3 + H2O2 e HNO3 + HClO4 empregaram as menores massas, o que prejudica o procedimento analítico em condições de rotina laboratorial. Tal fato é relevante porque grande parte dos substratos é composta de vários materiais com características químicas e físicas diferenciadas (tamanho do material), o que interfere na homogeneidade de uma amostra pequena e conseqüentemente no teor extraído. Por meio do coeficiente de variação tem-se uma idéia da precisão dos métodos. Os coeficientes de variação tive- ram uma amplitude de 3,49 a 23,19 % para a fibra de coco; 5,44 a 21,64 % para casca de pinus; e 9,26 a 179,08 % para a turfa. Além da própria influência do material, os altos coeficientes de variação observados na turfa, devem-se, em parte, aos baixos teores de Cu extraídos pelos diferentes métodos, levando a erro analíticos. Em geral, o método que obteve o maior valor de CV foi o K4P2O7, usando a turfa. A menor precisão do K4P2O7, pode estar relacionado às várias etapas analíticas para completar todo o procedimento; quanto maior os números de etapas no método maiores são as probabilidades de se cometer erros. O extrator que apresentou maior amplitude de extração de Cu foi o HNO3 + H2O2 com uma variação de 6,66 mg a 76,00 mg (Figura 1). Em seguida, encontram-se os extratores NaOCl +DTPA, HNO3 + HClO4, com variações de 4,10 mg a 58,60 mg e 5,48 mg a 39,87 mg respectivamente, derrubando a hipótese sobre a maior capacidade extrativa pelo método HNO3 + HClO4. A menor amplitude de extração de Cu foi observada para o método DTPA 2,6 que apresentou uma amplitude de 0,61 a 3,88 mg de Cu. Quanto ao tempo de extração, de maneira geral os métodos mais trabalhosos foram K4P2O7, NaOCl +DTPA, HNO3 + H2O2.. Para o K4P2O7, as amos207 AL Padua Junior et al. tras foram agitadas por 16 horas sem interrupção, o que dificulta a sua adoção em condições de rotina de um laboratório. Além disso, esse extrator apresentou sólidos em suspensão e foi necessário a adição de HCl concentrado para abaixar o pH das amostras para 1,5, deixando o método mais trabalhoso. Na utilização do NaOCl + DTPA, as amostras foram inicialmente colocadas em banho Maria, a 60ºC. Ao final do processo, o volume foi alterado, necessitando ajuste no volume final para não ocasionar erros analíticos na determinação final do Cu, o que demandou tempo. O método que empregou o HNO3 + H2O2 foi laborioso (três etapas), sendo necessário acompanhamento constante na digestão, para que a amostra em alta temperatura, não vazasse para fora do tubo digestor. Entretanto, após todas esses critérios anteriormente citados sobre a escolha do melhor método o HNO3 + HClO4 foi tido como o mais plausível para a determinação do Cu em substratos. Com os resultados obtidos, podemos concluir que: a) Os extratores ácidos têm maior capacidade de extração de Cu; b) Houve efeito do pH na extração de Cu pelos quelantes; c) O substrato fibra de coco foi o único material em que todos os extratores utilizados foram eficientes em avaliar a disponibilidade de Cu para a rúcula; d) A análise conjunta dos três substratos demonstrou a eficiência dos extratores utilizados em função dos teores (concentração e acúmulo) absorvidos pela planta; e) Considerando os vários aspectos importantes na seleção dos extratores para determinar o Cu em substratos, o melhor extrator foi o HNO3 + HClO4. 208 REFERÊNCIAS ABAD M; NOGUEIRA P. 1998. Substratos para el cultivo sin suelo y fertirrigacion. In: Cadahia, C. (Ed.) Fertirrigacion: Cultivos hortícolas y ornamentais. Madrid: Mundi-Prensa. p. 287342. ABREU, M.F. 1997. Extração e determinação simultânea por emissão em plasma de nutrientes e elementos tóxicos em amostras de interesse agronômico. 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Produtividade e qualidade de frutos de meloeiro variando número de frutos e de folhas por planta Roberto Cleiton F de Queiroga; Mário Puiatti; Paulo Cezar R Fontes; Paulo Roberto Cecon UFV–Deptos. Fitotecnia e Informática, 36570-000 Viçosa-MG; [email protected] RESUMO ABSTRACT O cultivo do meloeiro tipo Cantaloupe no sudeste do Brasil só é possível em ambiente protegido, tornando-se necessário o manejo da planta via poda. Todavia, nessa espécie, crescimento da planta e produção de frutos são limitados pelo tamanho e atividade da fonte e do dreno. O trabalho teve por objetivo avaliar a produtividade e a qualidade de frutos do meloeiro cultivado em ambiente protegido em função de número de frutos e de folhas por planta. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, em parcelas subdivididas, com 4 repetições. A parcela constou de número de frutos por planta (1 ou 2), fixados entre o 6 e 80 nós e a subparcela do número de folhas por planta (16; 19; 22 e 25 folhas). A condução da planta com apenas um fruto, quando podada a partir da 22a folha, elevou a área foliar da planta comparada a plantas com dois frutos. Independente do número de folhas, plantas conduzidas com um fruto apresentaram maior massa média de fruto e menor produtividade comercial. A redução de drenos (número de frutos por planta) proporcionou frutos com maior reticulação de casca, espessura da polpa, comprimento, diâmetro, sólidos solúveis totais, açúcares solúveis totais e açúcares não redutores, todavia sem alterar a acidez total titulável (ATT) e a concentração de açúcares redutores. Exceto a ATT, que declinou, e o diâmetro da cavidade de fruto que apresentou resposta quadrática, todas as características avaliadas obtiveram incremento linear com o aumento do número de folhas por planta. Yield and quality of muskmelon fruits varying fruit and leaf numbers per plant The muskmelon cultivation in southeast of Brazil is possible in greenhouse but plants should be pruned. However, in this species plant growth and fruit yield are limited by both source and sink size activity. The muskmelon fruit productivity and quality in greenhouse were evaluated as affected by fruit and leaf numbers left in the plant. Split plot scheme, in a randomized blocks design, with four replications were used. The plot consisted of the fruit number per plant (1 or 2). The fruits were fixed at betweenthe 6 and 80 nodes. The split-plot consisted of the leaf number left in each plant (16; 19; 22 and 25). When the plant was pruned from the 22th leaf and one fruit/plant was left, the leaf area increased as compared with plants with two fruits. Independently of the number of leaves, plants with only one fruit presented larger mean fruit weight and smaller commercial yield. Sink reduction (fruit number/plant) provided fruits with larger net rind, pulp thickness, length, diameter, total soluble solids, total soluble sugars and no reduced sugars. On the other hand, the number of fruits/plant did not affect the titratable acidity and the reduced sugars. Except for the titratable acidity that declined and the cavity diameter of the fruit that presented quadratic answer, all the characteristics evaluated presented linear increment with the increase in the number of leaves for plant. Palavras-chave: Cucumis melo, manejo da planta, poda, raleio. Keywords: Cucumis melo, plant management, pruning, thinning. (Recebido para publicação em 24 de abril de 2007; aceito em 14 de abril de 2008) O cultivo do meloeiro no sudeste do Brasil só é possível de ser realizado durante o período do verão, em razão da temperatura e radiação elevadas. Todavia, esse período, nessa região, caracteriza-se por apresentar alto índice pluvial o que, além de promover a morte de plantas e dificultar os tratos culturais, contribui para o aparecimento de doenças e pragas que causam redução da área foliar resultando em frutos pequenos, pobremente reticulados, queimados e com baixo teor de açúcares, contribuindo para baixa qualidade dos frutos e produtividade da cultura (Coelho et al., 2003). O uso do ambiente protegido constitui-se em estratégia para contornar esses problemas; todavia, o cultivo do meloeiro em ambiente protegido requer o desenvolvimento de técnicas para sua exploração tais como o Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 manejo das plantas via poda. As podas visam promover o equilíbrio fonte:dreno via distribuição dos assimilados entre órgãos vegetativo e reprodutivo (Valantin et al., 1998). Em algumas hortaliças, a poda de hastes é utilizada com o objetivo de melhorar o manejo da planta, a produção e a qualidade dos frutos (Andriolo & Falcão, 2000). Em espécies como pepino, Nomura & Cardoso (2000) observaram que, apesar da redução da produção e qualidade dos frutos, as plantas suportaram até 25% de desfolha sem decréscimo significativo na produção. Em meloeiro, a remoção de 50% das folhas, 21 dias antes da colheita, reduziu a produtividade de 21,6 para 19,8 t ha-1 e o teor de sólidos solúveis totais de 10,1 para 9,3%, comparado às plantas controle (Long et al., 2004). Esses resulta- dos evidenciam a importância da produção de fotossintetizados pelas folhas, tanto para a produção de frutos quanto para a qualidade desses. A competição por assimilados entre drenos afeta a taxa de crescimento da planta e a fixação dos frutos em muitas espécies. No tomateiro, o rendimento da cultura é determinado pelo número, tamanho dos frutos e sua qualidade comercial, sendo que a alocação de assimilados da fonte para o dreno depende, principalmente, do número de frutos existentes na planta (Bertin et al., 2001). Assim, o aumento no número de frutos na planta pode aumentar a fração de fotoassimilados alocado nos frutos às expensas do crescimento das partes vegetativas (Andriolo & Falcão, 2000). O aumento de frutos fixados induz à competição por assimilados entre 209 RCF Queiroga et al. drenos e leva a diminuição do peso individual de fruto e do teor de sólidos solúveis totais da polpa em tomate (Bertin et al., 1998) e em melões Cantaloupe (Costa et al., 2004; Valantin et al., 2006). Todavia, em melancia, o aumento de drenos na planta, apesar de reduzir a massa e o teor de sólidos totais dos frutos, elevou a produção por planta (Seabra Júnior et al., 2003). No meloeiro a razão fonte:dreno pode ser alterada com a poda de hastes e/ou com o desbaste (raleio) de frutos variando, respectivamente, número de folhas por planta e, conseqüentemente, a área foliar (fonte) e a demanda por fotoassimilados (dreno). Portanto, torna-se de fundamental importância o conhecimento sobre a poda do meloeiro visando o seu cultivo, sobretudo, em ambiente protegido de forma a facilitar o manejo da cultura sem, contudo, causar redução da produtividade e qualidade de frutos. O trabalho teve por objetivo avaliar a produtividade e qualidade de frutos de meloeiro tipo Cantaloupe cultivado em ambiente protegido variando o número de frutos e de folhas na planta. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação, na área experimental do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa - UFV, de 15/12/05 a 19/03/06. O solo da área, Argissolo Vermelho-Amarelo Câmbico apresentava, na camada de 0-20 cm de profundidade, as características: 5,1 (pH em H2O); 120,1 (P) e 163,0 (K) mg dm-3; 5,0 (Ca2+), 1,0 (Mg2+), 0,0 (Al3+) e 3,3 (H + Al) cmolc dm-3; 30,9 (Zn), 116,8 (Fe), 161,0 (Mn), 5,7 (Cu) e 1,3 (B) mg dm-3, respectivamente. Durante o período experimental, a temperatura e a umidade relativa do ar no interior da casa de vegetação, registradas por termohigrômetro digital (modelo HT210), colocado à altura do dossel das plantas, apresentou valores médios das máximas e das mínimas de 36,7 e 18,30C e de 95,8 e 34,3%, respectivamente. Utilizou-se casa de vegetação “tipo capela”, coberta com filme de polietileno de baixa densidade, aditivado, 0,15 mm de espessura, tendo as frontais e late210 rais fechadas até a metade de sua altura. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, em parcelas subdivididas, com quatro repetições. A parcela constou do número de frutos por planta (1 ou 2), fixados entre o 60 e 80 nós, e na subparcela o número de folhas por planta (16; 19; 22 e 25 folhas). Utilizou-se o espaçamento de 1,0 x 0,3 m; a parcela foi constituída de uma fileira de 16,8 m de comprimento e a subparcela, com 4,2 m de comprimento, continha 14 plantas. Utilizou-se a cultivar Coronado F1, pertencente ao grupo Cantalupensis, que apresenta frutos com pequena cavidade interna, casca rendilhada, polpa cor salmão e alto teor de açúcares (Topseed, 2007). A semeadura foi realizada em 15/ 12/05, em bandejas de poliestireno de 128 células preenchidas com substrato agrícola comercial. O transplante foi realizado em 02/01/06, 18 dias após a semeadura, com a segunda folha completamente expandida. A correção do solo e a adubação de fundação foram realizadas de acordo com a análise do solo e recomendações para a cultura (Ribeiro et al., 1999). A área experimental recebeu, 60 dias antes do transplante das mudas, calcário dolomítico (2,0 t ha-1) objetivando-se elevar o pH do solo e a saturação por bases a 70%. No sulco de plantio, cinco dias antes do transplante das mudas, aplicou-se (equivalente a kg ha-1): 300 de P2O5, na forma de superfosfato simples, 200 de sulfato de magnésio, 5 de bórax, 5 de sulfato de zinco e 0,5 de molibdato de amônio. Aplicou-se, também em fundação, o correspondente a 10% da dose total de N e de K (30 kg de N e 15 kg de K2O), nas formas de uréia e de cloreto de potássio, respectivamente; os 90% restantes do N e do K foram aplicados em cobertura, via fertirrigação. A fertirrigação foi iniciada uma semana após o transplante das mudas aplicando-se, durante o cultivo, 270 kg ha-1 de N, na forma de uréia, e 135 kg ha-1 de K2O, como cloreto de potássio. Em cada fertirrigação, foram aplicados os seguintes % de N e de K, respectivamente: 1ª = 5 e 7%; 2ª = 8 e 10%; 3ª =12 e 10%; 4ª, 5ª e 6ª =20 e 18%; 7ª = 10% e 10%; e 8ª = 5 e 9%. Diariamente, fez-se a irrigação por gotejamento, utilizando-se de gotejadores espaçados 0,30 m, com vazão de 2,70 L h-1, sendo a necessidade de água a aplicar monitorada com tensiômetros instalados a 10 cm de profundidade. As plantas foram conduzidas verticalmente, em haste única, com uso de fitilhos fixados em bambu colocado na horizontal a 1,80 m do solo e podadas de acordo com o número de folhas desejado. Os frutos, um ou dois por planta, foram fixados nos ramos secundários emitidos entre o 60 e 80 nós, realizando-se, nesses ramos, a poda duas folhas após o fruto fixado. Todas as demais ramificações foram retiradas. Durante o ciclo da cultura foram realizadas duas capinas manuais e controle fitossanitário com fungicidas e inseticidas sempre que necessário. Foram colocadas duas colméias de abelhas melíferas na parte externa da casa de vegetação para proceder a polinização. A colheita iniciou-se em 06/03/06, quando os frutos apresentavam a formação da camada de abscisão, ponto indicativo da colheita do fruto. Na colheita dos frutos, avaliaram-se: área foliar da planta (cm2 planta-1); massa média de fruto (g fruto-1); produtividade comercial (t ha-1); reticulação da casca, atribuindo-se notas de 1 (0%), 2 (25%), 3 (50%), 4 (75%) e 5 (100% da superfície reticulada); espessura da polpa (cm), avaliada na região equatorial, após seccionar o fruto no sentido longitudinal; diâmetro da cavidade interna (cm), medido no sentido transversal na região equatorial; comprimento (cm) e diâmetro (cm) de fruto, medidos no sentido longitudinal e transversal do fruto; teor de sólidos solúveis totais (SST) e acidez total titulável (ATT), em amostras de fatias de frutos retiradas no sentido longitudinal e homogeneizadas em liquidificador para a obtenção do suco. O SST foi determinado por meio de refratômetro de mesa, modelo ATAGO 3 T, obtendo-se os valores em %, corrigidos a 20ºC; para ATT, utilizou-se uma alíquota de 10 mL de suco, em duplicata, à qual foram adicionados 40 mL de água destilada e três gotas de fenolftaleína alcoólica a 1% e, em seguida, procedeu-se a titulação com solução de NaOH 0,1 N até o ponto de viragem, com os resultados expressos Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Produtividade e qualidade de frutos de meloeiro variando número de frutos e de folhas por planta em % de ácido cítrico. Com a mesma amostra, para a determinação das características anteriores, foi avaliado o açúcar solúvel total (AST), quantificado por meio da reação com Antrona, conforme Yemn & Willis (1954) e os açúcares redutores (AR), pelo método do DNS (Miller, 1959); os açúcares não-redutores (NR) foram determinados por diferença entre AST e AR. Consideraram-se comerciais, frutos firmes, uniformes quanto à cor, com bom rendilhamento de casca, sem deformações, murchamento, rachaduras e sinais de podridão, ataque de insetos pragas e de danos mecânicos. Os dados foram submetidos à análise de variância; as médias entre número de frutos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade e, entre número de folhas por planta, por regressão. As equações de regressão foram ajustadas com base significância de seus parâmetros pelo teste “t” ao nível de 1 e 5 % de probabilidade, no valor do R2/r2, e na resposta biológica. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi observado efeito significativo da interação número de fruto por planta x número de folhas por planta apenas para a área foliar da planta (AF), massa média de fruto (MMF) e produtividade comercial de frutos (PCF) (Tabela 1). Plantas conduzidas com dois frutos, quando podadas com 16 folhas, e plantas conduzidas com um fruto, quando podadas com 22 ou 25 folhas, apresentaram maior AF (Tabela 1). Com aumento do número de folhas por planta observou-se incremento linear na AF, tanto em plantas com um quanto com dois frutos; em plantas com um fruto os incrementos estimados foram de 26,3; 52,7 e 79,0% e, em plantas com dois frutos, de 5,8; 11,6 e 17,3%, com o aumento do número de folhas de 16 para 19, 22 e 25, respectivamente (Figura 1). A maior AF observada em plantas com dois frutos, quando podada com 16 folhas, evidencia que essas plantas apresentaram maior expansão de suas folhas na tentativa de adequar a AF a maior demanda do dreno por assimilados em razão do maior número de frutos (drenos) compensando, assim, a menor Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Tabela 1. Valores médios da área foliar, massa fresca de fruto e produtividade comercial do meloeiro cultivado em ambiente protegido em função de número de frutos e de folhas por planta (average values of leaf area, fresh mass of fruit, and commercial yield of melon cultivated in greenhouse in relation to fruit number and leaves per plant). Viçosa, UFV, 2006. *Nas linhas, as médias seguidas pela mesma letra não diferem entre sí pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 1 e 2 Coeficientes de variação da parcela e subparcela (In lines, means followed by same letter do not differ each other by Tukey test to 5 %. 1 and 2 plot splitplot variation coefficients). relação numérica fonte:dreno (número de folhas:número de frutos). Por outro lado, em plantas com 22 e 25 folhas com apenas um fruto, em razão da maior relação numérica fonte:dreno, a planta reinvestiu as reservas de fotoassimilados disponíveis em seu crescimento vegetativo, conforme observado na cultura do pepino por Nomura & Cardoso (2000). Valantin et al. (1998) também observaram, na cultura do meloeiro, menor AF com o aumento do número de drenos na planta, fato atribuído à força exercida pelo dreno alterando a expansão e acelerando a senescência das folhas. Independente do número de folhas por planta, maior MMF foi obtida em plantas conduzidas com apenas um fruto, enquanto que maior PCF foi obtida em plantas com dois frutos (Tabela 1). Com aumento do número de folhas por planta, observaram-se incrementos lineares na MMF e PCF em plantas com um e dois frutos (Figura 1). Em plantas com um fruto, os ganhos estimados, ao incrementar o número de folhas por planta de 16 para 19, 22 e 25 folhas, foram de 6,8; 13,6 e 20,4% na MMF e de 8,1; 16,1 e 24,2% na PCF, e em plantas com dois frutos, foi de 1,7, 3,3 e 5,0% na MMF e de 2,8, 5,7 e 8,5 % na PCF. O aumento do número de folhas por planta elevou a MMF, tendo efeito mais pronunciado em plantas conduzidas com um fruto devido à maior AF disponível por fruto, menor competição entre órgãos vegetativos e reprodutivos e ausência de competição entre frutos na própria planta permitindo, assim, maior alocação de fotoassimilados para crescimento do fruto. Em pepino, Ramirez et al. (1988), observaram que o aumento do nível de desfolha em até 75 % causou redução significativa na MMF, sugerindo que o crescimento dos frutos em cucurbitáceas é limitado pela quantidade de AF na planta. Segundo Fagan et al. (2006) no meloeiro, quando se aumenta o número de frutos por planta, a demanda dos frutos por fotoassimilados se eleva instalandose forte competição entre frutos, afetando o crescimento destes. Assim, maior número de frutos na planta reduz a MMF 211 RCF Queiroga et al. Figura 1. Estimativa da área foliar, massa do fruto e produtividade comercial em plantas conduzidas com um ( ) e dois ( ) frutos de meloeiro cultivado em ambiente protegido em função do número de folhas por planta. ** e *: Significativo a 1 e 5 % de probabilidade (estimate of leaf area, mass of fruit and commercial yield in plants leaded with one ( ) and two ( ) melon fruits cultivated in greenhouse in relation to leaves number per plant. ** and * significant at 1 and 5 % of probability). Viçosa, UFV, 2006. demonstrando que a planta tem capacidade produtiva limitada pela fonte. Estes resultados corroboram com àqueles encontrados por Bertin et al. (1998) no tomateiro, Seabra Júnior et al. (2003) em melancia e Valantin et al. (2006) no meloeiro, os quais constataram que a competição por assimilados afeta o tamanho final do fruto. Plantas conduzidas com dois frutos apresentaram maior PCF em razão da maior demanda do dreno por fotoassimilados. Em melancia, Seabra 212 Júnior et al. (2003) e, no meloeiro, Fagan et al. (2006) também observaram maior produção em plantas com dois frutos do que com apenas um. Long et al., (2004) também observaram que a prática do raleio de frutos no meloeiro, conduzindo a planta com apenas um fruto, mesmo incrementando a MMF, reduziu a PCF de 31 t ha-1 para 20 t ha-1. O incremento na PCF com aumento do número de folhas foi maior em plantas com um fruto, em razão do incre- mento da AF resultar em mais fotoassimilados disponíveis para o fruto. Em pepino, Nomura & Cardoso (2000) observaram que a desfolha da planta em até 75% reduziu a produtividade total e comercial; entretanto, não observaram redução significativa na produção com 25% de desfolha possivelmente em razão das folhas remanescentes terem aumentado a taxa fotossintética como forma de compensar a redução da área foliar. Houve efeito significativo do número de frutos por planta para reticulação da casca (RC), espessura da polpa ou mesocarpo (EP), comprimento (CF) e diâmetro do fruto (DF), diâmetro da cavidade do fruto (DCF), teores de sólidos solúveis totais (SST), açúcares solúveis totais (AST) e açúcares não redutores (ANR), em que frutos obtidos de plantas com apenas um fruto apresentaram maiores valores para estas características; contudo não houve efeito do número de frutos na planta para a ATT e AR (Tabela 2). Com exceção da ATT, que declinou de forma linear de 0,084 para 0,080% ao passar de 16 para 25 folhas por planta, e do DCF que apresentou resposta quadrática com máximo estimado de 5,4 cm com 20,8 folhas por planta, o aumento do número de folhas por planta proporcionou incrementos lineares para as demais características de fruto (Figura 2). Assim, o aumento de 16 para 25 folhas por planta promoveu incrementos estimados de: 0,7 para RC; 0,2 cm para EP; 0,5 cm para CF; 0,6 cm para DF; 0,97% para SST; 0,93% para AST; 0,1% para AR e de 0,9% para ANR (Figura 2). Aumento do número de folhas, assim como diminuição do número de frutos por planta proporcionou aumento da relação fonte-dreno resultando em mais fotoassimilados disponíveis para crescimento dos frutos, manifestado em termos de EP, CF e DF, e melhores condições para formação do súber na superfície da casca (rendilhamento). De acordo com Keren-Keiserman et al. (2004), o rendilhamento no fruto do meloeiro ocorre em resposta às rachaduras da superfície, as quais originam-se do rápido crescimento do fruto promovendo elevação da tensão de ruptura na casca, rompimento de células da epiderme, Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Produtividade e qualidade de frutos de meloeiro variando número de frutos e de folhas por planta hipoderme e da cutícula. Essas rachaduras aprofundam-se, tornam-se mais largas e células da periderme iniciam a multiplicação, produzindo massa de células com paredes suberizadas que preenchem as rachaduras e se estendem acima da superfície do fruto. Nesse trabalho, plantas podadas a 16 folhas, ou seja, em condições de elevada competição fonte:dreno, obteve-se baixa qualidade dos frutos quanto ao rendilhamento, com valores inferiores a 75%, evidenciando a importância de assimilados disponíveis para reticulação de casca. Higashi et al. (1999), observaram que frutos maiores apresentavam maior número de células na região do pericarpo, porém essas eram de menor tamanho, contribuindo para a maior formação do rendilhamento do fruto. O aumento da EP constitui atributo de qualidade importante por se tratar da parte comestível do fruto do meloeiro (Coelho et al., 2003). Os resultados da EP obtidos neste trabalho foram maiores em frutos advindos de plantas com menor número de frutos e com maior número de folhas. Todavia, mesmo em plantas com dois frutos, a EP (3,3 cm) foi superior a encontrada por Purquerio & Cecílio Filho (2005), em cultivo hidropônico do meloeiro híbrido Bônus N0 2 (EP = 3,1 cm), também em planta conduzida com dois frutos. Aumentos do CF e o DF ocorreram com a diminuição do número de frutos ou aumento do número de folhas por planta. De acordo com Valantin et al. (2006), o carregamento de frutos na planta afeta a taxa de crescimento e o tamanho final desses uma vez que, em frutos de melão, toda a expansão celular ocorre após a antese enquanto que a divisão celular continua em baixa taxa. Portanto, o número de células no final da antese é fator chave que contribui para com o tamanho final dos frutos, principalmente por causa de sua influência na habilidade dos frutos para atraírem assimilados. Em tomate, Bohner & Bangerht (1988) observaram que a desfolha na planta ocasionou baixa produção de assimilados e redução no número de células nas regiões distal e proximal dos frutos 10 dias após a polinização, seguido pela redução do tamanho do fruto. Ainda, de acordo com Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Tabela 2. Valores médios da reticulação da casca, espessura do mesocarpo, comprimento, diâmetro, diâmetro da cavidade, sólidos solúveis totais, acidez total titulável, açúcares solúveis totais, redutores e não redutores de frutos de meloeiro cultivado em ambiente protegido em função do número de frutos por planta (average values of netted peel, flesh thickness, lenght, diameter, diameter of cavity, soluble solids content, titratable acidity, total soluble sugars, reducers and no reducers sugars of melon fruit cultivated in greenhouse in relation to fruits number per plant). Viçosa, UFV, 2006. *Nas linhas, as médias seguidas pela mesma letra não diferem entre sí pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 1 e 2 Coeficientes de variação da parcela e subparcela. (In lines, means followed by same letter do not differ each other by Tukey test to 5 %. 1 and 2 plot split- plot variation coefficients). Valantin et al. (2006), variações no tamanho final do fruto podem ser interpretadas como conseqüência de dois processos: a força do dreno durante o período de divisão celular e a taxa de crescimento do fruto durante a expansão celular. Maior DCF foi obtido de planta com um fruto e, independente do número de frutos, na poda a 20,8 folhas por planta. O aumento da cavidade não é desejável, pois quanto menor o espaço interno da cavidade melhor é o atributo de qualidade dos frutos do meloeiro rendilhado. Nesse trabalho, até certo ponto, o aumento do DCF esteve associado a condições que favoreceram o crescimento do fruto. Para Coelho et al. (2003), quase sempre o aumento do DCF reflete em fraca ligação da estrutura que contém as sementes e a polpa, podendo ocorrer o desprendimento das sementes e fermentação dos frutos no manejo pós-colheita, fatos não observados nesse trabalho. Frutos advindos de plantas com apenas um fruto e com maior número de folhas apresentaram maiores valores de SST, AST e ANR. De acordo com Valantin et al. (2006), o teor de SST é um indicador direto da quantidade de sacarose nos tecidos do fruto do melão. Long et al. (2004), atribuem o maior teor de SST observados em frutos de plantas conduzidas com um fruto a maior disponibilidade e aporte de fotoassimilados para o fruto em razão da maior AF por fruto. Estes autores observaram valores de SST de 9,0 e de 7,8% em fruto do meloeiro quando as plantas foram conduzidas com um e dois frutos, respectivamente. Costa et al. (2004), também observaram que a competição por assimilados reduziu o teor de SST em fruto do meloeiro. A manipulação da fonte pela redução de folhas, sobretudo, via eliminação de ramificações, tem sido examinada como método de controle de produção de flores; todavia seu efeito no teor de SST em frutos tem sido pouco relatado para o meloeiro. Porém, Long et al. (2004), verificaram que a desfolha em 50% da planta reduziu o SST em 1,00Brix, enquanto que, com 25% de desfolha, o efeito foi desprezível. Neste trabalho, a desfolha em 36% (25 para 16 folhas) causou redução estimada de 1,00Brix no teor de SST da polpa do fruto. Em melões em geral, a ATT varia de 0,05 a 0,35% de ácido cítrico (Mendlinger & Pastenak, 1992). As 213 RCF Queiroga et al. Figura 2. Estimativa da reticulação da casca, espessura do mesocarpo, comprimento e diâmetro, diâmetro da cavidade, teor de sólidos solúveis totais, acidez total, açúcares solúveis totais (1), açúcares redutores (2) e açúcares não redutores (3) de frutos de meloeiro cultivado em ambiente protegido em função do número de folhas por planta. ** e *: Significativo a 1 e 5 % de probabilidade (estimate of netted peel, flesh thickness, length and diameter, diameter of cavity, soluble solids content, titratable acidity, total soluble sugars (1), reducers (2) and no reducers (3) sugars of melon fruit cultivated in greenhouse in relation to leaves number per plant. ** and * significant at 1 and 5 % of probability). Viçosa, UFV, 2006. médias de ATT obtidas neste trabalho situaram-se dentro do limite, e reduziram com o aumento do número de folhas por planta sem, contudo, alterar com o número de frutos por planta. Costa et al. (2004), também observaram redução na ATT no híbrido Bônus N0 2 em plantas com dois frutos, comparado a plantas com fixação livre de frutos. O acúmulo de açúcares em frutos do meloeiro é influenciado pela atividade 214 competitiva do dreno e pela disponibilidade da fonte. Durante o crescimento e desenvolvimento do fruto há necessidade de incremento na disponibilidade de carboidratos, seja pela redução do número de frutos ou pelo aumento da AF para que, próximo à colheita, após ter passado pelas fases de divisão e expansão celular, possa resultar em incremento nos açúcares armazenados no fruto (Long et al., 2004). A competição por assimilados reduz o teor de SST; por outro lado, SST está diretamente relacionado com o conteúdo de açúcares, razão pela qual esse se constitui em bom indicador do adoçamento (Valantin et al., 2006). O fruto do meloeiro representa o principal dreno na planta e seu sabor depende dos fotoassimilados sintetizados e translocados da parte aérea durante o seu desenvolvimento (maturação), uma vez que esse não tem reserva de amido armazenada, à semelhança de frutos como banana, que poderiam incrementar o teor de açúcares pós-colheita via degradação do amido (Hubard & Pharr, 1990). Os principais açúcares presentes em melão são a glicose e frutose (AR) e sacarose (ANR). Os AR contribuem com quase 100% do teor de açúcares solúveis totais (AST) na fase inicial de desenvolvimento dos frutos; todavia, na fase final da maturação (amadurecimento), a sacarose pode chegar até 50% dos AST, com proporção aproximada de 25% para glicose e 25% para frutose (Long et al., 2004). Neste trabalho, as participações de AR e ANR foram de 53,2 e 46,8% em plantas conduzidas com um fruto e de 60,0 e 40,0% em plantas com dois frutos, respectivamente. Observou-se, também, que a redução em 36% da AF (25 para 16 folhas), causou decréscimos de cerca 12,2, 1,8 e 25,7% nas concentrações de AST, AR e ANR, respectivamente. Assim, frutos de plantas com menor número de folhas e maior número de frutos, proporcionalmente, tiveram menor teor de ANR, maior responsável pelo sabor. Portanto, é de fundamental importância, tanto para a produção quanto para a qualidade do fruto, suprimento adequando de fotoassimilados aos frutos durante todas as etapas da maturação. REFERÊNCIAS ANDRIOLO JL; FALCÃO LL. 2000. Efeito da poda de folhas sobre a acumulação de matéria seca e sua repartição para os frutos do tomateiro cultivado em ambiente protegido. Revista Brasileira de Agrometeorologia 8: 75-83. BERTIN N; GARY C. TCHAMITCHIAN M; VAISSIÉRE BE. 1998. Influence of cultivar, fruit position and seed content in tomato fruit weight during a crop cycle and low and high competition for assimilates. Journal of Horticultural Science & Biotechnology 73: 541-548. 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Avaliação de coberturas mortas em cultura de alface sob manejo orgânico Fabio F de Oliveira1; José Guilherme M Guerra2; Dejair L de Almeida3; Raul de LD Ribeiro4; José Antonio A Espindola2; Marta dos SF Ricci2; Marcos B Ceddia4 1 UFPE, Rua Professor Luiz Freire, 1000, 50740-540 Recife-PE; 2Embrapa Agrobiologia, C. Postal 74505, 23890-000 Seropédica-RJ; Sítio Barra do Santa Teresa, Estrada RJ 116, km 100, 28660-000 Bom Jardim-RJ; 4UFRRJ-Instituto de Agronomia, BR 465, km 07, 23851-970 Seropédica-RJ; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] 3 RESUMO ABSTRACT A cobertura morta do solo com leguminosas e gramíneas é uma prática cultural que traz benefícios aos sistemas de produção. Foi conduzido um experimento no município de Seropédica, estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes tipos de cobertura morta sobre a reinfestação de ervas espontâneas e sobre o desempenho agronômico de alface, em cultivo orgânico. O delineamento experimental adotado foi blocos casualizados com quatro repetições e parcelas de oito plantas na área útil. Os tratamentos foram: bagaço de cana-de-açúcar (Saccharum sp.), bambu (Bambuza sp.), capim Cameroon (Penisetum purpureum), crotalária (Crotalaria juncea), eritrina (Erythrina poeppigiana), gliricídia (Gliricidia sepium), guandu (Cajanus cajan), mucuna cinza (Mucuna pruriens) e controle (sem cobertura dos canteiros). Estimou-se a decomposição in situ e a liberação de nitrogênio de cada cobertura morta. Foram avaliados dois ciclos consecutivos de alface, cultivar Regina, na mesma área, visando a comparar o efeito residual das coberturas mortas. Observou-se maior acúmulo de N nos resíduos vegetais das leguminosas (máximo de 1.010 kg ha-1 com mucunacinza). Em relação à decomposição da cobertura morta, avaliada na colheita do primeiro ciclo de alface (35 dias após o transplante), as leguminosas apresentaram percentuais inferiores aos das gramíneas de massa seca e N remanescentes. A reinfestação dos canteiros pelas ervas espontâneas não diferiu significativamente entre coberturas mortas, variando entre 31 e 58 plantas m-2, mas a redução da densidade populacional da vegetação reinfestante chegou a 83% em comparação ao tratamento controle. Em ambos os ciclos de cultivo da alface, a massa fresca (de 315,8 a 366,0 e de 202,9 a 225,0 g planta-1, respectivamente nos primeiro e segundo ciclos), o diâmetro da cabeça (de 30,8 a 31,7 e de 25,5 a 28,5 cm) e o teor de N (de 32,3 a 38,8 e de 28,0 a 30,3 g kg-1) foram superiores quando leguminosas foram utilizadas como cobertura morta. Palavras-chave: Lactuca sativa, cobertura do solo, controle de ervas espontâneas, gramíneas, leguminosas, nitrogênio. Evaluation of mulches on organically grown lettuce Soil mulching with legumes and grasses is an agricultural practice which promotes benefits to production systems. An experiment was carried out at Seropédica, Rio de Janeiro State, to evaluate the effects of mulch types on weed control and agronomic performance of organically grown lettuce. A randomized blocks design was adopted, with four replications and eight plants in the useful area of each plot. The treatments were: sugar cane (Saccharum sp.) bagasse, bamboo (Bambuza sp.), Cameroon grass (Penisetum purpureum), sunn hemp (Crotalaria juncea), mountain immortelle (Erythrina poeppigiana), gliricidia (Gliricidia sepium), pigeon pea (Cajanus cajan), velvet bean (Mucuna pruriens) and control (no mulching). In situ decomposition and nitrogen release rates were estimated for each mulch. Two consecutive cycles of lettuce (cv. Regina) were conducted in the same area to compare residual effects of mulching. There were greater accumulations of N in the legumes residues (with a maximum of 1.010 kg ha-1, at velvet bean). Legumes residues showed lower contents of remaining dry matter and N than grasses, at the end of the first cultivation cycle of lettuce (35 days after transplanting). Weed populations did not differ in relation to the mulch source, varying from 31 to 58 plants m-2. The reduction of weed infestation reached 83% as compared to the control treatment. In both crop cycles, lettuce shoot dry matter (315.8 to 366.0, and 202.9 to 225.0 g plant-1, respectively at the first and the second cultivation cycles), diameter (30.8 to 31.7, and 25.5 to 28.5 cm) and N content (32.3 to 38.8, and 28.0 to 30.3 g kg-1) were greater in the treatments using legume mulches. Keywords: Lactuca sativa, soil cover, weeds control, grasses, legumes, nitrogen. (Recebido para publicação em 12 de junho de 2007; aceito em 9 de junho de 2008) A cobertura morta do solo é uma prática cultural que traz reconhecidos benefícios aos sistemas de produção, especialmente no que diz respeito à olericultura. Dentre as vantagens decorrentes de sua utilização podem ser destacadas, quanto aos atributos do solo, a melhoria da estrutura (Corrêa, 2002), a prevenção à erosão (Smolikowski et al., 2001) e o aporte de matéria orgânica e nutrientes (Cadavid et al., 1998). O po216 tencial de controle de ervas espontâneas tem sido também registrado (MacLean et al., 2003). Diversos fatores influenciam a decomposição de resíduos vegetais introduzidos em áreas de cultivo, tais como a qualidade e abundância da biota do solo, as características específicas do próprio material orgânico e as condições edafoclimáticas de cada região (Correia & Andrade, 1999). De acordo com es- tes autores, sob idênticas condições de clima e solo, a velocidade de decomposição dos resíduos e a conseqüente liberação de nutrientes são influenciadas pela composição química do material empregado. Dentre as espécies utilizadas para cobertura morta do solo, destacam-se representantes de leguminosas e gramíneas. As primeiras, pela capacidade de se associarem às bactérias Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Avaliação de coberturas mortas em cultura de alface sob manejo orgânico fixadoras de nitrogênio, possibilitam elevado aporte desse elemento aos sistemas de produção (Barradas et al., 2001; Padovan et al., 2002). De maneira geral, a palhada de leguminosas, fragmentada e depositada na superfície do solo, caracteriza-se por uma rápida decomposição e liberação de nutrientes (Aita & Giacomini, 2003), o que tende a favorecer o desempenho agronômico das culturas. Por outro lado, as gramíneas normalmente apresentam decomposição mais lenta, podendo inclusive acarretar imobilização de nutrientes no solo (Espindola et al., 2006). O objetivo deste estudo foi avaliar a influência de diferentes coberturas mortas sobre a reinfestação pela vegetação espontânea e sobre o desempenho agronômico da cultura da alface, em dois cultivos consecutivos sob manejo orgânico, além de determinar a decomposição e a liberação de N pelos materiais vegetais avaliados. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em área pertencente ao Sistema Integrado de Produção Agroecológica (Fazendinha Agroecológica Km 47), localizado no município de Seropédica (Baixada Fluminense), estado do Rio de Janeiro. O clima da região pertence à classe Aw, segundo Köppen. O solo onde foi instalado o experimento é classificado como Planossolo, cuja análise química, procedida de acordo com a metodologia preconizada pela Embrapa (1997), apresentou os resultados (camada de 0-20 cm): pH em água = 6,1; Al = 0,0 mmolc dm-3; Ca = 13 mmolc dm-3; Mg = 7 mmolc dm-3; P = 21 mg dm-3 e K = 53 mg dm-3. O preparo do solo consistiu inicialmente de aração e gradagem. Em seguida, os canteiros foram levantados com auxílio de microtrator e enxada rotativa. A adubação desses canteiros, precedendo o transplantio das mudas de alface, correspondeu a 9,1 t ha-1 de esterco bovino (dose equivalente a 100 kg de N ha-1), além de 30 kg de P ha-1 e de 60 kg de K ha-1, nas formas de termofosfato e sulfato de potássio, respectivamente. A adubação de cobertura com cama-deaviário (teor de 3 g N kg-1) foi realizada Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Tabela 1. Características químicas e aporte de nitrogênio de diferentes resíduos vegetais usados para cobertura morta do solo (chemical properties and nitrogen amounts of different residues used for soil mulching). Seropédica, SIPA, 2004. 1 Lig = lignina (lignin); 2Pol = polifenóis (polyphenols); 3N = quantidade de nitrogênio acumulado nos resíduos vegetais (ammounts of nitrogen accumulated in the residues). quinze dias após o transplantio das mudas de alface, na dose de 40 g planta-1. O delineamento experimental adotado foi blocos casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos consistiram das fontes de cobertura morta: bagaço de cana-de-açúcar (Saccharum sp.), bambu (Bambuza sp.), capim Cameroon (Penisetum purpureum), crotalária (Crotalaria juncea), eritrina (Erythrina poeppigiana), gliricídia (Gliricidia sepium), guandu (Cajanus cajan), mucuna cinza (Mucuna pruriens), além de um tratamento controle, sem cobertura. Os resíduos empregados corresponderam à parte aérea das leguminosas herbáceas (crotalária, guandu e mucuna cinza) e do capim Cameroon, a folhas e ramos finos das leguminosas arbóreas (eritrina e gliricídia), às folhas secas coletadas sob bambuzal e ao bagaço de cana-de-açúcar, recolhido em estabelecimento comercial, após a moagem. Os resíduos foram triturados e, posteriormente, secos à sombra. Utilizou-se, de cada cobertura morta, a quantidade necessária para formar uma camada uniforme e com espessura de 5,0 cm sobre os canteiros. A aplicação das coberturas mortas foi realizada imediatamente após o preparo dos canteiros. Amostras foram coletadas para estimativas dos teores de nitrogênio, assim como de indicadores da qualidade dos resíduos (relações C/ N, teores de polifenóis e lignina) (Tabela 1). Para tanto, essas amostras foram secas em estufa por 72 horas, até massa constante, e, posteriormente, moídas. A determinação de nitrogênio baseou-se no método recomendado por Bremner & Mulvaney (1982), o carbono foi determinado pela queima em mufla à temperatura de 550 o C (Embrapa, 1997) e a análise de polifenóis foi procedida em extratos metanólicos, de acordo com Anderson & Ingram (1989). As análises de lignina, por sua vez, foram realizadas a partir do método de fibra em detergente ácido (Van Soest & Wine, 1968). Para se avaliar a decomposição in situ e a liberação de nitrogênio, amostras de 25 g de cada material foram acondicionadas em sacolas de polietileno de 40 x 30 cm, com malha de 2 mm. Essas sacolas foram distribuídas na superfície das parcelas experimentais quando do transplantio da alface, sendo ali mantidas até a colheita. Nessa ocasião, quantificou-se o material remanescente em relação aos percentuais de massa seca e de N, conforme metodologias já referidas. Para tanto, tomou-se o cuidado de separar partículas de solo aderidas aos resíduos vegetais. Mudas de alface, cultivar Regina, foram produzidas em casa-de-vegetação, utilizando-se bandejas de isopor com 200 unidades, abastecidas com substrato constituído de subsolo argiloso, esterco bovino curtido, vermicomposto e cama-de-aviário, na proporção respectiva de 8:4:2:1 (base em volume). Três semanas após a semeadura, as mudas de alface foram transplantadas, adotando-se o espaçamento de 0,25 x 0,25 m. A parcela experimental foi constituída de 32 217 FF Oliveira et al. Tabela 2. Massa seca e nitrogênio remanescentes em diferentes resíduos vegetais utilizados para cobertura morta do solo, após 35 dias de cultivo de alface (remaining dry matter and nitrogen of different residues used for soil mulching, after 35 days of lettuce cultivation). Seropédica, SIPA, 2004. 1 Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p<0,05) (means followed by the same letter, in the column, do not differ from each other by Scott-Knott test, p<0.05). plantas de alface, perfazendo uma área de 2,0 m2. A área útil foi representada por quatro plantas ocupando as duas fileiras interiores em cada canteiro, desprezando-se aquelas do início e do final das linhas de plantio. A alface foi colhida 35 dias após o transplantio, amostrando-se as plantas da área útil para determinação da massa fresca e diâmetro da parte aérea (cabeça). Avaliou-se, ainda, o teor de N nas folhas da alface colhida em cada tratamento. Imediatamente antes da colheita da alface, a população de ervas espontâneas foi estimada através de amostragem feita com o auxílio de moldura de madeira, representando um quadrilátero com área interna de 0,25 m2, colocado no centro de cada parcela. Por ocasião da colheita da alface realizou-se então uma capina manual dos canteiros. Logo após a colheita da alface, iniciou-se um segundo ciclo, com a mesma cultivar, transplantando-se as mudas para os canteiros ainda cobertos com a palhada remanescente de cada tratamento. Foi efetuada apenas uma adubação de cobertura, 15 dias após o transplantio, aplicando-se 40 g de cama-de-aviário planta-1 sobre a superfície do solo. As características avaliadas foram as mesmas observadas no primeiro ciclo da alface. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, através do teste F, comparando-se as médias pelo teste de Scott-Knott. Objetivando detectar possíveis relações entre componentes 218 químicos dos resíduos vegetais e valores remanescentes de massa seca e de N, efetuaram-se testes de correlação de Pearson. RESULTADOS E DISCUSSÃO As fontes de cobertura morta avaliadas apresentaram diferentes comportamentos quanto ao acúmulo de nitrogênio nos resíduos vegetais. Os maiores valores para essa característica mostraram-se associados às leguminosas. No caso da mucuna cinza, por exemplo, verificou-se uma quantidade acumulada da ordem de 1000 kg de N ha-1. Por outro lado, coberturas mortas derivadas de gramíneas apresentaram menores quantidades acumuladas desse elemento nos resíduos vegetais, com o máximo de 295 kg de N ha-1, correspondente às folhas de bambu (Tabela 1). A permanência da cobertura no solo e o fornecimento de nitrogênio pelos resíduos vegetais foram avaliados através da determinação dos percentuais de massa seca e de nitrogênio remanescentes após 35 dias do cultivo de alface. De maneira geral, constataram-se percentuais inferiores de massa seca remanescente para as leguminosas, com exceção do guandu (Tabela 2). De forma análoga, os baixos teores de N remanescente associados aos resíduos de leguminosas indicam ter havido liberação mais rápida a partir dos resíduos desses materiais, o que ocorreu durante o primeiro ciclo de cultivo da alface. Quanto às características avaliadas nas coberturas mortas nesse estudo, pôde-se observar que as relações C/N foram mais baixas nas leguminosas que nas gramíneas (Tabela 1). Dentre as leguminosas, apenas o guandu apresentou alta relação C/N, o que se explica pelo fato das plantas terem sido cortadas após a fase de florescimento. Por sua vez, as relações (lignina + polifenóis)/ N foram mais altas para bagaço de canade-açúcar e capim Cameroon. De fato, foi possível estabelecer uma relação significativa entre os teores de N e as taxas (lignina + polifenóis)/N com os percentuais de massa seca remanescente dos resíduos vegetais (r = -0,89** e 0,65*, respectivamente). Além disso, os teores de N nos materiais empregados como coberturas mortas também se relacionaram à sua liberação (r = 0,84**). Esses resultados encontram respaldo em outros autores, que ressaltam a importância dos teores de N (Constantinides & Fownes, 1994) e das relações (lignina + polifenóis)/N (Matta-Machado et al., 1994; McDonagh et al., 1995) na liberação desse nutriente a partir de resíduos vegetais em decomposição. Nos canteiros de alface, a espécie predominante dentre as ervas espontâneas foi Cyperus rotundus (tiririca). As avaliações efetuadas ao final do primeiro ciclo de cultivo da hortaliça indicaram que todas as coberturas mortas foram eficientes no controle da vegetação espontânea reinfestante. De maneira geral, a reinfestação espontânea variou entre 31 e 58 plantas m-2, sem apresentar diferenças significativas entre as coberturas mortas (média de 43 plantas m-2), mas mostrando-se significativamente inferior ao valor observado no tratamento controle (189 plantas m-2). Outros autores têm evidenciado o potencial de controle de ervas espontâneas através da adição de resíduos de gramíneas (Correia & Durigan, 2004) e de leguminosas (Erasmo et al., 2004) à superfície do solo. Esses resultados são geralmente associados a efeitos físicos e químicos. Assim, a cobertura morta é capaz de alterar umidade, luminosidade e temperatura superficial do solo, dificultando a quebra de dormência e a germinação de sementes, além de se constituir em barreira mecânica (Constantin, Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Avaliação de coberturas mortas em cultura de alface sob manejo orgânico 2001). Do ponto de vista químico, os resíduos vegetais podem liberar substâncias capazes de inibir ou retardar a germinação e o crescimento das plântulas, processo este conhecido como alelopatia (Pires & Oliveira, 2001). Em ambos os ciclos de cultivo da alface, foram constatados valores mais elevados de massa fresca e diâmetro da parte aérea colhida (cabeça) com as coberturas mortas de leguminosas, à exceção do guandu no primeiro ciclo (Tabela 3). Além disso, as alfaces que compunham os tratamentos com leguminosas apresentaram maior teor de N (Tabela 3), o que pode ser atribuído à suplementação deste nutriente derivado das leguminosas, conforme anteriormente discutido. Em consonância, Ambrosano et al. (2003) demonstraram a capacidade de leguminosas em contribuir para o aumento do teor de nitrogênio do solo. De acordo com esses autores, o N acumulado pelas leguminosas é prontamente mineralizado durante a decomposição de seus resíduos e preservado na matéria orgânica do solo. Merecem destaque os efeitos proporcionados pelas coberturas mortas de guandu e bambu no decorrer do segundo ciclo de cultivo da alface. A composição química do guandu (baixa relação C/N e altos teores de lignina e polifenóis) não permitiu influência positiva da palhada depositada quanto ao crescimento da alface e acúmulo de nitrogênio nos tecidos foliares durante o primeiro ciclo. A subseqüente decomposição dos resíduos do guandu, por ocasião do segundo cultivo da alface, possibilitou a absorção do N liberado e o conseqüente estímulo ao desenvolvimento vegetativo da hortaliça. De forma similar, a palhada de bambu também possibilitou aumento no desempenho da alface durante o segundo ciclo de cultivo. Considerando-se que este aumento do desempenho não foi acompanhado pela elevação dos teores de N na alface, é possível que tal resultado esteja relacionado a outros benefícios associados à utilização daqueles resíduos como cobertura morta. Gliessman (2001) indica que as coberturas mortas formadas por resíduos de lenta decomposição, como é o caso das gramíneas, contribuem para a conservação da umidade do solo, tendo efeito direto sobre a produção agríHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Tabela 3. Diâmetro, massa fresca e teor de N de alface colhida em sistema orgânico de produção, utilizando diferentes coberturas mortas (Diameter, dry matter and N content of organically grown lettuce). Seropédica, SIPA, 2004. 1 Para cada ciclo, médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott (p<0,05) (for each cultivation cycle, means followed by the same letter, in the column, do not differ from each other by Scott-Knott test, p<0.05). cola. Por outro lado, o fato do bambu apresentar relação C/N intermediária entre as leguminosas e as demais gramíneas avaliadas pode amenizar problemas indicados por outros autores (Espindola et al., 2006) quanto à imobilização de nitrogênio em solos onde se adicionam resíduos de gramíneas. O estudo evidenciou efeitos benéficos de coberturas do solo com resíduos de leguminosas e bambu, na produção orgânica de alface. Os benefícios trazidos pelas coberturas mortas de leguminosas resultaram, principalmente, da disponibilização de nitrogênio para a cultura, liberado através da acelerada decomposição dos resíduos. Independente da sua composição, todas as coberturas mortas foram eficientes no controle da vegetação espontânea. REFERÊNCIAS AITA C; GIACOMINI SJ. 2003. Decomposição e liberação de nitrogênio de resíduos culturais de plantas de cobertura de solo solteiras e consorciadas. Revista Brasileira de Ciência do Solo 27: 601-612. 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Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 SILVA MS; LOURENÇÃO AL; SOUZA-DIAS JAC; MIRANDA FILHO HS; RAMOS VJ; SCHAMMASS EA. 2008. Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype B. Horticultura Brasileira 26: 221-226. Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype B Márcia S Silva1; André L Lourenção1; José Alberto C de Souza-Dias1; Hilário da S Miranda Filho1; Valdir J Ramos2; Eliana A Schammass3 1 3 IAC- APTA, C. Postal 28, 13012-970 Campinas-SP; 2APTA Regional Sudoeste Paulista, C. Postal 62, 18300-970 Capão Bonito-SP; Instituto de Zootecnia, R. Heitor Penteado, 56, 13460-000 Nova Odessa-SP; [email protected]; ABSTRACT RESUMO The resistance of 24 potato genotypes to B. tabaci (Genn.) biotype B (Hemiptera: Aleyrodidae) was evaluated in five greenhouse experiments. The first experiment we evaluated the attractiveness and preference for oviposition in a free-choice test (randomized blocks, 24 treatments, and eight replications). In two other experiments we evaluated no-choice preference for oviposition (randomized blocks, six treatments, and ten replications). The whitefly egg-adult cycle was monitored using a statistical design in randomized blocks with five replications. Trichome density was evaluated in an experiment with 24 treatments and six replications, in a completely randomized design. In the free-choice test, potato genotypes NYL 235-4 and IAC-1966 were the most attractive to adults, while cultivars Achat, Aracy Ruiva, and Monte Bonito presented the lowest number of adults. Also in this assay, cultivars Achat, Ibituaçu, Panda, IAC-1966, and Agata presented the lowest number of eggs, while in the no-choice test, only cultivar Achat and IAC-1966 remained resistant. Consequently, for these two genotypes non-preference is the oviposition resistance mechanism. The eggadult cycle varied from 21 days (cultivar Panda) to 22.5 days (clones IAC-1966 and NYL 235-4). The adult emergence varied from 91.2% (clone IAC-1966) to 99.3% (cultivar Ibituaçu). Clone NYL 235-4 had the greatest number of simple (ST) and glandular (GT) trichomes; while clone IAC-1966 had the lowest number of ST and, clone IAC6290, of GT. There were significant correlations between adult attractiveness and oviposition preference; between oviposition preference and ST density; and between oviposition preference and GT density. Considering all characteristics, cultivar Achat was the most resistant to B. tabaci biotype B among all potato genotypes studied, while clone NYL 235-4 proved (past tense) to be susceptible. Resistência de genótipos de batata (Solanum spp.) a Bemisia tabaci biótipo B Keywords: Insecta, Aleyrodidae, silverleaf whitefly, host plant resistance. Palavras-chave: Insecta, Aleyrodidae, mosca-branca, resistência de plantas a insetos. No presente trabalho avaliou-se a resistência de 24 genótipos de batata a B. tabaci (Genn.) biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae), em casade-vegetação, por meio de cinco experimentos. No primeiro, foram avaliadas a atratividade e a preferência para oviposição em teste com chance de escolha (blocos ao acaso, 24 tratamentos, oito repetições). Para avaliação da preferência para oviposição sem chance de escolha, foram conduzidos dois experimentos (blocos ao acaso, seis tratamentos, dez repetições). Para acompanhamento do ciclo ovo-adulto também foram utilizados blocos ao acaso, com seis tratamentos e cinco repetições. As avaliações de tricomas foram realizadas em experimento inteiramente casualizado, com os 24 tratamentos, repetidos seis vezes. Na avaliação de atratividade, os genótipos NYL 235-4 e IAC-1966 apresentaram o maior número de adultos e, as cultivares Achat, Aracy Ruiva e Monte Bonito, o menor. Com relação à oviposição, em teste com chance de escolha, as cultivares Achat, Ibituaçu, Panda e Ágata e o clone IAC1966 foram os genótipos menos ovipositados. Porém, em teste sem chance de escolha, permaneceram como resistentes apenas a cultivar Achat e o clone IAC-1966, caracterizando-se como portadores de nãopreferência para oviposição. O ciclo ovo-adulto variou de 21,4 (cultivar Panda) a 22,5 dias (clones IAC-1966 e NYL 235-4). A emergência de adultos oscilou de 91,2% (clone IAC-1966) a 99,3% (cultivar Ibituaçu). Com base nos dados de densidade de tricomas, verificou-se que o clone NYL 235-4 possui alta densidade de tricomas simples (TS) e glandulares (TG). Já os genótipos com menor pilosidade foram IAC-1966 (TS) e IAC-6290 (TG). Foram verificadas correlações significativas e positivas entre atratividade para adultos e preferência para oviposição (PO), PO e TS e entre PO e TG. Considerando-se todas as características, a cultivar Achat é o genótipo mais resistente a B. tabaci biótipo B. (Recebido para publicação em 21 de agosto de 2007; aceito em 18 de abril de 2008) P ossibly, B. tabaci biotype B was introduced in Brazil in the beginning of the 1990’s via importation of plant material. Large populations were observed in São Paulo State, in Campinas region, in 1991 and 1992. Severe infestations were observed in ornamentals and in broccoli, eggplant, tomato, and pumpkin crops, causing irregular fruit ripening and leaf silvering in the latter two, respectively (Lourenção & Nagai, 1994). Recent whitefly infestation surveys in potato were conducted by Souza-Dias et al. (2005) in the Southwest region of São Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Paulo. These authors observed that producers conduct frequent field inspections to control the initial B. tabaci points of attack. B. tabaci biotype B management in several crops has become a challenge to growers, because the damages caused by this whitefly have increased in various geographic regions, including Brazil. Takahashi (2008) described that agricultural practices based on monoculture, together with high reproductive potential of the pest, are among the most important causes of its emergence as a major phytosanitary control target. Among control methods, the breeding and use of resistant cultivars is very important, and it is considered the ideal method, for the following reasons: it can prevent or reduce insecticide applications; its effects are cumulative with time; it can improve the efficiency of natural enemies by decreasing the vigor and causing changes in the physiological condition of pests; it does not pollute; its technology comes enclosed in the seed itself; it does not interfere with other agricultural practices, and it usually fits harmoniously into integrated 221 MS Silva et al. management programs (Smith, 1989; Lara, 1991). Therefore, the present study was carried out to evaluate resistance of 24 potato genotypes (Solanum spp.) with respect to B. tabaci biotype B infestation. MATERIAL AND METHODS B. tabaci biotype B stock rearing - A small greenhouse (3 × 5 m) was used to rear the whitefly, constructed with a masonry base (1m height), anti-aphid screen sides, and a glass roof, with benches. Soybean, tomato, tobacco, and collards plants were used. Senescent plants were replaced every fifteen days to provide suitable conditions for the insect. Selection of genotypes - Twentyfour genotypes (most of which are cultivars) from different breeding programs were selected from Instituto Agronômico’s (IAC) Potato Germplasm Active Bank, maintained at APTA Regional do Sudoeste Paulista, in Itararé, São Paulo State (Table 1). In this process, we sought to select cultivars and clones resistant to different plant pathogens, comprising fungi, viruses, and bacteria, as well as insects (Silva, 2007), aiming at assembling germplasm with high genetic variability. Adult attractiveness and oviposition preference of Bemisia tabaci biotype B in a free-choice test Plants from the 24 evaluated genotypes (Table 1) were grown in greenhouse, using 3-L plastic pots, filled with a soilorganic compost mix and fertilized with 4-14-8 rate (8.08 g plant-1), according to the recommendation for the crop (Raij et al., 1997). Thinning was performed when the plants reached 20 cm in size, leaving one plant per pot. Artificial infestation was carried out when plants showed the first pair of full developed leaves, by introducing pots with highly infested soybean, containing on average 300 whitefly adults per plant. Infestation spots were equidistantly sorted among the potato pots, placing one spot for each four potato pots. This procedure was adapted from the technique adopted by Valle & Lourenção (2002) to evaluate adult attractiveness and oviposition preference of B. tabaci biotype B in soybean genotypes. After infestation periods of 24, 48, and 72 hours, adults present on the abaxial 222 surface of the first two leaflets of the first pair of full expanded leaves of each plant were counted. After one week of exposure to adults, two upper leaflets per plant were collected for counting the number of eggs present. To preserve their quality, leaflets were wrapped in baking paper, placed in plastic bags, and then kept under cold storage for later handling. To assess the number of eggs, leaflet abaxial surfaces were examined under the stereoscopic microscope at 40X magnification. Upon egg counting, leaflet area was measured in a leaf area measuring device (LI-COR LI 3100A) to allow estimating number of adults and number of eggs per cm2. The experiment was arranged as random blocks, with 24 treatments and eight replications. Each plot consisted of two leaflets, summing up 16 leaflets per genotype. Oviposition preference in a nochoice test – 1st run - The oviposition preference of B. tabaci biotype B in a nochoice test was carried out under greenhouse conditions using five of the least preferred genotypes in the previous assay (cultivars Achat, Ibituaçu, Panda, and Agata, and clone IAC-1966), together with a susceptible genotype (clone NYL 235-4). Which presented high number of adults and eggs in a face-choice test. Sixliter plastic pots were used with one plant each. An iron frame (35 cm upper diameter × 70 cm height) covered with voile was placed over each pot. The experiment was planted and carried out using the same procedures as in the previous assays. Artificial infestation was performed when plants developed the first pair of full expanded leaves, by introducing about 200 B. tabaci biotype B adults of unknown age into each pot protected by the voile-covered iron frame. The number of adults used in our test was based on similar studies (no-choice tests with B. tabaci biotype B) conducted by Valle & Lourenção (2002) and Alves et al. (2006). The experiment finished six days after infestation, when two upper leaflets were collected from each plot for counting the number of eggs on the abaxial surface. Therefore, only the upper canopy of the plants was used for evaluation. The number of eggs cm-2 was estimated in the same way as in the previous experiment. A random block experimental design was adopted, consisting of six treatments replicated ten times, summing up 60 plots. Oviposition preference in a no– choice test – 2nd run - The no-choice test was conducted a second time, using the same procedures as before. The only difference was in the evaluation sampling, in which two pairs of leaflets were collected to obtain egg counts (1st and 2nd pairs of fully developed leaflets), in order to determine whitefly oviposition on the lower canopy of the plants. Egg-adult development of B. tabaci biotype B - In this experiment, a small insect rearing facility was used (2.0 m width × 1.7 m height) with sides protected by anti-aphid screen, a glass roof, and a masonry base. The five genotypes with the least oviposition (cultivars Achat, Ibituaçu, Panda and Ágata, and clone IAC-1966) and the genotype with the highest mean number of eggs (NYL 235-4) were evaluated. The procedures adopted to conduct the plants were the same as in the previous experiments. When the plants showed the first pair of full developed leaves, the pots were transferred to the B. tabaci biotype B rearing facility for a period of four hours. The pots were then taken out of the facility and all whiteflies were removed from the plants to prevent further oviposition and to ensure that all eggs had approximately the same age. Plants were taken to the laboratory and areas containing 15 eggs were delimited under the stereoscopic microscope (40X magnification) using a red, 1-mm-tip overhead projector marker. Two leaflets were used per plant, adding up 30 eggs per plot, in a total of 150 eggs evaluated per genotype. Plants were then placed in the insect rearing facility to prevent infestation by other insects. The delimited areas of each plant were inspected daily during a 34-day period, and the number of viable eggs, nymphs, and empty puparia (an indication of adult emergence) were recorded. Based on these data, we determined the number of days required for complete development from egg-adult and adult emergence percentages for all selected genotypes. A random block experimental design was adopted, consisting of six treatments replicated five times, numbering 30 plots. Trichome density - The number of simple and glandular trichomes was counted on the abaxial surface of leaflets Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype B Table 1. B. tabaci biotype B adult attractiveness averages (adults cm-2) in three evaluations (24, 48, and 72 hours) and oviposition means (eggs cm-2), on the abaxial surface of leaflets of 24 potato genotypes, evaluated in a free-choice test in the greenhouse (Atratividade para adultos (adultos cm-2) em três avaliações (24, 48 e 72 horas) e de oviposição (ovos cm-2) de B. tabaci biótipo B, na face abaxial de folíolos de 24 genótipos de batata, avaliados em teste com chance de escolha, em casa-de-vegetação). Campinas, IAC- APTA, 2006. *Means followed by the same letter in the column do not differ significantly from each other by Tukey test, p≤0.05 (médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey (p≤0,05)); **Original data. For statistical analysis, data were transformed to log (x) (dados originais. Para análise estatística, os dados foram transformados em log (x)). from the 24 genotypes studied, aiming at correlating their density with the other resistance parameters evaluated. The experiment was carried out using the same practices adopted for the freechoice assay. Leaflets were collected when plants showed the first pair of full developed leaves and were preserved in a refrigerator. The number of trichomes was counted using a stereoscopic microscope at 40X magnification. A completely randomized design was used, with 24 treatments and six replicates. Each plot corresponded to one-plant pot. Two leaflets were taken from each plant and two areas (ad and abaxial) were marked per leaf, measuring 28 mm2 each, represented by a circle. Each plot consisted of four areas, with 24 areas per genotype, summing up 576 areas in all plots. Statistical analyses - An analysis of variance was run for all the evaluated Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 characteristics, and means were compared by the Tukey test (p≤0.05), using the SAS statistical software. RESULTS AND DISCUSSION B. tabaci biotype B adult attractiveness - Since no new artificial infestations were made at the experiment’s site during the three days of evaluation, the insects had a chance to move from one genotype to another, according to the best host suitability. In the first evaluation (24 h), there were no attractiveness differences among the 24 genotypes (Table 1), which may indicate insufficient time for the whitefly to recognize and accept a genotype. This fact was again observed in the second evaluation (48 h). There were differences between genotypes in the last evaluation, and the most and least attractive genotypes to the whitefly could be identified. Low attractiveness to B. tabaci biotype B adults was demonstrated for cultivars Achat (1.8 adults), Aracy Ruiva (2.1), and Monte Bonito (2.2). These differed from the most attractive genotypes, namely, IAC-1966 (7.5 adults) and NYL 235-4 (8.0 adults). The other genotypes ranked at intermediate positions. The occurrence of different attractiveness levels to B. tabaci biotype B adults depending on genotype evaluated is known for other plant species of economic expression. The lowest attractiveness to adults was observed in soybean (Valle & Lourenção, 2002), squashes (Alves et al., 2005), tomato (Fancelli et al., 2003), and cotton (Boiça Jr. et al., 2007). Oviposition preference in a freechoice test - In this evaluation, cultivars Achat (20.4 eggs), Ibituaçu (25.0), Panda (28.1), and Agata (32.7), and 223 Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype B Table 2. B. tabaci biotype B oviposition (eggs cm-2) on the abaxial surface of leaflets of six potato genotypes, evaluated in two no-choice test runs in the greenhouse (oviposição (ovos cm-2) de B. tabaci biótipo B, na face abaxial de folíolos de seis genótipos de batata, avaliados em duas conduções de teste sem chance de escolha, em casa-de-vegetação). Campinas, IAC- APTA, 2006/2007. *Means followed by the same letter in the column do not differ significantly from each other by the Tukey test, p≤0.05 (médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey, p≤0,05); **Original data. For statistical analysis, data were transformed to log (x) (dados originais. Para análise estatística, os dados foram transformados em log (x)); ***Original data. For statistical analysis, data were transformed to square root of (x+k), with k=0 (Dados originais. Para análise estatística, os dados foram transformados em raiz de (x+k), sendo k=0). clone IAC-1966 (30.1) presented the lowest averages for egg per leaf area (Table 1), suggesting they have the nonpreference-for-oviposition type of resistance. Even having been one of the most attractive genotypes to whitefly adults, clone IAC-1966 presented a low number of eggs, which can be explained by the various stimuli from the plant that affect insect behavior, from their arrival at the plant to locomotion movements, induction of feeding, oviposition, and departure from the plant (Lara, 1991). The non-preference-for-oviposition type of resistance in B. tabaci biotype B also occurs in free-choice tests with other crops, such as soybean (Valle & Lourenção, 2002), squashes (Alves et al., 2005), tomato (Fancelli et al., 2003), and cotton (Boiça Jr. et al., 2007). In this work, the clone NYL 235-4 (100.4) presented the highest egg average, suggesting it is susceptible to oviposition by this whitefly. The other genotypes were at an intermediate position relative to clone NYL 325-4 and the five least-oviposited ones. Oviposition preference in a no– choice test – 1st run - In this first run, cultivar Achat (16.0 eggs) stood out for showing the least oviposition, followed by genotypes NYL 235-4 (17.7) and IAC-1966 (26.3), which did not differ from each other (Table 2). Cultivar Agata was the genotype with the highest 224 average, demonstrating that the lowest oviposition observed in the free-choice test was not stable. However, clone NYL 235-4, which was the most susceptible genotype in the free-choice test, showed a low number of eggs in the canopy layer sampled (upper), which motivated us to replicate the experiment, evaluating both upper and lower plant canopy layers. S. berthaultii accessions (species to which one of the clone NYL 235-4 parents belongs) have been evaluated for resistance to insects, including no-choice oviposition preference tests. Thus, Lopes et al. (2000) evaluated PIs 473331 and 473334 and verified that both accessions bore resistance of the non-preference-foroviposition type to the lepidopteran P. operculella, demonstrating that this test is essential to confirm resistance observed in free-choice tests. Oviposition preference in a no– choice test – 2nd run - In this second run, both plant canopy layers were taken into consideration; assessments were made in the first and second pairs of completely developed leaves. The oviposition values in the six genotypes found for the first pair of leaves followed the same tendency observed in the first run. Cultivar Achat, with 18.9 eggs, was again the least oviposited, differing from cultivars Panda (36.4), Ibituaçu (37.7), and Agata (44.4), with the highest oviposition values, but not differing from clones NYL 235-4 (24.8) and IAC1966 (34.5) (Table 2). By evaluating the second pair of leaves, the highest oviposition was shown to occur in clone NYL 235-4 and cultivar Ibituaçu, in contrast with clone IAC-1966, the least preferred by the insect. The more comprehensive sampling of the plant, expressed by the average of both canopy layers, demonstrated that clone NYL 2354 does not show resistance of the nonpreference-for-oviposition type as the nochoice test might have suggested. The high value obtained in the second pair of leaves (67.8 eggs), as well as the average for both layers indicate that some plant factor determines that the insect will remain in the lower canopy, where it oviposits, on average, in greater numbers than in genotypes Achat and IAC-1966. It is known that B. tabaci lays its eggs preferentially in the upper part of plants where younger leaves occur, whereas older nymphs and pupae are found in older leaves (Lenteren & Noldus, 1990). However, the present study indicates that potato samplings intended to obtain egg counts should be more comprehensive to detect B. tabaci biotype B oviposition preference. Based on oviposition on both plant canopy layers, it can be considered that cultivar Achat and clone IAC-1966 are the two genotypes least oviposited by B. tabaci biotype B, being characterized as possessing resistance of the nonpreference-for-oviposition type. It also becomes evident that the lower oviposition observed in cultivars Panda, Agata, and Ibituaçu in the free-choice assay is not stable, which reinforces the importance of the mandatory test to obtain reliable inferences. Egg-adult B. tabaci biotype B development - The required period for B. tabaci biotype B to complete development from egg to adult varied from 21.4 days in cultivar Panda to 22.5 days in clones IAC-1966 and NYL 2354. This period reached 21.6 days in cultivar Agata, 21.9 days in cultivar Ibituaçu, and 22.3 days in cultivar Achat. Although the difference between the extremes (cultivar Panda and clone IAC1966) was greater than one day, no differences were detected between treatments. Extension of an insect’s life cycle may characterize the presence of the antibiosis type of resistance (Lara, Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 MS Silva et al. 1991), but in the present case such event was not demonstrated. The detection of significant development time differences in B. tabaci on different genotypes of a crop may occur only in wild genotypes, such as tomato (Baldin et al., 2005) or even among cultivated germplasm, such as squashes (Alves et al., 2005). However, in other crops, like cotton (Torres, 2007) and soybean (Lourenção, 1980), no differences were observed in the eggadult cycle for this insect, as in the present study. It is possible that, by evaluating clones of wild Solanum species, results might be obtained indicating antibiotic effects of some genotype. With respect to adult emergence, the genotypes were not different from one another, with percentages varying from 91.2% (clone IAC-1966) to 99.3% (cultivar Ibituaçu). In the other genotypes, averages were 94.0% (cultivar Achat), 94.5% (clone NYL 235-4), 94.7% (cultivar Agata), and 97.3% (cultivar Panda). Decreased adult emergence is considered an indication of the presence of antibiosis (Lara, 1991), but in our investigation this factor could not be demonstrated. Trichome density evaluation - The lowest glandular trichome density averages were observed in cultivars Itararé (22.8 trichomes 28mm-2) and Serrana INTA (21.3), and clones IAC-1966 (20.5) and IAC-6290 (6.0), which were different from genotypes NYL 235-4, which showed the highest glandular trichome density (135.8 trichomes 28mm-2), followed by cultivar Krantz, clone IAC-6063, and cultivars Aracy and Asterix, with 76.8, 66.9, 66.9, and 63.5, respectively (Table 3). As to simple trichome averages, the smallest value observed was for clone IAC-1966, with 14.3 trichomes 28mm-2. It should be pointed out that this genotype has simple trichomes on its veins only; they are absent from the leaf blade. The clone NYL 235-4 also had the highest simple trichome average (309.5 trichomes 28mm-2), and did not differ from 40% of all evaluated genotypes. In the conduction of the various experiments of the present work, it was observed that glandular trichomes were not an important adverse factor to the whitefly, since the adults managed to move between the trichomes and avoid their exudates, feeding and ovipositing Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Table 3. Trichome density (number of trichomes 28mm-2) on the abaxial surface of leaflets of 24 potato genotypes, evaluated on the upper canopy (1st pair of completely developed leaves), in the greenhouse (densidade de tricomas (número de tricomas 28mm-2) da superfície abaxial de folíolos de 24 genótipos de batata, avaliados no estrato superior (1o.par de folhas completamente desenvolvidas), em casa-de-vegetação). Campinas, IAC- APTA, 2006. *Means followed by the same letter in the column do not differ significantly from each other by the Tukey test, p≤0.05 (médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey, p≤0,05); **Original data (dados originais). normally (Table 1). The nymphs were able to complete their development, with high emergence of adults (94.5%) even on genotype NYL 235-4, which showed the highest glandular trichome density. It is important to highlight that S. berthaultii introductions and hybrids with high functional type B trichome density inhibited egg-laying in the moth P. operculella (Mumesci et al., 1997). Nevertheless, Lopes et al. (2000) reported that such oviposition-repellent effect was not due exclusively to type B trichomes, since PI 473334, which only has type A trichomes, also showed high non-preference for oviposition. In genotypes NYL 235-4 and N 140-201, however, this type of resistance did not occur, probably due to the presence of type B non-functional trichomes. In the present work, genotype NYL 235-4 did not show the non-preferencefor-oviposition type of resistance, which might also be attributed to the fact that type B glandular trichomes are not functional. It must also be taken into consideration that densely hairy genotypes can provide a more adequate microclimate for oviposition by B. tabaci females (Butter & Vir, 1989). In addition, highly pubescent leaves may hinder parasitism by the whitefly natural enemies (De Ponti et al., 1990). Therefore, this morphological factor should be taken into consideration in potato breeding programs aimed at incorporating whitefly resistance. Medeiros & Tingey (2006) evaluated the effect of glandular trichomes in S. berthaultii and its hybrids with S. 225 Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype B tuberosum on nymph emergence, development, and survival of the leafhopper E. fabae, another pest in this crop. Evaluations were made with or without removal of glandular trichomes. It was seen that, regardless of trichome removal, no nymphs completed development on PI 473331 and only a small percentage of the nymphs reached the adult stage on clone NYL 123 and on PI 473334. Resistance in these genotypes was caused not only by the influence of glandular trichomes, but also by S. berthaultii chemical makeup. Correlation analyses - Coefficient values demonstrate a significant and positive correlation between number of B. tabaci biotype B eggs and adults (r=0.59; pd”0.01). Valle & Lourenção (2002) also found a significant positive correlation for number of eggs and number of B. tabaci biotype B adults on soybean, which indicates higher oviposition associated with greater presence of adults. As to the average number of eggs and simple trichomes, a significant and positive correlation was observed as well (r=0.54; p≤0.01). It must be taken into consideration that simple trichomes do not constitute physical barriers for whitefly oviposition, but can enhance this behavior, according to observations on positive correlations between whitefly oviposition and trichome density (Peña et al., 1993; Oriani & Lara, 2000). A significant correlation (r=0.51; p≤0.01) was found between the average number of eggs and glandular trichomes. It was also seen that a positive relationship exists between both characteristics. It is therefore considered that glandular trichomes in potato did not represent morphological influences on resistance to oviposition by B. tabaci biotype B, although in other insects like Myzus persicae and E. fabae it is a resistance factor (Tingey & Laubengayer, 1981). Considering all characteristics evaluated among the germplasm under study, cultivar Achat was the most resistant genotype to B. tabaci biotype B. Because cultivar Achat is completely sterile, its parents, cultivars Fina and Rheinhort, as well as products from that cross, should be evaluated in breeding programs as a source of resistance to B. tabaci biotype B. Considering that cultivar Achat is no longer a commercial genotype and, because of this, it would not be appropriate 226 to recommend it for immediate planting in whitefly ridden locations. ACNOWLEDGEMENTS Márcia S Silva holds a scholarship from FUNDAG. André L Lourenção holds a CNPq (The National Council for Scientific and Technological Development) fellowship in Productivity in Research. REFERENCES ALVES AC; LOURENCÃO AL; MELO AMT. 2005. Resistência de genótipos de aboboreira a Bemisia tabaci (Genn.) biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidade). Neotropical Entomology 34: 973-979. BALDIN ELL; VENDRAMIM JD; LOURENÇÃO AL. 2005. Resistência de genótipos de tomateiro à mosca-branca Bemisia tabaci (Gennadius) biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae). Neotropical Entomology 34: 435-441. BOIÇA JR AL; CAMPOS ZR; LOURENÇÃO AL; CAMPOS AR. 2007. Adult attractiveness and oviposition preference of Bemisia tabaci (Genn.) (Homoptera: Aleyrodidae) B-biotype in cotton genotypes. Sciencia Agricola 64: 47-151. BROWN JK; BIRD J. 1992. Whitefly-transmitted geminiviruses and associated disorders in the Americas and the Caribbean Basin. Plant Disease 76: 220-225. BYRNE DN; BELLOWS JR TS. 1991. Whitefly biology. Annual Review of Entomology 36: 431-457. 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Solos Engenharia Rural, 58397-000 Areia-PB; [email protected]. ABSTRACT RESUMO Lettuce is one of the leading vegetables in Brazil. However, studies concerning its fertilization for the Northeastern region of the country are still scarce. This work was carried out to evaluate the effects of mineral Nitrogen supply and organic fertilization on the production and nitrate accumulation in lettuce, cultivar Elba, in the semi-arid zone of Paraíba, Brazil. A randomized block design, with four replications, was used to test five doses of cattle manure (30; 60; 90; 120, and 150 t ha-1), five doses of N supplied as urea (30; 60; 90; 120, and 150 kg ha-1), and a control without fertilization. Along with mineral N, the other nutrients were also supplied using mineral sources. No additional nutrients were supplied where organic fertilization was used. Lettuce yield was significantly higher when organic fertilization was used, compared to the mineral nutrient supply. Taking into account most of the fertilization doses recommended for growing lettuce in the Brazilian Northeastern States, N mineral fertilization in sandy soils with low organic matter contents can be fully replaced by organic fertilization with cattle manure. Plant total (PTY) and commercial yield (PCY) as affected by the mineral N supply fitted into a quadratic model, in which the doses 94.5 and 95.7 kg ha-1 corresponded to respectively the highest PTY (381.9 g plant-1) and PCY (321.6 g plant-1). Where organic fertilization was used, PTY and PCY fitted into a linear model. Therefore, the highest PTY (523.9 g plant-1) and PCY (449.48 g plant1 ) were observed at the highest manure doses. Nitrate content on roots, stems, and leaves increased linearly with Nitrogen and manure application. In roots, the nitrate content (mg kg-1 of fresh matter) reached 93.96 (N mineral (Nm)) and 65.09 (organic fertilization (OF)); in stems, 183.45 (Nm) and 98.22 (OF); and in leaves, 121.98 (Nm) and 75.62 (OF). The maximum nitrate content observed in leaves was far below the risk level for human health. Produção e acúmulo de nitrato em alface em função do fornecimento de nitrogênio e da adubação orgânica Keywords: Lactuca sativa L., lettuce, cattle manure, urea, yield. A alface é uma das hortaliças mais populares no Brasil. Porém, estudos referentes à sua adubação na região Nordeste são escassos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção e o acúmulo de nitrato em alface, cultivar Elba, em função do fornecimento de nitrogênio a partir de uma fonte mineral (uréia) e da adubação orgânica. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com quatro repetições e onze tratamentos: cinco doses de esterco bovino (30; 60; 90; 120 e 150 t ha-1), cinco doses de nitrogênio (30; 60; 90; 120 e 150 kg ha-1) e uma testemunha sem adubação. Nos tratamentos com fornecimento mineral do nitrogênio, os demais nutrientes também foram fornecidos através de fontes minerais. Nos tratamentos em que se utilizou esterco, não houve adubação adicional. A adubação orgânica resultou em produtividade significativamente mais alta do que o fornecimento de N mineral. Considerando a recomendação de adubação para o cultivo de alface no Nordeste, a adubação mineral com N, em solo arenoso com baixo teor de matéria orgânica, poderia ser integralmente substituída pela adubação com esterco bovino. Para o fornecimento de N mineral, as produtividades total (PT) e comercial (PC) se ajustaram a um modelo quadrático. As doses 94,5 e 95,7 kg ha-1 corresponderam respectivamente aos valores mais altos de PT (381,9 g planta-1) e PC (321,6 g planta-1). Para a adubação orgânica, a resposta foi linear. Portanto, os maiores valores de PT (523,9 g planta-1) e PC (449,48 g plant-1) foram observados quando as doses mais altas de esterco foram utilizadas. O teor de nitrado nas raízes, caule e folhas aumentou linearmente com o fornecimento de N mineral e com a adubação orgânica. Nas raízes, o teor de nitrato (mg kg-1 de peso fresco) alcançou 93,96 (N mineral (Nm)) e 65,09 (adubação orgânica (Org)); no caule, 183,45 (Nm) e 98,22 (Org) e, em folhas, 121,98 (Mn) e 75,62 (Org) mg kg-1 de peso fresco. Os teores mais altos de nitrato observados nas folhas ficaram muito abaixo do limite de risco para saúde humana. Palavras-chave: Lactuca sativa L., alface, esterco bovino, uréia, produtividade. (Recebido para publicação em 23 de outubro de 2007; aceito em 11 de fevereiro de 2008) N owadays there is a world-wide trend, also observed in Brazil, which consists on a growing search for healthy food, free of toxic residues, as well as environmentally friendly produced. In this context, the use of vegetables is increasingly attracting attention, mainly due to their low caloric content and high nutritional value, which significantly contributes to change the population alimentary habits. In Paraiba, lettuce (Lactuca sativa L.) is one of the most popular vegetables. It is grown on the green belts of small, median, and large cities of the State. Intrinsic traits, such as good adaptation to different climatic conditions, short cycle, possibility of consecutive crops on a same year, regular market, among others, make lettuce one of the favorite vegetables among producers (Filgueira, 2003). It is traditionally explored on a familiar basis, which confers to lettuce, in addition to the economic importance, a high social relevance. Lettuce is ordinarily produced in the Brazilian Northeastern region by small farmers, who use, most of the times, heavy fertilization, applying excessive doses of fertilizers, surpassing crop needs. This practice, in addition to increase costs, threatens the quality of * Part of the M.Sc. thesis presented by the first author to the Federal University of Paraíba, Agrarian Sciences Center, Graduation Program in Agronomy, to complete the requirements for obtaining the degree of M.Sc. in Agronomy. Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 227 ML Porto et al. the production and the environment. Being a leafy vegetable, lettuce responds well to Nitrogen fertilization, with a rise in yield and production uniformity, a trait with high commercial value (Filgueira, 2003). However, Nitrogen fertilization at present is a very controversial theme, since when it is excessive it can result on a decrease on quality due to nitrate accumulation. When nitrate is consumed on high amounts, it can cause serious damages to human health, such as the formation of nitrosamines, a potentially carcinogenic substance, besides metahemoglobinemy (Boink & Speijers, 2001; Faquin & Andrade, 2004). Therefore, appropriate N doses must be applied on lettuce cultivation to avoid nitrate accumulation. Another option, is growing lettuce in organic systems, which in addition to the good outcomes concerning both productive results and nutritional values (Santos et al., 2001; Villas Bôas et al., 2004; Yuri et al., 2004; Souza et al., 2005), has been showing relevant results concerning the decrease of nitrate accumulation in this vegetable (Cometti et al., 2004). Nitrate accumulation in plants grown in organic systems are presently a promising subject to develop further studies. It can be observed that research on the effects of mineral and organic fertilization over lettuce yield and quality are relatively scarce in the Northeastern Brazilian conditions. However, studies on this subject are essential to the development and rationalization of lettuce growing on a local level. Thus the objective of this work was to assess lettuce yield and nitrate production and accumulation as function of the mineral Nitrogen supply and organic fertilization. MATERIAL AND METHODS The experiment was carried out in an area of commercial cultivation, in Esperança, Paraíba, on a Typical Quartz Psamment soil, in fallow for four years. The soil had the following chemical characteristics at the 0-20 cm layer: H2O pH = 5.92, P = 27.35 mg dm-3, K = 94.38 mg dm-3, Ca = 1.75 cmolcdm-3, Mg = 0.7 cmolc dm-3, Na = 0.05 cmolc dm-3, H+Al = 0.83 cmolc dm-3, Al = 0.0 cmolc dm-3, and organic matter = 8.11 g kg-1. The cattle manure used in this work had the following chemical composition: N = 7.35 g kg-1, S = 2.25 g kg-1, K = 4.37 g 228 kg-1, P = 1.76 g kg-1, Ca = 0.70 g kg-1, Mg = 0.47 g kg-1, Na = 543.21 mg kg-1, Fe = 111.78 mg kg-1, B = 19.15 mg kg-1, Mn = 86.88 mg kg-1, Zn = 24.3 mg kg-1, and Cu = 124 mg kg-1. The experimental design was completely randomized blocks, with four replications and eleven treatments: five doses of cattle manure (30; 60; 90; 120, and 150 t ha-1), five doses of Nitrogen supplied as urea (30; 60; 90; 120, and 150 kg ha-1), and a control without fertilization. Blocks were split on time, every 15 days, aiming at reducing the concentration of work on the harvest, mainly due to nitrate analyses. N was applied as following: 1/3 10 days after transplanting (DAT), 1/3 20 DAT, and 1/3 25 DAT. P and K doses were 56 and 42 kg ha -1 of P2O5 and K 2O, respectively, according to the soil chemical analysis and fertilization recommendations for the State of Ceará (UFC, 1993). P and K sources were simple superphosphate and chloride potassium, respectively. All P was applied at the transplanting, while K followed the same schedule as N. The dried cattle manure was applied seven days before transplanting. Treatments with manure did not receive any other nutrient supply. Cultivar Elba (butterhead) was used because it is the most popular among local farmers. Seedlings were grown on a conventional seedbed, until having four to five permanent leaves (30 days), when they were transplanted. Experimental plots consisted of boxes measuring 1.8 m2 (1.20 x 1.50 m), in which plants were grown on 0.30 x 0.30 m spacing. Only the six central plants in each plot were taken into consideration for evaluation. Plants placed close to the borders of boxes were disregarded. Weeds were controlled by hand-hoeing. Plants were irrigated daily and no pest or disease treatments were applied. Harvests were carried out at the end of the afternoon (around 17:00 h), 30 days after transplanting. Only fully grown plants, with commercial characteristics, were harvested. Harvested plants were wrapped in plastic bags and brought to the laboratory for analyses. Plant total (PTY) and commercial yield (PCY), number of leaves per plant (NLP), and the nitrate content on roots, stems and leaves were evaluated. Nitrate contents were determined using the salicylic acid method (Cataldo et al., 1975), with modifications (Pôrto, 2006). Based on the dry matter content of the different parts of the plant (data not presented), nitrate contents in dry matter were converted to contents in fresh matter. Data were submitted to the analysis of variance, splitting the quantitative effects of N and manure doses into regressions. Means for the control treatment, mineral N supply, and organic fertilization were compared using the Tukey test, at 5% probability. All statistical analyses were performed using the software SAEG, version 8.0 (SAEG, 2000). RESULTS AND DISCUSSION Plant total (PTY) and commercial yield (PCY) both for mineral Nitrogen supply and organic fertilization, within the dose interval used (30 to 150), had intersection points between the two adjusted models. Thus, we can state that, at these points, namely 63.7 (PTY) and 45.0 (PCY) (kg ha -1 and t ha -1, for respectively mineral N and cattle manure), fertilization with either mineral N or cattle manure resulted in similar PTY and PCY (Figure 1). The N fertilization dose recommended for growing lettuce in soil fertility classes similar to the present experimental conditions is 30 (CEFSPE, 1998) or 40 kg ha-1 (CEFSBA, 1989; UFC, 1993). Therefore, on soils of sandy texture, with low contents of organic matter, such as the soil presently used, N mineral fertilization can be fully replaced by organic fertilization using cattle manure. PTY and PCY as affected by the mineral N supply fitted in a quadratic model, in which the doses 94.5 and 95.7 kg ha-1 corresponded to respectively the highest PTY (381.9 g plant-1) and PCY (321.6 g plant-1) (Figure 1). Quadratic effect of increasing N doses (0 to 180 kg ha-1 of N, in topdressing, in addition to the dose applied by the producer, 60 kg ha-1), on PTY and PCY were also observed by Resende et al. (2005), on iceberg (crisphead) lettuce, cultivar Raider. Nevertheless, the doses reported by these authors (146.9 and 149.1 kg ha-1 of N, to PTY and PCY, respectively) as the responsible for highest PTY and PCY (763.2 and 450.1 g plant-1, respectively), were much higher than those currently found in this work. This divergence is likely to be related to different edaphoclimatic conditions between the experimental sites of both studies, as well as to different nutritional needs of the Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Nitrate production and accumulation in lettuce as affected by mineral Nitrogen supply and organic fertilization studied cultivars. N and K demands in iceberg lettuce are higher than in butterhead and crisp leaf cultivars. PTY and PCY, where organic fertilization was used, fitted into a linear model. Therefore, the highest PTY (523.9 g plant-1) and PCY (449,48 g plant-1) were observed at the highest manure doses (Figure 1). These results differ from what was reported by Yuri et al. (2004), who, in iceberg lettuce, cultivar Raider, observed quadratic effects of the organic fertilization (0 to 80 t ha-1) on yield. Yuri et al. (2004) obtained maximum PTY and PCY of respectively 914,2 and 634,3 g plant-1, using 59,2 and 56,1 t ha-1 of organic compost. In the present work, we observed that organic fertilization resulted in higher increments in yield than urea (Figure 1), which stresses the largely documented impact of organic matter over lettuce yield (Santos et al., 2001; Villas Bôas et al., 2004; Yuri et al., 2004; Souza et al., 2005). It should be considered that organic matter contributes not only with nutrient supply to plants, but it also improves most of the physical soil characteristics (Santos et al., 2001), mainly on sandy soils as the one used in this experiment. Nitrate content on roots, stems, and leaves increased linearly with Nitrogen and manure application. In roots, the nitrate content (mg kg-1 of fresh matter) reached 93.96 (mineral Nitrogen supply (MNS)) and 65.09 (organic fertilization (OF)); in stems, it went up to 183.45 MNS and 98.22 OF; and, in leaves, 121.98 MNS and 75.62 OF (Figure 2). Nitrate content in roots and stems are below those observed by Cometti et al. (2004) in organic (20 t ha-1 of cattle and poultry manure) and conventional grown lettuce (300 kg ha-1 of the formula 4-14-8, in addition to manure). Nitrate content in leaves is also below previous reports for lettuce fertilized with several doses of mineral N and organic manure (Castro & Ferraz Júnior, 1998; Benini et al., 2002; Krohn et al., 2003; Cometti et al., 2004; Mantovani et al., 2005). The relatively low nitrate contents reported here are likely to be related to the environmental conditions of this work, especially high luminosity and temperature, as well as to the harvesting hour (around 17:00 h), which contribute to reducing nitrate accumulation by plants (Marschner, 1995; Krohn et al., 2003; Faquin & Andrade, 2004). Mineral Nitrogen fertilization resulted in higher nitrate content in plants than those observed when organic fertilization was used, in all Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figure 1. Plant total (PTY = PTT, g plant-1) and commercial yield (PCY = PCM, g plant-1) of lettuce as affected by the mineral N supply (dotted line) and organic fertilization (bold line) (Produção total (PTT) e comercial (PCM) por planta de alface em função do fornecimento de nitrogênio mineral (linha pontilhada) e da adubação orgânica (linha cheia). Areia, UFPB-CCA, 2006. *;**significant at p<0.05 and p<0.01, respectively, t test (*;**significativo a p<0,05 e p<0,01, respectivamente, pelo teste t). TES: PTY and PCY means in the control treatment (médias de PTT e PCM da testemunha); MIN: PTY and PCY means in treatments with mineral N supply (médias de adubação mineral dos tratamentos que receberam N mineral); ORG: PTY and PCY means in treatments with organic fertilization (médias de PTT e PCM dos tratamentos com adubação orgânica); esterco: manure; Nitrogênio: Nitrogen. Means followed by the same letter did not differ significantly from each other by the Tukey test, p<0.05 (médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, p<0,05). lettuce parts (Figure 2), with the highest values in stems and the smallest in roots. These results corroborate those of Cometti et al. (2004), who also observed that the conventional cultivation using soluble fertilizers tended to result in higher nitrate accumulation in lettuce than the organic production system. These authors also observed the highest nitrate contents in stems, raising the hypothesis that stems refrain nitrate accumulation in leaves. Nitrate accumulation by plants is observed when plant Nitrogen uptake exceeds the assimilation capacity. The surplus of N inside the plant is then stored as nitrate in the cell vacuoles (Marschner, 1995). Thus, the highest nitrate concentration in plants observed when N was supplied using a mineral source compared to the organic fertilization is probably due to the prompt N availability in soluble fertilizers in the first, causing N abundance in the soil solution, in opposition to the slow nutrient release by the latter (Santos et al., 2001). However, it is important to mention that even the highest leaf nitrate content observed here is far below the limit prescribed by the European Union (3.500 to 4.500 mg kg-1 of fresh matter) (van der Boon et al., 1990). Considering the top nitrate contents observed in this work to the maximum limit of daily consumption recommended for human beings (3.6 mg kg -1 of live weight) (Escoín-Peña et al., 1998), a 70 kgperson would need 2.1 and 3.4 kg of lettuce cultivated with mineral N supply and organic fertilization, respectively, to reach the limit, not considering the use of other nitrate sources. Therefore, we can assume that nitrate contents in lettuce grown under these conditions do not jeopardize human healthy. We observed that the use of organic fertilization resulted in higher lettuce yield than N supplied from a mineral source. Moreover, N mineral supply could be fully replaced by organic fertilization without compromising yield. Organic fertilization resulted also in significant lower nitrate content than what was observed for N mineral in all lettuce parts. Nevertheless, the highest leaf nitrate content observed was below the risk limit for human health. 229 ML Porto et al. Figure 2. Nitrate contents in lettuce roots (raíz), stems (caule), and leaves (folha) fresh matter, as affected by the mineral N supply (dotted line) and organic fertilization (bold line) (teores de nitrato na massa fresca de raízes, caules e folhas da alface, em função do fornecimento de nitrogênio mineral (linha pontilhada) e da adubação orgânica (linha cheia). Areia, UFPB-CCA, 2006. *;**significant at p<0.05 and p<0.01, respectively, t test (*;**significativo a p<0,05 e p<0,01, respectivamente, pelo teste t). TES: PTY and PCY means in the control treatment (médias de PTT e PCM da testemunha); MIN: PTY and PCY means in treatments with mineral N supply (médias de adubação mineral dos tratamentos que receberam N mineral); ORG: PTY and PCY means in treatments with organic fertilization (médias de PTT e PCM dos tratamentos com adubação orgânica); Nitrogênio: Nitrogen; Esterco: manure. Means followed by the same letter did not differ significantly from each other by the Tukey test, p<0.05 (médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, p<0,05). ACKNOWLEDGEMENTS Authors thank Mr. José Arimatéia da Silva and family for making the area to carry out this experiment available. Mônica L Pôrto thanks CAPES for the M.Sc. scholarship, and Jailson do C Alves and Jandeilson A de Arruda thank CNPq for respectively a M.Sc. and a Scientific Initiation scholarships. REFERENCES BENINNI ERY; TAKAHASHI HW; NEVES CSVJ; FONSECA ICB. 2002. Teor de nitrato em alface cultivada em sistemas hidropônico e convencional. Horticultura Brasileira 20: 183-186. 230 BOINK A; SPEIJERS G. 2001. Health effect of nitrates and nitrites, a review. Acta Horticulturae 563: 29-36. CASTRO SRP; FERRAZ JUNIOR ASL. 1998. Teores de nitrato nas folhas e produção da alface cultivada com diferentes fontes de nitrogênio. Horticultura Brasileira 16: 65-68. CATALDO DA; HAROON M; SCHRADER LE; YOUNGS VL. 1975. Rapid colorimetric determination of nitrate in plant tissue by nitration of salicylic acid. Communication Soil Science and Plant analysis 6: 71-80. CEFSBA. Comissão Estadual de Fertilidade do Solo da Bahia. 1989. Manual de adubação e calagem para Estado da Bahia. 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O presente trabalho buscou caracterizar frutos da cultivar Débora provenientes de plantios comerciais quanto ao estádio de maturidade, diâmetro e defeitos físicos e danos na etapa de colheita e no recebimento do produto na CEASA, de Campinas. Objetivouse também avaliar a incidência de danos físicos, a perda de peso e alterações na qualidade em frutos retirados diretamente no campo de produção e nas etapas da colheita (1), recebimento em um barracão para classificação manual (2), após classificação manual e embalagem (3) e na comercialização do produto na CEASA (4). Para está amostragem retirou-se 120 frutos em cada etapa. Defeitos e danos físicos presentes foram analisados utilizando-se uma escala de notas. Frutos amostrados em campo já demonstravam danos físicos, provenientes principalmente da abrasão com as estacas de bambu e fios de amarrio, ataque de insetos e distúrbios fisiológicos e nutricionais. Os frutos foram colhidos predominantemente no estádio de maturação verde-maduro (48%). Na amostragem retirada na CEASA dois dias após a colheita está porcentagem era de 26,3%, com misturas de diâmetros, sendo que 55,4% dos frutos encontravam-se entre 50-60 mm e 43,9% acima de 60 mm. Observou-se um incremento nos danos físicos e na perda de peso e conseqüente perda na qualidade com o aumento do manuseio e transporte do produto. Frutos retirados diretamente da planta mostraram-se mais aptos a consumo após armazenagem por 21 dias (45%) do que frutos amostrados na CEASA (5,8%). Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, caixa K, perdas, póscolheita, danos físicos. Tomato quality in different postharvest phases Manual classification using wooden boxes (K) are still very common in Brazil. The main goal of this work was to characterize tomatoes of the cultivar Débora type, for maturity index, diameter and external defects at harvest time and at Retail Market, CEASA, Campinas, São Paulo State, Brazil. This research also evaluated parameters related to mechanical injury (%), weight loss (%) and quality during the main phases (1) harvest; (2) before field sorting and classification; (3) after field sorting and packaging in K boxes; (4) at CEASA. 120 fruits were taken at each stage. Defects and physical damage were evaluated using a score scale. Fruits sampled in the field showed external damages, due to bruising from bamboo stakes, insects attack and physiological and nutritional disorders. Fruits were harvested mainly at green maturity stage (48%). But, when sampled at CEASA this amount dropped to 26,3%, having mixed diameters fruits, 55,4% at 50-60mm and 43,9% over 60 mm. The results showed an increase in mechanical injury (%), weight loss (%) and loss of quality during the stages. Fruits taken directly from field showed better quality (45%) after storage for 21 days than fruits sampled at terminal market, CEASA (5,8%). Keywords: Lycopersicon esculentum, wooden box, postharvest losses, injury. (Recebido para publicação em 4 de março de 2007; aceito em 7 de abril de 2008) A s perdas pós-colheita em hortifrutícolas variam muito de região para região e estão relacionadas ao manuseio desde a colheita até chegar-se ao consumidor final. As alterações no tomate durante esse processo são principalmente do tipo mecânica, fisiológica ou patológica. Danos mecânicos ocorrem durante o manuseio do produto (colheita, seleção, embalagem, transporte e exposição). As injúrias mecânicas causam uma série de alterações metabólicas e fisiológicas em tomates, levando ao aparecimento de sintomas Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 externos (Fluck & Halsey, 1973; Halsey, 1955) e internos típicos (Moretti et al., 1998; Sargent et al., 1992), tais como: frutos submetidos à injúria física apresentaram alteração na qualidade, em especial no sabor e aroma (Moretti & Sargent, 2000). A incidência e a severidade do dano físico dependem da energia de impacto, do cultivar em estudo, do número de impactos, diâmetro dos frutos e do estádio de amadurecimento (Halsey, 1955). Danos físicos são cumulativos durante as práticas de manuseio pós-colheita (Sargent et al., 1992). Por- tanto, as várias etapas de manuseio do fruto, desde o campo até o consumidor, devem ser cuidadosamente coordenadas e integradas para maximizar a qualidade do produto (Sargent et al., 1992). Em geral, danos por impacto na pós-colheita podem ocorrer quando os frutos recebem quedas altas ou colidem com superfícies não protegidas ou com outros frutos, ou ainda, devido ao manuseio inadequado (Halsey, 1955). A falta de um sistema adequado, que promova o correto manuseio dos produtos, com utilização de embalagens 231 MD Ferreira et al. apropriadas eleva os níveis de perdas pós-colheita. Vilela et al. (2002) relatam que as principais razões para perdas na pós-colheita são as embalagens (60%) e as injúrias mecânicas particularmente frutos amassados, rachados e com cortes (14,9%). Os diferentes tipos de embalagens utilizadas durante a cadeia de comercialização interferem diretamente sobre a qualidade do produto. Pesquisas demonstram que as caixas de papelão e caixas plásticas são as que proporcionam um melhor acondicionamento ao produto, com menores danos físicos, enquanto a tradicional caixa K é a que proporciona maiores índices de danos mecânicos e fisiológicos (Luengo et al.,1994; Vilela et al., 2002). Castro et al. (2001) relatam que a caixa de papelão ondulado fornece maior proteção contra injúrias mecânicas nos tomates, quando comparada às embalagens plásticas e a caixa K. Tomates localizados na parte inferior das caixas K foram os mais prejudicados e as ripas de madeira, assim como os pregos, foram responsáveis pelos danos mais significativos. Medições de danos físicos na póscolheita de frutas e hortaliças em simulações em laboratório já foram realizadas de diferentes formas. Em geral, a simulação é feita utilizando um sistema controlado de lançamentos de frutos em uma superfície rígida ou recoberta com material emborrachado (Bajema & Hyde, 1995; Bruzewitz et al., 1991; Ferreira, 1994; Maness et al., 1992; Marshall & Burgess, 1991; Sargent et al., 1992). Quanto à metodologia para medição do volume do dano físico causado, algumas alternativas são relatadas na literatura. Halsey (1955) relata para tomate a utilização de escalas de notas relacionadas à severidade e intensidade do dano físico. A medição do volume do dano em maça foi realizada cortando-a no centro da área afetada e medindo o diâmetro e a profundidade do dano (Chen & Yazdani, 1991). Medições externas para quantificação de danos físicos já foram realizadas também para cebola (Timm et al., 1991; Bajema & Hyde, 1995) e pêssegos (Kunze et al., 1975). O objetivo deste trabalho foi caracterizar a etapa de colheita e a qualidade do fruto no recebimento na CEASA232 Campinas, além de avaliar a incidência de danos físicos, e perda de peso e a qualidade dos frutos durante manuseio desde a colheita até a comercialização do produto. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados frutos de tomate, cultivar Débora (Sakata Seeds) colhidos em uma propriedade rural situada no município de Mogi-Guaçu, Estado de São Paulo (22o 19’ S; 46o 53’ W). Dados do posto metereológico, mais próximo, indicam uma temperatura média anual de 19,6oC e uma precipitação anual de 1.565 mm. O solo foi classificado como Latossolo Vermelho Amarelo. A cultura do tomate foi submetida ao sistema tradicional de plantio, conduzida em estaca de bambu, com o uso de irrigação por sulcos, com espaçamento entre linhas de 1,0 m e entre plantas de 0,5 m. Frutos de tomate foram colhidos por um colhedor experiente, em cestas de bambu, com dimensões externas de 40 cm de comprimento, 25 cm de altura e 20 cm de largura. Após o enchimento das cestas os frutos foram transferidos para caixas plásticas, com dimensões externas de 55 cm de comprimento, 30 cm de altura e 35 cm de largura, posicionadas no carreador principal de plantio. Analisou-se: (1) colheita, (2) recebimento em um barracão para classificação manual, (3) após classificação e (4) comercialização do produto na CEASA-Campinas. Nas etapas de colheita (1) e final (4), avaliou-se o diâmetro, estádio de maturidade, danos físicos e defeitos presentes nos frutos. Para tanto, na etapa de colheita, utilizaram-se três caixas colhidas, com média de 170 frutos cada, enquanto na etapa de comercialização do produto na CEASA foram caracterizadas três caixas tipo K, com média de 242 frutos cada. Para mensuração dos diâmetros, utilizou-se o paquímetro digital com a medição realizada no sentido transversal do fruto. Tomates formato oblongo, calibres entre 40 e 50 mm foram classificados como pequenos, entre 50 e 60 mm médios e acima de 60 mm grandes (CEAGESP, 2000). Para avaliação do estádio de maturidade utilizou-se as Normas e Padrões de Classificação para tomate de mesa (CEAGESP, 2000). Para defeitos e danos físicos presentes na colheita os frutos foram caracterizados através de uma escala de notas, considerando (0) sem dano físico, (1) dano físico superficial externo leve, (2) dano físico superficial externo leve e presença de danos superficiais leves por inseto, principalmente lagarta minadora, (3) dano físico externo grave, causado por insetos, broca, ou pela estaca de bambu, (4) fruto deformado, (5) fruto manchado, com virose. A qualidade do produto quando do recebimento na CEASA foi mensurada baseada na escala: (0) fruto apropriado para consumo, (1) descarte por dano físico superficial, (2) descarte por dano físico externo grave, (3) descarte por dano físico superficial e grave (4) descarte por dano físico, associado a podridão e (5) descarte por podridão. Para avaliação dos efeitos do manuseio e transporte na qualidade dos tomates durante armazenamento os frutos foram amostrados em quatro etapas. Inicialmente na colheita (Etapa 1), com a retirada de amostras de 40 frutos no estádio salada (CEAGESP, 2000), amostrados em três caixas, considerando-se cada caixa uma repetição em um total de 120 frutos. Foi feita também a retirada da mesma quantia de frutos (40) diretamente da planta. O mesmo procedimento foi repetido na chegada do fruto no barracão para seleção e classificação (Etapa 2), após a classificação manual e acondicionamento em caixa K (Etapa 3) e após envio para a CEASACampinas, embalado em caixa K (Etapa 4). A distância física do campo para o barracão de classificação era de 1 km e a propriedade estava distante aproximadamente 70 km da CEASA. Frutos retirados diretamente da planta foram transportados cuidadosamente, envoltos individualmente em espuma em embalagens de papelão para o Laboratório de Tecnologia Pós-Colheita da UNICAMP/ FEAGRI e armazenados à temperatura ambiente por um período de 21 dias. Os parâmetros utilizados para avaliação foram perda de peso (%), danos físicos externos (%) e qualidade final após armazenamento. A perda de peso (%) foi determinada pela relação entre a diHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Qualidade do tomate de mesa em diferentes etapas, da fase de pós-colheita ferença entre o peso inicial e final, realizada periodicamente em intervalos de três dias, iniciando-se no dia da colheita e finalizando após 21 dias de armazenamento, à temperatura ambiente. A área externa dos frutos referente ao dano físico foram delimitadas utilizando-se caneta marcador de cor preta, sendo realizada dois dias após a amostragem. Baseando-se em caracterização na literatura e nas Normas e Padrões de Classificação (CEAGESP, 2000), os danos físicos foram identificados e divididos em duas categorias: aqueles originados no campo de produção e aqueles provenientes do processo de colheita. Danos físicos originados no campo de produção são aqueles derivados da abrasão com as estacas de bambu e fios de amarrio, ataque de insetos e distúrbios fisiológicos e nutricionais. Os danos físicos originados no processo de colheita são aqueles derivados da compressão do fruto contra a cesta de colheita e/ou caixa plástica, impacto do fruto quando em queda na caixa plástica e/ou na cesta de colheita, marcas de unhas ou dedos e compressão do pedúnculo de um fruto contra a superfície externa de outro fruto. Após a delimitação das áreas referentes a danos físicos, as marcações foram transferidas para papel de seda, individualizadas por fruto. Para mensurar estas áreas utilizou um planímetro (Keuffel & Esser Co.). As áreas mensuradas foram comparadas à superfície total do fruto que foi considerado como uma esfera (Mohsenin, 1986), utilizando-se a seguinte fórmula: área externa do fruto = 4 x 3,1415 x R2 (R = raio), sendo o resultado expresso em porcentagem. A mesma metodologia de avaliação foi utilizada nas quatro etapas mencionadas. Para avaliação da qualidade final após armazenamento por 21 dias utilizou-se uma escala de cinco pontos considerando: (0) fruto apropriado para consumo; (1) descarte por dano físico superficial (2) descarte por dano físico externo, (3) descarte por dano físico com podridão associada, (4) descarte por podridão e (5) descarte por perda de água (seco). A classificação quanto aos defeitos baseou-se nas Normas e Padrões de Classificação (CEAGESP, 2000). O teste estatístico utilizado na caracterização da etapa de colheita e de Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Tabela 1. Porcentagem de frutos de tomate, cultivar Débora, em cada estágio de maturidade e diâmetro do fruto na colheita e na comercialização na CEASA-Campinas (Tomato fruit percentage, cv. Débora, for different maturity stages and fruit diameter during harvesting and commercialization at CEASA-Campinas). Campinas, Unicamp, 2004. * Médias seguidas da mesma letra nas linhas não diferem significativamente entre si, teste da diferença de proporções, p<0,05 (BUSSAB & MORRETIN, 2002). 1Estádios de maturidade correspondendo a 1- verde-maduro, 2-salada, 3- colorido e 4-vermelho (CEAGESP, 2000); 2 Tomates formato oblongo, calibres entre 40 e 50 mm pequenos, entre 50 e 60 mm médios e acima de 60 mm grandes (CEAGESP, 2000). comercialização do produto na CEASA para as características estádio de maturidade, diâmetro e danos físicos e defeitos presentes nos frutos, e também na comparação na avaliação da qualidade após armazenamento foi a diferença de proporções (Bussab & Morretin, 2002). Valores de significância menores que 0,05 indicam que a diferença entre as proporções é significativa. Os resultados médios obtidos para perda de peso (%) e danos físicos (%) foram avaliados através da análise de variância em esquema fatorial, considerando os diferentes métodos de colheita e a referência, comparando-se as médias por meio do teste Tukey, a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização dos Frutos na colheita e no recebimento na CEASA, Campinas-SP - Os resultados aqui apresentados dizem respeito para uma única colheita, ou seja, representam o acontecido naquela colheita, mas não devem ser extrapolados como representativos do sistema, já que podem variar em função de diversos fatores (temperatura, adubação, sistema de condução das plantas), mesmo que considerados apenas para a cultivar Débora. Para uma melhor representação da situação, teria sido necessário amostrar mais propriedades e com muito mais repetições, no tempo e no espaço, por propriedade. Estádio de Maturidade - Observouse alta porcentagem de frutos no estádio de maturidade verde-maduro (48%) na colheita, (Tabela 1) significativamente diferente dos demais estádios de maturidade, salada (24%), colorido (15,6%) e vermelho (11,6%). Esta maior proporção de frutos no estádio verdemaduro influencia na qualidade do produto final. Frutos no estádio verde-maduro são menos sensíveis a danos físicos (Halsey, 1955), porém o colhedor muitas vezes não consegue distinguir entre frutos no estádio verde-maduro e verde-imaturo e acabam colhendo estes últimos, o que gerará problemas. Frutos verde-imaturos normalmente não apresentam maturação uniforme após a colheita (Sargent et al., 1992; Caliman et al., 2003). Na análise para estádio de maturidade durante a comercialização em caixa K na CEASA-Campinas-SP, dois dias após a colheita, observou-se uma porcentagem considerável de frutos no estádio verde (26,3%). Por sua vez, os estádios salada (20,7%), colorido (25,9%) e vermelho (27,3%) apresentavam porcentagens de maturidade semelhantes, não diferindo estatisticamente dos demais quando analisado através do método da diferença de proporções (Bussab & Morretin, 2002). Portanto observou-se uma grande variabilidade no estádio de maturidade dos frutos nas caixas avaliadas na CEASA, com implicações óbvias para a subseqüente comercialização no mercado varejista desses frutos. Diâmetros dos frutos - Na colheita a grande maioria dos frutos avaliados (68%) foi incluída na classe de tamanho como médio (50-60 mm) (CEAGESP, 2000) (Tabela 1), cuja freqüência foi significativamente superior à freqüência de frutos dos demais diâmetros, significativamente diferente dos demais diâmetros: pequenos (<50mm) com 11,0% e graúdos (>60 mm), 20,5%. O tamanho do fruto pode estar relacionado à nutrição, idade da planta e tratos 233 MD Ferreira et al. Tabela 2. Porcentagem de danos físicos em frutos de tomate cultivar Débora, em quatro etapas: colheita, barracão de classificação manual, após classificação no barracão e CEASA (Mechanical injury percentage in tomato fruits cultivar Débora, at four steps: harvesting, hand sorting, after sorting and classification, and at CEASA). Campinas, Unicamp, 2004. *Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem entre si, teste de Tukey, p< 0,05. **Coeficiente de variação das parcelas. Tabela 3. Porcentagem de perda de peso em frutos de tomate, cultivar Débora, armazenados a temperatura ambiente por 21 dias (Weight loss percentage on tomatoes fruits, cultivar Débora stored at room temperature for 21 days). Campinas, Unicamp, 2004. ** Médias seguidas da mesma letra maiúsculas na linha e minúsculas na coluna, não diferem estatisticamente entre si, teste de Tukey, p<0,05. culturais (Fontes & Pereira, 2003; Sediyama et al., 2003). Andreuccetti et al, (2004) relatam a classificação adotada pelo mercado, sendo 1A (miúdo), 2A (tamanho intermediário) e 3A (graúdo). Nas caixas recebidas na CEASA, aquelas classificadas como 2A em campo, demonstravam predominância de frutos em dois intervalos de diâmetro: ou médio, 50-60 mm ou graúdo, 60-70 mm, cujas freqüências foram respectivamente 55,4 e 44,0%, médio e graúdo dentro da classificação da CEAGESP (2000). Frutos classificados como pequenos representaram 0,8% do total. As freqüências encontradas para cada classe foram estatisticamente distintas pelo método da diferença de proporções (Bussab & Morretin, 2002). Observou-se portanto que quanto ao diâmetro dos frutos, as caixas amostradas não se encontram dentro das normas e padrões estabelecidos pelo PROGRAMA BRASILEIRO PARA A MODERNIZAÇÃO DA HORTICULTURA (2003) que indica 10% de mistura de outras classes no lote, mas só permite nessa mistura frutos da classe imediatamente superior ou inferior da classe declarada no rótulo. 234 Danos físicos superficiais externos na colheita - Utilizando-se a escala de notas para avaliação de danos físicos e defeitos na etapa da colheita observouse que 39,8% dos frutos apresentaram danos físicos superficiais externos leves, freqüência que foi significativamente diferente das demais frequências de danos nos frutos quando analisado pelo método da diferença de proporções (Bussab & Morretin, 2002). Como além desses frutos, 16,8% apresentam danos físicos causados por insetos, foi evidente que mais da metade dos frutos apresentaram algum tipo de dano externo após a colheita. A não presença de danos físicos foi constada em 30,85%. Danos graves estão presentes em 5,51% dos frutos; deformados em 3,03% e manchas provenientes de viroses aparecem em 4% dos frutos. Qualidade do Produto recebido na CEASA - Observou-se que 68,9% dos frutos encontravam-se adequados para consumo, freqüência significativamente superior às das demais classes de frutos quando analisadas pelo método da diferença de proporções (Bussab & Morretin, 2002). Cerca de 5,22% dos frutos foram descartados devido a danos físicos superficiais; 3,8% pela presença de danos físicos graves, 21,3% pela associação de ambos e 1% devido à presença de podridões. O principal problema encontrado foi a presença de danos físicos superficiais e graves ocasionados principalmente por abrasão de um fruto contra outro e com a caixa de madeira, tipo K. Castro et al. (2001) relatam que as ripas de madeira, assim como os pregos são responsáveis pelos danos mais significativos causados pela caixa K. Efeitos do manuseio e transporte nas diferentes etapas após a colheita Danos físicos - Nas avaliações realizadas em laboratório, observou-se freqüências significativamente mais altas na incidência de danos físicos (%) desde a colheita até o recebimento do produto na CEASA-Campinas (Tabela 2). Os tomates colhidos diretamente das plantas apresentaram porcentagem de danos físicos provenientes de campo inferior às demais medições (1,01%). Comparando-se a etapa da colheita com o produto recebido na CEASA, observa-se um aumento em até quatro vezes na porcentagem em danos físicos. Na etapa da colheita os danos físicos eram ocasionados principalmente pela abrasão pelas cestas de bambu e caixas plásticas. Na etapa 2, o transporte ocorria para o barracão de classificação através de carreta acoplada a um trator em uma distância relativamente curta, mensurada em 1000 metros. Todavia, a distância foi suficiente para contribuir para aumentar a porcentagem de frutos apresentando danos físicos. Os frutos, conforme mencionado anteriormente, eram classificados manualmente e colocados em caixas de madeira, tipo K (etapa 3). Mesmo não estando submetidos ao transporte, ocorreu aumento na incidência em danos físicos somente devido ao processo de embalamento. No recebimento na CEASA-Campinas, após transporte proveniente da região de Mogi-Guaçu (distância aproximada de 70 km), notou-se novamente um aumento significativo nos danos físicos, não só relacionados à embalagem, mas também ao transporte e descarregamento na CEASA. A embalagem utilizada, caixa K, contribuiu para o aumento em danos Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Qualidade do tomate de mesa em diferentes etapas, da fase de pós-colheita físicos, mas o manuseio não cuidadoso e o transporte também concorreram para este incremento. Perda de Peso - Para os danos físicos também como para a perda de peso observou-se valores significativamente mais altos durante o manuseio dos frutos e também durante o armazenamento (Tabela 3). Frutos retirados diretamente da planta, submetidos a um menor manuseio, demonstraram a menor perda em peso (Tabela 3). Frutos amostrados na CEASA-Campinas, após o completo manuseio tradicional póscolheita apresentaram as maiores perdas de peso, significativamente diferente das demais etapas. Qualidade - Quanto à qualidade dos frutos após armazenamento por 21 dias, observou-se que a porcentagem de frutos aptos para consumo foi diminuindo à medida que estes eram submetidos a manuseio mais intenso. Após armazenagem, frutos retirados diretamente da planta demonstravam ainda estarem aptos para consumo (45%) quando comparados aos frutos que passaram pelas etapas de colheita (29,2%), barracão de classificação manual (20%), classificação (15%) e CEASA (5,8%). O descarte devido a danos físicos superficiais ou graves, associado ou não a podridões crescentes, atingiu maiores valores na etapa final CEASA, onde 78,3% dos frutos apresentavam injúrias externas graves. O sistema atualmente em uso contribui para o aumento dos danos físicos e conseqüente aumento das perdas na qualidade. Sargent et al. (1992) já havia constatado que a incidência de danos físicos pode ser crescente durante o processo. Considerações finais - Pelos resultados apresentados, observou-se no atual sistema, com o uso da caixa K, um incremento em danos físicos (%) durante o beneficiamento, transporte e comercialização, devido ao manuseio inadequado e embalagens não apropriadas, com perdas na qualidade do toma- Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 te. A incidência de danos físicos também foi observada em campo. Perdas indiretas também são observadas neste sistema, devido à apresentação no final da cadeia produtiva de tomates em diferentes estádios de maturação, que não são de total utilização pelo consumidor final. Uma intervenção através de cursos e treinamentos das pessoas envolvidas na cadeia produtiva pode auxiliar na diminuição das perdas e melhoria da qualidade do produto final. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FAPESP, projeto 02/00645-7, e ao produtor Sr. Mauro Adorno e funcionários, MogiGuaçu, SP. REFERÊNCIAS ANDREUCCETTI C; FERREIRA MD; GUTIERREZ ASD; Tavares M. 2004. Classificação e padronização dos tomates cv. Carmem e Débora dentro da CEAGESP-SP. Engenharia Agrícola 24: 790-798. BAJEMA RW; HYDE GM. 1995. Packing line bruise evaluation for Walla Walla Summer sweet onions. Transactions of the ASAE 38: 1167-1171. BRUSEWITZ GH; McCOLLUM TG; ZHANG X. 1991. Impact bruise resistance of peaches. Transactions of the ASAE 34: 962-965. BUSSAB WO; MORETTIN P. 2002. 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Viabilidade técnica e econômica da caixa Embrapa para comercialização de tomate para consumo in natura. Horticultura Brasileira 20: 222-227. 235 NUNES GHS; PEREIRA EWL; SALES JUNIOR R; BEZERRA NETO F; OLIVEIRA KC; MESQUITA LX. 2008. Produtividade e qualidade de frutos de melão pele-de-sapo em duas densidades de plantio. Horticultura Brasileira 26: 236-239. Produtividade e qualidade de frutos de melão pele-de-sapo em duas densidades de plantio Glauber Henrique de S Nunes; Elaíne WL Pereira; Rui Sales Júnior; Francisco Bezerra Neto; Kelly Cristina de Oliveira; Luciene X Mesquita 1 UFERSA, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; [email protected] RESUMO ABSTRACT Existem dúvidas se a densidade utilizada no melão amarelo permite a colheita de frutos do tipo pele-de-sapo adequados para o mercado externo. Dois experimentos foram instalados com o objetivo de avaliar híbridos de melão do tipo pele-de-sapo, em duas densidades de plantio, 10 e 15 mil plantas ha-1. No primeiro experimento foram avaliados os híbridos Sancho, PS 07 e Tendency, e, no segundo, os híbridos PS RDR, PS 10, PS 15, PS 21 e PS 32. Utilizou-se delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições. Os tratamentos foram arranjados em parcelas subdivididas, com o fator densidade disposto na parcela e, o fator híbrido, na sub-parcela. As subparcelas foram compostas por 16 e 24 plantas na área útil, no primeiro e no segundo experimentos, respectivamente. Não houve interação significativa entre híbridos e densidade de plantio. A produtividade e número total de frutos na densidade de plantio de 15.000 plantas ha-1 foram maiores, com valores médios de 38,95 t ha-1 e 23,05 mil frutos ha-1, respectivamente. A firmeza da polpa e o teor de sólidos solúveis totais não foram influenciados pela densidade de plantio. Por sua vez, os híbridos diferiram para as características número total de frutos, produtividade, firmeza da polpa e teor de sólidos solúveis totais. Os híbridos Sancho e Tendency, com boa produtividade (31,3 e 32,9 t ha-1, respectivamente) e frutos de tamanho superior a 3,0 kg, com boa firmeza (28 e 27 N, respectivamente) e teor de sólidos (9,33 e 12,03%) acima do limite aceito para comercialização, se sobressaíram no experimento I; enquanto os híbridos PS 15 e PS 32 se destacaram, pelas mesmas características (respectivamente, 36,6 e 41,3 t ha-1; frutos com 3,10 e 3,02 kg, com firmeza de 27 e 28 N e porcentagem de sólidos solúveis de 12,03 e 9,96%), no segundo experimento. Ressalta-se, porém, que o híbrido PS 32 apresentou um maior número de frutos (25,2 mil ha-1) que o híbrido PS 15 (19,7), embora este tenha sido o material cujos frutos apresentaram a maior porcentagem de sólidos totais. Fruit yield and quality of Piel de Sapo melon in two planting densities Palavras-chave: Cucumis melo, competição de cultivares, híbridos, manejo cultural. There are doubts whether the planting density used for Yellow melon allows harvesting Piel del Sapo fruits that meet the standards of foreign markets. Two experiments were carried out to evaluate Piel de Sapo hybrids in two planting densities, 10 and 15 thousand plants ha-1. Hybrids Sancho, PS 07, and Tendency were evaluated in the first experiment, while hybrids PS RDR, PS 10, PS 15, PS 21, and PS 32 were evaluated in the second experiment. The experimental design used was blocks at random, with four replications. Treatments were arranged in split-plot, with planting densities assigned to plots and hybrids to sub-plots. Sub-plots had 16 and 24 plants in the useful area in the first and the second experiments, respectively. There was no significant interaction between planting densities and hybrids in none of the assessed traits. Fruit yield and total number were significantly higher in the planting density of 15,000 plants ha-1, with mean values of 38.95 t ha-1 and 23.05 thousand fruits ha-1, respectively, in comparison to 10,000 plants ha-1. Pulp firmness and total content of soluble solids were not influenced by planting density. There were significant differences among hybrids for fruit total number, yield, pulp firmness and total content of soluble solids. In the first experiment, hybrids Sancho and Tendency had the best performance, with fruit yields of respectively 31.3 and 32.9 t ha-1, with average weight over than 3.0 kg, pulp firmness of 28 and 27 N, respectively, and soluble solids contents of 9.33 and 12.03%, therefore above the market limit. In the second experiment, hybrids PS 15 and PS 32 outstood, with yields of 36.6 and 41.3 t ha-1, respectively, fruit weight of 3.10 and 3.02 kg, pulp firmness of 27 and 28 N, respectively, and soluble solids contents of 12.03 and 9.96%. Worth mentioning that hybrid PS 32 produced significantly more fruits (25.2 thousand fruits ha-1) as compared to hybrid PS 15 (19.7 thousand fruits ha-1). Keywords: Cucumis melo, cultivar evaluation, hybrids, crop practices. (Recebido para publicação em 15 de janeiro de 2007; aceito em 29 de maio de 2008) O cultivo do melão é a principal atividade do agronegócio no Rio Grande do Norte. O Estado potiguar é o maior produtor e exportador brasileiro dessa cucurbitácea. Em 2003, o Brasil produziu 349.498 t, sendo o estado responsável por 192.421 t, o que correspondeu a 55,1% da produção nacional (IBGE, 2004). Embora a maior parte do melão produzido no estado seja do tipo amarelo, 236 nos últimos anos tem aumentado a área de cultivo do melão pele-de-sapo, em razão da boa cotação do produto na Europa. Sales Júnior et al. (2004) relatam que aproximadamente 11% dos frutos de melão exportados pelo porto de Natal em 2002 pertenciam ao tipo pele-desapo. Com a crescente demanda do mercado exterior, a tendência é o aumento da área de cultivo com o melão pelede-sapo. O mercado europeu exige frutos de melão amarelo com pesos entre 1,5 e 1,8 kg. No caso do melão pele-de-sapo, a exigência é por frutos grandes, em torno de 3,5 kg, em especial no mercado espanhol. As práticas de cultivo utilizadas no Agropolo Mossoró-Assu estão bem definidas para o melão amarelo. Por outro lado, existem poucos artigos na literatura sobre as práticas de cultivo com o melão tipo pele-de-sapo. Com Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Produtividade e qualidade de frutos de melão pele-de-sapo em duas densidades de plantio relação à densidade de semeadura, por exemplo, os artigos contemplam, principalmente, o melão amarelo e o cantaloupe (Paris et al., 1988; Grangeiro et al., 1999a, 1999b; Silva et al., 2003; Chaves et al. 2004). Existem dúvidas, por parte dos produtores, se a densidade utilizada no melão amarelo vai permitir a colheita de frutos do tipo pelede-sapo com o tamanho comercial exigido pelo mercado externo. Ainda há carência de informações sobre as cultivares recomendadas para a região, com poucas opções disponíveis para os produtores. Além disso, as cultivares atualmente utilizadas não foram avaliadas nas diversas condições de cultivo do pólo agrícola Mossoró-Assú. Considerando que a cada ano são lançados muitos híbridos no mercado, é fundamental que os mesmos sejam avaliados in loco, uma vez que a adoção de genótipos sem uma avaliação prévia pode acarretar prejuízos na produtividade e qualidade do produto (Nunes et al., 2004). O objetivo do presente trabalho foi avaliar a produtividade e qualidade de frutos de melão pele-de-sapo em duas densidades de semeadura. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado no município de Mossoró (RN) no ano agrícola de 2001. O clima da região, segundo a classificação de Koppen, é BSWh ou muito seco, com estação de chuva no verão atrasando-se para o outono (Carmo Filho & Oliveira, 1989). Dois experimentos foram instalados no mês de julho, em áreas contíguas, na Horta da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), para avaliar híbridos de melão do tipo pele-de-sapo em duas densidades de plantio. No experimento I, foram avaliados os híbridos Sancho, PS 07 e Tendency, e, no experimento II, os híbridos PS RDR, PS 10, PS 15, PS 21 e PS 32. Todos os híbridos têm expressão sexual andromonóica e possuem frutos oblongos, com casca verde e polpa branca. As densidades de plantio utilizadas foram 10.000 e 15.000 plantas ha-1. O preparo do solo constou de uma aração e uma gradagem, seguido de sulcamento em linhas espaçadas de 2 m, Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 com profundidade de aproximadamente 20 cm. A adubação de fundação foi realizada em sulcos, nas seguintes dosagens: esterco bovino = 12 t ha-1, formulação (6-24-12) = 600 kg ha -1 , superfosfato simples = 160 kg ha-1 e calcário = 90 kg ha-1. Os adubos foram incorporados com enxada rotativa. As adubações de cobertura foram realizadas em fertirrigação, diariamente, seguindo a necessidade da cultura. As quantidades totais utilizadas no final do ciclo foram: nitrato de amônio = 250 kg ha-1, cloreto de potássio = 450 kg ha-1, uréia = 90 kg ha-1 e ácido fosfórico = 90 L ha-1 . As adubações foliares constaram de aplicações de 20 L ha-1 da formulação 8% Ca e 2% B. Foram realizadas capinas manuais até 30 dias após o transplantio. O controle fitossanitário foi feito aplicando-se inseticida semanalmente, até 35 dias após o transplantio para combater a mosca-branca (Nunes et al., 2005). Os frutos foram colhidos manualmente com o auxílio de canivete, colocados em caixas plásticas e enviados para o Laboratório de Química e Pós-colheita da UFERSA. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados com quatro repetições. No primeiro experimento, a parcela foi composta por doze linhas de cinco metros e, no segundo, por quinze linhas de cinco metros. Os tratamentos foram arranjados em parcelas subdivididas, com o fator densidade nas parcelas e, o fator híbrido, nas sub-parcelas. A subparcela, no primeiro experimento, foi formada por quatro linhas, com as duas fileiras centrais correspondendo à área útil. No segundo experimento, a área útil da subparcela foi composta por três fileiras. Foram avaliados: a) número total de frutos (contagem do número de frutos da área útil da parcela); b) peso médio dos frutos (média do peso de 20 frutos por parcela, avaliado em balança de precisão); c) produtividade (pesagem e contagem dos frutos produzidos); d) firmeza da polpa [o fruto foi dividido longitudinalmente e em cada parte foi medida a resistência, utilizando um penetrômetro com pluger de ponta cônica de 8 mm de diâmetro, aplicado na região mediana comestível de cada parte do fruto (duas leituras por fruto em regiões diferentes), eqüidistante em relação ao comprimento e à espessura da polpa]; e) teor de sólidos solúveis [através de refratometria digital com compensação de temperatura automática (escala de 0 a 32%), pela amostragem de uma fatia de 20 frutos por parcela, efetuando-se duas leituras por fruto]. Os dados foram submetidos à análise de variância, com posterior aplicação do teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade para o agrupamento de média dos híbridos e teste t para densidade de plantio. Para a realização das análises estatísticas foi utilizado o programa SISVAR (Ferreira, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO Não se observou interação significativa entre os fatores densidade de plantio e híbrido, indicando comportamento consistente dos híbridos nas duas densidades de plantio avaliadas. Resultado semelhante também foi observado por Chaves et al. (2004), estudando a combinação de dois híbridos de melão (Honey Dew e Hy Mark) e quatro densidades de plantio (20, 30, 40 e 50 mil plantas ha-1). Nos dois experimentos, observou-se efeito da densidade de plantio apenas para as características número total de frutos e produtividade (Tabela 1). O número total de frutos por ha foi maior na densidade de plantio de 15 mil plantas ha-1, sem contudo ser observada redução significativa no peso médio dos frutos em função do aumento da densidade de plantio (Tabela 1). Avaliando a influência da densidade de plantio sobre híbridos de melão amarelo em Mossoró, Grangeiro et al. (1999a) observaram que o aumento da densidade proporcionou maior número de frutos por hectare para os híbridos Gold Mine, AF-646 e XPH 13096. Silva et al. (2003), também na região de Mossoró, verificaram aumento do número de frutos do híbrido Gold Pride em densidades maiores. Em conseqüência, a produtividade foi maior no plantio mais adensado (Tabela 1), confirmando os resultados obtidos por Grangeiro et al. (1999a), Resende & Costa (2003) e Silva et al. (2003). Não obstante, Pereira et al. 237 GHS Nunes et al. Tabela 1. Número total, peso médio e produtividade de frutos de melão tipo pele-de-sapo em duas densidades de plantio (fruit total number, average weight, and yield of piel de sapo melon, in two planting densities). Mossoró, UFERSA, 2001. Médias seguidas de mesma letra nas colunas, em cada experimento, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, p < 0,05 (Means followed by the same letter in the column, in each experiment, do not differ from each other by the Scott-Knott test, p < 0.05). 1/ NTF = número total de frutos (fruit total number); 2/ PM = peso médio do fruto (fruit average weight); 3/ PROD = produtividade (yield). Tabela 2. Número total, peso médio, firmeza da polpa e teor de sólidos solúveis de frutos de melão pele-de-sapo, em duas densidades de plantio (Fruit total number, average weight, yield, pulp firmness, and content of soluble solids of piel de sapo melon, in two planting densities). Mossoró, UFERSA, 2001. Médias seguidas de mesma letra nas colunas, em cada experimento, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, p < 0,05 (Means followed by the same letter in the column, in each experiment, do not differ from each other by the Scott-Knott test, p < 0.05). 1/ NTF = número total de frutos (fruit total number); 2/ PM = peso médio do fruto (fruit average weight); 3/ PROD = produtividade (yield); 4/ FP = firmeza da polpa (pulp firmness); 5/ SST = teor de sólidos solúveis (content of soluble solids). (2003) e Chaves et al. (2004) observaram decréscimo na produtividade com o aumento da densidade. Deve ser ressaltado que, dependendo da cultivar, o aumento de produtividade é crescente até determinada população de plantas, a partir da qual há um decréscimo na produtividade. Isso ocorre em razão da competição excessiva entre as plantas por água, nutrientes e radiação solar, devido o aumento do índice de área foliar. O índice de área foliar aumenta com o desenvolvimento da planta e com o número de plantas na área, variando em função das condições edafo-climáticas (Holiday, 1969). O aumento da produtividade deveu-se ao maior número de frutos produzidos, uma vez que o peso médio do fruto não diferiu nas duas densidades. Robinson & Decker-Walters (1997) comentam que em cucurbitáceas 238 a produtividade depende tanto do número total de frutos como o tamanho do fruto e que o adensamento da cultura proporciona maior número de frutos e menor peso médio, devido às pressões de competição entre plantas. Os resultados obtidos com os híbridos foram bastante satisfatórios para a região. A produtividade de meloeiro no Nordeste tem um intervalo de variação entre 17 e 30 t ha-1 (Dias et al., 1998). No caso do melão pele-de-sapo, Nunes et al (2005) verificaram produtividades entre 27 e 52,4 t ha-1, com média de 38,0 t ha-1. No presente trabalho, nos dois experimentos, a média dos híbridos foi superior a 30 t ha-1, com destaque para os híbridos Sancho e Tendency, no experimento I, e PS 15, PS 21 e PS 32, no experimento II (Tabela 2). No experimento I, observou-se que os híbridos Sancho e Tendency produziram maior número de frutos que o híbrido PS 07, enquanto no experimento II sobressaiuse o híbrido PS 32 (Tabela 2). Dos aspectos internos do fruto, a firmeza da polpa é essencial, uma vez que é uma das características que determinam o tempo de vida útil pós-colheita de uma cultivar (Menezes et al., 2001). A experiência tem mostrado que frutos de melão do tipo pele-de-sapo quando colhidos com firmeza de polpa na faixa de 26 a 28 N chegam às prateleiras européias com boa conservação pós-colheita. Com efeito, pode-se inferir, a partir das estimativas das médias de firmeza da polpa do presente trabalho, que apenas os frutos dos híbridos PS 07 (experimento I) PS 21 (experimento II) não estariam adequados para exportação (Tabela 2). O teor de sólidos solúveis tem sido apontado como a característica mais importante da qualidade de fruto de melão (Artés et al., 1993). Segundo Alves et al. (2000), o teor de sólidos solúveis totais recomendado para o melão pele-de-sapo é de 11%. Todavia, na prática tem sido adotado o valor mínimo de 9,0% para comercialização dos vários tipos de melão (Sales Júnior et al., 2004). No presente trabalho, o híbrido Tendency foi o de maior destaque para essa característica no experimento I, enquanto os híbridos PS 10 e PS 15 se destacaram no experimento II. A maioria dos híbridos apresentou estimativas do teor de sólidos totais próximas do valor mínimo (9,0%), com exceção do híbrido PS RDR, embora não tenha diferido significativamente dos demais híbridos incluídos em seu grupo (Tabela 2). É possível afirmar, portanto que, em relação ao teor de sólidos totais, todos os híbridos avaliados poderiam ser comercializados no mercado externo. De modo geral, os híbridos Sancho e Tendency, com boa produtividade e frutos de tamanho superior a 3,0 kg, com boa firmeza e teor de sólidos acima do limite aceito para comercialização, se sobressaíram no experimento I; enquanto os híbridos PS 15 e PS 32 se destacaram, pelas mesmas características, no segundo experimento. Ressalta-se, porém, que o híbrido PS 32 apresentou um maior número de frutos que o híbrido Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Produtividade e qualidade de frutos de melão pele-de-sapo em duas densidades de plantio PS 15, embora este tenha sido o material cujos frutos apresentaram a maior porcentagem de sólidos totais. Pelos resultados obtidos, recomenda-se a densidade de plantio de 15.000 plantas ha-1. REFERÊNCIAS ALVES RE; PIMENTEL CR; MAIA CE; CASTRO EB; VIANA FM; COSTA FV; ANDRADE GG; FILGUEIRAS HAC; ALMEIDA JHS; MENEZES JB; COSTA JG; PEREIRA LSE. 2000. Manual de melão para exportação. Brasília: Embrapa. 51p. ARTÉS F; ESCRICHE AJ; MARTINEZ JA; MARIN JG.1993. Quality factors in four varieties of melon (Cucumis melo L.). Journal of Food Quality 16: 91-100. CARMO FILHO F; OLIVEIRA OF. 1989. Mossoró: um município do semi-árido nordestino – características e aspectos florísticos. Mossoró: ESAM. 62p. (Coleção Mossoroense, B, 672). 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Indução de resistência à Mosca minadora em crisântemo usando composto silicatado. Horticultura Brasileira 26: 240-243. Indução de resistência à Mosca minadora em crisântemo usando composto silicatado Ricardo Antônio Polanczyk; Dirceu Pratissoli; Henrique de Sá Paye; Victor A Pereira; Fabíola LS Barros; Regina GS Oliveira; Renato R Passos; Sebastião Martins Filho CCA/UFES, Alto Universitário s/n, 29500-000 Alegre–ES; [email protected] RESUMO ABSTRACT Avaliou-se o uso de um composto silicatado (escória siderúrgica) como forma de induzir a resistência ao ataque da mosca minadora (Liriomyza spp) em duas cultivares de crisântemo. A pesquisa foi desenvolvida na empresa Tristão Flores, Iúna (ES), sob estufas plásticas. Os tratamentos foram dispostos no delineamento inteiramente casualizado, em um esquema de parcelas subsubdivididas, com cinco repetições, sendo alocadas nas parcelas duas cultivares de crisântemo (Polar Branco e Polar Amarelo), nas subparcelas cinco doses de escória siderúrgica (0; 1,40; 2,80; 4,20 e 5,60 g por vaso) e na subsubparcela as semanas. Avaliaram-se as larvas vivas de mosca minadora e o número de folhas minadas, semanalmente, por um período de nove semanas. Os resultados mostram a potencialidade do uso de escória siderúrgica no controle da mosca minadora. A cultivar Polar Branco apresentou menor suscetibilidade ao ataque de mosca minadora, com o menor número de folhas minadas e menor número de larvas vivas. Silicate compost used as resistance inductor against the leafminer on chrysanthemum Palavras-chave: Liriomyza spp., Dendranthema grandiflorum Tzvelev, inseto-praga, manejo. The silicate compost (basic slag from metallurgy) use was evaluated as a resistance inductor against leafminer (Liriomysa spp) on two chrysanthemum cultivars. The experiment was carried out in a greenhouse, in Espirito Santo State, Brazil. The experimental design was completely randomized, in split split plot scheme, with five repetitions, being two varieties of chrysanthemum (Puritan and Yellow Diamond) allocated in the plot and in the subplot five doses of basic slag (0.00; 1.40; 2.80; 4.20 and 5.60 g pot -1) and in the subsubplot the weeks. The evaluations were carried out weekly, during nine weeks, observing the presence of leafminer and the number of mines in each leaf. The basic slag from metallurgy showed to be potential against the leafminer. The two chrysanthemum cultivars also showed differences in susceptibility to leafminer attack. Keywords: Liriomyza spp., Dendranthema grandiflorum Tzvelev, pest management. (Recebido para publicação em 20 de abril de 2007; aceito em 11 de abril de 2008) A floricultura ganha expressão, por sua relevante contribuição tanto econômica como tecnológica, caracterizando-se como uma atividade representativa no agronegócio brasileiro. A cultura do crisântemo (Dendranthema grandiflorum Tzvelev) possui grande importância na floricultura brasileira e seu cultivo tem aumentado em todo país. O cultivo do crisântemo em vaso ocupa o primeiro lugar no mercado nacional, respondendo por aproximadamente 80% da produção total. O segundo lugar é ocupado pelo cultivo chamado “de corte” (Fernandes, 1996). Suas flores têm grande aceitação de mercado, sendo por isso considerada uma das plantas ornamentais de maior valor comercial (Mainardi et al., 2004). Entretanto, esta cultura vem se mostrando bastante suscetível ao ataque de insetospraga, e em especial, da mosca minadora (Liriomyza spp Diptera: Agromyziidae). Devido às galerias feitas pelas larvas no mesófilo foliar, a qualidade da planta fica comprometida (Gallo et al., 2002). 240 No caso da planta cultivada em ambiente protegido, o aparecimento da praga, pode ocorrer em qualquer período, o que aumenta a depreciação do produto. O controle preventivo é feito através de pulverizações no início da cultura com inseticidas sintéticos, o que aumenta o custo de produção e pode prejudicar a qualidade do meio ambiente e a saúde do produtor e consumidor. Além disso, o uso indiscriminado desses produtos pode levar ao surgimento da resistência a campo. Desta forma, faz-se necessário o estudo de táticas de controle menos agressivas ao meio ambiente e que proporcionem uma elevada produção, viabilizando economicamente e ambientalmente o cultivo do crisântemo. Nos últimos anos o silício tem despertado a atenção e o interesse de pesquisadores de todo mundo; estudos recentes têm mostrado que o silício pode estimular o crescimento e a produção vegetal por meio de várias ações diretas e indiretas, propiciando proteção contra fatores abióticos, como estresse hídricos, toxidez de alumínio, ferro, entre outros (Adatia & Besford, 1986), e bióticos, como a incidência de doenças e de insetos-praga (Epstein, 1994). O silício pode promover menor incidência de patógenos e aumento na proteção contra herbívoros, incluindo os insetos fitófagos, por meio da formação de barreiras mecânicas e/ou pela alteração das respostas bioquímicas da planta ao ataque do parasita, aumentando a síntese de toxinas que podem agir como substâncias inibidoras ou repelentes (Dannon & Wydra, 2004; Epstein, 1994; Marschner, 1988). Blum (1968), analisando a resistência mecânica de plântulas de sorgo à penetração de larvas da mosca Atherigona varia soccata (Rond.) (Díptera: Muscidae), observou que barreiras mecânicas incluem mudanças na anatomia das plantas, como células epidérmicas mais grossas e um grau maior de lignificação e/ou silicificação (acúmulo de silício). A sílica amorfa ao acumular-se nas células da camada epidérmica forma uma Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Indução de resistência à Mosca minadora em crisântemo usando composto silicatado Tabela 1. Número de larvas vivas (NLV) e número de folhas minadas (NFM) por Liriomyza spp em crisântemo (Dendranthema grandiflorum) cultivar Polar Branco e Polar Amarelo durante nove semanas de avaliação (1). Alegre, UFES, 2005. (1) Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste “t”. barreira física estável à penetração de alguns tipos de fungos e ao ataque de insetos-praga. Neste aspecto, o papel do silício incorporado à parede celular torna-se semelhante ao da lignina, que é um componente estrutural resistente à compressão. Dessa forma, a aplicação de silício na cultura do crisântemo poderá elevar o grau de resistência das plantas e consequentemente, reduzir a infestação e os prejuízos causados por Liriomysa spp. Entre os produtos utilizados com maior freqüência como fontes de silício na agricultura estão os silicatos de potássio, produtos especialmente desenvolvidos para aplicações foliares e as escórias siderúrgicas, que são aplicadas ao solo e adicionam significativas quantidades de silício ao solo entre outros nutrientes. Assim, as perspectivas de utilização da escória siderúrgica no manejo de insetos-praga são ótimas devido ao baixo custo, facilidade de adoção e compatibilidade desta tática com outros métodos de controle, contribuindo para uma produção voltada ao contexto da agricultura sustentável. Este trabalho objetivou o uso de um composto silicatado (escória siderúrgica) como forma de induzir a resistência ao ataque da mosca minadora (Liriomyza spp) em duas cultivares de crisântemo. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi desenvolvida no Município de Iúna (ES), em estufas plásticas, utilizando-se vasos de 1,3 L, preenchidos com substrato (solo + composto orgânico + areia), aplicando-se como fonte de silício, uma escória siderúrgica, silicato de cálcio e magnésio em pó Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 (23% SiO2, 36% CaO e 6% MgO) nas doses: 1 = 0 (sem aplicação de escória); 2 = 1,40 g de escória por vaso; 3 = 2,80 g de escória por vaso; 4 = 4,20 g de escória por vaso e 5 = 5,60 g de escória por vaso, incorporadas ao substrato antes do plantio procedendo-se a incubação dos vasos durante 30 dias. Após o período de incubação foi feita à leitura do pH em água (1:2,5) do substrato dos vasos. Os tratamentos, com cinco repetições, foram dispostos em delineamento inteiramente casualizado, em esquema de parcelas subsubdivididas, onde as cultivares compreenderam a parcela, as doses a subparcela e as semanas a subsubparcela, totalizando 50 unidades experimentais. Foram utilizadas as cultivares Puritan (“Polar Branco”) e Yellow Diamond (“Polar Amarelo”), adquiridas da Holambra. As plantas foram propagadas por estaquia e tratadas com 1000 mg L-1 de ácido indol-butírico. As estacas foram colocadas nos vasos com os diferentes tratamentos e mantidas por três semanas em estufa de enraizamento. Em cada vaso foram colocadas seis estacas. Decorridas as três semanas, os vasos foram transferidos para as estufas de produção, onde foram repicadas, regulando a altura das plantas, induzindo a brotação lateral. A adubação foi realizada na forma de fertirrigação, utilizando como fonte de nutrientes o nitrato de amônio, MAP e nitrato de potássio, na formulação 25-05-20 (% N-P-K). Os tratos culturais (desbrota, uso de reguladores de crescimento e manejo da fertirrigação) foram os mesmos adotados no cultivo comercial da empresa, com exceção apenas do controle da praga. Aplicou-se semanalmente o silicato de potássio (via foliar), na do- sagem de 4 g L-1 para todos os tratamentos, com exceção apenas do tratamento que recebeu a dose 1 de escória. A aplicação de silicato de potássio é uma forma de aumentar a chance de formação de uma barreira física estável, uma vez que não se sabe se o crisântemo é uma planta acumuladora de silício e, portanto, a aplicação foliar aumenta as chances de absorção e polimerização do silício na epiderme foliar. As avaliações do número de folhas minadas e do número de larvas vivas de Liriomyza spp foram realizadas semanalmente, durante nove semanas. Os dados foram submetidos à análise de regressão linear e análise de variância, e as médias comparadas pelo Teste de “t”, a 5 % de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve diferença entre as cultivares de crisântemo quanto ao número de folhas minadas (NFM) e o número de larvas vivas (NLV). A cultivar Polar Branco foi a que apresentou menor suscetibilidade ao ataque da mosca minadora, verificando-se menor NFM e NLV ao longo do período de avaliação (Tabela 1). Essa maior resistência e/ou tolerância apresentada pela cultivar Polar Branco pode ser atribuída provavelmente a fatores genéticos, uma vez que as cultivares receberam tratamentos iguais e obtiveram respostas diferentes. Deren et al. (1992) afirmam que as plantas diferem bastante na sua capacidade de absorver o silício, com o envolvimento de genes aditivos ou não aditivos no mecanismo de absorção do silício, como é o caso do arroz. Assim, até mesmo genótipos de uma mesma espécie podem apresentar concentrações 241 RA Polanczyk et al. Figura 1. Número de larvas vivas (NLV) de mosca minadora (Liriomyza spp) em folhas de crisântemo (Dendranthema grandiflorum Tzvelev) em função da época de avaliação e das diferentes doses de escória. Alegre, UFES, 2005. variadas de silício, respondendo de modo distinto à aplicação do elemento (Winslow, 1992). Dessa forma, mesmo sendo geneticamente controladas, a resistência e a tolerância podem ser bastante influenciadas por fatores nutricionais da planta, e neste caso, o envolvimento do silício parece ter um papel importante nas relações plantaambiente. Não foi observado efeito significativo das doses da escória aplicadas, bem como da interação doses x cultivares, doses x semanas na redução do número de folhas minadas. Contudo, verificouse efeito significativo para doses de escória, com referência ao NLV após nove semanas de avaliação, não sendo possível obter o ajuste da equação de regressão para a dose de escória de 4,20 g por vaso (Figura 1). A dose de escória de 2,80 g por vaso foi a que promoveu maior redução do número de larvas vivas encontradas ao longo das nove semanas. Resultados semelhantes foram observados por Parrella et al. (2006) usando aplicações foliares de silicato de potássio. De acordo com esse trabalho a adição de 200 mg L-1 de silicato de potássio em plantas de crisântemo teve efeito significativo na redução do número de larvas vivas de mosca minadora em relação à testemunha avaliadas ao longo de seis semanas, com correlação negativa entre doses de silício e NLV. 242 Os mesmos autores descrevem que foram observados maiores teores de silício acumulado nas folhas do crisântemo quando se aplicou maiores doses de silicato de potássio, porém este não reduziu significativamente o NLV. Winslow (1992) e Deren et al. (1994) descrevem que o acúmulo de Si possivelmente contribui para a resistência às doenças e insetos , embora, nem sempre plantas com altos conteúdos de Si acumulados apresentem resistência. Fatores físicos, bioquímicos, além da genética, podem também influenciar a resistência a insetos e esses devem ser identificados (Savant et al., 1997). A maior dose (5,60 g por vaso) apresentou desempenho inferior à dose de 2,80 g por vaso, provavelmente devido à elevação do pH do substrato, o qual atingiu valores de 7,8. Segundo Korndorfer (2007), as escórias, além de serem as principais fontes de silício para o solo, são também utilizadas como corretivos da acidez, isto é, têm a capacidade de neutralizar a acidez do solo e produzir o ácido monossilícico (H4SiO4), que é a principal forma de silício absorvido pelas plantas. Assim, a sua aplicação e sua respectiva dissolução eleva o pH do solo e os teores de cálcio e magnésio, permitindo além da reposição destas bases no complexo de troca, a neutralização do alumínio trocável. Com o aumento do pH, a atividade de silício em solução tende a aumentar. No entanto a atividade do cálcio em solução tende a diminuir (Lindsay, 2001), podendo influenciar na disponibilidade de cálcio para as plantas e seu fluxo para o citoplasma. Isto poderá afetar a estabilidade das biomembranas, alterando a resistência da parede celular (Taíz & Zeiger, 2004). Como o cálcio, o magnésio e os micronutrientes podem também diminuir suas atividades com o aumento do pH, que por sua vez pode influenciar na biossíntese da clorofila, já que esses nutrientes funcionam como constituintes de estruturas orgânicas, predominantemente envolvidas na função catalítica de enzimas (Taíz & Zeiger, 2004). Dessa forma, a falta ou excesso de um ou mais destes nutrientes influencia não só o crescimento e a produtividade, mas também pode afetar a resistência ou a tolerância da planta a doenças e pragas. Ressalta-se que os trabalhos que abordam o efeito do silício no manejo de insetos são escassos (Korndorfer et al., 2004; Moraes et al., 2005), mas mostram que o silício pode vir a ser um importante instrumento do manejo de pragas, permitindo a substituição e/ou a redução do uso de agrotóxicos convencionais. REFERÊNCIAS ADATIA MH; BESFORD AT. 1986. 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O objetivo deste trabalho foi relatar o uso de plantas medicinais no município de Ariquemes, em Rondônia, bem como avaliar os padrões sócio-econômicos dos entrevistados em relação à utilização da fitoterapia no seu cotidiano. Para coleta das informações etnobotânicas e etnossociais, foram aplicados questionários estruturados a 44 indivíduos escolhidos por possuírem prestígio junto à comunidade em relação ao conhecimento e uso de plantas medicinais, identificando-se a finalidade, os órgãos e o modo de uso da planta medicinal. Além disso, foi identificada a espécie de cada planta utilizada. Procurou-se ainda correlacionar o conhecimento etnobotânico (inferido a partir do número de citações por indivíduo), com a forma de aquisição dos conhecimentos, aspectos religiosos, educacionais, região de origem, tempo de residência no local e gênero dos entrevistados. Identificaram-se 63 espécies de plantas medicinais em uso pela população, distribuídas em 38 famílias, com maior representatividade para a família Lamiaceae. A parte mais utilizada das plantas foram as folhas e o decocto foi o modo de preparo mais usual. Os estudos etnossociais permitiram inferir que os conhecimentos etnobotânicos da população estudada foram adquiridos principalmente por meio de livros e concentraram-se entre pessoas do gênero masculino, de religiões evangélicas, com nível de escolaridade Fundamental, da 1ª à 4ª série, provenientes da região Sudeste; e do gênero masculino. O tempo de residência no município não afetou significativamente o conhecimento etnobotânico na população estudada. Use of medicinal plants by the population of Ariquemes, in Rondônia State, Brazil The use of medicinal plants shows the reality of part of the Brazilian population whose limited access to the health public programs leads to the development and conservation of a rich ethnobotanic knowledge. However, the popular knowledge needs systematization for adequate utilization. The aim of this work was to study the use of medicinal plants in Ariquemes, Rondônia State, Brazil, and to evaluate the social and economic patterns in relation to the use of phytotherapy. To have access to ethnobotanic and ethnosocial data structured interviews were applied to 44 persons chosen for their prestige in the community in relation to the knowledge and use of medicinal plants, identifying therapeutic purpose, part of the plant used and methods of preparation. Moreover, the species of each used plant was identified. The ethnobotanic knowledge (estimated by the number of citations per informer) was correlated to the knowledge source, religious and educational aspects, region of origin, residence period in Ariquemes and sex of the informers. Sixty-three species of medicinal plants being used by the population were identified, distributed in thirty-eight families, the Lamiaceae being the most representative. The most used part and method of preparation were the leaf and decoction. Ethnosocial studies allowed to infer that the books were the major source of ethnobotanic knowledge; which concentrates in the masculine individuals; and evangelic people; with basic level (1st to 4th series); from the Southeast of Brazil. Residence period in Ariquemes did not affect the ethnobotanic knowledge. Palavras-chave: etnobotânica, fitoterapia, Amazônia. Keywords: ethnobotany, phytotherapy, Amazon. (Recebido para publicação em 9 de outubro de 2006; aceito em 3 de abril de 2008) D urante milênios o homem aprofundou seus conhecimentos empiricamente a fim de melhorar sua alimentação e tratar de suas enfermidades, criando uma inter-relação entre o uso das plantas e sua evolução (Miguel & Miguel, 2000). Provavelmente a utilização das plantas como medicamento seja tão antiga quanto o próprio homem. Numerosas etapas marcaram a evolução da arte de curar, contudo torna-se difícil delimitá-las com exatidão, já que a medicina esteve por muito tempo associada a práticas mágicas, místicas e ritualísticas (Martins et al., 1995). Atualmente, a Organização Mundial de Saúde considera fundamental que se reali- 244 zem investigações experimentais acerca das plantas utilizadas para fins medicinais e de seus princípios ativos, para garantir sua eficácia e segurança terapêutica (Santos, 2004). Paralelamente, se faz necessário o levantamento das espécies medicinais de cada região fitogeográfica do Brasil, como primeiro passo para a adoção das plantas medicinais nos programas de atenção primária à saúde, o que pode resultar em diminuição de custos e ampliação do número de beneficiados (Matos, 1997). Tradicionalmente, etnobotânicos de todo o mundo têm registrado plantas, seus usos por populações humanas e formas terapêuticas (no caso de plantas medici- nais). Esse tipo de procedimento proporciona o progresso dos estudos básicos e aplicados, fitoquímicos e farmacológicos, uma vez que fornece a matéria-prima aos pesquisadores de áreas afins e o conjunto de dados necessários para as análises pretendidas. Nesta perspectiva, reconhecer a importância das relações entre o homem e a natureza significa um avanço cognitivo, onde a ciência é utilizada para proteger o patrimônio cultural e a biodiversidade (Albuquerque, 2002). Na área da etnobotânica têm sido realizadas pesquisas com comunidades residentes nas regiões de florestas tropicais, com o objetivo de avaliar os recursos vegetais utilizados por estas co- Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia munidades e apontar propostas para seu uso sustentado, como forma de preservar e recuperar esses ecossistemas (Silva & Andrade, 2005). O conhecimento tradicional sobre o uso das plantas é vasto e, em muitos casos, é o único recurso para tratamento da saúde que as populações rurais de países em desenvolvimento têm ao seu alcance. Alguns autores propõem-se a estimar o valor de uso das plantas com a finalidade de apontar as espécies e famílias de preferência da população humana no universo vegetal (Phillips & Gentry, 1993). No Brasil, considerando a ampla diversidade de espécies vegetais, bem como a riqueza étnico-cultural, o uso popular de plantas medicinais é muito relevante. Por isso, os estudos etnobotânicos são fundamentais, uma vez que possibilitam o resgate e a preservação dos conhecimentos populares das comunidades envolvidas (Garlet & Irgang, 2001). Conforme ressalta Albuquerque (2002), os informantes devem ser tratados como especialistas, pois são dotados de conhecimentos e fenômenos que nos são desconhecidos e que buscamos compreender. A utilização de plantas medicinais como alternativa terapêutica vem atingindo um público cada vez maior. Este crescimento requer dos pesquisadores e estudiosos um maior empenho, no sentido de fornecer informações relativas ao sistema produtivo dessas plantas e preparo dos medicamentos, pois nem sempre as normas que garantem a qualidade dos fitoterápicos são cumpridas (Castro & Ferreira, 2000). A vasta gama de informações sobre o uso de centenas de plantas como remédios, em todos os lugares do mundo, leva à necessidade de se desenvolver métodos que facilitem a enorme tarefa de avaliar cientificamente o valor terapêutico de espécies vegetais (Elisabetsky, 2001). O objetivo deste trabalho foi relatar o uso de plantas medicinais no município de Ariquemes, em Rondônia, contribuindo assim para auxiliar no resgate do conhecimento tradicional. Procurouse também estabelecer uma correlação entre os padrões sócio-econômicos dos entrevistados e a utilização da fitoterapia como prática em seu cotidiano. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa de campo foi realizada no município de Ariquemes, em Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Rondônia, localizado, de acordo com o Zoneamento Sócio-Econômico-Ecológico do Estado de Rondônia (ZSEE), na zona 01 (áreas de usos agropecuários, agroflorestais e florestais) (Millikan, 1998). Conta atualmente com aproximadamente 84 mil habitantes (projeção IBGE, 2005) e com uma área de 4.706,70 km², localizando-se 198 km ao Sul da capital Porto Velho. A economia do município está voltada para o setor primário: agricultura, pecuária, extrativismo vegetal e mineral. Para o levantamento dos dados foram realizadas entrevistas de abril a dezembro de 2005. O entrevistador empregou diálogos para direcionar a conversa, baseando-se em questionários já estruturados. Buscou-se dar mais ênfase aos dados etnobotânicos, como indicação terapêutica, parte da planta utilizada nas preparações e modo de preparo. Os 44 informantes foram escolhidos por possuírem prestígio junto à comunidade em relação ao conhecimento e uso de plantas medicinais e foram entrevistados individualmente, em suas residências, nos dias laborais e finais de semana. Foram obtidas médias, dividindo-se o número de citações (somatório do número de todas as citações de utilizações de plantas com alguma finalidade terapêutica mencionadas pelos entrevistados) pelo número de entrevistados, em relação aos fatores: forma de aquisição dos conhecimentos (pessoas conhecidas, livros, parentes e pastorais), religião (adventista, católico, evangélico, outros e sem religião), região de origem (Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul), nível de escolaridade (analfabetos, alfabetizados, Ensino Fundamental da 1ª à 4ª série, Ensino Fundamental da 5ª à 8ª série, Ensino Médio e Ensino Superior), tempo de residência no local (até 3 anos; de 4 a 6 anos; de 7 a 9 anos; de 10 a 12 anos; de 13 a 15 anos; de 16 a 18 anos; de 19 a 21 anos; de 22 a 24 anos; de 25 a 27 anos; e de 28 a 30 anos), e gênero dos entrevistados. A utilização deste procedimento teve por objetivo a identificação de como está distribuído o conhecimento sobre fitoterápicos nesta população, em relação aos fatores mencionados. Por exemplo, dentro do fator “nível de escolaridade”, para se inferir sobre o conhecimento etnobotânico dentro do grupo “analfabetos” da população, dividiu-se o número de citações (utilizações de plantas com finalidade terapêutica mencionadas em entrevistas com os analfabetos da população) pelo número de indivíduos analfabetos, obtendo-se a média de citações por indivíduo. Da mesma forma, foram obtidas médias para os outros grupos populacionais, e estas foram comparadas entre si, dentro de cada fator, utilizando-se o teste t de Student (p<0,05). Não foi possível a identificação taxonômica de todos os espécimes, devido à indisponibilidade de material vegetal adequado para a classificação à época do levantamento. As plantas que apresentavam floração e frutificação foram coletadas, posteriormente herborizadas, seguindo o procedimento de prensagem entre jornais, papelão e corrugado, em prensa de madeira, sendo que cada espécime foi identificada com número de coleta, data, local e nome do coletor. Após esse processo, o material foi colocado em estufa elétrica para desidratação, por um período de três dias. Depois de desidratado, o material vegetal foi descrito e identificado com auxílio de lupa, literatura especializada, ou por comparação com material já identificado e, posteriormente, incorporado ao acervo do herbário Dr. Ary Tupinambá Penna Pinheiro, pertencente à Faculdade São Lucas (FSL), município de Porto Velho, Rondônia. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram coletados 77 espécimes, sendo identificadas 63 espécies distribuídas em 38 famílias botânicas (Tabela 1). As famílias mais representativas em número de espécies foram Lamiaceae, com sete espécies, e Asteraceae, Leguminosae e Compositae, com quatro espécies cada, enquanto as demais tiveram apenas uma ou duas espécies mencionadas. Foram constatadas oito formas de preparo dos fitoterápicos, sendo a mais utilizada o decocto, ou seja, o cozimento da parte vegetal em água e, em segundo lugar, o infuso, que consiste na submersão da parte vegetal em água, logo após a fervura desta. Isto tam245 MRA Santos et al. bém foi observado por Rodrigues (1998) durante levantamento florístico e etnobotânico de plantas medicinais do Cerrado, na Região do Alto Rio Grande, em Minas Gerais. Destacou-se também nesse levantamento o uso combinado de plantas com outros ingredientes como: poejo (Mentha pulegium L.) com mel, babosa (Aloe vera (L.) Burn. F.) com mel e cachaça, pé-de-galinha (Eleusine indica (L.) Gaertn) com pedaço de cupim e álcool. Outro fato constatado foi o uso de várias ervas medicinais com chimarrão, conforme já anteriormente observado por Garlet & Irgang (2001), em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul. As plantas mencionadas com maior freqüência foram crajiru (Arrabidaea chica (Bonpl.) B. Verl.), boldo (Plectranthus barbatus Andrews), hortelã (Mentha sp.), erva-cidreira (Lippia alba (Mill.) N. E. Br), erva-de-SantaMaria (Chenopodium ambrosioides L.), poejo (Mentha pulegium L.), hortelãgrande (Plectranthus amboinicus (Lour) Spreng.), algodão (Gossypium hirsitum L.), babosa (Aloe vera (L.) Burn. F.) e alfavaca (Ocimum selloi Benth.). Também foram mencionadas com freqüência a associação de mais de uma planta nas formulações, dentre elas romã (Punica granatum L.) e gengibre (Zingiber officinale Roscoe), chapéude-couro (Echinodorus grandiflorus Mitch) e crajiru (Arrabidaea chica (Bonpl.) B. Verl.), cana-do-brejo (Costus spicatus (Jack) SW) e pata-devaca (Bauhinia forficata Link) e abacate (Persea americana Mill) e quebra-pedra (Phyllanthus niruri L.). Observações semelhantes foram constatadas por Ming & Amaral Júnior (2005) em estudo realizado na reserva extrativista “Chico Mendes”. Observou-se que não há uma padronização com referência à quantidade de planta a ser empregada nas preparações, sendo indicado um punhadinho, uma mão cheia, um maço, entre outras. Quanto à parte vegetal utilizada nas preparações, observou-se uma maior utilização das folhas. É interessante observar que as folhas, além de geralmente concentrarem grande parte dos princípios ativos da plantas, podem ser coletadas sem causar grandes danos às 246 plantas, garantindo sua preservação. Toda informação colhida foi transcrita literalmente, procedimento também adotado por Radomski & Wisniewski (2004), mantendo-se expressões como tiriça (icterícia), afinar o sangue (reduzir as concentrações de ácidos graxos no sangue), pano branco (doença de pele causada pelo fungo Pityrosporum ovale) e chiado no peito (asma), termos utilizados pelos entrevistados (Tabela 1). Foram registradas 237 citações, nas quais foi relatada a utilização de várias partes vegetais das 63 espécies, em oito formas de preparo, com diferentes finalidades terapêuticas. Com relação às diferentes religiões praticadas por cada comunidade, podese inferir uma maior concentração de conhecimentos nos evangélicos e católicos, com médias de 7,4(a) e 6,7(a) citações por entrevistado, respectivamente, seguidos pelos entrevistados sem religião, com 5,6(b), e os adventistas, com 4,3(c). Esses dados nos permitem constatar que há uma interação entre os conhecimentos etnobotânicos e as religiões. É importante ressaltar que grande parte dos entrevistados que se declararam evangélicos, eram ex-católicos, convertidos recentemente. De acordo com Camargo (1998), as pesquisas na área da medicina popular em todos os segmentos da sociedade demonstram uma constante vinculação com crenças religiosas. Com relação à origem dos entrevistados, constatou-se que as pessoas advindas do Sudeste do país detinham mais informações em relação às demais regiões, com média de 8,5(a) citações por entrevistado; em seguida, a região Nordeste apresentou média de 7,3(b); a região Centro-Oeste 7,0(b); a região Norte 5,6(c); e a região Sul 4,7(c). Notase que, embora a região Norte abrigue uma enorme biodiversidade, inclusive no que diz respeito a plantas medicinais, os conhecimentos etnobotânicos não se concentraram nos indivíduos originários do Norte. Isto se deve provavelmente ao fato de que a maioria das plantas estudadas foram trazidas de outras regiões. Das 63 espécies mencionadas, apenas sete são amazônicas: crajiru (Arrabidea chica (Bonpl.) B. Verl.), cana-do-brejo (Costus spicatus (Jack)SW), terramicina (Althernanthera dentata (Moench) Stuchlik), copaíba (Copaifera langsdorfii Desf.), coqueirinho (Elleutherine bulbosa Mill.), cupuaçu (Theobroma grandiflora Willd.) e insulina (Cissus verticilata L.), o que sugere que a cultura etnobotânica sobre as plantas amazônicas está se perdendo, sendo um dos motivos a carência de estudos na região, tanto em relação ao resgate cultural quanto à descoberta de novas plantas como prováveis fontes de substâncias bioativas de interesse, devido à falta de incentivo por parte das instituições acadêmicas e de pesquisa. Em um recente levantamento realizado por Fernandes (2004) acerca de trabalhos apresentados nos simpósios de plantas medicinais, de 1972 a 1998, as regiões mais participativas, em termos de número de trabalhos apresentados, foram Sudeste, Sul e Nordeste, sendo que as regiões Centro-Oeste e Norte apresentaram uma parcela pouco significativa. Em relação ao nível de escolaridade, o conhecimento e uso de plantas medicinais predominou no nível de Ensino Fundamental da 1ª à 4ª série, no nível de Ensino Fundamental da 5ª à 8ª série e no Ensino Médio, com médias de 7,3(a), 6,8(a) e 6,7(a) citações por entrevistado, respectivamente. Entre os analfabetos, obteve-se 5,6(b) e no nível de Ensino Superior foi observada a menor média, 3,0(c) citações por entrevistado. Assim, observa-se que o conhecimento sobre plantas medicinais apresenta uma tendência a diminuir com o nível de escolaridade. Está claro que o nível de escolaridade está associado a condições econômicas. Assim, a relação entre o baixo nível de escolaridade e a maior familiarização com o poder medicinal de espécies vegetais pode refletir a busca, devido ao baixo poder aquisitivo, de formas alternativas de tratar as doenças, que não envolvam a compra de medicamentos caros. Talvez seja possível inferir também que o nível crescente de escolaridade envolve uma certa massificação dos costumes, principalmente frente à globalização, o que levaria a uma perda gradual dos hábitos ancestrais relacionados à fitoterapia. Os dados relacionados à aquisição dos conhecimentos sobre o uso das planHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia Tabela 1. Nomes vulgares e científicos, famílias botânicas, indicações, partes utilizadas e modos de preparo de plantas medicinais utilizadas pela população de Ariquemes, em Rondônia (vulgar and scientific names, botanic families, indications, used parts of the plants and methods of preparation of used medicinal plants for the population of Ariquemes, in Rondônia). Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2005. 1 As letras de referência indicam conexão entre os itens Indicação, Parte Utilizada e Modo de Preparo. (The reference letters indicate connection between itens Indication, Used Part of the Plant and Method of Preparation); 2Asma (asthma); 3Melena (melena); 4Icterícia (jaundice); 5Reduzir as concentrações de ácidos graxos no sangue (to reduce the fatty acids concentrations of the blood); 6Doença de pele causada pelo fungo Pityrosporum ovale (skin disease caused for the fungus Pityrosporum ovale). Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 247 MRA Santos et al. Tabela 1. (Continuação) 248 Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia Tabela 1. (Continuação) tas medicinais revelaram que a maior parte foi adquirida por meio de livros, com média de 11,3(a) citações por entrevistado. As outras formas de obtenção de informações registradas foram menos relevantes: a aquisição de conhecimentos de pessoas conhecidas resultou em média de 7,6(b), a partir de parentes 6,0(b) e de pastorais 5,5(b). Embora as pastorais de saúde sejam atuantes nas comunidades, o interesse das pessoas pelas leituras referentes ao assunto é bastante significativo. Atualmente, há uma grande profusão de livros abordando o uso de plantas medicinais, a maioria relativamente simples em termos de elaboração, de fácil entendimento, e que podem ser adquiridos a baixo preço. A forma de aquisição dos conhecimentos etnobotânicos, nesse estudo, difere bastante do levantamento etnobotânico realizado por Ming & Amaral Júnior (2005), na reserva extrativista “Chico Mendes”, no Acre, em que todos os entrevistados afirmaram que o aprendizado foi repassado pelos pais. No que se refere ao conhecimento das plantas medicinais em relação ao tempo de residência no local, a maior média aponta para a faixa entre 7 a 9 anos, sendo de 12,3 citações por entreHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 vistado. Porém, não ocorreu diferença significativa entre as faixas estudadas, não se observando uma tendência nos resultados que permitisse inferências entre o tempo de residência dos entrevistados no local e o seu conhecimento sobre as plantas medicinais utilizadas. Provavelmente, estas duas variáveis não interagiram devido ao fato de que a maioria das plantas utilizadas no município estudado não são nativas. Se este fosse o caso, seria de se esperar que os moradores com maior tempo de residência detivessem maior conhecimento sobre a utilização das plantas na medicina popular do local. O gênero masculino apresentou significativamente mais informações sobre as plantas medicinais no município estudado. Enquanto os homens entrevistados apresentaram uma média de 16,4(a) citações por entrevistado, a média para as mulheres foi de 10,4(b). No trabalho realizado por Ming & Amaral Júnior (2005), com seringueiros da reserva extrativista “Chico Mendes”, foi constatado que os homens, devido ao maior contato com a floresta, tendem a ter maior conhecimento de plantas deste ecossistema. Observou-se que a maioria dos entrevistados cultivava as plantas consumidas, indicando que estas eram ao menos parcialmente preservadas. Como foi observado neste trabalho, o estudo do conhecimento etnobotânico de comunidades predominantemente voltadas para o setor primário em geral nos leva a duas vertentes: a primeira é a observação das estratégias que o homem utiliza para lidar com a natureza, tentando melhorar de alguma forma sua qualidade de vida e; a segunda, é a necessidade pungente de proteger o conhecimento ancestral, resgatando e registrando informações, de forma a perpetuá-las para as gerações futuras. Esta pesquisa fornecerá subsídio para estudos fitoquímicos e farmacológicos necessários para confirmar as propriedades terapêuticas da maioria das espécies estudadas e para verificar a toxicidade ou inocuidade das mesmas para a saúde humana. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE UP. 1998. Introdução à etnobotânica. Recife: Bagaço. 72p. CAMARGO MTLA. 1998. Plantas medicinais e de rituais afro–brasileiros II: estudo etnofarmacobotânico. São Paulo: Ícone. 232p. CASTRO HG; FERREIRA FA. 2000. 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Lima beans production and economic revenue as function of organic and mineral fertilization Adriana U Alves1; Ademar P de Oliveira2; Anarlete U Alves3; Carina SM Dornelas3; Edna U Alves2; Edson A Cardoso2; Arnaldo Nonato P de Oliveira2; Iordan da S Cruz2 1 UNESP-FCAV, Depto.Produção Vegetal, 14884-900 Jaboticabal-SP; 2UFPB-CCA, C. Postal 02, 58397-000 Areia-PB; 3UFPB, pósgraduando; [email protected] ABSTRACT RESUMO Lima beans (Phaseolus lunatus L.) are alternative food and income sources for the population of Northeastern Brazil. In this region, lima beans are consumed either as green or dry grains. However, low yields have been observed, a challenge that could be overcome by adequate organic and mineral fertilization. This work intended to assess lima beans yield, cultivar Raio de Sol, as affected by doses of cattle manure in the presence and absence of mineral NPK fertilization. The experiment was carried out at the Federal University of Paraíba, Brazil, from September, 2004 to May, 2005. The experimental design was of randomized blocks, with four replications, 40-plant plots, spaces of 1.00 x 0.50 between and within rows, respectively. Treatments were displayed in a 6 x 2 factorial, corresponding to manure doses (0, 10, 20, 30, 40 and 50 t ha-1) and presence and absence of NPK. Green and dry grain, and pod yields were analysed, as well as the economic revenue for pods and dry grains. To measure the economic efficiency, pods and dry grains were employed as the exchange units. Maximum pod yields (12.6 and 11.2 t ha-1) were achieved with 21.4 and 23 t ha-1 of manure, with and without NPK, respectively. Highest green grain yields (11.1 and 9.9 t ha-1) were obtained with 21.3 and 22.9 t ha-1 of manure, with and without NPK, respectively. The highest yield of dry grains (3.5 t ha-1) was obtained with 26.6 t ha-1 of manure combined with NPK. In the absence of NPK, the use of cattle manure resulted in an average dry grain yield of 2.0 t ha-1. The maximum economic efficiency for pod production was reached with 17 and 18.6 t ha-1 of manure, with predicted net incomes of 2.88 and 3.36 t ha-1 of pods, in the presence and absence of NPK, respectively. For dry grains, the maximum economic efficiency was achieved with 23 t ha-1 of manure, in the presence of NPK, which produced a net revenue of 2.12 t ha-1 of dry grains. Produção do feijão-fava e retorno econômico em função da adubação organomineral Keywords: Phaseolus lunatus L., organic fertilization, mineral fertilization, yield. O feijão-fava (Phaseolus lunatus L.) é uma alternativa de renda e alimento para a população do Nordeste do Brasil, que consome seus grãos maduros ou verdes. No entanto, níveis baixos de produtividade têm sido constatados, dificuldade que pode ser vencida pela utilização de fertilização orgânica e mineral. Com o objetivo de avaliar a produtividade do feijão-fava, cultivar Raio-de-Sol, em função de doses de esterco bovino, na presença e ausência de NPK, este trabalho foi realizado. O experimento foi conduzido na UFPB, em Areia, de setembro de 2004 a maio de 2005. O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados, em fatorial 6 x 2, com os fatores doses de esterco bovino (0; 10; 20; 30; 40 e 50 t ha-1) e presença e ausência de NPK, quatro repetições e parcelas de 40 plantas, espaçadas de 1,00 x 0,50 m. Foram avaliadas as produtividades de vagens e de grãos verdes e secos e o retorno econômico de vagens e grãos secos. Para cálculo da eficiência econômica, foram utilizados a própria vagem e o grão seco como relação de troca. As doses 21,4 e 23 t ha-1 de esterco bovino proporcionaram produtividade máxima de vagens (12,6 e 11,2 t ha-1) na presença e ausência de NPK, respectivamente, enquanto as doses 21,3 e 22,9 t ha-1 de esterco bovino proporcionaram produtividades máximas de grãos verdes (11,1 e 9,9 t ha-1) na presença e ausência de NPK, respectivamente. A dose 26,6 t ha-1 de esterco bovino foi responsável pela produtividade máxima (3,5 t ha-1) de grãos secos, na presença de NPK. Na ausência de NPK, obteve-se a produtividade média de 2,0 t ha-1, em função das doses de esterco bovino. As doses de 17,0 e 18,6 t ha-1 de esterco bovino proporcionaram máximas eficiências econômicas para a produtividade de vagens, com receitas previstas de 2,88 e 3,36 t ha-1, respectivamente, na presença e na ausência de NPK. Para a produtividade de grãos secos na presença de NPK, a máxima eficiência econômica foi obtida com 23 t ha-1 de esterco bovino, que gerou uma receita de 2,12 t ha-1. Palavras-chave: Phaseolus lunatus L., adubação orgânica, adubação mineral, rendimento. (Recebido para publicação em 16 de outubro de 2007; aceito em 27 de maio de 2008) L ima beans (Phaseolus lunatus L.) rank among the most popular legumes in tropical regions due to its ample adaptation and good protein production. As consequence, the species is a pragmatic option to reduce the dependence on common beans (Vieira, 1992a). It is also known as butter bean, Sieva bean, and sugar bean. Lima beans Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 represent an alternative source of food and income for the population of Northeast Brazil. In this region, it is cultivated by small-scale farmers, who use bushing cultivars (Santos et al., 2002). In US, one of the largest world producers, lima beans are consumed processed, either as canned or frozen green grains. In Brazil, green or dry grains are cooked before consumption and the Lima beans use is relatively less important than other Phaseolus species (Vieira, 1992b). Paraíba, one of the Brazilian States in the Northeast region, is among the top national producers of Lima beans, reaching annually 9.35 t of dry grains. Nevertheless, yields are low (476 kg ha-1), 251 AU Alves et al. as consequence of the restricted level of technology use in the farms (Santos et al., 2002). The lack of improved cultivars (Santos et al., 2002) and the habit of sowing with no organic and mineral fertilization contribute to the low yield levels and poor economic revenues, practically turning Lima beans into a subsistence crop. Thus, only production surplus is trade, usually, in local street free markets (Frazão et al., 2004). The benefits of organic fertilization are indisputable, but there is not much information on the amount needed to significantly improve Lima beans yield. On the other hand, the indiscriminated use of manure may increase nitrogen levels and lead to soil salinization and increase in electric conductivity, which cause plant nutritional imbalance and result in hampering crop yield (Silva et al., 2000). Lima beans grow well in sandy or medium texture soils, with pH preferably between 5.6 to 6.8 (Filgueira, 2000). It is a high nutrient demanding species, and may extract 135 kg ha-1 of K, 91 of N, 81 of Ca, 30 of P, and 11 of Mg (Hester et al., 1951). According to Filgueira (1981), only P should be supplied in planting fertilization, unless the soil is poor in K. In this case, both K and N should be used. Increase in Lima beans yield as consequence of mineral fertilization is largely documented (Vieira et al., 1992; Frazão et al., 2004; Oliveira et al., 2004). Increase in yield due to organic fertilization was reported in cowpea with the use of cattle manure (Oliveira et al., 2001) and in bush beans fertilized with swine manure (Araújo et al., 2001). In Lima beans, Filgueira (2000) recommends the use of organic fertilization in soils with low fertility levels. The objective of this work was to study the variation on Lima beans yield as function of the use of mounting doses of cattle manure, in the presence and absence of mineral NPK fertilization. MATERIAL AND METHODS The experiment was carried out from September, 2004, to May, 2005, at the Federal University of Paraíba, in Brazil (6°58’12’’ S, 35°42’15’’ W, 575 m above 252 sea level). According to Köppen bioclimatic classification, the climate is As’ type (Brasil, 1972), characterized as hot and humid, with fall-winter rains. The average air temperature oscillates between 23 and 24ºC, with minimum monthly variations. The soil at the experimental area is classified as typical Quartz psamment (Embrapa, 1999), with the following chemical characteristics (Embrapa, 1997): pH (H2O) = 6.5, P available (Mehlich 1 extractor) = 51.33 mg dm-3, K = 99.0 mg dm-3, Al exchangeable = 0.0 cmolc dm-3, Ca + Mg = 2.25 cmolc dm-3, and 11.61 g kg-1 of organic matter. The cattle manure used in the experiment presented the following chemical characteristics: P = 5.2 g kg-1, K = 4.9 g kg-1, N = 3.2 g kg-1, organic matter = 112.07 g dm-3, and C/N ratio = 14/1. The experimental design was blocks at random, with four replications. Treatments were displayed in a 6 x 2 factorial, corresponding to six cattle manure doses (0; 10; 20; 30; 40 and 50 t ha-1), with and without mineral NPK fertilization. The experimental plot, with a total area of 4 m2, had 40 plants driven by crossed sticks, with spaces of 1.00 x 0.50 m between and within rows respectively. Twenty plants were used for harvesting green pods and, the remaining 20, for harvesting dry pods. The experimental area was prepared by clearing, weeding, ridging, and opening of holes, using hoes. Fertilization with the cattle manure took place fifteen days before sowing. Five seeds of cultivar Raio de Sol were manually placed in each hole. The rough-hewing was carried out 15 days after sowing, leaving two plants per hole. Mineral fertilization at planting, where appropriate, consisted of 30 kg ha -1 of P 2 O 5 (simple superphosphate) and 60 kg ha-1 of K2O (potassium chloride). Dressing fertilization consisted of 30 kg ha-1 of N (urea), half at 30 and half at 60 days after sowing. The amounts of simple superphosphate, potassium chloride, and urea were established according to the recommendation of the Chemistry and Soil Fertility Laboratory, Centre for Agricultural Sciences of the Federal University of Paraíba, based on the recommendation for Lima beans fertilization at the neighbor State of Ceará (UFC, 1990). During the experiment, hand weeding and conventional sprinkling irrigation were used, obeying a three-day irrigation frequency and using a water depth of 9.0 mm. Pest and disease control were not necessary. Hand harvests were performed weekly from February to March, 2005. Pods and green and dry grains yield were assessed. Data were submitted to analyses of variance and regression. The significant model with the highest rank and determination coefficient was selected to represent the effects of manure doses and mineral fertilization. Analyses were performed using the software SAEG (2000). Doses of manure that resulted in the highest economic revenues of pods and dry grains were also estimated (Raij, 1991). Green grains were not included in the economic analysis because their market has minor importance. The actual values for pods, dry grains, and manure at Areia, in October, 2005, were R$ 0,50 kg-1 for pods, R$ 1,50 kg-1 for dry grains, and R$ 0,043 kg -1 for manure. It must be mentioned that these prices vary from season to season according to the supply and demand. To mitigate the effects of exchange rate fluctuation, pods and dry grains were used as monetary units, since their values are more stable than the currency (Natale et al., 1996). The equivalence rates adopted were 0,086 and 0,029 for respectively manure:pods and manure:dry grains. The most economic doses were estimated from the derivatives of the regression equations between pod and dry grain yield and doses of manure, using the relation dy/ dx = a1 + 2a2x. The most economic dose (x’) was then calculated using the equation x’ = a1 – equivalence rate /2(a2), where x’ stands for the economic dose, a1 for the yield increment rate, and a2 for the point of maximum yield. RESULTS AND DISCUSSION There were significant interactions between doses of manure and presence and absence of NPK for pod and green grain yield (p<0.05) and significant effect of doses of manure over dry grain yield only in the presence of NPK. Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Lima beans production and economic revenue as function of organic and mineral fertilization The highest pod (12.6 t ha-1) and green grain (11 t ha-1) yield estimates were reached respectively with 21.4 and 21.3 t ha-1 of manure in the presence of NPK. In the absence of NPK, calculations indicated that respectively 23.0 and 22.9 t ha-1 of manure are needed to achieve the highest pod (11.2 t ha-1) and green grain (9,9 t ha-1) yields. The joint use of manure and NPK increased yields of pods and green grains in respectively 1.4 and 1.2 t ha -1 when compared to the use of only manure, which indicates that the use of both nutrient sources is the most adequate fertilization practice to Lima beans. As for the dry grain yield, the use of 26.6 t ha-1 of manure in the presence of NPK allowed to reach the maximum value of 3.5 t ha-1 of dry grains (Figure 3), while in the absence of NPK, there were no significant effects of doses of manure. When no NPK was used, the average dry grain yield for all manure doses was 2.0 t ha -1 . These results indicate that Lima beans can achieve good productivity levels in the edaphoclimatic conditions of Areia, with a potential similar to what was reported by Sirait et al. (1994) in US, 3.6 t ha-1, and by Vieira et al. (1992), 3.5 t ha-1, in the Brazilian State of Minas Gerais. When cattle manure was the only nutrient source, the average yield exceeded those obtained by Yuyama (1982), 1.0 t ha -1, and Santos et al. (2002), who reported a maximum of 0.85 t ha-1 of dry grains, using the same cultivar employed in the present work, with NPK fertilization. When the present results are confronted to those of Santos et al. (2002), it is clear that the use of manure as the only nutrient source is also effective in increasing grain yield in Lima beans. This is a very relevant observation when small-scale farmers are taken into account, since organic amendments are often the only sources of fertilization they have at reach. Nevertheless, when mineral NPK was added, grain yield increased in 1.5 t ha-1, an indication that a balanced fertilization including both organic and mineral sources should be the recommendation for Lima beans nutrition, if the target is to improve yield standards. Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figure 1. Pod yield of Lima beans, cultivar Raio-de-Sol, as function of cattle manure doses, in the presence (y1) and absence (y2) of NPK fertilization (produtividade de vagens de feijão-fava, cultivar Raio-de-Sol, em função de doses de esterco bovino, na presença (y1) e ausência (y2) de adubação NPK). Areia, UFPB, 2006. Figure 2. Green grain yield of Lima beans, cultivar Raio-de-Sol, as function of cattle manure doses, in the presence (y1) and absence (y2) of NPK fertilization (produtividade de grãos verdes de feijão-fava, cultivar Raio-de-Sol, em função de doses de esterco bovino, na presença (y1) e ausência (y2) de adubação NPK). Areia, UFPB, 2006. The manure doses corresponding to the highest economic revenues for pod yield, in the presence and absence of NPK, as well as of dry grains in the presence of NPK, were determined by respectively the following equations: (0.4241 - 0.086)/(2x0.0099), (0.4469 0.086)/(2x0.0097), and (0.2131 - 0.029)/ (2x0.004). Therefore, the most economic doses were respectively 17.0 and 18.6 t ha-1 of manure to pod yield, respectively in the presence and absence of NPK, and 23.0 t ha-1 of manure, in the presence of NPK, for dry grain yield. The revenue due to the use of manure were estimated using the increments in pod yield (4.35 and 4.96 t ha -1 , respectively in the presence and absence of NPK), and dry grains (2.78 t ha-1, in the presence of NPK). When the cost of manure was deducted (17.0 t ha-1 of manure = 1.47 t of pods; 18.6 t ha-1 = 1.60 t of pods; and 23.0 t ha-1 of manure = 0.66 t of dry grains), the estimate net revenues were 2.88 and 3.36 t ha-1 of pods, respectively in the presence and absence of NPK, and 2.12 t ha-1 of dry grains, in the presence of NPK. The doses of highest economic efficiency represented 79 and 80% of the maximum pod yield, in the presence and absence of NPK, respectively, and 93% 253 AU Alves et al. Figure 3. Dry grain yield of Lima beans, cultivar Raio-de-Sol, as function of cattle manure doses, in the presence of NPK fertilization (produtividade de grãos secos de feijão-fava, cultivar Raio-de-Sol, em função de doses de esterco bovino, na presença de adubação NPK). Areia, UFPB, 2006. of the maximum dry grain yield. These results reveal the economic viability of using cattle manure in the fertilization of Lima beans, both in the presence and absence of NPK. The benefit of manure on pod and green and dry grain yield, in the presence and absence of NPK, are likely to be a consequence of its high contents of P and K, 5.2 and 4.9 g kg-1, respectively; but may come also from the improvement of the soil physical conditions caused by organic amendments. The increase in soil humidity and porosity (Asano, 1984) improve soil structure through the formation of humic-clay complexes, resulting in a rise on the CEC (Marchesini et al., 1988; Yamada & Kamata, 1989). As consequence, there is a better use of the manure itself, and also of the NPK and soil-borne nutrients. Organic matter also favors the availability of P, K, and Ca, and keeps P and other key nutrients in forms accessible to plants (Tibau, 1983). ACKNOWLEDGMENTS Authors thank CAPES for the scholarship granted to Adriana U Alves and also the Agriculture Agents Fran- 254 cisco de Castro Azevedo, José Barbosa de Souza, Francisco Soares de Brito, and Francisco Silva do Nascimento, who make the field work happen. REFERENCES ARAÚJO JS; OLIVEIRA AP; SILVA JAL; RAMALHO CI; LUSTOSA NETO F. 2001. Rendimento de feijão-vagem cultivado com esterco suíno e adubação mineral. Revista Ceres 278: 501-510. ASANO, J. 1984. Effect of organic manures on quality of vegetables. Japan Agricultural Research Quartely 18: 31-36. BRASIL. Ministério da Agricultura. 1972. Levantamento exploratório-reconhecimento de solos do estado da Paraíba. Rio de Janeiro: MA – SUDENE. 669p. (Boletim Técnico, 15) EMBRAPA. 1997. 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Its high economical importance comes from the antimicrobial properties of thymol and carvacrol, both present in the pepper-rosmarin essential oil. Nodal segments of pepper-rosmarin were established in vitro to evaluate different growth regulators. We tested four concentrations of IBA (0.0; 0.01; 0.05; and 0.1 mg L-1) combined with six concentrations of BAP (0.0; 0.1; 0.5; 1.0; 2.0; and 4.0 mg L-1) in assay 1; five concentrations of NAA (0.0; 0.1; 0.25; 0.5; and 1.0 mg L-1) in assay 2; two concentrations of NAA (0.0 and 0.01 mg L-1) combined with five concentrations of kinetin (0.0; 0.25; 0.5; 1.0; and 2.0 mg L-1) in assay 3; five concentrations of IAA (0.0; 0.5; 1.0; 1.5; and 2.0 mg L-1) in assay 4; and five concentrations of GA3 (0.0; 0.1; 0.5; 1.0; and 1.5 mg L-1) in assay 5. The use of BAP, IBA, NAA and KIN did not influence the number of shoots. The addition of 0.1 mg L-1 of NAA at the culture medium resulted in larger shoot length per explant, while the concentration of 1.0 mg L-1 of kinetin promoted larger shoot length in general. GA3 did not affect the elongation of pepperrosmarin shoots when cultivated in vitro. Estabelecimento de segmentos nodais de alecrim-pimenta in vitro Keywords: Lippia sidoides, medicinal plant, micropropagation, growth regulator. O alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham.) é uma planta medicinal nativa da Caatinga, também conhecida como alecrim-pimenta, alecrim-bravo e alecrim-do-Nordeste. Possui propriedades antimicrobianas, graças à presença de timol e carvacrol em seu óleo essencial, o que lhe confere grande importância econômica. Este trabalho teve por objetivo estabelecer segmentos nodais do alecrimpimenta in vitro testando diferentes reguladores de crescimento. No ensaio 1 foram testadas quatro concentrações de AIB (0,0; 0,01; 0,05 e 0,1 mg L-1) combinadas com seis concentrações de BAP (0,0; 0,1; 0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 mg L-1); no ensaio 2, cinco concentrações de NAA (0,0; 0,1; 0,25; 0,5 e 1,0 mg L-1); no ensaio 3, duas concentrações de NAA (0,0 e 0,01 mg L-1) combinadas com cinco concentrações de cinetina (0,0; 0,25; 0,5; 1,0 e 2,0 mg L-1); no ensaio 4, cinco concentrações de AIA (0,0; 0,5; 1,0; 1,5; e 2,0 mg L-1) e; no ensaio 5, cinco concentrações de AG3 (0,0; 0,1; 0,5; 1,0 e 1,5 mg L-1). A utilização de BAP, AIB, NAA e CIN não influenciou o número de brotações. A adição de 0,1 mg L-1 de NAA no meio-de-cultura proporcionou maior comprimento dos brotos por explante, enquanto a concentração de 1,0 mg L-1 de CIN promoveu maior comprimento dos brotos. O uso de AG3 não apresentou efeitos sobre o alongamento das brotações de alecrim-pimenta cultivadas in vitro. Palavras-chave: Lippia sidoides, planta micropropagação, reguladores de crescimento. medicinal, (Recebido para publicação em 6 de novembro de 2007; aceito em 18 de março de 2008) P epper-rosmarin (Lippia sidoites Chan.; Verbenaceae), a native bush from the Brazilian Northeastern region, where the biome Caatinga predominates, shows its major occurrence in the territory between Bahia and Ceará States. It is popularly known as alecrim-pimenta, alecrim-doNordeste, alecrim-bravo (Inneco et al., 2000), and estrepa-cavalo (Innecco et al., 2000; Matos, 2002). Pepperrosmarin produces an essential oil abundant in thymol and carvacrol, which provides a very strong antimicrobial and antiseptic activity (Macambira et al., 1988). Due to the great economical importance of such species, it may suffer a strong anthropic action and demographic reduction in its Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 natural environment. The essential oil is used in the production of good quality shampoos, tooth pastes, and mouth washers, being also effective in the control of bacterial dental plaque (Nunes, 1999). Seeds from this species were not found. Its propagation is asexual, through the process of stem cutting, using its thinnest branches (Lorenzi & Matos, 2002) or herbaceous cuttings with leaves (Mendonça, 1997). Hence, the pepper-rosmarin micropopagation turns up as a technique of great application potential. In micropropagation, culture media are supplemented with growth regulators, whose role is to supply the possible deficiencies of the hormonal endogenous levels in explants (Castro et al., 2002). For Lippia integrifolia (Gris.) Hier, the culture medium Murashige and Skoog (MS) complete or with a reduction to half of the salt, supplemented with 1 mg L-1 of indole butyric acid (IBA) provided a good multiplication rate (Passera & Ambrosetti, 1999). For Lippia micromera Shau. in DC. var. helleri (Britt.), it was observed that the best multiplication results occurred using the MS medium supplemented with 0,1 mg L-1 of naphthalene acetic acid (NAA) + 2 mg of L -1 of 6-benzylaminopurine (BAP) (Capote et al., 1999). In Lippia alba, cultivar Kavach, there were excellent results for apical buds placed in MS medium containing 2,0 mg L-1 BAP (Gupta et al., 2001). 255 AF Blank et al. The microprogation has been used in the multiplication of several species with medicinal properties. Passera & Ambrosetti (1999) have developed a fast method for Lippia integrifolia propagation by the use of nodal segments in full or half MS medium (Murashige & Skoog, 1962). In Lippia junelliana, (Juliani Junior et al., 1999), after studying different propagation methods, the best results were obtained with apical buds and nodal segments in MS medium supplemented with 4.4 µM of 6-benzylaminopurine (BAP) or 0.04 ìM of indolebutyric acid (IBA) + 4.4 µM of BAP. In Lippia alba cultivar Kavach, plant regeneration was obtained by using apical buds in MS medium, containing 2.0 mg L-1 of BAP (Gupta et al., 2001). For Lippia micromera var. helleri, it was noticed that the best multiplication results occurred when using the MS medium, adding 0.1 mg L-1 of naphthalene acetic acid (NAA) + 2,0 mg L-1 of BAP (Capote et al., 1999). Gibberellins, in the form of gibberellic acid (GA 3), when used in in vitro multiplication, induce shoot elongation as their main effect, such as observed in Rollinia mucosa (Figueiredo et al., 2001) and macela (Egletes viscose (L.) Less) (Diniz et al., 2003). The aim of this work was to evaluate the use of different growth regulators in the in vitro multiplication of pepperrosmarin. MATERIAL AND METHODS The assays were held at the Tissue Culture and Plant Breeding Laboratory, at the Department of Agricultural Engineering of the Federal University of Sergipe (UFS). Two-bud nodal segments were used as primary explants. Mother plants grew in greenhouse and were sprayed with 4 g L-1 of benomyl, two days before inoculation. The nodal segments, once collected, were washed in current water for 30 minutes, emerged in ethylic alcohol 70% for 30 seconds, and then in a sodium hypochlorite solution 0,8% for 16 minutes. After that, they were washed three times in distilled and autoclaved water in a laminar flow camera (Costa, 2006). The explants were inoculated in 250 ml flasks with 256 25 ml in MS medium (Murashige & Shoog, 1962), containing 7 g L-1 of agar, and with pH adjusted to 5.7 ± 0,1 before autoclaving (121 ± 1° C and 1,05 atm for 15 minutes). For the multiplication of pepper-rosmarin the following assays were held: Assay 1: the influence of BAP and IBA - The experimental design was completely randomized in a factorial scheme 4 x 6, where four IBA concentrations (0.0; 0.01; 0.05; and 0.1 mg L-1) were combined with six BAP concentrations (0.0; 0.1; 0.5; 1.0; 2.0; and 4.0 mg L-1). The assay was carried out with five replications, each replication with four two-explant flasks. Assay 2: the influence of NAA The experimental design was completely randomized with five treatments (0.0; 0.1; 0.25; 0.5, and 1.0 mg L-1 of NAA) and five replications, each replication with four two-explant flasks. We added 3 g L -1 of active charcoal to the MS medium (Costa, 2006). Assay 3: the influence of kinetin and NAA - The experimental design was completely randomized, with treatments in a factorial scheme 2 x 5, corresponding to two NAA concentrations (0.0 and 0.01 mg L-1) combined with five kinetin concentrations (0.0; 0.25; 0.5; 1.0, and 2.0 mg L-1). The experiment was carried out with four replications, each replication with four two-explant flasks. We added 3 g L-1 of active charcoal and 200 mg L-1 of cefotaxime-sodium to the MS medium (Costa, 2006). Assay 4: the influence of IAA - The experimental design was completely randomized with five treatments (0.0; 0.5; 1.0; 1.5; and 2.0 mg L-1 of IAA) and five replications of four two-explant flasks each. We added 3 g L-1 of active charcoal and 200 mg L-1 of cefotaxinesodium to the MS medium (Costa, 2006). Assay 5: the influence of GA3 - Due to the lack of shoot elongation in the previous assays, five concentrations of GA3 were tested (0.0; 0.1; 0.5; 1.0; and 1.5 mg L-1) in a completely randomized experiment, with five replications, each with four two-explant bottles. We added 3 g L-1 of active charcoal to the MS medium. The GA3 was cold sterilized, in a continuous laminar flow camera (Millipore, 2,2 µm) and added to the medium during the cooling process (40 to 50° C). In all assays, cultures were kept in BOD in absence of light, for seven days after inoculation, and then transferred to a growing room with temperature of 25 ± 2° C, photon irradiance of 30 µmol m-2 s-1, and photoperiod of 16 hours. In 30 days of inoculation, the following characteristics were evaluated: shoot number and length (cm), number of leaves, and dry mass of the aboveground part (DMAP). Number of leaves and shoots and DMAP were transformed into square root of (x+ 0,5) in assays 1 and 2. The same transformation was applied to shoot length in assay 1. Data were submitted to the variance analysis. When the F test was significant, means were compared by the Tukey test (p≤0.05). RESULTS AND DISCUSSION Assay 1: the influence of BAP and IBA - There was no significant interaction between BAP and IBA in the micropropagation of pepper-rosmarin for none of the analyzed characteristics. Concerning isolated effects of both growth regulators, concentration 2 mg L-1 of BAP induced the lowest shoot number per explant, although not differing statistically from concentrations 0.1; 1.0; and 4.0 mg L-1 (Table 1). BAP has been frequently applied to the in vitro multiplication for several species, and there has been variation in the concentrations for the shoot induction, as in Tagetes sp. (0.5 mg L-1 of BAP) (Turchetto et al., 2005), chapéu-de-couro (Echinodorus cf. scaber Rataj.) (1.0 mg L -1 of BAP) (Pereira et al., 2000a), yagrumo-macho (Didymopanax morototoni) (1.0 mg L-1 of BAP) (Mantovani et al., 1999), and the Korean-grape (Vitis thumbergii Sieb. et Zucc.) (0.5 mg L -1 of BAP) (Lu, 2005). Regarding shoot length by explant, the treatments did not differ statistically among themselves. The absence of increment in the shoot height due to the use of BAP was reported before in the Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 In vitro establishment of pepper-rosmarin nodal segments in vitro multiplication of the grapevine rootstock Paulsen 1103, causing an inhibitory effect in the shoot growth (Lucas et al, 2006). Considering the number of leaves, the use of 4 mg L -1 BAP produced the highest value, not differing statistically from the treatments with 0 and 1.0 mg L -1 (Table 1). Concentrations of 0 to 0.5 mg L -1 provided the highest values for the aboveground dry mass, although not differing statistically from 0.1 and 1.0 mg L -1, while these ones did not differ either from concentrations 2.0 and 4.0 mg L -1 (Table 1). Concerning the presence of IBA, there were no significant differences for none of the evaluated characteristics. Divergent results were obtained in the micropropagation of Lippia juneliana, in which 1.0 mg L-1 of BAP combined with 0.008 mg L-1 of IBA were efficient in shoot induction (Juliani Júnior et al., 1999). Assay 2: the influence of NAA The studied NAA concentrations did not influence significantly nor shoot and leaf number, neither aboveground dry mass (Table 1). In relation to shoot length, a significant difference among treatments was noticed. The concentration 0.1 mg L-1 induced the longest shoots, although not differing from the check treatment and concentrations 0.25 and 0.5 mg L-1, but only from the concentration 1.0 mg L-1 (Table 1). These results show that higher concentrations of such auxin may inhibit shoot length. Assay 3: the influence of kinetin and NAA - There was nor significant interaction between kinetin and NAA, neither kinetin significant effects over shoot and leaf number (Table 1). Different results were obtained in Cissus sicyoides establishment and in vitro multiplication, in which the best rates for shoot numbers and length were reached in the presence of 0.99 mg L-1 of kinetin and 0.58 mg L -1 of NAA (Abreu et al., 2003). Positive effects were also observed in the multiplication of Salix humboldtiana (Pereira et al., 2000b) and Ficus carica L. (Fraguas et al., 2004). Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Table 1. Shoot number and length, leaf number, and aboveground dry mass of in vitro explants of pepper-rosmarin as function of BAP, NAA, and kinetin concentration in MS culture medium (número e comprimento de brotos, número de folhas e massa seca da parte aérea de explantes in vitro de alecrim-pimenta, em função de concentrações de BAP, NAA e cinetina no meio de cultura MS). São Cristóvão, UFS, 2006. Means followed by the same letter in the columns , did not differ from each other, Tukey test, p<0,05 (médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, p<0,5). 1/ Data transformed to arc sen of the square root of (x+0.5), for assays 1 (BAP x IBA) and 2 (NAA) (dados transformados para arco seno de raiz de (x + 0,5), para o ensaio 1 (BAPxAIB) e 2 (ANA)); 2/Data transformed to arc sen of the square root of (x+0.5) for assay (dados transformados para arco seno de raiz de (x + 0,5) para o ensaio 1). Shoot length was significantly altered in response to differences in the kinetin concentration. The concentration 1.0 mg L-1 resulted in the longest shoots, although not differing from the check treatment (Table 1). Concerning aboveground dry mass, it was noticed that the absence of kinetin improved mass accumulation, although not differing from the concentrations 0.25, 1.0, and 2.0 mg L-1. Assay 4: the influence of IAA Shoot number and length and number of leaves did not present significant differences as function of the use of IAA. This suggests that the auxin endogenous level in the explants was sufficient for their regeneration. Assay 5: the influence of GA3 - GA3 did not induce the expected shoot elongation in pepper-rosmarin. In fact, there were no significant differences among treatments in any of studied characteristics. In this study, a high percentage of vitrified plants was observed (data not showed) as the concentration of GA3 was increased. Similar results were obtained in Tournifurtia paniculata nodal segments (Bertolucci et al., 2000) and in macela (Diniz et al., 2003), in which the presence of GA3 induced hyperhydration and alteration in leaf shape. We concluded that the use of BAP, IBA, NAA, and kinetin did not influence shoot number. The addition of 0.1 mg L-1 of NAA or 1.0 mg L-1 of kinetin to the culture medium improved shoot length. GA3 did not have any effect on pepper-rosmarin shoot length under in vitro culture conditions. 257 AF Blank et al. REFERENCES ABREU IN; PINTO JEBP; BERTOLUCCI SKV; MORAIS AR; GEROMEL C; LADEIRA, A; LAMEIRA OA. 2003. Propagação in vivo e in vitro de Cissus sicyoides: uma planta medicinal. Acta Amazônica 33: 1-7. BERTOLUCCI SKV; PINTO JEBP; CARDOSO MG; GAVILANES ML; SANTIAGO EJA; LAMEIRA OA. 2000. Micropropagação de Tournefortia cf paniculata Cham. Revista Brasileira de Plantas Medicinais Botucatu 3: 43-49. CAPOTE A; FUENTES V; BLANCO N; PEREZ O. 1999. Micropropagacion y regeneration de plantas in vitro de oreganillo Lippia micromera Schau. Revista del Jardin Botanico Nacional 20: 139-142. CASTRO PRC; SENA JOA; KLUGE, RA. 2002. Introdução à fisiologia do desenvolvimento vegetal. Maringá: Eduem. 255p. COSTA AS. 2006. Sustentabilidade da produção de alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham.): micropropagação visando a conservação in vitro. São Cristóvão: UFS. 56 p. (Tese mestrado). 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Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback moth Dirceu Pratissoli; Ricardo A Polanczyk; Anderson M Holtz; Leandro P Dalvi1; Alexandre F Silva; Luciano N Silva UFES–CCA, Lab. Entomologia, C. Postal 16, 29500-000 Alegre-ES; [email protected]. 1Corresponding author ABSTRACT RESUMO Biological characteristics of the egg parasitoids Trichogramma acacioi, T. atopovirilia, and T. bennetti were studied to select the one with better performance on the control of the Diamondback moth, Plutella xylostella. Parasitism rate, viability, and sex ratio were studied. Parasitism rate ranged from 1.67 to 41.33%. T. atopovirilia and T. acacioi were respectively the most and less aggressive species. The viability ranged from 6.20% for T. acacioi to 53.34% for T. atopovirilia. There were no differences on sex ratio (p<0.05) that remained above 0,88. T. atopovirilia was the species with best performance in the laboratory when rearing on the Diamondback moth eggs. Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da traça-das-crucíferas Keywords: Plutella xylostella, biological control, egg parasitoids, parasitism, sex ratio, viability. Palavras-chave: Plutella xylostella, controle biológico, parasitóide de ovos, parasitismo, agressividade, razão sexual. Foram estudados os aspectos biológicos das espécies Trichogramma acacioi, T. atopovirilia e T. bennetti, com o objetivo de selecionar aquela com melhor desempenho, para utilização no controle da traça-das-crucíferas, Plutella xylostella. As características biológicas avaliadas foram parasitismo, viabilidade e razão sexual. A taxa de parasitismo variou entre 1,67 e 41,33%, sendo o maior valor observado para o T. atopovirilia e, o menor, para T. acacioi. A viabilidade variou entre 6,20% para T. acacioi a 53,34% para T. atopovirilia. Não houve diferença significativa para a razão sexual, (p<0,05), que ficou acima de 0,88. T. atopovirilia foi a espécie de melhor desempenho em laboratório quando criada sobre ovos da traça-das-crucíferas. (Recebido para publicação em 27 de novembro de 2007; aceito em 11 de abril de 2008) T he Diamondback moth, Plutella xylostella (L.) (Lepidoptera: Plutellidae), is a cosmopolitan microlepdoptera. It is the most important pest for crucifer crops, particularly for cabbage. In a global range, the Diamondback moth causes production losses up to 60%. For this reason, the use of control measures to keep the pest population below the damage level is unavoidable (Imenes et al., 2002). The Diamondback moth control is complex due to the all year round presence on cabbage fields, which guarantees abundant and continuous forage to the pest. In addition, the feeding behavior inside the cabbage heads gives larvae an extra protection (Imenes et al., 2002). Traditionally, the Diamondback moth is controlled by chemical insecticides. Up to four weekly sprays are carried out in the fields, using different active principles, either as a single ingredient or in mixes, which favors the breeding of pest resistant populations (Villas Boas et al., 2004). The intensive use of chemicals can also Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 result in a resurgence of the target-pest, as well as give rise to new pests. The bulk of these chemicals has a high level of both biological action and environmental persistence, with potential to cause harm to consumers and workers engaged in the production process (Pereira et al., 2004a). The high socio-economic cost of traditional insecticides opens a door to the search for alternatives to pest control that combine efficiency and ecological compatibility. The use of biological agents is a relevant tool in the development of integrated pest management programs, which are an option to reduce the insecticide use in the Diamondback moth control. The insects of the Trichogramma genus are a promising alternative as biological agents. Trichogramma are microhymennoptera that parasitize eggs of countless agricultural and forestry pests, mainly Lepidoptera. These insects are under use in biological control programs of a number of crops, in inundative releases, in about 23 countries (Hassan et al., 1998). According to Haji et al. (2002), the use of Trichogramma is experiencing a mounting growth in latest years. Their mass production is easy and cheap and, with large amounts of Trichogramma at hand, inundative releases can quickly suppress the pest in a step prior to crop damage. To achieve good results with natural enemies, it is important to know their biological characteristics when in interaction with the target host. The selection of the most adequate parasitoid species is vital for any program of biological control (Parra et al., 2002). The objective of this work was to study the development of Trichogramma acacioi (Brun, Moraes & Soares), T. atopovirilia (Oatmam & Platiner), and T. bennetti (Nagaraja & Nagarkatti) using the Diamondback moth as host, aiming at the identification of the most suitable species for use in programs of biological control of this pest. MATERIAL AND METHODS The experiment was carried out at the Entomology Sector, at the Nucleus 259 D Pratissoli et al. Table 1. Parasitism rate, viability, and sexual ratio of Trichogramma atopovirilia, T. bennetti, and T. acacioi reared in Plutella xylostella eggs (taxa de parasitismo, viabilidade e razão sexual de T. atopovirilia, T. bennetti, e T. acacioi criados em ovos de Plutella xylostella). Alegre, UFES, 2006. Means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey test, p<0.05 (médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, teste de Tukey, p<0,05); 1Means are followed by the standard means error (as médias são seguidas pelo erro-padrão da média); 2Lab conditions to rear the Trichogramma were 25±1°C, RH = 70±10%, and 14-h photoperiod (as condições de laboratório para a criação do Trichogramma foram 25±1°C, UR = 70±10% e fotoperíodo de 14 h) for Scientific and Technological Development on Phytosanitary Management (NUDEMAFI), located at the Center for Agricultural Sciences of UFES (CCA-UFES), in Alegre, Espirito Santo State, Brazil. During the experiment, the temperature was kept at 25±1°C and, the relative humidity, at 70±10%. A 14-hour photoperiod was used. The Diamondback moth eggs were obtained from mass-rearing, according to the methodology adopted by Barros & Vendramin (1999). The rearing and multiplication of the Trichogramma species were based on the methodology described by Parra (1997), adapted to the conditions of the Entomology Sector at the NUDEMAFI. The species T. acacioi, T. atopovirilia, and T. bennetti were evaluated, using 75 near-borne females, 25 from each species. Individual females were placed in glass tubes (8.5 x 2.4 cm), closed with PVC film. In each tube, we introduced a azure cardboard (3,5 X 0,5cm) containing 30 P. xylostella eggs, with less than 12 hours of age. Eggs were collected from collard leaf disks using a moistened thin hairy brush, and then glued in the cardboards with Arabic gum at 10%. At the end of 24 hours, females were removed from the tubes, which were kept in an acclimatized chamber (25±1°C, 70±10% RH, and 14-hour photoperiod) until adults’ emergence. For all the species studied, parasitism rate, viability, and sexual ratio were assessed. The experiment was carried out in a completely randomized design. Data were submitted to the 260 analysis of variance and means were compared by the Tukey test, p<0.05. RESULTS AND DISCUSSION There were significant differences among the three Trichogramma species when reared on the Diamondback moth. The parasitism rate varied from 1.67, for T. acacioi, to 41.33%, for T. atopovirilia (Table 1). Differences in the parasitism rate occur due to the direct dependence of parasitism potential on the parasitoid species and/or strain, host, and environmental conditions (Hassan, 1997). Bleicher & Parra (1990), in a study with three T. pretiosum strains, observed that a population from Goiânia attacked twice more eggs of Anagasta kuehniella (Zeller) (Lepidoptera: Pyralidae) than a population from Iguatu. Bezerra & Parra (2004), when evaluated the biology and parasitism of T. atopovirilia and T. pretiosum in eggs of Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera, Noctuidae), also observed differences: T. atopovirilia show better acceptability and parasitism capacity over the host than T. pretiosum. Viability also differed significantly (p<0.05) among Trichogramma species, ranging from 6.20%, for T. acacioi, to 53.34%, for T. atopovirilia (Table 1). Trichogramma viability is a factor closely related to the parasitoid-host affinity (Bezerra & Parra, 2004). In Trichogramma production, quality control considers viability as satisfactory when the rate of borne adults exceeds 85% (Navarro, 1998). Thus, the species used in the present study expressed low affinity to the host. Gonçalves et al. (2003), when assessing the quality of T. pretiosum reared in Sitotroga cerealella (Oliver) (Lepidoptera: Gelechiidae) eggs, observed viability levels above 89%, which denotes host quality and species affinity. The sexual rate was similar in the three Trichogramma species, with values above 0.88 (Table 1). Considering that the quality control on Trichogramma production requires a sexual rate equal or above 0.5 (Navarro, 1998), the three species meet the criterion. These species are well-adapted to lab conditions, since they already produced several generations in such environment. Therefore, sexual rates are high (Pereira et al., 2004b), differing from the results reported by Navarro & Marcano (1999) for T. atopovirilia and T. pretiosum fed in eggs of Helicoverpa zea (Bod.) (Lepidoptera: Noctuidae), respectively 0.56 and 0.49. Among the studied species, T. atopovirilia had the strongest affinity to the Diamondback moth for use in programs of biological control. T. atopovirilia showed the highest egg parasitism and viability, and a satisfactory sexual rate. REFERENCES BARROS R; VENDRAMIN JD. 1999. Efeito de cultivares de repolho, utilizadas para criação de Plutella xylostella (L.) 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Efeito da concentração da solução nutritiva no crescimento da alface em cultivo hidropônico–sistema NFT. Horticultura Brasileira 26:252-257. Efeito da concentração da solução nutritiva no crescimento da alface em cultivo hidropônico-sistema NFT1 Nilton Nélio Cometti1; Gean Carlos S Matias4; Everaldo Zonta2, Wellington Mary3, Manlio S Fernandes2 1 Escola Agrotécnica Federal de Colatina, BR 259, km 70, 29709-910 Colatina-ES; 2UFRRJ-Instituto de Agronomia, Depto. Solos, BR 465, km 07, 23890-000 Seropédica-RJ. 3UFRRJ-Instituto de Tecnologia, Depto. Arquitetura e Urbanismo. 4Doutorando USP-ESALQ, C. Postal 09, 13418-900 Piracicaba-SP; [email protected]; www.niltoncometti.com.br RESUMO ABSTRACT Foi avaliado o crescimento da alface (Lactuca sativa L.) cv ‘Vera’ em um sistema hidropônico NFT com diferentes concentrações da solução nutritiva. O experimento foi realizado em casa de vegetação de abril a maio de 2000, na UFRRJ, Seropédica (RJ). Os tratamentos constaram de quatro soluções nutritivas, diferentes quanto à concentração de macronutrientes: 100; 50; 25 e 12,5% da concentração original proposta por Furlani (1997). A produção de massa seca (parte comercial) em solução nutritiva a 50% da concentração original, e condutividade elétrica em torno de 0,98 dS m-1, foi semelhante à solução a 100% da força iônica. As produções obtidas com 100 e 50% da força iônica estiveram dentro da faixa de 90% da produção máxima, calculada em 75±1% da força iônica da solução nutritiva, simulada por equação de regressão. Entretanto, o uso de concentrações menores resultou em redução no crescimento de 50% com a solução a 25% e 80% com a solução a 12,5% da força iônica, nas condições de luz e temperatura em que o experimento foi conduzido. A redução da concentração da solução nutritiva permite uma economia de pelo menos 50% no custo da solução nutritiva básica, reduzindo-se a solução inicial para 1,00 dS m-1, sem comprometer a produtividade. Effects of the concentration of nutrient solution on lettuce growth in hydroponics-NFT system Palavras-chave: Lactuca sativa L., condutividade elétrica, taxa de crescimento, força iônica. The growth of lettuce (Lactuca sativa L.) cv ‘Vera’ was evaluated in a NFT hydroponic system with different nutrient solution concentrations. An experiment was carried out in a greenhouse from April to May, 2000 in Rio de Janeiro State, Brazil. Four treatments were used differing in macro nutrient concentration: 100; 50; 25 and 12.5% of the original concentration of the solution proposed by Furlani (1997). Using 50% of the original concentration with electric conductivity around 0,98 dS m-1, plants produced the same shoot dry mass as using 100% of the ionic strength. In this trial, the phytomass yield using 100 and 50% of the ionic strength was within the range of 90% of the maximum production, calculated at 75±1% of the ionic strength to the nutrient solution, simulated by a regression equation. However, the use of smaller concentrations resulted in reduction of the growth of 50% with the solution at 25% and 80% with the solution at 12.5% of the ionic strength, under the light and temperature conditions which the experiment was carried out. Decreasing the nutrient solution concentration one can reduce up to 50% of the basic nutrient solution costs, if nutrient solution concentration is reduced and electric conductivity kept close to 1.00 dS m-1. Keywords: Lactuca sativa L., electric conductivity, growth rate, ionic strength. (Recebido para publicação em 16 de abril de 2007; aceito em 23 de abril de 2008) O cultivo hidropônico da alface temse difundido rapidamente em todo o país. Na região Sudeste, em especial, tem alcançado seu máximo crescimento, o que pode ser atribuído a uma série de fatores, destacando-se o melhor preço final do produto, maior demanda por produtos de qualidade superior e maior difusão de tecnologia. O sistema hidropônico chamado NFT (técnica de nutrientes em filme) tem alcançado destaque na produção desta hortaliça, sendo o preferido dentre os vários sistemas disponíveis pelas vantagens de praticidade e eficácia na produção (Cometti, 2003). Muitas fórmulas de soluções nutritivas têm sido usadas e avaliadas quan- 1 to à produtividade. Trabalhos de Santos (1998) mostram que não há grande diferença na produtividade entre as soluções nutritivas comumente utilizadas. Em geral, as soluções nutritivas em voga têm como ancestral comum a solução proposta por Hoagland & Arnon em 1938 (Hoagland & Arnon, 1950), cujos níveis de macro e micronutrientes muito se assemelham aos atualmente preconizados. A elevada concentração de sais observada na solução de Hoagland & Arnon (1950) se perpetuou e pode ser observada na maioria das soluções em uso atualmente, alcançando níveis de condutividades elétricas (CE) maiores do que 2,0 dS m-1. Costa et al. (2001), cultivando alface americana de cabeça crespa, cultivar Ryder, em hidroponia, observaram as maiores produtividades em soluções com 2,46 ± 0,24 dS cm-1, nas condições de Botucatu, SP. Entretanto, o uso de concentrações salinas elevadas nas soluções nutritivas, sob condições ambientais de alta temperatura, alta umidade e elevada luminosidade, como as que ocorrem nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, têm provocado situações inusitadas que não ocorrem normalmente em clima temperado. Dentre elas, distúrbios fisiológicos das plantas podem ser considerados como os mais preocupantes, expressando-se na forma de murcha Trabalho parcial da Tese de Doutorado do primeiro autor. 262 Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Efeito da concentração da solução nutritiva no crescimento da alface em cultivo hidropônico–sistema NFT excessiva nas horas mais quentes do dia, queima das bordas das folhas “tipburn” e perda na produtividade (Huett, 1994). É crescente a preocupação em reduzir a concentração das soluções nutritivas, por vários motivos: redução da concentração de nitrato nos tecidos vegetais; redução do potencial de eutroficação das soluções remanescentes dos cultivos hidropônicos (Siddiqi et al., 1998); e redução dos custos de produção por meio do aumento da eficiência do uso do nutriente. Trabalhos de Siddiqi et al. (1998) e Chen et al. (1997) mostram ser possível reduzir a concentração da solução nutritiva a níveis tão baixos quanto 10% da força iônica original das soluções comumente usadas em cultivos hidropônicos em sistemas recirculantes de alface e tomate, sem que se incorra em riscos de perda da produtividade. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento e a produtividade da alface cultivada em sistema hidropônico-NFT, com diferentes concentrações de macronutrientes na solução nutritiva. MATERIAL E MÉTODOS Alface (Lactuca sativa L.), cultivar Vera, foi cultivada em um sistema hidropônico do tipo NFT, de abril a maio, na UFRRJ, Seropédica (RJ) (coordenadas geográficas 22º 45’ 33" S e 43º 41’ 51"). Os tratamentos constaram de quatro soluções nutritivas diferentes quanto a concentração de macronutrientes, variando de 100 a 12,5% da concentração original da solução proposta por Furlani (1997), conforme a Tabela 1. Os micronutrientes foram mantidos na mesma concentração em todos os tratamentos: B=0,3, Cu=0,02, Fe=2, Mn=0,4, Mo=0,06 e Zn=0,06 mg L-1. As soluções de macronutrientes foram preparadas a partir de sais comerciais indicados para fertirrigação (nitrato de potássio, nitrato de cálcio, fosfato mono-amônio e sulfato de magnésio). Para os micronutrientes foram utilizados sais puros. O ferro foi utilizado na forma de quelato EDTA (13% Fe). Todas as soluções foram preparadas com água destilada. O sistema hidropônico completo constou de quatro subsistemas indepenHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 dentes, com quatro canais de cultivo, contendo 22 plantas em cada canal, considerado como uma repetição. Cada solução (tratamento) foi distribuída em um canal por bancada, de forma aleatória, para evitar o efeito de localização dentro da casa de vegetação. Cada subsistema foi composto de um reservatório de solução nutritiva em polietileno com volume de 100 L, uma motobomba de 32 W, tubulação de recalque de solução em PVC com diâmetro de 25 mm, canal de cultivo em polipropileno do tipo “Hidrogood®” com diâmetro de 75 mm, tubulação de retorno da solução em PVC com diâmetro de 50 mm e um temporizador/ contator para acionamento elétrico das motobombas. A semeadura foi realizada em espuma fenólica mantida úmida com água destilada por três dias, a partir dos quais as células de espuma fenólica com as mudas foram destacadas e colocadas nos canais de cultivo. A partir dessa data receberam a solução proposta por Furlani (1997) diluída a 25% da concentração original até os 17 dias da semeadura. Aos 17 dias após a semeadura (DAS) as plantas receberam as soluções nas concentrações definitivas nos tratamentos. A vazão da solução nutritiva nos canais de cultivo foi de 90 L h-1. A freqüência de funcionamento foi de 10 minutos com intervalos de 10 minutos durante todo o dia, até o final do experimento. Diariamente, os níveis das soluções nos reservatórios foram reajustados com água destilada e a condutividade elétrica com soluções estoques para manter a concentração inicial do tratamento, não sendo permitidas oscilações maiores do que 20% da concentração inicial da solução. As trocas das soluções nutritivas foram feitas semanalmente para evitar grandes desequilíbrios entre os nutrientes. Utilizou-se KOH a 0,05 mol L-1 e H2SO4 a 0,025 mol L-1 para corrigir o pH para 5,5. A temperatura e o fluxo de fótons fotossintéticos (FFF) foram monitorados três vezes ao dia. A temperatura média durante o dia no período foi de 30±4oC e o FFF médio foi de 600±200 µmol m-2 s-1. As coletas de plantas foram realizadas em intervalos de sete dias, inician- do-se aos 17 DAS e finalizando aos 52 DAS. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado e cada parcela experimental foi composta de quatro plantas coletadas em cada canal de cultivo, com exceção da primeira, aos 17 DAS, quando foram coletadas apenas duas plantas para formar uma amostra composta, pois todos os sistemas possuíam a mesma solução nutritiva até então. A parte aérea das plantas foi separada em folhas e caules, e juntamente com as raízes foram levados à estufa para secagem a 80oC até massa constante. As Taxa de Crescimento Absoluto (TCA) e Taxa de Crescimento Relativo (TCR) foram calculadas pelas equações (Hunt, 1990): (g dia-1) (g g-1 dia-1) Onde, m = massa seca (g) e t = tempo em dias. Os dados foram submetidos à análise de variância em delineamento inteiramente casualizado. Para a análise estatística e análise de regressão utilizouse o programa SigmaStat® (SPSS Science, Chicago, IL). RESULTADOS E DISCUSSÃO As alfaces cultivadas com 100 e 50% da concentração da solução nutritiva apresentaram os maiores valores de taxa de crescimento absoluto (TCA), chegando a 1,1 g dia-1 no período compreendido entre 45 e 52 DAS (Figura 1). Já os tratamentos com 25 e 12,5% da concentração da solução apresentaram menores valores de TCA, da ordem 0,74 e 0,29 g dia-1 no período de 45 a 52 DAS, respectivamente. Em cultivos convencionais, Garcia et al. (1982) observaram taxas de crescimento de alface da cultivar Brasil 48 em torno de 0,48 g dia-1 entre os 62 e 72 dias após o transplante. Valores semelhantes foram encontrados por Fernandes et al. (1971). Segundo Garcia et al. (1988), também em cultivo convencional, a cultivar Clause’s Aurélia apresentou máxima TCA no período entre os 51 e 62 dias após o transplante, 0,40 g dia-1, apresentando 263 NN Cometti et al. Figura 1. Taxa de crescimento absoluto (TCA) e taxa de crescimento relativo (TCR) da alface cultivada em sistema hidropônico-NFT nas concentrações de 100, 50, 25 e 12,5% da solução proposta por Furlani (1997). Cada ponto representa a média de quatro repetições. As barras de erro indicam desvio padrão (absolute growth rate (TCA) and relative growth rate (TCR) of lettuce grown in a hydroponic system-NFT in the concentrations of 100, 50, 25, and 12,.,5% of the solution proposed by Furlani (1997). Each point represents the average of four replicates. The error bars indicate standard deviation). Seropédica, UFRRJ, 2000. ligeiro declínio após esse período. Faquin et al. (1996) cultivando alface Verônica, do tipo crespa, em sistema hidropônico NFT, encontrou um máximo de TCA no período compreendido entre 15 e 20 dias após o transplante, em torno de 1,4 g dia-1 por planta, mas a maioria dos períodos entre as colheitas apresentou TCA em torno de 0,5 g dia-1. Como o experimento contou o tempo a partir do transplante de plântulas com cinco folhas, pode-se inferir que as plantas possuíam em torno de 20 dias ao transplante, e com isso, a colheita no ponto comercial foi realizada aos 50 DAS, onde as plantas alcançaram TCA em torno de 0,52 g dia-1. Para comparações desses resultados com os que foram obtidos neste experimento, deve ser levada em consideração a variação na taxa de crescimento em função, principalmente, das variáveis de temperatura e de luminosidade, que também se alteram ao longo do ano. Entretanto, num aspecto geral, observa-se que no presente trabalho a alface cultivada em hidroponia apresentou precocidade ao alcançar uma TCA de 0,9 g dia-1, e pa- 264 radoxalmente mostrou longevidade suficiente para apresentar TCA crescente até os 52 DAS. Do ponto de vista de aproveitamento econômico da estrutura de produção hidropônica para a produção de biomassa de folhas, e não de número de “cabeças de alface”, o alongamento do período de cultivo seria conveniente. Esse fato é importante no panorama atual de comércio de alface hidropônica, visto que muitos produtores vêm oferecendo o produto minimamente processado, na forma de folhas destacadas, lavadas e embaladas em bandejas. Com isso, o que importa não é mais a produção da “cabeça” de alface, mas a massa de folhas, pela qual as embalagens são padronizadas. Em contrapartida, após os 45 DAS, dependendo da cultivar, há risco de pendoamento da planta, depreciando o produto para a venda in natura. Enquanto a TCA fornece uma simples idéia do desenvolvimento pontual individual da planta, a Taxa de Crescimento Relativo (TCR) nos fornece uma visão instantânea da eficiência de produção de uma planta a partir de uma derivada do crescimento em determinado período. A TCR mostra uma vantagem na interpretação de mudanças no crescimento por não sofrer grandes variações com diferentes períodos analisados (Hunt, 1990). Conseqüentemente, não se observaram diferenças entre as TCR entre nenhum dos tratamentos, tanto para os períodos compreendidos entre 38 a 45 DAS quanto 45 a 52 DAS (Figura 1), visto que a TCR está muito mais relacionada às características genéticas intrínsecas à planta do que às modificações ambientais. Não houve diferença estatística entre as coletas a partir de 31 DAS, com valores em torno de 0,1 g g-1 dia-1, mas nota-se que há uma tendência de declínio na TCR dos tratamentos 100, 50 e 25% no período de 45 a 52 DAS, o que indica a aproximação da senescência, momento em que a assimilação líquida passa a ser negativa. Garcia et al. (1982) também encontraram valores de TCR em torno de 0,1 g g-1 dia-1 aos 41 dias da cultura de alface cultivada em solo. As maiores produções de massa seca de folha e de caule foram obtidas com os tratamentos 100 e 50%, especialmente nas duas últimas coletas (Figura 2). Aos 45 DAS, esses tratamentos alcançaram em torno de 11 g de folhas (massa seca) por planta. Esses valores de massa seca em sistema hidropônico são elevados, quando comparados à produção de alface em solo. Garcia et al. (1988), trabalhando com alfaces das cultivares Brasil 48 e Clause’s Aurélia cultivadas em solo, obtiveram 12,5 g de massa seca por planta apenas aos 72 dias da cultura. Faquin et al. (1996) obtiveram plantas com 14,8 g de folhas (em base de massa seca) por planta aos 30 dias após o transplante, no ponto de colheita. Entre os tratamentos 100 e 50%, no entanto, não houve diferença estatística, indicando que é perfeitamente viável a utilização da solução nutritiva à metade de sua força iônica sem prejuízo da produção final. Em contrapartida, os dados da quarta e da quinta coleta mostram que a diferença na produção de massa seca foliar foi significativa entre os tratamentos 50 e 25%. Apesar da colheita aos 52 DAS (quinta coleta) não ser comum em sistemas de produção hidropônica comercial devido ao Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Efeito da concentração da solução nutritiva no crescimento da alface em cultivo hidropônico–sistema NFT Tabela 1. Soluções nutritivas dos tratamentos utilizados no experimento. (nutrient solution composition of the treatments used in the trial). Seropédica, UFRRJ, 2000. 1 Percentagem da concentração de macronutrientes da solução proposta por Furlani (1997). (percentage of the macronutrients concentration of the solution proposed by Furlani (1997); 2Condutividade elétrica medida com condutivímetro portátil da marca ‘Hanna®’ (electric conductivity measured by portable conductivity meter Hanna®); 3Concentração total de ions; 4Calculada com o auxílio do programa GeochemPC (Sposito & Mattigod, 1980) (calculatec using Geochem-PC (Sposito & Mattigod, 1980) porte das plantas, o presente experimento foi conduzido até esse estádio para fins de conhecimento do efeito da concentração ao longo de toda a ontogenia da planta. O fato das plantas cultivadas com 50% da solução nutritiva proposta por Furlani (1997) produzirem 65% mais massa seca foliar do que o tratamento com 25%, e de produzirem o mesmo que o tratamento 100%, indica que 50% da concentração da solução encontra-se próximo ao limite e que uma diluição na solução poderia implicar na perda de produtividade pela cultura. No sistema radicular, entretanto, o efeito da concentração da solução nutritiva mostra-se linear, com diferenças entre os quatro tratamentos. Isso indica que o crescimento do sistema radicular é reduzido com a diluição da solução nutritiva, porém sem afetar a produção de fitomassa, até a CE de 1,0 mS m-1, aparentando uma economia de carbono utilizado para o crescimento do sistema radicular. Do ponto de vista comercial, esse efeito é vantajoso para a produção de folhosas como a alface. A Figura 3 mostra o efeito da concentração da solução na duas últimas datas de coletas, consideradas de interesse comercial (Cometti, 2003). Em ambas, as produções máximas obtidas pelas equações de regressão foram alcançadas na concentração de 75±1%. Entretanto, os tratamentos 100 e 50% produziram massas muito próximas a 90% do máximo (linhas de referências na Figura 3), aceitável para a produtividade de uma cultura. Aos 45 DAS, as reduções foram de 14 e 11,5%, e aos 52 DAS foram de 12,6 e 12,2% para as concentrações de 50 e 100%, respectivamente, em relação ao máximo calcuHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figura 2. Produção de fitomassa pela alface cultivada em sistema hidropônico-NFT nas concentrações de 100, 50, 25 e 12,5% da solução proposta por Furlani (1997). Cada ponto representa a média de quatro repetições. As barras de erro indicam desvio padrão. (phytomass production by lettuce grown in a hydroponic system-NFT in the concentrations of 100, 50, 25, and 12.5% of the solution proposed by Furlani (1997). Each point represents the average of four replicates. The error bars indicate standard deviation). Seropédica, UFRRJ, 2000. lado a partir das curvas de ajuste. Esses resultados trazem uma nova compreensão sobre a faixa apropriada de trabalho da concentração da solução, que pode variar, no caso da alface, de 100 a 50% da concentração inicialmente proposta, sem prejuízo da produtividade da cultura. Entretanto, maiores diluições podem causar rápido decréscimo na produtividade (Figuras 2 e 3), que passa a ser reduzida de forma proporcional e linear a concentração da solução nutritiva. A manutenção de uma condutividade elétrica constante equivalente a 75% da concentração da solução é difícil na prática das hidroponias comerciais, pois há diluição da solução ao longo do dia, quando da entrada de água por válvula bóia, ou concentração quando a água é adicionada apenas junto com a adição dos nutrientes. Entretanto, aparentemente, manter as diluições até 50% da concentração inicial da solução proposta por Furlani (1997), com a condutividade em torno de 1,0 dS m-1, é factível, mantendo a produtividade da cultura de alface 265 NN Cometti et al. dS m-1. Com isso, racionaliza-se o uso de fertilizantes e diminuem-se os custos de produção da alface em sistema hidropônico NFT. Nas condições de luz e temperatura em que foi conduzido o experimento, maiores diluições da solução poderiam levar à redução no crescimento. As taxas de crescimento absoluto das plantas submetidas aos tratamentos com 100 e 50% da concentração da solução foram semelhantes e crescentes ao longo do experimento, alcançando 1,1 g dia-1. Entretanto, a eficiência de produtividade, ou taxa de crescimento relativo, entrou em declínio após o período de 45 DAS. AGRADECIMENTOS Figura 3. Produção de fitomassa pela alface cultivada em sistema hidropônico-NFT em função da concentração da solução nutritiva em coletas aos 45 e 52 dias após a semeadura (DAS). Cada ponto representa a média de quatro plantas. Os círculos cheios nas curvas indicam o ponto de máximo calculado através das equações de regressão. (phytomass production by lettuce grown in a hydroponic system-NFT depending on the concentration of the nutrient solution harvest at 45 and 52 days after seeding (DAS). Each point represents the average of four replicates. The error bars indicate standard deviation). Seropédica, UFRRJ, 2000. hidropônica. Oscilações, da ordem de 0,5 dS m-1 quando a solução apresenta CE acima de 1,0 dS m-1, não promovem alteração significativa na produtividade. Têm surgido propostas de baixar a concentração das soluções através do abaixamento da CE para a faixa 1,0 a 1,5 dS m-1 para regiões mais quentes como Norte e Nordeste (Furlani et al., 1999), porém sem dados consistentes para essas regiões, que vêm a ser supridos pelo presente trabalho. Claussen (2002), trabalhando com tomate, observou que variando de 1 a 5 vezes a concentração da solução nutritiva original, sob nutrição totalmente nítrica ou utilizando até 25% do nitrogênio na forma amoniacal, não houve alteração tanto no crescimento vegetativo quanto no reprodutivo. Do mesmo modo, Genúncio et al. (2006), observaram que diluições da solução de Hoagland & Arnon (1950) a 50%, baixando de 2,88 dS m-1 para 1,44 dS m-1, não influenciaram a produtividade e o acúmulo de massa dos tomateiros. A redução da concentração da solução nutritiva a 50%, nas condições do presente experimento, pode representar uma economia de 50% do custo da so266 lução nutritiva básica. Comercialmente, encontram-se kits de nutrientes disponíveis prontos para uso, normalmente para 1000 L de solução (LUZ et al., 2006). Seu custo atual é de R$ 11,00, obtido por consulta à empresa comercial Gioplanta® em 04/12/07. Numa produção hidropônica de 1 há, se considerada a produção mensal de 50.000 plantas e a utilização de 100000 L de solução nutritiva básica inicial (2 L planta-1), pode-se alcançar uma economia anual de até R$ 6.000,00 (US$ 2.790,00 ao câmbio de 2,15:1) em nutrientes. Essa economia seria obtida apenas com a redução da condutividade elétrica da solução inicial de 2,0 para 1,0 dS m-1, sem comprometer a produtividade. Essa inferência vale apenas para regiões com clima semelhante ao deste experimento, com alta temperatura e alto fluxo de fótons fotossintéticos. A utilização da solução nutritiva proposta de Furlani (1997) a 50% da concentração original, com condutividade elétrica em torno de 0,98 dS m-1, resultou na produção da mesma massa de parte aérea (parte comercial) do que a solução a 100% da força iônica, com condutividade elétrica em torno de 1,84 Os autores agradecem ao CNPq pela bolsa de produtividade e de iniciação científica. REFERÊNCIAS ANDRIOLO JL; GODOI RS; COGO CM; BORTOLOTTO OC; LUZ GL; MADALOZ CJ. 2006. Growth and development of lettuce plants at high NH4+:NO3- ratios in the nutrient solution. Horticultura brasileira 24: 352-355. CARRASCO G; IZQUIERDO JA. 1996. A Média empresa hidropônica: a técnica da solução nutritiva recirculante (“NFT”) Talca, Chile: Universidade de Talca/FAO. 91 p. CASTELLANE PD; ARAÚJO JAC. 1995. Cultivo sem solo-hidroponia. 4. ed. Jaboticabal: FUNEP/UNESP. 43 p. CHEN XG; GASTALDI C; SIDDIQI MY; GLASS ADM. 1997. Growth of a lettuce crop at low ambient nutrient concentrations: a strategy designed to limit the potential for eutrophication. Journal of Plant Nutrition 20: 1403-17. CLAUSSEN W. 2002. Growth, water use efficiency, and proline content of hydroponically grown tomato plants as affected by nitrogen source and nutrient concentration. Plant and Soil 00: 1-11. COMETTI NN. 2003. Nutrição mineral da alface (Lactuca sativa L.) em cultura hidropônica – sistema NFT. 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GEOCHEM: a computer program for the calculation of chemical equilibria in soil solution and other natural water systems. Riverside, CA: Kearney Found. Soil Sci/Univ. of California. 267 PRIA MD; ZAGONEL J; FERNANDES EC. 2008. Controle de ferrugem na cultura do alho com uma nova mistura de fungicidas. Horticultura Brasileira 26: 268-270. Controle de ferrugem na cultura do alho com uma nova mistura de fungicidas Maristella Dalla Pria1; Jeferson Zagonel1, Eliana C Fernandes2 ¹UEPG, Depto Fitotecnia e Fitossanidade, Av. Carlos Cavalcanti, 4748, 84030-900 Ponta Grossa-PR; ²UEPG, mestranda em agricultura; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT Com o objetivo de verificar a vantagem da adição do fungicida trifloxystrobin ao tebuconazole no controle de ferrugem (Puccinia porri) na cultura do alho, foi instalado um experimento na Fazenda Escola “Capão da Onça” da UEPG, em Ponta Grossa, PR, no ano de 2003. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso com seis tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constaram de tebuconazole na dose de 200 g ha-1 (1,00 L ha-1 de Folicur 200 CE); e das misturas formuladas (prontas) de trifloxystrobin e tebuconazole nas doses de 50 e 100 e 75 e 150 g ha-1 (0,50 e 0,75 L ha-1 de Nativo SC); trifloxystrobin e tebuconazole nas doses 50 e 100 e 75 & 150 g ha-1 (0,20 e 0,30 kg ha-1 de Nativo WG) e testemunha. Foram realizadas três aplicações dos tratamentos, aos 85, 96 e 103 dias após a emergência da cultura, cultivar Caçador. As avaliações de controle foram realizadas aos 11, 18 e 27 dias após a primeira aplicação dos fungicidas. Nas condições em que foi desenvolvido o experimento, de alta severidade da doença, pode-se concluir que a mistura de trifloxystrobin e tebuconazole na dose de 75 e 150 g ha-1 das formulações SC e WG é adequada ao controle da ferrugem do alho pela similaridade de controle ao tebuconazole que é recomendado para o controle da doença e por não causar danos visíveis na cultura. Rust control in the garlic culture with a new mixture of fungicides Palavras-chave: Allium sativum L., Puccinia porri, tebuconazole, trifloxystrobin. An experiment was carried out in Ponta Grossa, Paraná State, Brazil, to evaluate the advantage of the addition of the fungicide trifloxystrobin to tebuconazole, to control the garlic rust (Puccinia porri). The experimental design was of complete randomized blocks with six treatments and four replications. The treatments consisted of tebuconazol in the rate of 200 g ha-1 (1,00 L ha-1 of Folicur 200 CE); and of the formulated mixtures of trifloxystrobin and tebuconazol in the rates of 50 and 100 e 75 and 150 g ha-1 (0.50 and 0.75 L ha-1 of Nativo SC); trifloxystrobin and tebuconazol in the rates of 50 and 100 e 75 and 150 g ha-1 (0.20 and 0.30 kg ha-1 of Nativo WG) and non sprayed control. Three applications of the fungicides were carried out at 85, 96, and 103 days after the plant emergence, cultivar Caçador. Disease was assessed at 11, 18 and 27 days after the first application of fungicides. Under Puccinia porri high severity observed in the experiment, the mixture of the trifloxystrobin and tebuconazol in the rate of 75 and 150 g ha-1 of SC and WG, showed similar control of the garlic rust as compared to tebuconazol, fungicide recommended for the rust control and for not causing visible damages in the culture. Keywords: Allium sativum L., Puccinia porri, tebuconazol, trifloxystrobin. (Recebido para publicação em 9 de janeiro de 2007; aceito em 18 de abril de 2008) A ferrugem é uma doença de ocorrência generalizada em todas as regiões do globo desde que, durante o cultivo das plantas suscetíveis, ocorram condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento. A doença ocorre mais freqüentemente em condições de alta umidade relativa do ar e baixo índice pluviométrico. Temperaturas moderadas favorecem a infecção, sendo a mesma inibida quando valores acima de 24oC e abaixo de 10oC são registrados (Massola Jr. et al., 2005). Apesar de incidir sobre várias espécies do gênero Allium, a doença é especialmente importante para o alho (Allium sativum L.) e para a cebolinha (Allium fistulosum L.), sendo menos freqüente e apresentando importância relativa às demais plantas daquele gênero. Nas condições do Sul do Brasil, se situa entre as doenças de maior importância, 268 sendo muitas vezes responsável por queda acentuada da produção de culturas nas quais não são adotadas as medidas de controle necessárias (Sanchez et al., 2003; Massola Jr. et al., 2005). As plantas de alho são suscetíveis à ocorrência da ferrugem em qualquer fase do seu desenvolvimento. A doença, causada por Puccinia porri (D.C.) Rud. é caracteriza pelo aparecimento no limbo foliar de numerosas pústulas pequenas, elípticas, a princípio recobertas pela cutícula da folha. Com o rompimento desta há exposições de massa pulverulenta, de cor amarela, constituída por uredosporos do fungo. Numa fase mais avançada da doença, a massa pulverulenta formada na pústula mostra-se de cor castanho-escura ou preta, devido à formação de teliósporos (Massola Jr. et al., 2005). Com relação ao manejo da cultura, é importante evitar o plantio em solos compactados, de baixada, bem como adubações desequilibradas. A utilização de cultivares mais resistentes à doença é recomendada e o controle químico é efetivo, sendo utilizado com freqüência nas lavouras de alho. Fungicidas do grupo dos triazóis são recomendados para o controle da ferrugem (Massola Jr. et al., 2005). Entre eles o tebuconazole é utilizado com bons resultados de controle da doença e seletividade à cultura (Sanchez et al., 2003; Andrei, 2005). Os produtos do grupo das estrobilurinas são de uso mais recente e mostram bons resultados de controle de diferentes doenças e culturas, especialmente quando em mistura pronta com triazóis, aumentam o espectro de controle e a ação residual do traHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Controle de ferrugem na cultura do alho com uma nova mistura de fungicidas Tabela 1. Severidade (%) de Puccinia porri e controle (%) por fungicidas aplicados seqüencialmente em três épocas na cultura do alho (Allium sativum L.) (Severity (%) of Puccinia porri and control (%) through fungicides applied sequentially in three times in the garlic culture). Ponta Grossa, UEPG, 2003. Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem pelo teste de Tukey (p<5%); 1Dose em gramas por hectare; 2DAA = dias após a primeira aplicação dos fungicidas; 3%C = porcentagem de controle; 4Tratamento utilizado como padrão; 5Formulação SC; 6Formulação WG (Means followed by the same letter in the column, did not differ through the Tukey test (p<5%); 1Rate in gram for hectare; 2DAA = days after the first application of the fungicides; 3%C = control percentage; 4Treatmento used as standard; 5 SC Formularization; 6 WG Formularization). tamento (Picinini & Prestes, 1994; Picinini & Fernandes, 1998). Para o controle da ferrugem do alho ainda não há relatos na literatura a respeito do uso combinado de trifloxystrobin com tebuconazole, mas essa mistura mostra resultados eficientes no controle de ferrugem em cevada (Rizzi et al., 2006), ferrugem em feijão (Modesto et al., 2005) e brusone no arroz (Lobo, 2004) sem causar efeitos fitotóxicos nas plantas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar se há a vantagem da adição do fungicida trifloxystrobin ao tebuconazole no controle de ferrugem na cultura do alho. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado na Fazenda Escola “Capão da Onça” da UEPG, Município de Ponta Grossa, PR, em um Cambissolo distrófico de textura argilosa, no ano 2003. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso com seis tratamentos e quatro repetições. As parcelas apresentaram área total de 6,0 m2 (5,0 x 1,2 m) e área útil de 4,0 m2 (4,0 x 1,0 m). O plantio do alho, cultivar Caçador, foi realizado manualmente em 15/07/03, em fileiras espaçadas de 0,25 m e 0,10 m entre plantas. A adubação consistiu da aplicação de 1.000 kg ha-1 de adubo de fórmula comercial 04-20-20 no plantio e 50 kg ha-1 de nitrogênio em cobertura na forma de uréia. O controle de plantas daninhas foi realizado manualmente na área do experimento. Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Os tratamentos constaram de tebuconazole na dose de 200 g ha-1 (1,00 L ha-1 de Folicur 200 CE, concentrado emulsionável); e das misturas formuladas de trifloxystrobin e tebuconazole nas doses de 50 e 100 e 75 e 150 g ha-1 (0,50 e 0,75 L ha-1 de Nativo SC, suspensão concentrada); trifloxystrobin e tebuconazole nas doses 50 & 100 e 75 e 150 g ha-1 (0,20 e 0,30 kg ha-1 de Nativo WG, granulado dispersível) e testemunha. Os fungicidas foram aplicados através de pulverizador costal, à pressão constante de 35 lb pol-2, mantida por CO2 comprimido, com pontas de jato plano “leque” XR 110.02 e volume de calda de 500 L ha-1. Foram realizadas três aplicações dos tratamentos, aos 85, 96 e 103 dias após a emergência do alho. Foi avaliada a severidade de Puccinia porri, determinando-se a severidade, utilizando a escala diagramática de Azevedo (1997). Foram avaliadas as folhas de 10 plantas por parcela aos 85, 96 e 103 dias após a emergência das plantas de alho, correspondente a 11, 18 e 27 dias após a primeira aplicação dos tratamentos. Os dados foram submetidos à análise da variância (teste F) e as diferenças entre as médias, quando significativas, comparadas pelo teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade. Para as avaliações de severidade os dados foram transformados para arc sen . RESULTADOS E DISCUSSÃO O clima no decorrer do experimento caracterizou-se por temperaturas amenas e alta umidade relativa do ar, o que é favorável ao desenvolvimento da ferrugem (Massola Jr. et al., 2005). Assim a severidade da doença foi bastante alta, como pode ser notado pelos resultados da testemunha (Tabela 1). A severidade foi máxima pela escala utilizada já aos 18 dias após a aplicação (DAA) dos tratamentos. Em razão dessa alta severidade, mesmo para o tebuconazole, que é recomendado para o controle da doença (Souza et al., 2003; Sanchez et al., 2003), ocorreu redução na porcentagem de controle nas avaliações realizadas aos 18 e 27 DAA. Em relação ao trifloxystrobin e tebuconazole (SC) e a trifloxystrobin e tebuconazole (WG) nas maiores doses (75 e 150 g ha-1 e 75 e 150 g ha-1 respectivamente), os resultados foram similares e o controle não diferiu do tebuconazole na avaliação aos 18 DAA, com controle acima de 74%. Estes mesmos produtos e formulações nas menores doses foram estatisticamente inferiores às maiores doses, aos 18 DAA, indicando o aumento da eficiência do controle da ferrugem com o aumento das doses dos produtos. Em trabalho realizado por Sanchez et al. (2003), foi observado que o tebuconazole na dose de 200 g ia ha-1 apresentou excelente eficácia de controle da ferrugem na cultura do alho, o que não aconteceu no presente trabalho pela alta severidade em que a doença ocorreu. Embora houvessem diferenças no controle entre os fungicidas, essas não foram suficientes para se refletir na pro269 MD Pria et al. Tabela 2. Produção da cultura do alho (Allium sativum L.) em função de fungicidas aplicados visando o controle de Puccinia porri (yield of the garlic culture depending on the applied fungicides to control the Puccinia porri). Ponta Grossa, UEPG, 2003. Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem pelo teste de Tukey (p<5%); 1Dose gramas por hectare; 2Tratamento utilizado como padrão; 3Formulação SC; 4Formulação WG (means followed by the same letter in the column, did not differ through the Tukey test (p<5%); 1Rate in gram for hectare; 2Treatment used as standard; 3SC Formulation; 4WG Formulation). dução, que foi similar entre esses (Tabela 2). O único tratamento que proporcionou produção superior ao da testemunha foi tebuconazole. Não foram observadas diferenças substanciais no controle entre as formulações da mistura de trifloxystrobin e tebuconazole, sendo ambos adequados no controle da ferrugem. Não foram observadas alterações nas plantas de alho que pudessem ser atribuídas aos fungicidas utilizados. Nas condições em que foi desenvolvido o experimento, de alta severidade de ferrugem, pode-se concluir que a mistura de trifloxystrobin e tebuconazole na dose de 75 e 150 g ha-1 das formulações SC e WG é adequada ao controle da ferrugem do alho pela similaridade de controle ao tebuconazole, que é recomendado para o controle da doença, e por não causar danos visíveis na cultura. As misturas formuladas de trifloxystrobin e tebuconazole contêm a mesma quantidade de tebuconazole do Folicur 200 CE e preço superior em 5 a 15%, sendo vantajosa a utilização da mistura por conter o trifloxystrobin que, mesmo não 270 tendo sido observada vantagem no controle da ferrugem, é um fungicida que controla outras doenças, especialmente quando aplicado preventivamente (Venâncio et al., 1999). Ainda, o uso de produtos de grupos químicos diferentes em mistura formulada constitui importante estratégia para evitar a resistência dos patógenos a fungicidas (Reis et al., 2007). Das misturas formuladas, a empresa fabricante optou por registrar a formulação SC, que permite o uso de menores quantidades de tebuconazole na mistura em comparação ao produto isolado. Isso confere ao agricultor a possibilidade de escolha dos produtos em função das doenças que ocorrem, com pequeno acréscimo de preço. REFERÊNCIAS ANDREI, E. 2005. Compêndio de Defensivos Agrícolas. 7 ed. São Paulo: Organização Andrei Editora Ltda. 1141p. AZEVEDO LAS. 1997. Manual de quantificação de doenças de plantas. Ed. do autor. 114p. LOBO VLS. 2004. Tratamento Químico para o Controle da Brusone na Panícula. EMBRAPA, Santo Antônio de Goiás. Comunicado Técnico, nº 78. MASSOLA JUNIOR NS; JESUS JUNIOR WC; KIMATI H. 2005. Doenças do alho e da cebola. In: KIMATI H; AMORIN L; REZENDE JAM; BERGAMIN FILHO A; CAMARGO LEA. 2005. Manual de Fitopatologia. São Paulo: Agronômica Ceres. p. 56. MODESTO JC; FENILLE RC; HABERMANN G. 2005. 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Horticultura Brasileira 26:271-275. Relações entre cátions trocáveis do solo e suas correlações com a qualidade de frutos de melão Neyton de Oliveira Miranda; José F. de Medeiros; Sérgio Luiz A. Levien UFERSA-Depto. Ciências Ambientais, Av. Francisco Mota, s/n, 59625-900 Mossoró-RN; [email protected] RESUMO ABSTRACT A qualidade dos frutos de melão pode ser prejudicada pelo excesso de nutrientes no solo e pelo desequilíbrio entre eles, causados por adubações excessivas e desuniformes. A amostragem em duas áreas de produção de melão foi realizada para identificar entre relações catiônicas do solo (K:(Ca+Mg), K:Ca, K:Mg, K:CTC, Ca:Mg, Ca:CTC, Mg:CTC, Na:Ca, Na:Mg e PST) aquelas melhor correlacionadas com características de qualidade (espessura de polpa, firmeza da polpa e teor de sólidos solúveis totais). Para tanto se utilizou a estatística descritiva, o coeficiente de correlação de Spearman e a regressão múltipla. As variáveis de qualidade de frutos de melão apresentaram poucas correlações com as relações catiônicas do solo. No Goldex, as melhores correlações foram de K:CTC com espessura de polpa; Ca:CTC e Mg:CTC com firmeza de polpa e K:CTC, K:Ca, K:(Ca+Mg), Na:Ca e Na:Mg com SST, todas positivas. No Orange Flesh, observaram-se correlações apenas de firmeza de polpa com Ca:CTC (positiva), K:Mg, K:Ca, K:(Ca+Mg) e Na:Ca (negativas). No Orange Flesh, através da contribuição para as regressões, identificou-se como mais importantes as relações catiônicas Ca:CTC para espessura (6,2%) e firmeza de polpa (10,9%), e Mg:CTC para o teor de sólidos solúveis totais (1,5%). Soil cationic ratios and its correlation with melon fruit quality Melon fruit quality can be reduced by soil nutrient excess and imbalance, both caused by excessive and non uniform fertilizations. Soil samples were taken from two melon fields aiming to identify, among soil cationic ratios (K:(Ca+Mg), K:Ca, K:Mg, K:CTC, Ca:Mg, Ca:CTC, Mg:CTC, Na:Ca, Na:Mg, and ESP), those better correlated with fruit quality characteristics (pulp thickness, pulp firmness and total soluble solids (SST)). Descriptive statistics, Spearman’s correlation and multiple regressions were used in the analysis. Melon fruit quality characteristics presented few correlation with soil cationic ratios. In Goldex, the best correlation found were of K:CTC with pulp fruit thickness; Ca:CTC and Mg:CTC with pulp firmness and of K:CTC, K:Ca, K:(Ca+Mg), Na:Ca and Na:Mg with SST, all positive. In Orange Flesh, only pulp firmness showed correlation with Ca:CTC (positive), K:Mg, K:Ca, K:(Ca+Mg) and Na:Ca (negative). On the basis of their contribution to regressions in Orange Flesh, cationic ratios identified as more important were Ca:CTC for pulp fruit thickness (6,2%) and pulp firmness (10,9%), and Mg:CTC for total soluble solids (1,5%). Palavras-chave: Cucumis melo, firmeza de polpa, sólidos solúveis totais. Keywords: Cucumis melo, pulp firmness, total soluble solids (Recebido para publicação em 6 de agosto de 2007; aceito em 23 de abril de 2008) O desempenho do melão é importante para o agronegócio brasileiro tanto no mercado interno como internacional (Crisóstomo et al., 2002). Os estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia e Pernambuco produzem mais de 90% do melão brasileiro, destacandose as regiões de Mossoró, Assú e Baraúna, no Rio Grande do Norte, e Baixo Jaguaribe no Ceará. Nestas regiões, a qualidade dos frutos produzidos atende aos requisitos básicos do mercado internacional, porém está abaixo da média dos países concorrentes, dificultando a obtenção de melhores preços (Silva & Costa, 2003). A qualidade dos frutos de melão é prejudicada pelo desequilíbrio entre nutrientes no solo e por adubações excessivas e desuniformes, as quais, além de acumular no solo os nutrientes não assimilados pelas plantas nem Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 lixiviados, originam regiões no campo com fertilidade diferente da média utilizada para recomendação de corretivos e fertilizantes. Por isto, mesmo em campos com fertilidade média adequada, a qualidade dos produtos agrícolas pode ser reduzida em regiões com pH e teores de nutrientes inadequados (Silva, 2000; França et al., 2000). Tal fato foi confirmado por Miranda et al. (2005), que associaram a variabilidade espacial da qualidade dos frutos de melão com características químicas e físicas dos solos, fossem estas inerentes ao solo, ou causadas por práticas inadequadas de manejo, como a aplicação desuniforme de água, fertilizantes e corretivos (Gonçalves et al., 1999; Schlindwein & Anghinoni, 2000; Bergez & Nolleau, 2003). Em cultivos do meloeiro em alguns solos de origem calcária do RN e CE, irrigados com água rica em Ca2+ e com aplicações elevadas de K2O, observa-se deficiência de K+ para a cultura, devido à inibição competitiva da absorção de K+ pelos altos teores de Ca2+ no solo (Crisóstomo et al., 2002). Por outro lado, altas concentrações de Ca2+ e K+ podem inibir a absorção de Mg2+, diminuir sua translocação da raiz à parte aérea, e, assim, causar sua deficiência. Isto acontece porque K+, Ca2+ e Mg2+ competem pelos mesmos sítios de absorção na raiz, de maneira que o cátion em maior concentração na solução do solo tem absorção preferencial em detrimento dos outros. Além disto, teores elevados de cátions monovalentes na solução do solo podem induzir deficiência dos divalentes, que são retidos mais fortemente pelo complexo de troca do solo (Malavolta et al., 1997). O conceito de relações catiônicas ideais surgiu, segundo Kelling & Peters 271 NO Miranda et al. (2004), da observação de que solos com baixos teores de K+ trocável não respondiam à adubação potássica, enquanto outros com teores satisfatórios respondiam. Segundo os autores, testes com várias relações não comprovaram este conceito, nem determinaram o benefício econômico de adubações feitas para atingir tal relação. O enfoque do nível de suficiência, que recomenda teores suficientes, mas não excessivos de cada cátion em vez de tentar obter uma relação favorável de saturação dos cátions, é suportado por maior base de pesquisa e tem apresentado melhores resultados agronômicos e econômicos. Neste sentido, os autores indicam faixas de saturação de cada cátion, as quais pouco afetariam o crescimento e produtividade das culturas: 65 a 85% de Ca2+, 6 a 12% de Mg2+ e 2 a 5% de K+, com o H+ ocupando os sítios restantes. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar as relações catiônicas do solo que melhor correlacionam com atributos indicadores de qualidade, para identificar aquelas que possam estar influenciando a qualidade dos frutos de melão. MATERIAL E MÉTODOS Os dados foram coletados no ano de 2002 em duas áreas de produção comercial de melão em Mossoró-RN (05o 09’ 59,55’’ latitude sul, 37o 24’ 39,92’’ longitude oeste), nas quais o híbrido Goldex foi cultivado em Latossolo VermelhoAmarelo Eutrófico (LVA) e o híbrido Orange Flesh em Argissolo VermelhoAmarelo (PVA). O clima de Mossoró é do tipo BSwh’ de Köppen (seco, muito quente com a estação chuvosa no verão, atrasando-se para o outono), com precipitação média anual de 500 a 600 mm. As características químicas e físicas dos solos LVA e PVA foram, à época de realização das amostragens, respectivamente: pH = 6,81 e 7,00; matéria orgânica = 16,52 e 13,32 g dm-3; P = 126,08 e 55,68 mg dm-3; K+ = 23,68 e 4,81 mmol dm-3; Ca2+ = 87,08 e 65,33 mmol dm-3; Mg2+ = 28,83 e 12,87 mmol dm-3; Na+ = 12,19 e 6,97 mmol dm-3; CTC = 161,54 e 100,49 mmol dm-3; areia = 577,54 e 872,27 g kg-1; silte = 98,62 e 64,04 g kg-1; argila = 314,13 e 63,83 g 272 kg-1 e densidade do solo = 1,51 e 1,62 Mg m-3. As mudas, produzidas em bandejas de poliestireno, foram transplantadas em espaçamento de 2,0 m entre linhas. No Goldex, a cada gotejador espaçado de 50 cm foram dispostas duas plantas a 10 cm uma da outra, porém a cada três gotejadores, um recebia apenas uma planta, totalizando 16.667 plantas por hectare; no Orange Flesh, a cada gotejador espaçado de 80 cm foram dispostas três plantas a 10 cm uma da outra, totalizando 18.750 plantas por hectare. Os tratos culturais seguiram o sistema de produção empregado na região. A irrigação, manejada com base na evapotranspiração de referência calculada pelo método de Penman Monteith, utilizou tubos com gotejadores espaçados de 50 cm e vazão de 2,27 L h-1 no LVA, e espaçados de 80 cm com vazão de 5,0 L h-1 no PVA. A lâmina bruta de irrigação aplicada foi de 322,8 mm no LVA e 316,7 mm no PVA. Foram fornecidos, através da fertirrigação, 69,8 kg ha-1 de N, 135,5 kg ha-1 de P2O5, 266,2 kg ha-1 de K2O, 1,4 kg ha-1 de B, 1,3 kg ha-1 de Mg e 9,4 kg ha-1 de S, no LVA. No PVA foram fornecidos 85,5 kg ha-1 de N, 115,2 kg ha-1 de P2O5, 315,8 kg ha-1 de K2O, 4,8 kg ha-1 de B, 5,8 kg ha-1 de Mg e 4,7 kg ha-1 de S. O solo de cada área foi amostrado na fase de pleno florescimento, na camada de 0 a 20 cm, segundo uma malha com espaçamento regular de 20 m entre amostras, totalizando 75 parcelas no LVA e 56 parcelas no PVA. Após a colheita, os melões foram classificados em tipo exportação (PEXP), tipo mercado nacional (PNAC) e refugo. Foram determinadas a espessura da polpa (ESPOLP) com paquímetro; a firmeza de polpa, usando penetrômetro com “plunger” de 8 mm de diâmetro e o teor de sólidos solúveis totais (SST), utilizando refratômetro. Os teores de Ca2+, Mg2+, K+, Na+ e a acidez potencial (H+ + Al3+) das amostras de solo foram determinados segundo metodologias relatadas em Embrapa (1997). Calcularam-se as relações catiônicas: capacidade de troca de cátions (CTC), K:Ca, K:Mg, K:CTC, K:(Ca+Mg), Ca:Mg, Ca:CTC, Mg:CTC, Na:Ca, Na:Mg e percentagem de sódio trocável (PST), calculada pela equação PST = (Na+/CTC) x 100. Os dados foram analisados através da estatística descritiva para verificar sua amplitude e variabilidade; teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade; coeficiente de correlação de Spearman para identificar possível influência das relações catiônicas sobre as características de qualidade. Adotou-se o modelo de regressão linear múltipla sem o intercepto para avaliar a importância das relações catiônicas estudadas (K:Ca, K:Mg, K:(Ca+Mg), K:CTC, Ca:Mg, Ca:CTC, Mg:CTC, Na:Ca, Na:Mg e PST) em explicar as características de qualidade dos frutos de melão (espessura de polpa (ESPOLP), firmeza da polpa e teor de sólidos solúveis totais (SST)). O modelo de melhor ajuste foi selecionado pelo procedimento passo a passo com teste para saída de variáveis (stepwise backward), no qual o modelo inicial contém todas as variáveis independentes e, a cada passo, a variável de menor importância é eliminada, até restarem no modelo apenas variáveis significativas. Calculou-se a soma dos quadrados do tipo II, na qual o efeito de uma variável do modelo é ajustado para todos os outros efeitos. O coeficiente de determinação parcial (%) foi calculado para indicar quanto da variação total é explicado pelo efeito de uma variável ajustada para as demais. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta os valores médios das características de qualidade, os quais, para espessura de polpa, foram 4,05 cm no Goldex e 3,90 cm no Orange Flesh. De acordo com os padrões citados por Filgueiras et al. (2000), a firmeza de polpa (53,12 N do Orange Flesh e 40,21 N do Goldex) foi elevada; o conteúdo de sólidos solúveis totais do Goldex (12,19 %) foi adequado, mas o Orange Flesh (9,10 %) apresentou alguns valores baixos. Apesar da baixa variabilidade destas características, a ocorrência de regiões no campo com produtos de baixa qualidade pode causar redução considerável de receita (Upadhyaya et al., 1999). Os parâmetros de estatística descritiva da Tabela 1, confrontados com os Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Relações entre cátions trocáveis do solo e suas correlações com a qualidade de frutos de melão Tabela 1. Estatística descritiva de características de qualidade dos frutos de melão Goldex e Orange Flesh e de algumas relações catiônicas dos solos amostrados (descriptive statistics of quality characterisitcs of Goldex and Orange Flesh melons and of some soil cationic ratios). Mossoró, UFERSA, 2002. *significativo a 5% de probabilidade; **significativo a 1%; nsnão significativo; CV = Coeficiente de variação; W = valor calculado do Teste de Shapiro-Wilk; SST = teor de sólidos solúveis totais; PST = percentagem de sódio trocável (*significant at 5% probability; **significant at 1%; nsnon significant; CV = variation coefficient; W = calculated value of Shapiro-Wilk Test; SST = total soluble solids content; PST = exchangeable sodium percentage). valores citados por Kelling & Peters (2004), indicam que o LVA apresentou alta saturação por K+ (15 %), baixa saturação por Ca 2+ (54%) e valores de Mg2+ acima dos adequados; no PVA, os valores de saturação por K+ foram adequados (5%), existindo locais com excesso (até 20%), os de Ca2+ foram adequados (64%), havendo locais com valores baixos, e o Mg2+ apresentou tanto valores adequados como elevados. Os dados originais dos dois solos, apresentados por Miranda (2004), indicam grande variabilidade dos teores de nutrientes, apesar das médias adequadas e valores de pH dentro da faixa ideal. Considerando-se adequada para melão a relação Ca:Mg no solo de 3:1 (Silva, 2000), verificou-se excesso do Ca2+ em relação a Mg2+ no LVA, cuja média foi 3,72:1, mas variou entre 2,5:1 e 4,9:1 e, principalmente no PVA, onde Ca:Mg foi 5,43:1, com variação entre 2,6 e 13:1. Em geral, não são encontrados resultados significativos em ensaios com esta relação, como foi o caso da relação 2:1, mesmo tendo se mostrado mais favorável para matéria seca de plantas de feijoeiro (Oliveira & Parra, 2003). O excesso de K+ em relação ao Ca2+, verificado no LVA, é indicado pela relação média de 027 (1:3,7), variando entre 0,41( 1:2,4) e 0,17 (1:5,9), enquanto Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 é considerada adequada para melão a relação 1:9 (0,11), segundo Silva (2000). Da mesma maneira, a média de 12,5 vezes mais Ca2+ (0,08), variando entre 7,1 (0,14) e 33,3 vezes (0,03), indica excesso de Ca2+ em relação a K+ no PVA. Se considerada a relação K:Mg de 1:3 (0,33), preconizada por Silva (2000) como adequada, a relação média de 1:1, variando entre 1,85 vezes mais Mg2+ (0,54) e 1,7 vezes mais K+, indica excesso de K+ em relação a Mg 2+ no LVA. Em contrapartida, no PVA, a variação entre 1,1 (0,90) e 14,2 vezes mais Mg2+ do que K+ (0,18) indica existirem locais com excesso de Mg2+. Outra indicação dos teores muito elevados de K + no LVA é a relação K:(Ca+Mg), cuja média foi 0,21, com variação entre 0,13 e 0,32, enquanto no PVA a média foi 0,06 com variação entre 0,03 e 0,12. Os maiores valores desta relação indicam predominância de K+ em relação a Ca2+ e Mg2+, os quais podem ter sua absorção reduzida, como foi observado em alfafa por Moreira et al. (2005). Apesar de representar em média apenas 11 a 14% dos teores de Ca2+ nos dois solos, o Na+ pode representar risco em locais no PVA onde seus teores correspondiam a até 28% do Ca2+. Além disso, os teores de Na+ representavam 52 a 60% dos de Mg2+, chegando a 150% em alguns locais do PVA. As PST médias de 7,54% no LVA e 7,03% no PVA não seriam prejudiciais para o melão, segundo Fipps (2003), que classifica como extremamente sensíveis culturas afetadas por PST entre 2 e 10 e sensíveis as afetadas por PST entre 10 e 20. No entanto, solos com PST maior do que 6% podem apresentar problemas de estabilidade estrutural (Van de Graaf & Patterson, 2001). A espessura de polpa do Goldex correlacionou-se positivamente (P<0,05) apenas com K:CTC (Tabela 2); o que não ocorreu significativamente no Orange Flesh (P>0,1). Isto indica a possibilidade de que a espessura de polpa tenha sido prejudicada pela maior disponibilidade de Ca2+ e favorecida pela maior disponibilidade de K+, o que está de acordo com Lester et al. (2005) que obtiveram maiores teores de açúcares, vitamina C e beta caroteno do Orange Flesh, além de melhor firmeza e coloração, devido à fertilização suplementar com potássio durante o desenvolvimento de frutos e maturação. A firmeza de polpa do Goldex correlacionou-se positivamente com a relação Mg:CTC (P<0,01) e com Ca:CTC (P<0,1). Marschner (1995) destaca a importância do Mg2+ por ser o átomo central da molécula de clorofila; ser requerido ou promover fortemente várias enzimas e reações enzimáticas; re273 NO Miranda et al. Tabela 2. Correlações de Spearman entre variáveis de qualidade dos frutos de melão Goldex e Orange Flesh e relações catiônicas dos solos de cultivo (Spearman correlations between quality characteristics of Goldex and Orange Flesh melons and soil cationic ratios). Mossoró, UFERSA, 2002. ** significativo a 1% de probabilidade; *significativo a 5% e +significativo a 10%; SST = teor de sólidos solúveis totais; PST = percentagem de sódio trocável (**significant at 1%; *significant at 5% probability and +significant at 10%; SST = total soluble solids content; PST = exchangeable sodium percentage). Tabela 3. Estimativas dos parâmetros, somas de quadrados do tipo II parciais e coeficientes de determinação parciais das regressões múltiplas das variáveis de qualidade dos frutos de melão Goldex e Orange Flesh em função de relações catiônicas dos solos amostrados (estimative of parameters, partial type II sum of squares and partial determination coefficients of multiple regressions of quality characteristics of Goldex and Orange Flesh melons as a function of soil cationic ratios). Mossoró, UFERSA, 2002. R2 = coeficiente de determinação; SST = teor de sólidos solúveis totais; EP = estimativa do parâmetro; SQ II = soma dos quadrados do tipo II; PST = percentagem de sódio trocável; ** significativo a 1% de probabilidade; *significativo a 5% (R2 = coefficient of determination; SST = total soluble solids content; EP = the estimative of parameters; SQ II = type II sum of squares; PST = exchangeable sodium percentage; ** significant at 1% probability; * significant at 5%). 274 gular o pH celular e o equilíbrio cátion ânion; atuar em processos necessários à síntese de proteínas, formação de RNA, transferência de elétrons e síntese de ATP. Além disso, plantas deficientes em Mg2+ acumulam amido e açúcares nas folhas, com menor translocação para tecidos de armazenamento de frutos, sementes, raízes e tubérculos. No Orange Flesh a firmeza teve correlações negativas (P<0,05) com K:Mg e K:(Ca+Mg) e positiva com Ca:CTC, além de correlação negativa (P<0,1) com K:Ca. O Ca2+ influencia a qualidade dos frutos de melão devido à sua função na estrutura das células, melhorando a textura e proporcionando frutos firmes e consistentes (Faria & Fontes, 2003). O teor de sólidos solúveis totais do Orange Flesh não se correlacionou com as relações catiônicas, apesar da correlação positiva com o teor de Mg2+ observada por Miranda (2004). No Goldex as correlações positivas (P<0,1) com as relações K:Ca, K:CTC, K:(Ca+Mg), Na:Ca e Na:Mg, podem indicar a ocorrência das maiores SST nos locais com maior disponibilidade de K+ e onde seus teores tendiam a se equilibrar com os de Ca2+. Além de SST, o K+ trocável no solo atua sobre tamanho, espessura, coloração da casca e acidez de frutos, e promove o aumento nos teores de carboidratos, óleos, gorduras e proteínas nos produtos agrícolas (Malavolta et al., 1997; Faria & Fontes, 2003). A influência positiva das relações envolvendo Na+ pode ser devida à atenuação da predominância no solo dos cátions divalentes Ca2+ e Mg2+, retidos mais fortemente do que os monovalentes (Malavolta et al., 1997). As regressões revelam a baixa contribuição das relações catiônicas para a variação das características de qualidade do melão (Tabela 3). A contribuição para espessura de polpa do Goldex das relações Ca:Mg (0,12%) e Ca:CTC no Orange Flesh (6,19%), cujas correlações foram negativas, levanta a possibilidade do excesso de Ca2+ ser causa importante do desequilíbrio entre os teores de cátions trocáveis do solo. A maior contribuição para a firmeza de polpa do Goldex, das relações Na:Ca e Na:Mg, esta última também no Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Relações entre cátions trocáveis do solo e suas correlações com a qualidade de frutos de melão Orange Flesh, as quais têm correlação negativa, indica que o excesso de Na+ em relação a Ca2+ e Mg2+, pode ter prejudicado a absorção destes cátions. A contribuição destacada de Ca:CTC (10,9%) no Orange Flesh, com correlação positiva, reforça a influência de teores elevados de Ca2+ no aumento da firmeza de polpa, tão importante que Marschner (1995) cita que a elevação no teor de Ca2+ nos frutos causa aumento na firmeza e atraso no amadurecimento, enquanto que, em tecidos de frutos de plantas com deficiência severa ocorre desintegração da estrutura das membranas e vazamento de solutos de baixo peso molecular. O teor de SST do Goldex teve as maiores contribuições de K:Mg e Mg:CTC, este último foi o de maior contribuição no Orange Flesh, que também teve contribuição de Ca:Mg. Isto indica a importância tanto do Mg 2+, como já discutido, como do K+, que influencia o teor de açúcares nos frutos de melão, atuando no carregamento e descarregamento da sacarose do floema para os frutos, mas cuja absorção durante o desenvolvimento de frutos e maturação pode ser inadequada se houver competição pela absorção com Ca2+ e Mg2+ (Lester et al. 2005). As variáveis de qualidade dos frutos de melão apresentaram poucas correlações com as relações catiônicas do solo. No Goldex, as melhores correlações foram de K:CTC com espessura de polpa; Ca:CTC e Mg:CTC com firmeza de polpa e K:CTC, K:Ca, K:(Ca+Mg), Na:Ca e Na:Mg com SST, todas positivas. No Orange Flesh, observou-se correlações apenas de firmeza de polpa com Ca:CTC (positiva), K:Mg, K:Ca, K:(Ca+Mg) e Na:Ca (negativas). No Orange Flesh, através da contribuição para as regressões, identificou-se como mais importantes as re- Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 lações catiônicas Ca:CTC para espessura (6,2%) e firmeza de polpa (10,9%), e Mg:CTC para SST (1,5%). REFERÊNCIAS BERGEZ JE; NOLLEAU S. 2003. Maize grain yield variability between irrigation stands: a theoretical study. Agricultural Water Management 60: 43-57. CRISÓSTOMO LA; SANTOS AA; RAIJ B; FARIA CMB; SILVA DJ; FERNANDES FAM; SANTOS FJS; CRISÓSTOMO JR; FREITAS JAD; HOLANDA JS; CARDOSO JW; COSTA ND. 2002. Adubação, irrigação, híbridos e práticas culturais para o meloeiro no Nordeste. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical. 21p. (Circular Técnica 14) EMBRAPA. 1997. Manual de métodos de análises de solos. Rio de Janeiro: Embrapa. 212p. (Documentos, 1) FARIA CMB; FONTES RR. 2003. Nutrição e adubação. In: SILVA, H.R.; COSTA, N.D. Melão: Produção Aspectos técnicos. Brasília: Embrapa Hortaliças, Embrapa Semi-Árido. p.40-50. 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Postal 593, 38400-902 Uberlândia-MG; ²Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 7059-970 Brasília-DF; [email protected] RESUMO ABSTRACT O objetivo deste trabalho foi verificar a produtividade das cultivares de cenoura Alvorada e Carandaí em diferentes densidades de plantio utilizando-se adubações química e orgânica, visando a produção de matéria-prima para o processamento de cenouretes e catetinhos. Foram utilizadas as densidades: 16; 20; 24; 28 e 32 plantas por metro linear, sendo as parcelas compostas por 10 linhas transversais ao sentido do canteiro, com 1 m de comprimento entre si. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados em arranjo fatorial 2x2x5 (duas cultivares, dois tipos de adubação e cinco densidades de plantio) com quatro repetições. Foram avaliados: peso total de raízes, estimativa de produtividade, comprimento de raízes, raízes com diâmetro menor que 3,0 cm (%), raízes com ombro verde (%), sobras para o processamento (%), descarte (%) e severidade da queima das folhas. A colheita foi feita aos 104 dias após o plantio. O peso total de raízes e raízes com diâmetro inferior a 3,0 cm não foram influenciados pelo tipo de adubação. O aumento da densidade reduziu a produção de raízes com diâmetro superior a 3,0 cm e o comprimento médio das raízes. Quando utilizou-se adubação química ocorreu maior presença de raízes com ombro verde e a cultivar Alvorada apresentou as maiores porcentagens de raízes com esta característica. Planting density of carrot cultivars for industrialization under organic and chemical fertilization Palavras-chave: Daucus carota, população de plantas, minicenoura, rendimento. Keywords: Daucus carota, plants population, baby carrot, yield. In this research the yield of Alvorada and Carandaí carrot cultivars was verified, under different planting densities, submitted to organic and chemical fertilization, aiming to obtain roots with adequate characteristics for cenourete production (similar to baby carrot) and catetinho (mini ball form). Five planting densities were used: 16; 20; 24; 28 and 32 plants m-1) with four replications, in a total of 80 plots of 10 lines spaced 0,25 m from each other. The total root weight, average root length, roots with smaller diameter than 3,0 cm (%), roots with green superior part (%),leftovers for processing (%),discard (%) and the severity of leaf blight were evaluated. Plants were harvested 104 days after sowing. Total root weight and percentage of root diameter smaller than 3,0 cm were not influenced by the type of fertilization. Increasing the planting density resulted in a reduction of the root weight with a diameter over 3,0 cm as well as in the root length, independently of the cultivar. Using chemical fertilization resulted in more roots with green shoulder independently of the employed cultivar; but Alvorada presented higher percentages of green shoulder. (Recebido para publicação em 21 de fevereiro de 2007; aceito em 19 de março de 2008) S egundo Duda & Araújo (2003), a cenoura é a principal hortaliça de raiz em valor econômico consumida no Brasil, e também uma das mais cultivadas. Suas raízes devem ser firmes e com uma coloração laranja intensa, sem pigmentação verde ou roxa na parte superior (ombro), com comprimento e diâmetro variando entre 15 a 20 cm e 3 a 4 cm, respectivamente, para consumo in natura (Vieira & Pessoa, 1997). No Brasil, em 2004, a área colhida de cenoura (Daucus carota L.) foi de 27 mil hectares, com produção de 785 mil toneladas e produtividade de 29,07 toneladas por hectare (Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças-Embrapa, 2005). Entre os estados com maior produtividade estão Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Bahia. 276 Parte da produção brasileira de cenouras (cerca de 10%) é constituída por raízes consideradas finas, classificadas comercialmente como tipo 1A e geralmente, esta categoria de raízes apresenta preço inferior em relação aos demais tipos, principalmente nos períodos de maior oferta, o que faz com que grande parte seja descartada ainda na lavoura por sua retirada ser anti-econômica (Lana et al., 2001). A Embrapa Hortaliças desenvolveu uma tecnologia que viabiliza a utilização desta categoria de raízes, por meio do processamento mínimo para obtenção de minicenouras em forma de cenouretes ou bolinhas (catetinhos). Para a produção de cenourete são utilizados pedaços de raiz tipo 1A, com diâmetro de até 2,5 cm e com aproximadamente 6,0 cm de comprimento. Para produzir o catetinho, podem ser utilizados segmentos de raiz com diâmetro e comprimento inferiores a 3,0 cm. O restante das raízes com dimensões fora deste padrão, pode ser utilizado para processamento visando a produção de cubos, palitos ou cenoura ralada (Lana et al., 2001). A principal doença da cenoura é a queima das folhas, que afeta a parte aérea resultando na redução da produtividade e da qualidade, sendo que essa doença é mais severa por ocasião dos plantios de verão, onde prevalece elevada umidade (Henz & Lopes, 2000). Os patógenos responsáveis pela doença são Alternaria dauci (Kuhn) Groves & Skolko, Cercospora carotae (Pass) Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Densidade de plantio de cultivares de cenoura para processamento submetidas à adubações química e orgânica Solheim e Xanthomonas campestris pv. carotae (Keendrick) Dye., sendo que estes podem estar presentes ao mesmo tempo, ou de forma isolada, causando sintomas parecidos (Reifschneider, 1980). O controle da doença em cultivos orgânicos depende não só da resistência genética das plantas, mas também do manejo de cultivo; pois não se pode fazer uso de agrotóxicos (Carvalho et al, 2005). Em estudos realizados durante dez anos, Souza (1996) observou que no sistema de cultivo orgânico a produtividade de cenoura foi 7% maior em relação ao sistema convencional. Entretanto, Carvalho et al. (2003) verificaram que a produtividade de cenoura foi maior no sistema convencional em relação ao sistema orgânico. Ao estudarem a cv. Brasília fertilizada com composto, bagaço-de-cana, capim napier ou palha de café e dejetos de suínos (líquido ou seco), além de fertilizantes químicos, Sediyama et al. (1996) verificaram que o composto produzido com palha de café e dejetos líquidos de suínos proporcionou as maiores produções de raízes total, comercial e extra. Carvalho et al. (2005) ao avaliarem a produtividade, florescimento prematuro e queima das folhas em genótipos de cenoura em dois sistemas de cultivo, verificaram que o sistema convencional apresentou resultados superiores ao orgânico, quanto às produtividade comercial e total, número e peso de raízes refugadas. Embora a cenoura esteja entre as principais hortaliças cultivadas em sistema orgânico de produção, são escassas as informações sobre o desempenho das cultivares, espaçamento e adensamento utilizados nesse sistema de plantio. Da mesma forma, também não há muitas informações quanto ao melhor espaçamento e densidade de plantio para produção de matéria-prima para o processamento. Por sua vez, a cultivar de polinização aberta “Esplanada”, desenvolvida pelo Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças da Embrapa, ao apresentar adaptação às condições edafoclimáticas brasileiras, características de raiz adequadas para fins de processamento e resistência à queima Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 das folhas (similar às cultivares Brasília e Alvorada), pode ser cultivada em qualquer época do ano nas principais regiões de produção sem o uso de agrotóxicos. Ao ser avaliada durante cinco ciclos de cultivo em sistema orgânico de produção, visando o consumo in natura, a produtividade chegou a 38 t/ha; em avaliações realizadas na região do Distrito Federal, produtores orgânicos chegaram a alcançar uma média de 28 t/ha (Vieira et al., 2005). O espaçamento para a cultivar Esplanada é o mesmo adotado para outras cultivares, quando o objetivo for o comércio de forma tradicional (Vieira et al., 2005). Mas quando os cultivos visarem exclusivamente o processamento industrial, a população de plantas, após o desbaste, deve ser próxima de 120 plantas por metro quadrado (Silva et al., 2003). Neste contexto, este trabalho teve por objetivo verificar a produtividade das cultivares de cenoura Alvorada e Carandaí em diferentes densidades de plantio e adubações química e orgânica, na produção de matéria-prima para obtenção de cenouretes e catetinhos. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em campo da UFU, em Minas Gerais, de fevereiro a junho de 2003. Utilizaramse as cultivares de cenoura Alvorada e Carandaí, semeadas manualmente em sentido perpendicular aos canteiros, em 10 linhas de 1,0 m, espaçadas de 0,25 m, adubadas química e organicamente, com cinco densidades nas fileiras (16; 20; 24; 28 e 32 plantas m-1). O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados em arranjo fatorial 2x2x5 (duas cultivares, dois tipos de adubação e cinco densidades de plantio) com quatro repetições, totalizando 80 parcelas de 2,5 m2. O desbaste foi feito 30 dias após a semeadura, deixando-se o número de plantas por metro linear, conforme cada densidade. A área utilizada para a instalação do experimento com adubações química e orgânica foi a mesma, onde o solo apresentava fertilidade elevada em função do histórico do plantio de outras hortaliças com adubação química na referida área. As adubações foram determinadas com base na análise de solo que revelou: pH em água = 6,2 (relação 1:2,5); P = 143,4 mg dm-3; K = 336,2 mg dm-3; Ca = 3,7 cmolc dm-3; Mg = 1,2 cmolc dm-3; Al = 0,0 cmolc dm-3; SB = 5,7 cmolc dm-3; CTC (t) = 5,74 cmolc dm-3; CTC (T) = 8,19 cmolc dm-3; V = 70 %. Nos tratamentos envolvendo adubação química, seguiu-se a recomendação da Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999), para as adubações de plantio (80 kg ha-1 P2O5, 32 kg ha-1 K2O e 36 kg ha-1 N) e de cobertura aos 30 e 50 dias após a semeadura (42 kg ha-1 N e 24 kg ha-1 K2O) sendo que na adubação de plantio, os fertilizantes foram incorporados aos canteiros. Nos tratamentos pertinentes a adubação orgânica, foram fornecidos somente 3 kg m-2 de canteiro de cama de frango, compostada, sem nenhuma adubação de cobertura. Empregou-se o sistema de irrigação por aspersão nos dois sistemas de cultivo. Não foi realizado nenhum tipo de controle de doenças, uma vez que um dos objetivos do trabalho era avaliar a severidade de queima das folhas; já, para o controle de plantas daninhas, procedeu-se a capina manual. Foram feitas avaliações aos 58, 91 e 104 dias após a semeadura, para caracterização do grau de severidade de queima de folhas nas cultivares durante a condução do experimento, segundo a escala de Aguilar et al. (1985), modificada por Oliveira Filho (1990). Nessa escala, 0% corresponde à ausência da doença, de 1 a 10% às lesões escassas nas folhas superiores e abundantes nas folhas inferiores, de 31 a 60% são as lesões abundantes nas folhas superiores e folhas inferiores mortas, e de 61 a 100% são a maior parte das folhas superiores e todas as inferiores mortas. Salienta-se que cada parcela foi estimada por quatro avaliadores e depois realizou-se a média das percentagens atribuídas. Na Clínica Fitossanitária do ICIAG-UFU, foram feitas análises para identificação dos patógenos predominantes nas lesões das folhas. A colheita foi realizada aos 104 dias após a semeadura, de forma manual, na área total da parcela. As raízes foram separadas das folhas, lavadas e deixa277 JMQ Luz et al. Tabela 1. Peso total de raízes, estimativa de produtividade (t.ha-1) e raízes com diâmetro menor que 3,0 cm (%), cultivares Alvorada e Carandaí, em dois tipos de adubação (total root weight, yield estimate (t ha-1) and roots with diameter smaller than 3.0 cm (%), of cultivars Alvorada and Carandaí, in two types of fertilization). Uberlândia, UFU, 2004. Médias seguidas por mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. das à sombra para eliminação do excesso de umidade. Foram avaliadas as características: peso total de raízes (kg ha-1), produtividade (t ha-1), comprimento médio das raízes (cm), raízes com diâmetro menor que 3,0 cm (%), raízes com presença de ombro verde (%), sobras de raízes com ombro verde (%), sobras de raízes com diâmetro superior a 3,0 cm (%) e descarte (%). Para a obtenção do comprimento médio das raízes foram coletadas, aleatoriamente, 15 cenouras de cada parcela (Vieira JV, comunicação pessoal), sendo cada uma delas medida com paquímetro do ápice, na inserção da coroa foliar, até a base. Na avaliação das cenouras com diâmetro menor que 3,0 cm utilizou-se um gabarito de madeira com uma abertura circular de 3,0 cm. As raízes com diâmetro inferior a 3,0 cm foram classificadas como cenouras para processamento de minicenouras e catetinhos, enquanto que as com diâmetro superior a 3,0 cm foram classificadas como para outros tipos de processamento. As raízes que passavam parcialmente pelo orifício foram cortadas rente ao gabarito, separando-se as partes com diâmetro maior e menor que 3,0 cm. Estas poderiam, potencialmente, ser utilizadas para outros tipos de processamento, inclusive para minicenouras e catetinhos, respectivamente. Entretanto, para o trabalho em questão, as mesmas não foram utilizadas. A incidência de ombro verde foi avaliada somente nas raízes inteiras e com diâmetro menor que 3,0 cm, de acordo com as Instruções para Execução dos 278 Ensaios de Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade de Cultivares de Cenoura, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Brasil, 2001). Essas raízes foram separadas e pesadas. A parte da raiz, compreendendo a extensão total do ombro verde, foi cortada e descartada, e o material restante foi pesado e caracterizado como sobra de ombro verde. O material caracterizado como sobra total apresentavam diâmetros maiores que 3,0 cm, resultantes da passagem parcial das raízes pelo orifício e cortadas rentes ao gabarito, acrescido às raízes inteiras de diâmetro maior que 3,0 cm. Raízes que apresentaram algumas características indesejáveis ao consumo, tais como danificadas, ombro verde no ápice, presença de podridões ou ataques de pragas, bifurcadas, ou ainda com rachaduras, ou quaisquer outros defeitos prejudiciais à qualidade do material processado, foram classificadas como descarte. Os dados foram inicialmente testados quanto às pressuposições do modelo da análise de variância pelos testes de Shapiro Wilk para normalidade e Bartlett para homogeneidade. Quando atendidas as pressuposições, os dados foram submetidos à análise de variância seguida pelo teste de Tukey (cultivar e sistema de cultivo) a 5% de probabilidade, empregando-se o software SANEST (Zonta & Machado, 1984). Os dados que não atenderam pelo menos uma das pressuposições, antes da análise de variância foram transformados em arco seno (dados em porcentagem). No estudo da densidade de plantio foram feitas regressões polinomiais, com o auxílio do software citado. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o peso total de raízes e produtividade, assim como para raízes com diâmetro menor que 3,0 cm ocorreu interação entre os tipos de adubação e a cultivar. A cultivar Alvorada apresentou peso total de raízes significativamente superior em relação à cultivar Carandaí; já, o inverso foi verificado para raízes com diâmetro inferior a 3,0 cm, nos dois tipos de adubação (Tabela 1). A produtividade da cultivar Alvorada foi significativamente superior onde utilizou-se adubação orgânica em lugar da adubação química. Vale ressaltar que o solo do presente experimento, encontrava-se com fertilidade alta em função do histórico do plantio de outras hortaliças em sistema convencional usando adubo químico na área. Acrescenta-se a isso, a alta pluviosidade no período do experimento, que leva à maior perda dos adubos químicos aplicados na área experimental em relação aos orgânicos da mesma área. Para a cultivar Carandaí, ao se analisar o peso total de raízes e a porcentagem de raízes com diâmetro menor que 3,0 cm, verificou-se que não houve diferença significativa entre os dois tipos de adubação. O aumento da densidade, de maneira geral, interferiu na diminuição tanto de raízes com diâmetro superior a 3,0 cm (Figura 1), o que é interessante para o processamento, como do comprimento das raízes (Figura 2), independente da cultivar utilizada e do tipo de adubação. Silva et al. (2003) obtiveram resultados similares, trabalhando com as cultivares Nantes e Alvorada, onde o peso de raízes mais finas foi diretamente correlacionado com o número de plantas por metro linear e, conseqüentemente, com maior rendimento industrial. Entretanto, salienta-se que altas densidades em hortaliças diminuem sua qualidade, pelo decréscimo no teor de sólidos solúveis totais, ocasionado pela redução na área foliar, consequentemente menor teor de açúcares, principalmente sacarose, afetando, portanto, a qualidade das raízes de cenoura (Nichols, 1988). Assim outro fator importante a ser considerado, é a qualidade nutricional da minicenoura não processada. O Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Densidade de plantio de cultivares de cenoura para processamento submetidas à adubações química e orgânica conteúdo de carotenóides em cenoura varia com o estádio de desenvolvimento da raiz (Henonen, 1990), clima, local de produção (Gross, 1991), níveis de micronutrientes, conteúdo de oxigênio e água no solo e estande (Suslow et al., 1999). Evers (1989) avaliando a qualidade de cenoura observou em cultivos orgânicos, menor produtividade de raízes, porém com menores concentrações de N-NO3- e maiores de caroteno, P, Mg e glicose, quando comparados àqueles com adubação mineral (NPK). A maior porcentagem de raízes com incidência de ombro verde (Tabela 2) foi verificada onde utilizou-se apenas a adubação química, independente da cultivar e da densidade utilizada. O solo, sem nenhuma aplicação de adubo orgânico, ficou com uma estrutura mais solta e com a alta precipitação no período, ocorreu com mais facilidade o rebaixamento do leito do canteiro, expondo mais à luz a parte superior das raízes, contribuindo, assim, na formação de raízes com ombro verde. Lana et al. (2001) indicaram a cultivar Alvorada para o processamento de minicenouras no período de verão, por apresentar baixa incidência de ombro verde. No entanto, no presente trabalho, a cultivar Carandaí apresentou menor porcentagem de ombro verde em relação à cultivar Alvorada. Foi verificada maior quantidade de sobras totais para a cultivar Alvorada (Tabela 2) e, consequentemente, maior quantidade de material para a produção de cenoura ralada, cortada em cubos ou em palitos. Por outro lado, a cultivar Carandaí apresentou maior porcentagem de matéria-prima utilizável para o processamento de cenouretes e catetinhos. Ao se comparar os dois tipos de adubação utilizados, a adubação orgânica proporcionou maior porcentagem de descarte. Saminez et al. (2002) ao estudarem o desempenho de cultivares e populações de cenoura em cultivo orgânico, verificaram que a utilização de materiais adequados e adaptados ao sistema convencional pode não apresentar as mesmas vantagens em cultivo orgânico. Entre as cultivares estudadas, Alvorada foi a que apresentou menor porcentagem de descarte (Tabela 2). Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figura 1. Porcentagem de raízes com diâmetro maior que 3,0 cm em função da densidade de plantio (Root percentage with diameter greater than 3.0 cm as a function of planting density). Uberlândia, UFU, 2004. Figura 2. Comprimento das raízes em função da densidade de plantio (Root length depending on planting density). Uberlândia, UFU, 2004. Tabela 2. Raízes com incidência de ombro verde (%), descarte (%), sobras totais (%) e severidade de Alternaria dauci (%) em três épocas de avaliação para as cultivares Alvorada e Carandaí, em dois tipos de adubação (roots with green shoulder incidence (%), culls (%), total culls (%) and Alternaria dauci severity (%) in three evaluation periods for the cultivars Alvorada and Carandaí, in two types of fertilization). Uberlândia, UFU, 2004. Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey com 5% de probabilidade. Na avaliação da queima de folhas, Alternaria dauci foi o agente predominante. Observou-se que na 1ª avaliação a área pertinente à adubação orgânica apresentou maior porcentagem de severidade da doença, enquanto que nas 2ª e 279 JMQ Luz et al. 3ª avaliações foi a área com adubação química (Tabela 2). Este fato pode ser explicado pela Teoria da Trofobiose, que defende a idéia de que o organismo vegetal só será atacado por algum inseto, ácaro, nematóide, fungos ou bactérias, quando estiver desequilibrado em seu metabolismo, disponibilizando em sua seiva o alimento que eles necessitam, principalmente aminoácidos. Estando em equilíbrio, o vegetal dificilmente será atacado (Chaboussou, 1999). O autor ainda salienta que a utilização de agrotóxicos no sistema convencional provocaria algum desequilíbrio na planta, contribuindo assim para o aumento do número de patógenos. De acordo com esta teoria, onde utilizou-se apenas adubo orgânico, houve maior incidência da doença na fase inicial do desenvolvimento da cultura, e, portanto, ainda em desequilíbrio com o ambiente. Por sua vez, a adubação química de plantio utilizada (N, P, K), possivelmente influenciou no desenvolvimento inicial da cultura. Sendo assim, é possível que a planta não tenha mantido seu equilíbrio metabólico até a fase final de seu ciclo, o que provavelmente explica a maior severidade à doença observada nas últimas avaliações. O fornecimento de adubos químicos (N e K), em cobertura pode constituir um fator de predisposição ao ataque de patógenos. O nitrogênio, por exemplo, tem importante papel na ocorrência das doenças. Seu uso em excesso pode favorecer o patógeno, por aumentar a suculência de tecidos e retardar a maturação dos mesmos, prolongando a duração do período vegetativo. Tecidos suculentos apresentam menor resistência à penetração e à colonização por agentes patogênicos (Bergamim Filho et al., 1995). Mediante os resultados alcançados, concluiu-se que a produção total de raízes não foi influenciada pelo tipo de adubação utilizada e o aumento da densidade interferiu na diminuição do comprimento das raízes. Independente da adubação utilizada, a cultivar Carandaí apresentou maior porcentagem de raízes com diâmetro menor que 3,0 cm. Den- 280 tro das adubações utilizadas, a química proporcionou maior porcentagem de raízes com incidência de ombro verde. Em relação às cultivares, “Alvorada” apresentou maior incidência dessa característica. A severidade de queima das folhas foi maior onde utilizou-se adubação química. REFERÊNCIAS AGUILAR JAE; REIFSHENEIDER FJB; DELLAVECHIA PT; PEREIRA PE. 1985. Controle da queima de folhas de cenoura. Horticultura Brasileira 3: 42. BERGAMIM FILHO A; KIMATI H; AMORIM L. 1995. Manual de Fitopatologia. 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O trabalho foi realizado na Horta de Pesquisa da UFV, de janeiro a junho de 2001, sob delineamento de blocos casualizados, com dois tratamentos (cultivar Santa Clara I 5300 e híbrido Débora Plus) e cinco repetições. Durante o ciclo de cultivo, foram avaliados o número de plantas mortas e as causas de morte, o número de flores e frutos/planta. Nas colheitas, os frutos sadios foram contados, pesados e classificados, sendo identificadas as causas de perda dos frutos danificados. Não houve diferença significativa entre produtividades comerciais de ‘Sta. Clara’ (40,18 t/ha) e ‘Débora Plus’ (54,98 t/ha). A produtividade classificada entre frutos graúdos A (‘Sta. Clara’: 24,39 t/ha; ‘Débora Plus’: 32,32 t/ha) também não foram diferentes entre si. A produtividade de frutos médios extra (‘Sta. Clara’: 7,60 t/ha; ‘Débora Plus’: 10,77 t/ha) e a soma de frutos médios especiais com pequenos (‘Sta. Clara’: 8,19 t/ha; ‘Débora Plus’: 11,90 t/ ha) foram baixas. Observou-se maior influência da perda de frutos (r = 0,89) (P<0,01) sobre as perdas totais sendo, consequentemente, frutos o componente crítico de perdas da cultura. Entre os vários fatores de perda dentro do componente crítico de produção, podridão apical foi o que mais influenciou as perdas totais (r = 0,97) (P<0,01), sendo considerado o fator-chave de perdas da cultura nessas condições. Identification and quantification of tomato yield loss components in unheated greenhouse Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, tabela de vida das culturas, podridão apical, manejo integrado de pragas. Keywords: Lycopersicon esculentum, crop life table, blossom-end rot, integrated pest management. The tomato production components of loss were identified and quantified in unheated greenhouse, in the summer-autumn period, evidencing the tomato critical production component and the loss key-factor, using the methodology of the crop life table. The experiment was conducted at the Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais State, Brazil, from January to June 2001 and consisted of two treatments (cultivar Santa Clara I 5300 and hybrid Débora Plus) in a randomized complete block design with 5 replications. During the tomato cycle, the number of dead plants, its causes and the number of flowers and fruits/plant were evaluated. At harvest, the healthy fruits were counted, weighted and classified; the causes of fruit damage were identified and the loss quantified. There was no significant difference between commercial yield of ‘Sta. Clara’ (40.18 t/ha) and ‘Débora Plus’ (54.98 t/ha). The classified yields between ‘graúdos A’ fruits (‘Sta. Clara’: 24.39 t/ha; ‘Débora Plus’: 32.32 t/ha) were not different either. The yield of ‘médio extra’ fruits (‘Sta. Clara’: 7.60 t/ha; ‘Débora Plus’: 10.77 t/ha) and the sum of ‘médio especial’ with ‘pequenos’ fruits (‘Sta. Clara’: 8.19 t/ha; ‘Débora Plus’: 11.90 t/ha) were low. Total losses were more influenced by fruits (r = 0.89) (P<0.01) than by any other production components. Consequently, fruits were considered the critical production component of tomato yield. Total fruit losses were more influenced by blossom-end rot (r = 0.97) (P<0.01) than by any other loss factors, being considered the loss key-factor in those conditions. (Recebido para publicação em 6 de fevereiro de 2007; aceito em 29 de abril de 2008) A produção de tomate é considerada atividade de alto risco, principalmente, devido a grande variedade de ambientes e sistemas nos quais é cultivado, alta suscetibilidade a desordens fisiológicas e ao ataque de pragas e doenças e exigência em insumos e serviços, acarretando elevado investimento de recursos financeiros por unidade de área. Desordens fisiológicas são provocadas por estresse fisiológico na planta, normalmente associado a uma condição desfavorável do ambiente jun- 1 tamente com a manifestação de componentes genéticos. Variações climáticas bruscas podem ser mais danosas que as condições desfavoráveis de temperatura e umidade, no entanto, não são as causas exatas dos desequilíbrios fisiológicos, pois geralmente, um grupo de fatores estão envolvidos, como disponibilidade de água e nutrientes no solo, práticas culturais (espaçamento, condução, adubação, etc.), cultivares (fator genético), entre outros (Kinet & Peet, 1997). A podridão apical é uma das de- sordens fisiológicas mais importantes do tomateiro, considerada como um sintoma da deficiência de cálcio (Ca) nos frutos. Entretanto, o mecanismo pelo qual os fatores externos afetam a concentração de Ca nos frutos e o desenvolvimento da podridão apical, nem o tipo de relação entre deficiência de Ca e podridão apical foram identificadas inequivocamente (Saure, 2001). Freqüentemente, a combinação de vários desses fatores supracitados ocasiona maior incidência de perdas. Des- Parte da Dissertação de Mestrado em Fitotecnia do primeiro autor, área de concentração em Técnicas Culturais, pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 281 RA Loos et al. Tabela 1. Dados de temperatura do ar, umidade relativa do ar e pressão atmosférica coletados durante o ciclo de cultivo do tomateiro em ambiente protegido. Viçosa, UFV, 2001. sa forma, é essencial identificar e quantificar os fatores de perda na cultura do tomateiro a fim de que se possa produzir com menos riscos e alcançar maior produtividade. As tabelas de vida são instrumentos empregados em estudos de dinâmica populacional (Silveira Neto et al., 1976), sendo valiosos guias no planejamento das estratégias do manejo de pragas. Quando utilizadas para culturas, conforme Harcourt (1970), Chandler (1984) e Picanço et al. (1998), as tabelas de vida incluem a identificação dos fatores de perdas e a associação destes com o estádio de desenvolvimento da cultura. Um modelo de estimativa quantitativa das perdas por unidade de área para cada componente de produção foi desenvolvido por Picanço (1992), possibilitando a determinação do componente crítico de perdas de produção (aquele que possui maior regulação sobre as perdas ocorridas na cultura) e o fatorchave de perdas (principal causa reguladora de perdas no componente crítico de perdas). Para tanto, foi adaptado o modelo desenvolvido por Varley & Gradwell (1960), que considera como fator-chave aquele cuja variação de perdas específicas apresente maior correlação com a flutuação de perdas totais. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi identificar e quantificar os componentes de perdas de produção do tomateiro em ambiente protegido, evidenciando o componente crítico de perdas da cultura e o fator-chave de perdas pela utilização da tabela de vida das culturas. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado na Horta de Pesquisa da Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa (MG), de janeiro a 282 junho de 2001. O ambiente protegido foi constituído de proteção plástica de 0,1 mm de espessura, tipo capela com dimensões de 10 x 40 m e altura de 5 m, com cortinas retráteis laterais. O experimento foi conduzido sob delineamento experimental de blocos casualizados, constando de dois tratamentos (variedade Santa Clara I 5300 e híbrido Débora Plus) e cinco repetições. A área da parcela experimental foi 4,8 m2, sendo composta por 8 plantas. A bordadura de experimento constou de uma linha com ‘Santa Clara’ e ‘Débora Plus’ em torno da área total do experimento. As mudas foram produzidas em bandejas de poliestireno expandido, medindo 68 x 34 cm, com 128 células e o transplantio feito quando as mudas apresentaram, em média, quatro folhas definitivas, aos 29 dias após o semeio. As mudas foram transplantadas no espaçamento de 1,0 x 0,6 m, sendo tutoradas no sistema vertical com fitilho. As plantas foram conduzidas com uma haste e foram despontadas com três folhas acima do sexto racimo (Oliveira, 1993; Camargos, 1998). O solo do experimento foi arado, gradeado e sulcado e a sua análise química apresentou: pH em água = 6,4 (relação 1:2,5); P = 144,0 mg/dm3; Na = 5,0 mg/dm3; K = 47,0 mg/dm3 (P - Na K: extrator Mehlich 1); Ca = 6,3 cmolc/ dm 3; Mg = 0,5 cmol c/dm 3; Al = 2,0 cmolc/dm3 (Ca - Mg - Al = extrator KCl 1 mol/L); SB = 6,9 cmolc/dm3 (extrator acetato de cálcio 0,5 mol/L - pH 7,0); CTC (t) = 6,9 cmolc/dm3; CTC (T) = 8,9 cmolc/dm3 e V = 77,7 %. No sulco de plantio foi feita a aplicação de 10 t/ha de esterco de galinha, 10 kg/ha de ácido bórico, 200 g/ha de molibdato de sódio e 200 kg/ha de sulfato de magnésio. A adubação de cobertura foi feita por fertirrigação com 240 kg/ha de N, 400 kg/ha de P2O5 e 500 kg/ha de K2O, respectivamente na forma de sulfato de amônio, superfosfato simples e cloreto de potássio, divididos em oito parcelas, realizadas a cada duas semanas. Para o controle de insetos-praga, Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera: Gelechiidae), Neoleucinodes elegantalis (Guennée) (Lepidoptera: Crambidae), Bemisia tabacci (Guennée) (Homoptera: Aleyrodidae) e Frankliniella schultzei (Trybom) (Thysonoptera: Thripidae), utilizou-se o manejo integrado, aplicando-se inseticidas, abamectin (dose: 1 mL/L e calda: 1000 L/ha), permethrin (32,5 mL/100 L e calda: 800 L/ha), buprofezin (dose: 40 mL/100 L e calda: 1000 L/ha) e imidaclorprid (dose: 50 mL/100 L e calda: 800 L/ha) respectivamente, somente quando as pragas atingiam o nível de controle (1 vetor/ponteiro, 20% de folhas minadas e 5% de frutos broqueados) (Sinigaglia et al., 2000). Para a prevenção e controle de doenças, como Phytophthora infestans (Mont.) De Bary e Alternaria solani (Sorauer), foram feitas aplicações de fungicida, a cada duas semanas, com rotação dos produtos chlorothalonil (dose: 3 mL/L e calda: 800 L/ha) e tebuconazole (dose: 1 L/ha e calda: 400 L/ha). Os elementos climáticos, temperatura, umidade relativa e pressão foram monitorados, diariamente, por estação climatológica instalada dentro da casa de vegetação (GroWeather-DAVIS, EUA) (Tabela 1). Foi feito o levantamento da seqüência de mortalidade das plantas, realizado pela anotação semanal do número de plantas mortas, identificando-se suas causas, desde o início do período vegetativo até o final do reprodutivo, Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Identificação e quantificação dos componentes de perdas de produção do tomateiro em ambiente protegido Tabela 2. Tabela de vida do tomateiro Sta. Clara cultivado em ambiente protegido. Os valores representam as médias das repetições. Viçosa, UFV, 2001. adaptando-se para tanto, o método descrito por Harcourt (1970). Para evitar a transmissão por contato de vírus, as plantas infectadas foram retiradas e anotadas como plantas mortas por virose. Foram avaliados o número de flores e frutos/planta, segundo a metodologia desenvolvida por Chandler (1984). Nas colheitas, os frutos sadios foram contados, pesados e classificados (maior diâmetro transversal do fruto), segundo norma adaptada do Ministério da Agricultura (Brasil, 1995), considerando-se Graúdo AA (≥69,6 mm), Graúdo A (≥60,0 e <69,6 mm), Médio Extra (≥54,8 e <60,0 mm), Médio Especial (≥50,0 e <54,8 mm), Pequeno (≥40,0 e <50,0 mm) e Refugo (<40,0 mm). Foram considerados frutos comerciais aqueles com diâmetro maior que 40 mm. Foram ainda contados e pesados os frutos danificados, segundo cada causa de perda (Picanço et al., 1997). A tabela de vida foi feita para cada parcela e construída a partir das médias das parcelas de cada tratamento, conforme metodologia desenvolvida por Picanço (1992), contendo os componentes: x = componente de produção da Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 cultura do tomateiro (plantas, flores, frutos totais e frutos colhidos); Lx = estimativa de produtividade (kg/ha) de frutos no início de cada x; dxF = fator causador de perdas na produtividade da cultura; dx = estimativa de perdas na produção da cultura (kg/ha) de frutos; 100 qx = perdas não acumulativas (%) e 100 rx = perdas acumulativas (%). A estimativa dos Lx foi realizada como segue: Lx (planta) = Pl x Fl/Pl x Pfr; Lx (flores) = Plc x Fl/Pl x Pfr; Lx (frutos totais) = Plc x Frt/Pl x Pfr; Lx (frutos colhidos) = Plc x Frc/Pl x Pfr; sendo: Pl = número médio de plantas/ ha no início do cultivo; Fl/Pl = número total de flores/planta; Pfr = peso médio dos frutos em kg; Plc = número médio de plantas nas colheitas/ha; Frt/Pl = número médio de frutos totais/planta e Frc/ Pl = número médio de frutos sadios colhidos/planta. Para a determinação do componente crítico de perdas e do fator-chave de perdas para a cultura foi utilizado o modelo desenvolvido por Varley & Gradwell (1960), modificado por Picanço (1992), para estudo em tabelas de vida de culturas. Para tanto, foram utilizados os dados provenientes das tabelas de vida de cada parcela, contendo os componentes: x = componente de produção da cultura; Lx = estimativa de produtividade (kg/ha) de frutos no início de cada x; log (Lx) = logaritmo decimal dos valores de Lx; k = perdas específicas [obtidas por subtração de cada valor de log (Lx), do valor que lhe precede] e K = perdas totais (obtida pelo somatório dos valores de k). Foram calculados os coeficientes de correlação de Pearson entre as perdas específicas (k) e totais (K), sendo considerados como componentes críticos de perdas na produção aqueles cujas flutuações das perdas específicas apresentaram correlações significativas com a flutuação de perdas totais (Faleiro et al., 1995). Para se determinar o fator-chave de perdas da cultura, foram utilizados os componentes: dxF = fator causador de perdas na produtividade da cultura; Lx = estimativa de produtividade (kg/ha) de frutos no início de cada x, subtraída a perda causada por cada fator; log (Lx) = logaritmo decimal dos valores de Lx; k = perdas específicas; e K = perdas to283 RA Loos et al. Tabela 3. Tabela de vida do tomateiro Débora Plus cultivado em ambiente protegido. Os valores representam as médias das repetições. Viçosa, UFV, 2001. tais do componente de produção em questão (Picanço et al., 1998). RESULTADOS E DISCUSSÃO Ambos tratamentos, ‘Sta. Clara’ e ‘Débora Plus’, apresentaram altas perdas (80 e 104 t/ha, respectivamente), correspondendo às perdas cumulativas totais de 61,48 e 65,43%, respectivamente (Tabelas 2 e 3). Todavia, as produtividades comerciais de ‘Sta. Clara’ e ‘Débora Plus’ foram, respectivamente, equiparada e superior à produtividade média nacional (45 t/ha) (IBGE, 2004). Esses dados evidenciam que apesar dessas cultivares apresentarem alto potencial produtivo, o produtor depara-se com vários fatores de perda ao longo do ciclo cultural, prejudicando severamente a produtividade do tomateiro. Não houve diferença significativa entre tratamentos para produtividades comercial (‘Sta. Clara’: 40,18 t/ha; ‘Débora Plus’: 54,98 t/ha) e classificada de frutos, entretanto, a produtividade comercial de frutos ‘Santa Clara’ foi 15 t/ ha inferior a ‘Débora Plus’ e a produtividade classificada de frutos graúdos ‘Débora Plus’ (32,32 t/ha) foi 8 t/ha superior a ‘Sta. Clara’ (24,39 t/ha). As produtividades de frutos ‘Santa Clara’ e 284 ‘Débora Plus’ de classificação médio extra (7,60 t/ha e 10,77 t/ha, respectivamente), e as produtividades de frutos médio especial e pequeno juntas (‘Sta. Clara’: 8,19 t/ha e ‘Débora Plus’: 11,90 t/ha) foram baixas. A maior produção de frutos graúdos é comercialmente importante, visto que frutos maiores têm melhor preço no mercado. Durante a fase vegetativa, a ocorrência de Rhizoctonia solani em ‘Sta. Clara’ causou morte de plantas, equivalendo a 2,73 t/ha de perda na produtividade (Tabela 2). Na fase reprodutiva, a ocorrência de tospovírus (Tomato Spotted Wilt Virus (TSWV)) e Pseudomonas corrugata causou mortalidade de plantas na variedade Sta. Clara (Tabela 2), gerando perdas médias de 28,38 t/ha e 3,26 t/ha, respectivamente, e 29,43 t/ha de perdas por TSWV no híbrido Débora Plus (Tabela 3). O principal inseto-vetor desta virose é o tripes Frankliniella schultzei Trybom (Thysanoptera: Thripidae) pelas características de polifagia, facilidade de reprodução, número de ovos produzidos e capacidade de difusão rápida no meio ambiente (Riley & Pappu, 2000). A perda no componente de produção flores foi considerada como abortamento (Tabelas 2 e 3), podendo ter ocorrido pela não-fecundação dos óvulos (Kinet & Peet, 1997) (Tabela 1). O componente de produção que regulou, significativamente, a flutuação de perdas totais foi frutos (r = 0,89; P<0,01), sendo considerado o componente crítico de perdas (Figura 1). Os fatores de perda no componente de produção frutos foram podridão apical, Neoleucinodes elegantalis, Erwinia carotovora, rachamento, Tuta absoluta, Alternaria solani, TSWV, pássaros e tamanho não-comercial dos frutos (refugo). Picanço et al. (1998), ao avaliarem as perdas na produção do tomateiro cultivado com diferentes espaçamentos e aplicações de inseticidas, e Paula (1997), ao determinar os fatores de perdas no tomateiro, verificaram a ocorrência dos mesmos fatores supracitados causadores de perdas nos frutos, além de Helicoverpa zea e queda de frutos. Os resultados demonstram a importância de se direcionar o manejo adequado para esses tipos de perdas. Podridão apical ocasionou perdas médias de 29,96 t/ha em ‘Sta. Clara’ e 59,03 t/ha em ‘Débora Plus’, sendo considerada como fator-chave de perda da produção por regular significativamente (r = 0,97; P<0,01) a flutuação de perdas totais (Figura 2). A diferença entre Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Identificação e quantificação dos componentes de perdas de produção do tomateiro em ambiente protegido perdas ocasionadas por podridão apical nos tratamentos ‘Sta. Clara’ e ‘Débora Plus’ (aproximadamente 30 t/ha) evidencia a maior suscetibilidade do híbrido Débora Plus a esta desordem fisiológica. De acordo com Adams & Ho (1992) e Sperry et al. (1996), a causa central de podridão apical é uma falta de coordenação entre o transporte de assimilados pelo floema e de cálcio pelo xilema durante uma rápida expansão no tecido placentário apical do fruto. Mudanças bruscas no ambiente e suscetibilidade genética determinam a incidência de podridão apical, pois influenciam a absorção, translocação e acúmulo de Ca nas plantas. Alta ou baixa umidade do solo (Shaykewich et al.,1971; Obreza et al., 1996), uso de fontes de N amoniacal (Sandoval-Villa et al., 2001) e maior intensidade de transpiração foliar (Cho et al., 1997), são as principais causas dessa desordem. Ao se optar pelo cultivo do híbrido Débora Plus, deve-se atentar para práticas culturais adequadas como condições no solo para crescimento da raiz; suprimento balanceado de nutrientes; suprimento apropriado de água e plantio em condição de temperaturas amenas (Fontes, 2003). O desenvolvimento de estratégias ótimas para controle de perdas na produtividade do tomateiro requer um reconhecimento seguro das ações e interações dos diferentes fatores de perda da cultura. Uma ou duas tabelas de vida revelarão somente que as perdas severas na produção podem ocorrer em determinados intervalos do ciclo da planta, mas uma série de tabelas, repetidas apropriadamente no tempo e no local, fornecerá diretrizes úteis ao planejamento de estratégias de controle de perdas, particularmente quando acoplada com análises de custobenefício. AGRADECIMENTOS Ao CNPq pela concessão da bolsa de estudos de mestrado. REFERÊNCIAS ADAMS P; HO LC. 1992. The susceptibility of modern tomato cultivars to blossom-end rot in relation to salinity. Journal of Horticultural Science 67: 827-839. Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Figura 1. Flutuações das perdas parciais (k) e totais (K) dos componentes de produção da cultura nas parcelas dos tratamentos de Débora Plus (Parcelas 1 a 5) e Sta. Clara (Parcelas 6 a 10) em ambiente protegido (P<0,01). Viçosa, UFV, 2001. BRASIL. 1995. Ministério da Agricultura do Abastecimento e da Reforma Agrária. 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Postal 533, 79804-970 Dourados-MS; [email protected] ABSTRACT RESUMO The objective of this work was to study the yield performance and to determine the gross income of arracacha (Arracacia xanthorrhiza Bancroft), cultivar Amarela de Carandaí, grown in monoculture as well as in intercropping with the Japanese bunching onion (Allium fistulosum L.), cultivar Todo Ano (A-JBO) and parsley (Petroselinum crispum (Mill.), cultivar Lisa Preferida (A-P). Arracacha and the Japanese bunching onion were vegetatively propagated, while parsley was propagated by seeds. The Japanese bunching onion was first harvested 87 days after the planting (DAP), with resprouts harvested 154 and 212 DAP. Parsley was first harvested 105 days after the sowing (DAS), and, resprouts, 171, 212, and 268 DAS. Arracacha was harvested 268 DAP. At the harvest carried out 212 DAP, the Japanese bunching onion plants in monocrop significantly exceeded those in intercropping in 1.73 cm height and 0.99 t ha-1 commercial fresh mass (CFM). In parsley, the CFM yield in monocrop significantly exceeded the intercropping figures in 0.63, 0.66, and 0.72 t ha-1 at harvests carried out respectively 171, 212, and 268 DAS. Plant height and CFM of the Japanese bunching onion and parsley increased after every new harvest, except in parsley, for plant height 171 DAS and CFM 268 DAS. No significant differences were found in any of the evaluated characteristics when arracacha as single crop was compared to the A-JBO intercropping arrangement. Nevertheless, the A-P intercropping arrangement significantly reduced all characteristics in relation to the other systems, except for yield of non-commercial arracacha roots. A-JBO intercropping arrangement was viable (LER = 1.49) and therefore may be employed by farmers. A-P intercropping, on its turn, was unfeasible (LER = 0.97). Produção e renda bruta de mandioquinha-salsa em cultivo solteiro e consorciado com cebolinha e salsa Keywords: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, Allium fistulosum L., Petroselinum crispum (Mill.), plant arrangement, cropping system, land equivalent ratio. Este trabalho teve como objetivo estudar o desempenho produtivo e determinar a renda bruta obtida a partir do cultivo da mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft), cultivar Amarela de Carandaí, em monocultura e consorciada com cebolinha (Allium fistulosum L.), cultivar Todo Ano (MC), e com a salsa (Petroselinum crispum (Mill.), cultivar Lisa Preferida (MS). A propagação da mandioquinha-salsa e da cebolinha foi feita através de mudas, enquanto a salsa foi propagada por sementes. A cebolinha foi colhida 87 dias após o plantio (DAP) e, as rebrotas, 154 e 212 DAP. A salsa foi colhida 105 dias após a semeadura (DAS) e, as rebrotas, 171, 212 e 268 DAS. A mandioquinha-salsa foi colhida 268 DAP. Na colheita realizada 212 DAP, as plantas de cebolinha em cultivo solteiro superaram estatisticamente aquelas consorciadas em 1,73 cm de altura e 0,99 t ha-1 de massa fresca comercial (MFC). Na salsa, as produções de MFC em monocultura superaram estatisticamente em 0,63, 0,66 e 0,72 t ha-1 a produção do consórcio nas colheitas realizadas 171, 212 e 268 DAS, respectivamente. As plantas de cebolinha e salsa tiveram valores maiores para altura e produção de MFC nas colheitas feitas após cada novo corte, exceto em salsa, para a altura de planta 171 DAS e MFC 268 DAS. Não houve diferenças significativas em nenhuma das características avaliadas entre a monocultura de mandioquinha-salsa e o consórcio MC. Já o consórcio MS apresentou, com exceção da produção de raiz não-comercial de mandioquinha-salsa, resultados inferiores aos demais arranjos de cultivo avaliados. O consórcio MC foi considerado viável (ERA = 1,49) e pode ser utilizado pelos produtores de hortaliças. O consórcio MS, por sua vez, foi inviável (RAE = 0,97). Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, Allium fistulosum L., Petroselinum crispum (Mill.), arranjo de plantas, sistema de cultivo, razão de área equivalente. (Recebido para publicação em 30 de março de 2007; aceito em 18 de março de 2008) A rracacha (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) gathers important gastronomic, nutritional, and medicinal attributes. Even though, its availability in the local market is restricted, since arracacha is not a traditional vegetable for residents. As consequence, prices are high and the incorporation of arracacha into the menu of people with low income is hampered (Heredia Zárate & Vieira, 2003). Portz et al. (2006) mention that the area used to grow arracacha is rising in different regions of the country, Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 contributing to increase the supply of this root. In Mato Grosso do Sul, arracacha, cultivar Amarela de Carandaí, has a vegetative cycle of seven to eight months, yielding between 10 to 15 t ha-1 of marketable roots and between 25 to 35 t ha-1 if all plant parts are considered (leaves, crowns, new sprouts offsets, and non marketable roots). The production cost is around R$ 1.400,00 ha-1 (US$ 1.00 = R$ 1.64, June, 2008). If the purpose is industrialization, in which the focus is on dry matter yield and not in marketable roots, production costs can be reduced by increasing plant density and by using semimechanized harvests (Heredia Zárate & Vieira, 1998). The Japanese bunching onion (Allium fistulosum L.) is a seasoning highly appreciated by the population. It is grown almost in all Brazilian homes. The plant is perennial, with cylindrical and fistulous dark green leaves, ranging from 0.30 to 0.50 m in height. It has a small conic bulb, wrapped by a pinkish 287 NA Heredia Zárate et al. pellicle, and produces tillers, developing into a tussock. Cultivars most widely known are Todo Ano, Futonegui, and Hossonegui (Filgueira, 2000; Heredia Zárate et al., 2003). Harvest begins between 55 and 60 days after planting or between 85 and 100 days after sowing, when plants are from 0.20 to 0.40 m tall (Filgueira, 2000; Heredia Zárate et al., 2005). Parsley (Petroselinum crispum (Mill.), on its turn, is very important for its commercial use as seasoning and not for the volume or value of commercialization. The first harvest takes place between 50 and 90 days after sowing, when plants are around 10 to 15 cm tall (Filgueira, 2000; Heredia Zárate et al., 2003). The increase in production by unit of area is one of the most important reasons to grow plants in intercropping. In vegetables, intercropping allows a better utilization of the available resources, resulting in greater economic revenues (Sullivan, 2001). Tolentino Júnior et al. (2002), studying the productivity of arracacha, cultivar Amarela de Carandaí, intercropped with lettuce, cultivar Grand Rapids, and beet, cultivar Tal Top Early Wonder, concluded that the intercropping arrangement using the three crops outyielded the monoculture. Nevertheless, the Land Equivalent Ratio (LER) for commercial root yield was 0.87 when arracacha and beet were intercropped, and 1.1 for arracacha and lettuce. Heredia Zárate et al. (2005), studying yield and the economic revenue of the Japanese bunching onion, cultivar Todo Ano (JBO), and coriander, cultivar Asteca (C), in monoculture and intercropping, displaying each vegetable in combinations of three- and four-row sets per seedbed in intercropping, observed that the production of fresh mass in coriander significantly increased in 1.4 t ha-1 (41,2%) under monoculture and with four lines (C4) in comparison to three lines (3.5 t ha-1). LER of the intercropping using the Japanese bunching onion and coriander were 21% (JBO3C4) and 56% (JBO4Co3) superior to the monocultures. The intercropping JBO3C4 resulted disadvantageous and 288 would lead to a loss in the gross income of R$ 99.4 ha-1, notwithstanding the LER higher than 1.0. On the other hand, the intercropping JBO4Co3 would lead to a revenue of R$ 777.8 ha-1. Heredia Zárate et al. (2003), studying intercropping the Japanese bunching onion, cultivar Todo Ano, and parsley, cultivar Lisa, observed that the average yield of the Japanese bunching onion and parsley in monoculture had significant increases of respectively 1.3 and 2.4 t ha-1 in fresh mass, and of 0.2 t ha-1, for both plants, in dry mass, when compared to intercropping. Nevertheless, LER in intercropping was 1.4 for fresh mass yield, with gross income increasing 25.1% (R$ 7,830.00 ha-1) and 74.9% (R$ 16,740.00) when compared to the income of the Japanese bunching onion and parsley in monoculture, respectively. Considering the importance of evaluating the regional performance of vegetable crops and also the lack of reports on intercropping arracacha with parsley and the Japanese bunching onion, the present work aimed at studying the yield and the gross income of arracacha in monoculture and in intercropping with the Japanese bunching onion and parsley, in Dourados. MATERIAL AND METHODS The work was carried out at the Horticultural Garden of Medicinal Plants, in the Experimental Farm of Agrarian Sciences, Federal University of Grande Dourados, in Dourados, Mato Grosso do Sul State, from March 19 to December 12, 2006. The soil at the garden is Rhodic Hapludox, with clayish texture, and the following chemical characteristics: pH = 5.5 (CaCl 2 ); Organic matter = 34.0 dm-3; P = 36.0 mg dm-3; K, Ca and Mg = 6.6, 56.0 and 22.6 mmolcdm-3, respectively. The experiment was designed in completely randomized blocks, with five treatments and four replications. Treatments corresponded to monocultures of arracacha (A), the Japanese bunching onion (JBO), and parsley (P), as well as the intercropping of arracacha with the Japanese bunching onion (A-JBO) and with parsley (A-P). The experimental plot had a total area of 3.6 m2 (1.5 x 2.4 m, width/length) and a work area of 2.4 m2 (1.0 x 2.0 m, width/length). The Japanese bunching onion and parsley plots, both in monoculture and in intercropping, had four rows (25.0 cm between rows), with 24 plants per row (10 cm between plants) for the Japanese bunching onion, 48 plants per line (5.0 cm between plants) for parsley. Arracacha plots, both in monoculture and in intercropping had two rows (50.0 cm between rows), with 12 plants per row (20 cm between plants). In intercropping, each row of arracacha was inserted between every two rows of the Japanese bunching onion or parsley, in each end. The Japanese bunching onion and arracacha were vegetatively propagated, while parsley was propagated by seeds. The Japanese bunching onion seedlings were prepared a day before planting, when tillers were harvested and cleaned, roots and dried sheaths were removed, and leaves were cut to leave 5-cm stubs. Seedlings were planted leaving uncovered almost 3 cm of the stub. Arracacha offsets were supplied by a farmer from Manhuaçu, Minas Gerais State. Offsets were selected, transversally cut at the base, and visually clustered in four groups according to the offset average mass, as follows: group 1= 15.9 g; 2 = 9.7 g; 3 = 7.3 g, and 4= 6.0 g. To optimize offset use, each group was used to plant one replication. Offsets were planted leaving uncovered almost 1.0 cm of the pseudostem. Plants were watered using sprinkling irrigation, aiming at keeping the soil at 65 to 70% of field capacity, which resulted in 2day irrigation shifts. Weeds were controlled by hoeing between rows and hand-picking within the row. The Japanese bunching onion and parsley were harvested every time leaves started loosing shine. Three harvests were carried out in the Japanese bunching onion, the main harvest 87 days after planting (DAP) and, the following, 154 and 212 DAP. Parsley was harvested four times: 105, 171, 212, and 268 days after sowing (DAS). For harvesting, plants of the Japanese bunching onion were cut at soil level, Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Yield and gross income of arracacha in monocrop and intercropping with the Japanese bunching onion and parsley while plants of parsley were cut just above the new sprouts. At each harvest, plant height and fresh commercial yield were evaluated. All healthy leaves, longer than 15 cm, in the Japanese bunching onion, and 12 cm, in parsley, were considered commercial. The harvest of arracacha was carried out 268 DAP, when plants presented more than 50% of senescent leaves. In arracacha, plant height, and the fresh mass of leaves, offsets, crowns, commercial (>25.0 g) and non commercial roots (<25.0 g) were evaluated. Data on the monoculture and intercropped systems were submitted to the analysis of variance and tested by F test, at 5% probability. Significant differences in the cropping systems were identified using the Tukey test, also at 5% probability. Intercropping was assessed by means of the Land Equivalent Ratio (LER) (Caetano et al., 1999): LER (A-JBO) = (Ai).(Am)-1 + (JBOi).(JBOm) -1 and LER (A-P) = (Ai).(Am)-1 + (Pi).(Pm)-1, in which Ai = yield of fresh mass of arracacha commercial roots in a given intercropping; Am = yield of fresh mass of arracacha commercial roots in monoculture; JBOi = yield of commercial leaves of the Japanese bunching onion in intercropping; JBOm = yield of commercial leaves of the Japanese bunching onion in monoculture; Pi = yield of commercial leaves of parsley in intercropping; and Pm = yield of commercial leaves of parsley in monoculture. The intercropping was validated by estimating the gross income. For this purpose, average fresh masses and retail prices, as well as prices paid to farmers were obtained. The average fresh mass of the Japanese bunching onion bunch was 63.6 g, ranging from 56.1 to 81.0 g, while the average fresh mass of parsley bunches was 64.9, varying between 63.1 and 67.4g. Prices of bunches for both vegetables at the retail market varied from R$ 0.40 to R$ 0.50. According to dealtehe ers of the free market in Dourados, MS, the price paid to farmers was R$ 0,25. For arracacha, the price per kg of commercial roots at the retail market was R$ 3.50, while farmers received R$ 1.50. The gross income was Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Table 1. Plant height and commercial fresh mass of the Japanese bunching onion in monoculture and intercropped with arracacha, in three harvests (altura de planta e massa fresca comercial de cebolinha em monocultura e consorciada com mandioquinha-salsa, em três colheitas) Dourados, UFGD, 2006. Means followed by the same letter in the columns did not differ significantly from each other by the F test, p<0.05 (médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si pelo teste F, p<0,05); 1Days after planting. Table 2. Plant height and commercial fresh mass of parsley in monoculture and intercropped with arracacha, in four harvests (altura de planta e massa fresca comercial da salsa em monocultura e consorciada com mandioquinha-salsa, em quatro colheitas). Dourados, UFGD, 2006. Means followed by the same letter in the columns did not differ significantly from each other by the F test, p<0.05 (médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si pelo teste F, p<0,05); 1Days after sowing. obtained by multiplying the estimate of production per hectare in each cropping system by the price paid to farmers. RESULTS AND DISCUSSION Plant height and commercial fresh mass of the Japanese bunching onion was not significantly altered by the cropping system, as evaluated in the harvests carried out 87 and 154 DAP. In the harvest carried out 212 DAP, plants in monoculture significantly exceeded those in intercropping in 1.73 cm height and 0.99 t ha-1 of commercial fresh mass (Table 1). These results agrees with Heredia Zárate (1988), quoted by Harder (2004) and Harder et al. (2005) who states that plants can present growing and morphological characteristic rates well defined by environmental factors, but with a responding pattern dependent on the genetic constituent. In parsley, treatments did not significantly influence height in any harvest. On the other hand, the yield of commercial fresh mass in monoculture significantly exceeded what was observed in intercropping in 0.63, 0.66, and 0.72 t ha-1 in the harvests carried out 171, 212, and 268 DAS, respectively (Table 2). These results are related to Larcher (2000) hypothesis of the selfregulation ability of ecological systems, based on the equilibrium of the interference relationship. That happens due to alterations in the source-sink balance induced by cropping conditions (Larcher, 2000; Benincasa, 2003; Harder et al., 2005). Plant height and commercial yield increased in the Japanese bunching onion and parsley after every new harvest, except in parsley for plant height 171 DAS, and yield 268 DAS. These results corroborate that there are differences in the plant potential ability for self-regulation in relation to the equilibrium of the interference relationship (Larcher, 2000). In the case of harvesting resprouts, plant ability for self-regulation is influenced by its response to the previous harvest (Harder et al., 2005). These results corroborate Filgueira (2000) and Heredia Zárate et al. (2005) observations that the Japanese bunching onion resprouts can be used as a new harvest. Moreover, they are even more relevant if it is considered 289 NA Heredia Zárate et al. Table 3. Morphological characteristics of arracacha in monoculture and intercropped with the Japanese bunching onion and Parsley (características morfológicas de mandioquinhasalsa em monocultura e consorciada com cebolinha e salsa). Dourados, UFGD, 2006. Means followed by the same letter in the columns did not differ significantly from each other by the F test, p<0.05 (médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si pelo teste F, p<0,05); 1A-JBO: intercropping of arracacha and the Japanese bunching onion (plantio consorciado de mandioquinha-salsa e cebolinha); 2A-P: intercropping of arracacha and parsley (plantio consorciado de mandioquinha-salsa a salsa). Table 4. Producer gross income considering the commercial yield of arracacha, the Japanese bunching onion, and parsley, in monoculture and intercropped. (renda bruta do produtor considerando a produção comercial de mandioquinha-salsa, cebolinha e salsa, em monocultura e em consórcio). Dourados, UFGD, 2006. 1 The number of bunches was estimated by divinding yield by the average mass of commercial bunches (o número de maços foi estimado divivindo-se a produtividade pela massa média dos maços comerciais; 2LER: Land equivalent ratio (RAE: razão de área equivalente); 3Gross income estimated by multiplying yield by the price paid to farmers, as informed by dealers at the free-market of Dourados, in January 8, 2007; US$ 1,00 = R$ 1,64, June 13, 2008 (renda bruta calculada multiplicando-se a produtividade pelo preço pago aos produtores, de acordo com os valores informados pelos vendedores da feira livre de Dourados, em 8 de janeiro de 2007; US$ 1,00 = R$ 1,64, 13 de junho de 2008). that the time lag between harvest and sprouts, both to the Japanese bunching onion and parsley, was around 50% of the time needed for the first harvest. It is supposed that resprouts grow faster than the initial sprouts because during resprouting plants do not need to divert assimilates to root development (Harder et al., 2005). The intercropping of arracacha with the Japanese bunching onion did not significantly alter any of the evaluated characteristics when compared to arracacha grown in monoculture. Nevertheless, when arracacha was 290 intercropped with parsley, all arracacha figures were significantly reduced, except the yield of non commercial roots (Table 3). The similarity between results observed for arracacha in monoculture and intercropped with the Japanese bunching onion suggests that the Japanese bunching onion did not significantly interfere with arracacha efficiency in water, nutrient, and CO2 uptake and use. According to Santos (1998), two crops are suitable for intercropping if LER is over 1.0. Thus, the intercropping arrangement A-JBO must be considered feasible, once its LER was 1.49. On the other hand, the A-P combination was not viable, with LER = 0.97 (Table 4). These results agree with Trenbath (1975), quoted by Harder (2004), who reports that the careful choice of the crops is essential to provide maximum exploitation advantages in intercropping. It was observed that the A-JBO intercropping was the best arrangement for farmers, if the objective is to combine an increase in the revenue with a reasonable production of arracacha roots. When compared to arracacha in monoculture, the A-JBO system yielded 84.7% of commercial arracacha roots and resulted in an income increase of 16.9% (R$ 8,296.50 ha-1). In the A-P system, notwithstanding increases of 253.5 and 109.4% in the gross income in relation to respectively arracacha in monoculture and intercropped with the Japanese bunching onion, the production of arracacha commercial roots was only 12.7% of the highest arracacha yield in the experiment, observed for arracacha in monoculture. Moreover, to parsley producers, intercropping was not profitable, once it would result on a loss of 15.0% (R$ 6,405.25) of gross income, when compared to the monoculture (R$ 49,036.75). Based on Land Equivalent Ratio and gross income, the conclusion is that, for arracacha producers, intercropping arracacha with bunching onion is feasible and can be used by farmers, unlike intercropping with parsley, which was disadvantageous. ACKNOWLEDGEMENTS To CNPq (The National Council for Scientific and Technological Development), for the scholarships granted, and to the FUNDECT-MS, for the financial support. Néstor Antonio Heredia Zárate and Maria do Carmo Vieira hold CNPq fellowships in Productivity in Research; Jerusa Rech holds a CNPq scholarship for Scientific Initiation. REFERENCES BENINCASA MMP. 2003. Análise de crescimento de plantas. Jaboticabal: FUNEP. 42p. Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Yield and gross income of arracacha in monocrop and intercropping with the Japanese bunching onion and parsley CAETANO LCS; FERREIRA JM; ARAÚJO M. 1999. Produtividade da alface e cenoura em sistema de consorciação. Horticultura Brasileira 17: 143-146. FILGUEIRA FAR. 2000. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV. 402p. HARDER WC. 2004. Produção e renda bruta de rúcula (Eruca sativa Mill.) ‘Cultivada’ e de almeirão (Cichorium intybus L.) ‘Amarelo’, em cultivo solteiro e consorciado. Dourados: UFMS. 26p. (Tese mestrado). HARDER WC; HEREDIA ZÁRATE NA; VIEIRA MC. 2005. Produção e renda bruta de rúcula (Eruca sativa Mill.) ‘Cultivada’ e de almeirão (Cichorium intybus L.) ‘Amarelo’, em cultivo solteiro e consorciado. Ciência e Agrotecnologia 29: 775-785. Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 HEREDIA ZÁRATE NA; VIEIRA MC. 1998. 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Produção Vegetal; 3Alunos do Programa Pós-Graduação em Agronomia, UNESP-FCAV;. 4Bolsista CNPq; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO ABSTRACT Com o objetivo de avaliar o efeito da omissão de macronutrientes no desenvolvimento e no estado nutricional da beterraba, assim como descrever sintomas visuais de deficiência nutricional, um experimento foi conduzido em casa de vegetação da UNESP, Campus de Jaboticabal, SP. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com sete tratamentos, que corresponderam à solução completa (macro e micronutrientes) e à omissão individual de N, P, K, Ca, Mg e S, com três repetições. Avaliou-se a altura das plantas, o número de folhas, a área foliar, a matéria seca da parte aérea, da raiz e planta inteira, os teores dos macronutrientes da parte aérea e raiz e descritos as desordens nutricionais. As omissões individuais de N, P, K e Ca foram as mais limitantes para o crescimento vegetativo da beterraba, reduzindo consideravelmente a altura, o número de folhas e as matérias secas de parte aérea, raiz e planta inteira. Foram observados sintomas de deficiência nutricional de cada elemento. Os teores dos macronutrientes na parte aérea do tratamento completo e com omissão dos nutrientes foram respectivamente: N = 32,9 13,8; P = 9,0 - 0,8; K = 126,0 - 15,1; Ca = 12,0 - 1,0; Mg = 10,1 - 0,7; S = 3,6 - 1,2 g kg-1. Effect of macronutrient omission on growth and nutritional status on table beet An experiment was conducted under greenhouse conditions, in Jaboticabal, São Paulo State, Brazil, to evaluate the effects of macronutrient omission on beet nutritional status and development, as well as to describe nutritional deficiency symptoms. The experiment was arranged in completely randomized design with three replications and seven treatments, corresponding to complete nutritive solution (macro and micronutrients) and individual N, P, K, Ca, Mg and S omission. Plant height, number of leaves, leaf area, shoot, root and whole plant dry mass and macronutrient levels were determined and nutritional deficiency symptoms were described. Individual omissions of N, P, K or Ca were the most limiting for beet growth, considerably reducing plant height, number of leaves, and shoot, root and whole plant dry mass. Nutritional deficiency symptoms were observed for each element. Shoot macronutrient levels in control and nutrient omission treatments were, respectively: N = 32.9 - 13.8; P = 9.0 - 0.8; K = 126.0 - 15.1; Ca = 12.0 - 1.0; Mg = 10.1 - 0.7; S = 3.6 - 1.2 g kg-1. Palavras-chave: Beta vulgaris, deficiência nutricional, nutrição mineral, crescimento. Keywords: Beta vulgaris, nutritional deficiency, mineral nutrition, development. (Recebido para publicação em 29 de maio de 2007; aceito em 23 de abril de 2008) A s hortaliças constituem um grupo de plantas que requer quantidades elevadas de calcário e fertilizantes orgânicos e minerais, que podem representar de 20 a 30% dos custos de produção (Trani & Raij, 1997). A espécie Beta vulgaris é pertencente à família Quenopodiacea. É originária de regiões européias e norte-africanas de clima temperado. A planta é bienal, cuja parte comestível é uma raiz tuberosa de formato globular e sabor acentuadamente doce, mesmo na beterraba olerácea (Filgueira, 2000). Em sua raiz tuberosa a cor vermelho-arroxeada é devido à presença de betalaínas. Além de possuir substâncias químicas importantes, a beterraba vem se destacando entre as hortaliças, pelo seu conteúdo em vitaminas do complexo B e os nutrientes potássio, sódio, ferro, cobre e zinco (Ferreira & Tivelli, 1990). 292 A beterraba é cultivada principalmente nas regiões Sudeste e Sul. Das 100,5 mil propriedades produtoras de beterraba existentes no Brasil, 42% estão na Região Sudeste e 35% na Região Sul. No estado de São Paulo existem, aproximadamente, 700 propriedades agrícolas, perfazendo 5 mil ha, onde são produzidas 115 mil toneladas de beterraba por ano (Camargo Filho & Mazzei, 2002). A produtividade de raízes varia entre 20 e 35 t ha-1 (Filgueira, 2000). A importância do suprimento e da absorção de nutrientes para a produção das culturas tem resultado, por muitos anos, em uma vasta experimentação e literatura pertinente à nutrição e ao crescimento da planta. Uma grande quantidade de publicações tem relacionado experimentos com plântulas em estudos de laboratórios, nas quais a suposição básica é de que sob ambiente controlado, os efeitos de diversos nutrientes minerais sobre o crescimento da planta podem ser mais facilmente estudados do que no campo (Marschner, 1995). Os efeitos dos nutrientes no crescimento e na produção são usualmente estudados em termos das suas funções no metabolismo das plantas. Além disso, a nutrição mineral pode influenciar o crescimento e a produção das plantas cultivadas de forma secundária, causando modificações na forma de crescimento, na morfologia, na anatomia e na sua composição química. Na literatura, estudos sobre omissão de nutrientes na cultura da beterraba são insipientes. Diante do exposto, este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar o efeito das omissões de macronutrientes sobre o desenvolvimenHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Desenvolvimento e estado nutricional da beterraba em função da omissão de nutrientes to e o estado nutricional de plantas de beterraba, assim como descrever sintomas visuais de deficiência nutricional. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação da UNESP, em Jaboticabal, de agosto a outubro de 2006. A semeadura foi realizada em 01/07/ 06, em bandeja de 200 células em substrato comercial Bioplant® sem adubação. Após 51 dias da semeadura, as plantas, em número de duas, foram transferidas para vasos plásticos com capacidade para 2,5 L de solução nutritiva de cada tratamento. A partir deste momento as plantas foram cultivadas nas diversas soluções nutritivas com omissão de macronutriente que teve como base a solução nutritiva de Hoagland & Arnon (1950), contendo 210,1 de N; 31,0 de P; 234,6 de K, 200,4 de Ca; 48,6 de Mg; 64,2 de S, 0,5 de B; 0,02 de Cu, 0,6 de Cl; 5 de Fe; 0,5 de Mn, 0,01 de Mo e 0,05 de Zn em mg L. A solução nutritiva foi aerada diariamente e o pH ajustado entre 5,0 e 6,0, usando respectivamente HCl e NaOH a 0,5 N, quando esta se encontrava acima ou abaixo desta faixa. O volume de solução nutritiva do vaso foi mantido constante, acrescentando-se, diariamente, água deionizada. A cada 15 dias fez-se a substituição da solução nutritiva por uma nova. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 7 tratamentos (completo e -N, -P, -K, -Ca, Mg e -S) e 3 repetições. A unidade experimental foi constituída por um vaso contendo duas plantas. Os sintomas de deficiência foram caracterizados desde o início com aparecimento das primeiras desordens nutricionais. Quando o sintoma de deficiência de determinado nutriente estava muito bem definido, fez-se a colheita das plantas do tratamento correspondente. Nestes períodos foram avaliados a altura, o número de folhas e a área foliar (AF). Após a coleta das plantas, estas foram submetidas à lavagem com água + detergente (3 mL/L), água corrente, água Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 + HCl a 0,1 M (8,4 mL/L) e água destilada. Foram separadas a parte aérea e a raiz tuberosa e colocadas para secar em estufa com circulação forçada de ar a 70ºC até massa constante. Obtido a matéria seca da parte aérea, raiz e planta inteira (MSPA, MSR e MST, respectivamente), procedeu-se a moagem do material em moinho tipo Willey, para análise química de tecido vegetal. Foram determinados os teores de N, P, K, Ca, Mg e S na parte aérea e na raiz, segundo metodologias descritas por Bataglia et al. (1983). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (teste F) pelo “software” SAEG (2000). Quando significativo, as médias foram comparadas pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO O início e fim da fase de observação e descrição dos sintomas de deficiência de K, N, Ca, P, Mg e S ocorreu, respectivamente, aos 14 e 42; 21 e 42; 21 e 49; 28 e 49, 35 e 56; 42 e 63 dias após o transplante. Para nitrogênio, primeiramente observou-se que as folhas mais velhas perderam gradualmente o tom verde-escuro para verde-pálido, distribuindo-se uniformemente no limbo, pecíolo e nervuras. Houve evolução para clorose generalizada e paralisação do crescimento da parte aérea. Quando o suprimento é subótimo, o crescimento é retardado; o N que está mobilizado nas folhas adultas é redistribuido para as mais novas, ocorrendo os sintomas típicos de deficiências de N, tais como o aumento na senescência de folhas mais velhas (Marschner, 1995). Os sintomas de deficiência de fósforo foram inicialmente observados por arroxeamento intenso das raízes e com a evolução da deficiência, também verificou-se nas folhas. Também foi observado menor crescimento da planta em relação à testemunha (solução completa) e paralisação do crescimento da raiz tuberosa. Plantas com deficiência de fósforo têm o seu crescimento diminuído, devido afetar vários processos como a síntese protéica e de ácidos nucléicos (Mengel & Kirkby,1987). A deficiência de potássio surgiu inicialmente com pequena clorose acentuadamente avermelhada nas margens das folhas, evoluindo para necrose atingindo ápices das folhas, as quais, com a evolução da deficiência, apresentaram grandes manchas necróticas no limbo foliar. Em plantas com deficiência de potássio, os compostos nitrogenados solúveis, inclusive as aminas e putrescinas, muitas vezes, se acumulam, sendo a última, provavelmente, responsável pelas manchas necróticas que aparecem nas folhas deficientes nesse nutriente (Epstein, 1975). A omissão de cálcio acarretou inicialmente anormalidades visíveis nas folhas mais novas, com leve encarquilhamento nas suas margens. Com a evolução da deficiência, ocorreu necrose, morte de brotos, encarquilhamento total da folha, flacidez dos pecíolos e deformação nas folhas novas. Na fase final, houve necrose do ápice das folhas e dilaceração das margens foliares. Na literatura a falta de cálcio é caracterizada pela redução do crescimento de tecidos meristemáticos, sendo observado, inicialmente, nas extremidades em crescimento e nas folhas mais jovens (Mengel & Kirkby, 1987). Enquanto na raiz tuberosa não houve prejuízo no seu crescimento sendo semelhante ao completo. Os primeiros sintomas de deficiência de magnésio foram observados com o aparecimento de clorose internerval nas folhas mais velhas. Com a evolução da deficiência, observou-se coloração avermelhada nas folhas velhas (“clorose malhada’’). As plantas com carência de enxofre apresentaram clorose nas folhas mais novas, caracterizada por coloração verde mais clara em relação às folhas da testemunha (solução nutritiva completa). Houve efeito significativo dos tratamentos sobre todas as características avaliadas. A altura, a área foliar e a matéria seca da parte aérea não foram afetadas pela omissão de Mg ou de S, não diferindo estatisticamente de plantas sob cultivo com solução nutritiva completa. O número de folhas, a matéria seca da raiz e a matéria seca da planta inteira não foram afetadas negativamente apenas pela 293 AU Alves et al. Tabela 1. Altura (ALT), número de folha (NF), área foliar (AF), matéria seca da parte aérea, raiz e total (MSPA, MSR e MST, respectivamente), de planta de beterraba cultivada em soluções nutritivas completa e com omissão de macronutriente (Height (ALT), leaf number (NF), peaf area (AF), dry matter of the aerial part, root and total (MSPA, MSR and MST, respectively), of beet plants cultivated in a nutritive solutions, completed and with macronitrients omission). Jaboticabal, UNESP, 2006. Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Scott Knott. MO = médias originais; MT = médias transformadas (log (x+10)); 1Valores em g/planta (average values followed by the same letter in the column do not differ; 5% probability; scott knotts test. MO = original averages; MT = transformed average (log (x+10)); 1 Values in g/plant). Tabela 2. Teores dos macronutrientes da parte aérea, e da raiz de plantas de beterraba cultivadas em soluções nutritivas completa e com omissão de macronutriente (levels of macronutrients of the aerial part and of the root of beet plants cultivated in nutritive solutions, complete and with macronutrients omission). Jaboticabal, UNESP, 2006. Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Scott Knott (average values followed by the same letter in the column do not differ; 5% probability; scott knott's test). omissão de S em comparação à solução completa (Tabela 1). A omissão de N foi a que afetou mais intensamente a altura e número de folhas da planta de beterraba (Tabela 1). Foram obtidas plantas com 12,3 cm e 5 folhas, que corresponderam, respectivamente, a 30% e 39% dos valores obtidos com as plantas em solução completa. A restrição de N levou a uma redução de crescimento pois, 294 conforme Marschner (1995) e Malavolta et al. (1997), esse nutriente, além de fazer parte da estrutura de aminoácidos, proteínas, bases nitrogenadas, ácidos nucléicos, enzimas, coenzimas, vitaminas, pigmentos e produtos secundários, participa de processos como absorção iônica, fotossíntese, respiração, multiplicação e diferenciação celular, os quais interferem direta ou indiretamente no desenvolvimento da planta. A altura e área foliar tiveram respostas semelhantes aos tratamentos, sendo a omissão de N a que mais reduziu o crescimento das plantas, seguido das omissões de P, K e Ca, quando comparadas a plantas sob cultivo com solução completa, que não diferiu de plantas sob omissão de Mg e S (Tabela 1). Plantas cultivadas com omissão de S apresentaram maior matéria seca de raiz do que na condição de solução completa, que por sua vez foi superior às quantidades obtidas com a omissão de qualquer um dos macronutrientes. Uma justificativa seria que em condições de estresse (omissão de S) as plantas foram Valores capazes de absorver o SO2 atmosférico, embora não seja um processo muito eficiente (Mengel & Kirkby, 1987). Uma outra hipótese mais provável seria o fornecimento de S pelo substrato usado na formação da muda. As omissões de N, P ou de K determinaram os menores valores de matéria seca de raiz (Tabela 1). As plantas sob omissões de N, P, K ou Ca apresentaram quantidades de matéria seca da parte aérea inferiores às quantias observadas em plantas sob solução nutritiva completa. A omissão de N ou K provocou redução da matéria seca da planta inteira, sem diferir dos valores da matéria seca sob omissão de P ou Ca, as quais diferiram de -S, solução completa e -Mg. A diminuição da matéria seca da planta inteira sob omissão de quaisquer macronutrientes, exceto S, foi reflexo da redução do número de folhas e da matéria seca da raiz, que influenciaram diretamente os processos fotossintéticos e de absorção de nutrientes. Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Desenvolvimento e estado nutricional da beterraba em função da omissão de nutrientes O teor de N na matéria seca da parte aérea foi maior em plantas cultivadas com omissão de K (59,5 g kg-1) enquanto na solução completa constatou-se 32,9 g kg-1 (Tabela 2). Os teores de N, P, K, Ca, Mg e S foram maiores em plantas cultivadas, respectivamente, sob solução nutritiva com omissão de K; -N; completa; -N, P e -K; exceto na -Mg e na completa, P, -K e -Ca (Tabela 2). Em solução completa, a sequência decrescente de macronutrientes, quanto ao teor foliar, foi K, N, Ca, Mg, P e S. O K manteve-se como o nutriente em maior teor na planta em soluções com omissões de macronutrientes, exceto quando encontrava-se omisso na solução. Na raiz, na solução completa a sequência de teores diferiu da observada na parte aérea, tendo sido constatado: K > N > P > Ca > Mg >S. Souza et al. (2006) utilizando a mesma cultivar, em condições de campo, em MossoróRN, observaram que o K e o N foram os nutrientes mais absorvidos pela cultura. Pode-se observar que no presente trabalho o P na raiz foi o terceiro macronutriente em maior concentração, enquanto na parte aérea o quinto. A maior exigência de P na raiz tuberosa se deve a sua função, que é de promover um crescimento rápido e contínuo deste órgão (Filgueira, 1982). Os elevados teores de K na parte aérea e na raiz tuberosa de beterraba confirmam a importância deste nutriente para plantas armazenadoras de reserva em órgãos subterrâneos, conforme relatado por Filgueira (1993), Perrenoud (1993) e Souza et al. (2006), o que faz dele o nutriente mais extraído pela planta, para translocação de açúcares e síntese de amido e requerido para a obtenção de produções elevadas de tubérculos (Westermann et al., 1994). De acordo com os teores dos nutrientes apresentados na Tabela 2, verificase que com a omissão de N as maiores alterações foram observadas no teor de P na parte aérea e Mg na raiz. Enquanto na solução completa os teores de P e Mg foram 9 e 2,4 g kg-1, respectivamente; a omissão de N causou aumento de 166% no teor de P na parte aérea e de 175% no teor de Mg na raiz, cujos teores corresponderam a 24 g kg-1 de P e 6,6 g kg-1 de Mg. Sob -P, maiores alterações foram observadas nos teores de K na parte aérea e na raiz, que reduziram de Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 126 para 48,5 e de 63 para 24,1 g kg-1, ou seja, cerca de 62% de decréscimo nas concentrações do nutriente quando cultivou-se a planta em solução completa. A omissão de K provocou elevação significativa nos teores de N na parte aérea e na raiz, de 81% (32,9 para 59,5 g kg-1) e 84% (27,8 para 51,1 g kg-1), respectivamente. A omissão de Ca promoveu expressiva redução (41%) de K (63,0 para 37,2 g kg-1), na raiz e elevação de 37% do teor de N na parte aérea (35,9 para 45,1 g kg-1). Com a omissão de Mg a maior alteração foi no teor de P na parte aérea, que aumentou em 38% (9 para 12,4 g kg-1) e de 42% do teor de N na raiz (27,8 para 39,4 g kg-1), e no teor de K na raiz, que reduziu em 55% (63,0 para 28,6 g kg-1), enquanto a omissão de S reduziu respectivamente em 49% e 35% o teor de K na parte aérea (126,0 para 82,5 g kg-1) e na raiz (63,0 para 32,2 g kg-1) em relação à solução completa. Cabe destacar que os teores dos macronutrientes na parte aérea do tratamento com solução nutritiva completa e com omissão foram respectivamente: N = 32,9 e 13,8; P = 9,0 e 0,8; K = 126,0 e 15,1; Ca = 12,0 e 1,0; Mg = 10,1 e 0,7; S = 3,6 e 1,2 g kg-1. Observou-se que a omissão dos nutrientes foi eficiente em induzir a deficiência, pois os teores ficaram abaixo da faixa considerada adequada por Trani & Raij (1997) (N=3050; P= 2-4, K=20-40; Ca= 25-35; Mg= 3-8; S= 2-4 g kg-1). Nota-se, ainda, que as plantas cultivadas na solução completa apresentaram teor de P, K e Mg acima da faixa considerada adequada por Trani & Raij (1997), ao passo que o teor de Ca esteve abaixo desta faixa. Este fato pode ser justificado pelo tecido vegetal coletado, pois Trani & Raij (1997) considera a folha recém-desenvolvida e do presente trabalho foi coletado a parte aérea. Assim, era esperado que a coleta de folhas da parte nova da planta tenha maior teor de nutrientes considerados móveis como P, K e Mg e menor de imóveis como o Ca. As omissões dos macronutrientes, especialmente do N, P, K e Ca causaram prejuízos no desenvolvimento da beterraba, diminuindo a altura, o número de folhas e a matéria seca (parte aérea e raiz), pois afetou a nutrição da hortaliça que refletiram em alterações morfológicas, traduzidas como sintomas característicos de deficiência nutricional de cada elemento. AGRADECIMENTOS À Cláudia Campos Della Marta, técnica do Laboratório de Nutrição de Plantas, da UNESP-Jaboticabal. REFERÊNCIAS BATAGLIA OC; FURLANI AMC; TEIXEIRA JPF; FURLANI PR; GALLO JR. 1983. Métodos de análise química de plantas. Campinas: Instituto Agronômico de Campinas. 48p. CAMARGO FILHO WP; MAZZEI AR. 2002. Mercado de beterraba em São Paulo. Informações Econômicas, São Paulo 32: 54-56. EPSTEIN E. 1975. Nutrição mineral de plantas, princípios e perspectivas. São Paulo: Universidade de São Paulo. 341p. FERREIRA MD; TIVELLI SW 1990. Cultura da beterraba: recomendações gerais. Guaxupé: COOXUPÉ. 14p. FILGUEIRA FAR. 1982. Manual de olericultura: cultura e comercialização de hortaliças. São Paulo: Ceres 357p. FILGUEIRA FAR. 1993. Nutrição mineral e adubação em bataticultura, no Centro-Sul. In: FERREIRA ME; CASTELLANE PD; CRUZ MC. (eds.). Nutrição e adubação de hortaliças. Piracicaba: ABPPF. p.401-428. FILGUEIRA FAR. 2000. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV. 401p. HOAGLAND DR; ARNON DI. 1950. The water culture method for growing plants without soils. Berkeley: California Agricultural Experimental Station. 347p. MALAVOLTA E; VITTI GC; OLIVEIRA SA. 1997. Avaliação do estado nutricional das plantas :princípios e aplicações. Piracicaba: POTAFOS. 319p. MARSCHNER, H. 1995. Mineral nutrition of higher plants. New York: Academic Press. 889p. MENGEL K; KIRKBY EA. 1987. Principles of plant nutrition. Bern, International Potash Institute. 687p. PERRENOUD S. 1993. Potato: fertilizers for yield and quality. Bern: International Potash Institute. 53p. SAEG. 2000. Sistema para análise estatística, versão 8.0, Viçosa-MG: Fundação Arthur Bernardes. SOUZA BS; GRANGEIRO LC; NEGREIROS MZ; BEZERRA NETO F; AZEVÊDO PE; OLIVEIRA SL; SERAFIM ECS; MEDEIROS MA. 2006. Acúmulo e exportação de nutrientes em beterraba. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 46. Resumos... Campo Grande: SOB (CD ROM). TRANI PE; RAIJ B. 1997. Hortaliças. In: RAIJ B; CANTARELLA H; QUAGGIO JA; FURLANI AMC (eds) Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico/ Fundação IAC. p. 157-163. WESTERMANN DT; TINDALL TA; JAMES DW; HURST RL. 1994. Nitrogen and potassium fertilization of potatoes: yield and specific gravity. American Potato Journal 71: 417-432. 295 normas NORMAS PARA PREPARAÇÃO E SUBMISSÃO DE TRABALHOS GUIDELINES FOR PREPARATION AND SUBMISSION OF PAPERS O periódico Horticultura Brasileira é a revista oficial da Associação Brasileira de Horticultura. Horticultura Brasileira destina-se à publicação de artigos técnico-científicos que envolvam hortaliças, plantas medicinais, condimentares e ornamentais e que contribuam significativamente para o desenvolvimento desses setores. O periódico Horticultura Brasileira é publicado a cada três meses. Os artigos podem ser enviados e/ou publicados em português, inglês ou espanhol. Para publicar em Horticultura Brasileira é necessário que o primeiro autor do trabalho seja membro da Associação Brasileira de Horticultura e esteja em dia com o pagamento da anuidade. Os trabalhos enviados para Horticultura Brasileira devem ser originais, ainda não relatados ou submetidos à publicação em outro periódico ou veículo de divulgação. Está também implícito que os aspectos éticos e o atendimento à legislação vigente do copyright tenham sido observados durante o desenvolvimento do trabalho. Após a submissão à Horticultura Brasileira e até o final de sua tramitação, é vedada a submissão do trabalho, em todo ou em parte, a qualquer outro periódico ou veículo de divulgação. Caso o trabalho seja aceito para publicação, Horticultura Brasileira adquire o direito exclusivo de copyright para todas as línguas e países. Não é permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos publicados sem autorização por escrito da Comissão Editorial. O periódico Horticultura Brasileira é composto das seguintes seções: 1. Artigo convidado: tópico de interesse atual, a convite da Comissão Editorial; 2. Carta ao Editor: assunto de interesse geral. Será publicada a critério da Comissão Editorial que poderá, ainda, submetê-la ao processo de revisão; 3. Pesquisa: artigo relatando informações provenientes de resultados originais de pesquisa obtidos por meio de aplicação rigorosa de metodologia científica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada; 4. Comunicação Científica: comunicação ou nota científica relatando informações originais resultantes de observações de campo ou provenientes de experimentos menos complexos, realizados com aplicação rigorosa de metodologia científica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada; 5. Página do Horticultor: trabalho original referente a resultados de utilização imediata pelo setor produtivo como, por exemplo, ensaios originais com agrotóxicos, fertilizantes ou competição de cultivares, realizados com aplicação rigorosa de metodologia científica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada; 6. Nova Cultivar: relato de novas cultivares e germoplasma, contendo origem, descrição e disponibilidade, com dados comparativos. Horticultura Brasileira is the official journal of the Brazilian Association for Horticultural Science. Horticultura Brasileira publishes papers on vegetable crops, medicinal and condimental herbs, and ornamental plants. Papers that give a significant contribution to the scientific and technological development of horticultural crops are highly appreciated. Horticultura Brasileira is published quarterly and accepts and/ or publishes papers in English, Portuguese, and Spanish. For the paper to be eligible for publication, first author must be member of the Brazilian Association for Horticultural Science. Horticultura Brasileira publishes original papers, which have not been submitted to publication elsewhere. It is implicit that ethical aspects and fully compliance with the copyright laws were observed during the development of the work. From submission up to the end of the reviewing process, partial or total submission elsewhere is forbidden. With the acceptance for publication, publishers acquire full and exclusive copyright for all languages and countries. Unless the publishers grant special permission, no photographic reproductions, microform, and other reproduction of a similar nature may be made of the journal, of individual contributions contained therein or of extracts therefrom. Horticultura Brasileira has the following sections: 1. Invited paper: papers dealing with topics that arouse interest, invited by the Editorial Board; 2. Letter to the Editor: deals with a subject of general interest. The Editorial Board makes a preliminary evaluation and can accept or reject it, as well as submit it to the reviewing process; 3. Research: paper describing an original study, carried out under strict scientific methods. The reproducibility of studies should be clearly demonstrated; 4. Scientific Communication: communication or scientific note, reporting field observations or results of less complex original studies, carried out under strict scientific methods. The reproducibility of studies should be clearly demonstrated; 5. Grower’s page: original communication or short note describing information readily usable by farmers, as for example, results from studies regarding the evaluation of pesticides, fertilizers, or cultivar comparative performance. Such studies must have been carried out under strict scientific methods and their reproducibility should be clearly demonstrated; 6. New Cultivar: communications or scientific notes reporting recent releases of cultivars and germplasm. It must include information on origin, description, seed availability, and comparative data. 296 Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Submissão dos trabalhos O texto deve ser composto em programa Word 6.0 ou versão superior, em espaço 1,5, fonte Times New Roman, tamanho doze. Páginas e linhas devem ser numeradas. Adicione ao final do texto todos os demais componentes do trabalho (figuras, tabelas e gráficos). Formate o arquivo para página A4 e toda as margens para 3 cm. Imprima e envie uma cópia. Inclua também um CD contendo o arquivo do trabalho. Imagens de baixa resolução não serão aceitas. Os trabalhos deverão ter no máximo 35.000 caracteres, excluindo os espaços. Se forem necessárias outras orientações quaisquer, entre em contato com a Comissão Editorial ou consulte os últimos números de Horticultura Brasileira. Os trabalhos submetidos entrarão em tramitação somente se: 1. estiverem acompanhados da anuência de todos os autores, que devem assinar a carta de encaminhamento ou a primeira página do trabalho. Caso um ou mais autores não possa(m) assinar, a razão deve ser mencionada na carta de encaminhamento. Neste caso, o autor correspondente deverá se responsabilizar pela(s) anuência(s) faltante(s). Mensagens eletrônicas da anuência ou cópias gráficas destas serão aceitas, desde que indubitavelmente enviadas da conta eletrônica de quem as concedeu; 2. estiverem em total acordo com estas normas; 3. forem considerados aptos para tramitação pelo Editor Associado. Quando aceito para tramitação, o autor correspondente receberá uma mensagem eletrônica e será solicitado o recolhimento da taxa de tramitação, no valor de R$ 55,00. Trabalhos rejeitados não serão devolvidos. A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Título: limitado a quinze palavras ou 90 caracteres, excluindo os espaços. Utilize nomes científicos somente quando não existirem nomes comuns correspondentes no idioma em que o trabalho foi escrito; 2. Nome dos autores: nome completo dos autores, abreviando-se os sobrenomes intermediários, mas evitando abreviar os nomes próprios, mesmo quando compostos. Por exemplo, Luiz Felipe Andrade Monteiro deve aparecer como Luiz Felipe A Monteiro. A exceção são os sobrenomes compostos como, por exemplo, Castelo Branco, quando ambos devem aparecer por extenso. Use números sobrescritos para relacionar autores a endereços (consulte o padrão nos artigos publicados nos últimos números de Horticultura Brasileira); 3. Endereço dos autores: nome da Instituição e Departamento, quando for o caso, com endereço completo para correspondência. Inclua o endereço eletrônico dos autores. Utilize números sobrescritos para relacionar os endereços aos autores (consulte o padrão nos artigos publicados nos últimos números de Horticultura Brasileira); 4. Resumo: em português ou espanhol com palavraschave ao final. O resumo deve ter no máximo 1700 caracteres (excluídos os espaços). As palavras-chave, no máximo seis, devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s) científico(s) da(s) espécie(s) em questão. Não repita termos que já estejam no título; Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 Manuscript submission Prepare your text in Word® 6.0 or superior, in 1,5 space, font Times New Roman 12 points, with pages and lines numbered. Add images, figures, tables, and charts to the end of your text and compile all files (text, figures, tables, and charts) in a single document. Format the document for A4 page, 3-cm margins. Print and submit a hard copy. Send along a CD-ROM containing a copy of the file. Low-resolution images are not adequate for publication. The file must not exceed 35,000 characters, excluding spaces. If further information is needed, please contact the Editorial Board or refer to the recently released issues. A paper will be eligible for the reviewing process if: 1. accompanied by a signed agreement-on-publishing from all authors. A signature on the first page of the original paper or on the submission letter is accepted. In case one or more authors can not sign it, the reason(s) must be stated in the submission letter. In this case, the corresponding author takes the responsibility. Electronic messages or their hardcopies with the agreement-on-publishing are accepted when sent from an electronic account unequivocally managed by the agreeing author; 2. in full compliance to these guidelines; 3. the Associate Editor considered it adequate for peer reviewing. When accepted for reviewing, the corresponding author will receive an e-mail alert, along with instructions for paying the processing fee (BRL $ 55,00). Rejected papers will not be returned to the author(s). Papers published in Horticultura Brasileira have the following format: 1. Title: limited to 15 words or 90 characters, excluding spaces. Use scientific names only when there is no common name in the idiom used in the paper; 2. Name of authors: Author(s) name(s) in full. Abbreviate only middle family names. Do not abbreviate Christian names. For example, Anne Marie Sullivan Radford should appear as Anne Marie S Radford. Use superscript numbers to relate authors to addresses. Please refer the most recent issues of Horticultura Brasileira for formatting; 3. Addresses: Name of the Institution and Department, if applicable, with full corresponding post address for all authors. Include authors´ e-mail addresses. Use superscript numbers to relate addresses to authors. Please refer the most recent issues of Horticultura Brasileira for formatting; 4. Abstract and keywords: abstract limited to 1,700 characters (excluding spaces). Select up to six keywords, starting with the scientific names of the organism(s) the study deals with. Do not repeat words that are already in the title; 5. Abstract, title and keywords in Portuguese or Spanish: abstract, title and keywords in Portuguese or Spanish must be adequate versions of their similar in English. Horticultura Brasileira will provide Portuguese versions for non-Portuguese speaking authors; 297 5. Abstract: em inglês, acompanhado de título e keywords. Abstract, título em inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus similares em português ou espanhol. Assim como o resumo, o abstract deve ser limitado a 1700 caracteres (excluídos os espaços); 6. Introdução; 7. Material e Métodos; 8. Resultados e Discussão; 9. Agradecimentos, quando for o caso; 10. Referências: sugere-se não mais do que 30 referências bibliográficas, a maioria com publicação recente (até dez anos). Casos excepcionais serão considerados, desde que devidamente justificados na carta de submissão do trabalho. Todas as referências deverão ter sido citadas no texto. Evite a citação de resumos de congresso; 11. Figuras e tabelas: o limite para cada categoria (figuras, tabelas e gráficos) é três, com limite geral de cinco. Casos excepcionais serão considerados, desde que devidamente justificados na carta de submissão do trabalho. Por favor, verifique se figuras, tabelas e gráficos não estão redundantes. Enunciados e rodapés devem ser bilíngues. Os enunciados devem ser encerrados sempre, nesta ordem, com o local, instituição responsável e ano(s) de realização do trabalho. Este roteiro deverá ser utilizado para a seção Pesquisa. Para as demais seções veja padrão de apresentação nos artigos publicados nos últimos números de Horticultura Brasileira. Para maior detalhamento consulte os números mais recentes de Horticultura Brasileira, disponíveis também nos sítios eletrônicos www.scielo.br/hb e www.abhorticultura.com.br/Revista. Prefira a citação bibliográfica no texto entre parênteses, como segue: (Resende & Costa, 2005). Quando houver mais de dois autores, utilize a expressão latina et alli abreviada, em itálico, como segue: (Melo Filho et al., 2005). Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, diferencie-os por uma letra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho, como segue: 2005a, 2005b, no texto e nas referências. Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), em anos diferentes, separe os anos por vírgula, como segue: (Inoue-Nagata et al., 2003, 2004). Quando vários trabalhos forem citados em série, utilize a ordem cronológica de publicação. Na seção Referências, organize os trabalhos em ordem alfabética pelo sobrenome do primeiro autor. Quando houver mais de um trabalho citado cujos autores sejam exatamente os mesmos, utilize a ordem cronológica de publicação. Utilize o padrão internacional na seção Referências, conforme os exemplos: a) Periódico MADEIRA NR; TEIXEIRA JB; ARIMURA CT; JUNQUEIRA CS. 2005. Influência da concentração de BAP e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa. Horticultura Brasileira 23: 982-985. b) Livro FILGUEIRA FAR. 2000. Novo manual de olericultura. Viçosa: UFV. 402p. 298 6. Introduction; 7. Material and Methods; 8. Results and Discussion; 9. Acknowledgements, when applicable; 10. References: authors are asked to not exceed 30 bibliographic references. Make sure that at least half of the references were published recently (up to 10 years). Exceptional cases will be considered, regarding that authors mention their reasons at the submission letter. Avoid citing conference abstracts; 11. Figures and tables: the limit for tables, figures, and charts is three for each, with a total limit of five. Exceptional cases will be considered, regarding that authors mention their reasons at the submission letter. Please, make sure that tables, figures, and charts are not redundant. Titles and footnotes must be bilingual. Titles should always be finished by presenting, in this sequence, place, responsible institution, and year(s) of data gathering. This structure will be used for the Research section. For other sections, please refer to the most recent issues of Horticultura Brasileira, available also at www.scielo.br/hb e www.abhorticultura.com.br/Revista. Bibliographic references within the text should be cited as (Resende & Costa, 2005). When there are more than two authors, use the Latin expression et alli in its reduced form, in italics, as follows: (Melo Filho et al., 2005). References to studies done by the same authors in the same year should be differentiated in the text and in the list of References by the letters a, b, etc., as for example: 1997a, 1997b. In citations involving more than one paper from the same author(s) published in different years, separate years with commas: (Inoue-Nagata et al., 2003, 2004). When citing papers in tandem in the text, sort them chronologically. In the section References, order citations alphabetically, according to first author’s family name, without numbering. When there is more than one paper from exactly the same authors, list them chronologically. References should appear accordingly to the international format, as follows: a) Journal GARCIA-GARRIDO JM; OCAMPO JA. 2002. Regulation of the plant defense response in arbuscular mycorrhizal symbiosis. Journal of Experimental Botany 53: 1377-1386. b) Book BREWSTER JL. 1994. Onions and other vegetable alliums. Wallingford: CAB International. 236p. c) Book chapter ATKINSON D. 2000. Root characteristics: why and what to measure? In: SMIT AL; BENGOUGH AG; ENGELS C; van NORDWIJK M; PELLERIN S; van de GEIJN SC (eds). Root methods: a handbook. Berlin: Springer-Verlag. p. 1-32. d) Thesis DORLAND E. 2004. Ecological restoration of heaths and matgrass swards: bottlenecks and solutions. Utrecht: Utrecht University. 86p (Ph.D. thesis). Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 c) Capítulo de livro FONTES EG; MELO PE de. 1999. Avaliação de riscos na introdução no ambiente de plantas transgênicas. In: TORRES AC; CALDAS LS; BUSO JA (eds). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica/Embrapa Hortaliças. p. 815-843. d) Tese SILVA C. 1992. Herança da resistência à murcha de Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: USP – ESALQ. 72p (Tese mestrado). e) Trabalhos completos apresentados em congressos (quando não incluídos em periódicos): Anais HIROCE R; CARVALHO AM; BATAGLIA OC; FURLANI PR; FURLANI AMC; SANTOS RR; GALLO JR. 1977. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4. Anais... Salvador: SBF. p. 357-364. CD-ROM AQUINO LA; PUIATTI M; PEREIRA PRG; PEREIRA FHF. 2004. Espaçamento e doses de N na produtividade e qualidade do repolho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 44. Resumos... Campo Grande: SOB (CDROM). f) Trabalhos apresentados em meio eletrônico: Periódico KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not just online journalism. APS News Online. Disponível em http:/ /www.hps.org/hpsnews/19065.html. Acessado em 25 de novembro de 1998. Trabalhos completos apresentados em congresso SILVA RW; OLIVEIRA R. 1996. Os limites pedagógicos do paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4. Anais eletrônicos... Recife: UFPe. Disponível em: http:// www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm. Acessado em 21 de janeiro de 1997. Sítios eletrônicos USDA - United States Department of Agriculture. 2004, 15 de novembro. World asparagus situation & outlook. Disponível em http://www.fas.usda.gov/ Em caso de dúvidas, entre em contato com a Comissão Editorial ou consulte os números mais recentes de Horticultura Brasileira. Processo de tramitação Os artigos serão submetidos à Comissão Editorial, que fará uma avaliação preliminar (escopo do trabalho, atendimento às normas de publicação, qualidade técnica e qualidade do texto). A decisão da Comissão Editorial (adequado para tramitação, ou não adequado) será comunicada ao autor de correspondência por via eletrônica. Caso sejam necessárias modificações, os autores poderão submeter uma nova versão para avaliação. Caso a tramitação seja aprovada, a Comissão Editorial encaminhará o trabalho a dois assessores ad hoc, Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 e) Full papers presented in conferences (when not included in referred journals) Proceedings HIROCE R; CARVALHO AM; BATAGLIA OC; FURLANI PR; FURLANI AMC; SANTOS RR; GALLO JR. 1977. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4. Anais... Salvador: SBF. p. 357-364. CD-ROM AQUINO LA; PUIATTI M; PEREIRA PRG; PEREIRA FHF. 2004. Espaçamento e doses de N na produtividade e qualidade do repolho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 44. Resumos... Campo Grande: SOB (CDROM). f) Papers published in electronic media Journal KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not just online journalism. APS News Online. Available in http:// www.hps.org/hpsnews/19065.html. Accessed in November 25, 1998. Full papers presented in conferences SILVA RW; OLIVEIRA R. 1996. Os limites pedagógicos do paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4. Anais eletrônicos... Recife: UFPe. Available in http:// www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm. Accessed in January 21, 1997. Electronic Sites USDA - United States Department of Agriculture. 2004, November 15. World asparagus situation & outlook. Available in http://www.fas.usda.gov/ For further orientation, please contact the Editorial Board or refer to the most recent issues of Horticultura Brasileira. The reviewing process Manuscripts are submitted to the Editorial Board for a preliminary evaluation (scope, adherence to the publication guidelines, technical quality, and command of language). The Editorial Board decision (adequate for reviewing, not adequate) will be e-mailed to the correspondence author. If modifications are needed, the author may submit a new version. If the manuscript is adequate for reviewing, the Editorial Board forwards it to two ad hoc reviewers of the specific research area. As soon as they evaluate the manuscript, it is sent to a related Scientific Editor. The Scientific Editor analyzes the manuscript and forwards it back to the Editorial Board, (1) recommending it for publication, (2) suggesting modifications or (3) do not recommending for publication. In situations 1 and 3, the manuscript is reviewed by the Associate Editor, who holds the responsibility for the final decision. In situation 2, the manuscript is returned to the author(s), who, based on the suggestions, produces a new version, which is forwarded to the Editorial Board. Following, the Scientific Editor checks the new version and recommend it or not for 299 especialistas na área em questão. Tão logo haja dois pareceres, o trabalho é enviado a um dos Editores Científicos da área, que emitirá seu parecer: (1) recomendado para publicação, (2) necessidade de alterações ou (3) não recomendado para publicação. Nas situações 1 e 3, o trabalho é encaminhado ao Editor Associado. Na situação 2, o trabalho é encaminhado aos autores, que devem elaborar uma nova versão. Esta é enviada à Comissão Editorial, que a remeterá ao Editor Científico para avaliação. O Editor Científico poderá recomendar ou não a nova versão. Em ambos os casos, o trabalho é remetido para o Editor Associado, que emitirá o parecer final. A Comissão Editorial encaminhará o parecer para os autores. Nenhuma alteração é incorporada ao trabalho sem a aprovação dos autores. Após o aceite em definitivo do trabalho, o autor de correspondência receberá uma cópia eletrônica da prova tipográfica, que deverá ser devolvida à Comissão Editorial em 48 horas. Nesta fase não serão aceitas modificações de conteúdo ou estilo. Alterações, adições, deleções e edições implicarão em novo exame do trabalho pela Comissão Editorial. Erros e omissões presentes no texto da prova tipográfica corrigido e devolvido à Comissão Editorial são de inteira responsabilidade dos autores. Horticultura Brasileira não adota a política de distribuição de separatas. Idioma de publicação Em qualquer ponto do processo de tramitação, os autores podem manifestar seu desejo de publicar o trabalho em um idioma distinto daquele em que foi escrito, desde que o idioma escolhido seja um dos três aceitos em Horticultura Brasileira, a saber, espanhol, inglês e português. Neste caso, os autores tanto podem providenciar a tradução da versão final aprovada para o idioma desejado, quanto autorizar a Comissão Editorial a providenciá-la. Se a versão traduzida fornecida pelos autores não apresentar o padrão idiomático requerido para publicação, a Comissão Editorial encaminhará o texto para uma revisão especializada. Todos os custos decorrentes de tradução e revisão idiomática serão cobertos pelos autores. Os originais devem ser enviados para: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70.359-970 Brasília – DF Tel.: (0xx61) 3385-9088/9049 Fax: (0xx61) 3556-5744 E-mail: [email protected] Assuntos relacionados a mudanças de endereço, filiação à Associação Brasileira de Horticultura (ABH), pagamento de anuidade, devem ser encaminhados à Diretoria da ABH, no seguinte endereço: Associação Brasileira de Horticultura IAC - Centro de Horticultura Caixa Postal 28 13.001-970 Campinas – SP Tel./Fax: (0xx19) 3241 5188 ramal 374 E-mail: [email protected] 300 publication. In both cases, it is sent to the Associate Editor, for the final decision. The Editorial Board informs authors about the final decision. No modifications are incorporated to the manuscript without the approval of the author(s). Once the paper is accepted, an electronic copy of the galley proof is sent to the correspondence author who should make any necessary corrections and send it back within 48 hours. Extensive text corrections, whose format and content have already been approved for publication, will not be accepted. Alterations, additions, deletions and editing imply that a new examination of the manuscript will be made by the Editorial Board. Authors are held responsible for any errors and omissions present in the text of the corrected galley proof that has been returned to the Editorial Board. No offprint is supplied. The publishing idiom In any point of the reviewing process, authors can indicate their will on publishing in a language other than the one originally used to submit the paper, considering that the choice falls into one of the three idioms accepted in Horticultura Brasileira, namely English, Portuguese, and Spanish. In this case, authors can either produce a translated version of the approved paper, or authorize the Editorial Board to forward it to translating. If the translated version provided by authors is below the idiomatic standard required for publication, the Editorial board will redirect the text for specialized reviewing. All costs related to translating and idiomatic reviewing are charged to authors. Manuscripts should be addressed to: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70.359-970 Brasília – DF Brazil Phone: 00 55 (61) 3385-9049/9088 Fax: 00 55 (61) 3556-5744 E-mail: [email protected] Change in address, membership in the Brazilian Association for Horticultural Science (ABH), and payment of fees related to the ABH should be addressed to: Associação Brasileira de Horticultura IAC - Centro de Horticultura Caixa Postal 28 13.001-970 Campinas – SP Brazil Phone/Fax: 00 55 (19) 3241-5188 extension 374 E-mail: [email protected] Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 A homenagem da ABH ao centenário da imigração japonesa no Brasil A Revista Horticultura Brasileira dedica a capa desta edição ao centenário da emigração japonesa no Brasil. Vários eventos em homenagem a esse fato histórico estão sendo realizados em todo o país e no Japão. O ponto máximo das comemorações foi o dia 18 de junho passado, data que marca a chegada do navio Kasato Maru ao porto de Santos, há exatamente 100 anos, trazendo os 785 imigrantes pioneiros. Nos primeiros dez anos da imigração aproximadamente quinze mil japoneses chegaram ao Brasil. Eles vieram para suceder os imigrantes italianos nas lavouras paulistas de café, com a esperança de enriquecer em curto prazo e voltar para sua terra natal. Porém, a realidade se mostrou dife- rente e logo se depararam com muitas barreiras, a começar pela língua, além dos costumes, religião, clima, hábitos alimentares e, até mesmo, o preconceito, que dificultaram enormemente a integração deles no país. Por sua vez, a cultura do café, de ciclo longo e sem proporcionar rapidez de retorno, mostrou-se inadequada para os imigrantes. A habilidade de muitos desses agricultores imigrantes para cultivar frutas e hortaliças é apontada como um dos fatores decisivos de fixação definitiva no país. Ao perceberem que a demanda por alimentos mostrava tendência de crescimento em virtude da expansão dos centros urbanos brasileiros, em especial da capital paulista, trocaram a lavoura de café pelo cultivo de hortaliças e frutas. No início da década de 1910, o preço desses produtos altamente perecíveis era proibitivo nos mercados paulistanos, segundo relatos existentes. Data dessa época a formação de colônias agrícolas na zona periurbana e em municípios próximos da capital paulista, onde os imigrantes japoneses passaram a se dedicar à produção de hortaliças em pequenas áreas, conduzidas por mão-deobra familiar e com retorno em curto prazo. Desse modo, pode ser creditada aos imigrantes japoneses a concepção e criação do conceito de cinturão-verde no país. Com a expansão da produção de hortaliças e frutas no final da década de 1910, os imigrantes começaram a se organizar em grupos e, em poucos anos, estavam implantando pioneiramente no país o conceito de cooperativa agrícola. O cooperativismo propiciou aos agricultores imigran- Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 tes o aumento do poder de negociação de seus produtos, barateou a compra de insumos agrícolas e facilitou a elaboração de contratos de financiamento de capital. A Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), oficialmente fundada em 1927 e dissolvida em 1994, foi a mais importante das cooperativas agrícolas criadas pela união de agricultores imigrantes japoneses. Seguindo o exemplo da CAC, diversas outras cooperativas surgiram e tornaram-se ícones da coletividade nipo-brasileira. A saga dos imigrantes japoneses no Brasil é uma história de superação, pois com muita luta e sacrifício foram vencendo as adversidades e prosperaram em terras brasileiras, nos mais diferentes ramos da economia. Para os historiadores, a convicção dos imigrantes de priorizar a educação de seus descendentes como forma de facilitar a sua integração à sociedade brasileira contribuiu, sobremaneira, para a conquista de posições de destaque em todas as profissões e na ciência e tecnologia do Brasil. Grande parte das transformações e da modernização do setor agrícola brasileiro é atribuída aos imigrantes japoneses e aos seus descendentes, que abriram novas fronteiras agrícolas e tornaram o agronegócio brasileiro pujante e respeitado em todo o mundo. O panorama atual da olericultura brasileira também seria outro, sem a incomensurável contribuição da colônia japonesa, tanto na área de tecnologia de produção, ensino, pesquisa, extensão, quanto no suprimento de insumos e máquinas agrícolas. Do início da década de 1960 aos dias de hoje, a pesquisa com hortaliças no Brasil deu um salto monumental nas áreas do melhoramento genético, biotecnologia, fitotecnia, fitopatologia e entomologia graças, em grande parte, às pesquisas conduzidas por nomes como Alice Nagata, Akira Mizubuti, Chukichi Kurosawa, Hasime Tokeshi, Hiroshi Ikuta, Hiroshi Kimati, Hiroshi Nagai, Hiroshi Noda, José Luís Susumu Sasaki, José Usan B. Torres Filho, Júlio Nakagawa, Kiyoshi Ishida, Marie Yamamoto, Nozomu Makishima, Ossami Furumoto, Rumy Goto, Tiyoko Nair Hojo Rebouças, Shizuo Seno, Tosiaki Kimoto, Valter Issao Banja, Yoshihiko Horino, entre outros. Sem dúvida, suas contribuições científicas e tecnológicas permitiram os avanços e o desenvolvimento do agronegócio de hortaliças do Brasil. Atualmente, o Brasil é o país com a maior população de japoneses fora do Japão. Plenamente integrados à cultura brasileira, os japoneses trouxeram, junto com a vontade de trabalhar, sua arte, gastronomia, costumes, língua, crenças e conhecimentos, contribuindo admiravelmente para o enriquecimento sociocultural do nosso país. A Associação Brasileira de Horticultura (ABH), em nome de seus associados, muitos deles descendentes de japoneses, presta essa homenagem aos imigrantes pioneiros e a todas as gerações de seus descendentes por suas efetivas contribuições ao progresso e desenvolvimento econômico da olericultura nacional. Paulo César Tavares de Melo Presidente da ABH 301