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Dentistr
BRASIL
Clínica
Prótese
Técnicas diretas para a confecção
de coroas provisórias unitárias
O trabalho demonstra três técnicas diretas de confecção de provisórios
para restaurações unitárias em dentes posteriores
Rodolfo Bruniera
Anchieta
Mestre e doutorando
em Prótese Dentária,
Departamento
de Materiais
Odontológicos e
Prótese da Faculdade
de Odontologia de
Araçatuba - UNESP.
[email protected]
Eduardo Passos Rocha
Mestre e doutor em Prótese Dentária.
Professor adjunto do Departamento
de Materiais Odontológicos e Prótese
da Faculdade de Odontologia de
Araçatuba - UNESP.
Murillo Sucena Pita
Mestre em Prótese Dentária pela
Faculdade de Odontologia de
Araçatuba - UNESP. Doutorando em
Reabilitação Oral, Departamento
de Materiais Dentários e Prótese da
Faculdade de Odontologia de Ribeirão
Preto - USP.
Erika Oliveira de Almeida
Mestre e doutorando em Prótese
Dentária, Departamento de Materiais
Odontológicos e Prótese da Faculdade
de Odontologia de Araçatuba - UNESP.
Amilcar Chagas Freitas Junior
Mestre e doutorando em Prótese
Dentária, Departamento de Materiais
Odontológicos e Prótese da Faculdade
de Odontologia de Araçatuba - UNESP.
Wirley Gonçalves Assunção
Mestre e doutor em Prótese Dentária.
Professor adjunto do Departamento
de Materiais Odontológicos e Prótese
da Faculdade de Odontologia de
Araçatuba - UNESP.
26 • Dezembro 2010
A
restauração provisória ou temporária é parte essencial do
tratamento com prótese parcial
fixa, sendo utilizada desde o preparo
do dente até a instalação da prótese definitiva1. Entretanto, no passado, muitos clínicos não davam ênfase na fase
das restaurações provisórias, diminuindo as expectativas do paciente para o
tratamento final2.
Atualmente, sabe-se que as restaurações provisórias desempenham funções
de extrema importância para o sucesso
final do tratamento reabilitador3. Algumas das principais funções dessas
restaurações são proteger a dentina e
a polpa do dente preparado contra a
ação dos micro-organismos presentes
na boca, saliva e comida, que podem
penetrar nos túbulos dentinários e resultar em sensibilidade dentária4.
As restaurações provisórias também impedem o desconforto de origem térmica, mantêm as relações
oclusais entre os arcos antagonistas,
recuperam a estética, estabilizam e
mantêm a saúde dos tecidos periodontais5, além de servir como guia
para a prótese definitiva6.
Muitas técnicas laboratoriais e clínicas para a fabricação das restaurações
provisórias têm sido descritas na literatura, incluindo técnicas indiretas7,
técnicas diretas8 e técnicas diretasindiretas9,10. Assim, o presente trabalho tem por objetivo demonstrar três
técnicas diretas de confecção de provisórios para restaurações unitárias em
dentes posteriores.
Figura 1a - Molde recortado sem
interferências
Figura 1b - Matriz + RAAQ levadas
em posição no preparo dental
Figura 1c - Reembasamento
do provisório
Figura 1d - Coroa provisória
cimentada com material provisório
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Figura 2a - Seleção da matriz adequada
e conjunto (Matriz + RAAQ) levado em
posição no dente preparado
Figura 2b - Remoção dos excessos
Figura 2c - Ajuste oclusal
Técnicas
Técnica da matriz de silicone
Manipule uma porção da base com o
catalisador da silicona de condensação
(Zeta Plus, Zhermack, Badia Polesine,
Italy) até a mistura ficar com uma coloração homogênea.
Faça um rolo com o material de
moldagem, e depois leve-o na área selecionada para a obtenção do molde do
dente a ser restaurado provisoriamente.
Recorte os excessos do molde obtido,
de modo que ele fique sem interferências para sua posterior inserção ou remoção (figura 1a).
Prepare o elemento dental seguindo
os princípios de preparo para o material a ser utilizado.
Manipule uma porção de resina acrílica ativada quimicamente (Duralay, Polidental, Cotia, Brasil) e leve a resina no
molde previamente obtido. Realize o isolamento do dente com vaselina (Vaselina
sólida, Rioquímica, São Paulo, Brasil), e
quando a resina acrílica estiver na fase
plástica, leve o conjunto molde + resina
acrílica em posição na boca (figura 1b).
Após a polimerização da resina, remova os excessos do material com rodas de
silicone para polimento de resina acrílica.
Coloque o provisório em posição
e confirme a adaptação nos pontos de
contato com os dentes adjacentes e, em
seguida, no término cervical. Se necessário, realize o reembasamento do
provisório com uma porção da resina
acrílica (figura 1c).
Recorte os excessos e confirme a
adaptação no término cervical.
Realize um ajuste oclusal. Quando
a adaptação e a oclusão estiverem corretas, realize o polimento da peça com
rodas de feltro e pasta para polimento
(Opal L High-lustre polishing paste,
Renfert GmbH, Hilzingen, Germany).
Realize a cimentação com um material provisório (RelyX Temp, St Louis,
USA - figura 1d).
Técnica da matriz pré-fabricada
Com o preparo do elemento dental concluído, selecione uma matriz (Sistemas
de matrizes transparentes, TDV, Pomerode, Brasil) correspondente ao dente em
questão. Recorte a matriz na sua porção
cervical até que ela fique na altura adequada em relação ao dente antagonista.
Após o isolamento do dente com vaselina (Vaselina sólida, Rioquímica, São
Paulo, Brasil), inserir a resina acrílica
(Duralay, Polidental, Cotia, Brasil) na
matriz e adaptar o conjunto ao dente
preparado quando a resina estiver na
fase plástica (figura 2a).
Após a polimerização da resina, remova os excessos de resina acrílica do
provisório com uma roda para poli-
Figura 3a - Verificação da largura
da coroa provisória com o auxílio
da régua
Figura 3b - Verificação da altura
da coroa provisória com o auxílio
da régua
Clínica
Figura 2d - Coroa provisória
cimentada com material provisório
Figura 3c - Coroa selecionada
correspondente ao dente e ao espaço
protético disponível
Dezembro 2010 • 27
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TABELA 1 - Vantagens, desvantagens e custos dos materiais empregados nas técnicas
Técnicas
Matriz de silicone
Matriz pré-fabricada
Coroas ProTemp (3M/ESPE)
Composição do material restaurador
Metil-metacrilato
Metil-metacrilato
Resina a base de Bis-acril
(BISGMA+metilmetacrilato)
Vantagens do material provisório
Boa adaptação
Dureza e resistência adequada
Bom polimento
Fácil de reparar
Boa adaptação
Dureza e resistência adequada
Bom polimento
Fácil de reparar
Boa adaptação
Sem efeitos pulpares
Baixa contração de polimerização
Desvantagens do material provisório
Reação exotérmica
Odor forte
Reações alérgicas
Contração de polimerização
Reação exotérmica
Odor forte
Reações alérgicas
Contração de polimerização
Durabilidade não estabelecida
Vantagens da técnica
Fácil aquisição
Custo mediano dos materiais
Fácil aquisição
Economia de tempo clínico
Restaurações com boa anatomia
Desvantagens da técnica
Necessário dente com
anatomia relativamente
preservada
Adaptação das matrizes ao
preparo
Custo elevado
Difícil reparo
Ausência de dentes anteriores no kit
Difícil aquisição
Custo final da técnica
++
++
++++
Figura 3d - Adaptação das margens
cervicais da coroa provisória
Figura 3e - Polimento da coroa
provisória
Figura 3f - Coroa provisória
cimentada com material provisório
28 • Dezembro 2010
mento de resina acrílica (figura 2b).
Verifique a adaptação nos pontos
de contato com os dentes adjacentes
e, posteriormente, no término cervical.
Após, se necessário, realize o reembasamento cervical do provisório.
Finalizados os ajustes no término,
ajuste também a oclusão (figura 2c).
Realize o polimento da peça com
rodas de feltro e pasta para polimento
(Opal L High-lustre polishing paste,
Renfert GmbH, Hilzingen, Germany).
Cimente a peça com um material
provisório (RelyX Temp, St Louis, USA
– figura 2d).
Técnica das coroas provisórias (Protemp, 3M/ESPE)
Após o dente estar preparado, e com
o auxílio de uma régua disponível
no Kit Protemp (3M/ESPE, St. Paul,
USA), verifique a largura e a altura da
coroa provisória a ser utilizada (figuras 3a e 3b).
Selecione no Kit Protemp a coroa
provisória de acordo com as medidas
verificadas previamente (figura 3c).
Se a altura da coroa pré-fabricada
ainda for maior do que a altura necessária para repor o dente, com o auxílio de
uma tesoura de pontas finas, recorte o
excesso do material na cervical da coroa.
Leve a coroa (3M/ESPE, St. Paul,
USA) em posição e com o auxílio de
uma espátula de resina, adapte a coroa
no término cervical (figura 3d). Com
o paciente em oclusão, readapte o término cervical e fotopolimerize por três
segundos cada face do dente.
Com a coroa fora de posição, realize a fotopolimerização (Ultralux, Dabi
Atlante, Ribeirão Preto, Brasil) final, expondo todas as faces da coroa à luz por
60 segundos.
Coloque a coroa em posição na boca
do paciente e, se necessário, realize o
ajuste oclusal.
Realize o polimento da peça utilizando uma roda de feltro com uma pasta
de polimento (Opal L High-lustre polishing paste, Renfert GmbH, Hilzingen, Germany - figura 3e).
Após fazer todos os ajustes da peça
e polimento, realize a cimentação com
um cimento provisório (RelyX Temp, St
Louis, USA - figura 3f).
Discussão
Esses procedimentos permitiram a confecção de próteses parciais fixas unitárias por meio de três diferentes técnicas.
Apesar das vantagens e desvantagens
inerentes a cada técnica (tabela 1)1,2,
as restaurações provisórias diretas são
as mais utilizadas, principalmente nos
casos de elementos unitários. Dentre as
vantagens desta técnica, podemos destacar o menor tempo clínico necessário
para a confecção, além do menor custo
ao final do tratamento2. Entre as principais limitações, podemos destacar
a exposição do tecido pulpar à reação
exotérmica das resinas, assim como a
menor longevidade das peças1.
Além das vantagens e desvantagens
das técnicas diretas de confecção de provisórios, as três técnicas descritas neste
artigo apresentam características que facilitam os procedimentos na clínica.
A técnica da matriz de silicone é indicada quando o remanescente coronário do dente a ser preparado apresentase relativamente íntegro, permitindo a
obtenção de um molde aceitável para a
confecção do provisório.
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Já as técnicas da matriz pré-fabricada
(Sistemas de matrizes transparentes,
TDV, Pomerode, Brasil) e das coroas
provisórias Protemp (3M/ESPE) são indicadas tanto para as situações em que
há o remanescente íntegro quanto para
os casos em que não há remanescente,
pois não há necessidade de realizar um
molde prévio.
Com relação às características inerentes aos materiais, a técnica das coroas Protemp (3M/ESPE), constituídas
de resina a base de Bis-Acril, tem como
vantagens a boa adaptação da coroa nas
margens do preparo11, a não irritação
pulpar12, a baixa reação exotérmica13
e a baixa contração de polimerização3.
Como desvantagens principais, destacam-se o custo elevado14, a dificuldade
de reparo e as alterações no provisório15.
Já em relação à resina acrílica (metilmetacrilato) utilizada para a confecção
dos provisórios pelas técnicas das ma-
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trizes (silicone e pré-fabricada), as vantagens principais são o baixo custo16,
a boa adaptação marginal17 e um bom
polimento16. As principais desvantagens são as reações exotérmicas da resina18, a contração de polimerização19 e
o odor forte20.
Além desses fatores, a técnica da coroa Protemp (3M/ESPE) mostrou ser a
de mais fácil utilização, sendo necessário um menor tempo clínico para sua
execução, seguida pela técnica da matriz pré-fabricada (TDV) e pela técnica
da matriz de silicone.
Conclusão
As três técnicas descritas permitiram
a confecção de provisórios com boa
adaptação marginal, boa anatomia
oclusal e em tempo relativamente curto, mostrando-se como ótimas opções
para coroas unitárias posteriores na
prática clínica.
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