do arquivo - Associação Brasileira de Horticultura

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ISSN 0102-0536
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HORTICULTURA
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Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
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Programa de apoio a publicações científicas
Horticultura Brasileira, v. 1 n.1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983
Trimestral
Títulos
anteriores:
V.
V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura.
1-3,
1961-1963,
Olericultura.
Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969.
Editoração e arte/Composition
Luciano Mancuso da Cunha
Revisão de inglês/English revision
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Revisão de espanhol/Spanish revision
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Tiragem/printing copies
1.700 exemplares
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Periodicidade até 1981: Anual.
de 1982 a 1998: Semestral
de 1999 a 2001: Quadrimestral
a partir de 2002: Trimestral
ISSN 0102-0536
1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Associação Brasileira de
Horticultura.
CDD 635.05
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Volume 26 número 2
abril-junho 2008
ISSN 0102-0536
SUMÁRIO/CONTENT
* Artigos em inglês com resumo em português
Articles in English with an abstract in Portuguese
CARTA DO EDITOR / EDITOR'S LETTER
137
PESQUISA / RESEARCH
Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas
Leaf area and aboveground biomass estimates in peach palm using allometric relationships
A Ramos; MLA Bovi; MV Folegatti; AV Diotto
Potencial fisiológico de sementes de brássicas com ênfase no teste de envelhecimento acelerado
Physiological potential of Brassica seeds with emphasis to the accelerated aging test
CJ Costa; MB Trzeciak; FA Villela
Desempenho de taro em função de doses de cama de aviário, sob sistema orgânico de produção
Performance of organically grown taro in relation to poultry litter doses
FL Oliveira; JGM Guerra; DL Almeida; RLD Ribeiro; EE Silva; VV Silva; JAA Espindola
Fenologia e rendimento do inhame em função do período de repouso fisiológico dos rizomas-semente*
Yield and phenology of yam as affected by the physiological rest period of seed-rhizomes*
AP Oliveira; MF Moura; EU Alves; AU Alves; ANP Oliveira; FAP Leonardo; IS Cruz
Interação entre alface e tomateiro consorciados em ambiente protegido, em diferentes épocas
Interaction between lettuce and tomato plants, in intercropping cultivation, established at different times, under protected cultivation
AB Cecílio Filho; BLA Rezende; JC Barbosa; AL Feltrim; GS Silva; LC Grangeiro
Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor e desempenho das plantas em campo
Hydropriming seed treatment and plant field performance
JM Filho; ALP Kikuti
Conservação pós-colheita de frutos de pimentão sob diferentes condições de armazenamento e filmes
Postharvest conservation of bell pepper fruits under different storage conditions and films
CMA Morgado; JF Durigan; J Sanches; VC Galati; FO Ogassavara
Efeito da adubação foliar com KNO3 na aclimatização de bromélia cultivada in vitro
Effect of foliar KNO3 fertilization in the acclimatization of bromeliads grown in vitro
AR Tavares; P Giampaoli; S Kanashiro; FFA Aguiar; EP Chu
Influência do sistema de condução do tomateiro sobre a incidência de doenças e insetos-praga
Influence of the training systems of tomato plants on the incidence of diseases and insect-pests
AF Wamser; WF Becker; JP Santos; S Mueller
Qualidade de mudas de alface em função de substratos com e sem biofertilizante
Quality of lettuce seedlings depending on substrates with and without biofertilizer addition
DC Medeiros; KCS Freitas; FS Veras; RSB Anjos; RD Borges; JG Cavalcante Neto; GHS Nunes; HA Ferreira
Adubação nitrogenada e potássica do Aster ericoides cultivado em ambiente protegido
Nitrogen and potassium fertilization of Aster ericoides cultivated in greenhouse
MS Camargo; SC Mello; QAC Carmello
Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da traça-das-crucíferas*
Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback moth*
D Pratissoli; RA Polanczyk; AM Holtz; LP Dalvi; AF Silva; LN Silva
Desempenho de cultivares de melão rendilhado em função do sistema de cultivo
Performance of net melon cultivars depending on the cultivation system
PF Vargas; R Castoldi; HCO Charlo; LT Braz
Métodos de determinação da disponibilidade de cobre em substratos
Copper availability determination in substrates
AL Padua Junior; CA Abreu; PR Furlani; MF Abreu
Produtividade e qualidade de frutos de meloeiro variando número de frutos e de folhas por planta
Yield and quality of muskmelon fruits varying fruit and leaf numbers per plant
RCF Queiroga; M Puiatti; PCR Fontes; PR Cecon
Avaliação de coberturas mortas em cultura de alface sob manejo orgânico
Evaluation of mulches on organically grown lettuce
FF Oliveira; JGM Guerra; DL Almeida; RLD Ribeiro; JAA Espindola; MSF Ricci; MB Ceddia
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
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Volume 26 número 2
abril-junho 2008
Resistência de genótipos de batata (Solanum spp.) a Bemisia tabaci biótipo B*
Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype B*
MS Silva; AL Lourenção; JAC Souza-Dias; HS Miranda Filho; VJ Ramos; EA Schammass
Produção e acúmulo de nitrato em alface em função do fornecimento de nitrogênio e da adubação orgânica*
Nitrate production and accumulation in lettuce as affected by mineral Nitrogen supply and organic fertilization*
ML Pôrto; JC Alves; AP Souza; RC Araújo; JA Arruda
221
227
COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA / SCIENTIFIC COMMUNICATION
Qualidade do tomate de mesa em diferentes etapas, da fase de pós-colheita
Tomato quality in different postharvest phases
MD Ferreira; ATO Franco; ACO Ferraz; GGT Carmargo; M Tavares
Produtividade e qualidade de frutos de melão pele-de-sapo em duas densidades de plantio
Fruit yield and quality of Piel de Sapo melon in two planting densities
GHS Nunes; EWL Pereira; R Sales Júnior; F Bezerra Neto; KC Oliveira; LX Mesquita
Indução de resistência à mosca minadora em crisântemo usando composto silicatado
Silicate compost used as resistance inductor against the leafminer on chrysanthemum
RA Polanczyk; D Pratissoli; HS Paye; VA Pereira; FLS Barros; RGS Oliveira; RR Passos; S Martins Filho
Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia
Use of medicinal plants by the population of Ariquemes, in Rondônia State, Brazil
MRA Santos; MR Lima; MGR Ferreira
Produção do feijão-fava e retorno econômico em função da adubação organomineral*
Lima beans production and economic revenue as function of organic and mineral fertilization*
AU Alves; AP Oliveira; AU Alves; CSM Dornelas; EU Alves; EA Cardoso; ANP Oliveira; IS Cruz
Estabelecimento de segmentos nodais de alecrim-pimenta in vitro*
In vitro establishment of pepper-rosmarin nodal segments*
AF Blank; AS Costa; MF Arrigoni-Blank; AB Mendonça; AS Ledo
Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da traça-das-crucíferas*
Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback moth*
D Pratissoli; RA Polanczyk; AM Holtz; LP Dalvi; AF Silva; LN Silva
Efeito da concentração da solução nutritiva no crescimento da alface em cultivo hidropônico-sistema NFT
Effects of the concentration of nutrient solution on lettuce growth in hydroponics-NFT system
NNélio Cometti; GCS Matias; E Zonta; W Mary; MS Fernandes
Controle de ferrugem na cultura do alho com uma nova mistura de fungicidas
Rust control in the garlic culture with a new mixture of fungicides
MDalla Pria; J Zagonel, EC Fernandes
Relações entre cátions trocáveis do solo e suas correlações com a qualidade de frutos de melão
Soil cationic ratios and its correlation with melon fruit quality
NO Miranda; JF Medeiros; SLA Levien
231
236
240
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255
259
262
268
271
PÁGINA DO HORTICULTOR / GROWER'S PAGE
Densidade de plantio de cultivares de cenoura para processamento submetidas à adubações química e orgânica
Planting density of carrot cultivars for industrialization under organic and chemical fertilization
JMQ Luz; IP Calábria; JV Vieira; B Melo; DG Santana; MAD Silva
Identificação e quantificação dos componentes de perdas de produção do tomateiro em ambiente protegido
Identification and quantification of tomato yield loss components in unheated greenhouse
RA Loos; DJH Silva; PCR Fontes; MC Picanço
Produção e renda bruta de mandioquinha-salsa em cultivo solteiro e consorciado com cebolinha e salsa*
Yield and gross income of arracacha in monocrop and intercropping with the Japanese bunching onion and parsley*
NAH Zárate; MC Vieira; J Rech; A Quast; BCA Pontim; RP Gassi
Desenvolvimento e estado nutricional da beterraba em função da omisão de nutrientes
Effect of macronutrient omission on growth and nutritional status on table beet
AU Alves; RM Prado; ARO Gondim; IM Fonseca; AB Cecílio Filho
276
281
287
292
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO / INSTRUCTIONS TO AUTHORS
296
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
carta do editor
Prezados,
No último número de Horticultura Brasileira afirmamos: “2008 é um ano especial para todos nós envolvidos com a
horticultura em geral e com a olericultura em particular, em virtude das comemorações relativas ao Ano Internacional da
Batata. Agora, re-afirmamos: 2008 é verdadeiramente um ano especial para nós! Homenageamos em nossa capa, na figura de
alguns, todos os descendentes de japoneses, que tanto contribuíram para a olericultura brasileira e para a Associação Brasileira de Horticultura.
Este também é um ano muito especial para a revista Horticultura Brasileira. Em 1o. de maio, fomos informados pela
Thomson Scientific que, a partir do volume 25 (2007), Horticultura Brasileira passou a ser indexada e ter seus abstracts
registrados pelo Science Citation Index Expanded (SciSearch®), uma das bases de indexação mais importantes no mundo.
Com isso, o conhecimento publicado através de Horticultura Brasileira pode ser recuperado a partir de ferrramentas de busca
como, por exemplo, a Web of Science®.
Isso não é tudo. Fomos incluídos também no Journal Citation Reports®, responsável pela mais importante lista de Fatores
de Impacto de periódicos no mundo. Assim, Horticultura Brasileira passa a fazer parte da elite da literatura científica mundial.
Não é pouco! Muito ao contrário, é uma grande conquista, cujos méritos compartilhamos com autores, assessores ad hoc e
editores, de ontem e de hoje.
Temos agora, todos nós, a responsabilidade de atingir um fator de impacto condizente com a qualidade técnica de Horticultura
Brasileira. Para tanto, voltamos a um dos temas da Carta do Editor do nosso último número: além da qualidade, um objetivo
que buscamos com obstinação, é preciso que publiquemos em inglês os trabalhos de apelo internacional. Aqui aproveitamos
para cumprimentar, de forma muito especial, aos autores que marcaram um recorde. Neste número, são sete os trabalhos
publicados em inglês.
Não nos esquecemos da submissão eletrônica. As opções disponíveis foram avaliadas e Horticultura Brasileira utilizará o
sistema adotado pela SciElo. Nossa expectativa é de que a submissão eletrônica já esteja operante para o volume 27 (2009).
Até o próximo número,
Comissão Editorial
Dearest,
In our last issue, we stated: “2008 is a special year for all of us working with horticulture in general, and vegetable
science in particular”, due to the celebrations related to the International Potato Year. Now, we stress it: 2008 is indeed a
special year! In our cover we pay homage, by means of some, to all Japanese descendents, who gave a huge contribution to
the Brazilian vegetable production chain and to the Brazilian Association of Vegetable Science.
2008 is also a very special year to Horticultura Brasileira. In May 1st, Thomson Scientific informed us that, from volume
25 (2007) ahead, Horticultura Brasileira started being indexed and abstracted by the Science Citation Index Expanded
(SciSearch®), one of the most important data bases worldwide. From now on, it is possible to recover the knowledge published
by means of Horticultura Brasileira using search engines such as the Web of Science®.
There is more! We were also included in the Journal Citation Reports®, which is in charge of the most important Impact
Factor rank for scientific journals in the world. It means that Horticultura Brasileira now belongs to the elite of the world
scientific literature. It is not few! On contrary, this is a significant triumph, whose merit we share with authors, referees, and
current and previous editors.
We all bear now the responsibility of reaching an Impact Factor consonant with Horticultura Brasileira quality standard.
To get there, let us recall some words stressed in our last Letter of the Editor: in addition to quality, a strong-minded focus of
the Editorial Board, we need to publish the papers of international interest in English. At this point, we take the opportunity
to greet the authors that scored a record. In this issue, we have seven papers published in English.
We did not forget the electronic submission process. The available options were already evaluated. Horticultura Brasileira
will use the system adopted by SciElo. We expect the electronic submission to be fully operational for volume 27 (2009).
See you in the next issue,
The Editorial Board
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
137
pesquisa
RAMOS A; BOVI MLA; FOLEGATTI MV; DIOTTO AV. 2008. Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas.
Horticultura Brasileira 26: 138-143.
Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio
de relações alométricas
Adriana Ramos1; Marilene Leão Alves Bovi2; Marcos Vinícius Folegatti3; Adriano Valentim Diotto4
1
Universidade Estadual de Santa Cruz, Rod Ilhéus-Itabuna, km 16, 45662-000 Ilhéus-BA; 2in memoriam; 3ESALQ, C. postal 9, 13418900 Piracicaba-SP; 4Suproser, Rua Igarassu, 108, 13484-023 Limeira-SP; [email protected]; [email protected];
[email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Relações alométricas para estimativa da área foliar e da biomassa total em pupunheiras (Bactris gasipaes Kunth) têm sido empregadas por diversos autores, sendo úteis especialmente em pesquisas
relacionadas à fisiologia vegetal. No entanto, área foliar e biomassa
aérea são características de elevada plasticidade, podendo variar acentuadamente por causas genéticas e edafoclimáticas. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar as equações
mais adequadas para determinação da área foliar e da biomassa aérea (foliar e total) da pupunheira, em condições de limitações sazonais hídricas e térmicas. Foram utilizadas 14 plantas de pupunheiras
da raça Putumayo (Yurimaguas), cultivadas no espaçamento de 2,0
m x 1,0 m. Foram mensurados altura e diâmetro da haste principal,
número de folhas, comprimento, espessura e largura da ráquis foliar
de plantas apresentando altura entre 0,37 e 2,00 m, com duas plantas
por altura. Obtiveram-se ainda as massas fresca e seca da ráquis,
dos folíolos, dos palmitos e dos estipes das plantas. Os dados foram
submetidos à análise de regressão e ajustes de equações. A equação
para determinação da área foliar da pupunheira foi obtida pela regressão para o peso seco dos folíolos. Dentre os modelos testados,
as equações não lineares do tipo Y= axb e Y= abx apresentaram melhor ajuste (R2>0,88). Os valores de área foliar, biomassa foliar e
biomassa aérea total variaram de 0,84 a 14,06 m2, de 0,78 a 2,45 kg
planta-1 e de 0,14 a 4,44 kg planta-1, respectivamente. Dentre as características avaliadas, a altura da haste e a espessura da ráquis foliar se mostraram as mais adequadas para estimativa da área foliar,
da biomassa foliar e da biomassa aérea total da pupunheira, tanto
pela sua facilidade de mensuração, quanto pela sua alta correlação
com os demais caracteres.
Leaf area and aboveground biomass estimates in peach palm
using allometric relationships
Allometric relations for estimation of leaf area and biomass in
peach palm (Bactris gasipaes Kunth) are found in literature and are
very useful especially in plant physiology research. However, leaf
and biomass area parameters are quite variable as a function of
genetics and environment. The objective of this work was to identify
the most adjustable equations for peach palm leaf area and biomass
area, in restricted by hydric and thermic factors. 14 peach palms
(Putumayo landrace from Yurimaguas, Peru) were planted in 2 x 1
m spacing. The parameters measured in the field were: main stem
height, main stem diameter, leaf number and rachis length and
thickness. Fresh and dry mass of rachis, leaflets, palm heart and
stem were obtained. Plants selected for this study presented main
stem height varying from 0.37 to 2.00 m, with two plants by length.
In the laboratory were measured the leaf area and dry matter weight.
Equations were fitted using regression analysis. The equation for
peach palm leaf area was obtained by regression of leaflets dry
weight. Among the tested models, non linear equations of the type
Y= axb and Y= abx presented better fit (R2>0.88). The values of leaf
area, leaf biomass and total leaf biomass varied between 0,84 – 14,06
m2, 0,78 – 2,45 kg planta-1 and 0,14 a 4,44 kg planta-1. Among the
parameters studied, plant height and rachis thickness were the most
suitable for best indirect estimation of leaf area and aboveground
biomass in peach palm plants.
Palavras-chave: Bactris gasipaes, altura, fitomassa, pupunha, relações alométricas.
Keywords: Bactris gasipaes, height, pejibaye, phytomass, rachis
thickness.
(Recebido para publicação em 10 de janeiro de 2007; aceito em 9 de junho de 2008)
A
análise de crescimento vegetativo
permite conhecer diferenças funcionais e estruturais entre plantas. Possibilita também avaliar o crescimento
final da planta como um todo e a contribuição dos diferentes órgãos no crescimento total. Curvas de crescimento,
efetuadas com base nesse tipo de análise, são muitas vezes utilizadas para detectar diferenças entre os tratamentos estabelecidos. O crescimento de plantas
sob diferentes condições ambientais
138
pode ser mensurado de diversas maneiras, utilizando-se de medidas lineares,
de superfície, peso e/ou de número de
unidades estruturais. Entre as dimensões
lineares, é possível citar a altura da planta, comprimento de ramificações e diâmetro de caules. O crescimento também
pode ser acompanhado a partir de unidades estruturais morfológicas ou
anatômicas, como número de ramificações, folhas, flores, frutos e raízes. Estas medidas podem fornecer informa-
ções importantes quanto à fenologia e
são, muitas vezes, utilizadas para detectar respostas diferenciais dos efeitos de
tratamento (Benincasa, 1988).
As medidas de superfície estão relacionadas principalmente à determinação ou estimativa da superfície
fotossinteticamente ativa. Dentre elas,
está o índice de área foliar (IAF), que é
a relação entre a área foliar total e a área
do solo sombreada pelas folhas. Métodos indiretos e diretos para a determiHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas
nação do IAF das palmeiras vêm sendo
empregados (Clement et al., 1985;
Lamade, 1997; Martel & Clement, 1986,
1987). Estudos desenvolvidos por
Hartley (1977), em dendezeiro, e por
Child (1974), em coqueiro, têm demonstrado que a área foliar está diretamente
relacionada à produção de frutos, sendo
um importante parâmetro de avaliação
da produtividade. Clement et al. (1985)
acreditando que esta correlação também
poderia ser verdadeira para a
pupunheira, empregaram métodos não
destrutivos para estimar a área foliar a
partir de equações desenvolvidas por
Hardon et al. (1969) para o dendezeiro.
Os métodos apresentaram coeficientes
de regressão muito semelhantes para as
equações desenvolvidas para as duas
espécies. Entretanto, os autores sugerem
pequenas modificações em algumas
equações, adaptando-as para seu uso em
pupunheiras.
Clement & Bovi (2000) discutiram
métodos para análise de crescimento e
produção em pupunheira, propondo a
padronização de medidas a serem utilizadas em experimentos agronômicos e
genéticos visando à produção de palmito. Dentre as medidas de superfície e
massa, os autores sugerem a determinação da área e da biomassa foliar pelo
emprego de equações desenvolvidas
anteriormente para a pupunheira. Não
obstante, afirmam que estas equações
devem ser validadas para as condições
locais de estudo, uma vez que área foliar e biomassa são parâmetros altamente plásticos (Clement, 1995).
Utilizando pupunheiras da raça
Utilis-Tucurrique, material com espinhos, bastante diferente do que vem sendo cultivado no Brasil, Ares et al. (2002)
concluíram que o diâmetro da haste
principal foi a variável de melhor ajuste
para a estimativa da biomassa aérea de
pupunheiras com 1,9 a 21 anos de idade, em cultivo na Costa Rica. Recentemente Vega et al. (2004) estudaram a
utilização de relações alométricas para
estimativa da fitomassa aérea de
pupunheiras da raça Putumayo, material inerme e que vem sendo amplamente
utilizado no Brasil para a produção comercial de palmito (Bovi, 1998). Utilizando plantas cultivadas em um
espaçamento de 2 x 1 m, em Ubatuba,
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
região de maior aptidão para a cultura
no estado de São Paulo, Vega et al.
(2004) relataram que, devido aos altos
coeficientes de determinação encontrados, a fitomassa da pupunheira pode ser
estimada de forma precisa pela utilização de algumas relações alométricas. Os
autores concluíram que, dentre todos os
caracteres avaliados, a altura da haste
principal foi o caráter ideal para estimar
a fitomassa de pupunheiras em cultivo
comercial.
O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar equações para determinação da área foliar e
da biomassa aérea (foliar e total) da
pupunheira para as condições de
Piracicaba, SP, região onde a espécie
está sujeita a limitações hídricas e térmicas.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi conduzido EM área
experimental da USP–ESALQ, em
Piracicaba–SP (22°42’30" S, 47°30’00"
W, altitude de 576 metros), em um
Argissolo Vermelho Eutrófico típico.
Segundo a classificação climática de
Köppen, o clima é do tipo CWa, isto é
subtropical úmido, verão chuvoso, e inverno seco. A precipitação média anual
é 1247 mm, temperatura média 21,1°C,
umidade relativa média de 74% e velocidade do vento de 2,2 m s-1, com direção E/SE predominantemente (Ometto,
1981). Na área experimental foi instalado um plantio de pupunheira (raça
Putumayo, originada em Yurimaguas)
em maio de 1999, no espaçamento de
2,0 m x 1,0 m. As plantas foram irrigadas
diariamente e fertirrigadas semanalmente (0,08 kg planta-1 de N), sendo a lâmina estimada em função do Tanque Classe A (100% da ETo).
Em novembro de 2001, foram utilizadas 14 plantas de pupunheira (30 meses a campo) para estudo das equações
de área foliar e biomassa. As plantas
selecionadas apresentavam alturas variando entre 0,37 e 2,00 m, como normalmente acontece em cultivos comerciais. Foram utilizadas duas plantas por
altura. De cada planta foram
mensurados os caracteres da haste principal: altura, diâmetro, número de folhas e, comprimento, largura e espessu-
ra da ráquis foliar. Esses dois últimos
caracteres foram medidos com o auxílio de paquímetro digital, na folha + 2
(segunda folha completamente expandida), na região limite entre o pecíolo e
o limbo foliar (início do aparecimento
dos folíolos). Em laboratório, foram retiradas todas as folhas da haste principal e todos os folíolos de cada folha,
obtendo-se a massa fresca da ráquis e
dos folíolos, inclusive da folha flecha.
Pesaram-se também os palmitos e os
estipes das plantas, que foram cortados
em pedaços para facilitar o processo de
secagem. Em seguida, todo o material
foi levado para a estufa a 60°C, por quatro dias, pesando-o novamente para obtenção do peso seco.
Antes de serem levados à estufa, os
folíolos foram separados em grupos que
variaram de 1 a 50 folíolos, sendo obtido o peso fresco de cada grupo. Os
folíolos de cada grupo foram desenhados em papel sulfite e recortados para
obtenção da área foliar de cada folíolo,
empregando-se um medidor de área foliar (Li-Cor area meter, modelo LAI
3000). Este procedimento foi necessário, pois os folíolos da pupunheira tendem a se enrolar quando destacados da
ráquis foliar, o que torna imprecisa a
determinação da área foliar pelo LAI
3000 quando realizado diretamente sobre o folíolo. A equação para determinação da área foliar da pupunheira foi
então obtida pela regressão entre a área
foliar (LAI 3000) e o peso seco dos
folíolos. O índice de área foliar (IAF)
foi estimado pela relação entre a área
foliar e o espaçamento. A biomassa foliar foi obtida pela soma dos pesos secos dos folíolos e das ráquis. Para o cálculo da biomassa total, acrescentou-se
à biomassa foliar o peso seco do estipe
e do palmito (Clement; Bovi, 2000).
Foi realizada análise preliminar dos
dados visando caracterizar a população
amostrada para cada característica estudada. Além da média, calculou-se o
coeficiente de variação, seguindo-se os
procedimentos de Steel & Torrie (1980)
e utilizando-se o programa SAEG - Sistema para Análises Estatísticas (Universidade Federal de Viçosa, 1993). Os
dados foram estudados por análise de
regressão e ajuste de equações, tendo
como variável dependente as caracterís139
A. Ramos et al.
Figura 1. Curvas ajustadas para estimativa da área foliar (m2) da pupunheira, em função da
altura (m) e diâmetro (cm) da haste principal e da espessura (cm) e comprimento (m) da
ráquis foliar (adjusted curves for peach palm leaf area (m2) as a function of height (m) and
diameter (cm) of main stem and thinckness and length (m) of foliar rachis). Piracicaba,
ESALQ, 2002.
ticas de natureza destrutiva e, como variável independente, as características
facilmente mensuráveis e não
destrutivas (Hyams, 1997). As equações
de melhor ajuste foram selecionadas levando-se em conta o coeficiente de determinação (ajustado para o número de
parâmetros da regressão, no caso das
equações não lineares) e o erro padrão
da estimativa, ambos obtidos com o auxílio do programa CurveExpert 1.3
(Hyams, 1997), atentando-se ainda para
o significado biológico da equação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As plantas selecionadas para o presente estudo estavam com 30 meses no
campo. Mesmo nessa idade e recebendo irrigação e adubação adequadas ao
cultivo, foram observadas plantas com
desenvolvimento muito abaixo do normal. Dessa forma foi possível selecionar desde plantas com 0,37 m de altura
e diâmetro da base inferior a 5 cm, até
aquelas plenamente desenvolvidas, com
a haste principal medindo 2,00 m de altura e apresentando diâmetro de 0,13 m.
Essa grande amplitude de variação per140
mitiu o desenvolvimento de relações
alométricas adequadas ao período de
crescimento e início de produção de
palmito da pupunheira.
Dentre
as
características
mensuradas, a menos variável foi o número de folhas, com coeficiente de variação em torno de 18% e valores mínimo e máximo de cinco e oito folhas
fotossinteticamente ativas, respectivamente. Baixa variabilidade para esse
caráter em pupunheira já havia sido reportada anteriormente por Bovi et al.
(1992, 1993), Clement (1995) e, mais
recentemente, por Ares et al. (2002). Por
sua vez, a característica com maior coeficiente de variação (46,83%) foi a altura da haste principal, com valores mínimo e máximo de, respectivamente,
0,25 m e 2,0 m. O diâmetro da haste
principal, característica altamente
correlacionada à altura (Bovi et al.,
1992; Vega et al., 2004) mostrou amplitude de 0,04 a 0,13 m, apresentando
menor coeficiente de variação (32,38%)
que a altura. Das características de folha analisadas, o comprimento da ráquis
foliar apresentou maior coeficiente de
variação, em torno de 43%, quando
comparado à largura (31,9%) e espessura (37,8%) da ráquis foliar. As variações observadas nas diferentes características avaliadas em plantas com 30
meses de campo e submetidas ao mesmo tratamento (irrigação e adubação)
são provavelmente decorrentes da variabilidade genética presente na população de Yurimaguas. e vêm sendo reportada por vários autores (Bovi et al.,
1993; Clement, 1995; Ares et al., 2002).
Tal variabilidade genética, comum em
plantas que sofreram pouco ou nenhum
melhoramento genético, acarreta problemas em estudos fitotécnicos, elevando
o coeficiente de variação, diminuindo a
precisão do experimento e tornando necessário o uso de maior número de repetições e de parcelas com tamanho adequado.
A estimativa da área foliar das hastes analisadas foi efetuada de forma indireta, seguindo o método proposto por
Benincasa (1988). Tão logo destacados
da ráquis foliar os folíolos da pupunheira
se enrolam dificultando a passagem pelo
equipamento (LAI 3000). Esse comportamento é comum em palmeiras e faz
parte da estratégia da planta para a economia de água. Enrolamento de folíolos
em condições de estresse hídrico foi
anteriormente observado nessa palmeira por Tucci (2004). De posse da equação Y = 0,0147 + 0,0129x (R2=0,99),
onde x é o peso seco dos folíolos em
gramas e Y é a área foliar em metros
quadrados, estimaram-se a área foliar e
o índice de área foliar (IAF). Os valores
de área foliar variaram de 0,84 a 14,06
m2, com coeficiente de variação de
67,3%. A biomassa foliar média foi de
0,78 kg planta-1, com coeficiente de variação de 88,7%. A biomassa aérea total
variou de 0,14 a 4,44 kg planta-1, apresentando coeficiente de variação de
90,5%. Observa-se que os coeficientes
de variação são maiores do que aqueles
obtidos para as características de fato
mensuradas, com valores superiores a
67%. Isto é esperado, visto que essas
estimativas são baseadas em
mensurações indiretas, e, portanto, sujeitas à adição de erros experimentais
inerentes às diferentes etapas. Deve ser
esclarecido que os resultados reportados
referem-se apenas à haste principal. É
sabido (Vega et al., 2004), que a contri-
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas
buição dos perfilhos para a biomassa
aérea total, do estádio de implantação
ao início de colheita de palmito (altura
variando entre e 0,17 a 2,16 m), é pequena e pode ser desprezada. Segundo
Vega et al. (2004), nesse estádio de crescimento a dominância da planta-mãe
(haste principal) é muito grande, indicando que em plantas com até 2,16 m
de altura, estimando-se a biomassa aérea apenas da haste principal obtém-se
uma precisão adequada da fitomassa
aérea total da touceira.
As relações entre a área foliar e as
características mensurados puderam ser
expressas por uma série de equações,
algumas delas mostrando bom ajuste e
significado biológico (Figura 1). Para
todas as quatro características avaliadas,
o melhor ajuste das curvas foi o potencial, com coeficientes de determinação
elevados, com magnitudes de 0,95, 0,94
e 0,91 para espessura da ráquis e diâmetro e altura da haste principal, respectivamente. Para o comprimento de
ráquis o coeficiente de determinação foi
menor (R2 = 0,88), porém ainda estatisticamente significativo (p<0,01). Cabe
recordar que o comprimento, a largura
e a espessura da ráquis foliar da
pupunheira são medidas lineares, fáceis
de serem tomadas com razoável precisão e que são amplamente utilizadas em
palmeiras (Bovi et al., 1992; Clement,
1995).
Como a variação entre o número de
folhas foi muito pequena, apesar das
diferentes alturas entre as plantas, foram testados vários ajustes para estimativa da equação de regressão, entretanto, não foi possível um modelo de ajuste significativo. Como este trabalho é
parte de um experimento realizado de
1998 a 2002, onde foram estudados o
crescimento vegetativo e a produtividade das plantas de pupunha em função
de níveis de irrigação e doses de adubação nitrogenada, aplicadas via
fertirrigação, Ramos (2002) observou
que durante todo o período estudado, o
número médio de folhas variou de 5,8 a
8,4, e, ao final do experimento (dois
anos após o plantio, antes do corte das
plantas), o número médio de folhas foi
de 6,9, período em que foram tomados
os parâmetros de crescimento para determinação das equações. Vale ressaltar
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figura 2. Curvas ajustadas para estimativa da biomassa foliar (kg planta-1) da pupunheira,
em relação à altura (m) e diâmetro (cm) da planta e espessura (cm) e comprimento (m) da
ráquis foliar, obtida pela relação entre área foliar (m2) e peso seco (g) (adjusted curves for
peach palm leaf biomass (m2) as a function of height (m) and diameter (cm) of main stem
and thinckness and length (m) of foliar rachis, obtained of leaf area versus dry weight).
Piracicaba, ESALQ, 2002.
que durante o desenvolvimento
vegetativo da planta, como parte do processo fisiológico da pupunheira, a cada
período, surgem novas folhas e ocorre a
morte de folhas mais velhas. Entretanto, certa flutuação do número de folhas,
pode estar associada à diminuição acentuada da temperatura média em alguns
períodos do ano, conforme observado
pela autora. Isso explicaria essa diminuição do número de folhas no período
de coleta dos dados, bem como, esta
quase uniformidade em relação ao número de folhas, entre as plantas estudadas. Não obstante, é comum a falta de
ajuste quando se considera o número de
folhas em pupunheira. Vários autores
têm relatado esse aspecto, tais como
Ares et al. (2002), Bovi et al. (1992),
Bovi et al. (1993), Clement, (1995) e
Vega et al. (2004). Por esse motivo
Clement & Bovi (2000) sugerem, além
da contagem do número de folhas, a inclusão de outros caracteres a elas relacionados, especialmente aqueles relacionados às dimensões do limbo foliar.
A biomassa foliar (Figura 2) apresentou forte relação com a altura e o diâmetro da haste principal, assim como
com a espessura e o comprimento da
ráquis foliar, com altos coeficientes de
determinação (0,98; 0,97; 0,99 e 0,90,
respectivamente). Entretanto, somente
para altura, o melhor ajuste foi o potencial (Y= axb). Para diâmetro da haste
principal, e para espessura e comprimento de ráquis, o melhor ajuste foi o
exponencial (Y= abx), devido aos pontos representados pelas plantas com altura entre 1,70 e 2,0 m que resultaram
em biomassa bem superior às demais
plantas. Plantas nessa faixa de altura
possuíam significativamente maior número de folhas, além destas apresentarem maiores dimensões, avaliadas aqui
pelo comprimento, largura e espessura
da ráquis foliar.
Observa-se que as equações de melhor ajuste para a estimativa da biomassa aérea total da haste principal em relação à altura e ao diâmetro das mesmas, assim como em relação ao comprimento e à espessura da ráquis foliar
(Figura 3) foram semelhantes às obtidas anteriormente para a biomassa foliar, com ajuste potencial para a altura e
exponencial para os demais caracteres.
Os coeficientes de determinação tam141
A. Ramos et al.
Figura 3. Curvas ajustadas para estimativa da biomassa aérea total (kg planta-1) da pupunheira,
em relação à altura (m) e diâmetro da haste principal (cm) e espessura (cm) e comprimento
(m) da ráquis foliar, obtida pela relação entre área foliar (m2) e peso seco (g) (adjusted
curves for peach palm total área leaf biomass (m2) as a function of height (m) and diameter
(cm) of main stem and thinckness and length (m) of foliar rachis, obtained of leaf area
versus dry weight). Piracicaba, ESALQ, 2002.
bém foram elevados, com magnitudes
de 0,98 para altura da haste principal e
espessura da ráquis foliar; 0,95 para diâmetro da planta e 0,90 para comprimento da folha. Esses resultados eram esperados, visto que a biomassa aérea total
é resultante da biomassa foliar, composta pelas folhas externas (pecíolos e
limbos), acrescida do peso do estipe, do
palmito e das bainhas internas das folhas que protegem o palmito.
Conforme esperado, os coeficientes
de determinação foram também elevados quando da relação entre a área foliar e as biomassas foliar (R2 = 0,94 para
Y = 0,076x1,313) e total (R2 = 0,90 para Y
= 0,136x 1,324) da haste principal de
pupunheira (gráficos não apresentados).
Resultados semelhantes foram obtidos
anteriormente por Szott et al. (1993) e
recentemente por Vega et al. (2004),
com população de mesma origem genética. No entanto, como discutido por
estes últimos autores, a estimativa da
área foliar é feita quase sempre de forma indireta, demandando análises
destrutivas a campo em amostra representativa da população em estudo, seguida de trabalho considerável execu142
tado posteriormente em laboratório.
Ainda mais, pela particularidade dos
folíolos excisados da pupunheira de se
enrolarem quando destacados da ráquis
foliar e, por isso, não podem ser utilizados diretamente no medidor de área foliar. Com isso, adiciona-se ao processo
uma operação demorada e delicada de
desenho dos folíolos em papel e recorte
dos contornos, para só então medir-se a
área foliar. Isso tudo, além da demora
adicional, acarreta erros experimentais
dificilmente eliminados nas etapas posteriores. Dessa forma, há necessidade de
se identificarem características mais facilmente mensuráveis, de preferência de
natureza não destrutiva, e que se
correlacionam adequadamente com a
biomassa.
No presente trabalho não foram encontrados ajustes satisfatórios quando se
considerou a relação entre o número de
folhas e a área foliar ou as biomassas
foliar e aérea total da pupunheira. Resultados semelhantes foram obtidos anteriormente por Bovi et al. (1993) e mais
recentemente por Vega et al. (2004),
indicando a pouca utilidade desse caráter quando analisado separadamente
(apenas número), sem levar em conta
também suas dimensões (comprimento
e largura). No entanto, merece destaque
a relação encontrada entre a espessura
da ráquis foliar e a área foliar e/ou
biomassas. A espessura da ráquis foliar,
medida no ponto da inserção dos primeiros folíolos, é um caráter de fácil
mensuração (com auxílio de régua,
paquímetro convencional ou digital),
apresentando natureza não destrutiva.
Por meio de equações não lineares simples (Y= axb e/ou Y= abx) pode-se utilizálo para estimar, com elevada precisão
(R2>0,95; P<0,01), tanto a área foliar
quanto às biomassas foliar e total aérea
da pupunheira. Apresenta, portanto,
maior utilidade que o diâmetro ou a altura da haste, caracteres indiretos considerados, até então, como ideais para
estimativas indiretas de biomassa em
pupunheira (Ares et al. 2002).
AGRADECIMENTOS
Este trabalho é parte da dissertação
do primeiro autor, com projeto (98/
13229-4) financiado pela FAPESP.
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Potencial fisiológico de sementes de brássicas com ênfase no teste de
envelhecimento acelerado
Caroline J Costa¹; Mário B Trzeciak²; Francisco A Villela²
¹Embrapa Cerrados, C. postal 08223, 73310-970 Planaltina-DF; ²FAEM-UFPel, C. postal 354, 96010-900 Pelotas-RS;
[email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O presente trabalho comparou diferentes testes para a avaliação
do potencial fisiológico de sementes de brássicas, com ênfase no
teste de envelhecimento acelerado (TEA). Foram utilizados quatro
lotes de sementes de repolho, cultivar Coração de Boi, quatro de
sementes de couve-brócolis, cultivar Piracicaba Precoce, e cinco de
sementes de couve, cultivar Georgia. Foram realizados os testes de
germinação, primeira contagem de germinação, emergência de
plântulas, condutividade elétrica e envelhecimento acelerado. Neste, foram empregados três procedimentos: tradicional (água), solução saturada (40 g 100 mL-1) e solução diluída (11 g 100 mL-1) de
NaCl, a 42°C, por períodos de 48, 72 e 96 horas. Foi utilizado o
delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições e análises isoladas para cada teste. Os testes de primeira contagem de
germinação e velocidade de emergência de plântulas apresentaram
potencial para avaliação do potencial fisiológico de sementes de repolho e couve-brócolis. Já para sementes de couve, os testes de emergência de plântulas e condutividade elétrica foram os mais eficientes. TEA também foi eficiente na avaliação do potencial fisiológico
de sementes de brássicas. Para repolho, a melhor distinção entre o
potencial fisiológico das sementes através do TEA aconteceu seguindo o procedimento tradicional e empregando solução diluída de
NaCl, ambos por 48 e 72 horas, e solução saturada de NaCl por 72 e
96 horas. Para couve-brócolis, todas as variações do TEA testadas
foram eficientes na identificação dos lotes de semente de qualidade
superior. Já para couve, os melhores resultados foram obtidos aplicando TEA na metodologia tradicional por 96 horas e solução diluída por 72 horas. Observou-se ainda que, em comparação com o uso
de água, a utilização de solução salina no TEA inibiu sensivelmente
o crescimento e desenvolvimento de fungos.
Physiological potential of Brassica seeds with emphasis to
the accelerated aging test
Palavras-chave: Brassica oleracea var. capitata, B. oleracea var.
italica, B. oleracea var. acephala, vigor, solução salina.
Keywords: Brassica oleracea var. capitata, B. oleracea var. italica,
B. oleracea var. acephala, vigour, saline solution.
The present work compared different tests for the evaluation of
the physiological potential of Brassica seeds with emphasis to the
accelerated aging test (AAT). Four lots of cabbage seeds cv. Coração
de Boi, four lots of broccoli seeds cv. Piracicaba Precoce and five
lots of collard seeds cv. Georgia were used. Tests of germination,
first germination counting, seedling emergence, electrical
conductivity and accelerated aging were accomplished. In this test
three procedures were used: traditional (water), saturated NaCl
solution (40 g/100 mL) and diluted NaCl solution (11 g/100 mL), at
42°C for 48, 72 and 96 hours. The experiment followed a completely
randomized design with four replicates and individual evaluations
for each test. The tests of first germination counting and speed of
seedling emergence presented potential for evaluation of the
physiological potential of cabbage and broccoli seeds. For collard
seeds, the tests of seedling emergence and electrical conductivity
were the most efficient. The AAT was also efficient in the evaluation
of the physiological potential of Brassica seeds. For cabbage, the
best distinction among the physiological potential of the seeds
through the AAT was obtained following the traditional procedure
and with diluted NaCl solution, both for 48 and 72 hours, and with
saturated NaCl solution for 72 and 96 hours. For broccoli seeds, all
of tested AAT procedures were efficient in the identification of the
seed lots of superior quality. For collard seeds, the best results were
obtained with the AAT in the traditional methodology for 96 hours
and with diluted NaCl solution for 72 hours. It was observed that, in
comparison to the use of water, the use of saline solution in the AAT
inhibited sensibly the fungi growth and development.
(Recebido para publicação em 25 de março de 2007; aceito em 9 de junho de 2008)
A
procura por uma alimentação mais
saudável e nutritiva tem levado a
incrementos no consumo de hortaliças no
país, estimulando o setor produtivo e
aumentando a exigência quanto à qualidade dos produtos e processos empregados na condução dos campos de produção. No caso das brássicas, como repolho, couve-brócolis e couve, isso não é
diferente, notadamente em razão de sua
importância como alimentos funcionais.
Existem poucas informações referentes à avaliação do potencial fisiológico de sementes de brássicas. Consi144
derando que a utilização de sementes de
alta qualidade é um pré-requisito para a
obtenção de mudas vigorosas e uniformes, com reflexos no estande, produtividade e qualidade do produto colhido,
é importante que existam informações
que permitam avaliá-la. Sabe-se que a
qualidade de um lote de sementes é representada pelo somatório de atributos
genéticos, fisiológicos, sanitários e físicos que determinam o seu valor para
semeadura, destacando-se o componente fisiológico da qualidade das sementes, diretamente responsável pelo seu
desempenho em campo e no
armazenamento (Rodo et al., 2000).
Vários testes têm sido empregados
com o objetivo de estimar o desempenho das sementes em campo e/ou
armazenamento, sendo o teste de envelhecimento acelerado um dos mais utilizados na avaliação do potencial fisiológico de sementes (Mello & Tillmann,
1987; Vieira & Carvalho, 1994;
Ferguson-Spears, 1995). O teste baseiase no desempenho relativo entre lotes
de sementes submetidos a condições de
elevada temperatura e umidade relativa
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Potencial fisiológico de sementes de brássicas com ênfase no teste de envelhecimento acelerado
do ar, podendo-se estabelecer diferenças no potencial fisiológico das sementes conforme sua maior ou menor resistência à deterioração artificial
provocada durante o teste (Marcos Filho, 1999). Desde o seu desenvolvimento e aplicação na avaliação do potencial
fisiológico de sementes de hortaliças, o
teste de envelhecimento acelerado tem
proporcionado a obtenção de resultados
menos precisos e reproduzíveis, relativamente às demais espécies. É provável que sementes que absorvam água
mais rapidamente, como é o caso da
maioria das sementes de hortaliças, atinjam teores de água muito variáveis ao
final do teste de envelhecimento acelerado, prejudicando a uniformidade entre as amostras e a eficiência do teste na
avaliação do potencial fisiológico das
sementes. Estudos vêm sugerindo a
substituição da água por soluções salinas saturadas ou diluídas, como forma
de adequar a metodologia do teste de
envelhecimento acelerado para sementes de hortaliças (Jianhua & McDonald,
1996; Panobianco & Marcos Filho,
1998, 2001; Rodo et al., 2000; Rodo &
Marcos Filho, 2003; Costa, 2004; Ávila,
2005). Dependendo da solução e da concentração utilizadas, são obtidos níveis
específicos de umidade relativa do ar,
possibilitando o ajuste da taxa de absorção de água, o que afeta a velocidade e
intensidade de deterioração das sementes (Jianhua & McDonald, 1996).
O presente trabalho teve como objetivo comparar a eficiência de diferentes testes para avaliação do potencial
fisiológico de sementes de brássicas,
com ênfase no teste de envelhecimento
acelerado.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Laboratório Didático de Análise de Sementes da Faculdade de Agronomia Eliseu
Maciel, da Universidade Federal de
Pelotas. Foram utilizados quatro lotes
de sementes de repolho (Brassica
oleracea L. var. capitata L.), cultivar
Coração de Boi, quatro de sementes de
couve-brócolis (B. oleracea L. var.
italica PLENCK), cultivar Piracicaba
Precoce e cinco de sementes de couve
(B. oleracea L. var. acephala DC), culHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
tivar Georgia. Os lotes de cada hortaliça
foram submetidos aos testes: Germinação - foram empregadas doze
subamostras de 50 sementes de cada
lote, distribuídas sobre duas folhas de
papel tipo germitest, umedecidas com
água destilada em quantidade equivalente a 2,5 vezes a sua massa. Em seguida,
as sementes foram cobertas com mais
duas folhas de papel, confeccionandose os rolos, que foram levados ao
germinador, regulado a 20°C, na presença de luz constante. As avaliações foram realizadas aos cinco e dez dias, conforme as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992). A primeira contagem
do teste de germinação correspondeu à
percentagem de plântulas normais, cinco dias após a instalação do teste; Emergência de plântulas - empregaram-se
bandejas de poliestireno expandido de
200 células contendo substrato comercial (Plantmax®) e uma semente por
célula. Foram utilizadas 400 sementes
de cada lote, subdivididas em oito
subamostras de 50 sementes. Observouse diariamente o número de plântulas
normais, até o décimo-quarto dia. Os
resultados foram apresentados como
percentagem e velocidade de emergência das plântulas, esta última expressa
pelo índice de velocidade de emergência de plântulas (Nakagawa, 1999), calculado através da fórmula IVE = E1/N
+ E2/N2 + ... + En/Nn, onde: IVE = Índice de Velocidade de Emergência; E1, E2,
En = número de plântulas normais observadas nas primeira, segunda e última contagens, respectivamente; N1, N2,
Nn = número de dias da semeadura até a
primeira, segunda e última contagens,
respectivamente; Condutividade elétrica - doze subamostras de 50 sementes de cada lote foram pesadas, colocadas em copos plásticos contendo 25 mL
de água deionizada e mantidas a 20°C
durante 24 horas. Após esse período,
determinou-se a condutividade elétrica
da
solução,
utilizando
um
condutivímetro. Os resultados foram
expressos em µS cm-1 g-1de sementes;
Envelhecimento acelerado - para o teste de envelhecimento acelerado, 600
sementes de cada lote foram distribuídas sobre telas de alumínio, fixadas no
interior de caixas plásticas (tipo gerbox)
contendo 40 mL de água destilada (procedimento tradicional), solução saturada
(40 g 100 mL-1) ou diluída (11 g 100
mL-1) de NaCl. As caixas foram fechadas e mantidas em câmara regulada a
42°C por 48, 72 e 96 horas. Após cada
período, as sementes foram submetidas
ao teste de germinação, conforme
metodologia descrita anteriormente, calculando-se a percentagem de plântulas
normais no quinto dia após a instalação
do teste.
O teor de água das sementes de cada
lote foi determinado antes e após a condução do teste de envelhecimento acelerado, seguindo as recomendações das
Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992), empregando o método da estufa, a 105±3°C, por 24 horas.
Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições, sendo as análises realizadas separadamente para cada teste. Os valores observados de germinação, percentagem de emergência de plântulas e envelhecimento acelerado foram transformados em arc sen e, as médias, comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05). As
análises estatísticas foram executadas
através do Sistema de Análise Estatística para Microcomputadores - SANEST
(Zonta & Machado, 1986).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A percentagem de emergência de
plântulas e o teste de condutividade elétrica não foram eficientes para distinguir os lotes de sementes de repolho
quanto ao seu potencial fisiológico. Já
a primeira contagem do teste de germinação e a velocidade de emergência de
plântulas permitiram melhor classificação dos lotes quanto ao seu potencial
fisiológico, não claramente evidenciadas pelo teste de germinação (Tabela 1).
Estes testes indicaram o lote 1 como o
de melhor desempenho e os lotes 2 e 4
apresentando desempenho intermediário. Foi possível estabelecer classificação semelhante baseada nos testes de
envelhecimento acelerado, seguindo o
procedimento tradicional por 48 e 72
horas e, modificado, empregando solução diluída de NaCl por 48 e 72 horas ou
solução saturada de NaCl por 72 e 96
horas (Tabela 2). Vale destacar que a utilização de solução saturada de NaCl por
72 horas, além de separar os lotes quan145
CJ Costa et al.
Tabela 1. Germinação, primeira contagem de germinação, percentagem de emergência de
plântulas, índice de velocidade de emergência e condutividade elétrica de lotes de sementes
de repolho, couve-brócolis e couve (germination, first germination counting, seedling
emergence, emergence speed index and electrical conductivity of cabbage, broccoli and
collard greens seed lots). Pelotas, UFPel, 2005.
Médias seguidas de mesma letra na coluna, em cada hortaliça, não diferem entre si pelo teste
de Tukey, p<0,05 (means followed by the same letter in the column, to each vegetable, do
not differ from each other, Tukey’s test, p<0,05). 1G = germinação (germination); 2E = emergência de plântulas (seedling emergence); 3/IVE = índice de velocidade de emergência
(emergence speed index); 4CE = condutividade elétrica (electrical conductivity).
to ao potencial fisiológico, não causou
deterioração acentuada das sementes.
Para as sementes de couve-brócolis,
os resultados de emergência e velocidade de emergência e germinação e primeira contagem de germinação foram
similares e indicaram a superioridade do
potencial fisiológico das sementes dos
lotes 5 e 6 (Tabela 1). Mendonça et al.
(2003) já haviam observado a eficiência do teste de primeira contagem e da
percentagem e velocidade de emergência de plântulas em detectar diferenças
no potencial fisiológico entre lotes de
sementes de couve-brócolis. Assim,
embora a redução na velocidade de germinação das sementes não esteja entre
os primeiros eventos associados ao processo de deterioração, segundo
Delouche & Baskin (1973), o teste de
primeira contagem de germinação apresentou sensibilidade em detectar pequenas diferenças no potencial fisiológico
entre lotes de sementes de repolho e
couve-brócolis, apresentando potencial
de utilização como um teste de vigor
para essas espécies.
Tabela 2. Germinação em porcentagem de lotes de sementes de repolho, couve-brócolis e couve após três períodos de exposição ao teste de
envelhecimento acelerado (EA) (germination in percentage of cabbage, broccoli and collard greens seeds after three exposure periods of the
accelerated aging test). Pelotas, UFPel, 2005.
Médias seguidas de mesma letra na coluna, em cada hortaliça, não diferem entre si pelo teste de Tukey, p<0,05 (means followed by the same
letter in the column, to each vegetable, do not differ from each other, Tukey’s test, p<0,05). 1Teste de envelhecimento acelerado seguindo a
metodologia tradicional, com água (traditional accelerated aging test, with water); 2Teste de envelhecimento acelerado utilizando solução
diluída de NaCl (accelerated aging test with diluted NaCl solution); 3Teste de envelhecimento acelerado utilizando solução concentrada de
NaCl (accelerated aging test with saturated NaCl solution).
146
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Potencial fisiológico de sementes de brássicas com ênfase no teste de envelhecimento acelerado
Tabela 3. Teor de água de lotes de sementes de repolho, couve-brócolis e couve após três períodos de exposição ao teste de envelhecimento
acelerado (EA) (Water content of cabbage, broccoli and collard greens seeds after three exposure periods of the accelerated aging test).
Pelotas, UFPel, 2005.
1
Teste de envelhecimento acelerado seguindo a metodologia tradicional, com água (traditional accelerated aging test, with water); 2Teste de
envelhecimento acelerado utilizando solução diluída de NaCl (accelerated aging test with diluted NaCl solution); 3Teste de envelhecimento
acelerado utilizando solução concentrada de NaCl (accelerated aging test with saturated NaCl solution).
A mesma tendência observada nesses testes repetiu-se de forma geral no
teste de envelhecimento acelerado, empregando o procedimento tradicional,
com água, ou o procedimento modificado, com solução saturada de NaCl, nos
três períodos avaliados (Tabela 2). Esses resultados contrariam aqueles obtidos por Martins et al. (2002), que não
consideraram o teste de envelhecimento acelerado, conduzido segundo procedimento tradicional por 48 e 72 horas,
eficiente na classificação de lotes de
sementes de couve-brócolis. Todavia,
Mello et al. (1999) também observaram
a eficiência do teste de envelhecimento
acelerado, conduzido a 42°C por 48
horas, no estabelecimento de diferenças
no potencial fisiológico entre lotes de
sementes de couve-brócolis.
Para os lotes de sementes de couve,
verificou-se que a percentagem de emergência de plântulas e os resultados do
teste de condutividade elétrica permitiram classificar os lotes de forma semelhante aos resultados do teste de germinação: o lote 11 apresentou desempenho superior, os lotes 9 e 10, desempenho intermediário e, os lotes 12 e 13,
baixo potencial fisiológico. A velocidade de emergência de plântulas, por outro lado, não possibilitou diferenciar os
lotes (Tabela 1). Os testes de envelhecimento acelerado seguindo a
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
metodologia tradicional por 96 horas e
empregando solução diluída de NaCl
por 72 horas também possibilitaram o
ranqueamento dos lotes de modo semelhante, em três níveis de potencial fisiológico (Tabela 2).
Observou-se que as sementes submetidas ao teste de envelhecimento acelerado empregando o procedimento tradicional atingiram maior teor de água
que aquelas submetidas ao procedimento modificado. Isso pode ser explicado
pela maior umidade relativa do ar em
contato com as sementes nesse procedimento (Tabela 3). Ao se empregar solução saturada de NaCl, a umidade relativa do ar em contato com as sementes é de 76% e, ao se utilizar solução
diluída (11 g 100 mL-1 de NaCl), é de
94%, de acordo com a equação de van’t
Hoff (Salisbury & Ross, 1992). As sementes tendem a alcançar o equilíbrio
higroscópico em teores de água mais
elevados conforme se aumenta a umidade relativa do ar. De acordo com Marcos Filho (2005), o teor de água correspondente ao ponto de equilíbrio aumenta
com a elevação da umidade relativa do
ar e vice-versa. Assim, sementes em
contato com ar apresentando 100% de
umidade relativa apresentarão maior
teor de água que sementes em contato
com ar apresentando 94% e 76% de
umidade relativa, respectivamente.
Como a umidade relativa do ar em contato com as sementes durante o teste de
envelhecimento acelerado seguindo o
procedimento modificado é inferior em
relação ao procedimento tradicional,
esperava-se que o período de condução
do teste fosse aumentado, dada a menor
intensidade de deterioração sofrida pelas sementes. Entretanto, no presente
trabalho, isso só ocorreu ao se avaliar o
potencial fisiológico de sementes de repolho, sendo possível classificar os lotes de sementes em níveis de vigor a
partir de 48 horas utilizando o procedimento tradicional e, somente a partir de
72 horas, utilizando o procedimento
modificado (Tabela 2).
No caso das sementes de couve-brócolis, o período de 48 horas do teste de
envelhecimento acelerado possibilitou
a obtenção de resultados semelhantes,
independentemente do procedimento
adotado, conforme anteriormente observado em sementes de melão (Torres,
2002) e rúcula (Ramos et al., 2004). Isso
revela que os efeitos da temperatura elevada foram mais drásticos do que os
provocados pela elevação da umidade
relativa do ar. Como a utilização de solução salina em substituição à água nas
mini-câmaras de envelhecimento acelerado afeta apenas a umidade relativa do
ar em contato com as sementes, esse
procedimento não prejudica as informa147
CJ Costa et al.
ções fornecidas pelo teste de envelhecimento acelerado modificado.
O teste de envelhecimento acelerado seguindo o procedimento tradicional
resultou em maiores variações entre o
teor de água dos lotes. Variações acima
de 5,0 pontos percentuais foram observadas entre o teor de água dos lotes de
sementes de repolho e couve-brócolis
após o teste de envelhecimento acelerado utilizando o procedimento tradicional (Tabela 3). Por outro lado, ao se
empregar o procedimento modificado,
essa variação não atingiu 1,0 ponto
percentual. Isso evidencia maior uniformidade do teor de água das sementes
ao se utilizar o procedimento modificado, o que já foi observado em trabalhos
anteriores, com sementes de beterraba
(Costa, 2004) e rabanete (Ávila, 2005).
De acordo com Marcos Filho (1999),
um dos principais indicadores da uniformidade das condições do teste de
envelhecimento acelerado é o teor de
água das sementes ao final do teste. Variações de 3% a 4% entre as amostras
são toleráveis. Acima desses limites, são
consideradas excessivas e determinam
a necessidade de repetição do teste.
Ressalta-se que, mesmo considerando que a utilização do procedimento tradicional ou modificado do teste de envelhecimento acelerado tenha possibilitado a obtenção de resultados semelhantes quanto à classificação dos lotes
de sementes em relação ao seu potencial fisiológico, o procedimento empregando solução salina apresenta uma vantagem em relação ao procedimento tradicional: o uso de soluções salinas em
substituição à água inibe sensivelmente
o crescimento e desenvolvimento de
fungos, facilitando o manuseio das sementes e eliminando sua possível interferência na avaliação do potencial fisiológico das sementes.
Uma análise geral dos resultados
obtidos permite constatar que, na avaliação do potencial fisiológico de se-
148
mentes de brássicas, assim como para
outras espécies, sementes de variedades
e até mesmo de cultivares diferentes
podem exigir condições específicas para
a condução de testes. Atenção especial
deve ser dada ao teste de envelhecimento acelerado, uma vez que o genótipo
afeta a tolerância das sementes ao
estresse imposto durante o teste.
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doses de cama de aviário, sob sistema orgânico de produção. Horticultura Brasileira 26: 149-153.
Desempenho de taro em função de doses de cama de aviário, sob sistema
orgânico de produção
Fábio Luiz de Oliveira1; José Guilherme M Guerra2; Dejair L de Almeida2; Raul de LD Ribeiro3;
Edmilson E da Silva3; Vinícius V Silva4 ; José Antonio A Espindola2
1
UFVJM, Deptº. Agronomia, R. da Glória, 187, 39100-000 Diamantina-MG; 2Embrapa Agrobiologia, C. Postal 74505, 23890-000
Seropédica-RJ; 3UFRRJ, Deptº. Fitotecnia, BR 465, km 07, 23851-970 Seropédica-RJ; 4PESAGRO-RIO, Rua Euclides Solos de Pontes,
30, Centro, 28625-020 Nova Friburgo-RJ; [email protected];
RESUMO
ABSTRACT
O experimento foi conduzido na Região Serrana do estado do
Rio de Janeiro, em Nova Friburgo, com o objetivo de avaliar o efeito da aplicação de doses de “cama” de aviário, como fonte de nitrogênio, sobre o desempenho de taro cultivado organicamente, em sistema plantio direto. O solo da área foi classificado como Cambissolo
Háplico. A aveia preta (Avena strigosa) foi usada como pré-cultivo,
em rotação de culturas. O delineamento experimental foi de blocos
ao acaso com quatro repetições. Os tratamentos foram doses de
“cama” de aviário equivalentes a 0; 50; 100 e 200 kg ha-1 de N, aplicadas em cobertura por ocasião da amontoa, realizada aos 120 dias
após o plantio da cultura. A adubação de cobertura com “cama” de
aviário promoveu aumento significativo na produtividade de taro,
que atingiu um valor máximo com a dose de 130 kg ha-1 de N. A
aplicação de “cama” de aviário também favoreceu maiores teores
de N nos rizomas de taro.
Performance of organically grown taro in relation to poultry
litter doses
An experiment was carried out in Nova Friburgo, located in the
mountain region of Rio de Janeiro State, to evaluate the effect of
poultry litter doses on the performance of organically grown taro,
under no-tillage. The soil of the area was a Haplic Cambisol. Black
oat was previously cultivated in the experimental area. The
experimental design was of randomized blocks, with four
replications. The treatments consisted of 0; 50;100 and 200 kg N ha1
of poultry litter, applied 120 days after planting. The use of poultry
litter promoted a significant increase in taro yield, with a maximum
value corresponding to 130 kg ha-1 of N rate of. It also increased the
N content of the taro rhizomes.
Palavras-chave: Colocasia esculenta, Avena strigosa, plantio direto.
Keywords: Colocasia esculenta, Avena strigosa, no-tillage, poultry litter.
(Recebido para publicação em 9 de janeiro de 2007; aceito em 25 de abril de 2008)
O
taro (Colocasia esculenta), também conhecido como inhame, é
uma olerícola da família Araceae, com
considerável valor nutricional, apresentando elevado teor de amido, o que permite tanto seu consumo in natura quanto sua utilização como matéria-prima
para a agroindústria (Vilpoux, 2001). A
sua parte comestível é formada por um
rizoma central esférico, rodeado por
vários rebentos laterais, sendo que esses últimos geralmente obtêm maior
valor de comercialização (Puiatti, 2002).
Dentre as estratégias que caracterizam o manejo da fertilidade do solo nos
sistemas orgânicos de produção, destaca-se a aplicação de adubos orgânicos.
De maneira geral, essa prática favorece
a manutenção da matéria orgânica do
solo, melhorando suas propriedades físicas, químicas e biológicas. Do ponto
de vista físico, o uso de estercos promove o aumento da estabilidade de agregados, associado à redução da densidade do solo (Andreola et al., 2000). Com
relação às propriedades químicas, desHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
taca-se o aumento da disponibilidade de
nutrientes para as culturas e da capacidade de troca de cátions (CTC), associados à complexação de elementos tóxicos (Bayer & Mielniczuk, 1999). A matéria orgânica também auxilia a atividade dos organismos do solo, o que por
sua vez resulta em impactos positivos
sobre a ciclagem de nutrientes (Filser,
1995).
Dentre os adubos orgânicos empregados na olericultura, merece destaque
a “cama” de aviário, que normalmente
apresenta elevados teores de nutrientes.
Oliveira (2001) observou teores de nitrogênio (33,6 g kg-1), fósforo (13,3 g
kg-1), potássio (19,2 g kg-1) e cálcio (25,5
g kg-1), superiores a outra fonte de adubo orgânico muito usada, o esterco de
gado, que apresentou os teores: nitrogênio (15,8 g kg-1), fósforo (1,9 g kg-1),
potássio (13,2 g kg-1) e cálcio (18 g kg-1).
A “cama” de aviário tem apresentado
resultados positivos para a produção de
diversas hortaliças como repolho (Oliveira et al., 2003), brócolis (Moreira,
2003), taro (Zarate et al., 2000) e milho
(Zarate et al., 2003).
A adubação orgânica pode ter sua
eficiência aumentada em sistemas
conservacionistas de preparo do solo,
como o plantio direto. Particularmente
para os agricultores familiares, são necessários esforços para o desenvolvimento de sistemas alternativos, havendo uma forte demanda no que diz respeito ao cultivo de hortaliças como o
taro (Oliveira, 2004).
O objetivo do presente trabalho foi
avaliar os efeitos da aplicação de doses
crescentes de “cama” de aviário sobre o
desempenho produtivo do taro, em sistema orgânico de produção, sob plantio
direto, nas condições edafoclimáticas da
região Serrana Fluminense.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado na Estação Experimental de Nova Friburgo
(EENF) da PESAGRO-RIO, localizada
149
FL Oliveira et al.
Figura 1. Altura (A) e área foliar (B) das plantas de taro aos 210 dias após o plantio em
função de doses de “cama” de aviário em cobertura (height (A) and leaf area (B) of taro
plants, 210 days after planting date depending on poultry litter doses in covering). Nova
Friburgo, UFRRJ, 2004.
na região Serrana Fluminense, em 2002.
A Estação Experimental fica a 1010 m
de altitude, em região de temperaturas
amenas (média anual de 18oC) e precipitação anual de 1300 mm.
O solo da área experimental foi classificado como Cambissolo Háplico, sendo anteriormente cultivado com hortaliças. A análise de solo, na profundidade de 0-20 cm, apresentou: pH em água
= 5,6; Al = 0,0 cmolc dm-3; Ca = 4,3
cmolc dm-3; Mg = 1,3 cmolc dm-3; K =
0,52 cmolc dm-3 e P = 63 mg kg-1. Não
foi feita adubação de plantio, procedendo-se a adubação de cobertura com aplicação das doses estipuladas para cada
tratamento.
O delineamento experimental foi de
blocos ao acaso, com quatro repetições.
Os tratamentos consistiram nas doses de
“cama” de aviário equivalentes a 0; 1,69
t ha-1 (50 kg ha-1 de N); 3,38 t ha-1 (100
150
kg ha-1 de N) e 6,75 t ha-1 (200 kg ha-1 de
N), aplicadas em cobertura por ocasião
da operação de amontoa, realizada aos
120 dias após o plantio da cultura. As
parcelas comportaram 120 plantas de
taro, no espaçamento de 1,0 x 0,3 m,
dispostas em quatro linhas de plantio,
considerando-se como área útil aquela
ocupada por cinco plantas centrais em
cada uma das duas linhas centrais de
cada parcela.
A aveia preta foi semeada a lanço,
no mês de maio, como adubo verde na
forma de pré-cultivo. Realizou-se seu
corte aos 120 dias após a semeadura,
sendo a palhada mantida em cobertura
do solo para todos os tratamentos. Os
rizomas-semente de taro utilizados representam um ecotipo preferido pelos
produtores da região, apresentando bainha foliar de cor verde e rizomas de
polpa branca.
As análises da composição química
da “cama” de aviário, bem como os teores de N contidos na biomassa da aveia
preta foram determinados de acordo
com o método recomendado por
Bremner & Mulvaney (1982), enquanto P, K, Ca e Mg foram determinados a
partir da digestão nítrico-perclórica
(Bataglia et al., 1983). A determinação
de P foi feita por colorimetria através
da formação da cor azul do complexo
fosfato-molibdato em presença de ácido ascórbico, e de K por
espectrofotometria de absorção atômica (Embrapa, 1997). Por sua vez, as determinações de Ca e de Mg foram feitas
por espectrofotometria de absorção atômica (Bataglia et al., 1983).
As quantidades de nutrientes contidos na “cama” de aviário com base na
matéria seca foram 29,6 g kg-1 de N, 26,6
g kg-1 P, 38,0 g kg-1 de K, 47 g kg-1 de Ca
e 6,6 g kg-1 de Mg.
As características fitotécnicas do
taro avaliadas aos 210 dias após o plantio, foram: (1) altura da planta (tomada
do nível do solo até a inserção do pecíolo
no limbo da folha mais alta) e (2) área
foliar por planta (obtida pelo somatório
da área de cada folha da planta). Em
cada folha, a área foi calculada pela
mensuração das três diagonais ligando
o ponto de inserção do pecíolo aos três
vértices do limbo, segundo o método de
Nolasco (1984). Os componentes de
produção avaliados foram: (1) número
de rebentos por planta, (2) produtividade de rebentos e (3) produtividade de
rizoma central. Além disso, avaliou-se
o teor de nitrogênio das folhas e dos
rebentos (Bremner & Mulvaney, 1982).
Os dados foram submetidos à análise de variância, através do teste F, e análise de regressão, de acordo com
Pimentel-Gomes (1990).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A produção de biomassa e as quantidades de nutrientes acumulados na
palhada de aveia preta foram de 9,1 t
ha-1 de matéria seca, contendo de 130
kg ha-1 de N, 14 kg ha-1 de P, 174 kg ha-1
de K, 33 kg ha-1 de Ca e 21 kg ha-1 de
Mg.
A aplicação de doses crescentes de
“cama” de aviário proporcionou aumenHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Desempenho de taro em função de doses de cama de aviário, sob sistema orgânico de produção
tos lineares na altura e área foliar das
plantas (Figura 1). De forma similar,
Zarate et al. (2000) observaram maiores valores de matéria fresca de limbos
e pecíolos de taro, por ocasião da colheita, em plantas adubadas com “cama”
de frango de corte semi-decomposta.
Esses resultados podem ser associados
ao suprimento de nutrientes, principalmente nitrogênio, por aquele tipo de
adubo orgânico e pelos resíduos da aveia
preta. De acordo com Jacobs & Clark
(1993), o maior fornecimento de N para
plantas de taro favorece o desenvolvimento de sua parte aérea (folhas e
pecíolos), atuando como fator
determinante para a produção de biomassa. Isso está associado à ausência de
uma área foliar ótima no taro durante
grande parte de seu ciclo (Goenaga,
1995).
Deve-se ressaltar que, de acordo com
Jansson (1978), há uma correlação positiva entre o suprimento de nutrientes,
principalmente N e K, e a duração do ciclo da cultura do taro. Segundo esse autor, ocorre maior produção de biomassa
de parte aérea quando o suprimento é
feito entre o terceiro e o quinto mês, pois
os nutrientes estariam sendo fornecidos
em época de maior requerimento pelas
plantas. Os resultados apresentados reforçam essa afirmativa, pois a adubação
em cobertura, realizada aos 120 dias, significou maior desenvolvimento da parte
aérea das plantas (Figura 1).
Observou-se efeitos quadráticos significativos da aplicação de doses de
“cama” de aviário sobre o número de rebentos por planta (Figura 2). Esse resultado respalda os valores obtidos por
Puiatti (1987), que destacou a influência
do fornecimento de uma fonte orgânica
com elevado teor de N sobre os ganhos
em quantidade de rebentos laterais.
Efeitos quadráticos significativos da
aplicação de doses de “cama” de aviário também foram observados sobre as
produtividades de rebentos e de rizoma
central (Figura 3). Com base nas equações de regressão obtidas, foi possível
estimar a dose de máxima produtividade de rebentos, que se situou em torno
de 130 kg ha-1 de N (aproximadamente
4,4 t ha-1 de “cama” de aviário).
Outros trabalhos mostraram valores
próximos do obtido para a dose de máHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figura 2. Número de rebentos de taro em função de doses de “cama” de aviário em cobertura (number of taro tillers depending on poultry litter doses in covering). Nova Friburgo,
UFRRJ, 2004.
Figura 3. Produtividade de rizomas centrais (A) e rebentos (B) de taro em função de doses
crescentes de “cama” de aviário em cobertura (yield of central rhizomes (A) and tillers (B)
of taro depending on poultry litter doses in covering). Nova Friburgo, UFRRJ, 2004.
151
FL Oliveira et al.
REFERÊNCIAS
Figura 4. Teor de nitrogênio em folhas (A) e rebentos (B) do taro na colheita, em função de
doses de “cama” de aviário em cobertura (Nitrogen content in leaves (A) and tillers (B) of
taro depending on poultry litter doses in covering). Nova Friburgo, UFRRJ, 2004.
xima produtividade na adubação orgânica do taro. Almeida et al. (1986) obtiveram maior produtividade quando se
utilizaram 30 t ha-1 de esterco de curral,
significando o aporte de, aproximadamente, 180 kg ha-1 de N. Por sua vez,
Pimenta (1993) encontrou maior produção de rebentos comercializáveis quando se aplicou, aos 110 dias após o plantio de taro, uma dose equivalente a 200
kg ha-1 de N, como composto formado a
partir de capim gordura (Melinis
minutiflora) e esterco de curral, demonstrando que a dose é dependente do tipo
de solo, fonte de nitrogênio utilizada e
manejo adotado.
A aplicação de “cama” de aviário proporcionou ainda aumento linear nos teores de nitrogênio das folhas e rebentos de
taro (Figura 4). Resultados semelhantes
152
foram descritos por Jansson (1978), que
observou que a aplicação de nitrogênio
induzia a aumentos na produtividade e no
teor de N nos rebentos. Esse comportamento pode ser atribuído ao fornecimento de N pela “cama” de aviário, sendo que
para a dose de máxima produtividade no
presente trabalho (130 kg ha-1 de N), obteve-se um teor de nitrogênio de 16,7 g
kg-1 de N nos rebentos. Considerando-se
que parte desse nutriente encontra-se na
forma de proteína no taro, a prática da adubação orgânica com “cama” de aviário favoreceu o aumento da qualidade nutricional dessa hortaliça.
A adição de 4,4 t ha-1 de “cama” de
aviário (equivalente a 130 kg ha-1 de N)
possibilitou maior desenvolvimento
vegetativo das plantas, associado a uma
elevada produtividade.
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Yield and phenology of yam as affected by the physiological rest period
of seed-rhizomes
Ademar P de Oliveira1; Márcio F de Moura2; Edna U Alves1; Anarlete U Alves2; Arnaldo Nonato P de
Oliveira1; Francisco de Assis P Leonardo1; Iordam da S Cruz1
1
UFPB-CCA, C. Postal 2, 58397-000 Areia-PB; 2Pós-graduando em Agronomia na UFPB; [email protected]
ABSTRACT
RESUMO
The objective of this work was to evaluate the effects of the rest
period of seed-rhizomes in the phenology and yield of yam Da Costa
(Dioscorea cayennensis). The experiment was carried out in field
conditions at the Federal University of Paraíba, in Areia, Brazil, from
January to December 2004, in an Ustpsamment soil. A completely
randomized block design was used to test three treatments, 60-, 80, and 100-day seed-rhizome rest periods, with seven replications.
Plant emergency was evaluated every ten days from 40 to 90 days
after planting (DAP), as well as plant height, evaluated up to 80
DAP. The average mass of commercial rhizomes and the yield of
commercial and seed-rhizomes were also assessed. At 40, 50, and
60 days after planting, plant emergency was superior for seedrhizomes submitted to 100-day rest periods. At 70 and 80 DAP, there
were no significant differences. At 90 DAP, seed-rhizomes that rested
for 60 and 100 days provided around 91 and 83% of plant emergency,
respectively. Concerning plant height, seed-rhizomes that rested 100
days produced the tallest plants. The average mass of commercial
rhizomes and the yield of commercial and seed-rhizomes were 1.22
kg, 13.1 t ha-1, and 7.7 t ha-1, respectively, for seed rhizomes submitted
to 60-day rest periods. For 100-day rest period rhizomes, the average
mass of commercial rhizomes and the yield of commercial and seedrhizomes, were 0.73 kg, 7.7 t ha-1, and 1.7 t ha-1, respectively.
Fenologia e rendimento do inhame em função do período de
repouso fisiológico dos rizomas-semente
Keywords: Dioscorea cayennensis, post-harvest, dormancy,
emergency, plant height
Palavras-chave: Dioscorea cayennensis, pós-colheita, dormência,
emergência, altura de plantas.
O trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do repouso fisiológico de rizomas-sementes do inhame-da-costa (Dioscorea
cayennensis) sobre sua fenologia e rendimento. Foi desenvolvido
um experimento a campo, na Universidade Federal da Paraíba, no
município de Areia, entre janeiro a dezembro de 2004, em Neossolo
Regolítico Psamítico Típico. Os tratamentos foram representados
pelos períodos de 60, 80 e 100 dias de repouso fisiológico dos
rizomas-sementes. O delineamento experimental empregado foi blocos casualizados, com sete repetições. Foi avaliada a emergência de
plantas a partir de 40 dias após o plantio (DAP), em intervalos de
dez dias, até 90 dias; a altura de plantas a partir de 40 DAP, também
em intervalos de dez dias até 80 DAP, a massa média de rizomas
comerciais e as produtividades de rizomas comerciais e de rizomassementes. A emergência de plantas foi maior em rizomas-sementes
com 100 dias de repouso fisiológico, 40, 50 e 60 DAP; não ocorreu
diferença nas avaliações feitas 70 e 80 DAP e, 90 DAP, rizomassementes com 60 e 100 dias de repouso fisiológico proporcionaram,
respectivamente, 91 e 83% de emergência. Para a característica altura de plantas, rizomas-sementes com 100 dias de repouso produziram as plantas mais altas, até 60 dias após o plantio. A massa média de rizomas e as produtividades de rizomas comerciais e de
rizomas-sementes foram de 1,22 kg, 13,1 t ha-1 e de 7,7 t ha-1, respectivamente, para rizomas-semente com 60 dias de repouso fisiológico. Rizomas-sementes com 100 dias de repouso fisiológico apresentaram massa média e produtividade de rizomas comercias e de
rizomas-semente de 0,73 kg, 7,7 t ha-1 e 1,7 t ha-1, respectivamente.
(Recebido para publicação em 21 de maio de 2007; aceito em 14 de abril de 2008)
Y
am (Dioscorea cayennensis Lam.),
known in Portuguese as cará-dacosta, holds at the Brazilian Northeast
region, especially in the top producing
States (Pernambuco and Paraíba), a
great socio-economic importance, due
to its nourishing rhizomes of high
energetic and nutritive values, with a
high content of starch (Oliveira et al.,
2002). The species is worth of special
attention because it is a tropical plant of
great potential that can contribute for the
solution of the issue of food supply. This
is especially relevant in underdeveloped
154
regions, where yam is already widely
used as food by all social classes. In the
State of Paraíba, producing areas are
concentrated in the coastline and in the
agro-grazing micro-region of Baixo
Paraíba, comprising a planted area of
approximately 7.5 thousand hectare
year-1 and producing around 90 thousand
tons (Santos & Macêdo, 2002).
Yam is vegetatively multiplied
through complete seed-rhizomes, which
assures a high sprouting percentage and
a good plant development; or through
parts of the rhizome, named head, half,
and end, more frequently used by
farmers (Santos, 1998). Nevertheless,
the selection of seed-rhizomes for
planting is a very important task to the
proper exploitation of this plant, since
the rhizomes to be produced must match
a standard on commercial quality.
Unequal emergence has been
leading to considerable losses to
producers, due to the death of seedrhizomes, caused by attacks of soilborne insects and pathogens. In addition,
adverse climatic conditions may injury
the sprouting buds. Under these
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Yield and phenology of yam as affected by the physiological rest period of seed-rhizomes
circumstances, it is difficult to control
the production of seed-rhizomes, which
depends on performing early harvests
(top pruning), at seven months. These
harvests consist in removing rhizomes
from plants by means of a cut at the
linking point with the aboveground part,
followed by planting to induce the
emission of new rhizomes, named
mother- or seed-rhizomes. The
objectives are to obtain rhizomes to be
traded at the off-season period and to
induce the production of extra seedrhizomes. Plants kept in the field for two
more months can complete their cycles,
which results in the production of seedrhizomes (Santos, 1996).
At a high density, it is difficult to
control emergence, which may lead to
harvest at inadequate maturation stages
(Santos, 1998). Finger et al. (2005)
define the physiological rest or
dormancy as the period during which
buds of the rhizomes do not present
visible signs of growth, even if stored
under ideal sprouting conditions of
temperature, light, and air composition.
Dormancy is common also in potatoes
(Solanum tuberosum L.) and is due to
endogenous physiological factors.
According to Bisogin et al. (1998),
dormancy is a physiological state of the
tuber, which begins at tuberization and
ends at the emission of at least one
sprout. During this period, tuber does
not present sprouting capacity even
under favourable conditions. Hormonal
balance between growth promoters and
inhibitors greatly influences this process
(Fernandez, 1988). The dormancy
period corresponds to the number of
days from harvesting to the beginning
of tuber sprouting, and is species- and
cultivar-specific (Beukema & Van der
Zaag, 1979). Potato tubers are dormant
after harvesting. During this period, the
metabolic activity is reduced and the
internal hormonal balance privileges
growth inhibitors. After this period, if
environmental
conditions
of
temperature and light favours hormonal
balance, first sprouts appear out the
apical bud (Souza, 2003).
In yam, the seed-rhizome dormancy
period is variable, comprising from a
few days to months. However,
according to the seed-rhizome storage
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
conditions, some practices can be used
to reduce it. Actually, after harvesting,
rhizomes usually remain dormant for
nearly three months. After that, the
process of sprouting begins, both in
storage or after planting (Santos, 1996).
Sprouting is faster on entire rhizomes,
starting at the proximal and progressing
to the distal end (Silva, 1971; Araújo,
1982; Santos, 1998).
Our objective was to assess the
effects of the physiological rest period
of seed-rhizomes on yam phenology and
seed-rhizomes yield and production.
MATERIAL AND METHODS
The experiment was carried out at
the Federal University of Paraíba, in
Areia, between January and December
2004, using yam da Costa seedrhizomes, recently harvested. The soil
of the experimental area was classified
as typical Quartz psamment (Embrapa,
1999), with the following chemical
characteristics: pH (H 2O) = 7.0; P
available = 107.54 mg dm-3; K+ available
= 64 mg dm-3; Na+ = 0.09 cmolc dm-3;
H+ + Al+3 = 0.91 cmolc dm-3; Al+3 = 0.00
cmolc dm-3; Ca+2 = 2.70 cmolc dm-3; Mg+2
= 0.75 cmolc dm-3; and organic matter =
15.54 g dm-3.
Rhizomes were submitted to
physiological rest periods of 60, 80, and
100 days, stored under shed conditions.
The experimental design was
randomized complete blocks, with
seven replications. After each harvesting
period, seed-rhizomes were cut in pieces
of approximately 250 g. Afterwards,
they were planted on a 1,20 x 0,60 m
spacing, in furrows previously raised
after soil ploughing and harrowing. The
experimental unit was composed of 40
plants, out of which 20 were used to
evaluate commercial yield, and 20, to
evaluate seed-rhizome yield.
Fertilization on planting consisted of
30 kg ha-1 of P2O5, 20 kg ha-1 of K2O,
and 12 t ha-1 of cattle manure, while the
side dressing fertilization consisted of
applying 100 kg ha-1 of N, 50% three
months after planting and 50% a month
later. During the cycle, hand hoeing and
earth up were performed aiming at
protecting the rhizomes against solar
rays. Sprinkler irrigation was used at
periods of absence of rain, with threeday irrigation shifts. Plants were driven
using single stakes.
The percentage of plant emergency
was evaluated from 40 to 90 days after
planting (DAP), while plant height was
assessed from 40 to 80 DAP, both in 10day intervals. The average mass of
commercial rhizomes and the yield of
commercial and seed-rhizomes were
also assessed. To evaluate commercial
yield, the harvest was performed nine
months after planting. Rhizomes
weighting between 1.5 and 2.0 kg were
considered as commercial (Silva, 2002).
Seed-rhizome yield was assessed in
plants submitted to top-pruning,
harvested three months after it.
Data were submitted to the variance
analysis and polynomial regression,
using the linear model, with 5%
probability.
RESULTS AND DISCUSSION
There was significant interaction
between rest periods and days after
planting over emergency and plant
height, as well as isolated effect of rest
periods over the average mass of
commercial rhizomes and yield of
commercial and seed-rhizomes.
Plant emergency increased linearly
40, 50, and 60 DAP, along with the
physiological rest periods, reaching
maximum percentages of 45, 62, and
74%, respectively, for rhizomes
submitted to 100-day rest period. At 70
and 80 DAP, emergency was
independent of the rest period. A
decrease on emergency as the seedrhizome rest period increased was
observed 90 DAP. In this date, seedrhizomes submitted to 60-day rest
periods resulted in an emergency of
91%, while for those submitted to 100day rest periods emergency was 83%
(Figure 1). The difference in emergency
between these two treatments (8%)
represents less than 1.093 plant ha-1. The
low initial emergency observed for
rhizomes submitted to 60-day
physiological rest periods is likely to be
related to their immaturity at this stage.
Reduced emergency has been already
observed when young rhizomes and
tubers were used for propagation (Iritan
155
AP Oliveira et al.
Figure 1. Emergency of yam plants 40 (Y1), 50 (Y2), 60 (Y3), 70 (Y4), 80 (Y5) and 90 (Y6)
days after planting as affected by the rest period of seed-rhizomes (emergência de plantas de
inhame 40 (y1), 50 (y2), 60 (y3), 70 (y4), 80 (y5) e 90 (y6) dias após o plantio, em função do
período de repouso fisiológico dos rizomas-sementes). Areia, UFPB, 2006.
Figure 2. Height of yam plants 40 (Y1), 50 (Y2), 60 (Y3), 70 (Y4), 80 (Y5), and 90 (Y6) days
after planting, as affected by the rest period of seed-rhizomes (altura de plantas de inhame
40 (y1), 50 (y2), 60 (y3), 70 (y4) e 80 (y5) dias após o plantio, em função do período de
repouso fisiológico dos rizomas-sementes). Areia, UFPB, 2006.
& Thorton, 1984). The decrease in
emergency observed 90 DAP associated
with the use of seed-rhizomes that rested
for 100 days is probably due to their
physiological aging, caused by the
consumption of their reserves during the
resting period. The use of physiologically
old tubers in potato results in smaller
vigor and reduced stands (Finger &
Fontes, 1999). In potato, Raouf (1979)
and Rezende (2007) observed a decrease
on plant final stand at field due to the
156
failure in emergency when old or
physiologically aged seed-potatoes were
used. Similarly, in yam seed-rhizomes
with long physiological rest periods
promote a fast initial emergency,
although with poor plant development
afterwards (Santos, 1996).
Plant heights assessed 40, 50, and 60
DAP increased together with the length
of the seed-rhizome rest period, with
maximum heights of 35, 70, and 106 cm,
respectively, for seed-rhizomes with a
100-day rest. On the other hand, heights
observed 70 and 80 DAP reduced as the
physiological rest period of the seedrhizome increased, with the tallest plants
coming out from seed-rhizomes with
60-day rest (Figure 2). The reduction in
plant height assessed 70 and 80 days for
seed-rhizomes exposed to a rest period
of 100 days can be assigned to the high
losses of reserves in these rhizomes
before planting. According to Santos
(1996), yam seed-rhizomes with more
than 90 days of rest can present a
vigorous initial plant growth, but
without correspondence on further plant
development.
Each additional day in the
physiological rest period induced
decreases of 12.4 g in the average mass
of commercial rhizomes and 135 and 95
kg ha-1 respectively in commercial and
seed rhizome yields. When seedrhizomes with 60-day rest were used for
planting, the average mass and the yield
of commercial rhizomes were
respectively 1.22 kg and 13.1 t ha-1, with
the yield of seed-rhizomes reaching 7.7
t ha-1. For seed-rhizomes with a 100-day
rest period, the average mass of
commercial rhizomes was 0.73 kg and
commercial and seed-rhizome yields
were, respectively, 7.7 and 1.7 t ha-1
(Figures 1 and 2). In the same way that
seed-rhizomes with long physiological
rest periods reduced plant emergency,
there was also a decrease in yield
(Santos, 1996). In potato, Bohl et al.
(2003) and Pavlista (2004) reported that
as seed-potatoes grown physiologically
old, yield is significantly compromised
due to the high losses of tuber reserves.
Rezende (2007) observed that the longer
the seed-potato storage period in room
temperature was, the smaller total and
commercial yields were.
The yield of commercial rhizomes
achieved by planting seed-rhizomes
with 60-day rest exceeded in 10 ton ha1
the average found by Santos (1996) for
the State of Paraíba. This result indicates
the potential impact of anticipating
planting on production, taking into
account that farmers usually use seedrhizomes with about 90 days of
physiological rest (Santos, 1998).
Considering that the post-harvest period
of yam seed-rhizomes can influence
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Yield and phenology of yam as affected by the physiological rest period of seed-rhizomes
yield, the planting of this species should
be carried out 60 days after harvesting.
Seed-rhizomes with a post-harvest
period longer than 80 days should not
be used for planting.
ACKNOWLEDGEMENTS
Authors thank CNPq (The National
Council for Scientific and Technological
Development) for the financial support.
Ademar P de Oliveira holds a CNPq
grant in Productivity in Research;
Francisco de Assis P Leonardo and
Iordam da S Cruz hold scholarships for
respectively Scientific Initiation and
Technical Support.
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Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figure 3. Average mass of yam commercial rhizomes as affected by the physiological rest
periods of seed-rhizomes (massa média de rizomas comerciais de inhame em função do
período de repouso fisiológico de rizomas-semente). Areia, PB, 2006.
Figure 4. Yam commercial rhizomes (Y1) and seed-rhizomes (Y2) yield as affected by the
physiological rest periods of seed-rhizomes (Produção de rizomas comerciais (y1) e de
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ambiente protegido, em diferentes épocas. Horticultura Brasileira 26: 158-164.
Interação entre alface e tomateiro consorciados em ambiente protegido,
em diferentes épocas
Arthur Bernardes Cecílio Filho1;4; Bráulio Luciano A Rezende5; José Carlos Barbosa5; Anderson Luiz
Feltrim5; Gilson S da Silva2; Leilson C Grangeiro3
1
FCAV-UNESP, Rodovia Prof. Paulo D. Castellane, s/n, 14884-900 Jaboticabal-SP; 2FCAV-UNESP, Depto. Ciências Exatas; 3UFERSA,
C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN. 4Bolsista CNPq; 5FCAV-UNESP, Pós-graduandos em Agronomia, Produção Vegetal;
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Dois experimentos foram conduzidos na UNESP, em Jaboticabal
(SP), com o objetivo de avaliar a interação entre alface e tomateiro,
em ambiente protegido. Consórcios estabelecidos por transplantes
da alface aos 0; 10; 20 e 30 dias após o transplante do tomateiro
foram avaliados em dois períodos (abril a setembro/03 e janeiro a
maio/04) e comparados às suas monoculturas, também estabelecidas
nas mesmas épocas dos consórcios. Cada experimento foi conduzido em delineamento de blocos ao acaso, com nove tratamentos. Verificou-se que a produtividade do tomateiro e o percentual de frutos
nas classes 50 e 60 não foram influenciados pela alface, independentemente da época em que esta foi transplantada. Por outro lado,
a alface produziu menos em consórcio do que em monocultura, e
quanto mais atrasado o seu transplante, em relação ao tomateiro,
maior foi a redução em sua produtividade.
Interaction between lettuce and tomato plants, in
intercropping cultivation, established at different times, under
protected cultivation
Palavras-chave: Lactuca sativa, Lycopersicon esculentum, sistemas de cultivo, consorciação de culturas.
Keywords: Lactuca sativa, Lycopersicon esculentum, cropping
systems, intercropped cultures.
Two experiments were carried out in Jaboticabal, São Paulo State,
Brazil, to evaluate the interaction between lettuce and tomato, in
intercropping, in a protected cultivation. Lettuce plants were
transplanted into a tomato field at 0; 10; 20, and 30 days after tomato
transplantation. These evaluations were performed from April to
September 2003 and from January to June 2004. Both, lettuce and
tomato crops, were also cultivated in monoculture in order to compare
this system and the intercropping one. Each experiment was carried
out in a randomized complete block design with nine treatments.
Both tomato yield and fruit classification into grades were not
influenced by lettuce crop independently of the transplantation time.
On the other hand, lettuce, when intercropped, yielded lesser than
when cultivated in sole crop and the yield decreased with the delaying
transplanting date.
(Recebido para publicação em 19 de novembro de 2006; aceito em 19 de março de 2008)
A
tualmente, a preocupação do olericultor não pode restringir-se apenas à produtividade e à qualidade da produção almejada, mas também como ela
será obtida. O modus operandi deve
compreender o planejamento para promover a redução de custos para a produção das hortaliças e propiciar menor
impacto ambiental. Os reflexos serão
percebidos na maior competitividade do
produto e do produtor no mercado, assim como na melhor sustentabilidade do
sistema.
Nos últimos anos, grande foi o aumento na consideração das relações entre a agricultura e o meio ambiente, dos
recursos naturais e da qualidade dos alimentos (Ehlers, 1999). Em tempos mais
distantes, o crescimento da produção de
alimentos se fez pela expansão da área;
mais recentemente, por incremento na
produtividade. Sem desconsiderar a
158
importante contribuição dessas duas ferramentas, a consorciação de culturas
pode contribuir direta e/ou indiretamente para o menor impacto ambiental, visto que entre suas vantagens pode proporcionar, segundo Hortwith (1985),
redução do uso de insumos feitos a partir de fontes não renováveis, tais como
defensivos agrícolas ou pelos menos
permitir maior aproveitamento dos mesmos, e à maior rentabilidade do cultivo
(Rezende et al., 2005b, 2005c).
Tomateiro e alface são hortaliças de
grande expressão econômica na
olericultura nacional, as quais em cultivo consorciado, sob ambiente protegido, atendem ao importante, e talvez primeiro critério para se obter sucesso em
consórcios: serem contrastantes em características agrobotânicas, a fim de explorarem a complementaridade temporal e/ou espacial.
Além de Rezende et al. (2005a), que
avaliaram o efeito de consórcio tomateiro e alface, com transplante desta de
0 a 42 dias após o transplante do tomateiro, não foram encontrados outros trabalhos na literatura científica nacional
sobre a consorciação dessas duas hortaliças. Nos Estados Unidos, Jett et al.
(2005) verificaram que a produtividade
e classificação de frutos de tomate não
foram influenciadas quando o tomateiro foi transplantado no mesmo dia do
transplante da alface. Segundo Debarba
(2000), citado por Souza & Resende
(2003), a alface é uma cultura beneficiada pela associação ao tomateiro. Por
outro lado, o mesmo autor não informa
se há, e qual é o tipo de efeito da alface
no tomateiro.
Diante do exposto, dois experimentos foram conduzidos, em casa de vegetação, com o objetivo de avaliar a
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Interação entre alface e tomateiro consorciados em ambiente protegido, em diferentes épocas
interação entre a alface e tomateiro em
cultivo consorciado, comparado ao solteiro, por meio de comparações de suas
produtividades e características comerciais das hortaliças.
MATERIAL E MÉTODOS
Os dois experimentos foram conduzidos de 17/04 a 09/09/03 e de 30/01 a
27/05/04, em casa de vegetação de 614,4
m2, de modelo teto em arco, com pédireito de 3 m, coberta com filme de
polietileno de baixa densidade, transparente, de 150 mm de espessura,
aditivado contra raios ultravioleta, localizada na UNESP, Campus de
Jaboticabal, situada à altitude de 575
metros, latitude 21º15’22"S e longitude
48º15’58" W. O clima de Jaboticabal é
classificado como subtropical com chuvas de verão, e inverno relativamente
seco. Apresenta médias anuais de
1.424,6 mm, 22,2ºC, 28,9ºC e 16,8ºC,
respectivamente, para precipitação pluvial e temperaturas média, máxima e
mínima (Resenha..., 2005). No cultivo
de 17/04 a 09/09/03, as temperaturas
médias das máximas, mínimas e médias
mensais foram 28,8; 14,3 e 20,7ºC, respectivamente, enquanto no segundo cultivo, 30/01 a 27/05/04, os valores médios foram 29,2; 18 e 22,5ºC.
O solo da área, segundo classificação de Andrioli & Centurion (1999),
corresponde ao Latossolo Vermelho
Eutroférrico típico de textura muita argilosa, A moderado caulinítico-oxídico,
relevo suave ondulado a ondulado.
O tomateiro foi a cultura principal.
A alface, secundária, foi transplantada
aos 0; 10; 20 e 30 dias após o transplante (DAT) do tomateiro, correspondendo
aos quatro consórcios. Para cada época
de estabelecimento do consórcio, também, foi instalado um cultivo solteiro
de alface. Aos oito tratamentos somase o cultivo solteiro do tomateiro,
totalizando nove tratamentos. Os experimentos 1 e 2, sob delineamento de blocos ao acaso, tiveram, respectivamente,
oito e cinco repetições. As unidades experimentais foram constituídas por dez
plantas de tomateiro e 40 plantas de alface, distribuídas, respectivamente em
duas e quatro linhas de plantas. As fileiras duplas do tomateiro ficaram centraHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figura 1. Representação gráfica de uma parcela, da área útil para coleta de dados e disposição das culturas em consórcio, tomate (fileira dupla - 1,20 x 0,60 x 0,50 m) e alface (0,30 x
0,25 m). (graphic representation of a experimental unit, of the useful area for collection of
data and disposition of the cultures in intercropping, tomato (double spacing – 1.20 x 0.60 x
0.50 m) and lettuce (0.30 x 0.25 m)). Jaboticabal, UNESP, 2003/2004.
lizadas no canteiro, distando entre as
fileiras simples em 0,60 m, e constando
de duas fileiras de alface entre as fileiras duplas do tomateiro e duas linhas
externas à mesma. As características do
tomateiro e da alface foram avaliadas,
respectivamente, nas seis e 20 plantas
centrais (Figura 1).
O preparo do solo, para os dois experimentos, foi feito com aração, gradagem
e posterior confecção dos canteiros. As
análises químicas do solo do primeiro e
segundo cultivos, na camada de 0-20 cm,
apresentaram, respectivamente: pH(CaCl2)
de 5,7 e 5,8; 22 e 18 g dm-3 de matéria
orgânica, 138 e 67 mg dm-3 de P(resina). Em
mmolc dm-3, os solos continham 2,4 e 1,2
de K; 51 e 32 de Ca; 21 e 8 de Mg e 77%
e 60% de saturação de bases. Com base
nas análises de solo, fez-se a calagem,
30 dias antes da instalação do experimento 2, utilizando-se de calcário calcinado
de PRNT 122%, objetivando elevar a
saturação por bases do solo a 80%. As
adubações de plantio dos consórcios e
monocultura do tomateiro receberam
doses de P (superfosfato simples) e K
(cloreto de potássio) conforme recomendação de Trani et al. (1997a) para a cultura do tomateiro. Quanto ao N, aplicaram-se 60 kg ha-1, na forma de nitrato de
amônio. As adubações de cobertura para
as culturas foram feitas conforme recomendação de Trani et al. (1997a, 1997b).
Foi utilizada, para a cultura do tomateiro (Lycopersicon esculentum), a
cv. Débora Max, e, na cultura da alface
(Lactuca sativa), a cv. Vera. As mudas
do tomateiro e alface foram formadas,
respectivamente, em bandejas para 128
e 288 células. A alface foi transplantada
com quatro folhas após as cotiledonares,
em espaçamento de 0,30 m entre linhas
e 0,25 m entre plantas na linha. O tomateiro foi transplantado, também, com
quatro folhas após as cotiledonares, em
espaçamento de 1,20 m entre linhas duplas x 0,60 m entre linhas simples x 0,50
m entre plantas na linha.
Nos dois períodos de cultivo, o tomateiro foi conduzido com duas hastes.
O número de cachos conduzidos foi diferente entre as épocas. Na primeira
época, eliminou-se o meristema apical
após a sétima inflorescência da haste
principal; na segunda época, devido ao
severo ataque de traça do tomateiro
(Tuta absoluta), fato que encurtou o ciclo, somente foram aproveitados os primeiros quatro ou cinco cachos de cada
haste. Na fase inicial das culturas até
cerca de 25 DAT da alface, para ambas
as culturas foram pulverizações semanais para controle de tripes e pulgão.
Para o controle de pragas do tomateiro,
especialmente, brocas de fruto e traça,
as pulverizações dirigiram-se às partes
mediana e apical do tomateiro, não atingindo a alface. O tutoramento das plantas foi feito com fitilhos plásticos no
sentido vertical, envolvendo cada uma
das hastes do tomateiro. O fitilho foi
159
AB Cecílio Filho et al.
rio, ateve-se à análise de variância conjunta. O teste de Tukey foi utilizado para
diferenciar as médias obtidas para as
características de tomateiro e alface influenciadas pelo período de cultivo e
sistemas de cultivo. Para a época de
transplante, as médias foram ajustadas
à regressão polinomial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 2. Número de folhas de alfaces localizadas em linhas externas (FAE) e internas (FAI)
do canteiro, em cultivos consorciados (Cons) e solteiro (Solt), em função da sua época de
transplante após o transplante do tomateiro. Primeiro cultivo: 17/04 a 09/09/03. (number of
lettuce leaves located on external (FAE) and internal (FAI) lines of the stonemason, in associated
(Cons) and single (Solt) cultivation, depending on the transplanting date after the transplant of
the tomato. First cultivation: 04/17 to 09/09/03). Jaboticabal, UNESP, 2003/2004.
amarrado a arames dispostos paralelamente ao terreno, situados rente ao solo
e a 2 m de altura.
As colheitas de alface de cultivos
solteiros foram realizadas nas mesmas
datas dos respectivos consórcios. Para
os transplantes efetuados em 17/04, 27/
04, 07/05 e 17/05/03, as colheitas ocorreram respectivamente em 02/06, 17/06,
27/06 e 08/07/03. No segundo cultivo,
para os transplantes de 30/01, 09/02, 19/
02 e 01/03/04, as colheitas se deram em
13/03, 19/03, 29/03 e 15/04/04. As colheitas de tomateiro, para o primeiro
cultivo, encerraram-se em 09/09/03; e
em 27/05/04 no segundo cultivo.
Para alface, foram avaliados o número de folhas, diâmetro e matéria fresca da parte aérea, separadamente para
plantas localizadas em linhas externas
e internas do canteiro, e avaliação visual de aspectos comerciais da alface
(coloração e sinais de pendoamento e
estiolamento). Para o tomateiro, foram
avaliadas a produção comercial de frutos de tomateiro (kg planta-1), adotando-se a classificação sugerida por Companhia... (2003). Foram considerados
comerciais os frutos com diâmetro igual
160
a 40 mm ou superior, e isentos de podridões, rachaduras, deformações e danos profundos. Avaliou-se a distribuição percentual da produção comercial
de frutos de tomateiro nas classes 50
(50-60 mm) e 60 (60-70 mm).
Para o tomateiro, as análises de
variância foram realizadas segundo delineamento de blocos ao acaso, com cinco tratamentos, correspondentes aos sistemas de cultivo [tomateiro (T) + alface (A) aos 0 DAT, T + A aos 10 DAT, T
+ A aos 20 DAT, T + A aos 30 DAT e
tomateiro solteiro]. Para a alface, as análises de variância seguiram o delineamento de blocos ao acaso, em esquema
fatorial 2 x 4, ou seja, dois sistemas de
cultivo (consórcio e solteiro) e quatro
épocas de transplante (0; 10; 20 e 30
dias). A análise de variância foi realizada para cada característica, em cada período de cultivo. Procedeu-se a análise
de variância conjunta dos experimentos
(períodos) para a característica em questão. Quando constatada a interação significativa (Teste F, p<0,05) dos tratamentos com o período de cultivo, os tratamentos foram discutidos separadamente para cada período. Caso contrá-
Conforme a análise conjunta dos
experimentos, a produtividade da cultura do tomateiro e a produção de frutos nas classes 50 e 60 não foram significativamente afetadas pelos tratamentos (p>0,05). A interação períodos e tratamentos não foi significativa (p>0,05)
sobre as características. A produtividade do tomateiro, nos sistemas de cultivo
avaliados, variou de 7,6 a 8,2 kg planta-1.
Os percentuais de frutos obtidos nos tratamentos (consórcios e monocultura)
variaram de 49,9 a 59,1% na classe 50 e
de 40,3 a 48,3%, na classe 60, sem haver
diferença significativa entre os mesmos.
Rezende et al. (2005a), avaliando
consórcios estabelecidos com o transplante da alface aos 0; 14; 28 e 42 DAT
do tomateiro, também constataram que
a presença da alface não influenciou,
positiva ou negativamente, a cultura do
tomateiro, bem como a percentagem da
produção de frutos nas classes 50 e 60.
Jett et al. (2005), avaliando consórcios
de tomateiro e alface, em cultivo sob
túnel alto, verificaram que o início do
período de colheita, a produtividade e a
classificação do tomateiro, não foram
influenciadas quando o consórcio foi
estabelecido com o transplante do tomateiro no mesmo dia da semeadura da
alface.
Maior influência da alface sobre o
tomateiro era esperada quando as duas
culturas foram transplantadas no mesmo dia. Contudo, devido ao crescimento inicial muito lento da alface comparativamente ao do tomateiro e, também,
por predominar naquela hortaliça o crescimento horizontal em relação ao vertical do tomateiro, pode-se considerar que
as culturas ocuparam nichos diferentes.
Hart (1986) afirma que, a fim de coexistirem e, consequentemente, apresentarem fraca competição interespecífica,
as espécies devem possuir nichos sufiHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Interação entre alface e tomateiro consorciados em ambiente protegido, em diferentes épocas
cientemente distintos e os recursos demandados não podem ser idênticos.
Essa condição de nichos diferenciados pode ser retratada parcialmente pelas características botânicas e agronômicas das espécies estudadas, as quais
são importantes na determinação do
grau de complementaridade entre as
mesmas para uso dos recursos do ambiente e composição de suas produtividades (Trenbath, 1976, 1986; Barker &
Francis, 1986).
Observou-se, nos dois experimentos,
que a alface, por ocasião de dois terços
de seu período de crescimento pós-transplante, apresentava cerca de 10 a 12 folhas e diâmetro aproximado de 20 cm;
portanto, não tendo contato com as plantas de tomateiro. Rezende et al. (2005a)
também justificaram a ausência de influência da alface sobre o tomateiro em
decorrência de diferenças observadas
entre as espécies, tais como arquitetura,
porte, velocidade de crescimento e ocupação do terreno.
Há de ser ressaltado que as diferenças entre alface e o tomateiro, apontadas na literatura e consideradas neste
trabalho como responsáveis pela ausência de interferência de um sobre o outro, estão bastante relacionadas à utilização, pelas espécies consorciadas, do
recurso luz. Este é apontado por Beets
(1982) e Sinoquet & Caldwell (1995)
como o principal fator limitante ao crescimento e produção de culturas em consórcio, uma vez satisfeitas as necessidades de água e nutrientes. Devido ao
seu rápido crescimento em relação à alface e distribuição de seu dossel
fotossintético acima do extrato ocupado pela alface, o tomateiro não sofreu
redução na interceptação da radiação
incidente quando em consórcio, em relação ao cultivo solteiro.
Diferença significativa foi constatada entre os experimentos (períodos de
cultivo) para a produtividade do tomateiro (p<0,01) e percentuais da produção nas classes 50 e 60 (p<0,01). Maior
produtividade (9,1 kg planta-1) foi obtida no cultivo de abril a setembro de
2003, enquanto no cultivo de janeiro a
maio de 2004 obtiveram-se 6,2 kg planta-1. No primeiro cultivo a produtividade foi elevada, correspondendo às expectativas de produção dos híbridos atuais,
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figura 3. Número de folhas de alfaces localizadas em linhas externas (FAE) e internas (FAI)
do canteiro, em cultivos consorciado (Cons) e solteiro (Solt), em função da sua época de
transplante após o transplante do tomateiro. Segundo cultivo: 30/01 a 27/05/04. (number of
lettuce leaves of plants located on external (FAE) and internal (FAI) lines of the stonemason,
in associated (Cons) and single (Solt) cultivations, depending on the transplanting date after
the tomato transplant. Second cultivation: 01/30 to 05/27/04). Jaboticabal, UNESP, 2003/2004.
cultivados em ambiente protegido, com
período de colheita de dois meses. Este
rendimento comercial correspondeu a
20,1 kg m-2, ou seja, 201.460 kg ha-1,
superior em 45,5% à produtividade do
segundo cultivo (13,8 kg m-2), 138.528
kg ha-1. A grande redução na produtividade de tomateiro do segundo cultivo
foi devida ao severo ataque de traça,
Tuta absoluta, que foi determinante na
formação de menor dossel fotossintético
e, conseqüentemente, favoreceu a redução do número de frutos colhidos. Em
plantas do segundo cultivo foram colhidos sete ou oito cachos por planta, enquanto, na primeira época, foram 11 ou
12 cachos.
Assim como verificado para produtividade, no primeiro cultivo, obteve-se
maior produção comercial de frutos na
classe 60 (48,6%). No cultivo de janeiro a maio, obtiveram-se 35,4% de frutos nesta classe, ou seja, cerca de 30%
menos que no primeiro cultivo. Na classe 50, a produção total de frutos para o
primeiro e segundo cultivos foram respectivamente, de 48,7% e 64,6%. A predominância de frutos em classes comerciais superiores ou inferiores depende,
em suma, de quão satisfeito foi o potencial produtivo da cultivar, resultantes de
estímulos e estresses do ambiente e de
ações do homem. Assim, o maior
percentual de distribuição de frutos na
classe 60 obtido no primeiro cultivo, em
que também se constatou maior produtividade, pode ser atribuído à melhor relação fonte/dreno da planta de tomateiro
naquele período do que no segundo.
Para alface, segundo a análise conjunta dos experimentos, houve efeito
significativo (p<0,01) somente dos tratamentos no diâmetro de alfaces (DE)
localizadas nas linhas externas do canteiro (DE). O desdobramento dos tratamentos, constituídos pela interação dos
fatores sistemas de cultivo (solteiro e
consórcio) e épocas de transplante da
alface em relação ao do tomateiro, permitiu constatar que houve interação significativa dos fatores períodos de cultivo e sistemas de cultivo (P<0,05) e para
o fator época de transplante da alface
(p<0,01) no DE, fato que determinou a
avaliação dos fatores em cada período
de cultivo.
No primeiro cultivo, o DE foi significativamente influenciado pelos fatores sistema de cultivo (p<0,01) e época
de transplante da alface (p<0,01), sem
haver interação dos mesmos. O cultivo
solteiro proporcionou plantas com diâmetro maior (32,8 cm) do que em consórcio (30,9 cm). Quanto ao efeito da
161
AB Cecílio Filho et al.
Figura 4. Massa da matéria fresca de alface localizada nas linhas externas (MFAE) e internas (MFAI) do canteiro, em cultivos consorciado (Cons) e solteiro (Solt), em função da
época de transplante da alface após o transplante do tomateiro. Primeiro cultivo: 17/4 a 9/9/
2003. (Mass of the fresh matter of located lettuce in the external lines (MFAE) and intern
(MFAI) of the stonemason, in cultivations associated (Cons) and single (Solt), in function of
the time of transplant of the lettuce after the transplant of the tomato. First cultivation: 4/17
to 9/9/2003). Jaboticabal, UNESP, 2003/2004.
época de transplante, maior DE (33,2
cm) foi obtido quando a alface foi transplantada aos 12 DAT do tomateiro (Y =
31,7664 + 0,2327062X - 0,00955312X2
R2 = 0,86**). No segundo período, o DE
não foi influenciado significativamente
(p>0,05) pelos fatores avaliados e apresentou média de 32,5 cm.
Para DI, houve interação significativa (p<0,01) para períodos e tratamentos. Na análise de variância para cada
período, constatou-se interação significativa dos fatores no cultivo de abril a
setembro/03. O cultivo de alface em
consórcio com o tomateiro, quando as
duas hortaliças foram transplantadas no
mesmo dia, não promoveu diferença significativa no DI em relação à alface cultivada em sistema de monocultura. Contudo, quando foi transplantada com atraso superior a 10 DAT do tomateiro, a
alface apresentou menores diâmetros da
parte aérea em cultivo consorciado do
que em monocultura. A diferença entre
os sistemas de cultivo, a favor do cultivo solteiro, que era de 0,3 cm (não significativo) quando transplantados na
mesma época, aumentou para 2,5; 5,3 e
5,7 cm, respectivamente, quando se
transplantou a alface aos 10; 20 e 30 dias
162
após o transplante do tomateiro. Portanto, as reduções ocorridas em cultivo
consorciado (Y=33,215 - 0,246625X
R2=0,74**) foram maiores do que aquelas observadas na monocultura
(Y=33,53438 + 0,1428125X 0,00703125X2 R2=0,61*). Quando a
alface foi transplantada aos 30 DAT do
tomateiro, o diâmetro (25,8 cm) representou 78% do diâmetro máximo obtido em consórcio a 0 DAT, enquanto, em
cultivo solteiro, o diâmetro da alface
transplantada aos 30 DAT correspondeu
a 92%. Portanto, além do efeito da época constata-se que houve competição
interespecífica.
Para número de folhas de alface,
também constatou-se interação significativa (p<0,01) entre período de cultivo e tratamentos. No primeiro cultivo,
as respostas da alface quanto ao número de folhas por planta localizada em
linhas externas (FAE) e internas (FAI)
do canteiro foram semelhantes. Em cultivo solteiro, o FAE e o FAI aumentaram linearmente à medida que mais tardio foi o transplante da alface, evidenciando melhores condições ambientais
para a alface. Por outro lado, em consórcio, o FAE e o FAI foram
maximizados, respectivamente aos 8 e
4 DAT. Transplantes posteriores promoveram reduções em ambos (Figura 2),
que aos 30 DAT foram de 27% e 21,4%,
respectivamente para o FAE e FAI, denotando o quanto prejudicial foi o
sombreamento.
No segundo período de cultivo, 30/
01 a 27/05/04, o DI não foi influenciado (p>0,05) pelos fatores sistemas de
cultivo e épocas de transplante da alface isoladamente, ou pela interação desses. O DI médio observado foi de 31,5
cm. Contudo, semelhantemente ao observado no primeiro cultivo, no segundo período também se constatou
interação significativa dos fatores sobre
FAE (p<0,01) e FAI (p<0,05).
Para ambos os sistemas de cultivo,
o número de folhas por planta de alface
foi decrescente à medida que mais tardio foi o transplante desta em relação
ao do tomateiro. Contudo, a intensidade de redução foi muito maior em cultivo consorciado do que em monocultura
(Figura 3). Enquanto as reduções no FAE
e FAI de alfaces em cultivo solteiro foram, respectivamente, de 17,8 e 20%,
entre os transplantes de alface realizados
com 0 e 30 dias após o tomateiro; em
consórcio, as reduções percebidas no
FAE e FAI alcançaram, respectivamente, 49 e 50%. Portanto, além de as condições ambientais atuarem desfavoravelmente sobre o número de folhas por planta, conforme se observou no cultivo solteiro, a competição interespecífica presente no cultivo consorciado contribuiu
de modo marcante para a redução do
número de folhas da alface.
Para massa da matéria fresca de alfaces localizadas em linhas externas
(MFAE) e internas (MFAI) do canteiro,
observou-se interação significativa dos
fatores períodos de cultivo e tratamentos (p<0,01). No primeiro cultivo, verificou-se interação significativa dos fatores sistemas de cultivo e épocas de transplante da alface para ambas as características. Mesmo desempenho, dentro de
cada sistema de cultivo, foi observado
para MFAE e MFAI. Em condições de
monocultura, as MFAE e MFAI aumentaram linearmente com o atraso no transplante da alface (Figura 4).
Os incrementos constatados tanto
para MFAE quanto para MFAI de planHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Interação entre alface e tomateiro consorciados em ambiente protegido, em diferentes épocas
tas de alface em cultivo solteiro, entre
os transplantes realizados aos 0 e 30
DAT do tomateiro, foram de 25%. Por
outro lado, em consórcio, houve aumento da MFAE e MFAI com o atraso do
transplante da alface até 10 e 8 DAT do
tomateiro, 211,3 e 226,7 g planta-1, respectivamente. A partir daí, menores
massas foram obtidas, atingindo-se, aos
30 DAT do tomateiro, reduções de 49,4
e 54,4% na MFAE e na MFAI.
No segundo cultivo, verificou-se
efeito significativo dos fatores sistemas
de cultivo e épocas de transplante da
alface para MFAE e MFAI. A interação
dos fatores não foi observada (p>0,05).
Tanto para o cultivo consorciado quanto para o solteiro, o atraso no transplante da alface em relação ao tomateiro proporcionou menores MFAE e MFAI (Figura 5). Entre os sistemas de cultivo,
maior MFAE (173,1 g/planta) e MFAI
(169,8 g/planta) foram obtidas em
monocultura, enquanto em consórcio
obteve-se 62,3 e 55,1 g/planta, respectivamente para MFAE e MFAI. Este resultado está em concordância com os
observados por Rezende et al. (2005a).
Menores diferenças entre os sistemas de
cultivo foram observadas para alface
transplantada a 0 DAT do tomateiro. À
medida que mais tardio se fez o estabelecimento do consórcio (transplante de
alface em dias após o do tomateiro),
maiores foram as reduções nas MFAE e
MFAI. Rezende et al. (2005a) observaram, para cultivo de junho a novembro,
que a MFAE e MFAI reduziram em até
86 e 91%, respectivamente, do obtido
com os transplantes de tomateiro e alface no mesmo dia.
Os resultados observados neste trabalho para massa de matéria fresca de
alface consorciadas com tomateiro, refletiram as reduções no diâmetro e número de folhas de alfaces ocorridas no
mesmo sistema de cultivo. A redução
verificada na produção da alface em
consórcio, com transplante da alface aos
30 DAT do tomateiro, foi acompanhada
de perda de qualidade no aspecto comercial. As alfaces estioladas, com folhas
de limbo alongado e fino foram observadas. Altas temperaturas do ar combinadas com baixos valores de radiação
são prejudiciais às culturas, porque diminuem a fotossíntese, mantém elevaHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figura 5. Massa da matéria fresca de alface localizada nas linhas externas (MFAE) e internas (MFAI) do canteiro, em função da época de transplante da alface após o transplante do
tomateiro. Segundo cultivo: 30/01 a 27/05/04. (fresh matter mass of lettuce plants located in
the external (MFAE) and internal (MFAI) lines of the stonemason, depending on the
transplanting date of the lettuce after the transplant of the tomato plants. Second cultivation:
01/30 to 05/27/04). Jaboticabal, UNESP, 2003/2004.
da a respiração e modificam o balanço
hormonal, favorecendo o estiolamento
das plantas (Andriolo, 2000). A mais
óbvia modificação de ambiente em um
consórcio é onde a cultura de baixo porte
se encontra sombreada pela de maior
porte. Em conseqüência, reduz a captação de radiação fotossinteticamente ativa pela cultura sombreada, resultando
em menor crescimento e produtividade
(Chui & Shibles, 1984). Geralmente,
folhas que crescem sob baixa
luminosidade, são finas, apresentam
aumento da área foliar e orientação mais
horizontal (Hawkins, 1982).
Os resultados observados também
foram constatados por Rezende et al.
(2005a), quando se fez o transplante de
alface 42 DAT do tomateiro. Puiatti et
al. (2000) também constataram
estiolamento dos pecíolos de taro
(Colocasia esculenta) quando associados ao milho-doce em comparação às
alturas observadas em plantas de cultivo solteiro. Os autores verificaram que
houve redução da produtividade de taro
e da produção de rizomas nas diferentes classes quando esta hortaliça foi consorciada com o milho, independentemente da combinação entre as componentes do consórcio. Atribuíram à essa
influência negativa, a redução na área
foliar por necrose das folhas das plantas de taro, que se encontravam sombreadas pelo milho e foram, logo após a
colheita deste, expostas ao sol.
Portanto, de acordo com os resultados observados, o tomateiro prejudicou
a alface e este prejuízo foi tanto maior
quanto mais tardio foi o transplante da
alface em relação ao tomateiro. A princípio, este resultado parece contrariar
Debarba (2000) citado por Souza &
Resende (2003), o qual afirma que a alface se beneficia do consórcio com tomateiro. Sem discordar do autor, acredita-se que, sob determinadas condições, a alface pode beneficiar-se da presença do tomateiro, como, por exemplo,
em condições de elevadas radiação e
temperatura, acima de valores adequados à cultura, conforme observaram
Midmore et al. (1988 a,b) na cultura da
batata. De acordo com Allen et al.
(1976), o sombreamento parcial pode
proteger plantas de estresse hídrico e
incrementar o uso eficiente da radiação
incidente e fotossíntese (Willey, 1979;
Harris et al., 1987).
Atribui-se aos resultados observados
a baixa complementaridade referente ao
aproveitamento da radiação incidente.
Estes resultados estão de acordo com
Midmore (1993), os quais informam que
a alteração na época de plantio de uma
das culturas e, portanto, no estabelecimento do consórcio, modifica o período de complementaridade e competição
das culturas em consorciação, com reflexo na produtividade.
163
AB Cecílio Filho et al.
As complementaridades espacial e
temporal responsáveis pela maior eficiência de luz pelo cultivo consorciado
do que aquela apresentada pela cultura
solteira foram percebidas quando as espécies foram transplantadas em conjunto, haja vista a massa da matéria fresca
apresentada pelas alfaces nessa condição de consórcio ser muito próxima à
de cultivo solteiro. No entanto, as
complementaridades foram sendo reduzidas à medida que aumentou o período
entre o transplante do tomateiro e da
alface. Como conseqüência, o maior
porte do tomateiro com a ocupação de
espaço superior ao da alface comprometeu o aproveitamento da radiação pela
alface. Muitos autores citados por
Sinoquet & Caldwell (1995) concordam
que a divisão da radiação entre as culturas componentes do consórcio é primeiramente estabelecida ou influenciada pela dominância vertical, com menor importância para a orientação das
linhas de plantio e do ângulo da folha
para a interceptação da radiação. Assim,
a competição por luz é aumentada quando uma espécie atinge maior altura que
a outra espécie associada. As espécies
mais altas em um consórcio beneficiamse por terem folhas num extrato superior à de sua concorrente, onde intensidades luminosas são mais elevadas e
onde não se presencia sombreamento
interespecífico.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem às agências de
fomento à pesquisa CAPES, CNPq e
FAPESP, pela concessão de recursos financeiros à pesquisa e auxílio-bolsa.
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Julio Marcos Filho1;3; Ana Lúcia P Kikuti2;4
1
USP/ESALQ, Depto. Produção Vegetal, C. Postal 09, 13418-900 Piracicaba-SP; 2Pós-graduanda, USP/ESALQ, fitotecnia. 3Bolsista
CNPq; 4Bolsista FAPESP; [email protected]; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O condicionamento fisiológico compreende técnicas que estimulam a germinação e contribuem para reduzir a sensibilidade de
sementes e de plântulas a estresses. Efeitos sobre a germinação e a
emergência de plântulas têm sido amplamente estudados, mas a influência sobre o comportamento das plantas em campo ainda não é
totalmente conhecida. Esta pesquisa foi conduzida com o objetivo
principal de verificar efeitos do hidrocondicionamento sobre a germinação, emergência de plântulas, desenvolvimento das plantas e
produção de couve-flor. Sementes das cultivares de couve-flor Sharon
e Teresópolis Gigante, representados por três lotes, foram
hidrocondicionados em papel-toalha, a 20oC, até atingir 38% de água
(‘Sharon’) ou 41% (‘Teresópolis Gigante’). Posteriormente, foram
secadas em estufa, a 28-30oC e 45-55% de umidade relativa, até
atingirem teores de água de 7,5% a 7,9%. O potencial fisiológico
das sementes foi determinado em laboratório, avaliando-se a percentagem e a velocidade de germinação. Posteriormente, efetuou-se
a semeadura em bandejas de poliestireno; o transplante para o campo foi efetuado quando as plantas atingiram estádio de quatro folhas
definitivas (30 dias após a semeadura). Determinou-se a velocidade
e percentagem de emergência das plântulas aos 14 dias após a semeadura; a altura e a massa seca das plantas foram avaliadas aos 14;
30; 56; 74 e 84 dias e o diâmetro médio da cabeça e a produção
final, aos 110 dias. O hidrocondicionamento pode favorecer a velocidade de germinação e de emergência de plântulas, mas esses efeitos não são suficientes para persistir durante o desenvolvimento das
plantas e afetar a produção final.
Priming treatment usually promotes rapid and uniform
germination and increases tolerance to different stress conditions.
Post-treatment effects on seed germination and seedling emergence
have been extensively studied but information of plant performance
is less available. This research was conducted to verify the influence
of hydropriming on seedling emergence, plant development and yield
of cauliflower. Sharon and Teresópolis Gigante cultivars, each one
represented through three seed lots were primed between two
moistened germination paper towel layers under 20oC. Seeds from
‘Sharon’ attained 38% of moisture and, ‘Teresópolis Gigante’, 41%
of moisture. After the conditioning treatment, seeds were dried to
7.5%-7.9% of moisture in oven with air circulation, at 28-30oC and
45-55% R.H. Seed physiological potential was evaluated in
laboratory by speed and percentage of germination. Seeds of each
lot were planted in multicell polystyrene trays (200 cells/tray)
containing artificial growing mix, and seedlings were transplanted
into a field plot when they reached the four-leave stage (30 days
after sowing). Seedling emergence (percentage and speed) was
determined 14 days after sowing date, and plant height and plant dry
weight were measured at 14; 30; 44; 56, and 74 days. Head diameter
and yield were recorded at 110 days. Hydropriming treatment
promoted increases in speed of germination and in percentage and
speed of seedling emergence, but those effects were not enough to
persist during plant growth, not affecting the cauliflower yield.
Palavras-chave:
Brassica
oleracea
var.
hidrocondicionamento, germinação, vigor, produção.
Keywords: Brassica oleracea var. botrytis, seed enhancement,
germination, vigor, yield.
botrytis,
Hydropriming seed treatment and plant field performance
(Recebido em 27 de novembro de 2006; aceito em 11 de abril de 2008)
A
semente atinge o máximo potencial fisiológico por ocasião da
maturidade e, a partir desse ponto, podem ocorrer os primeiros eventos do processo de deterioração. Esses fatos não são
colocados em dúvida pela comunidade
científica, mas há divergências quanto a
possibilidade de reversão dos efeitos da
deterioração. É pouco provável que cada
semente componente de um lote possa
ser regenerada definitivamente com o auxílio de qualquer técnica especial, pois a
atuação de mecanismos de reparo implica em consumo de energia e esta não é
renovável (Marcos Filho, 2005).
Nesse cenário, a pesquisa tem procurado desenvolver procedimentos para
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
uniformizar o desempenho de lotes de
sementes ou realçar componentes específicos da qualidade. Esses tratamentos
incluem o condicionamento fisiológico
(Taylor et al., 1998), cujos benefícios
mais evidentes incluem o estímulo à
velocidade de germinação ou de emergência de plântulas e a sincronização e
uniformidade desses processos; há vantagens ao estabelecimento do estande,
particularmente quanto à competição
com plantas invasoras e à redução da
exposição das plântulas a condições
menos favoráveis de ambiente (Nascimento, 1998). Várias pesquisas têm demonstrado essa possibilidade, mas geralmente os estudos concentram-se na
identificação de efeitos sobre a germinação e desenvolvimento inicial das
plantas.
O condicionamento fisiológico é
uma técnica que envolve o controle da
hidratação das sementes, de maneira
suficiente para ativar os processos metabólicos essenciais para a germinação,
mas evitando a protrusão da raiz primária (Heydecker et al., 1975). Sua eficiência foi avaliada em sementes de várias
espécies, dentre as quais hortaliças como
alface (Eira & Marcos Filho, 1990),
milho-doce (Parera & Cantliffe, 1994),
brócolos (Jett et al., 1996), berinjela
(Trigo & Trigo, 1999), cenoura (Carneiro et al., 1999), pimentão (Roveri José
165
J Marcos Filho & ALP Kituti
et al., 2000) e cebola (Caseiro et al.,
2004).
Dentre os procedimentos disponíveis, destacam-se o hidrocondicionamento, o osmocondicionamento e o
matricondicionamento (Bradford, 1986;
Taylor et al., 1998). O condicionamento de sementes de brássicas não tem recebido atenção significativa da pesquisa. Por exemplo, Rao et al. (1987) verificaram benefícios à emergência de
plântulas de couve-de-bruxelas e de couve comum. Em sementes de couve-flor,
Fujikura et al. (1993) destacaram efeitos benéficos do condicionamento
osmótico sobre a velocidade de germinação, enquanto Thornton & Powell
(1995) relataram vantagens quanto à
velocidade de germinação e à tolerância às condições do teste de deterioração controlada, após o hidrocondicionamento.
Após o condicionamento, as sementes atingem teores de água relativamente elevados e inadequados para a conservação do potencial fisiológico durante o armazenamento. Desta maneira, a
secagem deve ser conduzida de maneira adequada, para minimizar a possibilidade de reversão dos efeitos benéficos
do tratamento.
Vários autores relataram reversão
dos efeitos benéficos do tratamento
(Fessel et al., 2002), mas outros como
Barbedo et al. (1997) e Caseiro (2003)
destacaram que o comportamento das
sementes depende do genótipo, dos
métodos utilizados para o tratamento e
das condições de armazenamento. De
acordo com Bruggink et al. (1999), a
secagem rápida permite a redução segura do grau de umidade, sem provocar
a reversão.
Por outro lado, informações sobre
o efeito do condicionamento no desenvolvimento das plantas e na produção
final da cultura ainda são escassas. Em
melão, Nascimento & West (1999) comentaram que o condicionamento
osmótico não influenciou o desenvolvimento das plântulas, mas Evans &
Pill (1989), trabalhando com aspargo,
verificaram que esse tratamento beneficiou o estabelecimento inicial das
plantas em campo, enquanto Rossetto
et al. (1998) destacaram efeitos positivos do condicionamento sobre a pro166
dutividade de beterraba. De um modo
geral, havendo diferenças no estande
inicial, a produtividade pode ser afetada; porém, segundo Larsen et al.
(1998), a influência do vigor sobre o
desempenho das sementes no campo
pode existir mesmo quando não há diferenças no estande inicial.
Desta maneira, as informações sobre efeitos do condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor são insuficientes, o mesmo ocorrendo com
relação ao desenvolvimento e produção
final das plantas provenientes de sementes condicionadas. Essas considerações
justificaram a realização da presente
pesquisa.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes e em
campo experimental da ESALQ, de janeiro a outubro de 2005. Na primeira
etapa,
as
sementes
foram
hidrocondicionadas e secadas. Em seguida, efetuaram-se observações para
avaliar o comportamento das sementes
e das plantas em campo, comparadas à
testemunha não condicionada.
Para tanto, amostras de três lotes de
sementes de duas cultivares de couveflor, ‘Sharon’ e ‘Teresópolis Gigante’,
foram embebidas entre duas camadas de
folhas de papel toalha, com quantidade
de água equivalente a 2,5 vezes o peso
do substrato, a 20oC, até atingirem teor
de água de 38% (‘Sharon’, após 30-36
horas) ou de 41% (‘Teresópolis Gigante’, após 36 horas).
Em seguida, efetuou-se a secagem
das sementes em estufa, a 28-30oC e 4555% de umidade relativa do ar, durante
20 horas, até atingirem teores de água
próximos ao inicial (7,5-7,9%). Parte
das amostras não foi secada, enquanto
as sementes não condicionadas permaneceram com, aproximadamente, 6,06,2% de água.
Na avaliação em campo, o teste de
germinação foi conduzido com quatro
repetições de 50 sementes para cada lote
e cultivar, distribuídas sobre papel, em
caixas plásticas de 11x11x3 cm a 25ºC,
computando-se a percentagem de
plântulas normais aos 10 dias após semeadura, conforme as Regras para
Análise de Sementes (Brasil, 1992). Nesse mesmo teste, mediante cômputo diário
das plântulas normais, calcularam-se índices médios de velocidade de germinação para cada lote e cultivar (Maguire,
1962). Os tratamentos (sementes não condicionadas, submetidas ao condicionamento fisiológico e ao condicionamento
fisiológico seguido por secagem) foram
distribuídos segundo delineamento inteiramente casualizado, em arranjo fatorial.
Após as avaliações em laboratório,
efetuou-se a semeadura em bandejas de
poliestireno contendo substrato comercial (Plantmax para couve-flor), com
quatro repetições de 50 sementes por
tratamento. A percentagem de emergência das plântulas foi avaliada aos 14 dias
após a semeadura, enquanto a velocidade foi computada conforme já descrito,
considerando-se as plântulas com tamanho mínimo de 1,0cm.
Quando as plantas de cada lote atingiram estádio de quatro folhas definitivas, aos 30 dias após a semeadura, efetuou-se o transplante para canteiro, segundo delineamento blocos ao acaso.
Adotou-se espaçamento de 0,6 m entre
fileiras e de 0,7 m entre covas de plantas. A adubação (na época de semeadura, em cobertura e foliar), irrigação e
tratos culturais foram realizados conforme Filgueira (2002).
Os efeitos dos tratamentos foram
avaliados mediante determinações da
massa seca e altura de plantas aos 14;
30; 56; 74 e 84 dias após a semeadura; a
altura foi avaliada em 20 plantas/parcela e a massa seca, em 10 plantas/parcela. Durante a colheita foram consideradas plantas com cabeça completamente
desenvolvida, compacta e com botões
florais ainda unidos; determinou-se a
produção por parcela, posteriormente
corrigida para t/ha.
a) Altura das plantas: foram tomadas medidas a partir do colo da planta
até o meristema apical, em centímetros,
sendo os resultados médios expressos
em cm/planta.
b) Massa seca: para essa determinação, as plantas foram colocadas em sacos de papel e mantidas em estufa com
circulação de ar, a 70°C, até atingirem
peso constante. O material seco foi pesado com precisão de 0,001 g, obtendose a massa seca média (g/planta).
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor e desempenho das plantas em campo
Tabela 1. Valores médios e coeficientes de variação (%) referentes à percentagem de germinação (G) e de emergência de plântulas (EP),
velocidade de germinação (VG) e de emergência de plântulas (VE) provenientes de três lotes de sementes de couve-flor ‘Sharon’ e três de
‘Teresópolis Gigante’ submetidos a hidrocondicionamento seguido ou não por secagem. Piracicaba, USP/ESALQ, 2005.
Letras minúsculas: comparações entre médias de lotes; letras maiúsculas: comparação entre tratamentos dentro de cada lote (teste de Tukey,
5% de probabilidade)
c) Produção: a colheita foi efetuada
78 dias após o transplante das mudas
(108 dias após a semeadura), coletando-se quatro plantas/parcela e efetuando-se as determinações: (1) diâmetro da
cabeça (medição da distância entre suas
extremidades em cm); (2) produção (pesagem das cabeças, calculando-se o peso
médio por lote, posteriormente ajustado para t/ha).
A análise estatística foi efetuada separadamente para cada parâmetro avaliado e cultivar, determinando-se os efeitos de tratamentos e de lotes, em delineamento blocos casualizados. As médias foram comparadas pelo método de
Tukey (5% de probabilidade).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os lotes de sementes das duas cultivares apresentavam germinação acentuadamente superior ao mínimo (>80%)
estabelecido para a comercialização de
sementes de couve-flor (Tabela 1). Em
geral, não deve ser esperada ampla resposta de sementes de alto potencial fisiológico ao condicionamento, considerando que os principais objetivos desse tratamento são a aceleração e a sincronização da germinação, normalmente
verificadas em lotes de germinação elevada (Marcos Filho, 2005).
No entanto, como estava prevista a
secagem pós-condicionamento, que
pode provocar reversão dos efeitos do
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
tratamento, optou-se pelo uso de lotes
com germinação aceitável pelo comércio. Os resultados obtidos demonstraram que os testes utilizados detectaram
diferenças entre os lotes, indicando que
sua escolha foi adequada para avaliar o
potencial fisiológico das sementes.
O condicionamento fisiológico e
secagem não afetaram significativamente a percentagem de germinação das sementes de ‘Sharon’, conforme esperado (Tabela 1). Na literatura tem sido ressaltado com grande freqüência, que o
condicionamento fisiológico geralmente
não promove alteração da percentagem
de germinação (Marcos Filho, 2005).
Verificaram-se, porém, efeitos dos tratamentos sobre a velocidade de germinação das sementes das duas cultivares
e a percentagem e velocidade de emergência de plântulas de ‘Teresópólis Gigante’ (Tabela 1). Esses resultados confirmaram as observações efetuadas por
Fujikura et al. (1993) e por Thorton &
Powell (1995), com sementes de couve-flor.
As determinações destacadas indicaram desempenho superior das sementes tratadas, secadas ou não, em relação
à testemunha. Essas informações são
importantes porque indicam não só possíveis vantagens do condicionamento
fisiológico sobre o estabelecimento das
plântulas, como a ausência de reversão
desses efeitos com a secagem das sementes. A secagem rápida, na ausência
de diferenças com relação a outros métodos considerados eficientes, é preferível devido à maior facilidade de execução. Barbedo et al. (1997), Caseiro
(2003) e Bruggink et al. (1999), observaram que a secagem rápida permite a
manutenção dos benefícios do condicionamento fisiológico.
Por outro lado, avaliações da velocidade de germinação e de emergência de
plântulas também detectaram diferenças,
mesmo ao serem comparados lotes com
germinação superior a 90%. Desta maneira, o lote 1 de ‘Sharon’ e o lote 6 de
‘Teresópolis Gigante’, geralmente acompanhado pelos lotes 3 e 4, apresentaram
desempenho inferior, enquanto os lotes
2 e 5, respectivamente, destacaram-se
como superiores (Tabela 1).
Na Tabela 2 são apresentados os resultados referentes ao desempenho de
plantas de ‘Sharon’ provenientes de sementes submetidas ao condicionamento e à secagem, quando comparados à
testemunha. Constatou-se ausência de
efeitos consistentes dos tratamentos sobre a altura e a massa seca das plantas
ao longo do desenvolvimento, embora
em alguns casos excepcionais, como
para a altura das plantas aos 14 e aos 74
dias após a semeadura e para massa seca
aos 74 dias, tenham ocorrido diferenças
significativas entre tratamento(s) e a testemunha. Esses, no entanto, foram considerados efeitos esporádicos que não
caracterizaram forte tendência, pois aos
167
J Marcos Filho & ALP Kituti
Tabela 2. Valores médios e coeficientes de variação (%) referentes à altura e massa seca de plantas, em diferentes estádios de desenvolvimento, diâmetro e produção de cabeças de couve-flor cv. Sharon, a partir de três lotes de sementes submetidos ao hidrocondicionamento
seguido ou não por secagem. Piracicaba, USP/ESALQ, 2005.
Letras minúsculas: comparações entre médias de lotes; letras maiúsculas: comparação entre tratamentos dentro de cada lote (teste de Tukey,
5% de probabilidade)
Tabela 3. Valores médios e coeficientes de variação (%) referentes à altura e massa seca de plantas, em diferentes estádios de desenvolvimento, diâmetro e produção de cabeças de couve-flor cv. Teresópolis Gigante, a partir de três lotes de sementes submetidos ao
hidrocondicionamento seguido ou não por secagem. Piracicaba, USP/ESALQ, 2005.
Letras minúsculas: comparações entre médias de lotes; letras maiúsculas: comparação entre tratamentos dentro de cada lote (teste de Tukey,
5% de probabilidade)
84 dias (dados não apresentados) também não ocorreram diferenças entre os
tratamentos.
Ao mesmo tempo, a deficiência do
desenvolvimento das plantas do lote 1
confirmou os resultados de laboratório,
tendo sido constatada inferioridade na
altura e na massa seca dos 14 aos 74 dias
após a semeadura. Entretanto, não foram detectados efeitos de tratamentos e
de lotes sobre a produção das plantas
(Tabela 2).
168
Desta maneira, o condicionamento
fisiológico afetou o vigor das sementes,
expresso pela velocidade de germinação
e de emergência de plântulas. Houve
tendências (observadas comparando-se
os valores numéricos) desses efeitos refletirem-se sobre o desenvolvimento das
plantas. No entanto, não foi detectada
influência sobre a produção final, de
maneira comparável à enfatizada por
Carvalho (1986), TeKrony & Egli
(1991), Ellis (1992), Rodo & Marcos
Filho (2003), Sengupta et al. (2005),
dentre outros.
Observações semelhantes foram
efetuadas para ‘Teresópolis Gigante’. A
expressão do vigor pela velocidade de
germinação e de emergência de
plântulas, indicou vantagem do
hidrocondicionamento, seguido ou não
por secagem, e a superioridade do desempenho das sementes do lote 5 (Tabela 1). Esse comportamento do lote 5
também foi constatado nas comparações
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Condicionamento fisiológico de sementes de couve-flor e desempenho das plantas em campo
entre os valores numéricos correspondentes aos três lotes avaliados (Tabela
3), principalmente para a altura de plantas entre os 14 e os 56 dias. Entretanto,
confirmando os resultados obtidos para
a cultivar Sharon, essas diferenças não
foram suficientemente amplas para atingir níveis significativos e não se manifestaram quando foram consideradas a
massa seca das plantas e a produção de
cabeças.
Os resultados obtidos nesta pesquisa indicaram, portanto, que o
hidrocondicionamento promove efeitos
benéficos sobre a velocidade de germinação e de emergência de plântulas de
couve-flor, aspectos diretamente relacionados ao estabelecimento do estande.
Essa situação é vantajosa porque acarreta menor período de exposição das
sementes a fatores adversos de ambiente após a semeadura. Ao mesmo tempo,
o desempenho inicial das plantas também foi beneficiado pelo vigor das sementes, fato destacado para as duas cultivares.
Pode ser constatado, ainda, que os
efeitos dos tratamentos e do vigor das
sementes não persistiram durante todo
o desenvolvimento das plantas, não sendo suficientes para afetar a produção final, em situação onde não houve diferenças acentuadas no estande inicial da
cultura. No entanto, os benefícios aqui
relatados justificam a utilização de sementes mais vigorosas e/ou submetidas
ao hidrocondicionamento, mesmo em
lotes com percentagem de germinação
elevada, permitindo o estabelecimento
rápido e uniforme da cultura, passo importante para a obtenção de rendimentos compensadores.
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condições de armazenamento e filmes. Horticultura Brasileira 26:170-174.
Conservação pós-colheita de frutos de pimentão sob diferentes condições
de armazenamento e filmes
Cristiane Maria A Morgado1; José Fernando Durigan1; Juliana Sanches2; Vanessa C Galati1; Flávia
Okushiro Ogassavara1
1
UNESP-FCAV, Depto. Tecnologia, Rod. Prof. Paulo Donato Castellane, s/n 14884-970 Jaboticabal-SP; 2Instituto Agronômico-CEA,
Tecnologia Pós-colheita, C. Postal 26, 13201-970 Jundiaí-SP; [email protected]; [email protected]; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Este trabalho teve como objetivo avaliar diferentes temperaturas e coberturas na conservação de frutos de pimentão ‘Magali-R’.
No primeiro experimento, avaliou-se o uso de filme de PVC ou cera,
e os frutos foram armazenados a 20ºC e 66%UR, e no segundo experimento associou-se o filme de PVC e cera, com armazenamento
a 22°C (67% UR); 12ºC (90% UR) e 5ºC (87% UR). Acompanhouse a evolução da qualidade dos frutos avaliando-se a massa fresca, a
aparência, o aparecimento de podridões e os teores de sólidos solúveis, acidez titulável e ácido ascórbico. A proteção dos pimentões
com cera ou filme de PVC foi favorável à manutenção da aparência
e da massa fresca, e protegeu-os contra podridões, sem prejuízos
aos teores de sólidos solúveis, acidez titulável e ácido ascórbico,
com aumento significativo na vida útil para até 33 dias com o
armazenamento a 5°C.
Postharvest conservation of bell pepper fruits under different
storage conditions and films
Palavras-chave: Capsicum annuum, cera, filme de PVC, refrigeração.
Keywords: Capsicum annuum, wax, PVC film, refrigeration.
Different temperatures and films were evaluated for the
conservation of ‘Magali-R’ bell peppers. In the first experiment, fruits
were covered with PVC film or wax, and stored under 20ºC and 66%
RH. In the second, fruits covered with PVC film or wax, and stored
under 22ºC (67% RH); 12ºC (90% RH); and 5ºC (87% RH). Fruits
were evaluated for fresh mass, appearance, rot and soluble solids,
titratable acidity and ascorbic acid content. The protection of bell
peppers with wax or PVC film helped to maintain the appearance, the
fresh mass and to protect against rotting, without damages to soluble
solids, titratable acidity and ascorbic acid contents, with significant
increase in shelf life up to 33 days with storage under 5°C.
(Recebido para publicação em 15 de janeiro de 2007; aceito em 11 de abril de 2008)
O
pimentão de boa qualidade deve
ser firme, brilhante e ter sempre o
pedúnculo verde. Quando não está fresco, tem aspecto murcho, sem brilho e a
cor é mais pálida (Filgueira, 1987). A
conservação de sua qualidade na póscolheita é significativamente afetada
pela cultivar, estádio de maturação na
colheita, temperatura de armazenamento
e qualidade inicial do produto
(Maalekuu et al., 2004). O principal
entrave ao seu armazenamento é a desidratação (Lownds et al., 1993), fazendo com que a manutenção de uma baixa
taxa de perda de massa e o controle do
amolecimento, após a colheita, sejam
importantes para a manutenção da boa
aparência (Maalekuu et al., 2003).
A perda de água pelos produtos armazenados não só resulta em perda de
massa, mas também em perda de qualidade, pelas alterações na textura. Alguma perda de água pode ser tolerada, mas
o murchamento ou enrugamento deve
ser evitado. O murchamento pode ser
retardado, reduzindo-se a taxa de
transpiração, que pode ser feito com
170
aumento da umidade relativa do ar, redução na temperatura e na movimentação do ar, e uso de embalagens plásticas
protetoras, o que pode levar os frutos a
uma vida útil de até 21 dias (Zunino,
1992; Barros et al., 1994). Dentre as proteções utilizadas podem-se citar os filmes plásticos, as ceras e os filmes comestíveis (Vicentini et al., 1999).
Na conservação de pimentões, a literatura não recomenda temperaturas
abaixo de 7°C. Pantastico et al. (1975)
recomendam que pimentões “verdes”
devem ser armazenados a 7,2ºC e 8590% UR, e os maduros, a 5,6-7,2ºC e
90-95% UR, enquanto Chitarra e
Chitarra
(2005)
indicam
armazenamento a 9-13ºC e 90-95% UR.
Procurando evitar os efeitos
ambientais do uso de filmes plásticos
tem-se testado a possibilidade do uso de
revestimentos como os derivados de
amilose, celulose e colágeno, além das
ceras, que podem ter contato direto e
serem consumidos com o alimento
(Bobbio & Bobbio, 1995). Filmes derivados de fécula da mandioca, quando
aplicados em pimentões ‘Magali’ armazenados por 10 dias em condição ambiente, retardaram o desenvolvimento
da coloração, mas não se mostraram eficientes como barreira à perda de água
(Vicentini et al., 1999).
As ceras têm sido aplicadas e podem
reduzir a perda de água em 30-50% e
melhorar o aspecto visual (Medina,
1984). Elas podem aumentar o período
de conservação dos frutos, pois diminuem a taxa respiratória e, conseqüentemente, a atividade metabólica (Oliveira, 1996).
Este trabalho teve como objetivo
avaliar a associação de diferentes revestimentos
e
temperaturas
de
armazenamento na conservação póscolheita de pimentões ‘Magali-R’.
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizaram-se pimentões ‘MagaliR’® (Sakata Seed Sudamerica) totalmente desenvolvidos, recém-colhidos e
cuidadosamente transportados ao Laboratório de Tecnologia dos Produtos AgríHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Conservação pós-colheita de frutos de pimentão sob diferentes condições de armazenamento e filmes
colas da UNESP- FCAV em Jaboticabal
(SP). Ao serem recebidos, os frutos foram selecionados quanto a coloração e
ausência de danos mecânicos, e imediatamente lavados com detergente neutro e
enxagüados com água potável, para a eliminação de impurezas. Em seguida, foram imersos em água clorada (200 ppm)
a 15°C, por cinco minutos, antes de serem secos sob condição de ambiente.
Uso de cera e filme de cloreto de
polivinila - Os frutos foram separados
em quatro lotes homogêneos, com 70
unidades cada, e submetidos aos tratamentos: testemunha (sem tratamento);
aplicação de cera Sta Fresh® somente na
região peduncular, por imersão; aplicação de cera Sta Fresh® em todo o fruto,
por imersão; e envolvimento dos frutos,
individualmente, com filme de cloreto
de polivinila (PVC) esticável e espessura de 0,017 mm. Os lotes foram mantidos a 20ºC e 66% UR, por até 21 dias.
A aparência, a perda de massa fresca e a ocorrência de podridões foram
avaliadas a cada 3 dias, e para que fossem sempre feitas nos mesmos frutos,
utilizaram-se duas repetições com 5 frutos, para cada tratamento. Os teores de
acidez titulável, sólidos solúveis e ácido ascórbico também foram determinados a cada três dias e em duplicata, em
amostras com três frutos. Esta parte do
experimento foi conduzida segundo um
delineamento experimental inteiramente
casualizado, em esquema fatorial com
quatro tratamentos (testemunha, cera
aplicada em todo o fruto ou na região
peduncular e filme de PVC esticável) e
oito períodos de armazenamento. As
evoluções das perdas de massa fresca
foram comparadas através do
paralelismo das retas, teste T (Neter et
al., 1978) e os teores de sólidos solúveis, acidez titulável e ácido ascórbico
através de análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey
(p ≤ 0,05).
Interação entre o uso de proteções
e diferentes temperaturas - Os frutos
selecionados e separados em dois lotes
homogêneos receberam, por imersão, a
aplicação de cera Sta Fresh® por todo o
fruto; ou envolvimento dos mesmos,
individualmente, com filme de PVC
esticável de 0,017 mm. Em seguida,
cada lote foi dividido em três grupos e
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
armazenado sob diferentes condições:
22°C e 67% UR; 12°C e 90% UR; e 5°C
e 87% UR. O armazenamento a 5ºC foi
feito para avaliar o efeito protetor dos
revestimentos à possibilidade de injúria pelo frio.
Os frutos armazenados a 22ºC (condição ambiente) foram avaliados a cada
três dias e os conservados a 5ºC e 12ºC,
semanalmente. Depois de 30 dias, os
frutos mantidos sob refrigeração foram
levados a 22ºC e avaliados a cada três
dias. Como no experimento anterior a
massa fresca, a aparência e o aparecimento de podridões foram sempre avaliados nos mesmos frutos, em duas repetições com 5 frutos cada. Os teores
de acidez titulável, sólidos solúveis e
ácido ascórbico também foram determinados em duplicata e ao acaso, em amostras com três frutos. Esta parte do experimento foi conduzida conforme um
delineamento experimental inteiramente
casualizado, em esquema fatorial com
seis tratamentos (cera e filme de PVC a
22ºC; 12ºC e 5ºC) e quinze períodos de
armazenamento. A evolução da perda de
massa fresca foi avaliada comparandose a significância do paralelismo das
retas através do Teste T (Neter et al.,
1978). Os resultados obtidos com as
análises químicas, ao longo do tempo
de armazenamento, foram analisados
utilizando-se análise estatística
multivariada, utilizando-se componentes principais (ACP), que reduz a dimensão de um conjunto de dados
multivariados de forma interpretativa,
através de procedimentos matemáticos
(determinísticos). Neste caso, um conjunto de variáveis correlacionadas ou
não, é transformado em um novo conjunto de variáveis não-correlacionadas,
chamado componentes principais. Tendo um determinado conjunto de variáveis, os componentes principais são
combinações lineares dessas variáveis,
construídas de maneira a “explicar” o
máximo da variância das variáveis originais (Hoffman, 1992). Com isso, a
estrutura de dados (originalmente os
indivíduos estão representados no espaço k) é geralmente simplificada em termos de representação. Muitas vezes,
grande parte da informação contida nos
dados chega a ser representada em R3,
ou até no plano. A técnica dos compo-
nentes principais opera condensando a
variância de um conjunto de dados em
uns poucos eixos, de modo que se torna
possível visualizar a maior parte da variabilidade dos dados originais em duas
ou três dimensões (componentes). Esta
técnica possui a vantagem das variáveis
obtidas serem interpretadas independentemente (Moreira & Saes, 1994).
A massa fresca foi quantificada utilizando-se balança digital com capacidade para 2 kg e precisão de 0,1 g. As
alterações na aparência foram
registradas, segundo uma escala de cinco pontos, onde: 5=ótimo; 4=bom;
3=murcho; 2=ruim e 1=péssimo. A presença de podridões também foi avaliada mediante a atribuição de notas, adotando-se os valores: 1=ausência de lesões; 2=lesões com no máximo 1 mm
de diâmetro; e 3=presença de lesões com
mais de 1 mm de diâmetro.
Para a realização das análises químicas, a polpa dos frutos foi triturada,
sendo o teor de sólidos solúveis determinado em refratômetro digital Atago
PR-101 Palette (AOAC, 1997-método
932.12); a acidez titulável doseada
titulometricamente (AOAC, 1997-método 942.15); e o teor de ácido ascórbico
determinado conforme o método indicado por Rangana (1977).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uso de cera e filme de cloreto de
polivinila - A evolução da massa fresca
nos pimentões submetidos aos diferentes tratamentos foi constante ao longo
de período de armazenamento. Observou-se uma relação significativa e indireta entre a perda de massa (Y) e o tempo de armazenamento (X). A equação
obtida para os frutos sem cobertura (Testemunha) foi Y = 98,93 – 1,50X (R2 =
0,997); para os frutos revestidos com
cera no pedúnculo e em todo fruto foi Y
= 99,99 – 1,15X (R2 = 0,997) e Y = 99,07
– 0,86X (R2 = 0,992), respectivamente
e para os envolvidos com PVC foi Y =
99,83 – 0,46X (R2 = 0,994). Comparando-se estas equações, verifica-se que os
tratamentos são estatisticamente diferentes e que os frutos sem cobertura
(Testemunha) perderam mais massa
(32,3%), em relação aos protegidos com
171
CMA Morgado et al.
Figura 1. Teores de sólidos solúveis, acidez titulável e ácido ascórbico em pimentões ‘Magali-R’ protegidos com cera ou filme de PVC e armazenados sob condição ambiente (20ºC,
66% UR). DMS (p ≤ 0,05). (Soluble solids, titratable acidity and ascorbic acid contents in
‘Magali-R’ bell peppers protected with wax or PVC film and stored at environmental condition
(20°C, 66% RH). MSD (p ≤ 0,05)). Jaboticabal, UNESP, 2006.
cera na região peduncular (24,92%), aos
totalmente revestidos com cera
(19,23%), e aos envolvidos com PVC
(10,25%), quando armazenados por 21
dias, a 20°C e 66% UR. Bussel &
Kenigsberger (1975) e Hojo et al. (2007)
também relataram que o PVC foi efetivo na contenção de perda de massa por
pimentões ‘Ikeda’ armazenados a 22°C,
172
não só devido à barreira contra a perda
de água como à redução na taxa de respiração dos frutos.
Os pimentões protegidos com filme
de PVC conservaram ótima aparência
até o 18º dia de armazenamento com o
aparecimento de podridões. A aplicação
de cera em todo o fruto ou somente no
pedúnculo permitiu a conservação ade-
quada da aparência até o 12º ou 9º dia,
respectivamente, e foi prejudicada pela
ocorrência de murchamento. Nestes frutos, as podridões só foram registradas
no 18º dia. Os frutos sem cobertura (Testemunha) conservaram a boa aparência
até o 6º dia, com a ocorrência de podridões a partir do 15º dia. Embora os frutos deste experimento tenham sido
sanitizados com cloro, as podridões
ocorreram em todos os tratamentos, reafirmando o observado por Barros et al.
(1994) que a aplicação de cera em todo
o fruto e a proteção com PVC retardaram este aparecimento.
Os conteúdos de sólidos solúveis e
de acidez titulável apresentaram tendência de aumento durante o
armazenamento, sendo que os frutos
sem cobertura (Testemunha) apresentaram os maiores aumentos; por outro
lado, os protegidos com cera ou PVC
apresentaram os menores, indicando o
efeito da redução na perda de massa no
metabolismo dos frutos. Isto também foi
observado por Antoniali (2004) em pimentões amarelos ‘Zarco HS’ e por
Vicentini et al. (1999) que relataram
aumento nos teores de sólidos solúveis
em pimentões ‘Valdor’ armazenados a
26-29ºC (59,5-71,5%UR) de 6,54ºBrix
(3 dias) para 6,94ºBrix no 6º dia de
armazenamento, seguido de diminuição,
atingindo no 12o dia de armazenamento
o valor médio de 6,23ºBrix. Os teores
de ácido ascórbico também apresentaram tendência de aumento durante o
armazenamento, principalmente nos frutos totalmente protegidos com cera ou
PVC (Figura 1), o que também foi o
observado por Antoniali (2004).
Considerando-se que a vida útil dos
frutos foi estabelecida pela ocorrência
de podridões (nota 2) e/ou pela aparência (nota 4), este experimento permitiu
observar que os frutos sem cobertura
(Testemunha) tiveram vida útil de apenas 6 dias, enquanto nos revestidos com
cera, na região peduncular e em todo o
fruto, ela foi de 9 ou 12 dias, respectivamente. O envolvimento dos pimentões com PVC foi o tratamento que proporcionou maior vida útil (18 dias).
Interação entre o uso de proteções
e diferentes temperaturas - Assim
como ocorreu no Experimento 1, a evolução da perda de massa fresca nos piHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Conservação pós-colheita de frutos de pimentão sob diferentes condições de armazenamento e filmes
mentões submetidos aos diferentes tratamentos foi constante ao longo de período de armazenamento. Comparandose as equações obtidas, quanto ao
paralelismo, verifica-se que os frutos
armazenados a 22ºC perderam massa
significativamente maior, que os armazenados a 12°C e 5°C. Dentre as proteções, verificou-se novamente, que o filme de PVC é mais eficiente em proteger os frutos contra a perda de massa,
no que foi complementado pelo efeito
da refrigeração, e sem que a umidade
relativa do ambiente tivesse ação representativa.
Os pimentões armazenados a 22ºC
e protegidos com cera ou filme de PVC
apresentaram boa aparência até o 12°
dia, enquanto os armazenados sob refrigeração, quando revestidos com cera
mantiveram a boa aparência até 14-21
dias, a 5ºC, e até o 21° dia, a 12ºC, e os
envolvidos com PVC até o 33° dia, tanto a 5°C quanto a 12°C. A ocorrência de
podridões foi significativamente retardada com o uso da refrigeração. Embora alguns autores não recomendem
temperaturas abaixo de 7°C para o
armazenamento de pimentões verdes
(Pantastico et al., 1975; Chitarra &
Chitarra, 2005; Medina, 1984), o uso de
cera e filme de PVC evitou a injúria pelo
frio nos frutos armazenados a 5°C. Serrano et al. (1997) armazenaram frutos
de pimentão ‘Lamuyo’ a 2ºC e 10°C por
até 6 semanas, e também observaram
que as injúrias por frio foram reduzidas
nos frutos armazenados a 2°C quando
estes foram protegidos com filme pouco permeável. Antoniali et al. (2006)
também verificaram que pimentão amarelo ‘Zarco HS’, armazenado a 5ºC,
apresentou menor taxa respiratória, com
redução nas suas atividades metabólicas e maior tempo de conservação.
Os teores de sólidos solúveis e acidez titulável aumentaram durante o
armazenamento (Figura 1), o que foi
mais evidente nos frutos mantidos a
22ºC (ambiente). O armazenamento sob
refrigeração retardou este aumento e foi
tão mais eficiente quanto maior a redução na temperatura. Os teores de ácido
ascórbico aumentaram nos frutos armazenados a 22ºC, ou seja, de 62,30 mg
100 g-1 para 109,70 mg 100 g-1 nos revestidos com cera e para 105,40 mg 100
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figura 2. Relação entre componentes principais 1 e 2 para as variáveis avaliadas em pimentões armazenados a 5°C, 12°C e 22ºC. (Relationship between main components 1 and 2 for
variables evaluated in bell peppers stored at 5°C, 12°C and 22ºC). Jaboticabal, UNESP, 2006.
Tabela 1. Comparação, pelo teste de Tukey, entre os tratamentos dos componentes 1 e 2
para as variáveis avaliadas em pimentões armazenados sob diferentes temperaturas.
(Comparison, by Tukey test, between treatments of components 1 and 2 for variables evaluated
in bell peppers stored under different temperatures). Jaboticabal, UNESP, 2006.
Nas colunas, as médias seguidas de pelo menos uma mesma letra comum não diferem entre
si, pelo teste de Tukey (P<0,05). (Means followed by the same letters, in the column, did not
differ through the Tukey test (P<0,05)).
g-1, nos envolvidos com PVC, enquanto
que nos mantidos sob refrigeração, observou-se redução nos valores, principalmente nos armazenados a 5°C, de
116,70 mg. 100 g-1 para 67,00 mg 100
g-1 nos revestidos com cera e de 116,70
mg 100 g-1 para 59,70 mg 100 g-1 nos
envolvidos com PVC. Os pimentões
estocados a 12ºC, quando levados à condição ambiente, mantiveram seus teores (84,20 mg 100 g-1 para os revestidos
com cera e 83,20 mg 100 g-1 para os
envolvidos com PVC), enquanto a 5ºC,
estes teores reduziram-se de 89,50 mg
100 g-1 para 67,00 mg 100 g-1 nos revestidos com cera e de 92,40 mg 100 g-1
para 59,70 mg 100 g-1 nos envolvidos
com PVC. Howard et al. (1994) e
Audisio et al. (1995) também verificaram, em pimentões, que a concentração
de ácido ascórbico aumenta com o amadurecimento em todas as cultivares estudadas e que o teor desta vitamina é
reduzido com o armazenamento a 4°C.
Os resultados obtidos com a análise
do conjunto de componentes principais
dos parâmetros selecionados indicam
que os dois primeiros componentes principais totalizam 54,03% da variabilidade dos dados. Os coeficientes do Componente 1 estão altamente relacionados
com a acidez titulável, no primeiro dia
173
CMA Morgado et al.
de análise para todas as temperaturas de
armazenamento, no terceiro, sexto e
décimo segundo dia de armazenamento
a 22ºC e sétimo, décimo segundo e trigésimo dia para os frutos a 5ºC e 12°C.
Este componente relacionou-se significativamente com o conteúdo de sólidos
solúveis no terceiro e sexto dia para os
conservados a 22ºC e no sétimo e décimo quarto dia para os armazenados a
5°C e 12°C, e com o teor de ácido
ascórbico no primeiro dia de análise para
todas as temperaturas, e no nono e décimo oitavo dia para os frutos a 22ºC e
vigésimo primeiro e trigésimo terceiro
dia a 5°C e 12°C. Observa-se também
que os dados relativos a acidez titulável
e sólidos solúveis, no terceiro dia a 22ºC
e sétimo dia a 5°C e 12°C, e ácido
ascórbico no primeiro dia de análise,
para todas as temperaturas, apresentaram-se negativamente relacionadas. Estas relações indicam que os frutos mantiveram suas características até o final
do período de armazenamento, com evolução gradual do amadurecimento.
O segundo componente principal
possui correlação positiva com a acidez
titulável no décimo quinto e décimo oitavo dia para os frutos a 22ºC e trigésimo e trigésimo terceiro dia para os armazenados a 5°C e 12°C; com os sólidos solúveis no décimo oitavo dia para
os frutos a 22ºC e trigésimo terceiro dia,
para os frutos a 5°C e 12°C; e ácido
ascórbico no sexto dia para os frutos a
22ºC e sétimo dia para os armazenados a
5°C e 12°C. Detectou-se correlação negativa com os teores de acidez titulável
no nono dia, para os frutos armazenados
a 22ºC, e vigésimo primeiro dia para os
frutos a 5°C e 12°C e de sólidos solúveis
no primeiro dia de armazenamento, para
todas as temperaturas.
A Figura 2 explicita a relação entre
os componentes principais 1 e 2, durante o período de armazenamento dos pimentões submetidos às diferentes proteções e armazenados a 22ºC, 5°C e
12°C. Observam-se quatro agrupamentos assinalados, ou sejam: 1, 2, 3 e 4
(cera/12°C) e 9, 10, 11 e 12 (PVC/12°C);
17, 18, 19 e 20 (cera/22ºC) e 21, 22, 23 e
24 (PVC/22ºC) e 5, 6, 7 e 8 (cera/5°C) e
13, 14, 15 e 16 (PVC/5°C). Observa-se
também, que os indivíduos correspondentes à cera e PVC, a 5°C, estão
posicionados no lado negativo do eixo X
do componente principal 1, indicando as
maiores preservações da qualidade.
174
Os pimentões mantidos a 5°C apresentaram-se significativamente diferentes dos que receberam os demais tratamentos, indicando a maior preservação
da qualidade, principalmente nos envolvidos com PVC. O armazenamento a
12ºC também mostrou efeito conservador, o que não foi o afirmado pelo componente 2. Lownds et al. (1994), Serrano et al. (1997) e Kehr (2002), encontraram resultados semelhantes para frutos de outras cultivares de pimentão.
O uso dos componentes principais
como análise estatística dos resultados
permitiu verificar que pimentões ‘Magali-R’ podem ser preservados por até 33
dias quando embalados em PVC e armazenados a 5°C, e que o uso de ceras e
12°C pode ser considerado como alternativa para a estocagem de pimentões.
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Efeito da adubação foliar com KNO3 na aclimatização de bromélia cultivada in vitro
Armando Reis Tavares1; Patricia Giampaoli2; Shoey Kanashiro1; Francismar Francisco Alves Aguiar1;
Edison Paulo Chu1
1
Instituto de Botânica, C. Postal 3005, 01061-970 São Paulo-SP; 2Bolsista PIBIC-CNPq, Instituto de Botânica; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar o efeito da adubação foliar nitrogenada
na aclimatização de bromélia cultivada in vitro, utilizaram-se mudas de Aechmea blanchetiana, que, após o processo de cultivo in
vitro, foram transferidas para substrato constituído de areia e adubadas por pulverização de 3,0 mL, a cada 30 dias, com solução de
KNO3 nas concentrações de 0,0; 2,5; 5,0; 7,5 e 10,0 g L-1. Foram
avaliadas as variáveis comprimento da maior folha e raiz, número
de folhas, fitomassa fresca e seca das plantas e a porcentagem de
plantas mortas no estágio inicial e após dois períodos de aclimatização
(0; 60 e 120 dias). Concentrações maiores de KNO3 foram eficientes, amenizando os efeitos do estresse durante o período da
aclimatização de 60 dias. Entretanto, ao final do experimento (120
dias), as plantas submetidas à adubação foliar com KNO3 apresentaram menor crescimento que o controle.
Effect of foliar KNO3 fertilization in the acclimatization of
bromeliads grown in vitro
Palavras-chave: Aechmea blanchetiana, bromeliaceae, adubação,
nitrato de potássio.
The effect of foliar nitrogen fertilization, for an efficient
acclimatization of in vitro propagation bromeliads was evaluated,
using Aechmea blanchetiana plantlets which, after the in vitro
propagation, were transferred to a sandy substratum and fertilized
with 3.0 mL sprinkler irrigation of 0.0; 2.5; 5.0; 7.5 and 10.0 g L-1
nitrates concentrations using KNO3 as N source. Foliar length, the
size of the larger root, leaves number, dry and fresh fitomass quantity
and dead plants percentage after three times of acclimatization (0,
60 and 120 days) were evaluated. The results showed that higher
KNO3 concentrations were efficient to brighten up the stress effects.
However, at the end of the experiment (120 days), only lower KNO3
concentrations to an efficient acclimatization to this specific specie
were necessary.
Keywords: Aechmea blanchetiana, bromeliaceae, fertilization,
potassium nitrate.
(Recebido para publicação em 16 de dezembro de 2006; aceito em 23 de abril de 2008)
A
família Bromeliaceae conta atualmente com 54 gêneros, aproximadamente 3000 espécies e milhares de híbridos, estando distribuída em três
subfamílias:
Pitcairnioideae,
Tillandsioideae e Bromelioideae (Costa, 1996). São espécies nativas das Américas, em especial da Mata Atlântica,
com exceção da Pitcairnia feliciana, que
ocorre no continente africano (Leme &
Marigo, 1993). Podem ser encontradas
em todos os climas do planeta e existem espécies tanto na forma epífita, com
raízes que favorecem sua fixação à planta hospedeira, quanto na forma terrestre, com raízes funcionais que permitem
a fixação e a retirada de água e nutrientes do solo (Carvalho & Mercier, 2005).
O gênero Aechmea, pertencente à
subfamília Bromelioideae, apresenta cerca de 200 espécies, em sua maioria de
hábito epifítico e com folhas em roseta
formando tanque (Smith & Downs, 1979;
Carvalho & Mercier, 2005). As espécies
se caracterizam por serem herbáceas
epífitas, perenes, rizomatosas e robustas
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
(Lorenzi & Mello-Filho, 2001). A.
blanchetiana (Baker) L.B. Smith é uma
das mais populares plantas decorativas e
vem sendo extraída de seu ambiente natural em grande profusão para atender a
demanda do mercado de plantas ornamentais (Lorenzi & Souza, 1998).
O atual e elevado interesse pelas
bromélias pode ser explicado pela sua
aparência exótica e bela, característica
importante para o paisagismo e a
comercialização de artigos ornamentais,
e por sua rusticidade, não precisando de
muitos cuidados para garantir sua sobrevivência (Carvalho & Mercier, 2005),
tornando essas plantas de fácil manejo
e utilização em pesquisas.
A micropropagação, ou cultivo in
vitro, é a técnica que possibilita a produção em massa de mudas de variedades selecionadas, a partir de um pequeno número de explantes retirados da
planta matriz (Willadino et al., 2001).
Seu uso abrange a introdução de novas
espécies, atendimento da demanda de
plantas e mudas de qualidade genética
superior, importância econômico-ecológico, caracterizando um alto valor comercial, além de ser amplamente utilizada para limpeza de vírus (Vinderhalter
& Vinderhalter, 1994; Estrada-Luna et
al., 2001; Borghezan et al., 2003).
Durante as fases da cultura in vitro,
as plantas crescem sob condições especiais de redução das trocas gasosas, alta
umidade do ar, baixa intensidade luminosa e uso de sacarose como fonte de
energia. Estes fatores podem causar inibição da fotossíntese, estômatos anormais, maior acúmulo de reservas ou biomassa, dificultando a própria
micropropagação e a aclimatização, algo
que proporciona perdas elevadas de
plantas na transferência para as condições ex vitro (Pospísilová et al., 1999).
Após a micropropagação as
plântulas passam pelo período de
aclimatização por algumas semanas ou
mesmo alguns meses e a regeneração de
raízes durante a fase de aclimatização
tende a produzir um sistema radicular
mais desenvolvido e funcional
175
AR Tavares et al.
(Grattapaglia & Machado, 1990). Bosa
et al. (2003) definem a aclimatização
como o processo de adaptação da passagem das plantas desenvolvidas in vitro
para o ambiente ex vitro. O suprimento
hídrico normalmente é um fator
limitante nessa fase (Pospisilovà, 1999;
Larcher, 2000; Hazarika, 2003) e condição importante para o sucesso da formação de mudas, durante a fase de
aclimatização.
Debergh (1991) cita que durante a
aclimatização, plantas obtidas pelo cultivo in vitro sofrem mudanças fisiológicas e morfológicas em respostas às
alterações do ambiente e à utilização das
reservas acumuladas ainda durante o
período in vitro, sendo a principal forma da planta manter o seu crescimento
durante as primeiras semanas em casa
de vegetação.
A utilização de fontes de nitrogênio,
como KNO 3, NH 4NO 3 e (NH 4) 2SO 4,
vem se mostrando eficiente na
otimização do desenvolvimento de
plântulas cultivadas in vitro. García et
al. (1994) e Kanashiro (2005), trabalhando com plântulas de oliveira e mudas de A. blanchetiana, respectivamente, observaram que maiores quantidades
de nitrogênio foram assimiladas quando se utilizou como fonte o NH4NO3 e o
(NH4)2SO4. Veloso et al. (2001) trabalhando com abacaxizeiro, afirmou que
a adubação nitrogenada foi adequada.
O presente trabalho foi desenvolvido para avaliar o emprego de diferentes
concentrações de adubo nitrogenado
aplicado via foliar em espécie de
bromeliácea ornamental, auxiliando na
aclimatização eficiente para a espécie.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no
Laboratório de Cultura de Tecido do
Instituto de Botânica, Secretaria do
Meio Ambiente de São Paulo.
Frutos de A. blanchetiana foram
coletados de espécimes cultivados no
Instituto de Botânica e armazenados em
sacos de papel Kraft em condições de
refrigeração a 6oC durante um ano. Os
frutos foram abertos manualmente e
suas sementes retiradas, lavadas em
água destilada até a eliminação completa
da mucilagem.
176
As sementes foram desinfestadas em
solução 100% de hipoclorito de sódio com
2% de cloro ativo (m v-1), acrescida de 2
gotas de Tween 20 por 100 mL, durante
30 minutos. A seguir, foram enxaguadas
por três vezes em água destilada esterilizada. Após o tratamento de assepsia, as
sementes foram inoculadas em frascos
com capacidade volumétrica de 360 mL,
contendo 50 mL de meio de cultura MS
sólido (7 g L-1 ágar) acrescido com 30 g
de sacarose, para germinação, e posterior
cultivo in vitro em solução completa de
Murashige & Skoog (1962) líquida (sem
ágar) e com acréscimo de 30 g de sacarose.
Os frascos foram dispostos em sala de
crescimento a 25 µmol m-2 s-1 de radiação
fotossinteticamente ativa (RFA) e temperatura média de 25±1oC, sob fotoperíodo
de 12 horas, sendo o intervalo de iluminação das 6 às 18 horas e incubadas durante
3 meses.
Após o cultivo in vitro, as plântulas
foram lavadas em água corrente e
transferidas para vasos plásticos com 0,45
L de capacidade contendo como substrato,
areia lavada. Os vasos foram mantidos em
estufa cobertas com telas plásticas tipo
sombrite, com sombreamento de 50%, em
estantes cobertas com plástico preto e
irrigadas diariamente.
A fertilização foliar foi realizada semanalmente, durante todo o período de
experimentação, sendo aspergidas com
3,0 mL da solução de KNO3 (nitrato de
potássio) nas concentrações 0,0; 2,5;
5,0; 7,5 e 10,0 g L-1, por vaso.
As coletas de plantas foram realizadas aos 0; 60 e 120 dias de aclimatização,
totalizando 60 plântulas para cada coleta. As raízes das plantas coletadas no tempo zero foram retiradas, sendo, portanto,
excluídas da avaliação. Foram avaliados
o comprimento foliar, comprimento da
maior raiz, número de folhas, fitomassa
seca e fresca de plantas e porcentagem
de plantas vivas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizados e
constou de 5 tratamentos com quatro repetições (vasos) contendo 3 mudas,
totalizando 180 plantas.
Foi realizada a análise de variância
e regressão polinomial para todos os
parâmetros avaliados em função do tempo de aclimatização e concentração de
KNO3, considerando significativo quando os valores de p (probabilidade de teste aplicado) foram abaixo de 5%, utilizando-se programa estatístico SANEST
(Zonta & Machado, 1991).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A coleta feita após 60 dias de
aclimatização mostrou que a adubação
com KNO3 nas maiores concentrações
auxiliou o processo de aclimatização das
plantas transferidas da condição in vitro
para ex vitro. Isso pode ser corroborado
pelas curvas de crescimento obtidas nas
menores concentrações, onde não ocorreu incremento no comprimento das folhas. Aos 120 dias de aclimatização os
resultados do comprimento foliar foram
semelhantes entre si, mas apresentaram
valores maiores ou iguais aos observados nas mudas aclimatizadas por 60 dias
(Figura 1a).
Bhugaloo (1998) trabalhando com
mudas de abacaxi ex vitro fertilizadas
com diferentes concentrações de nitrogênio, observou que, apesar da adubação
nitrogenada ser essencial, é necessário
calcular sua dose para que não se torne
inibitória ao crescimento. As menores
concentrações de KNO3 causaram melhores efeitos aos 120 dias de
aclimatização, entretanto concentrações
maiores mostraram ser importantes aos
60 dias, amenizando os efeitos do estresse
e mantendo o comprimento foliar igual
ou maior que o observado nas mudas do
controle. Rodrigues et al. (2004) observaram em mudas micropropagadas de
Alcantarea imperialis o melhor desenvolvimento em plantas cultivadas em
substrato com altos teores de nutrientes;
entretanto Olmos (1992) citado por
Rodrigues et al. (2004) observou maior
crescimento em substratos com baixos
teores de nutrientes.
O comprimento médio das folhas
aumentou linearmente para as maiores
doses de KNO3 e de forma quadrática
para as menores doses de adubo e o controle. Estes resultados mostram o efeito
da fertilização foliar com KNO 3 ,
atenuando os efeitos deletérios causados pelo estresse durante a fase de
aclimatização da espécie estudada.
Bhugaloo (1998) observou que a utilização de nitrogênio era mais eficiente
quando aplicado durante o crescimento
foliar, antes do surgimento da
inflorescência.
Na Figura 1b está representado o
número total de folhas presentes nos
explantes após diferentes tratamentos
em 0; 60 e 120 dias. De maneira geral,
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Efeito da adubação foliar com KNO3 na aclimatização de bromélia cultivada in vitro
ao compararmos os tratamentos entre si
observa-se que o número de folhas foi
menor à medida que houve acréscimo
na concentração de nitrogênio após 60
dias enquanto, após 120 dias de
aclimatização o resultado foi oposto. No
último período de aclimatização os tratamentos não mostraram serem significativos entre si. Resultados semelhantes foram obtidos por Santos et al.
(2004), em plântulas de Heliconia
psittacorum aclimatizadas, constatando
que o número de folhas foi significativamente igual, independentemente do
adubo utilizado. Gomes & Shepherd
(2000) variando as concentrações de
KNO3 em meio MS no cultivo in vitro
de Sinningia allagophylla, planta ornamental da família Gesneriaceae, observaram que o número de folhas e o comprimento aumentaram com o uso de nitrato em relação a outros experimentos,
porém não mostrou diferença significativa entre as concentrações utilizadas.
Houve aumento do comprimento das
raízes ao longo da aclimatização. Os tratamentos não apresentarem diferenças significativas aos 60 e 120 dias, porém aos
120 dias, com o aumento da concentração do KNO3 mostrou efeito deletério no
crescimento (Figura 1c). Carvalho et al.
(2005) estudando os efeitos de reguladores vegetais no enraizamento de Ananas
bracteatus (Shultz) cv. striatus Hort in
vitro, observaram enraizamento das plantas nos tratamentos sem reguladores, sugerindo que a presença de uma auxina
associada à citocinina inibe a formação
de primórdios. À medida que o número
de folhas diminuiu (Figura 1b), os comprimentos da folha e da raiz (Figuras 1a e
1c) aumentaram. Segundo Crabbé &
Barnola (1996) um rápido acúmulo de
folhas jovens em plantas pode apresentar
um efeito inibitório sobre o alongamento
dos entrenós, anulando o crescimento por
completo das plantas.
Aos 60 dias os maiores valores de
fitomassa fresca foram observados em
plantas tratadas com 10,0 g L-1 de KNO3.
Tais valores foram inferiores aos das
plantas tratadas com 0,0 e 2,5 g L-1 de
KNO3 após 120 dias de aclimatização
(Figura 2a). Os resultados finais estão
de acordo com Grossi (2000) que, ao
trabalhar com A. nudicaulis, observou
que a menor concentração de nitrogênio (cultivo in vitro) promoveu maior
produção de fitomassa fresca.
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figura 1. Efeito de diferentes concentrações de KNO3 no comprimento foliar (a), número
de folhas (b) e comprimento radicular (c) de plantas de Aechmea blanchetiana em aclimatação
aos 0, 60 e 120 dias (Effect of differente KNO3 concentrations on length of the leaves (a),
number os leaves (b) and length of the roots (c) of Aechmea blanchetiana plantlet on 0,60
and 120 days of acclimatization). São Paulo, IBt, 2006.
Os valores de fitomassa seca aumentaram ao longo do período de
aclimatização em todos os tratamentos
após 60 dias de cultivo. A análise da
fitomassa seca indica que nesse período a concentração de 7,5 g L-1 de KNO3
tende a amenizar os efeitos do estresse
causado pelo ambiente, uma vez que os
valores obtidos nas plantas tratadas com
o adubo nesta concentração mantiveram
valores maiores que os demais tratamentos nesse período (Figura 2b). Segundo
Veloso et al. (2001) a adubação
nitrogenada não teve efeito na produção e massa do fruto do abacaxi, porém,
ao combiná-lo com doses isoladas de
potássio, o rendimento melhorou. Todavia, no presente trabalho, os valores de
fitomassa fresca e seca aumentaram
após 60 dias de aclimatização.
177
AR Tavares et al.
Figura 2. Efeito de diferentes concentrações de KNO3 na massa fresca (a), massa seca (b) e
porcentagem de plantas vivas (c) em plantas de Aechmea blanchetiana em aclimatização
aos 0, 60 e 120 dias (Effect of different KNO3 concentrations on fresh fitomass (a), dry
fitomass (b) and live plants percentagem (c) of Aechmea blanchetiana plantlets on 0, 60 and
120 days of acclimatization). São Paulo, IBt, 2006.
Soratto et al. (2004) ao trabalharem
com
mudas
de
Panicum
dichotomiflorum, afirmaram que a utilização de nitrogênio como fonte de adubo causa um decréscimo na concentração de açúcar da fitomassa seca, vindo
a confirmar os resultados obtidos no
primeiro período de aclimatização,
quando as plantas estão sob maior
178
estresse. De acordo com o trabalho realizado por Paula et al. (1991) o nitrogênio, ao ser utilizado como adubo, concorreu para aumentar significativamente a produção de frutos de abacaxi, e,
apesar de estimular o crescimento
vegetativo das mudas, aumentou a necessidade de outros nutrientes para a
planta, principalmente o potássio.
Durante a aclimatização a atividade
fotossintética das mudas tende a cair, impedindo a produção de metabólicos até o
momento que suas folhas já estão completamente adaptadas ao novo ambiente
(Lacher, 2000; Raven et al., 2000;
Kerbauy, 2004). O acúmulo de matéria
seca vegetal é o resultado do mecanismo
fotossintético, o qual incorpora matéria
orgânica na planta (Bergonci et al., 2001).
Segundo Benincasa (1988) 90%, em média, da matéria seca acumulada, pelas plantas ao longo do seu crescimento resultam
da atividade fotossintética. No experimento aos 120 dias as plantas já parecem estar
adaptadas ao novo ambiente devido ao
aumento de sua fitomassa seca.
A sobrevivência manteve-se praticamente constante ao longo do período de
aclimatização, sendo sempre superior a
80% para as plantas tratadas com 5,0 g L-1
de KNO3 e 65% para os demais tratamentos (Figura 2c), indicando que a espécie
apresenta rusticidade e que o período de
aclimatização não é um fator limitante na
micropropagação da espécie.
A maioria dos dados mostra que as
plantas tratadas nas maiores concentrações
de nitrogênio apresentaram, ao final do
experimento, os menores valores em todos
os parâmetros avaliados. Endres & Mercier
(2001) observaram que a utilização de uréia
e de NH4+ como fontes de nitrogênio geraram diferentes resultados na espécie Ananas
comosus e Vrisea gigantea durante o cultivo in vitro dessas espécies. Nievola et al.
(2001) afirmaram que o uso de uréia para
bromélia com hábito formador de tanque
aumenta a disponibilidade de nitrogênio,
no entanto é preciso conhecer as necessidades nutricionais de cada espécie para
evitar problemas com toxidez.
Durante o processo de aclimatização
não foram observados sintomas
degenerativos (clorose, queimadura nas
pontas das folhas) como ocorreu nos
experimentos de Rodrigues et al. (2004)
em plantas de bromélia imperial
(Alcantarea imperialis). Lima Filho &
Malavolta (1997), estudando plantas de
Stevia rebaudiana afirmaram que as
plantas deficientes em nitrogênio apresentaram, além do desenvolvimento reduzido, folhas pequenas, pouca ramificação e amarelecimento generalizado.
Embora o substrato arenoso tenha
sido satisfatório para a aclimatização da
A. blanchetiana, Souza Jr. et al. (2001),
trabalhando
com
plântulas
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Efeito da adubação foliar com KNO3 na aclimatização de bromélia cultivada in vitro
micropropagadas de abacaxi, mostrou
que a combinação de areia, xaxim e
húmus, proporcionou melhores respostas ao crescimento das mudas em condições ex vitro, podendo ser uma opção
viável para a diminuição da taxa de
mortalidade das mudas no processo de
aclimatização.
A partir dos resultados obtidos é
possível concluir que a utilização de
KNO3 como fonte de nitrogênio na adubação de mudas, mostrou-se eficiente
durante o processo de aclimatização da
espécie estudada. O uso de pequenas
concentrações de nitrogênio é suficiente para o desenvolvimento dessa espécie para o cultivo in vitro, e foi suficiente
no desenvolvimento durante cultivo ex
vitro, porém maiores concentrações são
eficientes na amenização dos efeitos
estressantes causados pelo novo ambiente. O ideal seria utilizar as maiores
concentrações de KNO3 no início do
processo de aclimatização e diminuir as
doses gradativamente.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem aos funcionários do IB Helvécio de Oliveira, Maria
da Conceição Maciel Oliveira e Luzia
Rodrigues Scarpeta, na manutenção do
experimento.
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Influência do sistema de condução do tomateiro sobre a incidência de
doenças e insetos-praga
Anderson Fernando Wamser; Walter F Becker; Janaína P dos Santos; Siegfried Mueller
EPAGRI-EE de Caçador, C. Postal 591, 89500-000 Caçador-SC; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Avaliou-se o efeito dos métodos de tutoramento e de condução
de plantas de tomate sobre a severidade de doenças foliares e sobre
a incidência de pragas em frutos em diferentes cultivares. Dois experimentos foram realizados em 2004/2005 e 2005/2006 em Caçador, SC. Os tratamentos consistiram da combinação de duas cultivares (Carmen e Débora Max, em 2004/2005, e Nemo Netta e San
Vito, em 2005/2006); quatro métodos de tutoramento (cruzado, ‘mexicano’, vertical com bambu e vertical com fitilho) e dois métodos
de condução de plantas (com uma e duas hastes por planta mantendo o mesmo número de hastes por área) em parcelas sub-subdivididas. Foram avaliadas as severidades de requeima, pinta-preta e mancha bacteriana nas folhas e a porcentagem de frutos com danos causados por doenças fisiológicas ou fitopatológicas e por brocas. Os
métodos de tutoramento vertical proporcionaram menor severidade
de requeima, pinta-preta e mancha bacteriana nas folhas e ataque de
brocas nos frutos, em relação ao método de tutoramento cruzado. A
severidade de doenças foliares e porcentagem de frutos com ataque
de brocas não diferiram entre métodos de condução de plantas.
Influence of the training systems of tomato plants on the
incidence of diseases and insect-pests
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, tutoramento, severidade de doenças, danos de insetos-praga.
Keywords: Lycopersicon esculentum, staking methods, diseases
severity, insect-pest damages.
The effect of different methods of staking and training tomato
plants was investigated to determine the severity of leaf damage and
the incidence of pests in fruits of different cultivars. Two experiments
were carried out in 2004/2005 and 2005/2006, in Caçador, Santa
Catarina State, Brazil. The treatments consisted of the combination
of two cultivars, Carmen and Débora Max, in 2004/2005, and Nemo
Netta and San Vito, in 2005/2006; four staking methods, crossed
fence, ‘Mexican’, vertical staking with bamboo and vertical staking
with polypropylene cord; and two training methods, one and two
stems per plant keeping the same number of stems per area. Severities
of late blight, early blight and bacterial spot in leaves and the
percentage of fruits with physiological and phytopathological
diseases and with insect damages were evaluated. All vertical staking
methods provided smaller severity of late blight, early blight and
bacterial spot in leaves and attack of insects than crossed fence
method. The severity of leaf diseases and percentage of fruits with
insect damages did not differ among plant training methods.
(Recebido para publicação em 18 dezembro de 2007; aceito em 11 de abril de 2008)
O
sistema de produção de tomate na
região do Alto Vale do Rio do Peixe, Meio-Oeste Catarinense, se baseia no
monocultivo, na excessiva mobilização
do solo e na utilização indiscriminada de
água e insumos agrícolas (Tagliari, 2003).
O uso intensivo de insumos, principalmente defensivos para o controle de insetos-praga e fitopatógenos, é considerado um dos principais problemas da atividade na região (Kreuz, 2003), podendo proporcionar aumento do custo de
produção, contaminação do ambiente, intoxicação de indivíduos envolvidos com
a cultura e contaminação do produto colhido (Tagliari, 2003; Melo & Vilela,
2005). O número elevado de pulverizações, chegando a três aplicações semanais de defensivos, decorre das condições
propícias às principais doenças do tomateiro, como temperatura noturna amena
e precipitações constantes entre os meses de dezembro e fevereiro, além do ataque de insetos-praga.
180
Dentre as principais doenças que
incidem no tomateiro na região do Alto
Vale do Rio do Peixe se destacam a requeima (Phytophthora infestans), a pinta-preta (Alternaria solani) e a mancha
bacteriana (Xanthomonas campestris pv.
vesicatoria) (Epagri, 1997). Entre os
insetos-praga se destacam a broca-pequena-do-tomateiro [Neoleucinoides
elegantalis (Guenée)] (Lepidoptera:
Crambidae) e a broca-grande
[Helicoverpa
zea
(Boddie)]
(Lepidoptera: Noctuidae), que causam
danos diretos nos frutos, depreciando a
aparência e os tornando inviáveis para
a comercialização (Epagri, 1997).
A redução do uso de defensivos com
significativo controle de pragas, sem a
perda da qualidade do produto colhido,
exige a adoção de práticas de manejo
integrado que permitam seu controle
eficiente (Becker, 2005). Várias práticas de manejo podem influenciar a sanidade das plantas, dentre essas os mé-
todos de tutoramento e condução de
plantas, que têm papel importante na
incidência de insetos-praga e doenças
(Boff et al., 1991; Picanço et al., 1995).
O principal sistema de condução de
plantas empregado na região do Alto
Vale do Rio do Peixe é o tutoramento
cruzado, também denominado de “V”
invertido, com a condução de duas hastes por planta. Esse método forma um
ambiente úmido e aquecido sob o “V”
invertido, favorável ao desenvolvimento de fitopatógenos (Rebelo, 1993).
Além disso, a aplicação de defensivos
nos órgãos das plantas localizados em
seu interior é deficiente, dificultando o
controle de insetos-praga (Picanço et al.,
1995) e doenças (Boff et al., 1992).
O tutoramento vertical de plantas,
por sua vez, aumenta a radiação solar e
a ventilação ao longo do dossel das plantas podendo reduzir, desta forma, o período de molhamento foliar e a severidade de doenças (Santos et al., 1999).
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Influência do sistema de condução do tomateiro sobre a incidência de doenças e insetos-praga
Além disso, a aplicação de defensivos é
mais eficiente nos dois lados das plantas ao longo das filas (Picanço et al.,
1995), possibilitando maior cobertura
dos produtos nos órgãos das plantas e
favorecendo o controle de pragas. Devido a essas características, o
tutoramento vertical de plantas vem sendo adotado por muitos produtores da
região. Porém, existem diferentes métodos empregados, destacando-se o
tutoramento vertical com varas de bambus ou com fitilho e o ‘mexicano’
(Wamser et al., 2007). Neste último, as
plantas não são amarradas a tutores, sendo conduzidas verticalmente entre
fitilhos que são dispostos horizontalmente nos dois lados das plantas à medida que as hastes crescem. Paralelamente ao método de condução, preconiza-se a redução do espaçamento entre
plantas e a condução de uma haste por
planta com o objetivo de aumentar a
produção de frutos (Wamser et al.,
2007).
A severidade de doenças e o ataque
de insetos-praga podem variar em função dos métodos de condução e de
tutoramento de plantas, bem como em
relação às diferentes cultivares empregadas em cada região. O objetivo do
presente trabalho foi avaliar o efeito dos
métodos de tutoramento (cruzado, vertical com bambu, vertical com fitilho e
‘mexicano’) e dos métodos de condução de plantas (com uma e duas hastes
por planta) sobre a severidade de doenças foliares e sobre os danos em frutos
causados por doenças e insetos, em quatro cultivares de tomateiro.
MATERIAL E MÉTODOS
Dois experimentos foram realizados
nas safras de 2004/2005 e 2005/2006 na
Epagri-EE de Caçador, no município de
Caçador (SC), região fisiográfica do
Alto Vale do Rio do Peixe. O clima da
região é temperado constante úmido,
com verão ameno, do tipo Cfb, conforme a classificação de Köepen (Pandolfo
et al., 2002). Os solos nos locais dos experimentos foram identificados como
Latossolo Bruno distrófico típico
(Embrapa, 1999) com as características:
pH (água) = 5,8 e 5,9, P = 12,8 e 19,2
mg/L, K = 166 e 72 mg/L, MO = 3,5 e
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
4,9%, Al = 0,0 e 0,0 cmolc/L, Ca = 6,8 e
8,5 cmolc/L, Mg = 3,6 e 4,7 cmolc/L, V =
69 e 75% para os anos agrícolas de 2004/
2005 e 2005/2006, respectivamente.
Os tratamentos consistiram na combinação de duas cultivares de tomate
(Carmen e Débora Max, na safra 2004/
2005, e San Vito e Nemo Netta, na safra 2005/2006), quatro métodos de
tutoramento e dois métodos de condução. As cultivares Carmen e Nemo Netta
pertencem ao grupo Salada e as cultivares Débora Max e San Vito são dos grupos Santa Cruz e Saladete, respectivamente, todas de crescimento
indeterminado. Os métodos de
tutoramento testados foram cruzado,
‘mexicano’, vertical com bambu e vertical com fitilho. Os métodos de condução foram uma haste por planta e duas
hastes por planta. O delineamento experimental foi de parcelas sub-subdivididas, com quatro repetições, alocandose o fator cultivar na parcela, o fator
método de tutoramento na subparcela e
o fator método de condução na subsubparcela.
O espaçamento entre plantas nas
cultivares Carmen, Débora Max e Nemo
Netta foi de 0,3 e 0,6 m para as plantas
conduzidas com uma e duas hastes, respectivamente. Para a cultivar San Vito
utilizou-se espaçamento entre plantas de
0,2 e 0,4 m para a condução de uma e
duas hastes por planta, respectivamente. Desta forma, dentro do fator método
de condução, as parcelas tinham o mesmo número de hastes por área em cada
cultivar. As parcelas dos métodos de
tutoramento vertical foram constituídas
de uma linha de plantas com 9 m de
comprimento. Já no método de
tutoramento cruzado as parcelas possuíam duas linhas de plantas, com
espaçamento de 1,0 m entre as linhas
que formam o “V” invertido. O
espaçamento entre linhas para todos os
métodos de tutoramento foi de 1,5 m.
Utilizou-se o sistema de plantio direto sobre a cultura da aveia preta, sem
aplicação de herbicida. A adubação de
base foi feita no sulco, utilizando 60 kg/
ha de N, 600 kg/ha de P2O5 e 300 kg/ha
de K2O da fórmula 03-30-15, 10 t/ha de
esterco de aves, 2,7 kg/ha de B como
bórax e 8 kg/ha de Zn como sulfato de
zinco nas cultivares Carmen, Débora
Max e Nemo Netta, e 90 kg/ha de N,
900 kg/ha de P2O5 e 450 kg/ha de K2O
da fórmula 03-30-15, 15 t/ha de esterco
de aves, 4,1 kg/ha de B como bórax e
60 kg/ha de Zn como sulfato de zinco
na cultivar San Vito. A adubação diferenciada entre a cultivar San Vito e as
demais foi realizada de forma a fornecer a mesma quantidade de adubação por
haste para todas as cultivares.
As mudas de tomate foram produzidas no sistema “float” com a semeadura realizada em 03/11/04 e 14/10/05. O
plantio foi realizado em 30/11/04 e 07/
11/05. O replantio de mudas foi realizado na primeira semana de plantio. Foram realizadas desbrotas semanais e, aos
120 dias após o plantio (DAP), a desponta em todos os tratamentos a partir
da terceira folha acima do último cacho
de cada haste. As adubações de cobertura foram realizadas semanalmente a
partir dos 20 DAP, totalizando 450 kg/
ha de N e de K2O nas cultivares Carmen, Débora Max e Nemo Netta, e 675
kg/ha de N e de K2O na cultivar San
Vito.
Os ingredientes ativos utilizados
para o controle de insetos-praga e doenças, bem como a época e o número de
aplicações, foram: acefato, 2x (nov), 5x
(dez) e 1x (jan) em 2004/2005, e 1x
(nov) e 3x (dez) em 2005/2006; Bacillus
thuringiensis, 1x (jan) e 3x (fev) em
2005/2006; deltametrina, 1x (jan), 2x
(fev) e 1x (mar) em 2004/2005, e 1x
(fev) e 1x (mar) em 2005/2006;
diflubenzurom, 1x (jan) em 2004/2005,
e 1x (fev) em 2005/2006; fenitrotiona,
1x (nov), 2x (jan) e 1x (fev) em 2004/
2005, e 1x (mar) em 2005/2006;
imidacloprid, 1x (nov) em 2004/2005,
e 1x (nov), 1x (dez) e 2x (fev) em 2005/
2006; metomil, 2x (jan) e 1x (fev) em
2005/2006; tiametoxam, 2x (dez) e 1x
(jan) em 2004/2005, e 2x (dez) e 1x (jan)
em 2005/2006; tebufenozide, 1x (mar)
em 2004/2005, e 2x (mar) em 2005/
2006; abamectina, 1x (mar) em 2004/
2005; óxido cuproso, 3x (dez), 6x (jan),
1x (fev) e 2x (mar) em 2004/2005, e 2x
(dez) e 1x (jan) em 2005/2006;
oxicloreto de cobre, 2x (mar) em 2005/
2006; hidróxido de cobre, 3x (jan), 5x
(fev) e 1x (mar) em 2005/2006;
mancozeb, 2x (nov), 3x (dez) e 4x (jan)
em 2004/2005, e 3x (dez), 1x (jan) e 3x
181
AF Wamser et al.
Tabela 1. Severidade de requeima, pinta preta e mancha bacteriana em folhas de tomateiro
em função da cultivar, método de tutoramento e método de condução de plantas. Caçador,
EPAGRI, 2005.
médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível de
5% de significância.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, dentro de cada fator analisado, não diferem
entre si pelo teste de Tukey (α=0,05); ns não houve diferenças significativas entre tratamentos pelo teste F (p>0,05); int houve interação significativa entre fatores pelo teste F (p≤0,05).
(fev) em 2005/2006; clorotalonil, 1x
(nov), 3x (dez), 3x (jan) e 1x (fev) em
2004/2005, e 3x (nov) e 2x (dez) em
2005/2006; metiram + piraclostrobina,
3x (fev) e 1x (mar) em 2004/2005, e 1x
(dez) em 2005/2006; cimoxanil +
mancozebe, 1x (jan) em 2004/2005, e
1x (fev) em 2005/2006; mancozebe +
metalaxil-M, 1x (dez) e 1x (jan) em
2004/2005, e 1x (mar) em 2005/2006;
captana, 1x (jan) e 1x (mar) em 2004/
2005, e 1x (fev) e 3x (mar) em 2005/
2006; iprodiona, 1x (jan) em 2004/2005,
e 3x (fev) e 1x (mar) em 2005/2006;
metiram, 1x (jan) em 2005/2006;
clorotalonil + cloridrato de
propamocarb, 2x (jan) em 2005/2006;
clorotalonil + dimetomorfe, 2x (jan) em
2005/2006; cimoxanil + famoxadona,
1x (jan) em 2005/2006; famoxadona +
mancozebe, 1x (fev) em 2005/2006. As
doses aplicadas seguem as recomendadas para a cultura e praga. Demais práticas culturais foram realizadas de acordo com as Normas técnicas para o tomateiro tutorado na região do Alto Vale
do Rio do Peixe (Epagri, 1997).
Os valores diários de precipitação,
umidade relativa e temperaturas máxima e mínima durante o ciclo da cultura
foram obtidos na estação meteorológica
182
da Estação Experimental de Caçador.
Nas duas safras foram avaliadas as
severidades de requeima, pinta-preta e
mancha bacteriana nas folhas de três
plantas por parcela, a porcentagem dos
frutos colhidos com danos causados por
doenças fisiológicas ou fitopatológicas
e a porcentagem dos frutos colhidos com
danos causados por brocas em geral. A
severidade de doenças foi avaliada aos
92 DAP e 128 DAP, nas safras 2004/
2005 e 2005/2006, respectivamente,
com auxílio de escalas diagramáticas
para requeima (James, 1971), pinta-preta (Boff et al., 1991) e mancha bacteriana (Mello et al., 1997). Na safra 2005/
2006 a porcentagem de danos nos frutos causados por brocas foram separados em danos da broca-pequena-do-tomateiro e da broca-grande. Esta separação foi feita de acordo com o tipo de
dano nos frutos. A broca-grande faz danos superficiais, de formato irregular e
de fora para dentro do fruto. A brocapequena-do-tomateiro penetra nos frutos, se alimenta da polpa e deixa pequenos orifícios ao sair, próximo à
maturação do fruto (Epagri, 1997). As
variáveis foram submetidas à análise de
variância (teste F). Quando alcançada
significância estatística (p≤0,05), as
A precipitação total e o número de
dias de chuva durante o ciclo da cultura
na safra 2004/2005 foi de 321,1 mm e
41 dias, respectivamente. Na média do
ciclo da cultura, para esta safra, a umidade relativa (UR%) ficou em 76,0%
enquanto que as temperaturas máxima
e mínima ficaram em 26,9 e 15,6oC, respectivamente. Já na safra 2005/2006, a
precipitação total e o número de dias de
chuva durante o ciclo da cultura foram
maiores que na safra 2004/2005, ficando em 514,8 mm e 61 dias, respectivamente. A UR% e as temperaturas máxima e mínima, médias do ciclo, também
foram maiores na safra 2005/2006, ficando em 80,9%, 28,7 e 16,8oC, respectivamente.
Doenças foliares - A incidência de
requeima foi observada somente na safra 2005/2006, enquanto que a pintapreta e a mancha bacteriana ocorreram
nas duas safras (Tabela 1). Todas as cultivares utilizadas não apresentam resistência à requeima, mancha bacteriana e
pinta-preta (Agrocinco, 2006; Sakata
Seed Sudamerica, 2006). Desta forma,
as maiores precipitações, dias de chuva
e UR% ocorridas na safra 2005/2006
podem ter favorecido o desenvolvimento do fitopatógeno e dificultado o controle da requeima nesta safra. Segundo
Kurozawa & Pavan (2005), a requeima
necessita de alta umidade e temperatura em torno de 20oC para se desenvolver. Além disso, a orientação das fileiras de plantas foi no sentido leste-oeste
em 2004/2005 e norte-sul em 2005/
2006. A orientação leste-oeste possibilita a maior insolação no dossel das plantas ao longo do dia, diminuindo o período de molhamento foliar causado por
chuvas e orvalho, fator que favorece o
desenvolvimento desta doença (Becker,
2005).
Entre as cultivares, foram observadas diferenças significativas somente
para requeima e mancha bacteriana na
safra 2005/2006 (Tabelas 1 e 2). A severidade da requeima para cada cultivar variou de acordo com o método de
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Influência do sistema de condução do tomateiro sobre a incidência de doenças e insetos-praga
tutoramento, existindo diferenças somente no método de tutoramento cruzado, com maior severidade na cultivar
San Vito, em relação a Nemo Netta.
Possivelmente na cultivar San Vito, a
utilização de menor espaçamento entre
plantas (0,4 e 0,2 m), associado ao método de tutoramento cruzado, permitiu
a formação de microclima favorável ao
desenvolvimento da doença, além da
menor eficiência na aplicação dos defensivos. Já para a severidade de mancha bacteriana, houve diferenças entre
as cultivares somente quando foi utilizada a condução de uma haste por planta, com maior severidade na cultivar San
Vito (Tabela 2). A distribuição mais
eqüidistante entre hastes com a condução de uma haste por planta, em relação
à condução de duas hastes, na cultivar
San Vito, pode ter favorecido a disseminação da mancha bacteriana por meio
dos respingos de chuva, principal forma de disseminação da doença planta a
planta (Kurozawa & Pavan, 2005).
Entre os métodos de tutoramento,
foram observadas diferenças significativas para severidade de mancha bacteriana, na safra 2004/2005 e 2005/2006,
para pinta-preta, na safra 2005/2006, e
para requeima na cultivar San Vito, na
safra 2005/2006 (Tabelas 1 e 2). Para
todas estas doenças e safras, o método
de tutoramento cruzado apresentou
maior severidade em relação aos métodos de tutoramento vertical, não diferindo do método ‘mexicano’, na safra
2004/2005. Em trabalhos anteriores, não
foram observadas diferenças entre métodos de tutoramento cruzado e vertical
para a porcentagem de área foliar
infectada por pinta-preta, septoriose
(Septoria lycopersici) (Santos et al.,
1999), mancha de estenfílio
(Stemphylium solani) (Boff et al., 1991).
Entretanto, maiores valores de incidência de pinta-preta foram observados no
método vertical por Boff et al. (1991).
Os resultados do presente trabalho confirmam o pressuposto de que o
tutoramento vertical promove condições
menos favoráveis às doenças (Picanço
et al., 1995; Santos et al., 1999). Comparando somente os métodos de
tutoramento vertical, não houve diferenças para todas as doenças analisadas,
embora o método ‘mexicano’ não tenha
se diferenciado do cruzado para manHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Tabela 2. Severidade de requeima, em função da cultivar e do método de tutoramento, e de
mancha bacteriana, em função da cultivar e do método de condução, em folhas de tomateiro. Caçador, EPAGRI, 2005.
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, dentro de
cada fator analisado, não diferem entre si pelo teste de Tukey (α=0,05).
Tabela 3. Porcentagem de frutos com doenças e atacados por brocas, em relação ao número
total de frutos, em função da cultivar, do método de tutoramento e do método de condução
de plantas de tomate. Caçador, EPAGRI, 2005.
1
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, dentro de cada fator analisado, não diferem
entre si pelo teste de Tukey (α=0,05)
cha bacteriana na safra 2004/2005. No
método ‘mexicano’, além de as plantas
se apoiarem sobre os fitilhos dispostos
horizontalmente nos dois lados ao longo da fila de plantas, elas também se
apóiam umas nas outras. Desta forma,
há maior proximidade entre plantas, favorecendo a disseminação da mancha
bacteriana, pelos respingos de chuva.
Entretanto, os resultados mostram que,
principalmente para as doenças fúngicas
analisadas, todos os métodos de
tutoramento vertical promovem condições semelhantes e desfavoráveis ao seu
desenvolvimento.
Para os métodos de condução de
plantas, observaram-se diferenças significativas somente para severidade de
mancha bacteriana, na safra 2005/2006,
na cultivar San Vito, sendo que a con183
AF Wamser et al.
dução de uma haste por planta proporcionou maior severidade da doença, em
relação à condução de duas hastes por
planta. Esta resposta pode estar ligada
ao menor espaçamento entre plantas
com a condução de uma haste por planta, facilitando a disseminação da doença. Além disso, o adensamento de plantas proporciona maior cobertura dos órgãos pelas folhas, podendo dificultar a
penetração da calda fungicida e reduzir
a sua cobertura.
Danos em frutos - As cultivares
Carmen, na safra 2004/2005, e San Vito,
na safra 2005/2006, apresentaram maior
porcentagem de frutos com doenças
fitopatológicas ou fisiológicas em relação às cultivares Débora Max e Nemo
Netta, respectivamente (Tabela 3). Estes resultados ratificam a avaliação de
cultivares para o Estado de Santa
Catarina 2006/2007 (Epagri, 2006),
onde as cultivares Carmen e San Vito
apresentam menor porcentagem de frutos comerciais em relação a Débora Max
e Nemo Netta, respectivamente.
Houve diferenças entre métodos de
tutoramento para porcentagens de frutos doentes somente na safra 2004/2005
(Tabela 3). Nesta safra, o método de
tutoramento vertical com fitilho e o
método de tutoramento cruzado apresentaram maior e menor porcentagem
de frutos doentes, respectivamente, ambos não diferindo dos demais métodos
de tutoramento. Em trabalhos anteriores
não foram observadas diferenças entre
métodos de condução vertical e cruzado
para porcentagem de frutos com danos
por Alternaria solani (Silva et al., 1997;
Santos et al., 1999), Erwinia spp., Phoma
destructiva (Santos et al., 1999) e para
frutos com diversos tipos de defeitos (Silva et al., 1997; Marim et al., 2005). Entretanto, Silva et al. (1997) encontraram
maior produção de frutos com podridão
apical no método de tutoramento vertical em relação ao cruzado.
A porcentagem de frutos doentes foi
maior na condução de uma haste por
planta na safra 2005/2006, em relação à
condução de duas hastes por planta (Tabela 3). Na safra 2004/2005, não houve
diferença entre métodos de condução
para porcentagem de frutos doentes.
Oliveira et al. (1996) encontraram maior
número de frutos rachados e
184
amarelecidos com a condução de uma
haste por planta, em relação à condução de duas hastes por planta, atribuindo estes danos à menor proteção dos frutos pelas folhas contra a radiação solar
direta. Entretanto, estes autores não observaram diferenças para podridão
apical e lóculo aberto enquanto que
Marim et al. (2005) não encontraram
diferenças para produção de frutos com
defeitos para condução com uma ou
duas hastes por planta.
Já para frutos com danos de brocas,
somente na safra 2005/2006 houve diferenças entre cultivares, sendo que a
cultivar San Vito apresentou maior porcentagem de frutos atacados, tanto por
broca grande como por broca-pequenado-tomateiro (Tabela 3).
Considerando os métodos de
tutoramento, houve diferenças somente
na safra 2005/2006, sendo que o método cruzado apresentou maior porcentagem de frutos atacados por brocas em
relação aos métodos verticais (Tabela 3).
A diferença entre os métodos de
tutoramento vertical e cruzado para porcentagem de frutos atacados por brocas
se deve ao somatório do ataque por broca-grande e broca-pequena-do-tomateiro, visto que analisando isoladamente o
ataque de cada espécie de inseto-praga
não houve diferenças entre os métodos
de tutoramento. Picanço et al. (1995)
observaram menor ataque de traça-dotomateiro às folhas e aos frutos quando
as plantas estavam totalmente desenvolvidas no tutoramento vertical, em relação ao cruzado, apesar do menor
espaçamento utilizado no vertical. Estes
autores atribuíram o menor ataque à
maior exposição das folhas do tomateiro
à calda inseticida, no tutoramento vertical, já que as plantas foram pulverizadas
nos dois lados. Entre métodos de
tutoramento vertical, não houve diferenças para porcentagem de frutos com brocas. Da mesma forma, os métodos de
condução não influenciaram a porcentagem de frutos atacados por brocas nas
duas safras analisadas (Tabela 3).
De acordo com os resultados, os
métodos de tutoramento vertical proporcionam menor severidade de doença e
ataque de insetos-praga, em relação ao
método de tutoramento cruzado. Por sua
vez, a condução de uma haste por plan-
ta não apresenta diferenças na severidade de doenças foliares e porcentagem
de frutos com ataque de insetos-praga,
em relação à condução de duas hastes
por planta. Assim, os métodos de
tutoramento vertical de plantas, com
uma ou duas hastes por planta, são recomendados dentro de sistemas de produção que objetivam o controle mais
racional de insetos-praga e doenças.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem as empresas
Agrocinco/Nirit Seeds Ltda e Sakata
Seed Sudamérica Ltda pelo apoio na
implantação dos experimentos.
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de mudas de alface em função de substratos com e sem biofertilizante. Horticultura Brasileira 26: 186-189.
Qualidade de mudas de alface em função de substratos com e sem
biofertilizante
Damiana Cleuma de Medeiros1;2; Karla Cristiane de Sousa Freitas1; Francinaldo de Sousa Veras1; Regina
Sheila Barros dos Anjos1; Rafaela Duarte Borges1; José Galdino Cavalcante Neto1; Glauber Henrique de
Sousa Nunes1; Hailson Alves Ferreira1
1
UFERSA, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; 2Doutoranda em Agronomia, Fitotecnia; [email protected];
[email protected]; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Avaliou-se a qualidade de mudas de alface em função de
substratos com e sem biofertilizante (aplicado aos 6; 12 e 18 dias
após germinação) em condições de casa-de-vegetação. O experimento foi conduzido em esquema fatorial inteiramente casualizado:
3 cultivares (Babá-de-Verão, Grand Rapids e Grandes Lagos) x 3
tipos de substratos (areia lavada, composto orgânico e substrato
comercial Plantmax®) x 2 (com e sem biofertilizante), com quatro
repetições. A avaliação foi feita aos 24 dias da germinação através
de número de folhas, altura da parte aérea, comprimento da raiz,
massa seca da parte aérea e massa seca da raiz. Houve efeito isolado dos fatores cultivares e substratos para número de folhas e comprimento da raiz. Houve efeito de interação cultivares x substratos
para altura da parte aérea, massa seca da parte aérea e massa seca
da raiz. Dentre as variáveis analisadas a cultivar Grand Rapids e o
substrato composto orgânico foi a que obteve melhor resultado.
Não houve influência significativa da aplicação de biofertilizante.
Quality of lettuce seedlings depending on substrates with and
without biofertilizer addition
Palavras-chave: Lactuca sativa L., produção de mudas, fertilizante
orgânico.
The quality of lettuce seedlings depending on substrates and
biofertilizer addition (at 6; 12 and 18 days after germination), under
greenhouse conditions was evaluated. The experiment was carried
out in a completely randomized factorial scheme: 3 cultivars (Babáde-Verão, Grand Rapids and Great Lakes) x 3 substrates (washed
sand, organic compost and commercial substrate Plantmax®) x 2 (with
and without biofertilizer addition), with four replications. The
evaluation was done on 24-day old seedlings through number of
leaves, shoot height, root length, shoot dry mass and root dry mass.
There was an isolated effect for cultivars and substrates with regard
to the number of leaves and root length. There was cultivars x
substrates interaction effect for shoot height, shoot dry mass and
root dry mass. The best result was obtained with cultivar Grands
Rapids grown in organic compost. There were no significant effects
of biofertilizer addition with respect to the evaluated variables.
Keywords: Lactuca sativa L., seedling production, organic fertilizer.
(Recebido para publicação em 9 de janeiro de 2007; aceito em 18 de abril de 2008)
A
alface é uma das hortaliças mais
difundidas atualmente, sendo cultivada por todo o país. A sua larga adaptação às condições climáticas, a possibilidade de cultivos sucessivos no mesmo ano, o baixo custo de produção, a
pouca suscetibilidade a pragas e a doenças e a comercialização segura, faz com
que a alface seja a hortaliça preferida
pelos pequenos produtores, o que lhe
confere grande importância econômica
e social, sendo significativo fator de
agregação do homem do campo (Lima,
2005).
A agricultura orgânica é uma atividade baseada em práticas de reciclagem
de matéria orgânica e uso de métodos
pouco ou não agressivos ao meio ambiente na produção de alimentos saudáveis de melhor valor biológico para o
consumo humano (Câmara, 2001). Essa
atividade tem crescido, principalmente
186
pela necessidade de preservação
ambiental e também pela exigência de
toda sociedade por alimentos mais saudáveis, sem contaminantes químicos
danosos à saúde (Ambrosano, 1999).
O uso de produtos alternativos como
os biofertilizantes vem crescendo em
todo o Brasil. Na busca por insumos
menos agressivos ao ambiente e que
possibilitem o desenvolvimento de uma
agricultura com menor dependência de
produtos industrializados, vários produtos têm sido lançado no mercado (Deleito et al., 2000). Além disso, esses produtos podem ser produzidos pelo agricultor, gerando economia de insumos
importados e, ainda, promover
melhorias no saneamento ambiental. Os
biofertilizantes são preparados a partir
da digestão anaeróbica ou aeróbica de
material orgânico e mineral, visando o
fornecimento de nutrientes.
A composição química do
biofertilizante varia conforme o método
de preparo e o material que o origina. Para
Bettiol et al, (1998), uma das principais
características do biofertilizante é a presença de microrganismos, responsáveis
pela decomposição da matéria orgânica,
que se resulta na produção de gás e liberação de metabólicos, especialmente antibióticos e hormônios.
Aliado à qualidade das mudas, o produtor de hortaliças sente a necessidade
de reduzir os custos de sua atividade.
Para tanto, trabalhos são realizados no
Brasil com objetivo de aproveitar material de grande disponibilidade regional, para compor o substrato visando a
formação de mudas de hortaliças, em
diminuição da participação de substratos
comerciais (Silva et al., 2000).
O substrato se constitui no elemento mais complexo na produção de muHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Qualidade de mudas de alface em função de substratos com e sem biofertilizante
das podendo ocasionar a nulidade ou
irregularidade de germinação, a má formação das plantas e o aparecimento de
sintomas de deficiência ou excesso de
alguns nutrientes. O substrato deve apresentar características físicas, químicas
e biológicas apropriadas para que possa
permitir pleno crescimento das raízes e
da parte aérea (Setubal & Afonso Neto,
2000). O volume não deve variar muito
quando este se encontrar seco ou molhado; deve reter suficiente umidade
para que não se precise regar com muita freqüência; não deve ter um nível
excessivo de salinidade, ser atóxico às
plantas e estar livre de ervas daninhas.
A produção da muda em substrato esterilizado é outra importante vantagem,
pois ela é levada para o campo isenta de
nematóides e outros fitopatógenos, que
poderiam contaminá-la numa sementeira em canteiro (Caetano et al., 2001).
De acordo com Cavalcanti et al.
(2002), a areia utilizada como substrato
é a proveniente dos rios, a mesma utilizada para construção. A areia tem sido
utilizada por diversos pesquisadores em
ensaios com emergência e crescimento
de várias espécies. Em qualquer
granulometria, é um importante condicionador da estrutura do solo. Suas propriedades físicas proporcionam condicionamento, do qual vão depender a aeração e
a permeabilidade do solo. É vantajoso
utilizar areia, por esta ser de baixo custo,
fácil disponibilidade e, principalmente
permitir boa drenagem do substrato.
Câmara (2001), ao avaliar compostos orgânicos como substrato na produção de mudas de alface, afirma que o
composto orgânico misto pode substituir com sucesso os substratos comerciais, sendo economicamente viável.
O presente trabalho tem como objetivo avaliar o uso de biofertilizante no
desenvolvimento de mudas de alface de
três cultivares conduzidas em três tipos
de substratos.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em casa
de vegetação (área coberta de 187,5 m2
e sombreamento de 50%) da UFERSA,
município de Mossoró-RN.
O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados compleHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
tos em esquema fatorial 3 x 3 x 2, com
quatro repetições. Os tratamentos resultaram da combinação dos fatores cultivares, substratos e biofertilizante. Para
o fator cultivares foram utilizados: C1Babá-de-verão; C2-Grand Rapids e C3Grandes Lagos. Para o fator substratos
foram utilizados: S1-areia lavada ou testemunha; S2-composto orgânico misto
e S3-substrato comercial Plantmax®.
Para o fator biofertilizante, foram utilizados: B0-Sem biofertilizante e B1Com biofertilizante. Cada parcela foi
constituída de 32 células.
Para a fabricação do biofertilizante,
os ingredientes foram adquiridos de
abatedouro e do comércio local. A sua
formulação, baseada em biofertilizante
supermagro fermentado aerobicamente
foi: Biofertilizante 1 (B1): 20 Kg de folhas verdes (picadas); 40 L de água; 6 L
de leite; 10 L de caldo de cana; 4 kg de
cinzas; 2 kg de farinha de osso; 2 kg de
calcário dolomítico. 1o dia: colocou-se
as folhas na água e acrescentou-se: 3 L
de leite, 5 L de caldo de cana, 2 kg de
cinzas e 2 kg de farinha de osso,
homogeneizou-se bem e deixou-se fermentar. 7o dia: adicionou-se 3 L de leite, 5 L de água com açúcar, 2 kg de cinzas, 2 kg de calcário dolomítico,
homogeneizou-se e deixou-se fermentar por mais sete dias.
O material utilizado para compor os
substratos (composto orgânico misto e
areia lavada) foram adquiridos na instituição e submetidos a uma peneiração e
a um tratamento térmico com água fervente (100ºC) dois dias antes da semeadura com a finalidade de esterilizá-los.
As 24 bandejas de 128 células utilizadas foram limpas usando água corrente
e após dois dias foram preenchidas com
os diferentes substratos, semeando-as
logo em seguida, permanecendo por 24
dias na casa de vegetação.
As análises das amostras dos
substratos e dos fertilizantes foram feitas no Laboratório de análises de solo,
água e planta da UFERSA de acordo
com a metodologia de Silva et al.
(1998). Os resultados foram: pH: 4,7;
7,50; 8,20 cmolc dm-3; Al3+: 0,20; 0,0;
0,0; Ca+Mg: 22,50; 18,50; 4,00 cmolc
dm-3; Na+: 3,54; 0,35; 0,23 cmolc dm-3;
K: 1,72; 3,17; 0,23 cmolc dm-3; P: 1047;
447,40; 78,41 mg dm-3; C: 20,6; 36,70;
2,62 g kg-1 para Plantmax®, composto
orgânico e areia lavada, respectivamente.
As irrigações foram realizadas manualmente, usando regadores com água
de poço, duas vezes ao dia, pela manhã
e à tarde. Oito dias após a semeadura
foi efetuado o primeiro desbaste, deixando-se uma planta por célula.
Foram aplicadas três adubações
foliares com o biofertilizante (de acordo com o tratamento). As aplicações
foram aos 6; 12 e 18 dias após a germinação. Nesta operação usou-se um pequeno borrifador manual e a concentração de aplicação da solução era de 2,5%.
Por bandeja foram aplicados 300 mL de
biofertilizante.
Retirou-se uma amostra de 20 plantas por parcela e determinou-se pela
contagem do número médio de folhas
desenvolvidas nas plantas, partindo-se
das folhas basais até a última aberta, a
contagem foi manual e direta.
A altura das plantas (cm) foi determinada medindo-se do colo da planta
até a extremidade mais alta, utilizandose uma régua graduada. A medição foi
feita em todas as plantas de cada repetição dos 18 tratamentos.
O comprimento médio da raiz (cm)
foi determinado medindo-se do colo da
planta até a extremidade inferior da raiz,
utilizando-se uma régua graduada. Lavou-se o substrato na raiz das plântulas
em água corrente da torneira. Após, as
folhas foram colocadas em sacos de papel e levadas à estufa com circulação
de ar forçada à temperatura de aproximadamente 65ºC. Após 72 horas foram
retiradas, fazendo-se logo após as pesagens, em balança de precisão analítica,
expressas em gramas. Os dados obtidos
foram submetidos à Análise de Variância
(teste F) e os tratamentos comparados
através do teste de Tukey, ao nível de
5% de probabilidade pelo programa
SISVAR, UFLA.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se efeito significativo
para número de folhas e comprimento
da raiz em função da cultivar e
substratos (Tabela 1). A ‘Babá-deverão’proporcionou maior número de
folhas, diferindo estatisticamente das
187
DC Medeiros et al.
Tabela 1. Valores médios de número de folhas (NF) e comprimento da raiz (CR) de mudas
de alface em função de cultivares e substratos (average values for number of leaves (NL)
and root lenght (RL) of lettuce seedlings depending on cultivars and substrates). MossoróRN, UFERSA, 2005.
Médias seguidas pelas mesmas letras, nas colunas, não diferem estatisticamente, entre si,
pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
Tabela 2. Valores médios da interação cultivares x substratos para altura da parte aérea, massa
seca da parte aérea e massa seca da raiz (average values for interaction cultivars x substrates
for shoot height, shoot dry mass and root dry mass). Mossoró-RN, UFERSA, 2005.
Médias seguidas pelas mesmas letras maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas, não
diferem estatisticamente, entre si, pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
demais. Com relação ao comprimento
da raiz, observou-se que as cultivares
Babá-de-verão e Grand Rapids não diferiram estatisticamente entre si, entretanto foram superiores quando comparadas à cultivar Grandes Lagos. Estes
resultados são concordantes em parte
com os encontrados por Brito (2000)
que observou que a cultivar Babá-deverão, apesar de não diferir estatisticamente de ‘Monalisa’ e ‘Elisa’, produziu
maior número de folhas por planta, em
relação às demais cultivares avaliadas.
O composto orgânico proporcionou
maior número de folhas e maior comprimento da raiz, superando os demais
substratos. Estes resultados são seme188
lhantes aos de Barros Júnior (2001), que
constatou s os perioridade dos orgânicos ao comercial em relação ao número
de folhas e comprimento da raiz da alface. Apesar dos teores de matéria orgânica do substrato comercial
Plantmax® serem superiores aos teores
dos demais substratos (Tabela 1), os resultados indicam que o composto orgânico pode substituir com sucesso os
substratos comerciais na produção de
mudas de alface, com maior eficiência
e menores custos.
Houve efeito significativo da
interação cultivar e substrato para a altura da parte aérea (Tabela 2). No desdobramento, o substrato composto or-
gânico proporcionou a maior altura da
parte aérea para a cultivar Grand Rapids
com relação aos demais substratos. Este
resultado está de acordo com Lima
(2005) que constatou maior comprimento da parte aérea em mudas de alface
cultivadas em composto orgânico e submetidas à adubação foliar com Fertamin.
Barros Júnior (2001) constatou que os
compostos orgânicos resultaram em
maior comprimento da parte aérea em
comparação ao substrato comercial.
Houve efeito significativo da
interação cultivar e substrato para a
massa seca da parte aérea (Tabela 2). No
desdobramento, o substrato orgânico
proporcionou a maior massa seca da
parte aérea para a cultivar Grand Rapids.
Estes resultados diferiram dos de Souza (1998) que verificou que os teores
de massa seca da parte aérea da alface
não foram influenciados pelas doses de
composto orgânico e pela presença de
adubo mineral.
Houve efeito significativo da
interação cultivar e substrato para a
massa seca da raiz (Tabela 2). No desdobramento, o substrato orgânico proporcionou a maior massa seca da parte
aérea para a cultivar Grand Rapids.
Não se observou interação significativa do biofertilizante com os tipos de
substrato e cultivares e nem com fator
isolado em relação às características
avaliadas. Lima (2005) ao contrário,
verificou que o fertilizante organo-mineral comercial Fertamin apresentou os
melhores resultados para massa seca da
parte aérea, número de folhas e massa
seca da raiz em mudas de alface e, dentre os biofertilizantes, destacaram-se
aqueles que tinham em sua composição
calcário dolomítico e farinha de osso.
Em relação às variáveis analisadas,
a cultivar Grand Rapids, cultivada no
substrato composto orgânico, foi a que
obteve melhor desempenho. Não houve influência do biofertilizante nas características avaliadas.
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189
CAMARGO MS; MELLO SC; CARMELLO QAC. 2008. Adubação nitrogenada e potássica do Aster ericoides cultivado em solo sob estufa. Horticultura
Brasileira 26: 190-193.
Adubação nitrogenada e potássica do Aster ericoides cultivado em ambiente protegido
Mônica Sartori de Camargo1*; Simone da Costa Mello2; Quirino Augusto de Camargo Carmello2
1
APTA Pólo Centro Sul-UPD Tietê, C. Postal 18, 18530-000, Tietê-SP; 2USP-ESALQ, C. Postal 9, 13418-900 Piracicaba-SP;
[email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O Aster ericoides é uma flor de corte recentemente introduzida
no Brasil com grande potencial de produção e aceitação pelo mercado consumidor, mas são escassas as informações sobre o manejo da
adubação, prática fundamental para desenvolvimento e qualidade
da planta. O objetivo deste trabalho foi avaliar adubações
nitrogenadas e potássicas na produção e absorção de nutrientes pelo
Aster ericoides (White Master) cultivado em Latossolo Amarelo
eutrófico em condições de estufa. O experimento foi instalado em
delineamento de blocos completos em esquema fatorial (4x4) com 4
doses de N (0; 50; 75 e 100 kg ha-1 N), 4 doses de K (0; 52; 78; 104
kg ha-1 K2O) e 4 repetições no segundo ciclo da planta. A população
foi de 400 mil plantas por hectare. Após 105 dias, foram colhidas
dez hastes de cada parcela. A produção de matéria seca de hastes e
folhas, número de flores por haste, número de ramificações laterais
por haste não foram influenciadas pelos tratamentos. A dose de 46
kg ha-1 de N proporcionou máxima produção de matéria seca de
flores (19,40 g planta-1) e a adubação com potássio não influenciou
as características avaliadas. Estes resultados mostraram que é preciso ser cauteloso com as altas adubações de N e K no solo estudado
para não reduzir a produção de matéria seca de flores. Mais estudos
sobre a fertilização nitrogenada e potássica devem ser realizados
para definir a recomendação de doses adequadas para o cultivo de
Aster ericoides em condições tropicais.
Nitrogen and potassium fertilization of Aster ericoides
cultivated in greenhouse
Palavras-chave: floricultura, Latossolo, nutrição mineral, estufa.
The Aster ericoides is a cut flower crop recently introduced into
Brazil. It has great production potential and acceptation by consumer
market but exist little information about fertilization management,
essential to its development and quality. In this work we evaluated
the nitrogen and potassium fertilization on dry matter yield and
nutrient absorption by Aster ericoides (White Master) growing in a
Typic Hapludox soil under greenhouse conditions. The experiment
was set up in a completely randomized design factorial scheme (4 x
4) with 4 rates of N (0; 50; 75 and 100 kg ha-1 N), 4 rates of K (0; 52;
78; 104 kg ha-1 K2O) and 4 replicates at second cycle of culture. The
population was maintained at 400,000 plants per hectare. After 105
days, ten stems of each plot were harvested. The stem and leaf dry
matter production, number of flowers in each stem and number of
principal lateral shoots in each stem were not influenced by
treatments. The rate of 46 kg ha-1 of N resulted in maximum flower
dry matter production (19.40 g plant-1) and potassium fertilization
did not influence the evaluated characteristics. These results showed
how necessary it is to be careful with N and K fertilization in this
type of soil, to avoid reduced flower dry matter production. More
studies about nitrogen and potassium fertilization should be done to
define adequate recommendations for Aster ericoides planting under
tropical conditions.
Keywords: floriculture, Oxisoil, mineral nutrition, greenhouse.
(Recebido para publicação em 11 de dezembro de 2006; aceito em 23 de abril de 2008)
O
Aster ericoides está, há alguns
anos, presente no mercado de flores-de-corte em vários países como
Holanda (Bartels, 1998), Itália (Farina
et al., 2000) e Brasil (Camargo, 2001).
Ele é utilizado em arranjos florais por
suas características de arquitetura similares com a gypsofila. Aliado a essa aceitação pelo mercado consumidor, seu potencial de produção está associado à sua
adaptabilidade climática, elevado potencial produtivo (Arruda et al., 1996) e
resistência ao transporte, que são maiores que da gypsofila, podendo substituíla em alguns casos.
É uma planta semiperene, altamente influenciada pela temperatura e
fotoperíodo (Wallerstein et al.,1992;
Farina et al., 1994). O plantio dessa es190
pécie é feito por meio de mudas e, em
média, após quatorze semanas é obtida
a primeira colheita. Após isso, a densidade populacional é reduzida e feita
adubação via fertirrigação e, posteriormente, a colheita do segundo ciclo. É
possível a obtenção de até três ciclos
durante o ano, dependendo da cultivar
utilizada e do clima.
A expansão da cultura ainda enfrenta a carência de informações, principalmente quanto à adubação, a qual é praticada com base em recomendações de
outros países ou outras espécies como
gipsofila, crisântemo, Callistephus
chinensis, que podem apresentar diferentes necessidades nutricionais. No
Brasil, são escassas as informações sobre curvas de resposta do nitrogênio e
potássio em solos de alta fertilidade, os
quais são freqüentemente utilizados para
o cultivo de plantas ornamentais.
Vários trabalhos têm mostrado respostas às doses de N e K. Para o
Callistephus chinensis, Arora & Saini
(1976), estudando doses de N (0; 200;
300 e 400 kg ha-1 N) em solo franco arenoso com 5 kg de esterco e 120 kg ha-1
K2O, obtiveram melhor qualidade e número de flores com 200 kg ha -1 N.
Maheswar (1978), estudando doses de
60, 120 e 180 kg ha-1 N, também obtiveram melhor produção dessa cultura na
dose mais alta. Para o crisântemo,
Vijayakumar et al. (1988) estudaram o
efeito da densidade (333333; 166666 e
111111 plantas ha-1) e do N (180; 240 e
340 kg ha-1 N), obtendo maior produHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Adubação nitrogenada e potássica do Aster ericoides cultivado em solo sob estufa
ção de flores (12,3 t ha-1) com 333333
plantas ha-1 e 300 kg ha-1 N. Para o estado de São Paulo, Tombolato et al. (1997)
recomendam, além do esterco (40 L m-2),
350 kg ha-1 N para 700.000 plantas ha-1
para crisântemo e 5 a 10 t ha-1 de esterco e 150 kg ha-1 de N para 50.000 plantas de gipsofila.
Quanto ao K, Molina et al. (1991),
estudando o efeito de doses de 0; 125;
250; 375 e 500 kg ha-1, obtiveram 250
kg ha-1 de K2O como melhor tratamento
para gipsofila. Kageyama et al. (1993),
baseados em séries de experimentos
com crisântemo cultivado em
hidroponia recomendaram 250 a 300 kg
ha-1 de K2O. No estado de São Paulo,
Tombolato et al. (1997) recomendam
para crisântemo e gipsofila doses de 200
a 300 e 140 a 180 kg ha-1 K2O, respectivamente.
Para o Aster ericoides são escassas
as informações sobre adubação. Assim,
o objetivo foi avaliar o efeito de adubações nitrogenadas e potássicas na produção e absorção de nutrientes no segundo ciclo de Aster ericoides cultivado em solo sob estufa.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado durante o segundo ciclo do Aster ericoides,
cultivado em Latossolo Amarelo
eutrófico (Embrapa, 1999) sob ambiente protegido, em Santo Antônio de Posse (SP). A cultivar White Master foi escolhida por apresentar flores de cor
branca, que são de maior aceitação pelo
mercado consumidor brasileiro.
Após aração, foi feita a aplicação de
0,5 t ha-1 de calcário. As plântulas foram
obtidas através da semeadura direta em
bandejas de poliestireno expandido feita em
13/01/99, com substrato à base de casca de
pinus, em condições de estufa com
sombrite. O transplantio das mudas para
os canteiros ocorreu trinta dias após a semeadura, totalizando 600 mil plantas por
hectare. O corte do meristema apical
(pinching) foi feito aos sete dias após o
transplantio, quando as plantas apresentavam 7 a 10 cm de altura e, no mínimo, três
folhas expandidas. A colheita do primeiro
ciclo da cultura foi feita em 01/05/99.
Logo após a colheita, foi realizado
o desbaste, permanecendo 400.000 planHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figura 1. Massa seca das flores de Aster ericoides como variável das doses de N aplicadas
ao solo (Dry matter of flowers of Aster ericoides as variable of nitrogen rates applied to
soil). Santo Antônio de Posse-SP, USP-ESALQ, 1999.
tas ha-1. Foram retiradas amostras de
solo, anterior à instalação dos tratamentos, revelando: matéria orgânica=37,5 g
dm-3, P(resina)=398 mg dm-3, K, Ca e
Mg respectivamente 6,5; 82,3 e 17,3
mmolc dm-3; H+Al=20,5 mmolc dm-3;
pH(CaCl2)=6,2; CTC= 126,9 mmolc dm-3;
V=83,7%. Foi empregada a
metodologia usada pelo Instituto Agronômico de Campinas (Raij et al., 1997).
Os tratamentos foram instalados no
segundo ciclo da cultura em blocos
casualizados e esquema fatorial 4 x 4 com
doses de N (0; 50; 75; 100 kg ha-1 N) e de
K (0; 52; 78; 104 kg ha-1 K2O) e 4 repetições. Esses tratamentos foram constituídos de doses suplementares de N e K à
adubação feita pelos produtores no segundo ciclo, a qual foi feita através de
fertirrigação por aspersão. A quantidade
total de fertilizantes, incluindo os tratamentos, foi de 87; 137; 162; 187 kg ha-1
de N e de 76; 126; 154 e 180 kg ha-1 de
K2O. Além disso, todas as parcelas receberam a adubação de 89 kg ha-1 de Ca, 5
kg ha-1 de Mg e 12 kg ha-1 de S.
A área experimental foi composta
por quatro canteiros, dispostos um ao
lado do outro, sendo que cada um deles
apresentava 1,2 de largura por 48,0 de
comprimento. Os dois canteiros centrais
foram divididos em 4 blocos. Nos blocos, foram instaladas as parcelas experimentais. Cada parcela foi constituída
de 1,2 de largura por 1,0 m de comprimento. As plantas foram tutoradas com
malha de 0,13 x 0,13 m e para induzir a
elongação das hastes durante o período
de crescimento foram utilizadas lâmpadas de 100 W, espaçadas de 1,5 m e à
altura de 2,0 metros do canteiro. Durante
as oito primeiras semanas, as lâmpadas
permaneceram 10 minutos acesas e 20
minutos apagadas das 21 às 5 horas. Para
a indução do florescimento foi feito o
escurecimento da estufa, totalizando 13
horas de escuro durante cinco semanas.
Foram colhidas 12 hastes ao acaso
em cada parcela em 12/08/99, quando
as plantas apresentavam mais de 50%
de abertura floral, sendo realizadas as
contagens das ramificações laterais principais por haste e o número de flores
por haste. O material vegetal foi dividido em hastes, folhas e flores e foi colocado em estufa com circulação forçada
de ar à 65oC, até atingir peso constante.
Após a moagem, foi realizada a análise
química para a determinação dos teores
de nutrientes pelos métodos da digestão sulfúrica e nítrico-perclórica
(Malavolta et al., 1997).
Para a produção de matéria seca
(flor, folha e haste), número de flores e
de ramificações laterais por haste e
acúmulo de N e K foi aplicado o teste F
para análise de variância e a análise de
regressão polinomial com o auxílio do
programa SAS (SAS Institute, 1996).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O número de flores e de ramificações laterais por haste foi de 178,11 e
191
MS Camargo et al.
Figura 2. Acúmulo de nitrogênio pelas flores de Aster ericoides como variável das doses de
N aplicadas ao solo (Nitrogen accumulated by flowers as variable of nitrogen rates applied
to soil). Santo Antônio de Posse-SP, USP-ESALQ, 1999.
Figura 3. Acúmulo de K pelas hastes de Aster ericoides como variável das doses de N
aplicadas ao solo (Potassium accumulated by stems of Aster ericoides as variable of nitrogen
rates applied to soil). Santo Antônio de Posse-SP, USP-ESALQ, 1999.
36,94, respectivamente. A massa seca
das hastes, folhas e total foi de 35,00;
10,76 e 64,36 g planta-1, respectivamente. Essas variáveis não foram influenciadas pelas adubações nitrogenada e
potássica. Esses resultados foram maiores que a massa seca total obtida por
Sonneveld et al. (1999) e por Camargo
et al. (2005), cujos valores encontrados
foram de 28,00 e 24,00 g planta-1, respectivamente. Camargo et al. (2004)
também obtiveram resultados inferiores,
de 11,96 g planta-1 para o Aster ericoides
cultivado em solução nutritiva.
Para a produção de massa seca das
flores, ajustou-se uma equação de regressão quadrática em função da adu192
bação nitrogenada (Figura 1), sendo que
o ponto máximo ocorreu com a adição
de 46 kg ha-1, decrescendo a partir desse valor. O mesmo comportamento foi
observado para o acúmulo de N nas flores, que foi crescente até a dose de 51
kg ha-1 N (Figura 2). Esses resultados
mostraram que o Aster ericoides responde à adubação nitrogenada, mesmo em
solo de alta fertilidade. Apesar do alto
teor de matéria orgânica do solo (37,50
g dm-3), que poderia fornecer N às plantas, o N dessa fonte pode não estar prontamente disponível (Kiehl, 1979) em
quantidade suficiente para atender a
demanda da planta, que é de ciclo relativamente curto.
Cabe ressaltar que a comercialização
do Aster ericoides é feita em maços de
300 g e o aumento na quantidade de
matéria seca das flores é desejável, pois
resulta em maior rendimento do produtor. Nesse experimento, a massa seca das
flores correspondeu a 11,7% da massa
seca total, sendo que, em média, as flores acumularam 40% do N extraído pela
parte aérea. A influência das adubações
nitrogenadas na massa seca das flores e
no acúmulo de N nesses órgãos pode ser
explicada pela sua alta mobilidade na
planta, sendo direcionado para os órgãos
em crescimento com metabolismo intenso, como as flores (Marschner, 1995).
As doses de N utilizadas nos tratamentos, somadas àquela utilizada pelo
produtor no segundo ciclo, corroboram
com as recomendadas por Tombolato et
al. (1997) para gipsofila e com os resultados obtidos para maior produção de
flores de Callistephus chinensis (Arora
& Saini, 1976; Maheswar, 1978). Foram, porém, inferiores às sugeridas para
o crisântemo (Tombolato et al.,1997;
Vijayakumar et al.,1988). Joiner &
Smith (1962), também, observaram que
doses mais altas de N (200-300 kg ha-1
N) associados ao nível de K mais baixo
causaram redução da produção de flores de crisântemo.
A adubação potássica não apresentou influência sobre a produção de matéria seca de flores, folhas e hastes, número de flores e de ramificações laterais por haste e acúmulo de N e K do
Aster ericoides, possivelmente em virtude do alto teor desse elemento no solo
(6,3 mmolc dm-3).
As concentrações médias dos nutrientes nas folhas para o N, P, K, Ca,
Mg e S foram, respectivamente: 19,06;
3,59; 43,00; 16,00; 34,16; 2,91; 2,33 g
kg-1. Esses valores estão dentro das faixas consideradas adequadas para o Aster
ericoides (Jones Jr et al., 1996), sugerindo que as adubações nitrogenadas e
potássicas não causaram desequilíbrio
nutricional para as plantas.
Houve interação significativa entre
o N e K para a absorção de K pelas hastes. A resposta ao acúmulo de K nas
hastes foi quadrática na dose K0 (76 kg
ha-1 K2O, adubação do produtor), sendo
que o valor máximo ocorreu com a aplicação de 51 kg ha-1 de N, decrescendo a
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Adubação nitrogenada e potássica do Aster ericoides cultivado em solo sob estufa
partir disso (Figura 3). Entretanto, esse
comportamento não se repetiu para a
massa seca das hastes. Embora o
acúmulo de potássio nas hastes não tenha se refletido em produção, as quantidades requeridas para uma melhor qualidade das plantas são mais altas que as
necessárias para o máximo de produção
(Papadopoulos, 1996).
É preciso ser cauteloso com as altas
adubações com nitrogênio para não reduzir a produção de flores em solos de
alta fertilidade, conforme mostraram os
resultados do presente experimento. A
máxima de matéria seca de flores foi
obtida com 46 kg ha-1 N e não a maior
dose aplicada. A recomendação de adubação em cobertura de N e K deve levar
em consideração as quantidades já disponíveis desses elementos no solo. Mais
estudos sobre a fertilização nitrogenada
e potássica devem ser realizados para
maiores informações sobre o Aster
ericoides em condições tropicais.
AGRADECIMENTOS
À FAPESP pela concessão da bolsa
de doutorado à primeira autora e à Fazenda Terra Viva, localizada em Santo
Antônio de Posse (SP), pelo apoio técnico e concessão da área experimental.
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Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback
moth
Dirceu Pratissoli; Ricardo A Polanczyk; Anderson M Holtz; Leandro P Dalvi*; Alexandre F Silva¹;
Luciano N Silva
UFES–CCA, Lab. Entomologia, C. Postal 16, 29500-000 Alegre-ES; *Corresponding author; [email protected]
ABSTRACT
RESUMO
Biological characteristics of the egg parasitoids Trichogramma
acacioi, T. atopovirilia, and T. bennetti were studied to select the
one with better performance on the control of the Diamondback moth,
Plutella xylostella. Parasitism rate, viability, and sex ratio were
studied. Parasitism rate ranged from 1.67 to 41.33%. T. atopovirilia
and T. acacioi were respectively the most and less aggressive species.
The viability ranged from 6.20% for T. acacioi to 53.34% for T.
atopovirilia. There were no differences on sex ratio (P < 0.05) that
remained above 0,88. T. atopovirilia was the species with best
performance in the laboratory when rearing on the Diamondback
moth eggs.
Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da
traça-das-crucíferas
Keywords: Plutella xylostella, biological control, egg parasitoids,
parasitism, sex ratio, viability.
Palavras-chave: Plutella xylostella, controle biológico, parasitóide
de ovos, parasitismo, agressividade, razão sexual.
Foram estudados os aspectos biológicos das espécies
Trichogramma acacioi, T. atopovirilia e T. bennetti, com o objetivo
de selecionar aquela com melhor desempenho, para utilização no
controle da traça-das-crucíferas, Plutella xylostella. As características biológicas avaliadas foram parasitismo, viabilidade e razão sexual. A taxa de parasitismo variou entre 1,67 e 41,33%, sendo o
maior valor observado para o T. atopovirilia e, o menor, para T.
acacioi. A viabilidade variou entre 6,20% para T. acacioi a 53,34%
para T. atopovirilia. Não houve diferença significativa para a razão
sexual, (P<0,05), que ficou acima de 0,88. T. atopovirilia foi a espécie de melhor desempenho em laboratório quando criada sobre ovos
da traça-das-crucíferas.
(Recebido para publicação em 27 de novembro de 2007; aceito em 11 de abril de 2008)
T
he Diamondback moth, Plutella
xylostella (L.) (Lepidoptera:
Plutellidae), is a cosmopolitan
microlepdoptera. It is the most important
pest for crucifer crops, particularly for
cabbage. In a global range, the
Diamondback moth causes production
losses up to 60%. For this reason, the use
of control measures to keep the pest
population below the damage level is
unavoidable (Imenes et al., 2002).
The Diamondback moth control is
complex due to the all year round
presence of cabbage fields, which
guarantees abundant and continuous
forage to the pest. In addition, the feeding
behavior inside the cabbage heads gives
larvae an extra protection (Imenes et al.,
2002). Traditionally, the Diamondback
moth is controlled by chemical
insecticides. Up to four weekly sprays are
carried out in the fields, using different
active principles, either as a single
ingredient or in mixes, which favors the
breeding of pest resistant populations
(Villas Boas et al., 2004). The intensive
use of chemicals can also result in a
194
resurgence of the target-pest, as well as
give rise to new pests. The bulk of these
chemicals has a high level of both
biological action and environmental
persistence, with potential to cause harm
to consumers and workers engaged in the
production process (Pereira et al., 2004a).
The high socio-economic cost of
traditional insecticides opens a door to
the search for alternatives to pest control
that combine efficiency and ecological
compatibility. The use of biological
agents is a relevant tool in the
development of integrated pest
management programs, which are an
option to reduce the insecticide use in
the Diamondback moth control. The
insects of the Trichogramma genus are
a promising alternative as biological
agents. Trichogramma are microhymennoptera that parasitize eggs of
countless agricultural and forestry pests,
mainly Lepidoptera. These insects are
under use in biological control programs
of a number of crops, in inundative
releases, in about 23 countries (Hassan
et al., 1998). According to Haji et al.
(2002), the use of Trichogramma is
experiencing a mounting growth in
latest years. Their mass production is
easy and cheap and, with large amounts
of Trichogramma at hand, inundative
releases can quickly suppress the pest
in a step prior to crop damage. To
achieve good results with natural
enemies, it is important to know their
biological characteristics when in
interaction with the target host. The
selection of the most adequate parasitoid
species is vital for any program of
biological control (Parra et al., 2002).
The objective of this work was to
study the development of Trichogramma
acacioi (Brun, Moraes & Soares), T.
atopovirilia (Oatmam & Platiner), and
T. bennetti (Nagaraja & Nagarkatti) using
the Diamondback moth as host, aiming
at the identification of the most suitable
species for use in programs of biological
control of this pest.
MATERIAL AND METHODS
The experiment was carried out at
the Entomology Sector, at the Nucleus
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Selection of Trichogramma species for controlling the Diamondback moth
for Scientific and Technological
Development on Phytosanitary
Management (NUDEMAFI), located at
the Center for Agricultural Sciences of
UFES (CCA-UFES), in Alegre, ES.
During the experiment, the temperature
was kept at 25±1°C and, the relative
humidity, at 70±10%. A 14-hour
photoperiod was used.
The Diamondback moth eggs were
obtained from mass-rearing, according
to the methodology adopted by Barros
& Vendramin (1999). The rearing and
multiplication of the Trichogramma
species were based on the methodology
described by Parra et al. (1997), adapted
to the conditions of the Entomology
Sector at the NUDEMAFI. The species
T. acacioi, T. atopovirilia, and T.
bennetti were evaluated, using 75 nearborne females, 25 from each species.
Individual females were placed in glass
tubes (8.5 x 2.4 cm), closed with PVC
film. In each tube, we introduced a azure
cardboard (3,5 X 0,5cm) containing 30
P. xylostella eggs, with less than 12
hours of age. Eggs were collected from
collard leaf disks using a moistened thin
hairy brush, and then glued in the
cardboards with Arabic gum at 10%. At
the end of 24 hours, females were
removed from the tubes, which were
kept in an acclimatized chamber
(25±1°C, 70±10% RH, and 14-hour
photoperiod) until adults’ emergence.
For all the species studied,
parasitism rate, viability, and sexual
ratio were assessed. The experiment was
carried out in a completely randomized
design. Data were submitted to the
analysis of variance and means were
compared by the Tukey test, P < 0.05.
RESULTS AND DISCUSSION
There were significant differences
among the three Trichogramma species
when reared on the Diamondback moth.
The parasitism rate varied from 1.67, for
T. acacioi, to 41.33%, for T. atopovirilia
(Table 1). Differences in the parasitism
rate occur due to the direct dependence
of parasitism potential on the parasitoid
species and/or strain, host, and
environmental conditions (Hassan,
1997). Bleicher & Parra (1990), in a
study with three T. pretiosum strains,
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Table 1. Parasitism rate, viability, and sexual ratio of Trichogramma atopovirilia, T. bennetti,
and T. acacioi reared in Plutella xylostella eggs (Taxa de parasitismo, viabilidade e razão
sexual de T. atopovirilia, T. bennetti, e T. acacioi criados em ovos de Plutella xylostella).
Alegre, UFES, 2006.
Means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey test,
P < 0.05 (médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, teste de Tukey,
p<0,05); 1/Means are followed by the standard means error (as médias são seguidas pelo
erro-padrão da média); 2/Lab conditions to rear the Trichogramma were 25±1°C, RH =
70±10%, and 14-h photoperiod (as condições de laboratório para a criação do Trichogramma
foram 25±1°C, UR = 70±10% e fotoperíodo de 14 h)
observed that a population from Goiânia
attacked twice more eggs of Anagasta
kuehniella (Zeller) (Lepidoptera:
Pyralidae) than a population from
Iguatu. Bezerra & Parra (2004), when
evaluated the biology and parasitism of
T. atopovirilia and T. pretiosum in eggs
of Spodoptera frugiperda (J.E. Smith)
(Lepidoptera, Noctuidae), also observed
differences: T. atopovirilia show better
acceptability and parasitism capacity
over the host than T. pretiosum.
Viability also differed significantly
(P < 0.05) among Trichogramma
species, ranging from 6.20%, for T.
acacioi, to 53.34%, for T. atopovirilia
(Table 1). Trichogramma viability is a
factor closely related to the parasitoidhost affinity (Bezerra & Parra, 2004).
In Trichogramma production, quality
control considers viability as
satisfactory when the rate of borne
adults exceeds 85% (Navarro, 1998).
Thus, the species used in the present
study expressed low affinity to the host.
Gonçalves et al. (2003), when assessing
the quality of T. pretiosum reared in
Sitotroga
cerealella
(Oliver)
(Lepidoptera: Gelechiidae) eggs,
observed viability levels above 89%,
which denotes host quality and species
affinity.
The sexual rate was similar in the
three Trichogramma species, with
values above 0.88 (Table 1).
Considering that the quality control on
Trichogramma production requires a
sexual rate equal or above 0.5 (Navarro,
1998), the three species meet the
criterion. These species are well-adapted
to lab conditions, since they already
produced several generations in such
environment. Therefore, sexual rates are
high (Pereira et al., 2004b), differing
from the results reported by Navarro &
Marcano (1999) for T. atopovirilia and
T. pretiosum fed in eggs of Helicoverpa
zea (Bod.) (Lepidoptera: Noctuidae),
respectively 0.56 and 0.49.
Among the studied species, T.
atopovirilia had the strongest affinity to
the Diamondback moth for use in
programs of biological control. T.
atopovirilia showed the highest egg
parasitism and viability, and a
satisfactory sexual rate.
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Desempenho de cultivares de melão rendilhado em função do sistema de
cultivo
Pablo F Vargas1; Renata Castoldi²; Hamilton César de O Charlo²; Leila T Braz²
1
UEM-FESP, Fac. Eng. de Passos, Av. Juca Stockler, 1130, 37900-106 Passos-MG; 2UNESP-FCAV, Depto. Produção Vegetal, Rodovia
Prof. Paulo Donato Castellane s/n, 14884-900 Jaboticabal-SP; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Objetivou-se com este trabalho avaliar cinco cultivares de melão rendilhado em dois sistemas de cultivo quanto às características
produtivas. O experimento foi instalado em casa de vegetação na
UNESP-FCAV, em Jaboticabal-SP, de novembro/05 a fevereiro/06.
O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, em
esquema fatorial 5 x 2, com quatro repetições. Os fatores avaliados
foram cinco híbridos de melão rendilhado (Maxim, Bônus nº2, Shinju
200, Fantasy e Louis) e dois sistemas de cultivo (no solo e em
substrato a base de fibra da casca de coco). Após a colheita, foram
avaliados a produção por planta (kg planta-1); diâmetro transversal
(DTF) e longitudinal (DLF) do fruto, em mm; índice de formato do
fruto (IFF); diâmetro transversal (DTL) e longitudinal (DLL) do
lóculo, em mm; índice de formato do lóculo (IFL); diâmetro de inserção do pedúnculo (DIP), em mm; e espessura do mesocarpo (EM),
em mm. Não se verificou interação significativa entre os fatores avaliados. O cultivo em substrato proporcionou maior produtividade
por planta em relação ao cultivo no solo (2,51 e 1,52 kg planta-1,
respectivamente), tendo a cultivar Fantasy (2,44 kg planta-1) o melhor desempenho entre as cultivares, não diferindo de Louis e Maxim.
Para as características DIP, DTL e EM, foram verificados melhores
desempenhos em plantas cultivadas em substrato. Para as características DTF, DLF, IFF e DLL não foram encontradas diferenças
entre os sistemas de cultivo. Assim, o cultivo em substrato se destacou em relação ao cultivo no solo, tendo a cultivar Fantasy apresentado melhor desempenho comparada a Shinju 200 e Bônus nº2.
Performance of net melon cultivars depending on the
cultivation system
Palavras-chave: Cucumis melo var. reticulatus, cultivo protegido,
fibra da casca de coco, produção.
In this study the productive characteristics of five net melon
cultivars, using two different cultivation systems were evaluated.
The study was conducted in a greenhouse from November/05 to
February/06. The experiments were carried out using randomized
complete block design with a 5 x 2 factorial scheme and four
repetitions. The evaluated factors were five net melon hybrids
(Maxim, Bônus 2, Shinju 200, Fantasy and Louis) and two cultivation
systems (in the soil and in substrate of coconut husk fiber). After
harvest we evaluated the production per plant (kg planta-1); transverse
(DTF) and longitudinal diameters (DLF) of fruit, in mm; format index
of fruit (IFF); transverse (DTL) and longitudinal diameters (DLL)
of locule, in mm; format index of locule (IFL); insertion diameters
of the grain stalk (DIP), in mm; and mesocarp thickness (EM), in
mm. No interactions were observed among the studied factors. The
cultivation in substrate provided better performance when compared
to cultivation in soil (2.51 and 1.52 kg planta-1, respectively), where
the cultivar Fantasy (2.44 kg plant-1) presented the best performance
among cultivars, but not differing from Louis and Maxim. For the
characteristics DIP, DTL and EM, a better performance was observed
in plants cultivated in substratum. For the characteristics DTF, DLF,
IFF and DLL no interactions were observed among the cultivation
systems. Therefore, the cultivation in substrate stood out in relation
to cultivation in the soil, the cv. Fantasy showing better performance
than Shinju 200 and Bonus 2.
Keywords: Cucumis melo var. reticulatus, greenhouse, coconut fiber,
production.
(Recebido para publicação em 18 de dezembro de 2006; aceito em 14 de abril de 2008)
O
melão (Cucumis melo L.) é uma
espécie olerícola muito consumida
e de grande popularidade no mundo. No
ano de 2005 o Brasil produziu 190 mil
toneladas de melão (FAO, 2006), apresentando fortes tendências de crescimento em função do consumo interno e
das exportações.
Na literatura encontra-se pouca informação relativa à quantidade de área
plantada com melões do grupo
reticulatus no Brasil, uma vez que a
maior expressividade de plantio ocorre
para o melão do grupo inodorus.
Os melões do tipo amarelo são os
mais plantados no Brasil, chegando a
ocupar 70% das áreas com a cultura,
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
embora esteja ocorrendo gradativo aumento no cultivo de melões, considerados como nobres, nas últimas safras,
estando entre estes os rendilhados (Brasil, 2003). Estes melões apresentam vantagens comerciais em relação ao tipo
amarelo, como maior preferência do
consumidor, boa cotação comercial e
cultivo em pequenas áreas com boa
lucratividade (Rizzo, 2004). O consumo destes melões também está relacionado ao teor de sólidos solúveis, responsáveis pelo sabor, e ao aspecto visual,
que os diferenciam dos outros tipos de
melões existentes no mercado. A qualidade nutricional, também, tem contribuído favoravelmente para o consumo
destes, pois são boas fontes de betacaroteno (Lester, 1997).
As condições climáticas favoráveis
e a evolução das técnicas de cultivo têm
possibilitado a melhoria da qualidade da
produção brasileira de melão. Além disso, a produção na época de entressafra
de outros países também vem facilitando a ampliação do mercado nacional no
exterior (Negreiros et al., 2003). O plantio de melões rendilhados concentra-se
nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, caracterizando-se por cultivos efetuados
em casas de vegetação, sendo que estes
vêm aumentando nos últimos anos
(Purquerio, 2002), principalmente, nos
estados do Paraná e São Paulo como
197
PF Vargas et al.
opção rentável neste tipo de cultivo
(Roselato, 1997; Alves, 2000).
A crescente demanda por hortaliças
de alta qualidade e ofertadas durante o
ano todo tem contribuído para o investimento em novos sistemas de cultivo,
que permitam produção adaptada a diferentes regiões e condições adversas do
ambiente (Carrijo et al., 2004).
Boa parte dos produtores pratica o
cultivo no solo, em áreas cobertas por
túneis altos ou casas de vegetação. Entretanto, avança significativamente a
quantidade de unidades produtivas que
estão aderindo ao cultivo em recipientes usando substratos, tendo em vista a
praticidade do manejo, a economia em
biocidas, a melhoria da qualidade dos
produtos, o padrão das plantas produzidas e o resultado destas mudanças na
comercialização do produto final
(Kämpf, 2002).
O cultivo em substratos com a utilização de fertirrigação promove o incremento de produtividade e da qualidade
dos frutos produzidos, pois fornece às
plantas quantidades de nutrientes adequadas para cada estádio de desenvolvimento da cultura. Neste contexto, surge como uma boa alternativa de aproveitamento de resíduos, a fibra da casca
de coco, um resíduo da indústria, que
vem sendo introduzido, para uso agrícola, sendo um produto renovável e ecologicamente correto (Charlo, 2005).
Por ser uma técnica de cultivo recente, são escassos na literatura, trabalhos
que visam comparar o sistema de produção de melão rendilhado em substrato
com o cultivo em solo, sob casa de vegetação. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a produção de cultivares de melão rendilhado, em função
do sistema de cultivo.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em
casa de vegetação, na UNESP em
Jaboticabal. A casa de vegetação utilizada para os cultivos das plantas é do
tipo arco, com 50 x 6 m, pé direito de
3,5 m, e tela de proteção lateral. O delineamento experimental utilizado foi de
blocos ao acaso, em esquema fatorial 5
x 2, com quatro repetições. Os fatores
avaliados foram cinco híbridos de me198
lão rendilhado, Maxim, Bônus n°2,
Shinju 200, Fantasy e Louis e dois sistemas de cultivo, no solo e substrato (fibra da casca de coco). Cada parcela foi
constituída por uma linha de 2,5 m, com
cinco plantas, no espaçamento de 1,0 m
entrelinhas e 0,5 m entre plantas. A semeadura foi em novembro/05, utilizando bandejas de poliestireno expandido
com 128 células, preenchidas com
substrato Plantmax HT®. O transplante
para a casa de vegetação foi realizado
quando as mudas apresentavam a primeira folha definitiva (11 dias após semeadura).
Análise química do local do experimento, realizada na UNESP-FCAV,
apresentou: pH em CaCl 2 =6,3;
MO=18,0 g dm-3; Presina=54,0 mg dm-3;
K=2,8 mmolc dm-3; Ca=62,0 mmolc dm3
; Mg=30,0 mmol c dm-3; H+Al=22,0
mmol c dm -3 ; SB=70,1 mmol c dm -3 ;
T=99,6 mmolc dm-3; V%=81,0. A adubação de plantio no sistema em solo foi
realizada de acordo com a análise de
solo e constou de 30 kg ha-1 de N, 60 kg
ha -1 K 2 O e 180 kg ha -1 de P 2 O 5 ,
fornecidas através de 150 kg ha-1 de sulfato de amônio, 103,5 kg ha-1 de cloreto
de potássio e 1125 kg ha-1 de superfosfato
simples, respectivamente. Foram
efetuadas quatro adubações em cobertura, sendo a primeira aos 15 dias após o
transplante, e as demais em intervalos de
15 dias, totalizando 80 kg ha-1 de N e 80
kg ha-1 K2O, através de 400 kg ha-1 do
formulado 20-00-20 (Raij et al. 1997).
As irrigações foram feitas por
gotejamento conforme a necessidade e
estádio de desenvolvimento da cultura.
Já para o cultivo em substrato, foi utilizado fibra da casca de coco Golden Mix®
Misto 98, com as características físicas:
porosidade total de 94%, capacidade de
aeração de 35%, capacidade de retenção
de água disponível 41% (Amafibra, s.d.).
E as características químicas: pH 5,1;
condutividade elétrica 1,0 dS m-1; N-nitrato 8,1 mg L-1; fósforo 53,0 mg L-1;
cloreto 44,6 mg L-1; enxofre 92,1 mg L-1;
N-amônia 17,7 mg L-1; potássio 270,1 mg
L-1; sódio 12,6 mg L-1; cálcio 9,9 mg L-1;
magnésio 6,6 mg L-1; boro 0,5 mg L-1;
cobre 0,1 mg L -1; ferro 0,4 mg L -1 ;
manganês 0,1 mg L-1; e, zinco 0,5 mg L-1.
O substrato foi previamente umedecido na proporção de 30 L de água para
cada 100 L de substrato, posteriormente foi realizado o preenchimento dos
vasos que continham 31,3 e 22,1 cm de
diâmetro na parte superior e inferior,
respectivamente, 27,5 cm de altura e
capacidade total de 13,0 dm3. Foi utilizada irrigação por gotejo com solução
nutritiva recomendada para a cultura por
Castellane & Araújo (1994), onde se
forneceu 900 g de nitrato de cálcio, 455
g de nitrato de potássio, 22 g de sulfato
de potássio, 170 g de fosfato de potássio, 246 g de sulfato de magnésio, 22 g
de Fe-DTPA, 2,54 g de sulfato de
manganês, 1,90 g de bórax, 1,15 g de
sulfato de zinco, 0,12 g de sulfato de
cobre, 0,12 g de molibtado de sódio,
para cada 1000 L de água. Esta foi
mantida com pH 6,0±0,5 e
condutividade elétrica 1,8±0,2 dS m-1.
A fertirrigação foi controlada por um
temporizador, tendo início às 7 horas e
término às 18 horas. Quando as plantas
estavam na fase inicial, foram realizados um pulso de 5 minutos a cada hora;
com o desenvolvimento da cultura, o
período foi aumentando, chegando ao
final do ciclo com 15 minutos a cada
hora. A vazão do gotejador utilizado
para irrigação foi de 14 mL/min.
O tutoramento das plantas foi feito
com fitilhos plásticos presos a arames
localizados rente ao solo e a 2,0 m de
altura. Quando a planta atingiu máxima
altura foi realizada capação, sendo
conduzida uma planta por vaso e uma
haste por planta com dois frutos. Foram
realizadas desbrotas até o 10º entrenó,
posteriormente foram deixados brotos
laterais onde foram conduzidos os frutos e após a fixação destes, deu-se continuidade às desbrotas. O controle de
pragas e doenças foi realizado de acordo com a necessidade da cultura, e conforme a intensidade do patógeno.
A polinização se deu de forma manual e após o pegamento dos frutos foram realizados raleios sempre que necessário para deixar dois frutos por planta.
Os frutos foram colhidos quando
atingiram o máximo desenvolvimento,
e apresentando sinais de ruptura dos tecidos da camada de abscisão do
pedúnculo do fruto. A colheita foi iniciada em 20/02/06 estendendo-se por
cinco dias, para ambos os sistemas. Foram coletados dados de produção por
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Desempenho de cultivares de melão rendilhado em função do sistema de cultivo
planta, (kg planta-1), por meio da pesagem dos dois frutos colhidos em cada
planta, utilizando balança digital com
duas casas decimais; diâmetro transversal (DTF) e longitudinal (DLF) do fruto utilizando paquímetro digital; índice
de formato do fruto, obtido pela razão
entre o diâmetro longitudinal e transversal do fruto (IFF); diâmetro transversal
(DTL) e longitudinal (DLL) do lóculo,
utilizando paquímetro digital; índice de
formato do lóculo, obtido pela razão
entre o diâmetro longitudinal e transversal do lóculo (IFL); diâmetro de inserção do pedúnculo (DIP), onde, no momento da colheita, se fez a aferição à
uma distância de 3,0 cm da base do
pedúnculo do fruto utilizando
paquímetro digital; e espessura do
mesocarpo (EM), utilizando paquímetro
digital.
Com os dados médios de cada característica, realizou-se a análise de
variância. Para cada caráter, quando o
valor de F calculado foi significativo,
realizaram-se comparações entre médias, pelo teste de Tukey ao nível de 5%
de probabilidade. Para tais análises utilizou-se o programa estatístico Estat
(UNESP-Jaboticabal-SP).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve interação significativa
entre os fatores estudados para todas as
características avaliadas (Tabelas 1 e 2).
Dessa forma, os fatores serão apresentados e discutidos separadamente. Analisando a característica produção, verificou-se diferença significativa entre os
fatores estudados, sendo esta significativa a 1% de probabilidade (Tabela 1).
O cultivo em substrato proporcionou
produção por planta de 2,51 kg (1,25 kg
fruto-1), enquanto que no cultivo em solo
a produção foi de 1,52 kg (0,76 kg fruto-1). As plantas cultivadas no solo produziram 65,13% a menos em relação
àquelas cultivadas em substrato. Os valores encontrados no cultivo em solo
foram semelhantes aos verificados por
Rizzo & Braz (2004), Rizzo & Braz
(2001) e semelhantes ao encontrado por
Costa et al. (2004) em sistema
hidropônico NFT (669,08 g planta-1). A
maior produção observada no cultivo em
substrato (fibra da casca de coco) é deHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Tabela 1. Valores médios de produção por planta (PP), diâmetro transversal do fruto (DTF),
diâmetro longitudinal do fruto (DLF), índice de formato do fruto (IFF) e diâmetro de inserção do pedúnculo (DIP) (avarege values of production per plant (PP); transverse diameter of
fruit (DTF), longitudinal diameter of fruit (DLF), format index of fruit (IFF) and insertion
diameter of the grain stalk (DIP)). Jaboticabal, UNESP–FCAV, 2006.)
1
Médias seguidas da mesma letra dentro da coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey
a 5% de probabilidade ((1)Means followed by the same letter in the column do not differ
according to Tukey’s test at the 5% level of probability); **enssignificativo ao nível de 1% e
não significativo pelo teste F, respectivamente (**andnssignificant at the 1% level of
probability, and not significant by the F test, respectively).
Tabela 2. Valores médios de diâmetro transversal do lóculo (DTL), diâmetro longitudinal
do lóculo (DLL), índice de formato do lóculo (IFL) e espessura do mesocarpo (EM) (avarege
values of transverse diameter of locule (DTL), longitudinal diameter of locule (DLL), format
index of locule (IFL) and mesocarp thickness (EM)). Jaboticabal, UNESP-FCAV, 2006.
1
Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%
de probabilidade (1Means followed by the same letter in the column do not differ according
to Tukey’s test at the 5% level of probability); *,**enssignificativo aos níveis de 5% e 1% de
probabilidade e não significativo pelo teste F, respectivamente (*,**andnssignificant at the
5% level of probability, significant at the 1% level of probability, and not significant at 5%
level of probability by the F test, respectively).
vido à boa nutrição das plantas, uma vez
que os fertilizantes são fornecidos de
forma fracionada e prontamente disponível às plantas, refletindo em maior
199
PF Vargas et al.
vigor, conseqüentemente sofrendo menos a fatores abióticos. Blanc (1987)
afirma que a produtividade é maior em
cultivos em substratos sobretudo pela
menor incidência de pragas e doenças.
A cultivar Fantasy se mostrou a mais
produtiva (2,44 kg planta-1), sendo superior às cultivares Shinju 200 e Bônus
n°2 (1,78 e 1,77 kg planta-1, respectivamente), porém, não diferiu de Maxim
(2,18 kg planta-1) e Louis (1,90 kg planta -1 ). Essa maior produtividade
alcançada pela cultivar Fantasy deve-se
à maior massa do fruto, o que refletiu
na produtividade, haja vista que foram
fixados dois frutos por planta em todos
os tratamentos. O desempenho variável
entre cultivares também foi encontrado
por Pádua et al. (2003), Rizzo & Braz
(2001), Paiva et al. (2000) e Silva et al.
(2003). A oferta de novas cultivares por
empresas especializadas é muito dinâmica. Nesse contexto, observa-se a importância da avaliação das mesmas por
instituições públicas, por meio de ensaios de competição de cultivares, fornecendo subsídios aos olericultores na
escolha de cultivares com bom desempenho agronômico.
O diâmetro de inserção do
pedúnculo foi superior no cultivo em
substrato, sendo 1,38 mm superior em
relação às plantas cultivadas no solo.
Essa diferença mais uma vez evidencia
o bom vigor das plantas cultivadas em
substrato. No cultivo em substrato não
observou-se o fendilhamento próximo
ao pedúnculo, o que caracteriza o ponto
de colheita, diferentemente daqueles
cultivados no solo. Verificou-se diferenças entre as cultivares ao nível de 1%
de probabilidade quanto ao diâmetro de
inserção do pedúnculo. A cultivar Bônus n°2 obteve o maior valor (9,43 mm),
contudo não diferiu das cultivares
Shinju 200, Fantasy e Louis, portanto,
superior apenas à ‘Maxim’. Não foram
encontradas diferenças significativas
para as características diâmetro transversal e longitudinal do fruto (Tabela 1).
Quanto ao índice de formato do fruto, verificaram-se diferenças significativas apenas para o fator cultivar. A cultivar Bônus n°2 apresentou o maior índice (1,05), contudo, podemos constatar que todas as cultivares possuem formatos esféricos (IFF ≅ 1). Lopes (1982)
200
classifica os frutos de acordo com seu
índice de formato como esféricos (IFF
= 1), oblongos (IFF = 1,1 a 1,7) e cilíndricos (maior que 1,7). Pádua (2001),
afirma que todos os formatos são aceitos pelo mercado, contudo, os esféricos
são os mais adequados por permitirem
melhor arranjamento nas embalagens
utilizadas atualmente.
Na tabela 2 observa-se que o diâmetro transversal do lóculo apresentou diferenças entre os fatores estudados. Os
frutos cultivados no solo apresentaram
valores superiores em relação àqueles
em substrato (62,02 e 56,49 mm, respectivamente). A cultivar Shinju 200
apresentou o menor valor de diâmetro
do lóculo (55,79 mm), não diferindo de
Louis, Fantasy e Bônus n°2, sendo superior à cultivar Maxim (63,81 mm).
Menores valores de diâmetro transversal do lóculo estão associado à qualidade do fruto, pois indicam menores dimensões da cavidade interna (Rizzo &
Braz, 2004). Desta forma, o cultivo em
solo e a cultivar Maxim mostraram baixo desempenho em relação a essa característica.
Conforme a Tabela 2, não se verificaram diferenças quanto ao diâmetro
longitudinal do lóculo. Já Rizzo & Braz
(2004) verificaram diferenças quando
trabalharam com 20 linhagens de melão rendilhado, com amplitude de 24
mm entre os materiais avaliados. Entretanto, no presente trabalho, essa amplitude foi de 7,85 mm. Possivelmente a
menor amplitude se deve à maior uniformidade das características nos híbridos comerciais.
Verificou-se diferença significativa
no índice de formato do lóculo, apenas
para o fator sistemas de cultivo. Maiores valores para esta características foram observados no cultivo em substrato,
contudo, nos dois sistemas de cultivo, o
formato do lóculo se enquadra como
oblongo.
Para a característica espessura do
mesocarpo, encontrou-se diferenças
significativas apenas para o fator sistema de cultivo. Valores superiores
para esta característica foram verificados em melões cultivados em
substrato, onde foi observada média
de 37,80 mm; já a média encontrada
para o cultivo em solo foi de 34,56
mm. Analisando-se o preenchimento
interno do fruto (EM, DTL e DLL),
verificou-se que o cultivo em substrato
proporcionou 3,84% de mesocarpo a
mais em relação ao cultivo em solo,
portanto, uma menor cavidade interna e maior espessura de polpa. Costa
& Pinto (1977) afirmam que o fruto
ideal é aquele que apresenta maior espessura de polpa e menor cavidade interna, pois resiste melhor ao transporte e tem maior vida de prateleira.
O melhor desempenho de cultivo em
substrato é elucidado por Charlo (2005),
que afirma que a utilização de
fertirrigação promove o incremento de
produtividade e da qualidade dos frutos
produzidos, pois fornece às plantas
quantidades de nutrientes adequadas
para cada estádio de desenvolvimento
da cultura.
Conclui-se que o cultivo em
substrato (fibra da casca de coco), se
mostrou superior ao cultivo em solo em
melão rendilhado, para as características avaliadas, tendo a cultivar Fantasy
apresentado melhor desempenho comparada à Shinju 200 e Bônus nº2.
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1
Instituto Agronômico, Centro P&D de Solos e Recursos Ambientais, C. Postal: 28, 13012-970 Campinas-SP; 2Pós-graduando da PGIAC; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Para melhorar a qualidade das plantas produzidas em ambientes
protegidos ou semi-protegidos é de fundamental importância a adoção de materiais inertes ou pouco alterados que exerçam a função de
solo. Esses materiais são chamados de substratos e apresentam as
mais variadas origens e composições, podendo ser orgânicos, minerais ou sintéticos. Dentre os problemas nutricionais, a falta ou o excesso de cobre (Cu) é um dos que mais têm afetado a produção de
mudas. Portanto, o objetivo desta pesquisa foi de avaliar métodos
que sejam eficientes em determinar o Cu disponível em substrato. O
experimento foi conduzido em casa de vegetação, usando os
substratos à base de fibra de coco, casca de pinus e turfa e a rúcula
(Eruca sativa L.) como planta teste. Todos os substratos receberam
cinco doses de cobre (0; 0,5; 1,0; 2,0 e 3,0 mg de Cu por dm3 de
substrato). Após a colheita da rúcula retirou-se uma amostra de
substrato para extração de Cu usando os seguintes métodos: (DTPA
pH a 2,6), (DTPA + trietanolamina a pH 7,3), HNO3 + H2O2 a 30%,
K4P2O7 e (NaOCl a pH 8,5 + DTPA). As soluções ácidas apresentaram maior capacidade extrativa de Cu para todos os substratos testados. Na análise individual por substrato, somente a fibra de coco
apresentou valores de R2 significativos para todos os métodos. Na
análise conjunta dos substratos, todos os métodos apresentaram coeficientes de determinação significativos (R2> 0,51), mostrando que
esses métodos poderão ser utilizados na avaliação da disponibilidade de Cu em substratos.
Copper availability determination in substrates
To improve the quality of plants grown under protected or semiprotected environments it is very important to adopt inert or less
altered materials to use as soilless media. These materials, called
substrates, depending on its origin could be organic, mineral, or
synthetic. Among the nutritional problems, the lack or excess of
copper (Cu) has been the main factor affecting seedling production.
The objective of this research was to evaluate efficient methods to
quantify available Cu in substrates. The experiment was conducted
under semi-controlled greenhouse conditions with rucula (Eruca
sativa L.) as plant-test grown on three substrates (coir, pinus bark,
and peat). All the substrates received five Cu doses (0; 0.5; 1.0; 2.0,
and 3.0 mg dm-3). After the plant harvest a substrate sample was
collected to extract Cu by the following methods: DTPA at pH 2.6,
DTPA + triethanolamine at pH 7.3, HNO3 + H2O2 at 30%, K4P2O7,
and NaOCl at pH 8.5 + DTPA. The acid solutions presented higher
Cu extractive capacity for all tested substrates. Among the substrates,
only the coir presented statistically significant values of R2 for all
the extraction methods. However, when the substrates were analyzed
together, all methods presented statistically significant regression
coefficients (R2) higher than 0.51, indicating that all the extraction
methods can be used to quantify available Cu on these substrates.
Palavras chave: extratores, análise química, micronutriente, fibra
de coco, casca de pinus e turfa.
Keywords: extracting agents, chemical analysis, micronutrient, coir,
pinus bark, and peat.
(Recebido para publicação em 22 de agosto de 2007; aceito em 23 de abril de 2008)
N
as últimas décadas, a produção vegetal expandiu-se com o desenvolvimento da automação e modernização
dos sistemas de cultivo em ambiente
protegido, passando a trabalhar em escalas mais amplas para atender um mercado que vem crescendo significativamente como a produção de mudas florestais, frutíferas e hortícolas. A produção dessas mudas transformou-se em
agronegócio rentável no Brasil e a indústria foi compelida a desenvolver produtos alinhados com as exigências das
novas demandas.
No passado, ao preencher um recipiente com solo mineral, o produtor
buscava um material que permitia fixação e que fornecesse nutrientes para as
plantas. Entretanto, devido a problemas
202
relacionados à presença de ervas daninhas, pragas e doenças, o solo vem sendo substituído por outros materiais que
têm por finalidade fixar as plantas e oferecer condições físicas adequadas ao seu
desenvolvimento. Em cultivo de plantas em ambiente protegido é comum a
utilização de substratos. O termo
substrato aplica-se a todo material sólido, distinto do solo, podendo ser natural, sintético (espuma fenólica, lã de rocha), residual (esterco, bagaço de cana,
fibras de algodão), mineral (perlita e
vermiculita) ou orgânico (turfa, casca de
árvores decompostas, fibra de coco).
Esse material colocado em um recipiente em forma pura ou em mistura permite o desenvolvimento do sistema
radicular, desempenhando, portanto, um
papel de suporte às plantas (Abad &
Nogueira, 1998). Como características
desejáveis, os substratos devem apresentar baixo custo, estar próximo às regiões
de consumo, ter boa capacidade de troca de cátions, adequada aeração e retenção de água e isento de ervas daninhas
(Konduru et al., 1999; Booman, 2000;
Gonçalves et al., 2000).
No mercado brasileiro existe uma
diversidade de substratos, principalmente no que se refere às características
químicas e físicas e a sua origem, fazendo com que esses materiais sejam
bastante complexos em termos de manejo de adubação. Dentre os problemas
nutricionais, a falta ou o excesso de cobre (Cu) é um dos que mais tem afetado
a produção de mudas, principalmente de
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Métodos de determinação da disponibilidade de cobre em substratos
hortaliças e de citros. Boaventura
(2003), estudando a demanda por nutrientes de mudas cítricas produzidas em
substratos, verificou que aos 250 dias
após o transplante, o porta-enxerto limão cravo que recebeu fertirrigação
havia acumulado 20% mais Cu em relação ao que recebeu fertilizante de liberação lenta. Para o porta-enxerto
citrumelo “Swingle” o acúmulo de Cu
via fertirrigação foi 37% superior quando comparado ao mesmo porta-enxerto
sob fertilizante de liberação lenta.
Maiorano (2003), fazendo comparações
entre o substrato versus inoculação com
micorrizas, concluiu que as plantas de
limão Cravo não micorrizadas cultivadas no substrato à base de fibra de coco
47, apresentaram os maiores acúmulos
de Cu na parte aérea.
Para avaliar a disponibilidade de Cu
em substratos, vários métodos têm sido
testados. O procedimento que utiliza
água, nas suas várias relações
substrato:água, não tem sido muito eficiente (Abreu et al., 2007a). Neste procedimento de extração, geralmente os
valores de Cu extraídos são baixos, próximos ao limite de detecção do aparelho, e as correlações entre os teores de
Cu extraídos do substrato com os da
planta são baixas.
Recentemente, iniciaram as pesquisas usando reagentes comumente empregados em extrair o Cu da fração orgânica dos solos, como o DTPA. Este é
um aspecto importante porque a grande
maioria dos substratos comerciais é de
origem orgânica. Embora, o DTPA,
método testado por Alt & Peters (1993),
seja empregado por vários países da
Comunidade Européia para determinação dos micronutrientes em substratos,
os resultados com substratos brasileiros
não são muito consistentes (Abreu et al.,
2007b). Para os substratos fibra de coco,
casca de pinus e turfa nâo houve correlação significativa entre o teor de Cu
extraído pelo DTPA e o teor deste na
parte aérea da rúcula (Abreu et al.,
2007b). Portanto, torna-se necessário
buscar métodos alternativos que possam
ser eficientes em avaliar a disponibilidade de Cu em substratos. Nesse contexto, a água oxigenada (H2O2) a 30% +
ácido nítrico (HNO 3) (Tessier et al.,
1979), o pirofosfato de potássio
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
(K4P2O7) (Bascomb, 1968) e o hipoclorito
de sódio (NaOCl) a 5,8% pH 8,5 + DTPA
0,025 mol L -1 (Shuman, 1983),
comumente usados para determinar o Cu
ligado à matéria orgânica do solo, poderão ser metodologias promissoras. O objetivo da presente pesquisa foi avaliar a
disponibilidade de Cu em substratos, usando diferentes extratores e a planta teste
rúcula; e avaliar a eficiência dos extratores
utilizados para quantificar o Cu ligado à
matéria orgânica de solos, em esquemas
de fracionamento, em determinar o Cu disponível em substratos.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em casa
de vegetação do Instituto Agronômico,
Campinas-SP, e como substratos foram
utilizadas a turfa, casca de pinus, e a fibra de coco, sendo todos os materiais
indicados para hortaliças. A acidez da
turfa e da fibra de coco foi corrigida na
própria fábrica e apresentava pH em
água de 5,2 e 5,6 respectivamente, entretanto a casca de pinus que apresentou o pH em água de 3,8 recebeu 180 g
de calcário dolomítico para cada 18 L
de substrato elevando o pH para 5,7.
Em cada material determinou-se a
densidade úmida (aquela dos substratos
que estavam nos vasos) e a densidade
seca a 65ºC para fins analíticos.
O delineamento experimental foi
inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 3 X 5, com 4 repetições. Os tratamentos constituíram de três substratos
(turfa, casca de pinus e fibra de coco) e
cinco doses de Cu: 0; 0,5; 1,0; 2,0 e 3,0
mg de Cu por dm3 de substrato, usando
como fonte o sulfato de cobre. Os
substratos permaneceram incubados por
40 dias mantendo-se o teor de umidade
próxima à capacidade de recipiente, por
meio de pesagem diária. Na definição
do teor de água a aplicar em cada vaso
(capacidade de recipiente) optou-se pelo
método prático, ou seja, as amostras de
substrato foram misturadas com água
deionizada e, apertadas levemente nas
mãos, até que a água escorresse por entre os dedos. A quantidade de água gasta para chegar a este ponto foi considerado como capacidade de recipiente.
Decorrido esse período, fez-se à adubação básica contendo macro e micro-
nutrientes, com exceção do Cu. As seguintes doses, em mg dm-3, foram aplicadas: 28,6 de N e 80 de K (KNO3); 250
de P (superfosfato simples); 381 de S
(de todas as fontes que continham sulfato); 2,0 de Zn (ZnSO 4); 0,4 de B
(H3BO3); 2,0 de Mn (MnCl2); 1,0 de Fe
[Fe(NH4)2 (SO4)2. 6H2O)]. Após, o material permaneceu incubado por uma
semana de maneira semelhante ao realizado para a adubação com Cu.
Como planta teste utilizou-se a
rúcula (Eruca sativa L.), cultivada, em
vasos com capacidade de 3 L.
Durante todo o ensaio, em intervalos de 4 dias, aplicou-se uma solução
nutritiva de acordo com (Furlani et al.,
1999). As seguintes doses, em mg dm-3,
foram aplicadas: 68,8 de N; 18,7 de P;
99,1 de K; 145,13 de Ca; 69,17 de Mg;
92,7 de S; 1,41 de Fe; 0,06 de Zn; 0,24
de Mn; 0,19 de B e 0,03 de Mo.
Sessenta dias após o plantio realizouse a colheita da parte aérea, e as amostras
foram lavadas com água + detergente,
água corrente e água e, em seguida, pesadas e trituradas em moinho tipo Wiley e
submetida à digestão via seca conforme
(Abreu et al., 1997). Nos extratos, foram
feitas determinações dos elementos por
espectrometria de emissão por plasma
ICP-OES, exceto o K que foi por
fotometria de emissão por chama.
Para extrair o Cu dos substratos utilizaram-se os seguintes procedimentos:
DTPA/CaCl2 pH 2,6 (CAT) - de
acordo com Alt & Peters (1993). Em 60
cm3 de substrato (volume determinado
em massa de acordo com a densidade
calculada) adicionaram-se 300 mL de
solução extratora de DTPA 0,002 mol
L-1 CaCl2 0,01 mol L-1 pH 2,6. A suspensão foi agitada por uma hora em agitador horizontal de 220 rpm e, logo após,
filtrada.
DTPA/TEA/CaCl2 7,3 - método utilizado para determinação de micronutrientes no solo (Lindsay & Norvell,
1978). Em 50 cm3 de substrato (volume
determinado em massa de acordo com
a densidade calculada) adicionaram-se
100 mL da solução (DTPA 0,005 mol L1
+ trietanolamina 0,1 mol L-1+ CaCl2
0,01 mol L-1, pH 7,3). Essa mistura foi
agitada por duas horas em agitador horizontal a 220 rpm seguindo-se de
filtragem.
203
AL Padua Junior et al.
Tabela 1. Teor de Cu extraído do substrato (mg kg-1) pelos diferentes métodos, em função
das doses de cobre aplicadas nos substratos turfa, casca de pinus e fibra de coco. Campinas,
IAC, 2006.
de Cu foi determinada usando a
espectrometria de emissão por plasma
(ICP-OES).
Os teores extraídos pelos métodos
DTPA 2,6 e DTPA 7,3, expressos em
volume, foram transformados para massa tendo-se como finalidade a comparação dos resultados entre métodos.
Na análise de variância empregouse o software SAS v.6.11 (SAS, 1996).
A análise de regressão para as variáveis,
teor de Cu extraído dos substratos pelos
diferentes métodos e o seu teor na planta, foi realizada considerando o substrato
individualmente ou o conjunto (os três
materiais). Nas análises de regressão linear ou polinomial, escolheu-se o modelo de maior significância (*p<0,05 ou
**p<0,01).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pirofosfato de potássio - K4P2O7, procedimento adaptado por Bascomb
(1968) para determinação de Cu ligado
à matéria orgânica do solo em esquema
de fracionamento. Em um grama de
amostra seca e moída adicionaram-se
100 mL de K4P2O7 0,1 mol L-1. Os frascos contendo a mistura foram postos
para agitar, por 16 horas, em agitador
horizontal de 200 rpm. Para obtenção
de um filtrado límpido, o pH do extrato
foi corrigido para 1,5 usando o ácido
clorídrico concentrado, depois de 24
horas de repouso (para decantação) a
solução foi filtrada.
Ácido nítrico e água oxigenada HNO 3/H 2O 2 – método adaptado de
Tessier et al. (1979) para determinação
de Cu ligado à matéria orgânica do solo,
em esquemas de fracionamentos. Em
um grama de amostra seca adicionaramse 3 mL de HNO3 0,02 mol L-1 + 5 mL
de H2O2, a pH 2,0, sendo aquecidas a
85oC ± 2oC por 2 horas, agitando-se ocasionalmente. O processo foi repetido por
3 vezes até a completa queima da matéria orgânica. Depois, filtrou-se o extrato e o completou-se o volume para 20
mL, usando-se água deionizada.
204
Ácido nítrico e perclórico - HNO3/
HClO4 - de acordo com Abreu (2005).
Em tubos de ensaio adicionou-se 0,500
g de amostra seca e moída acrescentado
5 mL de HNO3 e 1 mL de HClO4. Os
tubos foram colocados em bloco
digestor sendo aquecidos até a temperatura de 210ºC. A digestão da amostra
foi finalizada quando a solução ficou
límpida e cessou a formação de fumos
brancos. Depois, o extrato foi filtrado e
completado o volume para 50 mL, usando-se água deionizada, seguida de
filtragem.
Hipoclorito de sódio – NaOCl/
DTPA - procedimento adaptado de
(Shuman, 1983) para a remoção de micronutrientes ligados à matéria orgânica do solo. Em um grama de amostra
seca e moída misturaram-se 20 mL de
NaOCl 5,3%, pH 8,5. Essa mistura foi
colocada em banho Maria por 30 minutos, agitando-se ocasionalmente. Aos 25
minutos (5 antes de terminar o banho
Maria) adicionaram-se 5 mL de DTPA
0,025 mol L-1. Decorridos os 30 minutos a solução foi centrifugada por 20
minutos, com posterior filtragem.
Em todos os extratos a concentração
Houve grande variabilidade nos teores de Cu extraídos pelos diferentes
métodos empregados, independentemente do substrato (Tabela 1). Observou-se a seguinte ordem decrescente de
extração: HNO 3 + H 2 O 2 > HNO 3 +
HClO4 > NaOCl + DTPA > DTPA 7,3 >
DTPA 2,6 > K4P2O7 para a turfa; HNO3
+ H 2O2 > HNO 3 + HClO4 > NaOCl +
DTPA > K4P2O7 > DTPA 2,6 > DTPA
7,3 para a casca de pinus; HNO3 + H2O2
> NaOCl + DTPA > HNO3 + HClO4 >
K4P2O7 > DTPA 7,3 > DTPA 2,6 para a
fibra de coco. Essa seqüência de extração era esperada, uma vez que os ácidos nítrico e perclórico são agentes
oxidantes muito fortes, oxidam a matéria orgânica liberando todo o Cu ligado
aos compostos orgânicos.
Quanto ao agente quelante, DTPA,
ele deve ter extraído somente o Cu fracamente ligado à matéria orgânica. Torna-se importante mencionar que o Cu
complexado à matéria orgânica apresenta diferentes constantes de estabilidade
(Hao et al., 1980; Haddad & Evans,
1993). A constante (Kt) é definida como
a energia liberada durante a ligação Culigante. Os ácidos húmicos de diferentes fontes variam quanto ao número de
grupos funcionais e a sua massa
molecular, fatores esses que alteram a
natureza e a estabilidade do complexo
formado, bem como a extração e disponibilidade de Cu para as plantas. Na
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Métodos de determinação da disponibilidade de cobre em substratos
Tabela 2. Equações de regressão para o Cu extraído dos substratos pelos diferentes métodos em função do Cu extraído pela planta (concentração e acúmulo) onde: y é o Cu na planta (mg kg-1), e x é a dose de Cu extraído do substrato em (mg kg-1) com exceção do DTPA 2,6 e 7,3
que apresentaram valores expressos em volume (mg dm-3) e massa (mg kg-1). Campinas, IAC, 2006.
** significativo a 1% pelo teste t
Tabela 1 observa-se que o DTPA pH 7,3
extraiu mais Cu que o DTPA pH 2,6
quando os substratos eram a turfa e a
fibra de coco. Tais resultados podem ser
justificados pela alta estabilidade do
complexo DTPA-Cu, formado acima de
pH 7,0 (Tisdale et al., 1985). De acordo
com Norvell (1991), em solos a estabilidade do quelante DTPA com o Cu é
praticamente nula em meio ácido, devido à competição com o Fe, justificando
a menor extração de Cu pelo método
DTPA pH 2,6.
Haynes & Swift (1985), comparando a capacidade dos métodos CaCl2 0,05
mol L-1, HCl 0,1 mol L-1, DTPA 0,005
mol L-1 e EDTA 0,04 mol L-1 em extrair
nutrientes do substrato turfa cultivada
com mirtilo azul (Vaccinium
corymbosum L cv. Blueray), verificaram
que o DTPA 0,005 mol L-1 teve comportamento semelhante ao HCl 0,1 mol
L-1. Já o EDTA 0,04 mol L-1 apresentou
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
valores de extração superiores ao CaCl2
0,05 mol L-1. Alt & Peters (1993) compararam a capacidade extrativa de Cu
pelo método DTPA pH 2,6 em relação
aos métodos CaCl2, DTPA pH 7,3 +
CaCl2 e NH4OAc, usando como teste
um substrato composto por turfa e argila. Eles observaram que o DTPA pH 2,6
apresentou maior capacidade de extração de Cu que o NH4OAc, sendo a extração desse semelhante ao DTPA pH
7,3. Contudo, Narwal & Singh (1998)
observaram uma relação inversa entre a
adição de matéria orgânica (turfa) aos
solos e o teor de Cu extraído pelo DTPA.
Outro fator que chama atenção, são
os maiores valores de extração de Cu
obtidos pelos métodos NaOCl + DTPA,
HNO3 + H2O2 e HNO3 + HClO4, principalmente na fibra de coco (Tabela 1).
Abreu et al. (2005), comparando a extração do HNO3 + HClO 4 com a do
HNO3 (em sistema fechado com forno
de microondas), usando substratos de
origem orgânica e inorgânica, concluíram que o extrator HNO3 + HClO4 extraiu 26% a mais de Cu que o método
HNO3. Contudo, os resultados obtidos
neste trabalho para a fibra de coco podem ser justificados, em parte, pela densidade do substrato. A turfa, a casca de
pinus e a fibra de coco apresentaram
como valores de densidade seca 0,440,
0,340 e 0,110 kg m-3, respectivamente.
Quanto menor a densidade maior o volume de amostra utilizado, podendo resultar em maior extração de Cu, pelos
extratores NaOCl + DTPA, HNO 3 +
H2O2 e HNO3 + HClO4, na fibra de coco.
Fazendo-se uma avaliação separadamente, por substrato, da capacidade de
cada método químico em avaliar a disponibilidade de Cu para a rúcula, verificam-se correlações significativas entre o Cu-planta (acumulado ou concentração) e o Cu extraído do substrato so205
AL Padua Junior et al.
Figura 1. Relação entre a concentração ou acúmulo de Cu na parte aérea da rúcula e o Cu extraído dos substratos (turfa, casca de pinus e
fibra de coco) usando diferentes métodos. Para todos os métodos de extração, os resultados de Cu-substrato foram expresso em mg kg-1. No
caso do DTPA pH 2,6 e pH 7,3, os resultados também foram expressos em mg L-1. Campinas, IAC, 2006.
206
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Métodos de determinação da disponibilidade de cobre em substratos
mente para a fibra de coco (Tabela 2).
Não foi possível explicar, por meio de
modelos matemáticos, a variação encontrada na concentração de Cu na parte
aérea da rúcula pelo uso da análise de
Cu nos substratos casca de pinus e turfa, pelos métodos testados (Tabela 2).
Resultados semelhantes foram encontrados por Abreu et al. (2007b), avaliando
a capacidade do extrator DTPA 2,6 em
determinar o Cu disponível para a rúcula
desenvolvida nos substratos turfa e casca de pinus.
Quando os substratos foram analisados conjuntamente (Figura 1) todos os
métodos apresentaram coeficientes de
regressão significativos e maiores que
0,51, sendo que os valores de R2 obtidos para o Cu acumulado na planta foi
ligeiramente superiores aos valores obtidos para a concentração de Cu na planta. A eficiência dos extratores, avaliada
pelos valores de correlação entre Cuplanta e Cu-substrato, obedeceu a seguinte ordem decrescente: K 4P2O7 >
HNO 3 + H 2O 2 > NaOCl + DTPA >
DTPA 7,3 > DTPA 2,6 > HNO3 + HClO4
> DTPA 7,3 (v/v) > DTPA 2,6 (v/v).
Dentre os métodos testados, aqueles
comumente utilizados para determinar
Cu da fração orgânica do solo, em esquemas de fracionamento de metais do
solo, foram os que apresentaram maiores valores de R 2, destacando-se o
K4P2O7 que melhor se relacionou com a
concentração de Cu na planta e o seu
acúmulo (Figura 1). Na seqüência, destacaram-se o HNO3 + H2O2 e o NaOCl
+ DTPA com valores de coeficiente de
determinação de R2=0,82** e 0,81**
respectivamente, para a relação entre a
concentração de Cu na planta e o Cu no
substrato (Figura 1).
Os valores de R2 foram mais baixos
para os extratores cujos resultados foram expressos em volume (DTPA 2,6
v/v e DTPA 7,3 v/v) se comparados com
os valores do DTPA 2,6 e DTPA 7,3,
expressos em massa (Figura 1). Contudo, os pontos obtidos no gráfico entre o
Cu-planta em função do Cu-substrato
foram bem mais distribuídos nos métodos DTPA 2,6 v/v e DTPA 7,3 v/v, diferenciando dos demais métodos testados.
Este fato mostra a importância da padronização do uso de volume ou massa
tanto na pesagem da amostra para anáHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figura 1. Continuação
lise como na expressão final dos resultados, principalmente para os substratos
que geralmente têm densidade bem
menor de 1,0.
Além da eficiência do extrator em
avaliar a disponibilidade do Cu, medida pela relação entre o Cu extraído pela
planta e Cu extraído pelo método químico, outros fatores são importantes
quando se almeja selecionar métodos
para uso em condições de rotina do laboratório. Esses aspectos são o tamanho
da
amostra
empregada,
a
reprodutibilidade e repetibilidade do
procedimento no laboratório, amplitude de variação, o tempo gasto na extração, o requerimento de equipamento
especial, dentre outros.
Quanto à quantidade de amostra, os
métodos K 4 P 2O 7 , NaOCl + DTPA,
HNO3 + H2O2 e HNO3 + HClO4 empregaram as menores massas, o que prejudica o procedimento analítico em condições de rotina laboratorial. Tal fato é
relevante porque grande parte dos
substratos é composta de vários materiais com características químicas e físicas diferenciadas (tamanho do material), o que interfere na homogeneidade
de uma amostra pequena e conseqüentemente no teor extraído.
Por meio do coeficiente de variação
tem-se uma idéia da precisão dos métodos. Os coeficientes de variação tive-
ram uma amplitude de 3,49 a 23,19 %
para a fibra de coco; 5,44 a 21,64 % para
casca de pinus; e 9,26 a 179,08 % para
a turfa. Além da própria influência do
material, os altos coeficientes de variação observados na turfa, devem-se, em
parte, aos baixos teores de Cu extraídos
pelos diferentes métodos, levando a erro
analíticos. Em geral, o método que obteve o maior valor de CV foi o K4P2O7,
usando a turfa. A menor precisão do
K4P2O7, pode estar relacionado às várias
etapas analíticas para completar todo o
procedimento; quanto maior os números de etapas no método maiores são as
probabilidades de se cometer erros.
O extrator que apresentou maior
amplitude de extração de Cu foi o HNO3
+ H2O2 com uma variação de 6,66 mg a
76,00 mg (Figura 1). Em seguida, encontram-se os extratores NaOCl
+DTPA, HNO3 + HClO4, com variações
de 4,10 mg a 58,60 mg e 5,48 mg a 39,87
mg respectivamente, derrubando a hipótese sobre a maior capacidade
extrativa pelo método HNO3 + HClO4.
A menor amplitude de extração de Cu
foi observada para o método DTPA 2,6
que apresentou uma amplitude de 0,61
a 3,88 mg de Cu.
Quanto ao tempo de extração, de
maneira geral os métodos mais trabalhosos foram K4P2O7, NaOCl +DTPA,
HNO3 + H2O2.. Para o K4P2O7, as amos207
AL Padua Junior et al.
tras foram agitadas por 16 horas sem
interrupção, o que dificulta a sua adoção em condições de rotina de um laboratório. Além disso, esse extrator apresentou sólidos em suspensão e foi necessário a adição de HCl concentrado
para abaixar o pH das amostras para 1,5,
deixando o método mais trabalhoso. Na
utilização do NaOCl + DTPA, as amostras foram inicialmente colocadas em
banho Maria, a 60ºC. Ao final do processo, o volume foi alterado, necessitando ajuste no volume final para não
ocasionar erros analíticos na determinação final do Cu, o que demandou tempo. O método que empregou o HNO3 +
H2O2 foi laborioso (três etapas), sendo
necessário acompanhamento constante
na digestão, para que a amostra em alta
temperatura, não vazasse para fora do
tubo digestor. Entretanto, após todas
esses critérios anteriormente citados
sobre a escolha do melhor método o
HNO3 + HClO4 foi tido como o mais
plausível para a determinação do Cu em
substratos.
Com os resultados obtidos, podemos
concluir que: a) Os extratores ácidos têm
maior capacidade de extração de Cu; b)
Houve efeito do pH na extração de Cu
pelos quelantes; c) O substrato fibra de
coco foi o único material em que todos
os extratores utilizados foram eficientes em avaliar a disponibilidade de Cu
para a rúcula; d) A análise conjunta dos
três substratos demonstrou a eficiência
dos extratores utilizados em função dos
teores (concentração e acúmulo) absorvidos pela planta; e) Considerando os
vários aspectos importantes na seleção
dos extratores para determinar o Cu em
substratos, o melhor extrator foi o HNO3
+ HClO4.
208
REFERÊNCIAS
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Produtividade e qualidade de frutos de meloeiro variando número de
frutos e de folhas por planta
Roberto Cleiton F de Queiroga; Mário Puiatti; Paulo Cezar R Fontes; Paulo Roberto Cecon
UFV–Deptos. Fitotecnia e Informática, 36570-000 Viçosa-MG; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O cultivo do meloeiro tipo Cantaloupe no sudeste do Brasil só é
possível em ambiente protegido, tornando-se necessário o manejo
da planta via poda. Todavia, nessa espécie, crescimento da planta e
produção de frutos são limitados pelo tamanho e atividade da fonte
e do dreno. O trabalho teve por objetivo avaliar a produtividade e a
qualidade de frutos do meloeiro cultivado em ambiente protegido
em função de número de frutos e de folhas por planta. Utilizou-se o
delineamento experimental de blocos casualizados, em parcelas subdivididas, com 4 repetições. A parcela constou de número de frutos
por planta (1 ou 2), fixados entre o 6 e 80 nós e a subparcela do
número de folhas por planta (16; 19; 22 e 25 folhas). A condução da
planta com apenas um fruto, quando podada a partir da 22a folha,
elevou a área foliar da planta comparada a plantas com dois frutos.
Independente do número de folhas, plantas conduzidas com um fruto apresentaram maior massa média de fruto e menor produtividade
comercial. A redução de drenos (número de frutos por planta) proporcionou frutos com maior reticulação de casca, espessura da polpa, comprimento, diâmetro, sólidos solúveis totais, açúcares solúveis totais e açúcares não redutores, todavia sem alterar a acidez
total titulável (ATT) e a concentração de açúcares redutores. Exceto
a ATT, que declinou, e o diâmetro da cavidade de fruto que apresentou resposta quadrática, todas as características avaliadas obtiveram
incremento linear com o aumento do número de folhas por planta.
Yield and quality of muskmelon fruits varying fruit and leaf
numbers per plant
The muskmelon cultivation in southeast of Brazil is possible in
greenhouse but plants should be pruned. However, in this species
plant growth and fruit yield are limited by both source and sink size
activity. The muskmelon fruit productivity and quality in greenhouse
were evaluated as affected by fruit and leaf numbers left in the plant.
Split plot scheme, in a randomized blocks design, with four
replications were used. The plot consisted of the fruit number per
plant (1 or 2). The fruits were fixed at betweenthe 6 and 80 nodes.
The split-plot consisted of the leaf number left in each plant (16; 19;
22 and 25). When the plant was pruned from the 22th leaf and one
fruit/plant was left, the leaf area increased as compared with plants
with two fruits. Independently of the number of leaves, plants with
only one fruit presented larger mean fruit weight and smaller
commercial yield. Sink reduction (fruit number/plant) provided fruits
with larger net rind, pulp thickness, length, diameter, total soluble
solids, total soluble sugars and no reduced sugars. On the other hand,
the number of fruits/plant did not affect the titratable acidity and the
reduced sugars. Except for the titratable acidity that declined and
the cavity diameter of the fruit that presented quadratic answer, all
the characteristics evaluated presented linear increment with the
increase in the number of leaves for plant.
Palavras-chave: Cucumis melo, manejo da planta, poda, raleio.
Keywords: Cucumis melo, plant management, pruning, thinning.
(Recebido para publicação em 24 de abril de 2007; aceito em 14 de abril de 2008)
O
cultivo do meloeiro no sudeste do
Brasil só é possível de ser realizado durante o período do verão, em razão da temperatura e radiação elevadas.
Todavia, esse período, nessa região, caracteriza-se por apresentar alto índice
pluvial o que, além de promover a morte de plantas e dificultar os tratos culturais, contribui para o aparecimento de
doenças e pragas que causam redução
da área foliar resultando em frutos pequenos, pobremente reticulados, queimados e com baixo teor de açúcares,
contribuindo para baixa qualidade dos
frutos e produtividade da cultura (Coelho et al., 2003). O uso do ambiente protegido constitui-se em estratégia para
contornar esses problemas; todavia, o
cultivo do meloeiro em ambiente protegido requer o desenvolvimento de técnicas para sua exploração tais como o
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
manejo das plantas via poda.
As podas visam promover o equilíbrio fonte:dreno via distribuição dos
assimilados entre órgãos vegetativo e
reprodutivo (Valantin et al., 1998). Em
algumas hortaliças, a poda de hastes é
utilizada com o objetivo de melhorar o
manejo da planta, a produção e a qualidade dos frutos (Andriolo & Falcão,
2000). Em espécies como pepino,
Nomura & Cardoso (2000) observaram
que, apesar da redução da produção e
qualidade dos frutos, as plantas suportaram até 25% de desfolha sem decréscimo significativo na produção. Em
meloeiro, a remoção de 50% das folhas,
21 dias antes da colheita, reduziu a produtividade de 21,6 para 19,8 t ha-1 e o
teor de sólidos solúveis totais de 10,1
para 9,3%, comparado às plantas controle (Long et al., 2004). Esses resulta-
dos evidenciam a importância da produção de fotossintetizados pelas folhas,
tanto para a produção de frutos quanto
para a qualidade desses.
A competição por assimilados entre
drenos afeta a taxa de crescimento da
planta e a fixação dos frutos em muitas
espécies. No tomateiro, o rendimento da
cultura é determinado pelo número, tamanho dos frutos e sua qualidade comercial, sendo que a alocação de assimilados da fonte para o dreno depende,
principalmente, do número de frutos
existentes na planta (Bertin et al., 2001).
Assim, o aumento no número de frutos
na planta pode aumentar a fração de
fotoassimilados alocado nos frutos às
expensas do crescimento das partes
vegetativas (Andriolo & Falcão, 2000).
O aumento de frutos fixados induz
à competição por assimilados entre
209
RCF Queiroga et al.
drenos e leva a diminuição do peso individual de fruto e do teor de sólidos
solúveis totais da polpa em tomate
(Bertin et al., 1998) e em melões
Cantaloupe (Costa et al., 2004; Valantin
et al., 2006). Todavia, em melancia, o
aumento de drenos na planta, apesar de
reduzir a massa e o teor de sólidos totais dos frutos, elevou a produção por
planta (Seabra Júnior et al., 2003).
No meloeiro a razão fonte:dreno
pode ser alterada com a poda de hastes
e/ou com o desbaste (raleio) de frutos
variando, respectivamente, número de
folhas por planta e, conseqüentemente,
a área foliar (fonte) e a demanda por
fotoassimilados (dreno). Portanto, torna-se de fundamental importância o conhecimento sobre a poda do meloeiro
visando o seu cultivo, sobretudo, em
ambiente protegido de forma a facilitar
o manejo da cultura sem, contudo, causar redução da produtividade e qualidade de frutos.
O trabalho teve por objetivo avaliar
a produtividade e qualidade de frutos de
meloeiro tipo Cantaloupe cultivado em
ambiente protegido variando o número
de frutos e de folhas na planta.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em
casa de vegetação, na área experimental do Departamento de Fitotecnia da
Universidade Federal de Viçosa - UFV,
de 15/12/05 a 19/03/06. O solo da área,
Argissolo Vermelho-Amarelo Câmbico
apresentava, na camada de 0-20 cm de
profundidade, as características: 5,1 (pH
em H2O); 120,1 (P) e 163,0 (K) mg dm-3;
5,0 (Ca2+), 1,0 (Mg2+), 0,0 (Al3+) e 3,3
(H + Al) cmolc dm-3; 30,9 (Zn), 116,8
(Fe), 161,0 (Mn), 5,7 (Cu) e 1,3 (B) mg
dm-3, respectivamente. Durante o período experimental, a temperatura e a umidade relativa do ar no interior da casa
de vegetação, registradas por
termohigrômetro digital (modelo HT210), colocado à altura do dossel das
plantas, apresentou valores médios das
máximas e das mínimas de 36,7 e 18,30C
e de 95,8 e 34,3%, respectivamente.
Utilizou-se casa de vegetação “tipo capela”, coberta com filme de polietileno
de baixa densidade, aditivado, 0,15 mm
de espessura, tendo as frontais e late210
rais fechadas até a metade de sua altura.
O delineamento experimental foi de
blocos ao acaso, em parcelas subdivididas, com quatro repetições. A parcela
constou do número de frutos por planta
(1 ou 2), fixados entre o 60 e 80 nós, e na
subparcela o número de folhas por planta (16; 19; 22 e 25 folhas). Utilizou-se o
espaçamento de 1,0 x 0,3 m; a parcela
foi constituída de uma fileira de 16,8 m
de comprimento e a subparcela, com 4,2
m de comprimento, continha 14 plantas.
Utilizou-se a cultivar Coronado F1,
pertencente ao grupo Cantalupensis, que
apresenta frutos com pequena cavidade
interna, casca rendilhada, polpa cor salmão e alto teor de açúcares (Topseed,
2007). A semeadura foi realizada em 15/
12/05, em bandejas de poliestireno de
128 células preenchidas com substrato
agrícola comercial. O transplante foi
realizado em 02/01/06, 18 dias após a
semeadura, com a segunda folha completamente expandida.
A correção do solo e a adubação de
fundação foram realizadas de acordo
com a análise do solo e recomendações
para a cultura (Ribeiro et al., 1999). A
área experimental recebeu, 60 dias antes do transplante das mudas, calcário
dolomítico (2,0 t ha-1) objetivando-se
elevar o pH do solo e a saturação por
bases a 70%. No sulco de plantio, cinco
dias antes do transplante das mudas,
aplicou-se (equivalente a kg ha-1): 300
de P2O5, na forma de superfosfato simples, 200 de sulfato de magnésio, 5 de
bórax, 5 de sulfato de zinco e 0,5 de
molibdato de amônio. Aplicou-se, também em fundação, o correspondente a
10% da dose total de N e de K (30 kg de
N e 15 kg de K2O), nas formas de uréia
e de cloreto de potássio, respectivamente; os 90% restantes do N e do K foram
aplicados em cobertura, via
fertirrigação. A fertirrigação foi iniciada uma semana após o transplante das
mudas aplicando-se, durante o cultivo,
270 kg ha-1 de N, na forma de uréia, e
135 kg ha-1 de K2O, como cloreto de
potássio. Em cada fertirrigação, foram
aplicados os seguintes % de N e de K,
respectivamente: 1ª = 5 e 7%; 2ª = 8 e
10%; 3ª =12 e 10%; 4ª, 5ª e 6ª =20 e
18%; 7ª = 10% e 10%; e 8ª = 5 e 9%.
Diariamente, fez-se a irrigação por
gotejamento, utilizando-se de
gotejadores espaçados 0,30 m, com vazão de 2,70 L h-1, sendo a necessidade
de água a aplicar monitorada com
tensiômetros instalados a 10 cm de profundidade.
As plantas foram conduzidas verticalmente, em haste única, com uso de
fitilhos fixados em bambu colocado na
horizontal a 1,80 m do solo e podadas
de acordo com o número de folhas desejado. Os frutos, um ou dois por planta, foram fixados nos ramos secundários emitidos entre o 60 e 80 nós, realizando-se, nesses ramos, a poda duas
folhas após o fruto fixado. Todas as demais ramificações foram retiradas. Durante o ciclo da cultura foram realizadas duas capinas manuais e controle
fitossanitário com fungicidas e inseticidas sempre que necessário. Foram colocadas duas colméias de abelhas
melíferas na parte externa da casa de
vegetação para proceder a polinização.
A colheita iniciou-se em 06/03/06,
quando os frutos apresentavam a formação da camada de abscisão, ponto
indicativo da colheita do fruto. Na colheita dos frutos, avaliaram-se: área foliar da planta (cm2 planta-1); massa média de fruto (g fruto-1); produtividade
comercial (t ha-1); reticulação da casca,
atribuindo-se notas de 1 (0%), 2 (25%),
3 (50%), 4 (75%) e 5 (100% da superfície reticulada); espessura da polpa (cm),
avaliada na região equatorial, após
seccionar o fruto no sentido longitudinal; diâmetro da cavidade interna (cm),
medido no sentido transversal na região
equatorial; comprimento (cm) e diâmetro (cm) de fruto, medidos no sentido
longitudinal e transversal do fruto; teor
de sólidos solúveis totais (SST) e acidez total titulável (ATT), em amostras
de fatias de frutos retiradas no sentido
longitudinal e homogeneizadas em
liquidificador para a obtenção do suco.
O SST foi determinado por meio de
refratômetro de mesa, modelo ATAGO
3 T, obtendo-se os valores em %, corrigidos a 20ºC; para ATT, utilizou-se uma
alíquota de 10 mL de suco, em duplicata, à qual foram adicionados 40 mL de
água destilada e três gotas de
fenolftaleína alcoólica a 1% e, em seguida, procedeu-se a titulação com solução de NaOH 0,1 N até o ponto de
viragem, com os resultados expressos
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Produtividade e qualidade de frutos de meloeiro variando número de frutos e de folhas por planta
em % de ácido cítrico. Com a mesma
amostra, para a determinação das características anteriores, foi avaliado o açúcar solúvel total (AST), quantificado por
meio da reação com Antrona, conforme
Yemn & Willis (1954) e os açúcares redutores (AR), pelo método do DNS
(Miller, 1959); os açúcares não-redutores (NR) foram determinados por diferença entre AST e AR.
Consideraram-se comerciais, frutos
firmes, uniformes quanto à cor, com
bom rendilhamento de casca, sem deformações, murchamento, rachaduras e
sinais de podridão, ataque de insetos
pragas e de danos mecânicos.
Os dados foram submetidos à análise de variância; as médias entre número
de frutos foram comparadas pelo teste
de Tukey a 5 % de probabilidade e, entre número de folhas por planta, por regressão. As equações de regressão foram ajustadas com base significância de
seus parâmetros pelo teste “t” ao nível
de 1 e 5 % de probabilidade, no valor
do R2/r2, e na resposta biológica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi observado efeito significativo da
interação número de fruto por planta x
número de folhas por planta apenas para
a área foliar da planta (AF), massa média de fruto (MMF) e produtividade comercial de frutos (PCF) (Tabela 1).
Plantas conduzidas com dois frutos,
quando podadas com 16 folhas, e plantas conduzidas com um fruto, quando
podadas com 22 ou 25 folhas, apresentaram maior AF (Tabela 1). Com aumento do número de folhas por planta observou-se incremento linear na AF, tanto em plantas com um quanto com dois
frutos; em plantas com um fruto os incrementos estimados foram de 26,3;
52,7 e 79,0% e, em plantas com dois
frutos, de 5,8; 11,6 e 17,3%, com o aumento do número de folhas de 16 para
19, 22 e 25, respectivamente (Figura 1).
A maior AF observada em plantas
com dois frutos, quando podada com 16
folhas, evidencia que essas plantas apresentaram maior expansão de suas folhas
na tentativa de adequar a AF a maior
demanda do dreno por assimilados em
razão do maior número de frutos
(drenos) compensando, assim, a menor
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Tabela 1. Valores médios da área foliar, massa fresca de fruto e produtividade comercial do
meloeiro cultivado em ambiente protegido em função de número de frutos e de folhas por
planta (average values of leaf area, fresh mass of fruit, and commercial yield of melon cultivated
in greenhouse in relation to fruit number and leaves per plant). Viçosa, UFV, 2006.
*Nas linhas, as médias seguidas pela mesma letra não diferem entre sí pelo teste Tukey ao
nível de 5% de probabilidade. 1 e 2 Coeficientes de variação da parcela e subparcela (In lines,
means followed by same letter do not differ each other by Tukey test to 5 %. 1 and 2 plot splitplot variation coefficients).
relação numérica fonte:dreno (número de
folhas:número de frutos). Por outro lado,
em plantas com 22 e 25 folhas com apenas um fruto, em razão da maior relação
numérica fonte:dreno, a planta reinvestiu
as reservas de fotoassimilados disponíveis em seu crescimento vegetativo, conforme observado na cultura do pepino por
Nomura & Cardoso (2000). Valantin et
al. (1998) também observaram, na cultura do meloeiro, menor AF com o aumento do número de drenos na planta,
fato atribuído à força exercida pelo dreno alterando a expansão e acelerando a
senescência das folhas.
Independente do número de folhas
por planta, maior MMF foi obtida em
plantas conduzidas com apenas um fruto, enquanto que maior PCF foi obtida
em plantas com dois frutos (Tabela 1).
Com aumento do número de folhas por
planta, observaram-se incrementos lineares na MMF e PCF em plantas com
um e dois frutos (Figura 1). Em plantas
com um fruto, os ganhos estimados, ao
incrementar o número de folhas por
planta de 16 para 19, 22 e 25 folhas,
foram de 6,8; 13,6 e 20,4% na MMF e
de 8,1; 16,1 e 24,2% na PCF, e em plantas com dois frutos, foi de 1,7, 3,3 e 5,0%
na MMF e de 2,8, 5,7 e 8,5 % na PCF.
O aumento do número de folhas por
planta elevou a MMF, tendo efeito mais
pronunciado em plantas conduzidas com
um fruto devido à maior AF disponível
por fruto, menor competição entre órgãos vegetativos e reprodutivos e ausência de competição entre frutos na própria planta permitindo, assim, maior
alocação de fotoassimilados para crescimento do fruto. Em pepino, Ramirez
et al. (1988), observaram que o aumento do nível de desfolha em até 75 % causou redução significativa na MMF, sugerindo que o crescimento dos frutos em
cucurbitáceas é limitado pela quantidade de AF na planta.
Segundo Fagan et al. (2006) no meloeiro, quando se aumenta o número de
frutos por planta, a demanda dos frutos
por fotoassimilados se eleva instalandose forte competição entre frutos, afetando o crescimento destes. Assim, maior
número de frutos na planta reduz a MMF
211
RCF Queiroga et al.
Figura 1. Estimativa da área foliar, massa do fruto e produtividade comercial em plantas
conduzidas com um ( ) e dois ( ) frutos de meloeiro cultivado em ambiente protegido
em função do número de folhas por planta. ** e *: Significativo a 1 e 5 % de probabilidade
(estimate of leaf area, mass of fruit and commercial yield in plants leaded with one ( ) and
two ( ) melon fruits cultivated in greenhouse in relation to leaves number per plant. ** and
* significant at 1 and 5 % of probability). Viçosa, UFV, 2006.
demonstrando que a planta tem capacidade produtiva limitada pela fonte. Estes resultados corroboram com àqueles
encontrados por Bertin et al. (1998) no
tomateiro, Seabra Júnior et al. (2003)
em melancia e Valantin et al. (2006) no
meloeiro, os quais constataram que a
competição por assimilados afeta o tamanho final do fruto.
Plantas conduzidas com dois frutos
apresentaram maior PCF em razão da
maior demanda do dreno por
fotoassimilados. Em melancia, Seabra
212
Júnior et al. (2003) e, no meloeiro,
Fagan et al. (2006) também observaram maior produção em plantas com
dois frutos do que com apenas um.
Long et al., (2004) também observaram que a prática do raleio de frutos
no meloeiro, conduzindo a planta com
apenas
um
fruto,
mesmo
incrementando a MMF, reduziu a PCF
de 31 t ha-1 para 20 t ha-1.
O incremento na PCF com aumento
do número de folhas foi maior em plantas com um fruto, em razão do incre-
mento da AF resultar em mais
fotoassimilados disponíveis para o fruto. Em pepino, Nomura & Cardoso
(2000) observaram que a desfolha da
planta em até 75% reduziu a produtividade total e comercial; entretanto, não
observaram redução significativa na
produção com 25% de desfolha possivelmente em razão das folhas remanescentes terem aumentado a taxa
fotossintética como forma de compensar a redução da área foliar.
Houve efeito significativo do número de frutos por planta para reticulação
da casca (RC), espessura da polpa ou
mesocarpo (EP), comprimento (CF) e
diâmetro do fruto (DF), diâmetro da
cavidade do fruto (DCF), teores de sólidos solúveis totais (SST), açúcares
solúveis totais (AST) e açúcares não
redutores (ANR), em que frutos obtidos
de plantas com apenas um fruto apresentaram maiores valores para estas características; contudo não houve efeito
do número de frutos na planta para a
ATT e AR (Tabela 2). Com exceção da
ATT, que declinou de forma linear de
0,084 para 0,080% ao passar de 16 para
25 folhas por planta, e do DCF que apresentou resposta quadrática com máximo estimado de 5,4 cm com 20,8 folhas
por planta, o aumento do número de folhas por planta proporcionou incrementos lineares para as demais características de fruto (Figura 2). Assim, o aumento de 16 para 25 folhas por planta promoveu incrementos estimados de: 0,7
para RC; 0,2 cm para EP; 0,5 cm para
CF; 0,6 cm para DF; 0,97% para SST;
0,93% para AST; 0,1% para AR e de
0,9% para ANR (Figura 2).
Aumento do número de folhas, assim como diminuição do número de frutos por planta proporcionou aumento da
relação fonte-dreno resultando em mais
fotoassimilados disponíveis para crescimento dos frutos, manifestado em termos de EP, CF e DF, e melhores condições para formação do súber na superfície da casca (rendilhamento). De acordo com Keren-Keiserman et al. (2004),
o rendilhamento no fruto do meloeiro
ocorre em resposta às rachaduras da superfície, as quais originam-se do rápido
crescimento do fruto promovendo elevação da tensão de ruptura na casca,
rompimento de células da epiderme,
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Produtividade e qualidade de frutos de meloeiro variando número de frutos e de folhas por planta
hipoderme e da cutícula. Essas rachaduras aprofundam-se, tornam-se mais
largas e células da periderme iniciam a
multiplicação, produzindo massa de células com paredes suberizadas que preenchem as rachaduras e se estendem
acima da superfície do fruto. Nesse trabalho, plantas podadas a 16 folhas, ou
seja, em condições de elevada competição fonte:dreno, obteve-se baixa qualidade dos frutos quanto ao
rendilhamento, com valores inferiores
a 75%, evidenciando a importância de
assimilados disponíveis para reticulação
de casca. Higashi et al. (1999), observaram que frutos maiores apresentavam
maior número de células na região do
pericarpo, porém essas eram de menor
tamanho, contribuindo para a maior formação do rendilhamento do fruto.
O aumento da EP constitui atributo
de qualidade importante por se tratar da
parte comestível do fruto do meloeiro
(Coelho et al., 2003). Os resultados da
EP obtidos neste trabalho foram maiores em frutos advindos de plantas com
menor número de frutos e com maior
número de folhas. Todavia, mesmo em
plantas com dois frutos, a EP (3,3 cm)
foi superior a encontrada por Purquerio
& Cecílio Filho (2005), em cultivo
hidropônico do meloeiro híbrido Bônus
N0 2 (EP = 3,1 cm), também em planta
conduzida com dois frutos.
Aumentos do CF e o DF ocorreram
com a diminuição do número de frutos
ou aumento do número de folhas por
planta. De acordo com Valantin et al.
(2006), o carregamento de frutos na
planta afeta a taxa de crescimento e o
tamanho final desses uma vez que, em
frutos de melão, toda a expansão celular ocorre após a antese enquanto que a
divisão celular continua em baixa taxa.
Portanto, o número de células no final
da antese é fator chave que contribui
para com o tamanho final dos frutos,
principalmente por causa de sua influência na habilidade dos frutos para atraírem assimilados. Em tomate, Bohner &
Bangerht (1988) observaram que a
desfolha na planta ocasionou baixa produção de assimilados e redução no número de células nas regiões distal e
proximal dos frutos 10 dias após a
polinização, seguido pela redução do
tamanho do fruto. Ainda, de acordo com
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Tabela 2. Valores médios da reticulação da casca, espessura do mesocarpo, comprimento,
diâmetro, diâmetro da cavidade, sólidos solúveis totais, acidez total titulável, açúcares solúveis totais, redutores e não redutores de frutos de meloeiro cultivado em ambiente protegido
em função do número de frutos por planta (average values of netted peel, flesh thickness,
lenght, diameter, diameter of cavity, soluble solids content, titratable acidity, total soluble
sugars, reducers and no reducers sugars of melon fruit cultivated in greenhouse in relation to
fruits number per plant). Viçosa, UFV, 2006.
*Nas linhas, as médias seguidas pela mesma letra não diferem entre sí pelo teste Tukey ao
nível de 5% de probabilidade. 1 e 2 Coeficientes de variação da parcela e subparcela. (In
lines, means followed by same letter do not differ each other by Tukey test to 5 %. 1 and 2
plot split- plot variation coefficients).
Valantin et al. (2006), variações no tamanho final do fruto podem ser interpretadas como conseqüência de dois
processos: a força do dreno durante o
período de divisão celular e a taxa de
crescimento do fruto durante a expansão celular.
Maior DCF foi obtido de planta com
um fruto e, independente do número de
frutos, na poda a 20,8 folhas por planta.
O aumento da cavidade não é desejável, pois quanto menor o espaço interno da cavidade melhor é o atributo de
qualidade dos frutos do meloeiro
rendilhado. Nesse trabalho, até certo
ponto, o aumento do DCF esteve associado a condições que favoreceram o
crescimento do fruto. Para Coelho et al.
(2003), quase sempre o aumento do
DCF reflete em fraca ligação da estrutura que contém as sementes e a polpa,
podendo ocorrer o desprendimento das
sementes e fermentação dos frutos no
manejo pós-colheita, fatos não observados nesse trabalho.
Frutos advindos de plantas com apenas um fruto e com maior número de
folhas apresentaram maiores valores de
SST, AST e ANR. De acordo com
Valantin et al. (2006), o teor de SST é
um indicador direto da quantidade de
sacarose nos tecidos do fruto do melão.
Long et al. (2004), atribuem o maior teor
de SST observados em frutos de plantas conduzidas com um fruto a maior
disponibilidade e aporte de
fotoassimilados para o fruto em razão
da maior AF por fruto. Estes autores
observaram valores de SST de 9,0 e de
7,8% em fruto do meloeiro quando as
plantas foram conduzidas com um e dois
frutos, respectivamente. Costa et al.
(2004), também observaram que a competição por assimilados reduziu o teor
de SST em fruto do meloeiro.
A manipulação da fonte pela redução de folhas, sobretudo, via eliminação de ramificações, tem sido examinada como método de controle de produção de flores; todavia seu efeito no teor
de SST em frutos tem sido pouco relatado para o meloeiro. Porém, Long et
al. (2004), verificaram que a desfolha
em 50% da planta reduziu o SST em
1,00Brix, enquanto que, com 25% de
desfolha, o efeito foi desprezível. Neste
trabalho, a desfolha em 36% (25 para 16
folhas) causou redução estimada de
1,00Brix no teor de SST da polpa do fruto.
Em melões em geral, a ATT varia de
0,05 a 0,35% de ácido cítrico
(Mendlinger & Pastenak, 1992). As
213
RCF Queiroga et al.
Figura 2. Estimativa da reticulação da casca, espessura do mesocarpo, comprimento e diâmetro, diâmetro da cavidade, teor de sólidos solúveis totais, acidez total, açúcares solúveis
totais (1), açúcares redutores (2) e açúcares não redutores (3) de frutos de meloeiro cultivado
em ambiente protegido em função do número de folhas por planta. ** e *: Significativo a 1
e 5 % de probabilidade (estimate of netted peel, flesh thickness, length and diameter, diameter
of cavity, soluble solids content, titratable acidity, total soluble sugars (1), reducers (2) and no
reducers (3) sugars of melon fruit cultivated in greenhouse in relation to leaves number per
plant. ** and * significant at 1 and 5 % of probability). Viçosa, UFV, 2006.
médias de ATT obtidas neste trabalho
situaram-se dentro do limite, e reduziram com o aumento do número de folhas por planta sem, contudo, alterar
com o número de frutos por planta. Costa et al. (2004), também observaram redução na ATT no híbrido Bônus N0 2 em
plantas com dois frutos, comparado a
plantas com fixação livre de frutos.
O acúmulo de açúcares em frutos do
meloeiro é influenciado pela atividade
214
competitiva do dreno e pela disponibilidade da fonte. Durante o crescimento
e desenvolvimento do fruto há necessidade de incremento na disponibilidade
de carboidratos, seja pela redução do
número de frutos ou pelo aumento da
AF para que, próximo à colheita, após
ter passado pelas fases de divisão e expansão celular, possa resultar em incremento nos açúcares armazenados no fruto (Long et al., 2004). A competição por
assimilados reduz o teor de SST; por
outro lado, SST está diretamente relacionado com o conteúdo de açúcares,
razão pela qual esse se constitui em bom
indicador do adoçamento (Valantin et
al., 2006).
O fruto do meloeiro representa o
principal dreno na planta e seu sabor
depende dos fotoassimilados sintetizados e translocados da parte aérea durante
o seu desenvolvimento (maturação),
uma vez que esse não tem reserva de
amido armazenada, à semelhança de frutos como banana, que poderiam
incrementar o teor de açúcares pós-colheita via degradação do amido (Hubard
& Pharr, 1990). Os principais açúcares
presentes em melão são a glicose e
frutose (AR) e sacarose (ANR). Os AR
contribuem com quase 100% do teor de
açúcares solúveis totais (AST) na fase
inicial de desenvolvimento dos frutos;
todavia, na fase final da maturação
(amadurecimento), a sacarose pode chegar até 50% dos AST, com proporção
aproximada de 25% para glicose e 25%
para frutose (Long et al., 2004). Neste
trabalho, as participações de AR e ANR
foram de 53,2 e 46,8% em plantas
conduzidas com um fruto e de 60,0 e
40,0% em plantas com dois frutos, respectivamente. Observou-se, também,
que a redução em 36% da AF (25 para
16 folhas), causou decréscimos de cerca 12,2, 1,8 e 25,7% nas concentrações
de AST, AR e ANR, respectivamente.
Assim, frutos de plantas com menor
número de folhas e maior número de
frutos, proporcionalmente, tiveram menor teor de ANR, maior responsável pelo
sabor. Portanto, é de fundamental importância, tanto para a produção quanto
para a qualidade do fruto, suprimento
adequando de fotoassimilados aos frutos durante todas as etapas da maturação.
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Avaliação de coberturas mortas em cultura de alface sob manejo orgânico
Fabio F de Oliveira1; José Guilherme M Guerra2; Dejair L de Almeida3; Raul de LD Ribeiro4; José
Antonio A Espindola2; Marta dos SF Ricci2; Marcos B Ceddia4
1
UFPE, Rua Professor Luiz Freire, 1000, 50740-540 Recife-PE; 2Embrapa Agrobiologia, C. Postal 74505, 23890-000 Seropédica-RJ;
Sítio Barra do Santa Teresa, Estrada RJ 116, km 100, 28660-000 Bom Jardim-RJ; 4UFRRJ-Instituto de Agronomia, BR 465, km 07,
23851-970 Seropédica-RJ; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]
3
RESUMO
ABSTRACT
A cobertura morta do solo com leguminosas e gramíneas é uma
prática cultural que traz benefícios aos sistemas de produção. Foi
conduzido um experimento no município de Seropédica, estado do
Rio de Janeiro, com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes tipos
de cobertura morta sobre a reinfestação de ervas espontâneas e sobre o desempenho agronômico de alface, em cultivo orgânico. O
delineamento experimental adotado foi blocos casualizados com
quatro repetições e parcelas de oito plantas na área útil. Os tratamentos foram: bagaço de cana-de-açúcar (Saccharum sp.), bambu
(Bambuza sp.), capim Cameroon (Penisetum purpureum), crotalária
(Crotalaria juncea), eritrina (Erythrina poeppigiana), gliricídia
(Gliricidia sepium), guandu (Cajanus cajan), mucuna cinza (Mucuna
pruriens) e controle (sem cobertura dos canteiros). Estimou-se a
decomposição in situ e a liberação de nitrogênio de cada cobertura
morta. Foram avaliados dois ciclos consecutivos de alface, cultivar
Regina, na mesma área, visando a comparar o efeito residual das
coberturas mortas. Observou-se maior acúmulo de N nos resíduos
vegetais das leguminosas (máximo de 1.010 kg ha-1 com mucunacinza). Em relação à decomposição da cobertura morta, avaliada na
colheita do primeiro ciclo de alface (35 dias após o transplante), as
leguminosas apresentaram percentuais inferiores aos das gramíneas
de massa seca e N remanescentes. A reinfestação dos canteiros pelas
ervas espontâneas não diferiu significativamente entre coberturas
mortas, variando entre 31 e 58 plantas m-2, mas a redução da densidade populacional da vegetação reinfestante chegou a 83% em comparação ao tratamento controle. Em ambos os ciclos de cultivo da
alface, a massa fresca (de 315,8 a 366,0 e de 202,9 a 225,0 g planta-1,
respectivamente nos primeiro e segundo ciclos), o diâmetro da cabeça (de 30,8 a 31,7 e de 25,5 a 28,5 cm) e o teor de N (de 32,3 a
38,8 e de 28,0 a 30,3 g kg-1) foram superiores quando leguminosas
foram utilizadas como cobertura morta.
Palavras-chave: Lactuca sativa, cobertura do solo, controle de ervas espontâneas, gramíneas, leguminosas, nitrogênio.
Evaluation of mulches on organically grown lettuce
Soil mulching with legumes and grasses is an agricultural practice
which promotes benefits to production systems. An experiment was
carried out at Seropédica, Rio de Janeiro State, to evaluate the effects
of mulch types on weed control and agronomic performance of
organically grown lettuce. A randomized blocks design was adopted,
with four replications and eight plants in the useful area of each
plot. The treatments were: sugar cane (Saccharum sp.) bagasse,
bamboo (Bambuza sp.), Cameroon grass (Penisetum purpureum),
sunn hemp (Crotalaria juncea), mountain immortelle (Erythrina
poeppigiana), gliricidia (Gliricidia sepium), pigeon pea (Cajanus
cajan), velvet bean (Mucuna pruriens) and control (no mulching).
In situ decomposition and nitrogen release rates were estimated for
each mulch. Two consecutive cycles of lettuce (cv. Regina) were
conducted in the same area to compare residual effects of mulching.
There were greater accumulations of N in the legumes residues (with
a maximum of 1.010 kg ha-1, at velvet bean). Legumes residues
showed lower contents of remaining dry matter and N than grasses,
at the end of the first cultivation cycle of lettuce (35 days after
transplanting). Weed populations did not differ in relation to the
mulch source, varying from 31 to 58 plants m-2. The reduction of
weed infestation reached 83% as compared to the control treatment.
In both crop cycles, lettuce shoot dry matter (315.8 to 366.0, and
202.9 to 225.0 g plant-1, respectively at the first and the second
cultivation cycles), diameter (30.8 to 31.7, and 25.5 to 28.5 cm) and
N content (32.3 to 38.8, and 28.0 to 30.3 g kg-1) were greater in the
treatments using legume mulches.
Keywords: Lactuca sativa, soil cover, weeds control, grasses, legumes, nitrogen.
(Recebido para publicação em 12 de junho de 2007; aceito em 9 de junho de 2008)
A
cobertura morta do solo é uma prática cultural que traz reconhecidos
benefícios aos sistemas de produção, especialmente no que diz respeito à
olericultura. Dentre as vantagens decorrentes de sua utilização podem ser destacadas, quanto aos atributos do solo, a
melhoria da estrutura (Corrêa, 2002), a
prevenção à erosão (Smolikowski et al.,
2001) e o aporte de matéria orgânica e
nutrientes (Cadavid et al., 1998). O po216
tencial de controle de ervas espontâneas
tem sido também registrado (MacLean
et al., 2003).
Diversos fatores influenciam a decomposição de resíduos vegetais introduzidos em áreas de cultivo, tais como
a qualidade e abundância da biota do
solo, as características específicas do
próprio material orgânico e as condições
edafoclimáticas de cada região (Correia
& Andrade, 1999). De acordo com es-
tes autores, sob idênticas condições de
clima e solo, a velocidade de decomposição dos resíduos e a conseqüente liberação de nutrientes são influenciadas
pela composição química do material
empregado.
Dentre as espécies utilizadas para
cobertura morta do solo, destacam-se
representantes de leguminosas e
gramíneas. As primeiras, pela capacidade de se associarem às bactérias
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Avaliação de coberturas mortas em cultura de alface sob manejo orgânico
fixadoras de nitrogênio, possibilitam
elevado aporte desse elemento aos sistemas de produção (Barradas et al.,
2001; Padovan et al., 2002). De maneira geral, a palhada de leguminosas, fragmentada e depositada na superfície do
solo, caracteriza-se por uma rápida decomposição e liberação de nutrientes
(Aita & Giacomini, 2003), o que tende
a favorecer o desempenho agronômico
das culturas. Por outro lado, as
gramíneas normalmente apresentam
decomposição mais lenta, podendo inclusive acarretar imobilização de nutrientes no solo (Espindola et al., 2006).
O objetivo deste estudo foi avaliar a
influência de diferentes coberturas mortas sobre a reinfestação pela vegetação
espontânea e sobre o desempenho agronômico da cultura da alface, em dois
cultivos consecutivos sob manejo orgânico, além de determinar a decomposição e a liberação de N pelos materiais
vegetais avaliados.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em
área pertencente ao Sistema Integrado
de
Produção
Agroecológica
(Fazendinha Agroecológica Km 47),
localizado no município de Seropédica
(Baixada Fluminense), estado do Rio de
Janeiro. O clima da região pertence à
classe Aw, segundo Köppen. O solo
onde foi instalado o experimento é classificado como Planossolo, cuja análise
química, procedida de acordo com a
metodologia preconizada pela Embrapa
(1997), apresentou os resultados (camada de 0-20 cm): pH em água = 6,1; Al =
0,0 mmolc dm-3; Ca = 13 mmolc dm-3;
Mg = 7 mmolc dm-3; P = 21 mg dm-3 e K
= 53 mg dm-3.
O preparo do solo consistiu inicialmente de aração e gradagem. Em seguida, os canteiros foram levantados com
auxílio de microtrator e enxada rotativa.
A adubação desses canteiros, precedendo o transplantio das mudas de alface,
correspondeu a 9,1 t ha-1 de esterco bovino (dose equivalente a 100 kg de N
ha-1), além de 30 kg de P ha-1 e de 60 kg
de K ha-1, nas formas de termofosfato e
sulfato de potássio, respectivamente. A
adubação de cobertura com cama-deaviário (teor de 3 g N kg-1) foi realizada
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Tabela 1. Características químicas e aporte de nitrogênio de diferentes resíduos vegetais
usados para cobertura morta do solo (chemical properties and nitrogen amounts of different
residues used for soil mulching). Seropédica, SIPA, 2004.
1
Lig = lignina (lignin); 2Pol = polifenóis (polyphenols); 3N = quantidade de nitrogênio acumulado nos resíduos vegetais (ammounts of nitrogen accumulated in the residues).
quinze dias após o transplantio das mudas de alface, na dose de 40 g planta-1.
O delineamento experimental adotado foi blocos casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos consistiram das fontes de cobertura morta: bagaço de cana-de-açúcar (Saccharum
sp.), bambu (Bambuza sp.), capim
Cameroon (Penisetum purpureum),
crotalária (Crotalaria juncea), eritrina
(Erythrina poeppigiana), gliricídia
(Gliricidia sepium), guandu (Cajanus
cajan), mucuna cinza (Mucuna
pruriens), além de um tratamento controle, sem cobertura. Os resíduos empregados corresponderam à parte aérea
das leguminosas herbáceas (crotalária,
guandu e mucuna cinza) e do capim
Cameroon, a folhas e ramos finos das
leguminosas arbóreas (eritrina e
gliricídia), às folhas secas coletadas sob
bambuzal e ao bagaço de cana-de-açúcar, recolhido em estabelecimento comercial, após a moagem. Os resíduos
foram triturados e, posteriormente, secos à sombra. Utilizou-se, de cada cobertura morta, a quantidade necessária
para formar uma camada uniforme e
com espessura de 5,0 cm sobre os canteiros.
A aplicação das coberturas mortas
foi realizada imediatamente após o preparo dos canteiros. Amostras foram
coletadas para estimativas dos teores de
nitrogênio, assim como de indicadores
da qualidade dos resíduos (relações C/
N, teores de polifenóis e lignina) (Tabela 1). Para tanto, essas amostras foram secas em estufa por 72 horas, até
massa constante, e, posteriormente,
moídas. A determinação de nitrogênio
baseou-se no método recomendado por
Bremner & Mulvaney (1982), o carbono foi determinado pela queima em
mufla à temperatura de 550 o C
(Embrapa, 1997) e a análise de
polifenóis foi procedida em extratos
metanólicos, de acordo com Anderson
& Ingram (1989). As análises de lignina,
por sua vez, foram realizadas a partir do
método de fibra em detergente ácido
(Van Soest & Wine, 1968).
Para se avaliar a decomposição in
situ e a liberação de nitrogênio, amostras de 25 g de cada material foram acondicionadas em sacolas de polietileno de
40 x 30 cm, com malha de 2 mm. Essas
sacolas foram distribuídas na superfície
das parcelas experimentais quando do
transplantio da alface, sendo ali
mantidas até a colheita. Nessa ocasião,
quantificou-se o material remanescente
em relação aos percentuais de massa
seca e de N, conforme metodologias já
referidas. Para tanto, tomou-se o cuidado de separar partículas de solo aderidas
aos resíduos vegetais.
Mudas de alface, cultivar Regina,
foram produzidas em casa-de-vegetação, utilizando-se bandejas de isopor
com 200 unidades, abastecidas com
substrato constituído de subsolo argiloso,
esterco
bovino
curtido,
vermicomposto e cama-de-aviário, na
proporção respectiva de 8:4:2:1 (base
em volume). Três semanas após a semeadura, as mudas de alface foram
transplantadas, adotando-se o
espaçamento de 0,25 x 0,25 m. A parcela experimental foi constituída de 32
217
FF Oliveira et al.
Tabela 2. Massa seca e nitrogênio remanescentes em diferentes resíduos vegetais utilizados
para cobertura morta do solo, após 35 dias de cultivo de alface (remaining dry matter and
nitrogen of different residues used for soil mulching, after 35 days of lettuce cultivation).
Seropédica, SIPA, 2004.
1
Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott
(p<0,05) (means followed by the same letter, in the column, do not differ from each other by
Scott-Knott test, p<0.05).
plantas de alface, perfazendo uma área
de 2,0 m2. A área útil foi representada
por quatro plantas ocupando as duas fileiras interiores em cada canteiro, desprezando-se aquelas do início e do final
das linhas de plantio. A alface foi colhida 35 dias após o transplantio,
amostrando-se as plantas da área útil
para determinação da massa fresca e
diâmetro da parte aérea (cabeça). Avaliou-se, ainda, o teor de N nas folhas da
alface colhida em cada tratamento. Imediatamente antes da colheita da alface,
a população de ervas espontâneas foi
estimada através de amostragem feita
com o auxílio de moldura de madeira,
representando um quadrilátero com área
interna de 0,25 m2, colocado no centro
de cada parcela. Por ocasião da colheita
da alface realizou-se então uma capina
manual dos canteiros.
Logo após a colheita da alface, iniciou-se um segundo ciclo, com a mesma cultivar, transplantando-se as mudas
para os canteiros ainda cobertos com a
palhada remanescente de cada tratamento. Foi efetuada apenas uma adubação
de cobertura, 15 dias após o transplantio,
aplicando-se 40 g de cama-de-aviário
planta-1 sobre a superfície do solo. As
características avaliadas foram as mesmas observadas no primeiro ciclo da
alface.
Os dados obtidos foram submetidos
à análise de variância, através do teste
F, comparando-se as médias pelo teste
de Scott-Knott. Objetivando detectar
possíveis relações entre componentes
218
químicos dos resíduos vegetais e valores remanescentes de massa seca e de
N, efetuaram-se testes de correlação de
Pearson.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As fontes de cobertura morta avaliadas apresentaram diferentes comportamentos quanto ao acúmulo de nitrogênio nos resíduos vegetais. Os maiores valores para essa característica mostraram-se associados às leguminosas.
No caso da mucuna cinza, por exemplo,
verificou-se uma quantidade acumulada da ordem de 1000 kg de N ha-1. Por
outro lado, coberturas mortas derivadas
de gramíneas apresentaram menores
quantidades acumuladas desse elemento nos resíduos vegetais, com o máximo de 295 kg de N ha-1, correspondente
às folhas de bambu (Tabela 1).
A permanência da cobertura no solo
e o fornecimento de nitrogênio pelos
resíduos vegetais foram avaliados através da determinação dos percentuais de
massa seca e de nitrogênio remanescentes após 35 dias do cultivo de alface. De
maneira geral, constataram-se
percentuais inferiores de massa seca remanescente para as leguminosas, com
exceção do guandu (Tabela 2). De forma análoga, os baixos teores de N remanescente associados aos resíduos de
leguminosas indicam ter havido liberação mais rápida a partir dos resíduos
desses materiais, o que ocorreu durante
o primeiro ciclo de cultivo da alface.
Quanto às características avaliadas
nas coberturas mortas nesse estudo,
pôde-se observar que as relações C/N
foram mais baixas nas leguminosas que
nas gramíneas (Tabela 1). Dentre as
leguminosas, apenas o guandu apresentou alta relação C/N, o que se explica
pelo fato das plantas terem sido cortadas após a fase de florescimento. Por sua
vez, as relações (lignina + polifenóis)/
N foram mais altas para bagaço de canade-açúcar e capim Cameroon. De fato,
foi possível estabelecer uma relação significativa entre os teores de N e as taxas
(lignina + polifenóis)/N com os
percentuais de massa seca remanescente dos resíduos vegetais (r = -0,89** e
0,65*, respectivamente). Além disso, os
teores de N nos materiais empregados
como coberturas mortas também se relacionaram à sua liberação (r = 0,84**).
Esses resultados encontram respaldo em
outros autores, que ressaltam a importância dos teores de N (Constantinides
& Fownes, 1994) e das relações (lignina
+ polifenóis)/N (Matta-Machado et al.,
1994; McDonagh et al., 1995) na liberação desse nutriente a partir de resíduos
vegetais em decomposição.
Nos canteiros de alface, a espécie
predominante dentre as ervas espontâneas foi Cyperus rotundus (tiririca). As
avaliações efetuadas ao final do primeiro ciclo de cultivo da hortaliça indicaram que todas as coberturas mortas foram eficientes no controle da vegetação
espontânea reinfestante. De maneira
geral, a reinfestação espontânea variou
entre 31 e 58 plantas m-2, sem apresentar diferenças significativas entre as
coberturas mortas (média de 43 plantas
m-2), mas mostrando-se significativamente inferior ao valor observado no tratamento controle (189 plantas m-2). Outros autores têm evidenciado o potencial de controle de ervas espontâneas
através da adição de resíduos de
gramíneas (Correia & Durigan, 2004) e
de leguminosas (Erasmo et al., 2004) à
superfície do solo. Esses resultados são
geralmente associados a efeitos físicos
e químicos. Assim, a cobertura morta é
capaz de alterar umidade, luminosidade
e temperatura superficial do solo, dificultando a quebra de dormência e a germinação de sementes, além de se constituir em barreira mecânica (Constantin,
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Avaliação de coberturas mortas em cultura de alface sob manejo orgânico
2001). Do ponto de vista químico, os
resíduos vegetais podem liberar substâncias capazes de inibir ou retardar a germinação e o crescimento das plântulas,
processo este conhecido como alelopatia
(Pires & Oliveira, 2001).
Em ambos os ciclos de cultivo da
alface, foram constatados valores mais
elevados de massa fresca e diâmetro da
parte aérea colhida (cabeça) com as coberturas mortas de leguminosas, à exceção do guandu no primeiro ciclo (Tabela 3). Além disso, as alfaces que compunham os tratamentos com
leguminosas apresentaram maior teor de
N (Tabela 3), o que pode ser atribuído à
suplementação deste nutriente derivado
das leguminosas, conforme anteriormente discutido. Em consonância,
Ambrosano et al. (2003) demonstraram
a capacidade de leguminosas em contribuir para o aumento do teor de nitrogênio do solo. De acordo com esses autores, o N acumulado pelas leguminosas
é prontamente mineralizado durante a
decomposição de seus resíduos e preservado na matéria orgânica do solo.
Merecem destaque os efeitos proporcionados pelas coberturas mortas de
guandu e bambu no decorrer do segundo ciclo de cultivo da alface. A composição química do guandu (baixa relação
C/N e altos teores de lignina e
polifenóis) não permitiu influência positiva da palhada depositada quanto ao
crescimento da alface e acúmulo de nitrogênio nos tecidos foliares durante o
primeiro ciclo. A subseqüente decomposição dos resíduos do guandu, por
ocasião do segundo cultivo da alface,
possibilitou a absorção do N liberado e
o conseqüente estímulo ao desenvolvimento vegetativo da hortaliça.
De forma similar, a palhada de bambu também possibilitou aumento no desempenho da alface durante o segundo
ciclo de cultivo. Considerando-se que
este aumento do desempenho não foi
acompanhado pela elevação dos teores
de N na alface, é possível que tal resultado esteja relacionado a outros benefícios
associados à utilização daqueles resíduos
como cobertura morta. Gliessman (2001)
indica que as coberturas mortas formadas por resíduos de lenta decomposição,
como é o caso das gramíneas, contribuem
para a conservação da umidade do solo,
tendo efeito direto sobre a produção agríHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Tabela 3. Diâmetro, massa fresca e teor de N de alface colhida em sistema orgânico de
produção, utilizando diferentes coberturas mortas (Diameter, dry matter and N content of
organically grown lettuce). Seropédica, SIPA, 2004.
1
Para cada ciclo, médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem entre si pelo
teste de Scott-Knott (p<0,05) (for each cultivation cycle, means followed by the same letter,
in the column, do not differ from each other by Scott-Knott test, p<0.05).
cola. Por outro lado, o fato do bambu
apresentar relação C/N intermediária
entre as leguminosas e as demais
gramíneas avaliadas pode amenizar problemas indicados por outros autores
(Espindola et al., 2006) quanto à imobilização de nitrogênio em solos onde se
adicionam resíduos de gramíneas.
O estudo evidenciou efeitos benéficos de coberturas do solo com resíduos
de leguminosas e bambu, na produção
orgânica de alface. Os benefícios trazidos pelas coberturas mortas de
leguminosas resultaram, principalmente, da disponibilização de nitrogênio
para a cultura, liberado através da acelerada decomposição dos resíduos. Independente da sua composição, todas as
coberturas mortas foram eficientes no
controle da vegetação espontânea.
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Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype B
Márcia S Silva1; André L Lourenção1; José Alberto C de Souza-Dias1; Hilário da S Miranda Filho1; Valdir
J Ramos2; Eliana A Schammass3
1
3
IAC- APTA, C. Postal 28, 13012-970 Campinas-SP; 2APTA Regional Sudoeste Paulista, C. Postal 62, 18300-970 Capão Bonito-SP;
Instituto de Zootecnia, R. Heitor Penteado, 56, 13460-000 Nova Odessa-SP; [email protected];
ABSTRACT
RESUMO
The resistance of 24 potato genotypes to B. tabaci (Genn.) biotype
B (Hemiptera: Aleyrodidae) was evaluated in five greenhouse
experiments. The first experiment we evaluated the attractiveness
and preference for oviposition in a free-choice test (randomized
blocks, 24 treatments, and eight replications). In two other
experiments we evaluated no-choice preference for oviposition
(randomized blocks, six treatments, and ten replications). The
whitefly egg-adult cycle was monitored using a statistical design in
randomized blocks with five replications. Trichome density was
evaluated in an experiment with 24 treatments and six replications,
in a completely randomized design. In the free-choice test, potato
genotypes NYL 235-4 and IAC-1966 were the most attractive to
adults, while cultivars Achat, Aracy Ruiva, and Monte Bonito
presented the lowest number of adults. Also in this assay, cultivars
Achat, Ibituaçu, Panda, IAC-1966, and Agata presented the lowest
number of eggs, while in the no-choice test, only cultivar Achat and
IAC-1966 remained resistant. Consequently, for these two genotypes
non-preference is the oviposition resistance mechanism. The eggadult cycle varied from 21 days (cultivar Panda) to 22.5 days (clones
IAC-1966 and NYL 235-4). The adult emergence varied from 91.2%
(clone IAC-1966) to 99.3% (cultivar Ibituaçu). Clone NYL 235-4
had the greatest number of simple (ST) and glandular (GT) trichomes;
while clone IAC-1966 had the lowest number of ST and, clone IAC6290, of GT. There were significant correlations between adult
attractiveness and oviposition preference; between oviposition
preference and ST density; and between oviposition preference and
GT density. Considering all characteristics, cultivar Achat was the
most resistant to B. tabaci biotype B among all potato genotypes
studied, while clone NYL 235-4 proved (past tense) to be susceptible.
Resistência de genótipos de batata (Solanum spp.) a Bemisia
tabaci biótipo B
Keywords: Insecta, Aleyrodidae, silverleaf whitefly, host plant
resistance.
Palavras-chave: Insecta, Aleyrodidae, mosca-branca, resistência de
plantas a insetos.
No presente trabalho avaliou-se a resistência de 24 genótipos de
batata a B. tabaci (Genn.) biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae), em casade-vegetação, por meio de cinco experimentos. No primeiro, foram avaliadas a atratividade e a preferência para oviposição em teste com chance
de escolha (blocos ao acaso, 24 tratamentos, oito repetições). Para avaliação da preferência para oviposição sem chance de escolha, foram
conduzidos dois experimentos (blocos ao acaso, seis tratamentos, dez
repetições). Para acompanhamento do ciclo ovo-adulto também foram
utilizados blocos ao acaso, com seis tratamentos e cinco repetições. As
avaliações de tricomas foram realizadas em experimento inteiramente
casualizado, com os 24 tratamentos, repetidos seis vezes. Na avaliação
de atratividade, os genótipos NYL 235-4 e IAC-1966 apresentaram o
maior número de adultos e, as cultivares Achat, Aracy Ruiva e Monte
Bonito, o menor. Com relação à oviposição, em teste com chance de
escolha, as cultivares Achat, Ibituaçu, Panda e Ágata e o clone IAC1966 foram os genótipos menos ovipositados. Porém, em teste sem
chance de escolha, permaneceram como resistentes apenas a cultivar
Achat e o clone IAC-1966, caracterizando-se como portadores de nãopreferência para oviposição. O ciclo ovo-adulto variou de 21,4 (cultivar
Panda) a 22,5 dias (clones IAC-1966 e NYL 235-4). A emergência de
adultos oscilou de 91,2% (clone IAC-1966) a 99,3% (cultivar Ibituaçu).
Com base nos dados de densidade de tricomas, verificou-se que o clone
NYL 235-4 possui alta densidade de tricomas simples (TS) e glandulares (TG). Já os genótipos com menor pilosidade foram IAC-1966 (TS)
e IAC-6290 (TG). Foram verificadas correlações significativas e positivas entre atratividade para adultos e preferência para oviposição (PO),
PO e TS e entre PO e TG. Considerando-se todas as características, a
cultivar Achat é o genótipo mais resistente a B. tabaci biótipo B.
(Recebido para publicação em 21 de agosto de 2007; aceito em 18 de abril de 2008)
P
ossibly, B. tabaci biotype B was
introduced in Brazil in the beginning
of the 1990’s via importation of plant
material. Large populations were
observed in São Paulo State, in
Campinas region, in 1991 and 1992.
Severe infestations were observed in
ornamentals and in broccoli, eggplant,
tomato, and pumpkin crops, causing
irregular fruit ripening and leaf silvering
in the latter two, respectively
(Lourenção & Nagai, 1994). Recent
whitefly infestation surveys in potato
were conducted by Souza-Dias et al.
(2005) in the Southwest region of São
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Paulo. These authors observed that
producers conduct frequent field
inspections to control the initial B.
tabaci points of attack.
B. tabaci biotype B management in
several crops has become a challenge to
growers, because the damages caused by
this whitefly have increased in various
geographic regions, including Brazil.
Takahashi (2008) described that agricultural
practices based on monoculture, together
with high reproductive potential of the pest,
are among the most important causes of its
emergence as a major phytosanitary control
target.
Among control methods, the
breeding and use of resistant cultivars
is very important, and it is considered
the ideal method, for the following
reasons: it can prevent or reduce
insecticide applications; its effects are
cumulative with time; it can improve the
efficiency of natural enemies by
decreasing the vigor and causing
changes in the physiological condition
of pests; it does not pollute; its
technology comes enclosed in the seed
itself; it does not interfere with other
agricultural practices, and it usually fits
harmoniously
into
integrated
221
MS Silva et al.
management programs (Smith, 1989;
Lara, 1991).
Therefore, the present study was
carried out to evaluate resistance of 24
potato genotypes (Solanum spp.) with
respect to B. tabaci biotype B infestation.
MATERIAL AND METHODS
B. tabaci biotype B stock rearing - A
small greenhouse (3 × 5 m) was used to
rear the whitefly, constructed with a
masonry base (1m height), anti-aphid
screen sides, and a glass roof, with
benches. Soybean, tomato, tobacco, and
collards plants were used. Senescent plants
were replaced every fifteen days to provide
suitable conditions for the insect.
Selection of genotypes - Twentyfour genotypes (most of which are
cultivars) from different breeding
programs were selected from Instituto
Agronômico’s (IAC) Potato Germplasm
Active Bank, maintained at APTA
Regional do Sudoeste Paulista, in
Itararé, São Paulo State (Table 1). In this
process, we sought to select cultivars
and clones resistant to different plant
pathogens, comprising fungi, viruses,
and bacteria, as well as insects (Silva,
2007), aiming at assembling germplasm
with high genetic variability.
Adult
attractiveness
and
oviposition preference of Bemisia
tabaci biotype B in a free-choice test Plants from the 24 evaluated genotypes
(Table 1) were grown in greenhouse,
using 3-L plastic pots, filled with a soilorganic compost mix and fertilized with
4-14-8 rate (8.08 g plant-1), according
to the recommendation for the crop (Raij
et al., 1997). Thinning was performed
when the plants reached 20 cm in size,
leaving one plant per pot.
Artificial infestation was carried out
when plants showed the first pair of full
developed leaves, by introducing pots
with highly infested soybean, containing
on average 300 whitefly adults per plant.
Infestation spots were equidistantly
sorted among the potato pots, placing one
spot for each four potato pots. This
procedure was adapted from the
technique adopted by Valle & Lourenção
(2002) to evaluate adult attractiveness
and oviposition preference of B. tabaci
biotype B in soybean genotypes. After
infestation periods of 24, 48, and 72
hours, adults present on the abaxial
222
surface of the first two leaflets of the first
pair of full expanded leaves of each plant
were counted.
After one week of exposure to
adults, two upper leaflets per plant were
collected for counting the number of
eggs present. To preserve their quality,
leaflets were wrapped in baking paper,
placed in plastic bags, and then kept
under cold storage for later handling. To
assess the number of eggs, leaflet
abaxial surfaces were examined under
the stereoscopic microscope at 40X
magnification. Upon egg counting,
leaflet area was measured in a leaf area
measuring device (LI-COR LI 3100A)
to allow estimating number of adults and
number of eggs per cm2.
The experiment was arranged as
random blocks, with 24 treatments and
eight replications. Each plot consisted
of two leaflets, summing up 16 leaflets
per genotype.
Oviposition preference in a nochoice test – 1st run - The oviposition
preference of B. tabaci biotype B in a nochoice test was carried out under
greenhouse conditions using five of the
least preferred genotypes in the previous
assay (cultivars Achat, Ibituaçu, Panda,
and Agata, and clone IAC-1966), together
with a susceptible genotype (clone NYL
235-4). Which presented high number of
adults and eggs in a face-choice test. Sixliter plastic pots were used with one plant
each. An iron frame (35 cm upper diameter
× 70 cm height) covered with voile was
placed over each pot. The experiment was
planted and carried out using the same
procedures as in the previous assays.
Artificial infestation was performed
when plants developed the first pair of
full expanded leaves, by introducing
about 200 B. tabaci biotype B adults of
unknown age into each pot protected by
the voile-covered iron frame. The
number of adults used in our test was
based on similar studies (no-choice tests
with B. tabaci biotype B) conducted by
Valle & Lourenção (2002) and Alves et
al. (2006). The experiment finished six
days after infestation, when two upper
leaflets were collected from each plot
for counting the number of eggs on the
abaxial surface. Therefore, only the
upper canopy of the plants was used for
evaluation. The number of eggs cm-2 was
estimated in the same way as in the
previous experiment. A random block
experimental design was adopted,
consisting of six treatments replicated
ten times, summing up 60 plots.
Oviposition preference in a no–
choice test – 2nd run - The no-choice test
was conducted a second time, using the
same procedures as before. The only
difference was in the evaluation
sampling, in which two pairs of leaflets
were collected to obtain egg counts (1st
and 2nd pairs of fully developed leaflets),
in order to determine whitefly oviposition
on the lower canopy of the plants.
Egg-adult development of B.
tabaci biotype B - In this experiment, a
small insect rearing facility was used
(2.0 m width × 1.7 m height) with sides
protected by anti-aphid screen, a glass
roof, and a masonry base. The five
genotypes with the least oviposition
(cultivars Achat, Ibituaçu, Panda and
Ágata, and clone IAC-1966) and the
genotype with the highest mean number
of eggs (NYL 235-4) were evaluated.
The procedures adopted to conduct the
plants were the same as in the previous
experiments. When the plants showed
the first pair of full developed leaves,
the pots were transferred to the B. tabaci
biotype B rearing facility for a period
of four hours. The pots were then taken
out of the facility and all whiteflies were
removed from the plants to prevent
further oviposition and to ensure that all
eggs had approximately the same age.
Plants were taken to the laboratory and
areas containing 15 eggs were delimited
under the stereoscopic microscope (40X
magnification) using a red, 1-mm-tip
overhead projector marker. Two leaflets
were used per plant, adding up 30 eggs
per plot, in a total of 150 eggs evaluated
per genotype. Plants were then placed
in the insect rearing facility to prevent
infestation by other insects.
The delimited areas of each plant were
inspected daily during a 34-day period,
and the number of viable eggs, nymphs,
and empty puparia (an indication of adult
emergence) were recorded. Based on these
data, we determined the number of days
required for complete development from
egg-adult and adult emergence
percentages for all selected genotypes. A
random block experimental design was
adopted, consisting of six treatments
replicated five times, numbering 30 plots.
Trichome density - The number of
simple and glandular trichomes was
counted on the abaxial surface of leaflets
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype B
Table 1. B. tabaci biotype B adult attractiveness averages (adults cm-2) in three evaluations (24, 48, and 72 hours) and oviposition means
(eggs cm-2), on the abaxial surface of leaflets of 24 potato genotypes, evaluated in a free-choice test in the greenhouse (Atratividade para
adultos (adultos cm-2) em três avaliações (24, 48 e 72 horas) e de oviposição (ovos cm-2) de B. tabaci biótipo B, na face abaxial de folíolos
de 24 genótipos de batata, avaliados em teste com chance de escolha, em casa-de-vegetação). Campinas, IAC- APTA, 2006.
*Means followed by the same letter in the column do not differ significantly from each other by Tukey test, p≤0.05 (médias seguidas de
mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey (p≤0,05)); **Original data. For statistical analysis, data
were transformed to log (x) (dados originais. Para análise estatística, os dados foram transformados em log (x)).
from the 24 genotypes studied, aiming
at correlating their density with the other
resistance parameters evaluated. The
experiment was carried out using the
same practices adopted for the freechoice assay. Leaflets were collected
when plants showed the first pair of full
developed leaves and were preserved in
a refrigerator. The number of trichomes
was counted using a stereoscopic
microscope at 40X magnification.
A completely randomized design was
used, with 24 treatments and six replicates.
Each plot corresponded to one-plant pot.
Two leaflets were taken from each plant
and two areas (ad and abaxial) were
marked per leaf, measuring 28 mm2 each,
represented by a circle. Each plot consisted
of four areas, with 24 areas per genotype,
summing up 576 areas in all plots.
Statistical analyses - An analysis of
variance was run for all the evaluated
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
characteristics, and means were
compared by the Tukey test (p≤0.05),
using the SAS statistical software.
RESULTS AND DISCUSSION
B. tabaci biotype B adult
attractiveness - Since no new artificial
infestations were made at the experiment’s
site during the three days of evaluation, the
insects had a chance to move from one
genotype to another, according to the best
host suitability. In the first evaluation (24
h), there were no attractiveness differences
among the 24 genotypes (Table 1), which
may indicate insufficient time for the
whitefly to recognize and accept a
genotype. This fact was again observed in
the second evaluation (48 h). There were
differences between genotypes in the last
evaluation, and the most and least attractive
genotypes to the whitefly could be
identified. Low attractiveness to B. tabaci
biotype B adults was demonstrated for
cultivars Achat (1.8 adults), Aracy Ruiva
(2.1), and Monte Bonito (2.2). These
differed from the most attractive genotypes,
namely, IAC-1966 (7.5 adults) and NYL
235-4 (8.0 adults). The other genotypes
ranked at intermediate positions.
The occurrence of different
attractiveness levels to B. tabaci biotype
B adults depending on genotype
evaluated is known for other plant
species of economic expression. The
lowest attractiveness to adults was
observed in soybean (Valle &
Lourenção, 2002), squashes (Alves et
al., 2005), tomato (Fancelli et al., 2003),
and cotton (Boiça Jr. et al., 2007).
Oviposition preference in a freechoice test - In this evaluation, cultivars
Achat (20.4 eggs), Ibituaçu (25.0),
Panda (28.1), and Agata (32.7), and
223
Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype B
Table 2. B. tabaci biotype B oviposition (eggs cm-2) on the abaxial surface of leaflets of six
potato genotypes, evaluated in two no-choice test runs in the greenhouse (oviposição (ovos
cm-2) de B. tabaci biótipo B, na face abaxial de folíolos de seis genótipos de batata, avaliados em duas conduções de teste sem chance de escolha, em casa-de-vegetação). Campinas,
IAC- APTA, 2006/2007.
*Means followed by the same letter in the column do not differ significantly from each other
by the Tukey test, p≤0.05 (médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey, p≤0,05); **Original data. For statistical analysis,
data were transformed to log (x) (dados originais. Para análise estatística, os dados foram
transformados em log (x)); ***Original data. For statistical analysis, data were transformed
to square root of (x+k), with k=0 (Dados originais. Para análise estatística, os dados foram
transformados em raiz de (x+k), sendo k=0).
clone IAC-1966 (30.1) presented the
lowest averages for egg per leaf area
(Table 1), suggesting they have the nonpreference-for-oviposition type of
resistance. Even having been one of the
most attractive genotypes to whitefly
adults, clone IAC-1966 presented a low
number of eggs, which can be explained
by the various stimuli from the plant that
affect insect behavior, from their arrival
at the plant to locomotion movements,
induction of feeding, oviposition, and
departure from the plant (Lara, 1991).
The non-preference-for-oviposition
type of resistance in B. tabaci biotype B
also occurs in free-choice tests with other
crops, such as soybean (Valle & Lourenção,
2002), squashes (Alves et al., 2005), tomato
(Fancelli et al., 2003), and cotton (Boiça
Jr. et al., 2007). In this work, the clone NYL
235-4 (100.4) presented the highest egg
average, suggesting it is susceptible to
oviposition by this whitefly. The other
genotypes were at an intermediate position
relative to clone NYL 325-4 and the five
least-oviposited ones.
Oviposition preference in a no–
choice test – 1st run - In this first run,
cultivar Achat (16.0 eggs) stood out for
showing the least oviposition, followed
by genotypes NYL 235-4 (17.7) and
IAC-1966 (26.3), which did not differ
from each other (Table 2). Cultivar Agata
was the genotype with the highest
224
average, demonstrating that the lowest
oviposition observed in the free-choice
test was not stable. However, clone NYL
235-4, which was the most susceptible
genotype in the free-choice test, showed
a low number of eggs in the canopy layer
sampled (upper), which motivated us to
replicate the experiment, evaluating both
upper and lower plant canopy layers.
S. berthaultii accessions (species to
which one of the clone NYL 235-4
parents belongs) have been evaluated for
resistance to insects, including no-choice
oviposition preference tests. Thus, Lopes
et al. (2000) evaluated PIs 473331 and
473334 and verified that both accessions
bore resistance of the non-preference-foroviposition type to the lepidopteran P.
operculella, demonstrating that this test
is essential to confirm resistance
observed in free-choice tests.
Oviposition preference in a no–
choice test – 2nd run - In this second
run, both plant canopy layers were taken
into consideration; assessments were
made in the first and second pairs of
completely developed leaves. The
oviposition values in the six genotypes
found for the first pair of leaves followed
the same tendency observed in the first
run. Cultivar Achat, with 18.9 eggs, was
again the least oviposited, differing from
cultivars Panda (36.4), Ibituaçu (37.7),
and Agata (44.4), with the highest
oviposition values, but not differing
from clones NYL 235-4 (24.8) and IAC1966 (34.5) (Table 2).
By evaluating the second pair of leaves,
the highest oviposition was shown to occur
in clone NYL 235-4 and cultivar Ibituaçu,
in contrast with clone IAC-1966, the least
preferred by the insect. The more
comprehensive sampling of the plant,
expressed by the average of both canopy
layers, demonstrated that clone NYL 2354 does not show resistance of the nonpreference-for-oviposition type as the nochoice test might have suggested. The high
value obtained in the second pair of leaves
(67.8 eggs), as well as the average for both
layers indicate that some plant factor
determines that the insect will remain in
the lower canopy, where it oviposits, on
average, in greater numbers than in
genotypes Achat and IAC-1966. It is known
that B. tabaci lays its eggs preferentially in
the upper part of plants where younger
leaves occur, whereas older nymphs and
pupae are found in older leaves (Lenteren
& Noldus, 1990). However, the present
study indicates that potato samplings
intended to obtain egg counts should be
more comprehensive to detect B. tabaci
biotype B oviposition preference.
Based on oviposition on both plant
canopy layers, it can be considered that
cultivar Achat and clone IAC-1966 are
the two genotypes least oviposited by
B. tabaci biotype B, being characterized
as possessing resistance of the nonpreference-for-oviposition type. It also
becomes evident that the lower
oviposition observed in cultivars Panda,
Agata, and Ibituaçu in the free-choice
assay is not stable, which reinforces the
importance of the mandatory test to
obtain reliable inferences.
Egg-adult B. tabaci biotype B
development - The required period for
B. tabaci biotype B to complete
development from egg to adult varied
from 21.4 days in cultivar Panda to 22.5
days in clones IAC-1966 and NYL 2354. This period reached 21.6 days in
cultivar Agata, 21.9 days in cultivar
Ibituaçu, and 22.3 days in cultivar Achat.
Although the difference between the
extremes (cultivar Panda and clone IAC1966) was greater than one day, no
differences were detected between
treatments. Extension of an insect’s life
cycle may characterize the presence of
the antibiosis type of resistance (Lara,
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
MS Silva et al.
1991), but in the present case such event
was not demonstrated.
The detection of significant
development time differences in B. tabaci
on different genotypes of a crop may
occur only in wild genotypes, such as
tomato (Baldin et al., 2005) or even
among cultivated germplasm, such as
squashes (Alves et al., 2005). However,
in other crops, like cotton (Torres, 2007)
and soybean (Lourenção, 1980), no
differences were observed in the eggadult cycle for this insect, as in the present
study. It is possible that, by evaluating
clones of wild Solanum species, results
might be obtained indicating antibiotic
effects of some genotype.
With respect to adult emergence, the
genotypes were not different from one
another, with percentages varying from
91.2% (clone IAC-1966) to 99.3%
(cultivar Ibituaçu). In the other
genotypes, averages were 94.0%
(cultivar Achat), 94.5% (clone NYL
235-4), 94.7% (cultivar Agata), and
97.3% (cultivar Panda). Decreased adult
emergence is considered an indication
of the presence of antibiosis (Lara,
1991), but in our investigation this factor
could not be demonstrated.
Trichome density evaluation - The
lowest glandular trichome density averages
were observed in cultivars Itararé (22.8
trichomes 28mm-2) and Serrana INTA
(21.3), and clones IAC-1966 (20.5) and
IAC-6290 (6.0), which were different from
genotypes NYL 235-4, which showed the
highest glandular trichome density (135.8
trichomes 28mm-2), followed by cultivar
Krantz, clone IAC-6063, and cultivars
Aracy and Asterix, with 76.8, 66.9, 66.9,
and 63.5, respectively (Table 3). As to
simple trichome averages, the smallest
value observed was for clone IAC-1966,
with 14.3 trichomes 28mm-2. It should be
pointed out that this genotype has simple
trichomes on its veins only; they are absent
from the leaf blade. The clone NYL 235-4
also had the highest simple trichome
average (309.5 trichomes 28mm-2), and did
not differ from 40% of all evaluated
genotypes.
In the conduction of the various
experiments of the present work, it was
observed that glandular trichomes were
not an important adverse factor to the
whitefly, since the adults managed to
move between the trichomes and avoid
their exudates, feeding and ovipositing
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Table 3. Trichome density (number of trichomes 28mm-2) on the abaxial surface of leaflets
of 24 potato genotypes, evaluated on the upper canopy (1st pair of completely developed
leaves), in the greenhouse (densidade de tricomas (número de tricomas 28mm-2) da superfície abaxial de folíolos de 24 genótipos de batata, avaliados no estrato superior (1o.par de
folhas completamente desenvolvidas), em casa-de-vegetação). Campinas, IAC- APTA, 2006.
*Means followed by the same letter in the column do not differ significantly from each other
by the Tukey test, p≤0.05 (médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey, p≤0,05); **Original data (dados originais).
normally (Table 1). The nymphs were
able to complete their development, with
high emergence of adults (94.5%) even
on genotype NYL 235-4, which showed
the highest glandular trichome density.
It is important to highlight that S.
berthaultii introductions and hybrids
with high functional type B trichome
density inhibited egg-laying in the moth
P. operculella (Mumesci et al., 1997).
Nevertheless, Lopes et al. (2000)
reported that such oviposition-repellent
effect was not due exclusively to type B
trichomes, since PI 473334, which only
has type A trichomes, also showed high
non-preference for oviposition. In
genotypes NYL 235-4 and N 140-201,
however, this type of resistance did not
occur, probably due to the presence of
type B non-functional trichomes.
In the present work, genotype NYL
235-4 did not show the non-preferencefor-oviposition type of resistance, which
might also be attributed to the fact that
type B glandular trichomes are not
functional. It must also be taken into
consideration that densely hairy
genotypes can provide a more adequate
microclimate for oviposition by B.
tabaci females (Butter & Vir, 1989). In
addition, highly pubescent leaves may
hinder parasitism by the whitefly natural
enemies (De Ponti et al., 1990).
Therefore, this morphological factor
should be taken into consideration in
potato breeding programs aimed at
incorporating whitefly resistance.
Medeiros & Tingey (2006) evaluated
the effect of glandular trichomes in S.
berthaultii and its hybrids with S.
225
Resistance of potato genotypes (Solanum spp.) to Bemisia tabaci biotype B
tuberosum on nymph emergence,
development, and survival of the
leafhopper E. fabae, another pest in this
crop. Evaluations were made with or
without removal of glandular trichomes.
It was seen that, regardless of trichome
removal, no nymphs completed
development on PI 473331 and only a
small percentage of the nymphs reached
the adult stage on clone NYL 123 and on
PI 473334. Resistance in these genotypes
was caused not only by the influence of
glandular trichomes, but also by S.
berthaultii chemical makeup.
Correlation analyses - Coefficient
values demonstrate a significant and
positive correlation between number of B.
tabaci biotype B eggs and adults (r=0.59;
pd”0.01). Valle & Lourenção (2002) also
found a significant positive correlation for
number of eggs and number of B. tabaci
biotype B adults on soybean, which
indicates higher oviposition associated
with greater presence of adults. As to the
average number of eggs and simple
trichomes, a significant and positive
correlation was observed as well (r=0.54;
p≤0.01). It must be taken into
consideration that simple trichomes do not
constitute physical barriers for whitefly
oviposition, but can enhance this behavior,
according to observations on positive
correlations between whitefly oviposition
and trichome density (Peña et al., 1993;
Oriani & Lara, 2000).
A significant correlation (r=0.51;
p≤0.01) was found between the average
number of eggs and glandular trichomes.
It was also seen that a positive relationship
exists between both characteristics. It is
therefore considered that glandular
trichomes in potato did not represent
morphological influences on resistance to
oviposition by B. tabaci biotype B,
although in other insects like Myzus
persicae and E. fabae it is a resistance
factor (Tingey & Laubengayer, 1981).
Considering all characteristics
evaluated among the germplasm under
study, cultivar Achat was the most resistant
genotype to B. tabaci biotype B. Because
cultivar Achat is completely sterile, its
parents, cultivars Fina and Rheinhort, as
well as products from that cross, should
be evaluated in breeding programs as a
source of resistance to B. tabaci biotype
B. Considering that cultivar Achat is no
longer a commercial genotype and,
because of this, it would not be appropriate
226
to recommend it for immediate planting
in whitefly ridden locations.
ACNOWLEDGEMENTS
Márcia S Silva holds a scholarship from
FUNDAG. André L Lourenção holds a
CNPq (The National Council for Scientific
and Technological Development)
fellowship in Productivity in Research.
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Nitrate production and accumulation in lettuce as affected by mineral
Nitrogen supply and organic fertilization1
Mônica L Pôrto1; Jailson do C Alves1; Adailson P de Souza2; Raunira da C Araújo2; Jandeilson A de
Arruda1
1
UFPB-CCA, 2Depto. Solos Engenharia Rural, 58397-000 Areia-PB; [email protected].
ABSTRACT
RESUMO
Lettuce is one of the leading vegetables in Brazil. However,
studies concerning its fertilization for the Northeastern region of the
country are still scarce. This work was carried out to evaluate the
effects of mineral Nitrogen supply and organic fertilization on the
production and nitrate accumulation in lettuce, cultivar Elba, in the
semi-arid zone of Paraíba, Brazil. A randomized block design, with
four replications, was used to test five doses of cattle manure (30;
60; 90; 120, and 150 t ha-1), five doses of N supplied as urea (30; 60;
90; 120, and 150 kg ha-1), and a control without fertilization. Along
with mineral N, the other nutrients were also supplied using mineral
sources. No additional nutrients were supplied where organic
fertilization was used. Lettuce yield was significantly higher when
organic fertilization was used, compared to the mineral nutrient
supply. Taking into account most of the fertilization doses
recommended for growing lettuce in the Brazilian Northeastern
States, N mineral fertilization in sandy soils with low organic matter
contents can be fully replaced by organic fertilization with cattle
manure. Plant total (PTY) and commercial yield (PCY) as affected
by the mineral N supply fitted into a quadratic model, in which the
doses 94.5 and 95.7 kg ha-1 corresponded to respectively the highest
PTY (381.9 g plant-1) and PCY (321.6 g plant-1). Where organic
fertilization was used, PTY and PCY fitted into a linear model.
Therefore, the highest PTY (523.9 g plant-1) and PCY (449.48 g plant1
) were observed at the highest manure doses. Nitrate content on
roots, stems, and leaves increased linearly with Nitrogen and manure
application. In roots, the nitrate content (mg kg-1 of fresh matter)
reached 93.96 (N mineral (Nm)) and 65.09 (organic fertilization
(OF)); in stems, 183.45 (Nm) and 98.22 (OF); and in leaves, 121.98
(Nm) and 75.62 (OF). The maximum nitrate content observed in
leaves was far below the risk level for human health.
Produção e acúmulo de nitrato em alface em função do
fornecimento de nitrogênio e da adubação orgânica
Keywords: Lactuca sativa L., lettuce, cattle manure, urea, yield.
A alface é uma das hortaliças mais populares no Brasil. Porém, estudos referentes à sua adubação na região Nordeste são escassos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção e o acúmulo de nitrato em alface,
cultivar Elba, em função do fornecimento de nitrogênio a partir de uma
fonte mineral (uréia) e da adubação orgânica. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com quatro repetições e onze tratamentos:
cinco doses de esterco bovino (30; 60; 90; 120 e 150 t ha-1), cinco doses
de nitrogênio (30; 60; 90; 120 e 150 kg ha-1) e uma testemunha sem adubação. Nos tratamentos com fornecimento mineral do nitrogênio, os demais nutrientes também foram fornecidos através de fontes minerais. Nos
tratamentos em que se utilizou esterco, não houve adubação adicional. A
adubação orgânica resultou em produtividade significativamente mais
alta do que o fornecimento de N mineral. Considerando a recomendação
de adubação para o cultivo de alface no Nordeste, a adubação mineral
com N, em solo arenoso com baixo teor de matéria orgânica, poderia ser
integralmente substituída pela adubação com esterco bovino. Para o fornecimento de N mineral, as produtividades total (PT) e comercial (PC) se
ajustaram a um modelo quadrático. As doses 94,5 e 95,7 kg ha-1
corresponderam respectivamente aos valores mais altos de PT (381,9 g
planta-1) e PC (321,6 g planta-1). Para a adubação orgânica, a resposta foi
linear. Portanto, os maiores valores de PT (523,9 g planta-1) e PC (449,48
g plant-1) foram observados quando as doses mais altas de esterco foram
utilizadas. O teor de nitrado nas raízes, caule e folhas aumentou linearmente com o fornecimento de N mineral e com a adubação orgânica. Nas
raízes, o teor de nitrato (mg kg-1 de peso fresco) alcançou 93,96 (N mineral (Nm)) e 65,09 (adubação orgânica (Org)); no caule, 183,45 (Nm) e
98,22 (Org) e, em folhas, 121,98 (Mn) e 75,62 (Org) mg kg-1 de peso
fresco. Os teores mais altos de nitrato observados nas folhas ficaram muito abaixo do limite de risco para saúde humana.
Palavras-chave: Lactuca sativa L., alface, esterco bovino, uréia,
produtividade.
(Recebido para publicação em 23 de outubro de 2007; aceito em 11 de fevereiro de 2008)
N
owadays there is a world-wide
trend, also observed in Brazil, which
consists on a growing search for healthy
food, free of toxic residues, as well as
environmentally friendly produced. In this
context, the use of vegetables is increasingly
attracting attention, mainly due to their low
caloric content and high nutritional value,
which significantly contributes to change
the population alimentary habits.
In Paraiba, lettuce (Lactuca sativa L.)
is one of the most popular vegetables. It is
grown on the green belts of small, median,
and large cities of the State. Intrinsic traits,
such as good adaptation to different climatic
conditions, short cycle, possibility of
consecutive crops on a same year, regular
market, among others, make lettuce one of
the favorite vegetables among producers
(Filgueira, 2003). It is traditionally explored
on a familiar basis, which confers to lettuce,
in addition to the economic importance, a
high social relevance.
Lettuce is ordinarily produced in the
Brazilian Northeastern region by small
farmers, who use, most of the times,
heavy fertilization, applying excessive
doses of fertilizers, surpassing crop
needs. This practice, in addition to
increase costs, threatens the quality of
* Part of the M.Sc. thesis presented by the first author to the Federal University of Paraíba, Agrarian Sciences Center, Graduation Program in Agronomy, to
complete the requirements for obtaining the degree of M.Sc. in Agronomy.
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
227
ML Porto et al.
the production and the environment. Being
a leafy vegetable, lettuce responds well to
Nitrogen fertilization, with a rise in yield
and production uniformity, a trait with high
commercial value (Filgueira, 2003).
However, Nitrogen fertilization at present
is a very controversial theme, since when
it is excessive it can result on a decrease on
quality due to nitrate accumulation. When
nitrate is consumed on high amounts, it can
cause serious damages to human health,
such as the formation of nitrosamines, a
potentially carcinogenic substance, besides
metahemoglobinemy (Boink & Speijers,
2001; Faquin & Andrade, 2004). Therefore,
appropriate N doses must be applied on
lettuce cultivation to avoid nitrate
accumulation. Another option, is growing
lettuce in organic systems, which in
addition to the good outcomes concerning
both productive results and nutritional
values (Santos et al., 2001; Villas Bôas et
al., 2004; Yuri et al., 2004; Souza et al.,
2005), has been showing relevant results
concerning the decrease of nitrate
accumulation in this vegetable (Cometti et
al., 2004). Nitrate accumulation in plants
grown in organic systems are presently a
promising subject to develop further
studies.
It can be observed that research on
the effects of mineral and organic
fertilization over lettuce yield and
quality are relatively scarce in the
Northeastern Brazilian conditions.
However, studies on this subject are
essential to the development and
rationalization of lettuce growing on a
local level. Thus the objective of this
work was to assess lettuce yield and
nitrate production and accumulation as
function of the mineral Nitrogen supply
and organic fertilization.
MATERIAL AND METHODS
The experiment was carried out in
an area of commercial cultivation, in
Esperança, Paraíba, on a Typical Quartz
Psamment soil, in fallow for four years.
The soil had the following chemical
characteristics at the 0-20 cm layer: H2O
pH = 5.92, P = 27.35 mg dm-3, K = 94.38
mg dm-3, Ca = 1.75 cmolcdm-3, Mg = 0.7
cmolc dm-3, Na = 0.05 cmolc dm-3, H+Al
= 0.83 cmolc dm-3, Al = 0.0 cmolc dm-3,
and organic matter = 8.11 g kg-1. The
cattle manure used in this work had the
following chemical composition: N =
7.35 g kg-1, S = 2.25 g kg-1, K = 4.37 g
228
kg-1, P = 1.76 g kg-1, Ca = 0.70 g kg-1,
Mg = 0.47 g kg-1, Na = 543.21 mg kg-1,
Fe = 111.78 mg kg-1, B = 19.15 mg kg-1,
Mn = 86.88 mg kg-1, Zn = 24.3 mg kg-1,
and Cu = 124 mg kg-1.
The experimental design was
completely randomized blocks, with four
replications and eleven treatments: five
doses of cattle manure (30; 60; 90; 120,
and 150 t ha-1), five doses of Nitrogen
supplied as urea (30; 60; 90; 120, and 150
kg ha-1), and a control without fertilization.
Blocks were split on time, every 15 days,
aiming at reducing the concentration of
work on the harvest, mainly due to nitrate
analyses. N was applied as following: 1/3
10 days after transplanting (DAT), 1/3 20
DAT, and 1/3 25 DAT. P and K doses were
56 and 42 kg ha -1 of P2O5 and K 2O,
respectively, according to the soil chemical
analysis
and
fertilization
recommendations for the State of Ceará
(UFC, 1993). P and K sources were simple
superphosphate and chloride potassium,
respectively. All P was applied at the
transplanting, while K followed the same
schedule as N. The dried cattle manure
was applied seven days before
transplanting. Treatments with manure did
not receive any other nutrient supply.
Cultivar Elba (butterhead) was used
because it is the most popular among local
farmers. Seedlings were grown on a
conventional seedbed, until having four
to five permanent leaves (30 days), when
they were transplanted. Experimental plots
consisted of boxes measuring 1.8 m2 (1.20
x 1.50 m), in which plants were grown on
0.30 x 0.30 m spacing. Only the six central
plants in each plot were taken into
consideration for evaluation. Plants placed
close to the borders of boxes were
disregarded. Weeds were controlled by
hand-hoeing. Plants were irrigated daily
and no pest or disease treatments were
applied. Harvests were carried out at the
end of the afternoon (around 17:00 h), 30
days after transplanting. Only fully grown
plants, with commercial characteristics,
were harvested. Harvested plants were
wrapped in plastic bags and brought to the
laboratory for analyses. Plant total (PTY)
and commercial yield (PCY), number of
leaves per plant (NLP), and the nitrate
content on roots, stems and leaves were
evaluated. Nitrate contents were
determined using the salicylic acid method
(Cataldo et al., 1975), with modifications
(Pôrto, 2006). Based on the dry matter
content of the different parts of the plant
(data not presented), nitrate contents in dry
matter were converted to contents in fresh
matter.
Data were submitted to the analysis
of variance, splitting the quantitative
effects of N and manure doses into
regressions. Means for the control
treatment, mineral N supply, and organic
fertilization were compared using the
Tukey test, at 5% probability. All
statistical analyses were performed
using the software SAEG, version 8.0
(SAEG, 2000).
RESULTS AND DISCUSSION
Plant total (PTY) and commercial
yield (PCY) both for mineral Nitrogen
supply and organic fertilization, within the
dose interval used (30 to 150), had
intersection points between the two
adjusted models. Thus, we can state that,
at these points, namely 63.7 (PTY) and
45.0 (PCY) (kg ha -1 and t ha -1, for
respectively mineral N and cattle manure),
fertilization with either mineral N or cattle
manure resulted in similar PTY and PCY
(Figure 1). The N fertilization dose
recommended for growing lettuce in soil
fertility classes similar to the present
experimental conditions is 30 (CEFSPE,
1998) or 40 kg ha-1 (CEFSBA, 1989; UFC,
1993). Therefore, on soils of sandy texture,
with low contents of organic matter, such
as the soil presently used, N mineral
fertilization can be fully replaced by
organic fertilization using cattle manure.
PTY and PCY as affected by the
mineral N supply fitted in a quadratic
model, in which the doses 94.5 and 95.7
kg ha-1 corresponded to respectively the
highest PTY (381.9 g plant-1) and PCY
(321.6 g plant-1) (Figure 1). Quadratic
effect of increasing N doses (0 to 180 kg
ha-1 of N, in topdressing, in addition to the
dose applied by the producer, 60 kg ha-1),
on PTY and PCY were also observed by
Resende et al. (2005), on iceberg
(crisphead) lettuce, cultivar Raider.
Nevertheless, the doses reported by these
authors (146.9 and 149.1 kg ha-1 of N, to
PTY and PCY, respectively) as the
responsible for highest PTY and PCY
(763.2 and 450.1 g plant-1, respectively),
were much higher than those currently
found in this work. This divergence is
likely to be related to different
edaphoclimatic conditions between the
experimental sites of both studies, as well
as to different nutritional needs of the
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Nitrate production and accumulation in lettuce as affected by mineral Nitrogen supply and organic fertilization
studied cultivars. N and K demands in
iceberg lettuce are higher than in
butterhead and crisp leaf cultivars.
PTY and PCY, where organic
fertilization was used, fitted into a linear
model. Therefore, the highest PTY (523.9
g plant-1) and PCY (449,48 g plant-1) were
observed at the highest manure doses
(Figure 1). These results differ from what
was reported by Yuri et al. (2004), who,
in iceberg lettuce, cultivar Raider,
observed quadratic effects of the organic
fertilization (0 to 80 t ha-1) on yield. Yuri
et al. (2004) obtained maximum PTY and
PCY of respectively 914,2 and 634,3 g
plant-1, using 59,2 and 56,1 t ha-1 of organic
compost. In the present work, we observed
that organic fertilization resulted in higher
increments in yield than urea (Figure 1),
which stresses the largely documented
impact of organic matter over lettuce yield
(Santos et al., 2001; Villas Bôas et al.,
2004; Yuri et al., 2004; Souza et al., 2005).
It should be considered that organic matter
contributes not only with nutrient supply
to plants, but it also improves most of the
physical soil characteristics (Santos et al.,
2001), mainly on sandy soils as the one
used in this experiment.
Nitrate content on roots, stems, and
leaves increased linearly with Nitrogen and
manure application. In roots, the nitrate
content (mg kg-1 of fresh matter) reached
93.96 (mineral Nitrogen supply (MNS))
and 65.09 (organic fertilization (OF)); in
stems, it went up to 183.45 MNS and 98.22
OF; and, in leaves, 121.98 MNS and 75.62
OF (Figure 2). Nitrate content in roots and
stems are below those observed by Cometti
et al. (2004) in organic (20 t ha-1 of cattle
and poultry manure) and conventional
grown lettuce (300 kg ha-1 of the formula
4-14-8, in addition to manure). Nitrate
content in leaves is also below previous
reports for lettuce fertilized with several
doses of mineral N and organic manure
(Castro & Ferraz Júnior, 1998; Benini et
al., 2002; Krohn et al., 2003; Cometti et
al., 2004; Mantovani et al., 2005). The
relatively low nitrate contents reported here
are likely to be related to the environmental
conditions of this work, especially high
luminosity and temperature, as well as to
the harvesting hour (around 17:00 h), which
contribute to reducing nitrate accumulation
by plants (Marschner, 1995; Krohn et al.,
2003; Faquin & Andrade, 2004). Mineral
Nitrogen fertilization resulted in higher
nitrate content in plants than those observed
when organic fertilization was used, in all
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figure 1. Plant total (PTY = PTT, g plant-1) and commercial yield (PCY = PCM, g plant-1) of lettuce
as affected by the mineral N supply (dotted line) and organic fertilization (bold line) (Produção total
(PTT) e comercial (PCM) por planta de alface em função do fornecimento de nitrogênio mineral
(linha pontilhada) e da adubação orgânica (linha cheia). Areia, UFPB-CCA, 2006.
*;**significant at p<0.05 and p<0.01, respectively, t test (*;**significativo a p<0,05 e p<0,01, respectivamente,
pelo teste t). TES: PTY and PCY means in the control treatment (médias de PTT e PCM da testemunha);
MIN: PTY and PCY means in treatments with mineral N supply (médias de adubação mineral dos tratamentos
que receberam N mineral); ORG: PTY and PCY means in treatments with organic fertilization (médias de
PTT e PCM dos tratamentos com adubação orgânica); esterco: manure; Nitrogênio: Nitrogen. Means followed
by the same letter did not differ significantly from each other by the Tukey test, p<0.05 (médias seguidas de
mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, p<0,05).
lettuce parts (Figure 2), with the highest
values in stems and the smallest in roots.
These results corroborate those of Cometti
et al. (2004), who also observed that the
conventional cultivation using soluble
fertilizers tended to result in higher nitrate
accumulation in lettuce than the organic
production system. These authors also
observed the highest nitrate contents in
stems, raising the hypothesis that stems
refrain nitrate accumulation in leaves.
Nitrate accumulation by plants is
observed when plant Nitrogen uptake
exceeds the assimilation capacity. The
surplus of N inside the plant is then
stored as nitrate in the cell vacuoles
(Marschner, 1995). Thus, the highest
nitrate concentration in plants observed
when N was supplied using a mineral
source compared to the organic
fertilization is probably due to the
prompt N availability in soluble
fertilizers in the first, causing N
abundance in the soil solution, in
opposition to the slow nutrient release
by the latter (Santos et al., 2001).
However, it is important to mention that
even the highest leaf nitrate content
observed here is far below the limit
prescribed by the European Union
(3.500 to 4.500 mg kg-1 of fresh matter)
(van der Boon et al., 1990). Considering
the top nitrate contents observed in this
work to the maximum limit of daily
consumption recommended for human
beings (3.6 mg kg -1 of live weight)
(Escoín-Peña et al., 1998), a 70 kgperson would need 2.1 and 3.4 kg of
lettuce cultivated with mineral N supply
and organic fertilization, respectively, to
reach the limit, not considering the use
of other nitrate sources. Therefore, we
can assume that nitrate contents in
lettuce grown under these conditions do
not jeopardize human healthy.
We observed that the use of organic
fertilization resulted in higher lettuce yield
than N supplied from a mineral source.
Moreover, N mineral supply could be fully
replaced by organic fertilization without
compromising yield. Organic fertilization
resulted also in significant lower nitrate
content than what was observed for N
mineral in all lettuce parts. Nevertheless,
the highest leaf nitrate content observed
was below the risk limit for human health.
229
ML Porto et al.
Figure 2. Nitrate contents in lettuce roots (raíz), stems (caule), and leaves (folha) fresh matter, as
affected by the mineral N supply (dotted line) and organic fertilization (bold line) (teores de
nitrato na massa fresca de raízes, caules e folhas da alface, em função do fornecimento de nitrogênio mineral (linha pontilhada) e da adubação orgânica (linha cheia). Areia, UFPB-CCA, 2006.
*;**significant at p<0.05 and p<0.01, respectively, t test (*;**significativo a p<0,05 e p<0,01, respectivamente,
pelo teste t). TES: PTY and PCY means in the control treatment (médias de PTT e PCM da testemunha);
MIN: PTY and PCY means in treatments with mineral N supply (médias de adubação mineral dos tratamentos
que receberam N mineral); ORG: PTY and PCY means in treatments with organic fertilization (médias de
PTT e PCM dos tratamentos com adubação orgânica); Nitrogênio: Nitrogen; Esterco: manure. Means followed
by the same letter did not differ significantly from each other by the Tukey test, p<0.05 (médias seguidas de
mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, p<0,05).
ACKNOWLEDGEMENTS
Authors thank Mr. José Arimatéia da
Silva and family for making the area to
carry out this experiment available.
Mônica L Pôrto thanks CAPES for the
M.Sc. scholarship, and Jailson do C
Alves and Jandeilson A de Arruda thank
CNPq for respectively a M.Sc. and a
Scientific Initiation scholarships.
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Qualidade do tomate de mesa em diferentes etapas, da fase de pós-colheita
Marcos David Ferreira1; André TO Franco2; Antonio Carlos O Ferraz3; Gustavo GT Carmargo3; Marcelo
Tavares4
1
Embrapa Instrumentação Agropecuária, C. Postal 741, 13560-970 São Carlos-SP; 2UNICAMP-FEA C. Postal 6121, 13081-970
Campinas-SP; 3UNICAMP-FEAGRI C. Postal 6011 13083-875 Campinas-SP; 4UFU–Faculdade de Matemática, 38408-100 UberlândiaMG; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
A classificação manual para tomate de mesa e a utilização da
caixa K para transporte ainda predomina em diversas regiões no
Brasil. O presente trabalho buscou caracterizar frutos da cultivar
Débora provenientes de plantios comerciais quanto ao estádio de
maturidade, diâmetro e defeitos físicos e danos na etapa de colheita
e no recebimento do produto na CEASA, de Campinas. Objetivouse também avaliar a incidência de danos físicos, a perda de peso e
alterações na qualidade em frutos retirados diretamente no campo
de produção e nas etapas da colheita (1), recebimento em um barracão para classificação manual (2), após classificação manual e embalagem (3) e na comercialização do produto na CEASA (4). Para
está amostragem retirou-se 120 frutos em cada etapa. Defeitos e danos
físicos presentes foram analisados utilizando-se uma escala de notas. Frutos amostrados em campo já demonstravam danos físicos,
provenientes principalmente da abrasão com as estacas de bambu e
fios de amarrio, ataque de insetos e distúrbios fisiológicos e
nutricionais. Os frutos foram colhidos predominantemente no estádio de maturação verde-maduro (48%). Na amostragem retirada na
CEASA dois dias após a colheita está porcentagem era de 26,3%,
com misturas de diâmetros, sendo que 55,4% dos frutos encontravam-se entre 50-60 mm e 43,9% acima de 60 mm. Observou-se um
incremento nos danos físicos e na perda de peso e conseqüente perda na qualidade com o aumento do manuseio e transporte do produto. Frutos retirados diretamente da planta mostraram-se mais aptos
a consumo após armazenagem por 21 dias (45%) do que frutos
amostrados na CEASA (5,8%).
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, caixa K, perdas, póscolheita, danos físicos.
Tomato quality in different postharvest phases
Manual classification using wooden boxes (K) are still very
common in Brazil. The main goal of this work was to characterize
tomatoes of the cultivar Débora type, for maturity index, diameter
and external defects at harvest time and at Retail Market, CEASA,
Campinas, São Paulo State, Brazil. This research also evaluated
parameters related to mechanical injury (%), weight loss (%) and
quality during the main phases (1) harvest; (2) before field sorting
and classification; (3) after field sorting and packaging in K boxes;
(4) at CEASA. 120 fruits were taken at each stage. Defects and
physical damage were evaluated using a score scale. Fruits sampled
in the field showed external damages, due to bruising from bamboo
stakes, insects attack and physiological and nutritional disorders.
Fruits were harvested mainly at green maturity stage (48%). But,
when sampled at CEASA this amount dropped to 26,3%, having
mixed diameters fruits, 55,4% at 50-60mm and 43,9% over 60 mm.
The results showed an increase in mechanical injury (%), weight
loss (%) and loss of quality during the stages. Fruits taken directly
from field showed better quality (45%) after storage for 21 days
than fruits sampled at terminal market, CEASA (5,8%).
Keywords: Lycopersicon esculentum, wooden box, postharvest
losses, injury.
(Recebido para publicação em 4 de março de 2007; aceito em 7 de abril de 2008)
A
s perdas pós-colheita em
hortifrutícolas variam muito de
região para região e estão relacionadas
ao manuseio desde a colheita até chegar-se ao consumidor final. As alterações no tomate durante esse processo
são principalmente do tipo mecânica, fisiológica ou patológica. Danos mecânicos ocorrem durante o manuseio do produto (colheita, seleção, embalagem,
transporte e exposição). As injúrias mecânicas causam uma série de alterações
metabólicas e fisiológicas em tomates,
levando ao aparecimento de sintomas
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
externos (Fluck & Halsey, 1973; Halsey,
1955) e internos típicos (Moretti et al.,
1998; Sargent et al., 1992), tais como:
frutos submetidos à injúria física apresentaram alteração na qualidade, em
especial no sabor e aroma (Moretti &
Sargent, 2000). A incidência e a severidade do dano físico dependem da energia de impacto, do cultivar em estudo,
do número de impactos, diâmetro dos
frutos e do estádio de amadurecimento
(Halsey, 1955). Danos físicos são cumulativos durante as práticas de manuseio
pós-colheita (Sargent et al., 1992). Por-
tanto, as várias etapas de manuseio do
fruto, desde o campo até o consumidor,
devem ser cuidadosamente coordenadas
e integradas para maximizar a qualidade do produto (Sargent et al., 1992). Em
geral, danos por impacto na pós-colheita podem ocorrer quando os frutos recebem quedas altas ou colidem com superfícies não protegidas ou com outros
frutos, ou ainda, devido ao manuseio
inadequado (Halsey, 1955).
A falta de um sistema adequado, que
promova o correto manuseio dos produtos, com utilização de embalagens
231
MD Ferreira et al.
apropriadas eleva os níveis de perdas
pós-colheita. Vilela et al. (2002) relatam que as principais razões para perdas na pós-colheita são as embalagens
(60%) e as injúrias mecânicas particularmente frutos amassados, rachados e
com cortes (14,9%). Os diferentes tipos
de embalagens utilizadas durante a cadeia de comercialização interferem diretamente sobre a qualidade do produto. Pesquisas demonstram que as caixas
de papelão e caixas plásticas são as que
proporcionam um melhor acondicionamento ao produto, com menores danos
físicos, enquanto a tradicional caixa K
é a que proporciona maiores índices de
danos mecânicos e fisiológicos (Luengo
et al.,1994; Vilela et al., 2002). Castro
et al. (2001) relatam que a caixa de papelão ondulado fornece maior proteção
contra injúrias mecânicas nos tomates,
quando comparada às embalagens plásticas e a caixa K. Tomates localizados
na parte inferior das caixas K foram os
mais prejudicados e as ripas de madeira, assim como os pregos, foram responsáveis pelos danos mais significativos.
Medições de danos físicos na póscolheita de frutas e hortaliças em simulações em laboratório já foram realizadas de diferentes formas. Em geral, a
simulação é feita utilizando um sistema
controlado de lançamentos de frutos em
uma superfície rígida ou recoberta com
material emborrachado (Bajema &
Hyde, 1995; Bruzewitz et al., 1991;
Ferreira, 1994; Maness et al., 1992;
Marshall & Burgess, 1991; Sargent et
al., 1992). Quanto à metodologia para
medição do volume do dano físico causado, algumas alternativas são relatadas
na literatura. Halsey (1955) relata para
tomate a utilização de escalas de notas
relacionadas à severidade e intensidade
do dano físico. A medição do volume
do dano em maça foi realizada cortando-a no centro da área afetada e medindo o diâmetro e a profundidade do dano
(Chen & Yazdani, 1991). Medições externas para quantificação de danos físicos já foram realizadas também para
cebola (Timm et al., 1991; Bajema &
Hyde, 1995) e pêssegos (Kunze et al.,
1975).
O objetivo deste trabalho foi caracterizar a etapa de colheita e a qualidade
do fruto no recebimento na CEASA232
Campinas, além de avaliar a incidência
de danos físicos, e perda de peso e a
qualidade dos frutos durante manuseio
desde a colheita até a comercialização
do produto.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados frutos de tomate,
cultivar Débora (Sakata Seeds) colhidos
em uma propriedade rural situada no
município de Mogi-Guaçu, Estado de
São Paulo (22o 19’ S; 46o 53’ W). Dados
do posto metereológico, mais próximo,
indicam uma temperatura média anual
de 19,6oC e uma precipitação anual de
1.565 mm. O solo foi classificado como
Latossolo Vermelho Amarelo. A cultura do tomate foi submetida ao sistema
tradicional de plantio, conduzida em
estaca de bambu, com o uso de irrigação por sulcos, com espaçamento entre
linhas de 1,0 m e entre plantas de 0,5 m.
Frutos de tomate foram colhidos por um
colhedor experiente, em cestas de bambu, com dimensões externas de 40 cm
de comprimento, 25 cm de altura e 20
cm de largura. Após o enchimento das
cestas os frutos foram transferidos para
caixas plásticas, com dimensões externas de 55 cm de comprimento, 30 cm
de altura e 35 cm de largura,
posicionadas no carreador principal de
plantio.
Analisou-se: (1) colheita, (2) recebimento em um barracão para classificação manual, (3) após classificação e
(4) comercialização do produto na
CEASA-Campinas. Nas etapas de colheita (1) e final (4), avaliou-se o diâmetro, estádio de maturidade, danos físicos e defeitos presentes nos frutos.
Para tanto, na etapa de colheita, utilizaram-se três caixas colhidas, com média
de 170 frutos cada, enquanto na etapa
de comercialização do produto na
CEASA foram caracterizadas três caixas tipo K, com média de 242 frutos
cada. Para mensuração dos diâmetros,
utilizou-se o paquímetro digital com a
medição realizada no sentido transversal do fruto. Tomates formato oblongo,
calibres entre 40 e 50 mm foram classificados como pequenos, entre 50 e 60
mm médios e acima de 60 mm grandes
(CEAGESP, 2000). Para avaliação do
estádio de maturidade utilizou-se as
Normas e Padrões de Classificação para
tomate de mesa (CEAGESP, 2000). Para
defeitos e danos físicos presentes na
colheita os frutos foram caracterizados
através de uma escala de notas, considerando (0) sem dano físico, (1) dano
físico superficial externo leve, (2) dano
físico superficial externo leve e presença de danos superficiais leves por inseto, principalmente lagarta minadora, (3)
dano físico externo grave, causado por
insetos, broca, ou pela estaca de bambu, (4) fruto deformado, (5) fruto manchado, com virose. A qualidade do produto quando do recebimento na CEASA
foi mensurada baseada na escala: (0)
fruto apropriado para consumo, (1) descarte por dano físico superficial, (2) descarte por dano físico externo grave, (3)
descarte por dano físico superficial e
grave (4) descarte por dano físico, associado a podridão e (5) descarte por
podridão.
Para avaliação dos efeitos do manuseio e transporte na qualidade dos tomates durante armazenamento os frutos
foram amostrados em quatro etapas. Inicialmente na colheita (Etapa 1), com a
retirada de amostras de 40 frutos no estádio salada (CEAGESP, 2000),
amostrados em três caixas, considerando-se cada caixa uma repetição em um
total de 120 frutos. Foi feita também a
retirada da mesma quantia de frutos (40)
diretamente da planta. O mesmo procedimento foi repetido na chegada do fruto no barracão para seleção e classificação (Etapa 2), após a classificação manual e acondicionamento em caixa K
(Etapa 3) e após envio para a CEASACampinas, embalado em caixa K (Etapa 4). A distância física do campo para
o barracão de classificação era de 1 km
e a propriedade estava distante aproximadamente 70 km da CEASA. Frutos
retirados diretamente da planta foram
transportados cuidadosamente, envoltos
individualmente em espuma em embalagens de papelão para o Laboratório de
Tecnologia Pós-Colheita da UNICAMP/
FEAGRI e armazenados à temperatura
ambiente por um período de 21 dias. Os
parâmetros utilizados para avaliação
foram perda de peso (%), danos físicos
externos (%) e qualidade final após
armazenamento. A perda de peso (%)
foi determinada pela relação entre a diHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Qualidade do tomate de mesa em diferentes etapas, da fase de pós-colheita
ferença entre o peso inicial e final, realizada periodicamente em intervalos de
três dias, iniciando-se no dia da colheita e finalizando após 21 dias de
armazenamento, à temperatura ambiente. A área externa dos frutos referente
ao dano físico foram delimitadas utilizando-se caneta marcador de cor preta,
sendo realizada dois dias após a
amostragem. Baseando-se em caracterização na literatura e nas Normas e
Padrões de Classificação (CEAGESP,
2000), os danos físicos foram identificados e divididos em duas categorias:
aqueles originados no campo de produção e aqueles provenientes do processo
de colheita. Danos físicos originados no
campo de produção são aqueles derivados da abrasão com as estacas de bambu e fios de amarrio, ataque de insetos e
distúrbios fisiológicos e nutricionais. Os
danos físicos originados no processo de
colheita são aqueles derivados da compressão do fruto contra a cesta de colheita e/ou caixa plástica, impacto do
fruto quando em queda na caixa plástica e/ou na cesta de colheita, marcas de
unhas ou dedos e compressão do
pedúnculo de um fruto contra a superfície externa de outro fruto. Após a delimitação das áreas referentes a danos físicos, as marcações foram transferidas
para papel de seda, individualizadas por
fruto. Para mensurar estas áreas utilizou
um planímetro (Keuffel & Esser Co.).
As áreas mensuradas foram comparadas
à superfície total do fruto que foi considerado como uma esfera (Mohsenin,
1986), utilizando-se a seguinte fórmula: área externa do fruto = 4 x 3,1415 x
R2 (R = raio), sendo o resultado expresso em porcentagem. A mesma
metodologia de avaliação foi utilizada
nas quatro etapas mencionadas. Para
avaliação da qualidade final após
armazenamento por 21 dias utilizou-se
uma escala de cinco pontos considerando: (0) fruto apropriado para consumo;
(1) descarte por dano físico superficial
(2) descarte por dano físico externo, (3)
descarte por dano físico com podridão
associada, (4) descarte por podridão e
(5) descarte por perda de água (seco). A
classificação quanto aos defeitos baseou-se nas Normas e Padrões de Classificação (CEAGESP, 2000).
O teste estatístico utilizado na caracterização da etapa de colheita e de
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Tabela 1. Porcentagem de frutos de tomate, cultivar Débora, em cada estágio de maturidade
e diâmetro do fruto na colheita e na comercialização na CEASA-Campinas (Tomato fruit
percentage, cv. Débora, for different maturity stages and fruit diameter during harvesting
and commercialization at CEASA-Campinas). Campinas, Unicamp, 2004.
*
Médias seguidas da mesma letra nas linhas não diferem significativamente entre si, teste da
diferença de proporções, p<0,05 (BUSSAB & MORRETIN, 2002). 1Estádios de maturidade correspondendo a 1- verde-maduro, 2-salada, 3- colorido e 4-vermelho (CEAGESP, 2000);
2
Tomates formato oblongo, calibres entre 40 e 50 mm pequenos, entre 50 e 60 mm médios e
acima de 60 mm grandes (CEAGESP, 2000).
comercialização do produto na CEASA
para as características estádio de maturidade, diâmetro e danos físicos e defeitos presentes nos frutos, e também na
comparação na avaliação da qualidade
após armazenamento foi a diferença de
proporções (Bussab & Morretin, 2002).
Valores de significância menores que
0,05 indicam que a diferença entre as
proporções é significativa. Os resultados médios obtidos para perda de peso
(%) e danos físicos (%) foram avaliados através da análise de variância em
esquema fatorial, considerando os diferentes métodos de colheita e a referência, comparando-se as médias por meio
do teste Tukey, a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização dos Frutos na colheita e no recebimento na CEASA,
Campinas-SP - Os resultados aqui apresentados dizem respeito para uma única colheita, ou seja, representam o acontecido naquela colheita, mas não devem
ser extrapolados como representativos
do sistema, já que podem variar em função de diversos fatores (temperatura,
adubação, sistema de condução das
plantas), mesmo que considerados apenas para a cultivar Débora. Para uma
melhor representação da situação, teria
sido necessário amostrar mais propriedades e com muito mais repetições, no
tempo e no espaço, por propriedade.
Estádio de Maturidade - Observouse alta porcentagem de frutos no estádio de maturidade verde-maduro (48%)
na colheita, (Tabela 1) significativamente diferente dos demais estádios de maturidade, salada (24%), colorido
(15,6%) e vermelho (11,6%). Esta maior
proporção de frutos no estádio verdemaduro influencia na qualidade do produto final. Frutos no estádio verde-maduro são menos sensíveis a danos físicos (Halsey, 1955), porém o colhedor
muitas vezes não consegue distinguir
entre frutos no estádio verde-maduro e
verde-imaturo e acabam colhendo estes
últimos, o que gerará problemas. Frutos verde-imaturos normalmente não
apresentam maturação uniforme após a
colheita (Sargent et al., 1992; Caliman
et al., 2003). Na análise para estádio de
maturidade durante a comercialização
em caixa K na CEASA-Campinas-SP,
dois dias após a colheita, observou-se
uma porcentagem considerável de frutos no estádio verde (26,3%). Por sua
vez, os estádios salada (20,7%), colorido (25,9%) e vermelho (27,3%) apresentavam porcentagens de maturidade
semelhantes, não diferindo estatisticamente dos demais quando analisado
através do método da diferença de proporções (Bussab & Morretin, 2002).
Portanto observou-se uma grande variabilidade no estádio de maturidade dos
frutos nas caixas avaliadas na CEASA,
com implicações óbvias para a subseqüente comercialização no mercado varejista desses frutos.
Diâmetros dos frutos - Na colheita
a grande maioria dos frutos avaliados
(68%) foi incluída na classe de tamanho como médio (50-60 mm)
(CEAGESP, 2000) (Tabela 1), cuja freqüência foi significativamente superior
à freqüência de frutos dos demais diâmetros, significativamente diferente dos
demais diâmetros: pequenos (<50mm)
com 11,0% e graúdos (>60 mm), 20,5%.
O tamanho do fruto pode estar relacionado à nutrição, idade da planta e tratos
233
MD Ferreira et al.
Tabela 2. Porcentagem de danos físicos em frutos de tomate cultivar Débora, em quatro
etapas: colheita, barracão de classificação manual, após classificação no barracão e CEASA
(Mechanical injury percentage in tomato fruits cultivar Débora, at four steps: harvesting,
hand sorting, after sorting and classification, and at CEASA). Campinas, Unicamp, 2004.
*Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem entre si, teste de Tukey, p< 0,05.
**Coeficiente de variação das parcelas.
Tabela 3. Porcentagem de perda de peso em frutos de tomate, cultivar Débora, armazenados
a temperatura ambiente por 21 dias (Weight loss percentage on tomatoes fruits, cultivar
Débora stored at room temperature for 21 days). Campinas, Unicamp, 2004.
**
Médias seguidas da mesma letra maiúsculas na linha e minúsculas na coluna, não diferem
estatisticamente entre si, teste de Tukey, p<0,05.
culturais (Fontes & Pereira, 2003;
Sediyama et al., 2003). Andreuccetti et
al, (2004) relatam a classificação adotada pelo mercado, sendo 1A (miúdo), 2A
(tamanho intermediário) e 3A (graúdo).
Nas caixas recebidas na CEASA, aquelas classificadas como 2A em campo,
demonstravam predominância de frutos
em dois intervalos de diâmetro: ou médio, 50-60 mm ou graúdo, 60-70 mm,
cujas freqüências foram respectivamente 55,4 e 44,0%, médio e graúdo dentro
da classificação da CEAGESP (2000).
Frutos classificados como pequenos representaram 0,8% do total. As freqüências encontradas para cada classe foram
estatisticamente distintas pelo método da
diferença de proporções (Bussab &
Morretin, 2002). Observou-se portanto
que quanto ao diâmetro dos frutos, as
caixas amostradas não se encontram dentro das normas e padrões estabelecidos
pelo PROGRAMA BRASILEIRO
PARA A MODERNIZAÇÃO DA
HORTICULTURA (2003) que indica
10% de mistura de outras classes no lote,
mas só permite nessa mistura frutos da
classe imediatamente superior ou inferior da classe declarada no rótulo.
234
Danos físicos superficiais externos
na colheita - Utilizando-se a escala de
notas para avaliação de danos físicos e
defeitos na etapa da colheita observouse que 39,8% dos frutos apresentaram
danos físicos superficiais externos leves,
freqüência que foi significativamente
diferente das demais frequências de danos nos frutos quando analisado pelo
método da diferença de proporções
(Bussab & Morretin, 2002). Como além
desses frutos, 16,8% apresentam danos
físicos causados por insetos, foi evidente
que mais da metade dos frutos apresentaram algum tipo de dano externo após
a colheita. A não presença de danos físicos foi constada em 30,85%. Danos
graves estão presentes em 5,51% dos
frutos; deformados em 3,03% e manchas
provenientes de viroses aparecem em
4% dos frutos.
Qualidade do Produto recebido na
CEASA - Observou-se que 68,9% dos
frutos encontravam-se adequados para
consumo, freqüência significativamente superior às das demais classes de frutos quando analisadas pelo método da
diferença de proporções (Bussab &
Morretin, 2002). Cerca de 5,22% dos
frutos foram descartados devido a danos físicos superficiais; 3,8% pela presença de danos físicos graves, 21,3%
pela associação de ambos e 1% devido
à presença de podridões. O principal
problema encontrado foi a presença de
danos físicos superficiais e graves ocasionados principalmente por abrasão de
um fruto contra outro e com a caixa de
madeira, tipo K. Castro et al. (2001) relatam que as ripas de madeira, assim
como os pregos são responsáveis pelos
danos mais significativos causados pela
caixa K.
Efeitos do manuseio e transporte
nas diferentes etapas após a colheita
Danos físicos - Nas avaliações realizadas em laboratório, observou-se freqüências significativamente mais altas
na incidência de danos físicos (%) desde a colheita até o recebimento do produto na CEASA-Campinas (Tabela 2).
Os tomates colhidos diretamente das
plantas apresentaram porcentagem de
danos físicos provenientes de campo
inferior às demais medições (1,01%).
Comparando-se a etapa da colheita com
o produto recebido na CEASA, observa-se um aumento em até quatro vezes
na porcentagem em danos físicos. Na
etapa da colheita os danos físicos eram
ocasionados principalmente pela
abrasão pelas cestas de bambu e caixas
plásticas. Na etapa 2, o transporte ocorria para o barracão de classificação através de carreta acoplada a um trator em
uma distância relativamente curta,
mensurada em 1000 metros. Todavia, a
distância foi suficiente para contribuir
para aumentar a porcentagem de frutos
apresentando danos físicos. Os frutos,
conforme mencionado anteriormente,
eram classificados manualmente e colocados em caixas de madeira, tipo K
(etapa 3). Mesmo não estando submetidos ao transporte, ocorreu aumento na
incidência em danos físicos somente
devido ao processo de embalamento. No
recebimento na CEASA-Campinas,
após transporte proveniente da região de
Mogi-Guaçu (distância aproximada de
70 km), notou-se novamente um aumento significativo nos danos físicos, não
só relacionados à embalagem, mas também ao transporte e descarregamento na
CEASA. A embalagem utilizada, caixa
K, contribuiu para o aumento em danos
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Qualidade do tomate de mesa em diferentes etapas, da fase de pós-colheita
físicos, mas o manuseio não cuidadoso
e o transporte também concorreram para
este incremento.
Perda de Peso - Para os danos físicos também como para a perda de peso
observou-se valores significativamente
mais altos durante o manuseio dos frutos e também durante o armazenamento
(Tabela 3). Frutos retirados diretamente da planta, submetidos a um menor
manuseio, demonstraram a menor perda em peso (Tabela 3). Frutos
amostrados na CEASA-Campinas, após
o completo manuseio tradicional póscolheita apresentaram as maiores perdas de peso, significativamente diferente
das demais etapas.
Qualidade - Quanto à qualidade dos
frutos após armazenamento por 21 dias,
observou-se que a porcentagem de frutos aptos para consumo foi diminuindo
à medida que estes eram submetidos a
manuseio mais intenso. Após armazenagem, frutos retirados diretamente da
planta demonstravam ainda estarem aptos para consumo (45%) quando comparados aos frutos que passaram pelas
etapas de colheita (29,2%), barracão de
classificação manual (20%), classificação (15%) e CEASA (5,8%). O descarte devido a danos físicos superficiais ou
graves, associado ou não a podridões
crescentes, atingiu maiores valores na
etapa final CEASA, onde 78,3% dos frutos apresentavam injúrias externas graves. O sistema atualmente em uso contribui para o aumento dos danos físicos
e conseqüente aumento das perdas na
qualidade. Sargent et al. (1992) já havia constatado que a incidência de danos físicos pode ser crescente durante o
processo.
Considerações finais - Pelos resultados apresentados, observou-se no atual
sistema, com o uso da caixa K, um incremento em danos físicos (%) durante
o beneficiamento, transporte e
comercialização, devido ao manuseio
inadequado e embalagens não apropriadas, com perdas na qualidade do toma-
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
te. A incidência de danos físicos também foi observada em campo. Perdas
indiretas também são observadas neste
sistema, devido à apresentação no final
da cadeia produtiva de tomates em diferentes estádios de maturação, que não
são de total utilização pelo consumidor
final. Uma intervenção através de cursos e treinamentos das pessoas envolvidas na cadeia produtiva pode auxiliar na
diminuição das perdas e melhoria da
qualidade do produto final.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à FAPESP,
projeto 02/00645-7, e ao produtor Sr.
Mauro Adorno e funcionários, MogiGuaçu, SP.
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235
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melão pele-de-sapo em duas densidades de plantio. Horticultura Brasileira 26: 236-239.
Produtividade e qualidade de frutos de melão pele-de-sapo em duas densidades de plantio
Glauber Henrique de S Nunes; Elaíne WL Pereira; Rui Sales Júnior; Francisco Bezerra Neto; Kelly
Cristina de Oliveira; Luciene X Mesquita
1
UFERSA, C. Postal 137, 59625-900 Mossoró-RN; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Existem dúvidas se a densidade utilizada no melão amarelo permite a colheita de frutos do tipo pele-de-sapo adequados para o mercado externo. Dois experimentos foram instalados com o objetivo
de avaliar híbridos de melão do tipo pele-de-sapo, em duas densidades de plantio, 10 e 15 mil plantas ha-1. No primeiro experimento
foram avaliados os híbridos Sancho, PS 07 e Tendency, e, no segundo, os híbridos PS RDR, PS 10, PS 15, PS 21 e PS 32. Utilizou-se
delineamento em blocos ao acaso, com quatro repetições. Os tratamentos foram arranjados em parcelas subdivididas, com o fator densidade disposto na parcela e, o fator híbrido, na sub-parcela. As subparcelas foram compostas por 16 e 24 plantas na área útil, no primeiro e no segundo experimentos, respectivamente. Não houve
interação significativa entre híbridos e densidade de plantio. A produtividade e número total de frutos na densidade de plantio de 15.000
plantas ha-1 foram maiores, com valores médios de 38,95 t ha-1 e
23,05 mil frutos ha-1, respectivamente. A firmeza da polpa e o teor
de sólidos solúveis totais não foram influenciados pela densidade de
plantio. Por sua vez, os híbridos diferiram para as características
número total de frutos, produtividade, firmeza da polpa e teor de
sólidos solúveis totais. Os híbridos Sancho e Tendency, com boa
produtividade (31,3 e 32,9 t ha-1, respectivamente) e frutos de tamanho superior a 3,0 kg, com boa firmeza (28 e 27 N, respectivamente) e teor de sólidos (9,33 e 12,03%) acima do limite aceito para
comercialização, se sobressaíram no experimento I; enquanto os híbridos PS 15 e PS 32 se destacaram, pelas mesmas características
(respectivamente, 36,6 e 41,3 t ha-1; frutos com 3,10 e 3,02 kg, com
firmeza de 27 e 28 N e porcentagem de sólidos solúveis de 12,03 e
9,96%), no segundo experimento. Ressalta-se, porém, que o híbrido
PS 32 apresentou um maior número de frutos (25,2 mil ha-1) que o
híbrido PS 15 (19,7), embora este tenha sido o material cujos frutos
apresentaram a maior porcentagem de sólidos totais.
Fruit yield and quality of Piel de Sapo melon in two planting
densities
Palavras-chave: Cucumis melo, competição de cultivares, híbridos,
manejo cultural.
There are doubts whether the planting density used for Yellow
melon allows harvesting Piel del Sapo fruits that meet the standards
of foreign markets. Two experiments were carried out to evaluate
Piel de Sapo hybrids in two planting densities, 10 and 15 thousand
plants ha-1. Hybrids Sancho, PS 07, and Tendency were evaluated in
the first experiment, while hybrids PS RDR, PS 10, PS 15, PS 21,
and PS 32 were evaluated in the second experiment. The experimental
design used was blocks at random, with four replications. Treatments
were arranged in split-plot, with planting densities assigned to plots
and hybrids to sub-plots. Sub-plots had 16 and 24 plants in the useful
area in the first and the second experiments, respectively. There was
no significant interaction between planting densities and hybrids in
none of the assessed traits. Fruit yield and total number were
significantly higher in the planting density of 15,000 plants ha-1,
with mean values of 38.95 t ha-1 and 23.05 thousand fruits ha-1,
respectively, in comparison to 10,000 plants ha-1. Pulp firmness and
total content of soluble solids were not influenced by planting density.
There were significant differences among hybrids for fruit total
number, yield, pulp firmness and total content of soluble solids. In
the first experiment, hybrids Sancho and Tendency had the best
performance, with fruit yields of respectively 31.3 and 32.9 t ha-1,
with average weight over than 3.0 kg, pulp firmness of 28 and 27 N,
respectively, and soluble solids contents of 9.33 and 12.03%,
therefore above the market limit. In the second experiment, hybrids
PS 15 and PS 32 outstood, with yields of 36.6 and 41.3 t ha-1,
respectively, fruit weight of 3.10 and 3.02 kg, pulp firmness of 27
and 28 N, respectively, and soluble solids contents of 12.03 and
9.96%. Worth mentioning that hybrid PS 32 produced significantly
more fruits (25.2 thousand fruits ha-1) as compared to hybrid PS 15
(19.7 thousand fruits ha-1).
Keywords: Cucumis melo, cultivar evaluation, hybrids, crop
practices.
(Recebido para publicação em 15 de janeiro de 2007; aceito em 29 de maio de 2008)
O
cultivo do melão é a principal atividade do agronegócio no Rio
Grande do Norte. O Estado potiguar é o
maior produtor e exportador brasileiro
dessa cucurbitácea. Em 2003, o Brasil
produziu 349.498 t, sendo o estado responsável por 192.421 t, o que
correspondeu a 55,1% da produção nacional (IBGE, 2004).
Embora a maior parte do melão produzido no estado seja do tipo amarelo,
236
nos últimos anos tem aumentado a área
de cultivo do melão pele-de-sapo, em
razão da boa cotação do produto na Europa. Sales Júnior et al. (2004) relatam
que aproximadamente 11% dos frutos
de melão exportados pelo porto de Natal em 2002 pertenciam ao tipo pele-desapo. Com a crescente demanda do mercado exterior, a tendência é o aumento
da área de cultivo com o melão pelede-sapo.
O mercado europeu exige frutos de
melão amarelo com pesos entre 1,5 e 1,8
kg. No caso do melão pele-de-sapo, a
exigência é por frutos grandes, em torno de 3,5 kg, em especial no mercado
espanhol. As práticas de cultivo utilizadas no Agropolo Mossoró-Assu estão
bem definidas para o melão amarelo. Por
outro lado, existem poucos artigos na
literatura sobre as práticas de cultivo
com o melão tipo pele-de-sapo. Com
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Produtividade e qualidade de frutos de melão pele-de-sapo em duas densidades de plantio
relação à densidade de semeadura, por
exemplo, os artigos contemplam, principalmente, o melão amarelo e o
cantaloupe (Paris et al., 1988; Grangeiro
et al., 1999a, 1999b; Silva et al., 2003;
Chaves et al. 2004). Existem dúvidas,
por parte dos produtores, se a densidade utilizada no melão amarelo vai permitir a colheita de frutos do tipo pelede-sapo com o tamanho comercial exigido pelo mercado externo.
Ainda há carência de informações
sobre as cultivares recomendadas para
a região, com poucas opções disponíveis para os produtores. Além disso, as
cultivares atualmente utilizadas não foram avaliadas nas diversas condições de
cultivo do pólo agrícola Mossoró-Assú.
Considerando que a cada ano são lançados muitos híbridos no mercado, é
fundamental que os mesmos sejam avaliados in loco, uma vez que a adoção de
genótipos sem uma avaliação prévia
pode acarretar prejuízos na produtividade e qualidade do produto (Nunes et al.,
2004). O objetivo do presente trabalho
foi avaliar a produtividade e qualidade
de frutos de melão pele-de-sapo em duas
densidades de semeadura.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no município
de Mossoró (RN) no ano agrícola de
2001. O clima da região, segundo a classificação de Koppen, é BSWh ou muito
seco, com estação de chuva no verão
atrasando-se para o outono (Carmo Filho & Oliveira, 1989).
Dois experimentos foram instalados
no mês de julho, em áreas contíguas, na
Horta da Universidade Federal Rural do
Semi-árido (UFERSA), para avaliar híbridos de melão do tipo pele-de-sapo em
duas densidades de plantio. No experimento I, foram avaliados os híbridos
Sancho, PS 07 e Tendency, e, no experimento II, os híbridos PS RDR, PS 10,
PS 15, PS 21 e PS 32. Todos os híbridos
têm expressão sexual andromonóica e
possuem frutos oblongos, com casca
verde e polpa branca. As densidades de
plantio utilizadas foram 10.000 e 15.000
plantas ha-1.
O preparo do solo constou de uma
aração e uma gradagem, seguido de
sulcamento em linhas espaçadas de 2 m,
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
com profundidade de aproximadamente 20 cm. A adubação de fundação foi
realizada em sulcos, nas seguintes dosagens: esterco bovino = 12 t ha-1, formulação (6-24-12) = 600 kg ha -1 ,
superfosfato simples = 160 kg ha-1 e
calcário = 90 kg ha-1. Os adubos foram
incorporados com enxada rotativa. As
adubações de cobertura foram realizadas em fertirrigação, diariamente, seguindo a necessidade da cultura. As
quantidades totais utilizadas no final do
ciclo foram: nitrato de amônio = 250 kg
ha-1, cloreto de potássio = 450 kg ha-1,
uréia = 90 kg ha-1 e ácido fosfórico = 90
L ha-1 . As adubações foliares constaram
de aplicações de 20 L ha-1 da formulação 8% Ca e 2% B. Foram realizadas
capinas manuais até 30 dias após o
transplantio. O controle fitossanitário foi
feito aplicando-se inseticida semanalmente, até 35 dias após o transplantio
para combater a mosca-branca (Nunes
et al., 2005). Os frutos foram colhidos
manualmente com o auxílio de canivete, colocados em caixas plásticas e enviados para o Laboratório de Química e
Pós-colheita da UFERSA.
Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados com quatro repetições.
No primeiro experimento, a parcela foi
composta por doze linhas de cinco
metros e, no segundo, por quinze linhas
de cinco metros. Os tratamentos foram
arranjados em parcelas subdivididas,
com o fator densidade nas parcelas e, o
fator híbrido, nas sub-parcelas. A subparcela, no primeiro experimento, foi
formada por quatro linhas, com as duas
fileiras centrais correspondendo à área
útil. No segundo experimento, a área útil
da subparcela foi composta por três fileiras.
Foram avaliados: a) número total de
frutos (contagem do número de frutos
da área útil da parcela); b) peso médio
dos frutos (média do peso de 20 frutos
por parcela, avaliado em balança de precisão); c) produtividade (pesagem e contagem dos frutos produzidos); d) firmeza da polpa [o fruto foi dividido longitudinalmente e em cada parte foi medida a resistência, utilizando um
penetrômetro com pluger de ponta
cônica de 8 mm de diâmetro, aplicado
na região mediana comestível de cada
parte do fruto (duas leituras por fruto
em regiões diferentes), eqüidistante em
relação ao comprimento e à espessura
da polpa]; e) teor de sólidos solúveis
[através de refratometria digital com
compensação de temperatura automática (escala de 0 a 32%), pela amostragem
de uma fatia de 20 frutos por parcela,
efetuando-se duas leituras por fruto].
Os dados foram submetidos à análise de variância, com posterior aplicação do teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade para o agrupamento de média dos híbridos e teste t para densidade
de plantio. Para a realização das análises estatísticas foi utilizado o programa
SISVAR (Ferreira, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não se observou interação significativa entre os fatores densidade de
plantio e híbrido, indicando comportamento consistente dos híbridos nas duas
densidades de plantio avaliadas. Resultado semelhante também foi observado
por Chaves et al. (2004), estudando a
combinação de dois híbridos de melão
(Honey Dew e Hy Mark) e quatro densidades de plantio (20, 30, 40 e 50 mil
plantas ha-1).
Nos dois experimentos, observou-se
efeito da densidade de plantio apenas
para as características número total de
frutos e produtividade (Tabela 1). O
número total de frutos por ha foi maior
na densidade de plantio de 15 mil plantas ha-1, sem contudo ser observada redução significativa no peso médio dos
frutos em função do aumento da densidade de plantio (Tabela 1). Avaliando a
influência da densidade de plantio sobre híbridos de melão amarelo em
Mossoró, Grangeiro et al. (1999a) observaram que o aumento da densidade
proporcionou maior número de frutos
por hectare para os híbridos Gold Mine,
AF-646 e XPH 13096. Silva et al.
(2003), também na região de Mossoró,
verificaram aumento do número de frutos do híbrido Gold Pride em densidades maiores.
Em conseqüência, a produtividade
foi maior no plantio mais adensado (Tabela 1), confirmando os resultados obtidos por Grangeiro et al. (1999a),
Resende & Costa (2003) e Silva et al.
(2003). Não obstante, Pereira et al.
237
GHS Nunes et al.
Tabela 1. Número total, peso médio e produtividade de frutos de melão tipo pele-de-sapo
em duas densidades de plantio (fruit total number, average weight, and yield of piel de sapo
melon, in two planting densities). Mossoró, UFERSA, 2001.
Médias seguidas de mesma letra nas colunas, em cada experimento, não diferem entre si
pelo teste de Scott-Knott, p < 0,05 (Means followed by the same letter in the column, in each
experiment, do not differ from each other by the Scott-Knott test, p < 0.05). 1/ NTF = número total de frutos (fruit total number); 2/ PM = peso médio do fruto (fruit average weight); 3/
PROD = produtividade (yield).
Tabela 2. Número total, peso médio, firmeza da polpa e teor de sólidos solúveis de frutos
de melão pele-de-sapo, em duas densidades de plantio (Fruit total number, average weight,
yield, pulp firmness, and content of soluble solids of piel de sapo melon, in two planting
densities). Mossoró, UFERSA, 2001.
Médias seguidas de mesma letra nas colunas, em cada experimento, não diferem entre si
pelo teste de Scott-Knott, p < 0,05 (Means followed by the same letter in the column, in each
experiment, do not differ from each other by the Scott-Knott test, p < 0.05). 1/ NTF = número total de frutos (fruit total number); 2/ PM = peso médio do fruto (fruit average weight); 3/
PROD = produtividade (yield); 4/ FP = firmeza da polpa (pulp firmness); 5/ SST = teor de
sólidos solúveis (content of soluble solids).
(2003) e Chaves et al. (2004) observaram decréscimo na produtividade com
o aumento da densidade. Deve ser ressaltado que, dependendo da cultivar, o
aumento de produtividade é crescente
até determinada população de plantas,
a partir da qual há um decréscimo na
produtividade. Isso ocorre em razão da
competição excessiva entre as plantas
por água, nutrientes e radiação solar,
devido o aumento do índice de área foliar. O índice de área foliar aumenta com
o desenvolvimento da planta e com o
número de plantas na área, variando em
função das condições edafo-climáticas
(Holiday, 1969). O aumento da produtividade deveu-se ao maior número de
frutos produzidos, uma vez que o peso
médio do fruto não diferiu nas duas densidades. Robinson & Decker-Walters
(1997) comentam que em cucurbitáceas
238
a produtividade depende tanto do número total de frutos como o tamanho do
fruto e que o adensamento da cultura
proporciona maior número de frutos e
menor peso médio, devido às pressões
de competição entre plantas.
Os resultados obtidos com os híbridos foram bastante satisfatórios para a
região. A produtividade de meloeiro no
Nordeste tem um intervalo de variação
entre 17 e 30 t ha-1 (Dias et al., 1998).
No caso do melão pele-de-sapo, Nunes
et al (2005) verificaram produtividades
entre 27 e 52,4 t ha-1, com média de 38,0
t ha-1. No presente trabalho, nos dois
experimentos, a média dos híbridos foi
superior a 30 t ha-1, com destaque para
os híbridos Sancho e Tendency, no experimento I, e PS 15, PS 21 e PS 32, no
experimento II (Tabela 2). No experimento I, observou-se que os híbridos
Sancho e Tendency produziram maior
número de frutos que o híbrido PS 07,
enquanto no experimento II sobressaiuse o híbrido PS 32 (Tabela 2).
Dos aspectos internos do fruto, a firmeza da polpa é essencial, uma vez que
é uma das características que determinam o tempo de vida útil pós-colheita
de uma cultivar (Menezes et al., 2001).
A experiência tem mostrado que frutos
de melão do tipo pele-de-sapo quando
colhidos com firmeza de polpa na faixa
de 26 a 28 N chegam às prateleiras européias com boa conservação pós-colheita. Com efeito, pode-se inferir, a
partir das estimativas das médias de firmeza da polpa do presente trabalho, que
apenas os frutos dos híbridos PS 07 (experimento I) PS 21 (experimento II) não
estariam adequados para exportação
(Tabela 2).
O teor de sólidos solúveis tem sido
apontado como a característica mais
importante da qualidade de fruto de
melão (Artés et al., 1993). Segundo
Alves et al. (2000), o teor de sólidos
solúveis totais recomendado para o melão pele-de-sapo é de 11%. Todavia, na
prática tem sido adotado o valor mínimo de 9,0% para comercialização dos
vários tipos de melão (Sales Júnior et
al., 2004). No presente trabalho, o híbrido Tendency foi o de maior destaque
para essa característica no experimento
I, enquanto os híbridos PS 10 e PS 15
se destacaram no experimento II. A
maioria dos híbridos apresentou estimativas do teor de sólidos totais próximas
do valor mínimo (9,0%), com exceção
do híbrido PS RDR, embora não tenha
diferido significativamente dos demais
híbridos incluídos em seu grupo (Tabela 2). É possível afirmar, portanto que,
em relação ao teor de sólidos totais, todos os híbridos avaliados poderiam ser
comercializados no mercado externo.
De modo geral, os híbridos Sancho
e Tendency, com boa produtividade e
frutos de tamanho superior a 3,0 kg, com
boa firmeza e teor de sólidos acima do
limite aceito para comercialização, se
sobressaíram no experimento I; enquanto os híbridos PS 15 e PS 32 se destacaram, pelas mesmas características, no
segundo experimento. Ressalta-se, porém, que o híbrido PS 32 apresentou um
maior número de frutos que o híbrido
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Produtividade e qualidade de frutos de melão pele-de-sapo em duas densidades de plantio
PS 15, embora este tenha sido o material cujos frutos apresentaram a maior
porcentagem de sólidos totais. Pelos resultados obtidos, recomenda-se a densidade de plantio de 15.000 plantas ha-1.
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resistência à Mosca minadora em crisântemo usando composto silicatado. Horticultura Brasileira 26: 240-243.
Indução de resistência à Mosca minadora em crisântemo usando composto silicatado
Ricardo Antônio Polanczyk; Dirceu Pratissoli; Henrique de Sá Paye; Victor A Pereira; Fabíola LS Barros;
Regina GS Oliveira; Renato R Passos; Sebastião Martins Filho
CCA/UFES, Alto Universitário s/n, 29500-000 Alegre–ES; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Avaliou-se o uso de um composto silicatado (escória siderúrgica) como forma de induzir a resistência ao ataque da mosca minadora
(Liriomyza spp) em duas cultivares de crisântemo. A pesquisa foi
desenvolvida na empresa Tristão Flores, Iúna (ES), sob estufas plásticas. Os tratamentos foram dispostos no delineamento inteiramente
casualizado, em um esquema de parcelas subsubdivididas, com cinco repetições, sendo alocadas nas parcelas duas cultivares de crisântemo (Polar Branco e Polar Amarelo), nas subparcelas cinco doses
de escória siderúrgica (0; 1,40; 2,80; 4,20 e 5,60 g por vaso) e na
subsubparcela as semanas. Avaliaram-se as larvas vivas de mosca
minadora e o número de folhas minadas, semanalmente, por um
período de nove semanas. Os resultados mostram a potencialidade
do uso de escória siderúrgica no controle da mosca minadora. A
cultivar Polar Branco apresentou menor suscetibilidade ao ataque
de mosca minadora, com o menor número de folhas minadas e menor número de larvas vivas.
Silicate compost used as resistance inductor against the
leafminer on chrysanthemum
Palavras-chave: Liriomyza spp., Dendranthema grandiflorum
Tzvelev, inseto-praga, manejo.
The silicate compost (basic slag from metallurgy) use was
evaluated as a resistance inductor against leafminer (Liriomysa spp)
on two chrysanthemum cultivars. The experiment was carried out in
a greenhouse, in Espirito Santo State, Brazil. The experimental design
was completely randomized, in split split plot scheme, with five
repetitions, being two varieties of chrysanthemum (Puritan and
Yellow Diamond) allocated in the plot and in the subplot five doses
of basic slag (0.00; 1.40; 2.80; 4.20 and 5.60 g pot -1) and in the
subsubplot the weeks. The evaluations were carried out weekly,
during nine weeks, observing the presence of leafminer and the
number of mines in each leaf. The basic slag from metallurgy showed
to be potential against the leafminer. The two chrysanthemum
cultivars also showed differences in susceptibility to leafminer attack.
Keywords: Liriomyza spp., Dendranthema grandiflorum Tzvelev,
pest management.
(Recebido para publicação em 20 de abril de 2007; aceito em 11 de abril de 2008)
A
floricultura ganha expressão, por
sua relevante contribuição tanto
econômica como tecnológica, caracterizando-se como uma atividade representativa no agronegócio brasileiro. A
cultura do crisântemo (Dendranthema
grandiflorum Tzvelev) possui grande
importância na floricultura brasileira e
seu cultivo tem aumentado em todo país.
O cultivo do crisântemo em vaso
ocupa o primeiro lugar no mercado nacional, respondendo por aproximadamente 80% da produção total. O segundo lugar é ocupado pelo cultivo chamado “de corte” (Fernandes, 1996). Suas
flores têm grande aceitação de mercado, sendo por isso considerada uma das
plantas ornamentais de maior valor comercial (Mainardi et al., 2004). Entretanto, esta cultura vem se mostrando
bastante suscetível ao ataque de insetospraga, e em especial, da mosca minadora
(Liriomyza spp Diptera: Agromyziidae).
Devido às galerias feitas pelas larvas no
mesófilo foliar, a qualidade da planta
fica comprometida (Gallo et al., 2002).
240
No caso da planta cultivada em ambiente
protegido, o aparecimento da praga,
pode ocorrer em qualquer período, o que
aumenta a depreciação do produto.
O controle preventivo é feito através de pulverizações no início da cultura com inseticidas sintéticos, o que aumenta o custo de produção e pode prejudicar a qualidade do meio ambiente e
a saúde do produtor e consumidor. Além
disso, o uso indiscriminado desses produtos pode levar ao surgimento da resistência a campo. Desta forma, faz-se necessário o estudo de táticas de controle
menos agressivas ao meio ambiente e que
proporcionem uma elevada produção,
viabilizando economicamente e
ambientalmente o cultivo do crisântemo.
Nos últimos anos o silício tem despertado a atenção e o interesse de pesquisadores de todo mundo; estudos recentes têm mostrado que o silício pode
estimular o crescimento e a produção
vegetal por meio de várias ações diretas
e indiretas, propiciando proteção contra fatores abióticos, como estresse
hídricos, toxidez de alumínio, ferro, entre outros (Adatia & Besford, 1986), e
bióticos, como a incidência de doenças
e de insetos-praga (Epstein, 1994). O
silício pode promover menor incidência de patógenos e aumento na proteção
contra herbívoros, incluindo os insetos
fitófagos, por meio da formação de barreiras mecânicas e/ou pela alteração das
respostas bioquímicas da planta ao ataque do parasita, aumentando a síntese
de toxinas que podem agir como substâncias inibidoras ou repelentes
(Dannon & Wydra, 2004; Epstein, 1994;
Marschner, 1988). Blum (1968), analisando a resistência mecânica de
plântulas de sorgo à penetração de larvas da mosca Atherigona varia soccata
(Rond.) (Díptera: Muscidae), observou
que barreiras mecânicas incluem mudanças na anatomia das plantas, como
células epidérmicas mais grossas e um
grau maior de lignificação e/ou
silicificação (acúmulo de silício). A
sílica amorfa ao acumular-se nas células da camada epidérmica forma uma
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Indução de resistência à Mosca minadora em crisântemo usando composto silicatado
Tabela 1. Número de larvas vivas (NLV) e número de folhas minadas (NFM) por Liriomyza spp em crisântemo (Dendranthema grandiflorum)
cultivar Polar Branco e Polar Amarelo durante nove semanas de avaliação (1). Alegre, UFES, 2005.
(1)
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste “t”.
barreira física estável à penetração de
alguns tipos de fungos e ao ataque de
insetos-praga. Neste aspecto, o papel do
silício incorporado à parede celular torna-se semelhante ao da lignina, que é
um componente estrutural resistente à
compressão. Dessa forma, a aplicação
de silício na cultura do crisântemo poderá elevar o grau de resistência das
plantas e consequentemente, reduzir a
infestação e os prejuízos causados por
Liriomysa spp.
Entre os produtos utilizados com
maior freqüência como fontes de silício
na agricultura estão os silicatos de potássio, produtos especialmente desenvolvidos para aplicações foliares e as
escórias siderúrgicas, que são aplicadas
ao solo e adicionam significativas quantidades de silício ao solo entre outros
nutrientes.
Assim, as perspectivas de utilização
da escória siderúrgica no manejo de insetos-praga são ótimas devido ao baixo
custo, facilidade de adoção e compatibilidade desta tática com outros métodos de controle, contribuindo para uma
produção voltada ao contexto da agricultura sustentável. Este trabalho
objetivou o uso de um composto
silicatado (escória siderúrgica) como
forma de induzir a resistência ao ataque
da mosca minadora (Liriomyza spp) em
duas cultivares de crisântemo.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida no Município de Iúna (ES), em estufas plásticas, utilizando-se vasos de 1,3 L, preenchidos com substrato (solo + composto orgânico + areia), aplicando-se como
fonte de silício, uma escória siderúrgica, silicato de cálcio e magnésio em pó
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
(23% SiO2, 36% CaO e 6% MgO) nas
doses: 1 = 0 (sem aplicação de escória);
2 = 1,40 g de escória por vaso; 3 = 2,80
g de escória por vaso; 4 = 4,20 g de escória por vaso e 5 = 5,60 g de escória
por vaso, incorporadas ao substrato antes do plantio procedendo-se a incubação dos vasos durante 30 dias. Após o
período de incubação foi feita à leitura
do pH em água (1:2,5) do substrato dos
vasos. Os tratamentos, com cinco repetições, foram dispostos em delineamento
inteiramente casualizado, em esquema
de parcelas subsubdivididas, onde as
cultivares compreenderam a parcela, as
doses a subparcela e as semanas a
subsubparcela, totalizando 50 unidades
experimentais. Foram utilizadas as cultivares Puritan (“Polar Branco”) e
Yellow Diamond (“Polar Amarelo”),
adquiridas da Holambra.
As plantas foram propagadas por
estaquia e tratadas com 1000 mg L-1 de
ácido indol-butírico. As estacas foram
colocadas nos vasos com os diferentes
tratamentos e mantidas por três semanas em estufa de enraizamento. Em cada
vaso foram colocadas seis estacas. Decorridas as três semanas, os vasos foram transferidos para as estufas de produção, onde foram repicadas, regulando a altura das plantas, induzindo a
brotação lateral. A adubação foi realizada na forma de fertirrigação, utilizando como fonte de nutrientes o nitrato de
amônio, MAP e nitrato de potássio, na
formulação 25-05-20 (% N-P-K).
Os tratos culturais (desbrota, uso de
reguladores de crescimento e manejo da
fertirrigação) foram os mesmos
adotados no cultivo comercial da empresa, com exceção apenas do controle
da praga. Aplicou-se semanalmente o
silicato de potássio (via foliar), na do-
sagem de 4 g L-1 para todos os tratamentos, com exceção apenas do tratamento
que recebeu a dose 1 de escória. A aplicação de silicato de potássio é uma forma de aumentar a chance de formação
de uma barreira física estável, uma vez
que não se sabe se o crisântemo é uma
planta acumuladora de silício e, portanto, a aplicação foliar aumenta as chances
de absorção e polimerização do silício
na epiderme foliar.
As avaliações do número de folhas
minadas e do número de larvas vivas de
Liriomyza spp foram realizadas semanalmente, durante nove semanas. Os
dados foram submetidos à análise de
regressão linear e análise de variância,
e as médias comparadas pelo Teste de
“t”, a 5 % de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve diferença entre as cultivares
de crisântemo quanto ao número de folhas minadas (NFM) e o número de larvas vivas (NLV). A cultivar Polar Branco foi a que apresentou menor
suscetibilidade ao ataque da mosca
minadora, verificando-se menor NFM
e NLV ao longo do período de avaliação (Tabela 1). Essa maior resistência
e/ou tolerância apresentada pela cultivar Polar Branco pode ser atribuída provavelmente a fatores genéticos, uma vez
que as cultivares receberam tratamentos iguais e obtiveram respostas diferentes. Deren et al. (1992) afirmam que as
plantas diferem bastante na sua capacidade de absorver o silício, com o
envolvimento de genes aditivos ou não
aditivos no mecanismo de absorção do
silício, como é o caso do arroz. Assim,
até mesmo genótipos de uma mesma
espécie podem apresentar concentrações
241
RA Polanczyk et al.
Figura 1. Número de larvas vivas (NLV) de mosca minadora (Liriomyza spp) em folhas de
crisântemo (Dendranthema grandiflorum Tzvelev) em função da época de avaliação e das
diferentes doses de escória. Alegre, UFES, 2005.
variadas de silício, respondendo de
modo distinto à aplicação do elemento
(Winslow, 1992). Dessa forma, mesmo
sendo geneticamente controladas, a resistência e a tolerância podem ser bastante influenciadas por fatores
nutricionais da planta, e neste caso, o
envolvimento do silício parece ter um
papel importante nas relações plantaambiente.
Não foi observado efeito significativo das doses da escória aplicadas, bem
como da interação doses x cultivares,
doses x semanas na redução do número
de folhas minadas. Contudo, verificouse efeito significativo para doses de escória, com referência ao NLV após nove
semanas de avaliação, não sendo possível obter o ajuste da equação de regressão para a dose de escória de 4,20 g por
vaso (Figura 1). A dose de escória de
2,80 g por vaso foi a que promoveu
maior redução do número de larvas vivas encontradas ao longo das nove semanas. Resultados semelhantes foram
observados por Parrella et al. (2006)
usando aplicações foliares de silicato de
potássio. De acordo com esse trabalho
a adição de 200 mg L-1 de silicato de
potássio em plantas de crisântemo teve
efeito significativo na redução do número de larvas vivas de mosca minadora
em relação à testemunha avaliadas ao
longo de seis semanas, com correlação
negativa entre doses de silício e NLV.
242
Os mesmos autores descrevem que foram observados maiores teores de silício acumulado nas folhas do crisântemo quando se aplicou maiores doses de
silicato de potássio, porém este não reduziu significativamente o NLV.
Winslow (1992) e Deren et al. (1994)
descrevem que o acúmulo de Si possivelmente contribui para a resistência às
doenças e insetos , embora, nem sempre plantas com altos conteúdos de Si
acumulados apresentem resistência. Fatores físicos, bioquímicos, além da genética, podem também influenciar a resistência a insetos e esses devem ser
identificados (Savant et al., 1997). A
maior dose (5,60 g por vaso) apresentou desempenho inferior à dose de 2,80
g por vaso, provavelmente devido à elevação do pH do substrato, o qual atingiu valores de 7,8. Segundo Korndorfer
(2007), as escórias, além de serem as
principais fontes de silício para o solo,
são também utilizadas como corretivos
da acidez, isto é, têm a capacidade de
neutralizar a acidez do solo e produzir
o ácido monossilícico (H4SiO4), que é a
principal forma de silício absorvido pelas plantas. Assim, a sua aplicação e sua
respectiva dissolução eleva o pH do solo
e os teores de cálcio e magnésio, permitindo além da reposição destas bases no
complexo de troca, a neutralização do
alumínio trocável. Com o aumento do
pH, a atividade de silício em solução
tende a aumentar. No entanto a atividade do cálcio em solução tende a diminuir (Lindsay, 2001), podendo influenciar na disponibilidade de cálcio para as
plantas e seu fluxo para o citoplasma.
Isto poderá afetar a estabilidade das
biomembranas, alterando a resistência
da parede celular (Taíz & Zeiger, 2004).
Como o cálcio, o magnésio e os micronutrientes podem também diminuir suas
atividades com o aumento do pH, que
por sua vez pode influenciar na
biossíntese da clorofila, já que esses
nutrientes funcionam como constituintes de estruturas orgânicas, predominantemente envolvidas na função catalítica
de enzimas (Taíz & Zeiger, 2004). Dessa forma, a falta ou excesso de um ou
mais destes nutrientes influencia não só
o crescimento e a produtividade, mas
também pode afetar a resistência ou a
tolerância da planta a doenças e pragas.
Ressalta-se que os trabalhos que abordam o efeito do silício no manejo de insetos são escassos (Korndorfer et al.,
2004; Moraes et al., 2005), mas mostram
que o silício pode vir a ser um importante instrumento do manejo de pragas, permitindo a substituição e/ou a redução do
uso de agrotóxicos convencionais.
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Maurício Reginaldo A dos Santos; Maria Railda de Lima; Maria das Graças R Ferreira
Embrapa Rondônia, C. Postal 406, 78900-970 Porto Velho-RO; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
A utilização de plantas medicinais reflete a realidade de parte da
população brasileira, cujo limitado acesso aos programas de saúde
pública levou ao desenvolvimento e conservação de um conhecimento etnobotânico rico de informações. Porém, a sabedoria popular carece de sistematização, para que possa ser devidamente utilizada. O objetivo deste trabalho foi relatar o uso de plantas medicinais no município de Ariquemes, em Rondônia, bem como avaliar
os padrões sócio-econômicos dos entrevistados em relação à utilização da fitoterapia no seu cotidiano. Para coleta das informações
etnobotânicas e etnossociais, foram aplicados questionários
estruturados a 44 indivíduos escolhidos por possuírem prestígio junto
à comunidade em relação ao conhecimento e uso de plantas medicinais, identificando-se a finalidade, os órgãos e o modo de uso da
planta medicinal. Além disso, foi identificada a espécie de cada planta
utilizada. Procurou-se ainda correlacionar o conhecimento
etnobotânico (inferido a partir do número de citações por indivíduo), com a forma de aquisição dos conhecimentos, aspectos religiosos, educacionais, região de origem, tempo de residência no local e
gênero dos entrevistados. Identificaram-se 63 espécies de plantas
medicinais em uso pela população, distribuídas em 38 famílias, com
maior representatividade para a família Lamiaceae. A parte mais
utilizada das plantas foram as folhas e o decocto foi o modo de preparo mais usual. Os estudos etnossociais permitiram inferir que os
conhecimentos etnobotânicos da população estudada foram adquiridos principalmente por meio de livros e concentraram-se entre pessoas do gênero masculino, de religiões evangélicas, com nível de
escolaridade Fundamental, da 1ª à 4ª série, provenientes da região
Sudeste; e do gênero masculino. O tempo de residência no município não afetou significativamente o conhecimento etnobotânico na
população estudada.
Use of medicinal plants by the population of Ariquemes, in
Rondônia State, Brazil
The use of medicinal plants shows the reality of part of the
Brazilian population whose limited access to the health public
programs leads to the development and conservation of a rich
ethnobotanic knowledge. However, the popular knowledge needs
systematization for adequate utilization. The aim of this work was
to study the use of medicinal plants in Ariquemes, Rondônia State,
Brazil, and to evaluate the social and economic patterns in relation
to the use of phytotherapy. To have access to ethnobotanic and
ethnosocial data structured interviews were applied to 44 persons
chosen for their prestige in the community in relation to the
knowledge and use of medicinal plants, identifying therapeutic
purpose, part of the plant used and methods of preparation. Moreover,
the species of each used plant was identified. The ethnobotanic
knowledge (estimated by the number of citations per informer) was
correlated to the knowledge source, religious and educational aspects,
region of origin, residence period in Ariquemes and sex of the
informers. Sixty-three species of medicinal plants being used by the
population were identified, distributed in thirty-eight families, the
Lamiaceae being the most representative. The most used part and
method of preparation were the leaf and decoction. Ethnosocial
studies allowed to infer that the books were the major source of
ethnobotanic knowledge; which concentrates in the masculine
individuals; and evangelic people; with basic level (1st to 4th series);
from the Southeast of Brazil. Residence period in Ariquemes did
not affect the ethnobotanic knowledge.
Palavras-chave: etnobotânica, fitoterapia, Amazônia.
Keywords: ethnobotany, phytotherapy, Amazon.
(Recebido para publicação em 9 de outubro de 2006; aceito em 3 de abril de 2008)
D
urante milênios o homem
aprofundou seus conhecimentos
empiricamente a fim de melhorar sua
alimentação e tratar de suas enfermidades, criando uma inter-relação entre o
uso das plantas e sua evolução (Miguel
& Miguel, 2000). Provavelmente a utilização das plantas como medicamento
seja tão antiga quanto o próprio homem.
Numerosas etapas marcaram a evolução
da arte de curar, contudo torna-se difícil delimitá-las com exatidão, já que a
medicina esteve por muito tempo associada a práticas mágicas, místicas e
ritualísticas (Martins et al., 1995). Atualmente, a Organização Mundial de Saúde considera fundamental que se reali-
244
zem investigações experimentais acerca das plantas utilizadas para fins medicinais e de seus princípios ativos, para
garantir sua eficácia e segurança terapêutica (Santos, 2004). Paralelamente,
se faz necessário o levantamento das
espécies medicinais de cada região
fitogeográfica do Brasil, como primeiro passo para a adoção das plantas medicinais nos programas de atenção primária à saúde, o que pode resultar em
diminuição de custos e ampliação do
número de beneficiados (Matos, 1997).
Tradicionalmente, etnobotânicos de
todo o mundo têm registrado plantas, seus
usos por populações humanas e formas
terapêuticas (no caso de plantas medici-
nais). Esse tipo de procedimento proporciona o progresso dos estudos básicos e
aplicados, fitoquímicos e farmacológicos,
uma vez que fornece a matéria-prima aos
pesquisadores de áreas afins e o conjunto
de dados necessários para as análises pretendidas. Nesta perspectiva, reconhecer a
importância das relações entre o homem
e a natureza significa um avanço
cognitivo, onde a ciência é utilizada para
proteger o patrimônio cultural e a
biodiversidade (Albuquerque, 2002).
Na área da etnobotânica têm sido
realizadas pesquisas com comunidades
residentes nas regiões de florestas tropicais, com o objetivo de avaliar os recursos vegetais utilizados por estas co-
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia
munidades e apontar propostas para seu
uso sustentado, como forma de preservar
e recuperar esses ecossistemas (Silva &
Andrade, 2005). O conhecimento tradicional sobre o uso das plantas é vasto e, em
muitos casos, é o único recurso para tratamento da saúde que as populações rurais
de países em desenvolvimento têm ao seu
alcance. Alguns autores propõem-se a estimar o valor de uso das plantas com a
finalidade de apontar as espécies e famílias de preferência da população humana
no universo vegetal (Phillips & Gentry,
1993). No Brasil, considerando a ampla
diversidade de espécies vegetais, bem
como a riqueza étnico-cultural, o uso popular de plantas medicinais é muito relevante. Por isso, os estudos etnobotânicos
são fundamentais, uma vez que possibilitam o resgate e a preservação dos conhecimentos populares das comunidades envolvidas (Garlet & Irgang, 2001). Conforme ressalta Albuquerque (2002), os informantes devem ser tratados como especialistas, pois são dotados de conhecimentos
e fenômenos que nos são desconhecidos
e que buscamos compreender.
A utilização de plantas medicinais
como alternativa terapêutica vem atingindo um público cada vez maior. Este
crescimento requer dos pesquisadores e
estudiosos um maior empenho, no sentido de fornecer informações relativas
ao sistema produtivo dessas plantas e
preparo dos medicamentos, pois nem
sempre as normas que garantem a qualidade dos fitoterápicos são cumpridas
(Castro & Ferreira, 2000). A vasta gama
de informações sobre o uso de centenas
de plantas como remédios, em todos os
lugares do mundo, leva à necessidade
de se desenvolver métodos que facilitem a enorme tarefa de avaliar cientificamente o valor terapêutico de espécies
vegetais (Elisabetsky, 2001).
O objetivo deste trabalho foi relatar
o uso de plantas medicinais no município de Ariquemes, em Rondônia, contribuindo assim para auxiliar no resgate
do conhecimento tradicional. Procurouse também estabelecer uma correlação
entre os padrões sócio-econômicos dos
entrevistados e a utilização da fitoterapia
como prática em seu cotidiano.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa de campo foi realizada
no município de Ariquemes, em
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Rondônia, localizado, de acordo com o
Zoneamento Sócio-Econômico-Ecológico do Estado de Rondônia (ZSEE), na
zona 01 (áreas de usos agropecuários,
agroflorestais e florestais) (Millikan,
1998). Conta atualmente com aproximadamente 84 mil habitantes (projeção
IBGE, 2005) e com uma área de
4.706,70 km², localizando-se 198 km ao
Sul da capital Porto Velho. A economia
do município está voltada para o setor
primário: agricultura, pecuária,
extrativismo vegetal e mineral.
Para o levantamento dos dados foram realizadas entrevistas de abril a dezembro de 2005. O entrevistador empregou diálogos para direcionar a conversa, baseando-se em questionários já
estruturados. Buscou-se dar mais ênfase aos dados etnobotânicos, como indicação terapêutica, parte da planta utilizada nas preparações e modo de preparo. Os 44 informantes foram escolhidos
por possuírem prestígio junto à comunidade em relação ao conhecimento e
uso de plantas medicinais e foram entrevistados individualmente, em suas
residências, nos dias laborais e finais de
semana.
Foram obtidas médias, dividindo-se
o número de citações (somatório do número de todas as citações de utilizações
de plantas com alguma finalidade terapêutica mencionadas pelos entrevistados) pelo número de entrevistados, em
relação aos fatores: forma de aquisição
dos conhecimentos (pessoas conhecidas,
livros, parentes e pastorais), religião
(adventista, católico, evangélico, outros
e sem religião), região de origem (Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e
Sul), nível de escolaridade (analfabetos,
alfabetizados, Ensino Fundamental da
1ª à 4ª série, Ensino Fundamental da 5ª
à 8ª série, Ensino Médio e Ensino Superior), tempo de residência no local (até
3 anos; de 4 a 6 anos; de 7 a 9 anos; de
10 a 12 anos; de 13 a 15 anos; de 16 a
18 anos; de 19 a 21 anos; de 22 a 24
anos; de 25 a 27 anos; e de 28 a 30 anos),
e gênero dos entrevistados. A utilização
deste procedimento teve por objetivo a
identificação de como está distribuído
o conhecimento sobre fitoterápicos nesta população, em relação aos fatores
mencionados. Por exemplo, dentro do
fator “nível de escolaridade”, para se
inferir sobre o conhecimento
etnobotânico dentro do grupo “analfabetos” da população, dividiu-se o número de citações (utilizações de plantas
com finalidade terapêutica mencionadas
em entrevistas com os analfabetos da
população) pelo número de indivíduos
analfabetos, obtendo-se a média de citações por indivíduo. Da mesma forma,
foram obtidas médias para os outros grupos populacionais, e estas foram comparadas entre si, dentro de cada fator,
utilizando-se o teste t de Student
(p<0,05).
Não foi possível a identificação
taxonômica de todos os espécimes, devido à indisponibilidade de material
vegetal adequado para a classificação à
época do levantamento. As plantas que
apresentavam floração e frutificação
foram coletadas, posteriormente
herborizadas, seguindo o procedimento
de prensagem entre jornais, papelão e
corrugado, em prensa de madeira, sendo que cada espécime foi identificada
com número de coleta, data, local e
nome do coletor. Após esse processo, o
material foi colocado em estufa elétrica
para desidratação, por um período de
três dias. Depois de desidratado, o material vegetal foi descrito e identificado
com auxílio de lupa, literatura especializada, ou por comparação com material já identificado e, posteriormente,
incorporado ao acervo do herbário Dr.
Ary Tupinambá Penna Pinheiro, pertencente à Faculdade São Lucas (FSL),
município de Porto Velho, Rondônia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram coletados 77 espécimes, sendo identificadas 63 espécies distribuídas em 38 famílias botânicas (Tabela 1).
As famílias mais representativas em
número de espécies foram Lamiaceae,
com sete espécies, e Asteraceae,
Leguminosae e Compositae, com quatro espécies cada, enquanto as demais
tiveram apenas uma ou duas espécies
mencionadas. Foram constatadas oito
formas de preparo dos fitoterápicos, sendo a mais utilizada o decocto, ou seja, o
cozimento da parte vegetal em água e,
em segundo lugar, o infuso, que consiste na submersão da parte vegetal em
água, logo após a fervura desta. Isto tam245
MRA Santos et al.
bém foi observado por Rodrigues (1998)
durante levantamento florístico e
etnobotânico de plantas medicinais do
Cerrado, na Região do Alto Rio Grande, em Minas Gerais. Destacou-se também nesse levantamento o uso combinado de plantas com outros ingredientes como: poejo (Mentha pulegium L.)
com mel, babosa (Aloe vera (L.) Burn.
F.) com mel e cachaça, pé-de-galinha
(Eleusine indica (L.) Gaertn) com pedaço de cupim e álcool. Outro fato constatado foi o uso de várias ervas medicinais com chimarrão, conforme já anteriormente observado por Garlet &
Irgang (2001), em Cruz Alta, no Rio
Grande do Sul.
As plantas mencionadas com maior
freqüência foram crajiru (Arrabidaea
chica (Bonpl.) B. Verl.), boldo
(Plectranthus barbatus Andrews), hortelã (Mentha sp.), erva-cidreira (Lippia
alba (Mill.) N. E. Br), erva-de-SantaMaria (Chenopodium ambrosioides L.),
poejo (Mentha pulegium L.), hortelãgrande (Plectranthus amboinicus (Lour)
Spreng.), algodão (Gossypium hirsitum
L.), babosa (Aloe vera (L.) Burn. F.) e
alfavaca (Ocimum selloi Benth.). Também foram mencionadas com freqüência a associação de mais de uma planta
nas formulações, dentre elas romã
(Punica granatum L.) e gengibre
(Zingiber officinale Roscoe), chapéude-couro (Echinodorus grandiflorus
Mitch) e crajiru (Arrabidaea chica
(Bonpl.) B. Verl.), cana-do-brejo
(Costus spicatus (Jack) SW) e pata-devaca (Bauhinia forficata Link) e abacate
(Persea americana Mill) e quebra-pedra (Phyllanthus niruri L.). Observações
semelhantes foram constatadas por
Ming & Amaral Júnior (2005) em estudo realizado na reserva extrativista
“Chico Mendes”.
Observou-se que não há uma padronização com referência à quantidade de
planta a ser empregada nas preparações,
sendo indicado um punhadinho, uma
mão cheia, um maço, entre outras.
Quanto à parte vegetal utilizada nas preparações, observou-se uma maior utilização das folhas. É interessante observar que as folhas, além de geralmente
concentrarem grande parte dos princípios ativos da plantas, podem ser
coletadas sem causar grandes danos às
246
plantas, garantindo sua preservação. Toda
informação colhida foi transcrita literalmente, procedimento também adotado
por Radomski & Wisniewski (2004),
mantendo-se expressões como tiriça (icterícia), afinar o sangue (reduzir as concentrações de ácidos graxos no sangue),
pano branco (doença de pele causada
pelo fungo Pityrosporum ovale) e chiado no peito (asma), termos utilizados
pelos entrevistados (Tabela 1).
Foram registradas 237 citações, nas
quais foi relatada a utilização de várias
partes vegetais das 63 espécies, em oito
formas de preparo, com diferentes finalidades terapêuticas.
Com relação às diferentes religiões
praticadas por cada comunidade, podese inferir uma maior concentração de
conhecimentos nos evangélicos e católicos, com médias de 7,4(a) e 6,7(a) citações por entrevistado, respectivamente, seguidos pelos entrevistados sem religião, com 5,6(b), e os adventistas, com
4,3(c). Esses dados nos permitem constatar que há uma interação entre os conhecimentos etnobotânicos e as religiões. É importante ressaltar que grande parte dos entrevistados que se declararam evangélicos, eram ex-católicos,
convertidos recentemente. De acordo
com Camargo (1998), as pesquisas na
área da medicina popular em todos os
segmentos da sociedade demonstram
uma constante vinculação com crenças
religiosas.
Com relação à origem dos entrevistados, constatou-se que as pessoas
advindas do Sudeste do país detinham
mais informações em relação às demais
regiões, com média de 8,5(a) citações
por entrevistado; em seguida, a região
Nordeste apresentou média de 7,3(b); a
região Centro-Oeste 7,0(b); a região
Norte 5,6(c); e a região Sul 4,7(c). Notase que, embora a região Norte abrigue
uma enorme biodiversidade, inclusive
no que diz respeito a plantas medicinais,
os conhecimentos etnobotânicos não se
concentraram nos indivíduos originários
do Norte. Isto se deve provavelmente
ao fato de que a maioria das plantas estudadas foram trazidas de outras regiões. Das 63 espécies mencionadas,
apenas sete são amazônicas: crajiru
(Arrabidea chica (Bonpl.) B. Verl.),
cana-do-brejo (Costus spicatus
(Jack)SW), terramicina (Althernanthera
dentata (Moench) Stuchlik), copaíba
(Copaifera langsdorfii Desf.),
coqueirinho (Elleutherine bulbosa
Mill.), cupuaçu (Theobroma grandiflora
Willd.) e insulina (Cissus verticilata L.),
o que sugere que a cultura etnobotânica
sobre as plantas amazônicas está se perdendo, sendo um dos motivos a carência de estudos na região, tanto em relação ao resgate cultural quanto à descoberta de novas plantas como prováveis
fontes de substâncias bioativas de interesse, devido à falta de incentivo por
parte das instituições acadêmicas e de
pesquisa. Em um recente levantamento
realizado por Fernandes (2004) acerca
de trabalhos apresentados nos simpósios
de plantas medicinais, de 1972 a 1998,
as regiões mais participativas, em termos de número de trabalhos apresentados, foram Sudeste, Sul e Nordeste, sendo que as regiões Centro-Oeste e Norte
apresentaram uma parcela pouco significativa.
Em relação ao nível de escolaridade, o conhecimento e uso de plantas
medicinais predominou no nível de Ensino Fundamental da 1ª à 4ª série, no
nível de Ensino Fundamental da 5ª à 8ª
série e no Ensino Médio, com médias
de 7,3(a), 6,8(a) e 6,7(a) citações por
entrevistado, respectivamente. Entre os
analfabetos, obteve-se 5,6(b) e no nível
de Ensino Superior foi observada a menor média, 3,0(c) citações por entrevistado. Assim, observa-se que o conhecimento sobre plantas medicinais apresenta uma tendência a diminuir com o nível de escolaridade. Está claro que o
nível de escolaridade está associado a
condições econômicas. Assim, a relação
entre o baixo nível de escolaridade e a
maior familiarização com o poder medicinal de espécies vegetais pode refletir a busca, devido ao baixo poder aquisitivo, de formas alternativas de tratar
as doenças, que não envolvam a compra de medicamentos caros. Talvez seja
possível inferir também que o nível crescente de escolaridade envolve uma certa massificação dos costumes, principalmente frente à globalização, o que levaria a uma perda gradual dos hábitos
ancestrais relacionados à fitoterapia.
Os dados relacionados à aquisição
dos conhecimentos sobre o uso das planHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia
Tabela 1. Nomes vulgares e científicos, famílias botânicas, indicações, partes utilizadas e modos de preparo de plantas medicinais utilizadas
pela população de Ariquemes, em Rondônia (vulgar and scientific names, botanic families, indications, used parts of the plants and methods
of preparation of used medicinal plants for the population of Ariquemes, in Rondônia). Porto Velho, Embrapa Rondônia, 2005.
1
As letras de referência indicam conexão entre os itens Indicação, Parte Utilizada e Modo de Preparo. (The reference letters indicate
connection between itens Indication, Used Part of the Plant and Method of Preparation); 2Asma (asthma); 3Melena (melena); 4Icterícia
(jaundice); 5Reduzir as concentrações de ácidos graxos no sangue (to reduce the fatty acids concentrations of the blood); 6Doença de pele
causada pelo fungo Pityrosporum ovale (skin disease caused for the fungus Pityrosporum ovale).
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
247
MRA Santos et al.
Tabela 1. (Continuação)
248
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Uso de plantas medicinais pela população de Ariquemes, em Rondônia
Tabela 1. (Continuação)
tas medicinais revelaram que a maior
parte foi adquirida por meio de livros,
com média de 11,3(a) citações por entrevistado. As outras formas de obtenção de informações registradas foram
menos relevantes: a aquisição de conhecimentos de pessoas conhecidas resultou em média de 7,6(b), a partir de parentes 6,0(b) e de pastorais 5,5(b). Embora as pastorais de saúde sejam atuantes nas comunidades, o interesse das
pessoas pelas leituras referentes ao assunto é bastante significativo. Atualmente, há uma grande profusão de livros abordando o uso de plantas medicinais, a maioria relativamente simples
em termos de elaboração, de fácil entendimento, e que podem ser adquiridos a baixo preço. A forma de aquisição
dos conhecimentos etnobotânicos, nesse estudo, difere bastante do levantamento etnobotânico realizado por Ming
& Amaral Júnior (2005), na reserva
extrativista “Chico Mendes”, no Acre,
em que todos os entrevistados afirmaram que o aprendizado foi repassado
pelos pais.
No que se refere ao conhecimento
das plantas medicinais em relação ao
tempo de residência no local, a maior
média aponta para a faixa entre 7 a 9
anos, sendo de 12,3 citações por entreHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
vistado. Porém, não ocorreu diferença
significativa entre as faixas estudadas,
não se observando uma tendência nos
resultados que permitisse inferências
entre o tempo de residência dos entrevistados no local e o seu conhecimento
sobre as plantas medicinais utilizadas.
Provavelmente, estas duas variáveis não
interagiram devido ao fato de que a
maioria das plantas utilizadas no município estudado não são nativas. Se este
fosse o caso, seria de se esperar que os
moradores com maior tempo de residência detivessem maior conhecimento sobre a utilização das plantas na medicina
popular do local.
O gênero masculino apresentou significativamente mais informações sobre
as plantas medicinais no município estudado. Enquanto os homens entrevistados apresentaram uma média de
16,4(a) citações por entrevistado, a média para as mulheres foi de 10,4(b). No
trabalho realizado por Ming & Amaral
Júnior (2005), com seringueiros da reserva extrativista “Chico Mendes”, foi
constatado que os homens, devido ao
maior contato com a floresta, tendem a
ter maior conhecimento de plantas deste ecossistema.
Observou-se que a maioria dos entrevistados cultivava as plantas
consumidas, indicando que estas eram
ao menos parcialmente preservadas.
Como foi observado neste trabalho,
o estudo do conhecimento etnobotânico
de comunidades predominantemente
voltadas para o setor primário em geral
nos leva a duas vertentes: a primeira é a
observação das estratégias que o homem
utiliza para lidar com a natureza, tentando melhorar de alguma forma sua
qualidade de vida e; a segunda, é a necessidade pungente de proteger o conhecimento ancestral, resgatando e registrando informações, de forma a
perpetuá-las para as gerações futuras.
Esta pesquisa fornecerá subsídio para
estudos fitoquímicos e farmacológicos
necessários para confirmar as propriedades terapêuticas da maioria das espécies estudadas e para verificar a
toxicidade ou inocuidade das mesmas
para a saúde humana.
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Lima beans production and economic revenue as function of organic
and mineral fertilization
Adriana U Alves1; Ademar P de Oliveira2; Anarlete U Alves3; Carina SM Dornelas3; Edna U Alves2; Edson
A Cardoso2; Arnaldo Nonato P de Oliveira2; Iordan da S Cruz2
1
UNESP-FCAV, Depto.Produção Vegetal, 14884-900 Jaboticabal-SP; 2UFPB-CCA, C. Postal 02, 58397-000 Areia-PB; 3UFPB, pósgraduando; [email protected]
ABSTRACT
RESUMO
Lima beans (Phaseolus lunatus L.) are alternative food and
income sources for the population of Northeastern Brazil. In this
region, lima beans are consumed either as green or dry grains.
However, low yields have been observed, a challenge that could be
overcome by adequate organic and mineral fertilization. This work
intended to assess lima beans yield, cultivar Raio de Sol, as affected
by doses of cattle manure in the presence and absence of mineral
NPK fertilization. The experiment was carried out at the Federal
University of Paraíba, Brazil, from September, 2004 to May, 2005.
The experimental design was of randomized blocks, with four
replications, 40-plant plots, spaces of 1.00 x 0.50 between and within
rows, respectively. Treatments were displayed in a 6 x 2 factorial,
corresponding to manure doses (0, 10, 20, 30, 40 and 50 t ha-1) and
presence and absence of NPK. Green and dry grain, and pod yields
were analysed, as well as the economic revenue for pods and dry
grains. To measure the economic efficiency, pods and dry grains
were employed as the exchange units. Maximum pod yields (12.6
and 11.2 t ha-1) were achieved with 21.4 and 23 t ha-1 of manure,
with and without NPK, respectively. Highest green grain yields (11.1
and 9.9 t ha-1) were obtained with 21.3 and 22.9 t ha-1 of manure,
with and without NPK, respectively. The highest yield of dry grains
(3.5 t ha-1) was obtained with 26.6 t ha-1 of manure combined with
NPK. In the absence of NPK, the use of cattle manure resulted in an
average dry grain yield of 2.0 t ha-1. The maximum economic
efficiency for pod production was reached with 17 and 18.6 t ha-1 of
manure, with predicted net incomes of 2.88 and 3.36 t ha-1 of pods,
in the presence and absence of NPK, respectively. For dry grains,
the maximum economic efficiency was achieved with 23 t ha-1 of
manure, in the presence of NPK, which produced a net revenue of
2.12 t ha-1 of dry grains.
Produção do feijão-fava e retorno econômico em função da
adubação organomineral
Keywords: Phaseolus lunatus L., organic fertilization, mineral
fertilization, yield.
O feijão-fava (Phaseolus lunatus L.) é uma alternativa de renda
e alimento para a população do Nordeste do Brasil, que consome
seus grãos maduros ou verdes. No entanto, níveis baixos de produtividade têm sido constatados, dificuldade que pode ser vencida pela
utilização de fertilização orgânica e mineral. Com o objetivo de avaliar a produtividade do feijão-fava, cultivar Raio-de-Sol, em função
de doses de esterco bovino, na presença e ausência de NPK, este
trabalho foi realizado. O experimento foi conduzido na UFPB, em
Areia, de setembro de 2004 a maio de 2005. O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados, em fatorial 6 x 2, com os
fatores doses de esterco bovino (0; 10; 20; 30; 40 e 50 t ha-1) e presença e ausência de NPK, quatro repetições e parcelas de 40 plantas,
espaçadas de 1,00 x 0,50 m. Foram avaliadas as produtividades de
vagens e de grãos verdes e secos e o retorno econômico de vagens e
grãos secos. Para cálculo da eficiência econômica, foram utilizados
a própria vagem e o grão seco como relação de troca. As doses 21,4
e 23 t ha-1 de esterco bovino proporcionaram produtividade máxima
de vagens (12,6 e 11,2 t ha-1) na presença e ausência de NPK, respectivamente, enquanto as doses 21,3 e 22,9 t ha-1 de esterco bovino
proporcionaram produtividades máximas de grãos verdes (11,1 e
9,9 t ha-1) na presença e ausência de NPK, respectivamente. A dose
26,6 t ha-1 de esterco bovino foi responsável pela produtividade
máxima (3,5 t ha-1) de grãos secos, na presença de NPK. Na ausência de NPK, obteve-se a produtividade média de 2,0 t ha-1, em função das doses de esterco bovino. As doses de 17,0 e 18,6 t ha-1 de
esterco bovino proporcionaram máximas eficiências econômicas para
a produtividade de vagens, com receitas previstas de 2,88 e 3,36 t
ha-1, respectivamente, na presença e na ausência de NPK. Para a
produtividade de grãos secos na presença de NPK, a máxima eficiência econômica foi obtida com 23 t ha-1 de esterco bovino, que
gerou uma receita de 2,12 t ha-1.
Palavras-chave: Phaseolus lunatus L., adubação orgânica, adubação mineral, rendimento.
(Recebido para publicação em 16 de outubro de 2007; aceito em 27 de maio de 2008)
L
ima beans (Phaseolus lunatus L.)
rank among the most popular legumes in tropical regions due to its ample
adaptation and good protein production.
As consequence, the species is a
pragmatic option to reduce the
dependence on common beans (Vieira,
1992a). It is also known as butter bean,
Sieva bean, and sugar bean. Lima beans
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
represent an alternative source of food
and income for the population of
Northeast Brazil. In this region, it is
cultivated by small-scale farmers, who
use bushing cultivars (Santos et al.,
2002). In US, one of the largest world
producers, lima beans are consumed
processed, either as canned or frozen
green grains. In Brazil, green or dry
grains are cooked before consumption
and the Lima beans use is relatively less
important than other Phaseolus species
(Vieira, 1992b).
Paraíba, one of the Brazilian States in
the Northeast region, is among the top
national producers of Lima beans,
reaching annually 9.35 t of dry grains.
Nevertheless, yields are low (476 kg ha-1),
251
AU Alves et al.
as consequence of the restricted level of
technology use in the farms (Santos et
al., 2002). The lack of improved
cultivars (Santos et al., 2002) and the
habit of sowing with no organic and
mineral fertilization contribute to the
low yield levels and poor economic
revenues, practically turning Lima beans
into a subsistence crop. Thus, only
production surplus is trade, usually, in
local street free markets (Frazão et al.,
2004).
The benefits of organic fertilization
are indisputable, but there is not much
information on the amount needed to
significantly improve Lima beans yield.
On the other hand, the indiscriminated
use of manure may increase nitrogen
levels and lead to soil salinization and
increase in electric conductivity, which
cause plant nutritional imbalance and
result in hampering crop yield (Silva et
al., 2000). Lima beans grow well in
sandy or medium texture soils, with pH
preferably between 5.6 to 6.8 (Filgueira,
2000). It is a high nutrient demanding
species, and may extract 135 kg ha-1 of
K, 91 of N, 81 of Ca, 30 of P, and 11 of
Mg (Hester et al., 1951). According to
Filgueira (1981), only P should be
supplied in planting fertilization, unless
the soil is poor in K. In this case, both K
and N should be used. Increase in Lima
beans yield as consequence of mineral
fertilization is largely documented
(Vieira et al., 1992; Frazão et al., 2004;
Oliveira et al., 2004). Increase in yield
due to organic fertilization was reported
in cowpea with the use of cattle manure
(Oliveira et al., 2001) and in bush beans
fertilized with swine manure (Araújo et
al., 2001). In Lima beans, Filgueira
(2000) recommends the use of organic
fertilization in soils with low fertility
levels.
The objective of this work was to
study the variation on Lima beans yield
as function of the use of mounting doses of cattle manure, in the presence and
absence of mineral NPK fertilization.
MATERIAL AND METHODS
The experiment was carried out from
September, 2004, to May, 2005, at the
Federal University of Paraíba, in Brazil
(6°58’12’’ S, 35°42’15’’ W, 575 m above
252
sea level). According to Köppen
bioclimatic classification, the climate is
As’ type (Brasil, 1972), characterized as
hot and humid, with fall-winter rains.
The average air temperature oscillates
between 23 and 24ºC, with minimum
monthly variations. The soil at the experimental area is classified as typical
Quartz psamment (Embrapa, 1999),
with the following chemical
characteristics (Embrapa, 1997): pH
(H2O) = 6.5, P available (Mehlich 1
extractor) = 51.33 mg dm-3, K = 99.0
mg dm-3, Al exchangeable = 0.0 cmolc
dm-3, Ca + Mg = 2.25 cmolc dm-3, and
11.61 g kg-1 of organic matter. The cattle
manure used in the experiment
presented the following chemical
characteristics: P = 5.2 g kg-1, K = 4.9 g
kg-1, N = 3.2 g kg-1, organic matter =
112.07 g dm-3, and C/N ratio = 14/1.
The experimental design was blocks
at random, with four replications.
Treatments were displayed in a 6 x 2
factorial, corresponding to six cattle
manure doses (0; 10; 20; 30; 40 and 50
t ha-1), with and without mineral NPK
fertilization. The experimental plot, with
a total area of 4 m2, had 40 plants driven
by crossed sticks, with spaces of 1.00 x
0.50 m between and within rows
respectively. Twenty plants were used
for harvesting green pods and, the
remaining 20, for harvesting dry pods.
The experimental area was prepared by
clearing, weeding, ridging, and opening
of holes, using hoes. Fertilization with
the cattle manure took place fifteen days
before sowing. Five seeds of cultivar
Raio de Sol were manually placed in
each hole. The rough-hewing was
carried out 15 days after sowing, leaving
two plants per hole. Mineral fertilization
at planting, where appropriate, consisted
of 30 kg ha -1 of P 2 O 5 (simple
superphosphate) and 60 kg ha-1 of K2O
(potassium chloride). Dressing
fertilization consisted of 30 kg ha-1 of N
(urea), half at 30 and half at 60 days after
sowing. The amounts of simple
superphosphate, potassium chloride, and
urea were established according to the
recommendation of the Chemistry and
Soil Fertility Laboratory, Centre for
Agricultural Sciences of the Federal
University of Paraíba, based on the
recommendation for Lima beans
fertilization at the neighbor State of
Ceará (UFC, 1990). During the
experiment, hand weeding and
conventional sprinkling irrigation were
used, obeying a three-day irrigation
frequency and using a water depth of
9.0 mm. Pest and disease control were
not necessary.
Hand harvests were performed
weekly from February to March, 2005.
Pods and green and dry grains yield
were assessed. Data were submitted to
analyses of variance and regression. The
significant model with the highest rank
and determination coefficient was
selected to represent the effects of
manure doses and mineral fertilization.
Analyses were performed using the
software SAEG (2000).
Doses of manure that resulted in the
highest economic revenues of pods and
dry grains were also estimated (Raij,
1991). Green grains were not included
in the economic analysis because their
market has minor importance. The
actual values for pods, dry grains, and
manure at Areia, in October, 2005, were
R$ 0,50 kg-1 for pods, R$ 1,50 kg-1 for
dry grains, and R$ 0,043 kg -1 for
manure. It must be mentioned that these
prices vary from season to season
according to the supply and demand. To
mitigate the effects of exchange rate
fluctuation, pods and dry grains were
used as monetary units, since their
values are more stable than the currency
(Natale et al., 1996). The equivalence
rates adopted were 0,086 and 0,029 for
respectively manure:pods and
manure:dry grains. The most economic
doses were estimated from the
derivatives of the regression equations
between pod and dry grain yield and
doses of manure, using the relation dy/
dx = a1 + 2a2x. The most economic dose
(x’) was then calculated using the
equation x’ = a1 – equivalence rate /2(a2), where x’ stands for the economic
dose, a1 for the yield increment rate, and
a2 for the point of maximum yield.
RESULTS AND DISCUSSION
There were significant interactions
between doses of manure and presence
and absence of NPK for pod and green
grain yield (p<0.05) and significant
effect of doses of manure over dry grain
yield only in the presence of NPK.
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Lima beans production and economic revenue as function of organic and mineral fertilization
The highest pod (12.6 t ha-1) and
green grain (11 t ha-1) yield estimates
were reached respectively with 21.4 and
21.3 t ha-1 of manure in the presence of
NPK. In the absence of NPK,
calculations indicated that respectively
23.0 and 22.9 t ha-1 of manure are needed
to achieve the highest pod (11.2 t ha-1)
and green grain (9,9 t ha-1) yields. The
joint use of manure and NPK increased
yields of pods and green grains in
respectively 1.4 and 1.2 t ha -1 when
compared to the use of only manure,
which indicates that the use of both
nutrient sources is the most adequate
fertilization practice to Lima beans.
As for the dry grain yield, the use of
26.6 t ha-1 of manure in the presence of
NPK allowed to reach the maximum
value of 3.5 t ha-1 of dry grains (Figure
3), while in the absence of NPK, there
were no significant effects of doses of
manure. When no NPK was used, the
average dry grain yield for all manure
doses was 2.0 t ha -1 . These results
indicate that Lima beans can achieve
good productivity levels in the
edaphoclimatic conditions of Areia, with
a potential similar to what was reported
by Sirait et al. (1994) in US, 3.6 t ha-1,
and by Vieira et al. (1992), 3.5 t ha-1, in
the Brazilian State of Minas Gerais.
When cattle manure was the only
nutrient source, the average yield
exceeded those obtained by Yuyama
(1982), 1.0 t ha -1, and Santos et al.
(2002), who reported a maximum of
0.85 t ha-1 of dry grains, using the same
cultivar employed in the present work,
with NPK fertilization.
When the present results are
confronted to those of Santos et al.
(2002), it is clear that the use of manure
as the only nutrient source is also
effective in increasing grain yield in Lima
beans. This is a very relevant observation
when small-scale farmers are taken into
account, since organic amendments are
often the only sources of fertilization they
have at reach. Nevertheless, when mineral NPK was added, grain yield increased
in 1.5 t ha-1, an indication that a balanced
fertilization including both organic and
mineral sources should be the
recommendation for Lima beans
nutrition, if the target is to improve yield
standards.
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figure 1. Pod yield of Lima beans, cultivar Raio-de-Sol, as function of cattle manure doses,
in the presence (y1) and absence (y2) of NPK fertilization (produtividade de vagens de feijão-fava, cultivar Raio-de-Sol, em função de doses de esterco bovino, na presença (y1) e
ausência (y2) de adubação NPK). Areia, UFPB, 2006.
Figure 2. Green grain yield of Lima beans, cultivar Raio-de-Sol, as function of cattle manure
doses, in the presence (y1) and absence (y2) of NPK fertilization (produtividade de grãos
verdes de feijão-fava, cultivar Raio-de-Sol, em função de doses de esterco bovino, na presença (y1) e ausência (y2) de adubação NPK). Areia, UFPB, 2006.
The manure doses corresponding to
the highest economic revenues for pod
yield, in the presence and absence of
NPK, as well as of dry grains in the
presence of NPK, were determined by
respectively the following equations:
(0.4241 - 0.086)/(2x0.0099), (0.4469 0.086)/(2x0.0097), and (0.2131 - 0.029)/
(2x0.004). Therefore, the most
economic doses were respectively 17.0
and 18.6 t ha-1 of manure to pod yield,
respectively in the presence and absence
of NPK, and 23.0 t ha-1 of manure, in
the presence of NPK, for dry grain yield.
The revenue due to the use of manure
were estimated using the increments in
pod yield (4.35 and 4.96 t ha -1 ,
respectively in the presence and absence
of NPK), and dry grains (2.78 t ha-1, in
the presence of NPK). When the cost of
manure was deducted (17.0 t ha-1 of
manure = 1.47 t of pods; 18.6 t ha-1 =
1.60 t of pods; and 23.0 t ha-1 of manure
= 0.66 t of dry grains), the estimate net
revenues were 2.88 and 3.36 t ha-1 of
pods, respectively in the presence and
absence of NPK, and 2.12 t ha-1 of dry
grains, in the presence of NPK. The doses of highest economic efficiency
represented 79 and 80% of the
maximum pod yield, in the presence and
absence of NPK, respectively, and 93%
253
AU Alves et al.
Figure 3. Dry grain yield of Lima beans, cultivar Raio-de-Sol, as function of cattle manure
doses, in the presence of NPK fertilization (produtividade de grãos secos de feijão-fava,
cultivar Raio-de-Sol, em função de doses de esterco bovino, na presença de adubação NPK).
Areia, UFPB, 2006.
of the maximum dry grain yield. These
results reveal the economic viability of
using cattle manure in the fertilization
of Lima beans, both in the presence and
absence of NPK.
The benefit of manure on pod and
green and dry grain yield, in the presence
and absence of NPK, are likely to be a
consequence of its high contents of P
and K, 5.2 and 4.9 g kg-1, respectively;
but may come also from the
improvement of the soil physical
conditions caused by organic
amendments. The increase in soil
humidity and porosity (Asano, 1984)
improve soil structure through the
formation of humic-clay complexes,
resulting in a rise on the CEC
(Marchesini et al., 1988; Yamada &
Kamata, 1989). As consequence, there
is a better use of the manure itself, and
also of the NPK and soil-borne nutrients.
Organic matter also favors the
availability of P, K, and Ca, and keeps P
and other key nutrients in forms
accessible to plants (Tibau, 1983).
ACKNOWLEDGMENTS
Authors thank CAPES for the
scholarship granted to Adriana U Alves
and also the Agriculture Agents Fran-
254
cisco de Castro Azevedo, José Barbosa
de Souza, Francisco Soares de Brito, and
Francisco Silva do Nascimento, who
make the field work happen.
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Horticultura Brasileira 26: 255-258.
In vitro establishment of pepper-rosmarin nodal segments
Arie F Blank1; Andréa S da Costa1; Maria de Fátima Arrigoni-Blank2; Aline B de Mendonça1; Ana da S
Ledo3
1
UFS-DEA, Av. Marechal Rondon s/n, B. Rosa Elze, 49100-000 São Cristóvão-SE; 2UFS-Campus Prof. Alberto Carvalho, Av. Vereador
Olímpio Grande s/n, 49500-000 Itabaiana-SE; 3Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira Mar, 3250, 49025-040 Aracaju-SE;
[email protected]
ABSTRACT
RESUMO
Pepper-rosmarin (Lippia sidoides Cham.) is a native medicinal
plant from the Brazilian biome Caatinga. Its high economical
importance comes from the antimicrobial properties of thymol and
carvacrol, both present in the pepper-rosmarin essential oil. Nodal
segments of pepper-rosmarin were established in vitro to evaluate
different growth regulators. We tested four concentrations of IBA
(0.0; 0.01; 0.05; and 0.1 mg L-1) combined with six concentrations
of BAP (0.0; 0.1; 0.5; 1.0; 2.0; and 4.0 mg L-1) in assay 1; five
concentrations of NAA (0.0; 0.1; 0.25; 0.5; and 1.0 mg L-1) in assay
2; two concentrations of NAA (0.0 and 0.01 mg L-1) combined with
five concentrations of kinetin (0.0; 0.25; 0.5; 1.0; and 2.0 mg L-1) in
assay 3; five concentrations of IAA (0.0; 0.5; 1.0; 1.5; and 2.0 mg L-1)
in assay 4; and five concentrations of GA3 (0.0; 0.1; 0.5; 1.0; and 1.5
mg L-1) in assay 5. The use of BAP, IBA, NAA and KIN did not
influence the number of shoots. The addition of 0.1 mg L-1 of NAA
at the culture medium resulted in larger shoot length per explant,
while the concentration of 1.0 mg L-1 of kinetin promoted larger
shoot length in general. GA3 did not affect the elongation of pepperrosmarin shoots when cultivated in vitro.
Estabelecimento de segmentos nodais de alecrim-pimenta in
vitro
Keywords: Lippia sidoides, medicinal plant, micropropagation,
growth regulator.
O alecrim-pimenta (Lippia sidoides Cham.) é uma planta medicinal nativa da Caatinga, também conhecida como alecrim-pimenta,
alecrim-bravo e alecrim-do-Nordeste. Possui propriedades
antimicrobianas, graças à presença de timol e carvacrol em seu óleo
essencial, o que lhe confere grande importância econômica. Este
trabalho teve por objetivo estabelecer segmentos nodais do alecrimpimenta in vitro testando diferentes reguladores de crescimento. No
ensaio 1 foram testadas quatro concentrações de AIB (0,0; 0,01; 0,05
e 0,1 mg L-1) combinadas com seis concentrações de BAP (0,0; 0,1;
0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 mg L-1); no ensaio 2, cinco concentrações de NAA
(0,0; 0,1; 0,25; 0,5 e 1,0 mg L-1); no ensaio 3, duas concentrações de
NAA (0,0 e 0,01 mg L-1) combinadas com cinco concentrações de
cinetina (0,0; 0,25; 0,5; 1,0 e 2,0 mg L-1); no ensaio 4, cinco concentrações de AIA (0,0; 0,5; 1,0; 1,5; e 2,0 mg L-1) e; no ensaio 5, cinco
concentrações de AG3 (0,0; 0,1; 0,5; 1,0 e 1,5 mg L-1). A utilização
de BAP, AIB, NAA e CIN não influenciou o número de brotações. A
adição de 0,1 mg L-1 de NAA no meio-de-cultura proporcionou maior
comprimento dos brotos por explante, enquanto a concentração de
1,0 mg L-1 de CIN promoveu maior comprimento dos brotos. O uso
de AG3 não apresentou efeitos sobre o alongamento das brotações
de alecrim-pimenta cultivadas in vitro.
Palavras-chave: Lippia sidoides, planta
micropropagação, reguladores de crescimento.
medicinal,
(Recebido para publicação em 6 de novembro de 2007; aceito em 18 de março de 2008)
P
epper-rosmarin (Lippia sidoites
Chan.; Verbenaceae), a native bush
from the Brazilian Northeastern region,
where
the
biome
Caatinga
predominates, shows its major
occurrence in the territory between
Bahia and Ceará States. It is popularly
known as alecrim-pimenta, alecrim-doNordeste, alecrim-bravo (Inneco et al.,
2000), and estrepa-cavalo (Innecco et
al., 2000; Matos, 2002). Pepperrosmarin produces an essential oil
abundant in thymol and carvacrol,
which provides a very strong
antimicrobial and antiseptic activity
(Macambira et al., 1988). Due to the
great economical importance of such
species, it may suffer a strong anthropic
action and demographic reduction in its
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
natural environment. The essential oil
is used in the production of good quality
shampoos, tooth pastes, and mouth
washers, being also effective in the
control of bacterial dental plaque
(Nunes, 1999). Seeds from this species
were not found. Its propagation is
asexual, through the process of stem
cutting, using its thinnest branches
(Lorenzi & Matos, 2002) or herbaceous
cuttings with leaves (Mendonça, 1997).
Hence,
the
pepper-rosmarin
micropopagation turns up as a technique
of great application potential.
In micropropagation, culture media
are supplemented with growth
regulators, whose role is to supply the
possible deficiencies of the hormonal
endogenous levels in explants (Castro
et al., 2002). For Lippia integrifolia
(Gris.) Hier, the culture medium
Murashige and Skoog (MS) complete or
with a reduction to half of the salt,
supplemented with 1 mg L-1 of indole
butyric acid (IBA) provided a good
multiplication rate (Passera &
Ambrosetti, 1999). For Lippia
micromera Shau. in DC. var. helleri
(Britt.), it was observed that the best
multiplication results occurred using the
MS medium supplemented with 0,1 mg
L-1 of naphthalene acetic acid (NAA) +
2 mg of L -1 of 6-benzylaminopurine
(BAP) (Capote et al., 1999). In Lippia
alba, cultivar Kavach, there were
excellent results for apical buds placed
in MS medium containing 2,0 mg L-1
BAP (Gupta et al., 2001).
255
AF Blank et al.
The microprogation has been used
in the multiplication of several species
with medicinal properties. Passera &
Ambrosetti (1999) have developed a fast
method for Lippia integrifolia
propagation by the use of nodal
segments in full or half MS medium
(Murashige & Skoog, 1962). In Lippia
junelliana, (Juliani Junior et al., 1999),
after studying different propagation
methods, the best results were obtained
with apical buds and nodal segments in
MS medium supplemented with 4.4 µM
of 6-benzylaminopurine (BAP) or 0.04
ìM of indolebutyric acid (IBA) + 4.4 µM
of BAP. In Lippia alba cultivar Kavach,
plant regeneration was obtained by
using apical buds in MS medium,
containing 2.0 mg L-1 of BAP (Gupta et
al., 2001). For Lippia micromera var.
helleri, it was noticed that the best
multiplication results occurred when
using the MS medium, adding 0.1 mg
L-1 of naphthalene acetic acid (NAA) +
2,0 mg L-1 of BAP (Capote et al., 1999).
Gibberellins, in the form of gibberellic
acid (GA 3), when used in in vitro
multiplication, induce shoot elongation
as their main effect, such as observed in
Rollinia mucosa (Figueiredo et al.,
2001) and macela (Egletes viscose (L.)
Less) (Diniz et al., 2003).
The aim of this work was to evaluate
the use of different growth regulators in
the in vitro multiplication of pepperrosmarin.
MATERIAL AND METHODS
The assays were held at the Tissue
Culture and Plant Breeding Laboratory,
at the Department of Agricultural
Engineering of the Federal University
of Sergipe (UFS). Two-bud nodal
segments were used as primary explants.
Mother plants grew in greenhouse and
were sprayed with 4 g L-1 of benomyl,
two days before inoculation. The nodal
segments, once collected, were washed
in current water for 30 minutes, emerged
in ethylic alcohol 70% for 30 seconds,
and then in a sodium hypochlorite
solution 0,8% for 16 minutes. After that,
they were washed three times in distilled
and autoclaved water in a laminar flow
camera (Costa, 2006). The explants
were inoculated in 250 ml flasks with
256
25 ml in MS medium (Murashige &
Shoog, 1962), containing 7 g L-1 of agar,
and with pH adjusted to 5.7 ± 0,1 before
autoclaving (121 ± 1° C and 1,05 atm
for 15 minutes). For the multiplication
of pepper-rosmarin the following assays
were held:
Assay 1: the influence of BAP and
IBA - The experimental design was
completely randomized in a factorial
scheme 4 x 6, where four IBA
concentrations (0.0; 0.01; 0.05; and 0.1
mg L-1) were combined with six BAP
concentrations (0.0; 0.1; 0.5; 1.0; 2.0;
and 4.0 mg L-1). The assay was carried
out with five replications, each
replication with four two-explant flasks.
Assay 2: the influence of NAA The experimental design was
completely randomized with five
treatments (0.0; 0.1; 0.25; 0.5, and 1.0
mg L-1 of NAA) and five replications,
each replication with four two-explant
flasks. We added 3 g L -1 of active
charcoal to the MS medium (Costa,
2006).
Assay 3: the influence of kinetin
and NAA - The experimental design
was completely randomized, with
treatments in a factorial scheme 2 x 5,
corresponding to two NAA
concentrations (0.0 and 0.01 mg L-1)
combined with five kinetin
concentrations (0.0; 0.25; 0.5; 1.0, and
2.0 mg L-1). The experiment was carried
out with four replications, each
replication with four two-explant flasks.
We added 3 g L-1 of active charcoal and
200 mg L-1 of cefotaxime-sodium to the
MS medium (Costa, 2006).
Assay 4: the influence of IAA - The
experimental design was completely
randomized with five treatments (0.0;
0.5; 1.0; 1.5; and 2.0 mg L-1 of IAA)
and five replications of four two-explant
flasks each. We added 3 g L-1 of active
charcoal and 200 mg L-1 of cefotaxinesodium to the MS medium (Costa,
2006).
Assay 5: the influence of GA3 - Due
to the lack of shoot elongation in the
previous assays, five concentrations of
GA3 were tested (0.0; 0.1; 0.5; 1.0; and
1.5 mg L-1) in a completely randomized
experiment, with five replications, each
with four two-explant bottles. We added
3 g L-1 of active charcoal to the MS
medium. The GA3 was cold sterilized,
in a continuous laminar flow camera
(Millipore, 2,2 µm) and added to the
medium during the cooling process (40
to 50° C).
In all assays, cultures were kept in
BOD in absence of light, for seven days
after inoculation, and then transferred
to a growing room with temperature of
25 ± 2° C, photon irradiance of 30 µmol
m-2 s-1, and photoperiod of 16 hours. In
30 days of inoculation, the following
characteristics were evaluated: shoot
number and length (cm), number of
leaves, and dry mass of the aboveground
part (DMAP). Number of leaves and
shoots and DMAP were transformed
into square root of (x+ 0,5) in assays 1
and 2. The same transformation was
applied to shoot length in assay 1. Data
were submitted to the variance analysis.
When the F test was significant, means
were compared by the Tukey test
(p≤0.05).
RESULTS AND DISCUSSION
Assay 1: the influence of BAP and
IBA - There was no significant
interaction between BAP and IBA in the
micropropagation of pepper-rosmarin
for none of the analyzed characteristics.
Concerning isolated effects of both
growth regulators, concentration 2 mg
L-1 of BAP induced the lowest shoot
number per explant, although not
differing
statistically
from
concentrations 0.1; 1.0; and 4.0 mg L-1
(Table 1). BAP has been frequently
applied to the in vitro multiplication for
several species, and there has been
variation in the concentrations for the
shoot induction, as in Tagetes sp. (0.5
mg L-1 of BAP) (Turchetto et al., 2005),
chapéu-de-couro (Echinodorus cf.
scaber Rataj.) (1.0 mg L -1 of BAP)
(Pereira et al., 2000a), yagrumo-macho
(Didymopanax morototoni) (1.0 mg L-1
of BAP) (Mantovani et al., 1999), and
the Korean-grape (Vitis thumbergii Sieb.
et Zucc.) (0.5 mg L -1 of BAP) (Lu,
2005).
Regarding shoot length by explant,
the treatments did not differ statistically
among themselves. The absence of
increment in the shoot height due to the
use of BAP was reported before in the
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
In vitro establishment of pepper-rosmarin nodal segments
in vitro multiplication of the
grapevine rootstock Paulsen 1103,
causing an inhibitory effect in the
shoot growth (Lucas et al, 2006).
Considering the number of leaves, the
use of 4 mg L -1 BAP produced the
highest value, not differing
statistically from the treatments with
0 and 1.0 mg L -1 (Table 1).
Concentrations of 0 to 0.5 mg L -1
provided the highest values for the
aboveground dry mass, although not
differing statistically from 0.1 and 1.0
mg L -1, while these ones did not differ
either from concentrations 2.0 and
4.0 mg L -1 (Table 1).
Concerning the presence of IBA,
there were no significant differences for
none of the evaluated characteristics.
Divergent results were obtained in the
micropropagation of Lippia juneliana,
in which 1.0 mg L-1 of BAP combined
with 0.008 mg L-1 of IBA were efficient
in shoot induction (Juliani Júnior et al.,
1999).
Assay 2: the influence of NAA The studied NAA concentrations did not
influence significantly nor shoot and leaf
number, neither aboveground dry mass
(Table 1). In relation to shoot length, a
significant difference among treatments
was noticed. The concentration 0.1 mg
L-1 induced the longest shoots, although
not differing from the check treatment
and concentrations 0.25 and 0.5 mg L-1,
but only from the concentration 1.0 mg
L-1 (Table 1). These results show that
higher concentrations of such auxin may
inhibit shoot length.
Assay 3: the influence of kinetin
and NAA - There was nor significant
interaction between kinetin and NAA,
neither kinetin significant effects over
shoot and leaf number (Table 1).
Different results were obtained in Cissus
sicyoides establishment and in vitro
multiplication, in which the best rates
for shoot numbers and length were
reached in the presence of 0.99 mg L-1
of kinetin and 0.58 mg L -1 of NAA
(Abreu et al., 2003). Positive effects
were also observed in the multiplication
of Salix humboldtiana (Pereira et al.,
2000b) and Ficus carica L. (Fraguas et
al., 2004).
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Table 1. Shoot number and length, leaf number, and aboveground dry mass of in vitro explants
of pepper-rosmarin as function of BAP, NAA, and kinetin concentration in MS culture medium
(número e comprimento de brotos, número de folhas e massa seca da parte aérea de explantes
in vitro de alecrim-pimenta, em função de concentrações de BAP, NAA e cinetina no meio
de cultura MS). São Cristóvão, UFS, 2006.
Means followed by the same letter in the columns , did not differ from each other, Tukey
test, p<0,05 (médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre
si pelo teste de Tukey, p<0,5). 1/ Data transformed to arc sen of the square root of (x+0.5), for
assays 1 (BAP x IBA) and 2 (NAA) (dados transformados para arco seno de raiz de (x +
0,5), para o ensaio 1 (BAPxAIB) e 2 (ANA)); 2/Data transformed to arc sen of the square
root of (x+0.5) for assay (dados transformados para arco seno de raiz de (x + 0,5) para o
ensaio 1).
Shoot length was significantly
altered in response to differences in the
kinetin concentration. The concentration
1.0 mg L-1 resulted in the longest shoots,
although not differing from the check
treatment (Table 1). Concerning
aboveground dry mass, it was noticed
that the absence of kinetin improved
mass accumulation, although not
differing from the concentrations 0.25,
1.0, and 2.0 mg L-1.
Assay 4: the influence of IAA Shoot number and length and number
of leaves did not present significant
differences as function of the use of
IAA. This suggests that the auxin
endogenous level in the explants was
sufficient for their regeneration.
Assay 5: the influence of GA3 - GA3
did not induce the expected shoot
elongation in pepper-rosmarin. In fact,
there were no significant differences
among treatments in any of studied
characteristics. In this study, a high
percentage of vitrified plants was
observed (data not showed) as the
concentration of GA3 was increased.
Similar results were obtained in
Tournifurtia paniculata nodal segments
(Bertolucci et al., 2000) and in macela
(Diniz et al., 2003), in which the presence
of GA3 induced hyperhydration and
alteration in leaf shape.
We concluded that the use of BAP,
IBA, NAA, and kinetin did not influence
shoot number. The addition of 0.1 mg
L-1 of NAA or 1.0 mg L-1 of kinetin to
the culture medium improved shoot
length. GA3 did not have any effect on
pepper-rosmarin shoot length under in
vitro culture conditions.
257
AF Blank et al.
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ABSTRACT
RESUMO
Biological characteristics of the egg parasitoids Trichogramma
acacioi, T. atopovirilia, and T. bennetti were studied to select the
one with better performance on the control of the Diamondback moth,
Plutella xylostella. Parasitism rate, viability, and sex ratio were
studied. Parasitism rate ranged from 1.67 to 41.33%. T. atopovirilia
and T. acacioi were respectively the most and less aggressive species.
The viability ranged from 6.20% for T. acacioi to 53.34% for T.
atopovirilia. There were no differences on sex ratio (p<0.05) that
remained above 0,88. T. atopovirilia was the species with best
performance in the laboratory when rearing on the Diamondback
moth eggs.
Seleção de espécies de Trichogramma visando o controle da
traça-das-crucíferas
Keywords: Plutella xylostella, biological control, egg parasitoids,
parasitism, sex ratio, viability.
Palavras-chave: Plutella xylostella, controle biológico, parasitóide
de ovos, parasitismo, agressividade, razão sexual.
Foram estudados os aspectos biológicos das espécies
Trichogramma acacioi, T. atopovirilia e T. bennetti, com o objetivo
de selecionar aquela com melhor desempenho, para utilização no
controle da traça-das-crucíferas, Plutella xylostella. As características biológicas avaliadas foram parasitismo, viabilidade e razão sexual. A taxa de parasitismo variou entre 1,67 e 41,33%, sendo o
maior valor observado para o T. atopovirilia e, o menor, para T.
acacioi. A viabilidade variou entre 6,20% para T. acacioi a 53,34%
para T. atopovirilia. Não houve diferença significativa para a razão
sexual, (p<0,05), que ficou acima de 0,88. T. atopovirilia foi a espécie de melhor desempenho em laboratório quando criada sobre ovos
da traça-das-crucíferas.
(Recebido para publicação em 27 de novembro de 2007; aceito em 11 de abril de 2008)
T
he Diamondback moth, Plutella
xylostella (L.) (Lepidoptera:
Plutellidae), is a cosmopolitan
microlepdoptera. It is the most
important pest for crucifer crops,
particularly for cabbage. In a global
range, the Diamondback moth causes
production losses up to 60%. For this
reason, the use of control measures to
keep the pest population below the
damage level is unavoidable (Imenes et
al., 2002).
The Diamondback moth control is
complex due to the all year round
presence on cabbage fields, which
guarantees abundant and continuous
forage to the pest. In addition, the
feeding behavior inside the cabbage
heads gives larvae an extra protection
(Imenes et al., 2002). Traditionally, the
Diamondback moth is controlled by
chemical insecticides. Up to four weekly
sprays are carried out in the fields, using
different active principles, either as a
single ingredient or in mixes, which
favors the breeding of pest resistant
populations (Villas Boas et al., 2004).
The intensive use of chemicals can also
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
result in a resurgence of the target-pest,
as well as give rise to new pests. The
bulk of these chemicals has a high level
of both biological action and
environmental persistence, with
potential to cause harm to consumers
and workers engaged in the production
process (Pereira et al., 2004a).
The high socio-economic cost of
traditional insecticides opens a door to
the search for alternatives to pest control
that combine efficiency and ecological
compatibility. The use of biological
agents is a relevant tool in the
development of integrated pest
management programs, which are an
option to reduce the insecticide use in
the Diamondback moth control. The
insects of the Trichogramma genus are
a promising alternative as biological
agents. Trichogramma are microhymennoptera that parasitize eggs of
countless agricultural and forestry pests,
mainly Lepidoptera. These insects are
under use in biological control programs
of a number of crops, in inundative
releases, in about 23 countries (Hassan
et al., 1998). According to Haji et al.
(2002), the use of Trichogramma is
experiencing a mounting growth in
latest years. Their mass production is
easy and cheap and, with large amounts
of Trichogramma at hand, inundative
releases can quickly suppress the pest
in a step prior to crop damage. To
achieve good results with natural
enemies, it is important to know their
biological characteristics when in
interaction with the target host. The
selection of the most adequate parasitoid
species is vital for any program of
biological control (Parra et al., 2002).
The objective of this work was to
study the development of Trichogramma
acacioi (Brun, Moraes & Soares), T.
atopovirilia (Oatmam & Platiner), and
T. bennetti (Nagaraja & Nagarkatti) using
the Diamondback moth as host, aiming
at the identification of the most suitable
species for use in programs of biological
control of this pest.
MATERIAL AND METHODS
The experiment was carried out at
the Entomology Sector, at the Nucleus
259
D Pratissoli et al.
Table 1. Parasitism rate, viability, and sexual ratio of Trichogramma atopovirilia, T. bennetti,
and T. acacioi reared in Plutella xylostella eggs (taxa de parasitismo, viabilidade e razão
sexual de T. atopovirilia, T. bennetti, e T. acacioi criados em ovos de Plutella xylostella).
Alegre, UFES, 2006.
Means followed by the same letter in the column did not differ from each other, Tukey test,
p<0.05 (médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, teste de Tukey,
p<0,05); 1Means are followed by the standard means error (as médias são seguidas pelo
erro-padrão da média); 2Lab conditions to rear the Trichogramma were 25±1°C, RH =
70±10%, and 14-h photoperiod (as condições de laboratório para a criação do Trichogramma
foram 25±1°C, UR = 70±10% e fotoperíodo de 14 h)
for Scientific and Technological
Development on Phytosanitary
Management (NUDEMAFI), located at
the Center for Agricultural Sciences of
UFES (CCA-UFES), in Alegre, Espirito
Santo State, Brazil. During the
experiment, the temperature was kept at
25±1°C and, the relative humidity, at
70±10%. A 14-hour photoperiod was
used.
The Diamondback moth eggs were
obtained from mass-rearing, according
to the methodology adopted by Barros
& Vendramin (1999). The rearing and
multiplication of the Trichogramma
species were based on the methodology
described by Parra (1997), adapted to
the conditions of the Entomology Sector
at the NUDEMAFI. The species T.
acacioi, T. atopovirilia, and T. bennetti
were evaluated, using 75 near-borne
females, 25 from each species.
Individual females were placed in glass
tubes (8.5 x 2.4 cm), closed with PVC
film. In each tube, we introduced a azure
cardboard (3,5 X 0,5cm) containing 30
P. xylostella eggs, with less than 12
hours of age. Eggs were collected from
collard leaf disks using a moistened thin
hairy brush, and then glued in the
cardboards with Arabic gum at 10%. At
the end of 24 hours, females were
removed from the tubes, which were
kept in an acclimatized chamber
(25±1°C, 70±10% RH, and 14-hour
photoperiod) until adults’ emergence.
For all the species studied,
parasitism rate, viability, and sexual
ratio were assessed. The experiment was
carried out in a completely randomized
design. Data were submitted to the
260
analysis of variance and means were
compared by the Tukey test, p<0.05.
RESULTS AND DISCUSSION
There were significant differences
among the three Trichogramma species
when reared on the Diamondback moth.
The parasitism rate varied from 1.67, for
T. acacioi, to 41.33%, for T. atopovirilia
(Table 1). Differences in the parasitism
rate occur due to the direct dependence
of parasitism potential on the parasitoid
species and/or strain, host, and
environmental conditions (Hassan,
1997). Bleicher & Parra (1990), in a
study with three T. pretiosum strains,
observed that a population from Goiânia
attacked twice more eggs of Anagasta
kuehniella (Zeller) (Lepidoptera:
Pyralidae) than a population from
Iguatu. Bezerra & Parra (2004), when
evaluated the biology and parasitism of
T. atopovirilia and T. pretiosum in eggs
of Spodoptera frugiperda (J.E. Smith)
(Lepidoptera, Noctuidae), also observed
differences: T. atopovirilia show better
acceptability and parasitism capacity
over the host than T. pretiosum.
Viability also differed significantly
(p<0.05) among Trichogramma species,
ranging from 6.20%, for T. acacioi, to
53.34%, for T. atopovirilia (Table 1).
Trichogramma viability is a factor
closely related to the parasitoid-host
affinity (Bezerra & Parra, 2004). In
Trichogramma production, quality
control considers viability as
satisfactory when the rate of borne
adults exceeds 85% (Navarro, 1998).
Thus, the species used in the present
study expressed low affinity to the host.
Gonçalves et al. (2003), when assessing
the quality of T. pretiosum reared in
Sitotroga
cerealella
(Oliver)
(Lepidoptera: Gelechiidae) eggs,
observed viability levels above 89%,
which denotes host quality and species
affinity.
The sexual rate was similar in the
three Trichogramma species, with
values above 0.88 (Table 1).
Considering that the quality control on
Trichogramma production requires a
sexual rate equal or above 0.5 (Navarro,
1998), the three species meet the
criterion. These species are well-adapted
to lab conditions, since they already
produced several generations in such
environment. Therefore, sexual rates are
high (Pereira et al., 2004b), differing
from the results reported by Navarro &
Marcano (1999) for T. atopovirilia and
T. pretiosum fed in eggs of Helicoverpa
zea (Bod.) (Lepidoptera: Noctuidae),
respectively 0.56 and 0.49.
Among the studied species, T.
atopovirilia had the strongest affinity to
the Diamondback moth for use in
programs of biological control. T.
atopovirilia showed the highest egg
parasitism and viability, and a
satisfactory sexual rate.
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Efeito da concentração da solução nutritiva no crescimento da alface em
cultivo hidropônico-sistema NFT1
Nilton Nélio Cometti1; Gean Carlos S Matias4; Everaldo Zonta2, Wellington Mary3, Manlio S Fernandes2
1
Escola Agrotécnica Federal de Colatina, BR 259, km 70, 29709-910 Colatina-ES; 2UFRRJ-Instituto de Agronomia, Depto. Solos, BR
465, km 07, 23890-000 Seropédica-RJ. 3UFRRJ-Instituto de Tecnologia, Depto. Arquitetura e Urbanismo. 4Doutorando USP-ESALQ, C.
Postal 09, 13418-900 Piracicaba-SP; [email protected]; www.niltoncometti.com.br
RESUMO
ABSTRACT
Foi avaliado o crescimento da alface (Lactuca sativa L.) cv ‘Vera’
em um sistema hidropônico NFT com diferentes concentrações da
solução nutritiva. O experimento foi realizado em casa de vegetação de abril a maio de 2000, na UFRRJ, Seropédica (RJ). Os tratamentos constaram de quatro soluções nutritivas, diferentes quanto à
concentração de macronutrientes: 100; 50; 25 e 12,5% da concentração original proposta por Furlani (1997). A produção de massa
seca (parte comercial) em solução nutritiva a 50% da concentração
original, e condutividade elétrica em torno de 0,98 dS m-1, foi semelhante à solução a 100% da força iônica. As produções obtidas com
100 e 50% da força iônica estiveram dentro da faixa de 90% da
produção máxima, calculada em 75±1% da força iônica da solução
nutritiva, simulada por equação de regressão. Entretanto, o uso de
concentrações menores resultou em redução no crescimento de 50%
com a solução a 25% e 80% com a solução a 12,5% da força iônica,
nas condições de luz e temperatura em que o experimento foi conduzido. A redução da concentração da solução nutritiva permite uma
economia de pelo menos 50% no custo da solução nutritiva básica,
reduzindo-se a solução inicial para 1,00 dS m-1, sem comprometer a
produtividade.
Effects of the concentration of nutrient solution on lettuce
growth in hydroponics-NFT system
Palavras-chave: Lactuca sativa L., condutividade elétrica, taxa de
crescimento, força iônica.
The growth of lettuce (Lactuca sativa L.) cv ‘Vera’ was evaluated
in a NFT hydroponic system with different nutrient solution
concentrations. An experiment was carried out in a greenhouse from
April to May, 2000 in Rio de Janeiro State, Brazil. Four treatments
were used differing in macro nutrient concentration: 100; 50; 25 and
12.5% of the original concentration of the solution proposed by Furlani
(1997). Using 50% of the original concentration with electric
conductivity around 0,98 dS m-1, plants produced the same shoot dry
mass as using 100% of the ionic strength. In this trial, the phytomass
yield using 100 and 50% of the ionic strength was within the range of
90% of the maximum production, calculated at 75±1% of the ionic
strength to the nutrient solution, simulated by a regression equation.
However, the use of smaller concentrations resulted in reduction of
the growth of 50% with the solution at 25% and 80% with the solution
at 12.5% of the ionic strength, under the light and temperature
conditions which the experiment was carried out. Decreasing the
nutrient solution concentration one can reduce up to 50% of the basic
nutrient solution costs, if nutrient solution concentration is reduced
and electric conductivity kept close to 1.00 dS m-1.
Keywords: Lactuca sativa L., electric conductivity, growth rate, ionic
strength.
(Recebido para publicação em 16 de abril de 2007; aceito em 23 de abril de 2008)
O
cultivo hidropônico da alface temse difundido rapidamente em todo
o país. Na região Sudeste, em especial,
tem alcançado seu máximo crescimento, o que pode ser atribuído a uma série
de fatores, destacando-se o melhor preço final do produto, maior demanda por
produtos de qualidade superior e maior
difusão de tecnologia. O sistema
hidropônico chamado NFT (técnica de
nutrientes em filme) tem alcançado destaque na produção desta hortaliça, sendo
o preferido dentre os vários sistemas disponíveis pelas vantagens de praticidade
e eficácia na produção (Cometti, 2003).
Muitas fórmulas de soluções nutritivas têm sido usadas e avaliadas quan-
1
to à produtividade. Trabalhos de Santos
(1998) mostram que não há grande diferença na produtividade entre as soluções nutritivas comumente utilizadas.
Em geral, as soluções nutritivas em
voga têm como ancestral comum a solução proposta por Hoagland & Arnon
em 1938 (Hoagland & Arnon, 1950),
cujos níveis de macro e micronutrientes muito se assemelham aos atualmente preconizados. A elevada concentração de sais observada na solução de
Hoagland & Arnon (1950) se perpetuou
e pode ser observada na maioria das
soluções em uso atualmente, alcançando níveis de condutividades elétricas
(CE) maiores do que 2,0 dS m-1. Costa
et al. (2001), cultivando alface americana de cabeça crespa, cultivar Ryder,
em hidroponia, observaram as maiores
produtividades em soluções com 2,46 ±
0,24 dS cm-1, nas condições de Botucatu,
SP. Entretanto, o uso de concentrações
salinas elevadas nas soluções nutritivas,
sob condições ambientais de alta temperatura, alta umidade e elevada
luminosidade, como as que ocorrem nos
estados do Rio de Janeiro e Espírito
Santo, têm provocado situações inusitadas que não ocorrem normalmente em
clima temperado. Dentre elas, distúrbios
fisiológicos das plantas podem ser considerados como os mais preocupantes,
expressando-se na forma de murcha
Trabalho parcial da Tese de Doutorado do primeiro autor.
262
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Efeito da concentração da solução nutritiva no crescimento da alface em cultivo hidropônico–sistema NFT
excessiva nas horas mais quentes do
dia, queima das bordas das folhas
“tipburn” e perda na produtividade
(Huett, 1994). É crescente a preocupação em reduzir a concentração das soluções nutritivas, por vários motivos:
redução da concentração de nitrato nos
tecidos vegetais; redução do potencial
de eutroficação das soluções remanescentes dos cultivos hidropônicos
(Siddiqi et al., 1998); e redução dos
custos de produção por meio do aumento da eficiência do uso do nutriente.
Trabalhos de Siddiqi et al. (1998) e
Chen et al. (1997) mostram ser possível reduzir a concentração da solução
nutritiva a níveis tão baixos quanto
10% da força iônica original das soluções comumente usadas em cultivos
hidropônicos em sistemas recirculantes
de alface e tomate, sem que se incorra
em riscos de perda da produtividade.
Diante do exposto, o objetivo deste
trabalho foi avaliar o crescimento e a
produtividade da alface cultivada em
sistema hidropônico-NFT, com diferentes concentrações de macronutrientes na
solução nutritiva.
MATERIAL E MÉTODOS
Alface (Lactuca sativa L.), cultivar
Vera, foi cultivada em um sistema
hidropônico do tipo NFT, de abril a maio,
na UFRRJ, Seropédica (RJ) (coordenadas geográficas 22º 45’ 33" S e 43º 41’
51"). Os tratamentos constaram de quatro soluções nutritivas diferentes quanto
a concentração de macronutrientes, variando de 100 a 12,5% da concentração
original da solução proposta por Furlani
(1997), conforme a Tabela 1. Os micronutrientes foram mantidos na mesma
concentração em todos os tratamentos:
B=0,3, Cu=0,02, Fe=2, Mn=0,4,
Mo=0,06 e Zn=0,06 mg L-1. As soluções
de macronutrientes foram preparadas a
partir de sais comerciais indicados para
fertirrigação (nitrato de potássio, nitrato
de cálcio, fosfato mono-amônio e sulfato de magnésio). Para os micronutrientes foram utilizados sais puros. O ferro
foi utilizado na forma de quelato EDTA
(13% Fe). Todas as soluções foram preparadas com água destilada.
O sistema hidropônico completo
constou de quatro subsistemas indepenHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
dentes, com quatro canais de cultivo,
contendo 22 plantas em cada canal, considerado como uma repetição. Cada solução (tratamento) foi distribuída em um
canal por bancada, de forma aleatória,
para evitar o efeito de localização dentro da casa de vegetação. Cada
subsistema foi composto de um reservatório de solução nutritiva em
polietileno com volume de 100 L, uma
motobomba de 32 W, tubulação de
recalque de solução em PVC com diâmetro de 25 mm, canal de cultivo em
polipropileno do tipo “Hidrogood®”
com diâmetro de 75 mm, tubulação de
retorno da solução em PVC com diâmetro de 50 mm e um temporizador/
contator para acionamento elétrico das
motobombas.
A semeadura foi realizada em espuma fenólica mantida úmida com água
destilada por três dias, a partir dos quais
as células de espuma fenólica com as
mudas foram destacadas e colocadas nos
canais de cultivo. A partir dessa data
receberam a solução proposta por
Furlani (1997) diluída a 25% da concentração original até os 17 dias da semeadura. Aos 17 dias após a semeadura
(DAS) as plantas receberam as soluções
nas concentrações definitivas nos tratamentos. A vazão da solução nutritiva nos
canais de cultivo foi de 90 L h-1. A freqüência de funcionamento foi de 10
minutos com intervalos de 10 minutos
durante todo o dia, até o final do experimento.
Diariamente, os níveis das soluções
nos reservatórios foram reajustados com
água destilada e a condutividade elétrica com soluções estoques para manter a
concentração inicial do tratamento, não
sendo permitidas oscilações maiores do
que 20% da concentração inicial da solução. As trocas das soluções nutritivas
foram feitas semanalmente para evitar
grandes desequilíbrios entre os nutrientes. Utilizou-se KOH a 0,05 mol L-1 e
H2SO4 a 0,025 mol L-1 para corrigir o
pH para 5,5. A temperatura e o fluxo de
fótons fotossintéticos (FFF) foram
monitorados três vezes ao dia. A temperatura média durante o dia no período foi de 30±4oC e o FFF médio foi de
600±200 µmol m-2 s-1.
As coletas de plantas foram realizadas em intervalos de sete dias, inician-
do-se aos 17 DAS e finalizando aos 52
DAS. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado e
cada parcela experimental foi composta de quatro plantas coletadas em cada
canal de cultivo, com exceção da primeira, aos 17 DAS, quando foram
coletadas apenas duas plantas para formar uma amostra composta, pois todos
os sistemas possuíam a mesma solução
nutritiva até então. A parte aérea das
plantas foi separada em folhas e caules,
e juntamente com as raízes foram levados à estufa para secagem a 80oC até
massa constante.
As Taxa de Crescimento Absoluto
(TCA) e Taxa de Crescimento Relativo
(TCR) foram calculadas pelas equações
(Hunt, 1990):
(g dia-1)
(g g-1 dia-1)
Onde, m = massa seca (g) e t = tempo em dias.
Os dados foram submetidos à análise de variância em delineamento inteiramente casualizado. Para a análise estatística e análise de regressão utilizouse o programa SigmaStat® (SPSS
Science, Chicago, IL).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As alfaces cultivadas com 100 e 50%
da concentração da solução nutritiva
apresentaram os maiores valores de taxa
de crescimento absoluto (TCA), chegando a 1,1 g dia-1 no período compreendido entre 45 e 52 DAS (Figura 1). Já os
tratamentos com 25 e 12,5% da concentração da solução apresentaram menores valores de TCA, da ordem 0,74 e
0,29 g dia-1 no período de 45 a 52 DAS,
respectivamente. Em cultivos convencionais, Garcia et al. (1982) observaram
taxas de crescimento de alface da cultivar Brasil 48 em torno de 0,48 g dia-1
entre os 62 e 72 dias após o transplante.
Valores semelhantes foram encontrados
por Fernandes et al. (1971). Segundo
Garcia et al. (1988), também em cultivo convencional, a cultivar Clause’s
Aurélia apresentou máxima TCA no
período entre os 51 e 62 dias após o
transplante, 0,40 g dia-1, apresentando
263
NN Cometti et al.
Figura 1. Taxa de crescimento absoluto (TCA) e taxa de crescimento relativo (TCR) da
alface cultivada em sistema hidropônico-NFT nas concentrações de 100, 50, 25 e 12,5% da
solução proposta por Furlani (1997). Cada ponto representa a média de quatro repetições.
As barras de erro indicam desvio padrão (absolute growth rate (TCA) and relative growth
rate (TCR) of lettuce grown in a hydroponic system-NFT in the concentrations of 100, 50,
25, and 12,.,5% of the solution proposed by Furlani (1997). Each point represents the average
of four replicates. The error bars indicate standard deviation). Seropédica, UFRRJ, 2000.
ligeiro declínio após esse período.
Faquin et al. (1996) cultivando alface
Verônica, do tipo crespa, em sistema
hidropônico NFT, encontrou um máximo de TCA no período compreendido
entre 15 e 20 dias após o transplante,
em torno de 1,4 g dia-1 por planta, mas a
maioria dos períodos entre as colheitas
apresentou TCA em torno de 0,5 g dia-1.
Como o experimento contou o tempo a
partir do transplante de plântulas com
cinco folhas, pode-se inferir que as plantas possuíam em torno de 20 dias ao
transplante, e com isso, a colheita no
ponto comercial foi realizada aos 50
DAS, onde as plantas alcançaram TCA
em torno de 0,52 g dia-1. Para comparações desses resultados com os que foram obtidos neste experimento, deve ser
levada em consideração a variação na
taxa de crescimento em função, principalmente, das variáveis de temperatura
e de luminosidade, que também se alteram ao longo do ano. Entretanto, num
aspecto geral, observa-se que no presente trabalho a alface cultivada em
hidroponia apresentou precocidade ao
alcançar uma TCA de 0,9 g dia-1, e pa-
264
radoxalmente mostrou longevidade suficiente para apresentar TCA crescente
até os 52 DAS. Do ponto de vista de
aproveitamento econômico da estrutura de produção hidropônica para a produção de biomassa de folhas, e não de
número de “cabeças de alface”, o alongamento do período de cultivo seria conveniente. Esse fato é importante no panorama atual de comércio de alface
hidropônica, visto que muitos produtores vêm oferecendo o produto minimamente processado, na forma de folhas
destacadas, lavadas e embaladas em
bandejas. Com isso, o que importa não
é mais a produção da “cabeça” de alface, mas a massa de folhas, pela qual as
embalagens são padronizadas. Em
contrapartida, após os 45 DAS, dependendo da cultivar, há risco de
pendoamento da planta, depreciando o
produto para a venda in natura.
Enquanto a TCA fornece uma simples idéia do desenvolvimento pontual
individual da planta, a Taxa de Crescimento Relativo (TCR) nos fornece uma
visão instantânea da eficiência de produção de uma planta a partir de uma
derivada do crescimento em determinado período. A TCR mostra uma vantagem na interpretação de mudanças no
crescimento por não sofrer grandes variações com diferentes períodos analisados (Hunt, 1990). Conseqüentemente, não se observaram diferenças entre
as TCR entre nenhum dos tratamentos,
tanto para os períodos compreendidos
entre 38 a 45 DAS quanto 45 a 52 DAS
(Figura 1), visto que a TCR está muito
mais relacionada às características genéticas intrínsecas à planta do que às
modificações ambientais. Não houve
diferença estatística entre as coletas a
partir de 31 DAS, com valores em torno de 0,1 g g-1 dia-1, mas nota-se que há
uma tendência de declínio na TCR dos
tratamentos 100, 50 e 25% no período
de 45 a 52 DAS, o que indica a aproximação da senescência, momento em que
a assimilação líquida passa a ser negativa. Garcia et al. (1982) também encontraram valores de TCR em torno de 0,1
g g-1 dia-1 aos 41 dias da cultura de alface cultivada em solo.
As maiores produções de massa seca
de folha e de caule foram obtidas com
os tratamentos 100 e 50%, especialmente nas duas últimas coletas (Figura 2).
Aos 45 DAS, esses tratamentos alcançaram em torno de 11 g de folhas (massa seca) por planta. Esses valores de
massa seca em sistema hidropônico são
elevados, quando comparados à produção de alface em solo. Garcia et al.
(1988), trabalhando com alfaces das
cultivares Brasil 48 e Clause’s Aurélia
cultivadas em solo, obtiveram 12,5 g de
massa seca por planta apenas aos 72 dias
da cultura. Faquin et al. (1996) obtiveram plantas com 14,8 g de folhas (em
base de massa seca) por planta aos 30
dias após o transplante, no ponto de colheita. Entre os tratamentos 100 e 50%,
no entanto, não houve diferença estatística, indicando que é perfeitamente viável a utilização da solução nutritiva à
metade de sua força iônica sem prejuízo da produção final. Em contrapartida,
os dados da quarta e da quinta coleta
mostram que a diferença na produção
de massa seca foliar foi significativa
entre os tratamentos 50 e 25%. Apesar
da colheita aos 52 DAS (quinta coleta)
não ser comum em sistemas de produção hidropônica comercial devido ao
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Efeito da concentração da solução nutritiva no crescimento da alface em cultivo hidropônico–sistema NFT
Tabela 1. Soluções nutritivas dos tratamentos utilizados no experimento. (nutrient solution composition of the treatments used in the trial).
Seropédica, UFRRJ, 2000.
1
Percentagem da concentração de macronutrientes da solução proposta por Furlani (1997). (percentage of the macronutrients concentration
of the solution proposed by Furlani (1997); 2Condutividade elétrica medida com condutivímetro portátil da marca ‘Hanna®’ (electric
conductivity measured by portable conductivity meter Hanna®); 3Concentração total de ions; 4Calculada com o auxílio do programa GeochemPC (Sposito & Mattigod, 1980) (calculatec using Geochem-PC (Sposito & Mattigod, 1980)
porte das plantas, o presente experimento foi conduzido até esse estádio para
fins de conhecimento do efeito da concentração ao longo de toda a ontogenia
da planta. O fato das plantas cultivadas
com 50% da solução nutritiva proposta
por Furlani (1997) produzirem 65%
mais massa seca foliar do que o tratamento com 25%, e de produzirem o
mesmo que o tratamento 100%, indica
que 50% da concentração da solução
encontra-se próximo ao limite e que uma
diluição na solução poderia implicar na
perda de produtividade pela cultura. No
sistema radicular, entretanto, o efeito da
concentração da solução nutritiva mostra-se linear, com diferenças entre os
quatro tratamentos. Isso indica que o
crescimento do sistema radicular é reduzido com a diluição da solução nutritiva, porém sem afetar a produção de
fitomassa, até a CE de 1,0 mS m-1, aparentando uma economia de carbono utilizado para o crescimento do sistema
radicular. Do ponto de vista comercial,
esse efeito é vantajoso para a produção
de folhosas como a alface.
A Figura 3 mostra o efeito da concentração da solução na duas últimas
datas de coletas, consideradas de interesse comercial (Cometti, 2003). Em
ambas, as produções máximas obtidas
pelas equações de regressão foram
alcançadas na concentração de 75±1%.
Entretanto, os tratamentos 100 e 50%
produziram massas muito próximas a
90% do máximo (linhas de referências
na Figura 3), aceitável para a produtividade de uma cultura. Aos 45 DAS, as
reduções foram de 14 e 11,5%, e aos 52
DAS foram de 12,6 e 12,2% para as
concentrações de 50 e 100%, respectivamente, em relação ao máximo calcuHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figura 2. Produção de fitomassa pela alface cultivada em sistema hidropônico-NFT nas
concentrações de 100, 50, 25 e 12,5% da solução proposta por Furlani (1997). Cada ponto
representa a média de quatro repetições. As barras de erro indicam desvio padrão. (phytomass
production by lettuce grown in a hydroponic system-NFT in the concentrations of 100, 50,
25, and 12.5% of the solution proposed by Furlani (1997). Each point represents the average
of four replicates. The error bars indicate standard deviation). Seropédica, UFRRJ, 2000.
lado a partir das curvas de ajuste. Esses
resultados trazem uma nova compreensão sobre a faixa apropriada de trabalho
da concentração da solução, que pode
variar, no caso da alface, de 100 a 50%
da concentração inicialmente proposta,
sem prejuízo da produtividade da cultura. Entretanto, maiores diluições podem causar rápido decréscimo na produtividade (Figuras 2 e 3), que passa a
ser reduzida de forma proporcional e linear a concentração da solução nutritiva. A manutenção de uma condutividade
elétrica constante equivalente a 75% da
concentração da solução é difícil na prática das hidroponias comerciais, pois há
diluição da solução ao longo do dia,
quando da entrada de água por válvula
bóia, ou concentração quando a água é
adicionada apenas junto com a adição dos
nutrientes. Entretanto, aparentemente,
manter as diluições até 50% da concentração inicial da solução proposta por
Furlani (1997), com a condutividade em
torno de 1,0 dS m-1, é factível, mantendo
a produtividade da cultura de alface
265
NN Cometti et al.
dS m-1. Com isso, racionaliza-se o uso
de fertilizantes e diminuem-se os custos de produção da alface em sistema
hidropônico NFT. Nas condições de luz
e temperatura em que foi conduzido o
experimento, maiores diluições da solução poderiam levar à redução no crescimento. As taxas de crescimento absoluto das plantas submetidas aos tratamentos com 100 e 50% da concentração da solução foram semelhantes e
crescentes ao longo do experimento, alcançando 1,1 g dia-1. Entretanto, a eficiência de produtividade, ou taxa de
crescimento relativo, entrou em declínio
após o período de 45 DAS.
AGRADECIMENTOS
Figura 3. Produção de fitomassa pela alface cultivada em sistema hidropônico-NFT em função da concentração da solução nutritiva em coletas aos 45 e 52 dias após a semeadura (DAS).
Cada ponto representa a média de quatro plantas. Os círculos cheios nas curvas indicam o
ponto de máximo calculado através das equações de regressão. (phytomass production by
lettuce grown in a hydroponic system-NFT depending on the concentration of the nutrient
solution harvest at 45 and 52 days after seeding (DAS). Each point represents the average of
four replicates. The error bars indicate standard deviation). Seropédica, UFRRJ, 2000.
hidropônica. Oscilações, da ordem de 0,5
dS m-1 quando a solução apresenta CE
acima de 1,0 dS m-1, não promovem alteração significativa na produtividade.
Têm surgido propostas de baixar a
concentração das soluções através do
abaixamento da CE para a faixa 1,0 a
1,5 dS m-1 para regiões mais quentes
como Norte e Nordeste (Furlani et al.,
1999), porém sem dados consistentes
para essas regiões, que vêm a ser supridos pelo presente trabalho. Claussen
(2002), trabalhando com tomate, observou que variando de 1 a 5 vezes a concentração da solução nutritiva original,
sob nutrição totalmente nítrica ou utilizando até 25% do nitrogênio na forma
amoniacal, não houve alteração tanto no
crescimento vegetativo quanto no
reprodutivo. Do mesmo modo,
Genúncio et al. (2006), observaram que
diluições da solução de Hoagland &
Arnon (1950) a 50%, baixando de 2,88
dS m-1 para 1,44 dS m-1, não influenciaram a produtividade e o acúmulo de
massa dos tomateiros.
A redução da concentração da solução nutritiva a 50%, nas condições do
presente experimento, pode representar
uma economia de 50% do custo da so266
lução nutritiva básica. Comercialmente, encontram-se kits de nutrientes disponíveis prontos para uso, normalmente para 1000 L de solução (LUZ et al.,
2006). Seu custo atual é de R$ 11,00,
obtido por consulta à empresa comercial Gioplanta® em 04/12/07. Numa
produção hidropônica de 1 há, se considerada a produção mensal de 50.000
plantas e a utilização de 100000 L de
solução nutritiva básica inicial (2 L planta-1), pode-se alcançar uma economia
anual de até R$ 6.000,00 (US$ 2.790,00
ao câmbio de 2,15:1) em nutrientes. Essa
economia seria obtida apenas com a redução da condutividade elétrica da solução inicial de 2,0 para 1,0 dS m-1, sem
comprometer a produtividade. Essa
inferência vale apenas para regiões com
clima semelhante ao deste experimento, com alta temperatura e alto fluxo de
fótons fotossintéticos.
A utilização da solução nutritiva proposta de Furlani (1997) a 50% da concentração original, com condutividade
elétrica em torno de 0,98 dS m-1, resultou na produção da mesma massa de
parte aérea (parte comercial) do que a
solução a 100% da força iônica, com
condutividade elétrica em torno de 1,84
Os autores agradecem ao CNPq pela
bolsa de produtividade e de iniciação
científica.
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Controle de ferrugem na cultura do alho com uma nova mistura de
fungicidas
Maristella Dalla Pria1; Jeferson Zagonel1, Eliana C Fernandes2
¹UEPG, Depto Fitotecnia e Fitossanidade, Av. Carlos Cavalcanti, 4748, 84030-900 Ponta Grossa-PR; ²UEPG, mestranda em agricultura;
[email protected]; [email protected]; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de verificar a vantagem da adição do fungicida
trifloxystrobin ao tebuconazole no controle de ferrugem (Puccinia
porri) na cultura do alho, foi instalado um experimento na Fazenda
Escola “Capão da Onça” da UEPG, em Ponta Grossa, PR, no ano de
2003. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso
com seis tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos constaram
de tebuconazole na dose de 200 g ha-1 (1,00 L ha-1 de Folicur 200
CE); e das misturas formuladas (prontas) de trifloxystrobin e
tebuconazole nas doses de 50 e 100 e 75 e 150 g ha-1 (0,50 e 0,75 L
ha-1 de Nativo SC); trifloxystrobin e tebuconazole nas doses 50 e
100 e 75 & 150 g ha-1 (0,20 e 0,30 kg ha-1 de Nativo WG) e testemunha. Foram realizadas três aplicações dos tratamentos, aos 85, 96 e
103 dias após a emergência da cultura, cultivar Caçador. As avaliações de controle foram realizadas aos 11, 18 e 27 dias após a primeira aplicação dos fungicidas. Nas condições em que foi desenvolvido
o experimento, de alta severidade da doença, pode-se concluir que a
mistura de trifloxystrobin e tebuconazole na dose de 75 e 150 g ha-1
das formulações SC e WG é adequada ao controle da ferrugem do
alho pela similaridade de controle ao tebuconazole que é recomendado para o controle da doença e por não causar danos visíveis na
cultura.
Rust control in the garlic culture with a new mixture of
fungicides
Palavras-chave: Allium sativum L., Puccinia porri, tebuconazole,
trifloxystrobin.
An experiment was carried out in Ponta Grossa, Paraná State,
Brazil, to evaluate the advantage of the addition of the fungicide
trifloxystrobin to tebuconazole, to control the garlic rust (Puccinia
porri). The experimental design was of complete randomized blocks
with six treatments and four replications. The treatments consisted of
tebuconazol in the rate of 200 g ha-1 (1,00 L ha-1 of Folicur 200 CE);
and of the formulated mixtures of trifloxystrobin and tebuconazol in
the rates of 50 and 100 e 75 and 150 g ha-1 (0.50 and 0.75 L ha-1 of
Nativo SC); trifloxystrobin and tebuconazol in the rates of 50 and 100
e 75 and 150 g ha-1 (0.20 and 0.30 kg ha-1 of Nativo WG) and non
sprayed control. Three applications of the fungicides were carried out
at 85, 96, and 103 days after the plant emergence, cultivar Caçador.
Disease was assessed at 11, 18 and 27 days after the first application
of fungicides. Under Puccinia porri high severity observed in the
experiment, the mixture of the trifloxystrobin and tebuconazol in the
rate of 75 and 150 g ha-1 of SC and WG, showed similar control of the
garlic rust as compared to tebuconazol, fungicide recommended for
the rust control and for not causing visible damages in the culture.
Keywords: Allium sativum L., Puccinia porri, tebuconazol,
trifloxystrobin.
(Recebido para publicação em 9 de janeiro de 2007; aceito em 18 de abril de 2008)
A
ferrugem é uma doença de ocorrência generalizada em todas as
regiões do globo desde que, durante o
cultivo das plantas suscetíveis, ocorram
condições ambientais favoráveis ao seu
desenvolvimento. A doença ocorre mais
freqüentemente em condições de alta
umidade relativa do ar e baixo índice
pluviométrico. Temperaturas moderadas
favorecem a infecção, sendo a mesma
inibida quando valores acima de 24oC e
abaixo de 10oC são registrados (Massola
Jr. et al., 2005). Apesar de incidir sobre
várias espécies do gênero Allium, a doença é especialmente importante para o alho
(Allium sativum L.) e para a cebolinha
(Allium fistulosum L.), sendo menos freqüente e apresentando importância relativa às demais plantas daquele gênero.
Nas condições do Sul do Brasil, se situa
entre as doenças de maior importância,
268
sendo muitas vezes responsável por queda acentuada da produção de culturas nas
quais não são adotadas as medidas de
controle necessárias (Sanchez et al.,
2003; Massola Jr. et al., 2005).
As plantas de alho são suscetíveis à
ocorrência da ferrugem em qualquer
fase do seu desenvolvimento. A doença, causada por Puccinia porri (D.C.)
Rud. é caracteriza pelo aparecimento no
limbo foliar de numerosas pústulas pequenas, elípticas, a princípio recobertas
pela cutícula da folha. Com o rompimento desta há exposições de massa
pulverulenta, de cor amarela, constituída por uredosporos do fungo. Numa fase
mais avançada da doença, a massa
pulverulenta formada na pústula mostra-se de cor castanho-escura ou preta,
devido à formação de teliósporos
(Massola Jr. et al., 2005).
Com relação ao manejo da cultura,
é importante evitar o plantio em solos
compactados, de baixada, bem como
adubações desequilibradas. A utilização
de cultivares mais resistentes à doença
é recomendada e o controle químico é
efetivo, sendo utilizado com freqüência
nas lavouras de alho.
Fungicidas do grupo dos triazóis são
recomendados para o controle da ferrugem (Massola Jr. et al., 2005). Entre eles
o tebuconazole é utilizado com bons
resultados de controle da doença e
seletividade à cultura (Sanchez et al.,
2003; Andrei, 2005). Os produtos do
grupo das estrobilurinas são de uso mais
recente e mostram bons resultados de
controle de diferentes doenças e culturas, especialmente quando em mistura
pronta com triazóis, aumentam o espectro de controle e a ação residual do traHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Controle de ferrugem na cultura do alho com uma nova mistura de fungicidas
Tabela 1. Severidade (%) de Puccinia porri e controle (%) por fungicidas aplicados seqüencialmente em três épocas na cultura do alho
(Allium sativum L.) (Severity (%) of Puccinia porri and control (%) through fungicides applied sequentially in three times in the garlic
culture). Ponta Grossa, UEPG, 2003.
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem pelo teste de Tukey (p<5%); 1Dose em gramas por hectare; 2DAA = dias após a
primeira aplicação dos fungicidas; 3%C = porcentagem de controle; 4Tratamento utilizado como padrão; 5Formulação SC; 6Formulação WG
(Means followed by the same letter in the column, did not differ through the Tukey test (p<5%); 1Rate in gram for hectare; 2DAA = days after
the first application of the fungicides; 3%C = control percentage; 4Treatmento used as standard; 5 SC Formularization; 6 WG Formularization).
tamento (Picinini & Prestes, 1994;
Picinini & Fernandes, 1998). Para o controle da ferrugem do alho ainda não há
relatos na literatura a respeito do uso
combinado de trifloxystrobin com
tebuconazole, mas essa mistura mostra
resultados eficientes no controle de ferrugem em cevada (Rizzi et al., 2006),
ferrugem em feijão (Modesto et al., 2005)
e brusone no arroz (Lobo, 2004) sem causar efeitos fitotóxicos nas plantas.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar se há a vantagem da adição do fungicida trifloxystrobin ao
tebuconazole no controle de ferrugem
na cultura do alho.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado na Fazenda Escola “Capão da Onça” da
UEPG, Município de Ponta Grossa, PR,
em um Cambissolo distrófico de textura argilosa, no ano 2003. O delineamento experimental utilizado foi de blocos
ao acaso com seis tratamentos e quatro
repetições. As parcelas apresentaram
área total de 6,0 m2 (5,0 x 1,2 m) e área
útil de 4,0 m2 (4,0 x 1,0 m).
O plantio do alho, cultivar Caçador,
foi realizado manualmente em 15/07/03,
em fileiras espaçadas de 0,25 m e 0,10
m entre plantas. A adubação consistiu
da aplicação de 1.000 kg ha-1 de adubo
de fórmula comercial 04-20-20 no plantio e 50 kg ha-1 de nitrogênio em cobertura na forma de uréia. O controle de
plantas daninhas foi realizado manualmente na área do experimento.
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Os tratamentos constaram de
tebuconazole na dose de 200 g ha-1 (1,00
L ha-1 de Folicur 200 CE, concentrado
emulsionável); e das misturas formuladas de trifloxystrobin e tebuconazole nas
doses de 50 e 100 e 75 e 150 g ha-1 (0,50
e 0,75 L ha-1 de Nativo SC, suspensão
concentrada); trifloxystrobin e
tebuconazole nas doses 50 & 100 e 75 e
150 g ha-1 (0,20 e 0,30 kg ha-1 de Nativo
WG, granulado dispersível) e testemunha. Os fungicidas foram aplicados através de pulverizador costal, à pressão
constante de 35 lb pol-2, mantida por CO2
comprimido, com pontas de jato plano
“leque” XR 110.02 e volume de calda
de 500 L ha-1. Foram realizadas três aplicações dos tratamentos, aos 85, 96 e 103
dias após a emergência do alho.
Foi avaliada a severidade de Puccinia
porri, determinando-se a severidade, utilizando a escala diagramática de Azevedo (1997). Foram avaliadas as folhas de
10 plantas por parcela aos 85, 96 e 103
dias após a emergência das plantas de alho,
correspondente a 11, 18 e 27 dias após a
primeira aplicação dos tratamentos.
Os dados foram submetidos à análise da variância (teste F) e as diferenças
entre as médias, quando significativas,
comparadas pelo teste de Tukey no nível
de 5% de probabilidade. Para as avaliações de severidade os dados foram transformados para arc sen
.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O clima no decorrer do experimento caracterizou-se por temperaturas
amenas e alta umidade relativa do ar, o
que é favorável ao desenvolvimento da
ferrugem (Massola Jr. et al., 2005). Assim a severidade da doença foi bastante
alta, como pode ser notado pelos resultados da testemunha (Tabela 1). A severidade foi máxima pela escala utilizada
já aos 18 dias após a aplicação (DAA)
dos tratamentos. Em razão dessa alta
severidade, mesmo para o tebuconazole,
que é recomendado para o controle da
doença (Souza et al., 2003; Sanchez et
al., 2003), ocorreu redução na porcentagem de controle nas avaliações realizadas aos 18 e 27 DAA. Em relação ao
trifloxystrobin e tebuconazole (SC) e a
trifloxystrobin e tebuconazole (WG) nas
maiores doses (75 e 150 g ha-1 e 75 e
150 g ha-1 respectivamente), os resultados foram similares e o controle não
diferiu do tebuconazole na avaliação aos
18 DAA, com controle acima de 74%.
Estes mesmos produtos e formulações
nas menores doses foram estatisticamente inferiores às maiores doses, aos
18 DAA, indicando o aumento da eficiência do controle da ferrugem com o
aumento das doses dos produtos.
Em trabalho realizado por Sanchez
et al. (2003), foi observado que o
tebuconazole na dose de 200 g ia ha-1
apresentou excelente eficácia de controle da ferrugem na cultura do alho, o que
não aconteceu no presente trabalho pela
alta severidade em que a doença ocorreu.
Embora houvessem diferenças no
controle entre os fungicidas, essas não
foram suficientes para se refletir na pro269
MD Pria et al.
Tabela 2. Produção da cultura do alho (Allium sativum L.) em função de fungicidas aplicados visando o controle de Puccinia porri (yield of the garlic culture depending on the applied
fungicides to control the Puccinia porri). Ponta Grossa, UEPG, 2003.
Médias seguidas de letras iguais na coluna, não diferem pelo teste de Tukey (p<5%); 1Dose
gramas por hectare; 2Tratamento utilizado como padrão; 3Formulação SC; 4Formulação WG
(means followed by the same letter in the column, did not differ through the Tukey test
(p<5%); 1Rate in gram for hectare; 2Treatment used as standard; 3SC Formulation; 4WG
Formulation).
dução, que foi similar entre esses (Tabela 2). O único tratamento que proporcionou produção superior ao da testemunha foi tebuconazole. Não foram
observadas diferenças substanciais no
controle entre as formulações da mistura de trifloxystrobin e tebuconazole, sendo ambos adequados no controle da ferrugem.
Não foram observadas alterações nas
plantas de alho que pudessem ser atribuídas aos fungicidas utilizados. Nas
condições em que foi desenvolvido o
experimento, de alta severidade de ferrugem, pode-se concluir que a mistura
de trifloxystrobin e tebuconazole na
dose de 75 e 150 g ha-1 das formulações
SC e WG é adequada ao controle da ferrugem do alho pela similaridade de controle ao tebuconazole, que é recomendado para o controle da doença, e por
não causar danos visíveis na cultura. As
misturas formuladas de trifloxystrobin
e tebuconazole contêm a mesma quantidade de tebuconazole do Folicur 200
CE e preço superior em 5 a 15%, sendo
vantajosa a utilização da mistura por
conter o trifloxystrobin que, mesmo não
270
tendo sido observada vantagem no controle da ferrugem, é um fungicida que
controla outras doenças, especialmente
quando aplicado preventivamente
(Venâncio et al., 1999). Ainda, o uso de
produtos de grupos químicos diferentes
em mistura formulada constitui importante estratégia para evitar a resistência
dos patógenos a fungicidas (Reis et al.,
2007). Das misturas formuladas, a empresa fabricante optou por registrar a formulação SC, que permite o uso de menores
quantidades de tebuconazole na mistura
em comparação ao produto isolado. Isso
confere ao agricultor a possibilidade de
escolha dos produtos em função das doenças que ocorrem, com pequeno acréscimo de preço.
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Relações entre cátions trocáveis do solo e suas correlações com a qualidade de frutos de melão
Neyton de Oliveira Miranda; José F. de Medeiros; Sérgio Luiz A. Levien
UFERSA-Depto. Ciências Ambientais, Av. Francisco Mota, s/n, 59625-900 Mossoró-RN; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
A qualidade dos frutos de melão pode ser prejudicada pelo excesso de nutrientes no solo e pelo desequilíbrio entre eles, causados
por adubações excessivas e desuniformes. A amostragem em duas
áreas de produção de melão foi realizada para identificar entre relações catiônicas do solo (K:(Ca+Mg), K:Ca, K:Mg, K:CTC, Ca:Mg,
Ca:CTC, Mg:CTC, Na:Ca, Na:Mg e PST) aquelas melhor
correlacionadas com características de qualidade (espessura de polpa, firmeza da polpa e teor de sólidos solúveis totais). Para tanto se
utilizou a estatística descritiva, o coeficiente de correlação de
Spearman e a regressão múltipla. As variáveis de qualidade de frutos de melão apresentaram poucas correlações com as relações
catiônicas do solo. No Goldex, as melhores correlações foram de
K:CTC com espessura de polpa; Ca:CTC e Mg:CTC com firmeza
de polpa e K:CTC, K:Ca, K:(Ca+Mg), Na:Ca e Na:Mg com SST,
todas positivas. No Orange Flesh, observaram-se correlações apenas de firmeza de polpa com Ca:CTC (positiva), K:Mg, K:Ca,
K:(Ca+Mg) e Na:Ca (negativas). No Orange Flesh, através da contribuição para as regressões, identificou-se como mais importantes
as relações catiônicas Ca:CTC para espessura (6,2%) e firmeza de
polpa (10,9%), e Mg:CTC para o teor de sólidos solúveis totais
(1,5%).
Soil cationic ratios and its correlation with melon fruit quality
Melon fruit quality can be reduced by soil nutrient excess and
imbalance, both caused by excessive and non uniform fertilizations.
Soil samples were taken from two melon fields aiming to identify,
among soil cationic ratios (K:(Ca+Mg), K:Ca, K:Mg, K:CTC,
Ca:Mg, Ca:CTC, Mg:CTC, Na:Ca, Na:Mg, and ESP), those better
correlated with fruit quality characteristics (pulp thickness, pulp
firmness and total soluble solids (SST)). Descriptive statistics,
Spearman’s correlation and multiple regressions were used in the
analysis. Melon fruit quality characteristics presented few correlation
with soil cationic ratios. In Goldex, the best correlation found were
of K:CTC with pulp fruit thickness; Ca:CTC and Mg:CTC with pulp
firmness and of K:CTC, K:Ca, K:(Ca+Mg), Na:Ca and Na:Mg with
SST, all positive. In Orange Flesh, only pulp firmness showed
correlation with Ca:CTC (positive), K:Mg, K:Ca, K:(Ca+Mg) and
Na:Ca (negative). On the basis of their contribution to regressions
in Orange Flesh, cationic ratios identified as more important were
Ca:CTC for pulp fruit thickness (6,2%) and pulp firmness (10,9%),
and Mg:CTC for total soluble solids (1,5%).
Palavras-chave: Cucumis melo, firmeza de polpa, sólidos solúveis
totais.
Keywords: Cucumis melo, pulp firmness, total soluble solids
(Recebido para publicação em 6 de agosto de 2007; aceito em 23 de abril de 2008)
O
desempenho do melão é importante para o agronegócio brasileiro
tanto no mercado interno como internacional (Crisóstomo et al., 2002). Os estados do Rio Grande do Norte, Ceará,
Bahia e Pernambuco produzem mais de
90% do melão brasileiro, destacandose as regiões de Mossoró, Assú e
Baraúna, no Rio Grande do Norte, e
Baixo Jaguaribe no Ceará. Nestas regiões, a qualidade dos frutos produzidos atende aos requisitos básicos do
mercado internacional, porém está abaixo da média dos países concorrentes,
dificultando a obtenção de melhores
preços (Silva & Costa, 2003).
A qualidade dos frutos de melão é
prejudicada pelo desequilíbrio entre
nutrientes no solo e por adubações excessivas e desuniformes, as quais, além
de acumular no solo os nutrientes não
assimilados pelas plantas nem
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
lixiviados, originam regiões no campo
com fertilidade diferente da média utilizada para recomendação de corretivos
e fertilizantes. Por isto, mesmo em campos com fertilidade média adequada, a
qualidade dos produtos agrícolas pode ser
reduzida em regiões com pH e teores de
nutrientes inadequados (Silva, 2000;
França et al., 2000). Tal fato foi confirmado por Miranda et al. (2005), que associaram a variabilidade espacial da qualidade dos frutos de melão com características químicas e físicas dos solos, fossem estas inerentes ao solo, ou causadas
por práticas inadequadas de manejo,
como a aplicação desuniforme de água,
fertilizantes e corretivos (Gonçalves et
al., 1999; Schlindwein & Anghinoni,
2000; Bergez & Nolleau, 2003).
Em cultivos do meloeiro em alguns
solos de origem calcária do RN e CE,
irrigados com água rica em Ca2+ e com
aplicações elevadas de K2O, observa-se
deficiência de K+ para a cultura, devido
à inibição competitiva da absorção de
K+ pelos altos teores de Ca2+ no solo
(Crisóstomo et al., 2002). Por outro
lado, altas concentrações de Ca2+ e K+
podem inibir a absorção de Mg2+, diminuir sua translocação da raiz à parte aérea, e, assim, causar sua deficiência. Isto
acontece porque K+, Ca2+ e Mg2+ competem pelos mesmos sítios de absorção
na raiz, de maneira que o cátion em
maior concentração na solução do solo
tem absorção preferencial em detrimento dos outros. Além disto, teores elevados de cátions monovalentes na solução
do solo podem induzir deficiência dos
divalentes, que são retidos mais fortemente pelo complexo de troca do solo
(Malavolta et al., 1997).
O conceito de relações catiônicas
ideais surgiu, segundo Kelling & Peters
271
NO Miranda et al.
(2004), da observação de que solos com
baixos teores de K+ trocável não respondiam à adubação potássica, enquanto
outros com teores satisfatórios respondiam. Segundo os autores, testes com
várias relações não comprovaram este
conceito, nem determinaram o benefício econômico de adubações feitas para
atingir tal relação. O enfoque do nível
de suficiência, que recomenda teores
suficientes, mas não excessivos de cada
cátion em vez de tentar obter uma relação favorável de saturação dos cátions,
é suportado por maior base de pesquisa
e tem apresentado melhores resultados
agronômicos e econômicos. Neste sentido, os autores indicam faixas de saturação de cada cátion, as quais pouco afetariam o crescimento e produtividade
das culturas: 65 a 85% de Ca2+, 6 a 12%
de Mg2+ e 2 a 5% de K+, com o H+ ocupando os sítios restantes.
Este trabalho foi desenvolvido com
o objetivo de identificar as relações
catiônicas do solo que melhor
correlacionam com atributos indicadores de qualidade, para identificar aquelas que possam estar influenciando a
qualidade dos frutos de melão.
MATERIAL E MÉTODOS
Os dados foram coletados no ano de
2002 em duas áreas de produção comercial de melão em Mossoró-RN (05o 09’
59,55’’ latitude sul, 37o 24’ 39,92’’ longitude oeste), nas quais o híbrido Goldex
foi cultivado em Latossolo VermelhoAmarelo Eutrófico (LVA) e o híbrido
Orange Flesh em Argissolo VermelhoAmarelo (PVA). O clima de Mossoró é
do tipo BSwh’ de Köppen (seco, muito
quente com a estação chuvosa no verão,
atrasando-se para o outono), com precipitação média anual de 500 a 600 mm.
As características químicas e físicas
dos solos LVA e PVA foram, à época de
realização das amostragens, respectivamente: pH = 6,81 e 7,00; matéria orgânica = 16,52 e 13,32 g dm-3; P = 126,08
e 55,68 mg dm-3; K+ = 23,68 e 4,81
mmol dm-3; Ca2+ = 87,08 e 65,33 mmol
dm-3; Mg2+ = 28,83 e 12,87 mmol dm-3;
Na+ = 12,19 e 6,97 mmol dm-3; CTC =
161,54 e 100,49 mmol dm-3; areia =
577,54 e 872,27 g kg-1; silte = 98,62 e
64,04 g kg-1; argila = 314,13 e 63,83 g
272
kg-1 e densidade do solo = 1,51 e 1,62
Mg m-3.
As mudas, produzidas em bandejas
de poliestireno, foram transplantadas em
espaçamento de 2,0 m entre linhas. No
Goldex, a cada gotejador espaçado de
50 cm foram dispostas duas plantas a
10 cm uma da outra, porém a cada três
gotejadores, um recebia apenas uma
planta, totalizando 16.667 plantas por
hectare; no Orange Flesh, a cada
gotejador espaçado de 80 cm foram dispostas três plantas a 10 cm uma da outra, totalizando 18.750 plantas por hectare. Os tratos culturais seguiram o sistema de produção empregado na região.
A irrigação, manejada com base na
evapotranspiração de referência calculada pelo método de Penman Monteith,
utilizou tubos com gotejadores espaçados de 50 cm e vazão de 2,27 L h-1 no
LVA, e espaçados de 80 cm com vazão
de 5,0 L h-1 no PVA. A lâmina bruta de
irrigação aplicada foi de 322,8 mm no
LVA e 316,7 mm no PVA. Foram fornecidos, através da fertirrigação, 69,8 kg
ha-1 de N, 135,5 kg ha-1 de P2O5, 266,2
kg ha-1 de K2O, 1,4 kg ha-1 de B, 1,3 kg
ha-1 de Mg e 9,4 kg ha-1 de S, no LVA.
No PVA foram fornecidos 85,5 kg ha-1
de N, 115,2 kg ha-1 de P2O5, 315,8 kg
ha-1 de K2O, 4,8 kg ha-1 de B, 5,8 kg ha-1
de Mg e 4,7 kg ha-1 de S.
O solo de cada área foi amostrado
na fase de pleno florescimento, na camada de 0 a 20 cm, segundo uma malha
com espaçamento regular de 20 m entre
amostras, totalizando 75 parcelas no
LVA e 56 parcelas no PVA. Após a colheita, os melões foram classificados em
tipo exportação (PEXP), tipo mercado
nacional (PNAC) e refugo. Foram determinadas a espessura da polpa
(ESPOLP) com paquímetro; a firmeza
de polpa, usando penetrômetro com
“plunger” de 8 mm de diâmetro e o teor
de sólidos solúveis totais (SST), utilizando refratômetro.
Os teores de Ca2+, Mg2+, K+, Na+ e a
acidez potencial (H+ + Al3+) das amostras de solo foram determinados segundo metodologias relatadas em Embrapa
(1997). Calcularam-se as relações
catiônicas: capacidade de troca de
cátions (CTC), K:Ca, K:Mg, K:CTC,
K:(Ca+Mg), Ca:Mg, Ca:CTC, Mg:CTC,
Na:Ca, Na:Mg e percentagem de sódio
trocável (PST), calculada pela equação
PST = (Na+/CTC) x 100.
Os dados foram analisados através
da estatística descritiva para verificar
sua amplitude e variabilidade; teste de
Shapiro-Wilk para verificar a normalidade; coeficiente de correlação de
Spearman para identificar possível influência das relações catiônicas sobre as
características de qualidade. Adotou-se
o modelo de regressão linear múltipla
sem o intercepto para avaliar a importância das relações catiônicas estudadas
(K:Ca, K:Mg, K:(Ca+Mg), K:CTC,
Ca:Mg, Ca:CTC, Mg:CTC, Na:Ca,
Na:Mg e PST) em explicar as características de qualidade dos frutos de melão (espessura de polpa (ESPOLP), firmeza da polpa e teor de sólidos solúveis totais (SST)). O modelo de melhor
ajuste foi selecionado pelo procedimento passo a passo com teste para saída de
variáveis (stepwise backward), no qual
o modelo inicial contém todas as variáveis independentes e, a cada passo, a
variável de menor importância é eliminada, até restarem no modelo apenas
variáveis significativas. Calculou-se a
soma dos quadrados do tipo II, na qual
o efeito de uma variável do modelo é
ajustado para todos os outros efeitos. O
coeficiente de determinação parcial (%)
foi calculado para indicar quanto da variação total é explicado pelo efeito de
uma variável ajustada para as demais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta os valores médios das características de qualidade, os
quais, para espessura de polpa, foram
4,05 cm no Goldex e 3,90 cm no Orange
Flesh. De acordo com os padrões citados por Filgueiras et al. (2000), a firmeza de polpa (53,12 N do Orange Flesh
e 40,21 N do Goldex) foi elevada; o
conteúdo de sólidos solúveis totais do
Goldex (12,19 %) foi adequado, mas o
Orange Flesh (9,10 %) apresentou alguns valores baixos. Apesar da baixa
variabilidade destas características, a
ocorrência de regiões no campo com
produtos de baixa qualidade pode causar redução considerável de receita
(Upadhyaya et al., 1999).
Os parâmetros de estatística descritiva da Tabela 1, confrontados com os
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Relações entre cátions trocáveis do solo e suas correlações com a qualidade de frutos de melão
Tabela 1. Estatística descritiva de características de qualidade dos frutos de melão Goldex e Orange Flesh e de algumas relações catiônicas
dos solos amostrados (descriptive statistics of quality characterisitcs of Goldex and Orange Flesh melons and of some soil cationic ratios).
Mossoró, UFERSA, 2002.
*significativo a 5% de probabilidade; **significativo a 1%; nsnão significativo; CV = Coeficiente de variação; W = valor calculado do Teste
de Shapiro-Wilk; SST = teor de sólidos solúveis totais; PST = percentagem de sódio trocável (*significant at 5% probability; **significant
at 1%; nsnon significant; CV = variation coefficient; W = calculated value of Shapiro-Wilk Test; SST = total soluble solids content; PST =
exchangeable sodium percentage).
valores citados por Kelling & Peters
(2004), indicam que o LVA apresentou
alta saturação por K+ (15 %), baixa saturação por Ca 2+ (54%) e valores de
Mg2+ acima dos adequados; no PVA, os
valores de saturação por K+ foram adequados (5%), existindo locais com excesso (até 20%), os de Ca2+ foram adequados (64%), havendo locais com valores baixos, e o Mg2+ apresentou tanto
valores adequados como elevados. Os
dados originais dos dois solos, apresentados por Miranda (2004), indicam grande variabilidade dos teores de nutrientes, apesar das médias adequadas e valores de pH dentro da faixa ideal.
Considerando-se adequada para
melão a relação Ca:Mg no solo de 3:1
(Silva, 2000), verificou-se excesso do
Ca2+ em relação a Mg2+ no LVA, cuja
média foi 3,72:1, mas variou entre 2,5:1
e 4,9:1 e, principalmente no PVA, onde
Ca:Mg foi 5,43:1, com variação entre 2,6
e 13:1. Em geral, não são encontrados
resultados significativos em ensaios com
esta relação, como foi o caso da relação
2:1, mesmo tendo se mostrado mais favorável para matéria seca de plantas de
feijoeiro (Oliveira & Parra, 2003).
O excesso de K+ em relação ao Ca2+,
verificado no LVA, é indicado pela relação média de 027 (1:3,7), variando entre 0,41( 1:2,4) e 0,17 (1:5,9), enquanto
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
é considerada adequada para melão a relação 1:9 (0,11), segundo Silva (2000).
Da mesma maneira, a média de 12,5 vezes mais Ca2+ (0,08), variando entre 7,1
(0,14) e 33,3 vezes (0,03), indica excesso de Ca2+ em relação a K+ no PVA. Se
considerada a relação K:Mg de 1:3 (0,33),
preconizada por Silva (2000) como adequada, a relação média de 1:1, variando
entre 1,85 vezes mais Mg2+ (0,54) e 1,7
vezes mais K+, indica excesso de K+ em
relação a Mg 2+ no LVA. Em
contrapartida, no PVA, a variação entre
1,1 (0,90) e 14,2 vezes mais Mg2+ do que
K+ (0,18) indica existirem locais com excesso de Mg2+.
Outra indicação dos teores muito elevados de K + no LVA é a relação
K:(Ca+Mg), cuja média foi 0,21, com
variação entre 0,13 e 0,32, enquanto no
PVA a média foi 0,06 com variação entre
0,03 e 0,12. Os maiores valores desta relação indicam predominância de K+ em
relação a Ca2+ e Mg2+, os quais podem ter
sua absorção reduzida, como foi observado em alfafa por Moreira et al. (2005).
Apesar de representar em média apenas 11 a 14% dos teores de Ca2+ nos dois
solos, o Na+ pode representar risco em locais no PVA onde seus teores
correspondiam a até 28% do Ca2+. Além
disso, os teores de Na+ representavam 52
a 60% dos de Mg2+, chegando a 150% em
alguns locais do PVA. As PST médias de
7,54% no LVA e 7,03% no PVA não seriam prejudiciais para o melão, segundo
Fipps (2003), que classifica como extremamente sensíveis culturas afetadas por
PST entre 2 e 10 e sensíveis as afetadas
por PST entre 10 e 20. No entanto, solos
com PST maior do que 6% podem apresentar problemas de estabilidade estrutural (Van de Graaf & Patterson, 2001).
A espessura de polpa do Goldex
correlacionou-se positivamente (P<0,05)
apenas com K:CTC (Tabela 2); o que não
ocorreu significativamente no Orange
Flesh (P>0,1). Isto indica a possibilidade de que a espessura de polpa tenha sido
prejudicada pela maior disponibilidade
de Ca2+ e favorecida pela maior disponibilidade de K+, o que está de acordo com
Lester et al. (2005) que obtiveram maiores teores de açúcares, vitamina C e beta
caroteno do Orange Flesh, além de melhor firmeza e coloração, devido à fertilização suplementar com potássio durante
o desenvolvimento de frutos e maturação.
A firmeza de polpa do Goldex
correlacionou-se positivamente com a
relação Mg:CTC (P<0,01) e com
Ca:CTC (P<0,1). Marschner (1995) destaca a importância do Mg2+ por ser o átomo central da molécula de clorofila; ser
requerido ou promover fortemente várias enzimas e reações enzimáticas; re273
NO Miranda et al.
Tabela 2. Correlações de Spearman entre variáveis de qualidade dos frutos de melão Goldex
e Orange Flesh e relações catiônicas dos solos de cultivo (Spearman correlations between
quality characteristics of Goldex and Orange Flesh melons and soil cationic ratios). Mossoró,
UFERSA, 2002.
**
significativo a 1% de probabilidade; *significativo a 5% e +significativo a 10%; SST = teor
de sólidos solúveis totais; PST = percentagem de sódio trocável (**significant at 1%;
*significant at 5% probability and +significant at 10%; SST = total soluble solids content;
PST = exchangeable sodium percentage).
Tabela 3. Estimativas dos parâmetros, somas de quadrados do tipo II parciais e coeficientes
de determinação parciais das regressões múltiplas das variáveis de qualidade dos frutos de
melão Goldex e Orange Flesh em função de relações catiônicas dos solos amostrados
(estimative of parameters, partial type II sum of squares and partial determination coefficients
of multiple regressions of quality characteristics of Goldex and Orange Flesh melons as a
function of soil cationic ratios). Mossoró, UFERSA, 2002.
R2 = coeficiente de determinação; SST = teor de sólidos solúveis totais; EP = estimativa
do parâmetro; SQ II = soma dos quadrados do tipo II; PST = percentagem de sódio trocável;
**
significativo a 1% de probabilidade; *significativo a 5% (R2 = coefficient of determination;
SST = total soluble solids content; EP = the estimative of parameters; SQ II = type II sum
of squares; PST = exchangeable sodium percentage; ** significant at 1% probability; *
significant at 5%).
274
gular o pH celular e o equilíbrio cátion
ânion; atuar em processos necessários à
síntese de proteínas, formação de RNA,
transferência de elétrons e síntese de
ATP. Além disso, plantas deficientes em
Mg2+ acumulam amido e açúcares nas
folhas, com menor translocação para
tecidos de armazenamento de frutos,
sementes, raízes e tubérculos. No
Orange Flesh a firmeza teve correlações
negativas (P<0,05) com K:Mg e
K:(Ca+Mg) e positiva com Ca:CTC,
além de correlação negativa (P<0,1)
com K:Ca. O Ca2+ influencia a qualidade dos frutos de melão devido à sua função na estrutura das células, melhorando a textura e proporcionando frutos firmes e consistentes (Faria & Fontes,
2003).
O teor de sólidos solúveis totais do
Orange Flesh não se correlacionou com
as relações catiônicas, apesar da correlação positiva com o teor de Mg2+ observada por Miranda (2004). No Goldex
as correlações positivas (P<0,1) com as
relações K:Ca, K:CTC, K:(Ca+Mg),
Na:Ca e Na:Mg, podem indicar a ocorrência das maiores SST nos locais com
maior disponibilidade de K+ e onde seus
teores tendiam a se equilibrar com os
de Ca2+. Além de SST, o K+ trocável no
solo atua sobre tamanho, espessura, coloração da casca e acidez de frutos, e
promove o aumento nos teores de
carboidratos, óleos, gorduras e proteínas nos produtos agrícolas (Malavolta
et al., 1997; Faria & Fontes, 2003). A
influência positiva das relações envolvendo Na+ pode ser devida à atenuação
da predominância no solo dos cátions
divalentes Ca2+ e Mg2+, retidos mais fortemente do que os monovalentes
(Malavolta et al., 1997).
As regressões revelam a baixa contribuição das relações catiônicas para a
variação das características de qualidade do melão (Tabela 3). A contribuição
para espessura de polpa do Goldex das
relações Ca:Mg (0,12%) e Ca:CTC no
Orange Flesh (6,19%), cujas correlações
foram negativas, levanta a possibilidade do excesso de Ca2+ ser causa importante do desequilíbrio entre os teores de
cátions trocáveis do solo.
A maior contribuição para a firmeza de polpa do Goldex, das relações
Na:Ca e Na:Mg, esta última também no
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Relações entre cátions trocáveis do solo e suas correlações com a qualidade de frutos de melão
Orange Flesh, as quais têm correlação
negativa, indica que o excesso de Na+
em relação a Ca2+ e Mg2+, pode ter prejudicado a absorção destes cátions. A
contribuição destacada de Ca:CTC
(10,9%) no Orange Flesh, com correlação positiva, reforça a influência de teores elevados de Ca2+ no aumento da firmeza de polpa, tão importante que
Marschner (1995) cita que a elevação
no teor de Ca2+ nos frutos causa aumento na firmeza e atraso no amadurecimento, enquanto que, em tecidos de frutos
de plantas com deficiência severa ocorre desintegração da estrutura das membranas e vazamento de solutos de baixo
peso molecular.
O teor de SST do Goldex teve as
maiores contribuições de K:Mg e
Mg:CTC, este último foi o de maior
contribuição no Orange Flesh, que também teve contribuição de Ca:Mg. Isto
indica a importância tanto do Mg 2+,
como já discutido, como do K+, que influencia o teor de açúcares nos frutos
de melão, atuando no carregamento e
descarregamento da sacarose do floema
para os frutos, mas cuja absorção durante o desenvolvimento de frutos e
maturação pode ser inadequada se houver competição pela absorção com Ca2+
e Mg2+ (Lester et al. 2005).
As variáveis de qualidade dos frutos de melão apresentaram poucas correlações com as relações catiônicas do
solo. No Goldex, as melhores correlações foram de K:CTC com espessura de
polpa; Ca:CTC e Mg:CTC com firmeza de polpa e K:CTC, K:Ca,
K:(Ca+Mg), Na:Ca e Na:Mg com SST,
todas positivas. No Orange Flesh, observou-se correlações apenas de firmeza de polpa com Ca:CTC (positiva),
K:Mg, K:Ca, K:(Ca+Mg) e Na:Ca (negativas). No Orange Flesh, através da
contribuição para as regressões, identificou-se como mais importantes as re-
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
lações catiônicas Ca:CTC para espessura (6,2%) e firmeza de polpa (10,9%), e
Mg:CTC para SST (1,5%).
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submetidas à adubações química e orgânica. Horticultura Brasileira 26: 276-280.
Densidade de plantio de cultivares de cenoura para processamento submetidas à adubações química e orgânica
José MQ Luz1; Ioná P Calábria1; Jairo V Vieira2; Berildo de Melo1; Denise G de Santana¹; Monalisa AD da Silva1
¹UFU-Inst. Ciências Agrárias, C. Postal 593, 38400-902 Uberlândia-MG; ²Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 7059-970 Brasília-DF;
[email protected]
RESUMO
ABSTRACT
O objetivo deste trabalho foi verificar a produtividade das cultivares de cenoura Alvorada e Carandaí em diferentes densidades de
plantio utilizando-se adubações química e orgânica, visando a produção de matéria-prima para o processamento de cenouretes e
catetinhos. Foram utilizadas as densidades: 16; 20; 24; 28 e 32 plantas por metro linear, sendo as parcelas compostas por 10 linhas transversais ao sentido do canteiro, com 1 m de comprimento entre si. O
delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados em
arranjo fatorial 2x2x5 (duas cultivares, dois tipos de adubação e cinco densidades de plantio) com quatro repetições. Foram avaliados:
peso total de raízes, estimativa de produtividade, comprimento de
raízes, raízes com diâmetro menor que 3,0 cm (%), raízes com ombro verde (%), sobras para o processamento (%), descarte (%) e
severidade da queima das folhas. A colheita foi feita aos 104 dias
após o plantio. O peso total de raízes e raízes com diâmetro inferior
a 3,0 cm não foram influenciados pelo tipo de adubação. O aumento
da densidade reduziu a produção de raízes com diâmetro superior a
3,0 cm e o comprimento médio das raízes. Quando utilizou-se adubação química ocorreu maior presença de raízes com ombro verde e
a cultivar Alvorada apresentou as maiores porcentagens de raízes
com esta característica.
Planting density of carrot cultivars for industrialization
under organic and chemical fertilization
Palavras-chave: Daucus carota, população de plantas, minicenoura,
rendimento.
Keywords: Daucus carota, plants population, baby carrot, yield.
In this research the yield of Alvorada and Carandaí carrot cultivars
was verified, under different planting densities, submitted to organic
and chemical fertilization, aiming to obtain roots with adequate
characteristics for cenourete production (similar to baby carrot) and
catetinho (mini ball form). Five planting densities were used: 16;
20; 24; 28 and 32 plants m-1) with four replications, in a total of 80
plots of 10 lines spaced 0,25 m from each other. The total root weight,
average root length, roots with smaller diameter than 3,0 cm (%),
roots with green superior part (%),leftovers for processing
(%),discard (%) and the severity of leaf blight were evaluated. Plants
were harvested 104 days after sowing. Total root weight and
percentage of root diameter smaller than 3,0 cm were not influenced
by the type of fertilization. Increasing the planting density resulted
in a reduction of the root weight with a diameter over 3,0 cm as well
as in the root length, independently of the cultivar. Using chemical
fertilization resulted in more roots with green shoulder independently
of the employed cultivar; but Alvorada presented higher percentages
of green shoulder.
(Recebido para publicação em 21 de fevereiro de 2007; aceito em 19 de março de 2008)
S
egundo Duda & Araújo (2003), a cenoura é a principal hortaliça de raiz
em valor econômico consumida no Brasil, e também uma das mais cultivadas.
Suas raízes devem ser firmes e com uma
coloração laranja intensa, sem pigmentação verde ou roxa na parte superior
(ombro), com comprimento e diâmetro
variando entre 15 a 20 cm e 3 a 4 cm,
respectivamente, para consumo in natura
(Vieira & Pessoa, 1997). No Brasil, em
2004, a área colhida de cenoura (Daucus
carota L.) foi de 27 mil hectares, com
produção de 785 mil toneladas e produtividade de 29,07 toneladas por hectare
(Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças-Embrapa, 2005). Entre os estados
com maior produtividade estão Minas
Gerais, São Paulo, Paraná e Bahia.
276
Parte da produção brasileira de cenouras (cerca de 10%) é constituída por
raízes consideradas finas, classificadas
comercialmente como tipo 1A e geralmente, esta categoria de raízes apresenta preço inferior em relação aos demais
tipos, principalmente nos períodos de
maior oferta, o que faz com que grande
parte seja descartada ainda na lavoura
por sua retirada ser anti-econômica
(Lana et al., 2001). A Embrapa Hortaliças desenvolveu uma tecnologia que
viabiliza a utilização desta categoria de
raízes, por meio do processamento mínimo para obtenção de minicenouras em
forma de cenouretes ou bolinhas
(catetinhos). Para a produção de
cenourete são utilizados pedaços de raiz
tipo 1A, com diâmetro de até 2,5 cm e
com aproximadamente 6,0 cm de comprimento. Para produzir o catetinho,
podem ser utilizados segmentos de raiz
com diâmetro e comprimento inferiores a 3,0 cm. O restante das raízes com
dimensões fora deste padrão, pode ser
utilizado para processamento visando a
produção de cubos, palitos ou cenoura
ralada (Lana et al., 2001).
A principal doença da cenoura é a
queima das folhas, que afeta a parte aérea resultando na redução da produtividade e da qualidade, sendo que essa
doença é mais severa por ocasião dos
plantios de verão, onde prevalece elevada umidade (Henz & Lopes, 2000).
Os patógenos responsáveis pela doença
são Alternaria dauci (Kuhn) Groves &
Skolko, Cercospora carotae (Pass)
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Densidade de plantio de cultivares de cenoura para processamento submetidas à adubações química e orgânica
Solheim e Xanthomonas campestris pv.
carotae (Keendrick) Dye., sendo que
estes podem estar presentes ao mesmo
tempo, ou de forma isolada, causando
sintomas parecidos (Reifschneider,
1980). O controle da doença em cultivos orgânicos depende não só da resistência genética das plantas, mas também
do manejo de cultivo; pois não se pode
fazer uso de agrotóxicos (Carvalho et
al, 2005).
Em estudos realizados durante dez
anos, Souza (1996) observou que no sistema de cultivo orgânico a produtividade de cenoura foi 7% maior em relação
ao sistema convencional. Entretanto,
Carvalho et al. (2003) verificaram que
a produtividade de cenoura foi maior no
sistema convencional em relação ao sistema orgânico.
Ao estudarem a cv. Brasília fertilizada com composto, bagaço-de-cana,
capim napier ou palha de café e dejetos
de suínos (líquido ou seco), além de fertilizantes químicos, Sediyama et al.
(1996) verificaram que o composto produzido com palha de café e dejetos líquidos de suínos proporcionou as maiores produções de raízes total, comercial
e extra.
Carvalho et al. (2005) ao avaliarem
a produtividade, florescimento prematuro e queima das folhas em genótipos
de cenoura em dois sistemas de cultivo,
verificaram que o sistema convencional
apresentou resultados superiores ao orgânico, quanto às produtividade comercial e total, número e peso de raízes
refugadas.
Embora a cenoura esteja entre as
principais hortaliças cultivadas em sistema orgânico de produção, são escassas as informações sobre o desempenho
das cultivares, espaçamento e
adensamento utilizados nesse sistema de
plantio. Da mesma forma, também não
há muitas informações quanto ao melhor espaçamento e densidade de plantio para produção de matéria-prima para
o processamento. Por sua vez, a cultivar de polinização aberta “Esplanada”,
desenvolvida pelo Centro Nacional de
Pesquisa de Hortaliças da Embrapa, ao
apresentar adaptação às condições
edafoclimáticas brasileiras, características de raiz adequadas para fins de
processamento e resistência à queima
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
das folhas (similar às cultivares Brasília
e Alvorada), pode ser cultivada em qualquer época do ano nas principais regiões
de produção sem o uso de agrotóxicos.
Ao ser avaliada durante cinco ciclos de
cultivo em sistema orgânico de produção, visando o consumo in natura, a
produtividade chegou a 38 t/ha; em avaliações realizadas na região do Distrito
Federal, produtores orgânicos chegaram
a alcançar uma média de 28 t/ha (Vieira
et al., 2005).
O espaçamento para a cultivar
Esplanada é o mesmo adotado para outras cultivares, quando o objetivo for o
comércio de forma tradicional (Vieira
et al., 2005). Mas quando os cultivos
visarem
exclusivamente
o
processamento industrial, a população
de plantas, após o desbaste, deve ser
próxima de 120 plantas por metro quadrado (Silva et al., 2003).
Neste contexto, este trabalho teve
por objetivo verificar a produtividade
das cultivares de cenoura Alvorada e
Carandaí em diferentes densidades de
plantio e adubações química e orgânica, na produção de matéria-prima para
obtenção de cenouretes e catetinhos.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em
campo da UFU, em Minas Gerais, de
fevereiro a junho de 2003. Utilizaramse as cultivares de cenoura Alvorada e
Carandaí, semeadas manualmente em
sentido perpendicular aos canteiros, em
10 linhas de 1,0 m, espaçadas de 0,25
m, adubadas química e organicamente,
com cinco densidades nas fileiras (16;
20; 24; 28 e 32 plantas m-1). O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados em arranjo fatorial
2x2x5 (duas cultivares, dois tipos de
adubação e cinco densidades de plantio) com quatro repetições, totalizando
80 parcelas de 2,5 m2. O desbaste foi
feito 30 dias após a semeadura, deixando-se o número de plantas por metro linear, conforme cada densidade.
A área utilizada para a instalação do
experimento com adubações química e
orgânica foi a mesma, onde o solo apresentava fertilidade elevada em função
do histórico do plantio de outras hortaliças com adubação química na referida
área. As adubações foram determinadas
com base na análise de solo que revelou: pH em água = 6,2 (relação 1:2,5);
P = 143,4 mg dm-3; K = 336,2 mg dm-3;
Ca = 3,7 cmolc dm-3; Mg = 1,2 cmolc
dm-3; Al = 0,0 cmolc dm-3; SB = 5,7 cmolc
dm-3; CTC (t) = 5,74 cmolc dm-3; CTC
(T) = 8,19 cmolc dm-3; V = 70 %. Nos
tratamentos envolvendo adubação química, seguiu-se a recomendação da Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (1999), para as adubações de plantio (80 kg ha-1 P2O5, 32
kg ha-1 K2O e 36 kg ha-1 N) e de cobertura aos 30 e 50 dias após a semeadura
(42 kg ha-1 N e 24 kg ha-1 K2O) sendo
que na adubação de plantio, os fertilizantes foram incorporados aos canteiros. Nos tratamentos pertinentes a adubação orgânica, foram fornecidos somente 3 kg m-2 de canteiro de cama de
frango, compostada, sem nenhuma adubação de cobertura.
Empregou-se o sistema de irrigação
por aspersão nos dois sistemas de cultivo. Não foi realizado nenhum tipo de
controle de doenças, uma vez que um
dos objetivos do trabalho era avaliar a
severidade de queima das folhas; já, para
o controle de plantas daninhas, procedeu-se a capina manual.
Foram feitas avaliações aos 58, 91 e
104 dias após a semeadura, para caracterização do grau de severidade de queima de folhas nas cultivares durante a
condução do experimento, segundo a
escala de Aguilar et al. (1985), modificada por Oliveira Filho (1990). Nessa
escala, 0% corresponde à ausência da
doença, de 1 a 10% às lesões escassas
nas folhas superiores e abundantes nas
folhas inferiores, de 31 a 60% são as
lesões abundantes nas folhas superiores
e folhas inferiores mortas, e de 61 a
100% são a maior parte das folhas superiores e todas as inferiores mortas.
Salienta-se que cada parcela foi estimada por quatro avaliadores e depois realizou-se a média das percentagens atribuídas. Na Clínica Fitossanitária do
ICIAG-UFU, foram feitas análises para
identificação dos patógenos predominantes nas lesões das folhas.
A colheita foi realizada aos 104 dias
após a semeadura, de forma manual, na
área total da parcela. As raízes foram
separadas das folhas, lavadas e deixa277
JMQ Luz et al.
Tabela 1. Peso total de raízes, estimativa de produtividade (t.ha-1) e raízes com diâmetro
menor que 3,0 cm (%), cultivares Alvorada e Carandaí, em dois tipos de adubação (total root
weight, yield estimate (t ha-1) and roots with diameter smaller than 3.0 cm (%), of cultivars
Alvorada and Carandaí, in two types of fertilization). Uberlândia, UFU, 2004.
Médias seguidas por mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
das à sombra para eliminação do excesso de umidade.
Foram avaliadas as características:
peso total de raízes (kg ha-1), produtividade (t ha-1), comprimento médio das
raízes (cm), raízes com diâmetro menor
que 3,0 cm (%), raízes com presença de
ombro verde (%), sobras de raízes com
ombro verde (%), sobras de raízes com
diâmetro superior a 3,0 cm (%) e descarte (%).
Para a obtenção do comprimento
médio das raízes foram coletadas, aleatoriamente, 15 cenouras de cada parcela (Vieira JV, comunicação pessoal),
sendo cada uma delas medida com
paquímetro do ápice, na inserção da
coroa foliar, até a base.
Na avaliação das cenouras com diâmetro menor que 3,0 cm utilizou-se um
gabarito de madeira com uma abertura
circular de 3,0 cm. As raízes com diâmetro inferior a 3,0 cm foram classificadas
como
cenouras
para
processamento de minicenouras e
catetinhos, enquanto que as com diâmetro superior a 3,0 cm foram classificadas como para outros tipos de
processamento. As raízes que passavam
parcialmente pelo orifício foram cortadas rente ao gabarito, separando-se as
partes com diâmetro maior e menor que
3,0 cm. Estas poderiam, potencialmente, ser utilizadas para outros tipos de
processamento, inclusive para
minicenouras e catetinhos, respectivamente. Entretanto, para o trabalho em
questão, as mesmas não foram utilizadas.
A incidência de ombro verde foi avaliada somente nas raízes inteiras e com
diâmetro menor que 3,0 cm, de acordo
com as Instruções para Execução dos
278
Ensaios
de
Distinguibilidade,
Homogeneidade e Estabilidade de Cultivares de Cenoura, do Ministério da
Agricultura e do Abastecimento (Brasil, 2001). Essas raízes foram separadas
e pesadas. A parte da raiz, compreendendo a extensão total do ombro verde,
foi cortada e descartada, e o material
restante foi pesado e caracterizado como
sobra de ombro verde.
O material caracterizado como sobra
total apresentavam diâmetros maiores
que 3,0 cm, resultantes da passagem parcial das raízes pelo orifício e cortadas
rentes ao gabarito, acrescido às raízes
inteiras de diâmetro maior que 3,0 cm.
Raízes que apresentaram algumas características indesejáveis ao consumo, tais
como danificadas, ombro verde no ápice,
presença de podridões ou ataques de pragas, bifurcadas, ou ainda com rachaduras,
ou quaisquer outros defeitos prejudiciais
à qualidade do material processado, foram classificadas como descarte.
Os dados foram inicialmente testados quanto às pressuposições do modelo da análise de variância pelos testes
de Shapiro Wilk para normalidade e
Bartlett para homogeneidade. Quando
atendidas as pressuposições, os dados
foram submetidos à análise de variância
seguida pelo teste de Tukey (cultivar e
sistema de cultivo) a 5% de probabilidade, empregando-se o software
SANEST (Zonta & Machado, 1984). Os
dados que não atenderam pelo menos
uma das pressuposições, antes da análise de variância foram transformados em
arco seno (dados em porcentagem). No
estudo da densidade de plantio foram
feitas regressões polinomiais, com o
auxílio do software citado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o peso total de raízes e produtividade, assim como para raízes com diâmetro menor que 3,0 cm ocorreu
interação entre os tipos de adubação e a
cultivar. A cultivar Alvorada apresentou
peso total de raízes significativamente
superior em relação à cultivar Carandaí;
já, o inverso foi verificado para raízes
com diâmetro inferior a 3,0 cm, nos dois
tipos de adubação (Tabela 1). A produtividade da cultivar Alvorada foi significativamente superior onde utilizou-se
adubação orgânica em lugar da adubação química. Vale ressaltar que o solo
do presente experimento, encontrava-se
com fertilidade alta em função do histórico do plantio de outras hortaliças em
sistema convencional usando adubo
químico na área. Acrescenta-se a isso, a
alta pluviosidade no período do experimento, que leva à maior perda dos adubos químicos aplicados na área experimental em relação aos orgânicos da
mesma área. Para a cultivar Carandaí,
ao se analisar o peso total de raízes e a
porcentagem de raízes com diâmetro
menor que 3,0 cm, verificou-se que não
houve diferença significativa entre os
dois tipos de adubação.
O aumento da densidade, de maneira geral, interferiu na diminuição tanto
de raízes com diâmetro superior a 3,0
cm (Figura 1), o que é interessante para
o processamento, como do comprimento das raízes (Figura 2), independente
da cultivar utilizada e do tipo de adubação. Silva et al. (2003) obtiveram resultados similares, trabalhando com as cultivares Nantes e Alvorada, onde o peso
de raízes mais finas foi diretamente
correlacionado com o número de plantas por metro linear e, conseqüentemente, com maior rendimento industrial.
Entretanto, salienta-se que altas densidades em hortaliças diminuem sua qualidade, pelo decréscimo no teor de sólidos solúveis totais, ocasionado pela redução na área foliar, consequentemente
menor teor de açúcares, principalmente
sacarose, afetando, portanto, a qualidade das raízes de cenoura (Nichols,
1988). Assim outro fator importante a
ser considerado, é a qualidade nutricional da minicenoura não processada. O
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Densidade de plantio de cultivares de cenoura para processamento submetidas à adubações química e orgânica
conteúdo de carotenóides em cenoura
varia com o estádio de desenvolvimento da raiz (Henonen, 1990), clima, local
de produção (Gross, 1991), níveis de
micronutrientes, conteúdo de oxigênio
e água no solo e estande (Suslow et al.,
1999). Evers (1989) avaliando a qualidade de cenoura observou em cultivos
orgânicos, menor produtividade de
raízes, porém com menores concentrações de N-NO3- e maiores de caroteno,
P, Mg e glicose, quando comparados
àqueles com adubação mineral (NPK).
A maior porcentagem de raízes com
incidência de ombro verde (Tabela 2)
foi verificada onde utilizou-se apenas a
adubação química, independente da cultivar e da densidade utilizada. O solo,
sem nenhuma aplicação de adubo orgânico, ficou com uma estrutura mais solta e com a alta precipitação no período,
ocorreu com mais facilidade o rebaixamento do leito do canteiro, expondo
mais à luz a parte superior das raízes,
contribuindo, assim, na formação de
raízes com ombro verde. Lana et al.
(2001) indicaram a cultivar Alvorada
para o processamento de minicenouras
no período de verão, por apresentar baixa incidência de ombro verde. No entanto, no presente trabalho, a cultivar
Carandaí apresentou menor porcentagem de ombro verde em relação à cultivar Alvorada.
Foi verificada maior quantidade de
sobras totais para a cultivar Alvorada
(Tabela 2) e, consequentemente, maior
quantidade de material para a produção
de cenoura ralada, cortada em cubos ou
em palitos. Por outro lado, a cultivar
Carandaí apresentou maior porcentagem
de matéria-prima utilizável para o
processamento de cenouretes e
catetinhos.
Ao se comparar os dois tipos de adubação utilizados, a adubação orgânica
proporcionou maior porcentagem de
descarte. Saminez et al. (2002) ao estudarem o desempenho de cultivares e
populações de cenoura em cultivo orgânico, verificaram que a utilização de
materiais adequados e adaptados ao sistema convencional pode não apresentar
as mesmas vantagens em cultivo orgânico. Entre as cultivares estudadas, Alvorada foi a que apresentou menor porcentagem de descarte (Tabela 2).
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Figura 1. Porcentagem de raízes com diâmetro maior que 3,0 cm em função da densidade
de plantio (Root percentage with diameter greater than 3.0 cm as a function of planting
density). Uberlândia, UFU, 2004.
Figura 2. Comprimento das raízes em função da densidade de plantio (Root length depending
on planting density). Uberlândia, UFU, 2004.
Tabela 2. Raízes com incidência de ombro verde (%), descarte (%), sobras totais (%) e
severidade de Alternaria dauci (%) em três épocas de avaliação para as cultivares Alvorada
e Carandaí, em dois tipos de adubação (roots with green shoulder incidence (%), culls (%),
total culls (%) and Alternaria dauci severity (%) in three evaluation periods for the cultivars
Alvorada and Carandaí, in two types of fertilization). Uberlândia, UFU, 2004.
Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem
entre si pelo teste de Tukey com 5% de probabilidade.
Na avaliação da queima de folhas,
Alternaria dauci foi o agente predominante. Observou-se que na 1ª avaliação
a área pertinente à adubação orgânica
apresentou maior porcentagem de severidade da doença, enquanto que nas 2ª e
279
JMQ Luz et al.
3ª avaliações foi a área com adubação
química (Tabela 2). Este fato pode ser
explicado pela Teoria da Trofobiose, que
defende a idéia de que o organismo vegetal só será atacado por algum inseto,
ácaro, nematóide, fungos ou bactérias,
quando estiver desequilibrado em seu
metabolismo, disponibilizando em sua
seiva o alimento que eles necessitam,
principalmente aminoácidos. Estando
em equilíbrio, o vegetal dificilmente
será atacado (Chaboussou, 1999). O
autor ainda salienta que a utilização de
agrotóxicos no sistema convencional
provocaria algum desequilíbrio na planta, contribuindo assim para o aumento
do número de patógenos.
De acordo com esta teoria, onde utilizou-se apenas adubo orgânico, houve
maior incidência da doença na fase inicial do desenvolvimento da cultura, e,
portanto, ainda em desequilíbrio com o
ambiente. Por sua vez, a adubação química de plantio utilizada (N, P, K), possivelmente influenciou no desenvolvimento inicial da cultura. Sendo assim, é
possível que a planta não tenha mantido seu equilíbrio metabólico até a fase
final de seu ciclo, o que provavelmente
explica a maior severidade à doença
observada nas últimas avaliações.
O fornecimento de adubos químicos
(N e K), em cobertura pode constituir
um fator de predisposição ao ataque de
patógenos. O nitrogênio, por exemplo,
tem importante papel na ocorrência das
doenças. Seu uso em excesso pode favorecer o patógeno, por aumentar a
suculência de tecidos e retardar a
maturação dos mesmos, prolongando a
duração do período vegetativo. Tecidos
suculentos apresentam menor resistência à penetração e à colonização por
agentes patogênicos (Bergamim Filho et
al., 1995).
Mediante os resultados alcançados,
concluiu-se que a produção total de
raízes não foi influenciada pelo tipo de
adubação utilizada e o aumento da densidade interferiu na diminuição do comprimento das raízes. Independente da
adubação utilizada, a cultivar Carandaí
apresentou maior porcentagem de raízes
com diâmetro menor que 3,0 cm. Den-
280
tro das adubações utilizadas, a química
proporcionou maior porcentagem de
raízes com incidência de ombro verde.
Em relação às cultivares, “Alvorada”
apresentou maior incidência dessa característica. A severidade de queima das
folhas foi maior onde utilizou-se adubação química.
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ambiente protegido. Horticultura Brasileira 26: 281-286.
Identificação e quantificação dos componentes de perdas de produção
do tomateiro em ambiente protegido1
Rodolfo Araujo Loos2; Derly José Henriques da Silva2; Paulo Cezar Rezende Fontes2; Marcelo Coutinho
Picanço3
2
UFV-Depto. Fitotecnia, 36571-000 Viçosa-MG; 3UFV-Depto Biologia Animal; [email protected];
RESUMO
ABSTRACT
Procurou-se identificar e quantificar os componentes de perdas
de produção do tomateiro em ambiente protegido, no período de
verão-outono, evidenciando o componente crítico e o fator-chave
de perdas da cultura, mediante a utilização da tabela de vida das
culturas. O trabalho foi realizado na Horta de Pesquisa da UFV, de
janeiro a junho de 2001, sob delineamento de blocos casualizados,
com dois tratamentos (cultivar Santa Clara I 5300 e híbrido Débora
Plus) e cinco repetições. Durante o ciclo de cultivo, foram avaliados
o número de plantas mortas e as causas de morte, o número de flores
e frutos/planta. Nas colheitas, os frutos sadios foram contados, pesados e classificados, sendo identificadas as causas de perda dos
frutos danificados. Não houve diferença significativa entre produtividades comerciais de ‘Sta. Clara’ (40,18 t/ha) e ‘Débora Plus’ (54,98
t/ha). A produtividade classificada entre frutos graúdos A (‘Sta. Clara’: 24,39 t/ha; ‘Débora Plus’: 32,32 t/ha) também não foram diferentes entre si. A produtividade de frutos médios extra (‘Sta. Clara’:
7,60 t/ha; ‘Débora Plus’: 10,77 t/ha) e a soma de frutos médios especiais com pequenos (‘Sta. Clara’: 8,19 t/ha; ‘Débora Plus’: 11,90 t/
ha) foram baixas. Observou-se maior influência da perda de frutos
(r = 0,89) (P<0,01) sobre as perdas totais sendo, consequentemente,
frutos o componente crítico de perdas da cultura. Entre os vários
fatores de perda dentro do componente crítico de produção, podridão apical foi o que mais influenciou as perdas totais (r = 0,97)
(P<0,01), sendo considerado o fator-chave de perdas da cultura nessas condições.
Identification and quantification of tomato yield loss
components in unheated greenhouse
Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, tabela de vida das culturas, podridão apical, manejo integrado de pragas.
Keywords: Lycopersicon esculentum, crop life table, blossom-end
rot, integrated pest management.
The tomato production components of loss were identified and
quantified in unheated greenhouse, in the summer-autumn period,
evidencing the tomato critical production component and the loss
key-factor, using the methodology of the crop life table. The
experiment was conducted at the Universidade Federal de Viçosa,
Minas Gerais State, Brazil, from January to June 2001 and consisted
of two treatments (cultivar Santa Clara I 5300 and hybrid Débora
Plus) in a randomized complete block design with 5 replications.
During the tomato cycle, the number of dead plants, its causes and
the number of flowers and fruits/plant were evaluated. At harvest,
the healthy fruits were counted, weighted and classified; the causes
of fruit damage were identified and the loss quantified. There was
no significant difference between commercial yield of ‘Sta. Clara’
(40.18 t/ha) and ‘Débora Plus’ (54.98 t/ha). The classified yields
between ‘graúdos A’ fruits (‘Sta. Clara’: 24.39 t/ha; ‘Débora Plus’:
32.32 t/ha) were not different either. The yield of ‘médio extra’ fruits
(‘Sta. Clara’: 7.60 t/ha; ‘Débora Plus’: 10.77 t/ha) and the sum of
‘médio especial’ with ‘pequenos’ fruits (‘Sta. Clara’: 8.19 t/ha;
‘Débora Plus’: 11.90 t/ha) were low. Total losses were more
influenced by fruits (r = 0.89) (P<0.01) than by any other production
components. Consequently, fruits were considered the critical
production component of tomato yield. Total fruit losses were more
influenced by blossom-end rot (r = 0.97) (P<0.01) than by any other
loss factors, being considered the loss key-factor in those conditions.
(Recebido para publicação em 6 de fevereiro de 2007; aceito em 29 de abril de 2008)
A
produção de tomate é considerada
atividade de alto risco, principalmente, devido a grande variedade de
ambientes e sistemas nos quais é cultivado, alta suscetibilidade a desordens fisiológicas e ao ataque de pragas e doenças e exigência em insumos e serviços,
acarretando elevado investimento de
recursos financeiros por unidade de área.
Desordens fisiológicas são
provocadas por estresse fisiológico na
planta, normalmente associado a uma
condição desfavorável do ambiente jun-
1
tamente com a manifestação de componentes genéticos. Variações climáticas
bruscas podem ser mais danosas que as
condições desfavoráveis de temperatura e umidade, no entanto, não são as
causas exatas dos desequilíbrios fisiológicos, pois geralmente, um grupo de
fatores estão envolvidos, como disponibilidade de água e nutrientes no solo,
práticas culturais (espaçamento, condução, adubação, etc.), cultivares (fator
genético), entre outros (Kinet & Peet,
1997). A podridão apical é uma das de-
sordens fisiológicas mais importantes do
tomateiro, considerada como um sintoma da deficiência de cálcio (Ca) nos frutos. Entretanto, o mecanismo pelo qual
os fatores externos afetam a concentração de Ca nos frutos e o desenvolvimento da podridão apical, nem o tipo de relação entre deficiência de Ca e podridão apical foram identificadas inequivocamente (Saure, 2001).
Freqüentemente, a combinação de
vários desses fatores supracitados ocasiona maior incidência de perdas. Des-
Parte da Dissertação de Mestrado em Fitotecnia do primeiro autor, área de concentração em Técnicas Culturais, pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
281
RA Loos et al.
Tabela 1. Dados de temperatura do ar, umidade relativa do ar e pressão atmosférica coletados durante o ciclo de cultivo do tomateiro em
ambiente protegido. Viçosa, UFV, 2001.
sa forma, é essencial identificar e
quantificar os fatores de perda na cultura do tomateiro a fim de que se possa
produzir com menos riscos e alcançar
maior produtividade.
As tabelas de vida são instrumentos
empregados em estudos de dinâmica
populacional (Silveira Neto et al., 1976),
sendo valiosos guias no planejamento
das estratégias do manejo de pragas.
Quando utilizadas para culturas, conforme Harcourt (1970), Chandler (1984) e
Picanço et al. (1998), as tabelas de vida
incluem a identificação dos fatores de
perdas e a associação destes com o estádio de desenvolvimento da cultura.
Um modelo de estimativa quantitativa das perdas por unidade de área para
cada componente de produção foi desenvolvido por Picanço (1992), possibilitando a determinação do componente
crítico de perdas de produção (aquele
que possui maior regulação sobre as
perdas ocorridas na cultura) e o fatorchave de perdas (principal causa reguladora de perdas no componente crítico
de perdas). Para tanto, foi adaptado o
modelo desenvolvido por Varley &
Gradwell (1960), que considera como
fator-chave aquele cuja variação de perdas específicas apresente maior correlação com a flutuação de perdas totais.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi identificar e quantificar os componentes de perdas de produção do tomateiro em ambiente protegido, evidenciando o componente crítico de perdas
da cultura e o fator-chave de perdas pela
utilização da tabela de vida das culturas.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi realizado na Horta
de Pesquisa da Universidade Federal de
Viçosa, em Viçosa (MG), de janeiro a
282
junho de 2001. O ambiente protegido foi
constituído de proteção plástica de 0,1
mm de espessura, tipo capela com dimensões de 10 x 40 m e altura de 5 m,
com cortinas retráteis laterais. O experimento foi conduzido sob delineamento experimental de blocos casualizados,
constando de dois tratamentos (variedade Santa Clara I 5300 e híbrido Débora
Plus) e cinco repetições. A área da parcela experimental foi 4,8 m2, sendo composta por 8 plantas. A bordadura de experimento constou de uma linha com
‘Santa Clara’ e ‘Débora Plus’ em torno
da área total do experimento.
As mudas foram produzidas em bandejas de poliestireno expandido, medindo 68 x 34 cm, com 128 células e o
transplantio feito quando as mudas apresentaram, em média, quatro folhas definitivas, aos 29 dias após o semeio. As
mudas foram transplantadas no
espaçamento de 1,0 x 0,6 m, sendo
tutoradas no sistema vertical com fitilho.
As plantas foram conduzidas com uma
haste e foram despontadas com três folhas acima do sexto racimo (Oliveira,
1993; Camargos, 1998).
O solo do experimento foi arado,
gradeado e sulcado e a sua análise química apresentou: pH em água = 6,4 (relação 1:2,5); P = 144,0 mg/dm3; Na =
5,0 mg/dm3; K = 47,0 mg/dm3 (P - Na K: extrator Mehlich 1); Ca = 6,3 cmolc/
dm 3; Mg = 0,5 cmol c/dm 3; Al = 2,0
cmolc/dm3 (Ca - Mg - Al = extrator KCl
1 mol/L); SB = 6,9 cmolc/dm3 (extrator
acetato de cálcio 0,5 mol/L - pH 7,0);
CTC (t) = 6,9 cmolc/dm3; CTC (T) = 8,9
cmolc/dm3 e V = 77,7 %. No sulco de
plantio foi feita a aplicação de 10 t/ha
de esterco de galinha, 10 kg/ha de ácido
bórico, 200 g/ha de molibdato de sódio
e 200 kg/ha de sulfato de magnésio. A
adubação de cobertura foi feita por
fertirrigação com 240 kg/ha de N, 400
kg/ha de P2O5 e 500 kg/ha de K2O, respectivamente na forma de sulfato de
amônio, superfosfato simples e cloreto
de potássio, divididos em oito parcelas,
realizadas a cada duas semanas.
Para o controle de insetos-praga,
Tuta absoluta (Meyrick) (Lepidoptera:
Gelechiidae), Neoleucinodes elegantalis
(Guennée) (Lepidoptera: Crambidae),
Bemisia
tabacci
(Guennée)
(Homoptera:
Aleyrodidae)
e
Frankliniella schultzei (Trybom)
(Thysonoptera: Thripidae), utilizou-se o
manejo integrado, aplicando-se inseticidas, abamectin (dose: 1 mL/L e calda:
1000 L/ha), permethrin (32,5 mL/100 L
e calda: 800 L/ha), buprofezin (dose: 40
mL/100 L e calda: 1000 L/ha) e
imidaclorprid (dose: 50 mL/100 L e calda: 800 L/ha) respectivamente, somente quando as pragas atingiam o nível de
controle (1 vetor/ponteiro, 20% de folhas minadas e 5% de frutos broqueados) (Sinigaglia et al., 2000). Para a prevenção e controle de doenças, como
Phytophthora infestans (Mont.) De Bary
e Alternaria solani (Sorauer), foram feitas aplicações de fungicida, a cada duas
semanas, com rotação dos produtos
chlorothalonil (dose: 3 mL/L e calda:
800 L/ha) e tebuconazole (dose: 1 L/ha
e calda: 400 L/ha).
Os elementos climáticos, temperatura, umidade relativa e pressão foram
monitorados, diariamente, por estação
climatológica instalada dentro da casa
de vegetação (GroWeather-DAVIS,
EUA) (Tabela 1).
Foi feito o levantamento da seqüência de mortalidade das plantas, realizado pela anotação semanal do número de
plantas mortas, identificando-se suas
causas, desde o início do período
vegetativo até o final do reprodutivo,
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Identificação e quantificação dos componentes de perdas de produção do tomateiro em ambiente protegido
Tabela 2. Tabela de vida do tomateiro Sta. Clara cultivado em ambiente protegido. Os valores representam as médias das repetições. Viçosa,
UFV, 2001.
adaptando-se para tanto, o método descrito por Harcourt (1970). Para evitar a
transmissão por contato de vírus, as
plantas infectadas foram retiradas e anotadas como plantas mortas por virose.
Foram avaliados o número de flores e
frutos/planta, segundo a metodologia
desenvolvida por Chandler (1984). Nas
colheitas, os frutos sadios foram contados, pesados e classificados (maior diâmetro transversal do fruto), segundo
norma adaptada do Ministério da Agricultura (Brasil, 1995), considerando-se
Graúdo AA (≥69,6 mm), Graúdo A
(≥60,0 e <69,6 mm), Médio Extra (≥54,8
e <60,0 mm), Médio Especial (≥50,0 e
<54,8 mm), Pequeno (≥40,0 e <50,0
mm) e Refugo (<40,0 mm). Foram considerados frutos comerciais aqueles com
diâmetro maior que 40 mm. Foram ainda contados e pesados os frutos danificados, segundo cada causa de perda
(Picanço et al., 1997).
A tabela de vida foi feita para cada
parcela e construída a partir das médias
das parcelas de cada tratamento, conforme metodologia desenvolvida por
Picanço (1992), contendo os componentes: x = componente de produção da
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
cultura do tomateiro (plantas, flores, frutos totais e frutos colhidos); Lx = estimativa de produtividade (kg/ha) de frutos no início de cada x; dxF = fator causador de perdas na produtividade da
cultura; dx = estimativa de perdas na
produção da cultura (kg/ha) de frutos;
100 qx = perdas não acumulativas (%)
e 100 rx = perdas acumulativas (%).
A estimativa dos Lx foi realizada
como segue: Lx (planta) = Pl x Fl/Pl x
Pfr; Lx (flores) = Plc x Fl/Pl x Pfr; Lx
(frutos totais) = Plc x Frt/Pl x Pfr; Lx
(frutos colhidos) = Plc x Frc/Pl x Pfr;
sendo: Pl = número médio de plantas/
ha no início do cultivo; Fl/Pl = número
total de flores/planta; Pfr = peso médio
dos frutos em kg; Plc = número médio
de plantas nas colheitas/ha; Frt/Pl = número médio de frutos totais/planta e Frc/
Pl = número médio de frutos sadios colhidos/planta.
Para a determinação do componente crítico de perdas e do fator-chave de
perdas para a cultura foi utilizado o
modelo desenvolvido por Varley &
Gradwell (1960), modificado por
Picanço (1992), para estudo em tabelas
de vida de culturas. Para tanto, foram
utilizados os dados provenientes das tabelas de vida de cada parcela, contendo
os componentes: x = componente de
produção da cultura; Lx = estimativa de
produtividade (kg/ha) de frutos no início de cada x; log (Lx) = logaritmo decimal dos valores de Lx; k = perdas específicas [obtidas por subtração de cada
valor de log (Lx), do valor que lhe precede] e K = perdas totais (obtida pelo
somatório dos valores de k).
Foram calculados os coeficientes de
correlação de Pearson entre as perdas
específicas (k) e totais (K), sendo considerados como componentes críticos de
perdas na produção aqueles cujas
flutuações das perdas específicas apresentaram correlações significativas com
a flutuação de perdas totais (Faleiro et
al., 1995).
Para se determinar o fator-chave de
perdas da cultura, foram utilizados os
componentes: dxF = fator causador de
perdas na produtividade da cultura; Lx
= estimativa de produtividade (kg/ha)
de frutos no início de cada x, subtraída
a perda causada por cada fator; log (Lx)
= logaritmo decimal dos valores de Lx;
k = perdas específicas; e K = perdas to283
RA Loos et al.
Tabela 3. Tabela de vida do tomateiro Débora Plus cultivado em ambiente protegido. Os valores representam as médias das repetições.
Viçosa, UFV, 2001.
tais do componente de produção em
questão (Picanço et al., 1998).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ambos tratamentos, ‘Sta. Clara’ e
‘Débora Plus’, apresentaram altas perdas (80 e 104 t/ha, respectivamente),
correspondendo às perdas cumulativas
totais de 61,48 e 65,43%, respectivamente (Tabelas 2 e 3). Todavia, as produtividades comerciais de ‘Sta. Clara’ e
‘Débora Plus’ foram, respectivamente,
equiparada e superior à produtividade
média nacional (45 t/ha) (IBGE, 2004).
Esses dados evidenciam que apesar dessas cultivares apresentarem alto potencial produtivo, o produtor depara-se com
vários fatores de perda ao longo do ciclo cultural, prejudicando severamente
a produtividade do tomateiro.
Não houve diferença significativa
entre tratamentos para produtividades
comercial (‘Sta. Clara’: 40,18 t/ha; ‘Débora Plus’: 54,98 t/ha) e classificada de
frutos, entretanto, a produtividade comercial de frutos ‘Santa Clara’ foi 15 t/
ha inferior a ‘Débora Plus’ e a produtividade classificada de frutos graúdos
‘Débora Plus’ (32,32 t/ha) foi 8 t/ha superior a ‘Sta. Clara’ (24,39 t/ha). As produtividades de frutos ‘Santa Clara’ e
284
‘Débora Plus’ de classificação médio
extra (7,60 t/ha e 10,77 t/ha, respectivamente), e as produtividades de frutos
médio especial e pequeno juntas (‘Sta.
Clara’: 8,19 t/ha e ‘Débora Plus’: 11,90
t/ha) foram baixas. A maior produção
de frutos graúdos é comercialmente
importante, visto que frutos maiores têm
melhor preço no mercado.
Durante a fase vegetativa, a ocorrência de Rhizoctonia solani em ‘Sta. Clara’ causou morte de plantas, equivalendo a 2,73 t/ha de perda na produtividade (Tabela 2). Na fase reprodutiva, a
ocorrência de tospovírus (Tomato
Spotted Wilt Virus (TSWV)) e
Pseudomonas corrugata causou mortalidade de plantas na variedade Sta. Clara (Tabela 2), gerando perdas médias de
28,38 t/ha e 3,26 t/ha, respectivamente,
e 29,43 t/ha de perdas por TSWV no
híbrido Débora Plus (Tabela 3). O principal inseto-vetor desta virose é o tripes
Frankliniella schultzei Trybom
(Thysanoptera: Thripidae) pelas características de polifagia, facilidade de reprodução, número de ovos produzidos
e capacidade de difusão rápida no meio
ambiente (Riley & Pappu, 2000).
A perda no componente de produção flores foi considerada como
abortamento (Tabelas 2 e 3), podendo
ter ocorrido pela não-fecundação dos
óvulos (Kinet & Peet, 1997) (Tabela 1).
O componente de produção que regulou, significativamente, a flutuação de
perdas totais foi frutos (r = 0,89;
P<0,01), sendo considerado o componente crítico de perdas (Figura 1). Os
fatores de perda no componente de produção frutos foram podridão apical,
Neoleucinodes elegantalis, Erwinia
carotovora, rachamento, Tuta absoluta,
Alternaria solani, TSWV, pássaros e
tamanho não-comercial dos frutos (refugo). Picanço et al. (1998), ao avaliarem as perdas na produção do tomateiro cultivado com diferentes
espaçamentos e aplicações de inseticidas, e Paula (1997), ao determinar os
fatores de perdas no tomateiro, verificaram a ocorrência dos mesmos fatores
supracitados causadores de perdas nos
frutos, além de Helicoverpa zea e queda de frutos. Os resultados demonstram
a importância de se direcionar o manejo adequado para esses tipos de perdas.
Podridão apical ocasionou perdas
médias de 29,96 t/ha em ‘Sta. Clara’ e
59,03 t/ha em ‘Débora Plus’, sendo considerada como fator-chave de perda da
produção por regular significativamente (r = 0,97; P<0,01) a flutuação de perdas totais (Figura 2). A diferença entre
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Identificação e quantificação dos componentes de perdas de produção do tomateiro em ambiente protegido
perdas ocasionadas por podridão apical
nos tratamentos ‘Sta. Clara’ e ‘Débora
Plus’ (aproximadamente 30 t/ha) evidencia a maior suscetibilidade do híbrido Débora Plus a esta desordem fisiológica. De acordo com Adams & Ho
(1992) e Sperry et al. (1996), a causa
central de podridão apical é uma falta
de coordenação entre o transporte de
assimilados pelo floema e de cálcio pelo
xilema durante uma rápida expansão no
tecido placentário apical do fruto. Mudanças bruscas no ambiente e
suscetibilidade genética determinam a
incidência de podridão apical, pois influenciam a absorção, translocação e
acúmulo de Ca nas plantas. Alta ou baixa umidade do solo (Shaykewich et
al.,1971; Obreza et al., 1996), uso de
fontes de N amoniacal (Sandoval-Villa
et al., 2001) e maior intensidade de
transpiração foliar (Cho et al., 1997), são
as principais causas dessa desordem. Ao
se optar pelo cultivo do híbrido Débora
Plus, deve-se atentar para práticas culturais adequadas como condições no
solo para crescimento da raiz; suprimento balanceado de nutrientes; suprimento apropriado de água e plantio em condição de temperaturas amenas (Fontes,
2003).
O desenvolvimento de estratégias
ótimas para controle de perdas na produtividade do tomateiro requer um reconhecimento seguro das ações e interações dos
diferentes fatores de perda da cultura.
Uma ou duas tabelas de vida revelarão
somente que as perdas severas na produção podem ocorrer em determinados intervalos do ciclo da planta, mas uma série de tabelas, repetidas apropriadamente no tempo e no local, fornecerá diretrizes úteis ao planejamento de estratégias
de controle de perdas, particularmente
quando acoplada com análises de custobenefício.
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq pela concessão da bolsa
de estudos de mestrado.
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Figura 1. Flutuações das perdas parciais (k) e totais (K) dos componentes de produção da
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intercropping with the Japanese bunching onion and parsley. Horticultura Brasileira 26:287-291.
Yield and gross income of arracacha in monocrop and intercropping
with the Japanese bunching onion and parsley
Néstor Antonio Heredia Zárate; Maria do Carmo Vieira; Jerusa Rech; Analice Quast; Bruno Cezar Á
Pontim; Rosimeire Pereira Gassi
UFGD-FCA, C. Postal 533, 79804-970 Dourados-MS; [email protected]
ABSTRACT
RESUMO
The objective of this work was to study the yield performance
and to determine the gross income of arracacha (Arracacia
xanthorrhiza Bancroft), cultivar Amarela de Carandaí, grown in
monoculture as well as in intercropping with the Japanese bunching
onion (Allium fistulosum L.), cultivar Todo Ano (A-JBO) and parsley
(Petroselinum crispum (Mill.), cultivar Lisa Preferida (A-P).
Arracacha and the Japanese bunching onion were vegetatively
propagated, while parsley was propagated by seeds. The Japanese
bunching onion was first harvested 87 days after the planting (DAP),
with resprouts harvested 154 and 212 DAP. Parsley was first
harvested 105 days after the sowing (DAS), and, resprouts, 171,
212, and 268 DAS. Arracacha was harvested 268 DAP. At the harvest
carried out 212 DAP, the Japanese bunching onion plants in monocrop
significantly exceeded those in intercropping in 1.73 cm height and
0.99 t ha-1 commercial fresh mass (CFM). In parsley, the CFM yield
in monocrop significantly exceeded the intercropping figures in 0.63,
0.66, and 0.72 t ha-1 at harvests carried out respectively 171, 212, and
268 DAS. Plant height and CFM of the Japanese bunching onion and
parsley increased after every new harvest, except in parsley, for plant
height 171 DAS and CFM 268 DAS. No significant differences were
found in any of the evaluated characteristics when arracacha as single
crop was compared to the A-JBO intercropping arrangement.
Nevertheless, the A-P intercropping arrangement significantly reduced
all characteristics in relation to the other systems, except for yield of
non-commercial arracacha roots. A-JBO intercropping arrangement
was viable (LER = 1.49) and therefore may be employed by farmers.
A-P intercropping, on its turn, was unfeasible (LER = 0.97).
Produção e renda bruta de mandioquinha-salsa em cultivo
solteiro e consorciado com cebolinha e salsa
Keywords: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, Allium fistulosum L.,
Petroselinum crispum (Mill.), plant arrangement, cropping system,
land equivalent ratio.
Este trabalho teve como objetivo estudar o desempenho produtivo e determinar a renda bruta obtida a partir do cultivo da
mandioquinha-salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft), cultivar
Amarela de Carandaí, em monocultura e consorciada com cebolinha
(Allium fistulosum L.), cultivar Todo Ano (MC), e com a salsa
(Petroselinum crispum (Mill.), cultivar Lisa Preferida (MS). A propagação da mandioquinha-salsa e da cebolinha foi feita através de
mudas, enquanto a salsa foi propagada por sementes. A cebolinha
foi colhida 87 dias após o plantio (DAP) e, as rebrotas, 154 e 212
DAP. A salsa foi colhida 105 dias após a semeadura (DAS) e, as
rebrotas, 171, 212 e 268 DAS. A mandioquinha-salsa foi colhida
268 DAP. Na colheita realizada 212 DAP, as plantas de cebolinha
em cultivo solteiro superaram estatisticamente aquelas consorciadas em 1,73 cm de altura e 0,99 t ha-1 de massa fresca comercial
(MFC). Na salsa, as produções de MFC em monocultura superaram
estatisticamente em 0,63, 0,66 e 0,72 t ha-1 a produção do consórcio
nas colheitas realizadas 171, 212 e 268 DAS, respectivamente. As
plantas de cebolinha e salsa tiveram valores maiores para altura e
produção de MFC nas colheitas feitas após cada novo corte, exceto
em salsa, para a altura de planta 171 DAS e MFC 268 DAS. Não
houve diferenças significativas em nenhuma das características avaliadas entre a monocultura de mandioquinha-salsa e o consórcio MC.
Já o consórcio MS apresentou, com exceção da produção de raiz
não-comercial de mandioquinha-salsa, resultados inferiores aos demais arranjos de cultivo avaliados. O consórcio MC foi considerado
viável (ERA = 1,49) e pode ser utilizado pelos produtores de hortaliças. O consórcio MS, por sua vez, foi inviável (RAE = 0,97).
Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, Allium fistulosum
L., Petroselinum crispum (Mill.), arranjo de plantas, sistema de cultivo, razão de área equivalente.
(Recebido para publicação em 30 de março de 2007; aceito em 18 de março de 2008)
A
rracacha (Arracacia xanthorrhiza
Bancroft) gathers important
gastronomic, nutritional, and medicinal
attributes. Even though, its availability
in the local market is restricted, since
arracacha is not a traditional vegetable
for residents. As consequence, prices are
high and the incorporation of arracacha
into the menu of people with low income
is hampered (Heredia Zárate & Vieira,
2003). Portz et al. (2006) mention that
the area used to grow arracacha is rising
in different regions of the country,
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
contributing to increase the supply of
this root.
In Mato Grosso do Sul, arracacha,
cultivar Amarela de Carandaí, has a
vegetative cycle of seven to eight
months, yielding between 10 to 15 t ha-1
of marketable roots and between 25 to
35 t ha-1 if all plant parts are considered
(leaves, crowns, new sprouts offsets, and
non marketable roots). The production
cost is around R$ 1.400,00 ha-1 (US$
1.00 = R$ 1.64, June, 2008). If the
purpose is industrialization, in which the
focus is on dry matter yield and not in
marketable roots, production costs can
be reduced by increasing plant density
and by using semimechanized harvests
(Heredia Zárate & Vieira, 1998).
The Japanese bunching onion
(Allium fistulosum L.) is a seasoning
highly appreciated by the population. It
is grown almost in all Brazilian homes.
The plant is perennial, with cylindrical
and fistulous dark green leaves, ranging
from 0.30 to 0.50 m in height. It has a
small conic bulb, wrapped by a pinkish
287
NA Heredia Zárate et al.
pellicle, and produces tillers, developing
into a tussock. Cultivars most widely
known are Todo Ano, Futonegui, and
Hossonegui (Filgueira, 2000; Heredia
Zárate et al., 2003). Harvest begins
between 55 and 60 days after planting
or between 85 and 100 days after
sowing, when plants are from 0.20 to
0.40 m tall (Filgueira, 2000; Heredia
Zárate et al., 2005). Parsley
(Petroselinum crispum (Mill.), on its
turn, is very important for its
commercial use as seasoning and not for
the
volume
or
value
of
commercialization. The first harvest
takes place between 50 and 90 days after
sowing, when plants are around 10 to
15 cm tall (Filgueira, 2000; Heredia
Zárate et al., 2003).
The increase in production by unit
of area is one of the most important
reasons to grow plants in intercropping.
In vegetables, intercropping allows a
better utilization of the available
resources, resulting in greater economic
revenues (Sullivan, 2001). Tolentino
Júnior et al. (2002), studying the
productivity of arracacha, cultivar
Amarela de Carandaí, intercropped with
lettuce, cultivar Grand Rapids, and beet,
cultivar Tal Top Early Wonder,
concluded that the intercropping
arrangement using the three crops
outyielded
the
monoculture.
Nevertheless, the Land Equivalent Ratio
(LER) for commercial root yield was
0.87 when arracacha and beet were
intercropped, and 1.1 for arracacha and
lettuce.
Heredia Zárate et al. (2005),
studying yield and the economic
revenue of the Japanese bunching onion,
cultivar Todo Ano (JBO), and coriander,
cultivar Asteca (C), in monoculture and
intercropping, displaying each vegetable
in combinations of three- and four-row
sets per seedbed in intercropping,
observed that the production of fresh
mass in coriander significantly increased
in 1.4 t ha-1 (41,2%) under monoculture
and with four lines (C4) in comparison
to three lines (3.5 t ha-1). LER of the
intercropping using the Japanese
bunching onion and coriander were 21%
(JBO3C4) and 56% (JBO4Co3) superior
to the monocultures. The intercropping
JBO3C4 resulted disadvantageous and
288
would lead to a loss in the gross income
of R$ 99.4 ha-1, notwithstanding the
LER higher than 1.0. On the other hand,
the intercropping JBO4Co3 would lead
to a revenue of R$ 777.8 ha-1. Heredia
Zárate et al. (2003), studying
intercropping the Japanese bunching
onion, cultivar Todo Ano, and parsley,
cultivar Lisa, observed that the average
yield of the Japanese bunching onion
and parsley in monoculture had
significant increases of respectively 1.3
and 2.4 t ha-1 in fresh mass, and of 0.2 t
ha-1, for both plants, in dry mass, when
compared
to
intercropping.
Nevertheless, LER in intercropping was
1.4 for fresh mass yield, with gross
income increasing 25.1% (R$ 7,830.00
ha-1) and 74.9% (R$ 16,740.00) when
compared to the income of the Japanese
bunching onion and parsley in
monoculture, respectively.
Considering the importance of
evaluating the regional performance of
vegetable crops and also the lack of
reports on intercropping arracacha with
parsley and the Japanese bunching
onion, the present work aimed at
studying the yield and the gross income
of arracacha in monoculture and in
intercropping with the Japanese
bunching onion and parsley, in
Dourados.
MATERIAL AND METHODS
The work was carried out at the
Horticultural Garden of Medicinal
Plants, in the Experimental Farm of
Agrarian Sciences, Federal University
of Grande Dourados, in Dourados, Mato
Grosso do Sul State, from March 19 to
December 12, 2006. The soil at the
garden is Rhodic Hapludox, with clayish
texture, and the following chemical
characteristics: pH = 5.5 (CaCl 2 );
Organic matter = 34.0 dm-3; P = 36.0
mg dm-3; K, Ca and Mg = 6.6, 56.0 and
22.6 mmolcdm-3, respectively.
The experiment was designed in
completely randomized blocks, with
five treatments and four replications.
Treatments
corresponded
to
monocultures of arracacha (A), the
Japanese bunching onion (JBO), and
parsley (P), as well as the intercropping
of arracacha with the Japanese bunching
onion (A-JBO) and with parsley (A-P).
The experimental plot had a total area
of 3.6 m2 (1.5 x 2.4 m, width/length) and
a work area of 2.4 m2 (1.0 x 2.0 m,
width/length). The Japanese bunching
onion and parsley plots, both in
monoculture and in intercropping, had
four rows (25.0 cm between rows), with
24 plants per row (10 cm between
plants) for the Japanese bunching onion,
48 plants per line (5.0 cm between
plants) for parsley. Arracacha plots, both
in monoculture and in intercropping had
two rows (50.0 cm between rows), with
12 plants per row (20 cm between
plants). In intercropping, each row of
arracacha was inserted between every
two rows of the Japanese bunching
onion or parsley, in each end.
The Japanese bunching onion and
arracacha were vegetatively propagated,
while parsley was propagated by seeds.
The Japanese bunching onion seedlings
were prepared a day before planting,
when tillers were harvested and cleaned,
roots and dried sheaths were removed,
and leaves were cut to leave 5-cm stubs.
Seedlings were planted leaving
uncovered almost 3 cm of the stub.
Arracacha offsets were supplied by a
farmer from Manhuaçu, Minas Gerais
State. Offsets were selected,
transversally cut at the base, and visually
clustered in four groups according to the
offset average mass, as follows: group
1= 15.9 g; 2 = 9.7 g; 3 = 7.3 g, and 4=
6.0 g. To optimize offset use, each group
was used to plant one replication.
Offsets were planted leaving uncovered
almost 1.0 cm of the pseudostem. Plants
were watered using sprinkling irrigation,
aiming at keeping the soil at 65 to 70%
of field capacity, which resulted in 2day irrigation shifts. Weeds were
controlled by hoeing between rows and
hand-picking within the row.
The Japanese bunching onion and
parsley were harvested every time
leaves started loosing shine. Three
harvests were carried out in the Japanese
bunching onion, the main harvest 87
days after planting (DAP) and, the
following, 154 and 212 DAP. Parsley
was harvested four times: 105, 171, 212,
and 268 days after sowing (DAS). For
harvesting, plants of the Japanese
bunching onion were cut at soil level,
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Yield and gross income of arracacha in monocrop and intercropping with the Japanese bunching onion and parsley
while plants of parsley were cut just
above the new sprouts. At each harvest,
plant height and fresh commercial yield
were evaluated. All healthy leaves,
longer than 15 cm, in the Japanese
bunching onion, and 12 cm, in parsley,
were considered commercial. The
harvest of arracacha was carried out 268
DAP, when plants presented more than
50% of senescent leaves. In arracacha,
plant height, and the fresh mass of
leaves, offsets, crowns, commercial
(>25.0 g) and non commercial roots
(<25.0 g) were evaluated.
Data on the monoculture and
intercropped systems were submitted to
the analysis of variance and tested by F
test, at 5% probability. Significant
differences in the cropping systems were
identified using the Tukey test, also at
5% probability. Intercropping was
assessed by means of the Land
Equivalent Ratio (LER) (Caetano et al.,
1999): LER (A-JBO) = (Ai).(Am)-1 +
(JBOi).(JBOm) -1 and LER (A-P) =
(Ai).(Am)-1 + (Pi).(Pm)-1, in which Ai =
yield of fresh mass of arracacha
commercial roots in a given
intercropping; Am = yield of fresh mass
of arracacha commercial roots in
monoculture; JBOi = yield of
commercial leaves of the Japanese
bunching onion in intercropping; JBOm
= yield of commercial leaves of the
Japanese bunching onion in
monoculture; Pi = yield of commercial
leaves of parsley in intercropping; and
Pm = yield of commercial leaves of
parsley in monoculture. The
intercropping was validated by
estimating the gross income. For this
purpose, average fresh masses and retail
prices, as well as prices paid to farmers
were obtained. The average fresh mass
of the Japanese bunching onion bunch
was 63.6 g, ranging from 56.1 to 81.0 g,
while the average fresh mass of parsley
bunches was 64.9, varying between 63.1
and 67.4g. Prices of bunches for both
vegetables at the retail market varied
from R$ 0.40 to R$ 0.50. According to
dealtehe ers of the free market in
Dourados, MS, the price paid to farmers
was R$ 0,25. For arracacha, the price
per kg of commercial roots at the retail
market was R$ 3.50, while farmers
received R$ 1.50. The gross income was
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Table 1. Plant height and commercial fresh mass of the Japanese bunching onion in
monoculture and intercropped with arracacha, in three harvests (altura de planta e massa
fresca comercial de cebolinha em monocultura e consorciada com mandioquinha-salsa, em
três colheitas) Dourados, UFGD, 2006.
Means followed by the same letter in the columns did not differ significantly from each
other by the F test, p<0.05 (médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si pelo teste F, p<0,05); 1Days after planting.
Table 2. Plant height and commercial fresh mass of parsley in monoculture and intercropped
with arracacha, in four harvests (altura de planta e massa fresca comercial da salsa em monocultura
e consorciada com mandioquinha-salsa, em quatro colheitas). Dourados, UFGD, 2006.
Means followed by the same letter in the columns did not differ significantly from each
other by the F test, p<0.05 (médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si pelo teste F, p<0,05); 1Days after sowing.
obtained by multiplying the estimate of
production per hectare in each cropping
system by the price paid to farmers.
RESULTS AND DISCUSSION
Plant height and commercial fresh
mass of the Japanese bunching onion
was not significantly altered by the
cropping system, as evaluated in the
harvests carried out 87 and 154 DAP. In
the harvest carried out 212 DAP, plants
in monoculture significantly exceeded
those in intercropping in 1.73 cm height
and 0.99 t ha-1 of commercial fresh mass
(Table 1). These results agrees with
Heredia Zárate (1988), quoted by
Harder (2004) and Harder et al. (2005)
who states that plants can present
growing
and
morphological
characteristic rates well defined by
environmental factors, but with a
responding pattern dependent on the
genetic constituent.
In parsley, treatments did not
significantly influence height in any
harvest. On the other hand, the yield of
commercial fresh mass in monoculture
significantly exceeded what was
observed in intercropping in 0.63, 0.66,
and 0.72 t ha-1 in the harvests carried
out 171, 212, and 268 DAS, respectively
(Table 2). These results are related to
Larcher (2000) hypothesis of the selfregulation ability of ecological systems,
based on the equilibrium of the
interference relationship. That happens
due to alterations in the source-sink
balance induced by cropping conditions
(Larcher, 2000; Benincasa, 2003;
Harder et al., 2005).
Plant height and commercial yield
increased in the Japanese bunching
onion and parsley after every new
harvest, except in parsley for plant
height 171 DAS, and yield 268 DAS.
These results corroborate that there are
differences in the plant potential ability
for self-regulation in relation to the
equilibrium of the interference
relationship (Larcher, 2000). In the case
of harvesting resprouts, plant ability for
self-regulation is influenced by its
response to the previous harvest (Harder
et al., 2005). These results corroborate
Filgueira (2000) and Heredia Zárate et
al. (2005) observations that the Japanese
bunching onion resprouts can be used
as a new harvest. Moreover, they are
even more relevant if it is considered
289
NA Heredia Zárate et al.
Table 3. Morphological characteristics of arracacha in monoculture and intercropped with
the Japanese bunching onion and Parsley (características morfológicas de mandioquinhasalsa em monocultura e consorciada com cebolinha e salsa). Dourados, UFGD, 2006.
Means followed by the same letter in the columns did not differ significantly from each
other by the F test, p<0.05 (médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si pelo teste F, p<0,05); 1A-JBO: intercropping of arracacha and the
Japanese bunching onion (plantio consorciado de mandioquinha-salsa e cebolinha); 2A-P:
intercropping of arracacha and parsley (plantio consorciado de mandioquinha-salsa a salsa).
Table 4. Producer gross income considering the commercial yield of arracacha, the Japanese
bunching onion, and parsley, in monoculture and intercropped. (renda bruta do produtor
considerando a produção comercial de mandioquinha-salsa, cebolinha e salsa, em monocultura
e em consórcio). Dourados, UFGD, 2006.
1
The number of bunches was estimated by divinding yield by the average mass of commercial
bunches (o número de maços foi estimado divivindo-se a produtividade pela massa média
dos maços comerciais; 2LER: Land equivalent ratio (RAE: razão de área equivalente); 3Gross
income estimated by multiplying yield by the price paid to farmers, as informed by dealers
at the free-market of Dourados, in January 8, 2007; US$ 1,00 = R$ 1,64, June 13, 2008
(renda bruta calculada multiplicando-se a produtividade pelo preço pago aos produtores, de
acordo com os valores informados pelos vendedores da feira livre de Dourados, em 8 de
janeiro de 2007; US$ 1,00 = R$ 1,64, 13 de junho de 2008).
that the time lag between harvest and
sprouts, both to the Japanese bunching
onion and parsley, was around 50% of
the time needed for the first harvest. It
is supposed that resprouts grow faster
than the initial sprouts because during
resprouting plants do not need to divert
assimilates to root development (Harder
et al., 2005).
The intercropping of arracacha with
the Japanese bunching onion did not
significantly alter any of the evaluated
characteristics when compared to
arracacha grown in monoculture.
Nevertheless, when arracacha was
290
intercropped with parsley, all arracacha
figures were significantly reduced,
except the yield of non commercial roots
(Table 3). The similarity between results
observed for arracacha in monoculture
and intercropped with the Japanese
bunching onion suggests that the
Japanese bunching onion did not
significantly interfere with arracacha
efficiency in water, nutrient, and CO2
uptake and use.
According to Santos (1998), two
crops are suitable for intercropping if
LER is over 1.0. Thus, the intercropping
arrangement A-JBO must be considered
feasible, once its LER was 1.49. On the
other hand, the A-P combination was not
viable, with LER = 0.97 (Table 4). These
results agree with Trenbath (1975),
quoted by Harder (2004), who reports
that the careful choice of the crops is
essential to provide maximum
exploitation
advantages
in
intercropping. It was observed that the
A-JBO intercropping was the best
arrangement for farmers, if the objective
is to combine an increase in the revenue
with a reasonable production of
arracacha roots. When compared to
arracacha in monoculture, the A-JBO
system yielded 84.7% of commercial
arracacha roots and resulted in an
income increase of 16.9% (R$ 8,296.50
ha-1). In the A-P system, notwithstanding
increases of 253.5 and 109.4% in the
gross income in relation to respectively
arracacha in monoculture and
intercropped with the Japanese
bunching onion, the production of
arracacha commercial roots was only
12.7% of the highest arracacha yield in
the experiment, observed for arracacha
in monoculture. Moreover, to parsley
producers, intercropping was not
profitable, once it would result on a loss
of 15.0% (R$ 6,405.25) of gross income,
when compared to the monoculture (R$
49,036.75).
Based on Land Equivalent Ratio and
gross income, the conclusion is that, for
arracacha producers, intercropping
arracacha with bunching onion is
feasible and can be used by farmers,
unlike intercropping with parsley, which
was disadvantageous.
ACKNOWLEDGEMENTS
To CNPq (The National Council for
Scientific
and
Technological
Development), for the scholarships
granted, and to the FUNDECT-MS, for
the financial support. Néstor Antonio
Heredia Zárate and Maria do Carmo
Vieira hold CNPq fellowships in
Productivity in Research; Jerusa Rech
holds a CNPq scholarship for Scientific
Initiation.
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omissão de nutrientes. Horticultura Brasileira 26: 292-295.
Desenvolvimento e estado nutricional da beterraba em função da omisão
de nutrientes
Adriana U Alves3;4; Renato de M Prado1; Ancélio Ricardo de O Gondim3;4; Ivana M Fonseca3;4; Arthur B
Cecílio Filho2;4
1
UNESP-FCAV, Depto. Solos e Adubos, Rod. Prof. Paulo Donato Castellane s/n, 14884-900 Jaboticabal-SP; 2UNESP-FCAV, Depto.
Produção Vegetal; 3Alunos do Programa Pós-Graduação em Agronomia, UNESP-FCAV;. 4Bolsista CNPq; [email protected];
[email protected]; [email protected]
RESUMO
ABSTRACT
Com o objetivo de avaliar o efeito da omissão de macronutrientes
no desenvolvimento e no estado nutricional da beterraba, assim como
descrever sintomas visuais de deficiência nutricional, um experimento foi conduzido em casa de vegetação da UNESP, Campus de
Jaboticabal, SP. O delineamento experimental foi inteiramente
casualizado, com sete tratamentos, que corresponderam à solução
completa (macro e micronutrientes) e à omissão individual de N, P,
K, Ca, Mg e S, com três repetições. Avaliou-se a altura das plantas,
o número de folhas, a área foliar, a matéria seca da parte aérea, da
raiz e planta inteira, os teores dos macronutrientes da parte aérea e
raiz e descritos as desordens nutricionais. As omissões individuais
de N, P, K e Ca foram as mais limitantes para o crescimento vegetativo
da beterraba, reduzindo consideravelmente a altura, o número de
folhas e as matérias secas de parte aérea, raiz e planta inteira. Foram
observados sintomas de deficiência nutricional de cada elemento.
Os teores dos macronutrientes na parte aérea do tratamento completo e com omissão dos nutrientes foram respectivamente: N = 32,9 13,8; P = 9,0 - 0,8; K = 126,0 - 15,1; Ca = 12,0 - 1,0; Mg = 10,1 - 0,7;
S = 3,6 - 1,2 g kg-1.
Effect of macronutrient omission on growth and nutritional
status on table beet
An experiment was conducted under greenhouse conditions, in
Jaboticabal, São Paulo State, Brazil, to evaluate the effects of
macronutrient omission on beet nutritional status and development,
as well as to describe nutritional deficiency symptoms. The
experiment was arranged in completely randomized design with three
replications and seven treatments, corresponding to complete
nutritive solution (macro and micronutrients) and individual N, P,
K, Ca, Mg and S omission. Plant height, number of leaves, leaf area,
shoot, root and whole plant dry mass and macronutrient levels were
determined and nutritional deficiency symptoms were described.
Individual omissions of N, P, K or Ca were the most limiting for
beet growth, considerably reducing plant height, number of leaves,
and shoot, root and whole plant dry mass. Nutritional deficiency
symptoms were observed for each element. Shoot macronutrient
levels in control and nutrient omission treatments were, respectively:
N = 32.9 - 13.8; P = 9.0 - 0.8; K = 126.0 - 15.1; Ca = 12.0 - 1.0; Mg
= 10.1 - 0.7; S = 3.6 - 1.2 g kg-1.
Palavras-chave: Beta vulgaris, deficiência nutricional, nutrição
mineral, crescimento.
Keywords: Beta vulgaris, nutritional deficiency, mineral nutrition,
development.
(Recebido para publicação em 29 de maio de 2007; aceito em 23 de abril de 2008)
A
s hortaliças constituem um grupo
de plantas que requer quantidades
elevadas de calcário e fertilizantes orgânicos e minerais, que podem representar de 20 a 30% dos custos de produção (Trani & Raij, 1997). A espécie Beta
vulgaris é pertencente à família
Quenopodiacea. É originária de regiões
européias e norte-africanas de clima temperado. A planta é bienal, cuja parte comestível é uma raiz tuberosa de formato
globular e sabor acentuadamente doce,
mesmo na beterraba olerácea (Filgueira,
2000). Em sua raiz tuberosa a cor vermelho-arroxeada é devido à presença de
betalaínas. Além de possuir substâncias
químicas importantes, a beterraba vem
se destacando entre as hortaliças, pelo seu
conteúdo em vitaminas do complexo B
e os nutrientes potássio, sódio, ferro, cobre e zinco (Ferreira & Tivelli, 1990).
292
A beterraba é cultivada principalmente nas regiões Sudeste e Sul. Das
100,5 mil propriedades produtoras de
beterraba existentes no Brasil, 42% estão na Região Sudeste e 35% na Região
Sul. No estado de São Paulo existem,
aproximadamente, 700 propriedades
agrícolas, perfazendo 5 mil ha, onde são
produzidas 115 mil toneladas de beterraba por ano (Camargo Filho & Mazzei,
2002). A produtividade de raízes varia
entre 20 e 35 t ha-1 (Filgueira, 2000).
A importância do suprimento e da
absorção de nutrientes para a produção
das culturas tem resultado, por muitos
anos, em uma vasta experimentação e
literatura pertinente à nutrição e ao crescimento da planta. Uma grande quantidade de publicações tem relacionado
experimentos com plântulas em estudos
de laboratórios, nas quais a suposição
básica é de que sob ambiente controlado, os efeitos de diversos nutrientes
minerais sobre o crescimento da planta
podem ser mais facilmente estudados do
que no campo (Marschner, 1995). Os
efeitos dos nutrientes no crescimento e
na produção são usualmente estudados
em termos das suas funções no metabolismo das plantas. Além disso, a nutrição mineral pode influenciar o crescimento e a produção das plantas cultivadas de forma secundária, causando modificações na forma de crescimento, na
morfologia, na anatomia e na sua composição química.
Na literatura, estudos sobre omissão
de nutrientes na cultura da beterraba são
insipientes. Diante do exposto, este trabalho foi conduzido com o objetivo de
avaliar o efeito das omissões de
macronutrientes sobre o desenvolvimenHortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Desenvolvimento e estado nutricional da beterraba em função da omissão de nutrientes
to e o estado nutricional de plantas de
beterraba, assim como descrever sintomas visuais de deficiência nutricional.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em
casa de vegetação da UNESP, em
Jaboticabal, de agosto a outubro de
2006.
A semeadura foi realizada em 01/07/
06, em bandeja de 200 células em
substrato comercial Bioplant® sem adubação. Após 51 dias da semeadura, as
plantas, em número de duas, foram
transferidas para vasos plásticos com
capacidade para 2,5 L de solução nutritiva de cada tratamento. A partir deste
momento as plantas foram cultivadas
nas diversas soluções nutritivas com
omissão de macronutriente que teve
como base a solução nutritiva de
Hoagland & Arnon (1950), contendo
210,1 de N; 31,0 de P; 234,6 de K, 200,4
de Ca; 48,6 de Mg; 64,2 de S, 0,5 de B;
0,02 de Cu, 0,6 de Cl; 5 de Fe; 0,5 de
Mn, 0,01 de Mo e 0,05 de Zn em mg L.
A solução nutritiva foi aerada diariamente e o pH ajustado entre 5,0 e 6,0,
usando respectivamente HCl e NaOH a
0,5 N, quando esta se encontrava acima
ou abaixo desta faixa. O volume de solução nutritiva do vaso foi mantido constante, acrescentando-se, diariamente,
água deionizada. A cada 15 dias fez-se
a substituição da solução nutritiva por
uma nova.
O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado, com 7 tratamentos (completo e -N, -P, -K, -Ca, Mg e -S) e 3 repetições. A unidade experimental foi constituída por um vaso
contendo duas plantas.
Os sintomas de deficiência foram
caracterizados desde o início com aparecimento das primeiras desordens
nutricionais. Quando o sintoma de deficiência de determinado nutriente estava muito bem definido, fez-se a colheita das plantas do tratamento correspondente. Nestes períodos foram avaliados a altura, o número de folhas e a
área foliar (AF).
Após a coleta das plantas, estas foram submetidas à lavagem com água +
detergente (3 mL/L), água corrente, água
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
+ HCl a 0,1 M (8,4 mL/L) e água destilada. Foram separadas a parte aérea e a
raiz tuberosa e colocadas para secar em
estufa com circulação forçada de ar a
70ºC até massa constante. Obtido a matéria seca da parte aérea, raiz e planta
inteira (MSPA, MSR e MST, respectivamente), procedeu-se a moagem do
material em moinho tipo Willey, para
análise química de tecido vegetal. Foram determinados os teores de N, P, K,
Ca, Mg e S na parte aérea e na raiz, segundo metodologias descritas por
Bataglia et al. (1983).
Os dados obtidos foram submetidos
à análise de variância (teste F) pelo
“software” SAEG (2000). Quando significativo, as médias foram comparadas
pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O início e fim da fase de observação
e descrição dos sintomas de deficiência
de K, N, Ca, P, Mg e S ocorreu, respectivamente, aos 14 e 42; 21 e 42; 21 e 49;
28 e 49, 35 e 56; 42 e 63 dias após o
transplante.
Para nitrogênio, primeiramente observou-se que as folhas mais velhas perderam gradualmente o tom verde-escuro para verde-pálido, distribuindo-se
uniformemente no limbo, pecíolo e
nervuras. Houve evolução para clorose
generalizada e paralisação do crescimento da parte aérea. Quando o suprimento é subótimo, o crescimento é retardado; o N que está mobilizado nas
folhas adultas é redistribuido para as
mais novas, ocorrendo os sintomas típicos de deficiências de N, tais como o
aumento na senescência de folhas mais
velhas (Marschner, 1995).
Os sintomas de deficiência de fósforo foram inicialmente observados por
arroxeamento intenso das raízes e com
a evolução da deficiência, também verificou-se nas folhas. Também foi observado menor crescimento da planta em
relação à testemunha (solução completa) e paralisação do crescimento da raiz
tuberosa. Plantas com deficiência de
fósforo têm o seu crescimento diminuído, devido afetar vários processos como
a síntese protéica e de ácidos nucléicos
(Mengel & Kirkby,1987).
A deficiência de potássio surgiu inicialmente com pequena clorose acentuadamente avermelhada nas margens das
folhas, evoluindo para necrose atingindo ápices das folhas, as quais, com a
evolução da deficiência, apresentaram
grandes manchas necróticas no limbo
foliar. Em plantas com deficiência de
potássio, os compostos nitrogenados
solúveis, inclusive as aminas e
putrescinas, muitas vezes, se acumulam,
sendo a última, provavelmente, responsável pelas manchas necróticas que aparecem nas folhas deficientes nesse nutriente (Epstein, 1975).
A omissão de cálcio acarretou inicialmente anormalidades visíveis nas folhas mais novas, com leve
encarquilhamento nas suas margens. Com
a evolução da deficiência, ocorreu necrose,
morte de brotos, encarquilhamento total
da folha, flacidez dos pecíolos e deformação nas folhas novas.
Na fase final, houve necrose do ápice das folhas e dilaceração das margens
foliares. Na literatura a falta de cálcio é
caracterizada pela redução do crescimento de tecidos meristemáticos, sendo observado, inicialmente, nas extremidades em crescimento e nas folhas
mais jovens (Mengel & Kirkby, 1987).
Enquanto na raiz tuberosa não houve
prejuízo no seu crescimento sendo semelhante ao completo.
Os primeiros sintomas de deficiência de magnésio foram observados com
o aparecimento de clorose internerval
nas folhas mais velhas. Com a evolução da deficiência, observou-se coloração avermelhada nas folhas velhas
(“clorose malhada’’).
As plantas com carência de enxofre
apresentaram clorose nas folhas mais
novas, caracterizada por coloração verde mais clara em relação às folhas da testemunha (solução nutritiva completa).
Houve efeito significativo dos tratamentos sobre todas as características
avaliadas.
A altura, a área foliar e a matéria seca
da parte aérea não foram afetadas pela
omissão de Mg ou de S, não diferindo
estatisticamente de plantas sob cultivo
com solução nutritiva completa. O número de folhas, a matéria seca da raiz e
a matéria seca da planta inteira não foram afetadas negativamente apenas pela
293
AU Alves et al.
Tabela 1. Altura (ALT), número de folha (NF), área foliar (AF), matéria seca da parte aérea, raiz e total (MSPA, MSR e MST, respectivamente), de planta de beterraba cultivada em soluções nutritivas completa e com omissão de macronutriente (Height (ALT), leaf number
(NF), peaf area (AF), dry matter of the aerial part, root and total (MSPA, MSR and MST, respectively), of beet plants cultivated in a nutritive
solutions, completed and with macronitrients omission). Jaboticabal, UNESP, 2006.
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Scott Knott. MO = médias originais; MT =
médias transformadas (log (x+10)); 1Valores em g/planta (average values followed by the same letter in the column do not differ; 5%
probability; scott knotts test. MO = original averages; MT = transformed average (log (x+10)); 1 Values in g/plant).
Tabela 2. Teores dos macronutrientes da parte aérea, e da raiz de plantas de beterraba cultivadas
em soluções nutritivas completa e com omissão de macronutriente (levels of macronutrients of
the aerial part and of the root of beet plants cultivated in nutritive solutions, complete and
with macronutrients omission). Jaboticabal, UNESP, 2006.
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de
Scott Knott (average values followed by the same letter in the column do not differ; 5%
probability; scott knott's test).
omissão de S em comparação à solução
completa (Tabela 1).
A omissão de N foi a que afetou mais
intensamente a altura e número de folhas
da planta de beterraba (Tabela 1). Foram
obtidas plantas com 12,3 cm e 5 folhas, que
corresponderam, respectivamente, a 30%
e 39% dos valores obtidos com as plantas
em solução completa. A restrição de N levou a uma redução de crescimento pois,
294
conforme Marschner (1995) e Malavolta
et al. (1997), esse nutriente, além de fazer
parte da estrutura de aminoácidos, proteínas, bases nitrogenadas, ácidos nucléicos,
enzimas, coenzimas, vitaminas, pigmentos
e produtos secundários, participa de processos como absorção iônica, fotossíntese,
respiração, multiplicação e diferenciação
celular, os quais interferem direta ou indiretamente no desenvolvimento da planta.
A altura e área foliar tiveram respostas semelhantes aos tratamentos, sendo
a omissão de N a que mais reduziu o
crescimento das plantas, seguido das
omissões de P, K e Ca, quando comparadas a plantas sob cultivo com solução
completa, que não diferiu de plantas sob
omissão de Mg e S (Tabela 1).
Plantas cultivadas com omissão de
S apresentaram maior matéria seca de
raiz do que na condição de solução completa, que por sua vez foi superior às
quantidades obtidas com a omissão de
qualquer um dos macronutrientes. Uma
justificativa seria que em condições de
estresse (omissão de S) as plantas foram Valores capazes de absorver o SO2
atmosférico, embora não seja um processo muito eficiente (Mengel & Kirkby,
1987). Uma outra hipótese mais provável seria o fornecimento de S pelo
substrato usado na formação da muda.
As omissões de N, P ou de K determinaram os menores valores de matéria seca
de raiz (Tabela 1). As plantas sob omissões de N, P, K ou Ca apresentaram quantidades de matéria seca da parte aérea
inferiores às quantias observadas em
plantas sob solução nutritiva completa.
A omissão de N ou K provocou redução da matéria seca da planta inteira,
sem diferir dos valores da matéria seca
sob omissão de P ou Ca, as quais diferiram de -S, solução completa e -Mg. A
diminuição da matéria seca da planta
inteira sob omissão de quaisquer
macronutrientes, exceto S, foi reflexo
da redução do número de folhas e da matéria seca da raiz, que influenciaram diretamente os processos fotossintéticos
e de absorção de nutrientes.
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Desenvolvimento e estado nutricional da beterraba em função da omissão de nutrientes
O teor de N na matéria seca da parte
aérea foi maior em plantas cultivadas
com omissão de K (59,5 g kg-1) enquanto
na solução completa constatou-se 32,9
g kg-1 (Tabela 2).
Os teores de N, P, K, Ca, Mg e S
foram maiores em plantas cultivadas,
respectivamente, sob solução nutritiva
com omissão de K; -N; completa; -N, P e -K; exceto na -Mg e na completa, P, -K e -Ca (Tabela 2).
Em solução completa, a sequência
decrescente de macronutrientes, quanto ao teor foliar, foi K, N, Ca, Mg, P e S.
O K manteve-se como o nutriente em
maior teor na planta em soluções com
omissões de macronutrientes, exceto
quando encontrava-se omisso na solução. Na raiz, na solução completa a
sequência de teores diferiu da observada na parte aérea, tendo sido constatado: K > N > P > Ca > Mg >S. Souza et
al. (2006) utilizando a mesma cultivar,
em condições de campo, em MossoróRN, observaram que o K e o N foram
os nutrientes mais absorvidos pela cultura. Pode-se observar que no presente
trabalho o P na raiz foi o terceiro
macronutriente em maior concentração,
enquanto na parte aérea o quinto. A
maior exigência de P na raiz tuberosa
se deve a sua função, que é de promover um crescimento rápido e contínuo
deste órgão (Filgueira, 1982).
Os elevados teores de K na parte
aérea e na raiz tuberosa de beterraba
confirmam a importância deste nutriente
para plantas armazenadoras de reserva
em órgãos subterrâneos, conforme relatado por Filgueira (1993), Perrenoud
(1993) e Souza et al. (2006), o que faz
dele o nutriente mais extraído pela planta, para translocação de açúcares e síntese de amido e requerido para a obtenção de produções elevadas de tubérculos (Westermann et al., 1994).
De acordo com os teores dos nutrientes apresentados na Tabela 2, verificase que com a omissão de N as maiores
alterações foram observadas no teor de
P na parte aérea e Mg na raiz. Enquanto
na solução completa os teores de P e Mg
foram 9 e 2,4 g kg-1, respectivamente; a
omissão de N causou aumento de 166%
no teor de P na parte aérea e de 175%
no teor de Mg na raiz, cujos teores
corresponderam a 24 g kg-1 de P e 6,6 g
kg-1 de Mg. Sob -P, maiores alterações
foram observadas nos teores de K na
parte aérea e na raiz, que reduziram de
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
126 para 48,5 e de 63 para 24,1 g kg-1, ou
seja, cerca de 62% de decréscimo nas
concentrações do nutriente quando cultivou-se a planta em solução completa.
A omissão de K provocou elevação significativa nos teores de N na parte aérea
e na raiz, de 81% (32,9 para 59,5 g kg-1)
e 84% (27,8 para 51,1 g kg-1), respectivamente. A omissão de Ca promoveu
expressiva redução (41%) de K (63,0
para 37,2 g kg-1), na raiz e elevação de
37% do teor de N na parte aérea (35,9
para 45,1 g kg-1). Com a omissão de Mg
a maior alteração foi no teor de P na parte aérea, que aumentou em 38% (9 para
12,4 g kg-1) e de 42% do teor de N na
raiz (27,8 para 39,4 g kg-1), e no teor de
K na raiz, que reduziu em 55% (63,0 para
28,6 g kg-1), enquanto a omissão de S
reduziu respectivamente em 49% e 35%
o teor de K na parte aérea (126,0 para
82,5 g kg-1) e na raiz (63,0 para 32,2 g
kg-1) em relação à solução completa.
Cabe destacar que os teores dos
macronutrientes na parte aérea do tratamento com solução nutritiva completa
e com omissão foram respectivamente:
N = 32,9 e 13,8; P = 9,0 e 0,8; K = 126,0
e 15,1; Ca = 12,0 e 1,0; Mg = 10,1 e 0,7;
S = 3,6 e 1,2 g kg-1. Observou-se que a
omissão dos nutrientes foi eficiente em
induzir a deficiência, pois os teores ficaram abaixo da faixa considerada adequada por Trani & Raij (1997) (N=3050; P= 2-4, K=20-40; Ca= 25-35; Mg=
3-8; S= 2-4 g kg-1). Nota-se, ainda, que
as plantas cultivadas na solução completa apresentaram teor de P, K e Mg
acima da faixa considerada adequada
por Trani & Raij (1997), ao passo que o
teor de Ca esteve abaixo desta faixa.
Este fato pode ser justificado pelo tecido vegetal coletado, pois Trani & Raij
(1997) considera a folha recém-desenvolvida e do presente trabalho foi coletado a parte aérea. Assim, era esperado
que a coleta de folhas da parte nova da
planta tenha maior teor de nutrientes
considerados móveis como P, K e Mg e
menor de imóveis como o Ca.
As omissões dos macronutrientes,
especialmente do N, P, K e Ca causaram prejuízos no desenvolvimento da
beterraba, diminuindo a altura, o número de folhas e a matéria seca (parte aérea e raiz), pois afetou a nutrição da
hortaliça que refletiram em alterações
morfológicas, traduzidas como sintomas
característicos de deficiência nutricional de cada elemento.
AGRADECIMENTOS
À Cláudia Campos Della Marta, técnica do Laboratório de Nutrição de Plantas, da UNESP-Jaboticabal.
REFERÊNCIAS
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295
normas
NORMAS PARA PREPARAÇÃO E SUBMISSÃO
DE TRABALHOS
GUIDELINES FOR PREPARATION AND
SUBMISSION OF PAPERS
O periódico Horticultura Brasileira é a revista oficial da
Associação Brasileira de Horticultura. Horticultura Brasileira destina-se à publicação de artigos técnico-científicos que
envolvam hortaliças, plantas medicinais, condimentares e
ornamentais e que contribuam significativamente para o desenvolvimento desses setores. O periódico Horticultura Brasileira é publicado a cada três meses. Os artigos podem ser
enviados e/ou publicados em português, inglês ou espanhol.
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permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos publicados sem autorização por escrito da Comissão Editorial.
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publicada a critério da Comissão Editorial que poderá, ainda,
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de resultados originais de pesquisa obtidos por meio de aplicação rigorosa de metodologia científica, cuja
reproducibilidade é claramente demonstrada;
4. Comunicação Científica: comunicação ou nota científica relatando informações originais resultantes de observações de campo ou provenientes de experimentos menos complexos, realizados com aplicação rigorosa de metodologia
científica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada;
5. Página do Horticultor: trabalho original referente a
resultados de utilização imediata pelo setor produtivo como,
por exemplo, ensaios originais com agrotóxicos, fertilizantes
ou competição de cultivares, realizados com aplicação rigorosa de metodologia científica, cuja reproducibilidade é claramente demonstrada;
6. Nova Cultivar: relato de novas cultivares e
germoplasma, contendo origem, descrição e disponibilidade,
com dados comparativos.
Horticultura Brasileira is the official journal of the
Brazilian Association for Horticultural Science. Horticultura
Brasileira publishes papers on vegetable crops, medicinal and
condimental herbs, and ornamental plants. Papers that give a
significant contribution to the scientific and technological
development of horticultural crops are highly appreciated.
Horticultura Brasileira is published quarterly and accepts and/
or publishes papers in English, Portuguese, and Spanish. For
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member of the Brazilian Association for Horticultural Science.
Horticultura Brasileira publishes original papers, which
have not been submitted to publication elsewhere. It is implicit
that ethical aspects and fully compliance with the copyright
laws were observed during the development of the work. From
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therein or of extracts therefrom.
Horticultura Brasileira has the following sections:
1. Invited paper: papers dealing with topics that arouse
interest, invited by the Editorial Board;
2. Letter to the Editor: deals with a subject of general
interest. The Editorial Board makes a preliminary evaluation
and can accept or reject it, as well as submit it to the reviewing
process;
3. Research: paper describing an original study, carried
out under strict scientific methods. The reproducibility of
studies should be clearly demonstrated;
4. Scientific Communication: communication or
scientific note, reporting field observations or results of less
complex original studies, carried out under strict scientific
methods. The reproducibility of studies should be clearly
demonstrated;
5. Grower’s page: original communication or short note
describing information readily usable by farmers, as for
example, results from studies regarding the evaluation of
pesticides, fertilizers, or cultivar comparative performance.
Such studies must have been carried out under strict scientific
methods and their reproducibility should be clearly
demonstrated;
6. New Cultivar: communications or scientific notes
reporting recent releases of cultivars and germplasm. It must
include information on origin, description, seed availability,
and comparative data.
296
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
Submissão dos trabalhos
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primeira página do trabalho. Caso um ou mais autores não
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encaminhamento. Neste caso, o autor correspondente deverá
se responsabilizar pela(s) anuência(s) faltante(s). Mensagens
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como, por exemplo, Castelo Branco, quando ambos devem
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devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s) científico(s)
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Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
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Christian names. For example, Anne Marie Sullivan Radford
should appear as Anne Marie S Radford. Use superscript
numbers to relate authors to addresses. Please refer the most
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if applicable, with full corresponding post address for all
authors. Include authors´ e-mail addresses. Use superscript
numbers to relate addresses to authors. Please refer the most
recent issues of Horticultura Brasileira for formatting;
4. Abstract and keywords: abstract limited to 1,700
characters (excluding spaces). Select up to six keywords,
starting with the scientific names of the organism(s) the study
deals with. Do not repeat words that are already in the title;
5. Abstract, title and keywords in Portuguese or
Spanish: abstract, title and keywords in Portuguese or Spanish
must be adequate versions of their similar in English.
Horticultura Brasileira will provide Portuguese versions for
non-Portuguese speaking authors;
297
5. Abstract: em inglês, acompanhado de título e
keywords. Abstract, título em inglês e keywords devem ser
versões perfeitas de seus similares em português ou espanhol.
Assim como o resumo, o abstract deve ser limitado a 1700
caracteres (excluídos os espaços);
6. Introdução;
7. Material e Métodos;
8. Resultados e Discussão;
9. Agradecimentos, quando for o caso;
10. Referências: sugere-se não mais do que 30 referências bibliográficas, a maioria com publicação recente (até dez
anos). Casos excepcionais serão considerados, desde que devidamente justificados na carta de submissão do trabalho.
Todas as referências deverão ter sido citadas no texto. Evite a
citação de resumos de congresso;
11. Figuras e tabelas: o limite para cada categoria (figuras, tabelas e gráficos) é três, com limite geral de cinco. Casos excepcionais serão considerados, desde que devidamente
justificados na carta de submissão do trabalho. Por favor, verifique se figuras, tabelas e gráficos não estão redundantes.
Enunciados e rodapés devem ser bilíngues. Os enunciados
devem ser encerrados sempre, nesta ordem, com o local, instituição responsável e ano(s) de realização do trabalho.
Este roteiro deverá ser utilizado para a seção Pesquisa.
Para as demais seções veja padrão de apresentação nos artigos publicados nos últimos números de Horticultura Brasileira. Para maior detalhamento consulte os números mais recentes de Horticultura Brasileira, disponíveis também nos
sítios
eletrônicos
www.scielo.br/hb
e
www.abhorticultura.com.br/Revista.
Prefira a citação bibliográfica no texto entre parênteses,
como segue: (Resende & Costa, 2005). Quando houver mais
de dois autores, utilize a expressão latina et alli abreviada,
em itálico, como segue: (Melo Filho et al., 2005). Quando
houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, diferencie-os por uma letra minúscula, logo após a
data de publicação do trabalho, como segue: 2005a, 2005b,
no texto e nas referências. Quando houver mais de um artigo
do(s) mesmo(s) autor(es), em anos diferentes, separe os anos
por vírgula, como segue: (Inoue-Nagata et al., 2003, 2004).
Quando vários trabalhos forem citados em série, utilize a ordem cronológica de publicação.
Na seção Referências, organize os trabalhos em ordem
alfabética pelo sobrenome do primeiro autor. Quando houver
mais de um trabalho citado cujos autores sejam exatamente
os mesmos, utilize a ordem cronológica de publicação. Utilize o padrão internacional na seção Referências, conforme os
exemplos:
a) Periódico
MADEIRA NR; TEIXEIRA JB; ARIMURA CT;
JUNQUEIRA CS. 2005. Influência da concentração de BAP
e AG3 no desenvolvimento in vitro de mandioquinha-salsa.
Horticultura Brasileira 23: 982-985.
b) Livro
FILGUEIRA FAR. 2000. Novo manual de olericultura.
Viçosa: UFV. 402p.
298
6. Introduction;
7. Material and Methods;
8. Results and Discussion;
9. Acknowledgements, when applicable;
10. References: authors are asked to not exceed 30
bibliographic references. Make sure that at least half of the
references were published recently (up to 10 years).
Exceptional cases will be considered, regarding that authors
mention their reasons at the submission letter. Avoid citing
conference abstracts;
11. Figures and tables: the limit for tables, figures, and
charts is three for each, with a total limit of five. Exceptional
cases will be considered, regarding that authors mention their
reasons at the submission letter. Please, make sure that tables,
figures, and charts are not redundant. Titles and footnotes must
be bilingual. Titles should always be finished by presenting,
in this sequence, place, responsible institution, and year(s) of
data gathering.
This structure will be used for the Research section. For
other sections, please refer to the most recent issues of
Horticultura Brasileira, available also at www.scielo.br/hb e
www.abhorticultura.com.br/Revista.
Bibliographic references within the text should be cited
as (Resende & Costa, 2005). When there are more than two
authors, use the Latin expression et alli in its reduced form,
in italics, as follows: (Melo Filho et al., 2005). References to
studies done by the same authors in the same year should be
differentiated in the text and in the list of References by the
letters a, b, etc., as for example: 1997a, 1997b. In citations
involving more than one paper from the same author(s)
published in different years, separate years with commas:
(Inoue-Nagata et al., 2003, 2004). When citing papers in
tandem in the text, sort them chronologically.
In the section References, order citations alphabetically,
according to first author’s family name, without numbering.
When there is more than one paper from exactly the same
authors, list them chronologically. References should appear
accordingly to the international format, as follows:
a) Journal
GARCIA-GARRIDO JM; OCAMPO JA. 2002.
Regulation of the plant defense response in arbuscular
mycorrhizal symbiosis. Journal of Experimental Botany 53:
1377-1386.
b) Book
BREWSTER JL. 1994. Onions and other vegetable
alliums. Wallingford: CAB International. 236p.
c) Book chapter
ATKINSON D. 2000. Root characteristics: why and what
to measure? In: SMIT AL; BENGOUGH AG; ENGELS C;
van NORDWIJK M; PELLERIN S; van de GEIJN SC (eds).
Root methods: a handbook. Berlin: Springer-Verlag. p. 1-32.
d) Thesis
DORLAND E. 2004. Ecological restoration of heaths and
matgrass swards: bottlenecks and solutions. Utrecht: Utrecht
University. 86p (Ph.D. thesis).
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
c) Capítulo de livro
FONTES EG; MELO PE de. 1999. Avaliação de riscos
na introdução no ambiente de plantas transgênicas. In: TORRES AC; CALDAS LS; BUSO JA (eds). Cultura de tecidos e
transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica/Embrapa Hortaliças. p. 815-843.
d) Tese
SILVA C. 1992. Herança da resistência à murcha de
Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: USP
– ESALQ. 72p (Tese mestrado).
e) Trabalhos completos apresentados em congressos
(quando não incluídos em periódicos):
Anais
HIROCE R; CARVALHO AM; BATAGLIA OC;
FURLANI PR; FURLANI AMC; SANTOS RR; GALLO JR.
1977. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4.
Anais... Salvador: SBF. p. 357-364.
CD-ROM
AQUINO LA; PUIATTI M; PEREIRA PRG; PEREIRA
FHF. 2004. Espaçamento e doses de N na produtividade e
qualidade do repolho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
OLERICULTURA, 44. Resumos... Campo Grande: SOB (CDROM).
f) Trabalhos apresentados em meio eletrônico:
Periódico
KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not
just online journalism. APS News Online. Disponível em http:/
/www.hps.org/hpsnews/19065.html. Acessado em 25 de novembro de 1998.
Trabalhos completos apresentados em congresso
SILVA RW; OLIVEIRA R. 1996. Os limites pedagógicos
do paradigma de qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4. Anais eletrônicos... Recife: UFPe. Disponível em: http://
www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm. Acessado em 21
de janeiro de 1997.
Sítios eletrônicos
USDA - United States Department of Agriculture. 2004,
15 de novembro. World asparagus situation & outlook. Disponível em http://www.fas.usda.gov/
Em caso de dúvidas, entre em contato com a Comissão
Editorial ou consulte os números mais recentes de Horticultura
Brasileira.
Processo de tramitação
Os artigos serão submetidos à Comissão Editorial, que
fará uma avaliação preliminar (escopo do trabalho, atendimento às normas de publicação, qualidade técnica e qualidade do texto). A decisão da Comissão Editorial (adequado para
tramitação, ou não adequado) será comunicada ao autor de
correspondência por via eletrônica. Caso sejam necessárias
modificações, os autores poderão submeter uma nova versão
para avaliação. Caso a tramitação seja aprovada, a Comissão
Editorial encaminhará o trabalho a dois assessores ad hoc,
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
e) Full papers presented in conferences (when not
included in referred journals)
Proceedings
HIROCE R; CARVALHO AM; BATAGLIA OC;
FURLANI PR; FURLANI AMC; SANTOS RR; GALLO JR.
1977. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4.
Anais... Salvador: SBF. p. 357-364.
CD-ROM
AQUINO LA; PUIATTI M; PEREIRA PRG; PEREIRA
FHF. 2004. Espaçamento e doses de N na produtividade e
qualidade do repolho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
OLERICULTURA, 44. Resumos... Campo Grande: SOB (CDROM).
f) Papers published in electronic media
Journal
KELLY R. 1996. Electronic publishing at APS: its not
just online journalism. APS News Online. Available in http://
www.hps.org/hpsnews/19065.html. Accessed in November
25, 1998.
Full papers presented in conferences
SILVA RW; OLIVEIRA R. 1996. Os limites pedagógicos
do paradigma de qualidade total na educação. In:
CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPe, 4.
Anais eletrônicos... Recife: UFPe. Available in http://
www.propesq.ufpe.br/anais/educ/ce04.htm. Accessed in
January 21, 1997.
Electronic Sites
USDA - United States Department of Agriculture. 2004,
November 15. World asparagus situation & outlook. Available
in http://www.fas.usda.gov/
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or refer to the most recent issues of Horticultura Brasileira.
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Manuscripts are submitted to the Editorial Board for a
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Editor checks the new version and recommend it or not for
299
especialistas na área em questão. Tão logo haja dois pareceres,
o trabalho é enviado a um dos Editores Científicos da área, que
emitirá seu parecer: (1) recomendado para publicação, (2) necessidade de alterações ou (3) não recomendado para publicação. Nas situações 1 e 3, o trabalho é encaminhado ao Editor
Associado. Na situação 2, o trabalho é encaminhado aos autores, que devem elaborar uma nova versão. Esta é enviada à
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avaliação. O Editor Científico poderá recomendar ou não a nova
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Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
A homenagem da ABH ao
centenário da imigração
japonesa no Brasil
A Revista Horticultura Brasileira
dedica a capa desta edição ao centenário da emigração japonesa no
Brasil. Vários eventos em homenagem a esse fato histórico estão
sendo realizados em todo o país
e no Japão. O ponto máximo das
comemorações foi o dia 18 de junho passado, data que marca a
chegada do navio Kasato Maru ao
porto de Santos, há exatamente
100 anos, trazendo os 785 imigrantes pioneiros.
Nos primeiros dez anos da imigração aproximadamente quinze
mil japoneses chegaram ao Brasil. Eles vieram para suceder os
imigrantes italianos nas lavouras
paulistas de café, com a esperança de enriquecer em curto prazo
e voltar para sua terra natal. Porém, a realidade se mostrou dife-
rente e logo se depararam com
muitas barreiras, a começar pela
língua, além dos costumes, religião, clima, hábitos alimentares
e, até mesmo, o preconceito, que
dificultaram enormemente a
integração deles no país. Por sua
vez, a cultura do café, de ciclo
longo e sem proporcionar rapidez
de retorno, mostrou-se inadequada para os imigrantes.
A habilidade de muitos desses
agricultores imigrantes para cultivar frutas e hortaliças é apontada como um dos fatores decisivos de fixação definitiva no país.
Ao perceberem que a demanda
por alimentos mostrava tendência
de crescimento em virtude da expansão dos centros urbanos brasileiros, em especial da capital
paulista, trocaram a lavoura de
café pelo cultivo de hortaliças e
frutas. No início da década de
1910, o preço desses produtos altamente perecíveis era proibitivo
nos mercados paulistanos, segundo relatos existentes. Data dessa
época a formação de colônias
agrícolas na zona periurbana e em
municípios próximos da capital
paulista, onde os imigrantes japoneses passaram a se dedicar à produção de hortaliças em pequenas
áreas, conduzidas por mão-deobra familiar e com retorno em
curto prazo. Desse modo, pode
ser creditada aos imigrantes japoneses a concepção e criação do
conceito de cinturão-verde no
país.
Com a expansão da produção de
hortaliças e frutas no final da década de 1910, os imigrantes começaram a se organizar em grupos e, em poucos anos, estavam
implantando pioneiramente no
país o conceito de cooperativa
agrícola. O cooperativismo propiciou aos agricultores imigran-
Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008
tes o aumento do poder de negociação de seus produtos, barateou
a compra de insumos agrícolas e
facilitou a elaboração de contratos de financiamento de capital.
A Cooperativa Agrícola de Cotia
(CAC), oficialmente fundada em
1927 e dissolvida em 1994, foi a
mais importante das cooperativas
agrícolas criadas pela união de
agricultores imigrantes japoneses.
Seguindo o exemplo da CAC, diversas outras cooperativas surgiram e tornaram-se ícones da coletividade nipo-brasileira.
A saga dos imigrantes japoneses
no Brasil é uma história de superação, pois com muita luta e sacrifício foram vencendo as adversidades e prosperaram em terras
brasileiras, nos mais diferentes
ramos da economia. Para os historiadores, a convicção dos imigrantes de priorizar a educação de
seus descendentes como forma de
facilitar a sua integração à sociedade brasileira contribuiu, sobremaneira, para a conquista de posições de destaque em todas as
profissões e na ciência e
tecnologia do Brasil.
Grande parte das transformações
e da modernização do setor agrícola brasileiro é atribuída aos
imigrantes japoneses e aos seus
descendentes, que abriram novas
fronteiras agrícolas e tornaram o
agronegócio brasileiro pujante e
respeitado em todo o mundo. O
panorama atual da olericultura
brasileira também seria outro,
sem a incomensurável contribuição da colônia japonesa, tanto na
área de tecnologia de produção,
ensino, pesquisa, extensão, quanto no suprimento de insumos e
máquinas agrícolas. Do início da
década de 1960 aos dias de hoje,
a pesquisa com hortaliças no Brasil deu um salto monumental nas
áreas do melhoramento genético,
biotecnologia,
fitotecnia,
fitopatologia e entomologia graças, em grande parte, às pesquisas conduzidas por nomes como
Alice Nagata, Akira Mizubuti,
Chukichi Kurosawa, Hasime
Tokeshi, Hiroshi Ikuta, Hiroshi
Kimati, Hiroshi Nagai, Hiroshi
Noda, José Luís Susumu Sasaki,
José Usan B. Torres Filho, Júlio
Nakagawa, Kiyoshi Ishida, Marie
Yamamoto, Nozomu Makishima,
Ossami Furumoto, Rumy Goto,
Tiyoko Nair Hojo Rebouças,
Shizuo Seno, Tosiaki Kimoto,
Valter Issao Banja, Yoshihiko
Horino, entre outros. Sem dúvida, suas contribuições científicas
e tecnológicas permitiram os
avanços e o desenvolvimento do
agronegócio de hortaliças do Brasil.
Atualmente, o Brasil é o país com
a maior população de japoneses
fora do Japão. Plenamente integrados à cultura brasileira, os japoneses trouxeram, junto com a
vontade de trabalhar, sua arte,
gastronomia, costumes, língua,
crenças e conhecimentos, contribuindo admiravelmente para o
enriquecimento sociocultural do
nosso país.
A Associação Brasileira de
Horticultura (ABH), em nome de
seus associados, muitos deles descendentes de japoneses, presta
essa homenagem aos imigrantes
pioneiros e a todas as gerações de
seus descendentes por suas efetivas contribuições ao progresso e
desenvolvimento econômico da
olericultura nacional.
Paulo César Tavares de Melo
Presidente da ABH
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