Aula 12 - Unigran

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PSICOLOGIA GERAL E APLICADA A REABILITAÇÃO - Adriana R. Sordi - UNIGRAN
Aula 12
A IMPORTANCIA DOS GRUPOS
SOCIAS E DA FAMILIA PARA O
PACIENTE
Inicialmente faz-se necessário entender o que é grupo social, a sua importância e contribuição
na vida de uma pessoa, para posteriormente falarmos da importância e
contribuição do grupo familiar para
a recuperação do paciente.
O Grupo Social
Inicialmente é fundamental que entendamos o que é Grupo Social, assim, segundo Bock,
(1997) uma criança ao nascer entra num cenário que é o mundo social, a realidade objetiva que
se constitui de um modo de organização econômica, política e jurídica da sociedade, de uma
cultura, de instituições como a família, a igreja, a escola os partidos políticos, etc. A preparação
do indivíduo ocorrerá por meio da internalização da realidade objetiva e esta será constitutiva de
sua formação psíquica, o que lhe possibilitará sua ação no mundo, isto é, contribuir na construção
deste cenário social que está sempre inacabado. A história de vida do indivíduo é a história de
pertencer a inúmeros grupos sociais.
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Segundo Bock, (1997) o grupo social supõe um
conjunto de pessoas num processo de relação, organizado
com a finalidade de atingir um objetivo imediato ou mais
a longo prazo. O processo grupal implica uma rede de
relações que pode caracterizar-se por relações equilibradas de poder entre os participantes ou pela presença de
um subgrupo que detém o poder e determina as normas
que regulam a vida grupal.
Podemos observar que todo grupo tem uma
história, e por meio dela podemos verificar as mudanças que nele ocorrem. Por exemplo, as normas podem
alterar-se, o sistema de punição, aos transgressores podem tornar-se mais ou menos rígidos, o sentimento de solidariedade pode estabelecer-se como
um importante fator de manutenção do grupo, e podem emergir conflitos com relação a valores,
por exemplo estudar ou não estudar, aqueles que não cumprem a determinadas normas ou uma
determinada tarefa deve ser expulso do grupo.
A diversidade presente no grupo fica evidente, por exemplo, um membro do grupo faz
parte de outros grupos: clube, trabalho, família. Cada participante traz para o grupo as vivências
e experiências dos demais grupos ao longo de sua história de vida.
O conflito não leva necessariamente, à dissolução do grupo e pode caracterizar-se
como um momento de seu crescimento. Isso diz respeito a qualquer grupo, inclusive ao grupo
familiar. Assim, a família é entendida tanto enquanto grupo social, por ser a base cultural do ser
humano, sendo ela que dá a ele as normas e valores, mas, a família é também entendida enquanto
instituição, pois apesar de não ser estática e vem mudando com o tempo, ela regula a vida em
sociedade em nossa cultura monogâmica.
Vamos entender um pouco mais sobre os grupos.
Socialização Primária e Secundária
Bock, (1997) afirmou no início que a criança,
ao nascer, entra num mundo socialmente dado, organizado,
mas não acabado, e que o modo de fazer parte deste mundo
é por meio dos grupos sociais, onde participa e ao mesmo
tempo prepara-se para níveis mais amplos de participação
econômica e cultural.
Segundo a autora acima já citada, a socialização
é um processo de internalização como uma apropriação do
mundo social, com suas normas, valores, modos de represen68
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tar os objetos e situações que compõe a realidade objetiva; é o processo de constituição de uma
realidade subjetiva. Essa internalização tem grandes possibilidades de ocorrer porque a situação
está se dando no grupo familiar que é um grupo muito significativo para criança, o que chamamos
de um grupo carregado de afeto, por isso que tem essa influência na criança.
Deve-se ressaltar aqui que não apenas a família de origem, mas também a qualquer
substituto desta, como a creche ou o orfanato, pois constitui o grupo de socialização primária.
Conforme Bock,(1997) a maioria das teorias psicológicas concordam com a importância desse
primeiro grupo na formação do indivíduo.
A relevância, impossível de ser negada, atribuída a este grupo ou substituto sustenta-se
também nas características de dependência física e psíquica. A criança depende do adulto para sua
sobrevivência e esta dependência torna os adultos, pessoas muito significativas ou importantes
para ela. Porém essa dependência não pode ser entendida como sendo a criança absolutamente
passiva no processo de socialização, e sim, ela também interfere no meio familiar, muda os hábitos
da família, “ensina” a mãe a ser mãe, ou seja, mesmo a criança sendo dependente econômica,
física e psíquica deste grupo familiar ela é ativa em seu processo de socialização.
Ainda Bock (1997), diz que o período da dependência variará com certeza em função
das condições objetivas de vida da família, da cultura. Na zona rural e nas populações de baixa
renda as crianças vão muito cedo ajudar no sustento da família, nesses casos a independência
da criança é reforçada pelo próprio adulto.
Neste momento inicial da vida do indivíduo, um importante instrumento de socialização que podemos destacar e a linguagem, a aquisição desse instrumento é, ao mesmo tempo
produto da socialização anterior e facilitador da continuidade deste processo. Com a linguagem
a criança pode trocar experiências com os adultos como também amplia seu domínio sobre o
mundo e seus símbolos e aumentar sua capacidade de interferir nele.
A socialização primária sucede a
socialização secundária, que ocorre em todos
os outros grupos sociais, ao longo de sua vida,
essa socialização vai ocorrer na escola, no
grupo de amigos. Sendo assim sempre vivemos
em grupos sociais e, portanto, o processo de
socialização é contínuo e não termina na idade
adulta, na maturidade ou com a aposentadoria.
Nesse processo de socialização, onde o sujeito
produz um mundo e a si próprio ocorre a formação da nossa identidade.
Já vimos a importância dos grupos sociais para a vida em sociedade, bem como o papel
da família e dos grupos posteriores para a formação do individuo. Vamos agora entender o papel
e a contribuição da família para o paciente.
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A Contribuição da Família no processo de reabilitação
Segundo Althoff (1999) apud Burille et all (2008), a família é entendida como unidade
básica e complexa, têm seu processo dinâmico e possui ampla diversidade de estruturas e formas
de organizar o seu modo de vida. A família é muito especial ao ser humano, este ponto de vista
parece estar ligado às diversas funções que a família exerce, entre elas, o cuidado da saúde de
seus membros.
Dentre as diversas etapas da vida de uma criança até atingir a adolescência e a maturidade
é a família quem cuida, ampara, soluciona os problemas, da suporte físico e psíquico, sendo assim, no caso de adoecimento, a família é fundamental, sendo esta também que emocionalmente
adoece. Elsen (2003) apud Burille et all ( ), cita que o cuidado da família se dá ao longo do
processo de viver da família e nas diferentes etapas da vida de cada ser humano.
Assim, é fundamental que esta esteja presente em cada etapa do tratamento, do recebimento de informações que auxiliem ao paciente, para assim, juntos possam seguir o tratamento,
com informações corretas, sem medos e “fantasmas” da doença.
Segundo Silva e Correa (2006) apud Burille et all ( ), a readaptação a nova realidade
e a compreensão da busca pelo controle da situação, geradas pela doença, exigem que a família
participe no processo de crescimento diante de cada experiência vivida.
Assim, cabe ao profissional em saúde, habilitado e consciente da importância e do papel
familiar, prestar esclarecimentos, informações e auxilio a família que sofre junto ao paciente. É
necessário que o profissional tendo esta consciência envolva a família ao tratamento e a responsabilidade pela recuperação ou qualidade de vida do paciente.
Sendo assim, encerramos nossa disciplina de Psicologia Geral e da Reabilitação.
Espero ter contribuído com o conhecimento de vocês, e que os ensinamentos adquiridos nesta
disciplina contribuam para que se tornem profissionais capacitados e conscientes que os aspectos orgânicos caminham lado a lado com os aspectos emocionais. Sendo que a valorização
humana em sua atuação profissional o tornará um profissional diferenciado.
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
BOCK, A. M. B. et al. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 1998.
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
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