distribuição das artérias coronárias na rhea americana

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DISTRIBUIÇÃO DAS ARTÉRIAS CORONÁRIAS NA RHEA AMERICANA
Wilson Viotto de Souza(1), Taynara Apollo Duarte(2), Sirlei Verissima Castro Goulart(2),
Amarílis Díaz de Carvalho(3), Paulo de Souza Junior(3), Natan da Cruz de Carvalho (4)
(1) Estudante;
Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana, Rio Grande do Sul; [email protected]
Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana, Rio Grande do Sul;
(3) Professores; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana, Rio Grande do Sul;
(4) Orientador; Universidade Federal do Pampa, Uruguaiana, RS;
(2) Estudantes;
Palavras-Chave: aves silvestres, ema, cardiovascular, anatomia topográfica.
INTRODUÇÃO
A Rhea americana (Linnaeus, 1758), conhecida popularmente como ema, é a maior ave do continente
sul-americano. Pela sua natureza terrícola com estratégia de fuga por corridas em altas velocidades (cerca
de 60 km/h), necessita de um intenso trabalho muscular (CODENOTTI et al., 1995). Com isso, a demanda
cardiovascular o aporte de oxigênio e nutrientes para a musculatura esquelética e o próprio miocárdio é
elevada. Dados para estudos comparados da anatomia cardiovascular das espécies possibilitam inferências
evolutivas e favorecem a compreensão da fisiopatologia de distúrbios circulatórios (SOARES, 2010).
A circulação cardíaca das aves foi investigada por vários autores, especialmente das espécies
domésticas (PETRÉN, 1926; LINDSAY; SMITH, 1965; MYCZKOWSKI, 1960; BEZUIDENHOUT, 1984).
Entretanto, não foram identificadas na literatura científica descrições sobre a circulação coronariana das
emas. Objetivou-se descrever as artérias coronárias e seus principais ramos, verificar a existência de
dominância coronariana esquerda ou direita e superficial ou profunda na irrigação cardíaca da R. americana
e estabelecer comparações com a circulação coronária de outras aves descritas.
METODOLOGIA
Foi estudado o coração de um espécime adulto, fêmea, obtido de um cadáver recolhido na rodovia
BR-472, Km 550 (autorização SISBIO no. 33667). Depois de removido da cavidade celomática, injetou
solução de látex corada em vermelho nas artérias, fixou e conservado em formaldeído a 10%. Após, foi
dissecado para reconhecimento das coronárias e seus ramos. Foram realizadas fotomacrografias com
câmera (Sony cyber-shot®, modelo DSC-HX100V, resolução 16.2 MP). A terminologia empregada está de
acordo com a Nomina Anatomica Avium (Baumel et al., 1993).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A artéria coronária esquerda (ACE), próximo a sua origem, emitiu um ramo profundo (fino) e outro,
superficial (mais calibroso). O superficial bifurcou-se em ramos circunflexo esquerdo (RCE) e interventricular
paraconal (RIP). Um ramo superficial mais calibroso originou os ramos principais, uma característica
descrita por Bezuidenhout (1984) em Struthio camelus, mas não reconhecida nos galináceos (LINDSAY;
SMITH, 1965; PETRÉN, 1926; MYCZKOWSKI, 1960).
O RIP percorreu sobre o sulco homologo e lançou um ramo coronal no sentido craniolateral direito e
projetou dez pequenas ramificações para ambos os ventrículos. O RCE ocupou o sulco coronário e originou
nove ramos para a parede ventricular ipsilateral e quatro ramos atriais. Não foi identificada a artéria
interatrial, descrita em galináceos (BAUMEL, 1986) e presente em Struthio camelus porém pouco
desenvolvida (BEZUIDENHOUT, 1984) (Figura 1).
Figura 1 - Fotomacrografias do coração de R. americana, fêmea, faces esquerda (A), interventricular (B)
e direita (C). Artéria coronária esquerda (ACE); ramo interventricular paraconal (RIP); ramo conal (RC);
ramos ventriculares (RV); ramos atriais (RA); ramo circunflexo esquerda (RCE); ramo circunflexo direito
(RCD); artéria coronária direita (ACD); ramo interventricular subsinuoso (RIS); anastomose homocoronaria
(AHC); anastomose intercoronariana (AIC); ramo profundo (Asterisco); e artérias coronarianas (Bola
branca). Barra de escala vertical: 2 cm.
Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
Fonte: Acervo do Laboratório de Anatomia Animal da UNIPAMPA.
A artéria coronária direita (ACD) emergiu do seio aórtico ventral direito, percorrendo o sulco
coronariano em sentido craniolateral direito. Próximo a sua origem duas pequenas artérias emergiram do
seio aórtico ventral direito, assim como descrito para 40% dos galináceos estudados por Petrén (1926) e
para 20% dos estudados por Lindsay e Smith (1965). No Struthio camelus (BEZUIDENHOUT, 1984), Anas
platyrhynchos e Cairina moschata (RIGDON; FROLICH, 1970) não foram descritos estes pequenos ramos
diretos da aorta para irrigar o coração.
A ACD emitiu um pequeno ramo profundo para a irrigação do septo interventricular e um ramo
superficial calibroso. O ramo superficial derivou outros ramos: o ramo coronal no sentido craniolateral para a
base do coração e cone arterioso; e o ramo circunflexo direito (RCD) que formou o ramo interventricular
subsinuoso (RIS). O RCD continuou no sulco coronário emitindo sete ramos atriais e nove ventriculares, e
finalmente lançou o RIS sobre o sulco subsinuoso. O RIS originou cinco ramos ventriculares.
Houve ocorrência de anastomoses entre o RCD e o RCE, bem como entre o RIS e o RIP, assim
como relatado no Homo sapiens (BORALDI et al., 1956). Estas anastomoses são favoráveis do ponto de
vista funcional para priorizar a demanda de sangue do miocárdio.
Portanto, as coronárias direita e esquerda contribuíram igualmente para a irrigação cardíaca,
majoritariamente a partir de seus ramos superficiais.
CONCLUSÕES
A circulação coronariana da ema é do tipo equilibrada (ou balanceada), pois ambas as artérias
coronárias, esquerda e direita, contribuem igualmente para a irrigação cardíaca.
Os ramos arteriais superficiais predominam sobre os profundos.
A anatomia coronariana da ema assemelha-se à do avestruz, possivelmente pela proximidade
filogenética e demanda cardiovascular análoga.
REFERÊNCIAS
BAUMEL, J. J. Coração e vasos sangüíneos das aves. In: Getty, R. ed. Anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986. p.1842-1880.
BAUMEL, J. J.; KING, A. S.; LUCAS, A. M.; BREAZILE, J. E.; EVANS, H. E. Nomina Anatomica Avium. ed. London:
Academic Press, 1993.
BEZUIDENHOUT, A. J. The coronary circulation of the heart of the ostrich (Struthio camelus). Journal of Anatomy,
138, 385-397, 1984.
BAROLDI G.; MANTERO, O.; SCOMAZZONI, C. The collaterals of the coronary arteries in normal and pathologic
hearts. Circulation Research, 4, 223-229, 1956.
CODENOTTI, T.L.; BENINCA, D.; . ALVAREZ, F. Etograma y relacion de la conducta con el habitat y con la edad en el
ñandú. Acta Vertebrata, , 22, 65-86, 1995.
DEL HOYO, J.; ELLIOT, A.; SARGATAL, J. A. A Handbook of the Birds of the World. Barcelona: Lynx Editions, 1992.
LINDSAY, F. E. F.; SMrrH, H. J. Coronary arteries of Gallus domesticus. American Journal of Anatomy, 116, 301-314,
1965.
MYCZKOWSKI, K. Morphology of the coronary arteries of fowl and some wild birds. Folio morphologica,11, 21-30,
1960.
PETREN, T. Die Coronararterien des Vogelherzens. Morphologisches Jahrbuch, 56, 239-249, 1926.
RIGDON, R. H.; FROLICH, J. The heart of the duck. Zentralblatt fur Veterinarmedizin, 17, 85-94, 1970.
SOARES, G. L.; OLIVEIRA, D.; BARALDI-ARTONI, S. M. Aspectos da anatomia do coração do avestruz. Ars
Veterinária, 26, 038-042, 2010.
Anais do 8º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
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