1 AS ORIGENS DA AGRICULTURA NA ÁFRICA1 Jack R. Harlan Os estudos sobre as origens da agricultura na África tem sido, desde muito tempo, negligenciados. As pesquisas sobre as origens e dispersão da agricultura foram muito ativas na Europa, no Oriente Médio e Próximo, no Japão e na América do Norte, substanciais na China e na Mesoamérica e apenas começando no Sudeste Asiático e na América do Sul. Na África, a pesquisa permanece ainda inadequada e assistemática para fornecer mais do que um tênue esboço sobre o assunto. Sabemos que processos de domesticação ocorreram na África, pois a lista de plantas domesticadas é bastante grande e inclui todas as classes tradicionais de vegetais que ocorrem em outras áreas, tais como cereais, leguminosas, hortaliças, plantas medicinais e narcóticas etc. Por outro lado, o inventário de plantas domesticadas africanas é pouco expressivo com relação à frutos e plantas ornamentais, se comparado com a Ásia e a América tropical. Os sistemas agrícolas que evoluíram na África foram capazes de suportar grandes aldeias com alta densidade populacional, mercados locais e centros de comércio regional e foram a base para o surgimento das altas culturas de Nok, Benin, Ghana, Mali e outros reinos no Sudão e no leste da África. Tudo isso é conhecido mas quando, onde e que populações desenvolveram tais sistemas agrícolas são perguntas ainda obscurecidas pela falta de pesquisa sistemática. Por outro lado, pesquisas arqueológicas com outros focos de interesse já são desenvolvidas há muito tempo em território africano, tal como as pesquisas sobre as origens do Homem, estimuladas por Dart, Broom, Howell, Bourliere, a família Leakey entre outros. Um outro foco de interesse está centrado na pesquisa sobre a expansão da população Bantú da Idade do Ferro africana. O primeiro grupo trabalha com contextos muito antigos enquanto que o segundo, com contextos muito recentes, ficando no meio e sem foco de interesse, o período que estaria relacionado ao surgimento da agricultura africana. É possível que, na África, a agricultura tenha evoluído tão gradualmente que não proporcionou mudanças significativas na configuração da cultura material. Os conjuntos culturais mesolíticos permaneceram constantes e imutáveis enquanto a economia, inicialmente associada à caça/coleta/pesca, transformava-se em uma economia produtiva. Por essa razão, os estudos devem necessariamente se centrar nas evidências botânicas. Devido ao fato de que muitas das plantas domesticadas possuem diferentes adaptações ecológicas e distintas distribuições geográficas, tais evidências nos dizem algo sobre onde os eventos ocorreram, mas não seus marcos cronológicos. O Contexto Pré-Histórico Evidências de mudanças climáticas na África são muito bem documentadas. O deserto do Sahara, ao longo do tempo, se expandiu e se contraiu. O rio Nilo foi, durante alguns períodos, mais profundo ou mais raso do que é hoje. Expansões e contrações similares, relacionadas à regimes climáticos variáveis, também ocorreram no sul da África, mas não necessariamente em sincronia com a região norte. A associação entre plantas e seres humanos retrocedem às origens de nossa espécie. Nossos ancestrais eram, principalmente, vegetarianos. Almofarizes e lascas 1 HARLAN, Jack R. Indigenous African Agriculture. In: The Origins of Agriculture. An International Perspective. (C. Wesley Cowan, Patty J. Watson, Eds.). Washington D.C., Smithsonian Institution Press, 1992, p. 59-70. Tradução e síntese de Jairo Henrique Rogge. 2 líticas que indicam uso em instrumentos semelhantes à foices foram encontradas no sul do Egito, com datações que chegam a 18.000 anos atrás. As plantas associadas à estes artefatos já não eram mais consumidas nos tempos históricos, de modo que tais vegetais não podem ser considerados como evidências de agricultura, mas estes artefatos indicam coleta e uso intensivo de alimentos de origem vegetal. Nesse período, o Egito passava por um episódio climático de extrema aridez. Almofarizes e lascas usadas em foices aparecem novamente ao longo da planície de inundação do Nilo entre 14.500 e 11.000 anos atrás. Em cerca de 8.000 anos atrás, um período pluvial estabeleceu-se no norte da África, fazendo com que as populações humanas se dispersassem por quase todo o Sahara. Análises polínicas nas regiões saharianas centrais indicaram que o regime de chuvas de inverno da costa mediterrânea havia se expandido em direção sul. Muitos lagos, alimentados por estas chuvas, surgiram pelo Sahara. As populações humanas assentaram-se em acampamentos ou em pequenas aldeias, próximas às margens desses lagos, pescando, caçando hipopótamos e crocodilos, antílopes, girafas e muitos outros animais típicos de savana, ao mesmo tempo que utilizavam algumas espécies selvagens (talvez até já domesticadas) de cereais. A partir de 7.000 anos atrás, pastores com rebanhos de ovelhas, carneiros e gado bovino espalharam-se pelo Sahara. Essa economia envolvia também a pesca nos lagos, a caça e a utilização de plantas. Em sítios arqueológicos desse período foram encontrados almofarizes e lâminas de foices. Precisamente quando as populações humanas começaram a produzir (pela domesticação) alimentos a partir de plantas ainda nos é desconhecido. Muitas evidências sugerem que uma agricultura que aproveitava o recuo das águas já era característica das populações indígenas africanas e era praticada, especialmente, nas áreas sub-saharianas. Os melhores locais para o estudo dessa agricultura são, sem dúvida, as margens das lagoas então existentes, as quais enchiam durante o período de chuvas e secavam durante a estiagem. A semeadura ou o transplante de mudas nas áreas de margens à medida em que as águas baixavam é um processo que pode, facilmente, ser aprendido, desde que exista nesse processo uma certa regularidade. As primeiras populações plenamente neolíticas evidenciadas arqueologicamente aparecem no Egito a partir de 6.500 anos atrás, trazendo cabras, ovelhas e gado bovino e um complexo de plantas que incluem a cevada, o trigo, a lentilha entre outras. No entanto, os artefatos associados são tipicamente africanos e não são relacionados às indústrias do Oriente Médio ou Próximo. Tais populações aprenderam a explorar, a partir dessa época, o regime anual do Nilo. Em cerca de 4.500 anos atrás, os efeitos da dessecação do Sahara começaram a se fazer sentir, fazendo com que as populações humanas abandonassem a região sahariana. Tal processo se acelerou a partir de 2.000 a.C. e, em 1.000 a.C., a maior parte da região estava deserta, tanto no sentido climático como no sentido populacional. Possivelmente, a maior parte da população migrou para o sul, em busca de regimes pluviométricos mais favoráveis. No entanto, as chuvas mais ao sul eram chuvas associadas a um regime de verão, não apropriadas às plantas utilizadas no norte da África. A agricultura pré-histórica no vale do Nilo consistia em plantas que precisam ser semeadas no inverno, durante a descida do nível do rio. Não são, portanto, as mesmas das áreas sub-saharianas. As evidências arqueológicas dessas últimas não fornecem, ainda, elementos que possibilitem traçar suas origens e dispersões. Camps (1969) identificou, a partir do pólen, uma espécie domesticada de painço (Pennisetum glaucum) no Maciço de Hoggar, no centro do Sahara. Clark (em Shaw, 1976), registrou a presença da gramínea Brachiaria, datada em 4.000 a.C. e sorgo, datado em 2.000 a.C., 3 no sítio Adrar Bous2, também na região sahariana central. Essa última planta poderia ou não ter sido domesticada. No alto vale do rio Níger, no sítio de Jenne-jeno, foi identificada a agricultura de arroz não irrigado, nos primeiros séculos d. C., sendo acrescidos logo em seguida de sorgo e painço (McIntosh e McIntosh, 1979). Bedaux e outros (1978), na mesma região, identificaram evidências de um regime agrícola completo datado em 1.000 d.C. Figura 1. Localização dos sítios mencionados no texto. É praticamente certo que as plantas africanas foram domesticadas muito antes das datas citadas acima. O sorgo e o painço, por exemplo, já aparecem nos registros arqueológicos da Índia a partir de 1.000 a.C. No entanto, a arqueologia africana ainda não conseguiu produzir dados para as fases iniciais de domesticação. Em geral, as evidências arqueológicas sugerem que as atividades relacionadas à domesticação de plantas ocorreram em uma zona que forma uma faixa entre o Sahara e a linha equatorial, especialmente com relação à área de domesticação do sorgo, do painço e do arroz africano (não irrigado), cujas zonas de ocorrência de espécies selvagens e domesticadas podem ser vistas nas Figuras 2, 3 e 4, respectivamente. Evidências Botânicas da História da Domesticação na África Apesar da relativa falta de evidências arqueológicas, algumas conclusões sobre a história da domesticação de certas plantas africanas podem ser feitas com base em evidências botânicas, genéticas e de dispersão ecológica e geográfica. Por exemplo, a origem do sorgo foi estudada com muito detalhe através de tais dados (Harlan e Stemler, 1976). O primeiro passo implica na coleta e classificação das espécies selvagens. 2 Para a localização dos sítios mencionados no texto, ver Figura 1(N. T.). 4 Quatro variedades selvagens de Sorghum bicolor (a espécie selvagem mais comum e ancestral dos tipos domesticados) puderam ser identificados: (1) S. b. arundinaceum, adaptada à zonas florestadas, (2) S. b. virgatum, restrito à planície de inundação do rio Nilo, (3) S. b. aethiopicum, encontrado especialmente no Sudão e (4) S. b. verticilliflorum, disperso e abundante por toda a área de savana do leste e sul da África. Todas estas variedades pertencem a uma mesma espécie biológica e tornam-se extremamente férteis quando hibridizadas. Como a agricultura, na parte sul-africana, é reconhecidamente muito recente se comparada à área sub-sahariana, isso implica em que a domesticação inicial do sorgo deve ter ocorrido no quadrante nordeste do continente (“early bicolor”, como aparece na Figura 2). Figura 2. Dispersão do sorgo domesticado, na África. A área inicial de domesticação aparece circundada com traço cheio. O passo seguinte implica em coletar e classificar as variedades de sorgo domesticadas. Cinco variedades básicas de sorgo foram identificadas na África: (1) a variedade bicolor, que entre os tipos de sorgo domesticado é a que mais se assemelha à variedade selvagem. Não representa a variedade dominante, mas ocorre sempre associada a todas as outras variedades domesticadas; (2) a variedade da Guiné, basicamente encontrada na África ocidental, adaptada a áreas com alto índice pluviométrico, tendo sido levada até a Índia; (3) a variedade S. caudatum, dominante no leste da Nigéria, no Chad, no Sudão e Uganda. É a variedade mais comum atualmente; (4) a variedade Kafir, dominante no sul da África, foi provavelmente domesticada a partir da variedade selvagem S. b. verticilliflorum por populações Bantú e por elas dispersa. Também é uma variedade atual bastante comum e foi levada à Índia; (5) a variedade Durra, que não é muito comum na África mas é a variedade dominante de sorgo no Oriente Próximo e na maior parte da Índia e Paquistão. Está associada principalmente à grupos islamizados, fato pelo qual se especula que poderia ter sido 5 domesticada na Índia, a partir da variedade bicolor e depois voltado à África em sua forma moderna, através das conquistas árabes. Com base em tais evidências, especialmente à antiguidade da variedade bicolor e sua semelhança com a espécie S. bicolor selvagem, se postula o início de sua domesticação em áreas de savana da região Chad-Sudão. A partir de sua dispersão, teria originado a variedade da Guiné e a Kafir. Um problema, contudo, existe quanto à data dessa dispersão. Acredita-se que a variedade bicolor tenha se dispersado antes de 3.000 A.P. Quanto tempo antes ainda é uma incógnita, que só poderá ser resolvida com mais pesquisas arqueológicas. A distribuição atual de ancestrais selvagens de outras plantas, como o painço (Figura 3), indica que provavelmente sua domesticação tenha se dado em uma região hoje desertificada. Figura 3. Área atual de distribuição do painço selvagem (área escura). A Figura 4 mostra a área atual de ocorrência de arroz selvagem não irrigado (Oriza barthii), provavelmente na mesma área em que foi domesticado. Os mapas apresentados podem nos dar indicações sobre as regiões onde estas plantas foram inicialmente domesticadas, mas não informam quando tais processos ocorreram. O Complexo de Cultígenos da Savana O complexo agrícola africano mais característico e largamente distribuído é aquele das plantas adaptadas à áreas de savana (Tabela 1). Nas áreas de savana arbustiva (savana-parque), como nas regiões de Sahel e as margens do Deserto do Kalahari, o painço se tornou o cereal domesticado mais importante, devido à sua resistência à estiagem. Nessas áreas, também as melancias assumem um papel importante, não somente como alimento mas principalmente como fonte de água. Em 6 geral, nessas regiões a agricultura está fortemente associada ao pastoreio de gado bovino. Figura 4. Área atual de distribuição do arroz selvagem Oryza barthii, ancestral do arroz africano. Nas áreas de savana arbórea, onde o índice pluviométrico é maior, o sorgo é o cereal mais importante juntamente com o arroz africano, como as principais fontes de calorias. Embora o arroz, em geral, seja imediatamente associado aos trópicos úmidos, o arroz africano possui claramente sua origem nas áreas de savana, crescendo em depressões do relevo que ficam mais úmidas durante o período das chuvas e que secam nos períodos de estiagem. Após sua domesticação, provavelmente em algum ponto do alto vale do rio Níger, as populações humanas o dispersaram para as áreas mais florestadas, onde era possível cultivá-lo durante a estação das chuvas. Um significativo número de tribos africanas tornaram-se bastante dependentes do arroz, o qual adquiriu um status sagrado. Varias espécies de árvores, nas regiões de savana arbórea, são densamente exploradas, embora nem sempre domesticadas. A acácia branca (Acacia albida), por exemplo, possui frutos comestíveis ricos em gordura e que são muito apreciados por algumas tribos, chegando ao ponto da planta ser considerada sagrada. Além disso, suas folhas servem de forragem para ovelhas e cabras. O baobá (Adansonia digitata) é uma outra árvore típica da savana que é muito utilizada e pode ser cultivada. Suas folhas e frutos são comestíveis, a casca fornece fibras para manufatura de artefatos e seus troncos podem ser usados como reservatórios para o armazenamento de água. É comum a presença de baobás junto à aldeias e a falta dessas árvores pode levar ao seu abandono durante a estação seca, justamente por sua capacidade de ser usada como reservatório de água. 7 Tabela 1. Algumas Plantas do Complexo da Savana Nome Científico Acacia albida Adansonia digitata Colocynthis citrullus Lagenaria siceraria Oryza glaberrima Pennisetum glaucum Solanum aethiopicum Sorghum bicolor Nome Comum acácia branca baobá melancia cabaça arroz africano painço tomate africano sorgo O Complexo de Cultígenos das Áreas Florestadas A maior parte das plantas domesticadas encontradas em áreas florestadas (Tabela 2) possivelmente o foram nas zonas de contato entre floresta/savana e, posteriormente, penetraram para o interior da floresta. Uma evidência disso é a presença do tubérculo de produção anual conhecido como inhame (“yam”). Durante a estação chuvosa, o crescimento se concentra pronunciadamente no caule tipo trepadeira, em detrimento do crescimento do tubérculo sob o solo. Ao final das chuvas, o processo é revertido e o crescimento da planta se centra no tubérculo. Tal ciclo de crescimento é característico de uma adaptação a um clima de savana, com estações secas pronunciadas. Dessa forma, o tubérculo pode resistir aos meses mais secos e, inclusive, estar protegido de queimadas naturais, comuns em áreas de savana nessa estação. Em contraste, os inhames selvagens que crescem em áreas florestadas são tubérculos perenes, com uma consistência mais fibrosa e de difícil consumo. Assim, apesar de ser amplamente utilizado por populações das áreas de floresta, esse tubérculo possui relações muito claras com as áreas de savana. Tabela 2. Algumas Plantas do Complexo das Áreas Florestadas Nome Científico Afromomum melegueta Brachiaria deflexa Coffea canephora Dioscorea bulbifera Dioscorea rotundata Lablab niger Telfaira occidentalis Nome Comum pimenta malagueta painço da Guiné, braquiária café (espécie não comum) tubérculo semelhante à batata inhame espécie de feijão cabaça No entanto, entre as tribos da floresta, um grande sentimento religioso é reservado ao inhame (Coursey e Coursey, 1971). Embora existam muitas festas dedicadas à essa planta, a “festa do inhame novo” é geralmente a mais importante e a mais sagrada de todas. Ocorre durante a primeira colheita do ano, e essa só é efetivada após o final das cerimônias. 8 É importante notar que nessa área da África Ocidental, existe uma linha divisória muito nítida entre os grupos humanos que centraram sua economia na produção de arroz e os que a centraram na produção do inhame. Ambas economias foram responsáveis pelo surgimento, nessa área, de importantes e fortes sociedades de chefatura. O Complexo Etíope A maior parte das plantas domesticadas encontradas na Etiópia possuem uma origem no Oriente Médio e Próximo, incluindo o trigo, a cevada, as lentilhas e ervilhas entre outras, mas os principais elementos da economia das populações etíopes foram plantas autóctones. Um pequeno grupo de plantas foi, sem nenhuma dúvida, domesticado na região da Etiópia e nos planaltos adjascentes (Tabela 3). A aveia (Avena abyssinica) foi domesticada a partir de ancestrais selvagens etíopes e é distinta da aveia domesticada na Europa mas, da mesma forma, é encontrada sempre associada ao trigo e à cevada. Além do café (Coffea arabica) comercialmente conhecido, a principal planta (e, talvez, a mais importante) domesticada na região etíope é o “tef”, um cereal considerado nobre e que possui um alto valor cultural. Seus grãos são pequenos e o trabalho que envolve sua produção é muito intenso (a terra deve ser preparada com muito cuidado e as plantações devem ser constantemente limpas de ervas daninhas). O “tef” é usado no preparo de um pão muito conhecido e apreciado nacionalmente, chamado de “enjera”. Tabela 3. Algumas Plantas do Complexo Etíope Nome Científico Nome Comum Avena abyssinica Coffea arabica Eleusine coracana Ensete ventricosum Eragrostis tef aveia café espécie de painço espécie de banana “tef” (cereal) Conclusão A agricultura africana é complexa, inovadora, muito diversificada e adaptada a uma grande variedade de situações. Sistemas agrícolas de derrubada-e-queima são praticados nas áreas florestadas, técnicas que envolvem os ciclos de subida e descida de águas (em rios e lagos) foram amplamente exploradas. O cultivo de arroz com e sem irrigação se desenvolveram na parte ocidental africana. O cultivo de painço foi levado ao extremo em áreas marginais dos grandes desertos (Sahara e Kalahari) e os próprios desertos foram explorados pelo pastoreio nômade. A diversidade e a flexibilidade dos vários sistemas agrícolas africanos impressionam pela sua capacidade de adaptação às dificuldades ambientais. A distribuição geográfica das plantas domesticadas e de seus ancestrais selvagens não fornecem claramente um padrão indicador de um centro único de origem. As plantas domesticadas o foram ao longo de toda a África subsahariana, de um lado ao outro do continente. Se existe um centro, as evidências ainda não foram encontradas. A cronologia para a origem da agricultura também não é clara: a agricultura africana pode ser tão antiga como no Oriente Próximo e Médio ou pode ser muito mais recente. As respostas à essas questões estão esperando por mais pesquisas arqueológicas. 9 Referências Bibliográficas BEDAUX, R. M. A., CONSTANDSE-WESTERMANN, T. S., HACQUEBORD, L., LANGE, A. G., VAN DER WAALS, J. D. Recherches archeologiques dans le delta interieur du Niger. Palaeohistoria, 20, 1978, p. 91-220. CAMPS, G. Ameki: neolithique ancien du Hoggar. Memoire du Centre de Recherches Archeologiques, Prehistoriques et Ethnologiques, 10, 1969. COURSEY, D. G., COURSEY, C. K. 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