Análise de crescimento de plantas de taro cultivadas sob diferentes

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Análise de crescimento de plantas de taro cultivadas sob diferentes
intensidades sombreamento artificial.
Ancélio Ricardo de O. Gondim1; Mário Puiatti2; Fernando L. Finger2; Paulo R.
Cecon3; Roberto Cleiton F. de Queiroga2
1
Estudante de Doutorado UNESP-FCAV. E-mail: [email protected],
e de Informática. Viçosa-MG, 36570-000.
2/3
UFV, Deptos. de Fitotecnia
RESUMO
Avaliou-se o crescimento de plantas de taro cultivadas sob diferentes intensidades
sombreamento. Considerou-se o esquema de parcelas subdivididas no tempo com oito
coletas de plantas realizadas aos 60, 90, 120, 150, 180, 210, 240 e 270 dias após plantio,
utilizando-se o delineamento experimental em blocos casualizados, com quatro repetições.
Os tratamentos foram constituídos por quatro intensidades de sombreamento (controle =
pleno sol; 18, 30 e 50% de sombra, mantidos durante todo o ciclo), mais as intensidades de
sombreamento de 18, 30 e 50% em três períodos do ciclo (inicial = 0 – 3 meses; intermediário
= 3 – 6 meses; e final = 6 – 9 meses). O sombreamento, sobretudo nas maiores
intensidades e período de duração, favoreceu a expansão da área foliar em detrimento da
distribuição de massa nos demais órgãos da planta.
Palavras Chaves: Colocasia esculenta, crescimento, sombra.
ABSTRACT: Growth analysis of taro plants cultivated under different intensity of
shading.
In this work we studied the growth of taro cultivated under different intensity of shading. The
treatments were arranged in scheme split-plot trough time with eight harvested periods (60,
90, 120, 150, 180, 210, 240 and 270 days after planting), with an experimental design of
randomized block with four replications. The plot was composed by 13 treatments constituted
four intensity of shading (control = full sunlight, 18, 30 and 50% shade, maintained during the
whole cycle), and the levels of shading 18, 30 and 50% in three periods (initial = 0 - 3 months;
middle = 3 - 6 months; and final = 6 - 9 months). The shading particular at higher levels and
duration, favored the expansion of leaf area, causing reduction of mass distribution in the
remaining plant organs.
Keywords: Colocasia esculenta , growth, shading.
O crescimento de plantas pode refletir a habilidade de adaptação das espécies às
condições de radiação do ambiente em que estão se desenvolvendo. Geralmente, as
características de crescimento são utilizadas para inferir o grau de tolerância ou de
intolerância das espécies às condições de alta ou baixa disponibilidade de luz, visto que
irradiância é um dos mais importantes fatores determinantes da produtividade fotossintética
da planta (GAWROSNSKA & DWELLE, 1989).
O taro é cultivado no Brasil, normalmente, em pequenas propriedades em que a
disponibilidade de área é restrita. Nessa situação o emprego da associação de culturas é
interessante por propiciar maior aproveitamento da área com maior retorno para o
agricultor. Todavia, para proceder-se o consórcio de plantas é de fundamental importância
conhecer-se a resposta das plantas, em crescimento, à restrição de luz imposta pelas
culturas associadas. Além disto, sabe-se que esta cultura é alimento básico para várias
populações ao redor do mundo, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais
úmidas, apresentado boa conservação pós-colheita e fontes de carboidratos, minerais e
vitaminas e a importância desses cultivos alcança os aspectos de subsistência,
importâncias étnica ou cultural e econômica. (NIP, 1990; PUIATTI et al., 1990).
O trabalho teve como objetivo proceder a análise de crescimento de plantas de taro
cultivadas sob diferentes intensidades de sombreamento artificial.
MATERIAL E MÉTODOS
Conduziu-se o experimento na Horta de Pesquisas/UFV, Viçosa-MG, no período de
04/10/2004 a 04/07/2005. Utilizou-se o taro (Colocasia esculenta) ‘Japonês’, no esquema
de parcelas subdivididas, no delineamento de blocos casualizados, com quatro
repetições. As parcelas foram constituídas por quatro intensidades de sombra (controle =
pleno sol; 18%, 30% e 50% de sombra, mantidos durante todo o ciclo), mais a
implementação das intensidades de sombra de 18%, 30% e 50% em três períodos do ciclo
(inicial = 0 – 3 meses; intermediário = 3 – 6 meses; e final = 6 – 9 meses); as subparcelas
foram constituídas de oito coletas de plantas realizadas aos 60, 90, 120, 150, 180, 210, 240
e 270 dias após plantio. As intensidades de sombreamento foram obtidas por malha
Sombrite® colocada a 0,50 m acima do dossel, sendo elevada conforme o crescimento das
plantas em altura. Os dados foram coletados a cada mês avaliando-se a área foliar (AF),
área foliar especifica (AFE = AF/MS das folhas), razão de área foliar (RAF = AF/MS da
planta) e a razão da massa foliar (RMF = MS folhas/MS da planta).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O modelo cúbico foi apontado como o melhor para o ajuste dos dados obtidos,
aproximando-se das expectativas biológicas para os resultados de produção de massa
seca e expansão da área foliar das plantas. Assim, a partir do modelo cúbico, calculou-se a
área foliar (AF), área foliar especifica (AFE), razão de área foliar (RAF) e razão da massa
foliar (RMF).
Em todos os tratamentos constatou-se máximo de AF entre os 90 e 120 dias após
plantio (DAP) (Figura 1A), diferentemente do observado por Puiatti et al. (2000), os quais
observaram maior índice de área foliar entre 130 e 160 DAP, possivelmente, pela
implantação da cultura nesse experimento ter sido mais tardia. Para a maioria dos
tratamentos de sombra, sobretudo quando aplicado durante todo o período, o sombreamento
promoveu a expansão do limbo foliar, visto que se observaram, em relação ao controle,
maiores AF e AFE (Figura 1A e B), sem ter ocorrido alteração no número de folhas (dados
não mostrados). Plantas de taro crescidas durante todo o ciclo com 50% de sombreamento,
seguida das crescidas sob 30% de sombra, apresentaram maiores valores para AF e AFE
em, praticamente, todas as avaliações, demonstrando que condições de restrição de luz
estimulam a expansão da lâmina foliar, buscando aumentar a área de captação de raios
solares.
A AFE é o componente morfológico e anatômico da RAF, porque relaciona a superfície
(morfológica) com massa seca (número ou tamanho da célula do mesófilo foliar) da própria folha.
A RAF variou pouco entre os tratamentos, enquanto que na AFE a diferença entre intensidades e
períodos de sombra foi maior. Estas oscilações na AFE provavelmente foram causadas pela taxa
de crescimento das folhas individuais, pois cada planta emite as folhas sem haver sincronismo
entre plantas, havendo diferença entre folhas jovens e maduras quanto à AF e a MS. Na AFE
observou-se expansão da lâmina foliar, sem correspondente aumento da MS das folhas, à
medida que aumentou a intensidade de sombreamento, observando-se máximos de AFE em
torno de 317,8 e 304,5 cm2 g-1, aos 60 e 84 DAP, respectivamente, na intensidade de 50% de
sombreamento aplicado no período inicial e durante o ciclo todo (Figura 1B).
A RAF é a razão entre AF (área responsável pela interceptação de energia luminosa e
CO2) e a MS total da planta (resultado da fotossíntese), e essa decresce com tempo
(BENINCASA, 1988), em razão da senescência natural da parte aérea. No taro, apesar da
RAF ter declinado ao longo do ciclo, em todas as intensidade de sombreamento, maiores
valores de RAF foram observados nas maiores intensidade de sombreamento, demonstrando
que a restrição de luz estimula a expansão do limbo foliar sem ganho proporcional de MS pela
planta (Figura 1C).
A RMF é basicamente fisiológica, pois a razão entre MS retida na folhas e a MS
acumulada em toda a planta expressa a fração de MS não exportada das folhas para o resto
da planta. A maior ou menor exportação de massa pela folha pode ser uma característica
genética a qual está sob a influência da variável ambiental (BENINCASA, 1988). A RMF
(Figura 1D) decresceu ao longo do tempo, como ocorreu no RAF e AFE. Isto mostra que à
medida que avança no ciclo, menor a fração de MS é retida nas folhas em razão do ganho de
massa pelas estruturas subterrâneas (rizomas mãe e filhos) e senescência gradativa da parte
aérea das plantas.
LITERATURA CITADA:
BENINCASA, M.M.P. Análise de crescimento de plantas (noções Básicas). Jaboticabal,
FUNEP/FCAV-UNESP, 1988. 42p.
GAWRONSKA, H; DWELLE, R.B. Partitioning of photoassimilates by potato plants (Solanum
tuberosum L.) as influence by irradiance: I. Partitioning patterns in cultivar Russet Burbank
grown under high, and low irradiance. American Potato Journal, v.66, n.4, p.201-213, 1989.
NIP, WAI - KIT. Taro food products. In: HOLLYER, J.R.; SATO, D.M. (Ed.). Taking taro into
the 1990: a taro conference. Proceedings... Hawaii: University of Hawaii, 1990. p. 3-5.
PUIATTI, M.; FÁVERO, C.; FINGER, F. L.; GOMES, J. M. Crescimento e produtividade de
inhame e milho doce em cultivo associado. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 8, n. 1, p. 2430, 2000.
PUIATTI, M. et al. Sistema de colocação do bagaço de cana-de-açúcar e capim gordura,
na cultivar de inhame Chinês. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 8, n. 1, p. 14-16, 1990.
10
SOL
18T
30T
50T
18I
30I
50I
350
18F
30F
50F
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Área foliar específica (cm² g¹)
Área foliar (x1000 cm²)
8
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4
2
A
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18M
30M
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18F
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250
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100
B
50
0
60
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180
D ia s a p ó s p la n tio
210
240
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90
120
150
180
D ia s a p ó s p la n tio
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240
270
1 ,0
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30I
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18M
30M
50M
18F
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80
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40
20
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50I
18M
30M
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18F
30F
50F
0 ,6
0 ,4
0 ,2
C
D
0
60
SOL
18T
30T
50T
0 ,8
Razão de massa foliar (g g¹)
SOL
18T
30T
50T
100
Razão Área foliar (cm² g¹)
SOL
18T
30T
50T
300
90
120
150
180
D ia s a p ó s p la n tio
210
240
270
0 ,0
60
90
120
150
180
D ia s a p ó s p la n tio
210
240
270
Figura 1 – Estimativa da área foliar (A), área foliar específica (B), razão de área foliar (C) e razão de massa
foliar (D), em função do dias após plantio, de plantas de taro ‘Japonês’ para os respectivos tratamentos de
sombreamento.
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