ética de Nietzsche Foucault Rawls e Singer

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UNIDADE 8
Questões da Ética Contemporânea
8
Objetivos de aprendizagem
Identificar algumas considerações éticas dos seguintes
filósofos contemporâneos: Nietzsche, Foucault, Rawls e
Singer.
Seções de estudo
Seção 1 O martelo de Nietzsche
Seção 2 Foucault e o cuidado de si
Seção 3 A teoria da justiça de Rawls
Seção 4 Singer e a ética prática
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Para início de conversa
Enfim chegamos à última unidade. Parabéns por seu empenho
e comprometimento nos estudos. Você continuará a estudar a
Ética, agora considerando, brevemente, algumas reflexões de
quatro filósofos contemporâneos: Nietzsche, Foucault, Rawls
e Singer. Estas respectivas reflexões modificaram e ampliaram
nosso olhar sobre como devemos agir moralmente e, por isso, são
agora estudadas por você.
Embora estes filósofos situem-se, historicamente, mais próximos
de nós, não deixam de nos causar espanto com seus pensamentos
inéditos e radicais. A grosso modo, o homem contemporâneo que presencia tantas guerras, ganâncias e brutalidades - desconfia
até de si mesmo, pois as relações parecem estar cada vez mais
extremas, delicadas, perigosas ou estúpidas.
Por que vemos nos noticários notícias inadmissíveis, referentes à
ação moral? Por que um juiz, uma pessoa de ‘reputação ilibada’ que utiliza a razão (além da doutrina, é claro) para julgar casos de
nossa sociedade - mata à bala, futilmente, um vigia (desarmado)
de um supermercado, só porque o estabelecimento estava
fechado, e não poderia ser reaberto?
Por que um engenheiro, um indivíduo com ‘formação superior’,
atropela e mata a própria esposa (indefesa), desconsiderando,
ainda, a companhia de dois filhos dentro do próprio carro?
Tais atrocidades, crueldades, não se justificam. Jamais...
Contudo, infeliz e tragicamente, os exemplos anteriores têm,
como fonte, casos verídicos de nossa sociedade e de nosso tempo,
e não apenas meras hipóteses de estudos.
Na contemporaneidade paira certa desconfiança sobre o homem e
sua razão, como ser ‘capaz’ de agir racional e moralmente melhor;
ou como ser que ‘quer’ agir moralmente melhor. Bom, vamos aos
quatro filósofos e as suas reflexões.
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Filosofia
Seção 1 – O martelo de Nietzsche
A ética de Nietzsche (1844-1900) pode ser comparada à ação
de um martelo, pois com um martelo podemos destruir. Mas a
questão é:
O que a ética de Nietzsche propõe destruir?
Nietzsche propõe destruir a então vigente moralidade européia
ocidental e contemporânea, fundamentada em ídolos vazios
e valores que só oprimem e anulam o homem. Em função
de tal moral frustrante, castradora e limitadora - o homem
contemporâneo vive o niilismo, vive para o nada, pois cada vez
mais se anula.
Para entender o parágrafo anterior,
precisamos remeter-nos às
características básicas da moral que
Nietzsche critica e que quer demolir
com seu ‘martelo’. Tal moral está
associada, principalmente, à moral
cristã e à filosofia metafísica de
Platão. Mas, por que a moral cristã
e a filosofia metafísica de Platão
são alvos do martelo de Nietzsche?
Vamos por etapas.
Ídolo, para Nietzsche, é
todo tipo de símbolo que é
adorado excessivamente.
Niilismo é uma palavra
derivada de nihil, que, por
sua vez, significa nada.
Assim, niilismo significa o
sistema que nadifica, que
anula todas as coisas, seres
e situações.
Figura 9.1 - Friedrich Wilhelm Nietzsche
Segundo Nietzsche, a moral cristã,
(pt.wikipedia.org)
a moral do rebanho de ovelhas
defende o cultivo de certos valores
como, por exemplo, a humildade (os humilhados serão exaltados)
e a mansidão (os mansos herdarão a terra). Para o filósofo,
estes valores que fundamentam a ação moral estão anulando o
homem, pois este se mantém a todo instante passivo, conformado
e resignado. Assim, estes e outros valores da moral cristã não
merecem aprovação.
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Para Nietzsche, a concepção moral cristã de bem
e de mal está dissociada da realidade, do mundo,
da existência do próprio indivíduo; assim como
está fundamentada em inexistentes planos divinos
ou infernais. Em função da moral cristã, a moral
dos ‘fracos’, dos ‘escravos’ é preferível à moral do
forte. Por outro lado, a ação moral e os modelos de
conduta cristãos desvalorizam os belos, os ricos e
os fortes. Nietzsche propõe, então, destruir todos
os tipos de ‘ídolos’ cristãos que entorpecem a visão
moral do homem.
Figura 9.2 – Martelo de Nietzsche
(Alex Xavier)
Nietzsche também propõe destruir os ‘ídolos’
que têm como fonte a filosofia metafísica de
Platão. Para o primeiro, toda filosofia metafísica
é desprovida de fundamento, uma vez que suas
explicações não correspondem à realidade, não
passando de uma mera ilusão.
Considere a seguinte explicação, para entendimento da crítica de
Nietzsche à ‘filosofia metafísica’ de Platão.
Aquilo que está além da física, de nossa realidade.
Embora Platão não tenha discorrido especificamente
sobre uma ética em seus escritos, está evidente
que todo homem racional deve agir considerando
a idéia universal de ‘Bem’, que, por sua vez, orienta
as condutas morais do homem. Assim, para Platão,
se o homem agir conforme a idéia de ‘Bem’, agirá
corretamente. Contudo, Nietzsche expõe que não
existe uma idéia universal de ‘Bem’, que não existe
mesmo nada metafísico, nem mesmo uma idéia, que
possa orientar a nossa ação.
Nietzsche critica ainda a filosofia de Platão, porque
esta filosofia condena os nossos sentidos. Ora, ele
valoriza e elogia justamente a nossa existência, o
nosso corpo e as nossas sensações.
Em função da crítica dirigida aos ‘ídolos’ cristãos e platônicosmetafísicos, Nietzsche propõe a necessidade de destruirmos
totalmente o sistema de valores vigente. Neste sentido, ele propõe
uma transvaloração dos valores.
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Filosofia
Que significa a transvaloração dos valores?
Significa que devemos destruir todos os valores que conduzem
o homem ao niilismo; e que devemos continuar agindo, mas,
agora, a partir de uma outra concepção moral, fundamentada no
homem, em sua própria existência, conforme, sobretudo, a sua
respectiva vontade de poder.
Vontade de poder refere-se a nossa vontade de viver, a nossa
energia de fazer, de criar, de agir; refere-se ao nosso ‘querer’
muito antes de tantos ‘deveres’. Para Nietzsche, a vontade de
poder do homem nunca foi manifestada, pois estava impedida
pelas moralidades associadas aos ‘ídolos’.
Como crítica à moral niilista e conforme a vontade de poder,
devemos valorizar a riqueza, a beleza, a força como perspectivas
de um agir ativo, guerreiro, audacioso, existencial, humano.
Uma vez que nossa vontade não é fi xa, também nossa
moralidade deve apresentar um caráter cambiante, mutável.
Assim, nenhum valor metafísico, idealizado, cristalizado,
nenhuma essência deve orientar as ações morais humanas. Por
outro lado, todas as ações morais humanas devem ter como
princípio a própria vontade de poder.
Quando cada homem comum for capaz de fazer escolhas de
acordo com a sua vontade de poder, ele se transformará em
um super-homem. ‘Super-homem’, denominação de um outro
estágio a ser alcançado pelo homem, representa a superação do
atual estado em que o homem se encontra.
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Se você quiser aprofundar seus conhecimentos
relativos à ética de Nietzsche, você pode estudar a
seguinte referência:
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Assim falou
Zaratustra. [A obra-prima de cada autor], Tradução
Pietro Nasseti. São Paulo: Martin Claret, 2002.
Este livro pode ser baixado, em espanhol, no seguinte
site:
http://www.dominiopublico.gov.br
Observe que há, ainda, outros livros de Nietzsche que,
também, podem ser consultados nesse site.
Seção 2 – Foucault e o cuidado de si
Foucault acentua que as relações
humanas são permeadas por
relações de poder. Nestas relações
de poder, entre os próprios
humanos, pode haver atenuação da
liberdade e obstrução da resistência.
Em tais relações há um “estado
de dominação”, pois a liberdade
de uma das partes envolvidas
encontra-se limitada.
Em toda obra de Foucault (19261984) há uma forte conotação
moral. Contudo, Foucault
concentra seus estudos sobre a
Ética ao final de sua carreira, pouco
antes de morrer. Na entrevista
intitulada A Ética do Cuidado de Si
como Prática da Liberdade, de 1984,
Foucault expõe objetivamente o que
pensa sobre a Ética, assim como
sobre a prática moral do sujeito.
Figura 9. 3 - Michel Foucault
(www.foucaultsociety.org)
Neste texto, o filósofo expõe que suas pesquisas iniciaram ao
investigar o sujeito emaranhado em relações de poder (relações
que, muitas vezes, expressavam práticas coercitivas) - relativas à
psiquiatria e ao sistema penitenciário.
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Filosofia
Porém, suas pesquisas agora atentam para a prática de si, a
prática de autoformação do sujeito - questão relacionada
diretamente à ética.
Esta autoformação do sujeito, esta prática de si, é detectada como
um fenômeno de origem greco-romana antiga. Foucault trata esta
autoformação do sujeito como o cuidado de si, enquanto cerne de
sua ética.
O cuidado de si não é uma prática moral de simples
renúncia, mas é um exercício, uma prática moral
de si sobre si mesmo, que permite ao sujeito
transformar-se e atingir um modo de ser.
O cuidado de si é um exercício em que o sujeito pratica a
liberdade. A liberdade é vista, por sua vez, como condição básica
para a existência da ética. E a ética é entendida como a prática
refletida, racional da liberdade.
Se, por um lado, o cuidado de si é uma prática em que se exercita
a liberdade, por outro lado esta liberdade não significa liberdade
absoluta, mas, antes, autodomínio1 , autoconhecimento2, além
do conhecimento de certas regras de conduta e prescrições3
morais.
Autocontrole, moderação,
prudência, comedimento.
Conhecimento de si
mesmo.
Normas, regras.
Observe, ainda, que o cuidado de si não significa amor exagerado
por si mesmo, nem negligência pelos outros, nem abuso dos
outros, mas, também, cuidado dos outros. Contudo, o cuidado
dos outros é, para Foucault, um momento posterior ao cuidado de
si. Assim, à medida que eu exercitar o cuidado de mim mesmo,
desenvolvo condições para também cuidar dos outros.
A ética de Foucault é um convite para a autoformação do sujeito,
para o cuidado de si, entendido como uma prática moral, um
exercício autônomo da liberdade, relativo ao modo como devemos
agir. Observe, porém, que não há aqui a proposição de uma
norma rígida sobre como deve ser a nossa conduta moral.
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Se você quiser aprofundar seus conhecimentos
relativos à ética de Foucault, você pode estudar a
seguinte referência:
• FOUCAULT, Michel. A Ética do cuidado de si como
prática da liberdade. In: Ética, sexualidade, política.
[Ditos e escritos; V] Organização e seleção de textos
Manoel Barros da Motta; tradução Elisa Monteiro,
Inês Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2004.
Seção 3 – A teoria da justiça de Rawls
Figura 9.4 - John Rawls
(educaterra.terra.com.br)
Concepção na qual a sociedade e o
Estado têm origem em um pacto
ou contrato social, livremente
estabelecido por seus integrantes.
John Rawls (1921-2002) propôs,
em 1971, Uma teoria da justiça, um
estudo que abrange tanto o campo da
Ética, quanto o campo da Política.
Esta teoria abrange a Ética no que
tange às reflexões pertinentes às
ações morais relativas a uma pessoa,
e Política no que tange às reflexões
pertinentes às ações dos cidadãos,
organizados socialmente. Para Rawls,
a justiça, em questão, decorre de um
contratualismo moral.
Neste livro, Rawls afirma que uma
concepção qualquer de justiça exprime uma concepção de pessoa,
de relações e de sociedade. E, se aceitarmos os princípios que
embasam esta concepção de justiça, então, por conseqüência,
aceitaremos o respectivo ideal, modelo de pessoa e de relações.
A partir deste argumento, o norte-americano convida-nos
a pensar em uma sociedade bem ordenada, fruto de uma
concepção de justiça ideal, coerente com o tipo de pessoa que
queremos ser e a forma de sociedade em que queremos viver.
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Filosofia
Nesta teoria, a sociedade bem ordenada fundamenta-se em uma
concepção de justiça social, que decorre de um debate ético de
pessoas racionais e morais. Rawls propõe que:
Sociedade bem ordenada é aquela regulada por
um conceito público de justiça, onde todos sabem e
aceitam os mesmos princípios de justiça.
A sociedade bem ordenada é
formada por pessoas morais,
livres e iguais. Morais porque
apresentam um senso de justiça
e porque vêem os outros nesta
mesma perspectiva; iguais
porque admitem para si e para
os outros o direito de determinar
os princípios que devem nortear a estrutura social; livres porque
admitem para si e para os outros o direito de serem livres e,
mesmo, de discutir a finalidade das instituições sociais.
Para exisitir, a sociedade bem ordenada necessita de princípios
de justiça que orientem a ação. Estes princípios de justiça são
necessários porque permitem arbitrar os diferentes arranjos
sociais; atribuir direitos e deveres à estrutura básica da
sociedade; e especificar como as insituições devem distribuir
os frutos da cooperação social. Observe que, nesta concepção
de sociedade bem ordenada, a sua estrutura básica é o objeto
primário de justiça.
Composta pelas instituições
sociais fundamentais
Os princípios de justiça para a sociedade bem ordenada
expressam o seguinte (o primeiro princípio tem prioridade sobre
o segundo):
1) todos têm direitos iguais de liberdade;
2) as desigualdades sociais e econômicas estão
condicionadas:
a) ao maior benefício para os menos favorecidos;
b) aos cargos e empregos para todos, com mesmas
condições de oportunidade de acesso.
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Entre as razões que justificam estes dois princípios de justiça,
adequados à sociedade bem ordenada, está a de que eles
estabelecem a proteção dos interesses fundamentais dos membros
de tal sociedade.
Mas, de que modo surgiriam tais princípios de justiça?
Momento em que ainda não há um
contrato fundamental que garanta
o convívio político e social.
Estes princípios de justiça decorreriam de uma situação
hipotética, denominada posição original. Especificamente,
os princípios de justiça decorrem das escolhas e deliberações
feitas pelas pessoas morais, livres e iguais - com a finalidade
de estabelecer o governo da estrutura básica da sociedade.
Observe que tais princípios constituem, por sua vez, a base
de um contrato social (acordo estabelecido por cada um dos
contratantes, que representam as várias facetas da sociedade).
Rawls destaca a necessidade de haver um véu de ignorância
sobre as pessoas, quando estas escolhem os princípios de justiça,
pois à medida que os contratantes desconhecerem suas respectivas
condições particulares na sociedade, de modo mais imparcial
encontrariam os princípios de justiça já mencionados.
Embora se estabeleçam princípios de justiça, primariamente, para
a estrutura básica da sociedade, de uma sociedade bem ordenada,
é inegável que estes princípios influenciam a ação moral das
ditas pessoas morais, livres e iguais, uma vez que as mesmas, ao
formularem tais princípios, os aceitam e os conhecem.
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Filosofia
Conforme Borges, Dall’Agnol e Dutra (2002), os princípios de
justiça, além de estarem sujeitos ao véu de ignorância, também
estão sujeitos a restrições formais. Veja as características formais
que cada princípio deve apresentar:
Generalidade - pois o princípio deve abranger a generalidade
das circunstâncias e não se circunscrever a uma circunstância
em particular.
Universalidade - pois deve ser válido para todas as pessoas
morais.
Publicidade - pois deve ser conhecido por todos.
Ordenação de reinvindicações conflitantes - pois deve
estabelecer uma ordenação de justiça, impedindo outra
ordenação que tenha origem, por exemplo, na força ou na
astúcia.
Finalidade - pois não há uma regra anterior e, assim, o
princípio deve ser respeitado diretamente. E, uma vez
escolhido, deve ser cumprido.
Se você quiser aprofundar seus conhecimentos
relativos à teoria da justiça de Rawls, consulte as
seguintes referências:
• BORGES, Maria de Lordes; DALL’AGNOL, Darlei;
DUTRA, Delamar Volpato. Ética. [O que você
precisa saber sobre], Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
• OLIVEIRA, Nythamar. Rawls. [Passo-a-passo], Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
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Seção 4 - Singer e a ética prática
Basicamente, Peter Singer (1946)
investiga a aplicação da ética a
questões práticas, que fazem parte
das discussões de nosso cotidiano,
como a igualdade para as mulheres,
o tratamento de minorias étnicas,
a preservação do meio ambiente, a
eutanásia, o aborto, o uso de animais
em pesquisas e na fabricação de
alimentos, etc.
Figura 9.5 – Peter Singer
As reflexões de Peter Singer sobre
(www.princeton.edu/~psinger/)
a ética podem ser encontradas,
fundamentalmente, em seu livro Ética
Prática. Neste livro, Singer expõe o que pensa sobre a ética, o
método que acredita ser o mais adequado para tratar das ações
morais, assim como estabelece uma série de reflexões relacionadas
à ética prática. Em um dos textos deste livro, Singer propõe,
conforme seu modo de pensar, o que a ética é e o que não é.
Veja, primeiro, algumas considerações sobre o que a ética não é.
O que a ética não é
Para Singer, a ética não pode ser encarada como um sistema de
irritantes proibições cotidianas, nem pode ser encarada como um
código específico de moralidade, que nos diria, especificamente,
o que fazer ou não fazer.
Por outro lado, a ética não se reduz a uma série de restrições
ligadas ao sexo. Segundo o filósofo, é fácil perceber este caráter,
pois as questões morais relacionadas ao sexo envolvem outras
considerações, muito mais relevantes do ponto de vista da ética,
como a honestidade, a prudência, etc.
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Filosofia
A ética também não é uma teoria fantástica, que não tenha
aplicação prática. Para Singer, a função fundamental de um juízo
ético é justamente orientar a prática moral.
A ética também não se reduz a um sistema de normas simples e
breves, como: “não minta”, uma vez que tal regra não se ajusta
às complexidades da vida. Assim, em certas situações práticas,
mentir pode ser considerado moralmente correto. Neste sentido,
veja um exemplo do autor, que já se tornou clássico:
Se você está na Alemanha nazista, na época da 2ª
Guerra Mundial, e se a Gestapo bate à sua porta a
procura de judeus, é correto mentir para salvar a
família de judeus que está econdida no seu sótão.
Observe que o cumprimento cego da regra “não
mentir” implicaria um desastre para a vida de cada um
dos integrantes da família judia.
Singer também afirma que a ética não se resume ou reduz à
religião, concepção religiosa, pois a prática moral refletida, a
ética, independe de crença religiosa.
À medida que Singer caracteriza o que a ética não é, ele já
prepara o terreno, vamos assim dizer, para especificar o que a
ética é, ou seja, nosso próximo tópico. Observamos, contudo,
que Singer desenvolve, ainda, alguns outros tópicos além dos
abordados aqui, acerca do que a ética não é.
O que é a ética é: uma concepção
Entre outras coisas, a concepção de ética prática, defendida por
Singer, estabelece a razão como fundamental nas decisões éticas.
Para Singer, as pessoas vivem de acordo com padrões éticos
quando fornecem uma razão para o que praticam moralmente,
para viver deste ou daquele modo, quando defendem ou
justificam racionalmente o que fazem. Singer observa que viver
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de modo ético significa raciocinar sobre que ações morais devem
ser praticadas, independentemente das ações morais escolhidas,
“certas” ou “erradas”. Por outro lado, as pessoas não vivem de
acordo com padrões éticos quando são incapazes de justificar as
ações morais que praticam.
Ainda é especificado que a defesa racional, ética, de uma ação
moral deve pautar-se pelo critério de universalidade. Esta
universalidade implica que os atos morais de uma pessoa devem
procurar conciliar os seus interesses com um público maior,
tanto quanto possível. Embora o critério de universalidade
procure ampliar a aplicação de um juízo moral, Singer lembra
que um juízo ético qualquer não tem aplicação universal, pois,
conforme sua concepção de ética, consequencialista, a ação
moral varia conforme as conseqüências, os objetivos que são
estabelecidos na situação prática particular, específica.
Singer admite que sua concepção de ética é uma forma de
utilitarismo, próxima àquela que você estudou na unidade
anterior, a ética de Mill. Ou seja, diante das inúmeras e
insólitas situações que vivemos, das questões práticas, devemos
racionalmente considerar o nosso interesse, assim como o do
maior número de pessoas possíveis, à medida que consideramos
os objetivos e as conseqüências de nossas ações.
Se você quiser saber mais sobre o que Peter Singer
pensa sobre ética, leia o texto Sobre a ética, do livro
Ética Prática. A referência é a seguinte:
• SINGER, Peter. Sobre a ética. In: Ética prática. São
Paulo: Martins Fontes, 2006.
Há, ainda, neste mesmo livro, outros textos
confeccionados pelo autor, que lidam com este tema,
ética prática. Se você preferir, acesse a página pessoal
do professor, no endereço:
• http://www.princeton.edu/~psinger/
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Filosofia
Síntese
Nesta última unidade, você estudou questões éticas levantadas
por quatro filósofos contemporâneos: Nietzsche, Foucault, Rawls
e Singer.
Você viu que a ética de Nietzsche é uma crítica aos ídolos, à
passividade, à resignação e à justificação dos atos morais por
uma concepção de mundo supraterrena. Diz o filósofo que
devemos transvalorar os valores da moral que conduz o homem
ao niilismo, ao nada. A vontade de poder é proposta como o
critério que norteie esta outra moralidade. Só quando o homem
for capaz de fazê-lo, superará o atual estágio em que se encontra,
tornando-se um super-homem.
Você estudou que a ética de Foucault incita-nos ao “cuidado de
si”, de modo que, ao fazê-lo, também devenvolvemos a habilidade
de cuidar dos outros. Porém, viu que o cuidado de si é uma
condição para o cuidado dos outros. A fundamental prática
da liberdade, aliada ao autodomínio, ao autoconhecimento,
ao conhecimento de algumas regras morais, são elementos
determinantes para uma adequada prática moral.
Para Rawls, a ética está extremamente próxima de reflexões
políticas. O americano supõe uma posição original, na qual
todas as pessoas morais, livres e iguais, sob o véu da ignorância,
escolheriam, conjuntamente, princípios de justiça que regulariam
a estrutura básica da sociedade bem ordenada. Embora estes
princípios sejam pensados, primariamente, para atender as
instituições sociais básicas, nem por isso deixam de espelhar um
modo de agir moral, que é consenso para as próprias pessoas
morais.
Singer defende que a ética lida com questões práticas relacionadas
à moral humana, como a igualdade das mulheres, o aborto, a
eutanásia, o respeito ao meio ambiente, etc. Singer posicionase sobre o que a ética é e o que não é. Para ele, a ética não é
um código específico de moralidade, nem proibições irritantes,
não tem como foco central o sexo, não é uma teoria fantástica,
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nem tem como fonte legitimadora a religião. A ética referese ao uso da razão, para justificar quais atos morais devem ser
praticados. As questões práticas são o cerne desta reflexão,
a ética. A universalidade é pensada como um critério que
transcende os interesses da pessoa, de modo que mais pessoas
sejam contempladas pela realização de uma determinada ação
moral. Singer admite, ainda, que sua concepção ética é uma
forma de utilitarismo, pois ele acredita que ela permite lidar com
as conseqüências da ação moral, as quais, por sua vez, são muito
mais importantes que simples ordenamentos ou regramentos
morais.
Você lembra da classificação que propusemos na unidade 7,
referente à Ética como normativa, prática ou metaética? Pois
bem, conforme aquela disposição, a ética de Nietzsche, a de
Foucault e a de Rawls podem ser consideradas normativas à
medida que propõem como devemos agir moralmente. Destas
três éticas, a de Foucault “tende” a não se encaixar perfeitamente
nesta classificação, uma vez que este pensador não propõe um
fundamento normativo sobre como devemos agir moralmente,
mas um modo de agir.
A ética de Singer fica melhor classificada como prática, como o
próprio filósofo intitula sua investigação, embora este pensador
admita que sua ética é uma forma de utilitarismo (que, por sua
vez, é uma ética normativa).
Atividades de auto-avaliação
Ao final de cada unidade, você realizará atividades de auto-avaliação. O
gabarito está disponível no final do livro didático. Mas, esforce-se para
resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará
promovendo (estimulando) a sua aprendizagem.
1) Associe as passagens seguintes com as respectivas interpretações. Para
tanto, estude e interprete cada uma das passagens referentes à ética
de Nietzsche, que tem origem nos livros Crepúsculo dos Ídolos, Assim
falou Zaratustra e Genealogia da Moral. Esta atividade visa exercitar sua
capacidade de análise e síntese da ética de Nietzsche.
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Filosofia
I) “Este pequeno livro é uma grande declaração de guerra; e,
quanto ao escrutínio1 de ídolos, desta vez eles não são ídolos
da época, mas ídolos eternos, aqui tocados com o martelo
como se com um diapasão - não há, absolutamente, ídolos
mais velhos, mais convecidos, mais empolados2 ... E tampouco
mais ocos... Isso não impede que sejam os mais acreditados [...]”.
(NIETZSCHE, 2006, p. 8).
( ) Nietzsche critica a moral
cristã por associar o bom e o
bem com valores escravos, ditos
invertidos. Para o filósofo, na
moral cristã, aquele que não
se encaixa no perfil da moral
‘escrava’ age moralmente
errado.
II) “ ‘Eu vos anuncio o Super-homem’. ‘O homem é superável’
[...] Que é o macaco para o homem? Uma zombaria ou uma
dolorosa vergonha. Pois é o mesmo que deve ser o homem
para o Super-homem [...] Noutro tempo foste macaco, e hoje é
ainda mais macaco que todos os macacos [...] O Super-homem
é o sentido da terra. Diga a vossa vontade: seja o Super-homem
[...] Exorto-vos, meus irmãos, a permanecer fiéis a terra e a
não acreditar em que vos fala de esperanças supraterrestres
[...] Qual é a maior coisa que vos pode acontecer? Que chegue
a hora do grande menosprezo, a hora em que vos enfastie a
vossa própria felicidade, de igual forma que a vossa razão e
a vossa virtude. A hora em que digas: ‘Que importa a minha
felicidade! É pobreza, imundície e conformidade lastimosa. A
minha felicidade, porém, deveria justificar a minha existência!”.
(NIETZSCHE, 2002, p. 25-26).
( ) A superação da atual
condição que o homem se
encontra, a superação do
niilismo e do cristianismo, só terá
êxito se tornarmos livre a nossa
vontade e não mais a anularmos.
III) “Esse homem do futuro, que nos salvará não só do ideal
vigente, como [...] do grande nojo, da vontade do nada, do
niilismo [...] que torna novamente livre a vontade, que devolve à
terra sua finalidade e ao homem sua esperança, esse anticristão
e antiniilista, esse vencedor de Deus e do nada – ele tem que vir
um dia...”. (NIETZSCHE, 2003, p. 84-85).
( ) Nietzsche afirma que
atacará com o ‘martelo’ os ídolos,
pois estes são insignificantes
para a vida do homem, e,
portanto, devem ser destruídos.
IV) “[...] os judeus [...] ousaram inverter a equação de valores
aristocráticos (bom = nobre = poderoso = belo = feliz =
caro aos deuses), e com unhas e dentes [...] se apegaram a
esta inversão, a saber, ‘os miseráveis somente são os bons,
apenas os pobres, impotentes, baixos são bons, os sofredores,
necessitados, feios, doentes são os únicos beatos, os únicos
abençoados, unicamente para eles há bem-aventurança – mas
vocês, nobres e poderosos, vocês serão por toda a eternidade
os maus, os cruéis, os lascivos, os insaciáveis, os ímpios [...]
os desventurados, malditos e danados!...’ [...] A propósito [...]
com os judeus principia a revolta dos escravos na moral: aquela
rebelião que tem atrás de si dois mil anos de história, e que hoje
perdemos de vista, porque foi vitoriosa...”. (NIETZSCHE, 2003, p.
26).
( ) Nietzsche nos propõe uma
analogia, na qual o homem é
superior ao macaco, e o Superhomem é superior ao homem.
O homem atual é visto como
sendo fortemente influenciado
por crenças supraterrestres
- crenças religiosas ou crenças
metafísicas - de tal modo que
se encontra inferior a todos os
macacos. A condição de Superhomem é a melhor coisa que
pode acontecer ao homem, mas
isto só acontecerá quando o
mesmo repudiar suas atitudes
conformadas diante da realidade
e passe a constituir a felicidade a
partir da própria vontade, a partir
da própria existência.
Exame
minucioso
Pomposo,
ostentador
Encontre a seqüência que corresponde à associação correta das passagens
com as interpretações. Há apenas uma seqüência correta:
A) I, II, III, IV.
B) II, III, IV, I.
C) III, IV, I, II.
Unidade 8
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D) IV, III, I, II.
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2) Associe as passagens seguintes com as respectivas interpretações. Para
tanto, estude e interprete cada uma das passagens referentes à ética de
Foucault, que tem origem na entrevista A Ética do Cuidado de Si como
Prática da Liberdade. Esta atividade visa exercitar sua capacidade de
análise e síntese da ética de Foucault.
I) “[...] o que é a ética senão a prática da liberdade, a prática
refletida da liberdade? [...] A liberdade é condição ontológica
da ética. Mas a ética é a forma refletida assumida pela
liberdade.”. (FOUCAULT, 2004, p. 267).
( ) Nas relações humanas
sempre há alguma relação de
poder. Estas relações não são
fixas e podem ser alteradas. Para
alterar essas relações de poder,
é preciso praticar a liberdade.
Mesmo as relações de poder
dos ditos estados de dominação
podem ser alteradas.
II) “[...] sobretudo nos gregos -, para se conduzir bem, para
praticar adequadamente a liberdade, era necessário se
ocupar de si mesmo, cuidar de si, ao mesmo tempo para se
conhecer [...] e para se formar, superar-se a si mesmo, para
dominar em si os apetites que poderiam arebatá-lo. [...]”.
(FOUCAULT, 2004, p. 268).
( ) Cuidar de si mesmo implica
o conhecimento de si além de
regras de conduta.
III) “Não é possível cuidar e si mesmo sem se conhecer. O
cuidado de si é certamente o conhecimento de si [...] mas
é também o conhecimento de um certo número de regras
de conduta ou de princípios que são simultaneamente
verdades e prescrições.”. (FOUCAULT, 2004, p. 269).
( ) O cuidado de si não é amor
exagerado por si mesmo, nem
negligência ou abuso dos outros.
IV) “Não se deve fazer passar o cuidado dos outros na
frente do cuidado de si; o cuidado de si vem eticamente em
primeiro lugar, na medida em que a relação consigo mesmo
é ontologicamernte primária. [...] o cuidado de si não pode
em si mesmo tender para esse amor exagerado a si mesmo
que viria a negligenciar ou outros ou, pior ainda, a abusar do
poder que se pode exercer sobre eles.”. (FOUCAULT, 2004, p.
271-273).
( ) O cuidado de si implica a
prática da liberdade, a ocupação
e a formação de si mesmo,
de modo que o sujeito possa
superar-se e, então, dominar os
apetites.
V) “[...] nas relações humanas, quaisquer que sejam elas
[…] o poder está presente [...] essas relações de poder são
móveis, ou seja, podem se modificar, não são dadas de
uma vez por todas [...] só é possível haver relações de poder
quando os sujeitos forem livres [...] para que se exerça uma
relação de poder, é preciso que haja sempre, dos dois lados,
pelo menos uma forma de liberdade. Mesmo quando a
relação de poder é completamente desiquilibrada, quando
verdadeiramente se pode dizer que um tem poder sobre o
outro, um poder só pode se exercer sobre o outro à medida
que ainda reste a esse último a possibilidade de se matar,
de pular pela janela ou de matar o outro. Isso significa que,
nas relações de poder, há necessariamente possibilidade
de resistência [...] se há relações de poder em todo o
campo social, é porque há liberdade por todo lado. Mas há
efetivamente estados de dominação. Em inúmeros casos,
as relações de poder estão de tal forma fixadas que são
perpetuamente dessimétricas e que a margem de liberdade
é estremamente limitada.”. (FOUCAULT, 2004, p. 276-277).
( ) A liberdade é uma condição
para a própria existência da ética.
E a ética é a prática refletida da
liberdade.
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Filosofia
Encontre a seqüência que corresponde à associação correta das
passagens com as interpretações. Há apenas uma seqüência correta:
A) I, II, III, IV, V.
B) II, V, III, IV, I.
C) III, IV, I, V, II.
D) V, III, IV, II, I.
3) Associe as passagens seguintes com as respectivas interpretações. Para
tanto, estude e interprete cada uma das passagens referentes à ética
de Rawls, que tem como origem a Teoria da Justiça. Esta atividade visa
exercitar sua capacidade de análise e síntese da ética de Rawls.
I) “[…] uma sociedade bem ordenada é
efetivamente regulada por um conceito público de
justiça. Ou seja, é uma sociedade na qual todos os
membros aceitam e sabem que os outros aceitam
os mesmos princípios (a mesma concepção) de
justiça.”. (Rawls apud Oliveira, 2003, p. 51).
( ) Um princípio de justiça
estabelece liberdade igual
para todos, enquanto o outro
princípio procura estabelecer uma
‘desigualdade justa’.
II) “[...] os membros de uma sociedade bemordenada são, eles mesmo, pessoas morais livres e
iguais.”. (RAWLS apud OLIVEIRA, 2003, p. 52).
( ) A justiça apropriada para
uma sociedade bem ordenada é
aquela resultante de um acordo
eqüitativo entre as pessoas morais,
livres e iguais.
III) “Enunciarei agora [...] os dois princípios de
justiça [...] 1. Cada pessoa tem um direito igual
ao mais extensivo esquema de liberdades
fundamentais iguais compatíveis com um
esquema semelhante de liberdade para todos.
2. As desigualdades sociais e econômicas devem
satisfazer duas condições: elas devem ser (a) para o
maior benefício esperado dos menos favorecidos;
e (b) vinculadas a cargos e posições abertas a
todos em condições de oportunidade eqüitativa.
O primeiro desses princípios deve ter prioridade
sobre o segundo [...]”. (RAWLS apud OLIVEIRA,
2003, p. 58).
( ) O conceito público de justiça
regula uma sociedade bem
ordenada. Nesta sociedade, todos
aceitam e conhecem os princípios
de justiça.
IV) “[...] idéia da posição original: supus que
a concepção de justiça apropriada para uma
sociedade bem-ordenada é aquela que seria
acordada numa situação hipotética que fosse
eqüitativa entre indivíduos concebidos como
pessoas morais livres e iguais, isto é, como
membros de uma tal sociedade.”. (RAWLS apud
OLIVEIRA, 2003, p. 63).
( ) A sociedade bem ordenada
é composta por pessoas morais,
livres e iguais.
Encontre a seqüência que corresponde à associação correta das
passagens com as interpretações. Há apenas uma seqüência correta:
A) I, II, III, IV.
B) II, III, IV, I.
C) III, IV, I, II.
Unidade 8
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D) III, IV, II, I.
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4) Associe as passagens seguintes com as respectivas interpretações.
Para tanto, estude e interprete cada uma das passagens referentes à
ética de Singer, com base no texto Sobre a Ética, do livro Ética Prática.
Esta atividade visa exercitar sua capacidade de análise e síntese da
ética de Rawls.
I) “O tema deste livro é a ética prática, ou seja, a aplicação da ética
ou da moralidade (usarei indiferentemente essas duas palavras) à
abordagem de questões práticas, como o tratamento dispensado
às minorias étnicas, a igualdade para as mulheres, o uso de animais
em pesquisas e para a fabricação de alimentos, a preservação do
meio ambiente, o aborto, a eutanásia e a obrigação que têm os
ricos de ajudar os pobres.”. (SINGER, 2006, p. 9).
( ) Singer admite que a ética
que ele propõe é uma variação
do utilitarismo. Em função da
perspectiva utilitária, defende a
necessidade de que se universalize
a ação moral, pensada a partir do
indivíduo.
II) “[...] há uma abordagem sempre válida da ética que
praticamente não é afetada pelas complexidades que tornam
as normas simples difíceis de serem aplicadas: a concepção
conseqüencialista. Os seus adeptos não partem de regras morais,
mas de objetivos. Avaliam a qualidade das ações mediante
uma verificação do quanto elas favorecem esses objetivos. O
utilitarismo é a mais conhecida das teorias consequencialistas [...]
Para o utilitarista, mentir será mau em algumas circunstâncias e
bom em outras, dependendendo das conseqüencias que o ato
acarretar.”. (SINGER, 2006, p. 11).
( ) Para Singer, viver de acordo
com padrões éticos depende,
sobremaneira, da utilização da
razão, da justificação e defesa de
certas ações morais. Por outro
lado, quando não justificamos as
ações morais realizadas, vivemos
desvinculados de padrões
éticos. Neste sentido, a ética é
compreendida como uma reflexão
racional sobre os atos morais.
III) “A idéia de viver de acordo com padrões éticos está ligada a
idéia de defender o modo como se vive, de dar-lhe uma razão de
ser, de justificá-lo. Desse modo, as pessoas podem fazer todos
os tipos de coisas que consideramos erradas, mas, ainda assim,
estar vivendo de acordo com padrões éticos, desde que tenham
condições de defender e justificar aquilo que fazem. Podemos
achar a justificativa inadequada e sustentar que as ações estão
erradas, mas a tentativa de justificação, seja ela bem sucedida ou
não, é suficiente para trazer a conduta da pessoa para a esfera
do ético, em oposição ao não-ético. Quando, por outro lado, as
pessoas não conseguem apresentar nenhuma justificativa para o
que fazem, podemos rejeitar a sua alegação de estarem vivendo
de acordo com padrões éticos, mesmo se aquilo que fazem estiver
de acordo com princípios morais convencionais.”. (SINGER, 2006,
p. 18).
( ) Singer defende que uma
abordagem ética adequada
é aquela que privilegia as
conseqüências de uma ação
moral e não se limita a simples
ordenamentos ou regras morais.
Entre as teorias que privilegiam
as conseqüências da ação moral
situa-se o utilitarismo, uma vez
que as ações são escolhidas
considerando-se, entre outras
coisas, as conseqüências da ação.
IV) “o modo de pensar que esbocei é uma forma de utilitarismo.
Difere do utilitarismo clássico pelo fato de “melhores
conseqüências” ser compreendido como o significado de algo
que, examinadas todas as alternativas, favorece os interesses dos
que são afetados, e não como algo que simplesmente aumenta
o prazer e diminui o sofrimento [...] A postura utilitária é uma
posição mínima, uma base inicial à qual chegamos ao universalizar
a tomada de decisões com base no interesse próprio.”. (SINGER,
2006, p. 22).
( ) A investigação de Singer
lida com a aplicação da ética a
questões polêmicas, que fazem
parte das práticas dos seres
humanos. Práticas que, enquanto
tais, também se referem aos
animais e ao meio ambiente.
Singer denomina esta investigação
de ética prática.
Encontre a seqüência que corresponde à associação correta das
passagens com as interpretações. Há apenas uma seqüência correta:
A) I, II, III, IV.
B) IV, III, II, I.
C) III, IV, I, II.
D) III, IV, II, I.
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13/2/2007 15:01:12
Filosofia
Saiba mais
Se você quiser aprofundar seus conhecimentos sobre a ética,
considerando as reflexões de Nietzsche, Foucault, Rawls ou
Singer, então consulte as seguintes referências:
BORGES, Maria de Lordes; DALL’AGNOL, Darlei;
DUTRA, Delamar Volpato. Ética. [O que você precisa
saber sobre], Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
FOUCAULT, Michel. Ética, sexualidade, política.
[Ditos e escritos; V] Organização e seleção de textos
Manoel Barros da Motta; tradução Elisa Monteiro,
Inês Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2004.
OLIVEIRA, Nythamar. Rawls. [Passo-a-passo], Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Assim falou
Zaratustra. [A obra-prima de cada autor], Tradução
Pietro Nasseti. São Paulo: Martin Claret, 2002.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Genealogia da
moral: uma polêmica. São Paulo: Companhia das Letras,
2003.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Crepúsculo dos
ídolos: ou como se filosofa com o martelo. São Paulo:
Companhia das Letras, 2006.
SINGER, Peter. Ética prática. São Paulo: Martins
Fontes, 2006.
E os seguintes sites:
http://www.dominiopublico.gov.br
(site do governo brasileiro que disponibiliza uma biblioteca digital e
que contém e-books grátis de alguns filósofos).
http://www.princeton.edu/~psinger/
(site do professor e filósofo Peter Singer).
Unidade 8
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Para concluir o estudo
Parabéns pelos estudos desenvolvidos, necessários para que você
chegasse até aqui. Seu comprometimento, disciplina e dedicação
foram combustíveis para o seu bom êxito.
Ao concluir os estudos da disciplina, você deve ter percebido
que o sentido da Filosofia é mais amplo do que é difundido
costumeiramente. Observamos que tal sentido é, ainda, mais amplo
do que foi abordado neste livro.
Você pode passar uma vida inteira investigando a Filosofia e,
certamente, a cada novo dia de investigação um novo argumento,
detalhe, experiência, entendimento ou “vivência”, transformará e
alargará a sua compreensão sobre o que é Filosofia.
Dizem que bom conselho é aquele que não é dado. Porém, não
podemos deixar, aqui, de incitá-los a pesquisar a Filosofia, de
estudar os originais dos próprios filósofos, de estudar outros livros,
compêndios e dicionários sobre Filosofia.
Também, não podemos nos furtar de alertar você a exercitar
as habilidades de autonomia, reflexão, crítica e criatividade importantes habilidades para um estudante universitário e para
um cidadão. Desejamos ainda que, de algum modo, os temas e
conteúdos aqui reunidos sob o viés da Teoria e do Conhecimento e
da Ética tenham encontrado abrigo em seu coração, mente e ações.
Podemos construir um mundo melhor. Para tanto, precisamos nos
preparar.
Desejamos sucesso em sua caminhada de estudos.
Um forte abraço,
Professor Leandro Kingeski Pacheco e Professora Maria Juliani Nesi
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13/2/2007 15:01:12
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13/2/2007 15:01:13
Referências
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Tradução Pietro Nasseti. São Paulo: Martin Claret, 2001.
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BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de filosofia. Rio de
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António P. Ribeiro, Pedro E. Duarte. Lisboa: Edições 70, 1996.
BORGES, Maria de Lordes; DALL’AGNOL, Darlei; DUTRA,
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Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1973.
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______. Introdução à história da fi losofia. 2. ed. rev. e ampl. São
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DESCARTES, René. Discurso do método. [Os pensadores], São
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filosofia_BCC_outros.indb 239
13/2/2007 15:01:13
Universidade do Sul de Santa Catarina
DIÔGENES LAÊRTIOS. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Brasília:
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FÉLIX, Loiva O.; GOETTEMS, Miriam B. (Orgs.) Cultura grega clássica.
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HUME, David. Investigação acerca do entendimento humano. [Os pensadores],
São Paulo: Nova Cultural, 1996.
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uma elucidação fenomenológica do conhecimento. [Os pensadores], São Paulo:
Abril, 1999.
INÁCIO, Inês C.; LUCA, Tânia Regina de. O pensamento medieval. São Paulo:
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JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem grego. São Paulo: Martins
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KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. [Os pensadores], São Paulo: Nova
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______. Fundamentação da metafísica dos costumes e outros escritos. [A obra
prima de cada autor], Tradução Leopoldo Holzbach. São Paulo: Martin Claret,
2005.
KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os filósofos pré-socráticos.
Tradução Carlos Alberto Louro Fonseca. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
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KNEALE, W.; KNEALE, M. O desenvolvimento da lógica. Tradução de M. S.
Lourenço. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1962.
240
filosofia_BCC_outros.indb 240
13/2/2007 15:01:13
Filosofia
KNELLER, George F.. A ciência como atividade humana. São Paulo:
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KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: perspectiva,
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______. O caminho desde a estrutura. São Paulo: Unesp, 2006.
MARCONDES, D. Iniciação à história da fi losofia: dos pré-socráticos a
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MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo:
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MORA, José Ferrater. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes,
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MORENTE, Manuel Garcia. Fundamentos de filosofia: lições
preliminares. 4. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
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NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Assim falou Zaratustra. [A obraprima de cada autor], Tradução Pietro Nasseti. São Paulo: Martin Claret,
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NUNES, César Aparecido. Aprendendo filosofia. Campinas: Papirus,
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PEIRCE, C. S. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2000.
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Rangel de Andrade, Gilda Maria Reale Strazynski. 4. ed. São Paulo: Nova
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241
filosofia_BCC_outros.indb 241
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POPPER, Karl. Conjecturas e refutações. Brasília: UnB, 1972.
REALE, G. História da filosofia antiga: Platão e Aristóteles. São Paulo: Loyola,
1994a.
______. História da filosofia antiga: os sistemas da era helenística. São Paulo:
Loyola, 1994b.
ROBERT, Fernand. A literatura grega. [Universidade hoje], São Paulo: Martins
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SEVCENKO, Nicolau. O renascimento. Campinas: Atual, 1988.
SILVA, Porfírio. A filosofia da ciência de Paul Feyerabend. [Pensamento e
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SINGER, Peter. Ética prática. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
VALLS, Álvaro L. M. O que é ética. [Primeiros passos] 9. ed. São Paulo:
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VALVERDE, José María. História do pensamento: filosofia, ciência, religião,
política. Vol. I, nº 6, São Paulo: Nova Cultural, 1987a.
______. História do pensamento: filosofia, ciência, religião, política. Vol. I, nº 7,
São Paulo: Nova Cultural, 1987b.
VÁZQUEZ, Adolfo Sanches. Ética. 12. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1990.
VERNANT, Jean-Peirre. As origens do pensamento grego. São Paulo: DIFEL,
1984.
VERGER, Jacques. As universidades na idade média. São Paulo: UNESP, 1990.
VERGES, André; HUISMAN, Denis. História dos filósofos ilustrada pelos
textos. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1984.
242
filosofia_BCC_outros.indb 242
13/2/2007 15:01:13
Sobre os professores conteudistas
Leandro Kingeski Pacheco é bacharel (1994), licenciado
(1997) e mestre (2005) em Filosofia, pela Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). Junto ao Centro de
Educação a Distância (CEAD) da Universidade do Estado
de Santa Catarina (UDESC), atuou (2001-2005) como
professor de Filosofia, de Direitos Humanos e Cidadania,
de Educação e Meio Ambiente, de Tecnologia, Educação e
Aprendizagem e de Metodologia da Educação a Distância,
assim como desenvolveu atividades de Supervisor Pedagógico.
Por esta universidade é co-autor dos livros didáticos Filosofia
Moderna e Contemporânea; Direitos Humanos e Cidadania;
Globalização e Cidadania. Atualmente, é designer instrucional
da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), junto
ao campus UnisulVirtual.
Maria Juliani Nesi é licenciada em Filosofia pela UFSC
(1992), especialista em Arte – Educação pela UDESC
(1996), Mestre em Engenharia de Produção – Mídia e
Conhecimento pela UFSC (2002). Junto a UDESC, entre
1993 e 2006, atuou na FAED, CEFID, CEART e CEAD
como professora de Filosofia, Estética, Dramaturgia, Direitos
Humanos e Cidadania, Teoria do Conhecimento. Ainda
na UDESC atuou como membro do Comitê de Apoio ao
Ensino do CEAD. Também atuou como professora da UFSC
(1996) como professora de Introdução à Filosofia e de Ética.
Atualmente, na UNISUL, exerce a função de assistente
pedagógica junto ao curso de Administração e Negócios /
(Unisul Business School) UBS.
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13/2/2007 15:01:14
filosofia_BCC_outros.indb 244
13/2/2007 15:01:14
Respostas e comentários das
atividades de auto-avaliação
UNIDADE 1
1) a, c, e.
2) Nenhuma das alternativas anteriores se encaixa no que pede o
enunciado da questão. Ou seja, nenhuma das concepções de Filosofia,
filósofo e filosofar apresentadas nesta questão coincidem exatamente
com o significado etimológico de Filosofia.
3) a) Resposta pessoal.
b) Resposta pessoal.
c) Resposta pessoal.
d) Resposta pessoal.
4) Resposta pessoal, que depende de pesquisa livre sobre uma definição
de Filosofia. Não esqueça de publicar sua resposta no Espaço UnisulVirtual
de Aprendizagem (EVA), através da ferramenta exposição.
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13/2/2007 15:01:14
Universidade do Sul de Santa Catarina
UNIDADE 2
1)
II
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F
I
S
M
A
2) I, III, IV, V, VIII, IX, X.
3)
I) D
II) I
III) D
IV) I
4) a) Resposta pessoal.
b) Resposta pessoal.
c) Resposta pessoal.
d) Resposta pessoal.
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13/2/2007 15:01:14
Filosofia
5) Resposta pessoal, que depende de pesquisa livre sobre um exemplo
de falácia ou de sofisma. Não esqueça de publicar sua resposta no Espaço
UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA), através da ferramenta exposição.
UNIDADE 3
1) Resposta pessoal.
2.1) Você deve observar que na primeira afirmação o conhecimento
é resultado da vivência e está relacionado com a tradição, com o
ensinamento dos antigos. Neste caso, o conhecimento incorpora, em
parte, as crendices populares, a autoridade e a tradição. Essa afirmação
pode ter sido feita por um homem do senso comum. Na segunda
afirmação, o conhecimento é resultado de uma investigação consciente
e metódica. O objetivo principal desse conhecimento não é resolver os
problemas simples do cotidiano, mas compreender e explicar a realidade.
Essa afirmação pode ter sido feita por um cientista. Na terceira afirmação,
o conhecimento é revelado ao homem, provavelmente por um ser divino
que “ilumina a alma”. Essa afirmação pode ter sido feita por um religioso.
2.2) A Filosofia se caracteriza por ser um conhecimento independente
de qualquer objetivo que não seja o de refletir. Não tem a finalidade
de explicar dogmaticamente os problemas cotidianos, existenciais do
homem, a natureza - assim como não depende de prova. A Filosofia não se
conforma com as respostas já dadas, com o óbvio, mas, pelo contrário, ela
julga, questiona e procura ampliar a visão de mundo, problematizando e
respondendo constantemente sobre a realidade. Portanto, não se limita à
crítica, mas propõe algo novo. Retomando a primeira Unidade deste livro,
“O verdadeiro filósofo não se contenta em evidenciar os ‘equívocos’, e
então propõe evidenciar ‘acertos’, uma solução”.
2.3) Diferentemente do conhecimento de senso comum, a Filosofia,
comumente, rejeita as explicações míticas, não tem a finalidade de
solucionar decisivamente os problemas práticos do homem e não está
presa a uma experiência particular, mas busca alargar a compreensão
da realidade, de modo universal. Diferentemente da ciência, a Filosofia
não depende da prova como critério de verdade. A Filosofia também
não é cumulativa, ou seja, enquanto é possível observar certo progresso
no conhecimento científico, na Filosofia as clássicas questões nunca têm
uma resposta definitiva e são sempre retomadas por diversos filósofos em
tempos e espaços diversos.
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3)
a) Resposta pessoal.
b) De modo geral, acredita-se que os cientistas, quando estão fazendo
pesquisa, não têm outro interesse que o de conhecer a realidade e
inventar tecnologias. Por isso, não se imagina, a princípio, que eles
podem ser responsabilizados pela aplicação do conhecimento produzido
e pelas conseqüências que suas descobertas e invenções provocam.
Este, provavelmente, é o raciocínio das crianças citadas no exercício,
assim como também é o raciocínio do homem comum, a menos que
reflitam profundamente sobre a polêmica questão ética que envolve o
conhecimento científico.
UNIDADE 4
1) Parmênides assume uma posição que é possível denominar de
racionalista. Ele transfere a lógica das idéias para a realidade concreta e
constata que esta não segue, necessariamente, a lógica, pois é instável.
Então, ele opta pela evidência lógica dos conceitos em detrimento das
coisas concretas como fonte de conhecimento. Para ele o ser é estável,
imóvel. Já, Heráclito assume uma posição mais empirista e afirma que o
ser é dinâmico, móvel. Toda a realidade, na verdade, é um constante “vir-aser”, pois está mudando continuamente.
2) Uma das linhas de continuidade entre o pensamento destes três
filósofos é o reconhecimento da razão ou dos sentidos, na busca por
conceitos universais. Sócrates, aplicando a maiêutica, levava seus
interlocutores a argumentarem a fim de encontrar a verdade. Sendo
assim, eles buscavam a verdade nos conceitos. Além disso, Sócrates
evidenciava o erro das opiniões advindas das experiências particulares em
contraposição com as idéias universais. Platão reforça esta teoria e separa
completamente as coisas das idéias (separa então o “mundo sensível” de
um “mundo inteligível”) e, por conseguinte, separa a razão dos sentidos,
optando pela primeira, em detrimento do segundo. Aristóteles, por sua
vez, resgata a importância dos sentidos na produção do conhecimento. Ele
concorda com seus antecessores na busca por conceitos universais, mas
afirma, diferente deles, que as idéias universais são abstraídas a partis das
coisas concretas que experimentamos.
3) Neste filme, é possível identificar a manipulação da fé pelos doutores
da Igreja medieval. Estes escondiam obras gregas que consideravam
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Filosofia
ameaçadoras, provenientes de idéias de filósofos que pudessem
colocar em questão ou contradizer as verdades “reveladas”. A Igreja
também perseguia estudiosos que, por meio da argumentação lógica,
confrontavam as verdades dogmáticas da religião católica.
UNIDADE 5
1) A polêmica é relativa à necessidade que os pensadores modernos
sentiam de desenvolver um conhecimento livre dos dogmas cristãos e da
metafísica grega; de desenvolver um conhecimento útil para a explicação
objetiva da realidade, para a resolução dos problemas reais e dos impasses
que impediam o progresso da sociedade. Enquanto os doutores da Igreja,
ainda ameaçados pela possibilidade da negação das escrituras sagradas,
boicotavam sistematicamente as investidas racionais e empíricas para
conhecer a realidade.
2) Estas correntes de conhecimento se assemelham porque nem
uma nem outra negam completamente a relevância da razão e dos
sentidos na produção do conhecimento, e diferem no que se refere ao
estabelecimento de uma fonte para este conhecimento. Enquanto para o
racionalismo, esta fonte é fundamentalmente a razão, para o empirismo
são os sentidos.
3) Kuhn ocupou-se, entre outras coisas, com a questão do progresso
científico, negando o progresso linear e afirmando um progresso por
saltos que ocorrem por meio das revoluções científicas. Também se
preocupou com a força da tradição e do controle do conhecimento
científico pela comunidade científica. Feyerabend preocupou-se,
especialmente, com as limitações e o direcionamento que a rigidez do
método e dos preceitos científicos produzem na atividade científica, e com
o controle que a comunidade científica exerce sobre o cientista.
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UNIDADE 6
1) a, b, c, d.
2) a, b, c.
3) B.
4)
a) M.
b) A.
c) N.
5) Resposta pessoal, que depende do posicionamento do aluno sobre o
caráter transitório da moralidade. Não esqueça de publicar sua resposta
no Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA), através da ferramenta
exposição.
6) Resposta pessoal, referente à confecção de uma dissertação sobre o que
é Ética, do que trata, qual a relevância deste estudo, e se você reflete sobre
as ações morais que pratica. Como dica, considere a proposta de estrutura
básica de dissertação.
UNIDADE 7
1)
A ética de Aristóteles considera fundamental a escolha racional e o
hábito como fundamentais para cultivar a virtude. Tal prática da virtude
é conseqüência de nossa disposição autônoma em detrimento das
nossas inclinações, paixões ou desejos. A virtude consiste, propriamente,
na ação moral que considera o justo-meio como um equilíbrio entre
dois vícios extremos. Tais vícios são marcados pela radicalidade da ação,
seja pela falta ou pelo excesso. A prática da virtude tem sempre um fim,
que representa um bem para o próprio indivíduo, e o bem mais alto que
podemos almejar e encontrar é a felicidade.
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2) D.
3) B.
4)
A) Para Mill, a felicidade representa a finalidade da ação e a utilidade é o
critério para distinguir as ações corretas das ações incorretas.
B) Para Mill, a ação moral também depende do cultivo da virtude.
5)
a) M.
b) A.
c) K.
d) M.
e) A.
f) K.
6) Resposta pessoal, referente à confecção de uma dissertação sobre como
podemos ser melhores. Como dica, considere a proposta de estrutura
básica de dissertação.
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UNIDADE 8
1) D) IV, III, I, II.
2) D) V, III, IV, II, I.
3) C) III, IV, I, II.
4) B) IV, III, II, I.
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